Você está na página 1de 4

ATIVIDADE AVALIATIVA

Nome Completo: André Bogni, Carolina Marum, Gustavo Buhler Terra, e Maíra Caldas.

Turma e Cidade: André, Carolina e Gustavo - TB03;

Maíra – BH04

E-mail para contato: andrebog@hotmail.com; carolina_marum@hotmail.com;


gustavo.bterra@gmail.com; mairacaldas@gmail.com.

Referente ao módulo: Educação Inclusiva

(nome da disciplina)

Referências Bibliográficas: SANTOS, Boaventura de Sousa. Reconhecer para libertar: os


caminhos do cosmopolitanismo multicultural. Introdução: para ampliar o cânone do
reconhecimento, da diferença e da igualdade. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003, p. 56.

Documentários disponibilizados: https://diversa.org.br/estudos-de-caso/o-caso-da-escola-


clarisse-fecury-rio-branco-acre-brasil/; https://diversa.org.br/estudos-de-caso/o-caso-do-
colegio-estadual-coronel-pilar-santa-maria-rio-grande-do-sul-brasil/

Valor: 10 pts. Nota:

Proposta da atividade avaliativa:

Analisar as concepções de Educação Inclusiva nas duas experiências


apresentadas nos documentários disponibilizados, enfocando nas:

- Concepções e práticas da Gestão da Educação no Município (Secretários de


Educação e Diretoras das Escolas);
- Concepções da Gestão de sala de aula inclusiva (professoras e professores)
- Concepções de pais, mães e/ou responsáveis;
- interação e participação das crianças e jovens no contexto escolar.

1
Percepções em relação às concepções de educação inclusiva nas experiências
apresentadas:

Documentário 1 - O caso da Escola Clarisse Fecury

O documentário discorre sobre o trabalho realizado na Escola Clarisse Fecury,


em Rio Branco no estado do Acre. Ele nos traz um panorama da educação inclusiva
nesta localidade através do olhar dos órgãos competentes, dos gestores e professores
da escola, e da Senhora Maria E. da Silva Bezerra, mãe do aluno Sávio. A realidade
contemplada neste documentário se refere ao ano de 2011.
Sávio é um aluno portador de uma deficiência física e cognitiva severa, apesar
de o documentário não trazer esta informação ela é de fácil percepção. O aluno e sua
família são acolhidos por essa comunidade escolar. Daniel Zen (Secretário Estadual
de Educação) relata que no momento em que os atendimentos aos portadores de
deficiências físicas e necessidades especiais deixam de ser feitos apenas pelos
centros especializados e passam a ser responsabilidade das escolas, observou-se um
aumento de 300% no número de atendidos. Desta forma, ficou nítido que existia uma
demanda muito maior do que a capacidade de absorção por parte dos centros
especializados. O secretário municipal de educação de Rio Branco na época, Márcio
José Batista, explana sobre o fato de que nenhuma deficiência impede o processo de
aprendizagem e que esta população necessita: “não apenas serem incluídas no
espaço da escola, mas terem as suas expectativas assistidas e garantidas”.
A gestora da escola, professora Iranildes Saraiva, traz a perspectiva das
mudanças que foram necessárias tanto no campo do Plano Político Pedagógico como
também no projeto arquitetônico. Também relata a luta para que houvesse dentro da
escola atendimento especializado complementar no contraturno. A gestora deixa claro
na sua fala a busca de diálogo da escola com os órgãos públicos quando os mesmos
não demonstram eficácia nas demandas necessárias. Fica explícito até um certo
desconforto com a burocracia tradicional do sistema, no qual não acompanha a
velocidade das necessidades nas escolas em um âmbito geral.
As professoras e coordenadoras falam sobre seus receios e anseios quanto
ao processo de aceitação dos alunos ditos “típicos” perante aos novos colegas e as
necessidades dos mesmos. É de fácil percepção o envolvimento e o fomento da busca
de novos saberes para incluir de fato os novos alunos ao cotidiano escolar. O
documentário também mostra a interação entre os profissionais da escola e do estado
para a avaliação individual de cada caso, temos como exemplo o CAS (Centro de
apoio ao surdo) e o CAP (Centro de apoio pedagógico) que instrumentalizam estes

2
professores para a prática diária, sabendo que de outra forma eles não teriam
condições de buscar este conhecimento em virtude das suas demandas. Também fica
claro o apoio em sala de aula de professores auxiliares, pensados para apoio a este
público da inclusão, que não se limitam apenas a aplicar o conteúdo adaptado mas
que estão ali com o propósito de auxiliar na socialização de todos os alunos da classe.
A mãe de Sávio relata que esta não era a sua primeira opção de escola, que o
matriculou em uma escola próxima a sua casa, mas que a experiência não foi positiva,
pois a mesma não demonstrou interesse e preparo para acolher seu filho. Ela ainda
diz que a escassez de escolas capacitadas para realizar a inclusão de fato impede que
ainda mais crianças portadoras de deficiência tenham acesso a este direito básico.
Pois, a distância e o difícil acesso para algumas famílias torna inviável à frequência
escolar. No entanto, a mãe comenta compensar o seu esforço de trazer seu filho (em
uma cadeira adaptada em uma bicicleta) por perceber o empenho da escola e de seus
profissionais em realizar um trabalho sincero e competente no âmbito da inclusão
social de seus alunos.

Documentário 2 - O caso do Colégio Estadual Coronel Pilar

O documentário apresenta o Colégio Estadual Coronel Pilar como uma


referência em educação inclusiva no município de Santa Maria (RS), destacando sua
primeira experiência de inclusão em 1993, quando recebeu um aluno com deficiência
visual em uma classe de ensino comum. Hoje conta com cerca de 1042 estudantes,
sendo ao menos 67 destes com atendimento especializado. Apesar desse cenário, é
mencionado que a escola enfrentou resistência e fortes desafios iniciais devido à falta
de consolidação do arcabouço jurídico relacionado à inclusão e a ausência de
conhecimento técnico sobre a área, mas que devido ao empenho e vontade, as
mudanças foram ganhando corpo gradualmente. Para apresentar a experiência da
escola, é compartilhado o caso de Renata Basso, estudante de Ensino Médio, com
Síndrome de Down, que acabou de completar seus estudos no colégio.
O caso apresenta uma discussão madura sobre a temática da inclusão nos
diferentes âmbitos analisados neste exercício. Pensando nas concepções e práticas
de inclusão relacionadas à esfera mais macro, da gestão pública (Município, Estado),
temos ótimas falas do então Secretário de Educação do RS, José Clóvis de Azevedo,
que compartilha sua visão acerca da educação inclusiva. Para o secretário, há três
dimensões fundamentais na democratização da aprendizagem, sendo elas:
1 - A democratização do acesso, tendo a garantia de que todos possam estar
na Escola; 2 - democratização da Gestão, de forma com que seja possível

3
compreender os participantes da vida escolar enquanto sujeitos, que participam e
tenham sua voz escutada; e 3 - A democratização do acesso ao conhecimento,
sendo esse último aspecto um dos mais difíceis de alcançar, na visão do Secretário.
No âmbito das concepções e práticas inclusivas por parte do corpo docente, o
debate maduro, fruto do acúmulo de mais de três décadas de construções nessa
temática, também se fez presente. A escola conta com um núcleo de AEE
(Atendimento Educacional Especializado), no qual a professora responsável por
acompanhar os estudantes que necessitam de atendimento especializado, trabalha
em conjunto com os outros professores da escola (de matérias específicas), auxiliando
no processo de assimilação do conteúdo de forma colaborativa, alinhando as
diferentes estratégias de ensino/aprendizagem.
O caso da Renata, assim como outros no colégio, auxiliam na desconstrução
da figura do “aluno ideal”, demonstrando que cada estudante possui seu próprio
tempo, ritmo, e a seus próprios caminhos cognitivos. Essa desconstrução pode levar a
toda uma reformulação no gerenciamento das práticas pedagógicas, pois reposiciona
o modelo educacional para o sentido da busca pelo atendimento das necessidades
específicas de cada um. Não mais compreendidos enquanto números, mas como
sujeitos.
O debate maduro do colégio no âmbito de sua gestão é refletido também na
interação e participação entre as crianças/jovens no contexto escolar. Observamos
diversas falas, tanto de Renata quanto de seus colegas, demonstrando o
relacionamento saudável entre eles, que, a partir do reconhecimento de suas
diferenças, conseguem avançar em passos equânimes rumo a um processo coletivo
de aprendizagem. A experiência ressalta a importância dos diferentes estudantes
poderem ocupar os mesmos espaços, partilhando de experiências conjuntas (mesmo
que tenham percepções diferentes delas). É nítido que tanto Renata aprende muito
com os colegas, quanto os colegas aprendem com Renata.
Por fim, no âmbito familiar, vemos o debate caminhar para o mesmo sentido:
os familiares sempre se preocuparam em incluí-la nos processos cotidianos do
convívio, incentivando o autodesenvolvimento da jovem e oferecendo para ela um
ambiente rico de estímulos e respeito, que a auxiliou na superação de seus próprios
desafios. Sendo assim, o caso compartilhado inspira por demonstrar boas práticas
relacionadas à inclusão nos diferentes âmbitos analisados.

“Devemos lutar pela igualdade sempre que as diferenças nos discriminem e lutar pelas
diferenças sempre que a igualdade nos descaracterize” (Boaventura de Souza
Santos, 2003).

Você também pode gostar