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RESUMO: O presente estudo tem por escopo, após anunciar algumas das principais (e mais
catastróficas) consequências da corrupção, analisar algumas medidas educativas, como as
melhores e mais potentes formas de combatê-la. A partir de uma investigação bibliográfica,
sem a menor pretensão de esgotar a temática ou exaurir o debate, a pesquisa, através dos
métodos científicos descritivo e dedutivo, busca expor, primeiramente, o impacto da
corrupção que, inegavelmente acabar por ressaltar a urgência do tema. Em seguida, investiga-
se a educação, como mais forte alternativa de combate à corrupção, com vistas ao pretendido
aprimoramento do sistema, para que ocorram avanços civilizatórios e progresso, através do
ensino, até mesmo, pré-escolar.
Palavras-chave: Avanço.Corrupção. Educação. Erradicação.
ABSTRACT: The present study aims, after announcing some of the most importantly (and
most catastrophic) consequences of corruption, to analyze educational measures as the best
and powerful way to eradicate corruption. From a juridical investigation, without the least
pretension of exhaust the theme or the debate, the bibliographic research, through the
descriptive and deductive scientific methods, tries to first show the impact of corruption, that
undeniably end up underscoring the urgency of the topic. Then, education is investigated as
the strongest alternative to combat corruption, with a view to the intended improvement of the
system, so that civilizing advances and progress can be made, through even preschool
education
1
Artigo confeccionado para o eixo temático Tutelas à Efetivação de Direitos Públicos Incondicionados.
2
Doutor em Direito, pela Universidade Federal de Santa Catarina. Mestre, pela Universidade de Santa Cruz do
Sul, na qual, hoje, é Professor Titular. Coordenador e professor do Curso de Mestrado em Direito da FMP.
Desembargador do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul e Membro da Rede de Direitos
Fundamentais (REDIR), do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Brasília. Endereço eletrônico:
gestaleal@gmail.com
3
Mestranda em Direito na Fundação Escola Superior do Ministério Público - FMP. Especialista em Direito
Constitucional e Graduada pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul - PUCRS. Advogada.
Endereço eletrônico: bimedran@gmail.com
1 INTRODUÇÃO
2 O IMPACTO DA CORRUPÇÃO
O principal instrumento moderno para criação do código de escolha foi a educação. Trata-se de
um esforço institucionalizado para instruir e treinar os indivíduos na arte de usar sua liberdade
de escolha dentro da agenda estabelecida legislativamente. A educação visa a prover os
optantes de sinais de orientação, regras de conduta e, acima de tudo, valores que orientem a
opção, ou seja, dotá-los da capacidade de distinguir entre as razões corretas e incorretas de
preferência e da inclinação a seguir aquelas e evitar essas. A educação visa a induzir os
indivíduos a internalizar as normas que dali em diante guiarão a sua prática.
É verdade que, para Freud (1937), educar estaria no rol das tarefas impossíveis.
E, de fato, levar a ética para a sala de aula, em um Estado que se pretende laico e democrático,
mas que, na prática, sofre tensões políticas sérias, possui bancadas religiosas fervorosas e está
mergulhado em escândalos de corrupção, não parece tarefa (nada) fácil. Menos ainda quando
se trata de educação infantil. Mas é quando mais se precisa. Educar contra a corrupção é,
seguramente, das alternativas de combate, a que se mostrará mais eficaz e sólida. Importante,
nessa senda, mencionar que o desenvolvimento moral, inegavelmente, começa na primeira
infância e que a escola deve inserir o aluno, desde o ensino infantil, a um ambiente que
conduza ao debate ético e à sensibilização com questões morais, até porque:
Mesmo que a escola decida abandonar o ensino moral, não conseguirá evitar o envolvimento
moral, porque a simples transmissão de conhecimentos já inclina uma finalidade que envolve a
definição de valores e objetivos educacionais, inclusive morais. Na verdade, a educação moral
parece ser necessária e mesmo inevitável, uma vez que o comportamento moral faz parte do
modo de ser humano (GOERGEN, 2001, p.165).
A escola influencia o desenvolvimento social e moral quer pretenda fazer isso ou não. (...) a
escola ou a creche não são e não podem ser livres de valores ou neutros quanto a esses. (DE
VRIES E ZAN, 1998, p. 35).
“Uma vez que o professor tenha apresentado as questões práticas da arrumação à classe, o
terreno está preparado para uma mudança de foco para questões morais. Essas são mais difíceis
de serem entendidas pelas crianças, porque envolvem a capacidade de descentrar-se para ver
uma situação sob a perspectiva de outros. Entretanto, a maior parte das crianças tem, pelo
menos, um entendimento rudimentar do significado de algo justo ou injusto, de modo que o
professor pode iniciar com esta ideia. As questões morais envolvendo a arrumação giram em
torno das ações de uma pessoa que causam sofrimento a todos. Quando alguém deixa um
brinquedo no chão e este é quebrado, todos na classe são privados do brinquedo e não apenas a
pessoa que o deixou no chão. Quando uma pessoa faz uma grande bagunça, todos precisam
viver nesta, não apenas a pessoa que a causou.” (RHETA DE VRIES E BETTY ZAN,
1998, p.235)
Como propõe Piaget (1996), o método da escola deve ser ativo, ou seja, o professor deve se
aproveitar dos problemas relativos a vida escolar como a indisciplina, a mentira, uma
indolência de certos alunos, ou, ainda, as virtudes como bons exemplos dados por outros, para
discutir com seus alunos regras éticas e morais. Faz-se necessário separar um período da aula
para o trabalho com temas relacionados à ética e à moral. (LIMA, 2003, p.138)
A criança, já na pré-escola, pode aprender a pensar e significar exemplos e
narrações que abordem problemas éticos, aprimorando e estimulando o processo de
desenvolvimento moral. O professor deve lembrar que está diante de um pequeno ser em
formação moral e pode já proporcionar experiências que permitam resolução de conflitos, por
meio de reflexão.
“(...)como se pensa sobre determinado assunto, como se resolve algumas questões. Dessa
forma se introduz o princípio de que ética não é imitação de condutas nem pode ser confundida
com moral. Moral é um conjunto de comportamentos e normas que você, eu e outras pessoas
costumamos aceitar como válidos. Ética, ao contrário, é a reflexão sobre por que consideramos
válidos alguns comportamentos e outros não, é a comparação com outras morais, de outras
pessoas e culturas. Não há consenso sobre isso. Alguns acreditam que os valores éticos devem
ser transversais a toda a educação, que não deve haver uma disciplina específica e que todos os
professores devem dar o exemplo e fazer reflexões com as turmas(...) a educação moral na pré-
escola deve ajudar a criança a conviver em uma sociedade democrática e pluralista, não só
estimulando a construção autônoma de valores, mas também promovendo a conservação da
identidade de uma cultura com a integração de culturas diferentes. O Ocidente deve incorporar
as virtudes das outras culturas, a fim de corrigir o ativismo, o pragmatismo, o
“quantitativismo” e o consumismo desenfreados, desencadeados dentro e fora dele. Mas deve
também salvaguardar, regenerar e propagar o melhor de sua cultura, que produziu a
democracia, os direitos humanos e a proteção da esfera privada do cidadão. (LIMA, 2003,
p.141)
Quando trata da função da música, da dança, da poesia, primeiro na República, depois nas
Leis, reconhece que há uma sensibilização da alma, que precede a racionalização. Essa
sensibilização deve ser feita com cuidado. Diz ele: a criança não pode discernir o que é
alegoria do que não é, e as opiniões que acolhe nesta idade tornam-se, comumente,
indeléveis e inabaláveis. É por isso, sem dúvida, que é preciso fazer o máximo para que as
primeiras fábulas que ela ouve sejam as mais belas e as mais apropriadas para ensinar-
lhes a virtude. (PLATON, 1950) (República, 378 c) (grifo nosso)
Um futuro mais promissor passa pelo impulso a uma educação transformadora.
Montessori, influenciado por Pestalozzi, desenvolveu o conceito de “mente absorvente”, para
tratar da plasticidade caracterizada pela inocência da infância:
“(...)a plasticidade é real e ela pode ser manipulada, se houver má fé externa, que abuse da
inocência da infância para interesse próprio. Mas é essa mesma plasticidade que também
permite impregnarmos a criança de estímulos positivos que vão despertar a consciência (...).
Aquilo mesmo que pode ser a sua perdição, pode ser a fonte de sua autonomia e despertar.”
(INCONTRI, 2019, p.6)
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DOWRKIN, Ronald. O que é uma vida boa? Revista Direito GV. Trad. Emilio Peluso Neder
Mayer e Alonso Reis Freire. nº 14. Jul/Dez 2011.
FREUD, Sigmund. Análise Terminável e Interminável. In: Edição Standard Brasileira das
Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1980d. Volume 23.
LEAL, Rogério Gesta. Patologias Corruptivas nas relações entre Estado, Administração
Pública e Sociedade: causas, conseqüências e tratamentos. Santa Cruz do Sul: Edunisc,
2013.
LORIS, A. A. R. (2016). La plata llega sola [the money arrives on it own]: reflections on
corruption trends in Peru. Diálogos Latinoamericanos,25, 82-98.
SAVATER, Fenando Los Caminos para Libertad, ética e educacyon. México. Cátedra
Alfonso Reyes, 2003