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3.a) Neste grupo devemos incluir três verbos da l.a conjugação— ganhar,gastar
e pagar— de que outrora se usavam normalmente os dois particípios. Na linguagem
atual preferem-se, tanto nas construções com o auxiliar ser como naquelas em que
entra o auxiliar ter, as formas irregulares ganho, gasto e pago, sendo que a última
substituiu completamente o antigo pagado.
V erb o s a b u n d a n te s
D e 1 ° co n ju g a ç ã o
In f in it iv o Pa r t i c íp i o r e g u l a r Pa r t i c íp i o i r r e g u l a r
D e 2 .a co n ju g a ç ã o
In f in it iv o Pa r t i c íp i o r e g u l a r Pa r t i c íp i o i r r e g u l a r
D e 3 ° co n ju g a ç ã o
In f in it iv o Pa r t i c íp i o r e g u l a r Pa r t i c íp i o i r r e g u l a r
O b se r v a ç õ e s:
1. a) Somente as formas irregulares se usam como adjetivos e são elas as únicas
que se combinam com os verbos e s ta r , fic a r , a n d a r , ir e v ir.
2. a) A forma a c e ite é mais usada em Portugal.
3. a) M o r to é particípio de m o r r e r e estendeu-se também a m a ta r .
4.0) O particípio r o m p id o usa-se também com o auxiliar ser. Ex.: Foram rompidas
n o ssa s relações. R o to emprega-se mais como adjetivo.
5. a) I m p r i m i r possui duplo particípio quando significa ‘estampar”, “gravar”. Na
acepção de “produzir movimento”, “infundir”, usa-se apenas o particípio em -id o .
Dir-se-á, por exemplo: E ste liv r o fo i impresso n o B ra sil. Mas, por outro lado: Foi
imprimida e n o r m e v e lo c id a d e a o ca rro .
6. a) Pelo modelo de e n tr e g u e , formou-se e m p r e g u e , de uso frequente em Portugal
e na linguagem popular do Brasil.
7. a) Muitos particípios irregulares, que outrora serviam para formar tempos
compostos, caíram em desuso. Entre outros, estão nesse caso: c in to , do verbo c in g ir;
c o lh e ito do verbo co lh er, d e sp e so , do verbo d e s p e n d e r . Alguns, como a b s o lu to (de
a b s o lv e r ) e r e so lu to (de re so lv e r), continuam na língua, mas com valor de adjetivos.
V e r b o s i m p e s s o a is , u n i p e s s o a is e d e f e c t i v o s
Outras vezes o desuso de uma forma verbal é ocasionado por sua pronúncia
desagradável ou por prestar-se a confusão com uma forma de outro verbo, de
emprego mais frequente. A razões de ordem eufônica atribui-se, por exemplo,
a falta da l.a pessoa do singular do pr e s e n t e d o in d ic a t iv o e, consequentemente,
de todas as pessoas do pr e s e n t e d o s u b j u n t iv o do verbo abolir, pela homofonia
com formas do verbo/n/nr, justifica-se a inexistência das formas rizotônicas do
verbo falir. Mas, como a própria caracterização do que é agradável ou desagra-
dável ao ouvido é sempre difícil, pois está condicionada ao gosto pessoal, há
frequentes discordâncias entre os gramáticos em estabelecer os casos de lacuna
verbal aconselhados por motivos eufônicos. Não raro, não se vislumbra mesmo
razão maior do que o simples desuso de uma forma para que ela continue sendo
evitada pelos que falam ou escrevem.
Aos verbos que não têm a conjugação completa consagrada pelo uso damos
o nome de d e f e c t iv o s .
V erbos im p esso a is
Basta de provocações!
Chega de lamúrias.
Dói-me do lado esquerdo.
V erbos u n ip esso a is
Assim:
a) os verbos que exprimem uma ação ou um estado peculiar a determinado
animal, como ladrar, rosnar,galopar, trotar, pipilar, zu rra r:
O b se r v a ç ã o :
É claro que, em sentido figurado, tanto os verbos que exprimem fenômenos
da natureza como os que designam vozes de animais podem aparecer em todas
as pessoas.
Vejam-se estes exemplos literários:
Por outro lado, convém ter presente que, nos casos de personificação, como as
fábulas, tais verbos podem ser empregados, com o significado próprio, em todas
as pessoas.
460 N OVA GRA M ÁTIC A DO P O RT U G U ÊS C O N TE M P O RÂ N E O
V e r b o s d e f e c t iv o s
I n d ic a t iv ü S u bju n t iv o I m pe r a t iv o
PRESENTE p r ese n t e
A f i r m a t iv o N e g a t iv o
banes
bane —
bane —
banimos —
banis __
bani —
banem —
— —
a b o lir c a rp ir e x a u rir im e rg ir
a tu r d ir c o lo rir fre m ir ju n g ir
b r a n d ir d e m o lir fu lg ir re to rq u ir
b r u n ir e m e rg ir h a u r ir u n g ir
2 .° grupo. V erbos q u e , n o pr e s e n t e d o in d ic a t iv o , s ó
se c o n ju g a m n as for-
m as a rriz o tô n ic a s e n ã o p o s su e m , p o rta n to , n e n h u m a das p esso as d o pr e s e n t e
d o s u b j u n t iv o n e m d o im p e r a t iv o n e g a t iv o ; e, n o im p e r a t iv o a f ir m a t iv o ,
a p re se n ta m ap e n a s a 2.a p esso a d o p lu ra l.
Sirva de ex em p lo o v e rb o fa lir :
I n d ic a t iv o S ubju n t iv o I m pe r a t iv o
p r ese n t e p r ese n t e
A f i r m a t iv o N e g a t iv o
—
—
falimos
falis __
fali —
— —
462 N OVA GRA M ÁTIC A DO P O RT U G U ÊS C O N TE M P O RÂ N E O
M O D O I N D IC A TIV O
E m p re g o d o s t e m p o s d o in d ic a t iv o
Presente
O pr e s e n t e d o in d ic a t iv o emprega-se:
1. °) p a r a e n u n c i a r u m fa to a tu a l, isto é, q u e o c o r r e n o m o m e n t o e m q u e se
fa la ( pr esen t e mo men t â n eo ):
Que teria acontecido para que Margarida não viesse nem uma vez
ao muro?
(V. Nemésio, MTC, 111.)
M O D O S U B J U N TIV O
In d ic a t iv o e s u b ju n t iv o
T em p o M o d o in d ic a t iv o M o d o s u b j u n t iv o
E m p re g o d o s u b ju n t iv o
S u b ju n t iv o in d e p e n d e n t e
— Diabos te levem!
(F. Botelho, X, 198.)
O b se r v a ç õ es:
1. “ ) Vemos que estas orações geralmente se iniciam por que, partícula de classi-
ficação difícil, pois o seu valor, no caso, é mais afetivo do que lógico. É uma espécie
de prefixo conjuncional, peculiar ao subjuntivo.
2. a) A exclamação viva! é um antigo subjuntivo, que outrora concordava sempre
com o sujeito. Hoje a concordância é facultativa, porque o singular adquiriu o valor
de inteijeição:
Viva os heróis!
Vivam os heróis!
VERB O 487
Te m p os do su bju n tiv o
b) futuro:
No dia em que não faça mais uma criança sorrir, vou vender abacaxi
na feira.
(N. Pinon, CC, 152.)
Não havia intenção que ele não lhe confessasse, conselho que lhe
não pedisse.
(A. Bessa Luís, S, 58.)
b) de futuro:
c) de presente:
1. A solidariedade entre o verbo e o sujeito, que ele faz viver no tempo, exterio-
riza-se na c o n c o r d â n c i a , isto é, na variabilidade do verbo para conformar-se
ao número e à pessoa do sujeito.
R E G R A S G E R A IS
C o m u m só s u je it o
O verbo concorda em número e pessoa com o seu sujeito, venha ele claro
ou subentendido:
C o m m a is d e u m s u j e i t o
O v e r b o q u e te m m a is d e u m s u je ito ( s u j e it o c o m po s t o ) v a i p a r a o p lu r a l e,
q u a n t o à p e s s o a , irá:
a) para a l.a pessoa do plural, se entre os sujeitos figurar um da l.a pessoa:
b) para a 2.a pessoa do plural, se, não existindo sujeito da l.a pessoa, houver
um da 2.a:
O bservação:
Na linguagem corrente do Brasil, evitam-se as formas do sujeito composto que
levam o verbo à 2.a pessoa do plural, em virtude do desuso do tratamento vós e,
também, da substituição do tratamento tu por você, na maior parte do país.
Em lugar da 2.a pessoa do plural, encontramos, vez por outra, tanto em Portugal
como no Brasil, o verbo na 3.a pessoa do plural, quando um dos sujeitos é da 2.a
pessoa do singular (tu) e os demais da 3.a pessoa:
Mas nem tu, nem os teus ulemas e cacizes entendem estas cousas.
(A. Herculano, MC, 1,91.)
— O Pomar e tu os esperam.
(F. Namora, NM, 242.)
É inútil acrescentar que tanto ele como eu esperamos que você nos
dê sempre notícias.
(Ribeiro Couto, C, 2 0 2 .)
Entre os sujeitos não há pausa; logo, não devem ser separados, na escrita,
por vírgula.
De modo semelhante se comportam os sujeitos ligados por série aditiva
enfática (não só... mas [senão ou como] também):
REGÊ N CIA
O b se r v a ç ã o :
A r e g ê n c i a é o movimento lógico irreversível de um termo regente a um regido.
Reconhece-se o termo regido por ser aquele que é necessariamente exigido pelo
outro. Por exemplo: a conjunção embora pede o verbo no subjuntivo, mas o verbo
no subjuntivo não exige obrigatoriamente a conjunção embora; logo a conjunção é
o termo regente, e a forma verbal o termo regido. Sobre o conceito de r e g ê n c i a e
suas relações com o de c o n c o r d â n c i a , veja-se Louis Hjelmslev. La notion de rection.
Acta Linguística, 1: 10-23, 1939.
A lig a ç ã o d o v e r b o c o m o s e u c o m p l e m e n t o , is to é, a r e g ê n c ia ver ba l ,
p o d e , c o m o n o s m o s t r a m o s e x e m p lo s a c im a , fa z e r-se :
a) diretamente, sem uma preposição intermédia, quando o complemento é
o b j e t o d ir e t o ;
b) indiretamente, m e d ia n te o e m p r e g o d e u m a p r e p o s iç ã o , q u a n d o o c o m p le -
m e n t o é OBJETO INDIRETO.
D iv e rs id a d e e ig u a ld a d e d e re g ê n c ia
O b se r v a ç ã o :
No estudo da regência verbal cumpre não esquecer os seguintes fatos:
1. °) O o b je t o in d ir e t o só n ã o v e m p r e p o s ic io n a d o q u a n d o é e x p re ss o p e lo s
O b se r v a ç ã o :
O verbo haver, quando sinônimo de “existir”, constrói-se de modo diverso des-
te. Nesta acepção, haver não tem sujeito e é transitivo direto, sendo o seu objeto o
nome da coisa existente ou, a substituí-lo, o pronome pessoal o (a, lo, la). Existir,
ao contrário, é intransitivo e possui sujeito, expresso pelo nome da coisa existente.
Dir-se-á, pois:
Construções do tipo