Você está na página 1de 2

Sessão de 21 de maio de 2023

Visão de Dominic

Após recobrar as forças durante um breve descanso para que todos pelo menos retomem
o fôlego, faço o pacto com minha arma, vinculando-me a ela. Vejo que alguns ali começam a
observar novamente a estátua e falam para que não mexam mais nela. Para não sermos pegos
todos de surpresa durante este tempo, posiciono-me no corredor a fim de ficar de guarda,
aproveitando da minha visão, e coloco-me em posição defensiva.
Em seguida decido seguir por um dos corredores quando Duskan diz que há coisas mais
para baixo e desço. O que encontro é um quarto com uma luxuosa cama que só não chama mais
atenção que uma caixa de madeira com um saco feito com couro humano.
Adentro o quarto, mexo na sacola e encontro somente velas negras de rituais macabros, o
que mais poderia esperar de um lugar como este? Confiro o baú que está no pé da cama eis que
tenho uma surpresa boa, creio que a primeira desde que chegamos aqui. Encontro uma capa
muito bem feita, visivelmente mágica com um símbolo de família e outro símbolo da Ordem da
Manopla, além de um cofre. Comento com Duskan que está ali também e, quando reparo, os
olhos do anão brilham quando veem tal item. Até mesmo sua expressão facial mudou. Nunca o
tinha visto desta forma.
Logo ele entrou ali no quarto e sua ganância falou mais alto: começou a reivindicar a capa
para si dizendo que foi seu deus que lhe deu de presente. Essa foi a desculpa mais esfarrapa que
já o ouvi dizer e, talvez, uma das mais esfarrapadas que ouvi na minha vida. Ele foi com tanta
sede pra cima como um bêbado em abstinência, alegando um monte de merda apenas para ficar
com um item de tamanho valor.
Porém, repentinamente, duas passagens secretas se abrem, uma atrás de mim e outra um
pouco mais a frente e delas saem dois carnEçais, quem em vida eram (ou ainda são) os donos da
casa: Elizabeth e seu esposo, Gustav. Um forte cheio podre, o cheiro da própria morte parecia ter
tomado conta do aposento. Rapidamente saímos daquele quarto apertado e recuamos para a sala
ao lado, buscando um melhor posicionamento para o combate. As criaturas, não sei o motivo,
focam sua fúria em mim, mesmo com as provocações do anão eu não entendi o interesse delas
por mim. Eles tentam acertar-me, mas totalmente sem sucesso, pois minhas habilidades de
combate e a proteção da minha senhora fizeram com que os golpes dos carnEçais Gustav e
Elizabeth fossem completamente inefectivos contra mim.
Da mesma forma que eles focaram em mim, também focamos em um deles, em Elizabeth.
Eu uso os poderes concedidos pela minha senhora para amaldiçoá-la. O combate contra ela tem
um fim rápido e, quando disfiro o último golpe contra seu peito, sua alma é levantada do corpo
pelo espírito de seus filhos, Cravo e Rosa, que rasgam a alma da mãe ao meio. Uma visão um
tanto quanto inusitada.
Ainda restava um carnEçal: Gustav. Ele parecia mais difícil de derrotar, porém, ao tentar
me atacar, ele se atrapalha e aproveito a chance para reposicionar-me e usar meio raio para
empurrá-lo de volta ao quarto, enquanto os demais desferiam seus ataques. Quando percebo,
Jasão tenta sair pulando por cima de todos, como uma pulga, para tentar parar atrás do carnEçal,
porém falha e cai ao lado do anão. Gustav já bastante ferido por todos, logo encontra seu fim e,
então, outra cena inusitada acontece: quando Duskan disfere o golpe final com seu chicote,
arremessando sua cabeça contra os seios de Alear (que termina se assustando e beijando o
carnEçal), sua alma sai do seu corpo e é puxada diretamente para o inferno. Pensava ele que
seria eternamente um servo do seu senhor, o senhor de Barovia (Stradh), porém, seu fim foi outro.
Logo após o combate, teve início uma discussão tola do anão com a elfa sobre os itens
que eu havia encontrado, aliás, nem era sobre os itens. Alear queria apenas pegar umas tochas
que estavam guardadas ali no aposento e o anão, desconfiado que ela roubaria os demais itens,
impediu sua passagem e a chamou de ladra! Ela retrucou dizendo que nunca havia roubado nada
dele, e de fato, Alear pode não ser a melhor combatente, porém nunca deu motivos a ninguém do
grupo para chamá-la de ladra. Quanta ganância, quanta futilidade por parte do anão. Eu já havia
ouvido histórias sobre o quanto um anão poderia ser ganancioso, e, bem, pensava que eram
histórias de alguém que pelo motivo que fosse não gostava de anões, mas de fato, pelo menos o
do nosso grupo, parece que foi picado pela mosca da ganância (ou por um enxame delas).
Sem titubear, ele agarrou o manto e vestiu-se com ele, de forma arbitrária e sem consultar
o grupo, tomando para si sua posse. Não que eu tenha algo contra ele ficar com o manto, mas
isso deveria ser decidido em grupo, pois, apesar de eu ter encontrado, são espólios do grupo. Em
momento mais oportuno colocarei isso em pauta e, espero, que a ganância do anão não fale mais
alto que sua razão. E afirmo: ele ainda pagará caro por sua ganância, pois ela o levará para a
ruína, como leva a todos que a perseguem. Pois a ganância é um veneno doce, que engana o
paladar mas te consume por dentro.
Tento encerrar a fútil discussão, chamando-lhes à razão, e peço para o paladino pegar os
demais itens no baú e sigo pelo corredor. Ouço Duskan murmurando algumas coisas em uma
língua estranha de uma forma doentia, como se estivesse falando só. Ele me parece meio
perturbado algumas vezes, apesar de ter demonstrado lealdade, ou, no mínimo, companheirismo.
Segui pelo corredor e desci uma escadaria até que cheguei a outro lugar, uma outra sala
com dois caminhos, tomo um e ouço outra vez o Duskan balbuciando incontrolavelmente algo
numa língua estranha. Às vezes falava algo como “o velho do saco vai me pegar” no meio de
outras coisas que para mim não tem sentido algum. Ele parece ter sérios problemas mentais e
tudo isso que vimos depois que chegamos neste lugar estranho o está afetando (muito!).
Ele passa por mim mas não o vejo, não sei como ele faz pra ficar invisível assim, teria ele
um pacto também? Enfim… o ponto mais preocupante é que a cantoria do culto está mais alta
aqui, estamos próximos. Jasão também se aproxima e vai em direção a uma porta. Pedi a ele que
não a abra, pois seria prudente esperar os demais, ele concordou, porém, não sei POR QUE
DIABOS ELE ABRIU A MERDA DA PORTA E ENTROU! Não sei se ele é louco ou retardado, pois
ele simplesmente abriu e entrou. Talvez a minha suspeita de que ele faça parte deste culto maldito
seja verdade, pois não é a primeira vez que ele simplesmente nos deixa.
Não sei o que nos espera nesta sala, mas a nossa situação não é nem um pouco
favorável: estamos somente Alear e eu. Jasão abriu a porta e sumiu. Os “valentes homens de fé”
que enfrentam o perigo de frente sempre são os últimos a chegar no combate e Duskan está
perdido dentro de sua própria loucura.
Que a Senhora dos Corvos possa me guardar no embate que nos espera e, se desta vida
eu for, que possa guardar minha alma.

Você também pode gostar