Você está na página 1de 2

Escola de Redação e Língua Portuguesa

SEMANA 5 | EXERCÍCIO | PRATICANDO CONCLUSÕES

Continuamos o trabalho com a conclusão. O exercício é simples. Para bem realizá-lo, siga estas instruções:
1) Identifique a técnica empregada no campo próprio.
2) Para facilitar o trabalho de retomada, sublinhe, com marca-texto verde, aquilo de que mais gostou no texto.
3) Não é preciso desenvolver, argumentar. O exercício é de conclusão. Devemos, portanto, atender aos dois movimentos dessa
parte do texto: retomar e encerrar.

1. Redija uma conclusão com RETOMADA DA INTRODUÇÃO OU DO DESENVOLVIMENTO para este texto do João Lucas
Abreu, que discorre sobre o tema “Desenvolvimento econômico e justiça social”. Aproveite para exercitar o uso da citação.
TÉCNICA: _______________________________________________________

Adam Smith, teórico do liberalismo, considerado o pai da economia moderna, afirmava que o
crescimento econômico é um meio extraordinário para alcançar avanços sociais e para beneficiar a
população em geral. A realidade brasileira, contudo, insiste, lamentavelmente, em se contrapor à tese
defendida pelo economista. Afinal, o paradoxo presente no fato de o Brasil possuir, simultaneamente, o
nono maior PIB e o décimo pior índice de desigualdade do mundo explicita que, no país dito de todos,
a justiça social não caminha ao lado do desenvolvimento econômico.
O fato é que o modelo de crescimento adotado no Brasil, que foca apenas no estímulo ao PIB, tem
se revelado mais do que apenas injusto. A leviandade na crença de que fomentar a qualidade de vida
da população não é benéfico ao capitalismo e aos senhores do capital é bem maior do que já afirmava
o próprio Adam Smith. Segundo o economista Bernardo Guimarães, crescimento econômico e
distribuição de riquezas são, sim, dois objetivos desejáveis e não conflitantes, posto que o aumento da
renda média da massa trabalhadora brasileira tende a impulsionar o consumo – devido aos baixos
níveis de especulação entre os mais pobres –, o que, por sua vez, contrariando a lógica ilógica dos
dirigentes estatais, resulta na alta da economia, associando, assim, justiça social e desenvolvimento.
Entretanto, a postura inconsequente e elitista do Brasil de negar essa visão mutuamente benéfica
levou nosso país a não consolidar ferramentas capazes de proporcionar a distribuição igualitária de
riquezas. Soma-se a essa negação a elevada carga de impostos sobre consumo, que atinge,
igualmente, ricos e pobres – uma injustiça para com o segundo grupo. Além disso, a ineficácia de
políticas públicas voltadas à educação – tanto no âmbito escolar, de qualidade questionável, quanto no
âmbito universitário, que é fortemente elitizado – impede a efetiva qualificação dos trabalhadores.
Dessa forma, as políticas de austeridade adotadas pelo governo em tempos de crise afetam,
sobretudo, as classes menos abastadas, que são privadas de recursos para lidar com esse cenário de
redução de investimentos em serviços públicos. Não restam dúvidas, por certo, de que a estrutura
econômica brasileira reduz a igualdade de direitos a uma falácia, colocando os mais pobres da
sociedade em uma situação de extrema fragilidade.

2. Escolha uma técnica e redija uma conclusão para este texto da Roberta Pegoraro, que discorre sobre o tema
“Exploração sexual infantil”. Aproveite para exercitar o uso do paralelismo.

TÉCNICA: _______________________________________________________

Pesquisas da Organização Internacional do Trabalho (OIT) estimam que entre 100 e 500 mil
crianças brasileiras estão submetidas à exploração sexual. É válido lembrar que esse cenário
lamentável é uma trágica herança da colonização brasileira. Ao tratar desse assunto, o sociólogo
Gilberto Freyre, em sua obra Casa-grande e senzala, recorre ao termo patriarcalismo – sociedade em
que todos estão submetidos ao homem, que representa o núcleo econômico e o núcleo de poder –
para explicar a origem do abuso sexual no Brasil. Apesar de, atualmente, a necessidade de combater
a exploração sexual infantil ser reconhecida e existirem leis para instituir esse combate, como o Estatuto
da Criança e do Adolescente, é preciso ampliar as políticas públicas de redução desse crime.
A prática criminosa, contudo, persiste porque o pensamento social do brasileiro – que insiste em
culpabilizar as vítimas – e o discurso falocêntrico – que exalta o homem e seus desejos – sustentam, como
pilares históricos da estrutura mental do país, a cultura do estupro. O poderio patriarcal, aliado à pobreza,
fruto da desigualdade social, faz com que os direitos das crianças, garantidos por lei, não passem, na
prática, de mera utopia. Nesse cenário, os olhos dos brasileiros acostumaram-se com a exploração sexual.
O fato é que erotizar corpos infantis para atender ao mercado do sexo, transformando-os em objetos
comerciáveis, revela uma face horrível do capitalismo: não importa o que é – ou quem é – o produto, o
único objetivo é acumular capital.
No Brasil, devido à dificuldade de fiscalização, as rodovias são marcadas pelo comércio sexual de
crianças, sobretudo nas regiões periféricas de cidades turísticas, onde se intensifica a prática do turismo
sexual. Nesses locais, a exploração sexual infantil agrava-se: aliciadores ganham dinheiro com o
assujeitamento de menores e, assim, ganha vida a diversão de criminosos, como taxistas, caminhoneiros
e turistas. Nesses mesmos locais, crianças tornam-se cada vez mais pobres de esperança e têm os seus
futuros condenados à morte. Afinal, essas crianças, verdadeiras vítimas do patriarcalismo, abandonam os
estudos e perdem suas infâncias para serem inseridas em um mercado do qual, provavelmente, só sairão
mortas. Ora, é justamente por isso que essa realidade não é apenas prostituição: é exploração sexual
infantil. É justamente por isso que relação sexual com criança não é sexo: é estupro de vulnerável.

3. Escolha uma técnica e redija uma conclusão para este texto da Esther Faustino, que discorre sobre o tema “Direitos
humanos: para quê e para quem?”. Aproveite para exercitar o uso da metáfora e/ou da alusão artística.

TÉCNICA: _______________________________________________________

Vozes veladas, veludosas vozes que o Brasil não consegue ouvir. Vozes veladas, veludosas
vozes que chamam por socorro. Vozes veladas, veludosas vozes que são cada vez mais silenciadas.
Os excluídos e os pertencentes às minorias étnicas, religiosas e sociais são esquecidos por uma
sociedade desigual, preconceituosa e desrespeitosa, que os julga e os ignora, sobretudo no que diz
respeito aos direitos humanos. Os brancos, ricos e bem-sucedidos se destacam no espaço social,
onde só se escuta o eco de suas próprias vozes. Esse é o nosso “país de todos”. Exalta-se o rico,
oprime-se o pobre. E este até tenta falar, mas quem é capaz de ouvir o silêncio de sua voz em um
país que nega a universalização dos direitos.
Ora, o país que carrega as frases “bandido bom é bandido morto”, “mulheres têm que apanhar” e
“homossexuais devem morrer” é o mesmo que estampa em sua bandeira os dizeres “Ordem e
Progresso” e diz ser um “país para todos”? O país que faz grilagem nas terras de indígenas e de
pequenos proprietários é o mesmo que faz o programa “Minha Casa Minha Vida”, para dar moradia
aos mais necessitados? Que país é esse? O Barroco já passou, não há de haver mais tanta
contradição. Precisamos encontrar um equilíbrio e tratar desigualmente os desiguais, assim como
Aristóteles nos ensinou. Mesmo o mundo tendo evoluído, os brasileiros continuam vivendo de
maneira anacrônica e continuam ignorando algo que desde 1948 tem sido anunciado: os ideais da
Declaração Universal dos Direitos Humanos.
A verdade é que a cultura da transgressão – principalmente a transgressão dos direitos humanos
– tornou-se um conceito normativo no Brasil. Não é à toa que vemos, na mídia, policiais que matam
indivíduos inocentes, mendigos que são queimados, mulheres que sofrem violências físicas e
simbólicas, crianças que são abusadas e negros que são discriminados. Não é à toa que as nossas
minorias, mesmo que não sejam um “Policarpo Quaresma”, já começam a vida com um triste fim. São
poucos os que conseguem vencer e sobreviver. Ou melhor, viver nessa terra de “gigantes”, que
transformam os milhões de pessoas à sua volta em meros insetos a ser massacrados.

Você também pode gostar