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O dilema das redes

O documentário mostra os diversos funcionários e ex-funcionários de empresas de


tecnologia como google, facebook, instagram e twitter para discutir os impactos das
mídias sociais na sociedade atual. Relativamente novos, o mercado de dados e as
redes sociais revolucionaram o capitalismo e a forma como se pode vender um
produto conseguindo - através da captura e análise de dados dos usuários - criar
perfis extremamente assertivos que conseguem predizer com exatidão como o
usuário irá se comportar e moldar o comportamento do usuário através de anúncios,
notificações e do que apresentado a ele em sua “linha do tempo”.

Contudo, o produto desse novo mercado em ascensão não é precisamente a venda


de produtos e serviços, afinal a maior parte dos aplicativos oferecidos hoje são
gratuitos, mas sim a mudança gradual, leve e imperceptível em seu comportamento
e percepção (Jaron Lanier, cientista da computação). Ou seja, se você não está
pagando pelo produto, você é o produto. Seu comportamento online é
minuciosamente analisado pelas empresas donas deste aplicativos que para serem
bem sucedidos nos negócios precisam fazer previsões assertivas e para fazer
previsões assertivas elas precisam de muitos dados.

Outra parte da lógica destes aplicativos é manter o usuário sempre conectado, para
isso os aplicativos devem ser desenhados de um modo que sejam viciantes e te
façam passar horas dentro deles, disponibilizando dados e sendo alvo das
manipulações sutis das empresas de tecnologia. O filme aborda nesse ponto que há
somente duas indústrias que chamam seus clientes de usuários, a de drogas e a de
softwares. O que evidencia o caráter viciante destas plataformas e seus danos para
a saúde dos usuários. O uso irrestrito destes aplicativos pode fazer os individuos
terem casos de depressão e ansiedade, e podendo chegar ao suicídio.

Outro ponto importante do documentário é a disseminação de desinformação que as


redes sociais causam, se por um lado temos o acesso a todo conhecimento do
mundo na palma da mão essas mesmas redes tornam seus usuários reféns dos
algoritmos, presos a linha do tempo do facebook ou twitter que são controladas
pelas próprias empresas, mostrando ao usuário o que será mais rentável para a
organização. Em paralelo com o filme O show de Truman, as “linhas do tempo” são
apresentadas como nosso próprio mundo personalizado que é apresentado a nós e
simplesmente o aceitamos e “vivemos” nele, tendo pelo disfarce da personalização
nossos gostos decididos e habilmente moldados.

Saímos,portanto,da era da informação para a era da desinformação. No twitter


fake news se espalham 6 vezes mais que notícias verdadeiras, as empresas
ganham dinheiro ao permitir que informações não verificadas alcançam qualquer
pessoa ao melhor preço. Isso permite que qualquer informação por mais enganosa
ou sensacionalista que seja alcance uma longa escala, levando a casos como do
pizzagate, onde um grupo de pessoas inventou uma teoria da conspiração que dizia
que as pizzarias estariam escondendo crianças para tráfico de órgãos em seus
porões, essa teoria de conspiração foi se espalhando cada vez mais através do
algoritmo que enviava publicações do pizzagate para qualquer pessoa que
minimamente tivesse acessado algo relacionado a uma teoria de conspiração e
culminou num homem invadindo armado uma pizzaria para libertar as crianças do
porão que iriam ser traficadas (detalhe, a pizzaria não possuia um porão). O
supracitado caso é um exemplo pequeno mas ilustra bem como a desinformação
corre nas redes sociais e são propagadas em larga escala, gerando impactos
grandes e sistêmicos, como por exemplo as campanhas presidenciais (eleitas) de
Donald Trump, nos EUA, e Bolsonaro, no Brasil, que utilizaram amplamente da
desinformação e das fake news em suas respectivas campanhas e alcançaram uma
repercussão absurda e conseguiram se eleger, o que devem em parte o grande
mérito aos algoritmos reprodutores de empresas como o Twitter e Facebook (Meta).
O trumpismo e o Bolsonarismo não se unem somente por terem sido governantes
que utilizaram amplamente das redes sociais, além disso, o caráter dos dois
governos continha cunhos extremamente antidemocráticos, o que ilustra o
contemporâneo ataque global contra a democracia que produziu uma crise de
autoconfiança global no sistema democrático.

Os desenvolvedores das AIs recomendam que regulamentações sejam criadas para


o mercado de dados, principalmente envolvendo multas, já a zabouff recomenda
que o mercado de dados seja proibido e compara ele ao mercado de órgãos
humanos no nível de danos irreparáveis à sociedade.

E, ao final, os especialistas em tecnologia dão algumas dicas como desligar


notificações, não usar o google e sim outros mecanismos de busca que não coletam
dados, extensores do chrome para retirar pop ups e notificações e por fim não usar
redes sociais ou ler notícias online e estabelecer horários pré definidos fixos para a
utilização das redes pelos adolescentes.

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