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CAPÍTULO 5 – MÚLTIPLOS E DIVISORES

Observando o significado das palavras múltiplo e divisor, encontrado em um dicionário


eletrônico, temos que múltiplo é um número que é dividido exatamente por outro e que divisor é um
número inteiro pelo qual um outro se divide. Perceba que, atrelada à palavra múltiplo, temos a
operação de multiplicação, enquanto atrelada à palavra divisor, temos a operação de divisão.

MÚLTIPLOS DE UM NÚMERO NATURAL

Observe, no quadro abaixo, as tabuadas do 7, do 9 e do 23. A tabuada é obtida por meio da


multiplicação dos números 7, 9 e 23 pela sucessão dos números naturais: 0, 1, 2, 3, 4, 5, ...

Os números 0, 7, 14, 21, 28, ..., obtidos pela tabuada do 7, são múltiplos de 7. Essa é a
sequência dos múltiplos de 7; Os números 0, 9, 18, 27, 36, ..., obtidos pela tabuada do 9, são múltiplos
de 9. Essa é a sequência dos múltiplos de 9. Os números 0, 23, 46, 69, 92, 115, ..., obtidos pela tabuada
do 23, são múltiplos de 23. Partindo disso, podemos definir o seguinte:

Múltiplo de um número natural é o produto desse número por um número natural qualquer.

Observe que, por exemplo, na sequência dos múltiplos de 7, as reticências indicam que a
sequência não termina: somando 7 com 28, obtemos 35; somando 7 com 35, obtemos 42; e assim por
diante. Você pode observar também que é padrão a sequência aumentar de “7 em 7”.
É importante deixar claro alguns pontos: todo número natural é múltiplo dele mesmo, afinal,
quando multiplicado pelo elemento neutro da multiplicação (número 1), seu valor não é alterado. Sendo
assim, 6 é múltiplo de 6, uma vez que 6 x 1 = 6; 15 é múltiplo de 15, uma vez que 15 x 1 = 15; 57 é
múltiplo de 57, uma vez que 57 x 1 = 57. Além disso, não existe o maior múltiplo de um número natural
não nulo, afinal nulo. A sequência dos múltiplos de um número natural, diferente de zero, é infinita.

 Verificação (como saber se um número é múltiplo de outro?)

É fácil verificar se um número é múltiplo de outro. Para isso, basta dividir um número pelo outro, de
forma que, se o resto da divisão for zero, então um número é múltiplo do outro. Veja alguns exemplos a
seguir:

 O número 72 é múltiplo de 6?

Para responder a essa pergunta, devemos efetuar a divisão de 72 por 6. Veja:

Como a divisão é exata, podemos afirmar que 72 é divisível por 6 ou que 72 é múltiplo de 6, pois 6 x
12 = 72.
 O número 270 é múltiplo de 16?

Para responder a essa pergunta, devemos efetuar a divisão de 270 por 16. Como a divisão não é
exata, podemos afirmar que 270 não é múltiplo de 16.

Observações:
 O zero só tem um múltiplo: o próprio zero. Exemplos: 0 x 0 = 0; 0 x 1 = 0; 0 x 2 = 0; 0 x 3 = 0.
 O zero é múltiplo de todos os números. Exemplos: 5 x 0 = 0; 12 x 0 = 0; 85 x 0 = 0.
 Podemos falar em múltiplo de zero porque existem multiplicações por zero. Porém, não podemos
falar que um número é divisível por zero, uma vez que não existe divisão por zero.

DIVISORES DE NÚMEROS NATURAIS

Leandra quer montar a vitrina de sua floricultura com seis arranjos de orquídeas. Ela pode fazer
isso das seguintes formas:

Perceba que, se Leandra usasse quatro suportes, não conseguiria distribuir os seis arranjos
igualmente nesses suportes. Como a divisão de 6 por 1, 2, 3 e 6 é exata, dizemos que 6 é divisível por
esses números. Já a divisão de 6 por 4 não é exata. Por isso que não seria possível distribuir seis arranjos
de orquídeas, igualmente, em quatro suportes. Sendo assim, os números 1, 2, 3 e 6 são os divisores
naturais ou fatores naturais de 6. Veja alguns exemplos a seguir:

Observações:
 O zero não é divisor de nenhum número natural. Por exemplo, tente dividir 5 por 0 (5 : 0). Note que
não existe nenhum número que, multiplicado por zero, dê 5 como resultado.
 Todo número natural diferente de zero é divisor dele mesmo. Exemplos: 6 é divisor de 6, afinal 6 : 6
= 1; 8 é divisor de 8, afinal 8 : 8 = 1; 15 é divisor de 15, afinal 15 : 15 = 1
 O número 1 é divisor de todos os números naturais. Exemplos: 1 é divisor de 8, afinal 8 : 1 = 8; 1 é
divisor de 12, afinal 12 : 1 = 12; 1 é divisor de 0, afinal 0 : 1 = 0.
CRITÉRIOS DE DIVISIBILIDADE

Já aprendemos a verificar se um número é divisível por outro efetuando divisões. Agora, vamos
aprender alguns critérios de divisibilidade que nos permitem verificar se um número é divisível por
outro sem efetuar a divisão.

 Divisibilidade por 2

Perceba que, quando dividimos números pares por 2, obtemos resto zero e, quando dividimos
números ímpares por 2, obtemos resto 1. Sendo assim:

Um número natural é divisível por 2 quando é par, ou seja, quando termina em 0, 2, 4, 6 ou 8.

Exemplos:

 Divisibilidade por 3

Um número natural é divisível por 3 quando a soma dos seus algarismos é divisível por 3.

Exemplos:

• O número 1 437 é divisível por 3. A soma de 1 + 4 + 3 + 7 é 15, que é divisível por 3.


• O número 1438 não é divisível por 3. A soma de 1 + 4 + 3 + 8 é 16, que não é divisível por 3.
• O número 1439 não é divisível por 3. A soma de 1 + 4 + 3 + 9 é 17, que não é divisível por 3.
• O número 1440 é divisível por 3. A soma de 1 + 4 + 4 + 0 é 9, que é divisível por 3.
• O número 1441 não é divisível por 3. A soma de 1 + 4 + 4 + 1 é 10, que não é divisível por 3.

 Divisibilidade por 4

É possível verificar se um número maior ou igual a 100 é divisível por 4, analisando apenas os seus
dois últimos algarismos. Sabemos que 100 é divisível por 4, pois 100 = 4 x 25. São também divisíveis por
4 os números 200, 300, 400, 1100, 1300 e todos os outros números terminados em 00, pois:

200 = 2 x 100 = 2 x 4 x 25
300 = 3 x 100 = 3 x 4 x 25
400 = 4 x 100 = 4 x 4 x 25
1100 = 11 x 100 = 11 x 4 x 25
1300 = 13 x 100 = 13 x 4 x 25

Considere agora as seguintes divisões:


Um número natural, maior ou igual a 100, é divisível por 4 quando termina em 00 ou quando o
número formado pelos seus dois últimos algarismos é divisível por 4.

 Divisibilidade por 5

Basta observarmos a tabuada do 5 para entendermos que ocorre um padrão nela, de forma que:

Um número natural é divisível por 5 quando termina em 0 ou 5.

 Divisibilidade por 6

Um número natural é divisível por 6 quando é divisível por 2 e também por 3.

Exemplos:

• O número 312 é divisível por 6, afinal é divisível por 2 (312 : 2 = 156) e por 3 (312 : 3 = 104).
• O número 609 não é divisível por 6, afinal é divisível por 3 (609 : 3 = 203), mas não por 2 (não é par).
• O número 716 não é divisível por 6, afinal é divisível por 2 (716 : 2 = 358), mas não por 3 (7 + 1 + 6 = 14
e 14 não é divisível por 3)

 Divisibilidade por 9

Um número natural é divisível por 9 quando a soma dos seus algarismos é divisível por 9.

Exemplos:

• O número 6 435 é divisível por 9, afinal 6 + 4 + 3 + 5 = 18 e 18 é divisível por 9.


• O número 34 869 não é divisível por 9, afinal 3 + 4 + 8 + 6 + 9 = 30 e 30 não é divisível por 9.

 Divisibilidade por 10

Basta observarmos a tabuada do 10 para entendermos que ocorre um padrão nela, de forma que:

Um número natural é divisível por 10 quando termina em 0.


NÚMERO 1, NÚMEROS PRIMOS E NÚMEROS COMPOSTOS

Vamos considerar o conjunto dos números naturais N = {0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, ...}. Podemos


verificar que:

 0 é divisível por qualquer número ≠ de 0;  5 é divisível por 1 e 5;


 1 é divisível apenas por 1;  6 é divisível por 1, 2, 3 e 6;
 2 é divisível por 1 e 2;  7 é divisível por 1 e 7;
 3 é divisível por 1 e 3;  8 é divisível por 1, 2, 4 e 8;
 4 é divisível por 1, 2 e 4;  9 é divisível por 1, 3 e 9.

 1 é divisor de qualquer número, ou seja, qualquer número é divisível por 1.


 Alguns números, como 2, 3, 5 e 7, têm exatamente dois divisores naturais: o número 1 e o próprio
número; eles são chamados de números primos.

Um número é primo quando possui só dois divisores naturais distintos: o número 1 e ele próprio.

 Existem números, como 4, 6, 8 e 9, que têm mais de dois divisores naturais distintos; eles são
chamados de números compostos.

Um número, diferente de zero, é composto quando tem mais de dois divisores distintos.

Observações:
 O número 1 não é primo nem composto, pois tem apenas um divisor natural: ele mesmo. O número
0 não é primo nem composto, pois tem infinitos divisores.
 A palavra primo significa “primeiro”. Os números primos são “os primeiros”, pois outros números
podem ser escritos a partir deles por meio de multiplicações.

 Reconhecimento de um número primo

Para verificar se um número é primo, devemos dividi -lo pelos sucessivos números primos 2, 3, 5, 7,
11, 13, 17, 19, 23 ..., até obtermos:

 uma divisão exata; nesse caso, podemos afirmar que o número é composto;
 uma divisão não exata, com quociente ≤ divisor; nesse caso, podemos afirmar que o número é
primo.

Exemplos:

 Vamos verificar se o número 67 é primo. Observe as divisões de 67 por alguns números primos.
Note que, na divisão por 11, o quociente 6 é menor do que o divisor (11) e a divisão não é exata.
Podemos, então, afirmar que o número 67 é primo.

 Vamos verificar se o número 667 é primo. Como 667 não é divisível por 2, por 3 e por 5, vamos
dividir o número 667 pelos próximos números primos. Como a divisão por 23 é exata, podemos
parar de dividir 667 por números primos e afirmar que o número 667 não é primo.
 Crivo de Eratóstenes

Foi o matemático grego Eratóstenes quem realizou a distribuição de forma ordenada dos primeiros
números primos da sequência dos números naturais. O método era simples: os números naturais eram
dispostos em ordem crescente, eliminando -se os números compostos. Dessa forma, os restantes eram
os números primos. Vamos obter os números primos compreendidos de 1 a 50 pelo Crivo de
Eratóstenes:

1º) Eliminamos o número 1, pois já sabemos que ele não é primo.


2º) Circulamos o 2 e riscamos seus múltiplos (4, 6, 8, 10, 12, 14, 16, 18, ..., que são números compostos).
3º) Circulamos o 3 e riscamos seus múltiplos (6, 9, 12, 15, 18, 21, 24, 27, 30, 33, 36, 39, 42, 45, 48).
4º) Circulamos o 5 e riscamos seus múltiplos (10, 15, 20, 25, 35, 40, 45, 50).
5º) Circulamos o 7 e riscamos seus múltiplos (7, 14, 21, 28, 35, 42, 49)
6º) Circule todos os números que sobram (eles são primos).

DECOMPOSIÇÃO EM NÚMEROS PRIMOS

Todo número natural composto pode ser representado por meio de uma multiplicação de dois
ou mais fatores. Veja:

60 = 2 x30 60 = 2 x 5 x 6 60 = 2 x 5 x 2 x 3

Note que, em 60 = 2 x 5 x 2 x 3, todos os fatores são primos. Essa igualdade pode ser escrita
também como 60 = 2² x 3 x 5. Isso significa que realizamos, assim, a fatoração completa do número 60.
No exemplo a seguir, temos três maneiras de decompor o número 72 em um produto de fatores primos:

72 = 4 x 18 = 2 x 2 x 2 x 3 x 3 = 2³ x 3²
72 = 6 x 12 = 2 x 3 x 2 x 2 x 3 = 2³ x 3²
72 = 8 x 9 = 2 x 2 x 2 x 3 x 3 = 2³ x 3²

Verifique que nas três decomposições o produto de fatores primos é o mesmo. Assim, 2³ x 3² é
a decomposição em fatores primos do número 72.

 Procedimento Prático

Utilizando um procedimento prático, podemos decompor, em fatores primos, números maiores.

Exemplos:

• Vamos decompor o número 420 em fatores primos:


O processo é encerrado quando obtemos o quociente 1. A coluna da direita apresenta os fatores primos
de 420, sendo apenas necessário multiplicar os números. Veja:

420 = 2 x 2 x 3 x 5 x 7 = 2² x 3 x 5 x 7

• Vamos, agora, decompor os números 360 e 1386 em fatores primos utilizando o mesmo processo.

MÁXIMO DIVISOR COMUM (MDC)

Os alunos das turmas A, B e C do 1º ano, participarão de uma gincana. Para essa competição,
cada equipe será formada por um ou mais alunos de uma mesma turma com o mesmo número de
participantes. Qual é o maior número de alunos por equipe? Quantas equipes haverá em cada turma?
Veja no quadro o número de alunos de cada uma das turmas do 1º ano.

Turma A B C
Alunos 18 24 36

 Os 18 alunos do 1º A podem ser divididos em equipes de 1, 2, 3, 6, 9 ou 18 participantes; Os


números 1, 2, 3, 6, 9 e 18 são os divisores de 18.
 Os 24 alunos do 1º B podem ser divididos em equipes de 1, 2, 3, 4, 6, 8, 12 ou 24 participantes; Os
números 1, 2, 3, 4, 6, 8, 12 e 24 são os divisores de 24.
 Os 36 alunos do 1° C podem ser divididos em equipes de 1, 2, 3, 4, 6, 9, 12, 18 ou 36; Os números 1,
2, 3, 4, 6, 9, 12, 18 e 36 são os divisores de 36;

Percebemos que as equipes com o mesmo número de alunos, nas três turmas, são as que têm 1, 2,
3 ou 6 alunos. Isso ocorre porque os números 1, 2, 3 e 6 são os divisores comuns de 18, 24 e 36. Como
queremos que os grupos tenham o maior número possível de alunos, concluímos que cada equipe
deverá ter 6 participantes. Esse número é o máximo divisor comum (mdc) de 18, 24 e 36, que indicamos
assim:

mdc (18, 24, 36) = 6

Assim, cada equipe terá 6 alunos: o 1º A terá 3 equipes; o 1º B, 4 equipes; o 1° C, 6 equipes.


Podemos obter o mdc de dois ou mais números naturais conhecendo seus divisores, como na situação
acima. Para isso, basta usarmos a decomposição em fatores primos, aprendida anteriormente. Por
exemplo, vamos calcular o mdc dos números 120 e 200.
Destacando os fatores em comum na decomposição de ambos os números, temos que mdc
deles é 40:

120 = 2 x 2 x 2 x 3 x 5
200 = 2 x 2 x 2 x 5 x 5

mdc (120, 200) = 2 x 2 x 2 x 5 = 40


Observações:
 Uma propriedade do MDC entre números é ele varia proporcionalmente com os números. Sendo
assim, ao dobramos, triplicarmos etc. os números, o MDC entre eles também irá dobrar, triplicar
etc; Veja: seja mdc (18, 12) = 6. Multiplicando 18 e 12 por 2, temos: mdc (36, 24) = 12;
Multiplicando 18 e 12 por 3, temos mdc (54, 36) = 18.

MÍNIMO MÚLTIPLO COMUM (MMC)

Em um trecho de 72 quilômetros de uma rodovia, a partir do quilômetro zero, foram colocados,


a cada intervalo de 3 quilômetros, um telefone de emergência e, a cada intervalo de 8 quilômetros, uma
torre com câmera de monitoração. Em que quilômetros dessa rodovia foram colocados,
simultaneamente, telefone e câmera?

T T T T T T T T T T T T T

0 3 6 89 12 15 18 21 24 27 30 32 33 36
C C C C C

Enquanto os telefones foram colocados nos quilômetros múltiplos de 3, ou seja, 0, 3, 6, 9, 12,


15, 18, 21, 24, 27, 30, 33, 36, 39,42, 45, 48, 51, 54, 57, 60, 63, 66, 69 e 72, as câmeras serão colocadas
nos quilômetros múltiplos de 8, ou seja, 0, 8, 16, 24, 32, 40, 48, 56, 64 e 72.
Observe que há telefone e também câmera nos quilômetros 0, 24, 48 e 72. Isso significa que os
números 0, 24, 48 e 72 são os múltiplos comuns de 3 e de 8 menores ou iguais a 72. Logo, 24 é o menor
número diferente de zero que é múltiplo comum de 3 e de 8. Chamamos esse número de mínimo
múltiplo comum, de forma que:

mmc (3, 8) = 24

Podemos obter o mmc de dois ou mais números naturais conhecendo seus múltiplos, como
na situação acima. Para isso, basta calcular a decomposição em fatores primos dos números ao mesmo
tempo (decomposição simultânea). Como exemplos, temos os números 180 e 350. Veja:
O mmc de 180 e 350 será o produto dos fatores primos encontrados. Logo, o menor múltiplo
comum entre 180 e 350 é:

mmc (180, 350) = 2² x 3² x 5² x 7¹ = 6.300

É importante esclarecer que a decomposição simultânea serve pra calcular o mmc entre mais
de 2 números também. Como exemplo, vamos calcular o mínimo múltiplo comum entre 12, 18 e 30:

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