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LPT
UNIDADE 3
DANDO ÁGUA NA BOCA
LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTOS
SUMÁRIO
Super Ondina-------------------------------------------------------------------------- 6
Hífen------------------------------------------------------------------------------------ 8
Papo de Índio-------------------------------------------------------------------------- 11
Porque---------------------------------------------------------------------------------- 12
Semântica------------------------------------------------------------------------------ 13
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Dúvidas Frequentes------------------------------------------------------------------- 15
A crase--------------------------------------------------------------------------------- 16
Referências -------------------------------------------------------------------------- 19
Nesta unidade, retomaremos alguns conceitos da Gramática Normativa, e outros, os quais julgamos
importantes para o domínio da língua padrão. O nosso desejo é que você apure o seu paladar e fique
com água na boca, buscando se aprofundar no estudo que propomos. Comecemos com uma brevís-
sima retrospectiva:
A variante padrão da nossa língua é a variante de prestígio social. É o modelo “ideal” de língua,
modelo esse que deve ser usado por pessoas cultas, por escritores, jornalistas, autoridades ... Sendo
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assim, ela é alvo das análises dos gramáticos, que escrevem as regras de seu funcionamento, regras
essas que são postas como as únicas “corretas”. O português padrão é falado por pessoas que “de-
tém” o poder e pertencem às classes sociais privilegiadas, ou seja, a minoria da população brasileira.
A variante não-padrão é a língua da maioria pobre e dos analfabetos do nosso Brasil. É a variante
utilizada pelas pessoas das classes sociais menos privilegiadas; falantes esses que são considerados,
Curiosidade: Você sabia que o nosso português é oriundo, como todas as línguas românicas, do
latim vulgar?
É isso mesmo. Quando fundavam uma província, os romanos deixavam ali cidadãos comuns:
agricultores, comerciantes, soldados... Pessoas que não falavam o latim clássico, o latim dos
Elas falavam o latim simplificado, com regras mais práticas que as do latim clássico, daí o seu latim
Feita essa brevíssima retrospectiva, estando ciente de que é dever da escola assegurar ao seu aluno
o acesso à norma culta padrão da língua portuguesa, entendendo que ela é uma variante de nossa
língua, prossigamos em nosso estudo. Comecemos com algumas “Dicas fessor”, a respeito do Novo
Acordo Ortográfico Brasileiro. Dicas essas extraídas do Super Ondina(2009), da Escola Municipal
1) Não se usa mais o trema, o sinal colocado sobre a letra “ü” para indicar que ela deve ser pronun-
cinqüenta cinquenta
delinqüente delinquente
eloqüente eloquente
ensangüentado ensanguentado
eqüestre equestre
freqüente frequente
lingüeta lingueta
lingüiça linguiça
qüinquênio quinquênio
sagüi sagui
seqüência sequência
seqüestro sequestro
tranqüilo tranquilo
2) O alfabeto passa a ter 26 letras. Foram reintroduzidas as letras k, w e y. O alfabeto completo passa
a ser: A B C D E F G H I J K L M N O P Q R S T U V W X Y Z
3) ACENTUAÇÃO GRÁFICA Não se usa mais o acento dos ditongos abertos él e él das palavras
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paranóico paranoico
Assim, permanecem como eram: sóis, papéis, dói, heróis, chapeis, menestréis...
... MAIS ACENTUAÇÃO GRÁFICA Nas palavras paroxítonas, não se usa mais o acento agudo no i e
permanece (saúde, saída, país, feissímo, países ...). Elimina-se o acento circunflexo nas vogais tôni-
É facultativo o acento agudo no a ou i dos radicais nas formas conjugadas dos verbos terminados
- enxáguo ou enxaguo
- águo ou aguo
- averígue ou averigue
- apazígue ou apazigue
Não se usa mais o acento que diferenciava os pares pára/para, péla(s)/pela(s), pêlo(s)/pelo(s), pó-
lo(s)/polo(s).
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Atenção: permanecem os acentos que diferenciam, pôr (verbo)/por (preposição); têm, mantêm,
vêm (plural) tem, mantém, vem (singular); pôde (passado) / pode (presente)
EMPREGO DO HÍFEN
Este é, sem duvida, um dos pontos mais complicados da reforma ortográfica, mas não se apavore.
Veja aqui os principais casos e, pouco a pouco, você irá assimilando outras mudanças. Mas, desde
Vamos lá: a maioria dos hífens, em palavras compostas, desaparece. Assim, pára-quedas vira para-
torna-se circum-navegação. Além disso, será mantido o hífen em palavras compostas cujo segundo
componente começa com h, como pré-história. Nesse case, a exceção são os prefixos des e in: você
deve escrever humano e hábil, porém, desumano, inumano e inábil (veja que o h desaparece l).
Em substantivos compostos em que a última letra da primeira palavra e a primeira letra da segunda
palavra são iguais, será feita a introdução do hífen. Assim, microondas vira micro-ondas, A exceção
fica por conta do prefixo co: cooperar, coordenar, por exemplo, continuam como antes.
Veja, agora, algumas regras importantes: Usa-se o hífen nas palavras compostas que não apresen-
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Exceções: não se usa o hífen em certas palavras que perderam a noção da composição, como giras-
Usa-se o hífen em compostos que têm palavras iguais, sem elementos de ligação: reco-reco, blá -blá-
blá, zum-zum, tico-tico, tique-taque, cri-cri, glu-glu, rom-rom, pingue-pongue, zigue-zague, escon-
Mas, atenção! Quando a expressão apresentar elemento de ligação, não se usa mais o hífen: pé de
moleque, pé de vento, dia a dia, fim de semana, cor de vinho, cor de rosa, ponto e virgula, camisa de
Usa-se o hífen nos compostos que designam espécies animais e botânicas (nomes de plantas, flo-
res, frutos, raízes, sementes), tenham ou não elementos de ligação: Bem-te-vi, peixe-espada, pei-
PAPO DE ÍNDIO
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Veiu uns ômi di saia preta
(In Heloisa Buarque de Hollanda e Carlos A.M.Pereira(org.). Poesia jovem. Anos 70. São Paulo:
Nova Cultural,1982)
1) Reescreva o texto acima fazendo as devidas concordâncias, colocando-o no padrão culto da lín-
gua.
2) Qual a possível intenção do poeta, segundo as pistas no texto, ao escrevê-lo como o faz?
Resposta: O autor faz uso das variedades linguísticas para tratar de uma situação de colonização,
Feitas estas considerações, passemos a outro aspecto importante da variante padrão da nossa lín-
Na tirinha de Dik Browne (Folha de São Paulo, 30/02/96, a palavra porque está empregada de for-
mas diferentes: a primeira forma é o por que sem acento e separado, a segunda é o porque junto e
sem acento.
A palavra porque está empregada de formas diferentes: a primeira forma é o por que sem acento e
separado, a segunda é o porque junto e sem acento. A primeira forma assim se apresenta por se tra-
tar de uma frase em que a pergunta é feita diretamente, já a segunda, por se tratar de uma conjunção
que introduz uma explicação sobre o que foi perguntado anteriormente. De uma forma resumida,
emprega-se: Por que(estruturado pela preposição por acompanhada do pronome relativo que): em
frases interrogativas diretas ou indiretas.
Ex.: “Eu gostaria de saber por que Mateus faltou ao compromisso”(interrogativa indireta) “Mateus,
Por quê(pronome interrogativo): no final das frases: “Mateus, você faltou ao compromisso por
quê?”(interrogativa direta).
Porque(conjunção explicativa): em orações que explicam ou indicam causa de algo: “Isto ocorre
Porquê: quando se trata de palavra substantivada, com o sentido de “razão”, motivo. Lembrando
que a palavra substantivada vem precedida pelo artigo o, nesse caso: “Gostaria de saber o porquê
de sua insistência”.
Visto tudo isso. Vejamos, agora, algumas questões de semântica, ou seja, de significação das pala-
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2) Antonímia – palavras com sentidos opostos:
3) Homonímia – palavras que possuem a mesma grafia ou a mesma pronúncia, ou ainda as duas
cela – sela
acordo(substantivo), acordo(verbo)
são(verbo), são(adjetivo)
Cerra: do verbo cerrar, fechar; serra: instrumento cortante, do verbo serrar, cortar
Cessão: ato de ceder; sessão: tempo que dura uma assembleia; secção ou seção: corte, divisão
• MAS OU MAIS?
“Você diz sempre que me ama, mas vive mentindo para mim”
Mas inicia uma frase que pontua uma ideia que se opõe ao que foi dito antes: como alguém que
Mais indica intensidade ou quantidade, é o oposto de menos: “Nada é mais importante para mim
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do que você”.
• MAL OU MAU?
Mal pode ser advérbio: “Beber leite com manga faz mal à saúde?” ou substantivo quando significar
Já a palavra MAU é um adjetivo, o seu antônimo é bom: “O jovem e mau soldado veio até aqui”.
• HÁ ou A?
Há é empregado:
i) quando é uma forma do verbo haver – “ Há alguém que me ama incondicionalmente: Deus”;
ii) com referência a tempo passado(equivale a faz): “Estive na França há dois anos”.
Observação: Há, com referência a tempo passado, já significa atrás. Desse modo, ou se emprega
apenas há ou se emprega apenas atrás: Há dois anos estive na França ou Dois anos atrás estive na
França.
Emprega-se A :
• AFIM OU A FIM?
Afim é adjetivo e significa “semelhante”. De “afim” deriva “afinidade”: “As ideias de Jonas e Jordan
A fim faz parte da locução prepositiva a fim de, que indica finalidade: “ O aluno estudou bastante a
• MEIO OU MEIA?
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Meio é advérbio quando equivale a “mais ou menos, um pouco”: “Felipe pareceu-me meio cansa-
do”.
Em vez de indica substituição: “ Paulo saiu com Júlia em vez de sair com Renata, como prometeu”.
A CRASE
Fusão da preposição a (exigida pela regência do verbo ou do nome: substantivo, adjetivo ou advér-
bio) com o artigo definido a(s): “Maria foi à festa” e com os pronomes demonstrativos: a(s), aque-
le(s), aquela(s), aquilo: “ Antônio fez menção àquilo por vários dias”, a crase só é possível diante de
palavras femininas.
A crase é um fenômeno que ocorre na fala. Na escrita é marcada pelo acento grave. Assim, como um
dos as desaparece na escrita, também não deve ser pronunciado, ou seja, não devemos pronunciar
duas vezes o a.
2) Nas expressões proporcionais à medida que, à proporção que: “À medida que ele se aproximava,
3) Quando estão subentendidas as expressões à moda de, à maneira de ou palavras como faculdade,
universidade, empresa, companhia, mesmo que diante de palavras masculinas: “ Dirigi-me à Óton
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Mariano”(à empresa)
4) Antes de nomes de lugares, desde que eles sejam determinados pelo artigo: “Um dia irei à França”
2) Antes de pronome possessivo no singular: “Expliquei à sua mãe, o modo de preparo da receita”
3) Entre expressões formadas por palavras repetidas: “ Estevão tem um dia a dia(cotidiano, dia após
dia) agitado”.
4) Antes de pronomes “que” e “quem”: “A senhora a quem me referi, chegou”; “A novela a que assisti
Observação:
Direto: complemento sem preposição: “ Ela comprou (verbo transitivo direto) o(artigo) livro (ob-
jeto direto)
Indireto: complemento com preposição: “Andressa aspira (verbo transitivo indireto) ao (preposi-
3) Bitransitivos: verbos que necessitam do objeto direto e do indireto: “Kátia pagou (verbo tran-
4) Verbos de ligação: não evidenciam ação; são usados para evidenciar estado, bem como para
“ligar” sujeito e predicado. São: ser, estar, permanecer, ficar, continuar, parecer, tornar-se, mostrar-
REFERÊNCIAS
COSTA VAL, Maria da Graça. Redação e Textualidade. São Paulo: Martins Fontes, 1991.
GLOSSÁRIO
Ditongo: É o nome que se dá à combinação de um som vocálico com um som semivocálico emiti-
Proparoxítonas: Uma palavra diz-se proparoxítona quando tem o acento predominante, a síla-
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