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UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE

FACULDADE DE ENGENHARIA

CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

BALANÇO SEDIMENTAR. UM CONTRIBUTO PARA A


PERCEPÇÃO DO PROBLEMA DE EROSÃO NA COSTA DA
CIDADE DE MAPUTO

AUTOR:

Samuel Constantino Chissumba

SUPERVISORES:

Prof. Doutor Eng.º Jaime Palalane

Mestre Eng.ª Cristina Nheleti Américo Viola

Maputo, Setembro de 2017


UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE

FACULDADE DE ENGENHARIA

CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

BALANÇO SEDIMENTAR. UM CONTRIBUTO PARA A


PERCEPÇÃO DO PROBLEMA DE EROSÃO NA COSTA DA
CIDADE DE MAPUTO

AUTOR:

Samuel Constantino Chissumba

SUPERVISORES:

Prof. Doutor Eng.º Jaime Palalane

Mestre Eng.ª Cristina Nheleti Américo Viola

Maputo, Setembro de 2017


DECLARAÇÃO DE HONRA

Eu, Samuel Constantino Chissumba, declaro por minha honra, que este trabalho é da
minha inteira autoria e foi realizado com base no material referido ao longo do mesmo e
que não foi submetido para nenhum outro grau que não seja o indicado.

O Autor:

_______________________________________________
(Samuel Constantino Chissumba)
2017

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho às memórias dos


meus pais: Constantino Samuel Chissumba
& Maria Isabel Hele.

I
2017

AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar agradeço a Deus pelo dom da vida, pela segurança, força, sabedoria,
coragem para superar os obstáculos e acima de tudo, pela serenidade para aceitar as
coisas que não podemos mudar.

Minha profunda gratidão vai também para os supervisores: Doutor. Eng.º Jaime Palalane
e a Mestre Eng.ª Cristina Viola, pela proposta do tema, pelos comentários e críticas
construtivas e pela paciência que sempre tiveram ao tirar as minhas dúvidas. Obrigado
por terem dedicado parte do vosso precioso tempo para a discussão do trabalho.

Agradeço o apoio moral e material recebido da minha família, em especial a minha avó
Atália que fez com que este sonho se tornasse realidade, ao meu avô Samuel, pela
confiança e carinho, aos meus tios e aos meus padrinhos Sidis e Maria Arminda pelo
incentivo, orgulho, apoio necessário. Obrigado por me terem ajudado durante todo esse
tempo, dando coragem para nunca desistir, sobretudo nos momentos mais difíceis.

Aos colegas e verdadeiros amigos que nunca me abandonaram e que em alguns


momentos também foram minha família, obrigado pelo companheirismo e amizade.

Agradeço a todas as demais pessoas não citadas, mas que de alguma forma
contribuíram para que eu concretizasse este sonho.

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2017

“Quanto mais aumenta o nosso conhecimento, mais evidente fica a nossa ignorância”
(John F. Kennedy).

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2017

RESUMO

Desde que foram identificados os primeiros indícios de erosão, a costa da Cidade de


Maputo tem beneficiada de medidas de protecção costeira que visam minimizar o
problema da erosão nesta área. Tais medidas consistem na construção de obras
longitudinais aderentes, esporões e na alimentação artificial de praias. Estas
intervenções, associadas às outras actividades antropogénicas (dragagem, mineração)
e aos fenómenos naturais (agitação marítima, tempestades, subida do nível médio das
águas do mar), têm influenciado sobremaneira a dinâmica sedimentar na costa da
Cidade de Maputo.

Neste âmbito, o presente trabalho faz uma análise da dinâmica sedimentar na costa da
Cidade de Maputo, mais especificamente na praia da Costa do Sol. A análise consistiu
na identificação, caracterização e quantificação dos fluxos de sedimentos para
posteriormente realizar um balanço sedimentar. Dentre os fluxos identificados, foram
quantificados, o transporte eólico e a variação do volume de praia. Após a quantificação
dos fluxos, foram identificadas as fontes e sumidouros (entradas e saídas) de sedimentos
na área em estudo, para posterior realização do balanço sedimentar.

Para a quantificação dos fluxos realizou-se um levantamento de dados referentes a


variação da posição da linha de costa com o tempo e a velocidade dos ventos locais,
existentes no Centro Nacional de Cartografia e Teledetecção e no Centro Europeu de
Previsão Meteorológica à Médio Prazo. Através do Sistema Digital de Análise da Linha
de Costa (aplicativo de software inserido em um Sistema de Informação Geográfica) fez-
se a análise da evolução temporal da linha de costa, e as respectivas taxas de variação
da linha de costa, obtidas desta análise, foram usadas para a quantificação da variação
do volume de praia. A quantificação do transporte eólico foi feita através de formulações
encontradas à quando da descrição do estado da arte.

O balanço sedimentar foi feito por meio de uma equação que já inclui todos os fluxos
existentes em zonas costeiras. Para a aplicação dessa equação, foi necessário associar
os resultados deste estudo (evolução temporal da linha de costa e transporte eólico) com
taxas de transporte longitudinal de outros estudos relacionados com a dinâmica
sedimentar na área em estudo. Além disso, no âmbito da alimentação artificial feita nos
anos de 2012 e 2013, foi considerado um volume de alimentação apresentado no
relatório dessa mesma intervenção.

IV
2017

Da análise da evolução temporal da linha de costa, do transporte eólico e da realização


do balanço sedimentar verificou-se, que a taxa média de recuo da linha em todo o
comprimento da costa é de 0.41 m/ano, o transporte potencial de sedimentos pelo vento
dá-se com maior frequência e com maior magnitude nas direcções Nor-noroeste e Norte
e que o balanço sedimentar na costa da Cidade de Maputo é negativo (Perda de
sedimentos).

Palavras-chave: Costa da Cidade de Maputo, praia da Costa do Sol, evolução da linha


de costa, transporte eólico, balanço sedimentar, erosão costeira

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2017

ABSTRACT

As the first evidence of erosion was identified, the coast of Maputo City has benefiting
from coastal protection measures that aim to minimize the erosion problem in this area.
Such measures integrate the construction of sea walls, groins and beach nourishment.
These interventions, combined with other anthropogenic activities (dredging, mining) and
natural phenomena (wave climate, storms, and mean sea level rise) have influenced
significantly the sedimentary dynamics on the Maputo City coast.

In this context, the present study makes an analysis of the sedimentary dynamics on the
Maputo City coast, specifically on the Costa do Sol beach. The analysis consists of
identification, description and quantification of sediment fluxes in order to perform a
sediment budget analysis. Among the identified fluxes, the quantified ones were the
aeolian sediment transport rate and beach volume variation. The sediment sources and
sinks (inputs and outputs) of the study area, were identified after the quantification of
fluxes, for later implementation of the sediment budget.

In order to quantify the fluxes, shoreline position and local wind velocities data, accessible
from the National Centre for Mapping and Remote Sensing and European Centre for
Medium-Range Weather Forecasts, was gathered. Through Digital Shoreline Analysis
System (software application that works within a Geographic Information System
software), an investigation of the shoreline temporal evolution was carried out and the
rates of shoreline variation obtained from that analysis, were used to quantify the beach
volume variation. The quantification of aeolian sediment transport was made by
considering the formulae presented in the state of the art.

The sediment budget analysis was based on an equation that takes into account all the
existing fluxes in a coastal area. In order to apply this equation, the results of this study
(shoreline temporal evolution and aeolian sediment transport rates) were combined with
alongshore sediment transport rates for Maputo Coast area obtained in previous studies,
which describe the sedimentary dynamics in the study area. Furthermore, the volume of
sediments introduced on the beach, presented in the final report of the 2012 and 2013
beach nourishment, was considered.

From the performed analysis of the shoreline temporal evolution, aeolian transport and
sediment budget, for Maputo City coast, were found that, the average rate of shoreline

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2017

recession is 0.41 m/year, the aeolian sediment transport, in most of the cases, is oriented
northwards and, finally, the sediment budget in the study area is negative (sediment loss).

Keywords: Maputo City coast, Costa do Sol beach, Shoreline evolution, aeolian
transport, sediment budget, coastal erosion

VII
2017

ÍNDICE GERAL

1. INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 1

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO ...................................................................................... 1

1.2 OBJECTIVOS ..................................................................................................... 2

1.3 METODOLOGIA ................................................................................................. 2

1.4 ESTRUTURA DA TESE ..................................................................................... 5

2. ESTADO DA ARTE .................................................................................................. 6

2.1 TRANSPORTE DE SEDIMENTOS .................................................................... 6

2.1.1 Transporte sedimentar longitudinalmente à costa ....................................... 7

2.1.2 Transporte sedimentar transversalmente à costa ........................................ 9

2.1.3 Transporte eólico de sedimentos costeiros ................................................ 11

2.2 VARIAÇÃO DA LINHA DE COSTA .................................................................. 15

2.2.1 Sistema Digital de Análise da Linha de costa ............................................ 15

2.2.2 Variação do volume de praia ..................................................................... 16

2.3 BALANÇO SEDIMENTAR ................................................................................ 17

2.3.1 Células e estimativa dos valores do balanço sedimentar .......................... 18

2.3.2 Componentes do balanço sedimentar ....................................................... 18

2.3.3 Sistema de Análise do Balanço Sedimentar .............................................. 23

3. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA EM ESTUDO ....................................................... 26

3.1 LOCALIZAÇÃO, CLIMA E GEOMORFOLOGIA ............................................... 26

3.2 DEMOGRAFIA E CARACTERÍSTICAS SOCIOECONÓMICAS ...................... 27

3.3 AGITAÇÃO MARÍTIMA, MARÉS E VENTO ..................................................... 28

3.4 DINÂMICA SEDIMENTAR ............................................................................... 30

3.4.1 Recuo da linha de costa ............................................................................ 30

VIII
2017

3.5 IMPACTO DAS ACÇÕES ANTROPOGÉNICAS .............................................. 31

4. CARACTERIZAÇÃO DA DINÂMICA SEDIMENTAR NA COSTA DA CIDADE DE


MAPUTO ....................................................................................................................... 32

4.1 VARIAÇÃO DA POSIÇÃO DA LINHA DE COSTA ........................................... 32

4.1.1 Fonte de dados .......................................................................................... 32

4.1.2 Análises efectuadas ................................................................................... 33

4.1.3 Resultados ................................................................................................. 34

4.2 TRANSPORTE EÓLICO .................................................................................. 37

4.2.1 Fonte de dados .......................................................................................... 38

4.2.2 Análises efectuadas ................................................................................... 39

4.2.3 Resultados ................................................................................................. 40

4.3 BALANÇO SEDIMENTAR ................................................................................ 44

4.3.1 Fonte de dados .......................................................................................... 44

4.3.2 Dados de entrada para o balanço sedimentar ........................................... 45

4.3.3 Definição de cenários ................................................................................ 48

4.3.4 Balanço sedimentar e resultados ............................................................... 52

5. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ........................................................................ 60

6. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES................................................................. 64

6.1 CONCLUSÕES ................................................................................................ 64

6.2 RECOMENDAÇÕES ........................................................................................ 66

BIBLIOGRAFIA.............................................................................................................. 67

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................... 67

OUTRA BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ................................................................... 70

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2017

LISTA DE ABREVIATURAS

CEM − Coastal Engineering Manual


CENACARTA − Centro Nacional de Cartografia e Teledetecção
CERC − Coastal Engineering Research Center
CETN − Coastal Engineering Technical Note
CFSR − Climate Forecast System Reanalysis
CHETN − Coastal and Hydraulics Engineering Technical Note
DSAS − Digital Shoreline Analysis System
ECMWF − European Centre for Medium-Range Weather Forecasts
EPR − End Point Rate
ERDC − Engineer Research and Development Center
ESRI − Environmental System Research Institute
GIS − Geographic Information System
INE − Instituto Nacional de Estatística
LRR − Linear Regression Rate
MERRA − Modern Era Retrospective Analysis for Research and Applications
NASA − National Aeronautics and Space Administration
NCEP − National Centre for Environmental Prediction
NSM − Net Shoreline Movement
SBAS − Sediment Budget Analysis System
SCE − Shoreline Change Envelope
SIG − Sistema de Informação Geográfica
SLR − Sea Level Rise
TE − Transporte Eólico
TLS − Transporte Longitudinal de Sedimentos
TTS − Transporte Transversal de Sedimentos
USACE − United States Army Corps of Engineer
UTC − Coordinated Universal Time
UTM − Universal Transverse Mercator
WRPLOT − Wind Rose Plot
WRF − Weather Research and Forecasting model

X
2017

LISTA DE FIGURAS

Figura 1-1: Fluxograma da metodologia usada .............................................................. 4

Figura 2-1: Componentes do transporte sedimentos na costa, modificada de USACE


(2008) .............................................................................................................................. 7

Figura 2-2: Perfil transversal desenvolvido por Larson et al. (2016)............................. 10

Figura 2-3: Parâmetros do balanço sedimentar, adaptada de Rosati (2005) ............... 19

Figura 2-4: Alimentação artificial de praias (Martins e Veloso-Gomes, 2011) .............. 21

Figura 2-5: Dunas vegetadas da Ilha de Inhaca, modificada do Google Earth ............. 22

Figura 3-1: Localização da área em estudo.................................................................. 27

Figura 3-2: Pesca artesanal e prática de desporto (Fonte: Saint - Louis Studios) ........ 28

Figura 3-3: Laser e actividade económica (Fonte: Google imagens) ........................... 28

Figura 3-4: Rosa-dos-ventos para o período de 1979 - 2016 (Indicando a proveniência


do vento), obtida do WRPLOT no âmbito da análise dos ventos locais na praia da Costa
do Sol ............................................................................................................................ 29

Figura 4-1: Linhas de costa, transeptos e linha de referência, modificada do Google


Earth .............................................................................................................................. 33

Figura 4-2: Evolução temporal da linha de costa .......................................................... 34

Figura 4-3: Evolução da posição da linha costa, 1969 – 2010 ..................................... 35

Figura 4-4: Evolução da posição da linha costa, 2010 - 2017 ...................................... 36

Figura 4-5: Evolução da posição da linha costa, 1969 - 2017 ...................................... 37

Figura 4-6: Rosa de transporte eólico, taxas médias anuais ........................................ 40

Figura 4-7: Rosas de Transporte eólico ....................................................................... 42

Figura 4-8: Evolução espacial do transporte eólico ...................................................... 43

Figura 4-9: Hipótese de Langa (2003), modificada do Google Earth............................ 50

Figura 4-10: Hipótese de Björnberg e Wahlström (2012), modificada do Google Earth


...................................................................................................................................... 51

XI
2017

Figura 4-11: Hipótese de Carimo (2016), modificada do Google Earth ........................ 51

Figura 4-12: Hipótese considerada da dinâmica sedimentar na costa da Cidade de


Maputo, modificada do Google Earth ............................................................................ 52

Figura 4-13: Magnitudes das componentes do balanço sedimentar, 1979 – 2012....... 53

Figura 4-14: Magnitudes das componentes do balanço sedimentar, 2013 – 2016....... 54

Figura 4-15: Magnitudes das componentes do balanço sedimentar, 1979 – 2012....... 55

Figura 4-16: Magnitudes das componentes do balanço sedimentar, 2013 – 2016....... 56

Figura 4-17: Magnitudes das componentes do balanço sedimentar, 1979 – 2012....... 57

Figura 4-18: Magnitudes das componentes do balanço sedimentar, 2013 – 2016....... 57

XII
2017

LISTA DE TABELAS

Tabela 2-1: Fontes e Sumidouros em células de balanço sedimentar .......................... 19


Tabela 3-1: Valores de recuo da costa segundo vários autores ................................... 31
Tabela 4-1: Taxas médias de recuo da linha de costa .................................................. 37
Tabela 4-2: Taxas médias de transporte potencial ....................................................... 41
Tabela 4-3: Largura de equilíbrio nas direcções de transporte potencial ...................... 44
Tabela 4-4: Variação líquida do volume de sedimentos (∆V) nas células ..................... 45
Tabela 4-5: Taxas de transporte eólico nos períodos de análise [m 3/ano/m]................ 46
Tabela 4-6: Valores acumulados de transporte eólico nas células, 1979 – 2012 ......... 46
Tabela 4-7: Valores acumulados de transporte eólico nas células, 2013 – 2016 ......... 47
Tabela 4-8: Componentes consideradas e não consideradas nas diferentes análises . 48
Tabela 4-9: Valores médios das componentes consideradas nos diferentes cenários . 49
Tabela 4-10: Taxas médias de recuo apresentadas por Carimo (2016) ....................... 52
Tabela 4-11: Aplicação da equação do balanço sedimentar, 1979 – 2012 ................... 54
Tabela 4-12: Aplicação da equação do balanço sedimentar, 2013 – 2016 ................... 55
Tabela 4-13: Aplicação da equação do balanço sedimentar, 1979 – 2012 ................... 56
Tabela 4-14: Aplicação da equação do balanço sedimentar, 2013 – 2016 ................... 56
Tabela 4-15: Aplicação da equação do balanço sedimentar, 1979 – 2012 ................... 58
Tabela 4-16: Aplicação da equação do balanço sedimentar, 2013 – 2016 ................... 58
Tabela 4-17: Valor residual em cada célula de balanço sedimentar ............................. 58
.

XIII
Balanço sedimentar. Um contributo para a percepção do problema de erosão na costa da Cidade de Maputo 2017

1. INTRODUÇÃO

Este capítulo está dividido em quatro (4) partes, nas quais faz-se a apresentação do
assunto da tese, a justificativa para a sua realização, os objectivos geral e específicos
da tese, os métodos, as ferramentas e a lógica que guiou toda a pesquisa e, no fim do
capítulo, apresenta-se a estrutura da tese que dá uma visão geral deste e de outros
capítulos abordados no trabalho.

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO

A erosão costeira é um fenómeno que está e sempre esteve presente em praticamente


todos ambientes costeiros do mundo. Entretanto, nos últimos anos este problema tem
sido cada vez mais gritante, sobretudo na costa da Cidade de Maputo. Alguns autores
como van Rijn (2011), Martins e Veloso-Gomes (2011) e Palalane et al. (2016) afirmam
que este facto se deve principalmente, às intervenções antropogénicas que de uma
forma directa ou indirecta, influenciam negativamente na dinâmica sedimentar da costa.
Dentre as causas naturais, aponta-se a acção conjunta dos ventos, correntes, ondas e
marés que ao actuarem em praias arenosas desempenham um papel importante na
dinâmica sedimentar provocando fenómenos de erosão e acreção em diferentes pontos
da costa.

Neste âmbito, surge a necessidade de uma caracterização da dinâmica sedimentar na


costa da Cidade de Maputo através da identificação, descrição e quantificação das fontes
e sumidouros, isto é, entradas e saídas de sedimentos, para posterior realização de um
balanço sedimentar na área em estudo. Balanço sedimentar é uma aplicação do princípio
da conservação da massa para os sedimentos costeiros e, segundo Rosati (2005),
consiste no registo de ganhos e perdas de sedimentos, assim como de suas fontes e
sumidouros em uma dada célula sedimentar ou em uma série de células de cálculo, para
um dado período de tempo.

Para este fim, faz-se neste trabalho, a caracterização e quantificação da magnitude do


transporte eólico de sedimentos e a avaliação da evolução temporal da linha de costa.
Para que juntamente com a magnitude de outros fluxos e de factores que influenciam no

Samuel C. Chissumba 1
Balanço sedimentar. Um contributo para a percepção do problema de erosão na costa da Cidade de Maputo 2017

transporte de sedimentos, obtidos em estudos anteriores, se faça um balanço sedimentar


ao nível local.

Espera-se com esta tese contribuir para uma melhor percepção do problema de erosão
na costa da Cidade de Maputo, uma vez que, para além dos resultados do estudo são
apresentadas propostas de medidas de mitigação aplicáveis ao problema.

1.2 OBJECTIVOS

O objectivo deste trabalho é de, por meio de um balanço sedimentar, trazer mais uma
contribuição para a melhor percepção do problema de erosão que afecta a costa da
Cidade de Maputo. No entanto, o alcance deste objectivo passa por responder aos
seguintes pontos, que foram identificados como objectivos específicos:

Descrever o estado da arte do balanço sedimentar em zonas costeiras;


Recolher e sintetizar informação e dados sobre a dinâmica sedimentar na zona
costeira de Maputo;
Descrever e quantificar os fluxos de sedimentos ao nível local e regional para a
costa da Cidade de Maputo, indicando sempre as incertezas associadas aos
valores;
Aplicar o Sistema de Análise do Balanço Sedimentar (Sediment Budget Analysis
System - SBAS) para representação esquemática dos fluxos de sedimentos na
costa da Cidade de Maputo;
Elaborar um mapa que inclua as fronteiras do balanço sedimentar, trajectórias dos
fluxos identificados, e suas magnitudes relativas na costa da Cidade de Maputo;
Propor medidas para uma melhor quantificação dos fluxos de sedimentos
identificados.

1.3 METODOLOGIA

Para o alcance dos objectivos do trabalho, foram utilizados os seguintes métodos e


ferramentas de investigação:

Samuel C. Chissumba 2
Balanço sedimentar. Um contributo para a percepção do problema de erosão na costa da Cidade de Maputo 2017

Pesquisa bibliográfica em publicações científicas e relatórios de estudos e


projectos sobre o balanço e a dinâmica sedimentar com o objectivo de descrever
o estado da arte do balanço sedimentar e identificar metodologias e dados para a
quantificação do transporte sedimentar na área em estudo;
A análise das mudanças da linha de costa com o tempo, que consistiu na
aplicação de fotografias aéreas e imagens de satélite para a obtenção da série
temporal de linhas de costa;
Uso do Sistema Digital de Análise da Linha de costa (Digital Shoreline Analysis
System - DSAS), através de um sistema de informação geográfica (Geographic
Information System – GIS), para calcular as estatísticas da taxa de mudança da
linha de costa e posterior estimativa do volume de sedimentos erodidos na zona
costeira a partir de uma série temporal de dados da linha de costa;
Extracção e análise dos dados do vento usando o Wind Rose plot (WRPLOT),
obtendo tabelas de frequência para as velocidades de ocorrência dos ventos e
respectivas rosas e a posterior aplicação para a quantificação do transporte
eólico;
Uso do Sistema de Análise do Balanço Sedimentar (Sediment Budget Analysis
System - SBAS) para representar células e fluxos de sedimentos. Podendo-se
efectuar posteriormente o cálculo quantitativo, á nível local e regional, do balanço
sedimentar usando uma equação previamente definida do balanço sedimentar;
Análise comparativa e crítica dos resultados obtidos e dos métodos usados para
sua obtenção com outros relatórios de estudos e projectos relacionados com a
zona costeira de Maputo com a finalidade de mostrar a credibilidade e
aplicabilidade de tais resultados.

Apresenta-se na figura 1-1 um fluxograma que substancia a metodologia de trabalho


acima apresentada.

Samuel C. Chissumba 3
Balanço sedimentar. Um contributo para a percepção do problema de erosão na costa da Cidade de Maputo 2017

Figura 1-1: Fluxograma da metodologia usada

Samuel C. Chissumba 4
Balanço sedimentar. Um contributo para a percepção do problema de erosão na costa da Cidade de Maputo 2017

1.4 ESTRUTURA DA TESE

A presente tese está dividida em seis (6) capítulos:

Capitulo 1 – Introdução: Neste capítulo são apresentados todos aspectos


introdutórios da tese, designadamente a contextualização do problema, os
objectivos da tese e a metodologia de trabalho.
Capítulo 2 – Estado da arte: Neste capítulo procura-se apresentar, de forma
resumida, o nível de desenvolvimento do conhecimento sobre transporte e
balanço sedimentar, descrevendo aspectos que serão abordados na tese.
Capítulo 3 – Caracterização da área em estudo: Este capítulo inicia-se com a
descrição da localização da área em estudo seguindo-se a descrição do clima, da
geomorfologia, bem como aspectos referentes a demografia e utilização da área
em estudo.
Capítulo 4 – Caracterização da dinâmica sedimentar na costa da cidade de
Maputo: É neste capítulo onde são indicados os locais e critérios de recolha de
dados, seguindo-se a respectiva análise de tal modo que sejam obtidos os
resultados do estudo.
Capítulo 5 – Discussão dos resultados: Neste capítulo são discutidos os
resultados desta pesquisa. Assim, tendo presente o estado da arte e com base
nos dados recolhidos, procura-se analisar e criticar os resultados obtidos.
Capítulo 6 – Conclusões e Recomendações: Este capítulo, em sintonia com os
objectivos inicialmente apresentados, resume as principais conclusões, sintetiza
os resultados e apresenta recomendações para desdobramentos futuros da
pesquisa desenvolvida.

Samuel C. Chissumba 5
Balanço sedimentar. Um contributo para a percepção do problema de erosão na costa da Cidade de Maputo 2017

2. ESTADO DA ARTE

Este capítulo apresenta o estado da arte da dinâmica sedimentar na costa. Tem como
foco informações provenientes de relatórios de estudos sobre o transporte de
sedimentos e balanço sedimentar. Nas secções que se seguem faz-se a explicação dos
processos que ditam o transporte sedimentar longitudinal e transversalmente à costa,
logo a seguir são apresentadas formulações para a estimativa do transporte eólico. Faz-
se ainda uma breve explicação sobre a variação do volume de praia. Por fim apresenta-
se o conceito de balanço sedimentar, suas componentes e a respectiva ferramenta de
análise.

2.1 TRANSPORTE DE SEDIMENTOS

Os processos hidrodinâmicos tais como correntes marítimas, subida do nível das águas
do mar, ondas na sua propagação em direcção à costa e ainda correntes de ventos
actuantes ao largo e na costa provocam o transporte sólido longitudinalmente ou
transversalmente à costa. Dependendo de certas condições, a erosão ou acreção de
sedimentos na praia pode ser explicada pelo transporte longitudinal assim como pelo
transporte transversal de sedimentos à linha da costa ou ainda pela combinação de
ambos os processos.

A figura 2-1 apresenta as componentes: longitudinal e transversal, do transporte de


sedimentos na costa e o sentido do transporte.

Samuel C. Chissumba 6
Balanço sedimentar. Um contributo para a percepção do problema de erosão na costa da Cidade de Maputo 2017

Figura 2-1: Componentes do transporte de sedimentos na costa, modificada de USACE (2008)

2.1.1 Transporte sedimentar longitudinalmente à costa

As ondas incidem e rebentam na costa com um determinado ângulo em relação à linha


da costa. Para Pinheiro (2008), as ondas ao rebentar provocam uma corrente litoral que
juntamente com a turbulência das ondas nessa rebentação constituem factores que
ditam o transporte de sedimentos ao longo da costa ou simplesmente a deriva litoral.
Pinheiro (2008) afirma ainda que a deriva litoral é um dos fenómenos governantes na
morfologia das praias, e dita, em grande parte, a erosão, a sedimentação ou a
estabilidade da costa. De uma forma geral, a taxa da deriva litoral é uma função
quantidade de energia das ondas, do ângulo de aproximação das ondas em relação à
linha de costa e dos sedimentos disponíveis para o transporte.

Em termos da engenharia costeira, a compreensão e caracterização do fenómeno do


transporte sedimentar ao longo da costa sempre foi de maior importância para o balanço
sedimentar, de modo a se poder projectar convenientemente as obras de defesa costeira
para posterior controlo da evolução da morfologia costeira (USACE, 2002a; Pinheiro,
2008).

Samuel C. Chissumba 7
Balanço sedimentar. Um contributo para a percepção do problema de erosão na costa da Cidade de Maputo 2017

Existem várias formulações para a estimativa do transporte longitudinal de sedimentos.


As fórmulas mais usadas são: a fórmula de CERC, a fórmula de Kamphuis e a fórmula
de Van Rijn. Entretanto, dentre todas, a mais usada é a fórmula de CERC (USACE,
2002a).

A equação 2-1 é geralmente designada de “Fórmula de CERC”. Essa equação foi obtida
assumindo que a rebentação acontece em águas pouco profundas. Desta equação
constata-se que a taxa de transporte longitudinal pode ser representada na forma de
taxa de transporte do peso imerso (𝐼𝑙 ).em N/s.

3
𝜌𝑎𝑔 𝑔2 5
𝐼𝑙 = 𝐾 ( 1 ) 𝐻𝑟 2 sin(2𝛼𝑟 ) (2-1)
16𝜅 2

Onde:

𝐾 − Coeficiente adimensional de proporcionalidade empírica


𝜌𝑎𝑔 − Massa volúmica da água [kg/m3]
𝑔 − Aceleração de gravidade [m/s2]
𝜅 − Coeficiente de rebentação
𝐻𝑟 − Altura da onda na rebentação [m]
𝛼𝑟 − Ângulo de rebentação da onda em relação à linha da costa [graus]

Este método baseia-se no princípio de que o transporte longitudinal de sedimentos é


proporcional à energia longitudinal das ondas por unidade do comprimento da costa.

USACE (2002a) menciona que a taxa potencial de transporte de sedimentos


longitudinalmente à costa está geralmente relacionada com a componente longitudinal
do fluxo de energia das ondas.

Definindo duas direcções para o transporte longitudinal como sendo para a esquerda ou
direita (olhando em direcção ao mar), pode-se dizer que este se poderá direccionar parte
do ano para um lado e parte para o outro (USACE, 2002a; Rosati, 2005).

Denotando os transportes para direita e para esquerda respectivamente como 𝑄𝑑 e 𝑄𝑒 ,


sendo 𝑄𝑑 um valor positivo e 𝑄𝑒 um valor negativo, então o transporte líquido anual
(balanço anual de massas sedimentares) é definido como:

Samuel C. Chissumba 8
Balanço sedimentar. Um contributo para a percepção do problema de erosão na costa da Cidade de Maputo 2017

𝑄𝑙 = 𝑄𝑑 + 𝑄𝑒 (2-2)

Por essa razão, a taxa líquida de transporte sedimentar será dirigida para direita e
positiva quando 𝑄𝑑 > 𝑄𝑒 , e para esquerda e negativa quando 𝑄𝑑 < |𝑄𝑒 |.

O transporte líquido anual pode variar, teoricamente, de zero até grandes magnitudes,
estimadas em um milhão de metros cúbicos de areia por ano em algumas zonas
costeiras (USACE, 2002a).

Segundo USACE (2002a), o transporte total anual de massas de sedimentos é definido


pela soma dos transportes para direita e para esquerda:

𝑄𝑡 = 𝑄𝑑 + |𝑄𝑒 | (2-3)

É possível ter-se um transporte total elevado e, no entanto, o balanço de massas


sedimentares ser praticamente zero.

2.1.2 Transporte sedimentar transversalmente à costa

Björnberg e Wahlström (2012) afirmam que a escala temporal para que se verifiquem
mudanças induzidas pelo transporte transversal na costa é bastante reduzida quando
comparada com a do transporte longitudinal. Geralmente, o transporte transversal é
responsável pelas mudanças sazonais na posição da linha de costa e no perfil de praia.
Este transporte determina a resposta das bermas e dunas às tempestades e a resposta
da linha de costa à subida do nível das águas do mar e mudanças da maré (Björnberg e
Wahlström 2012).

Para simular o transporte transversal, Larson et al. (2016) desenvolveram o modelo


apresentado na figura 2-2. Este modelo considera processos transversais à costa como:
a erosão das dunas, overwash e rompimento, formação de dunas por acumulação de
sedimentos depositados pelo vento, erosão e acreção das bermas e o crescimento e
decaimento de bancos submersos.

Larson et al. (2016) afirmam que devido à acção de tempestades, os sedimentos podem
ser transportados da berma para o largo, onde são geralmente depositados na forma de
bancos de sedimentos submersos. Após a tempestade, ou mesmo durante o seu estágio
Samuel C. Chissumba 9
Balanço sedimentar. Um contributo para a percepção do problema de erosão na costa da Cidade de Maputo 2017

de calmaria, as ondas incidentes devolvem os sedimentos para a berma, reparando


desta forma os danos causados pela tempestade na praia. Considerando esta hipótese,
chega-se à conclusão de que no modelo da figura 2-2 não há perdas de sedimentos para
o largo.

Figura 2-2: Perfil transversal desenvolvido por Larson et al. (2016), adaptada de Larson et al. (2016)

Onde:

𝑞𝐷 − Taxa transversal de sedimentos erodidos na duna


𝑞𝑆 − Taxa transversal de sedimentos transportados para o mar (componente de
𝑞𝐷 )
𝑞𝐿 − Taxa transversal de sedimentos transportados para o domínio terrestre
(componente de 𝑞𝐷 )
𝑞𝑊𝑆 − Taxa transversal de transporte eólico de sedimentos provenientes do domínio
terrestre e que contribuem para o crescimento da duna
𝑞𝑊𝐿 − Taxa transversal de transporte eólico de sedimentos provenientes da berma
da praia e que contribuem para o crescimento da duna
𝐷𝐵 − Altura da crista da berma
𝐷𝐶 − Profundidade de fecho
𝑚𝑠𝑙 − Nível médio das águas do mar (mean sea level)

Neste modelo a secção transversal da duna é caracterizada por sua altura (𝑠), suas
extremidades (𝑦𝐿 ) e (𝑦𝑠 ) juntamente com suas inclinações (𝛽𝐿 ) e (𝛽𝑠 ) as quais
consideram-se constantes e pelo volume da duna (𝑉𝐷 ). A berma é caracterizada pela sua
largura que é dada pela diferença entre a extremidade (𝑦𝑠 ) da duna e a extremidade (𝑦𝐵 )

Samuel C. Chissumba 10
Balanço sedimentar. Um contributo para a percepção do problema de erosão na costa da Cidade de Maputo 2017

da berma. A praia, que vai desde a crista da berma até 𝑦𝐺 , apresenta uma inclinação
uniforme. E por fim, na parte subaquática, o banco de areia é caracterizado por seu
volume (𝑉𝐵 ).

Palalane (2016a) e Larson et al. (2016) apresentam expressões que permitem quantificar
o volume de sedimentos mobilizados pelas ondas incidentes sobre as dunas assim como
o volume de sedimentos mobilizados no caso de, as ondas passarem por cima das dunas
(Galgamento). Larson et al. (2016) apresentam ainda uma expressão (obtida por Larson
e Kraus (1989), a partir de observações empíricas do crescimento dos bancos
submersos) para a quantificação da troca de sedimentos entre o banco e a berma.

2.1.3 Transporte eólico de sedimentos costeiros

Dependendo da sua direcção, os ventos que actuam na costa podem mobilizar e


transportar sedimentos da praia e os depositar em pântanos (marismas), em algumas
áreas no interior da terra, ou em dunas naturais ou artificiais. Pode também, mas não
muito comum, deposita-los no mar. Em algumas áreas, o crescimento natural das dunas
é limitado pela quantidade de sedimentos transportados e depositados nessas dunas
(USACE, 2002b).
O transporte sedimentar pelo vento é um processo natural e contínuo que provoca
mudanças significativas na praia. É importante poder fazer a previsão da quantidade de
sedimentos que será transportada pelo vento numa determinada zona costeira, a
direcção na qual tais sedimentos serão transportados, e o local onde serão depositados
(USACE, 2002b).

No decorrer do tempo, várias equações foram propostas para se estimar o transporte


sedimentar pelo vento. O USACE (2002b) destaca as equações de Bagnold (1941),
Horikawa e Shen (1960), Hsu (1973) e Williams (1964). Além disso, as equações de
Kawamura (1951) e Lettau e Lettau (1977) e várias outras são destacadas em Navarro
et al. (2015).
O USACE (2002b) cita Chapman (1990) que analisou estas e várias outras equações e
produziu coeficientes de eficiência, para todas as equações, na estimativa da taxa de
transporte eólico de sedimentos. A gama de valores desse coeficiente de eficiência é de
0.63 - 0.87.

Samuel C. Chissumba 11
Balanço sedimentar. Um contributo para a percepção do problema de erosão na costa da Cidade de Maputo 2017

Lettau e Lettau (1977) citados em Larson et al. (2016) e Navarro et al. (2015) propuseram
a equação 2-4 que inclui a velocidade crítica de arrastamento que deverá ser excedida
para que ocorra o transporte eólico de sedimentos.

𝑑50 𝑢∗2
𝑚̇𝑉𝐸 = 𝐾𝑉 √ 𝑟𝑒𝑓 𝜌𝑎𝑟 (𝑢∗ − 𝑢∗𝐶 ) (2-4)
𝑑50 𝑔

Onde:

𝑚̇𝑉𝐸 −Taxa de transporte eólico da massa de sedimentos [kg/s/m]


𝑟𝑒𝑓
𝑑50 − Grão médio de referência (0.25 mm)

𝜌𝑎𝑟 − Massa volúmica do ar [kg/m3]


𝑢∗ − Velocidade de arrastamento [m/s]
𝑢∗𝐶 − Velocidade crítica de arrastamento [m/s]
𝐾𝑉 − Coeficiente empírico (igual a 4.2)

Sendo que, para se obter a taxa de transporte volumétrico (𝑞𝑉𝐸 ) de sedimentos usa-se a
equação 2-5.

𝑚̇𝑉𝐸
𝑞𝑉𝐸 = (2-5)
𝜌𝑠 (1 − 𝑛)

Onde:

𝑛 − Porosidade in situ (igual a 0.4)

A velocidade de arrastamento é estimada através da seguinte relação:

𝑢∗ = 𝐶𝑠 𝑢̅10𝑚 (2-6)

Onde:

𝐶𝑠 − Coeficiente adimensional e que é igual a 0.053


𝑢̅10𝑚 − Velocidade do vento à uma altura de 10 m

Samuel C. Chissumba 12
Balanço sedimentar. Um contributo para a percepção do problema de erosão na costa da Cidade de Maputo 2017

A velocidade do vento à altura de 10 m (𝑢̅10𝑚 ) é calculada através da combinação das


componentes zonal (𝑢10𝑚 ) e meridional (𝑣10𝑚 ) do vento também aos 10 m de altura
(equação 2-7).

𝑢̅10𝑚 = √𝑢10𝑚 2 + 𝑣10𝑚 2 (2-7)

As componentes (𝑢10𝑚 ) e (𝑣10𝑚 ) são ainda usadas para a determinação da direcção (𝜙)
do vento através da seguinte relação:

𝑢10𝑚
𝜙 = tan−1 ( ) (2-8)
𝑣10𝑚

Esta última equação (2-8) é ajustável para os diferentes quadrantes.

A velocidade crítica de arrastamento, segundo USACE (2002b), é dada por Bagnold


(1941) através da equação 2-9 a seguir apresentada.

(𝜌𝑠 − 𝜌𝑎𝑟 )
𝑢∗𝐶 = 𝐴𝑉 √ 𝑔𝑑50 (2-9)
𝜌𝑎𝑟

Onde:

𝐴𝑉 − Coeficiente (adimensional) de movimento incipiente (segundo o USACE


(2002b), 𝐴𝑉 = 0.118)

Segundo USACE (2002b), em dias chuvosos, a precipitação deverá ser comparada com
a evaporação. Se a evaporação exceder a precipitação, a taxa de transporte eólico é
calculada através das equações acima referidas. Nos casos em que se verifica o
contrário calcula-se uma velocidade crítica de arrastamento através da equação 2-10
que representa um cenário húmido do sedimento (USACE 2002b).

𝑢∗𝐶𝑤 = 𝑢∗𝐶 + 7.5𝜔 (2-10)

Onde:

𝑢∗𝐶𝑤 − Velocidade crítica de arrastamento num cenário em que a precipitação


excede a evaporação [m/s]

Samuel C. Chissumba 13
Balanço sedimentar. Um contributo para a percepção do problema de erosão na costa da Cidade de Maputo 2017

𝜔 − Teor em água dos sedimentos da camada mais superficial com 5 mm de


espessura

Estudos feitos por Svasek e Terwindt (1974) citados em USACE (2002b) dão a indicação
de que o teor em água dos sedimentos da camada mais superficial, com uma espessura
de 5 mm, é sempre inferior a 0.025 (𝜔 < 2.5%). portanto:

𝑢∗𝐶𝑤 = 𝑢∗𝐶 + 0.1875 (2-11)

Larson, et al. (2016) citam Hotta (1984) que menciona que será necessária uma certa
distância para que a taxa de transporte dada pela equação 2-4 atinja o seu valor de
equilíbrio. Neste âmbito, Sauermann, et al. (2001) também citados em Larson, et al.
(2016) desenvolveram um modelo para o transporte eólico de sedimentos a partir do qual
foi derivada a equação 2-12 que descreve a evolução espacial da taxa de transporte (𝑞𝑉 ).

𝜕𝑞𝑉 1 𝑞𝑉
= 𝑞𝑉 (1 − ) (2-12)
𝜕𝑦 𝑙𝐸 𝑞𝑉𝐸

Onde:

𝑦 − Coordenada transversal que inicia na crista da berma e desenvolve-se em


direcção ao mar [m]
𝑙𝐸 − Largura de equilíbrio (ponto de saturação) [m]
𝑞𝑉𝐸 − Taxa de transporte a partir do ponto de equilíbrio [m3/s/m]

Larson, et al. (2016) por sua vez, através da equação 2-13, apresentam uma versão mais
simples, proposta por Sauermann, et al. (2001), da equação 2-12 que é:

𝑞𝑉 (𝑦) = 𝑞𝑉𝐸 (1 − 𝑒 −𝛿𝑦 ) (2-13)

Onde:

𝛿 − Constante que para a praia da Costa do Sol considera-se igual a 0.2,


corresponde ao inverso de 𝑙𝐸

Samuel C. Chissumba 14
Balanço sedimentar. Um contributo para a percepção do problema de erosão na costa da Cidade de Maputo 2017

2.2 VARIAÇÃO DA LINHA DE COSTA

A linha de costa é uma linha imaginária que muda rapidamente em zonas costeiras. Ela
é o elemento chave para o Sistema litoral de Informação Geográfica e fornece muita
informação sobre a dinâmica costeira.

A posição da linha de costa muda continuamente ao longo do tempo. Este facto, tal como
foi mencionado na secção 2.1.2, deve-se ao transporte transversal e ao transporte
longitudinal de sedimentos na zona litoral e, especialmente, deve-se à natureza dinâmica
dos níveis de água nas fronteiras litorais.

Existem várias técnicas de quantificação da evolução da linha de costa, dentre elas se


destaca a comparação cartográfica que permite a obtenção de um conjunto de dados
essenciais para a correcta gestão da zona costeira, quando suportada pelas ferramentas
informáticas apropriadas.

2.2.1 Sistema Digital de Análise da Linha de costa

O Sistema Digital de Análise da Linha de costa (Digital Shoreline Analysis System -


DSAS) é uma aplicação do software ArcGIS do Instituto de Investigação de Sistemas
Ambientais (Environmental System Research Institute - ESRI), dos Estados Unidos da
América. O DSAS calcula as estatísticas da taxa de variação da linha de costa para uma
série temporal de dados vectoriais (Thieler et al., 2009).

Thieler et al. (2009) mencionam ainda que todos os métodos usados para calcular as
taxas de evolução da linha de costa baseiam-se na medição das distâncias entre as
diferentes posições da mesma ao longo do tempo. As referidas taxas são expressas em
metros de deslocamento, ao longo dos transeptos perpendiculares à linha de costa, por
ano. Os métodos mais usados para a avaliação da variação da posição da linha de costa
ao longo do tempo são: Diferença entre a posição inicial e final (End Point Rate - EPR)
e Regressão linear (Linear Regression Rate – LRR).

Diferença entre a posição inicial e final (End Point Rate - EPR): Este método utiliza
apenas dois pontos do transepto para determinar a taxa de evolução da linha de costa –
a posição mais antiga e a mais recente da linha de costa. Para calcular a taxa de

Samuel C. Chissumba 15
Balanço sedimentar. Um contributo para a percepção do problema de erosão na costa da Cidade de Maputo 2017

evolução, a diferença entre essas posições é dividida pelo tempo decorrido desde a linha
de costa mais antiga até a formação da mais recente (Genz et al., 2007);

Regressão linear (Linear Regression Rate - LRR): é determinado ajustando a linha de


regressão de mínimos quadrados para todos os pontos onde um determinado transepto
intercepta as várias linhas de costa. A linha de regressão é colocada de modo que a
soma dos quadrados dos resíduos seja minimizada. O LRR será a inclinação da recta.

Esses dados estatísticos de saída são geralmente apresentados na forma de tabelas


dentro de uma base de dados previamente criada pelo usuário no DSAS.

O DSAS só pode ser usado quando se tem acesso ao conjunto de dados de entrada tais
como: fotografias aéreas geograficamente referenciadas, imagens de satélite, e outros
dados sobre a posição da linha de costa. Segundo Björnberg e Wahlström (2012), para
a correcta análise da evolução da linha de costa é necessário que as fotografias
apresentem escalas equivalentes e que permitam a visualização de todos os detalhes
necessários.

2.2.2 Variação do volume de praia

Segundo Rosati (2005), os dados sobre a posição da linha de costa (obtidos por exemplo
do DSAS) podem ser usados para calcular a variação líquida de volume (∆V) em
qualquer célula ou trecho da costa. Para esse efeito, a autora menciona que pode ser
usada a equação 2-14.

∆𝑉 = ∆𝑦𝐴𝐷 ∆𝑥 (2-14)

Onde:

∆𝑦 − Taxa média de variação da linha de costa para a célula de balanço sedimentar


[m/ano]
𝐴𝐷 − Altura activa média na célula [m]
∆𝑥 − Comprimento da célula de balanço sedimentar [m]

Samuel C. Chissumba 16
Balanço sedimentar. Um contributo para a percepção do problema de erosão na costa da Cidade de Maputo 2017

A altura activa (𝐴𝐷 ) é dada pela soma da profundidade de fecho (𝐷𝐶 ) com a altura da
crista da berma (𝐷𝐵 ), como mostra a equação 2-15.

𝐴𝐷 = 𝐷𝐶 + 𝐷𝐵 (2-15)

2.3 BALANÇO SEDIMENTAR

O balanço sedimentar consiste na realização de um registo dos ganhos e perdas de


sedimentos, assim como de suas fontes e sumidouros em uma dada célula sedimentar
ou em uma série de células de cálculo, para um dado período de tempo (Rosati, 2005).

Pela definição, o balanço sedimentar é simplesmente uma aplicação do princípio da


conservação da massa para os sedimentos da costa. A diferença algébrica entre as
entradas de sedimentos (fontes) e saídas (sumidouros) em cada célula,
consequentemente para todo o balanço sedimentar, deverá ser aproximadamente igual
a erosão ou acreção na praia. Assim, para um determinado trecho da linha de costa, se
o balanço sedimentar é positivo, a linha de costa avança mar dentro. Se este balanço é
negativo a linha de costa irá recuar em direcção ao continente e se o balanço é zero, a
posição da linha de costa se mantém fixa (Francisco, 2008).

O desenvolvimento do balanço sedimentar pode esclarecer o problema de início de uma


erosão e pode abrir um caminho para a tomada de medidas de correcção.

A equação do balanço sedimentar é:

∑ 𝑄𝑓𝑜𝑛𝑡𝑒 − ∑ 𝑄𝑠𝑢𝑚𝑖𝑑𝑜𝑢𝑟𝑜 − ∆𝑉 + 𝑃 − 𝑅 = 𝑅𝑒𝑠𝑖𝑑𝑢𝑎𝑙 (2-16)

Onde:

𝑄𝑓𝑜𝑛𝑡𝑒 − Entrada de sedimentos na célula [m3/m]


𝑄𝑠𝑢𝑚𝑖𝑑𝑜𝑢𝑟𝑜 − Saída de sedimentos na célula [m3/m]
∆𝑉 − Variação do volume de sedimentos na célula [m3/m]
𝑃 − Volume do material introduzido na célula (exemplo: por dragagem ou
mineração) [m3/m]

Samuel C. Chissumba 17
Balanço sedimentar. Um contributo para a percepção do problema de erosão na costa da Cidade de Maputo 2017

𝑅 − Volume do material removido da célula [m3/m]


𝑅𝑒𝑠𝑖𝑑𝑢𝑎𝑙 − Grau em que a célula está balanceada/equilibrada [m3/m]. É igual a zero
no caso de uma célula balanceada (Frey, 2015)

No âmbito da aplicação da equação do balanço sedimentar neste trabalho, as


magnitudes de todas as componentes são determinadas e transformadas para que
correspondam ao período de um ano.

2.3.1 Células e estimativa dos valores do balanço sedimentar

Dolan et al. (1987) citados em Rosati (2005) mencionam que as células para o cálculo
do balanço sedimentar definem os limites de cada cálculo e denotam a existência de um
balanço sedimentar completamente autónomo. As células são definidas por estruturas
costeiras, conhecimento do local, ou isolando uma área de interesse. Algumas costas
podem ainda estar naturalmente divididas em uma série de células litorais.

A grande dificuldade no desenvolvimento do balanço sedimentar é fazer uma avaliação


precisa dos ganhos e perdas de sedimentos. Para Rosati (2005) a obtenção de dados
sobre a variação natural do volume e o registo da quantidade de sedimentos removidos
e adicionados na área em causa são os elementos fundamentais para a realização do
balanço sedimentar. Feita a quantificação desses volumes, estimam-se as taxas de
transporte longitudinal e de outros fluxos de sedimentos que se verificam na área em
estudo que serão aplicados no balanço.

2.3.2 Componentes do balanço sedimentar

A figura 2-3 ilustra de forma esquemática os parâmetros que aparecem na equação do


balanço sedimentar (2-16).

Samuel C. Chissumba 18
Balanço sedimentar. Um contributo para a percepção do problema de erosão na costa da Cidade de Maputo 2017

Figura 2-3: Parâmetros do balanço sedimentar, adaptada de Rosati (2005)

Em linha com a figura 2-3, são apresentadas, de forma resumida, na tabela 2-1, as
possíveis fontes e sumidouros de sedimentos para o balanço sedimentar.

Tabela 2-1: Fontes e Sumidouros em células de balanço sedimentar

Fontes Sumidouros
Transporte longitudinal Transporte longitudinal

Transporte fluvial Transporte eólico

Falésias Desfiladeiros submarinos

Transporte transversal Transporte transversal

Transporte eólico Solução e abrasão

Alimentação de praias Mineração/Dragagem

a) Transporte fluvial (Fonte)

Em correntes de água, o transporte de sedimentos é feito por arrastamento ou na forma


de material suspenso. Grande parte dos sedimentos transportados ao longo do leito é
constituída por areia e esta é que irá, portanto, contribuir para o balanço sedimentar na
costa, apesar de estar em quantidades bastante reduzidas comparativamente ao
material suspenso (Inman e Masters, 1991).

Samuel C. Chissumba 19
Balanço sedimentar. Um contributo para a percepção do problema de erosão na costa da Cidade de Maputo 2017

Para se estimar a quantidade de sedimentos descarregados na costa pelo transporte


fluvial usam-se, frequentemente, curvas que relacionam a quantidade da água
descarregada e a massa de sedimentos em cada corrente de água (Boateng et al., 2012;
Griggs e Patsch, 2006; Inman e Masters, 1991). Griggs e Patsch (2006) consideram essa
metodologia confiável, quando comparada com as outras, para determinação da
contribuição de sedimentos dos rios para a costa, porém não é isenta de erros.

A equação 2-17 é a representação de uma dessas curvas, onde se faz a previsão da


descarga instantânea de sedimentos.

𝑄𝑠𝑠 = 𝑎𝑄 𝑏 (2-17)

Onde:

𝑄𝑠𝑠 − Caudal de sedimentos suspensos [m3/s]


𝑄 − Caudal do rio / corrente de água [m3/s]
𝑎𝑒𝑏 − Constantes obtidas a partir dos dados disponíveis usando análises de
regressão linear

b) Erosão das falésias (Fonte)

As falésias constituídas por materiais como o arenito ou granito que se decompõem em


grãos do tamanho da areia, contribuirão sedimentos directamente para a costa (Griggs
e Patsch, 2006). As taxas de erosão das falésias geralmente são determinadas a partir
da comparação precisa das arestas das falésias ao longo do tempo em uma série
histórica de fotografias aéreas.

c) Alimentação de praias (Fonte)

O termo alimentação de praias é usado para designar o processo de adição artificial de


sedimentos na praia e/ou nas proximidades da costa, sedimentos esses que, à curto
prazo, não teriam, de outra forma, sido fornecidos às células do litoral (Griggs e Patsch,
2006).

Samuel C. Chissumba 20
Balanço sedimentar. Um contributo para a percepção do problema de erosão na costa da Cidade de Maputo 2017

Griggs e Patsch (2006) afirmam que os sedimentos depositados na praia podem vir de
várias fontes tais como: Dragagem de portos costeiros, Lagoas, Baías, Estuários ou em
canais de rios; Projectos de construção ao longo da costa onde areias das dunas são
depositadas na praia; Dragagem ao largo da costa. A figura 2-4 ilustra o processo de
alimentação artificial de praias.

Figura 2-4: Alimentação artificial de praias (Fonte: Martins e Veloso-Gomes (2011))

d) Trocas de sedimentos transversalmente à costa (Fonte/Sumidouro)

O Transporte transversal na costa pode resultar no ganho ou na perda de sedimentos


na praia. Griggs e Patsch (2006) mencionam que, geralmente, para se obter o transporte
líquido de sedimentos no largo ou na costa usa-se uma comparação da composição dos
sedimentos (exemplo, distintos minerais contidos na areia) da praia, de zonas próximas
à costa; porém, a semelhança na composição indica apenas a ocorrência de uma troca
de sedimentos. Raramente indica a direcção do transporte ou volumes dos sedimentos
transportados, que são necessários para o balanço sedimentar (Griggs e Patsch, 2006).

No estudo realizado por Griggs e Patsch (2006) consta ainda que o movimento dos
sedimentos na costa ou ao largo é controlado por factores como a energia das ondas e
a amplitude das marés, inclinação do fundo e o tamanho dos grãos da areia. No estudo
em causa considera-se válida a hipótese apresentada em 2.1.2, que considera que as
trocas de sedimentos transversalmente à costa são nulas.

Samuel C. Chissumba 21
Balanço sedimentar. Um contributo para a percepção do problema de erosão na costa da Cidade de Maputo 2017

e) Crescimento/Recessão das dunas (Sumidouro/Fonte)

As dunas geralmente representam volumes de sedimentos permanentemente retirados


de células de balanço costeiro, tornando-se num importante sumidouro para uma
determinada célula. Em contrapartida, em algumas áreas costeiras a erosão das dunas
e recessão desempenham um papel importante como fonte de sedimentos para as
células litorais (Griggs e Patsch, 2006). Embora não muito comum, a areia pode ser
carregada pela força do vento, numa área de dunas costeiras, e depositada na praia
(representando uma fonte).

A medição da migração, do crescimento e da erosão (ou deflação) das dunas pode ser
feita tanto no terreno como a partir de fotografias aéreas e convertida em volumes de
areia (Griggs e Patsch, 2006). A figura 2-5 é um exemplo de dunas vegetadas localizadas
na Ilha de Inhaca, Sul de Moçambique. Em dunas vegetadas os processos de migração,
crescimento e da erosão são bastante lentos.

Figura 2-5: Dunas vegetadas da Ilha de Inhaca, modificada do Google Earth

Samuel C. Chissumba 22
Balanço sedimentar. Um contributo para a percepção do problema de erosão na costa da Cidade de Maputo 2017

f) Desfiladeiros submarinos (Sumidouro)

Desfiladeiro submarino é um vale alcantilado localizado no fundo oceânico de um talude


continental, que pode também estender-se para a plataforma continental, chegando a
atingir alturas de até 5 km.

Uma vez que os desfiladeiros submarinos se encontram em águas pouco profundas, eles
são considerados sumidouros em células litorais e, geralmente, servem como barreiras
efectivas à deriva litoral (Inman e Masters, 1991; Griggs e Patsch, 2006).

g) Mineração (Sumidouro)

A areia e o cascalho removidos nos leitos de rios, praias, dunas e outras áreas próximas
da costa destinados às actividades de construção e/ou fins comerciais representa, por
vezes, sumidouros importantes em algumas células litorais (Griggs e Patsch, 2006).

Para efeitos de um balanço sedimentar, é complicado estimar o volume removido devido


à mineração. Griggs e Patsch (2006) mencionam ainda que devido à natureza
proprietária das operações de mineração de areias, pode não ser possível obter
informações sobre uma específica prática mineira em um determinado rio ou praia dentro
de uma célula litoral. Quando disponíveis, as informações sobre a mineração devem ser
incluídas no balanço sedimentar ao longo prazo.

2.3.3 Sistema de Análise do Balanço Sedimentar

O Sistema de Análise do Balanço Sedimentar (Sediment Budget Analysis System -


SBAS) é uma ferramenta de formulação, documentação e cálculo do balanço
sedimentar, incluindo as estimativas das incertezas associadas. Para o ERDC (2012)
esta aplicação permite definir visualmente um balanço sedimentar através da criação de
uma série de células e colunas que representam fontes, sumidouros e taxas de fluxo
para, posteriormente, calcular o balanço sedimentar local e regional usando a equação
2-16.

Para o ERDC (2012), o SBAS apresenta ainda as seguintes vantagens:


Samuel C. Chissumba 23
Balanço sedimentar. Um contributo para a percepção do problema de erosão na costa da Cidade de Maputo 2017

Gera e actualiza automaticamente as equações do balanço sedimentar à medida


que o usuário define as células computacionais e as vias de transporte de
sedimentos com a barra de ferramentas;
É visualmente baseado pela codificação por cores das células computacionais de
acordo com os seus balanços individuais (erosão, acreção ou equilíbrio) e pela
indicação das vias de transporte através de setas;
Pode acomodar diferentes abordagens conceptuais na execução de um balanço
sedimentar;
Permite um número ilimitado de células e vias de transporte o que facilita uma
abordagem regional e a junção de balanços preparados independentemente em
secções contíguas da costa;
Permite ao usuário localizar as incertezas e o desequilíbrio do balanço sedimentar
em cada uma das células e no balanço de todas as células combinadas;
Proporciona a capacidade de definir as dependências de um valor sobre o outro
dentro do balanço sedimentar;
Permite a introdução de imagens (como por exemplo, fotografias aéreas da costa)
sobre as quais são desenhados elementos computacionais que facilitam a
realização do balanço sedimentar.

O SBAS pode estar sob duas formas: na forma de uma barra de ferramentas a ser usada
com o ArcGIS/ArcMAP 10 por forma a desenvolver o balanço sedimentar dentro de uma
base de dados do GIS ou na forma autónoma que não permite o uso de imagens
geograficamente referenciadas para o balanço sedimentar.

O SBAS para ArcGIS 10 é usado quando se tem acesso ao conjunto de dados de entrada
tais como: Fotografias aéreas geograficamente referenciadas, levantamentos do perfil
de praia, dados sobre a posição da linha de costa, histórico das actividades de dragagem
e levantamentos batimétricos.

No SBAS, o índice total de incerteza em uma célula é calculado através da soma das
incertezas de todas as componentes do SBAS nessa mesma célula (Rosati e Kraus,
1999). Esse valor é normalizado através dos valores absolutos das magnitudes das
fontes, sumidouros, e actividades de engenharia dentro dessa célula e é expresso em
percentagem como é mostrado na equação que se segue:

Samuel C. Chissumba 24
Balanço sedimentar. Um contributo para a percepção do problema de erosão na costa da Cidade de Maputo 2017

∑𝑖
𝐼(%) = × (100) (2-18)
∑ 𝑄𝑓𝑜𝑛𝑡𝑒 + ∑ 𝑄𝑠𝑢𝑚𝑖𝑑𝑜𝑢𝑟𝑜 + |∆𝑉| + 𝑃 + 𝑅

Para Rosati e Kraus (1999), na ausência de outras informações, assume-se uma


incerteza de 40% para taxas de transporte.

Samuel C. Chissumba 25
Balanço sedimentar. Um contributo para a percepção do problema de erosão na costa da Cidade de Maputo 2017

3. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA EM ESTUDO

Para além da localização da área em estudo este capitulo tem como foco a descrição
climatológica, geomorfológica, demográfica abordando-se ainda aspectos relacionados
com a utilização da zona costeira da Cidade de Maputo. Tais informações foram obtidas
em publicações científicas e relatórios de estudos e projectos elaborados e
implementados na praia da Costa do Sol.

3.1 LOCALIZAÇÃO, CLIMA E GEOMORFOLOGIA

A costa da Cidade de Maputo localiza-se na parte Ocidental da Baía de Maputo, no Sul


de Moçambique, entre os paralelos 25º53’ e 26º00’ de latitude Sul e entre os meridianos
32º31’ e 32º40’ de longitude Este. Esta estende-se por um comprimento de
aproximadamente 20 km, excluindo os distritos de kaTembe e kaNhaka. Cerca de 40%
(≈8 km) do comprimento da costa desenvolve-se na zona do estuário de Espírito Santo,
através do qual são descarregados, na Baía de Maputo, os caudais de quatro rios
nomeadamente, Infulene, Matola, Tembe e Umbeluzi, (figura 3-1).

O estudo da evolução temporal da linha de costa foi realizado num troço de cerca de 10
km de comprimento, que vai desde o Clube Naval até a entrada do Bairro Triunfo, mais
especificamente entre os pontos A e B da figura 3-1 com coordenadas UTM (465445.71
mE, 7134450.61 mS) e (459542.05 mE, 7126804.40 mS), respectivamente.

A região de Maputo apresenta um clima subtropical húmido com duas estações distintas:
seca ou de Inverno que vai de Abril até Setembro e húmida ou de Verão entre os meses
de Outubro e Março. A precipitação média anual é de cerca de 1200 mm, e ocorre
maioritariamente durante o Verão, destacando-se os meses de Novembro, Dezembro e
Janeiro onde ocorre chuva de grande intensidade (chuvas moderadas ocorrem nos
meses de Outubro, Fevereiro e Março). No geral, em Moçambique, as temperaturas
médias anuais estão entre 22 – 24oC, sendo que a temperatura média anual ao longo da
costa é de 23oC (Hoguane, 2007; Albino, 2012).

Samuel C. Chissumba 26
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Figura 3-1: Localização da área em estudo

A linha da costa de Maputo é caracterizada por extensões intermitentes de praias


arenosas e dunas recentes formadas por sedimentos não consolidados provenientes do
Quaternário (Morreira, 2010). O Cadastro Geométrico da Província de Moçambique,
Distrito de Lourenço Marques datado de 1915, dá a indicação da existência de dunas
longitudinais e parabólicas ao longo da zona costeira da Cidade de Maputo. A este
sistema dunar se associavam para o lado continental áreas pantanosas, lagoas
intermitentes, florestas, matas, escarpas e zonas de mangal (Langa, 2003).

3.2 DEMOGRAFIA E CARACTERÍSTICAS SOCIOECONÓMICAS

A província de Maputo Cidade é composta por sete distritos municipais, nomeadamente,


kaMpfumo, Nlhamankulu, kaMaxaquene, kaMavota, kaMubukwana, kaTembe e
kaNyaka. A população projectada para o ano de 2016, segundo o INE (2007), para a
província de Maputo Cidade é de 1 229 396 habitantes, excluindo os distritos de
kaTembe e kaNhaka, indicando uma taxa média de crescimento anual, em toda a cidade,
de cerca de 1.45% entre 2007 à 2017. Excluindo os distritos de kaTembe e kaNhaka, a
província de Maputo Cidade ocupa uma área de cerca de 193 km2.

Samuel C. Chissumba 27
Balanço sedimentar. Um contributo para a percepção do problema de erosão na costa da Cidade de Maputo 2017

Ao longo da costa da Cidade Maputo verificam-se actividades como a pesca artesanal,


práticas religiosas, actividades de mineração, actividades culturais, o desporto e o
turismo costeiro (figuras 3-2 e 3-3). É importante salientar que as três últimas actividades
são impulsionadas pela grande diversidade de recursos naturais e paisagísticos,
caracterizada pela ocorrência de mangais, bancos de corais submarinos, pequenas
ilhas, entre outros. Pode-se ainda concluir que esses recursos são o elemento
fundamental na economia da Cidade e Província de Maputo, provocando uma elevada
densidade populacional nesta zona.

Figura 3-2: Pesca artesanal e prática de desporto (Fonte: Saint - Louis Studios)

Figura 3-3: Laser e actividade económica (Fonte: Google imagens)

3.3 AGITAÇÃO MARÍTIMA, MARÉS E VENTO

Segundo Langa (2003), a circulação marítima na área em estudo, devido ao seu


enquadramento físico-geográfico, é influenciada pelo sistema de ilhas, pontas e

Samuel C. Chissumba 28
Balanço sedimentar. Um contributo para a percepção do problema de erosão na costa da Cidade de Maputo 2017

penínsulas localizadas ao longo da área de propagação das ondas. O clima de agitação


da área em estudo é influenciado basicamente pela ocorrência de ondas geradas ao
largo e localmente, dentro da Baía de Maputo (Langa, 2003).

As marés em Maputo são da espécie semidiurna, uma vez que se verificam duas preia-
mares e duas baixa-mares por cada dia lunar com elevações idênticas em valor absoluto
(Langa, 2008). As correntes de enchente e de vazante de marés na entrada da Baía de
Maputo ao Norte atingem velocidades máximas na ordem dos 1.0 m/s. O fluxo de marés
na foz dos rios ao Sul atinge velocidades máximas entre 0.5 – 1.5 m/s, na preia-mar
mínima e na preia-mar máxima, respectivamente (Langa, 2008). Barwell e Theron (2012)
citam o United Kingdom Hydrographic Office (Serviço Hidrográfico do Reino Unido) que
fornece valores do nível médio da maré alta de águas vivas para diferentes localizações
ao longo da costa de Moçambique, sendo que para Maputo o valor indicado é de1.50 m
(em relação ao nível do mar).

O regime de ventos é marcado por ocorrências de velocidades que chegam a atingir 12


m/s tendo uma média anual de cerca de 3.30 m/s. Quanto a proveniência, as direcções
Norte, Nor-nordeste, Sudeste, Su-sudeste e Sul são as mais frequentes (figura 3-4).

Figura 3-4: Rosa-dos-ventos para o período de 1979 - 2016 (Indicando a proveniência do vento), obtida
do WRPLOT no âmbito da análise dos ventos locais na praia da Costa do Sol

Samuel C. Chissumba 29
Balanço sedimentar. Um contributo para a percepção do problema de erosão na costa da Cidade de Maputo 2017

3.4 DINÂMICA SEDIMENTAR

Na costa de Maputo as ondas são maioritariamente provenientes de Su-sudeste e


chegam na costa formando um determinado ângulo com a linha de costa provocando
uma deriva litoral que toma a direcção Norte.

Langa (2007) analisou a dinâmica sedimentar na costa de Maputo com base na leitura e
interpretação dos fluxos gerados pelas correntes de agitação actuantes na área em
estudo. Através dos dados de agitação foi estimado o balanço sedimentar através dos
volumes de transporte de sedimentos, quantificados pelo(a):

Recuo de alguns troços da linha costeira;


Instabilidade dos troços protegidos por obras longitudinais aderentes;
Contínua diminuição da altura das dunas com o consequente desenraizamento
das árvores existentes ao longo das formações dunares;
Avaliação da influência do canal de navegação que dá acesso ao Porto de
Maputo, na dinâmica sedimentar da área em estudo.

3.4.1 Recuo da linha de costa

Em grande parte da costa de Maputo verificam-se fenómenos erosivos que se traduzem


no recuo da linha de costa e no emagrecimento das praias. As taxas de recuo (no sentido
transversal à linha de costa) da costa, segundo vários autores, são apresentadas na
tabela 3-1.

Samuel C. Chissumba 30
Balanço sedimentar. Um contributo para a percepção do problema de erosão na costa da Cidade de Maputo 2017

Tabela 3-1: Valores de recuo da costa segundo vários autores

Autor(a) Taxa de recuo [m/ano] Período de observação Base

DHV (1999) citado em Langa (2007) 0.50 – 1.50 1970(s) - 1999 Estudos e Fotografias aéreas

Moreira (2005) 0.30 – 0.35 1970 - 2004 Fotografias aéreas

Ruby et al. (2008) citados em Estudos e mapas


1.06 – 5.34 2000 - 2008
Palalane et al. (2015) hidrográficos

Coutinho et al. (2013) 0 – 0.80 1979 - 2011 Estudo

Carimo (2016) 0.42 1969 - 2000 Estudo

Carimo (2016) 0.81 2000 - 2012 Estudo

3.5 IMPACTO DAS ACÇÕES ANTROPOGÉNICAS

Nas zonas dunares, para além da erosão causada pelas acções hidrodinâmicas, há
indícios significativos de erosão por acção humana, consequente de uma massiva
destruição das dunas e da vegetação nos acessos à praia, habitualmente usados pelos
banhistas, pescadores e por veículos motorizados.

Os alinhamentos marginais protegidos por obras longitudinais aderentes influenciam


negativamente o transporte transversal de areias durante a ocorrência dos fenómenos
de espraiamento e de refluxo das ondas, dificultando o retorno das areias para a zona
da praia, as quais são posteriormente transportadas para outras áreas, criando zonas
localizadas de erosão.

Para Langa (2007) e Barwell e Theron (2012) a ocorrência de erosão na área em estudo
pode, ainda, estar potencialmente relacionada com a construção e manutenção do canal
de navegação que dá acesso ao Porto de Maputo, onde segundo Langa (2007) são
extraídos cerca de 1.20 Mm3 de areia por ano. O canal de navegação, situado a cerca
de 1200 m à Sudeste do clube naval, forma uma zona de sedimentação que interrompe
parte significativa do material sedimentar que aflui à zona, transportado pelos rios
Maputo, Tembe, Umbelúzi e Matola. Segundo Barwell e Theron (2012), os sedimentos
são depositados no canal localizado na entrada do porto de Maputo que é regularmente
dragado para o manter suficientemente profundo.

Samuel C. Chissumba 31
Balanço sedimentar. Um contributo para a percepção do problema de erosão na costa da Cidade de Maputo 2017

4. CARACTERIZAÇÃO DA DINÂMICA SEDIMENTAR NA COSTA DA


CIDADE DE MAPUTO

Este capítulo dedica-se a análise de fotografias aéreas, imagens de satélite, dados de


vento, de evaporação e precipitação e a indicação das respectivas fontes. As fontes
desses dados são instituições que estão ligadas ao estudo dos recursos terrestres, da
atmosfera e do mar. Com esses dados será feita a estimativa da evolução temporal da
linha de costa, do transporte eólico e ainda será realizado o balanço sedimentar. Ainda
neste capítulo serão apresentados os resultados obtidos durante a análise dos dados.
Destacando-se os resultados obtidos do DSAS (Evolução da linha de costa), da análise
do transporte longitudinal e transversal ao longo da costa da Cidade de Maputo e da
realização do balanço sedimentar (Mapas de fluxos de sedimentos, suas trajectórias,
magnitudes e fronteiras do balanço sedimentar).

4.1 VARIAÇÃO DA POSIÇÃO DA LINHA DE COSTA

A análise da evolução temporal da linha de costa, apresentada nesta secção, se encontra


dividida em três partes que são: a indicação das fontes de dados, descrição das análises
efectuadas aos dados e no fim, a apresentação dos resultados obtidos dessa análise.
Nesta secção faz-se a estimativa das taxas de evolução da linha de costa para
posteriormente determinar a variação líquida de volume de praia na área em estudo.

4.1.1 Fonte de dados

Os dados para a análise da variação da posição da linha de costa e do volume de praia


para a costa da Cidade de Maputo foram obtidos no Centro Nacional de Cartografia e
Teledetecção (CENACARTA). Nesta instituição foram obtidas fotografias aéreas
referentes aos anos de 1969 e 1979. Além disso, foi consultado o Google Earth, onde foi
possível obter imagens de satélite referentes aos anos de 2000, 2010 e 2017, à uma
escala de 1:10000. O conjunto de fotografias aéreas e imagens de satélites foi usado
para o traçado da linha de costa e posterior avaliação da evolução temporal da linha de
costa.

Samuel C. Chissumba 32
Balanço sedimentar. Um contributo para a percepção do problema de erosão na costa da Cidade de Maputo 2017

4.1.2 Análises efectuadas

Apresenta-se a seguir o tratamento dado às imagens de satélite e fotografias aéreas


acima referidas.

Foi feita a combinação e respectivo referenciamento geográfico de fotografias


aéreas pertencentes ao mesmo ano procedendo-se logo a seguir ao traçado
da respectiva linha de costa;
O mesmo tratamento foi dado às imagens de satélite, onde primeiro foi
necessário o referenciamento geográfico para depois proceder ao traçado das
respectivas linhas de costa;
Findo o processo de traçado das linhas de costa procedeu-se ao traçado da
linha de referência e dos transeptos através da ferramenta DSAS. A linha de
referência se encontra à uma distância de 400 m da costa e os transeptos
espaçados de 50 m entre si (figura 4-1);

Figura 4-1: Linhas de costa, transeptos e linha de referência, modificada do Google Earth

Por fim foi feito o cálculo automático das taxas de variação da linha de costa no
DSAS. A tabela A1-2, do anexo 1, apresenta os resultados do cálculo das taxas
de variação da linha de costa.

De um total de 253 transeptos foram analisados 198 transeptos, isto deve-se ao facto de
o DSAS dar, ao usuário, a possibilidade de fixar o número mínimo de linhas de costas a

Samuel C. Chissumba 33
Balanço sedimentar. Um contributo para a percepção do problema de erosão na costa da Cidade de Maputo 2017

serem intersectadas por um determinado transepto, de tal modo que todo o transepto
que não intersectar o número mínimo estabelecido de linhas costeiras será excluído da
análise. Para esta análise foi fixado em cinco (5) o número mínimo de linhas a serem
intersectadas por um determinado transepto para que este faça parte da análise. A
escolha desse número deve-se ao facto de, também, se dispor de um total de cinco
linhas de costa para a análise da evolução temporária da linha de costa.

4.1.3 Resultados

A figura 4-2 representa a evolução temporal da linha de costa na praia da Costa do Sol.
Foi construída a partir da tabela A1-1, do anexo 1, obtida do DSAS. Essa tabela indica
os pontos de intersecção dos transeptos com as linhas de costa referentes aos anos em
estudo. Os valores da variação da linha de costa apresentados na figura 4-2 e na tabela
A1-1, do anexo 1, têm como referência uma linha de base que se encontra à uma
distância de cerca de 400 m da costa.

550
V a r ia ç ã o d a lin h a d e c o s ta [m ]

500

450

1969

400
1979

2000

2010

350
2017

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

C o m p rim e n to d a c o s ta [k m ]

Figura 4-2: Evolução temporal da linha de costa

Samuel C. Chissumba 34
Balanço sedimentar. Um contributo para a percepção do problema de erosão na costa da Cidade de Maputo 2017

As figuras 4-3, 4-4 e 4-5 apresentam zonas sedimentação e de erosão ao longo do


comprimento da costa. Primeiro para o período de 1969 - 2010, isto é, antes da
alimentação artificial, depois para o período de 2010 - 2017 (período pós-alimentação) e
por fim, para o período de 1969 - 2017. Nessas figuras, os sinais negativo e positivo
denotam a erosão e a sedimentação, respectivamente.

125

100

75
E v o lu ç ã o d a lin h a d e c o s ta [m ]

50

25

0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
-2 5

-5 0

-7 5 C o m p rim e n to d a c o s ta [k m ]

-1 0 0

-1 2 5

Figura 4-3: Evolução da posição da linha costa, 1969 – 2010

Samuel C. Chissumba 35
Balanço sedimentar. Um contributo para a percepção do problema de erosão na costa da Cidade de Maputo 2017

125

100

75
E v o lu ç ã o d a lin h a d e c o s ta [m ]

50

25

0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
-2 5

-5 0

-7 5
C o m p rim e n to d a c o s ta [k m ]

-1 0 0

-1 2 5

Figura 4-4: Evolução da posição da linha costa, 2010 - 2017

A figura 4-4 ilustra as zonas de sedimentação e erosão na praia da Costa do Sol, num
contexto global, isto é para o período de 1969 - 2017. Este período engloba todos os
anos para os quais foram obtidas fotografias aéreas e imagens de satélite para a análise
da evolução temporal da linha de costa e para a posterior estimativa da variação líquida
de volume na praia.

Samuel C. Chissumba 36
Balanço sedimentar. Um contributo para a percepção do problema de erosão na costa da Cidade de Maputo 2017

125

100

75
E v o lu ç ã o d a lin h a d e c o s ta [m ]

50

25

0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
-2 5

-5 0

-7 5

C o m p rim e n to d a c o s ta [k m ]
-1 0 0

-1 2 5

Figura 4-5: Evolução da posição da linha costa, 1969 - 2017

A taxa média de recuo da linha de costa para o período de 1969 - 2017, estimada através
do método da taxa de regressão linear (LRR), foi de 0.41 m/ano. A tabela 4-1 apresenta
valores das taxas médias de recuo da linha de costa nas quatro células de balanço
sedimentar deste estudo.

Tabela 4-1: Taxas médias de recuo da linha de costa

Célula Recuo da linha [m/ano] Período considerado

I 0.50

II 0.30
1969 - 2017
III 0.49

IV -

4.2 TRANSPORTE EÓLICO

Para análise do transporte eólico, os dados de vento, precipitação e evaporação foram


obtidos de um repositório internacional, no qual foram usados dados de diferentes
reanálises por forma a equilibrar os períodos de análise. Nesta secção são indicadas as

Samuel C. Chissumba 37
Balanço sedimentar. Um contributo para a percepção do problema de erosão na costa da Cidade de Maputo 2017

fontes dos dados, de seguida apresenta-se a análise efectuada e os resultados obtidos


dessa análise.

4.2.1 Fonte de dados

Para a obtenção dos dados de vento, precipitação e evaporação foi consultado o ERA-
Interim que é a reanálise atmosférica global mais recente, produzida pelo Centro
Europeu de Previsão do Tempo de Médio Prazo (European Centre for Medium-Range
Weather Forecasts - ECMWF) e foi lançada em 2009. Abrange o período a partir de 01
de Janeiro de 1979 até os dias correntes.

Do ERA-Interim foram colhidos dados de vento provenientes da reanálise. Esta


plataforma é actualizada duas vezes por dia (0000 UTC e 1200 UTC) mas oferece dados
de seis em seis horas (0000 UTC, 0600 UTC, 1200 UTC e 1800 UTC).

É importante realçar que, o ERA-Interim faz parte de uma geração de reanálises


produzida e publicada recentemente. Dessa geração fazem parte, para além do próprio
ERA-Interim, os Centros Nacionais de Previsão Ambiental – Reanálise do sistema de
Previsão Climática (National Centers for Environmental Prediction - Climate Forecast
System Reanalysis - NCEP-CFSR) e a Análise Retrospectiva da Era Moderna da NASA
para Pesquisa e Aplicações (NASA’s Modern Era Retrospective Analysis for Research
and Applications - NASA-MERRA) sendo que alguns autores como: Tabata et al. (2011);
Carvalho et al. (2014) e Medeiros et al. (2016) fizeram a comparação entre os dados
destas reanálises e concluíram que a reanálise ERA-Interim é aquela que apresenta
maior coeficiente de correlação e menor desvio padrão apesar de as outras reanálises
apresentarem dados com coeficiente de correlação e desvio padrão também aceitável.

Os dados de precipitação e de evaporação foram obtidos do ERA-40 que é também uma


reanálise produzida pelo ECMWF e que produz e promove um conjunto de análises
globais que descrevem o estado da atmosfera e terra e das ondas oceânicas durante um
período de 45 anos desde Setembro de 1957 até Agosto de 2002. Esta plataforma
também oferece dados de seis em seis horas, sendo que para a precipitação e
evaporação tais dados são cumulativos desses mesmos períodos.

Samuel C. Chissumba 38
Balanço sedimentar. Um contributo para a percepção do problema de erosão na costa da Cidade de Maputo 2017

Para o desenvolvimento deste trabalho foi utilizada a série temporal de 1979 - 2016 das
componentes: zonal (Oeste-Este, denotada por 𝑢) e meridional (Sul-Norte, denotada por
𝑣), do vento aos dez metros de altura. Esta série foi extraída para um ponto de interesse
localizado na costa da Cidade de Maputo com as coordenadas UTM (462140.74 mE,
7130391.92 mS). Salientar ainda que foi utilizada, para a extracção de dados, uma grade
de 0.75º x 0.75º (aproximadamente 83.30 x 83.30 km) de latitude e longitude
respectivamente, sendo esta a resolução mais reduzida disponível no repositório do
ECMWF no momento da pesquisa.

Foi também usada a série de 1979 - 2002 da evaporação e precipitação total. Também
extraída para o ponto de interesse acima mencionado sendo que, para a extracção dos
dados foi utilizada uma grade de 0.125º x 0.125o (aproximadamente 13.90 x 13.90 km)
de latitude e longitude respectivamente.

4.2.2 Análises efectuadas

A taxa de transporte eólico de sedimentos foi determinada tendo em conta os dois


cenários a seguir apresentados.

Cenário 1 − A evaporação é maior que a precipitação


Cenário 2 − A precipitação é maior que a evaporação

Apresenta-se a seguir o tratamento que foi dado aos dados do vento obtidos nas fontes
acima citadas.

Para cada par de componentes, zonal e meridional, descritas em 4.2.1,


procedeu-se a determinação da magnitude (𝑢̅10𝑚 ) e da direcção (𝜙) do vento
através das equações 2-7 e 2-8;
De seguida, foram calculadas, através da equação 2-6, as velocidades de
arrastamento em função da velocidade do vento aos 10 m de altura (𝑢̅10𝑚 );
Depois procedeu-se à definição do cenário através da comparação da
evaporação com a precipitação;
Em função do cenário, foi determinada a velocidade crítica de arrastamento
dos sedimentos através da equação 2-9;

Samuel C. Chissumba 39
Balanço sedimentar. Um contributo para a percepção do problema de erosão na costa da Cidade de Maputo 2017

De seguida foram usadas as equações 2-4 e 2-5 respectivamente para


calcular a taxa de transporte eólico da massa de sedimentos (𝑚̇𝑉𝐸 ) e a taxa de
transporte volumétrico (𝑞𝑉𝐸 ).

O anexo 2, na sua secção 2.1, apresenta, de forma detalhada, o procedimento de cálculo


das taxas de transporte eólico. As características dos dados de vento usados nos
cenários 1 e 2 acima referidos são apresentadas no anexo 4, através da figura A4-1 e
da tabela A4-1.

4.2.3 Resultados

Com os dados obtidos e descritos em 4.2.1 e através das equações descritas em 2.1.3,
foram determinadas taxas de transporte eólico para a costa da Cidade da Maputo. Os
resultados são a seguir apresentados tanto na forma rosas de transporte como na forma
de tabelas.

a) Taxas potenciais de transporte eólico

A rosa da figura 4-6 fornece a direcção para a qual os sedimentos são transportados
assim como as taxas médias de transporte anual em cada direcção.

Figura 4-6: Rosa de transporte eólico, taxas médias anuais

Samuel C. Chissumba 40
Balanço sedimentar. Um contributo para a percepção do problema de erosão na costa da Cidade de Maputo 2017

Na tabela 4-2 são apresentadas as taxas de transporte potencial de sedimentos nas


direcções de transporte eólico.

Tabela 4-2: Taxas médias de transporte potencial

Transporte potencial nos períodos em análise (𝒒𝑽𝑬 ) [m3/ano/m]


Direcção
1979 - 2012 2013 - 2016 1979 - 2016

N 2.99 3.23 3.01

NNE 0.86 0.65 0.84

SSE 0.12 0.08 0.12

S 0.49 0.67 0.51

SSW 0.08 0.18 0.09

NW 0.19 0.31 0.21

NNW 2.12 2.32 2.14

Foram ainda obtidas rosas de transporte para quatro intervalos de tempo (1979 – 1988,
1989 – 1998, 1999 – 2008 e 2009 - 2016). As rosas desses períodos são apresentadas
na figura 4-7.

A figura 4-7, assim como a figura 4-6, foram obtidas a partir dos resultados apresentados
na tabela A2-1, do anexo 2.

Samuel C. Chissumba 41
Balanço sedimentar. Um contributo para a percepção do problema de erosão na costa da Cidade de Maputo 2017

Figura 4-7: Rosas de transporte eólico

Para substanciar a descrição do regime do transporte eólico ao longo do ano são, no


anexo 2, apresentadas tabelas que dão os volumes, em m3/m transportados em cada
direcção ao longo dos anos de 1995, 2003 e 2016 (tabelas A2-2, A2-3 e A2-4).

b) Transporte eólico antes do equilíbrio

A seguir apresenta-se na forma de gráficos a evolução espacial da taxa de transporte


até que se atinja o equilíbrio nas direcções de transporte potencial na praia da Costa do
Samuel C. Chissumba 42
Balanço sedimentar. Um contributo para a percepção do problema de erosão na costa da Cidade de Maputo 2017

Sol (figura 4-8). Em linha com os gráficos apresentados na figura 4-8, a figura A3-1, do
anexo 3 apresenta a evolução espacial do transporte eólico nas direcções NW, SSE e
SSW, por forma a permitir uma melhor percepção da evolução do transporte nessas
direcções. Os gráficos apresentados nas figuras 4-8 e A3-1 foram obtidos através da
equação 2-13 que produziu, também, a tabela A3-1, do anexo 3.

0 .2 0
T a x a d e tra n s p o rte [m /h o ra /m ]

0 .1 5
N
3

NNE

SSE

0 .1 0 S

SSW

NW

NNW
0 .0 5

0 .0 0
0 10 20 30 40 50

L a r g u r a d a b e r m a [m ]

Figura 4-8: Evolução espacial do transporte eólico

Através dos gráficos acima apresentados foram obtidas as larguras de equilíbrio nas
direcções de transporte potencial, tais valores são apresentados da tabela 4-3.

Samuel C. Chissumba 43
Balanço sedimentar. Um contributo para a percepção do problema de erosão na costa da Cidade de Maputo 2017

Tabela 4-3: Largura de equilíbrio nas direcções de transporte potencial

Largura de equilíbrio nos períodos considerados [m]


Direcção
1979 - 2012 2013 - 2016 1979 - 2016

N 42 42 43

NNE 36 48 35

SSE 25 25 30

S 31 41 31

SSW 21 25 21

NW 27 28 26

NNW 38 39 46

Para a praia da Costa do Sol, o vento precisa percorrer 21 – 48 m para que se atinja a
saturação na taxa de transporte eólico.

4.3 BALANÇO SEDIMENTAR

Nesta secção realiza-se o balanço sedimentar para a costa da Cidade de Maputo,


começando-se por preparar os dados de entrada. Devido à alimentação artificial
realizada na praia da Costa do Sol nos anos de 2012 e 2013, o balanço sedimentar para
a costa da Cidade de Maputo será realizado para o período de 1979 - 2012 (antes da
alimentação) e para o período de 2013 - 2016 (após a alimentação). Essa separação dos
períodos de análise visa ter em conta as alterações na dinâmica sedimentar na praia
devido ao aumento significativo de sedimentos resultante dessa intervenção.

4.3.1 Fonte de dados

Os dados necessários para a realização do balanço sedimentar são basicamente os


parâmetros da equação do balanço sedimentar. Neste âmbito, para a realização do
balanço sedimentar serão usados como dados os resultados do transporte eólico e da
análise da evolução temporal da linha de costa obtidos do presente estudo. Serão
também usadas taxas de transporte longitudinal obtidas em Langa (2003); Björnberg e
Wahlström (2012) e Carimo (2016). Além disso, Carimo (2016) apresenta o volume de

Samuel C. Chissumba 44
Balanço sedimentar. Um contributo para a percepção do problema de erosão na costa da Cidade de Maputo 2017

sedimentos introduzidos na praia da Costa do Sol nos anos de 2012 e 2013, no âmbito
da alimentação artificial de praias.

Os procedimentos de análise dos dados acima referidos são apresentados nas secções
seguintes juntamente com todas outras componentes do balanço sedimentar.

4.3.2 Dados de entrada para o balanço sedimentar

Nesta secção, os resultados da análise da variação da linha de costa e do transporte


eólico são preparados de modo que se tornem dados de entrada para o balanço
sedimentar na área em estudo.

a) Variação líquida do volume

A partir das taxas de evolução temporal da linha de costa apresentadas na tabela A1-2,
do anexo 1, e fazendo o uso da equação 2-14, foi determinada a variação líquida de
volume (∆V) nas células de balanço sedimentar para os períodos em análise. Tais
valores são os apresentados na tabela 4-4. Para esse cálculo consideraram-se valores
médios da profundidade de fecho (𝐷𝐶 ) e da altura da crista da berma (𝐷𝐵 ) de 2.45 m e
1.45 m, respectivamente, obtidos em Carimo (2016).

Tabela 4-4: Variação líquida do volume de sedimentos (∆V) nas células

Variação líquida de volume [m3/ano/m]


Célula
1979 - 2012 2013 - 2016

I -2.1 +9.8

II -3.1 +28.2

III -1.3 -2.1

IV +1.3 +3.9

Samuel C. Chissumba 45
Balanço sedimentar. Um contributo para a percepção do problema de erosão na costa da Cidade de Maputo 2017

b) Transporte eólico

Através da combinação da figura 4-8 com a tabela 4-3 foi obtida a tabela 4-5. Esta tabela
apresenta as taxas de transporte eólico para os períodos em análise que são: 1979 –
2012 e 2013 – 2016.

Tabela 4-5: Taxas de transporte eólico nos períodos de análise [m3/ano/m]

Célula I Célula II Célula III Célula IV


Direcção
A D A D A D A D
N 3.0 3.2 3.0 3.2 3.0 3.2 3.0 3.2
NNE 0.9 0.6 0.9 0.6 0.9 0.6 0.9 0.6
SSE 0.1 0.1 0.1 0.1 0.1 0.1 0.1 0.1
S 0.5 0.7 0.5 0.7 0.5 0.7 0.5 0.7
SSW 0.1 0.2 0.1 0.2 0.1 0.2 0.1 0.2
NW 0.2 0.3 0.2 0.3 0.2 0.3 0.2 0.3
NNW 2.1 2.3 2.1 2.3 2.1 2.3 2.1 2.3

Onde:

A − Período de 1979 – 2012


D − Período de 2013 - 2016

Em linha com a tabela 4-5, as tabelas 4-6 e 4-7 apresentam valores acumulados tanto
das perdas para o domínio terrestre assim como das perdas para o largo. As perdas para
o domínio terrestre são obtidas pela soma das taxas de transporte eólico nas direcções
Norte, Nor-nordeste, Noroeste e Nor-noroeste e as perdas para o largo são obtidas pela
soma das taxas de transporte eólico nas direcções Su-sudeste, Sul e Su-sudoeste.

Tabela 4-6: Valores acumulados de transporte eólico nas células, 1979 – 2012

Domínio terrestre Largo


Célula
[m3/ano/m] [m3/ano/m]
I 6.2 0.7
II 6.1 0.7
III 6.2 0.7
IV 6.2 0.7

Samuel C. Chissumba 46
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Tabela 4-7: Valores acumulados de transporte eólico nas células, 2013 – 2016

Domínio terrestre Largo


Célula
[m3/ano/m] [m3/ano/m]
I 6.5 0.9
II 6.5 0.9
III 6.5 0.9
IV 6.5 0.1

c) Transporte longitudinal

Neste estudo, não foi determinada nenhuma taxa de transporte longitudinal de


sedimentos na costa de Maputo. Por isso, para a realização do balanço sedimentar,
serão usados resultados das análises feitas por Langa (2003, 2007); Björnberg e
Wahlström (2012) e por Carimo (2016).

Far-se-á a combinação dos resultados obtidos por cada um desses três autores com as
taxas de transporte eólico e de variação líquida do volume obtidas neste estudo. Neste
âmbito, para a realização do balanço sedimentar serão considerados três cenários
resultantes da combinação das taxas obtidas no presente estudo com as taxas de
transporte longitudinal obtidas nos três estudos acima referidos. A análise desses
cenários é feita em 4.3.3.

d) Volume de material removido (R) e material introduzido (P) nas células

Nas células de balanço sedimentar consideradas no presente estudo não há registos de


fluxos de material removido. Já fora das células de balanço sedimentar, mais
especificamente no canal do porto de Maputo verificam-se actividades de dragagem,
cujos volumes podem ser considerados como sendo de material removido (R). No
entanto, no presente estudo, considera-se que estas actividades de dragagem não terão
grande influência no balanço sedimentar da área em estudo visto que, a necessidade da
remoção desses volumes surge no âmbito da acumulação, naquela zona, de sedimentos
resultantes do transporte fluvial, portanto, trata-se apenas de uma reposição das
condições iniciais.

Samuel C. Chissumba 47
Balanço sedimentar. Um contributo para a percepção do problema de erosão na costa da Cidade de Maputo 2017

Considera-se que o volume do material introduzido (P) corresponde ao volume de


sedimentos introduzidos na praia no âmbito da alimentação artificial nos anos de 2012 e
2013. Segundo Carimo (2016), tal volume foi de 0.78 Mm3. No presente trabalho, as
células foram criadas de tal modo que a área alimentada corresponda a célula II. Para
uso no balanço sedimentar, o volume de alimentação artificial transforma-se em 62.90
m3/ano/m.

4.3.3 Definição de cenários

Na revisão da literatura foram identificados três autores que apresentam diferentes


cenários de transporte de sedimentos em suas respectivas análises. Tais autores são:
Langa (2003, 2007); Björnberg e Wahlström (2012) & Carimo (2016). Nas tabelas 4-8 e
4-9 são apresentadas as componentes consideradas e não consideradas nas suas
respectivas análises.

Tabela 4-8: Componentes consideradas e não consideradas nas diferentes análises

Componente considerada (ou não) segundo Autor


Tipo de fluxo (Björnberg e
(Langa, 2003) (Carimo, 2016)
Wahlström, 2012)
TLS C C C

TTS NC NC NC

TE NC NC NC

∆V C NC C

Onde:

TLS − Transporte Longitudinal de Sedimentos


TTS − Transporte Transversal de Sedimentos
TE − Transporte Eólico
∆V − Variação líquida de volume
C − Componente considerada
NC − Componente não considerada

Samuel C. Chissumba 48
Balanço sedimentar. Um contributo para a percepção do problema de erosão na costa da Cidade de Maputo 2017

Tabela 4-9: Valores médios das componentes consideradas nos diferentes cenários

Magnitude da componente
Período
Autor(a) [m3/ano/m]
considerado
TLS ∆V

Langa (2003) Não especificado 5.5 3.9

Björnberg and 1969 – 2000 5.0 –


Wahlström (2012) 2000 – 2012 7.0 –

1969 – 2000 – 1.3

Carimo (2016) 2000 – 2012 – 1.5

1969 – 1993 1.2 –

De seguida, como reforço às tabelas acima representadas, são apresentados de forma


esquemática as hipóteses consideradas bem como o período considerado em cada um
desses estudos.

a) Hipótese de Langa (2003)

A hipótese de Langa (2003) tem em conta o transporte longitudinal de sedimentos, a


variação de volume e a respectiva taxa média de recuo da linha de costa que foi estimada
em 1.0 m/ano. Segundo este estudo o transporte longitudinal de sedimentos varia entre
8.5 – 2.5 m3/ano na direcção Sul – Norte. A figura 4-9 apresenta as componentes
consideradas na análise feita por Langa (2003).

Samuel C. Chissumba 49
Balanço sedimentar. Um contributo para a percepção do problema de erosão na costa da Cidade de Maputo 2017

Figura 4-9: Hipótese de Langa (2003), modificada do Google Earth

b) Hipótese de Björnberg e Wahlström (2012), (1969 – 2012)

Na figura 4-10 são apresentadas as componentes consideradas na hipótese de


Björnberg e Wahlström (2012). Estas autoras também consideraram o transporte
longitudinal e a variação de volume na costa. Nesta hipótese as autoras apresentaram
valores de transporte líquido longitudinal em várias células de 50 m de largura ao longo
da costa. No cômputo geral, verifica-se que o transporte longitudinal dá-se para o norte
e tem valores médios de 5.0 e 7.0 m3/ano respectivamente para os períodos de 1969 –
2000 e 2000 – 2012. Apesar de terem sido analisadas fotografias aéreas, neste estudo
não foram apresentados valores relacionados com taxas de evolução temporal da linha
de costa o que torna impossível o cálculo da variação líquida de volume nas células (∆V).

Samuel C. Chissumba 50
Balanço sedimentar. Um contributo para a percepção do problema de erosão na costa da Cidade de Maputo 2017

Figura 4-10: Hipótese de Björnberg e Wahlström (2012), modificada do Google Earth

c) Hipótese de Carimo (2016), (1969 – 2012)

Por fim a hipótese de Carimo (2016) que à semelhança das hipóteses acima referidas
também leva em consideração a variação de volume ao longo da costa e o transporte
longitudinal de sedimentos sendo que para a análise deste último destaca-se a zona que
recentemente foi alvo de uma alimentação artificial de praia. Por via disto a costa
encontra-se dividida em três células distintas que são apresentadas na figura 4-11.
Carimo (2016) usou fotografias aéreas e respectivas linhas de costa para determinar as
taxas de evolução temporal da linha de costa na área em estudo. A tabela 4-10 apresenta
tais valores.

Figura 4-11: Hipótese de Carimo (2016), modificada do Google Earth

Samuel C. Chissumba 51
Balanço sedimentar. Um contributo para a percepção do problema de erosão na costa da Cidade de Maputo 2017

Tabela 4-10: Taxas médias de recuo apresentadas por Carimo (2016)

Recuo [m/ano]
Período considerado
Área alimentada Toda extensão

1969 - 2000 0.27 0.32

2000 – 2012 0.81 0.39

1969 – 2012 0.42 0.34

d) Hipótese considerada

Para o estudo em causa, foi formulada uma nova hipótese que para além do transporte
longitudinal, e do detalhamento do ∆V considera ainda o transporte eólico, que por sua
vez se encontra dividido em perdas para o largo e perdas para o dominio terrestre ou
para o interior. A figura 4-12 apresenta todas as componentes consideradas na nova
hipótese.

Figura 4-12: Hipótese considerada da dinâmica sedimentar na costa da Cidade de Maputo, modificada
do Google Earth

4.3.4 Balanço sedimentar e resultados

Para a realização do balanço sedimentar foi adoptada a hipótese da figura 4-12. Uma
vez que, para o transporte longitudinal de sedimentos, são adoptados resultados de
outros estudos, como foi mencionado anteriormente, as taxas referentes a variação

Samuel C. Chissumba 52
Balanço sedimentar. Um contributo para a percepção do problema de erosão na costa da Cidade de Maputo 2017

líquida do volume nas células e ao transporte eólico (perdas para o largo e para o domínio
terrestre) serão associadas a valores de transporte longitudinal de sedimentos de cada
um desses estudos formando um total de três novas hipóteses dentro da hipótese
considerada. Salientar ainda que devido à recente intervenção na célula II, que consistiu
na alimentação artificial, o balanço sedimentar em cada uma das hipóteses será feito
para os períodos de 1979 – 2012 e 2013 – 2016.

As três novas hipóteses são:

1 − Associação dos resultados do estudo com a taxa de TLS obtida em Langa (2003)
2 − Associação dos resultados do estudo com a taxa de TLS obtida em Björnberg e
Wahlström (2012)
3 − Associação dos resultados do estudo com a taxa de TLS obtida em Carimo
(2016)

Em todos os cenários que a seguir são apresentados foi usada a equação 2-16, do
balanço sedimentar, para o cálculo do valor residual em cada uma das células.

a) Hipótese 1

Faz-se a seguir o balanço sedimentar tendo em conta a hipótese 1. As figuras 4-13 e


4-14 apresentam as magnitudes de todas as componentes consideradas, em m3/ano/m,
para os períodos de 1979 – 2012 e 2013 – 2016, respectivamente.

Figura 4-13: Magnitudes das componentes do balanço sedimentar, 1979 – 2012

Samuel C. Chissumba 53
Balanço sedimentar. Um contributo para a percepção do problema de erosão na costa da Cidade de Maputo 2017

Figura 4-14: Magnitudes das componentes do balanço sedimentar, 2013 – 2016

No âmbito da estimativa do valor residual nas células de balanço sedimentar, nas tabelas
4-11 e 4-12 são novamente apresentadas as magnitudes das figuras 4-13 e 4-14.

Tabela 4-11: Aplicação da equação do balanço sedimentar, 1979 – 2012

Magnitudes das componentes do balanço sedimentar em m 3/ano/m, 1979 - 2012


𝑸𝒇𝒐𝒏𝒕𝒆 𝑸𝒔𝒖𝒎𝒊𝒅𝒐𝒖𝒓𝒐
Célula ∑ 𝑸𝒇𝒐𝒏𝒕𝒆 ∑ 𝑸𝒔𝒖𝒎𝒊𝒅. ∆𝑽 𝑹𝒆𝒔𝒊𝒅𝒖𝒂𝒍
𝑻𝑳𝑺 𝑻𝑳𝑺 𝑷𝑫𝑻 𝑷𝑳

I 16.5 22.0 6.2 0.7 16.5 28.9 -2.1 -10.3

II 11.0 16.5 6.1 0.7 11.0 23.3 -3.1 -9.2

III 5.5 11.0 6.2 0.7 5.5 17.9 -1.3 -11.1

IV 0.0 5.5 6.2 0.7 0.0 12.4 1.3 -13.7

Samuel C. Chissumba 54
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Tabela 4-12: Aplicação da equação do balanço sedimentar, 2013 – 2016

Magnitudes das componentes do balanço sedimentar em m 3/ano/m, 2013 - 2016


𝑸𝒇𝒐𝒏𝒕𝒆 𝑸𝒔𝒖𝒎𝒊𝒅𝒐𝒖𝒓𝒐
Célula ∑ 𝑸𝒇𝒐𝒏𝒕𝒆 ∑ 𝑸𝒔𝒖𝒎𝒊𝒅. ∆𝑽 𝑷 𝑹𝒆𝒔𝒊𝒅𝒖𝒂𝒍
𝑻𝑳𝑺 𝑻𝑳𝑺 𝑷𝑫𝑻 𝑷𝑳

I 16.5 22.0 6.5 0.9 16.5 29.4 9.8 0.0 -22.7

II 11.0 16.5 6.5 0.9 11.0 23.9 28.2 62.9 21.8

III 5.5 11.0 6.5 0.9 5.5 18.4 -2.1 0.0 -10.8

IV 0.0 5.5 6.5 0.1 0.0 12.1 3.9 0.0 -16.0

b) Hipótese 2

Na hipótese 2 faz-se a associação dos resultados do estudo com os valores de transporte


longitudinal obtidos por Björnberg e Wahlström (2012). As magnitudes são apresentadas
nas figuras 4-15 e 4-16 e nas tabelas 4-13 e 4-14 já no âmbito na estimativa do valor
residual nas células.

Figura 4-15: Magnitudes das componentes do balanço sedimentar, 1979 – 2012

Samuel C. Chissumba 55
Balanço sedimentar. Um contributo para a percepção do problema de erosão na costa da Cidade de Maputo 2017

Figura 4-16: Magnitudes das componentes do balanço sedimentar, 2013 – 2016

Tabela 4-13: Aplicação da equação do balanço sedimentar, 1979 – 2012

Magnitudes das componentes do balanço sedimentar em m 3/ano/m, 1979 - 2012


𝑸𝒇𝒐𝒏𝒕𝒆 𝑸𝒔𝒖𝒎𝒊𝒅𝒐𝒖𝒓𝒐
Célula ∑ 𝑸𝒇𝒐𝒏𝒕𝒆 ∑ 𝑸𝒔𝒖𝒎𝒊𝒅. ∆𝑽 𝑹𝒆𝒔𝒊𝒅𝒖𝒂𝒍
𝑻𝑳𝑺 𝑻𝑳𝑺 𝑷𝑫𝑻 𝑷𝑳

I 50.9 49.7 6.2 0.7 50.9 56.6 -2.1 -3.6

II 53.5 50.9 6.1 0.7 53.5 57.7 -3.1 -1.1

III 33.5 53.5 6.2 0.7 33.5 60.4 -1.3 -25.6

IV 0.0 33.5 6.2 0.7 0.0 40.4 1.3 -41.7

Tabela 4-14: Aplicação da equação do balanço sedimentar, 2013 – 2016

Magnitudes das componentes do balanço sedimentar em m 3/ano/m, 2013 - 2016


𝑸𝒇𝒐𝒏𝒕𝒆 𝑸𝒔𝒖𝒎𝒊𝒅𝒐𝒖𝒓𝒐
Célula ∑ 𝑸𝒇𝒐𝒏𝒕𝒆 ∑ 𝑸𝒔𝒖𝒎𝒊𝒅. ∆𝑽 𝑷 𝑹𝒆𝒔𝒊𝒅𝒖𝒂𝒍
𝑻𝑳𝑺 𝑻𝑳𝑺 𝑷𝑫𝑻 𝑷𝑳

I 50.9 49.7 6.5 0.9 50.9 57.1 9.8 0.0 -16.0

II 53.5 50.9 6.5 0.9 53.5 58.3 28.2 62.9 29.9

III 33.5 53.5 6.5 0.9 33.5 60.9 -2.1 0.0 -25.3

IV 0.0 33.5 6.5 0.1 0.0 40.1 3.9 0.0 -44.0

Samuel C. Chissumba 56
Balanço sedimentar. Um contributo para a percepção do problema de erosão na costa da Cidade de Maputo 2017

c) Hipótese 3

Os resultados deste estudo foram ainda associados com as taxas de transporte eólico
obtidas por Carimo (2016). Tal associação é apresentada nas figuras 4-17 e 4-18 e logo
a seguir nas tabelas 4-15 e 4-16 onde se faz a estimativa do valor residual nas células
através das magnitudes esquematizadas nas figuras.

Figura 4-17: Magnitudes das componentes do balanço sedimentar, 1979 – 2012

Figura 4-18: Magnitudes das componentes do balanço sedimentar, 2013 – 2016

Samuel C. Chissumba 57
Balanço sedimentar. Um contributo para a percepção do problema de erosão na costa da Cidade de Maputo 2017

Tabela 4-15: Aplicação da equação do balanço sedimentar, 1979 – 2012

Magnitudes das componentes do balanço sedimentar em m 3/ano/m, 1979 - 2012


𝑸𝒇𝒐𝒏𝒕𝒆 𝑸𝒔𝒖𝒎𝒊𝒅𝒐𝒖𝒓𝒐
Célula ∑ 𝑸𝒇𝒐𝒏𝒕𝒆 ∑ 𝑸𝒔𝒖𝒎𝒊𝒅. ∆𝑽 𝑹𝒆𝒔𝒊𝒅𝒖𝒂𝒍
𝑻𝑳𝑺 𝑻𝑳𝑺 𝑷𝑫𝑻 𝑷𝑳

I 3.9 5.9 6.2 0.7 3.9 12.8 -2.1 -6.8

II 3.6 3.9 6.1 0.7 3.6 10.7 -3.1 -4.0

III 2.5 3.6 6.2 0.7 2.5 10.5 -1.3 -6.7

IV 0.0 2.5 6.2 0.7 0.0 9.4 1.3 -10.7

Tabela 4-16: Aplicação da equação do balanço sedimentar, 2013 – 2016

Magnitudes das componentes do balanço sedimentar em m 3/ano/m, 2013 - 2016


𝑸𝒇𝒐𝒏𝒕𝒆 𝑸𝒔𝒖𝒎𝒊𝒅𝒐𝒖𝒓𝒐
Célula ∑ 𝑸𝒇𝒐𝒏𝒕𝒆 ∑ 𝑸𝒔𝒖𝒎𝒊𝒅. ∆𝑽 𝑷 𝑹𝒆𝒔𝒊𝒅𝒖𝒂𝒍
𝑻𝑳𝑺 𝑻𝑳𝑺 𝑷𝑫𝑻 𝑷𝑳

I 3.9 5.9 6.5 0.9 3.9 13.3 9.8 0.0 -19.2

II 3.6 3.9 6.5 0.9 3.6 11.3 28.2 62.9 27.0

III 2.5 3.6 6.5 0.9 2.5 11.0 -2.1 0.0 -6.4

IV 0.0 2.5 6.5 0.1 0.0 9.1 3.9 0.0 -13.0

A tabela 4-17 é uma síntese dos resultados acima apresentados. Apresentando apenas
o valor residual nas células em m3/ano/m em cada uma das hipóteses consideradas.

Tabela 4-17: Valor residual em cada célula de balanço sedimentar

Residual em função das hipóteses consideradas [m 3/ano/m]

Célula 1 2 3

A D A D A D

I -10.3 -22.7 -3.6 -16.0 -6.8 -19.2

II -9.2 +21.8 -1.1 +29.9 -4.0 +27.0

III -11.1 -10.8 -25.6 -25.3 -6.7 -6.4

IV -13.7 -16.0 -41.7 -44.0 -10.7 -13.0

Samuel C. Chissumba 58
Balanço sedimentar. Um contributo para a percepção do problema de erosão na costa da Cidade de Maputo 2017

Onde:

A − Período de 1979 – 2012


D − Período de 2013 - 2016

Samuel C. Chissumba 59
Balanço sedimentar. Um contributo para a percepção do problema de erosão na costa da Cidade de Maputo 2017

5. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

O presente capítulo faz a discussão dos resultados obtidos sobre a análise da evolução
da linha de costa, transporte eólico e balanço sedimentar na praia da Costa do Sol. Tais
resultados foram apresentados nas secções anteriores. Essa discussão consiste
sobretudo na análise crítica dos resultados obtidos, comparando-os com outros
resultados de estudos e projectos relacionados com a dinâmica sedimentar em
ambientes costeiros.

Discussão

Analisando a figura 4-5 que dá a indicação da variação da linha de costa (em metro) em
função do comprimento da mesma para o período de 1969 - 2017, verifica-se uma
sedimentação em cerca de 25 m nos últimos 2 km da costa. Por outro lado, Analisando
as imagens históricas do Google Earth, no mesmo troço de cerca de 2 km, ou seja, no
troço que vai desde o clube naval até as proximidades do primeiro esporão (cerca de 2
km em direcção ao Hotel Southern Sun), verifica-se uma estabilidade da linha de costa.
Esta diferença pode estar relacionada ao facto de as fotografias aéreas serem
centralmente projectadas, isto é, o centro é o único ponto que apresenta coordenadas
reais. Por essa razão é praticamente impossível a obtenção de um ajuste perfeito nas
linhas de costa.

Esta constatação pode ainda estar relacionada com a existência de lacunas nas
fotografias aéreas obtidas do CENACARTA, uma vez que esta instituição fornece um
conjunto de fotografias em que, cada uma delas, separada, representa determinada
parte da costa e, portanto, para se conseguir uma representação de todo o comprimento
da costa da Cidade de Maputo foi necessário fazer a sobreposição dessas fotografias. A
necessidade de juncão de várias fotografias aéreas para a visualização parcial ou
completa da linha de costa dificulta ainda mais o ajuste perfeito das várias linhas de
costa.

Entre os anos de 2012 e 2013, a Praia da Costa do Sol sofreu uma intervenção que
consistiu na construção de um sistema de 7 (sete) esporões e alimentação artificial em
troço considerável da costa. Analisando as figuras 4-3, 4-4 e 4-5, referentes a variação
da posição da linha costa para os períodos de 1969 – 2010, 2010 – 2017 e 1969 – 2017,
Samuel C. Chissumba 60
Balanço sedimentar. Um contributo para a percepção do problema de erosão na costa da Cidade de Maputo 2017

nota-se facilmente que após uma considerável erosão entre os anos de 1969 – 2010 foi
registado um período de sedimentação entre os anos de 2010 – 2017 em quase todo o
comprimento da costa. Esta sedimentação é o resultado da construção desse sistema
de esporões e da alimentação artificial em cerca de 3 km da costa.

Como dados de saída, o DSAS apresenta tabelas que caracterizam a evolução da linha
de costa fornecendo pontos espaciais de intercepção das linhas de costa com os
transeptos e respectivas taxas de evolução temporal da linha de costa (tabelas A1-1 e
A1-2 do anexo 1). Foram obtidas taxas de evolução temporal da linha de costa segundo
os métodos de EPR e LRR. As taxas de evolução temporal apresentadas no presente
estudo, foram as obtidas segundo o método de LRR, pelo facto de o método de EPR
usar apenas dois pontos do transepto para determinar a taxa de evolução da linha de
costa.

No presente estudo assumiu-se que a taxa de transporte eólico de sedimentos depende


da velocidade do vento, do tamanho dos grãos e do estado em que se encontra o
sedimento (seco ou húmido). Considerando todas as direcções de transporte potencial
na praia da Costa do Sol, as taxas de transporte eólico obtidas, para a área em estudo,
estão na ordem de 0 - 5.0 m3/m por ano. Estas taxas são relativamente baixas quando
comparadas com algumas taxas obtidas noutros estudos, que chegam a atingir os 20
m3/m por ano, numa determinada direcção de transporte. Por exemplo, Hsu (1994) citado
em USACE (2002b) apresenta taxas de transporte eólico que estão na ordem de 0 – 18.0
m3/m, para a praia de Westhampton em Nova Iorque. Essa diferença na gama de valores
entre as taxas de transporte eólico nas duas praias acima referidas pode estar
relacionada com o tamanho dos grãos dos sedimentos e sua respectiva composição,
uma vez que o presente estudo carece de uma análise mais profunda do tamanho dos
grãos. A humidade dos sedimentos também influencia no transporte eólico, neste âmbito,
a realização de uma análise detalhada da humidade dos sedimentos poderia conduzir a
resultados diferentes daqueles que foram obtidos.

Quanto a velocidade do vento, apenas foi possível a obtenção de dados segundo uma
grade de 0.75º x 0.75o (aproximadamente 83.30 x 83.30 km) respectivamente de latitude
e longitude. A não disponibilidade de dados em grades mais reduzidas, como por
exemplo a de 0.125º x 0.125o (aproximadamente 13.90 x 13.90 km), também pode estar
por detrás das características dos resultados apresentados.

Samuel C. Chissumba 61
Balanço sedimentar. Um contributo para a percepção do problema de erosão na costa da Cidade de Maputo 2017

Neste estudo assumiu-se que a taxa de transporte eólico depende ainda da quantidade
de sedimento a ser transportado. A tabela 4-3 apresenta larguras de equilíbrio e a tabela
A3-2, do anexo 3, apresenta as larguras médias da berma da praia. Comparando essas
duas tabelas verifica-se que na maior parte dos casos, ou seja, em quase todas as
direcções estão criadas as condições para que se atinja a saturação no transporte eólico
de sedimentos. Considerando que o volume de sedimentos aumenta com a largura da
berma pode se dizer que na praia da Costa do Sol existe quantidade suficiente de
sedimentos a ser transportado.

A largura de equilíbrio na praia da Costa do Sol varia entre 21 - 48 m. Estes valores são
relativamente altos quando comparados por exemplo com a gama de valores da largura
de equilíbrio obtida por Hotta (1984) citado por Larson et al. (2016) que é de 5 – 10 m.
Em contrapartida a gama de valores de largura de equilíbrio da praia da Costa do Sol
assemelha-se à aquela que foi apresentada por Davidson-Arnott e Law (1990) também
citados em Larson et al. (2016). Estes autores indicaram que pode ser necessário
percorrer 20 - 30 m (ou mais) para que se atinja o equilíbrio no transporte eólico. Essa
diferença que se verifica na gama de valores de largura de equilibrio pode ser explicada
pelo facto de a largura de equilibrio depender das condições locais, tais como o tamanho
dos grãos, velocidade do vento, ou mesmo se os sedimentos se encontram secos ou
húmidos, como mencionado também em Larson et al. (2016).

Na praia da Costa do Sol, o transporte sedimentar dá-se com maior frequência e em


maiores magnitudes (atingindo cerca de 3.20 m 3/ano/m) nas direcções Norte e Nor-
noroeste (tabela 4-2, e figura 4-6 e figura 4-7). A berma da célula II (trecho com cerca de
3 km que beneficiou de alimentação artificial), antes da alimentação, tinha larguras de
30 e 25 m respectivamente nas direcções Norte e Nor-noroeste e após a alimentação
esta berma passou a ter larguras de 150 e 100 m nas direcções Norte e Nor-noroeste,
respectivamente (tabela 4-3 e tabela A3-2). Este aumento da largura de berma,
associado ao regime de ventos, à ausência de dunas e ao tamanho dos grãos dos
sedimentos usados para a alimentação da praia pode justificar o volume de sedimentos
que se têm depositado ao longo da Avenida da Marginal sempre que uma tempestade
actua naquele trecho da costa. Visto que com o aumento da largura de berma foram
criadas condições para a existência da saturação no transporte eólico sempre que o
vento atingir velocidades da ordem dos 5.66 m/s e/ou 9.20 m/s conforme os índices de
precipitação e evaporação.

Samuel C. Chissumba 62
Balanço sedimentar. Um contributo para a percepção do problema de erosão na costa da Cidade de Maputo 2017

A dinâmica sedimentar na praia da Costa do Sol foi ainda caracterizada através da


realização de um balanço sedimentar. O balanço sedimentar foi realizado para os
períodos de 1979 – 2012 e 2013 – 2016, antes e depois da alimentação artificial e da
construção do sistema de esporões, e para cada uma das hipóteses citadas em 4.3.4,
que relacionam as taxas de transporte eólico e variação líquida do volume de praia do
presente estudo com as taxas de transporte longitudinal de outros estudos, a quando da
apresentação dos resultados do balanço sedimentar. Destaca-se a hipótese 2, que
associa os resultados do estudo com a taxa de transporte longitudinal obtida em
Björnberg e Wahlström (2012), pelo facto de estas autoras terem apresentado taxas de
transporte longitudinal para praticamente toda a área em estudo, o que não acontece no
estudo de Carimo (2016). Em termos de valor residual destaca-se a hipótese que associa
os resultados do estudo com a taxa de transporte longitudinal obtida em Carimo (2016)
(hipótese 3), que apresenta as menores taxas de valor residual para os dois períodos
em análise.

O SBAS e a própria equação do balanço sedimentar apenas permitem a


representação/uso de taxas de sedimentos de uma célula para a outra e/ou do interior
da célula para fora dela e vice-versa. Por outro lado, os estudos usados como fontes
para obtenção de taxas longitudinais apenas apresentam valores líquidos das taxas de
transporte de sedimentos. Este cenário obrigou a realização de uma prévia estimativa
de trocas longitudinais de sedimentos entre as células de balanço sedimentar e limitou o
número de fluxos longitudinais nas células fazendo com que cada célula tivesse apenas
uma entrada e uma saída de sedimentos. Esta limitação pode ter influenciado nos
resultados obtidos, uma vez que quanto maior for o valor líquido de transporte
longitudinal na célula, maiores serão as trocas de sedimentos a considerar para a
obtenção desse valor líquido.

Samuel C. Chissumba 63
Balanço sedimentar. Um contributo para a percepção do problema de erosão na costa da Cidade de Maputo 2017

6. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

Conforme o título, este capítulo encontra-se dividido em duas partes. Primeiro são
apresentadas as conclusões onde se faz uma discussão final do presente estudo e logo
a seguir são apresentadas as recomendações onde se encontram algumas proposições
que podem ser implementadas futuramente no âmbito da realização de estudos e
projectos relacionados com o transporte de sedimentos e balanço de sedimentar na
costa da Cidade de Maputo.

6.1 CONCLUSÕES

O presente estudo tinha como objectivo trazer mais uma contribuição para a melhor
percepção do problema de erosão que afecta a costa da Cidade de Maputo por meio de
um balanço sedimentar. A partir de fotografias aéreas, imagens de satélite, dados de
vento associados aos dados de precipitação e evaporação foram determinadas taxas de
transporte eólico e de variação do volume de praia na costa da Cidade de Maputo tendo
em conta dois períodos. Os resultados obtidos foram associados com as taxas de
transporte longitudinal de sedimentos obtidas em outros estudos e usados para a
realização do balanço sedimentar.

Os resultados obtidos da análise da evolução temporal da linha de costa mostraram que:

A praia da Costa do Sol apresentou uma variação morfológica que foi dominada
por fenómenos de sedimentação e erosão na costa. No entanto, a evolução da
linha de costa não se distribuiu de forma uniforme no tempo e no espaço;
No período de 1979 - 2000 foram verificados elevados níveis de erosão, sendo
que em alguns pontos a recessão atingiu cerca de 120 m;
A taxa média de recuo da linha de costa nas células de balanço sedimentar, para
o período de 1969 - 2017, estimada através do método da taxa de regressão linear
(LRR), varia entre 0.30 a 0.50 m/ano e a taxa média de recuo da linha de costa
em todo o comprimento da costa é de 0.41 m/ano.

Samuel C. Chissumba 64
Balanço sedimentar. Um contributo para a percepção do problema de erosão na costa da Cidade de Maputo 2017

Os resultados obtidos da aplicação dos dados de vento, das características dos


sedimentos e da consideração das condições húmidas ou secas dos sedimentos para a
análise do transporte eólico na praia na Costa do Sol mostraram que:

O transporte potencial de sedimentos dá-se para as direcções Noroeste, Nor-


noroeste, Norte, Nor-nordeste, Su-sudoeste, Sul e Su-sudeste, com maior
frequência para as direcções Nor-noroeste e Norte;
O vento, associado à rebentação das ondas que por sua vez provoca a deriva
litoral, são fenómenos que fazem com que o transporte sedimentar na costa da
Cidade de Maputo se dê na direcção Sul – Norte. Tendo em conta que já foi
referido em estudos anteriores que a deriva litoral em Maputo tem a direcção Sul
– Norte;
Para a praia da Costa do Sol, o vento precisa percorrer 21 – 48 m para que se
atinja a saturação na taxa de transporte eólico.

No âmbito da realização do balanço sedimentar na praia da Costa do Sol chegou-se a


conclusão de que:

No período de 1979 - 2012 verificaram-se perdas de sedimentos em todas as


células, isto é, toda a praia registou um défice de sedimentos;
No período de 2013 – 2016 o cenário de défice de sedimentos nas células
manteve-se, excepto na célula II onde foram obtidos valores residuais positivos,
ou seja, ganhos de sedimento, em todas as hipóteses analisadas visto que esse
trecho da costa beneficiou da construção de um sistema de esporões e da
alimentação artificial nos anos de 2012 e 2013;

Samuel C. Chissumba 65
Balanço sedimentar. Um contributo para a percepção do problema de erosão na costa da Cidade de Maputo 2017

6.2 RECOMENDAÇÕES

Ao Norte da Baía de Maputo e da costa da Cidade de Maputo aflui o rio Incomáti e na


parte Ocidental da Baía (Sul da costa da Cidade de Maputo) afluem os rios Infulene,
Matola, Tembe e Umbeluzi através do estuário de Espírito Santo. Esses rios podem ser
uma importante fonte de sedimentos para a costa de Maputo e consequentemente para
o balanço sedimentar. Entretanto, no presente estudo não foram considerados os
volumes de sedimentos descarregados na costa pelos rios devido à carência de
informações referentes ao transporte fluvial de sedimentos. Portanto, recomenda-se que
sejam feitas estimativas da contribuição dos rios para a costa de Maputo por forma a
facilitar a percepção da relação entre os principais rios e os sistemas costeiros
adjacentes, em termos de contribuição de sedimentos;

Recomenda-se a realização de pesquisas que permitam conhecer melhor o teor em água


das camadas mais superficiais, em caso de humidade, por forma a garantir a aplicação,
em estudos de transporte eólico, de valores mais representativos da área em estudo.

Ao longo dos últimos 40 anos, quase toda a costa da Cidade de Maputo passou por um
processo contínuo de destruição de dunas. Tal destruição resultou da acção de
fenómenos naturais e, sobretudo, de acções antropogénicas. A ausência de dunas é
apontada como uma das principais causas da erosão eólica na praia da Costa do Sol,
sobretudo no trecho que beneficiou de alimentação artificial entre os anos de 2012 e
2013. A partir desta constatação recomenda-se que os futuros projectos que envolvam
a alimentação artificial a serem elaborados e implementados na praia da Costa do Sol
tenham em conta também a construção e respectiva vegetação de dunas e reabilitação
de dunas degradadas;

Recomenda-se ainda a injecção periódica de sedimentos, por forma a minimizar o


problema do recuo da linha.de costa e reduzir o défice que se verifica no balanço
sedimentar. Neste âmbito, podem ser reaproveitados aqueles sedimentos depositados
ao longo da Avenida da Marginal na ocorrência de uma tempestade, visto que, após a
ocorrência da tempestade, grandes quantidades de sedimento depositadas ao longo da
estrada não são devolvidas para a praia sendo perdidas para o domínio terrestre.

Samuel C. Chissumba 66
Balanço sedimentar. Um contributo para a percepção do problema de erosão na costa da Cidade de Maputo 2017

BIBLIOGRAFIA

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Samuel C. Chissumba 71
ANEXOS
ANEXO 1 − Resultados do DSAS
ANEXO 2 − Transporte eólico potencial
ANEXO 3 − Evolução espacial do transporte eólico
ANEXO 4 − Características dos dados de vento
ANEXO 5 − Resultados do SBAS
ANEXO 6 − Área em estudo
Balanço Sedimentar. Um contributo para a percepção do problema de erosão na costa da Cidade de Maputo 2017

ANEXO 1. RESULTADOS DO DSAS


Tabela A1-1: Distância desde a linha de referência até ao ponto de intersecção entre a linha de costa e o
transepto

Comprimento Evolução temporal da linha de costa [m]


Transepto
[km] 1969 1979 2000 2010 2017
43 0 472.26 538.26 416.28 526.47 445.09
44 0.05 489.26 521.71 418.25 507.59 450.62
45 0.10 482.15 508.81 446.30 490.86 459.87
46 0.15 473.67 506.92 449.17 511.69 477.86
47 0.20 478.54 500.38 445.55 506.18 522.84
48 0.25 478.29 495.85 441.92 479.33 525.94
49 0.30 478.04 506.48 438.30 492.45 556.39
50 0.35 475.91 509.24 434.67 483.36 524.19
51 0.40 472.24 509.61 430.68 481.82 498.64
52 0.45 468.99 499.96 426.51 461.73 493.23
53 0.50 466.65 491.85 422.34 452.64 487.81
54 0.55 464.48 486.35 418.16 445.08 482.39
55 0.60 460.67 480.34 413.99 437.52 480.26
56 0.65 484.56 473.84 405.06 465.30 498.86
57 0.70 467.44 469.00 395.52 497.84 485.64
58 0.75 461.12 463.93 385.98 465.86 469.36
59 0.80 448.30 458.21 376.44 440.37 455.62
60 0.85 446.22 453.12 377.54 414.88 441.89
61 0.90 430.41 438.65 380.12 395.49 428.99
62 0.95 422.79 414.51 382.70 394.29 417.13
63 1.00 417.96 497.69 385.29 393.09 414.74
64 1.05 432.75 470.86 414.76 391.89 426.00
65 1.10 471.64 424.15 422.61 393.08 436.53
66 1.15 349.97 345.21 428.74 429.32 447.06
67 1.20 346.40 509.65 434.64 434.83 448.82

Samuel C. Chissumba A1.1


Balanço Sedimentar. Um contributo para a percepção do problema de erosão na costa da Cidade de Maputo 2017

Comprimento Evolução temporal da linha de costa [m]


Transepto
[km] 1969 1979 2000 2010 2017
68 1.25 539.17 493.42 440.25 438.88 448.98
69 1.30 522.95 481.33 438.34 442.85 449.14
70 1.35 513.09 467.52 430.98 443.62 457.64
71 1.40 509.47 459.47 431.21 444.61 494.79
72 1.45 500.97 453.30 443.31 447.32 490.55
73 1.50 487.34 450.27 457.37 450.19 486.31
74 1.55 480.73 450.60 457.67 454.45 516.95
75 1.60 479.64 450.94 456.25 458.81 511.74
76 1.65 479.62 449.01 454.84 462.68 505.93
77 1.70 473.52 447.10 453.42 477.74 499.95
78 1.75 469.21 450.18 452.01 480.13 493.97
79 1.80 466.16 453.14 450.41 479.34 487.99
80 1.85 465.14 455.61 448.76 483.08 482.01
81 1.90 465.57 458.07 447.10 475.31 476.03
82 1.95 466.00 458.21 445.45 468.31 470.05
83 2.00 466.43 456.17 444.34 463.16 468.13
84 2.05 466.86 454.13 443.61 460.72 468.96
85 2.10 467.29 453.37 442.88 458.28 469.78
86 2.15 467.72 452.62 442.14 455.96 468.49
87 2.20 466.08 451.87 441.41 453.95 462.56
88 2.25 464.43 451.13 440.68 451.94 456.63
89 2.30 462.78 449.44 439.95 449.94 450.87
90 2.35 455.51 447.67 439.22 448.68 445.66
91 2.40 449.92 446.29 438.57 447.52 440.46
92 2.45 456.84 446.71 437.91 446.37 435.98
93 2.50 462.19 447.21 437.26 442.68 438.63
94 2.55 459.49 447.96 436.67 438.93 445.10
95 2.60 459.30 448.34 436.40 436.64 516.13

Samuel C. Chissumba A1.2


Balanço Sedimentar. Um contributo para a percepção do problema de erosão na costa da Cidade de Maputo 2017

Comprimento Evolução temporal da linha de costa [m]


Transepto
[km] 1969 1979 2000 2010 2017
96 2.65 459.14 448.76 434.58 435.23 504.20
97 2.70 458.59 454.35 425.86 433.81 497.03
98 2.75 460.53 456.64 426.83 434.13 491.09
99 2.80 470.35 458.52 428.09 435.52 488.36
100 2.85 473.74 461.39 430.29 440.08 485.62
101 2.90 470.64 462.18 432.11 443.61 483.93
102 2.95 468.38 460.62 432.33 443.19 482.19
103 3.00 465.93 454.90 434.62 442.38 479.18
104 3.05 454.20 450.42 433.26 441.57 476.18
105 3.10 449.73 450.45 431.43 440.77 476.51
106 3.15 445.63 450.91 426.21 438.25 479.35
107 3.20 447.73 450.13 421.56 434.28 502.11
108 3.25 443.48 448.45 417.42 430.30 516.55
109 3.30 439.10 446.76 413.28 426.33 496.73
110 3.35 432.58 443.10 410.51 421.78 484.11
111 3.40 428.41 439.05 408.07 416.63 473.84
112 3.45 423.82 435.97 405.64 411.49 467.90
113 3.50 421.71 436.13 404.64 413.57 461.97
114 3.55 420.85 444.00 406.64 418.96 459.52
115 3.60 426.37 443.89 408.63 414.99 460.57
116 3.65 427.32 444.25 410.37 422.39 464.25
117 3.70 427.81 445.48 411.67 428.14 470.96
118 3.75 431.90 447.83 412.97 431.98 493.03
119 3.80 438.98 450.53 414.11 428.36 475.08
120 3.85 446.48 453.48 414.89 424.73 462.98
121 3.90 449.36 456.68 415.67 423.04 458.83
122 3.95 447.14 461.89 416.45 422.00 458.40
123 4.00 444.82 462.10 417.24 420.96 457.98

Samuel C. Chissumba A1.3


Balanço Sedimentar. Um contributo para a percepção do problema de erosão na costa da Cidade de Maputo 2017

Comprimento Evolução temporal da linha de costa [m]


Transepto
[km] 1969 1979 2000 2010 2017
124 4.05 443.58 459.02 416.23 419.93 450.49
125 4.10 442.34 452.87 414.86 408.25 444.30
126 4.15 441.15 449.42 413.79 413.40 450.45
127 4.20 440.66 448.38 422.63 413.78 495.27
128 4.25 440.17 458.24 431.48 416.03 476.29
129 4.30 440.74 457.47 432.85 423.68 463.75
130 4.35 442.92 462.84 430.00 431.34 456.04
131 4.40 457.79 469.32 429.68 429.89 457.01
132 4.45 461.25 470.64 430.57 427.96 457.97
133 4.50 457.28 468.42 431.47 426.03 460.92
134 4.55 460.03 469.96 433.70 425.66 465.28
135 4.60 455.89 474.29 436.61 427.06 469.64
136 4.65 453.12 475.44 439.51 428.46 480.08
137 4.70 454.42 476.08 442.29 429.87 520.87
138 4.75 458.98 476.82 441.68 431.27 506.46
139 4.80 458.35 480.57 441.07 432.65 490.81
140 4.85 456.74 484.32 440.46 433.71 482.66
141 4.90 471.53 490.12 441.05 435.37 475.42
142 4.95 477.62 491.10 443.96 437.69 481.70
143 5.00 477.82 488.47 446.43 439.69 486.87
144 5.05 478.31 491.94 449.12 450.09 495.16
145 5.10 480.11 497.53 451.92 462.00 508.09
146 5.15 484.49 496.51 454.72 463.07 522.05
147 5.20 485.90 495.49 457.52 461.02 540.30
148 5.25 486.83 494.46 456.09 458.97 523.93
149 5.30 484.20 493.44 454.29 456.93 517.71
150 5.35 490.15 492.41 452.49 454.88 513.94
151 5.40 488.23 491.30 450.89 452.83 513.33

Samuel C. Chissumba A1.4


Balanço Sedimentar. Um contributo para a percepção do problema de erosão na costa da Cidade de Maputo 2017

Comprimento Evolução temporal da linha de costa [m]


Transepto
[km] 1969 1979 2000 2010 2017
152 5.45 484.08 490.14 450.73 450.78 515.27
153 5.50 487.62 489.99 450.56 452.59 518.16
154 5.55 488.01 492.79 450.40 454.91 523.25
155 5.60 489.77 498.84 450.24 457.23 534.48
156 5.65 492.58 502.52 450.16 459.56 560.03
157 5.70 492.79 505.04 450.34 461.45 457.51
158 5.75 492.99 512.52 476.48 462.13 454.71
159 5.80 496.32 510.82 476.27 492.51 473.18
160 5.85 496.02 506.89 501.33 485.94 475.29
161 5.90 499.00 507.70 491.07 514.64 515.02
162 5.95 508.50 537.90 480.82 492.26 491.31
163 6.00 506.06 519.08 476.04 485.22 487.33
164 6.05 501.66 514.83 473.09 480.05 483.36
165 6.10 500.44 510.53 469.72 475.13 479.39
166 6.15 499.24 506.09 464.65 471.47 475.41
167 6.20 496.92 501.66 459.59 467.82 471.44
168 6.25 497.24 496.79 454.52 464.17 467.47
169 6.30 489.86 491.01 449.45 460.51 463.85
170 6.35 487.17 485.24 444.29 458.06 460.38
171 6.40 481.67 479.46 438.60 456.02 456.92
172 6.45 476.89 474.62 432.91 453.98 457.10
173 6.50 474.67 470.14 436.20 451.95 459.40
174 6.55 474.80 465.74 439.70 455.06 461.67
175 6.60 471.82 463.68 439.34 456.91 464.55
176 6.65 470.11 460.78 449.11 482.63 468.93
177 6.70 468.41 459.48 458.89 505.39 474.02
178 6.75 474.99 465.04 470.05 509.57 480.12
179 6.80 486.11 471.36 470.07 513.75 486.23

Samuel C. Chissumba A1.5


Balanço Sedimentar. Um contributo para a percepção do problema de erosão na costa da Cidade de Maputo 2017

Comprimento Evolução temporal da linha de costa [m]


Transepto
[km] 1969 1979 2000 2010 2017
180 6.85 498.31 511.28 460.04 481.02 471.30
181 6.90 482.66 492.99 451.54 466.94 456.63
182 6.95 471.15 479.40 443.45 455.32 445.82
183 7.00 462.15 467.95 435.79 446.80 439.52
184 7.05 457.12 460.26 434.64 441.65 439.92
185 7.10 452.93 455.07 433.49 440.42 440.33
186 7.15 450.06 452.46 434.28 443.14 442.77
187 7.20 451.55 453.09 446.80 446.47 447.59
188 7.25 454.63 455.50 472.68 449.60 459.21
189 7.30 463.56 466.94 461.62 476.63 474.55
192 7.35 466.70 468.12 455.23 453.85 460.74
193 7.40 446.65 453.82 441.77 445.92 445.51
194 7.45 433.57 448.00 433.23 435.45 434.06
195 7.50 424.63 443.25 424.70 426.86 425.62
196 7.55 418.36 437.08 423.23 420.75 420.77
197 7.60 416.86 430.79 422.53 417.21 421.31
198 7.65 412.96 427.00 436.01 426.19 425.81
199 7.70 422.05 427.08 472.77 527.90 491.47
200 7.75 456.24 458.84 456.56 482.91 465.54
201 7.80 439.18 451.42 447.10 450.42 449.28
202 7.85 426.23 444.00 440.62 442.24 439.53
203 7.90 419.14 437.13 436.03 437.89 434.44
204 7.95 413.86 434.48 437.74 439.89 430.98
205 8.00 415.55 429.56 439.33 441.90 431.32
206 8.05 418.65 423.13 440.33 444.22 434.37
207 8.10 423.48 423.15 441.33 447.04 439.21
208 8.15 430.15 425.65 441.49 449.85 444.04
209 8.20 432.43 430.05 438.97 452.67 448.88

Samuel C. Chissumba A1.6


Balanço Sedimentar. Um contributo para a percepção do problema de erosão na costa da Cidade de Maputo 2017

Comprimento Evolução temporal da linha de costa [m]


Transepto
[km] 1969 1979 2000 2010 2017
210 8.25 433.56 434.77 449.33 452.97 458.25
211 8.30 435.30 442.24 461.94 456.97 471.83
212 8.35 438.89 466.01 464.96 465.34 475.32
213 8.40 442.48 467.34 466.74 465.19 477.52
214 8.45 446.08 467.60 468.52 467.17 479.73
215 8.50 449.18 466.91 470.27 468.92 481.94
216 8.55 451.03 467.81 470.93 470.53 484.14
217 8.60 452.46 468.94 471.58 472.14 486.35
218 8.65 454.02 470.25 472.24 471.94 488.56
219 8.70 455.91 472.34 472.02 471.19 490.76
220 8.75 462.03 476.55 470.93 470.00 490.17
221 8.80 464.80 472.97 469.85 468.33 489.17
222 8.85 460.09 467.28 468.76 466.65 488.17
223 8.90 456.91 468.90 467.67 471.85 485.39
224 8.95 454.69 469.49 466.58 462.83 482.22
225 9.00 449.04 462.04 465.50 461.55 479.05
226 9.05 447.84 461.66 464.41 460.26 476.64
227 9.10 446.65 460.35 463.32 458.97 474.29
228 9.15 450.35 463.01 462.23 458.80 471.94
229 9.20 449.87 463.15 461.15 458.63 476.31
230 9.25 449.38 462.44 477.45 476.17 481.32
231 9.30 463.94 474.32 480.29 478.73 481.82
232 9.35 468.42 477.14 483.14 481.29 482.00
233 9.40 472.89 480.70 485.98 483.85 482.18
234 9.45 477.37 483.82 488.83 486.41 484.33
237 9.50 476.93 483.75 487.91 485.33 485.99
238 9.55 472.82 477.72 481.45 477.56 482.20
239 9.60 473.11 473.88 476.49 472.26 478.40

Samuel C. Chissumba A1.7


Balanço Sedimentar. Um contributo para a percepção do problema de erosão na costa da Cidade de Maputo 2017

Comprimento Evolução temporal da linha de costa [m]


Transepto
[km] 1969 1979 2000 2010 2017
240 9.65 477.47 489.05 483.55 486.51 489.95

Samuel C. Chissumba A1.8


Balanço Sedimentar. Um contributo para a percepção do problema de erosão na costa da Cidade de Maputo 2017

Tabela A1-2: Evolução da linha de costa segundo os vários métodos do DSAS

Transepto EPR [m/ano] SCE [m] NSM [m] LRR [m/ano]


43 -0.57 121.98 -27.17 -0.69
44 -0.82 103.46 -38.64 -0.88
45 -0.47 62.51 -22.28 -0.59
46 0.09 62.52 4.19 0.00
47 0.94 77.29 44.30 0.51
48 1.01 84.02 47.65 0.34
49 1.66 118.09 78.35 0.75
50 1.02 89.52 48.28 0.24
51 0.56 78.93 26.40 -0.07
52 0.51 73.45 24.24 -0.19
53 0.45 69.51 21.16 -0.24
54 0.38 68.19 17.91 -0.31
55 0.41 66.35 19.59 -0.30
56 0.30 93.80 14.30 -0.14
57 0.38 102.32 18.20 0.27
58 0.17 83.38 8.24 -0.12
59 0.15 81.77 7.32 -0.30
60 -0.09 75.58 -4.33 -0.63
61 -0.03 58.53 -1.42 -0.58
62 -0.12 40.09 -5.66 -0.38
63 -0.07 112.40 -3.22 -1.16
64 -0.14 78.97 -6.75 -0.90
65 -0.74 78.56 -35.11 -0.87
66 2.05 101.85 97.09 2.30
67 2.16 163.25 102.42 0.83
68 -1.91 100.29 -90.19 -1.97
69 -1.56 84.61 -73.81 -1.56
70 -1.17 82.11 -55.45 -1.18

Samuel C. Chissumba A1.9


Balanço Sedimentar. Um contributo para a percepção do problema de erosão na costa da Cidade de Maputo 2017

Transepto EPR [m/ano] SCE [m] NSM [m] LRR [m/ano]


71 -0.31 78.26 -14.68 -0.55
72 -0.22 57.66 -10.42 -0.34
73 -0.02 37.15 -1.03 -0.09
74 0.77 66.35 36.22 0.45
75 0.68 60.80 32.10 0.44
76 0.56 56.92 26.31 0.41
77 0.56 52.85 26.43 0.58
78 0.52 43.79 24.76 0.56
79 0.46 37.58 21.83 0.48
80 0.36 34.32 16.87 0.43
81 0.22 28.93 10.46 0.24
82 0.09 24.60 4.05 0.09
83 0.04 23.79 1.70 0.02
84 0.04 25.35 2.10 0.02
85 0.05 26.90 2.49 0.01
86 0.02 26.35 0.77 -0.03
87 -0.07 24.67 -3.52 -0.10
88 -0.16 23.75 -7.80 -0.16
89 -0.25 22.83 -11.91 -0.22
90 -0.21 16.29 -9.85 -0.17
91 -0.20 11.35 -9.46 -0.15
92 -0.44 20.86 -20.86 -0.33
93 -0.50 24.93 -23.56 -0.42
94 -0.30 22.82 -14.39 -0.34
95 1.20 79.73 56.83 0.57
96 0.95 69.62 45.06 0.39
97 0.81 71.17 38.44 0.21
98 0.65 64.26 30.56 0.09
99 0.38 60.27 18.01 -0.10

Samuel C. Chissumba A1.10


Balanço Sedimentar. Um contributo para a percepção do problema de erosão na costa da Cidade de Maputo 2017

Transepto EPR [m/ano] SCE [m] NSM [m] LRR [m/ano]


100 0.25 55.33 11.88 -0.17
101 0.28 51.82 13.29 -0.11
102 0.29 49.86 13.81 -0.09
103 0.28 44.56 13.25 -0.03
104 0.46 42.92 21.98 0.14
105 0.57 45.08 26.78 0.20
106 0.71 53.14 33.72 0.26
107 1.15 80.55 54.38 0.48
108 1.54 99.13 73.07 0.70
109 1.22 83.45 57.63 0.48
110 1.09 73.60 51.53 0.40
111 0.96 65.77 45.43 0.32
112 0.93 62.26 44.08 0.29
113 0.85 57.33 40.26 0.25
114 0.82 52.88 38.67 0.21
115 0.72 51.94 34.20 0.11
116 0.78 53.88 36.93 0.22
117 0.91 59.29 43.15 0.34
118 1.29 80.06 61.13 0.58
119 0.76 60.97 36.10 0.18
120 0.35 48.09 16.50 -0.15
121 0.20 43.16 9.47 -0.30
122 0.24 45.44 11.26 -0.33
123 0.28 44.86 13.16 -0.31
124 0.15 42.79 6.91 -0.37
125 0.04 44.62 1.96 -0.48
126 0.20 37.05 9.30 -0.30
127 1.15 81.49 54.61 0.33
128 0.76 60.26 36.12 0.04

Samuel C. Chissumba A1.11


Balanço Sedimentar. Um contributo para a percepção do problema de erosão na costa da Cidade de Maputo 2017

Transepto EPR [m/ano] SCE [m] NSM [m] LRR [m/ano]


129 0.49 40.07 23.01 -0.05
130 0.28 32.84 13.12 -0.17
131 -0.02 39.64 -0.78 -0.47
132 -0.07 42.68 -3.28 -0.54
133 0.08 42.39 3.64 -0.43
134 0.11 44.30 5.25 -0.43
135 0.29 47.23 13.75 -0.33
136 0.57 51.62 26.96 -0.14
137 1.40 91.00 66.45 0.39
138 1.00 75.19 47.48 0.13
139 0.69 58.16 32.46 -0.09
140 0.55 50.61 25.92 -0.20
141 0.08 54.75 3.89 -0.56
142 0.09 53.41 4.08 -0.55
143 0.19 48.78 9.05 -0.44
144 0.36 46.04 16.85 -0.27
145 0.59 56.17 27.98 -0.06
146 0.79 67.33 37.56 0.08
147 1.15 82.78 54.40 0.30
148 0.78 67.84 37.10 0.06
149 0.71 63.42 33.51 0.00
150 0.50 61.45 23.79 -0.16
151 0.53 62.44 25.10 -0.15
152 0.66 64.54 31.19 -0.06
153 0.65 67.60 30.54 -0.06
154 0.74 72.85 35.24 -0.01
155 0.95 84.24 44.71 0.07
156 1.43 109.87 67.45 0.34
157 -0.75 54.70 -35.28 -1.01

Samuel C. Chissumba A1.12


Balanço Sedimentar. Um contributo para a percepção do problema de erosão na costa da Cidade de Maputo 2017

Transepto EPR [m/ano] SCE [m] NSM [m] LRR [m/ano]


158 -0.81 57.81 -38.28 -1.03
159 -0.49 37.64 -23.14 -0.54
160 -0.44 31.60 -20.73 -0.45
161 0.34 23.95 16.02 0.24
162 -0.36 57.08 -17.19 -0.75
163 -0.40 43.04 -18.73 -0.66
164 -0.39 41.74 -18.30 -0.66
165 -0.44 40.81 -21.05 -0.71
166 -0.50 41.44 -23.83 -0.74
167 -0.54 42.07 -25.48 -0.77
168 -0.63 42.72 -29.77 -0.83
169 -0.55 41.56 -26.01 -0.75
170 -0.57 42.88 -26.79 -0.74
171 -0.52 43.07 -24.75 -0.68
172 -0.42 43.98 -19.79 -0.59
173 -0.32 38.47 -15.27 -0.49
174 -0.28 35.10 -13.13 -0.38
175 -0.15 32.48 -7.27 -0.26
176 -0.02 33.52 -1.18 0.12
177 0.12 46.50 5.61 0.47
178 0.11 44.53 5.13 0.47
179 0.00 43.68 0.12 0.35
180 -0.57 51.24 -27.01 -0.76
181 -0.55 41.45 -26.03 -0.69
182 -0.54 35.95 -25.33 -0.65
183 -0.48 32.16 -22.63 -0.58
184 -0.36 25.62 -17.20 -0.47
185 -0.27 21.58 -12.60 -0.36
186 -0.15 18.18 -7.29 -0.23

Samuel C. Chissumba A1.13


Balanço Sedimentar. Um contributo para a percepção do problema de erosão na costa da Cidade de Maputo 2017

Transepto EPR [m/ano] SCE [m] NSM [m] LRR [m/ano]


187 -0.08 6.62 -3.96 -0.13
188 0.10 23.08 4.58 0.06
189 0.23 15.01 10.99 0.22
192 -0.13 14.27 -5.96 -0.25
193 -0.02 12.05 -1.14 -0.11
194 0.01 14.77 0.49 -0.12
195 0.02 18.62 0.99 -0.15
196 0.05 18.72 2.41 -0.12
197 0.09 13.93 4.45 -0.06
198 0.27 23.05 12.85 0.22
199 1.47 105.85 69.42 1.99
200 0.20 26.67 9.30 0.34
201 0.21 12.24 10.10 0.14
202 0.28 17.77 13.30 0.19
203 0.32 18.75 15.30 0.25
204 0.36 26.03 17.12 0.34
205 0.33 26.35 15.77 0.39
206 0.33 25.57 15.72 0.47
207 0.33 23.89 15.73 0.48
208 0.29 24.20 13.89 0.44
209 0.35 22.62 16.45 0.45
210 0.52 24.69 24.69 0.54
211 0.77 36.53 36.53 0.69
212 0.77 36.43 36.43 0.54
213 0.74 35.04 35.04 0.50
214 0.71 33.65 33.65 0.49
215 0.69 32.76 32.76 0.5
216 0.70 33.11 33.11 0.51
217 0.72 33.89 33.89 0.52

Samuel C. Chissumba A1.14


Balanço Sedimentar. Um contributo para a percepção do problema de erosão na costa da Cidade de Maputo 2017

Transepto EPR [m/ano] SCE [m] NSM [m] LRR [m/ano]


218 0.73 34.54 34.54 0.51
219 0.74 34.85 34.85 0.49
220 0.59 28.14 28.14 0.33
221 0.52 24.37 24.37 0.29
222 0.59 28.08 28.08 0.38
223 0.60 28.48 28.48 0.43
224 0.58 27.53 27.53 0.33
225 0.63 30.01 30.01 0.43
226 0.61 28.80 28.80 0.41
227 0.58 27.64 27.64 0.39
228 0.46 21.59 21.59 0.27
229 0.56 26.44 26.44 0.33
230 0.68 31.94 31.94 0.62
231 0.38 17.88 17.88 0.32
232 0.29 14.72 13.58 0.26
233 0.20 13.09 9.29 0.19
234 0.15 11.46 6.96 0.15
237 0.19 10.98 9.06 0.16
238 0.20 9.38 9.38 0.15
239 0.11 6.14 5.29 0.06
240 0.26 12.48 12.48 0.15

Samuel C. Chissumba A1.15


Balanço Sedimentar. Um contributo para a percepção do problema de erosão na costa da Cidade de Maputo 2017

ANEXO 2. TRANSPORTE EÓLICO POTENCIAL

2.1 PROCEDIMENTO DE CÁLCULO DAS TAXAS DE TRANSPORTE EÓLICO

Cenário 1

Primeiro foi calculada a velocidade crítica de arrastamento dos sedimentos através da


equação 2-9, abaixo apresentada.

(𝜌𝑠 − 𝜌𝑎𝑟 )
𝑢∗𝐶 = 𝐴𝑉 √ 𝑔𝑑50
𝜌𝑎𝑟

Onde:

𝐴𝑉 = 0.118
𝑔 = 9.81 𝑚⁄𝑠 2
𝑑50 = 0.30 𝑚𝑚
𝜌𝑎𝑟 = 1.20 𝑘𝑔⁄𝑚3, para uma temperatura média de 23℃ da costa de Maputo
𝜌𝑠 = 2650 𝑘𝑔⁄𝑚3

Assim, a partir da equação 2-9, tem-se:

(2650 − 1.20) × 9.81 × 3 × 10−4


𝑢∗𝐶 = 0.118 × √
1.20

𝑢∗𝐶 = 0.30 𝑚⁄𝑠

Foi determinada a velocidade crítica do vento à uma altura de 10 m através da equação


2-6, abaixo apresentada:

𝑢∗ = 𝐶𝑠 𝑢̅10𝑚

Nas condições críticas, essa equação apresenta-se da seguinte forma:

𝑢∗𝐶
𝑢∗𝐶 = 𝐶𝑠 𝑢̅10𝑚𝐶 ⟺ 𝑢̅10𝑚𝐶 =
𝐶𝑠

Samuel C. Chissumba A2.1


Balanço Sedimentar. Um contributo para a percepção do problema de erosão na costa da Cidade de Maputo 2017

Onde:

𝐶𝑠 = 0.053
𝑢∗𝐶 = 0.30 𝑚⁄𝑠

Assim, a partir da equação 2-6, tem-se:

𝑢̅10𝑚𝐶 = 5.66 𝑚⁄𝑠

Consequentemente, todas aquelas velocidades que excedem 5.66 m/s aos 10 m de


altura são capazes de transportar sedimentos. As velocidades menores que 5.66 m/s
são ignoradas para o estudo do transporte eólico de sedimentos na costa da Cidade de
Maputo.

De seguida, a equação 2-4 foi transformada na equação A2-1 de tal modo que a mesma
esteja em função da velocidade do vento aos 10 m de altura (𝑢10𝑚 ), uma vez que todos
outros parâmetros da equação 2-4 já são conhecidos.

A equação 2-4 é a seguinte:

𝑑50 𝑢∗2
𝑚̇𝑉𝐸 = 𝐾𝑉 √ 𝑟𝑒𝑓 𝜌𝑎𝑟 (𝑢∗ − 𝑢∗𝐶 )
𝑑 𝑔
50

E os valores dos parâmetros que compõem essa equação são:

𝐾𝑉 = 4.2
𝑔 = 9.81 𝑚⁄𝑠 2
𝑑50 = 0.30 𝑚𝑚
𝑟𝑒𝑓
𝑑50 = 0.25 𝑚𝑚
𝜌𝑎𝑟 = 1.20 𝑘𝑔⁄𝑚3, para uma temperatura média de 23oC da costa de Maputo
𝑢∗𝐶 = 0.30 𝑚⁄𝑠
𝑢∗ = 0.053𝑢̅10𝑚

Substituindo esses parâmetros na equação 2-4, tem-se:

Samuel C. Chissumba A2.2


Balanço Sedimentar. Um contributo para a percepção do problema de erosão na costa da Cidade de Maputo 2017

0.30 (0.053𝑢̅10𝑚 )2
𝑚̇𝑉𝐸 = 4.2 × √ × 1.20 × × [(0.053𝑢̅10𝑚 ) − 0.30]
0.25 9.81

De onde nasce a equação A2-1 a seguir apresentada.

2
𝑚̇𝑉𝐸 = (8.38𝑢̅10𝑚 − 47.55) × 10−5 × 𝑢̅10𝑚 (A2-1)

Onde 𝑚̇𝑉𝐸 está em 𝑘𝑔⁄𝑠⁄𝑚 e 𝑢̅10𝑚 em 𝑚⁄𝑠.

E por fim foi aplicada a equação 2-5 para obtenção da taxa de transporte volumétrico de
sedimentos (𝑞𝑉𝐸 ).

A equação 2-5 é a seguinte:

𝑚̇𝑉𝐸
𝑞𝑉𝐸 =
𝜌𝑠 (1 − 𝑛)

Os parâmetros que a compõem têm os seguintes valores:

2
𝑚̇𝑉𝐸 = (8.38𝑢̅10𝑚 − 47.55) × 10−5 × 𝑢̅10𝑚
𝜌𝑠 = 2650 𝑘𝑔⁄𝑚3
𝑛 = 0.40

Aplicando esses parâmetros na equação 2-5 nasce a equação A2-2, a seguir


apresentada.

2
𝑞𝑉𝐸 = (5.27𝑢̅10𝑚 − 29.90) × 10−8 × 𝑢̅10𝑚 (A2-2)

Cenário 2

Neste caso assume-se que o sedimento se encontra húmido e será necessária uma
maior velocidade crítica de arrastamento para que o mesmo seja mobilizado. A
velocidade crítica de arrastamento nestas condições é em função da velocidade crítica
de arrastamento obtida no primeiro cenário e calcula-se através da equação 2-10, a
seguir apresentada.

Samuel C. Chissumba A2.3


Balanço Sedimentar. Um contributo para a percepção do problema de erosão na costa da Cidade de Maputo 2017

𝑢∗𝐶𝑤 = 𝑢∗𝐶 + 0.1875

Onde:

𝑢∗𝐶 = 0.30 𝑚⁄𝑠

Substituindo na equação 2-10, tem-se:

𝑢∗𝐶𝑤 = 0.30 + 0.1875

𝑢∗𝐶𝑤 ≅ 0.49 𝑚⁄𝑠

A correspondente velocidade crítica de arrastamento a 10 m de altura, através da


equação 2-6 é:

𝑢10𝑚𝐶𝑤 = 9.20 𝑚⁄𝑠

Consequentemente, para o cenário 2, todas aquelas velocidades que excedem 9.20 m/s
aos 10 m de altura são capazes de transportar sedimento. As velocidades menores que
9.20 m/s serão ignoradas para o estudo do transporte eólico de sedimentos na costa da
Cidade de Maputo.

Por via disso, a equação 2-4 transforma-se na equação A2-3 que é:

2
𝑚̇𝑉𝐸 = (8.38𝑢̅10𝑚 − 77.19) × 10−5 × 𝑢̅10𝑚 (A2-3)

E a taxa de transporte volumétrico do sedimento (𝑞𝑉𝐸 ) é dada pela equação A2-4.

2
𝑞𝑉𝐸 = (5.27𝑢̅10𝑚 − 48.55) × 10−8 × 𝑢̅10𝑚 (A2-4)

A tabela A2-1 apresenta volumes de sedimentos transportados durante o período de


análise (1979 – 2016), esses volumes foram obtidos através das equações acima
apresentadas.

Samuel C. Chissumba A2.4


Balanço Sedimentar. Um contributo para a percepção do problema de erosão na costa da Cidade de Maputo 2017

Tabela A2-1: Transporte potencial durante o período de 1979 - 2016

Transporte potencial em cada direcção [m3/m]


Ano Total
N NNE SSE S SSW NW NNW
1979 3.09 0.43 0.12 0.71 0.09 0.04 1.90 6.41
1980 1.84 0.26 0.15 0.89 0.03 0.12 1.94 5.29
1981 3.88 0.69 0.14 0.19 0.09 0.21 1.69 6.88
1982 2.68 0.32 0.04 0.26 0.04 0.35 1.28 4.98
1983 2.72 0.49 0.12 0.54 0.06 0.07 2.36 6.39
1984 2.04 1.90 0.41 0.19 0.05 0.08 2.94 7.62
1985 2.31 0.46 0.48 0.33 0.06 0.03 0.89 4.56
1986 2.02 0.51 0.06 0.25 0.02 0.05 1.40 4.31
1987 2.58 2.36 0.06 0.28 0.00 0.03 1.38 6.69
1988 2.14 0.88 0.09 0.22 0.00 0.14 2.27 5.82
1989 2.44 0.67 0.06 0.77 0.16 0.12 1.66 5.87
1990 2.62 2.87 0.10 0.22 0.07 0.13 2.14 8.14
1991 3.12 0.13 0.03 0.09 0.02 0.05 1.30 4.74
1992 4.29 0.12 0.26 1.24 0.15 0.34 1.82 8.21
1993 1.91 0.13 0.10 0.24 0.02 0.19 1.37 3.95
1994 4.70 0.35 0.07 0.63 0.09 0.26 2.07 8.30
1995 4.37 2.31 0.07 1.20 0.05 0.09 2.97 11.06
1996 2.19 1.56 0.15 0.88 0.36 0.11 2.55 7.80
1997 3.51 3.63 0.23 0.16 0.04 0.24 1.68 9.48
1998 1.58 0.21 0.18 0.39 0.06 0.02 2.59 5.04
1999 1.73 0.07 0.04 0.39 0.06 0.09 1.93 4.31
2000 4.34 2.13 0.00 0.43 0.05 0.10 2.36 9.41
2001 2.50 1.93 0.04 0.59 0.04 0.03 2.89 8.03
2002 4.61 0.12 0.15 0.45 0.10 0.31 3.93 9.67
2003 4.26 0.54 0.05 1.20 0.09 0.53 3.52 10.19
2004 5.12 0.64 0.05 0.45 0.10 0.01 2.27 8.64
2005 3.00 0.01 0.12 0.80 0.27 0.40 3.48 8.07

Samuel C. Chissumba A2.5


Balanço Sedimentar. Um contributo para a percepção do problema de erosão na costa da Cidade de Maputo 2017

Transporte potencial em cada direcção [m3/m]


Ano Total
N NNE SSE S SSW NW NNW
2006 4.03 0.87 0.00 0.22 0.00 0.13 2.54 7.79
2007 3.14 0.24 0.07 0.26 0.12 0.36 2.05 6.25
2008 3.19 0.32 0.00 1.00 0.07 1.00 3.19 8.80
2009 2.28 0.22 0.00 0.13 0.11 0.07 1.30 4.12
2010 1.84 0.01 0.17 0.46 0.09 0.12 1.66 4.35
2011 2.56 1.00 0.44 0.34 0.13 0.44 0.95 5.85
2012 2.95 0.88 0.00 0.39 0.08 0.36 1.64 6.60
2013 3.46 0.85 0.13 1.10 0.14 0.34 2.38 8.41
2014 2.67 1.07 0.02 0.22 0.27 0.41 1.49 6.16
2015 3.04 0.37 0.05 0.59 0.24 0.27 3.41 7.99
2016 3.75 0.29 0.13 0.75 0.08 0.24 2.02 7.27
Total 114.48 31.85 4.37 19.43 3.50 7.88 81.23 263.45

Para a apresentação do transporte mensal foram escolhidos os anos de 1995, 2003 e


2016. Tais valores são apresentados nas tabelas A2-2, A2-3 e A2-4.

Tabela A2-2: Transporte eólico durante o ano de 1995 em m 3/m

1995

Direcção Jan. Fev. Mar. Abr. Mai. Jun. Jul. Ago. Set. Out. Nov. Dez. Total

N 0.19 0.31 0.40 1.81 0.28 0.19 0.09 0.23 0.03 0.19 0.35 0.30 4.37

NNE 0.15 0.00 0.01 0.32 0.03 1.75 0.05 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 2.31

NE 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.01 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.01

SSE 0.00 0.00 0.03 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.03 0.00 0.07

S 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.13 0.05 0.88 0.14 0.00 1.20

SSW 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.03 0.00 0.02 0.00 0.00 0.05

NW 0.06 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.03 0.00 0.00 0.09

NNW 0.39 0.30 0.42 0.23 0.01 0.00 0.34 0.07 0.43 0.24 0.35 0.18 2.97

Total 0.79 0.61 0.86 2.36 0.32 1.95 0.48 0.46 0.51 1.36 0.88 0.48 11.06

Samuel C. Chissumba A2.6


Balanço Sedimentar. Um contributo para a percepção do problema de erosão na costa da Cidade de Maputo 2017

Tabela A2-3: Transporte eólico durante o ano de 2003 m 3/m

2003

Direcção Jan. Fev. Mar. Abr. Mai. Jun. Jul. Ago. Set. Out. Nov. Dez. Total

N 0.38 0.50 0.23 0.06 0.35 0.42 0.04 0.29 0.15 1.24 0.09 0.51 4.26

NNE 0.00 0.10 0.06 0.13 0.10 0.05 0.00 0.08 0.00 0.00 0.00 0.00 0.54

SSE 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.05 0.00 0.00 0.05

S 0.00 0.00 0.02 0.00 0.00 0.00 0.00 0.70 0.08 0.30 0.10 0.00 1.20

SSW 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.05 0.01 0.03 0.00 0.09

NW 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.30 0.00 0.23 0.53

NNW 0.27 0.42 0.23 0.11 0.09 0.28 0.06 0.26 0.23 0.84 0.17 0.54 3.52

Total 0.65 1.03 0.55 0.30 0.54 0.76 0.11 1.33 0.51 2.73 0.39 1.28 10.19

Tabela A2-4: Transporte eólico durante o ano de 2016 em m 3/m

2016

Direcção Jan. Fev. Mar. Abr. Mai. Jun. Jul. Ago. Set. Out. Nov. Dez. Total

N 0.14 0.14 0.08 0.63 0.00 0.45 0.84 0.01 0.14 0.57 0.57 0.19 3.75

NNE 0.01 0.02 0.00 0.00 0.01 0.00 0.00 0.00 0.05 0.18 0.00 0.02 0.29

SSE 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.13 0.00 0.00 0.13

S 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.02 0.46 0.20 0.07 0.00 0.75

SSW 0.01 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.03 0.00 0.04 0.00 0.08

NW 0.12 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.04 0.02 0.04 0.01 0.00 0.24

NNW 0.11 0.01 0.10 0.24 0.00 0.07 0.05 0.22 0.27 0.20 0.03 0.72 2.02

Total 0.38 0.17 0.19 0.87 0.01 0.51 0.89 0.29 0.97 1.34 0.72 0.93 7.27

Samuel C. Chissumba A2.7


Balanço Sedimentar. Um contributo para a percepção do problema de erosão na costa da Cidade de Maputo 2017

ANEXO 3. EVOLUÇÃO ESPACIAL DO TRANSPORTE EÓLICO


Tabela A3-1: Evolução espacial do transporte eólico (Transporte eólico antes do equilíbrio)

Evolução do transporte [m 3/hora/m] [1979 - 2016]


Largura da berma [m]
N NNE SSE S SSW NW NNW

0 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000

1 0.0359 0.0100 0.0014 0.0061 0.0011 0.0025 0.0255

2 0.0653 0.0182 0.0025 0.0111 0.0020 0.0045 0.0463

3 0.0894 0.0249 0.0034 0.0152 0.0027 0.0062 0.0634

4 0.1091 0.0303 0.0042 0.0185 0.0033 0.0075 0.0774

5 0.1252 0.0348 0.0048 0.0213 0.0038 0.0086 0.0889

6 0.1384 0.0385 0.0053 0.0235 0.0042 0.0095 0.0982

7 0.1492 0.0415 0.0057 0.0253 0.0046 0.0103 0.1059

8 0.1581 0.0440 0.0060 0.0268 0.0048 0.0109 0.1122

9 0.1653 0.0460 0.0063 0.0281 0.0050 0.0114 0.1173

10 0.1713 0.0477 0.0065 0.0291 0.0052 0.0118 0.1215

11 0.1761 0.0490 0.0067 0.0299 0.0054 0.0121 0.1250

12 0.1801 0.0501 0.0069 0.0306 0.0055 0.0124 0.1278

13 0.1834 0.0510 0.0070 0.0311 0.0056 0.0126 0.1301

14 0.1860 0.0518 0.0071 0.0316 0.0057 0.0128 0.1320

15 0.1882 0.0524 0.0072 0.0320 0.0057 0.0130 0.1336

16 0.1900 0.0529 0.0073 0.0323 0.0058 0.0131 0.1348

17 0.1915 0.0533 0.0073 0.0325 0.0058 0.0132 0.1359

18 0.1927 0.0536 0.0074 0.0327 0.0059 0.0133 0.1367

19 0.1937 0.0539 0.0074 0.0329 0.0059 0.0133 0.1374

20 0.1945 0.0541 0.0074 0.0330 0.0059 0.0134 0.1380

21 0.1951 0.0543 0.0075 0.0331 0.0060 0.0134 0.1385

22 0.1957 0.0544 0.0075 0.0332 0.0060 0.0135 0.1388

23 0.1961 0.0546 0.0075 0.0333 0.0060 0.0135 0.1392

24 0.1965 0.0547 0.0075 0.0334 0.0060 0.0135 0.1394

25 0.1968 0.0547 0.0075 0.0334 0.0060 0.0135 0.1396

Samuel C. Chissumba A3.1


Balanço Sedimentar. Um contributo para a percepção do problema de erosão na costa da Cidade de Maputo 2017

Evolução do transporte [m 3/hora/m] [1979 - 2016]


Largura da berma [m]
N NNE SSE S SSW NW NNW

26 0.1970 0.0548 0.0075 0.0334 0.0060 0.0136 0.1398

27 0.1972 0.0549 0.0075 0.0335 0.0060 0.0136 0.1399

28 0.1974 0.0549 0.0075 0.0335 0.0060 0.0136 0.1400

29 0.1975 0.0549 0.0075 0.0335 0.0060 0.0136 0.1401

30 0.1976 0.0550 0.0076 0.0335 0.0060 0.0136 0.1402

31 0.1977 0.0550 0.0076 0.0336 0.0060 0.0136 0.1403

32 0.1978 0.0550 0.0076 0.0336 0.0060 0.0136 0.1403

33 0.1978 0.0550 0.0076 0.0336 0.0060 0.0136 0.1404

34 0.1979 0.0550 0.0076 0.0336 0.0060 0.0136 0.1404

35 0.1979 0.0551 0.0076 0.0336 0.0060 0.0136 0.1404

36 0.1979 0.0551 0.0076 0.0336 0.0060 0.0136 0.1405

37 0.1980 0.0551 0.0076 0.0336 0.0060 0.0136 0.1405

38 0.1980 0.0551 0.0076 0.0336 0.0060 0.0136 0.1405

39 0.1980 0.0551 0.0076 0.0336 0.0060 0.0136 0.1405

40 0.1980 0.0551 0.0076 0.0336 0.0060 0.0136 0.1405

41 0.1980 0.0551 0.0076 0.0336 0.0060 0.0136 0.1405

42 0.1980 0.0551 0.0076 0.0336 0.0060 0.0136 0.1405

43 0.1981 0.0551 0.0076 0.0336 0.0060 0.0136 0.1405

44 0.1981 0.0551 0.0076 0.0336 0.0060 0.0136 0.1405

45 0.1981 0.0551 0.0076 0.0336 0.0060 0.0136 0.1405

46 0.1981 0.0551 0.0076 0.0336 0.0060 0.0136 0.1406

47 0.1981 0.0551 0.0076 0.0336 0.0060 0.0136 0.1406

48 0.1981 0.0551 0.0076 0.0336 0.0060 0.0136 0.1406

49 0.1981 0.0551 0.0076 0.0336 0.0060 0.0136 0.1406

50 0.1981 0.0551 0.0076 0.0336 0.0060 0.0136 0.1406

A seguir são apresentados de forma detalhada os gráficos da evolução espacial do


transporte eólico na praia da costa do sol para as direcções NW, SSE e SSW.

Samuel C. Chissumba A3.2


Balanço Sedimentar. Um contributo para a percepção do problema de erosão na costa da Cidade de Maputo 2017

T a x a d e tra n s p o rte [m /h o ra /m ] 0 .0 1 5

SSE

SSW
0 .0 1 0
3

NW

0 .0 0 5

0 .0 0 0
0 10 20 30 40 50

L a r g u r a d a b e r m a [m ]

Figura A3-1: Evolução do transporte eólico nas direcções NW, SSE e SSW

A tabela A3-2 apresenta valores médios de largura da berma da praia nas direcções de
transporte potencial para a praia da costa do sol.

Tabela A3-2: Largura média da berma da praia nas direcções de transporte potencial

Largura média da berma nas células de balanço sedimentar [m]

Direcção Célula II
Célula I Célula III Célula IV
Antes Depois

N 70 30 150 80 45

NNE 100 45 230 110 70

SSE 60 25 115 60 35

S 70 30 150 80 45

SSW 100 45 230 110 70

NW 50 25 100 55 30

NNW 60 25 115 60 35

Samuel C. Chissumba A3.3


Balanço Sedimentar. Um contributo para a percepção do problema de erosão na costa da Cidade de Maputo 2017

ANEXO 4. CARACTERÍSTICAS DOS DADOS DE VENTO

As características dos dados de vento referidos nos cenários 1 e 2 (ventos cujas


velocidades não são ignoradas no estudo) são apresentadas na figura A4-1 e na tabela
A4-1. A rosa indica a direcção daquele vento que é capaz de mobilizar o sedimento nas
suas condições seca e húmida sendo que as direcções de maior predominância são:
Sul, Su-sudeste e Su-sudoeste.

Figura A4-1: Distribuição percentual de frequências de velocidade de vento, 1979 – 2016

A partir da tabela A4-1 pode-se verificar que cerca de 3% da gama de velocidades


consideradas é capaz de mobilizar o sedimento mesmo que este esteja nas condições
húmidas e os restantes 97% só poderão mobilizar o sedimento no caso de este estar
seco (isto é, evaporação maior que a precipitação).

Samuel C. Chissumba A4.1


Balanço Sedimentar. Um contributo para a percepção do problema de erosão na costa da Cidade de Maputo 2017

Tabela A4-1: Características das velocidades de vento considerado

Frequências de velocidade de vento por classes e direcção (%)


Direcção do
Classes de Velocidade [m/s]
Vento Total
5.70 – 9.20 9.20 – 12.00 ≥ 12.00
N 10.16 0.02 0.00 10.18

NNE 2.51 0.00 0.00 2.51

NE 0.10 0.00 0.00 0.10

ENE 0.04 0.00 0.00 0.04

E 0.02 0.00 0.00 0.02

ESE 0.06 0.00 0.00 0.06

SE 3.89 0.03 0.00 3.91

SSE 26.78 0.53 0.00 27.32

S 39.69 1.42 0.03 41.13

SSW 11.01 0.49 0.00 11.50

SW 0.47 0.00 0.00 0.47

WSW 0.06 0.00 0.00 0.06

W 0.02 0.00 0.00 0.02

WNW 0.04 0.00 0.00 0.04

NW 0.10 0.00 0.00 0.10

NNW 2.51 0.00 0.00 2.51

Subtotal: 97.47 2.50 0.03 100

Samuel C. Chissumba A4.2


Balanço Sedimentar. Um contributo para a percepção do problema de erosão na costa da Cidade de Maputo 2017

ANEXO 5. RESULTADOS DO SBAS

Figura A5-1: Estado das células em termos de valor residual, 1979 - 2012

Samuel C. Chissumba A5.1


Balanço Sedimentar. Um contributo para a percepção do problema de erosão na costa da Cidade de Maputo 2017

Figura A5-2: Estado das células em termos de valor residual, 2013 - 2016

Samuel C. Chissumba A5.2


Balanço Sedimentar. Um contributo para a percepção do problema de erosão na costa da Cidade de Maputo 2017

ANEXO 6. ÁREA EM ESTUDO

Figura A6-1: Sedimento depositado ao longo da Figura A6-3: Sedimento sendo carregado pelo
Avenida da Marginal vento (Processo de erosão eólica)

Figura A6-2: Sedimento depositado na via e no Figura A6-4: Perda de sedimentos para o
passeio da Avenida da Marginal domínio terrestre

Samuel C. Chissumba A6.1

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