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9ª COORDENADORIA REGIONAL DE DES.

DA EDUCAÇÃO
ESCOLA DE ENSINO MÉDIO DIONE MARIA BEZERRA PESSOA

NOME: ___________________________________________________________________ TURMA: ______

ATIVIDADE DE REDAÇÃO

TEXTO 1
Corrupção cultural ou organizada?
Precisamos evitar que a necessária indignação com as microcorrupções “culturais” nos leve a ignorar a grande
corrupção.
Renato Janine Ribeiro*, Folha de S. Paulo, 28/6/2009

Ficamos muito atentos, nos últimos anos, a um tipo de corrupção que é muito frequente em nossa sociedade: o
pequeno ato, que muitos praticam, de pedir um favor, corromper um guarda ou, mesmo, violar a lei e o bem comum
para obter uma vantagem pessoal. Foi e é importante prestar atenção a essa responsabilidade que temos, quase todos,
pela corrupção política – por sinal, praticada por gente eleita por nós.
Esclareço que, por corrupção, não entendo sua definição legal, mas ética. Corrupção é o que existe de mais
antirrepublicano, isto é, mais contrário ao bem comum e à coisa pública. Por isso, pertence à mesma família que trafegar
pelo acostamento, furar a fila, passar na frente dos outros. Às vezes é proibida por lei, outras, não.
Mas, aqui, o que conta é seu lado ético, não legal. Deputados brasileiros e britânicos fizeram despesas legais,
mas não éticas. É desse universo que trato. O problema é que a corrupção “cultural”, pequena, disseminada – que
mencionei acima – não é a única que existe. Aliás, sua existência nos poderes públicos tem sido devassada por inúmeras
iniciativas da sociedade, do Ministério Público, da Controladoria Geral da União (órgão do Executivo) e do Tribunal de
Contas da União (que serve ao Legislativo).
Chamei-a de “corrupção cultural” pois expressa uma cultura forte em nosso país, que é a busca do privilégio
pessoal somada a uma relação com o outro permeada pelo favor. É, sim, antirrepublicana. Dissolve ou impede a criação
de laços importantes. Mas não faz sistema, não faz estrutura.
Porque há outra corrupção que, essa, sim, organiza-se sob a forma de complô para pilhar os cofres públicos – e
mal deixa rastros. A corrupção “cultural” é visível para qualquer um. Suas pegadas são evidentes. Bastou colocar as
contas do governo na Internet para saltarem aos olhos vários gastos indevidos, os quais a mídia apontou no ano
passado.
O problema é que, ao darmos tanta atenção ao que é fácil de enxergar (a corrupção “cultural”), acabamos
esquecendo a enorme dimensão da corrupção estrutural, estruturada ou, como eu a chamaria, organizada.
Penso que devemos combater os dois tipos de corrupção. A corrupção enquanto cultura nos desmoraliza como
povo. Ela nos torna “blasé”. Faz-nos perder o empenho em cultivar valores éticos. Porque a república é o regime por
excelência da ética na política: aquele que educa as pessoas para que prefiram o bem geral à vantagem individual.
Valorizar o laço social exige o fim da corrupção cultural, e isso só se consegue pela educação. Temos de fazer
que as novas gerações sintam pela corrupção a mesma ojeriza que uma formação ética nos faz sentir pelo crime em
geral.
Mas falar só na corrupção cultural acaba nos indignando com o pequeno criminoso e poupando o
macrocorrupto. Mesmo uma sociedade como a norte-americana, em que corromper o fiscal da prefeitura é bem mais
raro, teve há pouco um governo cujo vice presidente favoreceu, antieticamente, uma empresa de suas relações na
ocupação do Iraque.
A corrupção secreta e organizada não é privilégio de país pobre, “atrasado”. Porém, se pensarmos que
corrupção mata – porque desvia dinheiro de hospitais, de escolas, da segurança –, então a mais homicida é a corrupção
estruturada. Precisamos evitar que a necessária indignação com as microcorrupções “culturais” nos leve a ignorar a
grande corrupção. É mais difícil de descobrir. Mas é ela que mata mais gente.

* Renato Janine Ribeiro, 59, é professor titular de ética e filosofia política do Departamento de Filosofia da USP.
É autor, entre outras obras de República (Publifolha, Coleção Folha Explica). (Crédito completo do articulista)

Fonte: [debates@uol.com.br]. (Adaptada)


ATIVIDADE

01) Responda as questões a seguir com base na leitura do texto:

A) Qual o assunto do texto?


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B) O que o autor entende por corrupção? Descreva.


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02) No texto, o autor discorre sobre dois tipos de corrupção. Cite quais são esses tipos e descreva as características de cada um.

Tipo1:________________________________________________________________________________________________
Características:_________________________________________________________________________________________

Tipo 2:_______________________________________________________________________________________________
Características:________________________________________________________________________________________

03) Com base nos dois tipos de corrupção, qual é a tese defendida pelo autor no texto? Copie do texto o(s) trecho(s) em que o
autor explicita a sua tese.
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04) No último parágrafo, o autor conclui o texto utilizando um último argumento para defender sua tese. Qual argumento é
utilizado?
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05) A polifonia é um recurso utilizado para expressar diferentes vozes dentro de um texto. Assim, o autor do texto dá voz a
diferentes opiniões, seja para confirmá-las ou contestá-las. Esse recurso é utilizado no texto? Justifique sua resposta.
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06) A linguagem utilizada no texto é formal ou informal? Qual o efeito do uso dessa linguagem na argumentação?
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07) (Enem 2018) “A Declaração Universal dos Direitos Humanos está completando 70 anos em tempos de desafios
crescentes, quando o ódio, a discriminação e a violência permanecem vivos”, disse a diretora-geral da Organização das
Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), Audrey Azoulay.
“Ao final da Segunda Guerra Mundial, a humanidade inteira resolveu promover a dignidade humana em todos os lugares e
para sempre. Nesse espírito, as Nações Unidas adotaram a Declaração Universal dos Direitos Humanos como um padrão
comum de conquistas para todos os povos e todas as nações”, disse Audrey.
“Centenas de milhões de mulheres e homens são destituídos e privados de condições básicas de subsistência e de
oportunidades. Movimentos populacionais forçados geram violações aos direitos em uma escala sem precedentes. A Agenda
2030 para o Desenvolvimento Sustentável promete não deixar ninguém para trás – e os direitos humanos devem ser o
alicerce para todo o progresso.”
Segundo ela, esse processo precisa começar o quanto antes nas carteiras das escolas. Diante disso, a Unesco lidera a
educação em direitos humanos para assegurar que todas as meninas e meninos saibam seus direitos e os direitos dos
outros.
Disponível em: https://nacoesunidas.org. Acesso em: 3 abr. 2018 (adaptado).

Defendendo a ideia de que “os direitos humanos devem ser o alicerce para todo o progresso”, a diretora-geral da Unesco
aponta, como estratégia para atingir esse fim, a
A) Inclusão de todos na Agenda 2030.
B)Extinção da intolerância entre os indivíduos.
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C)Discussão desse tema desde a educação básica.
D)Conquista de direitos para todos os povos e nações. promoção da dignidade humana em todos os lugares.

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