Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
ganização de impacto que promove educação para paz e direitos humanos como
ferramenta de interrupção de ciclos de violência e desigualdade.
www.ttb.org.br
contato@ttb.org.br
Expediente:
Sugestão de citação: Think Twice Brasil (2024). Algoritmos, Violência e Juventude no Brasil:
rumo a um modelo educacional para a paz e os direitos humanos .
Apoio Institucional:
SUMÁRIO
05 Apresentação
07 Prefácio
09 Sumário Executivo
Radicalização
Cyberbullying
25 Metodologia
Por que o TikTok?
Limitações
38 Análise de dados
Dados provenientes da pesquisa anônima
87 Lista de Figuras
89 Bibliografia
Think Twice Brasil — TTB Página / 4
AVISO
Este relatório contém conteúdo sensível que aborda ques-
tões de violência e discriminação, que podem representar
gatilhos para alguns leitores. O objetivo deste relatório é
fornecer informações sobre desafios sociais complexos e
explorar soluções potenciais para enfrentá-los. No entanto,
reconhecemos que a discussão de tais temas pode provocar
fortes reações emocionais. Se no decorrer da leitura você
sentir que precisa de assistência, entre em contato com
uma pessoa de sua confiança e/ou um profissional de saúde
mental.
Think Twice Brasil — TTB Página / 5
APRESENTAÇÃO
A ideia de realizar esse estudo surgiu no início de 2022, diante dos
crescentes ataques a escolas no Brasil, somado ao contexto complexo
de eleições presidenciais. Logo em janeiro daquele ano, lançamos uma
pesquisa que levantou informações relevantes sobre a relação dos
jovens com a política, com o direito ao voto e a percepção geral so-
bre violência e participação cívica. A partir daí, criamos a Escola de
Mudadores, a primeira plataforma brasileira 100% digital e gratuita
para promover o diálogo sobre paz e direitos humanos entre jovens e
educadores.
Esse cenário deixou evidente que era preciso investigar a relação das
redes sociais com a onda de ataques às escolas e a crescente polarização
política entre os jovens. Diante disso, nos reunimos com os jovens que
apoiaram a construção da Escola de Mudadores, coletamos suas impres-
sões e demos início à implementação desse estudo, cuidando para que
cada passo considerasse a perspectiva da juventude e fosse capaz de
1. Ministério da Educação
Think Twice Brasil — TTB Página / 6
Boa leitura!
PREFÁCIO
A pesquisa “Algoritmos, Violência e Juventude no Brasil: rumo a um mo-
delo educacional para a paz e os direitos humanos” emerge como chamado
à ação. Neste estudo, somos confrontados com evidências preocupantes
de como os algoritmos das redes sociais podem inadvertidamente servir
como catalisadores para a exposição de adolescentes e jovens a conteú-
dos violentos, alimentando ciclos de violência e potencializando processos
de radicalização.
SUMÁRIO EXECUTIVO
A pesquisa “Algoritmos, Violência e Juventude no Brasil: rumo a um
modelo educacional para a paz e os direitos humanos” investigou como
o uso das redes sociais pelos jovens brasileiros pode facilitar o acesso a
conteúdos violentos que podem influenciá-los a efetuar ataques violen-
tos em escolas no Brasil.
CONTEXTO E JUSTIFICATIVA
DO ESTUDO
Ataques violentos em escolas não eram comuns no Brasil antes dos anos
2000. Desde 2002, o país registrou 36 ataques. Dezesseis deles ocor-
reram em 2023. Todos os ataques foram efetuados por jovens do sexo
masculino entre 10 e 25 anos3.
3. Em 2011, um menino de 10 anos levou uma arma para a escola e, após atirar em sua professora, atirou em si mesmo na cabeça em São
Caetano do Sul, São Paulo. Dois dos ataques registrados foram efetuados por homens de 25 anos. Em 2019, um homem de 25 anos e
outro de 18 anos usaram uma arma de fogo, um martelo, um arco e flechas para atacar alunos e professores em sua antiga escola em
Suzano, São Paulo. Em 2023, um homem de 25 anos usou um martelo para matar crianças entre 4 e 7 anos de idade em uma creche em
Blumenau, Santa Catarina.
Think Twice Brasil — TTB Página / 16
tas ao nazismo (Aracruz, Espírito Santo, 2022; Monte Mor, São Paulo,
2023). Em sete deles, a polícia apontou o bullying como o principal fa-
tor que levou adolescentes a cometerem atos de violência: Taiúva, São
Paulo, 2003; Rio de Janeiro, 2011; Medianeira, Paraná, 2018; Saudades,
Santa Catarina, 2021; Sobral, Ceará, 2022; Manaus, Amazonas, 2023;
São Paulo, 2023. Em dois ataques, a polícia revelou que o agressor si-
mulou o ataque em um jogo online antes de cometê-lo (Vitória, Espírito
Santo, 2022) e fez referências nas redes sociais a massacres em esco-
las (Goiânia, Goiás, 2017). Dois ataques foram motivados por um amor
não correspondido (Alexânia, Goiás, 2017; Caraí, Minas Gerais, 2019)4.
Nesses casos os agressores tinham como alvo vítimas do sexo feminino.
Como as redes sociais foram o principal meio usado por muitos dos
autores de ataques violentos em escolas para compartilhar suas ideias,
utilizamos o TikTok como objeto de investigação para explorar a re-
lação entre as redes sociais e a violência entre os jovens. Ao explorar
como as redes sociais têm sido usadas para promover a violência entre
os jovens no Brasil, nosso propósito é que o conteúdo apresentado
neste relatório possa apoiar educadores, cuidadores e o governo brasi-
leiro com o conhecimento necessário para prevenir novos ataques vio-
lentos nas escolas e promover uma cultura de paz e direitos humanos.
7. Miconi, D., Levinsson, A., Frounfelker, R.L., Li, Z., Oulhote, Y., and Rousseau, C. (2022). Cumulative and independent effects of expe-
riences of social adversity on support for violent radicalization during the COVID‑19 pandemic: the mediating role of depression. Social
Psychiatry and Psychiatric Epidemiology, 57, pp. 1221–1233.
Think Twice Brasil — TTB Página / 18
Radicalização
8. Mudde, C. (2019). The Far-Right Today. Cambridge, UK: Polity Press.
9. Minkenberg, M. (2000). The Renewal of the Radical Right: Between Modernity and Anti‐modernity. Government and Opposition, 35(2),
pp. 170–188; Mondon, A. and Winter, A. (2021). From demonization to normalization: reflecting on far right research. In Ashe, S. D.,
Busher, J., Macklin, G., and Winter, A. (eds) Researching the Far Right: theory, method and practice. NY: Routledge, pp. 370-382.
10. Gattinara, P.C. and Pirro, A.L. (2019). The far right as social movement. European Societies, 21(4), pp. 447–462; Mudde, C. (2019). The
Far-Right Today. Cambridge, UK: Polity Press.
Think Twice Brasil — TTB Página / 19
Devido à dificuldade para delimitar uma linha clara entre a direita radi-
cal e a extrema direita, muitos acadêmicos têm usado o termo far right
para se referir a grupos e indivíduos que apresentam algum grau de
hostilidade em relação à democracia liberal que pode variar de visões
xenofóbicas a ideias supremacistas brancas e neonazistas. Em segundo
lugar, porque os processos de radicalização não são lineares. Eles são
muito mais complexos do que apresentados na Figura 2 uma vez que
dependem de fatores contextuais, sociais e individuais13.
11. Borum, R. (2011). Radicalization into Violent Extremism I: A Review of Social Science Theories. Journal of Strategic Security, 4(4), pp.
7-36.
12. Mudde, C. (2019). The Far-Right Today. Cambridge, UK: Polity Press.
13. Ibid
Think Twice Brasil — TTB Página / 20
14. Daniels, J. (2018). The Algorithmic Rise of the Alt-Right. Contexts, 17(1), pp. 60–65; Lewis, R. (2018). Alternative Influence: Broadcas-
ting the Reactionary Right on YouTube, Data & Society; Weimann, G. and Masri, N. (2020). The virus of hate: far-right terrorism in the
cyber-space; Winter, A. (2019). Online Hate: from the Far-Right to the Alt-Right and from the Margins to the Mainstream. In Lumsden, K.
and Harmer, E. (eds.) Online Othering: exploring digital violence and discrimination on the web. Cham, Switzerland: Palgrave MacMillan,
pp. 39-63.
15. Winter, C., Neumann, P., Meleagrou-Hitchens, A., Ranstorp, M., Vidino, L., and Fürst, J. (2020). Online Extremism: Research Trends in Inter-
net Activism, Radicalization, and Counter-Strategies. International Journal of Conflict and Violence, 14(2), pp. 1-20.
16. Little, O. and Richards, A. (2021). TikTok’s algorithm leads users from transphobic videos to far-right rabbit holes. Media Matters.
17. Borum, R. (2011). Radicalization into Violent Extremism I: A Review of Social Science Theories. Journal of Strategic Security, 4(4), pp.
7-36.
Think Twice Brasil — TTB Página / 21
Cyberbullying
É bem documentado que as vítimas de bullying apresentam uma ten-
dência considerável a desenvolverem um comportamento agressivo18,
especialmente na adolescência e início da idade adulta. Também há
evidências de que o bullying está associado a ataques violentos em es-
colas19. Quando se trata da relação entre bullying e radicalização, um
estudo recente realizado com mais de 6.000 jovens no Canadá indicou
que o cyberbullying estava associado ao apoio à radicalização violenta20.
18. Gibb, S.J., Horwood, L.J., and Fergusson, D.M. (2011) Bullying victimization/perpetration in childhood and later adjustment: findings from
a 30 year longitudinal study. J Aggress Confl Peace Res 3(2), pp. 82–88; Nansel, T.R., Overpeck, M.D., Haynie, D.L., Ruan, W.J., Scheidt,
P.C. (2003) Relationships between bullying and violence among US youth. Arch Pediatr Adolesc Med 157(4), pp. 348–353.
19. Van Geel, M., Vedder, P., Tanilon, J. (2014). Bullying and weapon carrying: a meta-analysis. JAMA Pediatr,168(8), pp. 714–720.
20. Miconi, D., Levinsson, A., Frounfelker, R.L., Li, Z., Oulhote, Y., and Rousseau, C. (2022).Cumulative and independent effects of experiences of
social adversity on support for violent radicalization during the COVID‑19 pandemic: the mediating role of depression. Social Psychiatry and
Psychiatric Epidemiology, 57, pp. 1221–1233.
21. Ibid; Olweus D (1994) Bullying at school: basic facts and effects of a school based intervention program. J Child Psychol Psychiatry 35(7),
pp. 1171–1190.
22. United Nations (2023). Bullying and Cyberbullying.
Think Twice Brasil — TTB Página / 22
23. Ibid.
24. Sari, S.V., Camadan, F. (2016). The new face of violence tendency: Cyber bullying perpetrators and their victims. Computers in Human
Behaviour, 59, pp. 317-326.
25. Sticca, F., Perren, S. (2013). Is cyberbullying worse than traditional bullying? Examining the differential roles of medium, publicity, and
anonymity for the perceived severity of bullying. Journal of Youth Adolescence, 42(5), pp. 739–750; Mao, J. (2022). The Role of Nudges
in Mitigating and Preventing Cyberbullying on Social Media. Proceedings of the 2022 3rd International Conference on Mental Health,
Education and Human Development. Wang, J., Nansel, T.R., Iannotti, R.J. (2011). Cyber and traditional bullying: Differential association
with depression. Journal of Adolescent Health, 48(4), pp. 415–417.
Think Twice Brasil — TTB Página / 23
26. Little, O. and Richards, A. (2021). TikTok’s algorithm leads users from transphobic videos to far-right rabbit holes. Media Matters.
27. https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2023-2026/2024/Lei/L14811.htm
Think Twice Brasil — TTB Página / 25
METODOLOGIA
Por que o TikTok?
Para examinar como as redes sociais promovem conteúdo violento, po-
dendo vir a influenciar estudantes a efetuarem ataques violentos em es-
colas no Brasil, usamos o TikTok como objeto de investigação. O TikTok é
considerado a rede social chinesa mais bem-sucedida28. Ele foi criado em
setembro de 2016 e se espalhou rapidamente por diferentes países. Em
2023, o Brasil foi o terceiro país com a maior audiência no TikTok, ficando
atrás dos Estados Unidos e da Indonésia29. O número de adolescentes e
jovens adultos (18-29 anos) usando o TikTok no Brasil aumentou con-
sideravelmente nos últimos anos30. Enquanto no início, os jovens eram
principalmente atraídos por vídeos engraçados de dublagem de cenas
de filmes e videoclipes famosos, gradualmente o TikTok se tornou uma
fonte de informação e um espaço para discussões, educação, vendas e
cyberbullying31. Em termos de gênero, o número de homens interagindo
com a rede social em escala global aumentou, ultrapassando o número
de mulheres em 202332.
28. Montag, C., Yang, H., and Elhai, J.D. (2021). On the Psychology of TikTok Use: A First Glimpse From Empirical Findings. Frontiers in
Public Health.
29. https://www.statista.com/statistics/1299807/number-of-monthly-unique-tiktok-users/
30. https://www.statista.com/statistics/1321856/brazil-tiktok-users-age-group/
31. Montag, C., Yang, H., and Elhai, J.D. (2021). On the Psychology of TikTok Use: A First Glimpse From Empirical Findings. Frontiers in
Public Health; Kumar, V.L., Goldstein, M.A. (2020) Cyberbullying and adolescents. Curr Pediatr Rep. 8, pp. 86–92.
32. https://www.statista.com/statistics/1299785/distribution-tiktok-users-gender/
33. Fatimatuzzahro, F., & Achmad, Z. A. (2022). What If It Was You (#WIIWY) digital activism on TikTok to fight gender-based violence
online and cyberbullying. Masyarakat, Kebudayaan Dan Politik, 35(4), 450–465.
Think Twice Brasil — TTB Página / 26
34. Oktarini, N.P.U. et al. (2022). Analysis of the Positive and Negative Impacts of Using Tiktok For Generation Z During Pandemic. Journal of
Digital Law and Policy, 1(2), pp. 95-100.
35. Kumar, V.L., Goldstein, M.A. (2020) Cyberbullying and adolescents. Curr Pediatr Rep. 8, pp. 86–92.
36. Bucknell Bossen, C., Kottasz, R. (2020) Uses and gratifications sought by preadolescent and adolescent TikTok consumers. Young Cons.
(2020) 21:463–78.
37. Oktarini, N.P.U. et al. (2022). Analysis of the Positive and Negative Impacts of Using Tiktok For Generation Z During Pandemic. Journal of
Digital Law and Policy, 1(2), pp. 95-100.
38. https://www.nytimes.com/2023/01/09/technology/brazil-riots-jan-6-misinformation-social-media.html
Think Twice Brasil — TTB Página / 27
39. Fatimatuzzahro, F., & Achmad, Z. A. (2022). What If It Was You (#WIIWY) digital activism on TikTok to fight gender-based violence
online and cyberbullying. Masyarakat, Kebudayaan Dan Politik, 35(4), 450–465.
40. Little, O. and Richards, A. (2021). TikTok’s algorithm leads users from transphobic videos to far-right rabbit holes. Media Matters;
41. Oktarini, N.P.U. et al. (2022). Analysis of the Positive and Negative Impacts of Using Tiktok For Generation Z During Pandemic. Journal of
Digital Law and Policy, 1(2), pp. 95-100.
42. Almeida, G.R. e Ramos, D.O. (2023). Nem acima, nem abaixo do radar: uma análise da produção de conteúdo sobre massacres em esco-
las brasileiras no Twitter e no TikTok. Intercom, PUC-Minas.
43. https://www.tiktok.com/community-guidelines/en/safety-civility/
Think Twice Brasil — TTB Página / 28
44. Ibid.
Think Twice Brasil — TTB Página / 29
Tabela 1. Perguntas explorando as interações dos jovens brasileiros com as redes sociais
Έ Instagram
Έ Facebook
Έ Snapchat
Έ X (antigo Twitter)
Έ GAB
Έ Discord
Έ Outro
Έ Mais de 10 horas
Think Twice Brasil — TTB Página / 32
Έ Vídeos cosplay
Έ Vídeos de dança
Έ Vídeos de beleza
Έ Vídeos sobre
educação
Έ Instagram
Έ Facebook
Έ Snapchat
Έ Twitter
Έ GAB
Έ Discord
Έ Outro
Limitações
As limitações deste estudo foram impostas por restrições de tempo e
pelo número de pessoas envolvidas na pesquisa. O formulário de pes-
quisa direcionado a coletar as impressões dos jovens recebeu respostas
durante o período de dois meses, o que limitou a quantidade de partici-
pantes. Outro fator que parece ter limitado o alcance de nossa pesquisa
foi nosso público-alvo. Realizar pesquisas com adolescentes pode ser
especialmente difícil porque eles podem não ter interesse em participar
de pesquisas. Outros podem não se sentir confortáveis o suficiente para
compartilhar suas opiniões sobre violência e redes sociais. O número
limitado de jovens que participaram da pesquisa (216) impediu-nos de
conduzir análises com relevância estatística, o que poderia ter sido útil
para explorar, por exemplo, como o engajamento com conteúdo violento
varia de acordo com as regiões do Brasil, idade, raça e gênero. Ao invés
de analisar quantitativamente os dados derivados da pesquisa, prio-
rizamos a análise qualitativa dos comentários feitos pelos jovens que
responderam à pesquisa. Além disso, utilizamos as cinco preferências de
conteúdo do TikTok mais escolhidas para informar nosso engajamento
com a rede social.
Think Twice Brasil — TTB Página / 36
ANÁLISE DE DADOS
Dados provenientes da pesquisa anônima
Quando questionados sobre qual rede social eles usam com mais frequ-
ência, 81 (37,5%) jovens disseram que usam o Instagram e 59 (27,3%)
disseram que usam o TikTok. O TikTok foi particularmente popular entre
mulheres (42 dos 59 participantes que afirmaram usar o TikTok) e pes-
soas brancas (41 dos 59 participantes que afirmaram usar o TikTok). A
Figura 8 fornece uma visão geral das respostas a essa pergunta.
Figura 8. Redes sociais regularmente utilizadas pelos jovens que participaram da pesquisa
183 (84,7%) dos jovens que participaram da pesquisa afirmaram que não
atacaram verbalmente e/ou fisicamente outra pessoa ou um grupo de in-
divíduos com base em suas características físicas, religião, opinião política,
orientação sexual após assistirem a vídeos com contendo conteúdo vio-
lento e/ou perturbador. 33 (15,3%) afirmaram que fizeram ataques verbais
e/ou físicos. 20 desses jovens eram mulheres, 11 eram homens e 2 prefe-
riram não divulgar seu gênero. Entre as mulheres que responderam sim,
13 eram brancas e principalmente localizadas no Sudeste do Brasil (11).
Figura 11. Tipos de vídeos promovendo violência recomendados pelo TikTok de 01/10/2023
a 30/10/2023
47. Esta é uma das narrativas centrais de um conglomerado de teorias da conspiração conhecido como QAnon. QAnon exerceu grande influ-
ência sobre a política americana, avançando a crença de que Donald Trump estava lutando contra as elites liberais (representadas pelos
democratas) que supostamente estavam por trás de um esquema de tráfico sexual infantil. Para obter mais informações sobre esta teoria
da conspiração acesse: https://www.forbes.com/sites/conormurray/2023/07/15/the-adrenochrome-conspiracy-theory-pushed-by-sound-
-of-freedom-star-explained/?sh=798ee9755179
Think Twice Brasil — TTB Página / 44
Figura 12. Vídeos que constituem casos de cyberbullying recomendados pelo TikTok de
01/10/2023 a 30/10/2023
Think Twice Brasil — TTB Página / 45
Figura 14. Principal alvo dos vídeos discriminatórios recomendados pelo TikTok de
01/10/2023 a 30/10/2023
Figura 15. Screenshot de um vídeo recomendado pelo TikTok associando homens pretos
à criminalidade
Figura 18. Tipos de vídeos explicitamente incitando o uso de violência recomendados pelo
TikTok de 01/10/2023 a 30/10/2023
Figura 19. Captura de tela de uma simulação de videogame no TikTok de um vídeo dis-
ponível no Portal do Zacarias
Figura 20. Captura de tela de um vídeo recomendado pelo TikTok mostrando um indivíduo
desafiando internautas a assistirem mais vídeos do Portal do Zacarias
Figura 21. Captura de tela de um vídeo recomendado pelo TikTok mostrando como a
inteligência artificial tem sido usada para promover violência
Figura 22. Captura de tela de um vídeo recomendado pelo TikTok no qual um usuário da
rede social se refere ao seu envolvimento com conteúdo violento como viciante
Figura 23. Captura de tela de um vídeo recomendado pelo TikTok apresentando a vio-
lência encontrada no Portal do Zacarias como uma forma válida de lidar com casos de
bullying na escola
Figura 24. Captura de tela de um vídeo recomendado pelo TikTok dando instruções sobre
quais tipos de armas estudantes devem levar para a escola
Figura 25. Captura de tela de um vídeo recomendado pelo TikTok usando legenda para
incitar violência
Figura 26. Capturas de tela de vídeos recomendados pelo TikTok representando crimes
violentos e assassinos em série como pôsteres de filmes de animação da Disney
49. Jeffrey Dahmer é um famoso assassino em série americano que matou 17 pessoas entre 1978 e 1991. Seus assassinatos envolveram
necrofilia, canibalismo e a preservação permanente de partes do corpo das vítimas.
Think Twice Brasil — TTB Página / 59
A RELAÇÃO ENTRE
ALGORITMOS, VIOLÊNCIA
E JUVENTUDE NO BRASIL
Ao simular a experiência cotidiana de um jovem usuário do TikTok, foi
possível observar alguns possíveis pontos de conexão com ataques vio-
lentos em escolas no Brasil, sugerindo a necessidade de mais pesquisa
para investigar em que medida as redes sociais têm motivado estudan-
tes a adotarem atitudes violentas, principalmente no ambiente escolar.
53. Relatório ao governo de transição: o ultraconservadorismo e extremismo de direita entre adolescentes e jovens no brasil: ataques às
instituições de ensino e alternativas para a ação governamental.; Escola Livre de Ódio – Porvir.
Think Twice Brasil — TTB Página / 63
54. Relatório ao governo de transição: o ultraconservadorismo e extremismo de direita entre adolescentes e jovens no brasil: ataques às
instituições de ensino e alternativas para a ação governamental.
Think Twice Brasil — TTB Página / 64
55. https://eightify.app/summary/miscellaneous/zacarias-portal-unveiling-the-disturbing-obsession-with-gore
Think Twice Brasil — TTB Página / 65
56. Kumar, V.L., Goldstein, M.A. (2020) Cyberbullying and adolescents. Curr Pediatr Rep. 8, pp. 86–92.
%
Think Twice Brasil — TTB Página / 67
57. Stannard, D. E. (1993). American holocaust: The conquest of the new world. Oxford University Press; Barreto, J. (2013). Human rights
from a Third World perspective: Critique, history and international law. Cambridge Scholars Publishing.
58. Lugones, M., 2012. Subjetividad esclava, colonialidad de género, marginalidad y opresiones múltiples. Pensando los feminismos en Boli-
via, pp.129-140; Nascimento, A. (2016). O genocídio do negro brasileiro: processo de um racismo mascarado. Editora Perspectiva SA.
59. Quijano, A. (2000). Coloniality of power and Eurocentrism in Latin America. International Sociology, 15(2), 215-232; Lugones, M., 2012.
Subjetividad esclava, colonialidad de género, marginalidad y opresiones múltiples. Pensando los feminismos en Bolivia, pp.129-140;
Almeida, S., 2019. Racismo estrutural. Pólen Produção Editorial LTDA.
Think Twice Brasil — TTB Página / 68
60. Levendosky, A.A. and Graham-Bermann, S.A. 2000. Trauma and Parenting in Battered Women: An Addition to an Ecological Model of
Parenting. Journal of aggression, maltreatment & trauma. 3(1), pp.25–35; Bond, R.M. and Bushman, B.J. 2017. The Contagious Spread of
Violence Among US Adolescents Through Social Networks. American journal of public health (1971). 107(2), pp.288–294; Patton, D.U.,
McGregor, K. and Slutkin, G. 2018. Youth Gun Violence Prevention in a Digital Age. Pediatrics (Evanston). 141(4), pp.1.
61. Bond, R.M. and Bushman, B.J. 2017. The Contagious Spread of Violence Among US Adolescents Through Social Networks. American
journal of public health (1971). 107(2), pp.288–294.
Think Twice Brasil — TTB Página / 69
62. Ibid.
63. Patton, D.U., McGregor, K. and Slutkin, G. 2018. Youth Gun Violence Prevention in a Digital Age. Pediatrics (Evanston). 141(4), pp.1.
Think Twice Brasil — TTB Página / 70
66. Silva, A.M.M. and Tavares, C., 2013. Educação em direitos humanos no Brasil: contexto, processo de desenvolvimento, conquistas e
limites. Educação. Porto Alegre, pp.50-58.
67. https://www.gov.br/mdh/pt-br/navegue-por-temas/educacao-em-direitos-humanos/DIAGRMAOPNEDH.pdf
68. Panorama da Educação em Direitos Humanos no Brasil, Instituto Aurora, 2022.
Think Twice Brasil — TTB Página / 73
69. Anuário Brasileiro de Segurança Pública, 2023, Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
70. Percepção Social sobre Direitos Humanos e sobre Mulheres Defensoras de Direitos Humanos, Instituto Ipsos para ONU Mulheres Brasil,
2024.
Think Twice Brasil — TTB Página / 74
71. Fuentes, C. A. P., & Maestre, A. J. A. (2021). Challenges and progress in the implementation of Education for Peace in Latin America. Re-
vista Colombiana de Ciencias Sociales, 12(2), 756-776; Harber, C & Sakade, N 2009, ‘Schooling for Violence and Peace : how does peace
education differ from ‘normal’ schooling?’, Journal of Peace Education, vol. 6, no. 2, pp. 171-187; Patton, D.U., McGregor, K. and Slutkin,
G. 2018. Youth Gun Violence Prevention in a Digital Age. Pediatrics (Evanston). 141(4), pp.1.
Think Twice Brasil — TTB Página / 77
CONSIDERAÇÕES FINAIS E
RECOMENDAÇÕES
Esse estudo investigou como o uso das redes sociais pelos jovens bra-
sileiros pode facilitar o acesso a conteúdos violentos, podendo vir a in-
fluenciar ataques em escolas. Entre as descobertas, está o fato de que
os jovens notaram que a exposição a conteúdo violento tem contribuído
para a normalização da violência, especialmente em suas formas mais
grotescas. Um dos participantes mencionou que assistir a vídeos vio-
lentos alterou sua perspectiva, tornando-o menos sensível à violência.
Ao poder público
Έ Realizar audiências públicas e compor um comitê de representação
jovem que possa participar ativamente do desenvolvimento de polí-
ticas públicas de enfrentamento à violência digital.
Έ Procurar ajuda se você notar que a criança e/ou adolescente sob sua
responsabilidade está acessando repetidamente conteúdo violento
na internet. O primeiro ponto de contato deve ser a escola.
Έ Procurar ajuda se você não souber o que fazer se a criança e/ou ado-
lescente sob sua responsabilidade for vítima de (cyber)bullying e/ou
intimidar outros alunos.
Ao público em geral
Έ Denunciar postagens/vídeos contendo conteúdo violento, humilhante
e/ou discriminatório encontrado nas redes sociais.
LISTA DE FIGURAS
Έ Figura 1. Ataques violentos em escolas no Brasil (de 2002 a 2023)
Έ Figura 8. Redes sociais regularmente utilizadas pelos jovens que participaram da pesquisa
Έ Figura 10. Acesso a conteúdo violento e/ou vídeos discriminatórios, de humilhação ou perturbadores disponíveis nas redes
sociais
Έ Figura 11. Tipos de vídeos promovendo violência recomendados pelo TikTok de 01/10/2023 a 30/10/2023
Έ Figura 12. Vídeos que constituem casos de cyberbullying recomendados pelo TikTok de 01/10/2023 a 30/10/2023
Έ Figura 13. Captura de tela de um vídeo do TikTok assediando indivíduos não-binários e mulheres através de texto na tela
Έ Figura 14. Principal alvo dos vídeos discriminatórios recomendados pelo TikTok de 01/10/2023 a 30/102023
Έ Figura 15. Screenshot de um vídeo recomendado pelo TikTok associando homens pretos à criminalidade
Έ Figura 18. Tipos de vídeos explicitamente incitando o uso de violência recomendados pelo TikTok de 01/10/2023 a
30/10/2023
Έ Figura 19. Captura de tela de uma simulação de videogame no TikTok de um vídeo disponível no Portal do Zacarias
Έ Figura 20. Captura de tela de um vídeo recomendado pelo TikTok mostrando um indivíduo desafiando internautas a assis-
tirem mais vídeos do Portal do Zacarias
Έ Figura 21. Captura de tela de um vídeo recomendado pelo TikTok mostrando como a inteligência artificial tem sido usada
para promover violência
Έ Figura 22. Captura de tela de um vídeo recomendado pelo TikTok no qual um usuário da rede social se refere ao seu en-
volvimento com conteúdo violento como viciante
Έ Figura 23. Captura de tela de um vídeo recomendado pelo TikTok apresentando a violência encontrada no Portal do Zacarias
como uma forma válida de lidar com casos de bullying na escola
Έ Figura 24. Captura de tela de um vídeo recomendado pelo TikTok dando instruções sobre quais tipos de armas estudantes
devem levar para a escola
Έ Figura 25. Captura de tela de um vídeo recomendado pelo TikTok usando legenda para incitar violência
Έ Figura 26. Capturas de tela de vídeos recomendados pelo TikTok representando crimes violentos e assassinos em série
como pôsteres de filmes de animação da Disney
Think Twice Brasil — TTB Página / 89
BIBLIOGRAFIA
Almeida, G.R. e Ramos, D.O. (2023). Nem acima, nem abaixo do radar:
uma análise da produção de conteúdo sobre massacres em escolas bra-
sileiras no Twitter e no TikTok. Intercom, PUC-Minas.
Bond, R.M. and Bushman, B.J. (2017). The Contagious Spread of Vio-
lence Among US Adolescents Through Social Networks. American jour-
nal of public health (1971). 107(2), pp.288–294.
CARA, D., Pellanda, A., Santos, C. D. A., Dadico, C. M., Madi, F. R., Orsati,
F. T., ... & Silveira, P. D. C. (2022). O extremismo de direita entre adoles-
centes e jovens no Brasil: ataques às escolas e alternativas para a ação
governamental. Campanha Nacional pelo Direito à Educação.
Gattinara, P.C. and Pirro, A.L. (2019). The far right as social movement.
European Societies, 21(4), pp. 447–462.
Gibb, S.J., Horwood, L.J., and Fergusson, D.M. (2011). Bullying victimi-
zation/perpetration in childhood and later adjustment: findings from a
30 year longitudinal study. J Aggress Confl Peace Res 3(2), pp. 82–88.
Miconi, D., Levinsson, A., Frounfelker, R.L., Li, Z., Oulhote, Y., and Rou-
sseau, C. (2022). Cumulative and independent effects of experiences
of social adversity on support for violent radicalization during the CO-
VID‑19 pandemic: the mediating role of depression. Social Psychiatry
and Psychiatric Epidemiology, 57, pp. 1221–1233.
Montag, C., Yang, H., and Elhai, J.D. (2021). On the Psychology of TikTok
Use: A First Glimpse From Empirical Findings. Frontiers in Public Health.
Nansel, T.R., Overpeck, M.D., Haynie, D.L., Ruan, W.J., Scheidt, P.C.
(2003). Relationships between bullying and violence among US youth.
Arch Pediatr Adolesc Med 157(4), pp. 348–353.
Oktarini, N.P.U. et al. (2022). Analysis of the Positive and Negative Im-
pacts of Using Tiktok For Generation Z During Pandemic. Journal of Di-
gital Law and Policy, 1(2), pp. 95-100.
Sari, S.V., Camadan, F. (2016). The new face of violence tendency: Cyber
bullying perpetrators and their victims. Computers in Human Behaviour, 59,
pp. 317-326.
Simões, E.C. and Cardoso, M.R.A. (2022). Violência contra professores da rede
pública e esgotamento profissional. Ciência & Saúde Coletiva, 27, pp.1039-
1048.
Snakenborg, J., Van Acker, R. and Gable, R.A. (2011). Cyberbullying: Preven-
tion and intervention to protect our children and youth. Preventing School
Failure: Alternative Education for Children and Youth, 55(2), pp.88-95.
Van Geel, M., Vedder, P., Tanilon, J. (2014). Bullying and weapon carrying: a
meta-analysis. JAMA Pediatr,168(8), pp. 714–720.
Wang, J., Nansel, T.R., Iannotti, R.J. (2011). Cyber and traditional bullying:
Differential association with depression. Journal of Adolescent Health, 48(4),
pp. 415–417.
Think Twice Brasil — TTB Página / 94
Winter, A. (2019). Online Hate: from the Far-Right to the Alt-Right and
from the Margins to the Mainstream. In Lumsden, K. and Harmer, E.
(eds.) Online Othering: exploring digital violence and discrimination on
the web. Cham, Switzerland: Palgrave MacMillan, pp. 39-63.