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indireto, nos termos do art. 184 do código penal e lei 9.610/1998.
NOTA DA AUTORA

Bem vindo, querido leitor, ao meu mundo obscuro, distorcido e lindo.

Se você nunca leu meus livros antes, uma advertência é necessária, eu escrevo
livros Darks – desde os personagens, até as situações em que eles se encontram e o
amor que vivem.

Você está lendo A Hurt So Sweet – Volume Três, o terceiro livro da minha série
Elite of Eden Falls Prep. Os personagens desta série são distorcidos e cruéis, e você está
prestes a embarcar em um passeio selvagem.

Este livro faz parte de uma série e NÃO é independente.

Série Elite of Eden Falls Prep:

#1 A Hurt So Sweet Volume Um.

#2 A Hurt So Sweet Volume Dois.

#3 A Hurt So Sweet Volume Três.

#4 A Hurt So Sweet Volume Quatro.

Beijos.
Nem mesmo por ela.

Vou lutar contra minhas emoções a cada passo do caminho.

Não sou um cavaleiro de armadura brilhante.

Eu sou o monstro.

O valentão.

E não importa o quanto ela implore, ela não pode me mudar.

1 Quando o final do livro deixa algo em aberto um suspense no ar. Um sinal de continuação.
1
DEXTER

Estou andando de um lado para o outro na garagem, esperando


notícias, uma ligação, um carro parando na propriedade, mas não há
nada.

Os convidados já se foram. A única pessoa aqui comigo é Kelley, o


motorista dos Oakes que parece quase mais preocupado do que eu. Ele é
uma figura paternal e confidenciou-me o quanto Pandora o lembra de
sua filha.

Emilian Oakes está furioso. Assim que descobriu que Easton


Brantley desapareceu com sua filha - seu bem mais precioso - ele
quebrou um vaso de valor inestimável da dinastia Ming e se retirou para
seu escritório. Pedi que ele falasse comigo e ele ofereceu os serviços de
Kelley, caso eu descobrisse algo sobre Pandora. Mas ele sabe tão bem
quanto eu, que provavelmente é tarde demais - Easton já colocou suas
garras nela.

Passei a noite olhando para o meu telefone como um falcão,


esperando uma ligação que nunca veio. Todos os meus amigos
desapareceram junto com Easton e Pandora. Eu sei o que isso significa.
Eu sei que eles estão me atacando, usando o brinquedo que considerei
minha propriedade.

Já se passaram 12 horas desde que Pandora desapareceu da


propriedade Oakes. Doze horas angustiantes cheias de culpa, angústia e
vergonha.

Agora, meu telefone acende e o número de Lai pisca na tela.


— Olá? Olá? Lai, onde diabos você está? — Eu exijo, atendendo a
chamada no primeiro toque.

Não há nada além do som da respiração do outro lado. Eu franzi


minhas sobrancelhas, esfregando minhas têmporas enquanto espero por
uma resposta. Espero que nada de ruim tenha acontecido, mas tenho um
mau pressentimento sobre isso. Como Pandora pôde simplesmente
desaparecer de sua própria festa? Certamente algo confuso aconteceu, e
o fato de Brantley ter ido também não fala a seu favor.

— Onde está Pandora? — Eu lati na linha. — Você precisa me dizer


para onde a levou agora, ou vou fazer da sua vida um inferno, está me
ouvindo, Lai?

— Talvez se você parar com as ameaças por cinco segundos, — meu


amigo rosna em resposta. — E apenas me deixe falar pelo menos uma
vez, em vez de me interromper antes mesmo que eu consiga falar uma
palavra.

— Onde ela está? Porra me diga.

— Ela está... Segura, — ele finalmente diz. — Ela está conosco.

— Onde?

— Conto logo, — diz ele. — Escute Dexter, isso é mais uma ligação
de cortesia do que qualquer outra coisa.

— Uma ligação de cortesia? — Repito incrédulo. — Porra, lembre-


se de com quem você está falando, Lai. Sou dono de Eden Falls. Você não
pode me tratar como um plebeu, pelo amor de Deus. Eu preciso saber o
que está acontecendo. Eu preciso saber se ela está bem!

— Desde quando você se preocupa com ela? — Lai exige. — Da


última vez que verifiquei, você não dava a mínima para a Pandora Oakes.
Eu cerro os dentes com tanta força que minha mandíbula dói. Eu
não me importo, digo a mim mesmo me convencendo. Mas até eu estou
lutando para acreditar nisso ultimamente. É óbvio que a vadia de cabelos
escuros e pele de porcelana ficou sob minha pele, por mais que eu tente
negar seu efeito sobre mim.

— Olha, Easton a levou embora, — Lai finalmente fala, e a nota de


arrependimento é clara em sua voz. — Ele... ele tinha um plano, Dexter.

— Qual Plano?

— Eu... não posso dizer exatamente. Mas você é meu amigo mais
antigo. Eu não poderia simplesmente deixar você ficar confuso,
esperando-a voltar.

— Onde ela está?

— A casa do lago de Julian, — ele finalmente admite.

Eu estalo meus dedos para Kelley, o motorista do Oakes, e ele me


dá um breve aceno de cabeça, abrindo as portas do carro para mim. Subo
na limusine, afundando no couro macio enquanto grito instruções para
Kelley, e ele começa a dirigir. Mas, embora tenhamos partido agora,
estamos a pelo menos uma hora de distância da casa do lago, talvez
quarenta e cinco minutos se Kelley realmente pisar fundo.

— Lai, o que você fez? — Eu exijo.

Ele permanece quieto, e eu sei que seja o que for, provavelmente é


ruim pra caralho. Para mim e para Pandora.

— Ela está viva? — Eu pergunto, e Lai ri alto.

— É claro que ela está viva, porra, — ele sibila. — O que você acha
que eu sou, algum tipo de monstro?

— Não se esqueça que sei mais sobre você do que qualquer outra
pessoa, — eu o lembro.
— Olha, Dexter, — Lai fala firmemente. — Ela está bem, você verá
por si mesmo quando encontrá-la. Mas você não vai dar as cartas para
sempre. Você não é mais o nosso chefe.

— Que porra isso significa? — eu questiono. — Você estava mais


do que feliz em fazer um acordo comigo antes de Brantley voltar. Eu cuido
das suas costas, você das minhas. O que fez você mudar de ideia?

— Bem... — Ele hesita, me fazendo rugir de frustração. — Olha, é


ela, certo? É Pandora.

— Porque ela?

— Porque ela é atualmente o ativo mais valioso em Eden Falls, —


ele continua decidido. — Quem quer que se case com ela será
automaticamente o homem mais poderoso da cidade. Especialmente
depois que ela tiver seu filho.

— Mas você sabe que o pai dela quer que ela se case com Easton,
— rosno, observando a mudança de cenário através dos vidros escuros
da limusine. — O que isso tem a ver com você, afinal?

— Easton vai compartilhá-la, — murmura Lai.

— Com licença?

— Ele não vai mantê-la para si mesmo como um perseguidor


egoísta e obsessivo, Dexter. Como você.

— Que diabos você acabou de me chamar? — Estou espumando de


raiva, porra.

— Você manteve Pandora longe de nós por muito tempo, — suspira


Lai. — Você nos provocou com ela. Tentou-nos. Você tinha que saber que
íamos nos defender.

— Exceto que você não está, — eu assobio em resposta. — Você


está apenas seguindo as ordens de outra pessoa.
— Bem, pelo menos ele tem mais vantagens para nós, — Lai
explode. — Pelo menos ele nos permite compartilhar.

— O que é que você fez? — Eu exijo. — O que diabos você fez com
Pandora?

— Apenas... chegue até aqui, — diz ele com um suspiro exasperado,


e é então que ouço o som fraco de soluços ao fundo.

Parece uma mulher chorando. Não, parece que Pandora Oakes está
chorando.

— Eu vou te matar, porra, — digo a ele friamente. — Se você a


machucar, você está morto.

— Claro, — Lai sorri. — Estaremos muito longe quando você chegar


aqui. Tchau, Booth.

A ligação termina e eu xingo em voz alta, imediatamente


chamando-o de volta. Mas é tarde demais - ele desligou o telefone e a
ligação não foi completada. Frustrado, jogo o telefone na divisória de vidro
que me separa do motorista, quebrando o vidro e quebrando o telefone.
Mas eu não dou a mínima. Meu coração está martelando no peito com o
conhecimento de que eles fizeram algo que não posso voltar atrás.

Eles pararam de seguir minhas ordens. Eles pararam de me ouvir.


E agora Pandora não está segura com nenhum deles. Receio que já seja
tarde demais para ajudá-la.

Os próximos quarenta minutos passam terrivelmente devagar.


Apesar da minha insistência contínua para que Kelley dirigisse mais
rápido, ainda leva um pouco menos de uma hora para chegar a Glass
Lake, onde a cabana do lago dos pais de Julian está situada. Uma vez
que Kelley desacelera até parar em frente à cabana, saio do carro antes
mesmo que ele pare completamente, os sapatos esmagando o cascalho
enquanto corro para dentro de casa.
A porta da frente está destrancada, mas não há carros na garagem.
Lai deve ter partido com os outros, como ele disse que faria.

O som fraco de soluços que ouvi ao telefone mais cedo ainda está
lá, e eu o sigo como um cão na trilha de uma presa. A casa está
imaculada, lindamente decorada, mas cheira a algo que não consigo
definir. Como se algo realmente horrível tivesse acontecido aqui.

Eu corro escada acima, seguindo o som dos soluços até que estou
no quarto principal da casa do lago. Uma pequena figura está tremendo
sob os lençóis, nada além de sua cabeça olhando para fora da cama
grande e luxuosa.

— Pandora? — Consigo dizer, aproximando-me dela em três passos


longos e rápidos. — O que diabos aconteceu?

Ela não se parece em nada com a garota sarcástica e desafiadora


que eu conheço. Ela está uma bagunça - seu rosto manchado com a
maquiagem da festa na noite passada, seu cabelo uma bagunça
emaranhada. E ela está nua. Eles a deixaram aqui fodidamente nua.

— Diga-me o que aconteceu, — eu imploro, minha própria voz


falhando nas palavras.

A única coisa que preciso agora é uma desculpa para matar as


pessoas que fizeram isso com ela. Eu não dou a mínima se eles eram
meus amigos. Meus amigos nunca fariam isso com a garota que eu...

Eu balanço minha cabeça para tirar o pensamento. Ela nem parece


notar que estou lá, seus olhos se concentrando na porta enquanto ela
choraminga e soluça, como se estivesse com medo de que outra pessoa
vá passar por essas portas.

— Pandora, — tento novamente, certificando-me de soar mais


paciente do que me sinto. — Olhe para mim, boneca. Basta olhar para
mim, porra, por favor, bem aqui, olhe para mim.
Eu guio seu queixo para cima para que seus olhos possam
encontrar os meus, e ela faz o que eu mando. Seu olhar está vidrado,
como se ela estivesse perdida em um mundo diferente, não exatamente
aqui comigo.

— Boneca, — eu falo pacientemente. — Diga-me o que aconteceu.

— E-Easton, — ela consegue dizer, a mera menção do nome do meu


nêmesis fazendo meus dedos se fecharem em punhos. — Ele me atraiu
aqui... Depois da festa...

— E depois o que aconteceu? — Exijo, fazendo-a estremecer ao som


da minha voz impaciente e raivosa.

Eu levo um momento para me recompor, respirando fundo antes


de pegar sua mão, entrelaçando suavemente meus dedos contra os dela.
Ocorre-me que esta é provavelmente a primeira vez que sou amável e
gentil com Pandora. Eu realmente não sou melhor do que o resto deles,
os caras que fizeram isso com ela a transformaram em uma bagunça que
eu mal reconheço.

— Diga-me, boneca, — eu pergunto a ela, minha voz mais suave,


mais gentil desta vez. — Apenas comece do início e me diga o que eles
fizeram com você, ok? E então eu vou tirar você daqui, porra.

— Ok, — ela sussurra. — Easton me trouxe aqui... depois do


noivado... ele, ele... ele queria fazer sexo comigo.

O pensamento me deixa furioso pra caralho e eu murmuro: — Mas


você não fez, certo, Pandora? Você não o deixou te foder?

Desta vez, quando seus olhos encontram os meus, ela parece mais
quebrada do que nunca, e a verdade me atinge como um soco no rosto.
Ela deixou. Ela foi até o fim. Ela fodeu Easton, e ele nem mesmo teve que
forçá-la.
A porra da traição dói como uma faca sendo torcida nas minhas
costas. Mas eu faço o meu melhor para não a deixar ver, não apenas
porque quero protegê-la da minha própria raiva, mas porque não posso
mostrar a ela o quanto essa informação me machucou. No que diz
respeito à Pandora, não dou a mínima para ela - ela é apenas um peão
em meus jogos, uma forma de conseguir o que quero. Eu não posso
mostrar a ela, que ela é nada, além disso para mim, não quando eu não
tenho certeza do que ela significa para mim.

— Você dormiu com ele? — Eu pergunto a ela, forçando meus


dedos a permanecerem frouxos contra os dela, embora eu queira sufocar
a resposta dela. — Está tudo bem, Pandora. Apenas me diga a verdade
para que eu possa ajudá-la.

Ela engole em seco, olhando para qualquer lugar, menos para os


meus olhos. Então, ela fecha os olhos e acena com a cabeça, um
movimento quase imperceptível de sua cabeça, indicando que ela me
traiu, assim como Lily Anna fez. E com o mesmo cara, nada menos.

Se eu fosse menos confiante, estaria questionando o que o maldito


Easton Brantley tem a mais que eu. Mas eu sei que não há nada
comparável entre nós dois. Eu sou tudo que ele não é, embora ele apenas
tenha provado ser mais calculista e cruel do que eu jamais serei.

— Ok, — eu engasgo. — O que aconteceu depois?

— Nós fomos dormir, — sussurra Pandora. — Quando acordei, era


como se ele fosse uma pessoa diferente. E-Ele me disse que o resto dos
caras estavam a-aqui... Ele começou a se vestir, e Caspian entrou.

— Caspian? — Eu pergunto, franzindo minhas sobrancelhas. —


Por quê?

— Para me foder. — Ela olha direto nos meus olhos desta vez, seu
olhar queimando de dor quando encontra o meu. — Easton disse a eles,
que podiam me foder.
— Quem? — Exijo, forçando meus dedos a não esmagar os dela de
pura raiva que estou sentindo atualmente. — Para quem ele disse que
poderiam te foder?

— Caspian, — ela sussurra. — Julian. E... Lai.

— Lai? — Eu repito. — Mas eles não fizeram isso, certo?

Ela ri amargamente e eu aperto seus dedos, esperando que ela veja


o quanto isso é importante para mim.

— Pandora, — eu mordo. — Lai me ligou. Ele me disse para vir


buscá-la, ele me disse onde você estava. Todo mundo estava ficando
louco depois da festa; seu pai está furioso pra caralho. Ele me disse que
eu poderia usar Kelley para ir e encontrar você, boneca. Ele está
desesperado para trazê-la de volta. Ele nunca aprovou isso, Pandora.
Podemos apenas voltar e tudo voltará ao normal, ok?

— Normal? — Ela repete, sua voz trêmula enquanto ela puxa sua
mão. — As coisas n-nunca serão normais novamente, Dexter. E é tudo
por sua causa!

— O que? — Eu franzo minhas sobrancelhas para ela. — O que eu


fiz?

— Você começou este jogo doentio... porra! Isso é tudo sobre a


vingança de Easton contra você, você não consegue ver? — Ela começa a
chorar de novo, enterrando o rosto nas mãos enquanto chora cada vez
mais.

— Pandora, — eu digo, mantendo minha voz mais suave do que eu


quero. — O que aconteceu depois que Caspian entrou?

— Que porra você acha que aconteceu? — ela rosna. — Ele me


fodeu, Dexter! Ele me fodeu como se eu fosse apenas um brinquedo para
ele, porque isso é o que eu sou, não é? Foi nisso que você me transformou!
Estou sem palavras. Como posso compensar ela? Como posso
devolver a inocência que ela perdeu, quando sou o único responsável por
arrancá-la dela? A vergonha me queima por dentro, as chamas
ameaçando me engolir por inteiro. Eu mereço isso, mas Pandora não.

— Vamos, — eu digo, estendendo a mão para ela, mas ela se


encolhe quando meus dedos tocam sua pele. — Eu vou te levar para casa.
Eu tenho Kelley esperando lá embaixo, ele vai te levar direto para a sua
casa.

— E depois? — Ela ri amargamente, sem felicidade no som. — Eles


não vão manter isso em segredo como você fez, Dexter. Eles vão contar a
todos - e então minha vida estará acabada.

Eu me esforço para encontrar as palavras para acalmá-la, sabendo


que ela está certa. Não há como Easton manter a boca fechada sobre isso.
Pandora será uma pária na escola. Ela será exposta, seu status de
primogênita retirado. A vida dela vai acabar. A menos que…

— Eu sou a razão de tudo isso acontecer, — eu digo. — É minha


culpa que isso aconteceu com você. Então, eu juro para você agora,
Pandora, vou compensar tudo que você passou.

— Como? — ela exige, balançando a cabeça em descrença


frustrada. — Não há nada que você possa fazer, Dexter. Acabou para
mim. Estou acabada em Eden Falls.

— Não se depender de mim, — digo a ela, oferecendo-lhe minha


mão para ajudá-la a sair da cama em que a contaminaram. — Venha
comigo, Pandora. Vou tornar tudo melhor. Não vou sair do seu lado na
escola, vou te proteger. Vou garantir que ninguém nunca mais machuque
você.

É o máximo que posso dar a ela, a promessa pairando no ar entre


nós enquanto ela me olha com desconfiança, seu olhar procurando o meu
por outro motivo oculto. Odeio que tenha chegado a esse ponto, que ela
não possa mais confiar em mim, mas sou um homem de palavra e
pretendo totalmente, proteger Pandora dos outros, como prometi.

Finalmente, ela coloca sua mão na minha e eu a puxo para fora da


cama.

— Onde estão suas roupas? — Eu a questiono, e ela me lança um


longo olhar que diz tudo.

— Eles as levaram, — ela finalmente murmura, e eu xinguei


baixinho antes de tirar minha jaqueta e envolvê-la nela.

— Vamos, vou te levar para casa.

— E quanto ao meu pai? — Ela pergunta, seu lábio inferior se


projetando. — Ele vai me matar, porra.

— Não, — eu digo resolutamente. — Vou me certificar de que você


está bem, não se preocupe. Vamos, precisamos dar o fora daqui.

Eu a levo para fora da casa, para um Kelley chocado que não diz
uma palavra, apenas abre a porta do carro para nós e silenciosamente
dirige para longe da casa de Julian no lago.

Pandora fica quieta durante todo o trajeto para casa, e eu aproveito


todas as chances que posso para verificar se ela está bem. Tirando a
maquiagem arruinada, ela se parece com a garota que tem sido o meu
espinho por meses. Mas há algo diferente - a maneira como ela se
comporta, a maneira como ela desvia o olhar mansamente cada vez que
meus olhos encontram os dela. Seu desafio se foi, eliminado pelos
meninos que chamei de meus amigos apenas um dia atrás.

Eles a quebraram.

Eles a quebraram de uma maneira que eu nunca consegui.


2
PANDORA

O carro para na frente da Propriedade dos Oakes, mas fico grudada


no meu lugar. Eu não quero me mover. Eu não quero entrar; não quero
admitir que o que aconteceu comigo naquela casa do lago foi real. Dizê-
lo em voz alta tornará a situação horrível demais. Minha mente já está
nebulosa. Eu posso sentir que estou desaparecendo e, embora esteja me
agarrando a qualquer coisa para me manter sã, estou ficando cansada
pra caralho. Vale a pena ficar aqui, com essas pessoas que querem nada
mais do que me arruinar? Seria muito mais fácil simplesmente escapar...
deixar as sombras me levarem e construir uma parede que nem mesmo
os gritos de meu pai podem penetrar.

— Eu vou com você, — oferece Dexter, e eu me viro no assento,


dando uma longa olhada em meu improvável salvador. — Vai ficar tudo
bem se eu estiver aí com você. Vou convencê-lo de que não foi sua culpa.

— Convencê-lo? — Eu ri. — Não foi minha culpa, Dexter. Na


verdade, tudo isso é culpa sua, porra!

Ele me olha com um olhar frio, mas posso ver o fogo silencioso que
assola dentro dele.

— Você não vai dizer nada? — Eu deixo escapar, olhando-o. — Você


nem vai se defender, seu idiota?

Ele permanece quieto, seu olhar fixo no meu enquanto espera que
eu continue. Eu gemo, esfregando meus olhos assim que a porta do carro
se abre.

— Senhor, vou trazê-la assim que... — Kelley se apressa para dizer,


pisando na frente do meu enfurecido pai.
Mas o homem não escuta, passando por Dexter e me agarrando
pelo cabelo, me fazendo gritar de dor enquanto ele me arrasta para fora
do veículo.

— Sua vagabunda de merda, — ele diz com nojo frio. — Eu deveria


saber que você seria a única a desgraçar esta família! Criada em outro
lugar como uma plebeia, agindo como uma pirralha nobre sem boas
maneiras... Se eu não tivesse feito você fazer o teste de DNA, estaria me
perguntando se você é mesmo minha filha!

Eu grito quando ele me deixa cair no cascalho, olhando para ele


com puro desgosto. Dexter sai rápido do carro e precisa dele e Kelley para
segurar meu pai antes que ele possa bater em meu corpo imóvel pelo que
foi feito comigo.

— Você me envergonha, — meu pai cospe no chão, enxugando a


boca com a manga do paletó. — Estou envergonhado pra caralho por você
ser do meu sangue, da minha porra de família, minha Primogênita, nada
menos! Bem, não mais, filha. Eu já aguentei você por tempo suficiente.

— Por favor, Emilian, vamos falar sobre isso, — interrompe Dexter,


colocando uma mão calmante no ombro do meu pai. — Não vamos nos
precipitar aqui, ainda há muito para discutirmos...

— E você! — Papai ruge de volta à vida, girando sobre os


calcanhares e apertando o dedo contra o peito de Dexter. — Você é a
razão de tudo isso acontecer. Porque você não conseguia manter suas
patas imundas longe dela, e você os fazia querer o mesmo.

Ele me olha com puro desgosto, do jeito que nenhum pai deveria
olhar para a filha enquanto murmura: — Ainda não entendo por que, ela
não é nada. Não é bonita. Não é inteligente. A porra de um nada.

As palavras me queimam como facas, mas eu não choro. Em vez


disso, eu me levanto do cascalho, as pedras cravando em meus pés
descalços. Está frio pra caralho aqui fora, e eu quero ir para o meu
quarto, me enterrar sob os cobertores da minha cama e fingir que nada
disso nunca aconteceu.

— Vamos entrar, — sugere Dexter. — Vamos, não podemos


conversar aqui.

Meu pai geme, esfregando as têmporas, enquanto Kelley me oferece


uma mão amiga e me leva pelo cascalho para dentro da casa. Sinto a
vergonha queimando minhas bochechas quando entramos em casa e
encontramos Minnie e Belle ali, nos observando atentamente.

— O que diabos vocês estão olhando? — Meu pai ruge para a vida
enquanto entramos. — Voltem para o trabalho!

As duas se levantam, cada uma seguindo em uma direção diferente


da casa. Meu pai se vira para mim agora, seu rosto contorcido em
desgosto enquanto ele murmura: — Meu escritório, agora, porra.

Kelley me dá um aceno de desculpas. Agora estou com Dexter e


meu pai, e não sei qual deles eu odeio mais. Sem palavras, passo atrás
de meu pai e sigo os dois homens escada acima até o escritório imaculado
de Emilian. Quero perguntar se posso pegar algumas roupas e lavar o
rosto, mas estou com muita vergonha e tenho a sensação de que meu pai
diria não apenas para me foder mais.

Em seu escritório em casa, o meu pai se senta atrás de sua mesa


enquanto Dexter pega a outra cadeira. Eu envolvo sua jaqueta em volta
do meu corpo com força, tentando esconder o que posso. Uma profunda
necessidade de vingança me incendeia ao sentar no sofá caro Chesterfield
no escritório do meu pai, sem dar a mínima que ele está me lançando
olhares sujos. Eu mereço sentar.

— O que aconteceu? — meu pai exige agora, sua pergunta dirigida


a Dexter.
— Brantley, — meu ex-noivo grita. — Ele a levou para a cabana do
lago de Julian.

— Você transou com ele? — meu pai exige, e eu olho para longe,
me contorcendo sob o peso de seu olhar. — Você transou com o garoto
Brantley?

Eu não posso responder. Eu tento, abrindo minha boca, mas


nenhuma palavra sai.

— Ela... — Dexter olha para mim pedindo permissão, mas eu não


suporto nem olhar para ele. — Ela transou.

— Porra! — Papai bate com o punho na mesa, fazendo-me tremer


na cadeira. — Você é uma vagabunda maldita, Pandora. Dois meninos
desde que você voltou e ainda não se passaram três meses. Fodidamente
inacreditável!

— Eu não acho que foi inteiramente culpa dela, — Dex fala, e eu


lanço a ele um olhar irritado. — Eles…

— Eles? — Meu pai está borbulhando de raiva. — Quem são eles?

— Os... caras, — Dex consegue dizer. — Eles estavam todos lá.

— Seus amigos?

— Meus... eu acho que não somos exatamente amigos agora, —


Dexter faz uma careta. — Lai. Julian. Caspian.

— Agora, diga-me que todos dormiram com ela, — meu pai ri


amargamente, mas no momento em que olha para Dexter e meu rosto
culpado, ele sabe que foi exatamente o que aconteceu. — Como isso é
fodidamente possível? Que desculpa você poderia ter para isso, filha?

— Não foi consensual, — eu cuspi. — Eles me machucaram, porra.

— Todos eles? — Meu pai exige.


— Eu... — Eu me esforço para encontrar as palavras. — Apenas
três... Easton... eu queria que ele fizesse isso.

— Pronto. — papai fala, e a calma em sua voz me deixa com muito


medo. — Você acabou em Eden Falls. Estou mandando você de volta para
Santa Cécile.

— Não faça isso, — eu imploro, correndo para sua mesa e fazendo-


o recuar. — Por favor, eu não quero voltar lá. Mande-me de volta para
Wildwood, apenas me mande de volta para casa.

— Oh, você gostaria disso, não é? — O meu pai rosna. — Você


adoraria voltar lá. Bem, isso não está acontecendo, porra. Você é meu
sangue — infelizmente — e você vai ficar em Eden Falls.

Dexter e eu esperamos que ele continue, mas ele apenas esfrega os


olhos, suspirando.

— Posso ir para o meu quarto? — Minha voz é quase um sussurro


e estou tremendo. — Eu só preciso descansar um pouco, por favor.

— Vá, — Papai acena com a mão com desdém. — Eu não quero


olhar para você. Mas vamos falar sobre seus privilégios de Primogênito
em breve, Pandora. Não estou inclinado a deixar que você os mantenha,
especialmente porque você os fodeu o que, cinco vezes agora... Que merda
de vagabunda. Não acredito que você é minha filha.

Eu engulo minha resposta, meus olhos demorando em Dexter


antes de me virar e deixá-los parados ali em seus rostos silenciosos. Não
vou mais lidar com eles. Preciso descansar um pouco antes de desmaiar.

Subo para o meu quarto, fechando suavemente a porta atrás de


mim e rastejando para a cama. Eu me sinto suja, mas estou tão cansada
que não consigo nem pensar em um banho. Primeiro, preciso dormir.

Eu me enterro sob o edredom, fechando os olhos com firmeza, mas


os demônios que me perseguem se recusam a ir embora. Não consigo me
livrar do som assustador da voz de Easton, de todos os outros caras
enquanto me fodiam. Eu nunca vou perdoá-los pelo que fizeram comigo.
Eles me fizeram gozar quando estavam me fodendo. Eles fizeram meu
corpo pensar que eu estava gostando de seu ataque cruel, e nunca vou
perdoá-los por isso.

Sabendo que preciso planejar minha vingança, abro meus olhos


novamente e olho para o teto. Não posso deixá-los escapar impunes. Eles
merecem pagar pelo que fizeram, e eu sou a única que pode fazer com
que eles paguem por isso. Eu preciso ter um plano. Eu preciso descobrir
como me vingar deles. Eu cansei de deixá-los brincar comigo.

Agora, é hora de eles pagarem.

O sono foge de mim, embora eu esteja exausta. As mesmas imagens


e sons continuam tocando indefinidamente em minha mente, me
distraindo de um descanso. Então, o que deve ser horas depois da minha
conversa com meu pai, ouço o toque fraco do meu telefone. Eu pego
debaixo do meu travesseiro e franzo a testa quando vejo o nome de Dexter
piscando na tela. Eu mordo meu lábio inferior, em seguida, atendo a
chamada.

— Que porra você quer?

Há uma pequena pausa. Eu ouço a respiração profunda e pesada


de Dexter, que é estranhamente calmante. Então, ele finalmente fala. —
Eu quero ajudar você.

— Bem, você fez um trabalho de merda até agora. — Estou


chateada e não me importa que ele saiba disso. É hora de ele começar a
rastejar. — Achei que você fosse me proteger, Dexter. Você fez exatamente
o oposto disso.

— Eu sinto muito. — Estou chocada que essas pequenas palavras


sejam realmente parte de seu vocabulário, mas não dou a ele a satisfação
de uma resposta, em vez disso, espero teimosamente que ele continue. E,
finalmente, ele o faz. — Vou garantir que eles paguem pelo que fizeram a
você.

— Não há necessidade, — eu assobio. — Eu posso cuidar de mim


mesma. Você é bastante inútil nisso, de qualquer maneira, como você
provou várias vezes.

— Pandora, você precisa me deixar ajudá-la.

— Não, eu não preciso fazer nada. — Eu quero arranhar seu rosto.


Infelizmente ele não está na mesma sala. — Você percebe o que significa
se meu pai tirar meus privilégios de primogênito, não é, Dexter? É como
se eu já estivesse acabada nesta cidade. Não terei nenhuma autoridade.
Todo mundo já está mexendo comigo. O que vai acontecer se eu não for
mais uma primogênita? Serei uma ninguém. Vulnerável. Você não
consegue entender isso?

— Eu consigo. — Sua voz está gravemente séria. — É por isso que


você precisa me deixar ajudá-la, Pandora. Estou aqui para ajudá-la. Vou
tornar tudo melhor, eu prometo.

— Como? — Minha voz está tremendo, quebrando. Apesar de


querer estar confiante, preciso de alguma orientação. Não tenho ideia de
como vou sobreviver em Eden Falls sem ninguém me ajudando.

— Apenas confie em mim, — ele continua. — Deixe-me cuidar de


você.

— Eu posso cuidar de mim mesma, — eu consigo dizer fracamente.

— Eu sei que você pode. — A voz de Dexter é surpreendentemente


doce. Na verdade, parece que ele quer me ajudar. — Mas às vezes você
precisa deixar as pessoas entrarem para que possam tornar as coisas um
pouco mais fáceis para você, ok? Eu só quero ajudar.
— Você vai me perdoar se eu for cautelosa, — eu cuspi. — Não acho
que devo confiar em você. Tudo o que você fez desde que cheguei aqui foi
tentar me deixar infeliz.

Ele fica em silêncio do outro lado novamente e, finalmente, ele fala


novamente. — Eu prometo que vou consertar as coisas, Pandora.

— É melhor você conseguir.

— Como posso ajudá-la agora? — Ver o maldito Dexter Booth tão


ansioso para me ajudar é uma vitória em si, mas eu realmente quero a
ajuda dele? É algo que ainda não decidi.

— Eu só quero descansar, — eu sussurro. — Estou cansada pra


caralho. E não consigo dormir.

— Por quê?

— O que você acha? — Eu grito. — Por causa do que eles fizeram


comigo, Dexter... Por causa do que seus malditos amigos me fizeram
passar! — Sinto a ardência traidora de lágrimas em meus olhos, e agora
estou grata por Dexter não estar na mesma sala, então ele não pode
testemunhar meu colapso. Eu odeio as pessoas me vendo ficar fraca. Eu
quero ser forte. Sempre.

— Deixe-me ajudá-la a dormir, — Dexter fala. — Apenas me escute


e deite-se, fique confortável.

— Sua voz não é tão calmante, — eu sussurro, mas ainda assim,


fico confortável na minha cama cercada por travesseiros fofos. Não conto
a Dexter que a razão pela qual sua voz não está me acalmando é porque
ainda faz meu coração disparar e minha boceta doer, apesar de tudo que
aconteceu. Eu não quero que ele saiba disso. Ele ficaria muito orgulhoso
de si mesmo e não quero alimentar seu maldito ego. — Mas tudo bem,
vamos tentar. Faça sua mágica.
— Imagine que eu estou ao seu lado. — Sua voz é áspera, tensa
pela emoção. — Deitado ao seu lado na cama. Você pode fazer isso por
mim?

— Sim, — eu sussurro.

— Boa garota. — Ainda assim, as duas pequenas palavras enviam


um arrepio de excitação pelo meu corpo. — Feche seus olhos para mim.
Imagine que eu estou aí - ou se não eu, alguém que possa confortá-la.
Talvez sua irmã?

Meu lábio inferior balança com a menção de Andie. Eu sinto tanto


a falta dela que dói pra caralho. — Ok, — eu consigo sair.

— Eu a abraçaria com tanta força agora, Pandora, — murmura


Dexter. — Eu seguraria você bem contra o meu peito e sussurraria em
seu ouvido que tudo vai ficar bem. Que eu vou cuidar de você. Que eu
vou me certificar de que eles paguem pelo que fizeram com você. Você
pode imaginar isso para mim? Meus braços ao redor de você. Meus lábios
contra sua testa. Só te segurando e dizendo que tudo vai ficar bem.

— Sim. — Meus olhos estão ficando pesados. Suas palavras estão


realmente ajudando, embora eu nunca vá admitir isso. — Continue,
Dexter... por favor.

Se ele está surpreso por eu ter pedido a ele para continuar, ele não
demonstra. Em vez disso, ele continua falando comigo em tons baixos e
calmantes, e as palavras lentamente me embalam para dormir. Meus
olhos se fecham com o telefone ainda pressionado contra meu ouvido e,
quando acordo horas depois, a ligação acabou e estou sozinha na
escuridão.
3
PANDORA

Eu me arrasto para fora da cama na manhã seguinte, gemendo


quando olho para meu reflexo no espelho. Eu pareço ter sido arrastada
pela lama.

Um banho longo e quente me faz sentir um pouco melhor, e


prolongo o tempo que passo no banheiro, esfregando-me até minha pele
queimar. É hora de mais um café da manhã em família, que estou
temendo, porque sei que vai mudar o curso da minha vida. Meu pai já
ameaçou tirar meus privilégios de Primogênita antes, e tenho a sensação
de que não serei capaz de convencê-lo a guardar esse segredo.

Vestindo-me com um vestido branco simples e meia-calça preta, eu


lentamente desço as escadas. Eu sou a primeira na mesa do café da
manhã, e eu deslizo em uma cadeira silenciosamente, meus olhos
grudados no prato na minha frente.

Os outros entram sem dizer uma palavra para mim. Tatianna, linda
e em algum lugar distante em seus pensamentos. Bryony, que não liga
para mim e coloca uma única fatia de laranja em seu prato de café da
manhã da enorme seleção diante de nós. Acho que é o café da manhã
dela.

Papai e Brazen entram juntos, envolvidos em uma discussão que


prefiro não ouvir. Estamos todos lá agora, empilhando comida em nossos
pratos e comemos café da manhã. A sensação de pavor na minha barriga
não vai embora, e eu tremo pensando no que meu pai fará a seguir. Eu
não tenho que esperar muito. Com menos de dez minutos de refeição, ele
pigarreia e diz meu nome em sua voz autoritária que não deixa espaço
para discussão.
Eu olho para ele, os olhos arregalados e implorando para ele ter
um pouco de misericórdia por mim, embora eu saiba que não há
esperança. Seu próprio olhar é duro e implacável, e ele começa a falar
sem sequer me perguntar como estou me sentindo depois de ontem à
noite.

— Cheguei à conclusão de que não posso continuar a perdoá-la por


suas transgressões, — diz papai. — Eu tenho feito isso por muito tempo,
e tudo o que fiz foi ser conivente com você. É hora de você se tornar um
membro adequado desta família. Eu não dou desculpas para meus filhos,
e tenho facilitado com você desde que chegou de volta.

Estou tentada a rir em voz alta, mas sua expressão séria me faz
parar no meio do caminho. Melhor não alimentar a besta.

— Dada a minha decisão, serei o primeiro a explicar o que vai


acontecer a seguir. — Ele coloca as mãos sobre a mesa, seus olhos
perfurando os meus. — A partir de hoje, você não é mais uma
primogênita.

Meu coração afunda com as palavras. Ele pode muito bem me dar
uma sentença de morte. Eu terminei em Eden Falls agora. Eu não discuto
de imediato, perplexa demais para encontrar palavras enquanto o ouço
continuar.

— A partir de agora, todos os direitos e privilégios do Primogênito


estão indo para o seu irmão, — diz ele, dando a Brazen um sorriso firme.
— Eu acredito que você vai me deixar orgulhoso, filho.

Eu sigo seu olhar para Brazen, seus olhos se afastando dos meus,
como se ele não pudesse suportar olhar para mim. Claro que ele não
pode. Ele sabe tão bem quanto eu - tão bem quanto meu pai - o que isso
significa para mim.

— Então é isso, — eu consigo. — Acabou, assim mesmo.


— Não, — sibila ele. — Não acabou, sua pirralha mimada. Você
ainda tem um dever, um papel a cumprir nesta família.

— Ah! É mesmo? — Minhas palavras estão cheias de sarcasmo e


jogo meu guardanapo na mesa. — E com isso você quer dizer que tenho
que me casar com quem você acha que vai lhe dar mais vantagem nesta
cidade.

— Ouça, sua prostituta ingrata, — diz o papai, sua voz


chocantemente calma, um forte contraste com as palavras que saem de
seus lábios. — Você é um peão. Quanto mais cedo você perceber isso,
melhor. Sorte que eu não a mandei de volta para Santa Cécile para passar
o resto de sua triste vida lá.

— Você não me possui.

— É aí que você está errada, — ele me diz com entusiasmo. — E


não se esqueça disso, filha.

Eu olho para Tianna e Bryony como apoio, mas nenhuma delas


quer encontrar meus olhos. — Tudo bem, — eu ri. — Que seja assim,
então. Você pode ter sua família perfeita. Mas não pense que não vou
passar a vida inteira lutando contra isso. Lutando contra você.

— Eu gostaria de ver você tentar. — Eu odeio o quão confiante ele


está. Com que facilidade ele me dispensa, como se eu não fosse nada
além de uma garotinha boba que precisa ser disciplinada e enviada para
o caminho certo. — Agora, Brazen, como eu já expliquei, você terá alguns
novos deveres dado o status que você acabou de obter. Espero que você
me trate com respeito, ao contrário de sua irmã malcriada aqui.

— Eu não...

— Cale a boca, — murmura Tianna, batendo minha perna debaixo


da mesa e me dando um olhar significativo. — Sério. Você só está cavando
um buraco mais fundo.
Eu fico de mau humor em vez disso, olhando para meu pai
enquanto ele explica seu novo papel para meu irmão. Mas não posso
segurar meus comentários por muito tempo, e logo, abro minha boca
novamente.

— Com quem Brazen vai se casar, então? — Os olhos de Brazen


me alertam para calar a boca, mas me recuso a dar ouvidos ao aviso. —
Ele pode se casar com quem ele quiser?

— Ele vai se casar com Coco Rose, — meu pai diz calmamente, me
fazendo explodir. — O que, sua garota estúpida? O que é agora?

— Coco Rose? — Eu repito. — Mas ele não... ele mal a conhece! E


você sabe que ele está apaixonado por...

— Pandora. — A voz de Brazen está cheia de veneno. — Eu acho


que você deveria calar a boca agora.

— E eu acho que você deveria...

— Já deu! — A mão do meu pai bate na mesa, deixando todos nós


sem palavras. — Você precisa começar a ouvir as pessoas que estão
acima de você, Pandora. E você precisa parar de ser uma pirralha
espertinha, porque não vai funcionar para você.

Já ouvi o suficiente sobre as ameaças de papai para saber que ele


está falando sério, então sigo seu conselho e mantenho minha boca
fechada. Apesar de tudo, não posso deixar de sentir um pouco de pena
de Brazen. Ele está no mesmo enigma que eu estava agora, forçado a se
casar com alguém que ele mal conhece e certamente não sente nada.

Fico quieta pelo resto da refeição e, no momento em que papai se


levanta para ir embora, também empurro minha cadeira para trás,
ansiosa para dar o fora deles.

— Pandora, — ele grita atrás de mim, e eu olho para ele por cima
do ombro. — Eu não terminei com você. Eu acho que você deveria receber
uma punição, embora eu tenha certeza de que ter seus privilégios de
Primogênito retirados será o suficiente para colocá-la no caminho certo.

O desgraçado sabe o que vão fazer comigo na escola. Como se não


bastasse, tenho que olhar para os meninos que me foderam a partir de
amanhã e provavelmente pelo resto da minha vida. Eu terei que suportar
a tortura de todos os outros, todos aqueles alunos que ficarão
maravilhados com a chance de torturar a nova garota que nunca
pertenceu lá em primeiro lugar.

— Você já pensou que suas ações vão te alcançar? — Eu pergunto


ao papai. — Porque eu acho que elas vão. E eu mal posso esperar para
ver você pagar por tudo que você fez para nós.

Com essas palavras, eu o deixo parado ali, me afastando da


bagunça que é a minha vida, e direto para outra situação esperando por
mim no meu quarto.

Eu fecho a porta do meu quarto atrás de mim, me virando e tendo


o maior choque da minha vida quando vejo Easton Brantley sentado na
minha cama.

— Seu idiota do caralho, — eu assobio. — O que diabos você está


fazendo aqui?

Estou nele em segundos, os punhos martelando seu peito largo e


as lágrimas que segurei a noite toda, finalmente lutando para sair dos
meus olhos. Ele me deixa bater nele, nem mesmo fazendo um movimento
para me afastar. O bastardo simplesmente recebe, o que só me enfurece
mais.

— Como você ousa aparecer aqui, — eu grito. — Quem deixou você


entrar? Como você ousa bisbilhotar no meu quarto, seu valentão de
merda, seu monstro, seu... seu... estuprador!
— Fique quieta, — ele finalmente fala, agarrando-me pelos pulsos
e forçando meus braços para baixo. — Você quer que eu seja expulso?

— Na verdade, sim, — eu assobio para ele. — Como você ousa


mostrar sua cara aqui depois do que você fez. Eu nunca quero te ver de
novo.

— Que azar. — Seus olhos queimam contra os meus, e eu ainda


sinto os restos de faíscas entre nós, as que ele apagou tão facilmente.
Poderíamos ter sido tão especiais se ele não tivesse fodido tudo. — Você
está presa a mim por enquanto, Pandora. Ninguém está ouvindo, certo?

— Não que eu saiba, — murmuro. — O que diabos você quer,


afinal? Apenas me diga e dê o fora daqui.

— Isso não diz respeito à outra noite. — Ele me encara. — O que


aconteceu não teve nada a ver com você como pessoa, Pandora. Você era
um peão no jogo de Booth e foi usado como um.

— Foda-se. Eu me pergunto como essa desculpa funcionaria com


a polícia.

Ele sorri, dizendo: — Boa sorte em convencer qualquer policial em


Eden Falls a prender um Primogênito. Além disso, Pandora, pelo que me
lembro, você foi uma participante muito disposta em nossos jogos.

— Cale a boca, — eu assobio.

— É a verdade, não é? No final você estava implorando por isso. —


Ele ri na minha cara, o idiota. — Não que seja importante agora. Vim aqui
por um motivo diferente.

— O que é? — Eu exijo. — Apenas fale e dê o fora daqui.

— Eu te disse, um Brantley sempre mantém sua promessa.

Eu aceno, sentindo-me entorpecida enquanto olhamos um para o


outro. — Então? O que isso tem a ver com alguma coisa?
— Eu prometi que ajudaria você a encontrar sua mãe, — ele
termina, e meu coração pula uma batida. Minha mãe. A mulher que está
praticamente morta em Eden Falls e que nem tentou me encontrar o
tempo todo. — Estou aqui para cumprir essa promessa.

— Você a encontrou? — Minha voz é quase um sussurro, minhas


mãos tremendo enquanto agarro sua camisa. — Onde ela está?

— Acalme-se. — Ele arranca meus dedos dele. — Eu tenho o


endereço dela bem aqui. — Ele pega um envelope simples e o balança
diante dos meus olhos. Tento agarrá-lo, mas ele é rápido demais para
mim. — Agora você tem que me fazer uma promessa primeiro, antes que
eu possa deixar você cumpri-la. Você entende isso?

— Sim, — eu digo com os dentes cerrados. — O que você quer?

— Você não nos causa problemas, não diremos a ninguém o quanto


você secretamente adorou, — explica ele. — É simples. E eu lhe darei o
endereço em troca de sua... cooperação.

— Você é uma figura, Brantley.

— Assim como você, Srta. Oakes. — Ele me abre um sorriso


brilhante e balança o envelope novamente, mais uma vez rápido demais
para eu agarrá-lo. — Então, temos um acordo aqui?

— Está bem. — Ele me deixa arrancar o envelope de seus dedos e


eu rasgo o papel para chegar ao endereço escrito no verso do cartão de
Easton.

— Tão ansiosa, — ele sorri. — Sua mãe significa muito para você?

— Não, — murmuro. — Minha mãe verdadeira sim, mas ela está


em Wildwood. Mas eu preciso de alguém do meu lado. As coisas não estão
indo bem aqui.
— O que você está pensando em resgatar? — Eu não respondo a
ele. Meus olhos falam por si. Easton franze as sobrancelhas com
preocupação. — Tem certeza de que é uma boa ideia?

— Tudo que sei é que preciso dar o fora daqui, — murmuro. — O


mais longe possível de Eden Falls.

— Tudo bem, — ele prolonga. — Bem, boa sorte com tudo, Pandora.
Lembre-se de manter sua palavra.

— E quanto a escola? — Eu pergunto quando ele já tem uma perna


fora da janela. Ele se vira para me encarar.

— O que tem a escola?

— Eu vou ter um tempo difícil lá. Você sabe que eu perdi meu
status de primogênita?

— Você perdeu isso quando decidiu foder Dexter, — ele grunhe. —


Não aja como uma criança mimada, Pandora, isso realmente não
combina com você.

— Apenas suma, — murmuro, acenando para ele. Não sei por que
pensei que poderia confiar nele. Ele nunca teve interesses em meu bem
estar.

Ele desaparece pela janela e fico sozinha com o cartão em meus


dedos trêmulos. Viro de novo, lendo o endereço que já sei de cor.

221 Lyre Street, North Haven.

Eu vou fazer uma visita há ela muito em breve.

Espero que ela esteja pronta para o que está por vir.
4
PANDORA

No momento em que acordo na manhã seguinte, sei que o dia vai


ser doloroso.

É o meu primeiro dia de volta à Eden Falls Prep, e eu já sei que vou
ser alvo de rumores maldosos, no mínimo. É oficial agora - Brazen se
tornou o primogênito da família Oakes, e eu estou reduzida a nada. Meu
pai foi tão longe para tirar todos os meus direitos, tornando Tianna a
congênita de nossa família. Não sou nada agora. Todos vão aproveitar

Até Kelley parece perceber isso, lançando-me um olhar de


desculpas enquanto me deixa no portão da escola. — Aqui estamos, Srta.
Pandora. Espero que você tenha um bom dia na escola.

— Obrigada, Kelley. — Respiro fundo antes de abrir a porta do carro


e subir os degraus de pedra que levam à escola. As paredes de tijolos
cobertas com hera parecem mais ameaçadoras do que nunca, como se
estivessem escondendo mil segredos sussurrados entre quatro paredes.
Eu suspiro e sigo para o pátio. Não demora muito para que a tortura
comece.

— Oh, olhe quem é! — Eu olho para cima para encontrar Lai


olhando para mim, se afastando de um grupo de meninos com as mãos
nos bolsos e um largo sorriso no rosto. — A aspirante à pequena Lily
Anna.

— Vá se foder, Lai, — murmuro.

— Como é que é? — Ele finge choque, me irritando ainda mais. —


Isso é jeito de falar com um primogênito?
Um pequeno grupo se reuniu no pátio para vê-lo me atormentar e,
enquanto ele ri de mim, meus olhos examinam a multidão. Lá está
Araminta, com um sorriso de desculpas e encolhendo os ombros quando
me vê olhando. Ela não dá a mínima. Ela já me disse que não é uma
amiga confiável - ela fica do lado de quem for mais conveniente.

— Oh, suponho que ninguém tenha te explicado ainda, — Lai


continua, avançando para mim. — Você não é mais uma de nós. Você
não receberá nenhum tratamento especial de agora em diante, Pandora.

— Eu nunca pedi nada a você, — eu sibilo para ele. — Só que você


me deixasse em paz.

— Bem, azar o seu. — Ele enfia os polegares nos bolsos, sorrindo


para mim. — Sua vida vai ser um inferno de agora em diante. Eu só
espero que você esteja pronta para o que estamos prestes a fazer com
você.

Eu ando até ele, sem dar a mínima para as consequências


enquanto coloco meu dedo em seu peito. — Você já não fez o suficiente,
Lai?

— Não me faça quebrar minha promessa. — Sua voz é um sussurro


baixo e ameaçador. — Pelo que ouvi, você e Brantley fizeram um pequeno
acordo. Você não quer que eu o rompa, quer?

Dou um passo para trás, odiando que ele esteja certo. Ele sorri para
mim, observando minhas bochechas corarem em um rosa profundo
enquanto ele acena para mim. Eu murmuro: — Você é um idiota. Todos
vocês são.

— Me diga algo novo. — Sua atenção está em outra garota agora,


uma linda loira parada na entrada da Prep. — Tenho coisas mais
importantes do que você para lidar agora, pequena Pandora. Espero que
você tenha um ótimo dia na escola. Não tenho dúvidas de que vai ser...
agitado.
Eu rolo meus olhos e empurro o grupo de espectadores em direção
à entrada da escola. Lai pode pensar que vou deixá-los pisar em mim,
mas ele tem outra coisa vindo. Estou pronta para abraçar minha cadela
interior e obter uma séria vingança contra sua gangue de meninos. E eu
com certeza não vou pegar leve com eles.

***

A hora do almoço é um desastre esperando para acontecer. Eu


ando pelo Buffet com minhas mãos tremendo enquanto seguro o prato
de comida. Não tenho ideia de onde me sentar. Araminta não vai me
querer ao lado dela agora, e não é como se eu tivesse feito outros amigos.
Dexter também não está em lugar nenhum, então estou praticamente
sozinha.

Com os dentes cerrados, vou até uma das mesas vazias, me sento
e me sinto uma rejeitada. Suponho que seja isso que eu sou. Como eles
sempre me viram.

Estou comendo minha comida quando alguém toca no meu ombro.


Eu engulo uma última mordida do meu homus antes de respirar fundo e
me virar para ver quem quer bagunçar comigo a seguir.

Audra está me encarando, acompanhada por um cara alto e


corpulento que atualmente está me deixando nua com os olhos. Por
instinto, cruzo os braços sobre o peito e olho para os dois. — O que você
quer?

— Boa menina por perguntar, — Audra ronrona com óbvia


satisfação. A cadela vai adorar brincar comigo agora que eu não posso
exatamente lutar. — Suponho que isso significa que você está pronta
para nos servir.
— Por que diabos eu iria servir você? — Eu assobio. — Tenho coisas
melhores a fazer do que lidar com vadias mimadas como você, Audra.

— Ei, cuidado com essa boca. — O cara alto me encara, seus olhos
cheios de veneno e suas mãos fechando os punhos ao lado do corpo. —
É com minha irmã que você está falando.

— Oh, então há dois de vocês. — Eu reviro meus olhos. — Graças


a Deus por isso.

— Cale a boca, Pandora. — Audra avança sobre mim, mas eu não


recuo. Não tenho medo de uma loira patricinha de pernas compridas. Eu
posso levá-la muito bem. — Ouvi dizer que você perdeu seu status de
primogênito.

— Notícia antiga, — eu aceno minha mão com desdém.

— Talvez, — ela ronrona. — Porque eu também ouvi que você está


sem status agora. O que a coloca mais baixo do que quase todo mundo
nesta cidade. Incluindo eu.

Eu levanto minhas sobrancelhas. — Se você está sugerindo...

— Oh, não estou sugerindo. — Seus lindos olhos azuis brilham. —


Estou mandando.

— Huh? Mandando o quê? — Eu encaro seu irmão, sentindo os


olhos de todos naquele refeitório em mim. — Para eu mostrar a você e
seu irmão a saída? Porque tenho certeza que todos adorariam ver você
sumir.

— Cuidado com essa boca! — Ela mal diz as palavras, tudo sai
como um assobio, e não posso deixar de adorar o efeito que estou
causando nela. — Você está abaixo de mim na classificação, Pandora. É
hora de me vingar. Você vai chupar o pau dele.
Eu olho para seu irmão idiota e balanço minha cabeça, dizendo: —
Uh, não, obrigada. Passo.

— Não foi uma pergunta. — Seu irmão dá um passo à frente, mais


uma vez praticamente babando em cima de mim. — Você sabe que tem
que fazer isso.

— E se eu não fizer? — Eu pergunto, desafiando-o a dar um passo


adiante. Ele é bonito o suficiente - bonito, robusto e alto, mas prefiro
morrer a tocá-lo.

— Se você não fizer isso, — Audra continua, dando-me um olhar


severo. — Você paga da mesma forma que todo mundo sem patente paga
por desrespeitar alguém como eu. Você leva uma surra pública.

— Uma surra pública? — Eu rio alto. — Você tem que estar


brincando comigo.

— Você realmente não leu esse manual muito bem, não é, querida?
— Audra dá uma risadinha irritante e infantil, e empurra o irmão na
minha direção. — Vá em frente, explique para ela.

— Ela está certa, — ele murmura. — Você tem que fazer o que é
mandado. É suficiente se uma pessoa relatar isso às famílias fundadoras.
E como você pode ver, há um grande público aqui.

— Mas isso é uma loucura! — Eu grito. — Eu não vou chupar o seu


pau na frente de todos aqui! — Meus olhos examinam a multidão,
tentando encontrar um aliado, mas mesmo as donas da cozinha não
olham para mim. A raiva começa a ferver dentro de mim, mas o pior é a
sensação de total desamparo contra o que estão prestes a fazer.

— Receio que você não tenha escolha, — diz Audra, estalando os


dedos. Uma garota empurra uma cadeira e o irmão de Audra se senta
com as pernas abertas e sua ereção dolorosamente visível sob o tecido da
calça jeans. — Continue, Pandora. É hora de pagar suas dívidas.
Eu cerro meus punhos e olho para ela, meu coração batendo forte
enquanto tento trabalhar minhas opções. Mas eu continuo sem nada.
Pela primeira vez, gostaria que a gangue de Easton estivesse por perto,
embora eu não tenha tanta certeza de que eles seriam capazes de me
salvar dessa bagunça.

— O que diabos você está esperando? — o irmão late para mim,


espalmando seu pau considerável. — Vamos, comece a chupar.

Eu decido prolongar o máximo possível enquanto tento encontrar


uma solução. Eu levo meu tempo para sair da cadeira, me aproximando
lentamente do idiota sorridente que ainda está me devorando com os
olhos. Audra sorri, nos observando com uma expressão de
autossatisfação, e todo o refeitório está olhando. Este é o momento da
verdade.

— Mudei de ideia, — ronrona Audra. — Eu acho que você deveria


seduzi-lo um pouco primeiro.

— Por quê? Ele já parece bastante animado para mim. — Eu aponto


para a protuberância do cara. — Não sei se ele pode durar nem um
segundo.

— Não discuta comigo. Tire a roupa para ele.

Eu continuo olhando para ela, mas ela apenas sorri para mim,
como se fosse uma ordem normal perfeitamente razoável. Então, eu olho
para o irmão dela enquanto tiro lentamente meu blazer da escola dos
meus ombros. Ele geme e eu rolo meus olhos. Não cheguei nem ao sutiã
e o cara já está praticamente gozando. Que patético.

Eu passo para a minha blusa em seguida, tirando a gravata da


escola do caminho e desabotoando meus botões lentamente.

— Torne isso mais sexy, — o irmão grunhe, e eu me forço a não o


atacar ali mesmo.
Balançando meus quadris ao som da música em minha mente,
tento ignorar todos ao nosso redor e pensar em uma coisa e apenas uma
coisa - vingança. Porque vou me vingar de cada um deles por isso, e
quando eu terminar com eles, Eden Falls não será nada além de um
monte de cinzas e entulho.

Eu continuo repetindo meu mantra em minha cabeça. Eles vão


pagar por isso. Ao mesmo tempo, desabotoo minha blusa e a tiro
lentamente dos ombros, revelando meu sutiã rosa rendado. O irmão de
Audra está com o rosto tão vermelho que poderia explodir no local, e
percebo que tenho mais poder em minhas mãos do que pensava
inicialmente. Afinal, ele está à minha mercê. Eu posso fazer o que eu
quiser com ele. Sou eu quem está no controle aqui.

Seus olhos me engolem quando me aproximo dele, montando-o na


cadeira e fazendo-o gemer alto. Eu posso sentir cada par de olhos no
refeitório em mim, e cerro os dentes para me impedir de gritar para eles
pararem e me ajudarem. Eu sei que eles não têm misericórdia de mim.
Eles querem me ver ser punida tanto quanto querem me ver chupar esse
cara.

— Bem, todo mundo está esperando, — sussurra Audra, e eu luto


contra a vontade de revirar os olhos, colocando minhas mãos espalmadas
no peito de seu irmão. — Mostre-nos o que você tem, Srta. Oakes.

Meus olhos encontram os do irmão de Audra, e seu olhar me


implora para continuar. Ele está vivendo para isso. É provavelmente a
maior ação que ele já teve. Muito ruim para ele, porque vai ter um final
muito desagradável se tudo correr conforme o planejado.

Ele nunca deveria confiar em mim para colocar seu pau em minha
boca. No momento em que meus lábios o envolverem, vou morder o mais
forte que posso, porra. Foda-se as consequências. Foda-se Audra, foda-
se o irmão dela e foda-se esta escola e todos ansiosos por mais.
Quando estou quase saindo do colo do garoto, ele solta um gemido
e, de repente, uma mancha molhada aparece em seu jeans. Eu pulo para
trás, olhando para ele sem acreditar enquanto começo a abotoar minha
blusa de volta. — Bem. Parece que você não precisava de mim, afinal.

Ele cora tanto que estou preocupada que ele vai explodir em
chamas no local, e todo o refeitório ri quando ele sai correndo,
envergonhado e com uma mancha do tamanho do meu punho em seu
jeans. Audra se vira para me encarar, obviamente furiosa, e eu dou a ela
um olhar triunfante.

— Algo mais? — Eu pergunto a ela docemente. — Ou foi essa a sua


única ideia para me humilhar? Porque, devo dizer, pensei que você
poderia fazer melhor do que isso, Audra.

— Oh, você quer melhor do que isso? — ela sibila, levantando-se


na minha cara. — Eu posso fazer muito mais por você, sua vadia
estúpida. Você está em um mundo de problemas. Que tal aquela punição
que eu prometi a você?

— Eu o fiz gozar. — Eu cruzo meus braços na frente do meu corpo


e olho para ela defensivamente. — O que mais você quer?

— Eu disse para você chupar ele. — Ela me encara de volta. — Você


não fez isso, fez?

— Eu não poderia. Ele estava muito ansioso, como tenho certeza


que todos aqui notaram.

— Que desculpa conveniente. — Ela enrola uma mecha de cabelo


loiro platinado em seu dedo. — Eu não acho que devemos deixar você se
safar com isso. Você sabe que é o suficiente se uma pessoa disser que
você não fez o suficiente, certo? Vejo uma sala inteira de pessoas que
estariam dispostas a dedurar você para as famílias fundadoras. A menos
que você tenha feito alguns amigos que estão dispostos a protegê-la?
A vadia sabe onde bater pra doer.

Meus olhos examinam o refeitório. Não há ninguém aqui que eu


consideraria um amigo. A mais próxima de uma amiga é Minnie, e ela
não estuda na Prep.

— Você quer que eu seja chicoteada? — Eu pergunto a Audra, e ela


acena com um sorriso quase maníaco. — Tudo bem, vá em frente. Melhor
do que chupar o pau flácido do seu irmão perdedor.

— Você... — Ela está tão irritada que fica completamente branca.


— Tudo bem. Será seu funeral de merda.

— Apenas me dê a hora e o lugar. Eu estarei lá.

— Você é uma idiota de merda, Pandora, — ela me diz com


veemência. — Eles não serão fáceis para você. Uma transgressão como
essa é imperdoável.

— Bem, então terei que torná-la memorável, não é? — Eu grito para


ela. — Para que ninguém cometa o mesmo erro que eu. Você pode me dar
um exemplo. Lembre-se de uma coisa, vadia. A vingança é um prato que
se serve frio.

— Vingança? — Ela ri na minha cara. — Você continua dizendo


essas palavras grandes, mas acho que não é nem de longe corajosa o
suficiente para colocá-las em ação.

— Espere e veja. — Eu me viro, me afastando dela enquanto as


pessoas aplaudem e torcem em minha direção. Eu não ligo para eles. Eu
sei que eles não são meus amigos de verdade. Eles vão me apunhalar
pelas costas na primeira chance que tiverem.

Mas isso só tornará minha vingança mais doce.


5
DEXTER

No dia de sua surra, Pandora está surpreendentemente calma.

Eu só tive breves momentos aqui e ali para falar com ela sobre o
que vai acontecer. Eu gostaria de estar no refeitório quando Audra
decidiu puni-la. Eu teria colocado meu pé no chão, tirado ela de lá.
Sempre soube como girar Audra bem em volta do meu dedo. Mas agora,
o que está feito está feito, e meu brinquedo terá que sofrer as
consequências.

As chicotadas acontecem na prefeitura, em uma grande sala em


formato de teatro com palco. Como regra, supõe-se que um dos pais
fundadores é o responsável pelas chicotadas, e ninguém se surpreendeu
quando o próprio pai de Pandora se apresentou. Ele está esperando o
momento de machucá-la e, dessa forma, com ela aos olhos do público,
ele está ainda mais ansioso para lhe ensinar uma lição.

No dia, não tenho chance de falar com Pandora. Estou sentado na


primeira fila da sala de teatro junto com os outros primogênitos que ainda
não falaram muito comigo. Nenhum deles sequer olha para mim. Eu
quero chutar todos os seus traseiros. Como eles permitiram que isso
acontecesse com meu brinquedo está além da minha compreensão.

Audra bate no meu ombro por trás e, quando me viro, estreito os


olhos para ela. Ela é a última coisa de que preciso agora. — Agora não.

— Agora, — ela exige, seu tom ameaçador.

— Não, — eu grito. — Volte para o seu lugar, porra.

— Mas... — Ela franze os lábios. — Eu fiz isso para que finalmente


pudéssemos ficar juntos. Do jeito que devemos fazer.
Seu comentário é um silvo sussurrado, mas eu rio alto de sua
audácia. — Pobre e ingênua Audra. Você realmente pensou que fazer isso
me faria querer você? Nada poderia realizar isso depois do que você fez.

— Mas você não se importa com ela, — ela argumenta. — Ela não
é ninguém!

— Você é uma ninguém, — eu digo com uma voz gelada. — Agora,


porra, me deixe em paz antes que eu te force a subir no palco com ela.

Isso a cala e ela retorna ao seu lugar. A sala inteira fica em silêncio
enquanto as luzes diminuem, os holofotes no palco ficando mais
brilhantes. Pandora é trazida pelo pai de Easton e Caspian, e minhas
mãos formam punhos no apoio de braço enquanto a encaro, tremendo e
vulnerável. Como dita a tradição, ela está apenas vestindo um manto,
mas mesmo isso vai explodir em segundos. Para as chicotadas, quem se
machuca está sempre nu.

Oakes sobe ao palco em seguida, com uma expressão divertida e


um brilho cruel nos olhos enquanto começa a mexer nos chicotes
exibidos na parede atrás dela. Eu quero matá-lo, porra.

— Ajoelhe-se, — diz ele a Pandora, sem nem mesmo olhar para ela.
— Tire esse manto e espere.

Suas mãos trêmulas empurram a seda macia de seu robe para


baixo de seus ombros, acumulando no chão. Meus dentes rangem
enquanto eu a observo, nua e exposta, enquanto seu pai idiota pega sua
arma de tortura. A sala está mortalmente silenciosa. Deve haver pelo
menos cinquenta pessoas assistindo isso, e nenhum deles vai falar por
ela.

Emilian pega um chicote longo e resistente e o coloca no colo da


filha. Pandora soluça abertamente, desmoronando para que todos vejam.
Qualquer outro dia eu teria achado lindo, mas não hoje. Hoje estou
doente com a ideia de ela se machucar pela mão de qualquer pessoa,
exceto a minha.

Oakes levanta o chicote. Está prestes a quebrar suas costas nuas


quando eu me levanto. Todos os olhares se voltam para mim, mas minha
atenção está exclusivamente no homem que matou meus pais.

— Pare com isso. — Minha voz explode e ecoa na sala. Todo mundo
está olhando. — Não a machuque, porra.

Oakes ri alto de mim, e antes que eu possa fazer qualquer coisa,


ele bate nas costas de Pandora com o chicote, com força.

Ninguém poderia me segurar naquele momento. Demoro uma


fração de segundo para chegar ao palco e começar a estrangular o
bastardo enquanto ela choraminga no chão. Estou pronto para matá-lo.
Pronto para acabar com isso agora. Mas alguém me puxa e eu viro meus
olhos enlouquecidos para Lai. Ele apenas balança a cabeça antes de
recuar.

— Você interrompeu... uma chicotada formal. — Oakes está


tentando recuperar o fôlego, puxando a gola de sua camisa branca
enquanto ele olha para mim. — Você sabe qual é a punição para isso,
Booth?

— Eu sei, — eu grito.

— Por que você não conta para todo mundo?

— Troco o lugar com ela. — Minha voz é um sibilo, e Emilian sorri


para mim enquanto ajudo Pandora a se levantar e sussurro em seu
ouvido que tudo vai ficar bem. Eu permito que um dos funcionários da
prefeitura a leve embora enquanto eu me viro para encarar seu pai. —
Você é um monstro do caralho.

— É preciso ser um para conhecer outro. — Ele bate o chicote na


palma da mão. — Pegue o lugar dela.
Eu me ajoelho na frente dele, de costas para ele. Meu coração está
batendo forte. Não consigo imaginar como é ser chicoteado. O que me
choca é que estou disposto a suportar tudo... só para que Pandora não
precise.

Antes que eu pudesse ter outro momento, o chicote estala contra


minhas costas, duro e implacável. Eu engulo o gemido em meus lábios e
me apoio contra o chão. Outro som cortante corta o ar e o chicote me
atinge novamente, então novamente e novamente. Em algum ponto, não
consigo mais me segurar. Eu desabo no chão e Emilian continua indo e
vindo.

— Isso é o suficiente, — eu finalmente ouço através da névoa em


minha mente, de alguma forma me virando para ver Lai levando Oakes
para longe. Ele está com uma expressão de auto satisfação que quero
apagar do rosto dele. Esse filho da puta está mais doente do que qualquer
um de nós.

A dor é quase insuportável. A sala se esvazia lentamente, vozes


abafadas e sussurros acompanhando as pessoas enquanto eles
lentamente saem. Nem mesmo Audra para, para falar comigo. A sala
cheira a vergonha.

Depois de alguns momentos de agonia, eu percebo que há apenas


duas pessoas na sala. Lai e eu.

— Você deve ir, — eu gemo, de alguma forma me levantando e


estremecendo enquanto limpo o sangue das minhas costas com a minha
camisa.

— Eu não posso deixar você assim. — Ele se aproxima, tirando


minha camisa das minhas mãos e colocando-a sobre minhas feridas
abertas. Dói tanto que estou convencido de que vou perder a consciência,
mas cerro os dentes e permito que ele me ajude a levantar. — Chamei um
médico à sua casa. Ele vai cuidar de você.
Eu aceno em sinal de gratidão. Não posso oferecer muito mais. Ele
é meu amigo mais antigo e me decepcionou muito com o que fez com
Pandora.

— Você vai ficar bem? — Lai pergunta.

— Que porra você acha? — Eu tropeço para fora da sala. — Olha


onde toda essa merda me meteu. Eu perdi tudo. Tudo, porra.

— Você não perdeu, — diz ele sem jeito.

— Obrigado pela garantia. — Eu olho para ele. — Se eu pudesse


confiar em você, com qualquer coisa.

Ele permanece teimosamente quieto, mas o diabo no meu ombro


não se cala. Ele quer colocar mais lenha no fogo.

— Eu espero que tenha valido a pena, me trair.

Ele me encara, sem dizer uma palavra. Sua boca abre e fecha, mas
não sai nada. Não há nada a dizer, nada a acrescentar. Ele sabe o quão
fodido tudo isso é.

— Deixe-me ajudá-lo a chegar em casa, — ele oferece, sem ser rude.

— Oh, vá se foder, — eu assobio. — Eu não quero ou preciso de


nada de você. Apenas sai de perto de mim.

— Acalme-se. — Lai levanta as mãos. — Eu não quero foder mais


as coisas.

— Mais? Mais? — Avanço sobre ele, agarrando a frente de sua


camisa. — Olha onde a sua merda nos trouxe. Uma garota inocente se
machucando várias vezes.

Lai levanta as sobrancelhas para mim. — Desde quando você tem


um problema com isso?
Suas palavras me deixam sem palavras, e eu o encaro antes de
gemer e empurrá-lo para o lado. — Esqueça.

— Quero dizer, — ele fala novamente. — Essa boceta pode ser


apertada, mas com certeza não é mágica. Por que você está tão caído por
Pandora Oakes?

Eu gostaria de poder responder a sua pergunta, mas meu silêncio


diz tudo. Sem dizer outra palavra a ele, eu me afasto, estremecendo a
cada passo.

***

São semanas para as feridas irem para o inferno. A essa altura,


Anders está de volta ao trabalho, mas também me entregou oficialmente
seu aviso. Em breve, não terei ninguém para me ajudar com a situação
em casa. Vou precisar encontrar uma solução diferente.

No último mês, estive me perguntando se ainda amo Lily Anna. O


carinho ainda está lá. A necessidade de cuidar dela. Mas não há paixão,
nem luxúria, nem amor profundo mais. Ela não é a garota por quem me
apaixonei. Talvez ela nunca tenha sido.

Na escola, as coisas começaram a correr melhor, embora não estar


no topo da cadeia alimentar tenha se mostrado um problema para mim.
Easton dirige a Prep agora. Sou apenas um espectador de suas ações.

Lily Anna fica mais selvagem a cada dia, fazendo-me sentir


saudades da escola dia após dia. Audra nunca para de machucar meu
brinquedo, praticamente a seguindo com tarefas humilhantes. Pandora
passou semanas sendo empregada de Audra, por falta de uma palavra
melhor, porque a loira se ofendeu com uma de suas respostas na aula.
Não há como meu brinquedo lutar contra isso agora. Ela só tem que pegar
o que foi distribuído para ela, cerrar os dentes e rezar para que ela passe
bem.

Quando volto para a escola, minhas costas estão com cicatrizes e


minha cabeça está cheia de ideias de vingança. Não vou apenas derrubar
Brantley e Oakes, vou derrubar toda essa maldita cidade. E só há uma
pessoa que quero ao meu lado.

Puxo Pandora de lado no corredor. Ela está usando uma


gargantilha preta grossa - um sinal da cidade que significa que ela
desrespeitou alguém acima dela em status. Ela parece abatida, cansada
e irritada.

— Onde você estava? — Suas primeiras palavras para mim são


acusatórias. — Onde você esteve, Dexter? Está vendo o que eles estão
fazendo comigo?

— Lembre-se do que eu fiz por você, — eu resmungo. — Eu tinha


que me curar. Ficar melhor.

— Eu não acho que seja toda a verdade, — ela murmura, e eu não


posso nem discutir com ela. Ela sabe que algo está acontecendo. Ela pode
não entender a situação de Lily Anna, mas pode sentir minhas mentiras.
— Eu acho que você está me evitando.

Porque você me assusta, eu quero dizer a ela, mas eu seguro minha


língua e balanço minha cabeça. — Precisamos tirar você de Eden Falls,
porra.

— Você não acha que eu sei disso? — Sua voz é amarga enquanto
ela suspira e esfrega as têmporas. — É tudo que eu quero, voltar para
casa, fugir. Mas há negócios inacabados que tenho que fazer primeiro.

— Como o quê?

— Eu preciso ir ver minha mãe.


Meus olhos se arregalam. — Você não...

— Devia saber que ela está viva? — Ela sorri. — Que azar. Brantley
encontrou o endereço dela para mim. Tenho economizado dinheiro.
Tenho dezoito anos agora. Estou livre para ir embora. Contanto que eu
possa sair de Eden Falls, estou fodidamente livre.

— Deixe-me ir com você. — As palavras deixam meus lábios em um


impulso, e ela franze as sobrancelhas. — Por favor. Eu vou.

— De que adianta isso? — Ela me olha com desconfiança. — Eu


não preciso de outro fardo.

— Eu vou ajudar, — eu solto. — Eu vou te ajudar a fugir de tudo


isso.

— Não tenho tempo para falar sobre isso agora. — O sinal da escola
toca e ela tira a mão quando tento pegá-la.

— Por favor, Pandora.

— Por que você quer ir embora, afinal?

— Porque esta cidade é um maldito veneno, — murmuro. — Eu


preciso de um novo começo. O que está me mantendo aqui? Nada e nem
ninguém.

Especialmente se você sair acrescento em minha mente.


Especialmente se eu encontrar uma maneira de lidar com Lily Anna.

— Vou pensar sobre isso. — Ela me lança outro longo olhar. — Eu


tenho que ir agora, isso já parece suspeito. Você ainda tem meu número?

— Sim.

— Por que você não ligou? — Seu tom é acusatório, e percebo que
o que eu fiz - ou melhor, não fiz - de alguma forma a aborreceu.

— Por que você se importa se eu ligar? Pensei que você me odiasse.


Seus lábios se apertam e ela me encara. — Eu não tenho mais
ninguém.

É muito triste. Ela está tão sozinha quanto eu. E não podemos nem
estar lá um para o outro.

— Olha, eu te ligo hoje à noite, vamos pensar em algo. — Eu


procuro por sinais de alerta em seu rosto, mas não encontro nada. — Seu
pai está te tratando bem?

— Ele simplesmente me ignora na maioria das vezes, — ela


murmura. — Talvez ele espere que se eu for ignorada o suficiente, eu
simplesmente deixarei de existir.

— Sem chance, — eu rio.

— Cala a boca. — O menor dos sorrisos passa por seus lábios e eu


sorrio de alívio.

— Olha, eu sei que estraguei tudo muitas vezes para contar, — digo
a ela. — Mas eu quero te ajudar. Compensar tudo.

— Por quê?

— Por quê? — Eu pondero sua pergunta. — Eu vou... me sentir


melhor.

— O bom e velho egoísta Dexter Booth. Você já pensou em alguém


além de você? — Eu não respondo, e ela balança a cabeça antes de
finalmente se afastar. — Eu tenho que ir antes que você me coloque em
mais problemas. Vamos conversar esta noite.

— Eu vou te ligar.

Eu a vejo sair, meu coração batendo forte no meu peito como se eu


fosse um adolescente apaixonado. Pandora Oakes, porra. Quem teria
pensado que ela seria a única a descobrir o lado suave que eu nunca
soube que tinha.
6
PANDORA

Eu me sinto exausta pra caralho enquanto me sento na frente da


penteadeira no meu quarto. A gargantilha preta ainda está em volta do
meu pescoço, me marcando para sempre, e Minnie está escovando meu
cabelo com movimentos longos e suaves. Ela deve ter passado por isso
centenas de vezes agora. Todos os emaranhados se foram, mas temo o
momento em que ela pare. É um alívio bem-vindo da minha realidade, a
sensação agradável da escova passando pelo meu cabelo, o subir e descer
rítmico do meu próprio peito enquanto tento recuperar o fôlego.

Mas eu sei que isso vai acabar em breve e, com certeza, Minnie
abaixa a escova e se inclina ao meu lado para que fiquemos nos olhando
no espelho.

— Você é tão linda, — ela sussurra.

— Eu não sou. — Eu fecho meus olhos com força, incapaz de


suportar o peso da dor em meus olhos. — Todo mundo diz que sou
comum.

— Isso é uma mentira, se eu já ouvi uma. — Minnie coloca a mão


no meu ombro e eu volto meus olhos para os dela no espelho. Ela nunca
é afetuosa assim. Ninguém é. Devo estar realmente fodida, se até Minnie
está tentando me confortar. — Senhorita Pandora, eu...

— Sim?

— Falei com o Sr. Oakes, seu pai, — ela diz suavemente. — Ele se
ofereceu para pagar minha bolsa na Prep. Ele disse que eu poderia
começar no outono.
Eu consigo dar um sorriso fraco. Estou feliz por ela, mas também
sei que a oferta de meu pai é um suborno. Minnie irá para a Prep em
troca de manter a boca fechada sobre os avanços sujos de papai sobre
ela. Eu sinto por ela, sua magoa. Mas eu mal consigo lidar com minha
própria bagunça.

— Você quer que eu fale com Brazen de novo? — Eu pergunto,


minha voz é quase um sussurro. — Eu poderia pedir a ele para tirar papai
de cima de você. Talvez se trabalharmos juntos...

— Não, — ela balança a cabeça. — Você sabe tão bem quanto eu


que não há esperança, senhorita. Só preciso aguentar alguns anos, até
terminar a escola. E então estarei livre. Livre como um pássaro.

Seu lindo sorriso me cega e luto contra a vontade de rir


amargamente. Ela nunca estará livre. Não aqui, em Eden Falls, e não até
que meu pai esteja por perto. Ele está ansioso para fazer dela sua vítima,
e eu não acho que ele vai parar.

— Você precisa ter cuidado na Prep, — digo a Minnie. — As outras


crianças podem implicar com você. Esses meninos e meninas são cruéis.

O pensamento de Minnie se machucando como eu, me machuca.


Preciso avisá-la sobre a crueldade do povo de Eden Falls. Esta cidade
está fodida.

— Eu sei, — ela concorda. — Eu ouvi o que eles têm feito com você,
Srta. Pandora, e eu... bem, eu acho que é absolutamente terrível. Você
não deveria tratar outro ser humano da maneira como eles estão tratando
você.

Eu encolho os ombros. Claro que concordo, mas não há nada que


eu possa fazer a respeito. Estou bem e verdadeiramente impotente sem
meu status. Eu me tornei o saco de pancadas da cidade e não há nada
que alguém possa fazer para mudar isso.
— Senhorita, se você não se importa que eu pergunte... — Minnie
morde o lábio inferior carnudo, seus olhos desviando os meus. Ela está
nervosa e eu me preparo mentalmente para a próxima pergunta. — O que
aconteceu naquela noite na casa dos Brantley?

Minhas mãos formam punhos em meu colo e eu fecho meus olhos


com força enquanto os eventos daquela noite acontecem em minha
cabeça, uma e outra vez. Não contei a verdade a ninguém. Não fui
honesta com ninguém, nem mesmo com Dexter. E agora, o desejo de
finalmente sair e dizer isso, de admitir o que eles fizeram comigo - o que
eu os deixei fazer - é muito forte para lutar. Eu quero que Minnie saiba.
Eu quero que ela entenda.

Então eu abro minha boca e começo a dizer a ela a verdade com


meu coração martelando descontroladamente no meu peito e o alarme
tocando na minha cabeça. Eu não deveria confiar na empregada, mas
confio. Eu confio nela mais do que em qualquer pessoa nesta porra de
cidade.

***

Um por um eles entram no quarto, e um por um, eles conseguem o


que querem.

Enquanto eu deito na cama depois da última vez, Lai abotoa sua


camisa e sorri para mim.

— Você está feliz agora, Pandora?

— Ainda não, — murmuro, puxando os lençóis. — Não até Dexter


descobrir o que eu fiz.

— Por que você está tão determinado a machucá-lo, afinal? — Ele


abotoa os botões do punho e veste um blazer. — O que é esse desejo de
machucá-lo realmente?
— Você tem que perguntar? — Eu empurro os lençóis e me levanto,
meu corpo nu estremecendo com o ar frio da noite. — Ele está me
machucando todos os dias desde que voltei. Ele fez de sua missão me
foder. Por que eu não faria o mesmo com ele? Por que eu não bateria nele
onde dói?

— É por isso que você não queria que eu usasse camisinha?

Eu sorrio, caminhando até a janela, meus dedos demorando-se na


moldura de madeira enquanto olho para fora. — Você entende rápido, Lai.

— Sabe, você pode estar grávida agora. — Ele se aproxima de mim


por trás, os braços me envolvendo e me abraçando com firmeza. Seus
dedos tocam minha barriga, vagando suavemente sobre a extensão plana
do meu umbigo. — Talvez você tenha meu bebê aí.

Eu não respondo, apenas coloco silenciosamente minha mão sobre


a dele enquanto continuamos a olhar pela janela.

Um momento depois, eu interrompo o abraço e aponto para a porta.


— É melhor você ir embora. Todos os outros já foram. Não acho que você
queira estar aqui quando Dex chegar.

— Você acha que eu tenho medo dele?

Eu balancei minha cabeça. — Estou apenas cuidando de você.

— Por que você se importa? — Ele pega as chaves do carro na mesa


de cabeceira. — Faz diferença se estou respirando ou não?

Eu não sei o que dizer a ele. Minha aliança com Lai nasceu da
necessidade, mas tenho sentimentos afetuosos pelo menino. Ele nunca foi
tão cruel quanto os outros.

— Vá embora, Lai. — Minha voz está mais gentil, e ele balança a


cabeça em compreensão silenciosa, levantando a mão antes de sair. Eu
aceno para ele e o vejo caminhar até a porta. Então, eu olho pela janela e
o vejo entrar no carro e sair da garagem.

Eu consegui o que eu queria desesperadamente. A vingança está


chegando e terá um gosto mais doce do que eu jamais poderia imaginar.

Então, por que ainda não estou feliz?

***

— Não consigo acreditar, — sussurra Minnie. — Você... você queria


que eles fizessem isso com você? Mas por quê?

— Porque é a única maneira de machucar Dexter, — murmuro. —


A única maneira de se vingar dele pelo que ele fez comigo.

— E quanto aos outros meninos?

— O que tem eles?

— Eles não importam para você? — As palavras de Minnie não são


acusatórias, mas confusas. — Você não se importa com os sentimentos
deles?

— Não, — eu respondo com firmeza. — Eles não se importavam


com os meus também, não é?

Ela não responde. Ela pondera minhas palavras enquanto pega a


escova de cabelo novamente e começa a escovar meu cabelo novamente.
Suas próximas palavras são ditas tão baixinho que quase sinto falta
delas.

— Você vai ter um bebê, não é?

— É muito cedo para dizer.

— Seu pai vai matar você.


— Ele ainda não fez isso, — murmuro. — Além disso, essa criança
será um privilegiado. E eu darei a meu pai o herdeiro que ele tanto deseja.

— Então você vai ficar com ele?

Eu encolho os ombros. — Eu não me importo. Eu nem sei se isso


vai acontecer. Mas talvez se eu puder dar ao Papai o herdeiro que ele
sempre quis, eu posso usar o bebê como minha passagem para sair
daqui.

— Você desistiria do bebê? — Seus olhos se arregalam. Não sei se


ela está chocada ou impressionada. — Você simplesmente se afastaria de
uma criança?

— Não significa nada para mim. — Minhas mãos formam punhos


em meu colo e fecho os olhos com firmeza, fingindo que estou dizendo a
verdade. Fingir que não dou à mínima. — Quanto mais cedo eu tiver,
melhor. No momento em que eu tiver, sou uma mulher livre.

Minnie pondera minhas palavras e nos sentamos em um silêncio


estranho, mas amigável, enquanto ela continua a escovar meu cabelo
sedoso.

— Eu descobri onde minha mãe mora.

— O-o quê? — ela gagueja.

— Ela está viva e bem, pelo o que descobri. — Eu entrego as


palavras com fria indiferença. Como se não importasse nada que minha
própria mãe me abandonasse. Que ela não fez uma única tentativa de se
reconectar comigo. Deve ser de família - não estou planejando fazer a
mesma coisa com meu filho, quando chegar a hora? — E ela mora a
apenas algumas horas de distância de trem.

— Você vai vê-la?


— Sim, — eu aceno. — Assim que eu puder sair. Mas você não pode
contar a ninguém.

— Então você está deixando esta cidade para sempre?

— Talvez.

— E se... — Ela morde o lábio inferior, obviamente nervosa para


fazer a pergunta, e eu aperto sua mão para tranquilizá-la. — E se ela não
quiser que você fique com ela?

— Então eu tenho outra família esperando por mim em Wildwood.


— Mais uma vez, a memória de meus pais que não são realmente meus
pais, de minha irmã Andrômeda, me atinge com força e corta
profundamente onde dói mais. — Tenho certeza que eles vão me aceitar,
e me proteger do meu pai.

— Você está subestimando ele, — sussurra Minnie e, pela


milionésima vez, me pergunto até onde foi o abuso de papai, quando se
trata da bela empregada loira. — Ele vai encontrar você onde quer que
você vá. E ele vai te puxar de volta pelos cabelos, se for preciso. Ele tem
dinheiro e poder suficiente para fazer isso.

— Eu sou maior de idade agora, — eu a lembro. — Ninguém pode


me dizer o que fazer. Pelo menos aos olhos da lei. E eu sei que metade
dos policiais em Eden Falls estão na folha de pagamento de Emilian
Oakes, mas não é assim em Wildwood.

Minnie acena com a cabeça, ponderando minhas palavras


enquanto finalmente pousa o pente. Enquanto ela o faz, vejo uma leve
sugestão de hematomas em seu pulso, quase imperceptível, mas
perceptível o suficiente para eu distinguir a forma dos dedos onde alguém
a segurou.
— Ele fez isso? — Meus dedos tocam suavemente a pele
machucada, e Mignonette estremece quando eu a toco, balançando a
cabeça sem dizer uma palavra. — Eu vou te ajudar, Minnie.

Ela sorri para mim, mas não é um sinal de felicidade. Ela não
acredita em mim, nem eu. Minnie não tem ninguém cuidando dela. Ela
não tem para onde correr. Pelo menos tenho opções, lugares para ir se
tudo mais falhar. Até a mãe de Minnie a trairia.

— Está tudo bem, — ela murmura, mas o tremor em sua voz não
me escapa. — Eu me viro.

— Talvez eu deva falar com Brazen, — sugiro. — Ele te ajudou antes


e...

— Não. — Ela agarra minha mão, puxando-a para o peito e olhando


para mim com olhos suplicantes. — Por favor, Pandora. Prometa que não
vai dizer nada.

— Mas por que? — Eu exijo. — Você sabe que ele ama...

— Pare. — Seus olhos se enchem de lágrimas e ela pisca


rapidamente, balançando a cabeça. — Por favor, pare. Eu não posso.

— Ok. — Eu não a cutuco mais, sabendo que já ultrapassei. — Me


desculpe, eu não queria te chatear.

— Está tudo bem. — Ela consegue dar um sorriso fraco,


levantando-se da minha cama e alisando o avental branco que está
usando sobre o uniforme azul-celeste. — Eu deveria voltar ao trabalho.
Minha mãe deve estar se perguntando onde eu estou.

— Minnie... — Ela balança a cabeça de novo, me calando. Eu quero


confortá-la, oferecer-lhe consolo e amizade, mas parece que ela não quer
isso. Ela está me afastando, ansiosa para manter o assunto longe de
Brazen. E embora eu possa não entender sua ânsia de não falar de meu
irmão, devo a ela não empurrar o assunto como sua amiga. — Tudo bem.
Sinto muito. Vou parar. Você pode sair.

— Obrigada senhorita. — Minnie parece aliviada enquanto reúne


seu material de limpeza e sai do meu quarto, fechando a porta
suavemente ao sair.

Eu fico sozinha com meus pensamentos, que estão circulando


através das pessoas que conheci em Eden Falls. As pessoas que pensam
que me usaram, me aproveitaram. Em breve, todos eles vão descobrir que
sou eu quem os faz girar em volta do meu dedo mindinho...
7
PANDORA

Horas depois da minha conversa com Minnie. Estou sentada em


meu quarto há muito tempo, me sentindo inquieta e precisando de uma
lufada de ar fresco. Minha vida é tão complicada e preciso de algum
espaço para pensar. As paredes do meu quarto não oferecem consolo,
mas, em vez disso, me confinam. Eu preciso dar o fora de lá, mesmo que
apenas por alguns minutos.

Estou surpresa quando encontro a porta destrancada. Suponho


que agora que não valho nada para papai, ele não dá mais a mínima para
o que eu faço. Estou totalmente planejando usar isso a meu favor.

Eu caminho pelo corredor sem ser notada. Parece que não há


ninguém em casa, mas então ouço ruídos quando passo pelo escritório
de papai. Há uma leve sugestão de alguém chorando, o som quase
inaudível. Mas isso chama minha atenção, e eu caminho até a porta que
foi deixada ligeiramente aberta e espio dentro.

Meu pai está bloqueando minha visão. Ele está parado na frente de
sua mesa. Não sei dizer se há alguém na sala com ele, mas a julgar pelos
gritos que ouvi, ele não pode estar sozinho. E então ele fala, solidificando
meus pensamentos.

— Pegue.

Eu ouço o choro de novo, e empurro a porta ligeiramente para


dentro, estremecendo quando ela range. Eles nem percebem. Eu
continuo tentando roubar olhares para o que está acontecendo enquanto
meu batimento cardíaco acelera, martelando alto no meu peito.
Há um grito de gelar o sangue em seguida, e eu imediatamente
reconheço a voz como a de Minnie. Empurro a porta e entro no escritório
de papai. Ele se vira para me olhar por cima do ombro, seus olhos
selvagens e furiosos quando encontram os meus e ele sibila: — Dê o fora.

— Não, — eu digo com firmeza. — Que porra você está fazendo?

— Não é da sua maldita conta.

Ele se levanta da mesa e caminha em minha direção, mas estou


muito preocupada com o que vejo diante de mim para estar preocupada
com meu próprio bem-estar.

A bela empregada loira está esparramada na mesa do meu pai,


tremendo, o sangue escorrendo do canto da boca e um hematoma
surgindo sobre o olho esquerdo.

— O que diabos você fez com ela? — Eu sussurro enquanto ele


avança sobre mim, mas nenhum de nós tem a chance de falar novamente.

Eu ouço o som de uma porta batendo no corredor e, um momento


depois, uma figura alta e de ombros largos aparece atrás de mim.

— Seu doente de merda.

Eu viro minha cabeça, encontrando o olhar do meu irmão. —


Brazen, eu...

Ele me ignora, dando um longo passo para frente e agarrando


nosso pai pelo pescoço. Ele o apoia contra a parede, batendo seu corpo
contra ela com uma força que eu não sabia que ele possuía.

— Se você a tocar de novo, porra, — rosna descarado. — Eu vou


arrancar a porra do seu coração pela boca.

Meu pai ri alto, os olhos brilhando de crueldade enquanto os dois


se enfrentam. Corro para ajudar Minnie, chocada ao ver o estado em que
ela se encontra. Meu pai enlouqueceu. Ele a machucou tanto que eu nem
consigo imaginar o que ele pensa que ela fez para merecer isso. Ele é um
louco.

O braço direito de Minnie está pendurado em um ângulo estranho,


e ela estremece quando a toco ali, os olhos se enchendo de lágrimas.
Percebo que deve estar quebrado, só então vendo que as roupas da garota
estão em farrapos.

— Vou chamar uma ambulância, — sussurro, pegando meu


telefone e discando para o hospital. — Olá, precisamos que uma
ambulância seja enviada para Oakes Estate. Houve... um problema.

— Desligue a porra desse telefone. — Meu pai se afasta de Brazen


e arranca meu telefone da minha mão. Eu assisto sem acreditar enquanto
ele cai no chão, se espatifando. Ele está fora de controle. — Você não pede
ajuda. Você não me desobedece. Faça o que é mandado.

— E quanto a Minnie? — Eu exijo. — Você quebrou o braço dela...

— O que? — Brazen se aproxima de nós, só então vendo a


empregada e a forma em que ela está. Seus olhos se estreitam quando
ele a observa, sua mandíbula se firma com um clique doloroso. Quando
ele se vira para o papai, vejo uma raiva pura e não diluída em seus olhos.
Eu não gostaria de ser Emilian Oakes agora. — Você está fodidamente
morto, velho.

Papai ri, mas Brazen está sobre ele em segundos. Desta vez, não
há como segurá-lo, e Minnie e eu assistimos horrorizadas enquanto ele
ataca papai, com os punhos voando, sangue jorrando. Ele está deixando
meu pai irreconhecível, e o desgraçado ri enquanto os socos acertam.

— Continue me batendo, filho, — papai cuspiu com a boca cheia


de sangue. — Para cada soco que você der em mim, eu vou bater nela.
Para cada chute, vou fodê-la. Vou continuar até que ela esteja um pouco
quebrada...
Ouve-se um ruído terrível e, em seguida, Minnie grita, alto e
estridente. Eu a abraço seja por medo ou porque estou tentando protegê-
la, não sei. Ela treme contra mim e um momento depois, o pessoal enche
a sala. Belle está gritando e chorando, agarrada à filha. Outra criada
desmaia. O mordomo agarra um Brazen enfurecido pelas costas,
tentando fazê-lo se acalmar enquanto a polpa que costumava ser meu
pai se torce no chão.

Existem dentes na madeira dura, em poças de sangue vermelho-


escuro. Eu fico olhando com meus olhos arregalados enquanto três
funcionários do sexo masculino arrastam meu irmão gritando para longe
de meu pai. Antes de removê-lo da sala, Brazen cospe na cara de nosso
pai. Meu sangue está gelado e estou apavorada. Não sei se papai
sobreviveu ao ataque. A bagunça no chão diz o contrário.

— Eu preciso sair daqui, — murmuro, empurrando figuras que não


reconheço, seus rostos se misturando em uma bagunça. Alguém grita
atrás de mim, mas eu não escuto. Eu reconheço um ataque de pânico se
formando, mas nunca foi assim antes. Estou tremendo, me sinto
desorientada e meu coração está disparado.

Eu quase tropeço enquanto desço as escadas, agarrando o


corrimão e dizendo a mim mesma para me acalmar antes que eu me
machuque também. Tudo que sei é que preciso sair daquela casa tóxica
e de seus habitantes.

Passo por Tianna na escada. Sua expressão é ilegível e ela está


linda como sempre. Quase cheguei ao corredor quando ela gritou meu
nome. Eu me viro por cima do ombro para olhar para ela.

— Pandora, — ela repete. — Saia daqui enquanto você ainda pode.

Eu uni minhas sobrancelhas. — O-o quê?

— Saia daqui. Ele vai te machucar mais se você não fizer isso, —
ela murmura. — Corre.
Eu engulo em seco, minha respiração se acalmando por tempo
suficiente para que eu possa dizer: — Eu não corro. Eu luto.

***

De alguma forma, entro no carro e digo a Kelley o único lugar em


minha mente: a casa de Dexter.

Consigo me acalmar um pouco no caminho e finalmente estou


respirando normalmente quando o carro para na garagem dos Booths.
Kelley abre a porta para mim e eu saio cambaleando. Mandei uma
mensagem rápida para Dexter para que ele soubesse que eu estava a
caminho. Já se passaram dias desde que o vi sendo chicoteado. Eu mordo
meu lábio inferior nervosamente, sem saber o que esperar enquanto uso
a aldrava em sua porta da frente.

Não há resposta por muito tempo, e começo a me arrepender de ter


mandado Kelley embora. E se ele não estiver em casa?

Então, finalmente, ouço um movimento e, momentos depois, a


porta da frente se abre. Dexter Booth está diante de mim em nada além
de um par de calças de moletom cinza, e meus olhos vão primeiro para a
protuberância lá. Minha boca se enche de saliva e eu me forço a olhar
para cima, de seu torso esculpido até seu rosto lindo e torturado.

— Pandora, — ele murmura.

— Posso entrar? — Não espero que ele responda, mas entro em sua
casa imediatamente. — Por que você está atendendo sua própria porta?
Onde está sua ajuda?

Ele ri fracamente. — Já está se acostumando com a vida nobre,


não está, Pandora?

— Onde está o seu mordomo?


— Ele se demitiu. — Dexter fecha a porta da frente com um
estremecimento e faz um gesto para que fiquemos na sala de estar.

— Você não vai contratar alguém novo?

— Talvez. — Ele anda engraçado, mancando, e quando passa por


mim e vejo a bagunça que está nas costas, ofego em voz alta. — O que?

— Sua... sua pele, — eu sussurro. — Está... arruinada.

Ele para alguns passos à minha frente e geme quando eu o alcanço,


pressionando a ponta dos dedos no único lugar em suas costas que não
está sangrando ou com crostas.

— Ele fez isso com você? — Eu pergunto, balançando minha


cabeça. Eu sabia que Dex havia sido chicoteado após interromper a
cerimônia, mas não tinha ideia de até que ponto. Eu me sinto mal
olhando para ele agora, sabendo que é minha culpa ele ter se machucado
assim. — Meu pai machucou você. É minha culpa.

— Não, — sibila Dex. — É culpa do Oakes. Ele fez isso comigo. E


não foi a única coisa que ele fez.

— O que você quer dizer?

Ele balança a cabeça, esfregando as têmporas. — Sala de estar.


Vamos.

Eu o sigo pelo corredor e sento no sofá em frente à lareira


crepitante. Não posso deixar de notar que sua casa está suja e mal
cuidada. Há montinhos de poeira nos cantos da sala e teias de aranha
no teto. Dex se acomoda em uma poltrona e estremece novamente ao se
sentar.

— Eu lhe ofereceria uma bebida, mas você terá que fazer sozinha,
— diz ele. — Não tem muito em casa.
— Tudo bem. — Eu aceno minha mão com desdém. — Espero que
você contrate alguém em breve... Você viu um médico?

— Logo no dia seguinte. — Dex aponta para a mesa de centro. —


Há alguns cremes e analgésicos aí que eu devo tomar. Mas não posso
colocar a pomada nas minhas costas sozinho. Não consigo chegar lá.

— Quer que eu faça isso por você? — Eu pergunto, meu coração


partido por ele. Eu odeio o bastardo, mas ainda sinto pena dele.

Ele luta com sua decisão, mas não espero por uma resposta. Em
vez disso, pego o tubo da mesa de centro e me aproximo dele. Lentamente,
Dex vira as costas para mim e eu fico cara a cara com o horror que são
suas feridas. Eu inalo profundamente, tentando não o deixar ver o quão
assustada a visão dele me deixa. As feridas cicatrizaram e há pontos em
algumas delas. Toco a área com os dedos mergulhados na pomada e Dex
sibila.

— Desculpe. Vou tentar ser o mais gentil que puder.

— Você não precisa. — Ele geme quando começo a massagear o


remédio em sua pele. — Eu não mereço isso.

Eu não comento e continuo a trabalhar a pomada em sua pele


enquanto ele me olha com desconfiança.

— O que você está fazendo aqui, afinal?

— Meu pai. — As palavras saem dos meus lábios antes que eu


possa me conter.

— O que mais há de novo, — suspira Dex. — O que o velho idiota


fez agora?

— Ele... — Eu engulo a verdade. Vou contar a Dexter o que


aconteceu, mas quero agradecê-lo primeiro. — Não importa. Apenas mais
besteira dos Oakes. Eden Falls aqui e ali. Eu odeio essa cidade esquecida
por Deus.

— Eu também, boneca, — ele murmura. — Eu também.

— E eu queria te agradecer. — Coloco a tampa no tubo de pomada


e coloco de volta na mesinha de centro, sentindo os olhos de Dex em mim.

— Pelo que?

Sentando no sofá ao lado dele, eu limpo minha garganta. — Você


me ajudou depois do que aconteceu com os meninos. Eu queria te ver, te
ajudar, como você fez por mim. Eu não te vejo há dias.

— Então, você finalmente se preocupa comigo, — zomba Dex. —


Demorou bastante.

— Não dê muita importância a isso. Seu ego não pode ficar mais
inflado.

— É aí que você está errada, boneca. — Ele muda de posição no


sofá, e meus olhos são atraídos para o contorno impressionante de seu
pau pressionando contra o tecido de sua calça de moletom cinza. Minha
boca saliva ao ver seu tamanho, e ele agarra seus produtos com uma das
mãos. Eu olho para seu rosto sorridente. — Gosta do que vê? Quer outra
degustação?

Eu não respondo, me levantando e limpando minha garganta. —


Vou tomar aquela bebida agora, se você ainda está oferecendo.

— Escolha algo do refrigerador de vinho, — sugere ele, apontando


para uma geladeira no canto. — Não é como se alguém fosse beber, de
qualquer maneira.

Eu examino as garrafas na geladeira com nomes chiques que não


significam nada para mim. Finalmente, pego uma garrafa de vinho tinto
e me sento de pernas cruzadas no chão ao lado de Dex. Ele abre a rolha
para nós e me entrega a garrafa de volta, levantando as sobrancelhas com
diversão quando eu bebo o vinho direto da garrafa.

Enquanto abaixo a garrafa, percebo o quão nervosa estou. A


presença de Dex fez meu coração acelerar, e arrepios estão descendo pela
minha espinha toda vez que sua perna roça em mim. Meu vestido é longo
o suficiente para me cobrir e estou deliberadamente de costas para o meu
ex. Eu não preciso que ele veja como sua presença me deixou nervosa.

— Você vai compartilhar?

— Certo. — Eu passo a garrafa para ele e ele também dá um gole


nela. Juntos, bebemos o vinho, passando a garrafa entre nós. Quando
chegamos na metade do vinho, sinto meus nervos derretendo e sendo
substituídos por algo que me assusta ainda mais - luxúria. Desejo que
Dex pare de fingir e me pegue aqui mesmo. Prove que pertencemos um
ao outro.

Eu balanço minha cabeça para tirar o pensamento. Sua influência


sobre mim está lá, por mais que eu tente negar. Odeio Dex pela
destruição que ele está causando em mim, mas também não quero lutar
contra isso, e quando sua mão roça meu cabelo por cima do meu ombro,
solto um suspiro involuntário, fazendo Dex rir.

— Ainda é tão fácil, não é, boneca? — Ele sussurra em meu ouvido,


sua respiração fazendo cócegas no meu pescoço. — Não importa quantas
vezes você diga não depois, você quer isso. Você vive para isso.

Eu fecho meus olhos, me forçando a contar até três enquanto


respiro profundamente. Eu não vou deixá-lo me atingir. Eu não vou
deixá-lo me quebrar. Eu não vou deixá-lo entre minhas pernas
novamente.

Mas Dex destrói todas as minhas intenções quando começa a beijar


minha clavícula. Seus dentes cavam na pele macia, e ele me morde e me
chupa. Minha cabeça inclina para o lado por conta própria, permitindo-
lhe acesso fácil a qualquer parte de mim que ele queira.

Dex desliza no chão ao meu lado, sua mão vagando entre minhas
pernas e segurando minha boceta sobre a calcinha de renda que estou
usando.

— Assim como eu pensei, — ele murmura contra o meu cabelo. —


Molhada como sempre...

— Vai se foder. — Eu pareço impotente, apesar do palavrão, e Dex


ri gravemente.

— Ah, você vai, Pandora. Você vai em breve.

Mas então, inesperadamente, ele se levanta do chão e pega a


garrafa de vinho. — Você já teve o suficiente disso.

— O que? — Eu olho para ele. — Quem é você para decidir quanto


posso beber?

Ele me lança um olhar severo. — Estou apenas cuidando de você,


boneca.

— Desde quando?

Ele não responde, indo para a cozinha com a garrafa enquanto eu


fumego silenciosamente. Mais uma vez, ele provou quanto controle tem
sobre mim, e eu o odeio por isso.

Quando Dex retornar um momento depois, estarei pronta. Não vou


deixá-lo me usar como o brinquedo que ele quer que eu seja, não mais.
Agora, eu seguro as cordas e vou fazê-lo dançar do jeito que eu quero.

— Que porra você está fazendo?

— Mostrando a você o que você está perdendo, — eu ronrono,


deslizando as alças do meu vestido pelos meus ombros. Meu seio direito
se solta e o olhar de Dexter fica perturbado enquanto ele me observa
puxar a parte de cima do vestido para baixo, expondo meu peito. —
Lembra, Dex? Lembra o quanto isso foi divertido? Como você me usou?

— Não, — ele sibila. — Eu não vou te foder.

— Por que não? — Eu faço beicinho, torcendo meu mamilo entre


meus dedos e sussurrando. As mãos de Dex se fecham em punhos ao
lado do corpo e eu rio de empolgação. Eu o peguei comendo na palma da
minha mão - exatamente como eu queria. Agora é quando a verdadeira
diversão pode começar. — Venha aqui, Dex... por favor...

Ele se aproxima de mim com cautela, olhando para mim.

— Talvez você devesse se ajoelhar desta vez, — sugiro


inocentemente. — Vamos, de joelhos.

— Com licença?

Aponto para o ponto no chão entre minhas pernas. — Vamos... me


prove...

Ele luta com sua decisão, mas faz o que eu pedi a ele para fazer um
momento depois, se abaixando e olhando nos meus olhos com olhos
silenciosos e negros.

Eu empurro meus seios juntos e me inclino para frente,


provocando-o, mas antes que eu possa me afastar, ele capturou meu
mamilo entre seus lábios, puxando-o para me trazer mais perto.

Pela primeira vez desde que o conheci, não sinto que Dex tem todo
o controle. Não, desta vez estamos compartilhando - passando de um
para o outro.

— Você quer que doa? — Ele grunhe, e eu me encontro assentindo


antes que possa me conter. Dex morde minha pele e eu choramingo
enquanto ele chupa meus seios com amor. Eu jogo minha cabeça para
trás e permito que ele entre totalmente, dando a ele mais e mais de mim
enquanto ele marca minha pele.

Esquecendo o que aconteceu, eu permito que minhas mãos vaguem


por suas costas, fazendo Dex sibilar enquanto deslizo minhas unhas
contra sua pele.

— Esquecendo-se de algo? — ele rosna.

— Você me machucou, eu machuquei você, — eu sussurro. —


Simples.

Ele se levanta então, se afastando de mim enquanto eu fico olhando


para suas costas.

— Não podemos fazer isso.

— Por quê? — Eu cruzo meus braços sobre meu corpo, protegendo-


o de sua visão. Mesmo esse pequeno gesto parece irritá-lo, e Dex me
encara com olhos cheios de desprezo.

— Porque você é...

— Eu sou o que? — Eu olho friamente. — Mercadoria estragada?

— Não coloque palavras na minha boca, porra. — Ele passa a mão


pelo cabelo, suspirando. — Você não é mais minha para quebrar.

— Isso mesmo, — murmuro. — Eu não sou de ninguém. Vê?


Nenhum anel no meu dedo, nenhum noivo sobrando.

— No entanto, você de alguma forma fodeu todos nós, — ele sorri,


apontando para seu pau. — Aqui. — Então, ele aponta para sua cabeça.
— E aqui.

Eu encolho os ombros descuidadamente, levantando-me da minha


cadeira e caminhando para onde deixei minha bolsa. — De qualquer
forma, eu trouxe algumas notas para você. Achei que você poderia querer
colocá-las em dia.

Dex me encara enquanto entrego as anotações a ele e coloco a bolsa


no ombro.

— Eu estou indo agora.

Ele não tenta me parar, fazendo meu lábio inferior tremer, e eu


caminho até a porta e saio para o corredor. Mas antes que eu possa sair,
Dex está parado diante de mim, bloqueando minha saída.

— Fique, — diz ele, a única palavra tão devastadora quanto


simples. — Por favor, você pode ficar comigo?

Não acho que Dexter Booth tenha pronunciado a palavra, por favor,
uma vez na vida, mas ignoro a vontade de gritar com ele e, em vez disso,
aceno com a cabeça.

— Eu vou ficar, — eu concordo. — Mas sob uma condição.

— O que é?

É a minha vez de sorrir, e faço isso com prazer. — Você não faz
nenhuma tentativa de me foder de novo.
8
PANDORA

Dexter dá um passo mais perto de mim, gentilmente passando os


dedos pelo meu cabelo até que esteja todo preso em seu punho.

— Você não quer que eu te foda?

Suas palavras são uma suave carícia contra minha pele. Eu tremo
involuntariamente, olhando para o chão enquanto balanço minha
cabeça. Eu perco minha confiança tão rapidamente perto de Dexter
Booth. É como se ele pudesse apertar um botão que me faz passar de
agressiva e rebelde à mansa e tímida em uma fração de segundo.

— Não, — eu finalmente murmuro após uma longa pausa, mas


nem mesmo eu estou convencida com a minha resposta.

— OK. — Ele parece tão doce, atencioso. Pena que sei que isso está
longe de ser verdade. — Não vou tocar em você, Pandora. Fique um pouco
mais, sim?

Eu consigo acenar com a cabeça, lutando contra todos os instintos


do meu corpo para não implorar a ele para me tocar novamente. Seus
dedos deixaram minha pele fria e coberta de arrepios. Eu me odeio por
quão fraca ele me torna. Que ele me transformou em uma marionete,
apesar das minhas melhores intenções de lutar contra ele. Algo sobre o
menino faz meus joelhos fraquejarem. Algo sobre ele torna impossível
dizer não.

— Eu vou ficar. — Ele pega minha mão então, gentilmente me


levando de volta para a sala. Ele puxa um cobertor e alguns travesseiros
e os arruma no tapete em frente à lareira, gesticulando para que eu me
sente. Eu sigo suas instruções, observando em silêncio enquanto ele
adiciona mais lenha ao fogo. Finalmente, ele se junta a mim no tapete,
mantendo uma distância segura.

— Eu preciso te dizer uma coisa, — ele começa. Campainhas de


alarme disparam na minha cabeça, mas é difícil ouvi-las.

Eu sinto algo acontecendo. Um ataque de pânico, novamente. Meu


corpo treme por dentro, mas permanece congelado no chão. Ouço Dexter
falando, explicando algo sobre sua família, mas estou tão longe que mal
percebo as palavras que saem de sua boca.

— Dexter, — eu grito, e ele se cala, olhando para mim com as


sobrancelhas franzidas.

— O que há de errado?

Tento respirar, mas não me lembro de como. De repente, as


paredes estão se fechando sobre mim. Eu me sinto bêbada, mas eu só
bebi um pouco de vinho... Eu olho nos olhos de Dexter, suas feições
dançando e fazendo minha cabeça girar.

Dexter ri então, alto e estrondoso e de alguma forma acalmando, e


eu rio com ele, todas as minhas preocupações esquecidas enquanto
caímos no tapete, rindo juntos.

— O que diabos está acontecendo? — Eu seguro minha barriga que


está doendo de tanto rir. — Eu me sinto totalmente fora de mim...

Dex agarra minha mão, apoiando-se em um cotovelo. — Sinta meu


coração.

Eu sinto, e o sinto batendo tão rápido quanto o meu.

— Dexter, — eu resmungo. — Você precisa me tocar.

— O que? — Suas sobrancelhas franzidas. — Você me disse...


Antes que eu possa dizer a mim mesma para parar, dei um passo
ousado em frente. Meus lábios encontram os de Dex e eu o beijo desta
vez, as mãos em suas bochechas, tentando desesperadamente tirar a
necessidade que eu sei que ele sente por mim de dentro do peito em que
ele está trancado.

— Eu preciso de você, — eu sussurro contra seus lábios. — Dex,


não posso evitar, estou morrendo de vontade de sentir você...

Não tenho ideia do que está acontecendo, mas uma súbita explosão
de desejo rasga meu corpo. A figura de Dexter está congelada ao lado da
minha, como se ele estivesse tropeçando na mesma coisa que eu, exceto
momentos atrás de mim. De repente, estou sóbria como o dia e dou um
passo para trás, ofegando ao sentir meus lábios. Eu machuquei a porra
da minha própria boca pelo maldito Booth chupando a língua do Dexter.
Bom trabalho.

— Dexter, o que diabos havia naquele vinho? — Eu sussurro. Sem


esperar por sua resposta, corro na frente.

Dex entra atrás de mim e, a essa altura, já estou com a garrafa nas
mãos. As palavras dançam diante dos meus olhos e sinto outra onda de
bebida chegando.

— Feromônio, — li em voz alta no rótulo do vinho. — Aumente


suas... aventuras sexuais... com esta mistura de...

— Porra, — grunhe Dexter. — Acabamos de beber meia garrafa


dessa merda?

— Receio que sim. — Eu coloco a garrafa na mesa de centro e o


líquido espirra por cima, me fazendo rir alto novamente. — Oh Deus, Dex,
está acontecendo de novo...

Mas enquanto estou me sentindo perdida, Dex parece ter chegado


à parte excitante de nossa pequena viagem.
— É o vinho dos seus pais? — Eu rio enquanto ele se aproxima de
mim. — Cara, eles eram pervertidos.

Dex não para e me agarra pela bunda, me fazendo gritar enquanto


ele coloca minhas pernas em volta de seu colo. Eu rapidamente envolvo
meus braços em volta do pescoço dele e o puxo para dentro. Pelo menos
agora temos uma desculpa para começar a nos pegar... Eu já estava
ficando pateticamente desesperada sem aquele vinho.

— Me beija, — eu imploro, mas ele balança a cabeça.

— Mostre-me o que é meu, — ele sibila. — Abra suas pernas e me


mostre o que você tem dado a todos aqueles meninos pelas minhas
costas...

Eu mordo meu lábio inferior, os dentes cravando na carne


enquanto puxo meu vestido para cima hesitantemente. Minhas mãos
tremem enquanto juntam minha calcinha na altura do quadril, e eu a
puxo para baixo antes que possa mudar de ideia.

— Pelo amor de Deus, — murmura Dexter. — Eles com certeza te


ensinaram a obedecer melhor do que eu.

Eu abro minhas pernas, sem coragem o suficiente para dizer a ele


que não fiz isso por mais ninguém. Que eu sou apenas uma vagabunda
para ele, reservando-lhe o privilégio especial de possuir minha mente
acima do meu corpo, mesmo quando ele não está me tocando.

— Eu só escuto você, — eu sussurro, as palavras quentes quando


eu as exalo. — Você é o único que eu quero, Dex...

Seus olhos se arregalaram quando meus dedos tocaram entre


minhas pernas, deslizando pelos lábios da minha boceta, separando-os
para seu prazer. O contorno de seu pênis ereto é claramente visível sob o
tecido da calça de moletom cinza que ele está vestindo. Seu peito
esculpido sobe dramaticamente a cada respiração. Eu percebo que o
quero, borboletas vibrando em meu estômago enquanto eu o encaro,
olhos grudados nos dele enquanto um gemido escapa dos meus lábios
entreabertos.

— Você quer me foder, não é? — As palavras sujas parecem certas


de alguma forma, e bato a ponta do meu dedo indicador direito em cima
do meu clitóris. — Você tem pensado nisso desde a última vez...

Ele não responde, mas sua mandíbula se contrai enquanto ele me


encara.

— Apenas admita, Dexter... — Eu inclino minha cabeça para o lado


enquanto começo a me massagear. — Você quer ter seu pau todo
embrulhado na minha boceta de novo.

— Você não tem ideia do que vai me obrigar a fazer se não parar,
boneca. — Sua voz é baixa e sem fôlego, e sua palma direita moveu-se
para a protuberância em sua calça de moletom, massageando
avidamente seu pau. Não é apenas o esboço disso agora. Posso ver
claramente a mancha molhada onde uma gota de pré-sêmen encharcou
o tecido de sua calça.

— Por que você não me mostra? — Eu ronrono, gemendo quando


sinto a ponta do meu dedo finalmente tocar no meu clitóris. — Porra,
Dex, você está me fazendo pingar...

Ele se levanta, sua mão espalmando seu pau enquanto ele para a
alguns centímetros de mim.

— De joelhos, — ele exige.

— E a minha boceta? — Eu lamento, inclinando-me para trás na


minha outra mão e me exibindo para ele. — Você não vai cuidar de mim?

— Não, — ele cospe. — Estou com vontade de aproveitar.

— Tão mau para mim, Dex...


— Você está realmente surpresa? — Ele lambe os lábios, me
fazendo tremer. — Agora cale a boca e faça o que eu mandei.

Eu deslizo para o chão, sentando com meus joelhos separados e


meus olhos grudados nos dele. — E agora, senhor?

— Tire minhas calças, — ele rosna.

Eu puxo as pernas de sua calça de moletom e ela desliza sobre seus


quadris dolorosamente lentamente. Dex inclina meu queixo para trás
com a mão livre, a outra indo contra a parede enquanto ele se inclina
para trás. Lentamente, seus dedos migram do meu rosto para o meu
cabelo, reunindo meus fios escuros em seu punho e me puxando
perigosamente para perto de onde seu umbigo está cada vez mais
exposto.

Fico cara a cara com seu caminho da felicidade, como uma flecha
levando para o que eu mais preciso. Eu luto puxando para baixo suas
calças e então elas cedem de repente, seu pau se solta e dá um tapa no
meu rosto. Eu sussurro o nome dele, mas Dex segura minha nuca e
agarra seu pau pela base.

— Quer isso? — Ele aponta a ponta para os meus lábios e eu tremo


enquanto olho para ele. Posso mentir para Dex, mas com certeza não
posso mentir para mim mesma, e estou rapidamente percebendo que ele
ainda é o único que detém todo o poder aqui. Posso ter meus próprios
planos, mas não posso evitar seu charme perverso. Cada vez, ele leva o
melhor de mim. Eu aceno ansiosamente, lambendo meus lábios.

— Então implore por isso. Peça ao Senhor com educação. Peça meu
pau em sua boca. — Eu gemo, mas ele puxa meu cabelo sem remorso,
me fazendo resmungar. — Não hesite, boneca. Implore. Chupe. Implore.
Chupe.

— Porra, — eu sussurro. — Por favor, posso colocar na minha


boca?
— Você sabe pedir melhor do que isso, — ele sorri. — Pelo menos
finja que está tentando por mim, vagabunda.

— Por favor, senhor... — Eu coro usando a palavra que eu resisti


descontroladamente no início. — Posso... posso ter na minha boca? Posso
chupar melhor para você? Posso pegar todo o seu esperma, por favor,
Dexter... por favor?

Seus olhos brilham com prazer sombrio e ele pressiona a ponta de


seu pau contra meus lábios. Seu pré-sêmen mancha minha boca e eu o
chupo avidamente, mas no momento em que o faço, ele se afasta
novamente, não me deixando provar outra vez.

— Prove, — ele me diz. — Diga-me o quanto você ama isso.

Com meus olhos nos dele, eu estendi minha língua e lambo a fenda
em seu pau novamente e novamente. Eu lambo, quase me esquecendo
de respirar enquanto me preencho com seu gosto, me sentindo mais
gananciosa do que nunca.

— Você tem um gosto tão bom, Dex, — eu sussurro. — Você tem


um gosto diferente de todos os outros...

Ele puxa meu cabelo, um aviso silencioso. Mas a parte doente de


mim quer continuar pressionando. Eu quero que ele se sinta magoado,
apunhalar a faca bem em suas costas.

— Easton era mais doce, — eu ronrono. — Mas...

Ele me puxa pelo cabelo, seu rosto é uma expressão de pura raiva
enquanto ele me bate contra a parede oposta. — Não se esqueça boneca.

— Ou então o quê? — Eu estalo de volta.

— Ou então sofrerá as consequências. — Ele olha meu vestido -


duzentos mil no Net-A-Porter, muito obrigado - depois pega o decote e
rasga-o ao meio. Eu grito, mas ele não liga para isso, jogando os restos
da minha linda roupa no chão. Eu tremo diante dele em nada além de
um sutiã de seda, sentindo o impacto de sua raiva e esperando,
desesperadamente esperando que eu possa empurrá-lo ainda mais longe.
— Vê o que você me faz fazer, meu lindo brinquedo? Você me faz quebrar
todas as regras... E se você não tomar cuidado, eu vou quebrar você
também.

— Novamente?

— Novamente. — Ele bate seus quadris nos meus. — E de novo. E


de novo.

Dexter agarra meu pescoço pela frente. Eu posso dizer o quão duro
ele está se esforçando para se controlar com a firmeza, mas gentilmente,
ele agarra minha garganta entre os dedos, e eu engulo quando ele
pressiona sua testa contra a minha.

— Você quer isso, Pandora? Você quer que eu quebre você de novo?
É por isso que você veio aqui, não é? — Eu não respondo, virando minha
cabeça para o lado, mas ele me força para trás agarrando meu queixo. —
Diga-me a verdade agora.

— Que verdade?

— O que você realmente sente. — Seus lábios estão a poucos


centímetros de distância dos meus. Eu posso sentir suas palavras contra
minha boca, quase o provando. A tensão na sala é palpável agora, este
momento carregando mais peso do que eu inicialmente imaginei. — Você
me ama, Pandora Oakes?

As palavras de Dex trazem um aviso. Se ele quer que eu diga sim


ou não, não posso ter certeza - mas posso sentir seus dedos tremendo
contra meu pescoço. Ele está perdendo o controle. Ele vai quebrar mais
regras agora. Se eu jogar minhas cartas direito, ele vai me quebrar.

Eu realmente quero que ele me quebre.


Mas, mais uma vez, Dexter vence minha própria mente, e meus
lábios se abrem, a verdade escorregando para fora da caixa que eu tinha
trancado momentos atrás.

— Sim.

Por um momento, tudo para. Estou convencida de que imaginei


tudo até que Dexter finalmente abaixou seus lábios nos meus. Sua boca
deixa claro que esta é a minha realidade.

Dex nunca me beijou assim antes. Seus lábios me devoram,


aprofundando o desejo que sinto por ele a cada segundo que sua boca
pressiona a minha. Minhas mãos trêmulas encontram seu pau e eu
sussurro seu nome contra seus lábios enquanto começo a masturba-lo
com movimentos rápidos e necessitados.

— Calma, — ele rosna em minha boca. — Ou eu vou te molhar...

— Faça. — Estou ficando descuidada, mas não posso lutar contra


isso. Dex despertou um instinto oculto dentro de mim que exige a dor
que ele está distribuindo tão generosamente. — Porra, goza já...

— Mas eu ainda quero me divertir muito com você. Você acha que
vou pegar leve com você esta noite, Oakes? Você viu o dano que seu pai
me fez. — Eu toco meus dedos em suas costas e ele estremece antes de
continuar. — E agora, vou descontar toda essa frustração em você. Meu
brinquedo. Querendo ou não, não importa para mim. Contanto que você
grite meu nome de prazer, vou considerá-lo consentimento.

Ele se afasta da parede, permitindo-me recuperar o fôlego. Dex tira


as calças. Seu pau salta livre, grosso e inchado com seu desejo por mim.

— Porra—, eu sussurro. — Eu sempre esqueço o quão grande você


é Dex...
— Quieta. — Ele me vira para que minha frente fique contra a
parede. — Abra sua bunda para mim. Eu quero olhar para o seu pequeno
cuzinho apertado enquanto eu me masturbo.

Suas palavras sujas fazem minha cabeça girar, mas o que é ainda
mais chocante é que eu obedeço instantaneamente, dando a ele o que ele
pediu e silenciosamente esperando que ele tire ainda mais de mim.

Eu abro os globos da minha bunda e Dexter ri sombriamente. Eu


o ouço cuspindo. Isso me faz engasgar. Meio segundo antes de sentir sua
saliva pingar em meu buraco passa dolorosamente devagar, e quando
finalmente sinto o líquido me encharcando, empurro minha bunda contra
ele.

— Brinquedo sujo. — Ele agarra minha garganta com uma mão,


me fazendo arquear minhas costas e olhar para trás e para cima, para
ele. — Você adora quando eu te humilho assim, não é?

— Sim, — eu sussurro.

— Sim, o que?

— Sim, senhor. — Minha voz é quase inaudível, e Dex sorri


cruelmente para mim.

— De quem você é, puta? — ele pergunta. Seu tom é gentil desta


vez.

— Sou sua.

— Por quem você goza?

— O senhor.

— Você gozou com eles? — Ele aperta minha garganta, me fazendo


gritar em protesto. — Responda-me agora, Pandora. Você gozou com
Easton? Lai? Julian? Caspian?
— Sim! — Eu gemo. — Sim, me desculpe, eu gozei.

— Você nunca mais gozará com outro homem, — ele rosna contra
meus lábios. — Repita para mim.

— Eu nunca vou gozar com outro homem, — grito.

— Sua boceta pertence a mim. — Sua mão livre dá um tapa no meu


mamilo direito quando eu não digo nada. — Repita!

— Minha boceta pertence a você.

— De agora em diante... — Ele move a mão entre minhas pernas,


me fazendo gritar. — Isso é meu.

Seus dedos se movem para minha bunda exposta. — Isso é meu.

Ele circunda minha bunda e me faz miar antes de alcançar meus


lábios e empurrar dentro da minha boca. — E este é meu também.
Entendeu?

— Sim, senhor. — Me sinto desamparada. Não sei se é o vinho ou


minha própria deficiência de Dexter Booth, mas meu corpo exige que eu
ceda a ele. Nunca estive mais excitada em minha vida. Posso sentir minha
própria boceta escorrendo pelas minhas coxas. A vergonha queima duas
manchas vermelhas brilhantes em minhas bochechas e engulo meu
orgulho. — Por favor. Pegue. Você não quer me ter?

— Tudo há seu tempo, meu brinquedo. — Ele abre minhas coxas e


eu faço o que ele manda sem pensar. — Deus, olhe essa bunda apertada.
E como sua buceta é bonita, Pandora... Tão rosa... tão suculenta.

Eu choramingo quando ele toca seus dedos na minha fenda


molhada e começa a esfregar para cima e para baixo, molhando seus
dedos com meus sucos.

— Por favor, Dex, — eu consigo. — Chega de tortura, quero você


dentro de mim, agora...
— Bem aqui?

Eu aceno ansiosamente. Não me importa que estejamos no meio de


sua sala de estar. Eu não me importo que nós dois estejamos assim, por
causa do vinho enriquecido com feromônios. Só me importo com Dex me
fodendo agora que ninguém está olhando. A necessidade animalesca
vibra pelo meu corpo e pressiono minha bunda contra seu pau nu.

— Bem aqui, Dex. Por favor.

Ele grunhe, agarrando seu pau na base e apontando para minha


entrada molhada. — É aqui que você quer, não é, Pandora?

— Sim, — eu sussurro. — Por favor, senhor...

— Implore.

— Por favor, eu preciso que você me mostre o quanto você precisa


de mim... — Minha voz se interrompe quando ele empurra um mero
centímetro de seu comprimento impressionante na minha umidade. —
Dex, por favor, não me torture, deixe-me ter mais, por favor!

— Você implora como uma puta, brinquedo, — ele grunhe no meu


ouvido. — Como uma putinha carente...

Sem cerimônia, ele enfia seu comprimento em mim e eu sussurro


seu nome enquanto ele começa a mover seus quadris, lento e constante
no início, mas ficando cada vez mais necessitado e urgente. Sou uma
confusão de gemidos e promessas sussurradas em segundos, esperando
que ele nunca pare. Minhas palmas se apoiam na parede, a testa
encostada na pedra fria enquanto Dex agarra meus quadris, me
posicionando de forma que fique na ponta dos pés.

— Você é tão boa no meu pau, — ele geme em meu ouvido. — Eu


posso sentir sua boceta se esticando para me aguentar inteiro. Dói,
brinquedo?
Eu não respondo, gemendo em puro êxtase, mas isso só parece
deixá-lo mais selvagem, cada uma de suas palavras pontuadas com um
impulso de seus quadris.

— Isso. Dói. Brinquedo?

— Sim, sim, senhor, — eu digo com os dentes cerrados. — Você


está me esticando tanto, por favor!

— Aguente.

E eu faço isso, de novo e de novo, até que me sinto amarrada à


beira do precipício do prazer. Estou pronta para dar o passo final, para
cair profundamente no abismo abaixo e me permitir o orgasmo de uma
vida com o garoto que mais odeio no mundo.

Meu corpo cede e eu tropeço, o pau de Dex escorregando para fora


de mim. Ele geme, descontente por eu ter fugido, e antes que eu possa
recuperar o fôlego, ele me arrastou até o tapete e me forçou nas costas.

— Eu quero te olhar, quando estiver dentro de você, — ele me diz


enquanto fica em cima de mim, seus olhos enlouquecidos de necessidade.
Ele cospe no lugar entre nossas pernas, onde seu pau encontra minha
boceta, e eu sussurro seu nome quando ele espalha a saliva por toda a
minha boceta já encharcada. Dolorosamente devagar, ele empurra seu
pau em meu buraco carente.

— Dex, por favor, posso...

— Você pode o quê? — Ele agarra minhas pernas pelos tornozelos


e me segura para facilitar o acesso. Ele está falando com os dentes
cerrados agora, mal conseguindo se conter para não estourar. — Peça
direito, e eu posso deixar.

— Eu quero um orgasmo. — Minhas bochechas parecem estar em


chamas enquanto eu digo as palavras. — Por favor, Dexter! Eu quero
gozar, por favor...
— Porra, goza no meu pau então. — Ele me segura com a palma da
mão sobre minha boca. Seus lábios estão tão próximos, mas tão fora de
alcance, e meus olhos lacrimejam enquanto eu os reviro, cedendo ao
prazer que está me atingindo cada vez mais forte. — Isso mesmo, sua
vagabunda... Continue fodidamente me dando o que é meu. O que
ninguém mais vai ter de novo.

Ele penetra em mim implacavelmente, finalmente movendo a


palma da mão e me fazendo recuperar o fôlego em goles desesperados. —
Seu bastardo doido... O que há de errado com você...

— Cale-se. — Ele me agarra pela garganta novamente. Desta vez,


seus olhos brilham com ódio enquanto ele olha para mim,
impiedosamente dirigindo em minhas dobras novamente e novamente. —
Continue me levando. Continue gozando. Quem disse para você parar,
brinquedinho? Eu quero mais. Eu quero todos os seus orgasmos. De
agora em diante, eles pertencem a mim. Não é, Pandora?

— Sim, — eu assobio, esquecendo-me de mim mesma e cravando


minhas unhas bem cuidadas em suas costas. Dex pragueja em voz alta,
mas não me diz para parar. Eu afrouxo meu aperto e olho em seus olhos
enquanto ele continua me dobrando à sua vontade. — Eles são todos
seus. Eu não gozo sem você, senhor, porra, por favor! Por favor, mais!
Não pare!

— Oh, eu nunca vou parar. — Sua boca captura a minha em um


beijo violento, machucando ainda mais meus lábios. Seus beijos revelam
o quanto ele se preocupa comigo. — Então é melhor você continuar
aguentando.

Não sou uma pessoa para Dexter Booth. Sou seu brinquedo
favorito e toda vez que alguém quer brincar comigo, o ciúme o envolve em
sua névoa verde e o leva a fazer coisas malucas. Coisas Selvagens. Coisas
perigosas.
Outro orgasmo rasga meu corpo antes que eu possa impedi-lo, e
posso ver a expressão de raiva nos olhos de Dex enquanto eu me entrego
às suas ondas de prazer. Quando estou bem ali, ele dá um tapa na minha
bochecha, com força suficiente para me deixar sóbria, mas não tanto para
doer.

— Olhe para mim, — ele exige. — Olhe nos meus olhos quando eu
te fizer gozar.

— N-não posso, — reclamo, mas sua expressão fala muito, e


percebo que estou com muito medo de não obedecê-lo. — Dex, por favor,
p-por favor, n-não...

— Olhe para mim, — ele ruge, e meus olhos ficam grudados nos
dele. Eu os forço a ficarem abertos enquanto me sinto perto de gozar.
Algo embaraçoso acontece então e eu grito quando sinto seu pau deslizar
para dentro com mais facilidade.

Dex também sente e puxa, me forçando a olhar para baixo entre as


minhas pernas. — Olha o que você fez, meu brinquedo... Você lambuzou
meu pau como uma boa putinha. Porra, Pandora. Porra.

Seu corpo vibra quando ele me pressiona novamente, mas desta


vez, eu consegui o que queria e estou decidida a tirar dele o que ele tirou
de mim.

— Sente-se na cadeira, — exijo.

— O que? — Suas sobrancelhas uniram-se em confusão.

— Na cadeira. Vá.

Ele sorri, mas se levanta de cima de mim de qualquer maneira,


sentando na poltrona para que suas costas nuas não estejam
pressionadas contra uma cadeira. Eu monto nele, nervosamente
alcançando seu pau e guiando sua ponta encharcada de pré-sêmen para
minha entrada.
— Qual é o seu lugar favorito para gozar, Dex? — Eu pergunto
inocentemente, fazendo-o voltar seu olhar cheio de raiva para mim. —
Acho que é na minha boca...

Ele se inclina para trás em suas palmas descuidadamente, me


obrigando a fazer todo o trabalho e fingindo que isso não está afetando-
o. Mas eu noto as mudanças sutis em sua atitude instantaneamente - a
tensão em seus ombros, a forma como seus olhos tempestuosos lutam
contra os meus.

— Ou talvez esteja na minha boceta, — pondero em voz alta. —


Você adora reivindicar coisas que não são suas, não é?

— É meu, porra, — ele sibila, me fazendo sorrir. — E você sabe que


é. É por isso que a marco com minha semente.

— Talvez. Mas você não é o único que fez isso.

— O que diabos isso quer dizer?

— Easton, — eu digo inocentemente. — Lai. Julian. Caspian.

— Não diga os nomes deles, — ele sibila. — Eu não quero a porra


dos nomes deles em seus lábios.

— Eles me foderam, Dex, — eu digo, permitindo que seu pau deslize


dentro de mim completamente.

Dex geme alto.

— Sem camisinha. Sem nada. Apenas seus espermas. Em mim. —


Eu sorrio, delirando com as memórias e a sensação de ter Dexter dentro
de mim novamente. — Talvez um deles até me tenha engravidado...
9
DEXTER

Pandora já me irritou antes, mas isso é a cereja do bolo.

Eu agarro sua bunda com uma mão em cada bochecha.

— Eu vou punir você por isso, — digo a ela com naturalidade. —


Lembre-se de cada merda de palavra que acabou de sair de seus lábios,
Pandora, porque vou fazer você se arrepender de todas elas.

Ela geme embaixo de mim e eu sinto meu pau pulsando dentro de


sua umidade apertada, ansioso para meter mais fundo, ansioso para ter
mais. Em instantes, ela vai da sedutora confiante que me provocava
implacavelmente para uma garotinha indefesa implorando por mais. Eu
sorrio quando o prazer começa a pingar de seus lábios como mel. Ela
implora por mais, mas eu não a deixo ter. Em vez disso, meto meu pau
dentro dela com uma lentidão excruciante, certificando-me de que cada
segundo que estou enterrado dentro dela seja insuportável para ela.

— Você gosta, não é? — Eu rosno contra seu ouvido. — Você adora


se machucar... Você ama mais quando sou eu fazendo isso. Admita logo,
boneca... Você ama isso...

Ela se dissolve em uma confusão de gemidos e sussurros, e eu


continuo meu ataque imprudente a seu corpo indefeso. Eu não presto
atenção em seus sussurros e, em vez disso, me concentro em fodê-la o
mais forte que posso, sem forçar muito fundo, para que ela nunca tenha
o prazer que está tão desesperada para ter. Pandora está gemendo e
sussurrando meu nome, e eu não gostaria de nenhuma outra maneira.
Contanto que ela se lembre de quem ela pertence, estamos bem. E no
momento que ela esquece, estou colocando meu pau de volta entre suas
pernas abertas, onde ele pertence.
— Você quer continuar falando? — Eu rosno para ela enquanto
bombeio em sua boceta. — Você quer continuar me dizendo todas as
maneiras que você tentou me machucar, brinquedo? Você quer que eu
continue fodendo... punindo você por cada pequena coisa que você fez de
errado?

— Sim. — Ela está tão desesperada, ela diria qualquer coisa neste
momento, e eu enterro meus dedos em seus cabelos, forçando-a a olhar
para mim.

— Sim, o quê, porra de brinquedo?

— Sim, senhor. — Ela choraminga enquanto eu continuo


transando com ela, segurando-a pela garganta. — Por favor, senhor! Por
favor, não pare, deixe-me gozar, por favor, deixe-me gozar...

— E por que eu deveria deixar? — Eu rujo. — Você não fez nada


para merecer isso... Coisinha ingrata.

— Vou continuar trabalhando, — ela geme. — Vou continuar


trabalhando para agradar você, Dex, por favor... Só me deixe... Só uma
vez.

— Só uma vez? — Eu testo o nome dela em meus lábios. —


Pandora... Se eu te der um, é só esse, merda, você me entende?

— Sim, sim... — As palavras saem de seus lábios. Ela está


delirando de necessidade, enlouquecendo com seu desejo desesperado de
prazer. — Eu farei qualquer coisa, Dex, por favor... apenas um. Deixe-me
ter um.

— Tudo bem, — eu resmungo, finalmente empurrando mais fundo


dentro dela e fazendo seus olhos rolarem em puro êxtase. — Você gosta
assim, não é, brinquedo? Você adora se machucar tanto, você gozaria
assim no segundo que eu te desse permissão...
— Siiiiiiiiiiiim, — ela sibila. — Por favor, Dexter! Agora, goza comigo,
por favor, goza comigo!

— Como desejar. — Eu mantenho meu pau dentro dela. Seus


suspiros e gemidos são bons demais para eu puxar agora, e eu gemo,
sentindo meu pau vazar pré-gozo dentro dela. — Você não pega meu
esperma. Não mais, Pandora. Você fodeu com seus privilégios para fazer
isso quando dormiu com meus amigos.

— Por favor! — Ela está tão desesperada que é quase engraçado, e


tenho o maior prazer em dizer não a ela, repetidamente. — Por favor, Dex,
eu preciso, eu quero, eu mereço...

— Merece isso? — Eu vejo uma névoa vermelha descendo enquanto


continuo punindo sua boceta com meu pau. — Você não merece nada,
Pandora, sua vagabunda de merda... Você não merece nada. Você tem
sorte de eu estar deixando você ter isso... deixando você gozar no meu
pau.

— Eu posso? — Seus olhos estão vidrados de prazer quando ela se


agarra a mim, olhos delirantes. — Por favor, senhor! Deixe seu brinquedo
gozar, por favor...

— Porra, goza, — eu ordeno a ela. — Agora mesmo, brinquedo,


molhe meu pau.

Não é preciso muito para fazer Pandora Oakes desmoronar, mas a


visão disso é tão espetacular, eu sei que terei que fazer isso com ela
novamente.

Ela sussurra meu nome antes de gritar com o coração, seu corpo
tremendo sob o meu. Estou tão perto de gozar que quase posso sentir o
gosto, meu pau está ansioso para se soltar, dar-lhe o controle que ele
anseia e pintar sua pequena boceta apertada com a semente que tenho
guardado apenas para ela. Mas eu me nego o prazer porque meu
brinquedo não merece. Ela é uma idiota traidora que só quer me
machucar e nunca vou perdoá-la.

No entanto, não posso deixar de desfrutar de seu corpo se


contorcendo de puro prazer, desesperado por muito mais do que estou
pronto para dar a ela. Ela goza como se tivesse sido feita para fazer isso,
e apenas isso. Seu corpo se convulsiona de prazer e eu a seguro para que
possa examiná-la em seus momentos mais íntimos. Ela parece tão bem
assim. Tão boa pra caralho que dá água na boca.

Eu quero devorá-la.

Eu quero destruí-la.

E eu quero possuí-la.

Eu a tinha na palma da minha mão antes, mas ela escapou. Agora,


farei tudo ao meu alcance para ter a doce e pequena Pandora de volta ao
meu controle. Afinal, é onde ela pertence.

Assim que o orgasmo deixa seu corpo, Pandora volta seus olhos
suplicantes para os meus.

— Mais, Dexter, por favor...

— Eu disse um, — eu resmungo. Eu sei que devo desistir. Sei que


deveria mandá-la de volta para casa, vazia e precisando de muito mais
do que jamais darei a ela. Mas eu não quero que ela vá embora. A parte
de mim que eu mais odeio - a parte normal - anseia que ela fique. Para
segurá-la em meus braços e permitir que ela se acalmasse depois que eu
a usei tão intensamente. — Você não pode ter mais.

— Mas eu quero seu gozo, — ela implora. — Eu preciso disso, Dex...


eu mereço.

— Você acha? — Eu rujo, punindo-a me enfiando mais fundo do


que é confortável em sua boceta. Ela choraminga de dor e prazer
combinados. — Você acha que merece isso? Você é um brinquedo ruim,
Pandora. Um fodido brinquedo quebrado. Eu não quero mais você.

— Mentiroso! — Ela sibila, agarrando meu pescoço e cravando suas


garras na minha pele. — Não minta para mim, senhor... Eu sou a única
com quem você pode ser honesto.

Dói, porque ela está certa.

Dói mais porque nunca vou me permitir fazer isso.

Mas o desejo de explodir dentro dela está lá, me lembrando o


quanto eu preciso preenchê-la.

— Eu não vou deixar você ficar com isso.

— Dex, não me castigue, — ela implora pateticamente. —Não me


castigue mais... É o suficiente, por favor, eu quero que seja o suficiente.
Deixe-me gozar com você.

— De. Jeito. Nenhum. Porra.

— Então, porra, me dê seu orgasmo. — A garota é implacável. Eu


meio que gosto da dedicação dela. Isso me torna mais duro do que
qualquer outra garota antes dela já fez. Ela já está implorando como uma
profissional. — Deixe-me ter isso, Dex...

— Eu não estou usando camisinha, — murmuro.

— Eu não me importo.

— Você também não se importou com eles? — Eu assobio,


punindo-a com meu pau. — Não importava então, não é, Pandora? Você
faria qualquer coisa para me machucar. Qualquer coisa para se vingar.
Você está se esquecendo de que sou eu quem te protege, no entanto. Você
está levando essa merda para fora na porra da pessoa errada, boneca.
— Eu vou parar, — ela sussurra timidamente, as palavras
gotejando com necessidade. — Eu vou parar Dex, eu juro... Apenas me
deixe ter...

Está ficando cada vez mais difícil me impedir de gozar, e é como se


Pandora soubesse. Ela está usando isso em sua vantagem também, me
empurrando mais e mais até que estou tão desesperado por essa
liberação que não dou a mínima para mais nada.

— Goza, — ela implora para mim. — Goza em mim... Goza na


minha boceta, Senhor... Eu só quero você, por favor.

— Jure que você não vai foder mais ninguém, — eu resmungo.

— O-o quê?

— Ninguém mais! — Eu bato um punho próximo à sua cabeça. —


Ninguém. Nunca mais. Só eu.

— Eu... eu...

— Jure, ou eu paro agora.

Ela morde os lábios inferiores, os olhos encontrando os meus. —


Eu juro, Dexter...

Eu me permito ter isso então, a liberação que venho desejando há


tanto tempo. Eu pinto sua boceta com jato após jato de esperma,
segurando-a e ignorando seus gemidos e apelos para deixá-la gozar
novamente. Ela conseguiu mais do que merecia. Mas mesmo que ela
possa pensar que me pegou em seu dedo mindinho agora, nós dois
sabemos quem realmente segura as cordas.

Eu termino dentro dela, em seguida, puxo meu pau para fora e


permito que ele caia sobre a boceta cheia do meu brinquedo.

— Você foi uma boa menina hoje, — murmuro. — Mas isso não
significa que eu te perdoei.
Eu me levanto do chão e coloco minha calça de moletom de volta.
Meu pau ainda está semi duro, mas preciso parar de deixar Pandora ditar
o que está acontecendo entre nós. Ela conseguiu, agora é hora de ir
embora.

— Você quer que eu saia? — Ela parece magoada enquanto coloca


o vestido, de pé diante de mim, de costas para mim, enquanto faz um
gesto para eu fechar o zíper. Eu puxo o zíper, não me permitindo tocar
em sua pele, e ela me encara novamente, seu rosto caindo quando eu não
encontro seus olhos. — Dex, por que você não olha para mim?

— Você conseguiu o que queria, não é? — Minha voz é fria e


implacável. Qualquer doçura que acabamos de compartilhar se foi,
substituída por sua traição, que ainda não esqueci. — Não finja que veio
aqui para outra coisa senão para ser fodida.

— Mas Dex, eu...

— Eu não me importo. — Eu a calei com meu dedo pressionado


contra seus lábios. — E não importa. É hora de você ir agora, Pandora.
Eu tenho uma merda para cuidar.

Seus olhos tempestuosos a traem, deixando-me saber o quanto ela


quer ficar. Mas eu não ligo, ignorando-a enquanto caminho em direção à
porta da frente. Meu brinquedo segue timidamente meus passos e para
na soleira da porta.

— Você realmente vai me fazer sair agora?

Ela está fazendo beicinho e é meio fofo. Eu sorrio e coloco uma


mecha de cabelo castanho chocolate atrás da orelha.

— Você conseguiu o que queria, — repito. — E eu vou te ver em


breve, de qualquer maneira. Agora vá para casa antes que seu pai tenha
um ataque cardíaco quando descobrir que você saiu.
— Sobre isso... — Ela morde o lábio inferior. — Eu queria te dizer
antes.

Eu uni minhas sobrancelhas em preocupação. Algo me diz que não


vou gostar do que está por vir. — Me diga, o quê?

— Meu pai, ele... — Ela engole em seco, e seus olhos não encontram
os meus. — Ele atacou Minnie...

— Ele fez o quê?

— Eu... acho que ele quebrou o braço dela, — ela gagueja. — Mas
eu entrei logo depois porque ouvi gritos, e Brazen...

— Porra, Pandora! — Meu punho bate na porta. Eu machuquei e


sangrou minhas juntas, mas eu não dou à mínima. — E você ainda está
morando naquela casa com ele? Onde diabos estava Belle quando isso
aconteceu?

Ela encolhe os ombros, impotente. — Eu não acho que ela se


importe.

— Ele vai matar aquela garota, — eu digo com naturalidade.

— Eu sei, — ela sussurra. — Estou tentando impedi-lo, mas acho


que todos estão com muito medo. Mas tenho um plano para ajudar
Minnie.

— Ajudar ela? — Eu rio amargamente. — Como você a ajudou hoje?


Ele quebrou o braço dela, Pandora. E você veio correndo aqui,
esquecendo-se de me dizer sobre isso e cavalgando meu pau por horas
antes de tocar no assunto. Você é tão ruim quanto ele.

Ela empalidece visivelmente, então um olhar de pura raiva cruza


seu rosto e ela pressiona um dedo em meu peito. — Retire isso, Dexter.
— Não, eu quis dizer isso. — Eu forço suas mãos e assobio para
Kelley, que acabou de parar na nossa garagem. — Você vai para casa,
Pandora. E não volte atrás da minha pena, porque você não merece isso.

— Como se você não quisesse me foder, — ela rosna, me olhando


com desprezo. — Eu nunca vou voltar aqui.

— Claro que não, — eu sorrio.

— Você não acredita em mim?

— O negócio é o seguinte... Você sabe onde estou, — digo a ela com


um sorriso frio. — E eu sei o que você é.

Ela estreita os olhos para mim, murmurando: — Por que você


simplesmente não...

— Salve isso. — Beijo seus lábios, suaves e doces, deixando-a


querendo mais quando me afasto e ela tenta esconder o desejo
claramente visível em seus olhos famintos. — Estarei esperando por você,
Pandora. Nós dois sabemos que você vai voltar.

Com isso, fecho a porta da frente, deixando-a presa na minha


porta.

***

Uma vez que destranco a porta do quarto de Lily Anna, espero que
ela se lance sobre mim, exigindo respostas e vindo buscar meu sangue.
Mas ela está sentada no canto da sala em vez disso, com as costas eretas
e um sorriso calmo brincando em seu rosto. Ela se levanta quando eu
entro, vindo em minha direção com passos longos, deliberados e
confiantes.

— Olá, — eu falo formalmente. — Sinto muito não ter verificado


você em algumas horas.
Ela examina meu rosto com interesse. Estou feliz por não usar meu
coração na manga, caso contrário ela seria capaz de dizer
instantaneamente o que passei meu dia fazendo. Mesmo que eu tenha
tomado um longo banho, lamentando cada segundo que passei sob o jato
quente da água, ainda sinto o cheiro de Pandora em mim. Eu não me
canso disso. Eu odiava lavar isso. Quero me envolver nela como se seu
perfume fosse uma colônia cara.

Ela não me pergunta onde eu estava, apenas vem até mim,


franzindo o nariz. Então, seus olhos encontram os meus, procurando
respostas em meu olhar. Eu me forço a não desviar o olhar, olhando de
volta para ela e desafiando-a a me dizer a verdade. Mas Lily Anna não
diz. Em vez disso, ela oferece um sorriso doce e açucarado enquanto diz:
— Tudo bem.

Estou surpreso com o quão lúcida ela parece. Pela primeira vez em
meses, sinto que estou vendo um vislumbre da velha Lily Anna, a garota
que eu amei anos atrás, antes de tudo virar uma merda.

Algo toma conta de mim então, e me surpreendo ao dizer: — Você


quer vir para a sala um pouco?

Seus olhos brilham com a oportunidade. Estou arriscando tudo


para tirá-la do quarto, mas o desejo de dar mais a ela é forte demais para
me impedir. Finalmente, ela balança a cabeça timidamente, e eu
destranco a porta novamente, apontando para ela andar na minha frente.

Ela dá passos lentos e dolorosos pelo corredor, e eu sigo atrás de


perto, certificando-me de que ela está segura e não tentando fugir de
mim. Ela se comporta como uma boa menina e não me dá motivos para
me preocupar, fazendo meu coração inchar de culpa.

Eu não deveria ter feito isso com ela.

Cada dia que a mantenho trancada é mais um ponto na minha


sentença de morte.
Não admira que Anders não pudesse ficar e me ajudar a cuidar da
garota. A situação toda é confusa demais para por em palavras.

Entramos na sala de estar. Limpei todos os vestígios do meu dia


com Pandora, mas o fogo ainda está queimando na lareira, e Lily Anna
está sentada em frente à lareira agora, admirando as faíscas voando e
atingindo o painel de vidro diante das toras.

— Tão lindo, — ela murmura. — Eu gosto disso.

Eu sorrio, sentando ao lado dela e estendendo meus braços. Nós


dois aquecemos nossas mãos no fogo antes que eu alcance o atiçador em
uma caixa de metal sobre a lareira, e ative o fogo. Lily Anna observa as
chamas queimando enquanto nos sentamos ali em um silêncio sociável.
Mas, pela primeira vez, tenho certeza de algo - tudo o que Lily Anna e eu
tivemos acabou. Meu amor por ela desapareceu com o passar dos anos.
Fiquei cansado de sua personalidade, enganado por suas mentiras
muitas vezes para continuar cedendo à sua personalidade vingativa.

— Lily Anna. — Minha voz enfraquece quando eu digo o nome dela,


e ela vira a cabeça para olhar para mim. — Tenho pensado em ir embora.

Ela inclina a cabeça para o lado, um sorriso doce iluminando seu


rosto. — Oh. Para onde estamos indo?

A maneira como ela formula sua pergunta não me escapa, e me


forço a não estremecer ao responder: — Estou deixando esta cidade. Eden
Falls é tóxico. Quero dar o fora daqui.

Seus olhos se arregalam. — Mas para onde poderíamos ir?

Preciso contar a verdade a ela e sei que vai doer.

Eu alcanço suas mãos, juntando-as nas minhas. — Lily Anna, eu...


eu não vou embora com você.
O choque é registrado em seus olhos primeiro, depois a traição. Ela
afasta as mãos das minhas, mas apenas acena com a cabeça em
resposta. — O que vai acontecer comigo, então?

— Bem, você tem idade suficiente para fazer o que quiser, — digo
a ela suavemente. — Seu pai...er, Emilian Oakes, ele... ele não pode te
machucar, mesmo com sua influência. Ninguém o deixaria te machucar
mais, não agora que você é maior de idade, e todos sabem que você não
é...

— Não sou, o quê?

— Nada, — murmuro. — A questão é que você estaria livre. Livre


para ir aonde quiser.

— Mas e se eu quiser ir com você?

Tento segurar suas mãos de novo, mas não quero incomodá-la,


então corro meus dedos pelo meu cabelo novamente. — O problema é,
Lily Anna, eu não vou embora sozinho.

Mais uma vez, há choque, depois traição e, em seguida, puro


ressentimento. Mas ela não diz nada, apenas balança a cabeça e desvia
o olhar. Nós olhamos em silêncio para o fogo pelos próximos minutos, eu
escolhendo as palavras que vão machucá-la menos quando eu disser que
ela está sozinha daqui em diante.

— Dex?

Eu olho para ela, esperando que ela não chore ou fique chateada.
— Sim?

— Você pode me pegar uma bebida? — Sua voz está vacilante. —


Eu não me sinto muito bem.

— Tudo bem, — murmuro, levantando-me para pegar um pouco de


água quando isso me atinge - este pode ser o plano inteligente de Lily
Anna para fugir de mim. Para me trair e ir direto para a polícia. Afinal,
há muito tempo a mantenho prisioneira. Isso poderia facilmente ser uma
vantagem para ela - e minha queda.

Eu me viro para encará-la novamente, perguntando gentilmente:


— Lily Anna, você não quer me machucar, quer?

— Não. — Seus olhos queimam de paixão quando ela os bloqueia


com os meus. — Eu nunca te machucaria, Dexter. Eu te amo.

Suas palavras picam e cortam profundamente, mas de alguma


forma consigo acenar com a cabeça, no entanto. Saio na direção da
cozinha, sentindo-me tenso enquanto sirvo um copo d'água para ela.
Talvez eu não devesse confiar nela. Talvez isso fosse tudo que ela queria
- uma oportunidade de fugir, de me apunhalar onde dói.

Eu corro de volta com a metade da água no copo tão rápido que


respingo na borda.

Mas assim que eu volto para a sala de estar, eu noto que Lily Anna
não se moveu de seu lugar, e a culpa faz com que gotas nervosas de suor
brotem na minha pele.

— Aqui está. — Eu ofereço a ela o copo, surpresa por sua


compostura firme quando ela o pega de mim. — Você se sente melhor?

— Eu vou em breve. — Ela toma goles longos e profundos do


líquido, fazendo-me sentir vergonha de mim mesmo enquanto a vejo
beber.

Eu prendi a garota.

Eu a mantive cativa por anos sob o pretexto de protegê-la de seu


pai, mas a verdade é que eu estava tentando evitar que ela se
machucasse. Mas, ao fazer isso, posso ter apenas piorado as coisas, e
agora a culpa flui livremente por mim, me lembrando a cada segundo que
passa que sou o culpado pelo que aconteceu com ela.
— Devíamos voltar para o seu quarto, — sugiro suavemente.

Ela me surpreende com um aceno calmo, entregando-me o copo.


Eu olho profundamente em seus olhos grandes e inocentes e me odeio
pelo monstro que me tornei.

Eu coloco o copo na mesa e digo a ela para subir. Seus olhos


brilham com isso, o sinal de confiança óbvio, e eu até mesmo viro as
costas para ela para fingir que realmente confio nela. Logo, seus passos
ecoam na escada e eu sei que ela voltou para seu quarto.

Eu preciso descobrir a situação com Lily Anna. Não posso mantê-


la cativa para sempre. Especialmente agora que Anders se foi.

Minutos depois, subo as escadas sozinho. Hesito com a palma da


mão apoiada na porta. Eu quero abrir. Quero falar com Lily Anna, dizer
a ela que tudo vai ficar bem. Diga a ela que não sou o bastardo que ela
deve me ver agora.

Mas eu não faço isso.

Em vez disso, giro a chave na fechadura, certificando-me de que


ela não pode correr e me afasto dela. Mais um problema por trás de portas
fechadas. E enquanto eles permanecerem trancados posso fingir que as
coisas vão dar certo.
10
PANDORA

— Pandora. Pandora. Pandora.

Eu gemo, me jogando e virando na cama. — Me deixe em paz.

— Não. Acorde.

Eu forço meus olhos a abrirem, esfregando o sono deles. Meu


quarto está envolto em escuridão, exceto pela lâmpada de cabeceira na
minha mesa de cabeceira. Brazen está sentado ao meu lado na cama, seu
rosto pálido.

Eu me sento instantaneamente. — Minnie está bem?

— Acabamos de voltar do hospital, — ele murmura. — O bastardo


nem mesmo pagaria por cuidados privados.

Eu sei imediatamente que ele está se referindo ao nosso pai, e eu


balanço minha cabeça. A última vez que o vi, ele estava uma bagunça
sangrenta no chão. Kelley me disse que um médico particular veio até
sua casa para cuidar de seus ferimentos, mas ele não deu a mínima para
os de Minnie. Brazen foi quem a levou para o pronto-socorro, onde ela
engessou o braço esquerdo.

— Ela está bem? — Eu pergunto.

— Ela vai usar esse gesso por um mês. — A mão de Brazen forma
um punho em seu colo. Nossos olhos se encontram e, pela primeira vez
em nossas vidas, sinto que estamos compartilhando um momento. A
única coisa que temos em comum é odiar nosso pai. Pelo menos agora
temos algo que nos une. — Eu queria te agradecer pelo que você fez hoje,
Pandora.
— Eu não fiz nada, — murmuro.

— Você o parou antes que ele fosse mais longe.

— Ele quebrou o braço dela, Brazen! — Eu assobio, incapaz de me


segurar. Ainda estou fervendo de raiva, tanto pelo que nosso pai fez
quanto pelo que Dex jogou na minha cara.

— Mas você o impediu de fazer mais do que isso, — diz ele


calmamente. — Porra, sabe o que teria acontecido se você não tivesse
entrado quando entrou. Minnie poderia estar morta agora.

Encontro-me assentindo, concordando silenciosamente com suas


palavras. Papai é capaz de coisas muito piores do que fez com Minnie. As
costas ensanguentadas de Dexter falam muito. — Eu só queria poder
fazer mais.

— Bem, pelo menos estamos trabalhando juntos agora. Podemos


ajudar Minnie. Ajudá-la a dar o fora.

— Brazen, você... — Meus olhos encontram os dele. Não tenho


certeza se devo perguntar, mas quero saber desesperadamente, e as
palavras escapam dos meus lábios antes que eu possa me conter. — Você
a ama, não é?

Seus lábios formam uma linha fina. Ele não respondeu à minha
pergunta, mas seu silêncio me diz tudo que preciso saber.

Pego sua mão, mas ele se afasta, como se não pudesse suportar a
ideia de ser tocado por mim. Então, como se estivesse se arrependendo
de ter se afastado, ele me oferece um sorriso triste. — Eu sei que você se
preocupa com o bem estar dela, Pandora. Você não é tão ruim quanto
todo mundo pensa.

— Eu também não acho que você é. — Eu imito seu sorriso amargo.


— Mas é mais fácil assim, não é?
— O que você quer dizer?

— Fingindo que é frio, — murmuro, brincando com a roupa de


cama. — Fingir que nada pode machucar você e você não se importa com
nada. Pelo menos assim o papai não pode machucar você.

Ele me encara nos olhos e, quando acho que ele vai me repreender,
faz o menor dos acenos de cabeça.

— Ele sabe sobre você e Minnie? — Eu não posso deixar de


perguntar.

— Acho que não, — murmura Brazen. — Então é melhor você


manter a boca fechada. E não há eu e Minnie, de qualquer maneira.
Nunca aconteceu nada entre nós.

— Mas você a ama, — eu o lembro.

— Ela não precisa saber disso.

— Mas Brazen, eu acho que ela...

— Pare. — Ele levanta a mão em advertência, me parando no meio


do caminho. Eu calei a boca no comando, suspirando. Eu gostaria de
poder dizer a ele que Minnie tem sentimentos por ele também, mas acho
que não é da minha conta. É a história dela para contar. — Só vim
agradecer e oferecer... algo em troca de manter Minnie segura quando
não estou por perto.

— Oh? — Sento-me na cama, só então percebendo que estou


vestindo nada além de uma camisa de seda. Eu puxo o edredom mais
alto, me sentindo constrangida sem maquiagem e sem meu cabelo feito.
Caramba, o que Eden Falls fez comigo? Meses atrás, eu não daria a
mínima para minha aparência. — O que você queria me oferecer?
— Primeiro me prometa que vai mantê-la segura, — ele murmura.
— Eu preciso saber que há alguém cuidando dela quando eu... não puder
estar aqui.

— Onde você vai? — Suas mãos se fecham em punhos e eu me


arrependo de ter feito a pergunta. — Ok, eu prometo, Brazen.

— Bom.

— Agora o que eu ganho?

— Eu posso te ajudar na escola, — ele murmura. — Manter você


segura. Certificar-me de que as pessoas não mexam com você.

— Você faria isso por mim? — Eu fico olhando para ele com
ceticismo.

— Eu vou, — ele concorda. — Contanto que você fique de olho em


Minnie.

— Vou fazer mais do que isso. Olhe. — Eu saio da cama e ele desvia
o olhar, limpando a garganta quando vê o que estou vestindo. Eu cavo
debaixo da cama e tiro uma caixa de sapatos Zanotti, revelando algum
dinheiro que guardei lá dentro. — Não consegui muito, mas tento guardar
um pouco sempre que posso. Quero ajudar Minnie a deixar a cidade.

Brazen parece mais emocionado do que nunca quando ele diz: — É


muito gentil de sua parte, Lily Anna.

— Pandora, — eu o corrijo friamente.

— Certo. — Ele ri. — Desculpe... às vezes, você é muito parecida


com ela, sabe.

Não sei se devo ficar lisonjeada ou ofendida, então me distraio


guardando a caixa novamente.
— Então posso contar com a sua ajuda na escola? — Eu pergunto
quando estou de volta na minha cama. — Você não vai me decepcionar,
vai?

Brazen balança a cabeça. — Enquanto você ficar de olho em


Minnie, eu ficarei de olho em você.

— Ótimo. Agora, se é isso, você realmente deveria ir. — Eu me


estico, bocejando ruidosamente. — É o meio da noite e eu preciso
desesperadamente descansar um pouco.

— Uma última coisa. — Ele se levanta da cama e me olha com uma


expressão preocupada. — Tenha cuidado com o papai. Ele está chateado
depois desta noite e está querendo descontar em alguém.

— Acho que você é quem deveria estar com medo, — murmuro.


Afinal, foi meu irmão quem tirou o brinquedo do papai dele, e sei que
papai não reagirá a isso levianamente.

Brazen zomba, dizendo: — Eu sou seu primogênito agora, e eu já


provei a ele que posso me defender e aqueles que eu...

— Amo? — Eu provoco, mas sua expressão magoada me diz que é


muito cedo para pressioná-lo dessa forma, e eu rapidamente calo a boca.

— Acho que ele está planejando alguma coisa, — meu irmão


continua. — Algo que pode ser potencialmente desastroso. Apenas esteja
pronta, ok?

— Vou ficar de olho. — Eu me enfio sob o edredom. — Obrigada,


Brazen.

É a primeira vez que sinto uma conexão com meu irmão e trocamos
um olhar de compreensão antes de ele sair do quarto. Suas palavras
continuam tocando em minha mente enquanto eu lentamente caio em
um sono sem sonhos.
***

É fim de semana, mas ainda tenho que acordar cedo para o café da
manhã em família. Não tenho certeza se meu pai estará lá, mas a julgar
pelo fato de que uma Belle de boca fechada me acordou horas depois que
Brazen foi embora, presumo que ele tenha algo a nos dizer.

Eu me arrumo, vestindo um vestido azul marinho simples e


combinando com sapatilhas nude. Eu examino minha aparência no
espelho, me perguntando se meu pai ou qualquer outra pessoa será
capaz de dizer o que eu estive fazendo na noite anterior. Sinto como se
Dexter ainda tivesse suas garras em mim, como se eu estivesse
carregando sua marca invisível que me marca como sua propriedade
agora e para sempre.

Eu enrolo meu cabelo em cachos bonitos e aplico um pouco de


maquiagem leve antes de descer as escadas. Tatianna e minha madrasta
já estão sentadas à mesa com os rostos pálidos, mas nem Brazen nem
meu pai estão à vista.

Eu deslizo em minha cadeira e coloco comida no meu prato


enquanto Bryony me encara com uma expressão horrorizada.

— Você está comendo tanto assim? — ela pergunta, obviamente


escandalizada. — Tudo vai direto para a sua bunda, garota.

— Ótimo, — murmuro em resposta. — Será mais confortável


sentar.

Ela balança a cabeça e continua beliscando suas fatias de laranjas,


enquanto Tianna troca um sorriso comigo. Eu gostaria que a garota fosse
mais aberta para construir uma amizade. Estou ansiosa para conhecê-la
melhor, mas até agora ela tem sido um livro fechado.
Um momento depois, Brazen entra na sala. Seu rosto está
tempestuoso e ele não diz nada enquanto se senta ao nosso lado na mesa,
olhando para cada um de nós por alguns segundos. Ele enche o prato e
comemos em silêncio, mas é tudo menos sociável. Sinto gotas de suor
brotarem na minha testa. Estou nervosa pra caralho. Meu pai não estará
de bom humor hoje, e aposto tudo, que ele vai me escolher como sua
vítima novamente. Afinal, sou o alvo mais fácil.

A tensão na sala é palpável até que todos nós finalmente ouvimos


passos no corredor. Trocamos olhares. Bryony empurra seu prato e todos
nós nos levantamos, antecipando a entrada de papai. Eu mantenho meus
olhos treinados no meu prato, não querendo olhar para ele, mas quando
os passos se aproximam, ouço o suspiro chocado de Tianna perto de mim.
Eu pego sua mão e aperto, com força, e ela aperta de volta. É um pequeno
sinal de camaradagem nesta casa fodida.

— Sentem-se. — As palavras de meu pai saem abafadas, como se


ele tivesse algo na boca. Eu mantenho meus olhos treinados no meu
prato meio vazio e me jogo de volta na cadeira. Meu coração está
disparado a um milhão de milhas por minuto e mal consigo respirar. Eu
sei que o que quer que esteja por vir não será bom para mim. — Pandora.

Eu estremeço ao som do meu nome. Aqui vamos nós. Ele vai me


machucar agora e dar uma desculpa esfarrapada sobre eu precisar de
disciplina.

— Sim, Pai?

— Olhe para mim quando estou falando com você, garota.

Eu engulo em seco, fechando meus olhos por um segundo para


reunir minha compostura. Então, eu lentamente levanto minha cabeça,
meu olhar encontrando o de meu pai.

O que vejo me deixa sem palavras. O rosto do papai está uma


bagunça. Ele tem pontos na sobrancelha e outros pontos no lábio. Sua
boca está horrivelmente inchada, sua bochecha parece quebrada e seu
olho direito está inchado e fechado. Ele é uma bagunça e olhar para ele
me deixa fisicamente doente. Eu olho para longe, incapaz de lidar com o
peso de seu olhar.

— Eu disse, porra, olhe para mim.

Ele parece inflexível, e eu sei que estou em apuros, quer obedeça


ou não, então me forço a olhar diretamente em seus olhos, o que é visível
deles, de qualquer maneira.

— Sinto muito, pai.

— Você vê o que seu irmão fez comigo? — Ele ri, mas se transforma
em um chiado no meio do caminho. Ele tosse e cospe, mas me forço a
manter meus olhos treinados nele como ele queria. — É preciso um
homem forte para derrubar alguém como eu.

Estou desesperada para dizer a ele que isso não pode ser verdade.
Sem seu exército de ajuda, Emilian Oakes não é nada. Mas sou sábia o
suficiente para manter minha boca fechada e esperar pelo castigo que sei
que virá, independentemente do que eu faça.

— Como você está se sentindo, papai? — Tianna fala perto de mim,


sua voz baixa e frágil. Meu papai a ignora completamente, sua atenção
ainda está em mim.

— Já que você fodeu com seu prospecto nesta cidade, — diz o pai.
— Eu decidi que poderia muito bem tratá-la como a prostituta que você
tanto deseja ser.

Eu franzo minhas sobrancelhas, murmurando, — O que isso quer


dizer?

Ele sorri. Parece doloroso, e espero que cada movimento que ele faz
doa e o lembre de como ele é um pedaço de merda no fundo. Minha pele
se arrepia, antecipando a resposta do meu pai. Eu sei que ele vai me
machucar agora. Eu sei que ele vai descontar sua raiva de Brazen em
mim. E mesmo que eu nunca admita em voz alta, estou apavorada pra
caralho.

— Significa, — meu pai continua com um sorriso beatífico. — Eu


vou oferecer sua mão em casamento ao lance mais alto.

— O que? — Eu pulo da minha cadeira, dominado pela emoção. —


Você não pode fazer isso sem o meu consentimento.

— Oh, eu posso fazer muitas coisas sem o seu consentimento. —


Ele faz uma careta, seu rosto conseguindo parecer triunfante, apesar do
estado em que se encontra. — Este é apenas um deles. Claro, eu não
suponho que você vai me ouvir por muito mais tempo. Seu marido vai
cuidar de tudo isso sozinho, não é?

— E quanto à escola? — Eu cuspo. — Ainda tenho um ano e meio


pela frente e queria ir para a faculdade depois.

— Absurdo. — Ele acena com a mão com desdém. — As mulheres


Oakes não precisam de educação. Tudo o que você precisa fazer é dar a
mim e ao seu marido, um herdeiro após o outro.

— Você é doente, — eu assobio. — Você está me usando para seu


próprio ganho mais uma vez. Quando tudo isso vai parar? Quando você
vai perceber o quão tirano você é, seu bastardo doente?

— Brazen, — meu pai fala com os dentes cerrados. — Bata nela.

Um silêncio tenso caiu sobre a mesa. Encaro meu irmão, esperando


que ele se levante e faça o trabalho sujo de papai novamente. Mas ele não
quer. Ele fica grudado na cadeira, lutando uma batalha silenciosa com o
pai enquanto eles se encaram.

— Não, — diz Brazen.


— Como é? — Meu pai parece furioso e Brazen sorri, levantando-
se e jogando o guardanapo com o brasão da família Oakes na mesa de
jantar. — Faça o que eu mando, Brazen. Ou então...

— Ou então o quê? — Meu irmão ri livremente. — Você não me diz


mais o que fazer. Bata você mesmo, seu velho desgraçado. Talvez ela
tenha a misericórdia de não bater em você de volta.

Com essas palavras, ele sai da sala. Sinto orgulho dele por
enfrentar meu pai, mas ainda estou apavorada. As palavras de meu pai
estão ecoando em minha cabeça. O leilão. Um novo marido. Uma nova
vida. Uma chance de fugir deste inferno - ou uma chance de estar presa
em um destino ainda pior do que este.

— Quem ganha, então? — Eu pergunto ao papai friamente.

— O lance mais alto, é claro. — Ele sorri. Parece doloroso, e espero


que seja. — Você sabe, há homens em Eden Falls que pagam um bom
dinheiro por uma vagabunda obediente como você.

Meu estômago cai e eu me encolho. — Você é doente.

— Talvez, — diz ele, brindando-me com uma taça de suco de


laranja. — Mas eu sou o único responsável pelo seu destino, filha
querida... E eu pretendo torná-lo o mais miserável possível.
11
PANDORA

Eu me preparo para o leilão com a ajuda de Belle. Meu pai deve


realmente me odiar, porque ele providenciou para que isso acontecesse
apenas alguns dias depois de nossa conversa. Ele deve estar ansioso para
me tirar de casa, mas eu também estou ansiosa para ir embora - espero
que com alguém que possa me proteger, não me machucar.

Contei a Dex sobre o leilão por mensagens de texto. Ele ainda não
foi à escola e também pulei os últimos dias com a preparação. Ninguém
dá a mínima. A Prep é apenas mais uma desculpa para nossos pais ricos
ficarem de olho em nós e nos controlar como fantoches involuntários.

Belle afasta meus cachos, alisando meu cabelo em uma longa


cortina de seda. Devo usar uma roupa ridícula e reveladora e tentei
convencer a empregada a me deixar escolher algo eu mesma, mas acho
que ela tem muito medo de papai para me permitir. Então, estou presa
no horrível vestido vermelho cereja que não deixa nada para a
imaginação, e um par de saltos altos de couro preto, quase inexistente.
Pareço um milhão de dólares, mas me sinto uma fraude. Esse sentimento
não me deixou nenhuma vez desde que coloquei os pés em Eden Falls.

— Você está quase pronta? — Belle pergunta, e eu engulo,


balançando a cabeça. Ela passa um pouco de pó cintilante em meu peito,
acentuando minha clavícula, e dá um passo para trás, admirando seu
trabalho manual. — Você está linda, Srta. Pandora.

— Ótimo, — eu digo com os dentes cerrados. — Pelo menos vou


ficar bonita para a porra do meu funeral.

Ela me ignora e abre a porta, gesticulando para que eu a siga. Posso


ouvir a comoção quando saio da sala, e meu estômago dá um nó
desconfortável e insuportável. Eu não quero fazer isso. Eu não quero ser
vendida. No entanto, não tenho escolha. A única esperança que me resta
é que Dexter seja quem fará o lance por mim. Que ele me quer o suficiente
para me manter como sua propriedade. Eu zombo. Grande chance de
essa porra acontecer. Ele não fez nada além de me afastar desde que
cheguei à cidade.

Eu sigo Belle escada abaixo, passando por grupos de pessoas que


ficam quietas quando eu passo por elas. Eu mantenho minha cabeça
erguida e ignoro os comentários e risadinhas vindas dos convidados. Eu
não me importo com o que eles pensam de mim. Vou fugir em breve, e
então a opinião dos habitantes de Eden Falls não terá importância
alguma.

— Por aqui, senhorita. — Belle me guia por trás de uma cortina de


veludo vermelho e me oferece um copo d'água com um sorriso de
desculpas. — Beba, senhorita. Isso vai acalmar seus nervos.

A água não tem gosto de água e faço uma careta para o copo. —
Isso é nojento. O que é?

— Vodka. Para acalmar seus nervos, — ela repete. Devolvo o copo,


examinando-a com o olhar.

— Como você pode suportar isso, Belle? — Eu finalmente pergunto.


— Como você pode permitir que sua filha fique aqui? Como você pode
ficar aqui? Quando será o suficiente?

Ela não responde, em vez disso começa a arrumar o quarto em que


estamos, mas não vou desistir tão facilmente.

Meus dedos envolvem seu pulso e eu a puxo para frente. Quando


seus olhos encontram os meus, não há emoção neles. Ela está dormente.
Completamente entorpecida. E com isso, eu nem preciso que ela
responda. Sua falta de emoção disse tudo.
Eu a solto, sentindo-me enojada enquanto balanço minha cabeça.
Belle enrubesce, recusando-se a encontrar meus olhos enquanto diz: —
Eles vão chamá-la para o palco em alguns minutos.

Eu a ignoro, encostada na parede. O vestido que estou usando está


tornando cada respiração uma luta, e os saltos estão me matando, mas
juro manter minha cabeça erguida. Eles não vão me pegar. Eles não
podem.

Um momento depois, as cortinas se abrem e Bryony estende a mão


para mim. Eu franzo as sobrancelhas, odiando-a por fazer parte disso,
por ser cúmplice. Mas eu me afasto da parede de qualquer maneira,
ignorando a mão da minha madrasta enquanto subo no palco que foi
montado no salão de baile da propriedade dos Oakes.

—` Por favor, dê as boas-vindas à minha linda enteada, — Bryony


ronrona, e eu a encaro com puro desprezo enquanto ela tilinta o copo
com um garfo. — Vamos começar a licitação, mas a palavra é sua por
enquanto, Pandora. Por que você não se apresenta a todos?

Ela sai do palco, deixando-me parada no centro das atenções e


odiando cada segundo dessa farsa.

— A menina não tem nada a dizer? — A voz de um homem ecoa


através do silêncio, e eu olho para a primeira fileira de mesas onde um
cara alto e de ombros largos em seus quarenta anos está sorrindo para
mim. Ele é bonito e quero cuspir na cara dele. — Achei que você lutasse
um pouco mais, com base no que ouvi, Pandora...

— Foda-se, — eu rosno por instinto, fazendo a sala explodir em


risadas.

— Você deveria ser tão grata. — Ele sorri, brindando-me com sua
taça de conhaque. — Então, por que você não nos diz por que acha que
merece ser comprada, garotinha? Porque tudo que vejo é uma vadiazinha
mal-humorada e de aparência simples com uma boca para ela. E eu não
estou pagando por isso quando posso obtê-la gratuitamente.

Estou tentada a ignorá-lo, mas me contenho. Não posso deixá-lo


pensar que está me afetando.

Meus olhos examinam a multidão, procurando um rosto familiar.


Todo mundo está aqui - todos os meninos da escola com suas famílias,
todos os Oakes e até mesmo Dexter, sozinho no fundo da sala, seus olhos
queimando os meus.

— Eu não estou aqui para te convencer a me comprar, — eu


finalmente sibilo. — Estou aqui porque eles me obrigaram.

— Ouça, ouça, — meu pai ruge da primeira fila, onde está sentado
com Bryony de aparência delirante e meus irmãos corados que parecem
mortificados por estarem ali. Pelo menos existe isso. — Ela demora um
pouco para seguir as instruções, mas é tão fofa quando ela finalmente se
curva à sua vontade.

Não tenho intenção de me curvar à vontade de ninguém, mas o


olhar assassino de meu pai me convence a não discutir com ele.

— Agora, por que você não tira a roupa para o público?

Meus olhos voltam para meu pai. Deus, eu o odeio. Ele não dá a
mínima para mim. Tudo o que importa para ele é que serei humilhada na
frente de seus amigos e parceiros de negócios.

— Eu acho que não, — eu sibilo, fazendo-o encolher os ombros e


rir.

— Nós apenas teremos que ajudá-la então. — Ele estala os dedos e


uma Belle pálida reaparece, seus olhos não encontrando os meus
enquanto ela sobe ao palco. Ela começa a remover minhas roupas
clinicamente e, em instantes, dois funcionários do sexo masculino
agarram meus braços e os seguram nas minhas costas, então não
consigo resistir. Eu grito loucamente, mas ninguém liga para isso. Meus
olhos encontram Dex na multidão, vendo a dor em seu olhar, nós dois
sabendo que somos impotentes aos caprichos de papai.

Meu pai ainda não terminou, e ele observa com determinação nos
olhos de aço enquanto Belle me deixa nua. — Não deixe nada. Eu a quero
nua como no dia em que ela nasceu e nos roubou.

Belle obedece, me despindo até que os dois homens finalmente se


afastam, me deixando nua e tremendo no palco elevado. Eu faço o meu
melhor para me cobrir, encontrando o olhar triunfante de meu pai
através da sala. Ele pensa que me humilhou agora, pensa que tem minha
vontade arrancada junto com minhas roupas. Mas não vou deixá-lo
vencer. Ele pode me torturar agora, mas vou me vingar dele em breve.

— Ela não é um espetáculo para ser visto? — Papai berra. — Ela


pode ter um rosto simples, mas aquele corpo é perfeito, não é?

— De fato, — resmunga o homem que falou comigo na primeira fila,


seus olhos famintos nunca me deixando. É então que noto Audra sentada
ao lado dele, junto com seu irmão fracote. Porra. Ele deve ser o pai de
Audra e, a julgar por sua expressão, está tão ansioso para me machucar
e tirar vantagem de mim quanto um de seus filhos.

— Vamos começar a festa, — murmura o pai. — Guardas, tirem as


mãos dela.

Os dois homens de antes se aproximam de mim novamente. Eles


forçam meus braços a se afastarem, expondo-me ao público e me fazendo
gemer de medo. Sou forçada a sentar em uma cadeira com minhas pernas
abertas de forma obscena, e eles amarram minhas mãos atrás das costas
e meus tornozelos as pernas da cadeira. Estou fervendo de raiva
enquanto eles recuam mais uma vez, deixando-me vulnerável e exposta.
Audra ri na primeira fila e eu lanço um olhar assassino para ela.
— Deve doer que seu próprio pai me queira, — digo a ela
docemente. — Talvez eu seja sua nova madrasta!

Seu rosto cai e seu pai ri sombriamente, como se minha situação


fosse divertida. — A menina tem uma boca afiada, e eu gosto disso.
Cadelas como ela são as mais divertidas de derrubar. Mal posso esperar
para te arruinar, pequena Lily Anna. Você pode não parecer tão bonita
quanto sua antecessora, mas aposto que será divertido abusar de você.

— Vá se foder, — eu rosno.

— Você vai, — ele sorri. — Se tiver sorte.

— A licitação começará em quatro horas, — diz o papai


preguiçosamente. — Até então, fiquem à vontade para examiná-la. Façam
o que quiser com ela. Testem-na. Ela é toda de vocês.

Com essas palavras, ele inclina uma taça de vinho para trás e sai
da sala, deixando-me sozinha com os lobos famintos. Só tenho Dex agora
e não tenho certeza se ele pode fazer muito para me proteger.

Meu batimento cardíaco acelera quando os homens começam a se


levantar de seus assentos, se aproximando de mim como predadores se
aproximando para matar.

Os bandidos de antes carregam uma mesa com vários objetos. Há


um buquê de rosas, tesouras, velas com isqueiro, e então, o mais horrível
de tudo - uma arma. Não tenho como saber se há alguma bala nele, e
meu estômago se contrai ao vê-la.

Os homens das famílias fundadoras param diante da mesa. Vejo


Lai entre eles e ele pega uma única rosa, pensativo, e a troca por uma
vela. Ele a acende, guardando a chama com a palma da mão enquanto
se aproxima de mim com um sorriso gentil. A vela é alta e fina, e vejo
horrorizada enquanto gotas de cera começam a escorregar por sua base.
— Não me machuque. — As palavras saem dos meus lábios antes
que eu possa me conter, me fazendo odiar minha fraqueza. Mas não
consigo evitar. Eu estou aterrorizada. Eu não quero me queimar. Lai
ignora meu apelo desesperado e posiciona a vela acima dos meus seios.
Eu me contorço em minhas restrições, olhando com medo para a mesa
onde mais homens estão pegando vários objetos, esperando sua vez. A
arma brilha na luz, intocada - por enquanto. A promessa de levar um tiro
provoca arrepios de medo na minha espinha.

De repente, a cera pinga na minha pele e eu grito quando ela


endurece no meu peito. A sensação é dolorosa, mas não indesejável, e eu
coro quando minha boceta inunda, lubrificando suas paredes como se
estivesse me preparando.

Lai sem palavras alcança entre minhas pernas como se pudesse ler
minha mente, esfregando seus dedos sobre minha boceta e murmurando
algo para si mesmo. Ele permite que a vela goteje em mim repetidas vezes,
até que estou coberta de cera vermelha, tremendo e quase implorando
para ele parar, embora eu tenha jurado a mim mesma que não o faria.

E então, ele vai embora. Ele apaga a vela e a passa para uma
empregada, sem interesse.

Eu respiro um suspiro de alívio, mas antes que eu possa recuperar


o fôlego, o próximo homem se aproxima. É Easton. Ele está me oferecendo
uma rosa vermelha linda, rechonchuda e aveludada.

Meus olhos encontram os dele, mas não vejo calor e bondade em


seu olhar. Não, seus olhos escuros são quase completamente negros, e
ele me dá um tapa com a rosa, os espinhos me arranhando. Eu xingo em
voz alta, mas toda vez que reajo à dor, ele me bate de novo e de novo, me
cobrindo com os arranhões dos espinhos da rosa. Logo, eu percebo que
ele está me testando, obrigando-me a ficar quieta na próxima vez que os
espinhos roçarem na minha pele.
— Boa menina, — ele murmura quando eu só me contraio quando
me machuco. — Você aprende tão rápido.

Um por um, os homens testam meus limites. Eles brincam comigo.


Eles me apertam. Meus mamilos endurecem sob a atenção constante a
eles, minha boceta pingando no chão e me deixando tão envergonhada
que estou convencida de que a morte seria um destino melhor do que
este. Eu odeio essa cidade. Eu odeio todos eles.

Finalmente, Dex está diante de mim. Seus olhos estão


ensurdecedores, e eu me pergunto como é para ele me ver tratada dessa
maneira. Ele não pode fazer nada para impedir isso, não enquanto eu
estiver sob o teto de papai. Minha única esperança é que ele me queira o
suficiente para lutar... para fazer um lance por mim e me fazer dele para
sempre.

Ele não diz uma palavra, as pontas dos dedos deslizando sobre
minha bochecha, sobre o arco de Cupido2, até meus seios arranhados e
machucados. Seu toque é mais gentil do que eu jamais imaginei. Eu
respiro um suspiro de alívio. Ele não vai me machucar. Dex não vai me
machucar quando todo mundo o fez.

Em vez disso, ele se ajoelha ao meu lado. Ele examina minha boceta
e eu choramingo, sabendo que ele vê o quão molhada e carente eu estou
e estando tão envergonhada por isso que eu quero começar a chorar.

— Por favor, — eu sussurro em vez disso. — Não me machuque


mais.

Ele olha nos meus olhos, seu olhar endurecendo. Então, ele traz a
palma da mão para baixo na minha boceta, batendo forte.

— Ai!

2 O desenho que o lábio faz.


— Cale a boca, — murmura Dex. — Nós dois sabemos que você
ama isso.

Eu me sinto traída, quebrada e abusada enquanto ele se afasta de


mim depois daquele único tapa. Eu não deveria ter esperado mais nada.
Ele sempre quer apenas me machucar. Não tenho ninguém do meu lado
aqui, nem mesmo Dexter Booth. Ele não liga. Porra sabe se lá, se ele vai
dar um lance em mim.

Pelas próximas horas, sou submetida a prazer, tortura e tudo mais


pelos atendentes do leilão. Eles beliscam meus mamilos, me dão um tapa,
me arranham, me machucam, me dão breves explosões de prazer que me
deixam louca. Eu quero gritar, mas mantenho minha boca teimosamente
fechada, me recusando a dar a eles a satisfação de uma resposta.

Finalmente, o tempo está quase acabando, mas há uma última


pessoa na fila - o pai de Audra.

Ele observa minha expressão mudar de medo para puro horror


enquanto seus dedos deslizam sobre a arma sobre a mesa. Ninguém mais
pegou isso antes, e meu estômago aperta em nós de medo quando ele
pega, preguiçosamente se aproximando e me olhando com curiosidade
mórbida.

— Uma peça tão bonita, — ele murmura, admirando a arma. — Um


revólver. Já atirei com um várias vezes. Quer saber para que esse tipo de
arma é perfeita?

Fechei os olhos com força, fingindo que ele não estava, mas ele está
determinado a obter uma reação minha. Ele se ajoelha na minha frente,
abrindo o cilindro da arma. Há uma única bala lá, com cinco slots vazios.
O pai de Audra sorri para mim, fechando o cilindro e girando-o. Meu
sangue gelou.

— Roleta russa, minha querida. Você quer jogar?


Parece que todo o ar foi sugado para fora da sala. Eu não respondo,
mas ele sorri, apontando a arma para minha têmpora. Meu corpo fica
tenso. Tenho uma chance em seis de morrer aqui, agora, se ele disparar
essa arma.

— N-Não, — eu consigo dizer.

— Você está com medo? Pobre animalzinho. — Ele ri e puxa o


gatilho.

Minha vida não passa diante dos meus olhos, mas me sinto ficar
mortalmente imóvel, antecipando o fim. Mas não vem. Não houve bala.

— Porra, — eu respiro.

— Porra, mesmo, — o pai de Audra berra, girando novamente. —


Vamos tentar novamente.

— Que tal não. — Dex aparece ao meu lado, seus olhos


tempestuosos e sua expressão cheia de raiva. — Você a deixa em paz.

— E quem é você para me dizer isso, garoto? — O homem aponta


sua arma de volta para minha têmpora e eu estremeço de antecipação.
Uma chance em cinco agora... Quanto mais ele faz isso, maior a chance
de morrer.

— P-Por favor, — murmuro. — Pare ele.

Dexter ataca o cara e de repente ouve o som de um tiro. Alguém


grita. A bala atinge a pirâmide de taças de champanhe em uma mesa
atrás de nós, e elas tombam, o líquido borbulhante borbulhando e
pingando por toda parte.

Se Dexter não tivesse impedido aquele homem, eu estaria morta


agora.

— Tudo bem, a festa acabou. — Papai aparece na sala e os dois


homens de antes puxam Dex do pai de Audra. — O leilão começa agora.
Eu começo a chorar porque o terror do que quase aconteceu
finalmente me atingiu. Estou uma bagunça, lágrimas escorrendo pelo
meu rosto e meu lábio inferior tremendo enquanto os homens seguem
seus caminhos separados. Agora o verdadeiro medo se instala. Se o pai
de Audra é capaz disso, o que diabos ele vai fazer comigo se ganhar o
leilão?

Dexter tem que vencer.

Quando meus olhos encontram os dele do outro lado da sala, vejo


que ele chegou à mesma conclusão. Sua boca se aperta em uma linha
firme e ele acena para mim como se dissesse que está me protegendo.

Papai se junta a mim no palco, gritando: — Vamos começar a


licitação com um milhão.

Vários remos voam para cima. Pai de Audra. Dex. Alguns homens
que eu não conheço. Nenhum dos garotos deu um lance, e eu os
encarava, esperando que eles se sentissem culpados pelo que fizeram
comigo.

— Um milhão e meio.

Alguns remos a menos desta vez.

— Dois e meio. — Isso, do pai de Audra.

— Três, — Dex retalia.

— Cinco. — O idiota sorri para o meu ex-noivo. — Você não vai


ganhar este, garoto. Nós dois sabemos que tenho mais dinheiro.

— Veremos, — Dex sorri friamente. — Sete.

— Dez, — sibila o pai de Audra ao som de sussurros indignados na


multidão. Eu não posso acreditar que isso está acontecendo. Estou sendo
vendida como gado e tenho vergonha do frisson de excitação que sobe
pelo meu corpo enquanto eles lutam por mim.
Os números aumentam e a tensão na sala segue. De alguma forma,
eles estão em quinze agora, e o pai de Audra e Dex são os únicos dois que
sobraram. Eu mal consigo respirar. Não há sinal de que o homem mais
velho vai desistir - ele parece determinado a colocar as mãos em mim e
não tenho dúvidas de que continuará com lances cada vez mais altos. Sei
que Dex tem muito dinheiro, mas agora dirige sozinho os negócios da
família.

— Vinte, — Dex fala. — E eu vou te dar as rédeas da Booth


Enterprises.

A sala irrompe em sussurros e o pai pondera as palavras de Dexter.


— Você vai deixar o cargo de CEO?

— Eu vou embora, — Dex sai por entre os dentes. — Não vou mais
ser parte disso.

— Vendida. — Meu pai bate o martelo antes que o pai de Audra


possa se opor. Sua expressão é de ódio puro e não adulterado por Dex e
a alegria de conquistá-lo.

Eu respiro um suspiro de alívio, o tempo todo sabendo que custou


tudo a Dexter.

E quando eu encontrar seus olhos escuros e furiosos, eu sei que


vou passar o resto da minha vida pagando pelo que ele fez por mim.
12
PANDORA

É um dia depois do leilão e ainda estou tentando me recuperar da


loucura que aconteceu no salão de banquetes. Meu pai me disse para
empacotar minhas coisas. Tive a ajuda de Belle e consegui juntar
algumas coisas em poucas horas. Sair da propriedade Oakes me deixou
em frangalhos. Se eu for embora, significa que não poderei mais ajudar
Minnie. Não serei capaz de fazer as conexões que esperava com Brazen e
Tianna. Meu pai praticamente me declarou propriedade de outro homem
agora.

Enquanto sentamos na limusine dirigida por Kelley, me pergunto


se Dex será mais gentil ou cruel comigo agora que sou sua propriedade.

— Eu sei o que você está pensando, — meu pai me diz friamente, e


meus olhos se voltam para ele com culpa. — Você está esperando que o
garoto Booth seja diferente. Você está pensando que pode fazê-lo se
apaixonar por você, não é?

— Não, — murmuro em resposta.

— Não tente me enganar, garota. Posso dizer que você está


perdendo a cabeça por ele. Considere este meu último aviso, — diz o
papai. — Ele nunca vai te amar. Ninguém nesta cidade vai.

Eu engulo em seco assim que o carro para em frente à Mansão


Booth. Kelley abre a porta e eu saio para a luz ofuscante do sol da manhã
de domingo.

Dex está esperando na escada de sua casa, com os braços cruzados


e uma expressão preocupada no rosto. As mangas de sua camisa foram
enroladas, expondo centímetros de seus braços bronzeados e
musculosos. Meu estômago aperta novamente. Ele é tão bonito que dói.

— Saia, — meu pai rosna para mim enquanto Kelley abre a porta
para ele. Corro para sair do carro, com medo de sua mão punidora. As
feridas de meu pai, de onde Brazen o espancou estão curando, mas
nunca o vi mais ansioso para ferir os outros do que está agora.

Ando trêmula em direção a Dex quando papai me empurra por trás,


fazendo-me tropeçar na calçada de seixos. Dex dá um passo na minha
frente, enfrentando meu pai.

— Aqui está a sua prostituta, — Papai sorri. — Você todo o dinheiro


de sua família... seu cargo na empresa... nela. Sinceramente espero - e
duvido - que tenha valido a pena. Divirta-se.

Ele olha para mim, sorrindo maliciosamente enquanto acrescenta:


— Se você estava esperando por um príncipe de armadura brilhante,
filha, você ficará extremamente desapontada. Porque depois disso, seu
príncipe está quebrado. Mais como um mendigo, na verdade. Talvez seja
por isso que vocês se dão tão bem. Ambos são casos de caridade.

Dex dá um passo à frente até estar a centímetros do rosto de papai.


Eles se desafiam a bater primeiro enquanto eu luto para me levantar da
garagem. Aliso meu vestido cor de jade e espero que o confronto acabe.

— Vamos lá, Pandora, — sibila Dex, ainda observando o pai. —


Vamos entrar.

Ele se vira e deixa meu pai parado ali. Antes que ele possa dizer
mais alguma coisa, Dex fecha a porta da frente atrás de nós, efetivamente
fechando-o.

— É... isso é verdade? — Eu sussurro enquanto ele atravessa o


corredor.
— O que? — ele sibila. Deus, ele está de mau humor. E parece que
é tudo por minha causa.

— Que você está quebrado... — Eu o sigo até a sala de estar onde


a lareira está acesa como sempre.

— Isso faz diferença? — O olhar zangado de Dex encontra o meu.


— Isso faria você sair se eu estivesse?

— E-eu não sei, — eu sussurro. — Você ainda me quer aqui?

Ele não responde, sentando-se no sofá Chesterfield e olhando para


as brasas com a testa apoiada nos nós dos dedos.

Sento-me no tapete ao lado dele e encosto meu queixo em seu


joelho. Não tenho ideia do que despertou essa intimidade repentina, mas
quero que Dex torne as coisas melhores. Não apenas para mim, mas para
nós dois. Eu preciso ouvi-lo dizer que tudo vai ficar bem.

Mas ele não diz.

Ele apenas me encara, distraidamente passando os dedos pelo meu


cabelo. Não sei quando essa estranha sensação de intimidade se
desenvolveu entre nós, mas não parece que vai a lugar nenhum, e isso
meio que me excita.

— Você está com raiva de mim? — Eu pergunto suavemente.

— Não, — ele responde, sua resposta instantânea e confiante. —


Eu não estou.

— Então o que?

— Então nada.

— Mas seu dinheiro. — Eu engulo quando as pontas dos dedos dele


permanecem na minha bochecha. Eu amo a sensação dele me tocando.
— Está realmente tudo acabado? Você não tem mais nada?
— Eu vou ficar bem, — ele murmura.

— O que isso deveria significar?

— Isso significa que ainda tenho a casa e... algo mais que Emilian
Oakes possa querer.

— Hã? — Eu estreito meus olhos para ele. — Você vai me dizer o


que é?

— Algum dia, — ele murmura. — Talvez.

Como se repentinamente mudasse de ideia, ele se levanta da


cadeira. Ainda posso ver os leves traços de gotas de sangue nas costas de
sua camisa. Achei que ele já teria se curado completamente, mas a
extensão da surra de meu pai agora é claramente visível. Eu sofria por
Dexter, mas não tenho ninguém para culpar por sua dor, exceto eu
mesma.

— Vou trabalhar um pouco, — acrescenta Dex.

— O que eu devo fazer?

Ele me olha com aqueles olhos quase pretos novamente. — Eu não


sei, Pandora, faça o que você quiser fazer. Foda meus amigos, foda-se,
foda com quem você quiser. Apenas deixe-me continuar meu dia. E não
vá para o primeiro andar.

Ele me deixa parada ali, sentindo-me totalmente inadequada


enquanto ele se dirige para as escadas. Com uma bufada, desabo no sofá
e me pergunto o que fiz para aborrecê-lo agora. Dexter é tão imprevisível.
Seu humor muda tão rápido que mal consigo acompanhar - de me odiar
em um momento, a querer me foder no próximo.

Mesmo assim, a Mansão Booth é minha casa agora também. Posso


ficar confortável, porque não tenho outro lugar para ir por enquanto. E
uma pequena parte doente de mim ainda está ansiosa para pegar Dexter.
Para torná-lo todo meu, girá-lo em volta do meu dedo como fiz com os
outros meninos. Ele é o mais resistente até agora e isso me intriga.

Eu me ocupo examinando as estantes de livros na sala de jantar


dos Booth. Percebo que tudo está empoeirado, então pego alguns
materiais de limpeza na cozinha e começo a tirar o pó dos livros.

Desci até a metade da parede, limpando livro após livro e me


permitindo um momento para admirá-los antes de colocá-los
cuidadosamente na estante novamente. Então, ouço uma voz atrás de
mim.

— O que você está fazendo?

A pergunta me assusta e quase me faz tropeçar na escada que


encontrei com o equipamento de limpeza. Mas Dex está bem ali para me
pegar, seus dedos cravando na minha pele dolorosamente, como se ele
estivesse ansioso para me machucar, apesar de me salvar de cair.

— Eu vi que eles estavam empoeirados, — eu encolho os ombros.


— E eu queria olhar para eles.

— Há quanto tempo você vem fazendo isso?

— Assim que você subiu, eu acho.

— Duas horas? — Ele sorri. — Teria pensado que tal tarefa estaria
abaixo de você, boneca.

Eu ruborizo quando ele usa meu nome de estimação. Eu nunca


admitiria para Dex, mas secretamente adoro quando ele me chama
assim. — Estou acostumada com isso, lembra? Em casa a gente fazia
tarefas e tínhamos que fazer todas as semanas.

— Ah, então você é uma experiente guerreira do coelhinho do pó,


— ele sorri, sentando-se no sofá e gesticulando para eu continuar. Pego
o spray de limpeza novamente e limpo a próxima prateleira. — E? O que
você acha da nossa coleção de livros?

— Não li muitos deles, — murmuro, me sentindo um pouco


envergonhada. — Apenas alguns.

— Quais? — Eu localizo uma cópia nas prateleiras e me viro para


encará-lo com ela em minhas mãos. Dex ri alto. — Wuthering Heights.
Tão previsível, brinquedinho.

Eu franzo a testa e coloco de volta em seu lugar, pegando outro


livro que li antes. — E quanto a este, então?

— O estranho? — Ele levanta uma sobrancelha. — Vou te dar


pontos por isso. Você não é tão chata quanto eu temia.

— É o meu favorito. — Coloquei o livro de volta na estante, sentindo


os olhos de Dex em mim enquanto me sento no sofá em frente a onde ele
está sentado. — O que devemos fazer agora?

Ele me examina, seus olhos observando cada centímetro da minha


aparência. — Talvez você devesse se tornar útil, boneca.

— Como? — Meu estômago se agita em antecipação à sua resposta.

Ele encolhe os ombros. — Faça algo para comermos. Estou com


fome.

Estou desapontada, mas tento não demonstrar e o sigo até a


cozinha. A geladeira e a despensa estão totalmente abastecidas e, embora
não seja uma especialista, acho que vou conseguir fazer algo com a
comida que tenho. Quando começo a juntar os ingredientes, Dex se
inclina contra o balcão e morde uma maçã vermelha perfeita.

— Você vai estragar seu apetite assim, — digo a ele.

— Você parece minha mãe, — ele ri, mas seu sorriso desaparece no
segundo seguinte. Nunca falamos sobre seus pais, e posso imaginar que
seja um assunto difícil para ele, mas estou tão ansiosa para saber mais
que preciso perguntar.

— Como ela era?

— Linda, — ele murmura. — Gentil. Carinhosa.

— E seu pai?

— Estrito, — ele sorri. — Mas também gentil e atencioso, como ela.


Eles eram polos opostos em alguns aspectos e muito parecidos em outros.

— Você deve sentir falta deles. — Eu quero me dar um tapa por


dizer isso, mas ele balança a cabeça, nem mesmo vacilando com as
minhas palavras.

— Todo dia.

— Você tem algum outro parente?

— Não. — Ele desvia o olhar, e isso me faz perceber o quão sozinho


ele está no mundo. Eu não tenho apenas uma família - além dos Oakes,
eu também tenho minha família em Wildwood e minha mãe em algum
lugar por aí também. Dex não tem ninguém. É só ele e esta casa enorme,
vazia e empoeirada. Juro então ajudá-lo, fazê-lo feliz. Quero ver uma
expressão de felicidade genuína no rosto de Dex. Sei que é possível e
estou determinada a trabalhar duro até ver.

— Bem, você me tem agora. — Passo para ele uma fatia de queijo
mussarela que acabei de picar com um sorriso. — Aqui. Outra coisa para
arruinar seu apetite.

Ele ri, fazendo um friozinho na barriga. Eu coro, inclinando-me


para frente para que meu cabelo bloqueie a visão de minhas bochechas
coradas. Dex me faz companhia enquanto eu cozinho e conversamos
sobre o que gostamos e não gostamos. Estou surpresa ao descobrir que
gostamos de algumas das mesmas músicas, mas isso é a única coisa que
temos em comum. Dexter é culto e inteligente, o que me deixa com
vergonha por sempre tratar a escola como uma necessidade enfadonha.
Ele leva isso a sério, e seus As são um sinal de que ele realmente presta
atenção.

Meia hora depois, coloquei a louça e a refeição na mesa. Dex me


disse que os pratos foram um presente de casamento dos pais dele, então
tenho um cuidado especial ao colocá-los na mesa. Eles devem ter valor
sentimental. Provavelmente, tudo tem, agora que seus pais se foram.

Comemos nosso frango à parmegiana - receita cortesia da minha


mãe em Wildwood - com fettuccine. Dex até abre uma garrafa de vinho e
rimos enquanto verificamos se há algum ingrediente indesejado
adicionado. Embora eu esteja secretamente esperando uma repetição da
outra noite, não mencionei isso. Lembro-me de jogar duro para conseguir
e nunca, nunca revelar meus verdadeiros sentimentos. Dex não pode
saber que estou começando a me apaixonar por ele... Tenho que manter
meus sentimentos escondidos.

Assim que terminamos o jantar, levamos nossas taças de vinho


para a sala e Dex examina as estantes enquanto eu me sento em frente
ao fogo. Está começando a morrer, então pergunto a Dexter onde está o
atiçador depois de adicionar algumas toras.

— Deveria estar naquela cesta de arame, — diz ele, mas digo que
não encontro. Ele franze as sobrancelhas. — Estranho. Onde mais
estaria?

Dou de ombros, mas ele já está distraído com os livros novamente


e traz uma edição mais antiga de George Orwell.

— Já leu a Revolução dos Bichos?

— Não, — eu balancei minha cabeça.


— Você deveria. — Ele o deposita no meu colo e sorri. — Você vai
gostar. É o nosso tipo de depressão.

A palavra nossa me faz querer que ele dissesse de novo, mas eu


consigo sorrir e toco a capa do livro com a ponta dos dedos. — Vou ler
esta noite.

— Não, você não vai.

Meus olhos disparam e eu o encaro com um olhar questionador. —


O que você quer dizer?

— Você não vai ler esta noite. Vamos fazer outra coisa.

— O que?

Seus olhos brilham com malícia quando ele pousa a taça de vinho.
— Vou fazer do meu jeito com você, e você vai estar uma completa
bagunça, para ler uma única frase...
13
DEXTER

Minha promessa pesa no ar enquanto Pandora me observa com


antecipação. Eu vou ir devagar, no entanto. Agora que eu oficialmente a
possuo, não estou com pressa. Na verdade, vou levar meu doce tempo
dobrando Pandora à minha vontade. Vou torturá-la dolorosamente
devagar até que ela implore por mais.

Mas antes de arrastá-la para minha cama, quero conhecer Pandora


melhor.

— Conte-me sobre sua família em Wildwood, — sugiro.

— Tão diferente dos Oakes, — ela murmura. — Eles eram


calorosos. Eles me amavam.

Eu concordo. Realmente não posso argumentar contra isso - os


Oakes não são um bando de pessoas particularmente calorosas ou
amorosas. Ninguém em Eden Falls é, nem mesmo Pandora.

— Você tinha uma irmã, certo?

— Andrômeda, — ela murmura. — Andie. Ela é minha melhor


amiga.

— Há quanto tempo você não a vê?

— Anos. — Ela desvia o olhar, mas o rastro de lágrimas em seus


olhos não me escapa. Estou meio tentado a estender o braço e abraçá-la,
mas fui treinado e ensinado a não ceder ao sinal da fraqueza de uma
mulher. Mesmo assim, a tentação continua sendo um chiado agradável
em meu coração, porque sei que vou tocar Pandora o quanto quiser em
breve.
— Eu quero que você a veja logo, — eu digo. — Vou preparar algo.

Seus olhos brilham, mas ela tenta não parecer muito animada. Eu
sei por quê. Porque aquele bastardo assassino do Oakes teria balançado
aquela oportunidade na frente dela apenas para arrancá-la no segundo
em que visse que ela realmente queria. Pedaço de merda, aquele cara. Ele
merece apodrecer no inferno, e se tudo correr conforme o planejado, ele
irá.

— Obrigada, Dex, — murmura Pandora agora.

Eu sinto a necessidade de estabelecer meu domínio, então eu chego


até ela e a puxo para o meu colo. Ela solta um pequeno suspiro chocado
que faz meu pau se contorcer na minha calça. Ela monta em mim, uma
perna de cada lado, sua boca perigosamente perto da minha.

— Você não é nada como ela, — murmuro.

— Como quem? — ela sussurra. — Lily Anna?

Eu não respondo, em vez disso, permitindo que meus dedos


deslizem em torno de sua garganta, segurando-a suavemente, mas
firmemente no lugar.

— Eu pensei que odiava você por causa disso no início, — eu


finalmente disse por entre os dentes. — Acontece que é exatamente o que
eu precisava. Um pequeno brinquedo para machucar e torturar e foder
como eu quiser.

Ela enrubesce e tenta disfarçar virando-se, mas eu não deixo,


forçando-a a olhar para mim. Seus olhos estão arregalados e com medo
e isso me deixa duro pra caralho.

— Onde vou dormir esta noite? — ela finalmente pergunta, e eu


sorrio, levantando-a do meu colo. Ela ri quando a coloco de volta no chão.

— Venha comigo, — eu sugiro. — Eu vou te mostrar.


Ela me segue escada acima. Meus ombros ficam tensos quando
passamos pelo corredor que leva ao quarto de Lily Anna, mas
surpreendentemente, minha prisioneira está quieta hoje, sem fazer um
único som. Eu conduzo Pandora pelos quartos de hóspedes até o quarto
principal. Uma grande cama de mogno com dossel fica no centro do
quarto.

— Este não é o seu quarto? — Pandora se pergunta em voz alta


enquanto a conduzo para dentro.

— Nosso quarto, — eu a corrijo. — Claro você vai dormir bem aqui...


— Eu bato no banco na frente da cama. — A menos que você ganhe seu
lugar ao meu lado.

— Você é um idiota.

— E você ama isso.

— Isso é o que eu faço você acreditar.

— Claro, — eu rio. — Você é um brinquedo tão fofo.

Ela parece gostar disso, embora faça o possível para não deixar
transparecer. Eu fecho a porta atrás de nós e giro a chave antes de colocá-
la no bolso. Pandora parece frágil e nervosa ao lado da minha cama em
seu vestido verde jade imaculado.

— Tire. — Eu aponto para o vestido, em seguida, aponto para sua


lingerie. — Desamarre. Eu quero inspecionar minha propriedade.

— Eu não sou...

— Salve para depois, brinquedo, — eu rosno. — Quieta. Agora.

Ela me olha com ódio frio antes de começar a desamarrar


dolorosamente os laços que descansam em seus ombros. Eu vejo o
vestido deslizar com uma expressão fria firmemente no lugar no meu
rosto. Ela sai do vestido. Não há sutiã por baixo, mas ela está usando
uma tanga de algodão rosa, e ela também tira antes de desamarrar os
sapatos. Finalmente, ela está diante de mim completamente nua, os
braços cruzados defensivamente na frente de seu corpo.

— Abaixe os braços. — Ela balança a cabeça negativamente. —


Você quer que eu faça isso por você? — Ela me olha com desprezo. Revira
os olhos. Então, finalmente, abaixa os braços. — Bom brinquedo.

— Não me chame assim, — ela murmura.

— Por que não? Você ama isso. — Eu aponto para a cama. — Fique
de quatro. Bunda na minha direção.

Ela cora, mas obedece, provavelmente tendo percebido que não tem
escolha no assunto. Eu fico atrás dela, colocando uma mão firme na parte
inferior de suas costas.

— Arqueie Pandora. Quero uma posição adequada. Suas costas


arqueadas. Bunda para cima, de bruços.

Posso sentir o calor saindo de seu corpo, o desejo de me desafiar,


mas ela é inteligente o suficiente para não o fazer. Em vez disso, ela deita
o rosto no travesseiro, o rosto encostado na seda e os olhos bem fechados.

— Agora vamos ver... — Eu bato minha palma em sua bunda,


fazendo-a estremecer. — Qual buraco devo inspecionar primeiro?

— P-por favor.

— Por favor, o quê, brinquedo?

— Por favor, não... me humilhe.

— Por que não? — Eu sorrio. — Isso te deixa tão molhada... e eu


gosto muito disso.

Ela não responde, apenas fecha os olhos ainda mais apertado, eu


me movo para ficar atrás dela, as pontas dos dedos tocando seus lábios
inchados da boceta, delineando o formato de sua boceta. — Olhe para
você, Pandora. Uma bucetinha tão apertada... Eles nem mesmo
esticaram você como eu faço.

Ela choraminga e eu considero isso um convite. Deslizando meus


dedos em sua umidade, eu os passo sobre suas paredes, enchendo-a,
forçando-a a se separar para que eu possa encaixar todos os quatro
dedos. Isso a faz gritar, mas ela empurra sua bunda para fora ao mesmo
tempo, o que deve ser um bom sinal.

Quando posso dizer que ela está ficando desesperada porque suas
coxas estão pegajosas e úmidas, eu removo meus dedos, agora
lubrificados com seus sucos, e os pressiono na pele sensível acima de
sua vagina.

— Não, Dex, — ela grita.

— Você não quer isso? — Eu circulo meus dedos em torno de sua


bunda. — Você não gosta disso. Diga-me para parar.

Ela choraminga. Ela não consegue me impedir, não quando ela está
amando tanto isso. Ela não diz uma palavra enquanto eu empurro a
ponta do meu dedo dentro de seu buraco mais apertado. Seus joelhos
ameaçam dobrar, mas ela se força a não reagir. Eu rio alto com sua
situação. Pandora é tão teimosa. Ela vai negar estar excitada por mim até
o amargo fim, mesmo quando sua boceta está esguichando por mim e
sua bunda está desesperada para que eu a estique.

— O gato comeu sua língua, brinquedo? — Eu me pergunto em voz


alta. — Achei que você odiasse isso...

— Não, — ela choraminga, e eu forço meu dedo mais fundo,


fazendo-a gemer.

— Não o quê, Pandora?


— Não... não... — Ela engole em uma tentativa de se salvar, mas
não ajuda, e a verdade escapa de seus lábios antes que ela possa se
conter. — Não pare Dex, por favor, não pare...

— Boa garota. — Eu puxo meu dedo para fora dela com um pop e
ela grita antes de gemer novamente. — Falta um buraco. Fique de joelhos.

Ela obedece freneticamente. Já tão ansiosa para fazer o que eu


quiser, para me dar tudo que eu quero. Pelo menos este brinquedo dá
uma pequena luta de vez em quando. Isso me excita quando ela faz isso.

— Abra bem. — Ela faz. — Mostre sua Língua. — Ela faz.

Eu agarro sua língua e ela protesta enquanto eu a seguro assim


para que ela não possa fechar a boca.

— Vamos tentar algo novo, — pondero. — Quero ver como você lida
bem com as instruções. Quero que mantenha a boca aberta assim até
que eu diga que é o suficiente. Você pode fazer isso por mim?

Ela não responde por que não pode, mas seus olhos me lançam
adagas, me fazendo rir.

— Tudo bem, brinquedo. Que tal uma recompensa se você


obedecer? — Isso faz aqueles lindos olhos brilharem. — Você consegue
um orgasmo a cada cinco minutos mantendo a boca aberta.

Ela murmura alguma coisa, corando quando sai abafada, mas eu


a entendo perfeitamente.

— Sim, você vai gozar comigo. Agora fique assim. — Eu a solto e


dou um passo para trás para admirá-la. — Isso mesmo, brinquedo.
Coloque as palmas das mãos nas coxas. Pinga para mim.

Ela solta um gemido e gotas de cuspe escorre de sua língua para


as mãos. Ela me lança um olhar horrorizado e eu sorrio para ela.
— Esqueceu que isso ia acontecer? Eu não... e vou gostar de ver
você sendo uma bagunça molhada para mim. Eu sei que você também
ama isso, brinquedo... Não que você possa admitir nesse momento. — Eu
puxo meu pau com uma mão e enrolo seu cabelo em volta do meu dedo
com a outra. — Um brinquedo tão bonito. Perfeito para abusar... É isso
que você quer, não é, Pandora? Você só quer ser abusada.

Seus olhos podem olhar para mim com ódio, mas o rubor em suas
bochechas não mente, nem o fato de que sua boca ainda está aberta. Eu
começo a acariciar meu pau dolorosamente devagar, deslizando ao longo
do eixo.

— Porra, você parece tão gostosa assim. Eu poderia ficar olhando


para você por horas. — Ela pinga mais, a baba escorrendo pelo peito. —
Uma garota tão boa.

Eu a mantenho assim, admirando-a enquanto massageio meu pau


da ponta à base. Eu gemo com a visão dela, com a ideia de preenchê-la
novamente. Meu pau estremece com o pensamento, e fica ainda mais
duro quando vejo uma lágrima solitária e silenciosa deslizar pela
bochecha de Pandora. Sinal de que estou ganhando. Um sinal de que ela
é minha.

— Olhe para o meu pau, — eu a instruo, e seus olhos ficam


grudados no meu pau inchado. Há pré-sêmen borbulhando na ponta.
Estou imaginando ou Pandora está pingando ainda mais agora? — Você
gosta disso, boneca? Aposto que sim.

Eu dou um passo mais perto até que meu pau esteja bem sob sua
boca. Pandora grita, fazendo cuspe escorrer por seu queixo e descer até
meu pau. Eu gemo, massageando meu eixo com sua baba e enterrando
minha outra mão em seu cabelo.

— Olha como você está me deixando molhado, sua putinha... Eu


adoro quando você me deixa tratá-la como nada além de uma vagabunda.
Você também, certo? — Minha voz é gentil, quase doce, e fico surpreso
quando ela responde prontamente, balançando a cabeça com uma
ansiedade que eu não esperava. — Bom brinquedo... Quer saber a quanto
tempo?

Ela acena com a cabeça novamente e eu olho para o relógio no meu


pulso, sorrindo.

— Adivinhe brinquedo. — Ela levanta todos os dez dedos e eu rio


alto. — Tente três minutos...

Ela grita de frustração. Ela é uma bagunça. Seus seios estão


cobertos de saliva, e há um fluxo interminável escorrendo pelo queixo até
o decote. Eu nunca estive mais excitado. Lutando contra o desejo de
encher sua boca, eu suspiro.

— Eu vou te deixar fora do gancho... Podemos parar agora,


brinquedo, e você ainda pode ter um orgasmo. Só um, no entanto. Ok?

Seus olhos arregalados olham de volta, contemplando minha oferta


antes de finalmente concordar.

— Bom brinquedo. Feche sua boca.

Ela o faz, choramingando quando finalmente pode engolir


novamente. Eu pego suas mãos nas minhas, colocando-as em sua pele
encharcada.

— Lambuze-se com isso, — ordeno a ela. — Eu quero foder esses


lindos seios esta noite.

— M-mas, — ela gagueja. — Eu quero você na minha...

— Eu disse que você gozaria, — respondo com um sorriso


malicioso. — Eu não disse como.

Ela faz beicinho, mas eu não ligo, em vez disso, observo-a lubrificar
os seios com sua própria saliva.
— Alcance o meio das pernas também, — sugiro.

— O que?

— Você quer me agradar, não é? — Seus olhos queimam, mas ela


concorda mesmo assim. — Bom brinquedo. Então deixe esses peitos o
mais molhados possível para mim.

Ela alcança entre as pernas e eu sorrio quando vejo o interior de


suas coxas brilhando com seus sucos. Ela se suja. Uma verdadeira
boneca sexual viva, que não conhece a palavra não.

Eu a faço se ajoelhar na beira da cama e começo a foder seus lindos


seios. Ela geme toda vez que meu pau desliza entre eles, e eu permito que
ela dê uma única lambida toda vez que empurro. Ela é uma bagunça
gemendo em segundos, meu nome um desejo moribundo em seus lábios.

— Você ama isso, não é? — Eu pergunto. — Você adora ser tratada


como um objeto.

— Por favor, Dex...

— Por favor, o quê, porra? Quantas vezes eu tenho que lembrar


você?

— Por favor, eu... — Ela morde o lábio inferior. — Eu quero ser


fodida...

— Você está sendo fodida.

— Assim não! — Ela grita, de repente se virando na cama até que


sua boceta esteja bem na minha frente. Eu gemo, não querendo ser
distraído pela tentação de sua boceta pingando, mas sem saber como
alguém deveria resistir ao pequeno buraco apertado que ela está me
provocando agora. — Fode minha boceta, Dex... Eu quero você na minha
boceta, quero que você goze dentro de mim...
Eu passo a mão pelo meu cabelo. Ela está jogando bem e continua
tentando tirar as rédeas. Mas eu serei amaldiçoado se eu deixar.

— Eu te dou isso, mas — digo a ela, prendendo seu cabelo em meu


punho. — Você pode dar um beijo de adeus nesse orgasmo. Entendeu?

— Mas eu... mas...

— O que?

— Eu não sei se eu posso... segurar, — ela sussurra. — Não com


você dentro de mim.

— Não? — Eu provoco sua entrada com meu pau, fazendo-a


choramingar alto. — Você só vai ter que se esforçar mais para mim, não
é brinquedo?

Ela choraminga novamente, mas eu ignoro, deslizando meu pau


dentro dela com uma facilidade surpreendente. Ela solta um gemido
gutural quando minha ponta beija uma parede dentro dela. Eu não
empurro - não estou tentando machucá-la, apenas lembrá-la de quem
manda aqui.

— Lembre-se, — eu a lembro cruelmente. — Não haverá orgasmos


para você.

— E-e você? — Seus olhos encontram os meus por cima do ombro,


causando arrepios na minha espinha. — Você vai gozar?

— Sim, — eu respondo instantaneamente, repreendendo-me


mentalmente por deixar isso escapar. Mas, porra, não conheço ninguém
que teria sido capaz de resistir a ela. Há algo tão irresistível sobre Pandora
Oakes, acredito firmemente que ela poderia ter qualquer homem que
quisesse. O problema é que ela é independente demais para seu próprio
bem. Ela diz que não quer ninguém, mas sua boceta sempre consegue
me convencer de que é mentira. — Me sente esticando você, Pandora?
Tente apertar para mim. Como se você estivesse me ordenhando com essa
boceta doce. Vá em frente, faça.

Ela geme, mas segue minhas instruções, como sempre faz. Os


músculos de sua boceta se contraem em torno do meu pau rígido e leva
tudo em mim para não estourar nela ali mesmo.

— Puta merda, boneca, — eu expiro com algum problema. — Porra,


me monte agora. Eu quero que você faça todo o trabalho, como um bom
brinquedo deveria, deixe-me ver você cavalgar, porra.

Ela choraminga, timidamente quicando sua bunda em mim.

— É isso, — eu grito. — Mais forte, brinquedo. Pegue esse pau.


Pegue o que você precisa. Monte em mim. Ordene-me. Pegue.

Com cada palavra que sai dos meus lábios, ela empurra com mais
força. Meu pau está pingando de pré-gozo e Pandora está gemendo em
uma velocidade incontrolável agora, tão ansiosa para ser preenchida que
me faz querer negar a ela por mais tempo. Eu gostaria de poder reprimir
esse doce desespero, mas agora que ela é oficialmente minha
propriedade, não há necessidade. Posso ter quando quiser... e não me
vejo ficando enjoado disso.

Nunca.

— Uma puta tão boa, — murmuro em seu ouvido. Eu mantenho


seu cabelo na minha mão, enrolado na palma da minha mão, e puxo sua
cabeça para trás para que ela seja forçada a olhar para mim enquanto
arqueia as costas. — Assim, porra, sim, brinquedo. Continue cavalgando.
Continue olhando para mim. Seja um bom brinquedo para o seu Senhor.

Ela arqueia as costas e mantém os olhos treinados nos meus


enquanto sua boceta bombeia em torno do meu pau e ela aguarda
ansiosamente seu prêmio.

— Eu sei que você não pode resistir a mim, Dex, — ela murmura.
— Senhor, — eu assobio.

— Isso importa? Tudo o que importa é que eu sou a única com


quem você está fodendo atualmente... — Ela sorri, tão deliciosamente
malvada. — Você não pode se ajudar, senhor. Você está fodidamente
viciado...

Eu rosno e agarro-a pela garganta com a outra mão, começando a


penetrar nela profunda e rapidamente. Ela começa a gemer, a sussurrar
meu nome e a gemer para que eu a deixe gozar. Seus olhos estão
começando a rolar para trás e ela parece totalmente indefesa enquanto
continuo meu ataque ao seu corpo disposto.

— Não se atreva a gozar, — eu assobio em seu ouvido. — Porque


eu vou te punir tanto se você fizer...

— Por favor! — As palavras são um sussurro quebrado em seus


lábios, fazendo-me penetrar nela ainda mais forte. — Deixe-me, Dex,
deixe-me...

— De. Jeito. Nenhum. Porra. — Eu pontuo cada palavra com um


impulso e Pandora grita, o som é o único empurrão de que preciso. Eu
gozo dentro dela, inundando sua boceta quente com meu suco pegajoso
e puxando para fora a tempo de cuspir um pouco em sua bunda também.
Eu continuo gozando, espalhando meus dedos na umidade quente e
forçando-os dentro de sua bunda. — Você era uma menina tão boa,
brinquedo... Aquele babaca maldito merece um pouco também, não
acha?

Ela chora de frustração. O som é tão quente que eu poderia gozar


de novo ali mesmo, mas me forço a colocar meu pau de volta nas minhas
calças, mas não antes de ordenar que ela fique em sua posição. Pego meu
telefone e tiro algumas fotos dela, fazendo-a virar para mim com uma
expressão enfurecida.

— Que porra você está fazendo?


— Fazendo memórias, — murmuro, obtendo uma com sua bunda
coberta de gozo seu rosto indignado e corado na mesma foto. — Você está
bonita, não se preocupe.

— Foda-se você. — Ela se levanta, pegando o vestido do chão e se


cobrindo. — Pegue uma toalha para mim.

Eu rio, apontando para o vestido dela. — Limpe com isso e coloque


de volta. Eu quero você cheirando a mim.

Ela parece horrorizada, mas quando ela percebe que não estou
prestes a ajudá-la a sair de sua situação, ela finalmente faz o que eu
mando.

— Bom brinquedo. — Eu a beijo na boca então, gentil e doce, como


ela merece depois daquela tortura. — Parece que você ganhou seu lugar
ao meu lado esta noite... Quanto a amanhã, terei apenas que pensar em
uma nova maneira de torturá-la. Sabe qual é a melhor parte disso?

Eu dou um passo à frente, fazendo-a recuar contra a parede e


prendendo seu corpo sob o meu. Pandora levanta os olhos para os meus
com expectativa, mas eu paro a poucos centímetros de seus lábios,
provocando-a com minha resposta.

— Nunca mais poderá fugir...


14
PANDORA

Naquela noite, Dexter e eu deitamos juntos na cama. Estou tentada


a me aproximar. Talvez coloque minha cabeça em seu peito. Mas sua
linguagem corporal é fechada e ele parece imerso em pensamentos.
Folheio as páginas do livro que ele escolheu para mim, meu coração
batendo nervosamente a cada página que viro.

— Eu queria te mostrar uma coisa. — As palavras escapam dos


meus lábios antes que eu possa me conter. Porra. Eu esperava ter sido
capaz de manter o segredo por mais tempo, mas preciso falar com ele,
não suporto o silêncio, preciso de sua atenção com tanta ansiedade e
desespero que me envergonha completamente. Dex se vira para me
encarar e eu tiro meu bem mais precioso da bolsa, que deixei na mesa de
cabeceira.

Os olhos de Dex se arregalam com a visão e ele pergunta: — Isso é


o que eu acho que é?

— É um diário. — Abro a primeira página, onde o nome do


proprietário é orgulhosamente exibido com a bela caligrafia de minha
antecessora. — O diário de Lily Anna.

— Eu sempre soube que ela mantinha um, — murmura Dex. —


Mas eu nunca o encontrei depois que ela... Posso ver?

Algo fortemente protetor me assume então, e eu o fecho,


balançando a cabeça.

— Você sabe que eu poderia simplesmente pegar de você, certo?


— Mas você não vai, — eu digo com firmeza. — Minnie deu para
mim, não para você, por um motivo. E tem um monte de sujeira de todo
mundo, Dex... tipo, muito. Há coisas aqui que podem arruinar algumas
pessoas de Eden Falls.

— O que isso diz sobre mim?

— Você é realmente tão autocentrado que foi o seu primeiro


pensamento? — Eu não posso deixar de rir. — Estranhamente, você não
está aqui. Acho que ela arrancou sua página.

— Não, — murmura Dex. — Eu arranquei.

Eu observo, fascinada, enquanto ele se levanta e pega um livro da


estante de seu quarto. Ele o abre e revela uma página que combina
perfeitamente com as do diário que estou segurando. Dex hesita, como
se não tivesse certeza se deve ou não me mostrar à página. Isso me faz
pensar o quão maldosas são as palavras.

— Mostre-me, — digo sem jeito, e ele pondera minhas palavras,


então, surpreendentemente, me oferece a página.

Eu a pego.

O papel está coberto de cima a baixo, ambos os lados rabiscados


furiosamente. O desenho de um menino ocupa a maior parte da página.
Eu não sabia que Lily Anna era uma artista, mas mostra talento, e meus
dedos deslizam sobre as linhas da caneta, o nome de Dexter no topo, um
cigarro pendurado em seus lábios carnudos na página.

— Ela era talentosa, — murmuro.

— Muito. — Sua resposta é objetiva, desprovida de emoção. — Você


não vai ler?

Não há muito texto na página. No entanto, há um monte de versos


de Lilly Anna escrevendo seu nome como Sra. Oakes, e vê-los envia um
choque na minha espinha. Estou com ciúme, eu percebo. Estou com
ciúme da garota morta novamente.

Então, finalmente, vejo as palavras. Não sei como não as havia


notado antes. Bem ali, no canto superior esquerdo.

O segredo mais bem guardado de Dex é... que ele matou seus pais.

Devolvo a página a Dex, sem poder comentar o que acabei de ler.


Ele o pega e nossos dedos se encontram por uma fração de segundo,
fazendo voar faíscas.

— Como ela pode dizer isso sobre você? — Eu finalmente sussurro.


— Ela realmente acreditou nisso?

Ele encolhe os ombros. — Eu a vi escrevendo aqui um dia... Não


pude resistir à vontade de passar por isso quando ela não estava olhando.
Nós tivemos uma grande briga sobre isso.

— Isso é horrível, — eu sussurro. — Você não é responsável pelas


mortes deles, Dex.

Sua boca forma uma linha fina e ele se recusa a responder. Eu


quero tranquilizá-lo, dizer a ele que a mentira é cruel e horrível, mas ele
me exclui com sua postura corporal, recusando-se a me deixar chegar
um centímetro mais perto. Não sei como ajudar. Isso me faz pensar sobre
minha própria situação, sobre finalmente estar livre de papai. Num
impulso, pego a mão de Dex e seus olhos encontram os meus.

— Você está livre dela agora, — eu digo suavemente. — Assim como


estou livre do meu pai. Eles não podem mais nos machucar.

Dex sorri, mas está rígido, e me pergunto se há mais alguma coisa


que ele está escondendo de mim. Não ouso perguntar, com muito medo
de sua resposta.
Nós nos acomodamos na cama juntos novamente e eu encontro o
meu caminho para a curva do braço de Dexter. Ele me segura perto.
Nenhum de nós fala. O silêncio é amigável, no entanto, e me encontro
relaxando em seu abraço, lentamente mergulhando cada vez mais fundo
no sono com o pensamento de vingança brincando em minha mente, uma
e outra vez.

***

Na manhã seguinte, Dex e eu nos preparamos para a escola juntos.


Colocamos nossos uniformes e meu ritmo cardíaco acelera enquanto o
próprio Dex nos leva para a escola. Ele estaciona um de seus carros, um
Audi A8, no estacionamento da escola, e nós subimos os degraus para o
prédio da escola coberto de hera juntos. Ele não segura minha mão e eu
também não peço, embora eu queira muito - só como um sinal de
garantia.

Eu sei que vamos ser provocados até o inferno e voltar, e estou


certa. No momento em que pisamos no pátio da escola, os olhares
começam a nos acompanhar por todo o caminho para a sala de aula. O
som de risadas está sempre presente, e Dex deve sentir meu desconforto,
porque ele pega minha mão, segurando-a com firmeza. Eu olho para o
rosto dele, mas sua expressão é preocupada, ilegível.

Encontramos mesas próximas uma da outra assim que Caspian


entra na sala, com um sorriso de merda no rosto quando nos vê.

— Olhe só, — ele diz lentamente. — Se não é o casal mais feliz de


Eden Falls.

— Vá se foder, Caspian, — Dex rosna, levantando-se e parando na


frente da minha mesa de forma protetora.
— Ou então o quê? — Seu ex-amigo zomba. — Você vai lutar
comigo? Não parece que você pode fazer muito mais, não é? Não quando
você está quebrado como um maldito rato de igreja. Todo aquele dinheiro,
Dex, foi direto para o ralo. E pelo quê? Ela?

Eu sinto seus olhos em mim, me fazendo corar profundamente


enquanto ele me encara. Eu me recuso a dar a ele a satisfação de uma
reação.

— Continue andando, — grunhe Dex. — Nada para ver aqui.

Caspian sorriu. — Maldição, que não há. Só uma vagabunda e o


cara que ela girou em torno de seu dedo mindinho. Quanto tempo antes
que ela fique enjoada de você, Dex?

Dexter o encara, mas Cas não entende a dica. Estou preocupada,


a tensão na sala é palpável enquanto os dois caras se enfrentam. Todo
mundo está olhando.

— Não fale sobre ela assim, — Dex finalmente ordena.

— Não é como se você pudesse me impedir, — Caspian ri. — O que?


Você realmente acha que ela vai ficar com você, agora que você está
falido? Apenas observe. Ela vai voltar para um de nós a qualquer
momento. Ela só te usou para sair da prisão de seu pai.

— Por que você não diz isso na minha cara? — Eu falo,


surpreendendo a todos por me defender. — Você pensa tão mal de mim
e ainda não pode me olhar nos olhos para me insultar. Eu me pergunto
quem é o fraco aqui?

— Pandora. — O tom de Dex carrega um aviso que opto por ignorar.


Cas e eu olhamos um para o outro e o desafio a dizer outra coisa. Nesse
momento, o sinal da escola toca e o professor entra na sala, dizendo para
nos sentarmos.
— Isso não acabou, — Cas murmura e eu sorrio docemente em
resposta.

— Claro que não, — eu digo em retorno.

A lição é tensa, a promessa de mais problemas pairando


pesadamente no ar. Mas não tenho mais medo dos meninos. Deixe-os
virem até mim. Eu posso aguentar, posso lutar contra eles e fazer com
que se arrependam de ter cruzado meu caminho.

Eu mal presto atenção no professor. Meus pensamentos estão


girando em ideias sobre como me vingar dos habitantes desta pequena
cidade horrível e prestigiosa. Vou fazer todos eles pagarem. Até Dexter.

Depois que a aula termina, nós vamos para a academia juntos. Não
compartilhamos nenhuma outra aula juntos, e posso dizer que Dex está
hesitante em me deixar sozinha. Pego sua mão no corredor e sua
expressão preocupada encontra a minha determinada.

— Eu vou ficar bem, — eu digo. — Eles não podem mais me atingir.

— Eu não vou deixá-los. — Sua voz é ferozmente protetora e isso


me faz balançar a cabeça.

— Eu não quero que você faça isso. Eu posso cuidar de mim


mesma.

— Mas...

— Não. — Eu pressiono um dedo contra seus lábios. — Não se


preocupe.

Eu me afasto, jogando-lhe um último sorriso por cima do ombro


enquanto acrescento: — Eles não podem me machucar mais.

Percebo o quão falso isso é durante a aula de educação física.


Audra ainda está determinada a tornar minha vida um inferno, e ela
passa a maior parte da aula me tornando sua cadela. Até o professor tem
medo dela, então ele não a impede - ninguém o faz. Eles jogam bolas de
basquete em mim, me empurram e eu tropeço, eles me tratam como um
saco de pancadas pela próxima hora, e eu aguento tudo, porque eu sei
que quando a vingança vier, será muito doce.

— Gostaria de ter seu namorado para protegê-la, não é? — Audra


zomba de mim em seu tom doce e meloso.

— Pelo menos eu tenho um. — Ela enrubesce, mas ainda não


terminei. — E ele é o cara mais gostoso da escola.

— Aproveite meus restos, — ela desabafa.

— Claro, — eu rio alto. — São realmente restos se ele apenas te


usou para gozar? Acho que não, querida. Você não é nada para ele e
nunca foi nada. Como se sente?

Seus olhos brilham com raiva, e eu sei que ela está prestes a me
retaliar assim que a aula termina. Ela sorri na minha cara, dizendo, —
Salva pelo sino... por enquanto. Mantenha seus olhos abertos, Oakes,
porque eu estou indo atrás de você.

— Veremos, — eu ronrono, saindo da sala em direção ao


estacionamento onde vou encontrar Dex para voltar para casa. Enquanto
estou andando, ouço sussurros e risadinhas novamente. Eu mantenho
minha cabeça erguida com orgulho e continuo ignorando o silêncio de
todos quando eu passo por eles.

Não vejo o ataque chegando e, quando o objeto me atinge, grito alto


e sinto minha nuca. Está pegajoso, algo está pingando nas minhas
costas. Sinto as lágrimas queimarem meus olhos, mas faço o possível
para ignorar. Eu me viro, ficando cara a cara com Audra. Ela sorri
inocentemente, enrolando uma mecha de cabelo loiro perfeitamente
destacado em seu dedo.
— Oh, Pandora, — ela diz com uma voz cantante. — Você tem um
pouco de ovo no cabelo. É um novo visual? Porque não fica bem em você.

Eu sorrio em resposta. — Seu rosto também não fica bem em você,


mas você continua usando-o.

Ela sorri. — Vá se lavar, garotinha. Você fede.

Eu rolo meus olhos e agarro meus livros com força contra meu
peito. Continuo andando sem olhar para trás de novo, fingindo que ela
não importa, fingindo que não estou machucada. Mas no momento em
que coloquei os pés lá fora, as lágrimas começaram a embaçar minha
visão, ameaçando cair. Passei pelo banheiro antes e havia um grupo de
garotas na frente dele. Fiquei muito envergonhada, mas quando vejo Dex
esperando por mim, lamento não ter corrigido minha aparência.

— O que aconteceu? — ele exige antes mesmo de eu chegar ao


carro.

— O que você acha, — murmuro. — Audra.

Sua boca forma uma linha fina. Ele está chateado. Só então, Audra
e seu grupo de amigas entram no pátio e Dex chama seu nome. Ela sorri
ao vê-lo, caminhando até ele com um sorriso presunçoso.

— Você me chamou?

— Sim, — sibila Dex. — Você enlouqueceu, porra? Você não pode


tratá-la assim.

— Oh, e quem vai me impedir? — Audra ronrona. — Você?

— Sim, eu, — sibila Dex. — Eu ainda sou um primogênito, Audra.


Não se esqueça disso, porra.

— Isso é verdade, — ela sorri. — Mas o que exatamente você tem,


Dex? Nada. Você é um primogênito de merda.
Finalmente me ocorre que Dex desistiu de tudo - por mim. Sua
herança, seu dinheiro, sua posição na empresa familiar - tudo se foi.
Tudo por mim.

A culpa ameaça comer-me por dentro e faço o possível para


escondê-la, odiando o efeito que as palavras de Audra têm sobre mim. As
mãos de Dex se fecham em punhos e temo que ele vá matar Audra com
palavras, mas ele não diz nada, apenas abre a porta do carro e faz sinal
para que eu entre. Hesito, não querendo sujar o carro, mas seu olhar
mortal me convence a fazer isso.

Ele fecha a porta com firmeza e entra também, sem dizer mais nada
para a loira que parece presunçosa demais para seu próprio bem.

Dex sai do estacionamento. Ficamos sentados em um silêncio


desconfortável e, mais uma vez, sinto que estou ficando chateada. Mas
então, sua palma encontra o seu caminho para o meu joelho. Ele
descansa lá, me tocando suavemente. Tranquilizando-me.

— Eu quero deixar este lugar, — eu sussurro no meio do caminho.

— Onde você quer ir?

— Qualquer lugar...

— Posso ir com você?

Minha cabeça vira para encará-lo. Estou surpresa, mas tento não
deixar transparecer. — Você não quer ficar em Eden Falls? Esta é a sua
casa.

— É um inferno, — murmura Dex, parando na frente da casa. —


Assim que eu cuidar de... algumas pontas soltas... estarei livre para ir.

— Comigo?

— Sim. — Seu sorriso característico faz meu coração disparar


ainda mais rápido. — Tudo bem?
Eu não respondo, resmungando. — Eu quero voltar para Wildwood.
Mas primeiro, eu quero conhecer minha mãe.

— Você sabe onde ela mora?

— Eu sei.

— Então vamos, — Dex diz com firmeza. — Nós vamos planejar.


Você está livre agora, Pandora.

Eu aceno pensativamente.

Ele tem razão.

Eu estou livre.
15
PANDORA

Meu pai me ligou esta manhã, dizendo que eu deveria comparecer


a um jantar na Propriedade dos Oakes com alguns de seus amigos da
família. Eu ri dele, mas ele rapidamente deixou claro que faria da minha
vida um inferno se eu não aparecesse.

E é assim que me encontro de volta à casa que mais odeio nessa


maldita cidade. Kelley me dá um sorriso de desculpas enquanto abre a
porta do carro para mim.

— Espero que você passe bem esta noite, Srta. Pandora, — ele me
diz gentilmente. — Estarei aqui para levá-la de volta quando estiver
pronta.

— Obrigada. — Eu suspiro e aceito sua ajuda, segurando meu


vestido preto brilhante - outro vestido de segunda mão de Lily Anna -
enquanto faço meu caminho para a casa.

Se meu pai está me obrigando a comparecer, vou jogar meu próprio


jogo para foder com sua cabeça. Peguei o vestido com a ajuda de Minnie
e fiz minha maquiagem e cabelo de uma forma que combinava com os de
Lily Anna. Eu escapei de casa antes que Dex pudesse notar, porque tenho
a sensação de que isso iria irritá-lo - mas esse é o objetivo, afinal. Quero
uma reação de papai. Eu quero humilhá-lo.

Também estou elegantemente atrasada. Todo mundo lá dentro tem


duas horas de jantar. Eu deliberadamente deixei Kelley esperando, me
encolhendo por quão mal eu estava sendo, mas eu queria irritar meu pai.
Agora que não posso mais ficar de olho em Minnie, faço qualquer coisa
para desviar sua atenção para que ele não a machuque novamente.
Subindo as escadas, entro na Propriedade, e uma Belle de rosto
pálido me leva para o salão onde vários pares de olhos se erguem para
encontrar os meus.

Lá está Bryony, tão distante quanto ela normalmente está, dopada


com seus comprimidos. Meu irmão sorri quando me vê, e até Tianna
parece satisfeita. Vários homens de negócios ocupam as poltronas em
frente à lareira, mas meu pai não está em lugar nenhum.

— Olá, — eu os cumprimento. — O que eu perdi?

Ninguém responde. Os olhares intensos me seguem enquanto me


sento ao lado de Tianna. É quando meu pai entra tropeçando.

Ele parece desgrenhado para dizer o mínimo. Seu cabelo está


bagunçado, ele tem uma barba rala no rosto e sua camisa está meio
desabotoada. Ele balbucia algo e então para completamente, os olhos se
arregalando quando ele me vê.

— Lily Anna, — ele respira, e uma dor dispara no meu peito quando
eu percebo que ele está bêbado, e mais uma vez me confundindo com sua
outra filha. Aquela que não era realmente dele.

Eu não o corrijo, cruzando as pernas na altura dos tornozelos como


ela fazia, de acordo com Minnie.

Ele caminha até mim, e eu recuo quando seus dedos envolvem meu
queixo, me fazendo olhar para ele.

— É realmente você? — ele murmura. Eu fico olhando para seu


rosto cheio de cicatrizes, odiando-o por tudo que ele fez para mim e
sentindo pena ao mesmo tempo. Eu não posso evitar - ele é uma figura
tão triste, perdido em alguma fantasia doentia que nunca vai viver.

— Suponho que esta seja sua outra filha, — diz um dos homens de
negócios bem-vestidos, me devorando com os olhos. Eu me movo
desconfortavelmente na minha cadeira, sentindo o peso de seu olhar
sobre mim. O vestido que estou usando é muito mais revelador do que
algo que eu mesma escolheria, e estou começando a me sentir nua.

— Essa é minha única filha, — meu pai rosna, cambaleando em


direção ao carrinho do bar no canto da sala. Eu recuo novamente. Eu
olho para Bryony, mas seu rosto pálido é ilegível, e Tianna não encontra
meus olhos.

— O que vocês cavalheiros estão fazendo aqui? — Eu finalmente


pergunto.

— Você pode adivinhar, — o segundo dos três homens sorri,


colocando a palma da mão no joelho de Tianna.

Eu olho entre os dois, horrorizada. — Você sabe que ela não tem
dezoito anos, certo?

Ele ri, sem responder, e meu sangue ferve. Estou de pé em


segundos, batendo na mão do idiota. Tianna parece que se desligou
completamente, e papai nem viu o que aconteceu, muito ocupado
preparando uma bebida dupla.

— Seu monstro, — digo a ele. — Você trouxe esses homens aqui...


para quê? Você vai descontar nela, agora que eu parti?

Ele se vira para mim com sua bebida na mão, os olhos devorando
minhas feições. Ele parece perdido em seu próprio mundo, como se nem
tivesse ouvido o que estou dizendo.

— Olá? — Eu exijo. — Você precisa mandar aqueles homens para


casa.

— É isso que você quer?

— Sim. — Eu cruzo meus braços. — Mande-os para casa, agora.

Ele se vira para encarar os três homens. — Vocês a ouviram. Vão


embora.
Estou chocada com o resultado. Os homens não precisam ouvir
duas vezes. Eles ficam de pé, seus olhos se demorando em Tianna até
que eu fico na frente dela, protegendo-a de sua fome predatória.

— Saiam, — eu cuspo. — Vão. Agora. Tchau.

Um por um, eles saem da sala. A porta do salão bate atrás do


último, e me viro para me dirigir à minha suposta família. — Vocês se
importam se eu tiver um momento a sós com papai?

— Certamente, — murmura Brazen, ajudando sua irmã a se


levantar. Ele é gentil e cuidadoso com Tianna - do jeito que ele nunca foi
comigo. Isso dói.

Bryony se levanta também, dando-me um sorriso meloso antes de


cambalear para fora da sala em seus saltos impossivelmente altos. Boa
viagem, porra.

Em alguns momentos, somos apenas eu e papai. Eu me aproximo


dele lentamente, segurando meu vestido cintilante e sentando no chão
diante dele. Ele se inclina para frente, um copo de uísque na mão, e
suavemente afasta o cabelo do meu rosto.

— Eu sei que você não é ela, — ele murmura. — Mas você está
perto o suficiente.

Meu coração não deveria doer, mas doeu. — Por que não posso ser
o suficiente? Eu, Pandora?

Seus lábios se contraem. Ele odeia apenas ouvir meu nome. Ele
quer viver a fantasia onde Lily Anna ainda está viva para sempre.

— Ela se foi, — eu sussurro. — Ela está morta.

— Não, — ele balança a cabeça, fechando os olhos.

— Você sabe que é verdade, — eu continuo. — Ela se foi.


— Não!

— Ela não vai voltar. — Não consigo me conter agora, as palavras


estão saindo. — Nunca.

— Não! — Ele joga seu uísque na parede. Vidro se estilhaça e um


silêncio ensurdecedor cai sobre a sala antes que ele comece a gemer.
Percebo que ele está chorando momentos depois. Ele cobre o rosto com
as mãos, envergonhado de suas próprias emoções.

— Você é tão fraco, — digo a ele. — Você está desmoronando.

— Não sou nada sem ela.

— Ela... ela era sua filha. Você é doente, — eu cuspi.

— Eu a amei. — Seus olhos enlouquecidos e bêbados encontram


os meus. — Eu a amava como ninguém.

— Dex a amava também, — eu resmungo. — E você a levou embora.


Você é a razão pela qual ela se foi.

Seu rosto cheio de cicatrizes se contrai e é a primeira vez que sinto


genuinamente pena dele. Ele é uma bagunça. Uma destruição. E estou
feliz por ter saído quando o fiz, antes de ter que testemunhar a queda de
Emilian Oakes.

— Ela está viva, você sabe, — diz ele enquanto me levanto do chão.
— Eu posso sentir em meus ossos.

— Mesmo que ela estivesse, — murmuro. — Ela está melhor sem


você.

Ele cai de joelhos diante de mim. — Eu preciso machucar alguém.

— Então se machuque, — eu cuspi. — Você é quem mais merece.

Depois de nossa conversa, deixo meu pai esparramado no chão e


vou para o meu antigo quarto para recolher alguns pertences que deixei
para trás. Eu me sinto estranha por estar de volta ao meu quarto, como
um alien. Eu nunca pertenci a este lugar, para início de conversa.

Eu paro no batente da porta do armário de Lily Anna. Todas as


coisas dela estão lá, imaculadas, não usadas há anos, e uma dor
constante para papai, cuja obsessão doentia simplesmente não termina.
As coisas dela só estão piorando.

Eu entro no armário, os dedos deslizando ao longo dos trilhos sobre


trilhos de coisas bonitas. Eu me pergunto se meu plano está errado.
Então penso em todas as coisas que passei por causa do papai, em tudo
que ele me fez passar. E eu sei que ele merece isso.

Eu começo a puxar as coisas das prateleiras. Eu faço uma pilha


enorme no chão. Tudo continua lá - seus diplomas escolares, suas
rosetas de competições de equitação, seus desenhos quando ela era
criança, todas as suas roupas, todos os seus bens.

Eu fico olhando para a pilha diante de mim com olhos sem emoção
por um minuto. Então, eu começo a derramar a água sanitária sobre ele.

A cor vaza primeiro, e vejo fascinada enquanto ela escorre das


roupas. O papel começa a derreter. É uma bagunça de arco-íris no chão.
Seu cheiro desaparece. Ela desaparece.

Eu fico olhando para a bagunça que fiz, sem saber se deveria me


odiar. Meus dedos envolvem a única coisa que salvei, seguramente
fechada em minha bolsa de pérolas.

— Adeus, Lily Anna, — murmuro antes de sair do quarto. Saio da


casa, meu único companheiro é o som dos meus próprios passos. Lá fora,
fico surpresa ao encontrar Dex esperando por mim, encostado no carro.

— Veio para ver o mundo queimar, não é? — Eu sorrio para ele.


— Você poderia dizer isso. — Ele dá um tapinha no capô do carro
e eu me junto a ele. Nós nos inclinamos para trás, olhando para o céu
estrelado. — Você sente muito por ter feito isso?

Eu balancei minha cabeça, encontrando seu olhar.

— Você sente? — Ele também balança a cabeça. Olhamos um para


o outro em silêncio até que se torne demais. Eu olho para longe primeiro,
olhando para a casa. — Quanto tempo até que ele encontre?

— Vamos esperar e ver.

Deitamos no capô do carro e observamos a noite passar. Em algum


lugar durante a hora que passa, a mão de Dex encontra a minha e eu
não recuo. Meu coração martela no meu peito, cada batida uma repetição
de seu nome - Dexter, Dexter, eu sou sua, Dexter.

Eu não digo isso, porém, mantendo meus sentimentos por perto


para que ele não possa usá-los para me machucar.

— Olha, — ele finalmente diz, apontando para a casa. — Há uma


luz acesa em seu quarto.

Eu sigo seu olhar para a casa e, com certeza, a luz está acesa.
Alguém grita - pai. Masculino, ferido e verdadeiramente devastado, o som
me corta como uma faca.

A vergonha ameaça me engolir. O que fiz foi mesquinho, terrível. O


arrependimento toma conta de mim, mas meu lado teimoso se recusa a
deixá-lo ficar.

Ele conseguiu o que merecia. Sua obsessão doentia precisava


acabar. Eu só estava ajudando-o.

Dex me ajuda a sair do carro, abre a porta para mim e passa um


segundo me olhando enquanto ouvimos os gritos de papai.

— Eu vou-te foder esta noite, — ele me diz com firmeza.


— Ok, — eu encolho os ombros, fingindo que não me importo,
embora eu já esteja morrendo de vontade de ele me tocar.

— Você é uma pessoa diferente de quando chegou aqui, Pandora.

— Diferente como? Melhor?

Ele não responde, sorrindo enquanto fecha a porta. Ele entra no


lado do motorista e voltamos para casa devagar, em silêncio. Quando
estacionamos, ele espera um momento antes de sair.

— Eu não sei se é para melhor ou pior, — ele admite, e eu percebo


que ele está pensando sobre a questão desde que saiu dos meus lábios.
— Mas você é definitivamente uma de nós agora.

— O que você quer dizer?

— Esta cidade. — Ele encolhe os ombros. — Ela muda você.

— Eu não mudei. — Me sinto ofendida com suas palavras. — Eu


ainda sou eu.

— Você é? — Seus olhos implorantes perfuram os meus, em busca


da verdade.

— Sim, — eu respondo com firmeza, desafivelando meu cinto de


segurança e saindo do carro. — Vá se foder, Dex.

— Oh, você vai, — ele me diz com um sorriso. — Na verdade, porque


você é uma pirralha de merda, vou fazer você implorar por isso.

Eu reviro meus olhos. Felizmente, está escuro o suficiente lá fora,


então meu rubor não é óbvio. Se ao menos Dexter Booth pudesse ler
meus pensamentos... então eu estaria realmente condenada, porque ele
é a única coisa na minha mente... e eu nem quero que isso mude.
16
PANDORA

Meu coração está acelerado enquanto entramos em casa. Dex


tranca a porta atrás de nós e silenciosamente aponta para cima. Eu entro
no quarto principal com a sensação de ter acabado de assinar minha
sentença de morte. Mas então, por que estou tão animada com o que vai
acontecer?

Ele fecha a porta do quarto, seus olhos queimando com fogo frio
enquanto ele se vira para mim.

— Tira.

— Eu não posso, — eu digo. — Você tem que me ajudar com zíper.

Eu me viro para que minhas costas fiquem voltadas para ele, e ele
puxa o zíper até o vestido deslizar pelos meus ombros, me deixando
exposta. Eu o deixei acumular em torno de meus pés. Não estou usando
sutiã, apenas uma calcinha de renda preta, e me sinto insuportavelmente
nua na frente dele. Mas desta vez não tento me encobrir. Eu me agarro
aos restos de minha confiança e encaro Dexter Booth.

— Então? — Eu pergunto. — O que você quer fazer?

— Foda-se, — ele range para fora. — Palmas contra a parede,


boneca. Mostre sua bunda para mim.

Eu faço o que me é dito, sentindo seu olhar faminto devorando meu


corpo. — Você vai me machucar?

— Claro, — ele diz, sua voz mais gentil. — É disso que você gosta,
não é?
Eu não respondo, e ele bate na minha bunda com força. Eu não
faço nenhum som, fazendo-o rir alto.

— Eu te ensinei tão bem, brinquedo... Você está se transformando


em uma boa garota bem diante dos meus olhos. Quem diria. Você era tão
corajosa antes... — As pontas dos dedos dele acalmam a área que ele
atingiu. — Você cedeu tão rapidamente. Você simplesmente não
consegue resistir, não é?

Eu não respondo, e ele me bate de novo, encostando-se no meu


ouvido para sussurrar nele.

— Você não tem que admitir, você sabe... Nós dois sabemos a
verdade afinal.

Eu o ouço abrindo o zíper atrás de mim, e minha boca enche de


água com o pensamento de seu pau. Eu sinto sua ponta pressionando
contra mim então. Ele empurra o tecido da minha calcinha para o lado,
pressionando seu pau nos lábios da minha boceta.

— Eu me pergunto se você ainda quer isso aqui... — ele murmura,


então desliza a ponta para cima, me fazendo choramingar. Minha bunda
aperta. — Ou talvez você queira isso aqui... O que você acha Pandora?
Eu já te transformei em uma vagabunda anal?

Eu cerrei meus dentes, minha velha maldade exigindo que eu


mordesse de volta. Mas eu não quero. Eu permaneço bem comportada e
obediente, do jeito que ele me quer.

Ele empurra sua ponta dentro da minha bunda e eu gemo alto,


sentindo-o me esticar. Seu pau se encaixa dentro de mim perfeitamente.
Eu o quero em todos os lugares. Eu não quero mais ninguém. Apenas
Dex... Sempre Dex. Meu Dex.
— Você quebra tão bem, — ele me elogia. — É a minha coisa
favorita sobre você. Uma maldita malcriada, e ainda assim você é uma
geleia em minhas mãos...

— Dex. — A palavra me escapa antes que eu possa me conter. —


Me fode.

— Já? — Ele ri alto, fazendo meu coração acelerar ainda mais. Ele
empurra seu pau mais fundo. — Eu te disse, brinquedo... Você tem que
implorar por isso como uma boa menina.

— P-por favor. — As palavras não saem dos meus lábios. Minha


mente não permite, embora meu corpo esteja mais do que ansioso para
se submeter totalmente a Dexter. — Por favor, faça.

— Oh, vamos lá. — Ele ri, puxando para minha consternação. —


Você pode fazer melhor do que isso, não é, meu lindo brinquedo? Você
tem que merecer... Seja obediente.

Eu balanço minha cabeça negativamente. Eu não quero dar a ele


essa satisfação.

De repente, seu punho envolve meu cabelo e ele me joga na cama.


Eu caio nas almofadas, esparramada e à mercê do meu valentão. Nossos
olhos se encontram. Ele me quer. Eu o quero. E ainda estamos jogando,
empurrando um ao outro.

— Você é realmente minha? — ele se pergunta em voz alta. — Ou


você ainda pensa nos outros caras?

Eu não respondo, batendo de volta onde dói em vez disso. — Você


é meu? Ou ainda é de Lily Anna?

A boca de Dex forma uma linha fina, sua mandíbula travada. —


Ela se foi.
— Realmente? — Eu sussurro. — Às vezes parece que ela está bem
aqui...

Eu vejo o pau duro de Dex se contorcer de aborrecimento e, no


segundo seguinte, ele está na cama, pressionado contra mim. — Você vai
continuar respondendo, brinquedo? Eu preciso te ensinar boas maneiras
de novo?

— Talvez, — eu cuspo.

— Bem. — Ele estende a mão para a mesa de cabeceira, abrindo a


gaveta e puxando um par de algemas. — Eu posso fazer isso.

Meus olhos se iluminam, mas então percebo o pedaço de tecido na


gaveta. Antes que Dex possa me impedir, eu o alcanço, tirando uma
calcinha. — O que é isso?

— É... — Sua expressão cai, depois endurece. — Não é nada.

— São calcinhas, Dex. — Eu as jogo nele, lutando para fugir, mas


ele me segura. Ele prende minhas mãos acima da minha cabeça e monta
em mim. — Sai de cima de mim, porra.

— Por quê? Você sabe que já estive com outras garotas antes.

— Há quanto tempo, Dex? — Eu assobio. — Enquanto você esteve


comigo?

— Você está com ciúmes, — ele sorri. — É fofo.

— Eu sei que há merdas que você não está me contando, — rosno.

— Então? — Ele encolhe os ombros. — Todo homem tem seus


segredos.

— Por que Anders saiu? — Eu exijo. — Por que você não tem
nenhuma ajuda?
— Eu não posso pagar, — ele range para fora. — Por sua causa.
Porra lembra?

— Já vem de antes disso. — Eu balanço minha cabeça, e desta vez,


quando eu luto com ele, ele me deixa. Estou quase desapontada. — Você
está escondendo algo.

Eu me afasto dele, pelo corredor. Dex me segue.

— Você pode parar, porra, só por um segundo? — ele exige.

— Não! — Eu me viro para encará-lo. — Você está escondendo


coisas importantes de mim.

Ele não nega. — Você não quer saber tudo, porra, confie em mim.

— Eu mereço, — eu argumento. — Então aqui está sua chance,


Dex. Diga-me a verdade ou me perca para sempre.

Ele hesita. Um minuto dolorosamente longo se passa.

— Você quer saber? — Eu assobio. — Tudo bem. Estou indo


embora. Guarde seus segredos.

— Onde diabos você está indo?

— Não é problema seu. — Pego o telefone que ele me deu e faço


uma ligação. Ele desbloqueou para mim há alguns dias, mas ainda não
consigo fazer chamadas internacionais. — Ei, sou eu. Posso ficar com
você um pouco? Tudo bem. Sim. Obrigada.

Eu termino a ligação e dou a ele um olhar de auto satisfação.

— Viu o que você me fez fazer?

— Melhor não ter sido um dos caras, — ele rosna.


— O que é isso para você? — Eu inclino minha cabeça para o lado.
— Talvez você devesse chamar Audra aqui. Ela manterá sua cama
aquecida.

— Porra, — ele range para fora. — Eu não quero Audra.

— Então, porra, venha comigo. — Dou um passo à frente, pegando


sua mão na minha. — Vamos, Dex. Vamos deixar Eden Falls, como
conversamos. Vamos agora.

Ele hesita. Estou tão ansiosa para ele dizer sim que finjo não notar.

— Por favor, — eu imploro a ele. — Vamos deixar esta cidade para


trás.

— Eu não posso, — ele consegue dizer, sua voz quebrando.

— Por que não? — Eu exijo. — O que está prendendo você aqui?

— Lily Anna. — Ele não encontra meus olhos.

— Ela está morta, Dexter! Ela se foi! — Eu grito. — Quando você


vai finalmente aceitar isso?

— Ela... ainda está aqui, — ele administra.

— Porque você não vai desistir, — eu o lembro. — Nenhum de vocês


vai - nem papai, nem nenhum de seus amigos. Vocês são tão obcecados
por ela. Apenas lide com isso. Ela está morta!

— Ela não está! — Ele dá um soco na parede, bem ao lado do meu


rosto, me fazendo pular de medo. — Ela não está morta, Pandora.

— O-o quê? — Meus olhos se arregalam. — O que você quer dizer?

Ele hesita, mas então seu olhar encontra o meu. — Ela não está
morta.

— Como você sabe? Onde mais ela estaria, se não estivesse morta?
— Ela está aqui. — Sua voz falha novamente.

— Você está delirando, Dex, — digo a ele. — Você está tão obcecado
por ela, você se convenceu de que ela ainda está aqui... É doentio. Doente
pra caralho.

Eu passo por ele e entro no armário e começo a enfiar minhas


roupas em uma sacola para passar a noite, me sentindo irritada. Dex
parece derrotado. Quebrado. Eu nunca o vi assim.

— Você está indo embora de verdade? — Ele pergunta, e eu apenas


olho para ele. — Eu não acho que você deveria.

— Você não acha que eu deveria? — Eu pergunto, desafiando-o a


me pedir para ficar.

— Não, eu não, — ele sibila. — Eu acho que você deveria ficar aqui,
onde é sua casa. Não vá embora.

Suas palavras me cortam profundamente. Hesito, mas então


balanço a cabeça, mais certa do que nunca. — Eu preciso, Dex. Você está
obcecado. Não posso ficar com um homem que está constantemente
pensando em outra pessoa.

Termino de arrumar as malas, me visto e passo por ele sem dizer


mais nada. Eu ando para fora, esperando na garagem enquanto Dex
permanece no corredor, me observando.

— Você está indo para a casa de Easton? — ele finalmente


pergunta.

— Não, — eu rosno.

— Quem então?

— Por que você se importa?


— Porque você é minha porra. — As palavras saem em um
grunhido.

— Eu não sou, — eu digo. — Não, até você admitir que ela se foi.
Você pode fazer isso por mim, Dex?

Seu olhar silencioso diz tudo, e eu balanço minha cabeça em


descrença assim que a limusine para na garagem de Booth. — Adeus,
Dexter.

Ele observa em silêncio enquanto eu entro no carro. As janelas são


escuras, então digo a mim mesma que ele não vai me ver olhando para
ele. Eu não tiro meus olhos dele até que ele vá embora.

— Vai ficar tudo bem. — Uma mão encontra a minha. Eu olho nos
olhos de Lai, sorrindo fracamente.

— Obrigado por me deixar ficar com você, — eu sussurro. — Eu


não sabia para quem mais ligar.

— Tudo bem. — Ficamos sentados em um silêncio sociável. — Você


o ama, Pandora?

Luto com minha resposta, não porque não saiba a verdade, mas
porque não quero admitir. Quando eu fizer isso, todos saberão com
certeza. E eu serei a fraca novamente. Aquela sem poder.

— Às vezes, — eu finalmente sussurro.

— Está tudo bem, — diz ele novamente, sua mão acariciando a


minha. — Às vezes, eu também o amo.

Meus olhos se fixam nos dele. — Mesmo?

— Mesmo. — Ele ri nervosamente. — Não que ele alguma vez... você


sabe.
— Por que você concordou em me ajudar? — Eu sussurro. — Você
nunca quis antes. Você sente pena de mim?

— Não, Pandora. — Ele sorri, mas há tristeza na expressão. — Eu


sou apenas um idiota preso em uma história de amor épica que não tem
espaço para mim.

Suas palavras são profundas e penso nelas enquanto dirigimos.

— Para onde estamos indo? Não sei onde você mora...

— Você verá em breve, — ele responde com um sorriso. — Você vai


descobrir tudo.

— Parece que nunca é tudo, — murmuro. — Esta cidade tem


muitos segredos.

Ele sorri assim que o carro começa a se mover por uma estrada
sinuosa. Chegamos a casa então, uma que eu nunca conheci outra bela
mansão gótica iluminada por holofotes perfeitamente posicionados. É
como uma cena de filme.

— É aqui que você mora? — Eu pergunto. — É incrível.

— Há muita coisa que você não sabe sobre mim, — ele responde.
— Venha, vamos entrar. Eu quero que você conheça meu irmão.

Eu permito que ele abra a porta e me leve até a casa. Eu me sinto


maltratada com minha roupa confusa, especialmente quando as
empregadas me dão olhares questionáveis enquanto passam correndo
por nós.

— Você está segura aqui, — Lai me tranquiliza. — Fique o tempo


que quiser.

— Obrigada. — Estamos parados no corredor, sua mão demorando


na minha, nossos olhos presos em uma dança silenciosa. Tenho tantas
perguntas, mas tenho muito medo de perguntar. Lai me dá borboletas no
estômago. Lai me faz sentir segura. E ainda estou com tanto medo dele.
Não é como Dexter. Dexter me magoa porque sabe que amo isso. Lai...
Lai me machuca porque eu o machuquei.

Mas, por enquanto, ele é um aliado. E eu preciso mantê-lo assim.

— Venha, — diz ele, oferecendo-me o braço. — Eu tenho muito para


te contar.

Eu sorrio, aceitando sua oferta e permitindo que ele me conduza


pelo corredor.

Digo a mim mesma que tudo vai ficar bem e não preciso de Dexter
Booth, não com Lai por perto.

Mas não acredito em minhas próprias mentiras.

Eu sei que vou voltar para ele.

Só espero ser a escolha final de Dex. Mas se for entre mim e Lily
Anna... sempre irei perder o jogo, porque nunca estarei à altura da garota
linda e perfeita que veio antes de mim.
17
DEXTER

Pandora Oakes me deixou uma bagunça. Eu sinto falta dela. Não


quero admitir, mas me sinto sozinho. Solitário. Pronto para ligar para ela
e exigir que ela volte, agora mesmo. Mas tenho outros problemas com os
quais preciso lidar. Ou seja, uma prisioneira muito bonita que preciso
libertar.

Eu contemplo meu próximo passo por dias. Preciso ter cuidado,


calma e seriedade na hora de dar a notícia. Tenho a sensação de que Lily
Anna não vai reagir bem, mas não tenho escolha. Estou mais
determinado do que nunca a sair desta cidade, para escapar com
Pandora a reboque. A única pessoa que está no meu caminho é a garota
trancada na minha casa.

Eu bato na porta para dizer a ela que estou indo, em seguida,


destranco e entro. Ela está sentada em seu colchão, seus olhos brilhando
quando ela me vê. Ela se levanta com excitação mal contida e eu me odeio
pelo que estou prestes a fazer com ela. Ela não merece isso. Ela nem sabe
o que está por vir...

— Oi, — eu digo rispidamente.

— Olá. — Ela é cuidadosa, apreensiva, e deveria ser. — Tudo bem?


Não é hora do jantar ainda...

Sento-me de pernas cruzadas no chão de madeira. Ela se senta ao


meu lado, rastejando mais perto de quatro. Não consigo nem olhar para
ela, não posso arriscar que Lily Anna veja a verdade nos meus olhos.

— O que há de errado? — Ela já sabe. Ela sabe que algo está errado
e estou prestes a destruí-la.
— Estou pensando em sair da cidade. — Eu digo as palavras com
firmeza, mas sei muito bem que ela vai lutar.

— Oh? — Suas sobrancelhas se erguem. — Onde estamos indo?

— Nós não, Lily Anna. — Eu gemo, correndo meus dedos pelo meu
cabelo. — Apenas eu.

— E quanto a mim?

— Você estará livre. — Desta vez, eu finalmente encontro seus


olhos, esperando que ela fique emocionada, já que estou finalmente
dando a ela o que ela tem pedido o tempo todo. — Não era isso que você
queria, Lily Anna?

— Eu quero estar com você. — Ela cruza os braços teimosamente


e me encara. — Por que você está pensando em me deixar?

— Eu preciso sair daqui, — murmuro. — Esta cidade é tóxica e eu


estou farto disso.

— Então me leve com você. — Ela chega mais perto e pega minhas
mãos nas dela, segurando-as contra seu coração acelerado. — Por favor,
eu vou ser boazinha, me leve com você...

— Eu não posso.

— Por que não? — Agora ela parece zangada. Suas emoções são tão
imprevisíveis que às vezes me assusta pra caralho.

— Porque eu... — Eu pondero minhas palavras antes de finalmente


decidir contar a ela a verdade. Ela merece depois de tudo que fiz a ela. —
Estou indo com outra pessoa.

— Lai ou algo assim? — Ela estreita os olhos para mim. Eu balancei


minha cabeça. — Quem então?

— Pandora.
— Pandora? — Ela repete o nome em choque antes de revirar os
olhos. — Você não pode estar falando sério. A porra da garotinha
impostora que pegou o meu lugar?

Eu não respondo a ela. Nossos olhares se encontram, ameaçando


queimar um ao outro.

— Você a ama? — ela pergunta, e eu não respondo. Isso faz seu


lábio inferior balançar, e ela rasteja para perto de mim, mãos
desesperadas me agarrando, agarrando-se a mim. — Diga que você não
a ama, Dexter.

Eu olho em seus olhos. Eu não tenho que responder. Ela já sabe a


verdade.

Lily Anna grita então, começando a martelar meu peito com seus
pequenos punhos. Eu não faço nenhum movimento para impedi-la. Eu
mereço sua raiva, mereço ela descontando essa raiva em mim, quando
eu estive fodendo com sua cabeça por anos. Uma parte de mim até espera
que ela rompa a pele e tire sangue. Eu também mereço isso.

— Você é um monstro, — Lily Anna sibila para mim. — Eu deveria


saber que você faria isso comigo.

Ela me ataca, e desta vez eu não hesito antes de dominá-la,


facilmente jogando-a de costas no colchão. Eu monto nela, prendendo
seus braços acima de sua cabeça e observando seu peito subir e descer
a cada respiração raivosa que ela dá.

— Eu nunca quis te machucar, — eu assobio para ela. — Acredite


ou não, eu te amei.

— Amou, — ela cospe, rindo amargamente. Sua expressão muda


repentinamente e seus olhos se enchem de lágrimas. — Amou, Dexter. O
que aconteceu conosco? Era para ser para sempre.
Eu a encaro, sem saber o que dizer a ela, sem saber como fazer isso
melhorar. Na verdade, há apenas uma resposta - apenas uma razão pela
qual não a quero mais.

E o nome dela é Pandora Oakes.

— Você merece tudo de ruim que já aconteceu com você, — Lily


Anna sibila para mim agora, cruel e irritada. — Você merece tudo, Dexter.
Você merece morrer.

— Acalme-se, — eu assobio quando ela tenta lutar comigo. —


Apenas se acalme por um segundo...

Ela se levanta com uma força que eu não esperava, e seus lábios
estão nos meus. Ela está me beijando, roubando de mim, me devorando,
mas eu me afasto, achatando seu corpo contra o colchão.

— Não se atreva, — digo a ela friamente.

— Você é meu, — ela cospe.

— Não mais.

— Para sempre! — Ela bate os pés como a porra da pirralha que é.

— Não mais, Lily Anna. Não mais.

— Eu te odeio. Eu te odeio pra caralho! — Ela está tendo outro de


seus acessos de raiva agora, movendo-se inquieta no colchão enquanto
faço o meu melhor para contê-la antes que ela nos machuque. — Eu
nunca vou te perdoar pelo que você fez comigo. Nunca, nunca, nunca,
Dexter!

Eu a deixei colocar tudo para fora. Eu não digo uma palavra até
que ela pare de resistir. Então, eu a soltei e me levantei, observando-a se
enrolar como uma bola no colchão e começar a soluçar. A visão e o som
partem meu coração, mas não sei o que fazer com isso.
— Vou pagar sua passagem para Wildwood, — digo a ela. — Eu vou
te dar tudo o que você quiser. Se você quiser ir encontrar seus... pais
biológicos, ou ficar aqui... é só me dizer.

— Eu quero você. — As palavras são um sussurro quebrado e,


embora eu saiba que não deveriam doer, elas cortam profundamente. —
Por que não posso ter você?

Eu fico olhando para ela. — Porque eu não sou mais seu.

— Você não me quer, Dexter? — Ela treme, sentando-se e abrindo


bem as pernas para mim. Ela não está usando calcinha. — Você não quer
isso?

— Feche suas pernas, — eu rosno. — Agora.

Ela desobedece, olhando bem nos meus olhos enquanto começa a


se tocar, esfregando todos os pontos sensíveis em seu corpo que
costumavam me deixar louco de necessidade.

— Diga que você não me quer, — ela sussurra. — Diga-me que você
não quer me foder...

— Você precisa parar.

— E você precisa começar a dizer a verdade... Admita que você me


quer, Dex... Admita, apenas admita.

Eu fico teimosamente em silêncio. Um minuto se passa, e a raiva


ferve, até que ela explode, os dedos pingando com seus próprios sucos
enquanto ela está diante de mim, uma bela fúria.

— Você realmente não me quer mais? — ela exige, e eu balanço


minha cabeça com veemência. Algo muda dentro dela então. Seus
ombros puxam para trás. Ela parece desligada, ansiosa para atacar onde
dói mais. Ela é calculista. Fria. E eu sei tudo o que ela vai tentar para me
machucar com a próxima picada de vontade.
— Talvez seja hora de você descobrir a verdade, então.

— A verdade? — Eu uni minhas sobrancelhas em preocupação.

— Sobre seus pais.

Minhas mãos formam punhos. — Você quer dizer que seu pai os
assassinou, porra.

— Não. — Ela sorri docemente, se aproximando de mim e alisando


o colarinho da minha camisa. Seus olhos queimam com a loucura que eu
vi tantas vezes nos últimos anos. — Eu matei, querido.

Eu a encaro, incapaz de compreender suas palavras. — O que?

— Pense nisso, — ela ronrona. — Eu estava na sua casa. Eu sabia


onde estava a chave.

— Por que você os machucaria? — Eu resmungo.

— Porque você os amava, — ela sussurra. — Você os amava, e eu


só queria que você me amasse.

Meu sangue gelou e eu a encaro sem acreditar. — Você está falando


sério? Você ateou fogo?

— Foi tão fácil. — Ela riu, fazendo-me sentir cada vez mais doente
por dentro. — E as chamas... ah, as lindas chamas. Elas eram tão
rápidas. Tão bravas. Eu adorei. Eu quero fazer isso de novo e de novo.

— Você... — Eu engulo, lutando contra o desejo de matá-la ali


mesmo. — Você queria que eu acreditasse que seu pai fez isso.

Ela encolhe os ombros facilmente, como se isso não significasse


nada. — Era mais fácil. Você me amava então. Você não me ama agora.

— Você é a porra de um monstro, — eu assobio para ela. — Você é


uma psicopata.
— E você me amou uma vez, — ela sorri tristemente. — Não é triste,
Dexter? Agora você vai ter que pagar por tudo. Por me trair. Sabe o que
vou fazer?

Ela se aproxima de mim enquanto eu cerro os dentes. Lily Anna


corre um dedo pelo meu peito, sorrindo largamente.

— Eu vou matar aquela garota, — ela ronrona. — Ela está


praticamente morta. E você assinou a sentença de morte dela, Dex. Você
assinou, porque você a ama mais do que a mim.

Minhas mãos formam punhos ao meu lado. Leva tudo de mim para
não reagir. Mas não consigo. Eu sou melhor que isso. Melhor do que Lily
Anna Oakes, a garota monstruosa que eu amava.

— Eu nunca vou deixar você sair daqui, — murmuro. — Eu vou te


deixar aqui para apodrecer.

— Não, você não vai, — ela sorri. — Você vai se sentir muito
culpado. Agora mesmo, Dex... A primeira chance que eu tiver... — Ela
imita um corte no pescoço, sorrindo descontroladamente. — Ela já era,
porra.

Avanço contra ela então, fazendo-a recuar em um canto, sem


nunca encostar um dedo nela. Eu me elevo acima de seu corpo pequeno,
minhas veias pulsando com a necessidade de machucá-la.

— Você nunca vai sair daqui, — digo a ela. — É hora de você pagar
pelo que fez. E não importa o que... você perde, Lily Anna.

Ela grita, se jogando em mim e me arranhando com suas unhas


compridas. Eu agarro seus braços e os seguro atrás das costas enquanto
ela luta selvagemente. Eu não dou a ela o controle que ela quer. Em vez
disso, eu apenas a empurro de volta no colchão, e ela cai para trás,
olhando para mim com puro ódio.
— Você está sozinha agora, — digo a ela. — Não sobrou ninguém
para você, Lily Anna. Você afastou a todos.

Eu me afasto dela, meu coração batendo forte com as revelações,


quando ela grita uma última vez - um apelo desesperado, uma última
tentativa de me conquistar.

— Eu ainda te amo, Dex! — Ela parece desesperada. Feia. Eu olho


por cima do ombro para seu rosto coberto de lágrimas. — Eu fiz isso por
nós, Dex... Eu nos queria juntos, para sempre, do jeito que deveria ser.
Lembra?

— Não, — eu cuspi, batendo a porta atrás de mim. Eu a tranquei


três vezes antes de me inclinar contra a madeira e lentamente deslizar
para o chão com minhas mãos em meu cabelo.

Sua confissão não deveria ter sido um choque. Ela é imprevisível,


sempre foi. Mas isso... isso a torna um verdadeiro monstro.

Ela mentiu para mim durante anos. Ela tirou minha família de
mim. Eu deveria matá-la. Antes de deixar Eden Falls, eu deveria atirar
em Lily Anna bem no meio dos olhos e jogá-la no penhasco que ela deveria
ter pulado anos atrás.

Ou melhor, ainda, deveria devolvê-la a Emilian Oakes.

Um sorriso ilumina meu rosto enquanto penso nas possibilidades.


O cara pode não ser um assassino, mas ainda é um pedaço de merda.
Ele iria destruí-la - exatamente o que ela merece.

Quando me levanto do chão novamente, minha mente está tomada.


Eu cansei de cuidar dela, acabei com o fardo que é Lily Anna. Ela está
sozinha agora, e eu não dou a mínima para o que acontece com ela.

Eu fecho meus olhos e me lembro dos momentos doces. Sua risada,


sua inocência, suas bochechas coradas. Todas as mentiras. Mentirosa de
merda. Ela acabou agora. Ela nunca vai me machucar novamente.
Meus pensamentos se enchem de Pandora então, e meu coração se
enche de emoção. Orgulho, anseio, necessidade, desejo. Meu pau
endurece, meu coração dói. Borboletas enxameiam em meu estômago.

Eu preciso contar a ela a verdade.

Preciso dizer a Pandora Oakes que a amo antes que seja tarde
demais...
18
PANDORA

Estou me despedindo de Eden Falls hoje.

Ninguém sabe, exceto Lai, e eu o fiz jurar segredo. Não posso correr
o risco de voltar para Dex - tenho certeza de que ele tentaria me impedir,
antes que eu chegasse à estação ferroviária da cidade. Há uma última
coisa que preciso fazer antes de deixar Eden Falls.

Eu preciso acabar com a hierarquia doentia desta cidade que me


fez sentir no topo do mundo e sem valor ao mesmo tempo.

Na casa de Lai, recebi os luxos a que me acostumei - um lindo


quarto de hóspedes com um banheiro contíguo, acesso ao resto da
mansão deslumbrante e a promessa de que encontraria o meio-irmão de
Lai, Dion, naquela noite no jantar.

Lai optou por me dar privacidade e sou imensamente grata por isso.
Ainda não consigo lidar com meus próprios sentimentos. Não consigo
nem pensar em Dexter sem me sentir mal do estômago. E Lai não faz
perguntas. Ele mantém uma distância respeitosa, me dando espaço para
respirar.

Eu me arrumo sozinha no quarto de hóspedes naquela noite. Eu


coloco um vestido bonito e sem muito entusiasmo faço minha maquiagem
para ter certeza de que estou apresentável. Minha mente gira em torno
deles - Dex. Pai. Minnie. Meus irmãos. Eu me pergunto se vou sentir falta
deles quando eu partir. Eu me pergunto se ainda quero que Dex venha
comigo.

Faz apenas algumas horas, mas já sinto falta dele e me odeio por
ser tão fraca pelo menino que me odeia. Digo a mim mesma que vou dar
outra chance a ele. Apenas mais uma. Se ele não provar o que sente por
mim desta vez, está oficialmente acabado.

Abaixando minha escova de cabelo com determinação, examino


minha aparência no espelho.

Eu pareço bem. Bem o suficiente para deixar Dexter com ciúmes


quando descobrir com quem estou morando.

Com um sorriso de satisfação, desço as escadas até o salão onde o


jantar será servido.

Lai ainda não chegou, mas noto outra figura sombria parada perto
das cortinas, olhando para o jardim de costas para mim.

— Oi, — eu falo. — Eu sou Pandora Oakes. Você deve ser...

Ele se vira bruscamente. Assim como o resto dos habitantes desta


cidade, ele é ridiculamente bonito. Ele se eleva acima de mim. Ele não é
musculoso, mas sim magro e de aparência perigosa, com um rosto
esculpido no qual você poderia cortar os lábios.

— Dion, — ele fala. — Dion Grayberry, meio-irmão de Lai.

Ele estende a mão e eu aperto. Ele segura minha palma com tanta
força que luto para não estremecer.

— Então você é a nova garota Oakes, — ele murmura. — Melhor do


que a última, pelo que parece.

Eu sorrio, secretamente satisfeita com sua aversão a Lily Anna. —


O que havia de errado com a última?

— Vadia mimada. — Ele acena, a mão com desdém enquanto eu


admiro suas feições um pouco mais. Ele realmente é dolorosamente
bonito. — Não me importava nem um pouco com ela.
— Bom, — eu respondo resolutamente. — Eu também não posso
dizer que me importava.

Ele sorri e faz um gesto para que eu me sente. Fico nervosa sem
Lai, mas faço o que me mandam, sentando à sua esquerda. Ele me
observa atentamente enquanto as criadas enchem nossos copos com
bebidas.

— Você não se parece em nada com ela.

— Bom, — eu repito. — Eu não quero.

— Mas você meio que tem a mesma atitude.

— Com licença?

— Viu? — Ele ri. — Bem ali. Uma pirralha mimada, igual àquela
garota insuportável.

— Eu não sou uma pirralha mimada. — Eu me inclino para trás


na minha cadeira, olhando para o cara.

— Você definitivamente é. Você sabe... meu irmão fala.

Eu coro, desviando o olhar assim que Lai entra na sala. Os irmãos


se cumprimentam com tapinhas nas costas e Lai se senta na minha
frente.

— Então, você conheceu a garota, — diz Lai. — Ela roubou o


coração de todos.

— E a mente deles também, ao que parece, — Dion responde com


um olhar penetrante para seu irmão antes de voltar sua atenção para
mim. — Lai não consegue calar a boca sobre você, Pandora. Agora posso
entender por quê.
Somos servidos com o nosso primeiro prato e estou grata pela
distração. A curiosidade toma conta de mim, porém, e assim que as
empregadas estão fora do alcance da voz, começo a falar.

— Então... eu não sei nada sobre a família de Lai.

— Você não é a única, — murmura Lai amargamente. — Devo


descobrir quando fizer 21 anos. Quando conseguir meu fundo fiduciário.

— Mas você é parente da Araminta?

Ele concorda. — De alguma forma, pelo menos.

— E Dion também?

— Sim, — responde o irmão mais velho, lançando-me um olhar


penetrante. — E eu acho que já são perguntas suficientes para esta noite.

Eu o encaro, sentindo o peso de seu olhar. Ele não recua e,


finalmente, sou eu quem desvia o olhar. Sinto seu triunfo emanando da
esquerda de onde ele está sentado.

A família de Lai me faz pensar... Dion é mais velho, provavelmente


em seus trinta e poucos anos, e ele parece diferente do resto dos meninos
de Eden Falls. Mais experiente. Mais maduro. Como se a vida não tivesse
sido gentil com ele, e isso o tivesse tornado mais áspero em todas as suas
trocas.

Envergonhada, percebo que estou ficando excitada com a imagem


desse homem que não deixa ninguém o intimidar. Eu cruzo minhas
pernas mais retas e espero que ninguém perceba.

— De qualquer forma, — Dion suspira, bebendo um longo gole de


vinho. — Só estou aqui esta semana. Partirei para Stormcliff,
indefinidamente.

Eu aceno com suas palavras. Stormcliff é a principal cidade perto


de Eden Falls. Muitas das grandes empresas têm escritórios lá.
— Mas e quanto a Lai? — Eu finalmente pergunto — Ele estará
aqui sozinho?

— Ele pode cuidar de si mesmo, — Dion sorri.

Dou uma olhada furtiva em Lai. Pela primeira vez, eu o vejo


parecendo quase vulnerável, como se estivesse prestes a dizer algo. Mas
um momento depois, a suavidade desaparece, substituída por bordas
irregulares e ásperas.

— Não se preocupe tanto comigo, Pandora, — ele range para fora.


— Você não tem sua própria merda para lidar? Como a situação com
Booth?

Eu olho para ele, tentando silenciosamente lembrá-lo de não falar


sobre isso, mas não parece estar funcionando.

— Isso é verdade, — Dion reflete. — O que você está fazendo aqui,


garota? Você não é a noiva de Dexter agora?

— Já estou farta do interrogatório, — murmuro, afastando minha


cadeira da mesa.

— Oh, você está, não é? — Dion ri. — Bem, então, já tivemos o


suficiente de você também. A menos que você esteja disposta a
compartilhar, você terá partido amanhã à noite.

— Com licença? — Eu pergunto.

— Dion, eu... — Lai olha nervoso entre seu irmão e eu. — Não é a
sua casa...

— Não, Lai, — Dion sorri. — Não é da sua conta. E se eu disser que


ela não pode ficar aqui, ela não pode ficar aqui. Entendeu?

Lai está chateado, e eu também.

— Não se preocupe, — eu assobio. — Eu percebi a direta.


Saio da sala com a cabeça erguida. Leva tudo de mim, e assim que
eu viro a esquina, eu me inclino contra a parede e expiro, sentindo meu
peito subir e descer com respirações rasas e de pânico.

Eu ouço a conversa deles enquanto tento recuperar o fôlego e os


escuto com culpa.

— Por que você tem que ser um idiota do caralho com meus
amigos? — Lai sibila.

— Você sabe por que, — Dion rebate. — Você realmente quer abrir
espaço para outra porra de Lily Anna?

— Ela não é nada como ela. Nada.

— Eu vejo algumas semelhanças, na verdade. Ou seja, aqueles em


que ambos mandaram chicotear você, Lai.

— Você não sabe nada.

— Diga-me que você não ama essa também. — Silêncio se segue,


tensões pesadas e densas no ar. — Você não pode, não é? Você se
apaixonou por outra mulher do seu melhor amigo. Lily Anna primeiro, e
agora essa garota Pandora. Que vergonha.

— Eu não preciso ouvir isso, — sussurra Lai.

Corro em direção à escada para evitá-lo, tropeçando nos próprios


pés em um esforço para dar o fora de lá. Chego ao andar de cima quando
o ouço chamar de baixo.

— Pandora. — Eu olho por cima do ombro, meus olhos nos de Lai.


— Você ouviu alguma coisa daquilo?

Não respondo, paralisada com a mão no corrimão.

— É verdade, — Lai grita. — Eu amo. Eu te amo.


Eu não consigo me mover. Não posso dizer uma palavra. Meu
coração bate descontroladamente enquanto o vejo esperar pela minha
reação. Eu não dou a ele, porque eu não sei o que deveria ser. Finalmente,
ele se cansa de esperar. Tirando os olhos de mim, ele sai pelo corredor.

Demoro vários minutos para voltar ao quarto de hóspedes. Não


consigo nem começar a pensar na confissão de Lai - ainda preciso
descobrir o que vou fazer amanhã.

Eu quero voltar para a casa de Dexter.

A realização me bate forte, e eu gemo, sabendo que terei que engolir


meu orgulho quando voltar para a mansão Booth.

Mas, ao mesmo tempo, sei que é o que quero. Eu quero Dexter. Eu


quero deixar esta cidade com ele.

Amanhã na escola, vou pedir para ele vir comigo.

Juntos, vamos deixar Eden Falls comendo poeira.

***

Ao entrar na escola naquela manhã, me sinto ainda mais exposta


do que o normal. Há olhares demorados em mim. Sussurros estão sendo
passados enquanto eu faço meu caminho pelos corredores. Eu sei que
algo está acontecendo antes mesmo de eu chegar à minha primeira aula
do dia. Mas assim que o faço, minha mão voa para minha boca e eu fico
olhando em choque para minha própria imagem. A foto que Dex tirou –
só pode ser. Está em detalhes ridículos, colado em toda a sala de aula.
Está na lousa, nas paredes. Está em toda parte. Audra passa por mim
então, com um sorriso doce e enjoativo, distribuindo mais cópias da
fotografia obscena.
— Recebi uma mensagem esta manhã, — ela ronrona quando
esbarra em mim. — Dexter mandou isso. Achei melhor compartilhar.

Estou horrorizada. Eu gostaria que o chão se abrisse e me engolisse


por inteira, mas o alívio não vem apenas o horror de estar totalmente
exposta novamente.

Lai não está nesta aula e nem Dex. Eu não aguento mais um
segundo naquela sala abafada e eu giro nos meus calcanhares, correndo.

Eu não paro até chegar ao banheiro feminino no primeiro andar.


Eu me encontro no último cubículo, sentindo as lágrimas quentes
borrando minha visão.

Não posso acreditar na traição de Dexter.

Depois de tudo o que aconteceu... depois de tudo que ele fez por
mim - comigo, ele fez isso. A faca nas minhas costas torce e eu vomito no
vaso sanitário, esvaziando meu estômago. Sento-me, tremendo quando
ouço a porta se abrir e alguém entra no banheiro.

— Ela não é nem tão bonita. — O som de água corrente e risadas


segue. — Deus, você pode imaginar ser uma vagabunda a ponto de deixar
alguém tirar essas fotos de você?

— O que você esperava? — a outra voz se pergunta em voz alta. —


Ela não é material para Eden Falls. Nunca pertenceu aqui, de qualquer
maneira.

Com uma carranca, coloco minha bolsa no ombro e abro a porta.


As duas garotas fazendo a maquiagem na frente do espelho congelam
enquanto eu ando entre elas, lavando minhas mãos e rosto na pia.

Nenhum de nós diz uma palavra, elas estão com muito medo de
olhar uma para a outra e eu não quero lhes dar um segundo do meu
tempo. Quando termino, sorrio e saio do banheiro. Assim que a porta se
fecha atrás de mim, eu as ouço falando novamente, fofocando e
espalhando mais rumores.

Deixe-as falarem, porra. Eu terei minha vingança.

Eu volto para o meu armário. Os corredores estão mortalmente


silenciosos porque as aulas já começaram. Eu coloco minha mochila no
armário e pego outra, uma bolsa maior que empacotei com meus itens
essenciais para o caso de as coisas ficarem muito ruins na Propriedade
Oakes e eu precisar fugir.

Dex e eu tínhamos conversado sobre fugirmos juntos. Havíamos


conversado sobre deixar tudo isso para trás. Mas eu nunca deveria ter
confiado nele. Ele nunca cuidou de mim.

Agora, meu lábio inferior balança enquanto penso em fugir


sozinha. Vou ficar sozinha, como quando cheguei em Eden Falls. Mas
Dex não merece coisa melhor. Ele queria se livrar de mim. Por que outro
motivo ele enviaria aquela foto privada para Audra?

Hesito antes de puxar a pilha de papéis impressos do meu armário.


Mas tem de ser feito.

São páginas do diário de Lily Anna, todos os segredos perversos e


sujos escritos em sua caligrafia e revelando essas pessoas por quem
realmente são. Eles podem ser primogênitos, mas na verdade não são
nada além de monstros. Monstros que mataram Lily Anna primeiro e
fizeram o possível para me destruir em segundo lugar.

Quando comecei a sair da escola, permito que o momento catártico


assuma o controle. Eu deixei os papéis caírem por todo o corredor.
Páginas para cada uma dessas pessoas que Lily Anna conhecia sujam o
chão. Isso vai quebrá-los. Esses segredos vão deixar Eden Falls de
joelhos.

E eu não tenho mais arrependimentos.


19
DEXTER

Só na segunda aula do dia descobri sobre a foto.

Pandora, meu brinquedinho sexy, se espalhou no momento mais


privado, para que todos vissem.

Mas agora, já é tarde demais.

Os corredores estão repletos de páginas fotocopiadas do diário de


Lily Anna, e Pandora já se foi.

Eu encurralo Audra no corredor fora do ginásio, elevando-me sobre


ela enquanto a prendo contra os armários.

— Dex, — ela diz, ofegante. — O que você faz...

— Onde você pegou essa foto? — Eu assobio. — Eu sei que foi você
quem fez isso. Nem mesmo tente negar, porra.

— Você... — Ela morde o lábio inferior. — Você não se lembra,


porra?

— Conte-me! — Eu soco o armário ao lado dela e ela se encolhe.

— Deus, Dex! Você mandou uma mensagem para mim! Não se


lembra? Foi você, Dex! — Com dedos trêmulos, ela percorre seu telefone
e me mostra a mensagem. E aí está, com meu nome como remetente. A
foto de Pandora que tirei quando a comi.

— Eu não mandei isso, — murmuro. — Impossível. Impossível,


porra.
— Bem, alguém fez isso, — Audra revira os olhos. — E quem mais
poderia ser? Você mora sozinho, Dexter.

Exceto que não.

E de repente eu sei exatamente quem fez isso. A única pessoa capaz


dessa merda - aquela que quer me punir custe o que custar.

Ela seria capaz de matar duas pessoas inocentes em nome de seu


amor doentio.

Ela não vai parar agora.

Lily Anna continuará machucando a mim e às pessoas que amo até


que ela consiga o que quer.

Eu corro para longe, minhas mãos formando punhos enquanto


corro pelo corredor e entro no meu carro. Eu grito para fora do
estacionamento. Eu nem me permito um minuto para folhear as páginas
do diário que deixaram a escola em um frenesi, porque estou muito
ocupado caçando a garota que fez toda essa bagunça.

Mas com essas páginas sendo reveladas... significa o fim do nosso


mundo, pelo menos em alguns aspectos. Isso vai mostrar a todos que
nenhuma dessas pessoas é tão especial, tão sagrada, tão inocente como
fizeram todos acreditarem. O diário faz com que todos pareçamos...
humanos.

Eu gemo alto.

Eu lidarei com Lily Anna também, quando chegar a hora certa. Ela
vai pagar por enviar essa mensagem para Audra. Ela vai pagar por tudo.
Mas primeiro, preciso encontrar Pandora. Eu preciso encontrá-la antes
que seja tarde demais. Antes de ela deixar a cidade para sempre, me
deixando para trás na poeira.
Correndo para a estação de trem, chego lá em um tempo recorde
de vinte minutos. O tempo todo estou estressado pra caralho, suando e
xingando em voz alta. Deixo o carro ligado e corro para a plataforma. Eu
sei que Pandora fugiu para ver sua mãe. Eu sei que ela viu aquela foto
circulando e pensou o pior de mim. Ela pensou que eu a traí novamente.
Finalmente, agora que estou chegando a um acordo e aceitando meu
amor por ela, está tudo acabado.

De novo.

Há apenas um trem partindo para North Haven hoje, e ele parte em


dez minutos.

Chego à plataforma, examinando a multidão em busca de qualquer


sinal dela. Corro passando pelas pessoas, empurrando-as de lado,
olhando-as de cima a baixo. Sem sorte, porra. Eu corro no trem em
seguida, passando por pessoas que xingam e gritam comigo, sem dar a
mínima. Eu vejo uma morena de costas, agarro seu ombro, assusto-a.
Não é Pandora.

Eu passo por todos os vagões e ela está fodidamente longe de ser


vista.

Eu tenho que aceitar isso. Ela não está no trem.

Consigo descer antes do trem partir, sentado na plataforma com a


cabeça entre as mãos, chutando o chão. Ela fugiu. Ela fugiu de mim. Ela
me deixou. Estou sozinho. Sozinho de novo.

O que acontece a seguir parece um transe.

De alguma forma, saio daquela estação de trem.

De alguma forma, acabo em uma festa na casa de um dos garotos


ricos em Eden Falls. Alguém com quem eu costumava me comparar,
minha concorrência - sem o status. Já faz muito tempo desde então.
Sou saudado de braços abertos. Convidado a entrar. Bebida após
bebida. Eu bebo tudo. Eu recebo muitas perguntas para contar. Eu não
respondo a nenhuma delas.

Eu bebo.

Eu fumo.

Eu danço, corpos suados esfregando contra o meu. Alguém tenta


me beijar e eu tenho que sair, estou morrendo de calor opressor, da
bebida, da porra do excesso sensorial.

Eu penso em Lily Anna, provavelmente preocupada demais com o


que aconteceu comigo.

Deixo que ela se preocupe.

Depois de tudo que ela fez para foder com a minha vida, ela merece
porra.

Encho minha mente com uma névoa que é tão entorpecente quanto
reconfortante. Porque quando estou nessa névoa, não sei distinguir o
certo do errado, e nada pode me machucar. Então, vou ficar nela até que
a porra da dor não doa mais.

Eu me perco no meio da noite e finjo que os problemas não estarão


aqui quando eu abrir meus olhos, sóbrio novamente.

Em algum momento, passo mal no jardim do meu antigo rival.

Mas, horas depois, acordo assustado no banco de trás do meu


carro com uma garrafa de tequila na mão. Eu gemo, sentindo uma
ressaca assassina chegando. Mas também estou completamente sóbrio,
e o pensamento de Pandora me consome completamente agora. Eu
preciso encontrá-la. Eu preciso me livrar de Lily Anna para sempre.

Eu fico atrás do volante do meu carro com a cabeça limpa.


Eu dirijo para casa com meu coração batendo forte e minha mente
cheia de ideias.

Vou implorar a Lai para ajudar Lily Anna.

Vou entregá-la a Emilian Oakes, para puni-la pelo que fez.

Eu mesmo vou empurrá-la daquele penhasco.

Eu balanço minha cabeça para tirar o pensamento. Não suporto


pensar nisso, mas a ideia está lá agora, firmemente alojada em minha
mente, exigindo atenção.

Eu poderia me livrar dela.

Ela já machucou muitas pessoas.

Eu poderia machucá-la.

Ninguém saberia.

Eu escaparia impune. Seria o crime perfeito. Ela estaria morta. Se


foi. Sem mais problemas. Nunca mais.

Eu moo maldição após maldição. Estou chegando perto de casa, e


quando entro na pista que leva até a Mansão, franzo as sobrancelhas. Há
dois carros da polícia estacionados em frente, e uma linha de fita amarela
se estende ao redor da propriedade.

Meu coração para quando eu vejo isso. O pavor enche meu interior
e sinto o gosto de bile na boca.

Lily Anna.

Eles encontraram Lily Anna.

Eu sei que estou fodido de qualquer maneira. Ela vai me delatar,


colocar a culpa em mim. Vou ficar na prisão por muito tempo - muito
tempo. Até que Pandora vai esquecer tudo sobre mim. Mas eu não consigo
ficar longe. Eu preciso saber o que ela fez. Se eu correr agora, só vou
piorar as coisas para mim em longo prazo.

Eu estaciono na garagem, surpreso por não haver policiais do lado


de fora.

Eu entro na Mansão com meu coração disparado. Eu ouço vozes,


seguindo-as até o andar onde fica o quarto de Lily Anna.

Enquanto subo as escadas, um oficial aparece acima de mim. Nós


olhamos um para o outro. Eu o reconheço como um amigo de meu pai.
Um amigo da família. Alguém que conheci há muitos anos, quando a vida
era simples.

Sua mão treme quando ele alcança o interfone, zunindo. — O


pegamos, chefe. Ele está aqui.

Eu não corro. Eu apenas fico lá, e ele também.

— Eu percebo como isso deve ser difícil para você, — murmuro. —


Mas você pode muito bem me colocar as algemas agora. Eu não estou
prestes a correr.

— Então você fez isso? — ele pergunta abertamente.

— Com o que se parece? — Eu assobio. — Minha casa. Minha


culpa.

Subo as escadas e estendo os braços na frente do corpo. Hesitando


apenas por uma fração de segundo, o policial clica nas algemas fechadas
em meus pulsos.

— Eu não posso acreditar, — ele murmura. — Seu pai era um bom


homem, mas você... Você é um monstro, Dexter.

Eu sinto a cor sumir do meu rosto enquanto ele me leva pelo


corredor. Eu vejo o resto dos policiais vindo correndo pelo corredor agora,
rostos tão pálidos quanto os meus. Eu vejo o quarto de Lily Anna de onde
estou. Está destrancado, a porta deixada aberta - uma visão a que não
estou acostumado. Os policiais bloqueiam minha visão.

— Onde ela está? — Eu finalmente pergunto, olhando de um dos


policiais para o outro.

— Diga-nos você, — um deles responde, mostrando-me seu


distintivo. — Sou o detetive Sutton. Chegamos depois que uma ligação
anônima foi feita para a delegacia.

— Eu não sei onde ela está, — eu respondo, me sentindo irritado.


— Tenho certeza que ela te contou uma pequena história até agora, mas
eu deveria ter permissão para explicar meu lado das coisas. Porque eu...

Nesse ponto, dois dos policiais se movem.

Meus olhos se concentram em algo atrás deles. Algo caído no chão.

É uma bolsa. Um saco para cadáveres.

— O que... porra? — Eu pergunto. — O que aconteceu?

— Temos um cadáver, Sr. Booth, — responde um terceiro policial.


— Esperávamos que você pudesse responder a essa pergunta para nós.

Eu uso toda a minha força para me afastar do cara que está


segurando as algemas. Ele grita. Eu os ouço puxar suas armas, desligar
a trava de segurança. Eu não dou a mínima, porque nesse ponto, eu
alcancei a porta e estou olhando para o saco para cadáveres que
permanece aberto. O que me encara de volta me faz querer morrer.

— Não, — eu sussurro, caindo de joelhos na frente do corpo. — Por


favor, Deus, não.

— Fique de pé, maldito! — um dos policiais grita, mas eu não


poderia me levantar nem se tentasse. Não choro desde que meus pais
morreram, mas olhar para o rosto imóvel do meu ex-amigo me deixou em
uma bagunça. Seus olhos estão abertos. Eles os deixaram assim.
Assustado. Há um atiçador de lareira em sua barriga. Sangue vermelho
escuro e profundo o envolve como uma roseta se espalhando sobre seu
estômago, seu torso.

Ele se foi. Ele está morto. Nunca mais terei a chance de consertar
as coisas.

Ela o matou.

Lily Anna fez isso.

E estou prestes a cair.

— Dexter Booth, — um dos policiais começa enquanto eu sou


colocado de pé. — Você está preso pelo assassinato de...
20
PANDORA

Estou feliz por pegar um táxi até a próxima parada de trem depois
de Eden Falls. Custou uma boa parte do dinheiro que economizei, mas
pelo menos não arrisco que alguém me veja na estação de trem.

Olho pela janela do táxi para a vista recuando de Eden Falls. A


cidade nunca foi gentil comigo, nem seus habitantes. Mas de uma forma
distorcida, vou sentir falta disso. Vou sentir mais falta de Dexter, por
mais que doa admitir. Ele conquistou um lugar especial em meu
coração... um lugar em que sinto que ele residirá por muito tempo.

— Aqui estamos nós, senhorita, — o motorista fala lentamente. —


Estação de trem Stormcliff. Isso custará sessenta e cinco e cinquenta.

Eu gemo internamente enquanto conto o dinheiro, acrescentando


uma pequena gorjeta porque me sinto muito mal se não der. Segurando
minha mala, saio do carro, olhando da calçada para a estação de trem
com suas lojas.

Há outra coisa que preciso fazer antes de embarcar no trem. Algo


que venho adiando há muito tempo.

Minha mão permanece sobre minha barriga. Eu me sinto mal só de


pensar nas possibilidades do que poderia acontecer. Mas não posso mais
evitar. Já se passou um mês e estou atrasada. Eu nunca atrasei.

Com os pés trêmulos, vou até a farmácia na esquina do prédio da


estação. Grata pelo anonimato da cidade grande, pego um teste de
gravidez das prateleiras e mantenho minha cabeça baixa enquanto pago
em dinheiro. A caixa me lança um olhar simpático, mas fico grata por ela
não me reconhecer. A última coisa que quero é que isso volte para Dexter.
Seguro a sacola de papel em minhas mãos enquanto encontro a
bilheteria e pago a viagem. Então, eu vou para a plataforma e me sento
em um dos bancos ao lado de uma garota de aparência deslumbrante
com cabelo preto profundo.

Seu cabelo foi cortado na altura dos ombros. Eu me pergunto por


que ela parece tão familiar, mas desvio o olhar antes que ela possa me
pegar olhando.

O trem chega poucos minutos depois. A garota e eu entramos em


entradas diferentes, e meu fascínio por seu rosto bonito é logo esquecido,
substituído pela ansiedade que se forma em meu estômago.

Encontro um assento no trem que está quase vazio, exceto por um


cara sentado perto da janela no final do vagão.

Eu me sento e olho pela janela enquanto o trem começa a se mover.


São quatro horas até chegarmos a North Haven. Quatro horas
excruciantes sem saber a verdade... a menos que eu faça o teste agora.

A preocupação torce meu estômago em mil nós. Eu sei que deveria


fazer isso, mas não consigo me levantar e ir ao banheiro.

Eu mal duro uma hora. No final, posso sentir gotas de suor


escorrendo pelas minhas costas e já estou farta.

Deixando minha bolsa no assento, vou até o banheiro do trem e me


tranco.

Sigo as instruções do teste de gravidez roboticamente e grito que


só demorarei um minuto quando alguém bater na porta.

Contando os segundos, espero até que três minutos finalmente


acabem e pego o teste com meus olhos fechados e meu coração batendo
forte.
Por favor, não esteja. Por favor, não esteja. Por favor, por favor, por
favor.

Eu abro meus olhos. Meu lábio inferior balança. Minha vida muda
diante dos meus olhos.

O teste deu positivo.

— Você terminou aí ou o quê? — a voz feminina irritada exige


novamente.

— Me d-desculpe, — gaguejo, jogando o teste no lixo. — Estou


saindo imediatamente.

Eu lavo minhas mãos, me recusando a olhar para minha expressão


pálida no espelho. Eu saio dali.

A deslumbrante beleza de cabelos negros da estação sorri para mim


quando eu saio. Eu passo por ela, volto para a minha cabine e desabo no
meu assento. Pego minha bolsa, mas o assento ao meu lado está vazio.

Eu olho. Minha bolsa sumiu.

— Porra, — eu sussurro, verificando sob os assentos. Nada. Eu me


levanto e começo a vasculhar todo o vagão. A bolsa não está em lugar
nenhum, nem o cara que estava sentado lá antes. — Porra. Porra. Porra.

— Algo errado?

Eu olho para cima. A garota de cabelos negros está lá, sorrindo


para mim.

— Minha bolsa, — eu sussurro. — Sumiu.

— Uma mala? — ela pergunta. — Louis Vuitton?

— Sim. — Meus olhos se iluminam. — Você viu?


— Um cara saiu com ela... — ela franze as sobrancelhas. — Achei
um pouco estranho que ele carregasse algo assim. Houve uma parada
enquanto você estava no banheiro. Ele desceu.

— Porra! — Eu grito, sentindo a frustração tomar conta do meu


corpo cansado. É demais - tudo isso é demais, porra. Essa bolsa tinha
tudo - meu telefone, minhas roupas. Só tenho o dinheiro, que felizmente
guardei em um envelope no meu blazer da escola.

— Sinto muito, — murmura a garota. — Sinto-me parcialmente


responsável. Sou Alli.

— Pandora, — murmuro miseravelmente. Ela se senta ao meu lado.

— Lamento dizer, Pandora, mas você parece uma bagunça agora,


— diz ela amigavelmente. — Você quer conversar? Vou até North Haven,
então tenho tempo.

— Eu vou até lá também. — Eu gemo, esfregando meus olhos. —


Este é o meu pior pesadelo de merda.

— Bem, vamos conversar sobre isso, — sugere Alli. — Você vai se


sentir melhor se o fizer. A propósito... você estuda na Eden Falls Prep?

Eu olho para cima, surpresa, e percebo que ela está olhando para
o meu uniforme.

— Eu acho, bem, eu costumava, — eu consigo. — Como você


conhece a escola?

— Oh, minha prima estuda lá, — ela responde facilmente.

— Talvez eu a conheça. Quem é ela...

— De qualquer forma, você ia me contar sua trágica história de


vida. — Ela se inclina para trás com um sorriso beatífico. Eu não posso
negar o quão bonita ela é. Como uma boneca Barbie de cabelos escuros
- perfeição impressionante. Fico desanimada e triste só de olhar para ela.
— Tenho certeza que não é tão ruim quanto a minha.

Reúno um sorriso, apesar do desastre que é a minha vida. — Quer


apostar nisso?

Ela sorri, e mais uma vez fico impressionada com o quão familiares
são seus traços.

— Diga-me, — diz ela, quase com fome. — Conte-me tudo sobre


Eden Falls, Pandora.

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