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Introdução
de uma fauna e flora que não é a nossa
A magia natural é sem dúvida uma prática
(varinha com madeira de carvalho, um
que têm sido buscada por cada vez mais
grande clássico). Qual a magia que tem num
pessoas nos últimos tempos. Utilizando dos
ipê? E num jaçanã?
elementos presentes na natureza ao nosso
redor (na forma de ervas, cristais, etc),
Foi pensando nisso que a Comunidade das
mudamos nossa realidade, nos
Bruxas de Fortaleza decidiu reunir neste
reconectamos com a mãe terra e com suas
projeto, alguns conhecimentos sobre a flora e
energias, e consequentemente, com nós
a fauna nativas e/ou populares de nossa
mesmos.
região, a fim de contribuir para o aprendizado
coletivo, e nortear a quem deseja iniciar esta
No entanto, iniciantes no mundo da bruxaria
jornada no mundo da magia natural.
podem ter certa dificuldade em encontrar as
informações necessárias para realizar suas
Este é um material introdutório, que em
práticas fazendo uso da flora e fauna
breve será melhor desenvolvido e
presentes em seu próprio território. Ou pior:
disponibilizado de maneira mais completa e
viu rituais, feitiços e afins que exigiam coisas
abrangente. Esperamos que este livro seja
de grande ajuda para você.
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ANIMAIS

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O Simbolismo mágico da coruja: a figura


da coruja simboliza a reflexão, a sabedoria e
o pensamento racional. Também representa
a intuitividade e o misticismo, e algumas
fontes a associam com a magia e a profecia.

Lenda sobre Jacurutu: antigamente, vivia

no alto Uatumã um cacique antropófago que

Jacurutu só se alimentava de carne de crianças, e que


(Bubo Virginianus Deserti)
não dava trégua aos belicosos índios

Jacurutu é uma espécie de coruja originária aruaques do norte amazônico. Seu nome era
das Américas. A subespécie Bubo
Jacurutu. Aconteceu que a partir de certa
Virginianus Deserti, por sua vez, é bastante
encontrada nas regiões áridas do Nordeste data, Jacurutu começou a comer os filhos
do Brasil. É uma predadora poderosa, que
dos índios Muras, seus lindeiros do sul. Os
caça aves pequenas, e por vezes, filhotes de
cutias, ratazanas e gambás. Possui hábitos Muras foram ao pajé pedir auxílio para
noturnos e crepusculares.
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enfrentar aquele abominável vizinho. Vários — O Senhor está cansado, descanse o pé

feitiços foram feitos. Inúmeros emissários sobre minha carapaça. Ao atender a


sugestão do quelônio, Jacurutu ficou com o
foram despachados, mas nada demovia o
pé grudado no visgo do casco. Então, o avô
sanguinário Jacurutu.
da tartaruga arrastou para o rio o cacique,
que pereceu afogado. Sentindo que ia
E os “curumins” (meninos) continuavam
morrer, Jacurutu deixou um recado aos
desaparecendo. Desesperados, os Muras
Muras:
encarregaram o avô da tartaruga
(yurará-ramonha), que tem um casco
— “Meus netos - disse ele. Comi crianças, é
pegajoso, de se aproximar do cacique e
verdade. Tinha para mim que eram da
armar-lhe uma cilada. O velho quelônio
maldita raça aruaque. Só agora estou
procurou, procurou e acabou encontrando
sabendo que elas eram Muras. Foi um
Jacurutu. Conversou com ele. Ofereceu-lhe
lamentável engano. Sem dúvida, fui traído
alguns ovos, e disse estar em missão de paz.
por Anang - o diabo. Peço que me
Depois, falou:
desculpem e me vinguem. Não se esqueçam

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que o povo aruaque é o inimigo jurado da amaciar a corda.” Dito isso, nunca mais se
nação Mura, e que não vai descansar ouviu falar de Jacurutu e de seu “povo”. Os
enquanto não destruir todas as aldeias de Muras aperfeiçoaram seu arsenal bélico.
vocês. Destruíram os aruaques, e ficaram senhores
absolutos do rio Negro. Mas eles notaram
— Como não posso restituir a vida de seus que foi, a partir dessa época, que apareceu
filhos — continuou Jacurutu — vou na floresta uma ave estranha do tamanho de
deixar-lhes uma herança, capaz de um tucano, que nidifica no oco dos paus. De
aperfeiçoar suas armas. Meu cadáver vai se dia, ela dorme em um tronco alto, e à noite
transformar em planta. Meus braços, gerarão passa caçando e gritando a onomatopéia de
o pau vermelho do ipê, para os arcos; a seu nome. Ouvindo-lhe a voz lúgubre, o índio
taboca, para as flechas, e a paracuuba, para interrompe qualquer atividade. Permanece
a ponteira das setas. De meus nervos sairá o parado, mudo, até que aquela ave agourenta
tucum para a corda dos arcos; de meus pare o seu macabro recital. Os pajés dizem
cabelos, o fio de carauá para atar as penas, ser a alma penada de Jacurutu, que anda
e de minha gordura, o óleo para lubrificar e

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perdida pelos matos, cumprindo uma
penitência imposta por Tupã.

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mesmo pela claridade de lanternas. Trata-se
da maior serpente peçonhenta das Américas,
chegando a medir 4 metros de comprimento.
São encontradas na Amazônia, em regiões
de Mata Atlântica e áreas matas úmidas do
Nordeste brasileiro. É peçonhenta, utilizando
seu veneno para liquidar suas presas. Possui
hábitos noturnos e crepusculares e habita em
ambientes terrestres.

O simbolismo mágico da serpente: a figura


da serpente foi atribuída a diversos
simbolismos em várias culturas através dos
Malha-de-Fogo/Surucucu-Pico-de-J tempos. Suas principais atribuições estão
aca ligadas à renovação, transformação, cura,
(Lachesis Muta) regeneração, ascensão espiritual e
superação de desafios.
Pode ser que estejamos olhando para o
próprio Boitatá! Este animal bastante Possível lenda relacionada - Boitatá: o
misterioso e enigmático, de acordo com boitatá é um ser do folclore brasileiro
nativos, pode ser atraído pelo fogo e até tradicionalmente identificado como uma
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cobra de fogo, cujo propósito é o de proteger
os campos daqueles que promovem
incêndios criminosos. No folclore, o boitatá
possui a forma de uma cobra de fogo com
muitos olhos, dos quais também saem
chamas. Na lenda, o boitatá também pode se
transformar em um tronco em chamas para
matar os homens que promovem destruição
dos gramados. Independentemente da
forma, o boitatá mata os homens que
causam dano aos campos. Sua lenda conta
que ele possui muitos olhos porque comeu a
pupila de muitos animais — o que justifica
também a luminosidade desse ser.

Na realidade, não se pode afirmar com


certeza que a lenda do Boitatá se refira à
cobra malha-de-fogo, no entanto, podemos
notar uma certa semelhança, não?

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estágio de transição “malhado”; também
apresenta as pernas esverdeadas e os olhos
com íris amarelada (claros). Vive sozinha ou
em grupos espaçados de 2 ou 3. Seus
ninhos são plataformas construídas de
gravetos, geralmente em manguezais,
localizados de 1 a 3 m acima da linha d'água.
Põe de 2 a 5 ovos azuis. Também podem
viver em lamaçais, rios e lagos. No Brasil,
esta ave é encontrada principalmente nos
litorais.

Garça-Azul O simbolismo mágico da garça: as garças


são animais que representam entre outras
(Egretta caerulea)
coisas, liberdade, paz e resiliência. Por ser
uma ave aquática, possui relação com o
Chega a medir até 52 cm de comprimento. elemento água.
Quando adulta apresenta uma plumagem
cinzento-azulada, com cabeça e pescoço "Os indígenas brasileiros também nos
violeta, bico, tarso e dedos anegrados. contam sobre a importância dessa ave para
Quando juvenil é branca, passando por um a cosmologia de algumas etnias - como os

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Dessana que habitam regiões no Brasil e na
Colômbia e explicam o universo e a própria
origem humana por meio de uma
constelação chamada 'constelação Garça'. "

Se você sonha com uma brilhante garça


azul, isso é um lembrete de que há
momentos em que você precisa se conectar
com os outros para que possa planejar seus
próximos passos. Comunique suas intenções
e permita que as pessoas lhe aconselhem.
Existe uma joia escondida que você será
capaz de possuir e desenvolver.

Além disso, a garça também é um símbolo


de morte e renascimento.

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úmido. O sabiá é um pássaro parcialmente
migratório. Os sabiás são conhecidos por
seu canto exuberante, e por terem um
repertório bastante extenso de sons. Podem
ser encontrados em praticamente todo o
território brasileiro.

O simbolismo mágico do sabiá: em tupi,


sabiá significa “aquele que reza muito”, em
alusão à voz dessa ave. Segundo uma lenda
indígena, quando uma criança ouve, durante
a madrugada, no início da primavera, o canto
Sabiá do sabiá, será abençoada com muita paz,
(Famílias Turdidae e Mimidae) amor e felicidade. Na mitologia indígena
americana, o sabiá é considerado um
Os sabiás possuem o canto bastante
pássaro sagrado. Eles são frequentemente
evoluído, e várias de suas espécies são
vistos como mensageiros dos deuses e
encontradas no Brasil atualmente. São aves
acredita-se que levam mensagens poderosas
com temperamento geralmente dócil, e se
do mundo espiritual.
alimentam de sementes e frutos, além de
insetos e minhocas que retiram do chão

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O sabiá também está associado à cura e ao
renascimento. Em algumas culturas
indígenas americanas, diz-se que se você
sonha com o sabiá, isso significa que você
será curado de qualquer doença que o
incomode. O sabiá é também um símbolo de
esperança e otimismo. Em muitas culturas,
eles são vistos como um sinal de que coisas
boas estão no horizonte. Como seu animal
espiritual, o sabiá pode significar poder de
liderança, espiritualidade, intuição e
clarividência.

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nos brejos e margens de rios, possui os pés
enormes para seu tamanho. Além de ter os
dedos longos e finos, também as unhas são
muito compridas. Esse arranjo possibilita
suas caminhadas sobre as plantas aquáticas,
dividindo o peso do corpo em uma larga
base. Anda e corre pelas folhas das plantas
boiando como se estivesse em chão seco.

Medem cerca de 23 cm de comprimento,


possuindo plumagem negra com manto
castanho, bico amarelo com escudo frontal
vermelho. Nas plantas, ou logo abaixo delas,
encontra os insetos, pequenos peixes e
outros invertebrados de sua alimentação.
Jaçanã Come também grãos.

(Jacana jacana) Vive aos casais ou em pequenos grupos,


sendo a fêmea maior do que o macho. Em
Seu nome vem do Tupi e significa “pássaro alguns locais, as fêmeas montam pequenos
barulhento”.. Uma das aves mais comuns

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haréns de machos, sendo papel masculino espécie. Use a figura dessa ave para se
todo o trabalho de criação dos filhotes. conectar com sua essência feminina
selvagem e ancestral. Ouça o canto do
Embora sejam relativamente sociáveis em jaçanã para meditar.
alguns locais ou épocas do ano, defendem
seus territórios contra outras jaçanãs. As
fêmeas são particularmente agressivas.
Nessas ocasiões voam diretamente para o
intruso, emitindo seu peculiar chamado,
como uma risada fina e longa. Ao pousarem,
para intimidar o invasor, mantêm as asas
abertas e esticadas para o alto, destacando
as penas longas, amarelas, das asas. Nessa
postura, aparece o esporão amarelo do
encontro das asas. Através dessas atitudes,
intimidam a ave invasora. Ocasionalmente,
ocorre luta corporal.

O simbolismo mágico do Jaçanã: Com


certeza, após essa leitura, você percebeu
como é forte a figura da fêmea nessa

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animais: os ovos passam meses embaixo da
terra seca em estado de dormência. Durante
períodos chuvosos, quando a chuva cai e
forma poças, eles eclodem e povoam estes
pequenos ecossistemas temporários. É uma
espécie endêmica brasileira, e pode ser
encontrada em todos os biomas do país,
principalmente, no nordeste. No Ceará,
habita poças às margens do Rio Pacoti, em
Aquiraz.

Atualmente, o Peixe-das-Nuvens é uma


espécie que corre sério risco de extinção. No
Peixe-das-Nuvens Ceará, grupos de ativistas ambientais têm se
reunido a fim de parar atividades criminosas
(hypsolebias longignatus)
que vêm ameaçando a perpetuação da
Também chamados de anuais ou rivulídeos, espécie.
esses são peixes de pequeno porte, que
O simbolismo mágico do
vivem em ambientes aquáticos muito rasos,
Peixe-das-Nuvens
e isolados de lagos e rios. O nome se dá
pelo ciclo de reprodução curioso destes
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Devido à sua peculiar forma de reprodução,
em algumas regiões do semiárido
acreditava-se que as nuvens carregavam um
peixinho colorido para o sertão. A espécie só
surgia quando chovia e se formavam
grandes poças d’água. Na verdade, essa
história, que durante muito tempo correu pela
Caatinga, não estava totalmente errada…

O Peixe-das-Nuvens traz uma mensagem de


paciência, resiliência e resistência, nos
ensinando que, por mais que tudo esteja
difícil, tempos melhores estão por vir.
Mentalizar um Peixe-das-Nuvens durante
meditações é uma ótima ideia para quem
deseja se tornar mais paciente e resiliente
diante das adversidades.

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PLANTAS

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atingir até cinco metros de altura. Apresenta
raízes do tipo tuberosa, as quais têm formato
cilíndrico ou cônico e cor marrom-claro,
sendo o tecido interno branco ou amarelado..
São as raízes a principal parte da planta que
consumimos hoje em dia. Ricas em amido,
elas representam uma importante fonte de
carboidratos. É importante não consumir a
raiz de mandioca com casca, e nem crua,
pois contém cianeto. O indicado para limpar
a raiz dessa substância é descascar e
cozinhar a mandioca, para só então
Mandioca. consumi-la.
(Manihot esculenta)
A Lenda da Mandioca: existe mais de uma
Também chamada de macaxeira ou aipim, a lenda sobre a origem mítica da mandioca,
mandioca é uma planta originária da América porém, a mais conhecida atualmente é de
do Sul, e é atualmente um dos principais Mani. Mani pode ser considerada uma Deusa
alimentos energéticos para mais de 700 indígena cujas atribuições se comparam a
milhões de pessoas. É uma espécie uma Deusa nutridora, que do próprio corpo
arbustiva, lenhosa e perene, a qual pode tira o alimento para seu povo. A lenda (não

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se sabe ao certo qual dos povos indígenas a diferente das que haviam visto até então,
iniciou) conta sobre a gravidez da filha de um cujas raízes um dia fenderam o solo.
pajé, estando esta ainda virgem. De acordo Tiraram-na da terra e ao examinar sua raiz
com as tradições antigas, seu pai deveria viram que era marrom por fora e branquinha
puni-la. No entanto, em uma noite, um por dentro. Após cozinharem e provarem a
Espírito lhe visita em sonho, e lhe diz que a raiz, entenderam que se tratava de um
criança no ventre de sua filha era mágica, e presente do Deus Tupã. A raiz de Mani veio
proporcionaria muita sorte a todos da tribo. E para saciar a fome da tribo. Os índios deram
assim se sucedeu. Ao nascer, a criança já o nome da raiz de Mani e como nasceu
falava, e no seu segundo dia de vida dentro de uma oca, originou-se o nome
começou a andar. Tinha a pele branca e uma manioca (ou "A Casa de Mani") que hoje
vasta sabedoria, e por isso, sua mãe lhe deu conhecemos como mandioca.
o nome de Mani. Apesar de maravilhar a
todos com sua singularidade, Mani morreu O simbolismo mágico da mandioca:
antes de completar um ano de vida, sem
adoecer, nem sofrer. Sua mãe a enterrou em A mandioca é um alimento perfeito para suas
sua própria oca, como era costume, e todos comemorações de Lammas/Lughnasadh,
os dias, os membros da tribo regavam sua que marca a transição entre o verão e o
sepultura com suas lágrimas, lamentando outono, e a época da primeira colheita. A
sua morte. Um dia, viu-se nascer, do interior mandioca tem sido uma das principais
da oca onde Mani fora sepultada, uma planta formas de subsistência para milhões de

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pessoas ao longo do tempo. Por causa de
seu simbolismo, é ideal para feitiços e rituais
de prosperidade e abundância para sua vida.

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hídrico, a carnaúba consegue resistir em
meio ao clima quente e seco, pois suas
folhas são revestidas por uma camada de
cera natural , funcionando como um
mecanismo que dificulta a perda de água
pelas folhas, o que a ajuda a sobreviver no
ambiente da caatinga.

Seu nome vem do Tupi, e significa “árvore


que arranha”, por conta dos espinhos que
revestem a parte inferior de seu caule.

O simbolismo mágico da carnaúba

Carnaúba A carnaúba é associada a força, resistência,


(Copernicia prunifera) vitória e coragem.

Pode-se dizer que a carnaúba é a palmeira Em usos mágicos, as folhas da planta


sertaneja do Nordeste. Nascendo em solos servem para a confecção de ótimas
arenosos, alagadiços, ou em várzeas e vassouras para banimento, pois a influência
margens de rios. Mesmo sofrendo estresse de Marte que também se faz presente nesta

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planta ajuda a banir más energias. Em aumentando os rios. Mas depois o sol
defumações, as folhas ajudam a dissipar os começou a ficar muito quente , muito quente.
males. Os "espinhos" das folhas podem ser
Tão quente, que foi secando os rios e
extraídos e usados na confecção de
para-raios energéticos, pois é um ótimo matando as plantas e os animais.
método para evitar efeitos de mau-olhado,
inveja, magia negra, etc. Para fazer um Os índios rezavam e dançavam pedindo a
para-raios energético é simples, você pode tupã que lhes mandasse outra vez a chuva
fazer colocando espinhos de carnaúba juntos
com pimenta enfiados em uma cumbuca de que mata a sede das plantas e dos animais.
sal, dessa maneira estará evitando que a Mas era tudo em vão! O sol continuava
influência negativa possa lhe atingir! queimando… Os índios e animais morriam,

Lenda sobre a carnaúba: “Reza a lenda os urubus devoravam os corpos

indígena, que uma tribo muito feliz vivia abandonados. A seca terrível persistia. Luas

numa região fecunda e próspera. O sol e luas e nada de chuva. E a tribo, outrora

aquecia as cabanas e amadurecia os frutos. feliz, viu seus filhos morrerem um após outro.

De vez em quando as nuvens cobriam o sol, Uma família apenas sobreviveu à catástrofe:

e a chuva caia, molhando as plantações,

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um casal e um filho. E, ante a ruína do seu quando morri, a lua me transformou nesta
povo, partiram em busca de outras terras. árvore para salvar os desamparados. Faze o
que te aconselho e ainda serás feliz:
Viajaram seis dias e seis noites, comendo
raízes. No sétimo dia, sob um sol escaldante, Talha o meu tronco e com a minha seiva
avistaram na chapada uma palmeira sozinha mata a sede de teus pais e a tua. Cozinha
perdida no deserto, balançando como um pouco das minhas raízes, é remédio, que
ventarolas suas palmas verdes. Vencidos bebido, fecha tuas feridas. Põe pra secar
pelo cansaço, os pais adormeceram. Só o minhas folhas e bate-as. Delas sairá um pó
indiozinho continuava acordado e cinzento e perfumado, a minha cera, com
preocupado pedia auxílio de Tupã, quando que poderás iluminar o teu caminho nas
viu uma voz que chamava por ele. No topo noites sem lua. Da palha que ficar, tece teu
da palmeira uma índia lhe dizia: Eu me chapéu e tua esteira. Agora faço-te um
chamo carnaubeira e estou aqui pra te pedido: Plantas meus coquinhos para que
ajudar. Há muitos anos a minha tribo também tenhas um Carnaubal, e poderás então
foi atormentada pela seca. Socorri a todos e, construir a tua cabana com a madeira do

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meu tronco. O menino fez tudo o que a índia
lhe aconselhou. Dentro de alguns anos, um
carnaubal imenso balançava-se ao vento. E
o indiozinho, já homem, despedia-se dos
seus pais para levar a todas as tabas os
cocos da boa árvore da providência, como a
chamam hoje os caboclos felizes.”

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nos estados do Ceará, Piauí, Rio Grande do
Norte e Bahia. De junho a novembro a árvore
apresenta flores pequenas, branco-rosadas e
perfumadas. A safra acontece no verão. O
verdadeiro fruto da espécie é a parte
conhecida como a castanha-do-caju, e o que
é considerado popularmente como fruto é na
verdade uma haste carnosa, o pseudofruto.
Ele pode ser amarelo, vermelho ou laranja,

Cajueiro sendo rico em vitamina C, cálcio, fósforo e


(Anacardium occidentale L.) ferro.

O cajueiro é uma planta tropical originária do O Simbolismo mágico do Cajueiro: na


Brasil e que pertence à família magia, o cajueiro possui poder curativo,
protetor, purificador e defumador de
Anacardiaceae. A espécie pode ser
ambientes, por ser considerado uma planta
encontrada por todo o país, no entanto, a mágica.
maior produção de caju está concentrada
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Lenda do Cajueiro Rei “Conta a lenda, que castanhas. Até as tribos da região de Barra
há muitos e muitos anos, quando o litoral Grande e de outros pontos mais distantes
piauiense era povoado apenas por várias comungavam daquela união fraterna. A
tribos da grande nação Tremembé, a região região era abundante em frutas tropicais, em
praiana do atual município de Cajueiro da variados tipos de caça, peixe, camarão,
Praia, como não poderia deixar de ser, caranguejo, siri, sururu, ostra e outros
também era ocupada por algumas pequenas crustáceos. Não havia insegurança alimentar
aldeias, dessa mesma etnia. Seus habitantes e nem a escassez dos dias de hoje. Eles
eram muito unidos e conviviam em perfeita viviam em plena fartura dando-se ao luxo até
harmonia. de escolher o cardápio do dia. Tudo que
quisessem comer, estava praticamente
Raramente havia um pequeno
garantido, bastava ter disposição para caçar
desentendimento entre os moradores do
ou pescar.
local, que sempre viviam em paz e de
comum acordo compartilhavam o Bosque Como todos eram amigos e havia um pacto
Sagrado e o cajueiral, onde durante a safra, de eterna aliança, conviviam unidos e nunca
todos usufruíam da colheita de cajus e se preocuparam de fazer a divisão do
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território, pois tudo era de todos. Além das Após a luta, que terminou com uma pequena
caçadas, das pescarias, da colheita de caju, vantagem para o Muçambê e a decisão de
de goiaba e de outras frutas regionais, feitos Jacira de acatar as regras do jogo e ficar
conjuntamente, eles se visitavam e sempre com o vencedor, o casal passou a ser
eram bem-vindos nas festas de qualquer perseguido pelo perdedor, que corroendo-se
uma das aldeias. de ciúmes jurou vingança. Certa vez, após
um passeio romântico pela praia e de se
Mas como nem tudo dura para sempre,
deliciar com as goiabas e as guabirabas do
houve um grave desentendimento, que
Bosque Sagrado, o casal sem perceber que
culminou com um violento duelo entre o
estava sendo seguido, dirigiu-se para o
guerreiro Muçambê, da aldeia do Lago de
cajueiral ali próximo.
Santana com o guerreiro Mulungu, da aldeia
de Barrinha, pela disputa do amor de Jacira, No momento em que Muçambê colheu um
a mais formosa cunhã-poranga do litoral caju de um galho à altura da mão e
piauiense, filha do cacique Itaim da aldeia de segurando-o pela castanha colocou na boca
mesmo nome, que em tupi-guarani significa da amada, foi atingido por uma flecha
pedra pequena. envenenada. Retorcendo-se de dor caiu no
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chão. Enquanto Jacira gritava por socorro e sepultura, sob a luz do luar daquela noite fria
tentava acudi-lo, recebeu uma flechada de lua cheia.
mortal agonizando junto com o namorado.
Conta a lenda que no alvorecer do dia
Outros índios que vinham chegando e de seguinte, após uma noite de chuva torrencial
longe assistiram o final da triste cena acompanhada por uma grande ventania e
perseguiram o criminoso, que desesperado por uma forte trovejada, precedida de
se atirou no mar, onde foi estraçalhado por intensos relâmpagos, que riscavam o céu de
um tubarão. ponta a ponta, a castanha do caju que
Muçambê serviu na boca de Jacira começou
A infausta notícia espalhou-se rapidamente.
a brotar de dentro da cova e a se transformar
Pouco tempo depois, os caciques e a maioria
num imenso cajueiro, que para o orgulho dos
dos moradores das duas tabas enlutadas e
cajueirenses, além de ter sido batizado com
das tabas vizinhas chegaram ao local da
o nome de Cajueiro-Rei, de ter se
tragédia, onde após as cerimônias fúnebres
transformado numa das maiores referências
de praxe, o casal foi enterrado na mesma
turísticas da cidade e de ostentar o título de
Maior Cajueiro do Mundo, tem a magia de
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fazer com que todo o casal que o visite, fique
cada vez mais unido.”

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vegetação distinta denominada mata de
tabuleiro.

O Pau-branco possui forma de árvore, e


pode chegar a 15 metros de comprimento.
Por possuir uma madeira de qualidade, está
é usada frequentemente para a fabricação de
móveis, tábuas, assoalhos, estacas, etc.
Suas folhas são simples e elípticas, e suas
flores são pequenas e geralmente na cor
branca. Sua floração ocorre no outono e
inverno. Seu tronco possui casca externa
Pau-branco.
esbranquiçada, motivo pelo qual a planta tem
Auxemma oncocalyx
seu nome.
O Pau-branco é uma planta de porte arbóreo
Simbolismo Mágico do Pau-Branco
originária da caatinga, encontrada na região
dos estados do Ceará e Rio Grande do O Pau-branco é uma árvore que floresce
Norte. Além de áreas de vegetação de durante o outono e no inverno, sendo suas
caatinga esta espécie também ocorre em flores ideais na decoração da sua casa e/ou
pontos da região litorânea, que contém uma

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seu altar nos sabbaths das respectivas
estações.

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Alagoas, Sergipe, Bahia e também Mato
Grosso.

É uma planta extremamente adaptada ao


clima seco da caatinga, e restringe sua
transpiração (perda de água) sempre que se
aproxima o fim da época de chuvas, como
também no fim de períodos de seca. Suas
gemas brotam nas primeiras manifestações
de umidade, indicando a proximidade do
período chuvoso. Rebrota com intensidade
quando cortada, o que nem sempre acontece
Catingueira com outras espécies da caatinga. Para uso
medicinal, as folhas, flores e cascas são
É uma das espécies de mais ampla
usadas no tratamento das infecções
distribuição na caatinga, vegetando tanto nas
catarrais, nas diarréias e disenterias.
várzeas úmidas como no Seridó semi-árido.
Vegeta também no litoral, sertão e pés de O simbolismo mágico da catingueira:
serra. Ocorre nos estados do Piauí, Ceará, catingueira, como demais plantas de clima
Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, seco, nos mostra o poder da resiliência
perante adversidades, e nos ensina que, por

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mais que sejamos machucados, e que
inúmeras partes sejam arrancadas de nós,
podemos renascer, maiores, e mais fortes do
que antes. as propriedades curativas de suas
folhas, flores e casca a tornam uma escolha
interessante para rituais e feitiços de cura,
através de chás, banhos, infusões, ou da
maneira que preferir.

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O oiti ou oitizeiro é uma árvore perene e
frutífera, originária das restingas costeiras do
nordeste do Brasil e muito utilizada na
arborização urbana. Suas folhas são lindas
justamente por serem alongadas e verdes.
Ao longo do seu desenvolvimento, a cor
dessas folhas vai mudando de acordo com a
idade, pois quanto mais nova for, mais clara
será. Suas flores são pequenas e brancas,
dando mais charme à árvore oiti. Essa
abundância de folhas e flores contribui para
atrair a fauna, como pássaros e insetos que
dão vida ao local. Os frutos maduros tem
coloração amarela e se formam em grande
quantidade. Geralmente, a fase de
frutificação da planta oiti acontece entre o
verão e o outono. Já as flores surgem no
inverno..
Oiti
O simbolismo mágico do oiti: por florescer
(Licania tomentosa) no inverno, as flores do oiti podem ser

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usadas para a decoração do seu altar nessa existia uma aldeia comandada pelo cacique
época do ano. Já seu fruto pode fazer parte Ararê, que significa “protetor das aves”, índio
de suas comemorações durante o verão e o sábio, bondoso e querido por todos. Ele
outono. costumava dizer: “matar um pássaro, é matar
lentamente uma floresta”. Somente os índios
Lenda de Oitizeiro - a terra dos pássaros sabiam os segredos dessas selvas, de suas
veredas e seus atalhos.
Há muitos e muitos anos – no lado norte da
lagoa Papari – existia uma densa floresta. As A tribo se servia dessa área para
árvores eram tão altas que as nuvens recolhimento de penas, inclusive algumas
acariciavam suas frondes. Era um vale espécies tinham plumagens florescentes,
exuberante e pleno de riquezas naturais. A que acendiam à noite; outras traziam o corpo
fauna e a flora eram ricas e se completavam tão brilhante que pareciam pequenos sóis
em perfeita harmonia. Os poucos viajantes bailando nos céus. Essas penas, que se
que transitavam nessas matas levavam as espalhavam indiscriminadamente, iguais a
mais belas lembranças e faziam questão de folhas de árvores, eram usadas nos cocares,
contá-las aos quatro cantos. Essa mata tinha adereços corporais e nas flechas e petecas.
uma curiosidade. Dentre tantas riquezas Por onde andavam, pisavam nos montes.
naturais, sobrepujava uma infinidade de Eles não matavam os pássaros, e nem era
pássaros. As árvores e os céus eram necessário devido a profusão como as
coloridos de aves o dia inteiro. Próximo dali penugens plainavam dos céus.

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Eventualmente os índios se arranchavam fama do lugar. Ele ficou encantado e dedicou
numa pequena clareira, onde existia um um dia a observar a passarada. Embora não
Pirajá. Ali passavam o dia em atividades. chegou a ver sequer um terço da avifauna,
Traziam idosos e crianças e faziam disso um alegou nunca ter se deparado com bandos
momento de descontração entre as famílias. tão monumentais. Eram muitas espécies
A meninada brincava, se balançava nos diferentes. Eram muitas cores brilhantes.
galhos que sobraçavam o chão, Eram muitos cantares diferentes. Naquele
banhavam-se e pescavam num pequeno tempo as aves tinham significação e
riacho local, enquanto os mais velhos importância ainda mais preciosas. Valiam
assavam peixe e beiju. Nesse tempo não mais que o ouro. Os índios diziam que os
existia a lagoa. As crianças veneravam as pássaros faziam as florestas, pois
tardes divertidas e nem viam o dia passar. espalhavam as sementes em todos os
Tudo era regado a uma orquestra infindável rincões, atraindo variados animais. Eles
de pássaros, os quais trilavam alegres sabiam que as raízes das árvores seguravam
sinfonias, enchendo as matas de vida. a umidade e conservavam os rios e os
Silêncio era uma palavra desconhecida mananciais locais. Os mais velhos contavam
naquele vale sagrado, comparado ao Jardim aos filhos e netos que os pássaros eram os
do Éden. “pais das florestas” e valiam mais que o ouro,
portanto eles deveriam dar prosseguimento a
Certo dia apareceu um feiticeiro de uma tal ensinamento.
região distante e desconhecida, atraído pela

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Na região de origem desse feiticeiro os mentira, portanto eles acreditaram com
índios matavam os pássaros por diversão, naturalidade, nas palavras do estranho
para se alimentar e para ornar suas visitante.
indumentárias e materiais utilitários. Na
floresta daqui não havia essa necessidade, Certa manhã o cacique Ararê entrou num
pois milhares de penas se desprendiam trecho quase intransponível para retirar cipó
deles naturalmente, suprindo a demanda que “couro de sapo”, usado para prender feixes,
tinham. Quando esse feiticeiro apareceu e carregar caça e fazer outras amarrações.
contou-lhes sobre o hábito deles, todos Conforme foi vencendo lentamente o cipoal
estranharam, dizendo que num lugar com deparou-se com um cenário que o
tanta fartura de animais quadrúpedes e tão aterrorizou. Haviam milhares de gaiolas
grandes – como os caititus, que eram porcos feitas de cipó, cheias de pássaros vivos. Ele
do mato – soava desnecessário matar não conseguia assimilar o significado
animaizinhos tão pequenos, inofensivos, que daquilo, pois não conhecia a prisão, nem
só enchiam as matas de alegria e beleza. O para eles, nem para os animais. Até mesmo
feiticeiro – matreiro – explicou que viera os bichos domesticados viviam soltos na
unicamente conhecer e apreciar as riquezas aldeia. Mas aquela incompreensão durou
naturais. Ressaltou que todos os viajantes pouco. Após alguns passos, viu índios
que passavam em seu lugar de origem estranhos transportando as gaiolas para
contavam com deslumbramento o que viam umas caravelas aportadas no mar. Na
aqui. Na cultura dos índios não existia a realidade o feiticeiro estava a serviço dos

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portugueses. Ele trouxera centenas de índios Para eles a terra era mãe de todas as coisas:
e os escondera na pequena clareira para mãe das águas, mãe das florestas, mãe da
ajudá-lo nesse empreendimento. terra, mãe dos bichos e mãe dos índios.
Muito irritado o feiticeiro não soube
Após a desagradável surpresa, o cacique responder.
Ararê correu para a aldeia e contou o fato a
seus irmãos, os quais ficaram Nesse exato momento ouviu-se um estouro.
decepcionados. No outro dia todos correram Todos se assustaram. Logo em seguida um
ao local e flagraram os índios estranhos, os cheiro esquisito impregnou a mata. Quando
quais não se trajavam como tais e falavam perceberam cacique Ararê estava morto,
em português. O cacique Ararê disse ao atravessado por uma coisa que eles sequer
feiticeiro que eles estavam promovendo um imaginavam o que era. Em segundos o seu
desastre ambiental. Convidou-os a devolver corpo estava envolto num mar escarlate.
os pássaros à natureza, sob pena de, em Houve pânico, pois desconheciam as armas
recusando, terem as caravelas invadidas de fogo e nunca ouviram um barulho tão alto
para recolhimento das gaiolas. O feiticeiro se e seco. O máximo que escutavam era o trilar
irritou e disse que não era possível atender o dos pássaros, o esturrar das onças, o
pedido, pois os europeus haviam dado à tribo guinchar dos macacos e o grazinar dos
deles muitos presentes como pagamento. O papagaios. O restante daquele dia os índios
cacique Ararê perguntou-lhe se ele não estranhos dedicaram ao embarque das
sentia vergonha de roubar a “mãe-terra”. gaiolas. Levaram também muito sândalo,

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ébano, jacarandá e pau roxo, madeiras significa “deus do rio”. Sob a cova
nobres e comuns na região. Como não depositaram penas de todas as cores. A
encontraram resistência dos índios locais, floresta estava paralisada e muda, como se
ficaram à vontade para agir. Dizem que entendendo o triste acontecimento. Não se
quando as pessoas se calam e não resistem ouvia sequer as vozes de outras espécies
diante das arbitrariedades, os maus vencem. animais. Fazia pena a desolação até mesmo
As aves eram desacostumadas a ataques de crianças e idosos. Eram tantas lágrimas
humanos, portanto não fugiam dos que originaram uma gigantesca lagoa que
caçadores, conservando a mesma inocência cresceu lentamente, como magia, no sopé do
dos índios daqui. A ganância dos europeus morro.
era tão descontrolada que naquele final de
tarde encheram quarenta caravelas e Seis dias após o enterro do cacique, o pajé
partiram. Levaram, inclusive, todos os ovos Enarê teve um sonho. O Espírito da Mata
encontrados nos ninhos para alimentá-los apareceu-lhe e disse que no local do
durante a longa viagem. Naquela mesma sepultamento do cacique Ararê nasceria uma
noite cinco índios corajosos retornaram ao linda e frondosa árvore, por nome de Oiti,
local da morte do cacique e retiraram o seu que significa “massa espremida”. Ela seria
corpo. No outro dia, bem cedo, o responsável por repovoar toda a mata com
depositaram numa urna funerária, feita de novos pássaros. Explicou-lhe que eles não
barro e o sepultaram durante um ritual, aos se preocupassem, pois o vale sagrado teria
cuidados do pajé “Enarê”, que em língua tupi mais pássaros que antes, cuja lagoa que

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nascera das águas choradas pela tribo seria também seria responsável pela preservação
responsável para saciar a sede de todas da lagoa das lágrimas. O pajé ficou muito
aves e tudo o que tivesse vida naquelas feliz e deu a notícia para a tribo. A alegria
imediações. E seria, ainda, a lagoa mais rica contagiou a todos. Houve três dias de festa
em peixes e crustáceos de toda a região. Ela com danças, competições esportivas e muita
se chamaria Paraguaçu, que em língua tupi comida. Após vinte dias germinou, enfim, o
significa “rio grande”. O Espírito da Mata fez oiti. O tempo passou e tudo se cumpriu
um pedido especial: que a tribo aguardasse a exatamente igual a profecia do Espírito da
floração, que aconteceria entre os meses de Mata. Se antes os índios pensavam ter uma
junho e agosto, e seriam brancas para floresta repleta de pássaros, se enganaram,
simbolizar o surgimento de um novo tempo pois o repovoamento da avifauna tornou-se
de amor entre a tribo; que os seus frutos infinitamente maior. Nunca se viu tantos pés
surgiriam entre os meses de janeiro e março. de oitis. Os próprios pássaros se
O grande segredo dos frutos dessa nova encarregaram de comer e espalhar as
espécie seria emanar um perfume mágico, sementes. Nunca se viu uma tribo tão feliz.
responsável por atrair o maior número de Toda vez que alguém sente o cheiro delicioso
pássaros, que também serviria de alimento de oiti, lembra o sonho que o pajé teve com o
para as aves e outras espécies da região, e Espírito da Mata. E como o tempo não para,
que sua madeira serviria para a carpintaria. os anos continuaram passando. Homens
Orientou que cada índio se encarregasse de brancos chegaram ao local e batizaram
plantar uma semente anualmente, pois ela aquelas terras de Oitizeiro, para designar o
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lugar como floresta de oitis. Hoje, apesar de
o homem branco permanecer causando
danos às matas, o distrito de Oitizeiro ainda
conserva a fama de “terra dos pássaros”. O
lugar é símbolo de liberdade, pois os nativos
não têm o hábito de engaiolar pássaros. A
fama do cacique estendeu-se até hoje, a
ponto de eles permanecerem fiéis às suas
sábias palavras. A lagoa das lágrimas, que
teve o seu nome mudado para Papari, que
significa “rio encachoeirado”, apesar do
assoreamento e do manejo irregular dos
donos de viveiros, ainda guarda rara beleza,
e produz peixes e crustáceos. Não há lugar
em toda a região que tenha as espécies
passarinheiras mais belas, coloridas e
variadas. Tudo isso graças aos oitizeiros.

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profundo sistema de raízes, e por isso, além
de refúgio contra o calor, sua ramagem
propicia forragem verde para o gado. Está
distribuída geograficamente em toda a região
Nordeste. Cresce nos campos abertos ou
nas caatingas dos sertões do polígono das
secas. O Juazeiro goza de virtudes na
terapêutica sertaneja. Suas cascas, frutos e
folhas são frequentemente usados no
combate a febres, problemas estomacais, e
ferimentos, além de uso como expectorante
no tratamento de brinquites.

O simbolismo mágico do juazeiro: diz a


lenda que o juazeiro é protetor dos
Juazeiro sertanejos e afasta os maus espíritos. Duas
(Ziziphus joazeiro Mart.) grandes cidades do Nordeste levam o seu
nome: Juazeiro do Norte, no Ceará e
Bela árvore de porte variável, dependendo
Juazeiro, na Bahia.
do meio em que se desenvolve. Conserva-se
sempre verde razão por causa de seu

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Tendo em vista suas propriedades
medicinais, é uma boa escolha para magias
de cura para si, ou para outros, e pode ser
incorporado aos rituais e feitiços que preferir.

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Caraíba/ Ipê Amarelo

Tabebuia ochracea

A caraíba, mais conhecida como Ipê


Amarelo, é uma árvore de médio porte, 6 a
14 metros de altura, bem copada. É uma
árvore ornamental, tem também a madeira
utilizada na construção civil. Quando floresce
no mês de setembro durante a primavera,
apresenta-se desnudada de folhas
proporcionando, dentro da paisagem da
caatinga muita beleza. Frutifica no mês de
outubro. É uma espécie nativa do Brasil,
podendo ser vista em regiões de cerrado e
caatinga.

O simbolismo mágico do ipê amarelo: o


ipê amarelo é uma erva de purificação e
limpeza da aura, trabalhada pela cor
amarela, ele tem relação com Oxum e

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Iemanjá. Também tem ação harmonizadora
dos chakras. A assinatura botânica de suas
flores, em forma de trombeta, nos remete ao
próprio equipamento musical, trazendo a
propriedade de liberar energia para o meio
externo.

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Goiabeira
(Psidium Guajava L.)

A goiabeira é um arbusto ou árvore de


pequeno porte, tipicamente tropical. A
goiabeira apresenta tronco tortuoso, com
casca lisa, que quando envelhece se
desprende em finas lâminas de cor castanha.
Seu fruto, obviamente, é a goiaba, de casca
fina e verde, com polpa delicada, doce e
perfumada, que pode ser vermelha ou rosa.
Como planta medicinal é a planta mais usada
no tratamento caseiro de diarréias na
infância, em todos os países tropicais do
mundo. É referido também o uso do seu chá,
em bochechos e gargarejos no tratamento de
inflamações da boca e da garganta ou para
tratar úlceras.. Além de tudo isso, é rica em
vitaminas A, B2, B3 e C.

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O Simbolismo mágico da goiabeira: para
fins mágicos, a goiabeira é um forte ponto
energético para os elementais. Em seu
território, o contato com eles é facilitado.
Além disso, a goiabeira também é um
símbolo de prosperidade. A goiaba é uma
fruta de grandes propriedades mágicas. Ela
tem o poder de afastar todo tipo de más
energias e até maus espíritos que possam
estar trazendo fluidos negativos para algum
ambiente. Isso porque a goiaba tem um
padrão vibracional elevado.

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Mangueira
(Mangifera Indica)

As mangueiras são umas das maiores e mais


populares árvores frutíferas. São nativas do
continente asiático, mas se habituaram muito
bem ao clima e solo brasileiro, e seu fruto é
um dos mais apreciados, não só aqui, mas
em todo o mundo. É uma árvore que ama
calor. Seu fruto, a manga, possui sabor doce
e agradável, o principal fator que faz dessa
uma das frutas mais populares pelo mundo.
O florescimento ocorre entre o inverno e a
primavera e o período de colheita entre o
verão e o outono. Para uso medicinal, suas
flores, folhas e casca ajudam no combate a
diarréia, verminoses, hemorragias, diabetes
e hipertensão.

O simbolismo mágico da mangueira: na


magia, a mangueira tem suas partes
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utilizadas para cura espiritual, proteção e
abertura de caminhos, bem como para o
fortalecimento do campo astral, além de
potencializar as habilidades dos médiuns.

Suas flores servem como uma ótima


decoração para seu altar nas comemorações
de inverno e primavera, enquanto seus frutos
podem fazer parte de seus pratos no verão e
outono.

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Laranjeira
(Citrus × sinensis)

A laranjeira é uma árvore cítrica


sempre-verde com uma vida produtiva de
50-60 anos. A planta da laranja pertence à
família Rutaceae. A árvore da laranja é
cultivada principalmente por conda de suas
frutas, mas suas flores também são

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ornamentais. Sua flor é bastante utilizada no
preparo de óleos essenciais e chás que Seu fruto, a laranja, além de deliciosa, é uma
possuem função analgésica, aliviando desde ótima opção de alimento para se comemorar
dores de cabeça a cólicas menstruais. as estações mais quentes do ano.
Também ajudam aliviando sintomas de
ansiedade e insônia. As folhas da árvore têm
propriedades antiespasmódicas, antigripais,
expectorantes, digestivas, afrodisíacas,
bactericidas, diuréticas, sedativas relaxantes
e calmantes. Seu fruto, a laranja, é rico em
vitaminas A, B e C, e atua como antioxidante
e anti-inflamatório, além de fortalecer o
sistema imunológico.

O simbolismo mágico da laranja: purifica,


energiza as pessoas, o ambiente, melhora
muito nossa disposição, energia vital, atrai a
energia da alegria, do entusiasmo pela vida.
Nada melhor do que utilizá-la da forma que
preferir, quando precisar de um pouco mais
de alegria para sua vida!
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