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SÚMARIO

2 Espectroscopia de impedância............................................................................................2
2.1 Análise de resposta em frequência (FRA)...........................................................................2
2.2. Explicação da técnica..........................................................................................................3
3 Revisão Bibliográfica..........................................................................................................4
3.1 Para-raios............................................................................................................................4
3.1.1 Para-raios de carbeto de silício...........................................................................................5
3.1.2 Para-raios de oxido de zinco................................................................................................6
3.2 Degradação e falhas de para-raios de ZnO.........................................................................9
3.3 Técnicas e equipamentos de monitoramento e diagnósticos de para-raios.....................10
3.3.1 Monitoramento por corrente de fuga...............................................................................11
3.3.2 Monitoramento por termografia.......................................................................................13
3.3.3 Monitoramento por termografia e corrente de fuga........................................................13
3.3.4 Contador de operações.....................................................................................................14
3.3.5 Inspeção visual..................................................................................................................14
3.3.6 Descargas parciais.............................................................................................................14
3.3.7 Perdas dielétricas..............................................................................................................14
3.3.8 Resistência de isolamento.................................................................................................14
3.3.9 Equipamentos disponíveis comercialmente......................................................................14

*Abordar falhas de para-raios em campo, índices, pesquisas, estudos, etc.


*Falar sobre modelo equivalente para-raios
*Abordar explicação técnica de parâmetros utilizados (tg delta, impedância,
fase, etc)
*Introduzir sobre Arrhenius law para cálculo de envelhecimento acelerado.
2 Espectroscopia de impedância

A espectroscopia de impedância consiste em submeter um


equipamento a um sinal elétrico comumente sinusoidal a fim de se obter sua
impedância para aquela frequência aplicada. A forma de medição para
obtenção do espectro de impedâncias é normalmente feita de duas formas.
A primeira e menos usual atualmente é a adoção de faixas de
frequências e o equipamento em análise é submetido a diversos sinais elétricos
com frequências dentro deste espectro definido.
Já a segunda consiste na medição da tensão em dois pontos, os quais
englobam o equipamento de estudo em seu interior, e através do ganho
calculado entre esses dois pontos mensurados é realizada uma conversão para
impedância.
Alterações por mais sutis que sejam são perceptíveis durante o ensaio
de medidas da espectroscopia. A princípio uma medida padrão, denominada
baseline, é utilizada como parâmetro de analise para um dispositivo
considerado apto. Qualquer diferença em relação a assinatura padrão pode
significar uma avaria especifica ou alteração não desejada.
Segundo [1] espectroscopia de impedância é classificada em duas
categorias: eletroquímica direcionada a matérias de conduções
predominantemente iônica e a espectroscopia de impedância elétrica para
matérias de condução predominantemente eletrônica.

2.1 Análise de resposta em frequência (FRA)

A técnica de FRA (Frequency Response Analysis) é um ramo de IS


direcionada restritamente a análise de diagramas de Bode. Sendo aplicada
como ferramenta de diagnósticos de enrolamentos de máquinas indutivas.
Em [2] apresenta uma detecção precoce de falhas de isolamento de
geradores elétricos com o uso da técnica de FRA. A aplicação é realizada de
forma online e apresenta resultados satisfatórios na aquisição do espectro.
A referência [3] realiza correlação entre as assinaturas de FRA e
falhas em motores elétricos, propondo uma tabela para desenvolvimento de
padrões de referência para a área de manutenção.
Já em [4] aplica FRA na análise de transformadores de potência para
detecção de avarias mecânicas internas não detectadas pelas demais
metodologias de análise.

2.2. Explicação da técnica

A técnica de FRA consiste em submeter o material em análise a uma


série de sinais elétricos no espectro de frequências. Com a medição da
corrente elétrica e conhecimento do nível de tensão aplicado é possível obter a
impedância do material para todo o espectro.
Não existe um consenso na literatura sobre a faixa de frequência para
início e fim da assinatura de FRA. A norma IEEE-Std-C57 (2013) estipula
valores de 20 Hertz até valores acima de 1 Mega Hertz. Alguns autores
estimam os próprios limites inferiores e superiores do espectro.
A técnica de FRA possui duas metodologias de aplicação sendo FRA
por impulso e FRA por varredura. A diferença entre as duas metodologias se
dá pela forma como o sinal é aplicado no material em análise.
A IFRA (Impulse Frequency Response Analysis) aplica um impulso e a
corrente resultante passa por um processamento de FFT (Fast Fourier
Transform) as harmônicas são aplicadas para cálculo das impedâncias e
criação do espectro.
A SFRA (Sweep Frequency Response Analysis) aplica sinais
sinusoidais com diferentes frequências no material. A corrente é medida e
obtém-se o espectro de impedância também por cálculo.
Segundo [4] a aplicação da SFRA se tornou mais usual devido a
melhor relação sinal/ruido e repetibilidade da precisão para todo ponto do
espectro. Todavia o ganho em precisão e acurácia e acompanhado de maior
tempo na medição e aquisição dos sinais.
3 Revisão Bibliográfica

Este capitulo visa fornecer informações sobre para-raios abordando o


conceito de para-raios ideal, os tipos existentes, os tipos de degradações e
causadores e metodologias de monitoramento e diagnósticos. Os para-raios
existentes serão brevemente descritos com exceção do para-raios de ZnO
(Oxido de Zinco) que será aprofundado devido a compor partes dos objetos de
estudo.
Os agressores que afetam o desempenho e confiabilidade dos para-
raios são discriminados e explicitados. Assim como a falha causada pelos
mesmos.

3.1 Para-raios

O para-raios ideal por definição é um dispositivo de proteção contra


sobretensões oriundas de manobras ou descargas atmosféricas. Segundo [5]
um para-raios ideal entraria em condução ao ser submetido a um nível de
tensão especifico e permaneceria nesta condição com tensão terminal
constante.
A figura 3.1, ilustra a característica “tensão x corrente” de um para-
raios ideal.

Figura 3.1 – Característica “V x I” de um Para-raios Ideal.


Fonte: [5]
Tal comportamento descrito e apresentado pela curva não é alcançado
na prática. Com os avanços e desenvolvimento de novas tecnologias foi obtido
o para-raios de ZnO sem centelhadores cujo o comportamento mais se
aproxima do modelo ideal.
Segundo [6] um para-raios convencional é um isolador em condições
normais de operação, ou seja, apresenta uma alta impedância. Após ser
submetido a um surto de tensão torna-se um caminho de baixa impedância e
na ausência do mesmo retorna ao seu comportamento inicial.
Uma comparação entre para-raios de SiC (Carbeto de Silício) e ZnO é
apresentada na figura 3.2.

Figura 3.2 – Característica V x I para o SiC e o Zno.


Fonte: [5]

O comportamento não linear apresentado pelo para-raios de ZnO é


superior ao para-raios de SiC nas regiões de baixas correntes. Esta
superioridade do ZnO fez com que fosse amplamente utilizado para proteção
de sistemas de transmissão, distribuição e demais proteções de alta tensão.

3.1.1 Para-raios de carbeto de silício

São constituídos basicamente de associações série de centelhadores e


resistores não lineares dopados com carbeto de silício. Devido a sua
característica tensão por corrente permitir um consumo de potência
considerável em condições normais, faz-se necessário a presença de
centelhadores.
A exposição do para-raios, unicamente composto por pastilhas de SiC,
resulta no superaquecimento devido ao tempo submetido a correntes de
magnitudes capazes de resultar no superaquecimento do para-raios. Como não
são capazes de dissipar energia, eles necessitam ficar isolados da tensão do
sistema com a utilização dos conjuntos de centelhadores [7].

A presença dos centelhadores se mostra necessário, afim de:

 Isolar as células de SiC da tensão nominal do sistema, visto que


as pastilhas não suportam a tensão total do sistema.
 Auxilio na remoção do arco após condição de surto

Em aplicações em sistemas de distribuição os tipos de centelhadores


utilizados são classificados como passivos, isto devido a divisão igual do
campo elétrico sobre as células de SiC. Já para níveis de tensão maiores a
divisão de potencial não se dá de forma igualitária necessitando a realização
de controle da distribuição de tensão sobre as células.

3.1.2 Para-raios de oxido de zinco

Surgiram por meados do ano de 1970 em substituição aos resistores


não lineares de carbeto de silício apresentando melhoras significativas. Os
varistores ZnO pertencem a cerâmicas policristalinas sinterizadas, que é um
tipo de semicondutor contendo uma pequena quantidade de outros óxidos de
metal [8].
Como visto na figura 3.2 a sua característica “V x I” apresenta melhor
comportamento em tensões de operação. O que permitiu sua construção sem a
presença de centelhadores o que tornou mais simples a fabricação. O para-
raios são compostos por células de ZnO empilhadas e espaçadas por
separadores metálicos.
Segundo [8] o exigido é de que o para-raios possua estabilidade sob
tensão de operação e também estabilidade térmica. Ou seja, após passar uma
sobretensão deve ser capaz de dissipar a potência absorvida e voltar a
temperatura normal de operação. O não cumprimento da segunda resulta em
degradações e falhas que serão abordadas na seção 3.2.
Diferente dos para-raios de carbeto de silício os de oxido metálico
apresentam maior sensibilidade a variação de temperatura. Ainda na figura 3.2
é observado uma curva de “V x I” para 4 faixas de temperatura, esta
sensibilidade é mais acentuada na região linear dos varistores de ZnO.
Segundo [9] o para-raios de ZnO apresentam vantagens significativas em
termos de capacidade protetiva e capacidade e confiabilidade energética.

3.1.2.1 Invólucro de porcelana

Desenvolvidos no final da década do ano de 1970 os para-raios de


ZnO com invólucros de porcelana entraram para o mercado.
Os aspectos construtivos dos para-raios são vistos na figura 3.3.

Figura 3.3 – Aspectos construtivos para-raios ZnO invólucro de porcelana.


Fonte: [10]

Os aspectos construtivos dos para-raios de porcelana se baseiam no


empilhamento concêntrico dos elementos ZnO, tal alinhamento se faz
necessário para garantir a distribuição igualitária de potencial por elemento
varistor. A simetria de montagem garante que poluições superficiais ao exterior
não afetem a distribuição de campo elétrico pelo para-raios.
Com presença de ar seco no interior do invólucro é necessário a
inserção de mecanismos alivio de pressão. Ao ser submetido a uma condição
fora da nominal o para-raios passa por mudanças de temperaturas bruscas em
ínfimos segundos o que implica no aquecimento do ar presente entre as
pastilhas e o invólucro, o que tornaria o para-raios explosivo em condições de
falha.
No momento de atuação dos mecanismos de alivio de pressão devido
a expulsão de gases em temperaturas elevas e a trajetória dos mesmos é
possível a criação de arcos voltaicos.

3.1.2.2 Invólucro polimérico

Desenvolvido em meados da década de 1980 estes materiais


poliméricos para trabalho em alta tensão foi uma alternativa para aplicação em
para-raios de ZnO.
Em termos de materiais do involucro, em alta tensão os para-raios
ainda são frequentemente equipados com porcelana, enquanto, na faixa de
distribuição, foi amplamente substituído por polímero [9]. Possui dois tipos
construtivos com espaçamento de ar e sem espaçamento de ar.
Com espaçamento de ar possui características construtivas
semelhantes aos invólucros de porcelana. O polímero é moldado sobre os
arranjos de pastilhas que são alinhados e afixados dentro de tubos de fibra de
vidro, garantindo uma alta resistência mecânica visando evitar o
desalinhamento das pastilhas de ZnO. Com a presença de espaçamento faz-se
necessário assim como nos para-raios de invólucro de porcelana a utilização
de alívios de pressão.
Já na ausência do espaçamento de ar é dispensado os mecanismos de
alivio de pressão. Entre a fibra de vidro e o invólucro é aplicado epóxi em
substituição da presença do ar, visto na figura 3.4.
Figura 3.4 – Estrutura básica de um para-raios de ZnO polimérico diretamente
moldado.
Fonte: [11]

Em (1) é visto as pastilhas de varistores, em (2) são os eletrodos de


terminação, em (3) é o material inserido entre o invólucro e o tubo de fibra de
vidro, em (4) é o invólucro polimérico e o revestimento de fibra de vidro, em (5)
são os espaçadores metálicos inseridos entre as pastilhas.

3.2 Degradação e falhas de para-raios de ZnO

Os para-raios de ZnO estão conectados ao sistema em associação


paralela com o que se deseja proteger. Submetidos a uma dissipação de
potência constante, sobretensões temporárias e condições ambientes como
poluição de gases, poeiras e umidade.
Segundo [12] 60% das falhas causadas em para-raios na China são
oriundas de penetração de umidade no invólucro. E a maior incidência ocorre
em para-raios de porcelana.
As causas de falhas e perdas das características elétricas dos blocos
de varistores podem ser causadas por fatores descritos abaixo:

 Descargas atmosféricas
 Sobretensões temporárias
 Penetração de umidade
 Poluição externa de gases e poeiras
 Mal dimensionamento

A referência [13] categoriza esses fatores em dois tipos fatores


elétricos e fatores não elétricos.
A degradação oriunda de fatores não elétricos provoca alterações
muito baixas no comportamento “tensão x corrente” dos para-raios de oxido de
zinco. Nestes fatores são incluídos: umidade, temperatura, velocidade do
vento, radiação solar, etc. A umidade infere no aumento da corrente de fuga do
para-raios, com a remoção da umidade o para-raios retorna ao estado normal
de operação.
A avalanche térmica é uma condição ao qual todo para-raios em
campo sofre antes da falha completa. Este efeito é causado pela elevação da
temperatura que diretamente eleva a parte resistiva da corrente de fuga
aumentando as perdas por efeito joule.
Todo processo de degradação de para-raios ZnO implica em aumento
da dissipação de potência. Causados em partes por fatores elétricos e não
elétricos, alteram características elétricas que podem ser observadas, medidas
e analisadas evidenciando a degradação.
Uma dessas grandezas elétricas a qual sofre grande alteração é o
acréscimo da parte resistiva da corrente de fuga. Que passa a ser um indicador
de degradação das pastilhas de varistores.

degradation-of-zinc-oxide-varistors, degradação no geral


C:\Users\Tiago\OneDrive\Instituto Gnarus\Relatórios projeto

bartkowiak1999, modos de falha e absorção de energia


C:\Users\Tiago\OneDrive\Instituto Gnarus\Relatórios projeto

96875, modelos para-raios zno


C:\Users\Tiago\OneDrive\Instituto Gnarus\Relatórios projeto

silva2012, Arrhenius rule


C:\Users\Tiago\OneDrive\Instituto Gnarus\Relatórios projeto

3.2.1 Descargas atmosféricas


kan1983, koga2016 e fujiwara1982, harasym1999(descarga e ac)
Os danos causados em para-raios devido a descargas atmosféricas
são os motivos de sua substituição. Devido a sua aplicação para mitigar os
efeitos de descargas atmosféricas os para-raios recebem altas aplicações de
energias em ínfimos períodos de tempo, o que resulta perdas totais ou parciais
de suas capacidades protetivas.
Segundo [M. Kan] existem dois tipos de danos: avaria ou degradação
dos elementos.
Os danos do tipo avaria resultam em danos instantâneos nos
elementos varistores, verificados como punções e perfurações. Já os danos de
degradação influenciam a característica V-I das pastilhas, o que futuramente
resulta em uma avaria.

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3.2.2 Sobretensão temporária


Kan1983, tem informações sobre estabilidade térmica também.
A submissão continua a tensão alternada impõe ao para-raios de ZnO
um fluxo de corrente constante que resulta em dissipação de energia pelo
mesmo. Esta dissipação eleva a temperatura de trabalho das pastilhas, e
enquanto dentro de suas capacidades térmicas permite o funcionamento e
confiabilidade da proteção dos equipamentos.
A degradação apresentada pelo para-raios ao ser submetido a esta
situação transitória é progressiva e outras vezes mais crítica, caso onde a
duração ultrapassa dezenas de segundos. Neste segundo caso o para-raios
entra em processo de avalanche térmica e acaba sofrendo avaria.
Os danos oriundos de surtos, onde se engloba descargas atmosféricas,
sobretensões temporárias e também sobretensões por manobras resultam nos
efeitos previamente citados na seção 3.2.1.

3.2.3 Poluição externa de gases e poeiras


3.2.4 Mal dimensionamento

O mal planejamento e dimensionamento do sistema de proteção com


para-raios inadequados para o sistema é também um dos causadores de
falhas. A escolha do nível de tensão de operação do para-raios é um
importante fator para sua aplicação, o subdimensionamento resulta em
processo de avalanche térmica.
O tipo de involucro polimérico ou porcelana deve ser especificado com
base nas condições do meio em que o dispositivo é instalado. A falta destes
cuidados permite a ocorrência de diversos outros agentes causadores.

3.2.5 Penetração de umidade

Principal fonte de degradação em equipamentos de alta tensão


segundo [Gumede], a penetração de umidade causa deterioração de partes
internas e externas do para-raios. A exposição dos contatos e eletrodos inicia o
processo de oxidação e descargas parciais internas.
O alto teor de umidade resulta em mudanças de estado físico das
moléculas de água, denominado condensação, durante mudanças de
temperatura. Ponto onde ocorre o acumulo de água no seu estado liquido, o
que impõe as pastilhas de ZnO a um fluxo de corrente elétrica e água.
Toda performance das pastilhas na presença de umidade sofre
decréscimos. O aumento da corrente de fuga, em especial sua componente
resistiva que infere diretamente nas perdas elétricas e geração de calor do
para-raios. A alteração no comportamento térmico do sistema, para-raios, pode
resultar na perda de sua estabilidade térmica, condição na qual o para-raios
consegue trocar calor com o ambiente.
Ao se considerar os agravantes causados pela umidade e como ela
pode potencializar os demais fatores, percebe-se a sua influência e impacto no
ciclo de vida dos para-raios.
gumede___d_alamaine_2013_output
J. Kim, C. Park, Y. Jung and I. Song, "An investigation of aging characteristics of polymer
housed distribution surge arresters by accelerated aging test," 2008 Annual Report
Conference on Electrical Insulation and Dielectric Phenomena , 2008, pp. 280-283, doi:
10.1109/CEIDP.2008.4772909.

C:\Users\Tiago\OneDrive\Instituto Gnarus\Relatórios projeto

3.3 Técnicas e equipamentos de monitoramento e diagnósticos de para-raios

Os sistemas apresentados na literatura para monitoramento e


aplicação em manutenção de para-raios são amplamente voltados a detectar
degradações. Estas degradações mencionadas nas seções anteriores resultam
em alterações dos parâmetros elétricos do para-raios em funcionamento.
São aplicados métodos de verificação online e ou offline baseados no
monitoramento da corrente de fuga, em comportamento térmico e ou métodos
combinados dos dois modos anteriores.
O quadro 1 apresenta um comparativo de técnicas aplicadas e suas
performances frente a condições de falhas. São avaliadas a capacidade de
detecção da falha em cada estágio, a facilidade de realização do diagnóstico,
os riscos para o operador e suscetibilidade a interferências externas.

Quadro 1 – Análise comparativa das técnicas preditivas de diagnósticos de


para-raios.

Fonte: Adaptado de [14]

Comercialmente existem alguns fabricantes que oferecem medidores


de corrente de fuga portáteis. Com os princípios de funcionamentos baseados
nas literaturas existentes. Dentre os encontrados comercialmente pode-se citar
a fabricante DOBLE, AAB e Siemens Energy.

3.3.1 Monitoramento por corrente de fuga

O sistema de monitoramento por corrente de fuga consiste em medir a


corrente que circula pelo para-raios em operação e decompor em 2
componentes ic (corrente capacitiva) e ir (corrente resistiva). A parcela resistiva
da corrente está diretamente relacionada com as perdas por efeito Joule e é
objeto de análise no monitoramento, a sua elevação indica a degradação das
características elétricas do para-raios.
Em [15] é apresentado um sistema de manutenção de para-raios não
invasivo e portátil utilizando-se de da medição de corrente de fuga. Através da
parcela resistiva da corrente circulando pelo sistema para-raios é possível
verificar o estado operativo do sistema. Na figura 3.5, é visto as curvas padrões
de comportamento da corrente resistiva de um para-raios.

Figura 3.6 – Padrões de mudanças da corrente de fuga parte resistiva.


Fonte: adaptada de [15].

A curva é dividida em 3 regiões região A, região B e região C. Cada


região demonstra o comportamento de um para-raios em estados distintos:
termicamente estável, estado crítico e termicamente instável.
Na região A é observado o para-raios em seu estado operacional onde
não existe uma sobretensão. Na região B o para-raios está na sua região não
linear e é esperado o acréscimo acelerado da corrente de fuga até a remoção
da sobretensão. E já na região C o qual seria após a ocorrência e absorção de
um surto.
Cada estado do para-raios apresentou um determinado nível de
corrente de fuga resistiva que incrementa com o tempo de exposição ao campo
elétrico. O estado crítico e o estado de instabilidade térmica indicam o fim da
vida de um para-raios. É possível afirmar que o para-raios das curvas acima
não suportaria outra atuação e apresentaria falha.
A referência [16] apresenta um sistema para medição de corrente de
fuga resistiva on-line não invasivo com aplicação de um método de
deslocamento de fase. Por meio do qual é alcançado alta precisão nas
medições em ensaios de envelhecimento e testes de para-raios em
laboratórios. E não se faz necessário medir a tensão aplicada sobre o para-
raios para cancelamento da parcela capacitiva de corrente.
As aplicações que utilizam a corrente de fuga como parâmetro de
análise do estado dos para-raios se apresentam bastante eficaz. Contudo
deve-se compensar outros fatores que podem alterar o valor desta grandeza,
evitando diagnósticos incorretos.
Já para aplicações em campo a equipe de manutenção apresenta
dificuldades, visto a não se ter definições do estado de degradação pelo
monitoramento da corrente de fuga. Fazendo-se necessário um especialista
para analisar e diagnosticar o para-raios.

3.3.2 Monitoramento por termografia

O monitoramento por imagem térmica consiste em acompanhar e


medir a variação de temperatura do para-raios em campo. Esta comparação
visa medir o diferencial entre a temperatura do para-raios e demais para-raios
alocados em uma área próxima ou com o histórico de temperaturas do próprio
para-raios.
Devido a facilidade e segurança do método sua aplicação em
manutenções preditivas é amplamente difundida. Uma pesquisa realizada pelo
CIGRE[17] em âmbito internacional, a qual inclui o Brasil, aponta a termografia
infravermelha como a metodologia mais aplicada pelo setor de energia, devido
a confiabilidade e não exposição de risco ao pessoal do setor de manutenção.
Algumas de suas desvantagens é a forte dependência do operador do
ensaio, o qual deve padronizar o procedimento para evitar divergências nas
leituras termográficas. Segundo [18] a subjetividade dos parâmetros de
comparação pode levar a um diagnóstico não conclusivo fazendo-se
necessário a verificação pela corrente de fuga.

3.3.3 Monitoramento por termografia e corrente de fuga

O monitoramento hibrido o qual se utiliza de monitoramento de corrente


de fuga juntamente com a temperatura, consiste em combinar duas técnicas de
monitoramento factíveis para definição de um diagnóstico do para-raios em
estudo.
Segundo [19] as técnicas aplicadas isoladamente visto em diversas
literaturas não definem um estado conclusivo de degradação. Engenheiros da
área de manutenção encontrariam dificuldades para diagnóstico em campo.
Ainda em [19] é proposto um sistema de monitoramento hibrido que classifica o
estado do para-raios, se baseando em dissipação de potência e variação de
temperatura.
Devido à dificuldade enfrentada por equipes de manutenção em
analisar e diagnosticar o estado dos para-raios, são apresentadas literaturas
com a implantação de técnicas de inteligência artificial para classificar o estado
dos dispositivos.
Em [20] é proposto um sistema hibrido que apresenta o diagnóstico
usando rede neural artificial. O sistema classifica o para-raios através do valor
da dissipação de potência e variação de temperatura. Esta metodologia informa
quando o para-raios sofreu degradações críticas, saindo da condição muitas
vezes subjetivas apresentadas por outros métodos.

3.3.4 Contador de descarga

3.3.5 Inspeção visual


ruim
3.3.6 Descargas parciais

3.3.7 Perdas dielétricas


Tangente de delta
offline
3.3.8 Resistência de isolamento
Offline
Megômetro

3.3.9 Equipamentos disponíveis comercialmente

Equipamentos de monitoramento específicos para aplicações em para-


raios em sua maioria retornam três parâmetros. A corrente de fuga total, a
corrente de descarga e o número de descargas. Os equipamentos seguem o
método B2 da normativa IEC 60099-5 para diretiva de medição de correntes de
fuga de para-raios de oxido metálico.
Não se tem uma definição quanto ao nível de corrente e o estado de
degradação do para-raios. O que deixa a utilização pela equipe de manutenção
subjetiva, requerendo um conhecimento de especialista.

3.3.3.1 LCM500 leakage current monitor

O equipamento de monitoramento LCM500, figura 3.7, apresenta um


sistema de medições e armazenamento de dados dos para-raios. Suas
principais características podem ser vistas no quadro 1.

Quadro 2 - Especificações LCM500.


Corrente de fuga 200-16000 [μA]
total

Corrente resistiva 0-9000[μA]

Exatidão ±5%

Frequência 47-63[Hz]
Alimentação Bateria ou rede

Comunicação Sem fio

Compensação 3ª Sim
harmônica

O equipamento LCM500 é capaz de gerenciar 1000 unidades de para-


raios. Aproximadamente após 15 minutos é possível baixar as informações via
PC por software. Devido à alta capacidade e suas mais variadas funções
apresenta custo elevado.

Figura 3.7 - LCM500 leakage current monitor.


Fonte:[21]

3.3.3.2 SA 30i+ leakage current monitor

Com características semelhantes ao LCM500. O equipamento SA 30i+,


vide figura 3.8, permite o armazenamento de 2000 medições e por computador
via software. No quadro 2 é possível ver suas características principais.

Quadro 3 - Especificações SA 30i+.


Corrente de fuga total 1-20000 [μA]

Corrente resistiva 1-20000[μA]

Exatidão ±5%
Frequência 47-63[Hz]

Alimentação Bateria ou
rede

Comunicação Sem fio

Compensação 3ª Sim
harmônica

Apresenta custo elevado devido as suas sofisticações para


armazenamento e análise das curvas de correntes medidas.

Figura 3.8 – AS 30i+ leakage current monitor


Fonte:[22]

3.3.3.3 Surge monitor EXCOUNT-II

O equipamento EXCOUNT-II, figura 3.9, não apresenta as diversas


características apresentadas pelos 2 modelos anteriores. Porém como
observa-se no quadro 3 é mensurado a corrente de fuga total e resistiva.

Quadro 4 - Especificações EXCOUNT-II.


Corrente de fuga total 200-12000 [μA]

Corrente resistiva 10-2000[μA]

Exatidão ±5%

Frequência 50/60[Hz]

Alimentação Bateria/fotovol.

Comunicação Sem fio

Compensação 3ª Sim
harmônica

A medição passa a ser invasiva, porém não remove o para-raios de


operação para realizar as medidas. O dispositivo é sem fio o garante
segurança para o operador durante a manutenção.

Figura 3.9 – EXCOUNT-II surge monitor.


Fonte:[23]

3.3.3.4 SAM 3.0 surge arrester monitoring system

O equipamento SAM 3.0, figura 3.10, apresenta características básicas


conforme quadro 4. É apresentado a corrente de fuga total. Não possui
interface com computador via software, a medida precisa ser visualizada pelo
display presente no dispositivo.
Quadro 5 - Especificações SAM 3.0.
Corrente de fuga 0-20 [mA]
total

Exatidão ±5%

Frequência 15-62[Hz]

Alimentação Bateria

Devido a simplicidade o custo é reduzido em relação aos demais


equipamentos. A desvantagem é a ausência da decomposição da corrente de
fuga que permite monitorar o aumento das perdas por efeito Joule.

Figura 3.10 – SAM 3.0 surge arrester monitoring.


Fonte:[24]
REFERÊNCIAS
[1] J. Ross Macdonald. Impedance spectroscopy. Annals of Biomedical
Engineering,20(3):289. doi: 10.1007/BF02368532.

[2] W.C. Santana, C.P. Salomon, G. Lambert-Torres, L.E. Borges da Silva,


E.L. Bonaldi, L.E.L. de Oliveira and J.G. Borges da Silva - -Early
Detection of Insulation Failures on Electric Generators through Online
Frequency Response Analysis, Electric Power Systems Research, Vol.
140, pp. 337-343, ISSN 0378-7796, DOI 10.1016/j.epsr.2016.06.007,
Nov. 2016.

[3] Abu-Siada, N. Hashemnia, S. Islam e M. A. S. Masoum. Understanding


power transformer frequency response analysis signatures. Electrical
Insulation Magazine, IEEE, 29(3):48-56. ISSN 0883-7554. doi:
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