que se transforma em força por ocasião do aparecimento de um obstáculo. E segundo Kant, são os objetos da natureza que fornecem estes obstáculos, mas que impelem o sujeito a exercer uma força para ultrapassar limites. Assim, o pavor dos terremotos ou dos edifícios bombardeados ante aos nossos olhos suscitam um espetáculo atraente, mas na condição de estarmos em segurança;
- MAS O QUE ESTE ASPECTO QUER DIZER?
- A natureza nos oferece terríveis espetáculos. Espetáculos que mostram toda a sua fúria e poder de destruição e, ao mesmo tempo, o quanto os homens são frágeis. Contudo, essas exibições naturais nos fazem perceber o quanto a natureza é terrível, mas também nos fazem entender a atração por esses fenômenos, como elevação das forças da alma além do seu estado frequente; - Portanto, o dinamicamente-sublime nos mostra a força e a destinação da humanidade perante a natureza. A humanidade descobre que está destinada a opor-se aos obstáculos da natureza, com isto descobrindo o caminho para o suprassensível;
- OBS: o terror, o medo e outros sentimentos não são
considerados Sublimes em si mesmo, nem a nossa submissão ou impotência diante das coisas terríveis. A natureza só é Sublime nestas circunstâncias, porque nos faz tomar consciência de nossa força para julgá-la mesmo como tal. Neste sentido, a razão entra em cena para regular o conflito entre a imaginação e o entendimento. Ela nos faz descobrir em nosso espírito a nossa superioridade em relação à natureza, justamente pela desproporção desta em relação à nossa “pequenez”; - OBS: sem a disposição para as ideias da razão não é possível que o homem possa perceber a sublimidade na natureza;
- Kant ressalta também que o fato de necessitarmos estar
seguros para sentir o Sublime diante da natureza não acarreta nenhum tipo de prejuízo para a autoestima, aqui produzido por este sentimento. Em outras palavras, não importa que o homem seja um espectador da fúria natural e sim que ele descubra, através da experiência de tais espetáculos, a sua destinação ao suprassensível (que experimenta impressões morais), destinação esta que só nos faz perceber nossa força diante da potência da natureza; - Se o sentimento do Sublime pode testemunhar o respeito que temos por nossa destinação, então, deve haver uma ligação desse respeito com a LEI MORAL. Mas como estabelecer uma aproximação entre questões tão opostas?
- Não há, neste caso, uma oposição. O exame do
“sentimento” que acompanha o Sublime e o “sentimento” da lei moral não parece anunciar nenhuma “passagem”, conforme Kant, uma vez que o Sublime faz sentir um prazer mediante um desprazer e a lei moral é seguida pelo sentimento moral. Contudo, este último sentimento também está ligado a um desprazer e a um prazer, assim como aquele do Sublime; - Mas justamente o SENTIMENTO vem ser a via de acesso para que se possa encontrar a passagem entre o Sublime e a lei moral. Kant nos mostra um ponto de aproximação bem explícito entre o Sublime e a lei moral: o sentimento moral, que é parte “sensível” do agir por dever, isto é, a porção sentida pelo sujeito por ocasião da realização da lei moral, é parente do sentimento do Sublime, sobretudo em suas condições formais, pois possibilita pensar a ação como Sublime sem no entanto prejudicar a pureza dela;