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§1.

Nós temos nos tornado cada vez mais distantes da nossa


legítima pátria nestes séculos de oblívio espiritual e
inglória. Temo-nos separados, ademais, em face de
nosso desdém perante a nossa essência metafísica, da
magistral consciência cósmica, embora esta esteja
incorporada em cada ente existente à vista de nossas
faculdades perceptivas, e, por isso, fragmentamo-nos
em densas e substanciais estilhas de desvairo e
nesciência. Uma vez que Jâmbico afirmara que "a
sabedoria resulta nos processos raciocinativos da
transcendência interior e na conexão direta com o bem
criador", devemos determinar, por este meio, as práticas
de teurgia e invocação das emanações τό ἕν como
mecanismos deveras poderosos para alcançar os
estados mais elevados da mente e atingir as
supracitadas proeza e destreza suprassensíveis e
empíreas. Destarte, a pátria humana não é um território
físico a existir na camada mais proeminente da terra,
nem um jebel idílico e paradisíaco da Mesopotâmia; ela
é, conforme delineamos, um local extramundano e
espiritual estabelecido nos dosséis sutis e superlunares
das dimensões celestes do Absoluto.

As ideias são geralmente configuradas nas inclinações


dos nossos protótipos espirituais; elas vêm das
dimensões mais sutis da consciência, as quais, por sua
vez, são derivadas da substância da unidade suprema,
i.e. o Todo-Poderoso sublime. O seu substrato é moldado
sobre o sólio do turbilhão monádico, i.e. as partículas
que dispõem a estrutura do material divino. Os cônsules
eleitos de Roma e os canulei e icilii, para o mais exaltado

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e alto Júpiter, blasonaram e arrogaram seus fasces,
apesar de que isto fê-los caírem em absoluto
menoscabo; isto nos demonstra como os
comportamentos bazofiosos e sovinas não levam o
homem em direção à glória, mas à desonra e à mácula.
Ou, ainda, não podemos ignorar o fato de que nas
analogias subjacentes às alegações da filosofia sexual
de Diotima, conforme observamos no Banquete de
Platão, é designada a ideia de que pensar e conceber
filhos são ambas longas e dolorosas experiências que
terminam em parto; a dor e a pesarosa extensão,
enfatizemos, neste sentido, representam o
engendramento dialético do desenvolvimento e do
nascimento dos bebês, o qual resulta justamente no
regozijo absoluto – este, por sua vez, é direcionado,
particularmente, ao ato de ver com clareza a vinda
saudável do neófito ao mundo. Alguns, porém,
asseveram hipocritamente que isto é inviável na
modernidade, malgrado a privação e a extinção da
fecundação humana sejam tão indesejáveis quanto às
noções procedidas que as adotam como aceitáveis;
doravante, devemos clarificar o fato de que, sob as
circunstâncias do uníssono do masculino com o feminino
e vice-versa, são bloqueadas quaisquer manifestações
de adynaton (impossibilidade) e chalepos (dificuldade) e,
outrossim, é efetivada a dinâmica consagração das
ideias na associação de razão e intuição, de ação e
pensamento1.

A realidade é uma vasta tapeçaria de ilusões, em que a


percepção de sua genuína composição fica
gradualmente intricada e extenuante. Assim, podemos
afirmar que a coisa mais nobre em que somos capazes
1
Razão e intuição, razão e pensamento são, respectivamente, cada
qual em sua ordenação fraseológica, princípio masculino e princípio
feminino.

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de nos apoiar é a própria verdade que,
indubitavelmente, está localizada nas dimensões mais
espirituais e extrafísicas da consciência, na medida em
que está mais próxima do núcleo da estrutura cósmica;
a matéria, portanto, é uma rede de energia imprecisa e
abstrusa da mente sublime e imaculada dela – destarte,
propomo-nos a dizer que devemos, enquanto
encarnados, exceder os ciclos terríveis e repletos de
sofrimento da metempsicose e, daí, estar em conexão
com o espírito divino e eterno em toda parte;
comprometer-nos-emos com ele, independentemente
das circunstâncias que nos sucedam. Todavia, malgrado
isso, vemos absurdos controversos e ultrajantes, como
um artigo de atual má reputação sobre o comunismo,
escrito por Heinz Neumman, em 1925, dizendo que, no
cenário de conflitos civis e internacionais em andamento
à altura, uma forte centralização do poder sustentaria as
formações militares e os empreendimentos bélicos em
direção ao ímpeto do inimigo e, doravante, poderia
derrotá-lo e conquistá-lo; sabemos que o exercício desta
ideologia, histórica e sociologicamente provado, leva ao
assaz exacerbado autoritarismo e às formas mais
terríveis de totalitarismo, resultando em desgraças,
contendas e tragédias amplamente testemunhadas pelo
mundo. Sem embargo, em aspectos religiosos, temos os
Adeptos de Montano passando por uma inspiração
carismática em sua ardente convicção em associação ao
espírito do cristianismo, cujos ritos e prosélitos são
conferidos por uma doutrina teológica exótica e, assim,
professam-na assiduamente e uniformemente; tal
atividade nos apresenta que, apesar de ser
extensivamente confirmado que o verdadeiro iniciado
consuma seu pensamento na filosofia perene, ainda
assim, há aqueles que se restringem a determinadas
filosofias e metodologias dogmático-hieráticas,
restringindo, desta forma, as próprias iniciação e

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expansão da sabedoria. Além disso, mencionamos,
conforme o Adelphoe de Terênico nos mostra, que
Demea, em resposta ao clamor de Micio, garantiu que o
ferimento contundente dos homens guiava
imediatamente à morte e, assim, arrebatava-os. Esses
exemplos mostram que nada que possa reforçar nosso
vínculo com a dimensão material nos torna mais felizes,
mais sábios ou qualquer outro predicado mirífico e
prodigioso; devemos, portanto, nos concentrar em nosso
esplendor espiritual e trabalhá-lo frequentemente até
nos encontrarmos num estado de plena acepção das leis
cósmicas e do próprio Divino.

As paixões avidamente surgem da fantasia materialista


e da mesquinhez de ser, nas quais, é claro, são
comumente instituídas as concepções mais fátuas de
amor, afetividade e união; nossa pátria original tem,
deveras, amor incondicional e perpétuo – não obstante,
nosso lar, ao passo que estamos enclausurados e
alcandorados em nosso organismo corpóreo e físico, é
tão-somente preenchido de ludíbrio, mangnação e
amargores convulsionados. Eis, pois, a asserção enfática
de Ovídio no tocante à natureza dos atos de verriondez e
luxúria, a despeito de considerá-los genericamente (Ars
Amatoria, lib. i, vers. 347-348):

"Sed cur fallaris, cum sint nova granta voluptas?

Et capiant animos plus aliena suos?"

De acordo com o Yajnavalkya Smrti (vers. 8), as paixões


obscenas e indisciplinadas da carne são inconsistentes
com o estudo dos Vedas (viz., a doutrina secreta da
sabedoria das idades); para alcançar o que

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denominamos Atmadarsana, ou o conhecimento sublime
do Eu superior, é preciso renunciar a todas as
devassidões carnais, mas não necessariamente ao sexo
e ao prazer, desde que concebidos com lídima devoção e
equilíbrio. Desta forma, o Karma desvanece, o Dharma
prevalece e Tatpurusha (viz., o princípio cósmico
pertencente ao divino) é estabelecido no homem. Na
história dos cultos religiosos da Índia, vemos Nanak, um
testemunho ocular da opressão muçulmana, reagindo
mediante a fundação do sikhismo; diversos santos
sikhistas, como Ramananda, Kabir, Namdev, Chaitanya e
etc. são rebentos desta doutrina. Para Nanak, sem o Sat
Nam (o Verbo Verdadeiro), ninguém pode atingir a
salvação; desta forma, hei de dizer que Sat Nam, na
verdade, complementa Atmadarsana, pois, se este é
sublime, verificamos que implica necessariamente a
veracidade de seus predicados; logo, a força única de
verdade de Sat Nam, em agregação à lhana sublimidade
do Atmadarsana, confere aos pangats, a consciência
plena de Tatpurusha. Eis, então, um dos atributos da
pátria humana: a infinidade de sua verdade ou de sua
verdadeira forma de ser e criar.

O mundo palpita e oscila em transições e cataclismos; o


processo é sempre dialético – uma força de unidade
contrastada com uma não-unidade forma uma unidade
perfeita; é assim que o mundo opera. No final do
Bhagavad Gita Parva, o filho de Pritha, Arjuna, teve sua
ilusão destruída, pela intervenção do Senhor Krishna,
que é evidenciada em um diálogo entre ele e Keshava –
Krishna concedeu a Arjuna a forma mais maravilhosa de
dimanar o vigor e o poder de Hari, sob os axiomas da
doutrina secreta do Senhor do Yoga. A fórmula é: eu
venho inicialmente ao mundo material com as memórias
da minha essência ainda armazenadas; no entretanto,
quando cá chego, eu as esqueço, as negligencio e fico,

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pois, assaz envolvido na miséria desolada e funesta do
universo mundano; mas quando reconheço
completamente a origem e as soluções dessa terrível
situação, fico sumamente esclarecido e, portanto, atinjo
a iluminação; conhecer a mim mesmo é conhecer a tudo
e a todos. No Siyastnama, cap. iii, é relatado que Ya'qub
ibn Laith instituiu uma grande rebelião na cidade de
Sistan e, logo depois, a conquistou por meio dum
impetuoso golpe de estado; assim, ele continuou a
conquistar outros territórios – malgrado isso, ainda
desejava dominar o Iraque e derrubar a dinastia dos
Abássidas; no entretanto, Ya'qub foi derrotado no
primeiro ataque e, depois disso, estabeleceu um tesouro
no Khuzistão; sabendo disso, o exército do Iraque veio
até suas bases, travou uma batalha contra ele e venceu-
o; destarte, imediatamente, eles fizeram dele um
queixoso e desamparado asir (prisoneiro) no mais
sombrio dos ergástulos do califado. Isso mostra como o
mundo libera demasiada energia bélica; esta é a causa
da corrupção da substância divina e da destruição das
nações e dos indivíduos nelas inseridos; para reverter
essa condição de ser, precisamos abandonar a
frequência de existência voltada às mundanidades
pugnazes e começar a viver em paz tanto com o espírito
superior quanto com o ambiente inferior, gerando,
portanto, a harmonia suprema entre todas as forças
manifestadas na natureza do universo; só assim
podemos realmente refletir com fibra e profundidade
sobre a sabedoria das eras e da natureza verdadeira de
todas as entidades cósmicas.

Por mais que tentemos evitar, nosso espírito sempre


dilata seu organismo consciente em posição oposta ao
corpo; portanto, devemos administrar nossa consciência
em uníssono com a energia do nosso espírito, não com a
do corpo – isto é, por conseguinte, uma afirmação muito

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importante a ser feita na medida em que a priorizaremos
ao longo de nosso livro. Consoante Abraham Irira dizia,
os dez soberanos sephiroth, cuja fonte primária é
sustentada pela força de ‫( כתר‬coroa), destacaremos que
seu fundamento primordial é ‫אין סוף‬, o Inefável Infinito ou,
como os cabalistas costumam denominar, Ain Soph. Na
opinião do rabino Loew, o apoio divino é geralmente
estimulado para se unir ao Ser Supremo, que é e não
vem a ser ou existir; chamamos esse atributo de ‫ָהי ָה‬
(hayah); então, podemos dizer que este é a força
principal que governa as leis de ambas as dimensões
mundana e extramundana, cujo predicado chamamos de
‫( םדר‬madar). Muitos cabalistas, tais como Moisés de Leon,
Abraham Abulafia, Abaraham Merimon, Isaac Luria,
Abaraham Gikatilla, Jacob Frank e etc., nos instruem na
mais nobre verdade da glória e da grandeza da
natureza, lançada na estrutura suprema da sabedoria (
‫)חכמה‬, que é liberada com a prática das meditações mais
profundas em transe com o Eu superior ( ‫)שיחה‬.

Por trás do véu dos mitos e das lendas, sempre existe


uma verdade absoluta; mostraremos esse ponto de vista
como uma fonte de fatos imemoriais embutida com
plenitude na consciência da humanidade; portanto,
podemos afirmar que os sistemas de credo existentes
também se valem de mitos e lendas – por trás de seu
véu, sempre se infiltra uma verdade absoluta ou
universal. Em Histoire de la Nation Mexicaine depuis le
départ d'Aztlan jusqu'à l'Arrivée des Conquérants
Espagnols, pp. 3-47, temos uma descrição detalhada da
zona insular de Aztlan, os costumes e tradições
religiosas e sua fuga do último cataclismo em vários
barcos até os povos colonizados – um deles eram os
mexicanos; daí, cá reitero, eles soíam chamar de Aztlan,
sua pátria original (teotlalli). Não obstante, como dizia
Diodoro Sículo em sua Bibliotheca Historica e,

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igualmente, Hecateu, havia uma terra natal para os
gregos, também mencionada pelo povo asiático,
chamada Hiperbórea; de acordo com esses relatos, os
hiperbóreos deram origem à língua e à cultura gregas,
especialmente, dos atenienses e dos delianos; também
se assegurou que Abaris visitasse a ilha de Hiperbórea a
cada dezenove anos, período em que o retorno das
estrelas ao mesmo lugar no céu era realizado; e por esse
motivo o período de dezenove anos foi chamado pelos
gregos de "ano de Meton". O mito da pátria ou terra
natal, acrescento, é compartilhado por praticamente
todas as culturas do mundo; discutiremos esse assunto
mais profundamente no decorrer de nosso livro.

Os percalços da vida nos atingem se estamos em


desventura ou em autodesprezo. Assim, podemos
projetar, com os elementos de nossa filosofia até agora
construídos, o arranjo dos pensamentos e das acepções
epistêmicas no sentido de que a pátria da humanidade
pode ser não apenas uma mera concepção idealista –
mas uma verdade composta por uma gama de
evidências e axiomas inatacáveis. Da mesma forma,
enfatizamos que é certo que toda prática religiosa
conduz o homem a uma visão espiritualista da vida, por
mais distorcida que seja; assim, o homem inicia seu
vínculo com o divino quando se recusa seguir algum
dogma ou preceito inflexível, unilateral e proselitista das
religiões hierarquizadas. Zeus Καταιβάτης, em uma moeda
de Cirro, foi representado segurando um raio com a
águia aos pés; outros tipos de Zeus, como Zeus βασιλεύς,
Zeus Κράτος, Zeus Aσκραίος e etc., eram adorados
mediante a estátuas e outros monumentos colossais,
como templos dedicados à sua divindade. Por que o
homem venera entidades espirituais através de coisas
materiais? Não é uma contradição sobejamente ilusória?
Outrossim, todos esses gêneros de Zeus têm, como

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afirmamos outrora, um estrato de verdade universal por
trás da máscara do mito – além disso, a explicação
platônica das fábulas gregas é tremendamente superior
a dos mitólogos modernos; conforme asseguram os
mistérios báquicos, existem três estágios de iluminação
(metanoia): telete (o fechamento ou o sigilo), mnesis
(iniciação) e epopteia (clarividência). Explicá-los-emos
de maneira mais meticulosa quando avançarmos na
elucidação de lendas, mitos, fábulas, parábolas e
verdades universais sobre os mistérios ocultos e
teosóficos da pátria humana.

§2.

Não há comparação com as forças da natureza


selvagem; mas sabemos que as forças da natureza
espiritual sempre derrotam o aspecto selvagem do
cosmos; somos designados a ser mais espirituais e a não
ser mais selvagens; mas, na matéria, a inclinação do
corpo físico é o oposto do plano do Todo-Poderoso –
somos mais selvagens e isso é, simplesmente, uma
contravenção. Portanto, precisamos voltar ao espírito e
abandonar esses hábitos miseráveis, agrestes e
desordeiros, uma vez que estamos cravejados e
embaraçados no organismo físico; no entretanto, a
pergunta é: "Como fá-lo-emos?" Farei uma extensa
pesquisa, elucidando os elementos principais e
subsidiários, sobre este assunto. Não obstante,
precisamos fazer uma convenção com três conceitos
elaborados em minúcias que guiarão nosso exame.
Estes serão:

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1) Alêntono. – Esta substância integra a Verdade
Universal e Eterna do Universo, a Sabedoria do
Divino e a Filosofia Perene; isto é, o agregado de
partículas que geram o torvelinho de manifestação
do espírito mais poderoso existente, ou seja, o
Todo da Lei ou o próprio Deus. Este é o substrato
da verdade.
2) Pseudôno. – Esta substância corresponde à ilusão,
à ignorância, ao engano e ao estupor do ser.
Representa a suprema mentira; corrompe o
homem e penetra nele para desdobrar o mal, a
tormenta e o espírito da pecaminosidade. Isso
deve ser excedido; é o contrário do Todo da Lei.
Este é o substrato da mentira ou ilusão.
3) Anótato. – Este resulta da vitória do alêntono sobre
o pseudôno e seu domínio, isto é, quando o
alêntono toma o pseudôno e o envolve
completamente. Este não é o Todo da Lei; esta é a
Lei do Todo ou do próprio universo no próprio
Deus. Esta é a força suprema, quando o alêntono é
a força do supremo ou da supremacia.

Destacadas as propriedades do pensamento a ser


operado, vamos proceder nossas reflexões neste recém-
elaborado sistema de filosofia.

Talvez os acontecimentos mais catastróficos da


humanidade a tenham levado ao auge da jocundidade,
prosperidade e sabedoria, especialmente, aos países
desenvolvidos posteriormente às hecatombes; talvez, eu
possa afirmar, os mitos quiméricos da história não são
as lendas alegóricas dos antigos, mas suas
interpretações por parte dos mitólogos cheias de
zombaria contumaz e imprudência assaz desrespeitosa;
talvez, se não entendemos a alegoria e a linguagem
simbólica e os antigos as apreenderam com facilidade,

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portanto, não podemos arrogar para nós mesmos o
atributo de "mais avançados" que os antigos, nem em
nossas narrativas históricas nem em nosso
entendimento cosmológico; tal concepção seria
desdenhosa e rude sob as circunstâncias cá
demonstradas. A pátria humana sempre é referida como
a civilização mais brilhante de todos os tempos, uma vez
que seus descendentes são uma perversão de sua
santidade construída em suas façanhas e tradições. Os
chineses, por exemplo, costumavam se chamar povo de
Han; esta palavra, ou seja, Han ( 韓 ), de acordo com o
Rev. Morrison (A Dictionary of Chinese Language, vol. i,
p. 274), denota uma localidade protegida e segura
proporcionada por projeções rochosas da margem de um
rio e, portanto, significa "colina". A questão é: seria a
terra original dos chineses conhecida por suas colinas
exuberantes, toras, montes e etc.? Os chineses
representavam seu reino, Chum-che, em diferentes
épocas, seja por um paralelogramo exatamente
bissectado, ou classificando-o como Tien-hia, sc., todas
as coisas valiosas na Terra. Conforme o Sr. Howorth
aponta (History of the Mongols, vol. i, pp. 27-28), os
mongóis eram uma tribo líder dos Shi Wei; depois, ele
cita o Tableaux Historiques de Klaproth, dizendo que
este estava errado e que, na verdade, os mongóis
tinham a mesma origem que os kitanos. De Mailla
(Histoire Genérale de la Chine, vol. i, pp. 543-545) diz
que os chineses adoravam uma entidade suprema,
geralmente denominada Tien; os imperadores, como os
relatos do Chou-King nos contam, eram representantes
de Tien na Terra; eles eram, ademais, retratados como
se fossem brilhantes como o Sol, designando, assim, um
culto claro ao corpo estelar. Diremos que o culto ao Sol
foi universal, ou, ao que parece, extremamente remoto e
nos faz considerar a sua origem como correlata a um
continente perdido de civilização superior a nossa;

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mostramos que os sauras da Pérsia fizeram-no e o povo
de Baal-bec também fê-lo; o sol era proclamado pelos
templos dourados dos incas e pelos teócállis dos índios
pima; os cidadãos de Heliópolis fizeram-no; sem
embargo, ainda nos restam outros inúmeros exemplos.
Esses fatos são todas evidências para constituir o nosso
retrato da pátria original da humanidade2.

O Tibete é um dos lugares do mundo que chamamos de


"chakras da Terra", viz. está incluído no rol de locais
mágicos e sagrados existentes na dimensão mundana
do planeta; infelizmente, durante o século XX, ocorreram
o genocídio tibetano e a invasão bárbara chinesa,
destruindo, por conseguinte, a maioria das miríficas
tradições tibetanas – no entretanto, enfatizemos, a
ciência mística e secreta tibetana, depositada com
grandiosa solicitude nos manuscritos da língua Senzar,
contando a verdadeira história da humanidade,
permanecem ainda ativa; no-la zelam, ainda que em
sigilo, os Mestres da Sabedoria, ou Mahatmas, em
conluio com os monges mais instruídos e sagazes do
Tibete. Evans-Wentz foi um pioneiro no que tange à
divulgação da sabedoria tibetana e indiana, escrita em
tibetano e sânscrito, para os predatórios e temporais
materialistas do Ocidente; de acordo com ele, o princípio
de Shes-Rab Snying-Po Bzhûgs-So (Essência do Prajna-
Paramita ou Sabedoria Transcendental) cristaliza a
doutrina do Shunyata – ademais, o exercício da mesma
permite ao praticante conceber o Nirvana em sua
quiescência perfeita, em sua substância incriada;
portanto, digamos, num transe extático do samadhi
efetuado por um Grande Yogin, atinge-se o
Conhecimento Indistinto, a Sabedoria Transcendental.
Vigorar-se-á, destarte, a emancipação suprema, na qual
2
Aqui, refiro-me à pátria terrena, não à cósmica genericamente
postulada.

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Asanga se deleitou quando se iluminara, o Buddhahood,
a Sabedoria Perfeita do Yoga e o domínio de Shakti ou
Dolma, que são desprovidos de indícios tangíveis
(alakshna) e o Boddhisattva, então, conquista todos os
seis Paramitas.

Tsongkhapa diz sobre a consciência da metempsicose e


seus influxos no Prajna-Paramita (The Great Treatise on
the Stages of the Path to the Enlightenment, vol. i, p.
349):

"A maneira de eliminar as aflições é a seguinte, começando


com as seis aflições de raiz. Entre os grandes erros, a
ignorância é a mais tenaz e serve de base para todas as
outras aflições. Portanto, como remédio para a ignorância, tu
deves meditar bastante sobre o surgimento dos [elementos]
dependentes e tornar-se conhecedor da progressão e
cessação da existência cíclica. Se tu sóis cultivá-lo, nenhuma
das visões ruins, como as cinco afetadas, ocorrer-te-á.".

Sakya Pandita, no seu "Tshad ma rigs pa'i gter", p. 3, diz


que a cognição (khyem-pa) é formulada a partir do
nosso entendimento a respeito não só da disposição das
coisas como elas são, mas de como elas agem e operam
perante a moção do Grande Alento do universo (thruk-
pa). Portanto, inferimos a propriedade eternal e auto-
evidente do Mahasatta (viz. o Absoluto). Gompapa
assevera sobre um dos aspectos imprescindíveis do
Buddhahood, que corrobora a nossa noção de alêntono
como igualmente imprescindível (The Jewel Ornament of
Liberation, p. 31):

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"Quando edificamos nosso caminho em direção à insuperável
iluminação e estamos indo ao nível espiritual do
Samkhyasabuddha, (...) e se caminhamos com um amigo
espiritual como guia, então não havendo perigo, chegamos à
cidade do Onisciente.".

Caso investiguemos a priori a natureza humana em sua


mais nobre essência, deveremos manter em mente que
a magia, enquanto a ciência das idades e da sabedoria
absoluta, é inerente a todo e a qualquer homem, pois
dele é unicidade integrante e base de sua consciência
suprema; desta forma, verificamos que a sensibilidade
do homem, enquanto ser operante da magia, tende
invariavelmente a ter conhecença do alêntono, e não do
pseudôno – esta última característica somente remete à
matéria; aos demais planos cósmicos, prevalece o
alêntono com íntegra soberania. Tommaso Companella
no-la ratifica (De Sensu Rerum et Magia, lib. iv, pp. 263-
264):

"Primi homines deum manifeste pene agnoscebant, quoniam


creationis opus recens erat, & continua beneficia ac
adparitionis illius habebant. Quapropter qui Deo
familliarissimus erat, sapientissumus omnium erat. Cum
sapientia sic ipse cultus divinus, hoc est, religio, teste Iob. Qui
ergo purius ac obedientibus colebat Deum, illi magis
obediebant creaturae operaque miraculosa petrabat.".

Em progressão ao nosso raciocínio, o Aurora


Tesaurusque Philosophoroum, p. 16, no-la assegura
também:

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"Magiam per suam sapientia affirmarunt, omnes creature ad
Unitam substantiam adducendas, qua suis mundationibus &
purgationibus assertunt subtilitatem ascendere, divinanique
naturam, & occultam proprietate, ut opertetur admiranda.".

Alquimistas filósofos, como Giovanni Battista Agnello,


Cornélio Agrippa, Paracelso, Edward Kelley, John Dee,
Thomas Charnock, Jacob Böhme, Adam van Bodenstein,
Salomão Trismosin, Basílio Valentino, Pierre Jean-Fabre e
etc., sempre salientaram que aquele que domina as
forças do alêntono, igualmente domina seus poderes
divinos e demoníacos3. O ardor da magia presume ser a
nossa própria instintividade, na qual coordenamos
nossas ações e nossos predicados de poder e de
possibilidade do usufruto do mesmo; logo, o alêntono é
plena e ampla satisfação das capacidades psíquicas,
enquanto que o pseudônio é sua latência e
correspondentes obscuridades e desuso. No-lo avalia
Oswald Croll em sua práxis, i.e. nas operações mágicas
(Basilica Chymica, p. 66):

"Hic vet Magus seu sapiens, Astroru operatione attrahere


potest, in imagines, lapides metalla et eande cum Astris
exerceant vim atque potentiam.".

A definição de alquimia é, basicamente, a mesma do


alêntono, apesar de tê-la em sua própria linguagem e
simbologia; daí, agregando o pseudôno, a alquimia

3
“Divino” está relacionado ao Ser Supremo e Absoluto e
“demoníaco” aos daemons, i.e. os seres que protegem e zelam pela
sabedoria do Ser Supremo e Absoluto; anoto isto para evitar más
interpretações.

15
torna-se o próprio conhecimento de anótato; eis as
palavras de Andreas Libavius (Alchmyia, p. 1):

"Alchemia est ars perficiendi magisteria, & essentia puras è


mistis separato corpore, extrahendi.".

Eis, pois, a analogia de Giulio Vanini (Amphiteatrum


Aeternae, p. 237):

"Non Deus actioni nostrae, quia creatura magis assimilatu


creatori & effectus cause, qua creator creaturae, & causa
effectu assimiletur.".

Com estas considerações até aqui designadas, devo


dizer que a pátria humana é, praticamente, a suma
condição de existência do alêntono, em uníssono com o
anótato e desprovida das influências do pseudôno,
exceto no seu período derradeiro e cataclísmico; a
ciência da pátria humana, pela qual ela progredia
espiritual e materialmente, sempre foi, conforme o que
asseguramos, a magia.

16
§3.

A expressão religiosa convém àqueles que prezam pelo


bem próprio, não pelo comum; a religião, enquanto
instituição pormenorizadamente estratificada, é nociva e
doentia. Determinemos, com isso, que suas fundações
são basicamente incutidas na coerção de crença e na
ciência aleivosa do mendaz e contrafeito preconício; a
religião, sob esse viés, ser-nos-á extremamente
imprudente, falaz e pavonesca. No entretanto, existem
certas crenças e atividades hieráticas que, agregadas a
outras culturas, ser-nos-ão deveras verdades e axiomas
absolutos; mesmo assim, a religiosidade hierarquizada
permanece horrenda e insidiosa. Rabindranath Tagore,
em seu ensaio "O Desenvolvimento da Teologia e da
Religião", no-los ratifica:

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"O expressionismo não se cria em sua totalidade, mas está
gradualmente emergindo. Ao mesmo tempo, pensou-se que
isso atingisse a raiz da religião, de modo que os sacerdotes
ficassem apreensivos. Mas gradualmente foi tolerado, todos
concordaram, mas a essência da religião permaneceu
inalterada. As pessoas começaram a perceber o divino na
criação infalível mais do que subitamente. A crença de um
grupo de pessoas é a religiosidade de nossas mentes, a ideia
de Deus é simples autoconfiança. (...) A diferença visível entre
a semente e a árvore não está em mais nada, mas o
propósito de ser uma árvore está presente nela. A expressão
do sistema solar a partir do vapor não significa que o sistema
solar faça parte do vapor. Antes, o mal e o bem, Satanás e
Deus foram colocados em duas categorias opostas. Agora, do
expressionismo, temos em nossa mente que a verdade surge
da mentira e o bem do mal.".

Sabemos que Abraão cultuou o Senhor através dos


altares erigidos e, neles, fazia sacrifícios e oblações
abomináveis; além disso, concedia um bocado de
dízimos para o ícone de Malquisedesque. Ademais,
conforme nos diz Sr. Priestley (History of the Corruptions
of the Christianity, vol. ii, p. 25), os elementos
eucarísticos constituíam, mormente, em mergulhar o
pão num vinho consagrado; notamo-los particularmente
no 11º concílio de Toledo em 675, e outro em Braga na
Galícia, em que um decreto foi dado para interromper
esta prática; apesar disso, os armênios e os moscovitas
continuaram a fazê-lo e estes últimos colocavam tanto o
pão como o vinho numa colher. Não obstante,
conhecemos o fato de que o título de Papa ou Pontífice
Máximo é estritamente pagão; no-lo assegura o mesmo
Sr. Priestley (Op. cit., vol. ii, p. 295) que tal denominação
se nivela em práticas absolutamente anticristãs. Na
Boêmia, a floresta de Miriquidu é, por vezes, referida nos
Eddas e nas tradições teutônicas e, consoante nos diz

18
Sr. Mone (Symbolik und Mythologie der alten Völker, vol.
v, p. 157), oferecia-se-lhe oferendas, tendo em mente
que os boêmios criam nas divindades lá existentes; os
cultos do tipo mitraísta do cristianismo são, justamente,
reflexos destes falicismos e adorações às divindades
pagãs da natureza; exemplos disso, temos as
tradicionais festas da Páscoa e do Natal. Discorreremos,
doravante, sobre este assunto, na nossa teoria sobre os
dogmas religiosos; a pátria humana não é secular, e
nem demasiado teísta – ela é sagrada por si só. E, assim,
todas as religiões do mundo se desenvolveram de suas
tradições, embora, através do tempo, fossem separadas
pelo egoísmo e preconceitos ignorantes do homem; é
nesta ideia que vo-las mostraremos e correlacioná-las-
emos com a nossa teoria dos dogmas religiosos.

Os dogmas religiosos se bifurcam em três graus de


transmissão; a escala é considerada pela maior
aproximação com o anótato, i.e. o Universo todo-
poderoso e divino e sua Lei suprema com o respectivo
entendimento ou percepção. Desta forma, tê-los-emos
nas seguintes classificações:

1) Literal. – O dogma literal se caracteriza pela sua


denotação, i.e. o que se enuncia, é o que se
pretende enunciar e, portanto, é o que se deve
fazer conforme o que é dito ipsis litteris. A maior
parte dos teólogos cristãos, desde Clemente,
Justino, Tertuliano, Lactâncio, Santo Agostinho,
Eusébio, João Cristósomo e Pacômio até Caspar
Batholin, Laurentinus Gothus, Nicolas-Sylvestre
Bergier, Anton Christian Bang e Andreas
Jungmann, deliberaram acerca do simbolismo
translatício bíblico no modelo dogmático literal de
interpretação, o que é, evidentemente, errôneo e
até burlesco e enfatuado. Sr. Mosheim

19
(Ecclesiastical History, vol. i, p. 523) aponta que o
cristianismo, em seu tempo e, até mesmo,
atualmente, se vale de ritos e cerimônias
exteriores; a devoção é supersticiosa e a
administração do sacramento do repasto do
Senhor (fé científica) não só foi ajaezada com
indecoro, mas também foi deturpada; isto
demonstra que o misticismo cristão do Messias foi
se transformando, paulatinamente, em fanatismo,
sectarismo e chauvinismo completos, reduzindo-
se, basicamente, a uma nuga infida e impróspera.
Tais hediondezas são resultantes, sobretudo, da
interpretação puramente direcionada à
credulidade injudiciosa, incauta e obtusa e pela
literalidade insipiente do simbolismo sagrado da
doutrina original e secreta, pois, consoante Sr. Du
Choul (De Varia Quercus Historia, p. 106), tal
entendimento pode desdobrar uma consciência
malfeitora e distante do escopo de verdadeira e
absoluta bem-aventurança dos Adeptos (viz.
Iluminados). Portanto, o dogma literal não consiste
em apenas interpretar um determinado
simbolismo esotérico ou exotérico mediante a uma
designação percipiente dos termos nele
empregados em sua modalidade denotativa, mas,
também, contrai o maior dos errantes
partidarismos e dos jingoísmos engajados em
extremos detrimento e insularidade; desta forma,
não só necessita evitá-lo, mas prevenir-se de
qualquer pensamento similar ou igual.
2) Alegórico. – O dogma alegórico é quando existe
uma parcial revelação do simbolismo e um
simbolismo completo e claro; entende-se aí toda a
manifestação evocativa e emblemática da
alegoria, mas não se apreendem os seus
verdadeiros e inefáveis arcanos. Tebas, o centro

20
civilizado do Antigo Egito, muitíssimos séculos
mais antiga que Abraão, com templos de material
similar aos de Karnak e contendo 74 sepulcros
régios, tinha dois principais obeliscos a
demonstrarem os tesouros e os territórios por ela
conquistados, defronte do templo de Ammon e um
arco esplêndido para o oráculo de cedro dourado
externamente e prateado internamente (Historical
Researches, vol. ii, p. 309); os cultos tebanos eram
conhecidos por suas alegorias e por seus grandes
arcanos também – sem embargo, apesar de seus
empíreos santuários, tabernáculos, templos e
utensílios ritualísticos e dos próprios gigantescos
portões de pilones a levar o iniciado ao mais
inacessível sacrário, não podemos negar que a
iniciação tebana, ao se utilizar de sacrifícios e de
demasiada estima ao candelabro e ao lehem
panim, era um tanto apegada aos objetos de
sentidos, malgrado os sacerdotes
verdadeiramente Adeptos mais preocupavam-se
com a sabedoria absoluta dos ancestrais e meditar
a respeito do que com a tradição deiforme
estabelecida na própria Tebas. Eles, então,
buscavam o dogma místico, pertinente à
civilização-mãe de Tebas, o qual elucidaremos
posteriormente, e não a alegoria, pertinente à
Tebas; ao passo que a alegoria conduz a uma
parte da verdade, o misticismo fá-lo para a
verdade íntegra e perfeita. E isto é o que
verificaremos.
3) Místico. – O dogma místico se caracteriza por estar
diretamente em uníssono com o anótato e ser,
conseguintemente, um axioma universal e
verdadeiro por si só, ou a grande sabedoria das
idades e dos mundos; possui seu simbolismo
deveras – todavia, para quem interpreta o dogma

21
ao seu viés místico, conforme cá delineado, não
existe mais simbologia nem nos relatos mais
alegóricos; existe somente, portanto, a verdade
contada em sua forma mais objetiva e apodítica.
Sr. Carlyle (Past and Present, p. 61) nos diz que a
religião, sob o sobredito dogma místico, reclina-se
sobre um todo-envolvente pálio celeste, como uma
atmosfera e um elemento vital, de que nada se
fala, e que, justaposta em todas as coisas, parece
não ter algum discurso devidamente falado;
chamamos esta propriedade de "simbologia
mística suprema" ou, simplesmente, "arcano";
continua Sr. Carlyle (Op. cit., p. 113) afirmando
que, corroborando a tese de que o silêncio é a
chave para a mais sábia e transcendente
iluminação, o Abade Samson, regressando de sua
estólida peregrinação, sentou-se aos pés do
santuário do Santo Edmundo e contemplou-o em
silêncio, passando a ficar, alguns momentos
depois, em íntegro transe. Vemos, inclusive, o
dogma místico incutido na numerologia e na
matemática, tradições arcanas tão sagradas
quanto às alquímicas e filosóficas; Sr. Ralston
Skinner (The Source of Measures, p. 217) no-lo
assegura no sentido de que a origem da medida
20612, onde são trabalhados os valores de pé e
cúbito valendo, respectivamente, 206¹² e 120,
para obter a forma da medida de regular os
trabalhos interiores da Grande Pirâmide, tendo
referência a comparação do tempo lunar com o
solar e da correlação da medida de distância –
prossegue ele, claramente, falando que são
exatidões de sabedoria cósmica e de ajustamento
divino. Tal asserção ratifica o fato de que os
construtores da Grande Pirâmide (e,
provavelmente, das outras duas) usaram do

22
dogma místico (ou dos princípios basilares da
filosofia perene) para edificarem-nas com
perfeição evidentemente extramundana, cuja
antiguidade vai de tempos imemoriais, que nem
mesmo o Antigo Egito alentava a sua existência.

O anótato, em que pese a sua supremacia completa no


Todo da Lei Cósmica, possui uma voragem energética na
qual ele se manifesta na periferia da consciência dos
seres e deposita toda sua força a fim de reger e regular
a moção do Grande Alento da vida no universo;
chamamos este fenômeno de biônio ou energia vital.
Conforme nos assegura Zenão de Cítio, o biônio (πνεῦμα)
fomenta toda a essência sutil ôntica (λεπτομερέστατον)
pela qual se superintende o núcleo existencial (υπάρχει)
de cada ser vivo em sua fenomenologia de expressão e
impressão espirituais ou materiais; Cleantes, através do
πῦρ de Heráclito, diz que πνεῦμα (ou biônio),
complementando as elaborações filosóficas de Zenão,
governa a todo o universo permeado ao passo que seus
predicados são indivisíveis (ἄτομος) e essenciais (οὐσία).
Galeno designa o corpus magnitudine fundando-se na
concepção de πνεῦμα, e com base nessas opiniões
estoicas, nos diz (Defintiones Rerum Medicarum, p. 6):

"Anima, secundum Stoicos est corpus subitilissimis ptibus


constans, quae volunatrio se motu exercet ratione geniturae.
Vel: Anima est actus primus et perfectus corporis organici
potestate vitam habentis, secundum Aristotelis sententiae.".

De acordo com o Bhagavad Gita, 4: 27, as funções dos


sentidos e da vitalidade (i..e, Prana, biônio ou energia
vital) são, pelos Adeptos, sacrificadas no fogo do Yoga
exortado pela Grande Sabedoria. Shankacharya comenta

23
que as funções do Prana, viz. o ar vital no corpo do
indivíduo, são espécies de contração, expansão e etc.
Prossegue Shankachraya dizendo que as funções dos
sentidos são, por sua vez, completamente dissolvidas ao
passo que o yogin concentra sua mente no seu Eu
superior. De acordo com o Kailasamhita, embutido no
Shiva Purana, cap. iii, 3: 14-15, o Pranava é o grande
alento de todos os seres vivos desde Brahma até os
seres inanimados. Tendo em mente que o Prana cumpre
este dever, logo ele próprio é o Pranava. Consistindo o
mesmo das letras A, U e M no meio e de Bindu e Nada
no fim, logo ele é "OM", o som da criação e do universo.

Segundo o Alcorão, sura 2, vers. 253, diz que a Jesus,


foram-lhe dados "sinais" (clarividência) por meio do
desenvolvimento de seu espírito sagrado (i.e. biônio,
energia vital ou, nos ditames do islã, ‫{ روح القدس‬ruh al-
qudus} ou, simplesmente, ‫{ روح‬ruh}). Al-Suhrawardi, no
seu "Awarif Al-Maarif" (p. 49) diz que ruh, a energia vital,
é o predicado da verdade ( ‫حق‬
ّ – haqq) e, por isso, o meio
pelo qual se contempla os mistérios da alma em estado
de plena e sapiente liberdade, conforme a unidade
suprema do Mukashafa.

Eis uma das célebres frases do Neiye, incorporado ao


Guanzi, que define claramente o que é qi (energia vital):
"凡物之精,此則為生." (Fán wù zhī jīng, cǐ zé wéi shēng.)4.
Agora, deixo convosco o texto do mesmo discurso que
fala claramente a respeito do biônio, sc. qi5:

4
"A essência de todas as coisas é viva."
5
"Fluindo entre o céu e a terra, é chamado de espectro; oculto no
peito, é chamado de santo. É o sentimento de todos, é como estar
no céu, é como estar no abismo, é como o mar e é como tu. É por
isso que o qi não pode ser interrompido forçosamente, mas pode
ser preservado com virtude; não pode ser bradado, mas pode ser
percebido com som.".

24
"Liú yú tiāndì zhī jiān, wèi zhī guǐshén; cáng yú xiōngzhōng,
wèi zhī shèngrén. Shì gù mínqì, gǎo hū rú dēng yú tiān, yǎo hū
rú rù yú yuān, nào hū rú zàiyú hǎi, zú hū rú zàiyú jǐ. Shì gùcǐ qì
yě, bùkězhǐ yǐ lì, ér kě ān yǐ dé; bùkě hū yǐ shēng, ér kě yíng yǐ
yīn. Jìng shǒu wù shī, shì wèi chéng dé. Dé chéng ér zhì chū,
wànwù guǒ dé. (...)".

Os melanésios, como todas as culturas até agora


mencionadas, conforme os dizeres do Sr. Codrington
(The Melanesians: Studies in their Antropology and
Folklore, pp. 120-122) acreditavam também no biônio,
com todas as propriedades "extraordinárias" e
"preternaturais" impostas a este, e chamavam-no de
mana; ademais, cria o mesmo povo que seres dotados
de ubíqua inteligência, com corpos sutis, etéreos e
superlunares, tinham o seu mana desperto e
sumamente desenvolvido, denominados por convenção
antropológica de tamate', consoante as atribuições do
Sr. Hazelwood e do Sr. Brenchley.

Sr. Hewitt, num artigo intitulado "Orenda and a


Definition of Religion", na revista acadêmica American
Anthropologist em 1902, preliminarmente considera que
o Conselho de Condolência Iroquoiano era uma
instituição designada a dar vida e estabilidade à
comunidade amplamente pelo exercício da potência
mística. Malgrado o autor adjetive preconceituosa e
inescrupulosamente os povos ameríndios de "bestas" e
"selvagens", ele faz, em compensação, uma descrição
fida dos conceitos sagrados destas culturas. Ele ressalta
o uso extensivo da música nas práticas místicas nos
sobreditos povos e a importância do som para estimular
a potência mística e espiritual do ser humano, cuja

25
acepção é compartilhada praticamente por todos os
povos antigos na história. Orenda é um terno iroqouiano
para "energia vital", enquanto, e.g., wadk, mahópa e
sube são utilizados pelos siouanos, manitowi pelos
algonquianos e pokunt pelos shosheanos. Os xamãs, ou
os hatirendiowa'né, i.e. os Adeptos e sábios das tribos
ameríndias, são aqueles que, efetivamente, dominaram
as influências da orenda, e neste grupo, incluem-se, v.g.,
os ratendrats, ou profetas. A mesma tradição, a
propósito, enfatiza que, através do exercício e da
estimulação da orenda, é provável que o ser tenha uma
realização plena, a preservação completa de sua vida e
a liberação de consciência como irrevogáveis
consequências.

Essas concepções universais e indubitáveis de biônio até


agora referidas são de natureza filosófico-religiosa;
aquelas pertinentes a psicológico-científica, elucidarei
mais tarde. Destarte, a pátria humana tinha como uma
de suas tradições filosóficas perenes, a ideia de biônio;
e, sob esta mesma ideia, prosperou espiritualmente em
todos os sentidos e caminhos possíveis.

§4.

26
As faculdades de projeção astral despertadas é um
glorioso secret estoupé para o homem, onde ele se
reinventa, se renova e retorna para sua verdadeira
essência, ante o serenismo e a infinda evolução en
marchant par-dessus et devant. Pierre Piobb escreve a
respeito do fenômeno com grande perspicácia
(Formulário de Alta Magia, p. 215):

"Dá-se mais ou menos o nome de meditação, a toda tentativa


volitiva de exteriorização do corpo astral. Reserva-se, então, o
nome de êxtase para as mesmas tentativas, quando
involuntárias. O corpo astral é capaz de exteriorizar-se:

1º – Totalmente, daí os fenômenos de ubiquidade ou de


aparecimento da mesma pessoa em dois lugares diferentes
da Terra e bastante distanciados um do outro; daí também o
êxtase ou morte momentânea (trata-se, então, de uma
espécie de viagem do "corpo astral" ao que se denomina
"planos" mais ou menos "superiores");

2º – Parcialmente, daí os fenômenos de telepatia, volitivos ou


não (que podem ser comparados à ubiquidade) e de vidência
involuntária (em certa medida, correspondendo ao êxtase).

Um método de exercício meditativo é o seguinte:

– Operar todas as manhãs, à mesma hora, durante dez,


quinze ou vinte minutos;

– Permanecer no leito, em semiobscuridade, sentado, com a


cabeça e os ombros cobertos;

– Fazer, assim, o pensamento viajar, concentrando-o e


exteriorizando-o.".

Conforme dizia Srta. Flarr, em seu admirável trabalho


sobre magia egípcia, a projeção astral, como
iniciaticamente pressuposta, é produzida a partir de

27
presumíveis três estágios, sobre os quais teorizaremos
com certa base no trabalho da supracitada Srta. Flarr:

1º – Cultivo do germe côncavo de Ab (vontade), cujo


fenômeno estimula, imprescindivelmente, a
desconsciência holossomática, a separação de Crookall
ou o fenômeno físico mais elevado do Dr. Carrington.

2º – A progressão do influxo quintessencial com Ka, ou o


Ego fundamental, em conluio com a entidade primaz, ou
Hammemit.

3º – A aspiração de cultivo ao pensamento e à vontade a


fomentar o todo-penetrante Baie, ou espírito ou espírito
sagrado.

O Baie contém, ademais, através do princípio do ovo, as


forças de Ab e Ka mediante a sua infiltração no princípio
côncavo.

Comovida por uma experiência projetiva prolongada, a


pessoa, incentivada pelo desejo de manter o evento
somente para si mesma ou para a gente de muita
confiança sua, temendo a represália da sociedade, passa
pelo processo de recéxis, i.e. as lembranças vívidas da
projeção consciente que, quando acumuladas em uma
gama de circunstâncias anamnésicas, acabam se
transformando em uma espécie "traumática" com
sequelas para a vida toda; assim aconteceu com Arisdeu
de Soles, o qual, por sua vez, relatou sua experiência
para Prótegenes e Plutarco que, inclusive, escreveu a
respeito; quando estavam a enterrar o corpo de Arisdeu,
este imediatamente retornou a ele em três dias. Tal
fenômeno é muito importante para a casuística das
recéxis, pois ele é singular e, algumas vezes,
inexplicável até para os mais versados parapsicólogos.

28
Dean Shiels, em 1978, fez um estudo antropológico
sobre 60 culturas do mundo com o objetivo de examinar
as suas crenças em projeção astral e concluiu,
cientificamente, que 95% acreditava peremptoriamente
no fenômeno extrafísico e, o que é mais arrebatador da
pesquisa, suas tradições reportavam-na uniformemente.
Sabemos que o domínio íntegro tanto do deuterossoma
quanto do holossoma resulta na apoteose da consciência
humana, cujo fenômeno Guilmot compara à ressureição
de Osíris, i.e. o raio zenital do Baie (The Initiatory
Process in Ancient Egypt, pp. 34-35). Os grivenxes
conscienciológicos, viz. as novas gerações de nova
consciência, conforme nos assegura Sr. Fodor, quando
relata que o Sr. Z. passou por uma experiência projetiva
sem acalmia e comunicação telepática à trois, ao longo
do seu livro "Between Two Worlds", no qual relata casos
que se estendem desde Greason e Nijinsky até Ferecenzi
e Jung, e muitos outros ocultistas e parapsicólogos da
projeciologia (como, v.g., Muldoon, Fox e Holzer), será
de pessoas com habilidades mediúnicas plenamente
desenvolvidas e dos sensitivos predispostos
naturalmente à ectoplasmias e outros grandes
fenômenos parapsíquicos; disto, os mestres da
sabedoria ou os Adeptos nos alertaram nimiamente e,
devido a isso, não podemos negar a sua perceptível
veracidade.

Corrobora esta afirmação (viz. a de que o futuro da


humanidade será de paranormais e médiuns) a Madame
Steiger, quando em seu livro "Superhumanity", clamou
que ter-se-ia uma nova raça humana de poderes
psíquicos totalmente despertos e ativos, com base em
sua clarividência e nos axiomas da doutrina secreta da
Ordem Hermética da Golden Dawn, a qual ela pertencia.
A lucidez dos fenômenos extrafísicos, conforme nos
afirma Geley, se origina da evolução extraterrestre do

29
ser subconsciente (L'Être Subconscient, p. 132). No
Genji, clássico livro japonês, temos o fenômeno de
ikisudama (ou ikiriyo, i.e. projeção astral ou experiência
extracorpórea) no tumulto psíquico de Kashigawi e
Rokujo, os quais passam pela experiência de seu corpo
sutil (ou alma) estar "vagando solta", i.e. a alma se
desdobra errabunda (tamashii).

Daí, eis que nos introduz Inardi, a fenomenologia da


projeção astral supra-holofótica ou ectoplasmia (L'Ignoto
in Noi, pp. 235-236):

"Neste tipo de fenomenologia, verificar-se-ia o escapamento


do corpo do médium de uma substância diferenciada, amorfa:
ora pastosa, ora elástica, de cor cinzenta ou intensamente
branca: ás vezes luminescente, dotada de movimento, ás
vezes rapidíssimo, e sensibilíssima ao tato, mas sobretudo à
luz, que teria para esta um notável poder segregativo (é a
razão pela qual as sessões sempre se envolvem no obscuro
ou em tenuíssima luz vermelha). Tal substância surgiria das
cavidades naturais do médium (...) e ás vezes dissolver-se-ia
no ar, ao passo que em reentraria no corpo do médium do
mesmo modo como surgira.".

Sr. Kettelkamp nos relata que Ingo Swann, um grande


viajante astral, teve sua primeira experiência aos dois
anos e meio de idade, quando estava numa sala de
operação a fim de retirar as suas tonsilas palatinas e, de
repente, ele se separou do corpo físico e viu toda a
extração do órgão; depois de retornar, consciente de sua
experiência, gritou:

– Eu quero minhas tonsilas!

30
Vivendo nas Montanhas Rochosas, continuou a ter
experiências extracorpóreas, cada vez mais frequentes,
nas quais ninguém de sua família acreditava, exceto a
sua avó que lhe dava mais atenção e, deveras, nele
acreditava. Na adolescência, querendo ser como seus
pares, teve suas experiências psíquicas reduzidas; a
despeito disso, elas não desapareceram. Ele também
conseguia ver as auras das pessoas e era dotado de
certos poderes paranormais, conforme comprovado pela
Sociedade Americana para Pesquisas Psíquicas em 1972.
Também pintava extraordinários quadros mediante a
sua paranormalidade e, ademais, tais obras eram
expostas em galerias famosas do mundo inteiro6.

Em três casos de EFCs7 com parapsicólogos, temos, v.g.,


Bayless, em seu caso, soía ter suas experiências de
projeção astral após praticar o pranayama e estar
simplesmente reclinado e parado, ao passo que Paul as
tinha simplesmente por deitar em sua cama e Rogo, por
sua vez, conscientemente as induzia e se projetava. Na
Antiguidade, como vemos na Bíblia, Ezequiel (11: 1)
relata a sua experiência de viagem astral com o auxílio
de seu espírito-guia:

"Ao depois me elevou o espírito, e me introduziu na porta


oriental da casa do Senhor, que olha para a nascente (...)".

João diz sobre o mesmo fenômeno em Apocalipse (1: 10;


4: 2):

6
Para saber mais, vede “Investigating Psychics”, pp. 28-47
7
Sigla de “experiências fora do corpo”.

31
"Eu fui arrebatado em espírito um dia de domingo, e ouvi por
detrás de mim uma grande voz como de trombeta.".

"E logo fui arrebatado em espírito: e vi imediatamente um


trono, que estava posto no céu, e sobre o trono estava um
assentado.".

Paulo também fá-lo em II Coríntios (12: 2):

"Conheço a um homem em Cristo, que catorze anos há foi


arrebatado, se foi no corpo não o sei, ou se fora do corpo,
também não sei, Deus o sabe, até o terceiro céu.".

Sr. Delanne (Le Phenómene Spirite, p. 168) comprova


que as experiências de Zoëlnner são relativas à
separação da matéria (i.e. projeção astral) e, inclusive,
deu-se no intercurso dela comunicação com entidades
meta-humanas, o que corrobora que, quando se está no
corpo sutil, as sutilezas espirituais do universo poderão,
portanto, ser testemunhadas. Verifica-no-la (viz., a
separação da matéria ou projeção astral) a saga
irlandesa da Visão de Adamnán (vers. 3):

"Finalmente, para Adamnán u Thinne, o Sumo Erudito do


Mundo Ocidental, foram reveladas as coisas que estão aqui
registradas; pois sua alma saiu de seu corpo no banquete de
João Batista e foi levada ao reino celestial, onde os anjos
celestiais estão, e ao inferno, com seu povaréu numa
assuada. Não muito depois, sua alma foi lançada para fora de
seu corpo, ao passo que o anjo que era seu guardião

32
apareceu ainda na carne, e transportou-a, primeiramente, ao
Reino dos Céus.".

Reporta o mesmo fenômeno o Visio Tgnudali:

"Quando Tundale entrou em colapso, seu espírito


rapidamente saiu de seu corpo. E assim que ele morreu, sua
alma entrou em um lugar escuro, sozinho e miserável –
chorou e ficou muito angustiado. Tundale pensou que havia
chegado ao lugar de eterna dor e condenação! Ele pensou
que nunca mais existiria em seu corpo, por causa dos
pecados que sua carne havia cometido e que ele não seria
capaz de ocultar. Ele preferiria que à Terra pudesse ter
retornado! Mas ele deveria sofrer e testemunhar muitas
coisas hediondas e entender o leque de alegrias e punições
que esperam por todos nós, pois essa história devê-los-á
testemunhar.".

Valmiki, no seu Vasistha Maharamayana (vol. iv, cap.


clxxxviii, vers. 11-14) assume que o corpo intelectual (ou
racional) é formado por um vácuo intelectual, que é mais
raro do que o próprio ar rarefeito. Daí, ele prossegue,
corroborando a nossa tese de que o corpo é suscetível a
separar-se de si e converter-se em alma:
"Este corpo intelectual observa o universo, tanto do seu
interno quanto do seu externo; assim como o vidro reflete e
refrata, as imagens externas e internas são as mesmas fora e
dentro; e o ar aberto reflete e nos mostra os céus
superiores.".

33
Sentindo uma estranha sensação abaixo da base da
espinha, entrando em meditação profunda, tendo a
iluminação cada vez mais cintilante, Gopi Krishna saiu
do seu corpo e entrou numa experiência consciente de
projeção astral8. No entretanto, adverte Sr. Lancelin
sobre algumas propriedades atribuladas da viagem
astral em suas primeiras manifestações (Méthode de
Dédoublement Personnel, p. 135):

"As primeiras viagens astrais são bastante difíceis de


controlar, porque em muitas pessoas eles não deixam outras
lembranças além daquilo que é comumente chamado sono de
chumbo. Outros, pelo contrário, acordam no dia seguinte com
um cansaço geral mais ou menos pronunciado – que chega a
um ponto de rigidez – como se durante a noite tivessem se
envolvido em um ótimo trabalho físico, menos sonâmbulos,
porque sua memória não registrou nenhuma outra lembrança
da noite a não ser a de um sono profundo, contínuo e calmo.
Alguns, finalmente, acordando no dia seguinte em um estado
de nervosismo mais ou menos pronunciado, acompanhado
por um leve desconforto (dor de cabeça etc.)".

As pesquisas de Tart9 e Morris10 demonstraram que


houve diminuição substancial no movimento rápido dos
olhos durante as experiências fora do corpo. Spencer
Shermann11 fez um estudo experimental e
8
Vede “Kundalini: the Evoltutionary Energy of Man”, pp. 12-13
9
“A Parapsychological Study in Out-of-Body-Experiences in Selected
Subjects”, Journal of the American Society for Psychic Research
(1968)
10
“Studies of Communication in Out-of-Body-Experiences”, Journal of
the American Society for Psychic Research (1978)

11
“Brief Report: Very Deep Hypnosis”, Journal of Transpersonal
Psychology (1972)

34
eletroencefalográfico para examinar os padrões e as
características de pessoas em hipnose muito profunda e
concluiu que houve amostras de valorosa correlação
com aqueles dos viajantes astrais. Os registros
eletroencefalográficos de Swann12 de ambos seus
hemisférios cerebrais atestaram que houve perda de
atividade elétrica e diminuição na frequência alfa
durante a EFC; contudo, a taxa de batimento cardíaco e
as funções do sistema autonômico permaneceram
normais. Diante de todos estes arrebatadores
esclarecimentos, deverei encerrar este capítulo com a
brilhante frase de Lord Byron, exposta logo abaixo:

"A verdade é estranha, sempre mais estranha que a ficção.".

12
Vede p. 26 e nota 6.

35
§5.

Quando Salomão – venerado por Deus, construtor da


Grande Loja de Jerusalém e da Eterna Casa – ascendeu
ao trono de Davi, seu pai, ele consagrou sua vida à
edificação de um templo para o Todo-Poderoso e um
paço para os reis de Israel. O fiel amigo de Davi, Hirão,
rei de Tiro, ao ouvir que um filho de Davi estava sentado
no trono de Israel, enviou mensagens de felicitações e
ofertas de assistência ao novo governante. O I Livro dos
Reis no-lo justifica (5: 1):

"Enviou também Hirão de Tiro servos a Salomão: pois ouviu


que ele tinha sido ungido rei em lugar de seu pai: porque
Hirão sempre fora amigo de Davi.".

Salomão fez um acordo com Hirão de Tiro prometendo


grandes quantidades de cevada, trigo, milho, vinho e
óleo como salário para os pedreiros e carpinteiros de
Tiro, que deveriam ajudar os judeus na construção do
templo. Hirão também forneceu cedros e outras árvores
finas, que foram transformadas em jangadas e flutuaram
no mar até Jope, de onde foram levados para o interior
pelos trabalhadores de Salomão para o local do templo.
Daí, segue a asserção do I Livro dos Reis (5: 12):

"Deu o Senhor também a sabedoria a Salomão, conforme lho


tinha prometido: e havia paz entre Hirão e Salomão, e fizeram
ambos entre si aliança.".

36
Salomão iniciou a construção de seu imperioso templo
no seu quarto ano de reinado, no segundo mês, no que
se chamava o Jur hebraico13; Salomão, porém, dizia em
seus augúrios: "Sobre os estrangeiros, não podemos
interferir nestes, desde não façam-no conosco;
igualmente, se eles interferirem uns nos outros,
deixemos com que eles o façam. Sobre a concessão do
terço, a qual alguns desdenham, deve ser compreendida
tanto como."14. Os relatos talmúdicos nos contam que
Salomão escreveu um livro sagrado chamado Sepher
Dekhenet, ou Biblion Iamaton, no qual apresentava
fórmulas mágicas e de invocação minuciosas 15. Sobre tal
sabedoria divina e secreta, eis o que diz o I Livro dos
Reis (4: 30-31):

"E a sabedoria de Salomão excedia a sabedoria de todos os


orientais e egípcios, e era mais sábio do que todos os
homens; mais sábio do que Etan ezraíta, e do que Herman, e
do que Calcol, e do que Dorda, filhos de Maol: era nomeado
por todas as nações circunvizinhas.".

Retornando ao assunto da Aliança, por causa de seu


grande amor por Salomão, Hirão de Tiro enviou também
o grão-mestre dos arquitetos dionisíacos, Hirão Abiff,
filho de uma viúva, que não tinha igual entre os artesãos
da terra. Ele era tirano por castigo, mas descendente de
israelitas e um segundo Bezaleel, homenageado por seu
rei com o título de pai. Ele era o trabalhador mais astuto,
13
Vede “Antiquities of Jews”, Flávio Josefo, vol. i, lib. viii, cap. 3, p.
568
14
Vede “Synagoga Judaica”, Johannes Buxtorf, p. 567
15
Vede “Geschichte der Juden”, Heinrich Graetz, vol. i, p. 701

37
hábil e curioso que já existiu, cujas habilidades não se
limitavam a construir sozinho, mas estendiam-se a todo
tipo de trabalho, seja em ouro, prata, latão ou ferro; seja
em linho, tapeçaria ou bordado; considerado como
arquiteto, estatuário; construtor ou engenheiro,
separadamente ou em conjunto, ele também se
destacou. A partir de seus desígnios e sob sua direção,
todos os móveis ricos e esplêndidos do Templo e seus
vários anexos foram iniciados, continuados e finalizados.
Salomão o nomeou, na sua ausência, para ocupar a
cadeira, como vice-grão-mestre; e em sua presença,
Mestre de Obra e superintendente geral de todos os
artistas, bem como aqueles que Davi havia
anteriormente adquirido de Tiro e Sidon, como os que
Hirão agora deveria enviar.

Sr. Oliver observa (Historical Landmarks, vol. i, p. 83)


que Salomão ordenara a todos os chefes das tribos de
Israel para levarem o Arco de Sião a um templo que
estava sendo construído; tendo este concluído, os levitas
o deram para os sacerdotes que fixaram-no no centro do
santum sanctorum; malgrado todos os sacerdotes
pudessem entrar no local do santum sanctorum, ao
longo do tempo, só pôde o Sumo Sacerdote desfrutar
deste elevado privilégio, no qual, ademais, no grande dia
da expiação, realizava lavagens e ritos de purificação,
cuja prática, nos ditames da lei mosaica, tornava a carne
limpa, pois, sem esta, ela continuaria eternamente suja.
Além disso, temos as célebres colunas de Jaquin e Booz
posicionadas no pórtico do templo, o qual, acima delas,
pôs-se um lavor a modo de açucena. A frase formada
pelas palavras Jaquin e Booz significa:

"Deus dá estabilidade com força.".

38
Na edificação do Oráculo, fizeram-no com um cubo
exato, cada dimensão tendo vinte cúbitos,
demonstrando influência clara da simbólica egípcia. Os
edifícios do templo foram ornamentados com 1453
colunas de mármore pariano, esculpidas
magnificamente e 2906 pilastras decoradas com
capitéis. Segundo a tradição, os vários edifícios e pátios
podiam acomodar todas as 300.000 pessoas. Tanto o
Santuário quanto o santum sanctorum estavam
inteiramente revestidos com placas de ouro maciço
incrustadas de joias. Em seu "Freemason's Guide", p.
209, Daniel Sickels nos informa de que, um ano após a
construção do Templo, as cerimônias dedicatórias
começaram numa sexta-feira, 30 de outubro, e duraram
por 14 dias, até 12 de novembro; elucida, outrossim, que
7 dias do festival eram devotados exclusivamente à
dedicação e o restante aos subsequentes Banquetes do
Tabernáculo. Eis o que diz o I Livro dos Reis sobre a
dedicação do templo (8: 2-4):

"E todo o Israel concorreu ao Rei Salomão num solene dia do


mês de Etanim, que é o sétimo mês. E vieram todos os
anciãos de Israel, e tomaram os sacerdotes a Arca, e levaram
a arca do Senhor e o tabernáculo do concerto, e todos os
vasos do santuário, que havia no tabernáculo: e os
sacerdotes, e levitas os levavam.".

39
Figura 1: Avental maçônico com figuras simbólicas (Retirado de um
avental maçônico pintado à mão)

Enquanto o simbolismo místico da Maçonaria decreta que o


avental deve ser um simples quadrado de pele de cordeiro
branco com aba apropriada, os aventais maçônicos são
frequentemente decorados com figuras curiosas e
impressionantes. Para Marte, o antigo plano de energia
cósmica, os "observadores de estrelas" atlantes e caldeus
designaram Áries como trono diurno e Escorpião como trono
noturno. Aqueles que não foram ressuscitados para a vida
espiritual pela iniciação são descritos como "mortos pela
picada de um escorpião", pois vagam no lado noturno do
poder divino. Através do mistério do Cordeiro Pascal, ou da
conquista do Tosão de Ouro, essas almas são elevadas ao dia
construtivo Poder de Marte em Áries – o símbolo do Criador.

Quando usada sobre a área relacionada às paixões animais, a


pele de cordeiro pura significa a regeneração das forças
procriadoras e sua consagração ao serviço da Deidade. O
tamanho do avental, exclusivo da aba, faz dele o símbolo da

40
salvação, pois os Mistérios declaram que deve consistir em
144 polegadas quadradas.

O avental mostrado acima contém uma riqueza de


simbolismo: a colmeia, emblemática da loja maçônica em si,
a espátula, o martelo e a carga; os silhares ásperos e
verdadeiros; as pirâmides e colinas do Líbano; os pilares, o
templo e o tabuleiro de xadrez; a estrela ardente e as
ferramentas do ofício. O centro do avental é ocupado pela
bússola e pelo quadrado, representativos do macrocosmo e
do microcosmo, e pela serpente alternadamente preta e
branca da luz astral. Abaixo está um ramo de acácia com sete
ramos, significando os Centros de vida do homem superior e
inferior. O crânio e os ossos cruzados são um lembrete
contínuo de que a natureza espiritual só alcança a libertação
após a morte filosófica da personalidade sensível do
homem16.

Enquanto todos foram classificados de acordo com seus


méritos, alguns ficaram insatisfeitos, pois desejavam
uma posição mais elevada do que eram capazes de
preencher. Por fim, três companheiros artesãos, mais
ousados que seus companheiros, decidiram forçar Hirão
a revelar-lhes a Palavra do Mestre. Sabendo que Hirão
sempre entrava no sanctum sanctorum inacabado ao
meio-dia para orar, esses bandidos – cujos nomes eram
Jubela, Jubelo e Jubelum – esperavam por ele, um em
cada um dos principais portões do templo. Hirão, prestes
a deixar o templo pelo portão sul, foi subitamente
confrontado por Jubela armado com um medidor de
vinte e quatro polegadas. Com a recusa de Hirão em
revelar a Palavra do Mestre, o rufião o golpeou na
garganta com a regra, e o Mestre ferido correu para o
portão oeste, onde Jubelo, armado com um esquadro, o
esperava e fez uma exigência semelhante. Mais uma
16
A interpretação do avental maçônico foi feita com base no “The
Symbolism of Freemasonry” do Mackey, “Moral and Dogma” do Pike
e “The Secret Teachings of All Ages“ do Manly P. Hall.

41
vez, Hirão ficou calado, e o segundo assassino o atingiu
no peito com o esquadro. Hirão então cambaleou até o
portão leste, apenas para ser encontrado por Jubelum,
armado com um maul. Quando Hirão recusou a Palavra
do Mestre, Jubelum golpeou o Mestre entre os olhos com
o martelo e Hirão caiu morto.

Salomão fez Jerusalém ficar abundante em prata tanto


quanto as estradas de pedra; multiplicou tanto, ademais,
as árvores de cedro nas chanuras de Judá, que não se
desenvolviam antes, que ficaram tão comuns quanto as
de sicômoro17. Além disso, eis o que é dito sobre as
riquezas de Salomão no I Livro dos Reis (10: 14; 17):

"E o peso de ouro, que se trazia a Salomão cada ano, era de


seiscentos e sessenta e seis talentos de ouro. (...) E trezentos
broquéis de ouro fino: trezentas minas de ouro revestiam
cada broquel: e o rei os pôs na casa do Bosque do Líbano.".

Ao contrário de Samaria, cujo santuário javeístico era


ofuscado pelos templos de Dan e Bethel, Jerusalém
tornou-se paulatinamente o centro da vida judaica, com
a prosperidade exímia dos cultos e das cerimônias do
Templo de Salomão18. Salomão, quando trouxe três
quartos da produção do globo para seu reino, encorajou
as relações comerciais com as nações estrangeiras
como, e.g., Ophir, na costa oeste da Índia, e Tartessus,
na Espanha19. Eis o que é dito sobre o domínio territorial
de Salomão no I Livro dos Reis (4: 21):
17
Op. cit., Flávio Josefo, vol. i, lib. viii, cap. 7, p. 599
18
Vede “The Social and Religious History of the Jews”, Salo
Wittmayer Baron, vol. i, p. 68
19
Vede “The Religion of Israel to the Fall of the Jewish State”,
Abraham Kuenen, vol. i, pp. 342-343

42
"E tinha Salomão debaixo do seu domínio todos os reinos
desde o rio do país dos filisteus até a fronteira do Egito: e lhe
ofereciam presentes, e lhe estiveram sujeitos por todos os
dias de sua vida.".

Figura 2: Ilustração do Templo de Salomão

Eis uma descrição de II Crônicas (3: 4-5) da opulência do


Templo de Salomão:

"E o pórtico da frontaria, era do comprimento em


correspondência da largura da casa, de vinte côvados: mas a
altura era de cento e vinte côvados: e Salomão o fez dourar
todo por dentro de ouro puríssimo. Fez também forrar a parte
maior do Templo de madeira de faia, e fez chapear tudo de

43
lâminas de puríssimo ouro: e gravou nela palmas, e umas
como cadeiazinhas, que se enlaçavam umas com as outras.".

É conhecido que Salomão idolatrava divindades como


Astarte, Chemosh e Milcom; tais ações foram vistas com
dura penalidade em sua época, mas, na posteridade,
foram perdoadas20 – ambas as visões são levianas em
certo ponto. Salomão não viveu, porém, num estado de
próspera e jucunda pujança durante sua vida inteira;
devido ao fato de contrair esposais com as mulheres dos
reinos comarcões21 e os sacrifícios idólatras realizados
no Gibeão, p. ex., e as vítimas dos mesmos 22, daí,
transgredindo a lei mosaica, suscitou o Senhor as
rebeliões de Adad, Razon e Jeroboão, acelerando, por
conseguinte, sua morte, conforme relata o I Livro dos
Reis (11: 9-40). Apesar destas abominações, Salomão
possuiu uma sabedoria oculta inestimável e sobre o seu
impressionante e grandioso sistema de magia, base do
misticismo cabalístico em grande parte, falaremos mais
tarde com profundidade. Neste capítulo, vo-las
mostramos apenas em suas circunstâncias mais
introdutórias, mas sem sermos, em nenhum momento,
supérfluos e rasos.

§6.

20
Op. cit., Abraham Kuenen, vol. i, p. 331
21
Op. cit., Flávio Josefo, vol. i, lib. viii, cap. 7, p. 600
22
Vede “Die Religiösen Alterthümer der Bibel", Daniel Bonifacius von
Haneberg, p. 214

44
Encontramos afinidades linguísticas, religiosas e etc.
entre, sobretudo, os povos da Ásia Setentrional e a
América Antiga; entre os próprios povos da América
Antiga, reinou uma similaridade muito significativa entre
os idiomas, os credos e as urbes, cujo fenômeno nos
permite concluir que devia haver, de feito, uma paridade
de origem entre todos os povos do continente23.

Platão conservou em Crítias a história de Atlântida, o elo


primitivo e verdadeiro da humanidade, que foi quase
esquecida; Netuno, segundo o que se conta, dividiu a
ilha em 10 reinos para cada um de seus filhos, cuja zona
geográfico-política foi chamada de Império das Terras
Flutuantes, segundo o que Volaterranius dizia; a partilha
foi dada da seguinte forma: a Atlas, lhe foi dada a parte
da Atlântida ou Vênus, a Gadirum, lhe foi dada a atual
Cádiz; ao restante, i.e. os outros oito filhos, partilhou-
lhes Netuno em espécies de "capitanias" as possessões,
sobre cujo modelo governamental prosperaram por éons
– o território conectava desde o Haiti e a República
Dominicana até o Egito, a Itália e a Espanha. Os incas
deram o nome ao seu criador de Viracocha
Pachayachachi; o dilúvio foi chamado uñu pachacuti; das
memórias antediluvianas, tinha-se, citando caso
análogo, os edifícios de Pucara, a 60 léguas de Cuzco; tal
história, conforme a tradição no-la rastreia, é
correlacionada à de Netuno, pois, este era cultuado em
Atlântida como criador bem como Viracocha o era pelos
incas24.

23
Vede “De Originibus Americanus”, George Horn, pp. 36-37; 42
24
Vede “History of the Incas”, Sarmiento de Gamboa, pp. 22-23; 29-
30. Desconsiderai, ao lerdes, ou se lerdes, a petulância fanática do
cristianismo exacerbado do autor ao considerar os incas como
“cegos” e “bárbaros” e a cronologia judaico-cristã amplamente
refutada por todos os antropólogos, arqueólogos, biólogos,
ocultistas e etc. no mundo.

45
Há, ainda, evidências de costumes similares entre os
povos pré-colombianos e as dez tribos de Israel; vemo-
las, v.g., no costume dos sumos sacerdotes dos povos
americanos se ungirem dum certo licor como Vlii, ou
Olei, o qual se mesclava com o sangue das crianças que
circundavam-nos, e dispunham-se ainda de largos
cabelos, cujo hábito era muito parecido com o dos
nazarenos25. A história do cataclismo universal foi
compartilhada, praticamente, em todas as memórias e
tradições das civilizações do passado; Amiano Marcelino
alcunhava a terra natal de sua civilização de insula
Europaeo orbe spatiosor – além disso, prova de
submersões e emersões repentinas no mundo, temos
nos casos de Arcanânia e Acaia, Propôntida e Ponto
Euxino. Uma lenda haitiana, conservada pelo irmão
Romaine Pane, atribuiu a formação das Antilhas a uma
inundação. Os Quichés contavam, igualmente, o
devastador cataclismo e os povos de Orenoque
chamavam-no de catenamanoa. Eis que infere-se-nos
que a Atlântida foi, de fato, um intermediário
antediluviano entre a Europa e a América. Continuamos
a discorrer neste mesmo raciocínio26.

Houve, num passado remoto, uma grande ínsula, a qual


era próspera, estável e habitável e, depois de uma série
de cataclismos violentos, imergiu no Oceano Atlântico –
corroboram-no-lo Silvester Giraldus, Plínio, o Velho, São
Lourenço, Platão, Athanasius Kircher e outras
autoridades; tal ilha chamava-se Atlântida e
compreendia, conforme de antanho averiguado, a maior

25
Vede “Origen de los Indios del Nuevo Mundo e Indias
Occidentales”, Gregorio García, p. 262
26
Vede “Étude sur les Rapports de L'Amérique et de l'Ancien
Continent”, Paul Gaffarel, p. 1; p. 8; p. 11; pp. 26-27 

46
parte da área oceânica hoje existente e englobava,
outrossim, as Canárias e os Açores27.

Nas doutrinas hieráticas, vemos o Föe da China, o La do


Tibete, o Amida do Japão e o Sommonocodon dos
siameses, cujos ramos uniformes de antropomorfismo
derivam de um mesmo corpo doutrinário que, através do
tempo, se degenerou; igualmente, aplica-se tal
comparação ao Buda dos indianos, Tauth dos egípcios e
Mercúrio Trimigesto dos gregos, que, nas suas nações,
foram figuras de sumo destaque ou mestres divinos.
Afora a descoberta dos sincronismos na astronomia
durante a Era Moderna para medir o tempo, que já eram
usados com profusão muito sofisticadamente pelos
atlantes. Ademais, o império da Atlântida se estendeu
até Tirrenia, a Etrúscia dos antigos e, ainda,
comercializava com os egípcios e os gregos28.

Arnóbio comenta a respeito de Atlântida e o legado no


período pós-cataclísmico, malgrado no-lo ressalte em
aspectos um tanto negativos; mas não deixa de falar a
respeito de sua grandeza também (Adversus Gentes, lib.
i, p. 5):

"Ut ante millia annorum decem, ab insula quae perhibetur


Atlantica Neptuni, sicut Plato demonstrat, magna erumperet
vis hominum & innumeras sunditus deleret atque extingueret
nationes, nos suimus causa? Ut inter Assyrios & Bactrianus
Nino quondam Zoroatresque ductoribus non tantum ferro
dimicaretur & viribus, verum etiam magicis & Chaeldeorum ex
reconditis disciplinis, invidia nostra haec suit?".

Vede “Historia Orbis Terrarum”, Christoph Bekmann, pp. 108-110


27

Vede “Histoire Nouvelle de Tous les Peuples du Monde”, Delisle de


28

Sales, vol. i, pp. 19-20, pp. 262-263

47
Eis que sugere, por conseguinte, Sr. Rudbeck (Atlantica,
tom. i, p. 57):

"Orbis igitur terrarum in locis ab invicem longe distantibus,


maxime prope flumina & lacus piscibus abundantes,
habitatores illo tempore accepit.".

Sr. Guest, investigando a palavra basca ezpaña (borda),


nos assevera que os vascones, ancestrais dos bascos,
eram a tribo que ficava confinada à Gália e, ademais, o
nome ezpaña era familiar às tribos gaulesas no norte de
Pirrenes, e no curso do tempo ei-la designando o país
como um todo; daí, o nome Espanha para o país ibérico;
além disso, os iberes, ancestrais dos vascones, cuja
palavra deve ter igualdade a Tiberenoi, portanto,
conectam-se aos vascones, aos bascos e aos gauleses,
demonstrando, daí, uma origem comum para tais
povos29.

Após exaustivo registro dos eventos transcorridos na


América, Gomara conclui que, tendo em consideração o
conhecimento adquirido dos povos americanos durante
a conquista europeia do novo continente, não há dúvidas
de que a Atlântida realmente existiu.

Ele no-lo evidencia, analogamente, em a) a palavra


mexicana "Atl" quer dizer "água", o que demonstra
correlação com a localização insular atribuída a Atlântida
e b) a obra de São Jerônimo, conhecedor sumo da língua
hebraica, que afirmava que os profetas reportavam a
miúdo que Tarsos afundara no mar em remota
antiguidade sem deixar vestígios, corroborando o relato
do cataclismo atlante e etc30.

29
Vede “Origines Celticae”, vol. i, pp. 51-63
30
Vede “Histoire Generelle des Indes Occidentales”, p. 119

48
Lyell inferiu que a migração das plantas na conexão
entre América e Europa, cujo fenômeno é amplamente
verificado, ocorreu numa época pré-glacial (ou, como
denominamos em filosofia oculta, antediluviana) 31.
Encontrando uma flora muito similar entre a Europa e a
América, como, v.g., os antracites e a flora ad utrumque
carbono, Dr. Heer conclui, pois, que, ao menos na Era
Terciária, Europa e América deveriam ter tido a mesma
porção geológica32; Dr. Unger conclui o mesmo sob
exames similares e, outrossim, descobre
peremptoriamente analogias entre a armazenagem de
carvão e a provisão e a cultura de plantas da Europa e
as da América33.

A latitude e a longitude do Templo Colossal de Atlântida


tinham acurada colinearidade, e ei-lo coligido nas
palavras de Platão, expostas por Eurennis 34, no qual
havia adornos de ouro, prata e oricalco e pavimentava-
se, igualmente, por estátuas douradas, muito mais
opulento e avançado que o Templo Hierosolimitano; a
comparação entre o Templo Colossal de Atlântida e o
Hierosolimitano é ridícula – o de Atlântida era muito
maior35, muito mais luxuriante e muito mais difícil de se
construir, e crê-se que nem a arquitetura moderna
conseguiria realizar tal proeza, nem que se lhe custasse
demasiados éons para tal e Kircher no-lo prova com
argumentos sólidos36, apesar de este ter vivido no século
XVI.

31
Vede “The Antiquity of Man”, p. 440
32
Vede “Flora Fossilis Helvetiae”, pp. 12-13
33
Vede “Die Versunkene Insel Atlantis”, pp. 3-5
34
Vede “Atlantica Orientalis”, pp. 21-22
35
Transformai a medida de estádios utilizadas por Platão e outros
autores da Antiguidade e convertai-lo em metros para verdes as
proporções do Templo.
36
Vede os argumentos de Petrie, Hörbiger, Colville, Asahel e Dunn.

49
Urano foi o primeiro rei do Império Atlante em seus
primórdios; casou-se com Gaia e teve 45 filhos; os seus
mais ilustres filhos foram Netuno e Saturno. Apuleio deu
às estrelas o nome de Coeligonae, i.e. os 45 filhos de
Urano37. Urano foi um grande astrônomo e Netuno, um
grande astrólogo38; Atlas foi a junção de ambas as
sagradas ciências, sendo este, por conseguinte, o mais
venerado dos reis na Atlântida. Wachter diz que a
palavra Adel é, sob a geral comunicação gótica,
pronunciado como Atta e significa "genus paternum" ou
"nobilitas"39; os góticos, os vândalos e os longobardos,
ademais, soíam vocalizar Atala; tal palavra está
diretamente associada à Atlântida que era, no mundo
antediluviano, considerada o "genus paternum" ou a
personificação de "nobilitas"; Ihre no-lo corrobora40.

Diodoro diz sobre a influência do Dilúvio no Egito Antigo,


conforme o seu povo lho relatara, além das inundações
no próprio território egípcio (Op. cit., vol. i, cap. 10, pp.
19-20):

“Em geral, se diz que, se no dilúvio que ocorreu no tempo de


Deucalião a maioria dos seres vivos foi destruída, é provável
que os habitantes do sul do Egito tenham sobrevivido a outros
do que qualquer outro, já que seu país não tem chuva; ou se,
como alguns sustentam, a destruição das coisas vivas foi
completa e a terra trouxe novamente novas formas de
animais; mesmo assim, mesmo com essa suposição, a
primeira gênese das coisas vivas atribui apropriadamente a
este país. Pois quando a umidade das chuvas abundantes,
37
Vede “République des Champs Elysées”, Charles Joseph de Grave,
pp. 1-8
38
De Grave se refere erroneamente a Atlas como filho de Urano; ei-
lo corrigido na passagem marcada por esta nota de rodapé.
39
Vede “Glossarium Germanicum”, vol. i, p. 69
40
Vede “Glossarium Suiogothicum”, pp. 6-14

50
que caíam entre outros povos, se misturava com o intenso
calor que prevalece no próprio Egito, é razoável supor que o
ar tenha se tornado muito bem temperado para a primeira
geração de todos os seres vivos. De fato, mesmo em nossos
dias durante as inundações do Egito, a geração de formas de
vida animal pode ser vista claramente ocorrendo nas bacias
que permanecem as mais longas; pois, sempre que o rio
começa a retroceder e o sol secar completamente a superfície
do lodo, os animais vivos, se diz, tomam forma, alguns deles
completamente formados, mas outros apenas metade e ainda
realmente unidos à própria terra.”.

Também se menciona a Atlântida no "De Rebus


Samothraciae" de Dionísio Heracleota:

"In Samothracia habitat Electra, Atlantis filia, ibique ab


indigines apellanantur Strategis.".

Pausânia, aliás, nos diz sobre Poseidonis, a última ilha de


Atlântida das dez iniciais que, segundo ele, a sua capital
fora fundada por Aécio, i.e. Poseidonia 41. Heródoro
também fala a respeito de Atlântida:

"Herculem, vaticinandi artem et rerum naturalium scientia


imbutum, apud Atlantem barbarum Phrygium mundi
columnas excepisse dici, significante ita fabula disciplina
coelesti scientiam.".

41
Vede “The Description of Greece”, vol. i, p. 413

51
Heródoto42 menciona o Grande Labirinto, dizendo,
sobretudo, que sua circunferência media seis esquenos,
viz. a medida da região litorânea do Egito e em sua
quina, localizava-se uma pirâmide de quarenta braças,
com várias figuras encravadas nela; seu trabalho era
mais colossal que as três pirâmides de Gizé agrupadas;
atualmente, conforme relataram a Heródoto, fica nas
profundezas do Lago Moeris; a sua origem, com certeza,
não é egípcia, senão for, então, construída pelos citados
"crocodilos sagrados" na câmara ínfera que,
presumivelmente, vieram de Ath-Men-Ptah que, por sua
vez, significa Atlântida; eis o que no-lo diz, portanto, o
Zodíaco de Dendera e outros artefatos egípcios acerca
de sua terra natal atlante.

§7.

Entende-se a palavra yoga (vede Panini, Adhayvasti, lib.


vi, sutra 94) pela distinção entre yuj samadhau, no qual
yuj é empregado no sentido de concentração, e yujir
yoge, no qual yujir é utilizado como significando
"conexão". Eis, pois, uma raiz imaginária para a palavra
yoga. Goldstücker afirma que o vocábulo yoga, para
Panini, tinha os derivativos yogya e yaugika43. Temos
42
Vede “The History”, vol. i, pp. 190-192
43
Vede “Panini: His Place in Sanskrit Literature”, p. 151

52
exemplos da prática do yoga jus a sua etimologia, tanto
para o corpo quanto para os sentimentos e a mente, no
Maha Satipatthana Sutta44; vejamo-los:

"Dessa maneira, ele permanece focado internamente no


corpo em si mesmo, ou externamente no corpo em si mesmo,
ou ambos internamente e externamente no corpo em si
mesmo. Ou ele permanece focado no fenômeno da origem
em relação ao corpo, no fenômeno da morte em relação ao
corpo, ou no fenômeno da origem e no desaparecimento em
relação ao corpo. Ou a consciência de que "existe um corpo"
é mantida na medida do conhecimento e da lembrança. E ele
permanece independente, insustentável por [não se apegar] a
nada no mundo. É assim que um monge permanece focado
no corpo em si mesmo.".

“Dessa maneira, ele permanece focado internamente nos


sentimentos em si mesmos, ou externamente nos
sentimentos em si mesmos, ou tanto interna quanto
externamente nos sentimentos em si mesmos. Ou ele
permanece focado no fenômeno da origem em relação aos
sentimentos, no fenômeno da morte em relação aos
sentimentos, ou no fenômeno da origem e no
desaparecimento em relação aos sentimentos. Ou a
consciência de que "existem sentimentos" é mantida na
medida do conhecimento e da lembrança. E ele permanece
independente, insustentável por [não se apegar] a nada no
mundo. É assim que um monge permanece focado nos
sentimentos em si mesmos.".

44
Conforme defendem os Vedas, os Upanishads e etc., é visto nos
trechos selecionados (vide supra) o apoio às práticas de tapas
(asceticismo) e brahmacharya (abnegação).

53
“Dessa maneira, ele permanece focado internamente na
mente em si mesma, ou externamente na mente em si
mesma, ou tanto interna quanto externamente na mente em
si mesma. Ou ele permanece focado no fenômeno da origem
em relação à mente, no fenômeno da morte em relação à
mente, ou no fenômeno da origem e na morte em relação à
mente. Ou a consciência de que "existe uma mente" é
mantida na medida do conhecimento e da lembrança. E ele
permanece independente, insustentável por [não se apegar] a
nada no mundo. É assim que um monge permanece focado
na mente em si mesmo.".

Vijnana Bhikshu define yoga como "a supressão das


funções do princípio pensante (mente) que leva para a
permanência absoluta do agente (Purusha) na sua
verdadeira natureza.". Com base nas asserções do
próprio Vijnana Bhiksu, a liberação total (ou iluminação),
mediante a prática da yoga, dá-se através da associação
entre samprajnata samadhi (meditação cônscia ou
concreta) e asamprajnata samadhi (meditação abstrata
ou incônscia). De acordo com Vachaspati, nas atividades
do yoga, a supressão da ansiedade direcionada aos
objetos sensíveis (vasikara sanjna) é a mais elevada das
supressões, pois ela anula todas as formas de desejo 45,
tanto para os objetos védicos quanto os perceptíveis.

Segundo o Advaya-Taraka Upanishad, sob os princípios


do Taraka Yoga, ao conceber a forma da consciência
(Cit), com os olhos bem fechados, ou com os olhos
ligeiramente abertos, ver-se-á através da introspecção,
portanto, o Brahma transcendente, acima do meio das
sombrancelhas, como tendo forma da efulgência de Sat,
Cit e Ananda (Ser, Consciência e Felicidade). O
Vahopanishad divide o yoga em três gêneros de prática:
Por desejo, entende-se cobiça e por cobiça, entende-se vontade
45

egoica ou egoísmo.

54
1) Laya (Suave). – É o repouso no Nada46.
2) Hatha (Mediano). – É o meio para atingir-se o
Nada.
3) Mantra (Místico). – É a meditação no Nada.

O Vahopanishad subidivide o yoga em oito elementos:


Yama (autocontrole), Niyama (observância), Asana
(postura), Pranayama (rarefação do alento), Pratyahara
(exalação ou respiração), Dharana (estabilidade da
respiração), Dhyana (meditação) e Samadhi (absorção).

O Yoga Sikhopanishad ainda aponta um quarto gênero


iogue, que se chama Raja Yoga. Descreve-no-lo como
estando situado no grande ponto do meio das genitais
de todas as criaturas; Rajas significa fluido menstrual –
isto posto, prossegue-se assegurando que este associa
as flores de Japa e Bandhuka em cor, é bem protegido e
representa o princípio Devi, i.e. o feminino sagrado e
supremo. Pela conjunção de Rajas e Retas, o órgão
masculino (logo, Shakti e Shiva), ter-se-á o Raja Yoga, ou
a aquisição de todos os poderes psíquicos integralmente
ativados e potencializados. O Yoga Sikhopanishad nos
esclarece de que também, somente o Abasha Yoga
(prática preliminar ao yoga) pode derrotar as forças
malditas e enganosas do Kaka-mata (o controle do
mundo sob Maya, i.e. a Ilusão, a Ignorância) e oferecer a
liberação da consciência divina ao seu praticante.
Segundo o Hamsopanishad, o Yoga é a maneira mais
apropriada de se alcançar o Hamsa (o Turya Atman
superior, interno e individual do microcosmo), cuja
estimulação se dá mediante o fluxo de energia para e
suso do Muladhara, circumambulando e vagueando com
ímpeto e elo divino os canais de energia (chakras) desde
o Manipuraka, An-ahata até o Ajna e o Sahasrara,

46
Nada, em sânscrito, significa “som do interior profundo”, i.e. AUM,
o Som Sagrado e Supremo, o Alento Divino.

55
alcançando, destarte, o Nir-vikalkapa-samadhi e
entrando, ademais, na cervice de Brahma, atingindo, por
conseguinte, o Parama-hansa (Paramatma), o qual
envolve todo o cosmos em sua absoluta radiação.

Destaca o Rig Veda (surta v, cap. xlviii, vers. 10), as


propriedades dos Ushas como provedor do alento de
todas as criaturas; vemo-lo (viz. a mesma opinião)
outrossim no Srauta Sutra (vol. iii, p. 306).

Ei-las, pois, compondo os Vayus, e um deles é o Prana,


i.e. a energia vital, fundamental para a prática do yoga.
O Ayama é dito ser o Kumbhaka (pressão sob controle).
Combinados, formam o Pranayama. As propriedade dos
Kumbhakas, conforme o Yoga-Kundaly-Upanishad nos
demonstra, são:

1) Surya-Kumbhaka. – Destrói os quatro tipos de


desordem emergentes do Vata e os vermes
intestinais.
2) Ujjayi-Kumbhaka. – Destrói o calor produzido na
cabeça, o catarro da garganta, a tropesia dos
Nadi-s e as enfermidades que atacam os humores.
3) Sitali-Kumbhaka. – Destrói a dispepsia, o
dilatamento do baço e iguais maladias.
4) Bhastra-Kumbhaka. – Estimula a Kundali (ou
Kundalini), destrói o catarro e outras obstruções na
boca do Brahma-nadi.

O Hatha Yoga Pradipika nos certifica de que os Asanas


são um meio de ganhar estabilidade de posição e ajudar
a obter sucesso na contemplação, sem qualquer
distração da mente. Ressalta, outrossim, que entre
vários métodos de concentração da mente, a repetição
do Pranava ou Ajapa Japa e a contemplação são os
melhores. O Yoga Nidra é induzido e encorajado por tais
práticas e, por conseguinte, a mente se preenche com

56
pensamentos sagrados e divinos com ubiquidade. O
Siddi Siddhanta Paddhanti no-los chama de pensamento
da criação (Pabhavana), em conjunção sempre com a
concepção criativa (Bhavayati). Para o corpo doutrinário
do Hatharatnavali e do Yogacitanamani, o asana, tal
como originalmente desenvolvido, consiste, na verdade,
somente em meditação, repetição de mantra e controle
da respiração. Segundo o Gheranda Samhita, trazendo-
se o Atma ao Kha (Éter), e Kha ao Atma, logo, obter-se-á
o Paramatma em comunhão com Brahma, e ei-lo o
Samadhi ou Mukti. Estudando todos os Vedas e os
Shastras e praticando assiduamente o yoga, consoante
as categóricas asserções do Shiva Samhita, a Doutrina
Secreta, Única, Suprema e Verdadeira do Yoga é
revelada ao Adepto. Eis, consequentemente, a essência
real do yoga.

57
§8.

A potência da tríade "nem – talam – muir", no Táin Bó


Cúailn, no Togail Bruidne Da Derga, no Talland Étair e
etc. é uma cosmovisão fundamental da religião e da
mitologia irlandesas antigas, na qual se lhe faz uma
interpretação de que representa o colapso do universo
concebido de tal forma que pode ameaçar terrivelmente
a raça humana47. Um dos elementos da sobredita
tradição que vos disponho se fixa na concepção de além-
mundo; vemo-la, sobretudo, no Immram Brain. Os seres
do além-mundo são descritos como habitando o interior
de outeiros, o fundo dos lagos ou do mar, as ilhas nos
lagos, ou além da costa; há também contos de salas que
são vistas à noite e que desaparecem durante o dia.
Malgrado em muitas destas histórias o herói de Immran
Brain apenas visite uma das abadias de áes síde, há
também casos que as passagens subterrâneas ou
subaquáticas garantem acesso a uma terra sobrenatural
de abundância48.

47
“Irish Perceptions of the Cosmos”, Liam Mac Mathúna, Celtica
(1999)
48
“The Location of the Otheworld in Irish Tradition”, John Carey,
Éigse (1983)

58
Estrabão49 nos assegura que os celtas50 (afora os
germânicos) procederam batalhas contra os romanos em
pauis, em florestas sem saída e em desertos e fizeram,
neste sentido, os adversários do Lácio parecerem
ignorantes, i.e. no que estes eram os mais fortes. A
tradição celta é maravilhosa e isso nem se critica; os
romanos, ironicamente, eram os verdadeiros bárbaros.
No entretanto, Carve51 e Keating52 nos evidenciam,
apesar de seu evidente partidarismo aos cristãos, como
a dominação da cristandade na Irlanda desmantelou e
perverteu maliciosamente as tradições celtas da nação;
tal análise pode ser feita mediante a designações éticas,
históricas ou historiográficas e teosóficas de exame e
pensamento subsequente.

Se examinarmos profundamente as lendas dos


umorianos, fumorianos, nomedianos, Firbolgs, Tuatha Dé
Danands, milesianos e etc. que constituem a história
mítica da Irlanda, conforme o grande historiador O'Curry
nos diz53, além de possuírem um núcleo autêntico de
verdade, caso removamos o seu invólucro de fábula,
consistirão unicamente numa verdade absoluta e
inefável54. O andaime mitológico da afinidade dos
vocábulos "pináculo-cabelo-grão", no Caillech Bérre,
consigna um prólogo para o martirologia de Oengus, que
nos assegura que, à altura, havia ainda reminiscências
dum Deus bucólico pré-cristão na Irlanda, remotamente
cultuado pelo seu povo55; as cerimônias, as tradições e a
sabedoria dos celtas, dessarte, fazem parte do espírito
irlandês (e também do britânico) e tal condição é
49
Vede “ Geography”, vol. i, lib. i, cap. 17, p. 37
50
Incluem-se aí os irlandeses.
51
Lede “Anacephalaeosis Hibernica”
52
Lede “Foras Feasa ar Éirinn”
53
Vede “On the Manner and Customs of Ancient Irish”, vol. i, p. 71
54
Tal asserção corrobora o que expomos no cap. i, p. 6 deste livro.
55
“Irische in der Edda”, H. Wagner, Ériu (1966)

59
atemporal, atravessa os séculos e as almas humanas.
Para se ter uma noção da suma importância da cultura
celta, o seu idioma fora uma das dois únicos que
subsistiram após o cataclismo atlante, juntamente com o
árabe, do qual Jó falara profusamente no Antigo
Testamento56.

Stukeley já associara o Stonehenge a fins hieráticos dos


druidas, o que se lhe configurara como um templo
esplendoroso vastamente comentado de ser deveras da
época deste povo, conforme, sobretudo, os manuscritos
de Ninnius reportavam; os eclesiásticos, ademais,
escreviam que estes mostravam Aurélio Ambrósio, um
rei cristão dos bretões, construindo Stonehenge, no
tempo do ancestral supremo Hangist, com o auxílio de
Merlim Ambrósio57; acredito que tal história seja lendária
sob o aspecto historiográfico, mas pode ter realmente
acontecido, sob um mesmo entrecho, terminus ad quem;
os antigos historiadores chamavam o Stonehege de
Gigantum Chorea – Cadmen ficou sem palavras quando
viu-o pelo primeira vez58. Segundo White e Hawkins 59, os
alinhamentos do Stonehenge eram côngruos com as
declinações de +/- 23.9º do Sol e +/- 29.0º e +/- 18.7º
da Lua. A. Thom e A. S. Thom60 escrevem que o fato de
que os orifícios Y e Z estabelecidos nas linhas radiais
desenhadas através do centro das pedras areníticas no
anel principal mostra o quão próximos eram almejados
os orifícios para estarem próximos dos anéis; destarte,
eles se indagam: "Eles carregaram uma escada
helicoidal para terem acessos aos lintéis?" Afora a
configuração assegurada mediante a um complexo

56
Vede “The Celtic Druids”, Godffrey Higgins, p. 266
57
Vede “Stonehenge”, p. 1; p. 48
58
Vede “Britannia”, vol. i, p. 120
59
Vede “Stonehenge Decoded”, p. 107
60
Vede “Megalithic Remains in Britain and Brittany”, p. 149

60
sistema de mortagem e cavilha, os seixos, conforme
Hoyle61 nos diz, foram asseados em blocos próximos do
confinamento, especialmente o maior dos trilítonos
erigidos; outrossim, o levantamento das pedras, dadas
as proporções colossais dos megalitos, seriam
impossíveis de serem transportados por técnicas
primitivas – deve ter tido, portanto, uma tecnologia
muito avançada que os druidas atlantes-celtas usaram
na época com abundância.

Figura 3: Fotografia do Stonehenge

Tuatha Dé Danands, conforme é descrito no ciclo de


Cúchulainn, eram deuses ou demônios que ajudaram a
humanidade a se desenvolver e, ao mesmo tempo, a
aprisionaram no medo e na ignorância, e isto também
está assinalado no ciclo de Fionn62. Malgrado tal mito se
assemelhe ao Oannes na Caldeia, a Quetzalcoatl nos
povos mesoamericanos, a Viracocha nos povos incas, a
Thoth no Egito, aos devarishis na Índia, a Enki na
Suméria, a Prometeu na Grécia Antiga, ser-nos-ia mais

Vede “On Stonehenge”, p. 13


61

Vede “The Religion of Ancient Celts”, John Arnott MacCullloch, p.


62

63

61
coerente constatá-lo como tendo afinidade com o dos
arcontes ou hebdomads dos gnósticos, dos annunaki na
Suméria, dos asuras na Índia e do Budismo em geral, do
Demorgogon grego, do Camazotz dos maias e dos
quichés e etc. Conforme Diefenbach63 nos diz, com base
nas copiosas tradições dos antigos, os celtas seriam, na
verdade, a raiz de todas as tribos germânicas e
subsequentes nações, cuja tradição deveria ser,
destarte, preservada com circunspecção pelos mesmos.

Figura 4: Pintura dos Theuta Dé Danands

Parthalon, segundo o Anal dos Quatros Mestres, é


considerado o pai fundador da Irlanda 278 anos após o
dilúvio. Nos ditames historiográficos de O'Halloran e
Fhirbhisigh, a Irlanda foi um grande império e colonizou
vários povos, incluindo os africanos, neimedianos,
belgas, damoninos e etc. Sobre os outros povos celtas,

63
Vede “Origines Europae”, p. 190

62
discutirei mais tarde, mas os irlandeses foram realmente
os mais destacados entre eles.

§9.

63
Cada qual com sua experiência transcorrida no disco
espacial eterno e imaculado do Pralaya deverá imantar-
se pelos mancomunados sistemas arcaicos de emanação
cósmica, designados a propagarem perpetuamente a
Energia criadora e culminante da Natureza. A Unidade,
da qual se procede, se verte e se dimana a Alma
Universal, circunvalada pela abstrata e incognoscente
presença do Pensamento Divino64, é, por preceito e
manejo evolucionários e clarividentes, a indicação
simbólica do único conhecimento demonstrado pela
essência constitutiva do Manvantara, na qual o Pralaya
traça e desempenha as suas versatilidade atemporal e
periodicidade, urdidas na cadência teúrgica do
Abhautika, isto é, a dimensão fundadora de todos os
pretextos teoréticos das cosmogonias e das teogonias
até agora formuladas.

Os marçanos no ocultismo deverão compreender que a


única vitalidade que há de ser debruada pela
onipresença eternal e invisível é aquela que reside, quer
de modo subjugado, quer doutro marroaz, na todo-
poderosa lei da consciência regular e plenamente
manifestada no reino periódico, absoluto e auto-
existente do Kutastha, o imutável princípio do Kaos e do
Kosmos. As propriedades que daí podem ser aferidas

64
Quer assinale-se determinadas conjurações da Unidade, quer das
derivadas substâncias dela, consoante nos transmite Sr. Vaihinger,
são, por conjectura propínqua, reflexos subjacentes do mundo
externo, i.e., substratos de uma ficção psiquicamente útil,
geralmente manutenidas pelas aparências das coisas, o que nos
leva a corroboração do conceito de "seres sublunares", viz., toda
aquela entidade viva que, através das extremidades de suas balizas
raciocinativas, consagra, por mais picaresco que possa parecer,
uma plêiade de débeis concepções como a verdadeira fonte da
intuição e da razão da Sabedoria Absoluta, ou Mahaprajna, como os
vedantinos no-la definiriam.

64
são, em grande parte, examinadas meticulosamente por
sábios homens que, com efeito, procuram saber rigorosa
e obstinadamente a causativa identidade não-imagética
e extramundana do "Grande Sopro", no qual o espaço é
ilimitado e invariavelmente ensejado em companhia da
moção incondicional e incessante do universo. Não há
nada imoto na ordem, a não ser a própria inércia
provedora da Alma Universal65.

No século VI a.C., Confúcio ensinou ao seu discípulo Fan


Ch'ih que a sabedoria era constituída de devoção à que
de antanho denominamos Alma Universal, mais
especificamente, a sua intercessão nos planos materiais
ou preternaturais, e, outrossim, de respeito para com as
entidades incorpóreas (ou Dhyani Chohans) que
superintendem a evolução planetária. Xun Kuang e Yan
Hui praticamente ensinaram o mesmo desígnio
ideacional, sem desencadear de modo meandroso
alguma unilateralidade na linha de pensamento, mas
sim a sempre desdobrar uma rotatividade nos seus
agregados elocutivos; tal ensinança é incorporada nas
estruturas mais profundas do encólpio do ocultismo,
ainda a desvelar-se com integridade.

65
O organismo mental, conforme sabemos, mormente, é fomentado
por estados de consciência complexos e da variabilidade nas
sensações e na duração dos pensamentos e respectiva intensidade
de trabalho; portanto, a sensação, inerente a Manas (ou mente,
como dissera), é perscrutada e comedida com profundidade por
Laukika que, por sua vez, implica imprescindivelmente Maya, a
ilusão, a ignorância, as trevas. O deus Javé da Bíblia, um livro
severamente profano, como hodiernamente editado e publicado, é
diretamente afetado por reações eliciadas mediante as impensáveis
externalidades (para um ser divinal e supremo) nas quais são
presididas as flutuações emotivas e facilmente atribuíveis aos
mundanos estímulos aí postulados e envolvidos; tais conceitos não
somente são anti-psicológicos, anticientíficos, mas também passam
longe de serem algum razoável sistema filosófico.

65
O homem efetivamente herda a conjuntura das colisões
entre as deidades arquitetas que geraram o mundo em
que vive, as quais coordenam o movimento universal e o
Grande Alento por ela confiado, numa espécie de
revelação que se reclina sobre seus aspectos filosóficos
recte dicitur; o ocultismo é, em suma, a fundamentação
do conhecimento absoluto e existencial direcionado,
pois, para o fogo arcano e vivaz, sobre o qual as eternas
testemunhas dessa presença invisível são agentes
desenvolvedores dos henômenos veiculados no
Lingangasamarasya. O fluxo intracósmico é deveras
contínuo e ilimitado; o cósmico, por outro lado,
subordinado à percepção e aos sentidos, é finito e
intermitente. O Cosmos, i.e., o perficiente remate
numenal do Parabrahman, em nada se relaciona com os
eventos do mundo fenomenal. No tocante ao âmbito de
organização cósmica, malgrado não se possa dizer que
teve uma prístina ou que terá uma perimida e ultimada
edificação, a propósito, ter-se-á a cada nova fase do
Manvantara, uma organização estipulada como a
primeira e a última no seu mesmo sortimento, a fim de
que esta desenvolva invariavelmente em planos
superiores.

Dependendo das revoluções e das alterações periódicas


do eixo terreno, ou da própria moção instável da
natureza material, com efeito, poder-se-ão desdobrar
dilúvios ou tribulações ecossistêmicas. É daí que se
resultam criaturas bestiais e medonhas, como monstros,
meio-animais e meio-humanos, todos com aspecto
pertinazmente selvagem. Os processos pelos quais tais
fenômenos são desdobrados são divididos em três
parcelas temporais, ou Triyugam. Quanto maior o
Prasadi daquele que é conduzido por estes ciclos,
igualmente aumentará a sua chance de transcender seu
aspecto sublunar e tornar-se, deveras, uma entidade

66
divina e extracorpórea, em direto contato com o
Mulaprakriti ou o Devachan. O Rig Veda, por exemplo,
no-lo demonstra na sua sublime e precisa interpretação
dos predicados naturais do Svatantra-tattva, i.e., a
idiossincrasia fundamental do Parabrahman, o Absoluto,
a própria Unidade. Nas tábuas mitológicas de Cutha,
sobre as quais Heródoto e o Sr. Rawlinson comentaram
exaustivamente, temos menções ao deus Armanny,
cujas características e a própria identidade fálica seriam
mui parecidas (ou idênticas) ao teutônico Herman ou
Arminius. Isto demonstra que, ante ao Mahapralaya
optingens, as criaturas se transformam (μετεμορφώθη)
sobre diversos modelos de manifestação e deixam como
legado, mitos e lendas a respeito destas mesmas etapas
de mudança e evolução. Ei-las o andaime basilar dos
ciclos da natureza. O caos primevo (πρῶτος), conforme o
Livro dos Mortos e o Relato Caldeu da Gênese nos
evidenciam, é suscitado justamente pelo que
denominamos, nas ciências ocultas, de Mahayama, ou o
Veículo Cósmico; por conseguinte, aferimos as suas
propriedades consumadas tanto no Arupa quanto no
Rupa, viz., tanto na forma astral, sutil e incorpórea
quanto naquela densa, rígida e corpórea.

Nada é alegórico; para o iniciado, todo código oculto é


explícito e patente. No Pimandro ou Peime-nte-rê, "a
sabedoria de Re ou Rá", i.e., o conhecimento arcano
propriamente dito, a prisca theologia de Ficino e Pico
della Mirandola e a religião-sabedoria dos teosofistas,
diz-se que "entre os homens, há sempre o nome do
Bem". Denota, pois, que a configuração da natureza das
coisas sempre possui carga equilibrada e de grandioso
aprumo divino, em todas as suas volutas energéticas. Na
tradução duma invocação caldeia do Sr. Lenormant,
vemos o vocábulo "uruk" como significando uma suposta
classe de demônios. Sem embargo, vemos no "Materials

67
for a Sumerian Lexicon" do Sr. Prince, uma referência
primária no tocante ao léxico mesopotâmico, "ur"
designando "criação", "fonte" ou "fundação" ao passo
que "uk" está exprimindo "poder" ou "força"; "uruk",
portanto, teria o mesmo significado que Dhyani-
Chohans, i.e., os espíritos da mais alta hierarquia
planetária que comandam a escada evolutiva da Terra;
assim, pretende-se invocar, basicamente, um Kumara,
um Mestre da Luz que, com sua consciência cósmica
ubíqua, deverá fornecer ao mago as informações sobre
os princípios e o simbolismo essencial do Gupta Vidya,
i.e., a Sabedoria Oculta e Universal.

Beroso enuncia:

"Ante aquarum cladem famosam qua universus periit orbis,


multa praeterierunt saecula, quae à nostris Chaldaeis sia
deliter suerunt seruata.".

Ele incontinenti prossegue:

"Scribut illis temporis circa Lybannum suisse Enos urbem


maximam gigantum, qui universum dominabantur, ab occasu
solis ad ortum.".

Beroso fala, na verdade, da Quarta Raça Raiz (ou


Atlântida) e sua influência onipresente no mundo pós-
diluviano; Apolodoro corrobora ao momento em que diz
que os deuses egípcios e gregos foram gerados duma
mesma fonte (se permitis-me parafrasear) que é
chamada de "Hyperboreorum Atlante", em cuja

68
asserção, ademais, se designa que os atlantes
prestigiaram e também se deixaram levar pelos
costumes e atividades culturais da Segunda Raça Raiz
(ou Hiperbórea). Eusébio, em seu “Prepaeratio
Evangelica”, citando uma passagem de Hesíodo que fala
unicamente da Atlântida, assevera66:

"Κάδμος μεν ο Σεμέλης πατήρ επι Λυγκέως ες Θήβας έρχεται και των
Ελληνικών γραμμάτων ευρετής γίνεται. Τριόπας δε συγχρονεί Ίσιδι, έβδόμη
γενεά από Ινάχου. Τριόπας δε συγχρονεί Ίσιδι, έβδόμη γενεά από Ινάχου.
Εισι δε οι την Ιώ φασι, διά το ιέναι αυτήν διά πάσης της γης πλανωμένην.
Ταύτην δ' Ιστρος εν τώ περί της Αιγυπτίων αποικίας Προμηθέως θυγατέρα
φησί. Προ μηθεύς δε κατά Τριόπαν, έβδόμη γενεά μετά Μωσέα ώστε και
προ της καθ' Έλληνας ανθρωπογονίας ο Μωσης. Λέων δε ο τά περί των
κατ' Αίγυπτον θεών πραγματευσάμενος, την Ίσιν υπό Ελλήνων Δήμητραν
καλείσθαί φησιν, ή κατά Λυγκέα γίνεται ενδεκάτη ύστερον γενεά
Μωσέως.".

Os paradoxos concernentes à eternidade indivisível e


subjetiva são consagrados de maneira integral pela
filosofia esotérica; são estes o objeto de exame pelo qual
o ocultismo reitera as suas premissas primordiais. A
duração ilimitada da consciência de Parajati é
configurada nos aspectos condicionais (Kandhakala) e
incondicionais (Kala) da extensão substratal do espaço.
O Mahat é amplamente conhecido como sendo a raiz do
Mulaprakriti; logo, concebemos a infinitude na qual se
designam tanto Buddha quanto Maya. É dito no
Pancaratra Raska, de Vedanta Desika, que "os arcanos
das formas são informes"; parece estruturalmente
antitético, mas o simbolismo arcaico e universal aí
empreendido demonstra que toda a substância etérea,
Eis, pois, uma parte da linha sucessória dos reis da Atlântida,
66

malgrado reportado de forma mítica.

69
sublime e incorpórea (Akasha) fomenta, como
instrumento de manifestação de seu poder e persença,
aquela material, profana e corpórea (Rupaskandha).
Yamunacharya, no seu Agama Pramanya, alega
peremptoriamente que o "conhecimento correto deriva
daquilo que se discerne por Spanda (vibração, i.e.,
sintonia da consciência com relação ao Prabrahman, o
Absoluto, o Azoth de Éliphas Levi), não por Sraddha (a
fé, a crença, a não-razão, a ilogicidade).". Nirguna se
dissemina tanto em Purusha quanto em Prakriti, sendo a
distinção entre ambos, o fato de que Purusha é o
númeno (o evento por si só) e Prakriti é o fenômeno (o
testemunho ou o fio condutor do evento). É pelo evento
que deliberaremos, não pelo seu fio condutor ou
testemunho pois, se fizermos por este último, ir-nos-
emos iludir, cair na depravação e na ignorância do
Sthulacit, a Consciência Vã e Mundana.

Oannes, ou Dagon, personifica o sentido cosmogônico da


natureza, cujas peculiaridades fruem de certos
predicados conduzidos por várias combinações de seres
míticos e iniciáticos. Tallath, a Água, o Mar, o princípio
feminino, v.g., foi conquistado e uniu-se definitivamente
com Belus, o masculino; daí, resulta a quarta lei cósmica
do Kaybalion, i.e., a da polaridade. Isaac Myer, no
mesmo assunto, escreve que a coluna de Yakheen
representa a graça e a justiça e, sobremais, representa o
princípio masculino, ativo e positivo, ao passo que a da
esquerda, viz., Bohaz, representa a punição e o rigor,
além de ser o princípio feminino, passivo e negativo 67.
Eis, pois, o perfazimento do Zi, o Espírito Absoluto das
Coisas, perfeitamente harmonizado.

67
Vede “Qabalah”, MYER, Isaac, p. 253

70
§10.

As mônadas que emanam da realidade única, a verdade


absoluta por essência, se subjazem aos ciclos de
construção e reconstrução da quadratura do cosmos, em
uma gama de variações de manifestação espectrais ou
perfeitamente "picturais", ao passo que são observadas
sob o viés eidético; não obstante isto, efetivamente, as
mônadas são eternas, imutáveis, incessantes e não
conhecem limites para sua dispersão nas infinitas

71
dimensões do espaço-tempo. Exemplo desta condição,
temos o onipotente criador de três olhos do
Parameshthin, engendrando, pois, Brahma nas
propriedades do Rajoguna e Vishnu nas do Sattvaguna;
chamamos tal divindade de "protogono" ou a energia
primordial do universo que, anteriormente à sua
produção decisiva, já reinava nas Trevas e na Luz. Dir-
nos-á Sr. Beausbore, com o auxílio referencial de Santo
Irineu e de São Jerônimo, que as operações dos mistérios
antigos do Egito, de qualquer forma, por mais que
relutem em afirmar o contrário, contribuíram
definitivamente para a verdadeira mística do
cristianismo. Esta mesma é, sob hierática edificação,
assim como de todas as religiões, por substrato
doutrinal, algo completamente monádico. As
determinantes desta mesma grandeza perscrutam com
perseverança, em rondas periódicas, o Pralaya da
designação espontânea das linhas evolutivas do próprio
Nirvana de cada revolução orbital concernente aos
próprios corpos celícolas, quer físicos, quer etéreos. É
dito no Kitab al-Zabur que a magnitude dos poderes
incumbidos a Deus é, com efeito, o escopo do motor
perpétuo e do artifício atemporal de sacramento. A
Coroa Sefirotal, ou a expressão da Mônada, se aplica
nesta questão como, justamente, o Atma-Buddhi dos
"poderes incumbidos a Deus" e a geratriz moderadora,
consumada então a fim de que não se cometa abusos a
desdobrarem-se em abomináveis intencionalidades
seguidamente aprazadas; e, portanto, a constituição
progressiva e impulsiva de toda entidade viva se
sumariza, basicamente, nas agregações vivificadoras da
Monas Universal largamente estabelecida no
Mulaprakriti da circulação da Deidade Universal.

Observa-se en passant que a natureza sutil das coisas é


projetada em detrimento da densa, mas jamais

72
configurada em total dissonância com esta; é necessário
o entrelaçamento ou a soma das forças tanto
microcósmicas quanto macrocósmicas para que a
unidade divina se preserve e se mostre intacta numa
espécie autogerada de consciência sublime, suspensa
diretamente no desvelar e no atrair dos fenômenos
cósmicos originados tanto do Manasa-Dhyanis quanto
dos Chhayas do Pitris lunar. No-los evidencia Sr. Hyde,
assaz destramente68:

"Sed ut hominum corrupta et depravata natura in


pejorem partem semper vergit & propensior est, &
paulatim in degenerat & prolabitur; sic & isti suam
Religionem, quam primo intemeratam & immixtam
servaverant, processu temporis deinde corruperunt &
multi nugis interpolarunt, Dei notitiam cum plurimis
Superstionibus tenentes, & lucem cum tenebris
commiscentes.".

Ocupam-se certas modalidades de extensão do


desenvolvimento espiritual, mutatis mutandis, numa
dinâmica injetora ou num ciclo introdutório de
ordenações causativas no Atma, a fim de prover-lhe a
suma continuidade e o equilíbrio otimamente
consolidado69. Todavia, ceteris paribus, a disposição dos
68
Vede “Veterum Persarum et Parthorum et Medorum Relgionis
Historia“, HYDE, Thomas, p. 2
69
Consoante o Bhagavata Purana afirma, o Homem Supremo não se
passa de uma causa aparente, ao passo que o Deus Supremo detém
a energia divina, controla o universo sob agentes atemporais e
extrafísicos e destrói-o ao seu próprio líbito sem ser de fato
destruidor. O mais alto Dhyan Chohan, sob estas circunstâncias até
aqui descritas, não reside mais nas leis do Karma, senão nas do
sacro Dharma. Orientalistas, concentrados, sobretudo nas tradições

73
elementos de correlações premeditadas no próprio cerne
do Atma, suprime essencialmente o aparecimento das
forças do lapsus calami; malgrado isso, de vez em
quando, permite-se a sua encetadura nos meios de
existência a serem consequentemente rondados com
propósitos metempsicóticos e restauradores, em fases
cataclísmicas ou apáticas do nosso Globo ou de qualquer
orbe alvejado. No-las assevera, portanto, Sr. Sinnett70:

"Behind the human harvest of the life impulse, there lay the
harvest of mere animal forms, as every one realizes; behind
that, the harvest or growths of mere vegetable forms — for
some of these undoubtedly preceded the appearance of the
earliest animal life on the planet. Then, before the vegetable
organizations, there were mineral organizations,—for even a
mineral is a product of Nature, an evolution from something
behind it, as every imaginable manifestation of Nature must
be, until in the vast series of manifestations, the mind travels
back to the unmanifested beginning of all things. On pure
metaphysics of that sort we are not now engaged. It is
enough to show that we may as reasonably—and that we
must if we would talk about these matters at all—conceive a
life impulse giving birth to mineral forms, as of the same sort
of impulse concerned to raise a race of apes into a race of
rudimentary men. Indeed, occult science travels back even
further in its exhaustive analysis of evolution than the period
at which minerals began to assume existence. In the process

indianas, como Thomas Maurice, William Jones, Peter van Bohlen,


Albrecht Weber e &c., bem como outros estudiosos em diversas
tradições ao redor do mundo, afirmam que esta concepção da
dualidade do funcionamento da natureza em dois níveis díspares de
consciência é tão universal, difundida e exaustivamente registrada
que, com efeito, pode ser uma verdade arquetípica irrefutável, ou
até mesmo, um vetor primordial para o entendimento lídimo das leis
que regem o universo.
70
Vede “Esoteric Buddhism”, SINNETT, A. P., pp. 46-47

74
of developing worlds from fiery nebulae, Nature begins with
something earlier than minerals—with the elemental forces
that underlie the phenomena of Nature as visible now and
perceptible to the senses of man. But that branch of the
subject may be left alone for the present.".

Analogamente, Sr. Pratt salienta71:

"The divine, while passing through spirit and matter into


nature, and then by natural process through the inorganic,
the organic and the animated, into the human, loses sight of
its own divinity; so loses sight thereof that it may re-pass
from the create to the increate, should the instruments
through association with which it has sought evolution ulti
mately fail to fit themselves for the final transition for which it
had sought to prepare them.".

Sophia Achamoth, a personificação do Éter, quando


elevada à sua máxima competência de superintendência
de Sofia (ou a Divina Sabedoria), pode nos assinalar
peremptoriamente uma noção imagética, subtendida no
Arupa estelar, de Ilda Baoth. A palavra quer dizer
“prole” ou “gerado de algo”; o vocábulo posteriormente
mencionado, , significa “caos” ou “primórdio
informe”. Poder-se-á dizer que Ilda Baoth cumpre a
mesma função que Brahma ou desempenha o próprio
númeno do Prajapati na cosmogênese e na evolução
concebida após o seu íntegro empreendimento (i.e.,
tanto das forças sutis quanto das densas pari passu).

71
Vede “New Aspects of Life and Religion”, PRATT, Henry, p. 357

75
O sistema consciencial latente em cada entidade viva é
plenamente dotado de ubiquidade caso seja
desenvolvido apropriadamente e, incontinenti,
despertado em todas as suas unidades naturais de
potencialidade e manifestação. O Logos platônico,
copiosamente mencionado nos "Diálogos", é a
substância mirífica que, todo o poder muscular de
expressão monádica percipiente, possui em excelsa
quantidade, sendo, pois, a própria ponte ou o retilíneo
cruzamento com as regiões célicas ou terrestres do
Tsanagi-Tsanami. O simbolismo concernente aos Jivas do
agente hospedeiro do próprio Chitta é diretamente
associado aos homogêneos e numenais elementos da
Criação, os quais são a miúdo organizados
tricotomicamente (Atma-Buddhi-Manas ou Rupa, as três
esferas da consciência cósmica ou a Tríade Absoluta).
Isaac Luria, no seu Hibur be-Kabbalah, afirma
peremptoriamente que, metafisicamente, o Pitris é a
progênie intrínseca dos Ancestrais da tradição dos
Dhyanis terrestres. O célebre apoftegma grego "γνῶθι
σεαυτόν" nos ordena a desvendar o nosso Ruach, não
nosso Nephesch. Clama firmemente o Codex Nazaraeus:

"Illuminatus quisque meis verbis eodem loci inter Genius


reputabitur.".

A sombra das formas astrais será devorada, pois, pelos


quarto e quinto princípios da mente
consuetudinariamente relativa à chama da alma-
pássaro72. Tal é este fenômeno, algo deveras intrigante,
72
Eis, pois, o formato não-predatório do Buda da iniciação, nas
criptas mais reveladoras do círculo do Buddhahood, donde é
promanada a Gênesis primeva das leis do Gupta Vidya.

76
porquanto toda forma astral se estabelece em tão
arrazoada sutileza que quaisquer veículos de
transportação que a assinalem no Iao (como os caldeus
diriam), podem diretamente influir em seu material
divino. As alusões a esta ocorrência do cosmos no Livro
dos Mortos ao Tiaou são indiscretas e mui elucidativas;
tais referências, socioculturamente falando, podem ser
derivadas da sabedoria dos Chitra-Sikhandinas da quarta
raça, viz., a Atlântida ou Mo-Uru. É dito no Dankmoe que
a integração de Osíris à geração essencial da concepção
da magnitude celícola ou terrestre é suscitada no
Conhecimento Oculto por ele próprio engendrado. Sr.
Seldem no-lo ratifica73:

"Utcumque autem, non sine singulari & ob hanc rem imprimis


admirada Dei Opt. Max. providentia.".

A entidade sobrevivente da biogênese planetária formou


com caráter elohístico, a todas as raças humanas e
espécies da terra. No tocante às raças humanas, dir-vos-
ei que estas possuem uma fonte original, donde surgiu a
seminal procriação de todas as suas etnias e nações,
sendo a condição suprema de cada prole, variada a cada
humanidade, agrupada então em ciclos septenários.
Com clareza, por exemplo, Baily, numa carta dirigida a
Voltaire, após extensa pesquisa, diz que o conhecimento
das artes e das ciências mundialmente considerado (da
Raça Ária), em preposição genérica, derivaram da
Tartária, a qual, por sua vez, provinha da Atlântida, ou a
Raça Atlante. No mesmo diapasão, assegura-se que
tanto os tártaros, quando os hindus e os árabes, étnica e
biologicamente, originaram-se de uma fonte ancestral
73
Vede “De Diis Syris”, SELDEN, John, p. 8

77
compartilhada74. Pressupõe-se, pois, que seja uma
mistura dhyiânica entre as emanações vitais e raciais
tanto da Terceira Raça (Lemúria) quanto da Quarta Raça
(Atlântida). Destarte, gera-se todo o nosso dispositivo
mnemônico geosófico ou a própria consciência de Bhumi
ou Prithivi.

A ideação cósmica constitui-se por inúmeras facetas da


Substância Absoluta, sendo a mesma, o Alfa e o Ômega,
cuja morfologia é soída a endereçar-se para as seletas
regiões do substrato da Verdade Eterna. Em matéria um
tanto mais metafísica, especula-se sobejamente acerca
dos mistérios da sabedoria das eras, por mais caricatas
que possam parecer suas estremes intenções! Contudo,
ao manejar este assunto com percuciência, as asas
idealistas aparadas pelos produtos da liberdade de
pensamento, invariavelmente, deverão surtir o
temperamento da gnose oculta tanto da coletividade
quanto da individualidade. Cultuara-se na Quarta Raça
inicial, o Espírito da manifestação dos mistérios e tal
liturgia manteve-se até os dias prósperos dos Helenos.
As carruagens simbólicas, avistadas nas constelações
imagéticas do pensamento oculto, são estruturadas
pelos mais variados gêneros de fenomenologias
manvatáricas coevas e co-eternas. Desde a moção
molecular até os passos perniciosos ou santos do
Homem, existe uma diferenciação mui expressiva; vo-lo
saliento a fim de que possais estabelecer em vossas
próprias mentes o conceito de que Fohat, i.e. a Energia
Cósmica, é sustentado por um processo transcendental
de veiculação praláyica com os espelhos do Gupta Vidya,
cujo funcionamento é deveras incompreensível para a
Consciência Física Humana. Destarte, é necessário
entender que a heterogeneidade do Prakriti, conforme
os graus de visualização dos planos de percepção, é
74
“Vede Asiatic Researches”, vol. ii, pp. 23-24

78
consuetudinariamente definida pelos prótilos
substanciais da complexa natureza do estado pré-
Material. O plano da consciência metafísica coopera com
os númenos das faculdades perceptivas, numa
industriosa intuição das realidades concretas e
experimentáveis das Entidades que, então, residem no
agregado septenário do Eu subjetivo-objetivo. 75

A consciência pura, como escopo e meio de vivência, é


desconhecida para nós, vulgos e meros mortais, deste
Mundo tridimensional. São barreiras que temos de
superar conforme nos aproximamos do mais alto Dhyan
Chohan, resguardado em silêncio e mágica sageza no
Prabrahman, como os vedantinos no-lo definiriam. Nada
obstante, não deixemos com que o Princípio
Incognoscível degrada este fenômeno per se; daí, segue-
se a pré-diferenciação do substrato cosmogônico da
susbtância primeva, o "arché" dos pré-socráticos e a
"prima materia" ou "hyle" dos alquimistas, na qual se
delineia, porventura, o Mahat cíclico e procedente da
conjunção vinculativa de Theos-Kosmos-Caos; a fuga
ilusória do Proteus, bem como a profanação de Ichthus,
devem, pois, ser extirpadas do Atma humano. Os
Puranas indianos e o Livro dos Mortos egípcio falam da
emanação do Éter ou da gradação de sua geratriz "Pater
Omnipotens Aether" nas balizas do mito enigmático da
"Substância Indivisível", ou άτομο. As injunções sobre os
estados regidos por "absque forma et figura" sempre
resultam numa indicação sobre a eternidade sintética do
Akasha no tocante ao Éter. Locupleta Pselo76:

75
O Manas é o fundamento desta condição intelectiva. A Ideação
Cósmica é, portanto, o upadhi desta Mente-Consciência, em graus
de manifestação sublimemente espirituais, os quais são derivados
dos estados hipnopômpicos da Entidade.
76
Vede “Του Ψελλου Μιχαηλ εἰς την ψυχογονιαν του Πλατωνος”, PSELO,
Miguel, p. 12

79
""Πασα γαρ η μεταβετιχε κινησεις, χαν ασοματον εστιν ουσιον ενεργεια,
συνεγευγμενον εχει τον κρονον αυτε, καί γάρ ή ψσχέ μεταβατιχος τούσ
ορου νοέι (...), και εστιν αυτη εκ τον γενον του οντος συγχειμένε, ούσίας,
ταυτου, θατερου.".

Encontra, ó, Lanoo, o protótipo das Ideias Universais nas


Ordenanças do Manu Vaivasvata. Eu to evidencio, leitor,
como caráter essencial de remoção do Espírito seminal
das Trevas. Logo, surgem as porções não-manifestas e
manifestas do Ovo Primordial no Local Perpétuo ou o
Firmamento, viz., "os ornatos do céu"77. O Atmanah
frutífero engendra, a miúdo, a vontade eterna de
Brahma, o que, para os Orientalistas e alguns
acadêmicos especializados, é simbolismo do Decano
Unificado no qual, purânica e cabalisticamente, se
dividem seus ciclos de manifestação, cujo númeno pode
ser representado (ou seu Logos ilimitado e genuíno) por
ou 10. Assevera o Manusmriti:

"Que os grandes elementos entrem, juntamente com suas


funções e a mente, através das suas partes miúdas, e
separem o criador de todos os seres.".

O Criador, sabemos, é Atmamatrasu, interpolado numa


ordem filosófica de sentido e ação gerada pelo próprio
Maha-Buddhi, no centro de todas as cousas, cujo
organismo é provido por imensurável esplendor criativo.
As Criaturas não possuem essas propriedades; elas
podem se conectar e se designarem como seres mui
77
Alusão a Gênesis 2.1.

80
propínquos do Todo-Poderoso Criador, mas, jamais,
efetivamente, igualar-se a ele; conseguintemente, Dele,
devem ser separadas. Corrobora, então, o Vishnu Smriti:

"A noite em que Brahman terminou, e o Deus brotou do lótus


(Brahman), tendo acordado de seu sono, Vishnu se propondo
a criar seres vivos e percebendo a terra coberta de água.
Assumiu a forma de um javali, deliciando-se dum esporte na
água, como no início de cada Kalpa, e levantou a terra (da
água). Seus pés eram os Vedas; suas presas as estacas de
sacrifício; em seus dentes estavam as ofertas; sua boca era a
pira; sua língua era o fogo; seus cabelos eram a grama do
sacrifício; os textos sagrados eram sua cabeça; e ele era
(dotado do poder milagroso de) um grande asceta. Seus olhos
eram dia e noite; ele era de natureza sobre-humana; seus
ouvidos eram os dois feixes de grama Kura (para os ishtis, ou
sacrifícios menores, e para oferendas de animais); seus
brincos eram as extremidades daqueles maços de grama
Kura (usados para limpar a concha e outros instrumentos de
sacrifício); o nariz (o recipiente que contém) a manteiga
clarificada; seu focinho era a concha das oblações; sua voz
era semelhante ao som do canto do Sama-veda; e ele era de
tamanho enorme.".

Lançando-se da honra precípua de Protologoi, a


licenciosa Dionísia se estabelece e se arca. Portanto,
esta mesma pode exercer funções desconhecidas do
Eixo Cultor da Falsa Deidade, exceto para aquele da
Verdadeira; até mesmo os Vallabacharyas de Mumbai e
os magos inefáveis da egrégora da deusa Inanna ou de
similares produções ítifálicas agem de maneira
equivocada quanto a este ponto. No entanto, vo-lo tão-
somente enfatizo para que fixais em mente que nem
todo o mago é, de fato, um invocador dos númenos da
Natureza dos Tanmantras; por vezes, ele pode agir em

81
oposição a estes, gerando a Desarmonia Universal como
efeito primaz.

§11.

82
O culto impetrado deveras tem um gênero de fé e
devoção que não se aproxima dos atos mais amansados
e subjugados; pelo contrário, tem o tipo de
comportamento de consagração mais agitado e
arrebatado. Os sequazes de Beelsephon acostumaram-
se a estabelecer seus locais de adoração perto de
taludes, praticando nestas sortilégios em sublimados
motins. Este é um modelo de como os idólatras
entusiasmam-se e espicaçam-se em seus ritos e
solenidades epifânicas. Assim, deve-se dizer que seu
comportamento consiste, basicamente, em emoções
impulsionadas e pensamentos velozes e aguilhoados,
geralmente produzidos em facetas metafísicas da
consciência. Tartária, o império mais rico que Estrabão já
relatara, tinha, na região ocidental, algumas pessoas
pagãs que assolavam a Polônia; a idolatria das pessoas
com efeito, qualquer que seja a lealdade desta vasta
pátria à questão de Deus, levou as nações à sua
destruição moral e espiritual, e a história está aqui para
no-lo provar.

Sr. Duret78 afirma que a idolatria, configurada em


sacrifício e supérflua sinceridade religiosa, exceto para
os egípcios e caldeus iniciados, é um indício terrível de
injustiça, dogmatismo e fanatismo. Portanto, como os
sagans hebreus aconselharam com perspicácia astuta a
seus sumos sacerdotes, devemos abnegar essas
performances idólatras hediondas e repugnantes se
quisermos ser realmente purificados e conectados à
natureza sagrada do universo.

Vede “Discours de la Verité des Causes et des Effects des


78

Decadences”, p. 216

83
O Sr. Vallencey79 nos oferece um exemplo da China,
onde o culto a Fo foi introduzido em troca de outros
deuses e semideuses. Suas superstições tenazes nos
fazem ver que os Saceswaras80 do mundo e seus
elevados deveres falharam inteiramente; a humanidade
permanece ignorante, muito desventurada, briguenta e
desprovida de consciência espiritual e divina. (Vós,
devotos maçantes, sois diretamente responsáveis por
esse caos.) Além disso, as posições contraditórias e
fingidas dos idólatras são explicadas de forma concisa
pelo Sr. Tod81:

"In the struggle for empire amongst the sons of Shah Jehan,
consequent upon this illness, the importance of the Rajpoot
princes and the fidelity we have often had occasion to depict,
were exhibited in the strongest light. While Raja Jey Sing was
commanded to oppose prince Shuja, who advanced from his
viceroyalty of Bengal, Jeswunt was entrusted with means to
quash the designs of Arungzéb, then commanding in the
south, who had long cloaked, under the garb of hypocrisy and
religion, views upon the empire.".

Os sistemas de comportamento e conduta dos idólatras


são muitas vezes concebidos em formas desenfreadas e
intemperantes de atos; eles não têm uma mente de
ideias amplas, avançadas, cultivadas e tolerantes; eles
79
Vede De Rebus Hibernicis”, vol. iii, p. 132
80
Estes são os profetas, os homens divinos e místicos que vêm à
Terra para resgatar as almas fracas para torná-las despertadas,
embora sejam convocadas seletivamente para cumprir esta missão;
além disso, são dotados de uma consciência cósmica onisciente,
completa e consumada. Esse predicado, assim, os caracteriza.
81
Vede “Antiquities of Rajasthan”, vol. ii, p. 48

84
são o oposto disso. Georgius mostra-no-lo
abundantemente nas venerações oraculares romanas,
persas e gregas, nas quais havia imolações e rituais
estranhos82. A lealdade e devoção aos dogmas
efetivamente superestimados não são apenas perigosos,
mas também são agentes aniquiladores dos arcanos da
sabedoria. A polaridade do verbum e da sapientia em
Parashakti, bem como o mistério do significado sagrado
entre o ‫( כמה‬kme) e o Kama-Deva, são todos ignorados
pelos idólatras. Assim, no sentido de que a idolatria fora
atenuada nos tempos primitivos e prototípicos, diz
Dupuis83:

"Mais le berceau de ce culte semble devoir être placé en


Egypte; où les animaux célestes étoient honor‘és'sous des
formes vivantes», comme nous l’avvons fait voir à notre
article Ammon el: Apis, "et voù il n’est qu'une conséquence
naturelle du principe astrologique, sur lequel-pose ‘tout le
culte symbolique des animaux sacrés, dont la consécration
caractérise la religion des Egyptiens; le culte du Bouc et celui
du bœuf remontent à la même époque, et prennent leur
origine dans la même source. Aussi Manethon, dans ses
dynasties Egyptiennes, fixe-t-il au même temps l’orîgine du
culte rendu aux Taureaux à Memphis et à Héliopolis, et
l'origine de celui qui fut établi en honneur du Bouc à Mendés,
Il attribue au même Roi la consécration de ces animaux? dont
les images unies, dans le même lieu du ciel, fixoient autrefois
l’équinoxe de printemps, et le renouvellement de la
reconditée donée à la Nature.".

Os cultos fálicos e mágicos são conhecidos pelos


idólatras como algo lucrativo e elegante para suas

82
Vede “Acropolitae Chronicon”, pp. 1-2 
83
Vede “Religion Universelle”, vol. III, p. 434

85
verdades e opiniões, porque, eles acreditam, esses são
os atributos pelos quais os sublimes ídolos podem
transmitir sua sabedoria cósmica e interagir com os
seres sublunares. Não obstante, sabemos: a cegueira
não promove a iluminação, assim como o fanatismo não
amadurece a conexão com os seres mais elevados; pelo
contrário, as contradiz. Ratifica, em outra variedade de
evidências impressionantes, o Sr. Bochart84:

"Jam si probare contendam totam Bacchi fabulam ex eodem


fonte manasse, vidcbor actum agere post Belgarum par
eximium, Heinsium dico & Voíssium, viros íummos, qui eo
argumento laborarunt tanto successum. Nobis tamen ne sit
nesas illorum vestigiis sic insistere, ut non pauca de nostro
addamus. De veris Bacchi natalibus fuit inter Veteres lis
acerrima , tanto scilicet cive multis certatim gloriantibus. In
his Graeci fabulatores non alia de causa volunt Cadmum esse
Semeles & Bacchi patrem, quàm quia is Bacchi cultum ex
Oriente allatum in Graeciam prirnus invexit. De caetero
Cadmo Bacchum esse multòantiquiorem ipsi Graeci non
obscurè innuunt. Apud Phœnicem Colophonium Athenxilib.
12. Baccharum fit mentio in epitaphio Nini, qui Cadmi aevum
antecessit annis minimum sexcentis. Et in Bacchis Euripidis
ipse Cadmus id apertè significat, cùm cultum illum Graecis ex
antiquitate commcedat, & ex patrum traditione tuetur.".

Os idólatras adulam a devassidão das palavras sagradas


ao seu jargão religioso e, portanto, exercem-na como
um código iniciático em seus ritos e atividades teístas.
Por exemplo, no bacanal anteriormente afirmado, era
profusamente empregada a palavra Βοτρυς, que ultraja o
lexema Buda, que significa Sabedoria Alta ou Suprema.

84
Vede “Geographia Sacra”, p. 439

86
Heeren85 afirma que a adoração de Amon era agnata aos
deuses olímpicos da Grécia; além disso, ele afirma que
Amon era o deus oráculo original da África. Eu uno as
alegações do Sr. Heeren às minhas, que relatam que a
religião egípcia gerou a grega e que elas tinham uma
fonte idêntica e homóloga: a Atlântida.

As divindades são invocadas, de acordo com o que os


idólatras alegam, através da fé não mitigada e da
consagração do dogma. O ponto de vista da natureza
universal, apoiado pelos bajuladores e apoiadores da
idolatria, é sempre forçado e histriônico e, além disso,
valioso de uma louvação absurda, embelezada e
bordada, abundante em roupas e aparatos ridículos e
extravagantes, apenas para reverência às divindades
exaltadas. Os Avatares, ou as forças de renovação de
Tur, o Pai, porventura poderiam desviar os idólatras e
atestar: "Vós todos estais invocando a mais grosseira e
obscena blasfêmia que existe!". Citando Diodoro, o Sr.
Rocher86 examina meticulosamente o culto a Sabacon,
devido à sua piedade impressionante, como uma
divindade, especialmente em virtude de suas boas obras
na vila de Bubaste, onde havia um templo dedicado a
ele e os registros mais memoráveis de suas ações; por
que isso acontece? É, então, explicado com cautela
confiável no primeiro trecho deste parágrafo. Nas
explicações até agora esboçadas, diremos que as
manifestações cerimoniais dos idólatras são
frequentemente processadas pelas suposta vigilância e
maravilha natural das ofertas de seus ídolos;
analogamente, eles presumem erroneamente que a
manifestação de sua Palavra é a única digna de mérito.

85
Vede ““Historical Researches”, vol. ii, p. 209
86
Vede “Histoire Véritable”, vol. ii, p. 355

87
Para cristãos e judeus, prefiro afirmar impetuosamente
que Noé é de fato observado e destrinchado no
Nannacus dos Frígios, que, segundo o próprio Sudas,
disse a ele que havia pressagiado o dilúvio e, com isso,
ele conduziu seu povo a um sagrado e secreto refúgio,
uma vez que a idolatria de Sibilas tinha como princípio
cultuar o Monte Il-Avarata, na própria Frígia. O mito e a
idolatria correspondente são realmente universais, como
até agora evidenciado.

§12.

A piedade e o conhecimento são cultivados de maneira


sucinta na tríade "Kwan-Shan-Yin", numa teologia referta
de simbolismos do Logos, no qual Shakti, ou Energia,
alegoriza a forma oculta e suprema do Avalokiteshwara,
cujo processo os seguidores e comentaristas dos Vedas,
como, v.g., Madhidara e Sayana, chamariam de
Daiviprakriti. As célicas abadias, efetivamente,
engendram doravante aos acontecimentos supracitados,
um som melodioso e paradisíaco ou uma voz divina, i.e.,

88
o próprio Silêncio; outrossim, o grandioso Vach forma,
abstrata e conceitualmente, uma espécie de hierarquia
teogônica enquanto manifesta os seres no Cosmos. Os
Kerhebs, ao escreverem seus textos ritualístico-
religiosos, quiçá, recebessem inspiração das potências
adjacentes ao Vach. Os pantáculos de Enchridion, mais
especificamente, o Laburum, advindo da Cabala, o
grande Monograma mágico, é um receptáculo excelente
para a liberação do Fohat ou dos princípios cósmicos
supramencionados. Por conseguinte, analogamente,
Adam Kadmon e Bath-Kol não são somente
complementares, senão forem os mesmos o Par Perfeito
ou a União e a Razão da existência do Cosmos; ei-la,
pois, como o almo e o sustento de todas as obras criadas
e suas criaturas. Eu, então, vo-los realço em detrimento
das blasfêmias contra os magos Lapland (por exemplo),
os quais dominaram o Logos e tornaram-se,
subsequentemente, matrizes de Adi Budas; Scheffer
descreveu-os com acuidade em sua "Lapponia".

Os anjos da escuridão, os geradores espirituais das


hierarquias planetárias e os seres sobrenaturais
desempenhando papéis dhyânicos, denominamos Lhas.
Os espíritos guardiões deste Globo são, com efeito,
encadeamentos subordinativos dos ciclos septenários
dos Gênios Célicos ou Terrenos lhes inerentes. Este
Kyriel de deuses, mesclado com os mistérios solares de
Demiurgo, porventura, no-los elucide de uma maneira
que satisfaça as condições de interpretação aspectual da
metafísica e da autoridade infalível dos Lhas nos quais
estão incutidos. Todos eles tampouco passaram pelo
sofrimento dos Sanjoyanas, i.e., os obstáculos da
Iluminação da Consciência Cósmica; por assim dizer,
faço a asserção de que a substância fibrosa que
determina as potencialidades místicas de cada um está
internamente localizada na exaltação da Sabedoria

89
Oculta nela comissionada. É, claramente, um simbolismo
mui importante para este gênero de alegoria esotérica.

Os supervisores divinais que modelaram o Espírito


Terrenal serviram-se de germe para a Árvore Ástrea ou a
Astrolatria in ipso. Os Kosmoscratores, bem como a
situação favorável do fogo para a pasta candente e
oleenta ser causticada, são as matrizes sumas dos
arcanos de Christos dos arianos, dos egípcios, dos
herméticos, dos caldeus, e inclusive dos judeus. O
cinturão energético difuso, desde a cosmogênese, dos
Bne' Alhim, evidencia, sem sombra de dúvida, que,
desde Soma e Sin até Ísis e Diana, existe uma
intercambiável referência poderosa e invisível da Lua
sobre a Terra, sustentada pelos avançados materiais dos
Kumaras de vários sistemas galácticos, sobretudo, do
Sistema Solar, v.g., Brihaspati e civilizações planetárias
próximas da Via Láctea. É, sob um ponto de vista da
antiga cosmogonia, algo de extensiva alusão ao
fundamento reitor do Logos, com ativa e objetiva
potência, sempre direcionando as hierarquias universais.
No-lo condensa Sr. Fioravanti no contexto alquímico87:

"Et si alcuno intendere gli occulti secreti di tal'arte (alchimia),


potrá vedere il compendio di secreti (Gupta Vidya o Kumaras),
dove ha rivelatto totto (Logos)." 88

O Logos, efetivamente, é o ápice do triângulo pitagórico


em todos os seus polos de mensurabilidade. É o tríplice
raio do Mulaprakriti, manifestado, principalmente, nos
87
“Dello Specchio di Scientia Universale”, FIORAVANTI, Leonardi, p.
97
88
Os grifos são do próprio autor, para facilitar as associações das
ideias e o entendimento do leitor.

90
númenos sublimes e parabrâhmicos, a despertar os
poderes ocultos do Homem, do Tetragrammaton, o
supra-cônscio pensamento da Substância Primordial.

Os Sete Elementos, durante o Mahapralaya, são


circunscritos numa esfera de análoga e peremptória
renovação, a partir do momento em que são
examinadas pelas supremas sentenças das Ciências
Ocultas. Estamos, agora, na segunda metade da Quarta
Ronda, i.e., a mais densa e física; enfatizado isso,
deveremos diferenciar a Alma do Mundo da Super-Alma,
a qual, por sua vez, se apresenta como a Neblina de
Fogo Cósmica. Sobremais, teremos o Jivatma associado
às propriedades nirvânicas do endereçamento da
atividade das Forças do Universo, que são
indecomponíveis e plenamente garantidas. Através das
sombras dos ciclos de vida e da latência elemental das
Divinas Antiguidades, compreenderemos, pois, que
Akasha é luminoso até mesmo no reino da negatividade;
assim, dever-se-á enunciar que, de fato, volvam ao seu
plano original, as manifestações, quando potencializadas
as suas características de limiar equiparadas ao prísitino
fluxo destinatório e manvatárico do Fohat sui generis.
No-lo assevera Timeu de Lócrida89:

"Δυο ων αιδε αρχαι εναντίας. αν τε μυ ειδο λογον εχει αρρενος τε παζοσ α


δ΄ υλα, θελεος τε και ματεψοσ. τειζα δε ει τα κα ζαιτον εργονα.".

A imaculada e arcaica acumulação de penetrantes


processos metafísicos que designam, num andaime de
alumiosos ancenúbios, a eternidade e o re-
despertamento crebro da bulida Energia emanada do
89
“Da Alma do Mundo”, DE LÓCRIDA, Timeu, pp. 8; 10

91
Verbo Universal, é, pois, o perficiente disco do espaço
eterno relativo à periodicidade sem lindes do Pralaya.
Nos mitos hieráticos persas, temos o relato duma árvore
dupla sendo, conforme o Bundahesh nos evidencia, a
sacra provedora da bebida da imortalidade (haoma) e do
conhecimento espiritual, invariavelmente atiçados ao
seu ápice. As configurações de grandeza preternatural,
firmadas em onipotente Natureza, são examinadas com
percuciência pela magia, a qual, por meio de
extramundanas e supra-cônscias faculdades, desvela os
segredos e os prodígios de seus arcanos incutidos,
claramente, na ciência iniciática e incognoscível, por
canais sencientes, do divinorum interpres et cultor. Eis,
então, a ordenada dimensão do pensamento
manvatárico que assentou todas as antigas, presentes
e, até mesmo, porvindouras distribuições ideacionais
cosmogônicas e teogônicas; assim, analogamente,
nos Eddas, observamos o deus Iddhun a guardar as
maçãs da imortalidade, ao passo que na árvore cósmica
de Yggadrasil, encontramos o símbolo central,
ascendendo antes da fonte de Mimir, onde contém os
princípios de todas as sabedorias. Orfeu dizia que tais
mecanismos ocultos eram uma espécie paradigmática
do Cultus Dei, no qual, esotericamente, fazia-se a
genuína reverência divina e, exotericamente, fazia-se
uma replicação dela e de seus atributos soberanos.
A vida primeva, eterna e invisível está sucinta em sua
própria unicidade; logo, suas manifestações regulares
hão de provir dos reinos obscuros e enigmáticos do Não-
Ser, malgrado isto possa parecer, in abstracto, algo
antitético; a Consciência absoluta é, ainda, a
inconsciência; inconcebível, ei-la como a auto-existente
realidade do Eu; por conseguinte, todo o caos tem senso
e contrassenso e todo o cosmos tem razão e intuição. A
propriedade absoluta lhes intrínseca, consoante o
movimento eterno e incessante da Natureza, é, em

92
linguagem mística, o "Grande Sopro", i.e., o fluxo
perpétuo do universo, se considerarmos o Espaço como
ilimitado e sempre a presenciar seus eventos. O que é
imoto, com efeito, não se enquadra, em alguma
hipótese, nas características estremes da Divindade. Vo-
lo realço para que tenhais em mente que não há nada
de factual e real integralmente inerte dentro da
normatividade constitutiva da Alma Universal. A
simbologia dessas concepções, por sinal,
mui raciocinativas, podem ser
presentadas, hermeticamente, de acordo com os
ditames filosóficos de Bernardo de Treviso, no símbolo
do dragão "Ouroboros", o qual exprime o Todo. Ele
personifica Mercúrio, ou o primordial fundamento
do Opus alquímico, equânime a Água da Vida, que
concede a ressurreição aos mortos e iluminados filhos
de Hermes ou, ainda, pode traduzir a insígnia alegórica
da "Dama dos Filósofos". Outrossim, ei-la capaz de
retratar o Dragão, viz., o poder dissolvente ou que mata.
Prof. Malaq no-los propôs:

"Labia Sacerdotis costediunt scieriam, et legem exquirunt de


ore ipsius.".

As ciências ocultas, isto é, os arcanos do testemunho e


pensamento divinos, encenam a contemplação dos
númenos e fenômenos que não são de comum
percebimento do vulgo; de fato, como julga-se a miúdo,
não existe magia natural, tampouco magia sobrenatural;
a magia é a invocação das sensações pertinentes
ao respiro criativo da Natureza Cósmica, que abrange
tanto os desencarnados quanto os encarnados e, assim,
sê-lo-á.

93
A miríada encontrada dos pontos de vista cabalistas –
confessa-se – instruídos pelos vãos e amadores
estudantes esotéricos da Cabala, que sequer possuem
consistência na própria adquisição dos ensinamentos,
deverá ser assaz vária e ambivalente nas inferências
sintéticas daí postuladas. A verdadeira marca do Zohar
reside, incondicionalmente, nos amplos ditames da
preciosa ciência exata neste ensaiados. Filalethes,
Thomas Browne, Robert Fludd, Arthur Dee, Della Porta,
Paracelso, Agrippa, Reuchlin, Trithemius e &c. viam o
uníssono da Cabala com a tradição original do Judaísmo
como um verdadeiro poço de Sabedoria Oculta e
Universal; jurava-se, doravante, que sob esta fonte que
poder-se-ia guardar o conhecimento secreto acerca dos
mistérios da Natureza e relevantes inclinações
metafísicas e divinas. O Zohar consiste, basicamente,
em apresentar-nos um compêndio vastíssimo de léxico
esotérico sinonímico relativo a todos os arcanos dos
evangelhos cristãos; enquanto isso, o Sepher Yetzirah é
a luz que brilha em todas as trevas e o recipiente das
chaves para abrir todos os segredos da ordenação e do
pensamento cósmicos. Tal linguagem mística, tão-
somente contemptada pelos renomados ocultistas do
Século das Luzes, era copiosamente empregada pelos
alquimistas, para protegerem-se das ameaças da
Inquisição, distinta, por conseguinte, do idioma iniciático
dos Adeptos pagãos, o qual os alquimistas traduziram
novamente e revelaram da mesma forma. Em outras
vias de explicação deste mesmo númeno, v.g., temos a
fabricação de um copo de vidro que foi trazido por um
exilado a Roma durante o reinado de Tibério, um copo o
qual, segundo os mais célebres historiadores, "foi
atirado sobre a calçada de mármore e não foi esmagado
nem quebrado pela queda" e que, de fato, era
facilmente moldado novamente com um martelo, é um
evento histórico. Caso se duvide agora, é apenas porque

94
os homens da modernidade da Quarta Revolução
Industrial não conseguem, em hipótese alguma,
reproduzir semelhante prodígio preternatural. E, sem
embargo, em Samarcanda e em algumas abadias do
Tibete, tais xícaras e utensílios de vidro podem ser
encontrados até hoje; antes, há pessoas que afirmam
que podem fazer o mesmo em virtude de seu
conhecimento do alkahest - o solvente universal.

Os antigos, bem como os homens modernos, possuíam


uma forma peculiar de desejar bem-aventurança a
outrem, imprimindo, pois, o conceito de perpetuam
felititatem; sem embargo disso, os festivais cristãos que
temos hoje são, na verdade, azougadas cópias das
celebrações pagãs orgíacas e idólatras. No-las afirma Sr.
Fauchet90:

"Taint de fiance auoyent auex lieux Saincts les gens de ce


temps la, & ne pouuoient ſitoſt oublier le ſoulagement qui leur
ſembloit venir des oracles des Dieux, pour la conſolation des
affligez, ou l'aſſeurance des entrepreneurs de quelque grand
affaire: ce qui teſmoigne en partie , comme nos premiers
Chreſtiens approprioyent le Paganiſme au Chriſtianiſme: car il
eſt certain que les anciens Payens ont vſé des ſorts tirez des
liures d'Homere & de Vir quand ils vouloyent ſçauoir les
choſesauenir : & un article du Concile d'Affrique, deffendant
les ſorts diuins, ſe peut entendre des liures du nouveau
Teſtament.".

Prossegue, no mesmo raciocínio, Polydore Vergil91:

90
Vede “Les Antiquitez Gauloises et Françoises”, p. 225
91
Vede “English History”, vol. i, p. 118

95
"For the xvij. yeare before the arrivall of the Englishe Saxons,
the Pelagien heresie as a festering canker hadde crepte
throwghe the Ilonde, which bie tyrannie of the Romaine
Emperours was confirmed emonge Christians, to the greate
endamaginge of the true Christian secte.".

O festival de Martinmas foi uma imitação exata da festa


dos romanos e os gregos chamavam-no Pitegie, que
significa a abertura dos barris de vinho, que atualmente
é praticada pelos cristãos. Daí, seguir-se-á a asserção de
Barônio92:

"In eodem sensu etiamaccipienda sunt verba Tertulliani libro


decoronamilicis, dumait: Chrirtianum hominem milicia?
Asscriptum eadem pro Chrsti nomine (...) quar (inquit) fides
Pagana condixit : ac si dicerct: istiani hominis militantis cum
illa quod fuerat ibi prescripta; cum adhuc Paganus nondum
inter «(...) eßfet adniimeratus. (...) Nec enim deliicorum
impunitatem, martyriorum immunitatem militia promittit. Et
paulé psft: Apud hunc (Chriftum feilicet) (...) miles eft Paganus
fidelis; quàm Paganus est miles infidel is, &c. quz verba male
à Rhenanoeí Teinterpretata, quisque facile intelliget:
miramurque Pamelium virum eruditum eum (...)
secutummullo enim pació Paganus illic pro Ethnico, sed pro eo
tantum (...), quodautem Pagani portea appellati sunt &
huiusmodi non sunt Chriftiani, sed Gentiles: non quidem
antiqua, sed recens fuit eayocis significatio: quar licet
reperiatur in eo sensu posita in nonnullis vitisfanorum
martyrum; tamen non ex illorum Aöis olim conferiptis, fed ab
iis qui poftmodum eadem paraphrasticèdescripferunt (...)
usurpatum scias, utapparethicin Metrano, dequohac
dieagiturin Martyrologiis (...).".

92
Vede “Martyriologium Romanum”, p. 94

96
Os alquimistas, sob alegoria simbólica, nos ofereceram a
chave para o entendimento absoluto de seus escritos;
todavia, os mistérios lhe inerentes incrustaram-se em
enigmas ainda mais arrebatadores a respeito do mesmo
fenômeno. O Kahalak, sob a influência da nada judiciosa
dogmatologia cristã, foi interpretado com uma máscara
teológica que distorceu completamente seus autênticos
ensinamentos místicos; sob a cristologia coagida, pois, é
simples que qualquer esotérico entre nossos modernos
propagadores do movimento da Nova Era e do
espiritismo renovado à luz da consciensciologia,
interprete esta gnosiologia arcana à sua maneira. O
dogma cristão místico é o turbilhão central que envolve
todos os antigos símbolos pagãos; o gênero de
cristianismo que se opõe com veemência aos trabalhos
iniciáticos do primitivo gnosticismo é a nova réplica do
alambique alquimista; consequentemente, toda aquela
representação da poderosa barba do Macroprosopos
menciona, na verdade, somente a carreira terrenal de
Jesus Cristo, não a sua ascensa ou espiritual; assim, far-
se-á notável que a Cabala mística é o suporte
substancial dos arcanos da Maçonaria. Contudo, o
sistema maçônico hodierno é um reflexo sombrio e
aviltado da Maçonaria Oculta primitiva, i.e., os
ensinamentos daqueles maçons que restauraram em
plenitude os mistérios dos templos de iniciação
antediluvianos e pré-históricos. Outrossim, voltando à
questão da Cabala, os legítimos Adeptos ratificam que a
linguagem cabalística instrui ao estudante, verdades
universais – e não um dogma religioso repleto de
proselitismo e catequização forçada, como no caso do
cristianismo atual.

§13.

97
Vishnu era louvado, mormente, pelo seu Zero-Ana, cujo
simbolismo jamais poderia ser tão-somente explanado
ou evidenciado sobre a gloriosa natureza da Deidade,
tendo em mente em que a circunferência ilimitada
possui um ponto central que se associa com as regiões
consideradas "vórtices de energia do universo". A
Deidade invisível é a unidade sintética da sabedoria
suprema dos setes Rishis, ou Dhyan-Chohans; daí,
segue-se a lei dhármica do Homem. A matriz dos
chakras trans-himalaia é representada por / / ;
portanto, temos a revelação suprema, em que os
numerais 13514 e o seu respectivo anagrama 31415
estão designados, que é . Eis, então, o
significado oculto de Dhyani-Budas, dos Gebers, dos
Geborim, dos Kabeiri e dos Elohim, todos significando
"grandes homens", "Titãs", "Homens Celestiais "e, na
Terra," os "gigantes".

Contanto que combinemos esta questão com a de


antanho tratada, falemos que lei do movimento vortical
na matéria primordial é uma das mais antigas
concepções da filosofia grega, cujos primeiros sábios
históricos foram todos os iniciados nos mistérios. Os
gregos o tinham dos egípcios e o último dos caldeus,
que haviam sido os alunos dos brâmanes da escola
esotérica. Leucipo e Demócrito de Abdera – o aluno dos
Magos – ensinaram que esse movimento giratório dos
átomos e esferas surgiu da eternidade. Hicetas,
Heráclides, Ecfanto, Pitágoras e todos os seus alunos
ensinaram a rotação da terra; e Aryabhata da Índia,
Aristarco, Seleuco e Arquimedes calcularam sua
revolução tão cientificamente quanto os astrônomos
agora. Todo esse conhecimento, se a justiça for feita
apenas a ele, é o eco da doutrina arcaica, a tentativa de
explicar o que está sendo feito agora. Como os homens

98
dos últimos séculos chegaram às mesmas ideias e
conclusões que foram ensinadas no segredo da Adyta
dezenas de milênios atrás, é uma questão tratada
separadamente. O progresso natural da ciência física e
observação independente; outros – como Copérnico,
Swedenborg e alguns outros – apesar de seu grande
aprendizado, devido ao seu conhecimento muito mais
intuitivo do que as ideias adquiridas, desenvolvidas da
maneira usual por um curso de estudo.

Contudo, ainda, sabemos que pode ser difícil para a


mente moderna conceber a prioridade primitiva (pois é
que em vez de supremacia no sentido de Bachofen) da
Mulher; a prioridade da filiação à instituição da
paternidade; do sobrinho para o filho do pai; e dos tipos
de pensamento, as leis e cerimônias deixadas como
depósito de tais primitivos costumes. Tais fatos, e outros
igualmente importantes, são refletidos no espelho da
mitologia. A geratriz como Ta-Urt (Typhon) é designada
a “Mãe do começo”, “Mãe das revoluções” (ciclos do
tempo), “Mãe dos campos do céu" e a "Mãe dos deuses
e dos homens". A prioridade da geratriz como produtora
típica foi claramente demonstrada por Tesas-Neith, a
Grande Mãe, em Sais. Após essa enunciação da
prioridade feminina, descobrimos que Seb, o pai dos
deuses, também é designado o "mais novo dos deuses".

Os deuses anteriores, Sut (ou Sevekh), Shu, Isso e o


primeiro Hórus, eram filhos da mãe sozinhos. Eles foram
criados antes de qualquer pai no céu, não havendo
paternidade ainda individualizada na terra. Tanto na
terra como no céu, o pai foi precedido pelos anciãos e
pais totêmicos, os míticos Pitris. O espelho kemitológico
– se nos permitem o neologismo – nos mostra que,
quando a paternidade se tornou individualizada na
família humana, ela foi primeiro refletida por Seb como

99
Deus. Seb, o Deus da terra e do tempo planetário, que
seguiu os deuses estelares anteriores, divindades da lua
e elementares, foi então denominado "Pai dos Deuses".
Quando a paternidade foi individualizada, foi aplicada
retrospectivamente, o que muitas vezes dá uma
aparência falsa de início e descida do pai no lugar da
mãe. Mas a mitologia começa com o cálculo da fêmea,
como no sistema totêmico da mais antiga raça. Embora
os hotentotes tenham alcançado a paternidade
individualizada e elevado o pai divino dos próprios pais
para o lugar supremo, mas suas línguas mostram que a
raça, clã ou tribo sempre foi chamada após a mãe,
nunca depois do pai. Assim, os Namas, Amas, Khaxas, e
Gaminus têm todo e qualquer terminal feminino como
sua denominação. O viés na linha feminina foi universal
nos primeiros tempos e a condição mais arcaica da
sociedade; os gens ou parentes sendo compostos de um
ancestral feminino e seus filhos. A paternidade é
desconhecida do grupo primário, e esse status da família
humana originou a figura da Grande Mãe e seus filhos
nos céus. Também em certos relatos chineses dos
fundadores de dinastias nos tempos mais antigos, muito
antes de 2000 a.C., eles eram invariavelmente nascido
do pai. Uma empregada, ou a Mãe Virgem, sonhou que
ela abraçou o sol. Outro sonho que de repente ela sentiu
um vento forte na forma de um ovo. Então a Virgem
Mãe, tipificada pelo abutre, Mu (Lemúria; por exemplo),
é impregnada pelo vento sozinho sem o macho. A
tradição dizia que o primeiro rei do norte de Gaoli tinha
uma escrava criada que estava grávida. O rei desejou a
morte do menino que nasceu, mas a mãe disse que ela o
havia concebido por uma influência que veio sobre ela, e
que ela sentia como o ar, como se estivesse na forma de
um ovo.

100
E, decerto, a missão de Jesus não poderia ter mais bem
sido sucedida tirante o fato de que no Oriente, o mundo
já estava em constantes fluxos de ascensão ou declínio.
Entretanto, no século VI d.C., surge, então, o profeta
Maomé, trazendo um bocado profuso de paz para os
elementos dissonantes de sua época; não obstante os
seus augúrios sagrados, Maomé era tão suscetível ao
fracasso quanto os homens comuns. A supressão de
certos equívocos de conduta na mente dos primeiros
quatro califas, &c., se as histórias introduzidas no
segundo Alcorão foram empregadas para atenuar algum
vitupério sarraceno sob o exemplo maometano, deve ter
tido algum interesse na personagem reportada do
próprio Maomé. Caso atribuamos segundo Alcorão a
alteração aspectual parcial de Maomé, ou a quizília dos
sarracenos posteriores, para justificar a conquista do
mundo, conseguintemente, pode ser que, em nacadas,
houve um estado de paz e segurança relativo das
nações sobre o governo maometano. Não obstante, nos
parece, mesmo assim, que as terras pagas de Asthera e
Zacal ao califa, que era o único proprietário do solo, bem
como Júlio César na sua ditadura e o pontífice egípcio na
época faraônica. Com a questão religiosa associada, no-
la convenciona Sr. Ockley93:

"Ziyad an swered angrily, that he knew he was indisposed as


to his Religion, Heart and Understanding, adding with an Oath
that if he dared to raise any Commotion, he should have an
Eye over him. Another time when Ziyad was making a Speech
to the People, he stood so long that the Hour of Prayer was
come. Hejer, who was the strictest Man alive in all things
belonging to the exercise of his Religion, cryed out Salat, to
Prayers: Ziyad took no notice of it, but still went on with his
Discourse. Hejer, searing lest; the time should be past, began
93
“History of Saracens”, vol. ii, pp. 104-105

101
the Prayers in the Congregation himself, upon which Ziyad
was forced to break off, and come down and joyn with them.
This Affront he never for gave, looking upon it as a great
Diminution of his Character, but wrote a long Letter to
Moawiyah, aggravating the Matter, and desiring that he might
put him in Irons, and fend him to him. This last Time Ziyad
was forced to take a Journey on purpose from Basorah to
Cufah, upon Information that Hejer and the Company had
refused to acknowledge his Lieutenant there, and used to
throw Dust at him when he was in his Pulpit. This obliged
Ziyad to come back. (...) He should make but a very
insignificant Figure in his Post if he suffered his Authority to
be thus set at nought and trampled upon, without making an
Example of Hejer.".

§14.

Deve-se argumentar que nem todo gênero de análise


empírica, em termos diretos ou implícitos, é apodítico e
com julgamento na inegável e totalmente elucidada
composição das ideias, uma vez que são as integrações
projetais de elementos empíricos que limitam a
dimensão espiritual e são cegas para a consciência
humana e apenas encaram as impressões como dados
do conhecimento, o que é bastante enganador quando

102
analisamos a essência dos atributos universais e
particulares de cada ser ou objeto e resumimos a
estrutura multimodal e complexa cósmica na qual estão
inseridos. A imprecisão das correntes empíricas da
filosofia reside no fato de considerar apenas as
sensações e a tangibilidade dos objetos como o
instrumento suficiente para estabelecer uma ideia da
realidade do mundo. Qualquer sabedoria ou tradição
antiga que seja incrivelmente viva e estabelecida com
base no mais alto conhecimento da tradição humana,
tanto espiritual quanto psicológica e fisicamente, inclui o
fenômeno associado às dimensões extrassensoriais e
extraterrestres da consciência. Estes são os termos
totalmente explicativos, não abstratos, verdadeiramente
puros e totalmente estruturados, de acordo com o
estado mental cósmico ou os dados incondicionais do
conhecimento, adequados para todos os mecanismos
perceptíveis de entendimento e são, aliás,
extremamente corretos e universalmente reconhecíveis.
A transmissão de ideias empíricas é completamente
configurada em uma razão de consciência não natural
quando examinamos os objetivos essenciais de toda
pessoa na Terra que se reconhece através do eu interior
e supremo, observando os elementos axiomáticos e não
axiomáticos da tese ou a antinomia com relação à
consciência de tudo o que existe e do que vai existir;
sobre isso, o corpo material e sem forma, se
considerarmos do ponto de vista divino dentro da
fenomenologia volátil e conjuntiva dos eventos naturais,
torna-se universalmente eficaz, excitado (ou extático) e
alcança a orientação absoluta em torno do núcleo da
consumação organizacional e representativo dos
elementos nas operações cósmicas e fundamentos
doutrinários, cujo advento denominou o grande filósofo
tântrico Abhinavagupta, o estado de Turiya.

103
O pensamento crítico da filosofia, baseado apenas na
medição da proporcionalidade e determinação
mundanas, está errado não apenas do ponto de vista da
metodologia estratégica na demonstração de valores
formadores de opinião e arbitrários, mas também da
discussão formal sobre a qual está o posicionamento
intelectual no raciocínio e na lógica no que diz respeito à
aproximação dos eventos ao predicado mais real e
intuitivo das ideias básicas, baseado em evidências.
Portanto, deve-se dizer que a avaliação, baseada na
maneira como somos agregados intelectualmente e
envolvidos em questões de aquisição de conhecimento
através de canais metafísicos, é a correta para definir o
que é razoável ou o que está na diretiva experimental de
toda a nossa consciência ao passo que no-lo penetrou
inadequadamente. Incluindo o eu divino ao não
reconhecimento de si mesmo. Nos termos filosóficos do
Sr. Brentano, encontramos os princípios do
conhecimento desenvolvimental em harmonia com as
condições impressionantes e o significado e a
sinalização meramente dianoéticos do estabelecimento,
que podem ser facilmente desenvolvidos no decorrer de
seu trabalho. Sem dúvida, não é viável em conexão com
intervenções de construção de conhecimento ou gêneros
de consolidação. É refutável que a base dianoética de
todos não possa explicar o mundo, se não uma pequena
parte do que é matéria ou do substrato físico. Não faz
sentido evitar "tocar" no método único de percepção e
expressão para descrever o mundo nas áreas periféricas
e centrais da dimensionalidade. Empiristas ou
racionalistas como Hume, Hartley, Wolff, Karpe, Kant
etc. nunca consideraram o princípio da circulação de
energia vital em todos os seres que programam e
interagem nas seções subjacentes das imortalidade
espiritual e incorruptibilidade. Portanto, é desnecessário

104
dizer que seu cânone epistemológico científico e
materialista é impreciso e também enganoso.

A vontade, a dor, o desgosto, o disfarce e assim por


diante são sentimentos mais íntimos como emoções
tangíveis. Se teorizar e realizar um refinamento
postulado apenas por meio da pesquisa psicológica
materialmente, verá não apenas um estímulo sem
sentido e uma produção demasiado idealista, mas uma
apologia incoerente em todos os sentidos que podem ser
imaginados e aceitos, sejam lógicos, antitéticos ou
eroteáticos. A simetria das ideias é iluminada não
apenas pelo fato de que elas participam ativamente,
mas também por seu estado extra-tático, supersensível
e metafísico do alcance e significado do signo
composicional sofístico. Não obstante o fato de que
quando examinarmos a essência da matéria,
descobrirmos sua formação espiritual, a tornaremos
prototípica, não completa, mas em parte que a
emanação do cosmos forma a unidade. Em parte porque
a unidade é realmente derivada da unidade; a emanação
do cosmos é na verdade a conclusão sistemática de
habilidades cognitivas que são relevantes para todos os
seres criados. Essa é realmente a origem do
conhecimento projetivo e do escopo experimental e
parapsíquico em termos das variantes universais da
manifestação ôntica na inteligência e nos atos. Mesmo
que alguns relutem em discordar, acredito que todo ser
ou não ser inevitavelmente tem uma peculiaridade
sobrenatural, segundo a qual os potenciais e o fio
condutor devem ser acelerados, ampliados e
disseminados em abundância em todos os pontos de sua
parametrização no fundo real e na posição em que lhe é
geralmente entendida.

105
Por exemplo, se comentarmos a epistemologia do Sutra
de Avatamsaka, podemos descobrir algumas ideias que
dão a impressão de que, nos tempos antigos, "um bilhão
de luzes brilhantes eram emitidas das rodas no chão dos
pés dos reverenciados pelo mundo, iluminando os três
mil mil mundos e um bilhão de Jambudvipas, um bilhão
de Purva-Videhas, um bilhão de Apara-Godaniyas e um
bilhão de Uttarakurus para nascer, um bilhão de
Bodhisattvas para sair de casa, um bilhão de como
chegar à iluminação certa, um bilhão de como chegar
um para girar a roda do Dharma e um bilhão chegando
ao nirvana, um bilhão de sumeru, reis das montanhas,
um bilhão de céus dos quatro reis, um bilhão de céus de
trinta e três e um bilhão de céus de suyama" mas pode
ser que a iluminação e os poderes psíquicos do bilhão se
expressem por Tathagathas ou, porventura, diz-se que
os Tathagathas são potencializados no pico mais alto de
consciência da realidade. Destacarei esse fato
abrangente, que está sendo avaliado desde o início
deste capítulo. O Mahavaicorana Tantra enfatiza
ontológica e ontosoficamente que "a principal causa de
entoar o Qi não é apenas para os seres vivos, mas
também para o despertar. Não há memória para a
piedade e há memória para as coisas vivas"; a
transmissão do Qi sempre leva a uma extraordinária
liberação e ao manuseio completo da essência divina do
ser, e a despertar todos os movimentos e emissões
energéticos, sinergéticos e entelecéticos. Penso que os
sinais e suas atividades motoras são sempre
determinados por um número de forças endógenas e
pneumatológicas. Portanto, deve-se afirmar que tudo o
que é dito na unidade, no simbolismo não-dual e na
viabilidade categórica natural da formação cognitiva
deve não apenas conduzir a mente sempre fluente, mas
também a determinação gnosiológica da resolução da
alma. Posteriormente, deve-se dizer que, de acordo com

106
quais aspectos o Abhisamayalankara, a consciência da
memória ou a realização estereótica da aquisição
metacognitiva e cognitiva, pode se perfazer, por
exemplo, através das práticas de Sravakas e
Pratyeakabuddhas, "a ajuda (fornecida pelo poder da
perfeita sabedoria e habilidade), a ausência (nela) um
prazer (para todos os meus termos e para mim e para
todos os outros Dharmas)" é um dos fatores
indispensáveis para reconhecer e aderir ao
conhecimento e interpretação dos principais indicadores
cósmicos do Absoluto. Ó, estudante, tu és tu mesmo, tat
tvam asi.

Se apenas precisássemos de impressões e sensações


para determinar a classificação filosófica dos dados, não
apenas deixaríamos de modelar topologicamente nosso
conhecimento em sua substância real de realização
espiritual, como também estimularíamos a definição das
coisas que fluem e a promoveriam mais naturalmente e
no sentido curvo em harmonia com o próprio divino. Tu
fazes ao seu mentor algumas perguntas sobre os limites
do espaço sublime em seu desenvolvimento e expansão,
além do véu da matéria, e quando diz que está errado,
pois não é confirmado empiricamente, refuta-o
imediatamente e dize que não há motivo para explicar
as questões mais abstratas e metafísicas que excedem
nossa compreensão carnal, intrínseca e física, como "O
que sou", "O que é Deus" e "De onde nós viemos","
Onde o homem e seu ser viverão de acordo com o
Cosmos", "Qual é a origem do Absoluto" e assim por
diante. Se usares isso, provavelmente o surpreenderás
muito. Muitas pessoas afirmam que têm experiência de
vida porque viveram tantos anos e experimentaram
tantos eventos que aprenderam como é a vida. Então
pergunta a elas de onde vêm essas ocorrências. Por que
tu és recompensado com essas consequências? Por que

107
eles deveriam suportar todas essas experiências? Se
eles não têm a resposta exata (porque é impossível
expandir e tornar perfeitas e supra-cônscias suas
memórias material e empiricamente), eles não têm,
portanto, uma experiência válida e bem fundamentada
da própria vida ou da vida como um todo. Dize isso, e
elas serão estúpidas, obstinadas, orgulhosas e loucas,
demonstrando sua completa ignorância da vida e de si
mesmos. Se o Sr. Meinong afirma que os objetos
perceptivos têm a não-condição a ser comprovada com
base e a condição imperativa a ser confirmada
empiricamente, podemos ver que há ignorância
predominante ou mesmo inocência, no que concerne ao
enunciado que assegura que apenas as coisas ou
objetos "científicos" do conhecimento podem ser
estipuladas como verdadeiras, apesar de serem
claramente reconhecidas pela putrefação,
vulnerabilidade e perecibilidade das sentenças e
métodos sistêmicos da matéria. O método puramente
científico a posteriori ou o raciocínio empírico da
filosofia, definido como um mecanismo único para todos
os tipos de conhecimento importantes hoje em dia,
devem ser obtidos desde suas raízes até seus agentes
auxiliares.

Uma dialética ascética e perenialista, um método eletivo


ou um método de trabalho espiritualmente analítico é a
doutrina certa para descobrir a fenomenologia dos
caracteres cósmicos componentes que podem ser
observados ou compreendidos em todo o mundo. Da
mesma forma, vamos assumir um certo objeto de
conhecimento próximo de nossos sentimentos, pelo qual
podemos medir e delinear uma disquisição precisa e
inegável em relação a ele. Se eu analisar de acordo com
os pontos de vista sistêmicos acima mencionados, não
apenas revelarei suas propriedades visíveis e táteis, mas

108
também suas propriedades psicológicas, diversas e
cósmicas e esotéricas unimodais ou especiais. Pelo que
defini até agora, direi que a maneira correta de praticar
nossos talentos naturais está centralizada na
consciência interior do que somos e por que operamos
no nível terreno. Se descobrirmos esse fato
tautologicamente, desenvolveremos nossas fundações
completa e perfeitamente. O conhecimento empírico
trata o homem como uma máquina, ou seja, um
dispositivo de fabricação que é definido com uma função
específica e executa uma tarefa específica para
terceiros. Tu te vês assim ou tu te consideras um ser
espiritual destinado a alcançar a verdadeira sabedoria e
os valores corretos da consciência cósmica e cercado
por uma vontade ilimitada? Tu queres desenvolver tua
alma ou desejas deixar tua vida inteira seguindo ordens
contra suas intenções honestas e úteis para tua própria
vida? Os empiristas, racionalistas, materialistas,
cientistas, céticos e outros filósofos e teóricos estúpidos
e desconhecidos acreditam que tu és um idiota
condenado à carne, que não foi criado por impressões,
sentimentos e comandos de obediência, nem por ideias
esotéricas nem por boas ideias para o desenvolvimento
da humanidade e também para contribuir em prol duma
posse clara do sublime e perfeito ornamento cognitivo,
que é fornecido pela natureza divina da estrutura
universalmente distribuída do Absoluto. Se houver uma
resposta para os políticos que veem o homem como um
mero subordinado das proibições e obrigações, e não
para o ser supremo que ele é, enquadrando os planos
celestes nos quais ele é permeado e sempre se encaixa,
eu faria dizem que são as verdadeiras vítimas do caos,
do caos acidental e do pandemônio, cujo conteúdo
atribuem ao mesmo estado da sociedade que eles
mesmos forçaram e se infiltraram desde o dilúvio de
Ath-Men-Ptah.

109
Por exemplo, no Nihsvasatattvasamhita, podemos
encontrar algumas considerações esotéricas sobre a
natureza humana energeticamente e através do fluxo. O
tantra é a chave para tudo o que podemos conhecer
como a parte mais interna da folha de lótus, ou seja, seu
principal núcleo e componente principal de funções,
atributos, propriedades, habilidades e propriedades da
planta. No sistema Kalachakra, de acordo com o Tantra
de Kubjikāmata e o Ṣaṭ-Cakra-Nirūpaṇa, todas as
direções do homem essencial são consideradas. O
divino, o próprio homem que procura a si mesmo e
alcança o Amithaba, escapa dos ciclos do Samsara e
volta para sempre ao céu em que esteve, permanece e
sempre permanecerá. Por que os materialistas não
olham para os canais de energia humana? "Não está
cientificamente comprovado!", todos mo direis. No
entretanto, prova cientificamente, de acordo com tuas
próprias ideias, que apenas importa é a realidade do
mundo, mas não só nas ciências naturais, como no
raciocínio indutivo e dedutivo, levando também em
consideração as identidades ontológicas. O que vós
todos respondereis? Não há resposta convencional. As
mentiras teóricas e doutrinárias que os cientistas, os
céticos, os racionalistas etc. exercitaram no
desenvolvimento do conhecimento esotérico, arcano,
interno, supremo, moral, compreensível e emocional do
ser humano o foram a flux. Nem Descartes,
Malebranche, Holbach ou La Mettrie (o pior) seriam
capazes de instalar uma sabedoria sólida e
razoavelmente plausível para os graus espectrais astral,
sutil e etéreo (Eidolon) da consciência humana.

Vamos formar nossas ideias sobre o tópico muito


mencionado, por exemplo, com uma equação famosa,
estabelecida por De Moivre:

110
¿

Matematicamente, como diz, pode explicar o


estabelecimento de números complexos usando os
fundamentos trigonométricos. No entretanto, é
apropriado explicar as mesmas situações, mas não a
mesma existência, em outras dimensões? Ou não é uma
forma de presunção resolver um problema que só pode
ser sugerido na realidade material e mensurável?
Imagina-te em uma colina cheia de bétulas e salgueiros,
uma paisagem paradisíaca. Com uma visualização
detalhada e destacada, é primeiro e depois importante
descrever esse fenômeno com suposições matemáticas.
Normalmente tu dirias: "É impossível!" De fato, também
é impraticável e irrelevante expressar a ordem das
coisas desde o início apenas por métodos de expressão
matemático-sintética ou, se apoditicamente garantido, a
posteriori como sine qua non ou um pré-requisito
indispensável. Se tu não imaginas a possibilidade de um
cálculo numérico nos salgueiros e nas bétulas, não se
pode propor um sistema de equações diferenciais ou
integrais para explicar sua estrutura, pelo contrário, é
impossível em termos sensoriais ou extrassensoriais. A
matemática pode explicar coisas adequadas para
quantificação. Agora, pergunto: "Todas as coisas podem
ser quantificadas por unidades padronizadas ou
avaliadas por um dispositivo matemático?". É muito
claro que elas não podem. A partir disso, devo concluir
que a matemática, como um gênero cognitivo válido de
julgar ou estimar medidas, é uma mentira enorme e
subjaz às aparências.

111
O ensino inicial do conhecimento empírico é baseado na
premissa falsa e de fato inconsistente de que qualquer
coisa que possa acontecer pode ser classificada como
permanente. Se desejas definir uma natureza real do
assunto, precisa analisar seu ciclo eterno, não mortal.
Vossa mercê procuraria um famoso sábio egípcio como
Imothep ou Manetho, por suas obras ou por seu discurso
durante sua vida? Vossa mercê dirá: "O discurso dele é
impossível de dizer o que era. Naquela época, não havia
instrumento de gravação!". Para a ciência empírica, esse
seria o discurso na medida em que as obras são
questionadas, porque não possuem a mesma evidência
metodológica que o aparato da tradição moderna
atualmente. Os cientistas são arrogantes e blasonadores
apenas porque se consideram apenas como
determinismo da verdade, se consideram a única fonte
da realidade, se definem como a mente única, para
medir o espaço e os processos evolutivos do tempo
conjugados com a realidade da história humana. É ético,
é certo? É epistemologicamente adequado? Vossa mercê
acha que existe uma visão para pensar, adivinhar e
solucionar? Como sabemos, a verdade é única, mas os
meios são muitos. A diversidade e a multimodalidade
dos centros são de grande importância, pois apoiam a
descoberta de várias facetas em relação à verdade
universal. A ciência olha para uma das miríades de
partes da verdade que são as mais vulneráveis e
deficientes a serem degradadas e cortadas porque a
dinâmica material requer apenas significado hipotético e
a matéria não. Eles resistem à multidimensionalidade ou
a diversidade dos gêneros de conhecimento e à
verdadeira aparência da consciência cósmica, o que
significa que as impressões das coisas não podem ser
pensadas universalmente, mas pessoalmente. Existem
várias ideias na ciência, mas apenas algumas são as
reais. Por causa dessa falta de veracidade, eles

112
consideram o pensamento dogmático em vez do
pensamento de mente aberta e pluralista, porque não
querem perder tempo pensando, questionando,
buscando minuciosamente o núcleo dos objetos de
percepção, material ou mental; por causa dessa falta de
consideração e atenção, eles preferem criar um
conhecimento convencional, corporativo e ortodoxo do
que estudar todos os existentes e derivar seu padrão
comum ou fonte original com base em seus pontos
semelhantes de geração de reportagem e concepção.
Em seguida, o modo de pensar mais perigoso foi criado
na humanidade: a homogeneidade, ou a perversão da
verdadeira natureza do conhecimento, que é a revelação
ilimitada da lei deste.

Em seus tratados, Hume distingue idéias de impressões.


De fato, eles são separados. No entretanto, ele diz que
as impressões são os construtores e a principal causa
dos dados de conhecimento e as ideias são derivadas
deles. Vossa mercê deve ter em mente que esse
conceito de Hume é totalmente desonesto de qualquer
ponto de vista realmente sábio. Impressões são apenas
sentimentos, não percepções. O fato de eu tocar, ver
algo e concluir a partir disso não necessariamente torna
minha ilusão realidade. O empirismo de Hume, bem
como de Locke, Telesio e Bacon, é completamente
inconsequente, um non sequitur. Suas causas
preposicionais implicam necessariamente uma
consequência do mesmo tipo e da mesma faixa
qualitativa. Vossa mercê deve saber que existe um mal-
entendido em todo sistema lógico, de Aristóteles e Ibn
Sina a Dharmakiti e Gotama. No entretanto, qualquer
cientista ou professor de filosofia é cego a esse fato
irrefutável e apenas reproduz o que vê nos livros que
representam os mesmos erros e falácias de qualquer
conhecimento empírico contestado, não apenas o

113
empirismo britânico e sistemas semelhantes de
pensamento. Nyayakusumanjali afirma: "O argumento
mais viável para provar a existência do princípio
onisciente da estrutura cósmica é que ele é
harmoniosamente organizado tanto na idéia quanto na
orientação prática; agarramos para que notemos as
autoridades nos registros antigos, pode nos dar uma
base tão lexical para a construção das próprias
premissas, conjuntiva ou abjuntiva, a partir da qual
podemos resumir todo o conhecimento sobre onisciência
e seu significado realista nas condições de existência
sobrenatural ou mundana. a menos que provemos a
contração errônea da ordem e orientação de todos os
corpos celestes ou extraterrestres.” As ideias cristãs,
judaicas e islâmicas de Deus são míticas, fabulosas e
imaginativas, e há muitas evidências para apoiar essa
afirmação a curto ou a longo prazo, apesar do fato de
que existe uma lei de um, um princípio onipresente,
todas as coisas são derivados e vai voltar. Tudo o que
somos é um porque fomos criados através da
manifestação única que também irradia, molda e
inventou toda a estrutura cósmica.

A consciência de se libertar por dentro, e não por fora, é


para as entidades vivas do cosmos, o acesso ao mais
alto grau de sabedoria. Será examinado, como algo que
deseja alcançar as condições acima da apreensão
cognitiva ou obter entendimento em enigma
extramundano para deliberar sobre as substâncias
verdadeiras e substratais nas quais o mundo inteiro
designa sua estrutura monádica sem nenhuma
explicação para a liberação de informações relativas ao
fenômeno. O Deus univocamente prodigioso chama de
discernimento do espírito essencial, mas, o vulnerável,
decomponível e corrupto fita-no-lo para a realidade,
cresce fora das condições e provocações refertas de

114
sabedoria e inteligência, opostas ao agente de
desobstrução. Portanto, a aquisição de conhecimento
representa um pico, eterno e imortal, ou seja, a
capacidade do poder supremo. No entretanto, o Papiro
Ipuwer, o Livro dos Mortos, Thoth, Pitágoras diziam que
os efeitos da moção universal parecem ter encontrado
uma grandeza hierática completa. Seus ditames são os
segredos mais íntimos da Esfinge de Gizé e das
pirâmides que não estão nos extremos externos ou nos
etxernos não-extremos de sua estrutura. Pitágoras, ele
mesmo, encontrou um lugar em que isso está sujeito aos
estratos subterrâneos e o Egito até agora permanece
sagrado para prosseguir como uma civilização oculta
nestas camadas adjacentes. Estávamos sempre
conscientes de que os veículos não nos tiravam a
durabilidade. O grande segredo que os cientistas
Trithemio e Kirchner concretizaram em,
respectivamente, Steganographia e Musurgia, fora uma
linguagem universal sobre a qual não deve ter dúvidas
de que a mente sacrossanta embutida nela tem um
código secreto ou privado cujo significado deve ser
iniciado e desenterrado nos antigos e autênticos
aspirantes ou penetrantes e benignas turbulências
kármicas da iluminação, ou mesmo meditação. Por isso,
apesar de me desenrolar no corpo, nos sentidos, eu,
mesmo assim, serei o maior da alma e do espírito, de
um gênero ou de um senso crescente da perenidade
universal.

O organismo humano é um mistério... ou talvez não.


Penso que a natureza do homem é eficiente, nos casos
relativos a assuntos seculares, aos seus cuidados, mas
não é capaz de descobrir isso pelo tipo de todo o mundo,
sempre que ocorre uma investigação desse tipo. Eu
direi, no entretanto, que transcender a compreensão das
leis mundanas não permite que o espírito se liberte do

115
mundo material de objetos físicos e seja inócuo. Além
disso, é necessário dizer que, se pudermos encontrar um
universo dentro de nós, é preciso procurá-lo. Certo?
Como? Sobre as reflexões de nossos sábios da Índia que,
a palavra meditação, न्यान chamavam, assim como os
gregos denominavam διαλογισμό e os tibetanos - གམ, no
entanto, acho que far-se-á, assim, a contemplação do
mundo em que veremos आकाश (como um metafísico
hindu dir-nos-ia) e far-nos-á olhar através dos registros
de toda a infinidade de nossa existência, no passado e
no presente e no futuro. D. Peter Deunov, a quem
Einstein admirava, e Robert Fludd haviam expressado o
espírito do homem, espalhando suas preposições e
outras que nem sempre são a mesma coisa que se diz
"para ocultar sua própria vida: para eles manteve
segredo, o espírito do seu espírito é seu: a partir de
então ele, para que eu guarde o seu espírito em sua
vida, oxalá seja mantido em segredo, pelo que foi
ordenado". D. Scot disse: "O mesmo deve acontecer com
aqueles que não conhecem bem, mas tudo é transmitido
rapidamente e com grandeza". Isso não quer dizer que
tudo sinta; tal coisa é intactilis intelligibile, isto é, não é
percebida no corpo. Agora, o movimento de uma coisa
não é humano. É divino. E então, como o é,
verdadeiramente, eis o que pude dizer, agir e não agir; e
inibe o mesmo que ele começou. Atuar no mundo é
comum; a liberação é específica. Tudo, no entretanto,
tinha que ser mantido, no que é específico, mas
aprendemos a julgar todas as coisas, ou as coisas que
são e as coisas que não devemos aprender que são
comuns a todos.

Devemos ter em mente que a consciência do mundo


está passando por um processo de renovação. Embora
existam relações obstrutivas entre as nações e

116
ocorrências bélicas, algum gênero neotérico, mas
espirituoso e formidável de filosofia espiritual está se
disseminando amplamente, a fim de fazer a humanidade
evoluir e alterar seus poderes ocultos, que a formarão
em um arquétipo divino da civilização planetária. Além
disso, deve ser a forma Pasyanti da nutrição das forças
cósmicas tornar próspera e feliz a síntese da genuína
manifestação humana, que, no sentido de pangênese,
foi erigida pelo próprio Vaikhari-Vach. Atualmente,
estamos retomando e reencenando essa Verdade Eterna
nos movimentos da Nova Era; eles são, portanto, a
coalizão dos seguidores de Eswara, isto é, os autênticos
partidários do Poder Eterno ou a sagacidade sem limites
do Buda Adi. Esse avanço metafísico despertará os
escolhidos ou incendiados pela lei da inteligência
primordial ou pelo estado de coisas meta-senciente e
melhorará o contexto ambiental (esotérico e exotérico)
dos planos mundanos, gerando, assim, o ciclo da Terra
de Satya Yuga ou seja, o estado dimensional inefável,
perfeito e primitivo da consciência terrena. A Terra,
neste momento, será realmente semelhante ao céu; seja
o que for, neste momento, você vive no plano terrestre
ou no plano supremo e celestial. O Ilus primitivo,
portanto, superintenderá a Luz Astral Divina, ou seja, o
Jivatma, ou a "Alma do Mundo", reclinando-se assim em
Laya. Embora o estado calamitoso do mundo até então
estipulado, afirmaremos, por meio disto, que, como uma
antítese benigna, o mundo está se tornando mais
espiritual e, assim, melhorando.

117
§15.

A redenção e a salvação formam, por si só, uma


dicotomia que rege todos os mitos nesta incrustados
desde José e Moisés até o Hari árabe; temos de manter
em mente que até mesmo os mestres iniciados ficaram
envolvidos com tal acepção, mas, justamente, em sua
posição de mestres iniciados, nunca admitiram tal
classificação, passando a rejeitá-la peremptoriamente e
somente abalizando-se na sua missão profética. Abraão,
segundo Eutípio94, carregara um viático a prover-lhe as
riquezas em sua jornada, uma vez que fora expulso das
terras de Yathreb e Yaman, para equilibrar-se com a
matéria, ao passo que seu espírito se transformava em
94
Vede “Annales”, p. 5

118
luz pura. Moisés, ademais, fora instruído na ciência e na
sabedoria do Egito95, a nação onde a Grande Loja da
Fraternidade Branca um dia residira e a Atlântida pôde
depositar a maior parte dos seus tesouros e segredos. A
simbólica da teologia judaica consiste em, basicamente,
conforme São Clemente dir-nos-ia, na translação do
verbo profético em consueto e honorífico clamor divino,
revelado invariavelmente, em épocas certas e
determinadas, pelos vates e iniciados96.

Vemos não somente nos versos de Orfeu, os postulados


esotéricos de Baco; outrossim, o observamos em
Heródoto e na lexicografia de Gesenius, cujos estudos
nos fizeram associá-lo a Moisés, indubitavelmente; isto
demonstra que o mito mosaico está incutido em várias
culturas ao redor do mundo, corroborando com a
afirmação de que, por trás de todo relato fabuloso,
existe uma verdade absoluta querendo ser expelida no
dia da revelação anacalíptica.

A ideia de divindade do homem, consoante o que se


pode observar socialmente, perdura como um enigma
até os dias de hoje. Tentar desvendar seus respectivos
escopos é, efetivamente, algo ainda mais impenetrável.
Sem embargo, conquanto duvidemos dos insignes
mestres do passado, trajados nos mistérios sacrossantos
do oculto e do hermético, eles são que,
proeminentemente, obtiveram êxito na busca pelo
conhecimento dos arcanos celestes sob a égide de seres
espirituais que os escoltaram com magistral tutela. O
impulso manvantárico, então, começará com o despertar
da Ideação Cósmica (a "Mente Universal")
simultaneamente e paralelamente ao surgimento
primário da Substância Cósmica – sendo o último o

95
Op. cit., Du Rocher, vol. iv, p. 65
96
Vede “Theologia Iudaeorum”, De Voisin, p. 215

119
veículo manvantarico do primeiro – a partir de seu
estado praláyico indiferenciado. Então, a sabedoria
absoluta se reflete em sua Ideação; que, por um
processo transcendental, superior e incompreensível
pela consciência humana, resulta em energia cósmica
(Fohat). Emocionante no seio da substância inerte, Fohat
a impele à atividade e guia suas diferenciações
primárias em todos os Sete planos da Consciência
Cósmica. Existem, portanto, sete prótilos (como são
agora chamados), enquanto a antiguidade ariana os
chamava de sete Prakriti, ou naturezas, servindo, de
várias formas, como base relativamente homogênea,
que no curso da crescente heterogeneidade (na
evolução do Universo) diferenciam-se na maravilhosa
complexidade apresentada pelos fenômenos nos planos
de percepção. Outrossim, se refletirmos um tanto mais
afundo, a essência real da natureza humana está
atrelada de algum modo aos estados deiformes da
consciência e, ademais, tal afirmação é
impreterivelmente algo veraz; face aos que os mestres e
sábios iluminados do passado diziam, como Buda, Jesus,
Lao Tzé, Zoroastro, Krishna, Tiruvalluvar, Nagarjuna,
Chandrakirti, Shankacharya, Kapila e &c., o itinerário
inequívoco para atingir as condições supremas e
universais da mente está localizado dentro do próprio
ser. A fim de alcançar tal realidade, deve o homem, por
conseguinte, possuir uma apurada autoconsciência do
que seu ontos é de verdade, saber para onde ele se
guiará, descobrir qual o seu múnus fundamental na
existência terrena, desfrutar de um conhecimento
inefável de suas experiências anteriores e assim por
diante; além disso, deve trabalhar e proceder suas ações
diárias juntamente ao seu Paratman, i.e., o seu Eu
superior, a Alma absoluta de sua espécie ôntica, com o
propósito de que os resultados da busca pela iluminação
tenham preclara fortaleza para com o baluarte sagrado

120
de Ishvara. Conforme os legítimos Adeptos asseveram, o
homem se origina por uma fonte produtiva cuja geratriz
tem como estro a beleza vista com magnitude no
cosmos; dessarte, coligimos que o homem, porventura,
sempre tenha caminhado junto tanto a Prakriti, a matriz
de todos os fenômenos, e quanto a Purusha, a
testemunha dos fenômenos (malgrado ambas sejam
imprescindivelmente cósmicas, espirituais e divinas), as
quais são os dois pilares súperos de Brahma; o desvio da
consciência do Eu excelso do ente humano, como deve
ser apontado incontinenti, aconteceu na grande Queda
da humanidade, quando o mesmo deixou de ser
clarividente e transcendente e passou a ser imanente e
praticamente obliterado da sua grandeza
verdadeiramente celestial. Em suma, nós somos, na
realidade, deuses que perderam a sua divindade e
converteram-se em seres profanos e terrícolas; no
entanto, estes estão, apesar de inconscientemente,
sempre à procura de caminhos para retornar a esta
sublime realidade, a qual sempre esteve conosco,
embora não a vivamos com intensidade em nossas vidas
cotidianas. Tal enunciado configura-se aqui de forma
planejada, porque a própria existência de um processo
desse tipo, resultando nas segregações primárias da
Substância Cósmica indiferenciada em suas bases
septenárias da evolução, nos obriga a considerar o
prótilo de cada plano como apenas uma fase
intermediária assumida por Substância em sua
passagem do abstrato para a objetividade plena. Diz-se
que a Ideação Cósmica é inexistente durante os períodos
do Pralaya, pela simples razão de que não há ninguém e
nada para perceber seus efeitos. Não pode haver
manifestação de Consciência, semiconsciência ou
mesmo "propósito inconsciente", exceto através do
veículo da matéria; isto é, neste nosso plano, em que a
consciência humana em seu estado normal não pode

121
ultrapassar o que é conhecido como metafísica
transcendental, é somente através de alguma agregação
molecular ou tecido que o Espírito brota em uma
corrente de subjetividade individual ou subconsciente.

E como a Matéria existente à parte da percepção é uma


mera abstração, esses dois aspectos do Absoluto -
Substância Cósmica e Ideação Cósmica – são
mutuamente interdependentes. Com rigor estrito - para
evitar confusão e equívoco – o termo "Matéria" deve ser
aplicado ao agregado de objetos de percepção possível,
e "Substância" aonúmeno; pois, na medida em que os
fenômenos de nosso plano são a criação do Ego que
percebe. Como diriam os idealistas alemães, a
cooperação do Sujeito e do Objeto resulta no objeto-
senso ou fenômeno. Mas isso não leva necessariamente
à conclusão de que é o mesmo em todos os outros
planos; que a cooperação dos dois nos planos de sua
diferenciação septenária resulta em um agregado
septenário de fenômenos que também são inexistentes
per se, embora realidades concretas para as Entidades
de cuja experiência fazem parte, da mesma maneira que
as rochas e os rios ao nosso redor são reais do ponto de
vista de um físico, embora ilusões irreais de sentido
sejam as do metafísico. Seria um erro dizer, ou mesmo
conceber uma coisa dessas. Do ponto de vista da mais
alta metafísica, todo o universo, incluindo os deuses, é
uma ilusão; mas a ilusão daquele que é em si uma ilusão
difere em todos os planos da consciência; e não temos
mais direito de dogmatizar sobre a possível natureza das
faculdades perceptivas de um Ego, digamos, no sexto
plano, do que precisamos identificar nossas percepções
ou torná-las um padrão para as de uma formiga e seu
correspondente modo de consciência. O objeto puro
separado da consciência é desconhecido para nós,
enquanto vivemos no plano do nosso mundo

122
tridimensional; como conhecemos apenas os estados
mentais, ele se excita na percepção do ego.

O fenômeno da transcendência porfia em crer que o


homem é assaz ínclito para incoar a cambiar seu
assentamento ideário e sortir sua alma de divindade
arcana, a qual é involucrada por uma energia teúrgica
decerto ubíqua e súpera em todos os aspectos. Há-se de
discernir que o que estimula o denodo benfazejo das
particularidades formadoras da transcendência é,
precipuamente, o esclarecimento metafísico o qual
consuma na quintessência e, porventura, a difunde em
inteireza para o indivíduo que desfruta de vontade
inconcussa e irrefragável de obtê-la e, outrossim,
compreendê-la. Dessarte, devo assegurar que, em
síntese, anexando os componentes da fenomenologia
transcendental ao lídimo âmago ôntico, coligir-se-á que
ambos consistirão, indeclinavelmente, de um arcabouço
inescurecível e indefectível tanto em suas idiossincrasias
principais quanto aquelas coadunares. Não obstante,
tais declarações suprimirão, quiçá, as cousas soezes e
pusilânimes existentes no homem. Isto posto, a
transcendência liberta o homem de sua acídia e
insciência e, por conseguinte, deve transformá-lo, como
deve ser anotado em nossa ilação, em alguém
demasiado sábio e fraterno com relação à natureza do
mundo. Deliberemos, à guisa de um ente
proeminentemente ilibado, sobre as balizas que gizam e
designam a nossa vida como um organismo de estrutura
perficiente e exímia. Com isso salientado, a filosofia
transcendental, portanto, intentará sobrepujar o homem
ínsito numa submissão coagida pela matéria e
encaminhá-lo para a mais sublime extensão de sua
constituição natural. Como resultado, a filosofia da
transcendência se consagra intemerata e nímia de
cousas magníficas para fortificar o homem de substrato

123
espiritual, a fim de atingir a íntegra iluminação,
consoante o que pode ser averiguado em suas
preposições enxertadas concernente às suas noções
prístinas de operação e procedimento.

Agora, falarei sobre a natureza do ideal. Por isso


pergunto: "Ei-lo utópico? Ei-lo meramente fantasioso?".
O ideal não é a realidade inconcebível e inexequível,
senão a suposição daquela mais correta e convergente
com os reais anseios da adquisição da perfeição
organizacional humana que deve estar ínsita e
configurada integralmente no status quo do mundo.
Todos os ideais inclinados à sinarquia, isto é, o sistema
completo de harmonia e bem-estar espiritual,
conjungem o homem em si e o homem por todos. Não
quisera, inicialmente, esclarecer a questão pretendida,
mas farei. O ideal é o meio pelo qual podemos nos
conectar com nossa essência sem contato com as coisas
tangíveis, corporais e ilusórias na carne ou no estado
das coisas da matéria. De acordo com uma afirmação
perfeitamente apropriada, sistemicamente engendrada,
por Nagarjuna, na qual se segue a ideia de que todos os
seres sencientes são condicionados por suas próprias
não-condições ou por preceitos da enganoso conteúdo e
por ditos injuntivos, inferirei que, se realmente
desejamos transcender a ignorância e alcançar
sabedoria original e divina latente em nosso arcabouço
psíquico oculto, saberemos que devemos ter uma
vontade infalível de buscá-la e empregaremos as
modalidades mais apropriadas epistemicamente e mais
eficazes onticamente de contemplação transcendental
da natureza mais íntima ou absoluta, então ensinadas
pelo Djawl Khul num tempo remoto e de incalculável
idade, id est, o gênero mais amplo e mais elevado da
sageza de An existente. Muitos sufis como Gilani,
Hujwiri, Awliya e &c. afirmam que a sensação extática

124
da consciência interdimensional é a melhor e mais
abençoada forma de viver e coexistir em uníssono com
as onipotentes forças do universo. Abhanavigupta
chama esse poderoso processo espiritual de Turiya e
Asanga, por outro lado, classifica-o como Alāyavijñāna.
Assim, o ideal do homem invariavelmente está inclinado
a aderir aos tipos de consciência em desenvolvimento de
Turiya ou Alāyavijñāna, ou a maneira mais clarividente e
sobrenatural de toda a visão da natureza universal, isto
é, o Jivatma ou o entendimento total do Ab-soo. O ideal
do espírito é o ser individual, tanto predicado quanto
sujeito das atividades de desenvolvimento de seu
despertamento e da sua teosofia; deve-se observar,
complementarmente, que a conversão do homem em
um Egiskmoioi, por exemplo, é o escopo para todos os
seres que não-egoisticamente desejam a presidência
universal ou singular do Eu superior e o zênite das
potencialidades de seu Atma. Eu chamaria esse
processo de transmutação do Eu, a reforma mística ou o
grande desenrolar do Irdhi (isto é, o motor metafísico e
supremo ontosoficamente).

O Eu Supremo é o caos dos antigos, o fogo sagrado


zoroastriano ou o Atash-Behram dos parses; o fogo de
Hermes, o fogo do Elmes dos antigos alemães; o raio de
Cybele; a tocha acesa de Apolo; a chama no altar de
Pan; o fogo inextinguível no templo da Acrópole e no de
Vesta; a chama do leme de Plutão; as brilhantes faíscas
nos chapéus dos Dioscuri, na cabeça de Gorgon, no elmo
de Pallas e no cajado de Mercúrio; o Phtha-Ra egípcio; o
Zeus grego Cataibates (descendente) de Pausanias; as
línguas pentacostais do fogo; a sarça ardente de Moisés;
a coluna de fogo do Êxodo e a "lâmpada acesa" de
Abrão, o fogo eterno do "poço sem fundo"; os vapores
orfóricos délficos; a luz sideral dos rosacruzes; o Akasha
dos adeptos hindus; a luz astral de Éliphas Levi; a aura

125
nervosa e o fluido dos magnetistas; o od do
Reichenbach; a força ectênica de Thury; a força psíquica
do sargento Cox e o magnetismo atmosférico de alguns
naturalistas; galvanismo; e, finalmente, eletricidade –
todos esses são apenas vários nomes para muitas
manifestações ou efeitos diferentes da mesma causa
misteriosa e onipresente, o Archeus grego.

Portanto, nos templos internos foi ensinado que esse


universo visível de espírito e matéria é apenas a imagem
concreta da abstração ideal; foi construído sobre o
modelo da primeira Ideação Divina. Assim, nosso
universo existia da Eternidade em um estado latente. A
alma que anima este universo puramente espiritual é o
sol central, a mais alta divindade em si. Não foi aquele
que construiu a forma concreta da ideia, mas o
primogênito; e como foi construído sobre a figura
geométrica do dodecaedro, o primogênito 'teve o prazer
de empregar doze mil anos em sua criação'. O último
número é expresso na cosmogonia clássica, que mostra
o homem criado no sexto milênio. Isso concorda com a
teoria egípcia de 6.000 'anos' e com a computação
hebraica. Mas é a forma exotérica disso. O cálculo
secreto explica que os 'doze mil e os 6.000 anos' são
anos de Brahma - um dia de Brahma sendo igual a
4.320.000.000 de anos. Sanchoniathon em sua
Cosmogonia, declara que quando o vento (espírito) se
apaixonou por seus próprios princípios (o caos), ocorreu
uma união íntima, cuja conexão foi chamada pothos, e
daí brotou a semente de todos. E o caos não conhecia
sua própria produção, pois era sem sentido; mas do seu
abraço com o vento foi gerado Mot, ou o ilus (lama).
Disto procederam os esporos da criação e a geração do
universo.

126
Zeus-Zen (éter) e Chthonia (a terra caótica) e Metis (a
água), suas esposas; Osíris e Ísis-Latona – o antigo deus
que também representa o éter - a primeira emanação da
Deidade Suprema, Amon, a fonte primordial de luz; a
deusa terra e água novamente; Mitra, o deus nascido na
rocha, o símbolo do fogo mundano masculino, ou a luz
primordial personificada, e Mitra, a deusa do fogo,
imediatamente sua mãe e sua esposa: o elemento puro
do fogo (o princípio ativo ou masculino) considerados luz
e calor, em conjunto com a terra e a água, ou a matéria
(elementos femininos ou passivos da geração cósmica).

Mitras é filho de Bord, a montanha mundana persa, da


qual brilhou como um raio radiante de luz. Brahma, o
deus do fogo, e seu prolífico consorte; e o hindu Agni, a
divindade refulgente de cujo corpo emite mil correntes
de glória e sete línguas de fogo, e em cuja honra certos
brâmanes preservam até hoje um fogo perpétuo; Shiva,
personificado pela montanha mundana dos hindus, os
Meru: esses deuses do fogo, que na lenda dizem ter
descido do céu, como o Jeová judeu, em uma coluna de
fogo e uma dúzia de outros arcaicos duplos divindades
sexuadas, todas proclamam em voz alta seu significado
oculto. E o que esses mitos duplos poderiam significar
senão o princípio psicoquímico da criação primordial? A
primeira evolução em sua tripla manifestação de
espírito, força e matéria; a correção divina em seu ponto
de partida, alegorizada como o casamento do Fogo e da
água, produtos do espírito eletrizante, união do princípio
ativo masculino com o elemento passivo feminino, que
se tornam pais de seu filho teluriano, matéria cósmica,
prima materia, cuja alma é éter e cuja sombra é a luz
astral!

Em uma perspectiva mais percuciente da mesma


matéria, devemos conglomerar elementos que predizem

127
o conteúdo da transcendência, pela qual dirimimos com
lisura as suas atividades e respectivos efeitos,
principalmente, ao encontroarmos com estas quando
nos incumbidas fundamentalmente. Inferimos, com
efeito, que os fatores transcendentais são poderes
equiponderantes e unissonantes da consciência humana,
cuja natureza incita as condições de coordenação e
regularidade. Homens de caráter desapiedado,
descaroável ou, ainda, pantagruélico se feitas as ações
alimentares de modo transgressor, não estão, de algum
modo, afeiçoados a transcenderem e desprenderem-se
da tribulação que os acomete quase vitaliciamente.
Assim, o homem deve estar magníloquo psiquicamente
para adquirir os poderes mágicos da existência
perscrutada pelas forças transcendentais de
comportamento e andança. Seria incôngruo asseverar
que a transcendência é absolutamente incontrita, pois,
aquele que transcende, é invulnerado à humanidade,
todavia, devo dizer incontinenti que a penitência lhe
melindra face à natureza infortunosa das ocorrências
sempiternas da dualidade universal. Necessitar-se-ia,
conseguintemente, da adesão à magnitude
escarmentada pela própria manifestação da cousa
sacrossanta na qual está aperaltada o cosmos: Deus. O
homem, num espaço e ambiente cuja destreza de
indicação para os itinerários mais propínquos de Deus é
particularidade inimitável, sempre busca a versatilidade
perante a veemência perceptiva do magnetismo
perpetrado no panaroma supremo da natureza; desta
maneira, desertando o cenário insulado dele com a sua
tenção deiforme e fomentar de forma hirta e incorrutível
a sua relação com o todo do cosmos, acompanhado de
uma jucunda finura e, igualmente, de encomiada
beatitude, para com a inviolabilidade das leis cósmicas
vigorantes.

128
Levemos em conta a verdade natural dos seres e coisas,
e, igualmente, deixemos que esta seja muito mais
substancial em nossas vidas do que as singularidades
puramente filosóficas das inquirições mundanas, no que
concerne aos fenômenos os quais examinamos amiúde;
destarte, as nossas sentenças que demonstraremos
nesta obra não serão meramente divagações aleatórias,
todavia, fórmulas elementares que servirão de alicerce
às condições de uso do pensamento humano e
correspondentes efeitos na realidade. Devo assinalar
incontinenti que o que projetamos como imaginário hoje,
quer seja por meios oníricos, quer seja por meios
tangíveis, pode tornar-se verdade absoluta amanhã;
conseguintemente, devemos estar em processo
constante de renovação e transformação, seja no que
diz respeito a nossa personalidade, seja no que diz
respeito a nossas ideias, enfatizando, ademais, aquelas
que estão mais radicadas na consciência humana.

Portanto, como ratifica Aristóteles, "Πάντες ανθρώποι του


είδεναι ορέγονται φύςει; [Todo homem por natureza deseja
saber], Metafísica, Livro Α, part. 1"; logo, é inegável ao
homem conceder-lhe apanágios o assaz visando,
invariavelmente, elevar-se na escala da sapiência
universal e, daí, segue-se que é inadmissível obstá-lo de
adquirir conhecimentos, dado que todo o homem é um
sábio per natura; malgrado não o seja explicitamente, há
de convir que ele deva desfrutar de mecanismos de
entendimento pelos quais substancialmente atinja os
graus mais sublimes de sabedoria, a qual é emoldurada
sobejamente em todos os reinos existenciais, quer sejam
físicos, quer sejam metafísicos.

As modalidades de raciocínio oculto as quais


reverenciamos são, decerto, a raiz elaboradora dos
conceitos filosóficos que vigem na percepção humana;

129
os preceptores das Escolas de Mistérios assumem, como
resultado, que a filosofia é a ciência suprema dos
atributos do saber (cósmico ou terreno), e este, de fato,
é ubíquo, prístino e arcano; ambas as áreas maiores do
saber do homem, viz., a ciência e o ocultismo devem,
assim, embasar-se numa espécie de fundamento
providencialmente filosófico que fortaleçam suas balizas
de aplicação, juízo e discernimento, com o propósito de
serem probas, precisas e válidas ante ao saber universal
instituído na planificação do perfil da natureza unívoca
do Todo, desde as formas de vida mais materiais até as
etéreas e, ainda, as ascensas (ou iluminadas).

Dessarte, tenhamos em mente que uma existência


devotada à busca pela verdade, aos grandes
empreendimentos calcados na envergadura divina do
ser humano, é, em suma, uma vida em essência
apoteótica; pois, em primeira instância, o filósofo
pondera reflexões esteadas na estrutura lógica da gnose
do Universo; em segunda instância, ele medita a
respeito e se deixa insuflar pelas energias advindas de
seu verdadeiro ser e ao momento de tal descoberta,
incute-se na prática de um autoconhecimento profundo
dum limiar cuja sumidade é objeto de seus escrutínios
mais esotéricos; em última instância, armazena todos os
seus esclarecimentos aí logrados e, mesmo
repentinamente, os proclama em seus escritos ou
discursos, dadivando à humanidade conhecimentos de
elevada e magnificente importância, cujo nível de
préstimo é mui inestimável.

Considerai que sois, inevitavelmente, pensadores,


filósofos e profetas, mas este último, porventura apenas
hipotético; doravante às estas afirmações, podemos,
portanto, definir traçados e itinerários de razão e de
princípio, tal que estes nos convoquem a elucidar as

130
suas respectivas extensões e métodos de funcionamento
no mundo. Devo, sem embargo, constatar que,
conquanto enuncieis que a filosofia é ociosidade nímia, a
atividade e o exercício da meditação em certos
momentos do dia, onde libertamo-nos mentalmente dos
imbróglios cotidianos os quais nos atormentam com
frequência ininterrupta, é deveras revigorante e
gratificador; outrossim, tal ação nos remete de modo
lídimo à evolução, à transcendência, ao triunfo espiritual
e à iniciação ou iluminação, como soemo-nos a dissertar
nos textos das ciências ocultas (no tocante ao termo
utilizado de antemão à “iluminação”).

À guisa de tais declamações, nós, por conseguinte,


deduzimos que para chegar-se a uma ideia produtiva,
devemos nos sentar, concentrarmos em nós mesmos, ou
em nossa alma interior, num momento de
improdutividade laboral, entretanto, de produtividade
psíquica, a qual gera, com excelsitude, a todas as outras
categorias de produtividade humana. É assim que os
mestres nos ensinam, sem utilizar nenhum prosélito
dogmático, mas somente gozando da sabedoria do alto
para roborar aos homens o quão sofía é infinita e
onipresente na existência de todos nós, passageiros
encarnados na Terra experimentando o esplêndido
fenômeno que é a vida.

O ser é um elemento vivo e partícipe da unidade. O ser é


todo aquele ente que integra o conjunto das cousas
universais e correlata-se a este de modo operante;
outrossim, está apto a modificá-lo sob égide suprema de
seu próprio líbito interior, ou até mesmo, de sua
essência. Dessarte, o ser é alguém dotado de
conhecimentos tanto materiais quanto anímicos e
espirituais, malgrado diante da corporeidade das
substâncias, ao passo que físico, perca

131
significativamente a sua espiritualidade; contudo, é
auspiciosamente constatado que ele pode retomá-la e
vivenciá-la ativamente sem embargo de estar fixado à
imanência material. Por conseguinte, devo crer que o
ser, em suma, é uma partícula demasiado importante da
ordem universal que vive nesta sob modalidades
atuantes d'existência, e, doravante, é capaz de lograr o
entendimento lhano e pleno de suas fundamentações
primordiais caso desperta e expandida em completude a
sua psique. Deliberando que uma parcela dos seres o fez
de antanho, e tendo em mente que existe deveras essa
possibilidade, portanto, todo o ser possuirá apanágios o
bastante para atingir a supremacia de sua própria
mente. Este, de feito, é o ser, como todos que vivem o
são.

Com efeito, após o deslinde realizado na resposta,


confirmo que o ser enquanto ser não é desairoso,
tampouco aleivoso ou pérfido naturalmente. Na
realidade, se ele está, em gênese, conectado em
concórdia com a unidade, portanto, ele é alguém que
está arrimado pelo bem (καλό), belo (όμορφο) e justo
(δίκαιη) súperos e primordiais existentes.

A definição de inteligência é, com efeito, um trabalho


digno de infindo esforço. Portanto, não tentaremos dar
um ultimato peremptório para esta questão, visto que
ela é nimiamente multiforme e constituída por diversas
condições de efetiva emanação num ser. Nós nos
diligenciaremos a somente conceder algumas
preposições a fim de que, futuramente, o conceito de
inteligência possa ser aperfeiçoado e deveras
sistematizado. Preliminarmente, deve-se compreender
que o ser inteligente não é meramente aquele que
possui uma capacidade cognitiva mui destacada entre
os seus pares; é toda aquela faculdade de obtenção de

132
conhecimento, quer elevada, quer ínfima. A inteligência,
como se sabe na psicologia, com evidente unanimidade,
é multifatorial. Por conseguinte, a demonstração de uma
determinada inteligência está em uníssono com a ideia
de que esta é uma habilidade relacionada ao motor
consciencial do ser, alicerçada por certas propriedades
representativas do saber e da percepção, as quais
podem se caracterizar como diversificadas em vários
âmbitos de manifestação. Jñanasrimitra, analogamente,
afirma que as relações de garantia de inferência entre
duas entidades distintas devem ser fenômenos
conectivos de causa e efeito, e que a presença destas só
pode ser detectada através de uma sequência específica
de assimilação cognitiva e não-apreensão. Em resumo, a
inteligência é apenas sumamente assegurada se houver
uma correlação eficaz e intensa entre o afeto, a agnição
e a volição, i.e., as três funções mentais que operam
ativamente nos processos da aprendizagem humana.

Examinemos, pois, o conteúdo normativo e atualizado da


inteligência consoante é fixada no próprio homem,
porque caso queiramos estudar as suas origens,
devemos nos preocupar com sua forma originada.
Efetivamente, o potencial intelectivo do homem é
inestimável sob quaisquer parâmetros, por mais que os
seus enunciados de mensuração sejam
matematicamente preciosíssimos. Entretanto, salienta-
se, com firmeza, que a inteligência é uma característica
mental ou espiritual do ser que é simplesmente
indeterminável e impensável, caso consideremos a ótica
quantitativa. Muitos psicólogos do mundo
contemporâneo, como, v.g., Alfred Binet, David
Wechsler, Lewis Terman, Raymond Cattell e &c., creram
que era, sob qualquer guisa, estabelecer padrões de
determinação das dimensões ou dos valores de
grandeza de inteligência. Sem embargo, é

133
absolutamente errôneo assumir que a capacidade
cognitiva de alguém pode ser unicamente convertida em
graus aritméticos instituídos por designação numerativa,
sendo tal pensamento contrário à própria natureza da
inteligência, a qual é multímoda e variável. A despeito
disso, podemos falar que a inteligência, malgrado seja,
como falado de antanho, multímoda e variável, possui
um manancial uniforme e regular, o que chamamos de
substrato psicogenético, viz., é o conjunto dos atributos
essenciais e unívocos presentes na origem cósmica, os
quais modelaram o princípio vital do norteamento do
raciocínio dos entes gerados. Tal substrato psicogenético
é oriundo de uma formulação onírica de conhecença, a
qual, associada ao juízo cognitivo dos seres e nele
infiltrada, passa a assumir função de ordenadora dos
elementos formadores da psique e desenvolver, com
percuciência, o que geralmente denominamos sonhos.
Conforme dir-nos-á Jayanta Battha, os objetos de
cognição humana podem ser dados pelas ligações
racionais entre o ponto de partida da percepção e a
inferência dela consumada por meio da assimilação dos
dados cognoscíveis feita de maneira adequada à
extensão indutiva do próprio objeto de cognição. Logo, o
que poder-se-á extrair da substância procedida da
psicogênese como escopo cognoscente é, pois,
instrumento bastante para desempenhar quaisquer
formas de esclarecimento acerca da realidade da
sapiência humana.

É condenável a heresia de que todo o tipo de bruxaria


saboreia criminosos sortilégios; tal ciência é a prístina
sabedoria das eras celestes ou terrenas e a que está
mais em uníssono com as forças cósmicas; vituperá-la é
o mesmo que limitar o próprio crescimento espiritual do
ser humano e, consequentemente, formar balizas
inderrogáveis no entendimento dos fundamentos e das

134
válvulas de manifestação da Energia Criadora e Divina.
Mister conviver com as disparidades, sem nenhuma
censura a crítica, mas nunca a sua exclusão total,
insultuosa repreensão ou, mesmo, em casos extremos, a
separação sistemática do caráter destas perante o resto
da sociedade. A Igreja Católica fê-los, e ainda faz, desde
a sua gênese doutrinal; agora, não somente a religião,
mas como todas as autoridades declaradas no protótipo
dos mecanismos de operabilidade da civilização
humana, fazem-nos com seus mais ávidos e sagazes
questionadores e, também, com uma miríada de
pessoas verdadeiramente conscientes da tirania e do
infando jugo que são aplicados por elas.

O homem neurastênico ipsis-verbis não pode ser


acatassolado de modo algum pelos matizes sisudos da
transcendência, ao passo que sua própria natureza é
adversária a esta. Verifiquemos, sem embargo, que
conquanto o homem concerna atributos negativos
sobejamente, é putativo certificar que o mesmo pode ser
o suficiente intrépido para auferir resultados os quais, de
tão gloriosos, subsequentemente conceder-lhe-ão as
características inerentes ao ser transcendental in
essentia. Oportuno seria mostrar-vos que aqueles de
comportamento pronóstico também não estão inclinados
a alcançarem a transcendência, malgrado propugnem
por esta. A propósito, articulemos que o propugnáculo
do homem atinente à pudicícia transcendental está
situado em seu baluarte primordial e, equitativamente,
natural, do princípio ao fim: Deus.

Eusébio reconhece que as doutrinas dos cristãos, como


descritas no primeiro capítulo de João, são perfeitamente
concordantes com as dos platonistas, que aderem a tudo
nela. Este parece ser quase o único ponto em que os
dois sistemas diferem. Os filósofos não conseguiram

135
acreditar que o Logos, no sentido grosseiro e literal dos
cristãos, deixou o seio de Deus, para sofrer os eventos
tristes e degradantes atribuídos a ele. Isso lhes parecia
uma degradação da Deidade. Eusébio permite o que não
se pode negar, que essa doutrina existisse muito antes
de Platão; e que também fazia parte dos dogmas de Filo
e de outros teólogos hebreus. Ele poderia ter
acrescentado também, se soubesse, aos sacerdotes do
Egito e aos filósofos da Índia.

A origem do verbum caro factum atualmente


encontraremos no Oriente. Não era novo, mas
provavelmente tão antigo quanto o restante do sistema.
Sua grosseria era suficiente para homens como Justino,
Papias e Ireneu. Pela mesma razão que lhes convinha,
não era adequado a homens como Platão e Porfírio.

Nas doutrinas dos hindus e persas, a terceira pessoa na


Trindade é chamada de Destruidor e Regenerador.
Embora na Trindade Cristã o Destruidor esteja perdido
de vista, o Regenerador é encontrado no Espírito Santo.
Diz-se que o neófito é regenerado, ou nascido de novo,
por meio desse espírito ou espírito santo. Plutarco diz
que Mitra ou Oromasdes eram frequentemente levados
para o Shu, ou Toda-Divindade, e que Mitra é a miúdo
chamado de segunda mente.

A escola de Platão tem sido geralmente procurada pela


origem da Trindade Cristã, mas, como vimos, seria mais
correto olhar para os oráculos de Zoroastro. O
cristianismo pode ter se retirado do platonismo, mas não
há dúvida de que Platão se retirou dos oráculos do
Oriente. A Segunda Mente, ou o Regenerador,
corretamente o Espírito Santo, estava nos oráculos de
Zoroastro e será demonstrado que esteve no serviço
batismal dos Magos. E “os muitos” a quem o Sr. Faber
alude, por acreditar que os gentios veneravam a

136
Trindade na Unidade, acreditavam no que era
perfeitamente verdadeiro. Não há dúvida de que os
pagãos adoravam a Trindade diante dos cristãos e não a
copiavam do cristianismo. Se ambos foram copiados, os
cristãos devem ter copiado de seus antecessores
pagãos. Mas tudo isso tem uma forte tendência a provar
que o que Amônio Sacas disse era verdade, a saber, que
as religiões dos cristãos e dos gentios eram o mesmo,
quando despojados dos ornamentos meretrizes com os
quais o ofício dos sacerdotes os carregara. Diz Sr.
Cumberland97:

“Suppoſing (that which is agreed by the learned Bochart, and


all others that I know of) that theſe Caphtorim and Philistiins
were firſt ſettled with their father Mizraim in Egypt, I argue,
that it was not poſſible, or at leaſt in no degree pro bable, that
they ſhould have gone out from thence into Colchis and
Cappadocia, in any time between the death of Mizraim, and
the time when Abraham came into Canaan, and there found
the Philiſims ſettled in the Avim's country, and ſojourn’d
among them, Gen. xxi. 34. It's clear that Abraham was there,
about Gerar and Beerſheba, when Iſaac was born: At Gerar in
the year of the world 2107 ; and Iſaac was born the next year
2109, according to the Hebrew chronology, well ſtated in
Armagh's Annals. The text faith, that there he ſojourn’d a long
time; but how long before the league with Abimelech, there
mention'd, is not expreſ ſed; only it's certain, that he had been
there ſo long, that Abimelech and Phicol had opportunity to
ſee that God was with him (or that he proſper'd eminently) in
all that he did from time of Mizraim's death is not ſo certain,
being not determin'd by Moſes; but we have in the former
volume determin'd it by help of other authors. Now, all the
time, from Mizraim's death to Abraham's league with
Abimelech, and long (about 70 years) after, till near the time
of his death, A M. 2183, we have prov'd, that eſpecially the

97
“Origines Gentiles”, vol. I, pp. 46-48

137
Lower Egypt, out of which the Caphtorim muſt come, (if ever
they went to Cappadocia) was haraſs'd with perpetual wars of
the Canaanites upon them, in the reign of their fix kings; and,
they all that time kept the paſs, by which only it was poſſible
to go out of Egypt into Aſia; and Joſephus aſ ſures us it was
call'd by them Abaris, which is a Canaanitiſh, or Hebrew word,
(...): And he informs us alſo, that, in relation to thoſe diſmal
times to Egypt, it was call'd Sethron, and Urbs Typhonia: Seth
being (as Plutarch aſſures us) the Egyptian name of Typhon,
the great enemy of their Gods, or firſt kings.

Now it's plain, that, thoſe Egyptianſ, who dwelt about this paſs,
before the Canaanites, that were within, had taken it, or at
the taking of it, might, either by their own choice or
agreement, go away, and ſeek new habitations, as the
Caphtorim did: but after the Canaanites had it, they would
never ſuffer their enemies to go out of Egypt that way: And if
we ſhould grant that ſome Egyptians did paſs this way to
Cappadocia, let it be conſider'd what a long journey they muſt
take, thro’ how many deſarts, over how many mountains they
muſt go. They muſt go thro' all Ca maan, and there they
ſhould meet with the kindred, and friends of thoſe that had
diſtreſs'd them in their own country. How unlikely is it that
they ſhould force their way thro’ the ſeveral potent tribes of
Canaanites, there ſettled in wall'd cities? And that they ſhould
conquer not only thoſe which lay ſouth of Libamus, but thoſe
alſo that lay farther northwards, which Joſhua had no
commiſſion to invade when he ſucceeded Moſes.”.

138
§16.

Bradava-se os clamores do "negrume" de Osíris na


iniciação do Egito, porquanto, para o mortal, ele era
simplesmente "escuridão", sobretudo, na forma de
númeno. Aditi, Mãe Ísis e etc. seriam, pois, a parte
líquida do Firmamento enquanto Osíris seria a sólida. Os
gérmens primordiais são criados e despertados a partir
dum sistema octonário, geratriz da matéria, desde a
compleição animal até o átomo. Purushottama, sob a
égide dos poderes espirituais e divinos do Narayana,
lhes concedido espontaneamente, frutifica e infunde o
Sopro da Vida na disposição parabrâhmica do "Ovo
Mundano Dourado", no qual Brahma, em seu aspecto
masculino, é gerado e igualmente, a substância
primordial do Prajapati, o Senhor dos Seres, destinado a
ser o progenitor da humanidade. E, embora não seja ele,
mas o Absoluto, que se diz conter o Universo em Si
Mesmo, é dever do Brahma masculino manifestá-lo de
forma visível. Bem como todos os deuses masculinos
como, v.g., Jeová, todos são antropomorfizados e
cultuados sob credo integralmente fálico. O "Deus
Masculino", logo, é o Arquétipo Todo-Poderoso do
Macho. Sem embargo, se os cristãos o empregam como
um meio de purificação espiritual no batismo e na
oração; se os hindus prestam reverências às suas
correntes sagradas em tanques e rios; se os parses,
maometanos e cristãos creem em sua eficácia,
porventura, esse elemento deve ter algum significado
grande e oculto. No Ocultismo, está para o quinto
princípio de Kosmos, no setenário inferior: para todo o
universo visível foi construído pela água, dizem os

139
cabalistas que conhecem a diferença entre as duas
águas – as "Águas da Vida" e as da Salvação – tão
confusas em religiões dogmáticas.

Para exemplificar o que esclarecerei agora, cito uma


passagem do Mahabharata, em um dos seus poemas
épicos, no qual Vidura, primeiro-ministro do reino de
Kuru (como descrito no veda hindu) indaga a Kavya com
esta maravilhosa reflexão:

"परिवार को बचाने के लिए, वह मनष्ु य को त्याग दे ता है ; गांव को बचाने के लिए,


परिवार को छोड़ दे ना; दे श को बचाने के लिए, गांव छोड़ दें ; आत्मा को बचाने के लिए,
पथ्ृ वी को त्यागदो।"

As alegorias de Vidura representam uma fantástica


alegoria ao Buddhi Yoga, isto é, a suma fortuna da
transcendência espiritual, o rumo autêntico e miraculoso
da Iluminação, da existência devotada ao laurel cósmico
e divino da Luz que nele também se desenvolve;
igualmente, a salvação é uma espécie de demão
caridoso e benévolo, complacente à humanidade e à
preservação da misericórdia e da paz entre os homens,
todavia, para tal distinta proeza, há-se de desertar
aquilo que perverte o seu fidedigno âmago, que se situa
nas dependências servis da matéria dual, a qual é
naturaliter, o adverso crível e verdadeiro do despertar
da consciência – é a Moha das Mohas, o Mahabuddhi.
Sendo assim, Vidura deslinda tais problemáticas do
caminho e das contendas ontológicas do homem, quippe
anceps quod est. Vidura, como um sábio e hábil
administrador, conhece a arte de persuadir, a retórica
preclara e insigne, pois desilude e alumia com

140
onisciência as Trevas e leva aquele que o acompanha à
perspicácia plena e inequívoca do Adhidaivika, a Luz
Celestial, o Substrato Etérico da Vida e da Existência.
Abnega o homem de todos os males que o afetavam e
alveja a sintonia do Purnam, a plenitude, a realização
absoluta e, por conseguinte, lida e pratica com
frequência ininterrupta o supremo Preman, o supremo
Amor de Brahma. Vidura defende a abnegação e ao
abandono das coisas ruins, densas e profanas no mundo
da matéria e o despertar do homem com relação aos
planos superiores como direção certeira para a
Iluminação, como de fato sempre foi, sempre é e sempre
será, qualubet.

Nenhum símbolo religioso pode escapar de profanação e


mesmo de escárnio em nossos dias de política e ciência.
No sul da Índia, o escritor viu um nativo convertido
fazendo pujah com oferendas diante de uma estátua de
Jesus vestida com roupas de mulher e com um anel no
nariz. Quando perguntamos o significado da mascarada,
fomos respondidos que era Jesu-Maria misturada em
uma e que era feita com a permissão dos Padri, pois o
zeloso convertido não tinha dinheiro para comprar duas
estátuas ou "ídolos", como eles, muito adequadamente,
foram chamados por uma testemunha - outra, mas um
hindu não convertido. Blasfêmia! Isso parecerá a um
cristão dogmático, mas o ocultista deve conceder a
palma da lógica ao hindu convertido. O Christos
esotérico na gnose é, obviamente, sem sexo, mas na
teologia exotérica ele é homem e mulher. "O dragão da
sabedoria" é o único, o "Eka” sânscrito) ou Saka. É
curioso que o nome de Jeová em hebraico também seja
Um, Echod." O nome dele é Echod": dizem os rabinos. Os
filólogos devem decidir qual dos dois é derivado do outro
- linguística e simbolicamente: certamente, não o
sânscrito? O "Um" e o Dragão são expressões usadas

141
pelos antigos em conexão com seus respectivos Logoi.
Jeová – esotericamente (como Elohim) – é também a
Serpente ou Dragão que tentou Eva, e o "Dragão" é um
antigo glifo para "Luz Astral" (Princípio Primordial)", que
é a Sabedoria do Caos". Filosofia arcaica, que não
reconhece nem o Bem nem o Mal, i.e., um poder
fundamental ou independente, mas a partir do Tudo
Absoluto (Perfeição Universal eternamente), traçado
tanto pelo curso da evolução natural até a Luz pura,
condensando gradualmente a forma, tornando-se
Matéria ou Mal. Ficou com os pais cristãos primitivos e
ignorantes. degradar os aspectos filosóficos e a ideia
científica desse emblema (o Dragão) na superstição
absurda chamada "Diabo". Mas os pagãos sempre
mostraram uma discriminação filosófica em seus
símbolos. O símbolo primitivo da serpente simbolizava
Sabedoria e Perfeição divinas, e sempre representara a
Regeneração e Imortalidade psíquica. Por isso – Hermes,
chamando a serpente de mais espiritual de todos os
seres; Moisés, iniciado na sabedoria de Hermes,
seguindo o exemplo em Gênesis; a serpente gnóstica
com as sete vogais acima de sua cabeça, sendo o
emblema das sete hierarquias dos criadores septenários
ou planetários. Daí, também, a serpente hindu Sesha ou
Ananta, "o Infinito", um nome de Vishnu, cujo primeiro
Vahan ou veículo nas águas primordiais é essa serpente.
Como o logoi e as Hierarquias de Poderes, no entanto, as
"Serpentes" devem ser distinguidas uma da outra. Sesha
ou Ananta, "o sofá de Vishnu", é uma abstração
alegórica, simbolizando o infinito Tempo no Espaço, que
contém o germe e lança periodicamente a eflorescência
desse germe, o Universo manifestado; considerando que
o gnóstico Ophis continha em suas sete vogais o mesmo
simbolismo triplo que o Oeaohoo de uma, três e sete
sílabas da doutrina arcaica; isto é, o Logos Não-
Manifestado, o Segundo manifestado, o triângulo se

142
concretizando no Quaternário ou Tetragrammaton e os
raios deste último no plano material.

Como estabelecido nestas linhas de pensamento, a alma


é metafísica e paranormal, apontando que a mesma
abrange os princípios corpóreos e incorpóreos do
homem, a contradição existe e nos governa;
matemáticos estupendos como Euler, Gauss, Laplace,
Legendre, Fermat, Lagrange, Cantor, Galois, Faraday e
diversos outros observavam o mundo como algo lógico,
empírico e concreto como também o é, porém somente
neste pensamento e limitava-se a isso, desprezando
quaisquer outras dimensões e grandezas sutis, astrais e
espirituais nesta miríade de zimbórios estelares
espalhados em espantosa imensidão in questo spatium
sidereum. Não se pode refusar que a matemática é
deveras prestigiosa no tocante à operação do arrimo das
moradias existentes e do arcabouço espacial dos planos
dimensionais, mas ela não satisfaz o absoluto destas
dimensões e tampouco é a principal razão pelas quais
elas existem, senão ela intercederia por eles com
onipotência em todas as suas camadas e seria capaz de
desvendar os mistérios de todas elas com clareza e
perícia excelsas, porém não o faz, pois há planos
superiores muito além daquilo que é de natureza
concreta e matemática, enim. René Descartes, um dos
pioneiros a condensar os pilares do Iluminismo, do
logicismo e do cientificismo, inclusive, assegura ao dizer
'primum praeceptum fuit, ut nusquam aliquid suscipere
nisi scirem quod talis est unum dubium' (O primeiro
preceito era não aceitar nada até que a soubesse com
uma única duvida), demonstra um entendimento
epistemológico da natureza das coisas na qual se projeta
uma necessidade vultuosa e incoerente de unicamente
provas empíricas e materiais para desvendar o véu de
tudo aquilo que é observado, porém o homem só

143
observa aquilo que é inerente a sua natureza densa e
física e, aquilo que é metafísico, sutil, ascenso e
transcendental, simplesmente não enxerga porque não
possui habilidades psíquicas suficientes para tal e não
despertou suficientemente a sua consciência para este
tipo de realidade; Descartes, quoque, quando assevera
que 'duas operationes intellectus intuitio ratiocinatione
qua sola niti oportere diximus cognitionem' (As duas
operações de nossa compreensão, intuição e dedução,
sobre as quais dissemos que devemos confiar em nosso
conhecimento), provoca, inevitavelmente, uma
compreensão de que seu autor infere que apenas os
atos examináveis de deduzir e induzir confirmam todos
os alicerces do conhecimento e neles, estão confiados a
sua descoberta, sendo que eles não são infalíveis e seu
método de pesquisa chega a ser duvidoso quando
implementado com rigor e restrições arrebatadoras no
que concerne à novas aquisições de novos tipos de
conhecimento. Concluindo, dessa forma, que a alma
está muito além de qualquer raciocínio lógico, pois ela,
justamente, é a mãe prístina de qualquer raciocínio
basilar do homem, sendo este embasado em análises
lógicas ou não, ut ita dicam.

Nas vias do céu, os deuses esbravejam seus sinais: é a


Vida rugindo tornando o mundo ativo mais uma vez.
Sobre a vida, devo assegurar que cada homem por
natureza, deseja viver, pois tudo que ele constrói e
adorna em seu cintilante templo cardíaco é a mais pura
e opima elação de um Bashert (o súpero Bashert, por
sinal). Tudo que se pode observar em minúcias na índole
mais inveterada do princípio vital provém de
intercessões sacras de Brahman, o Absoluto e, por
conseguinte, os homens iniciam a impulsionar seus
anseios com o propósito de estudarem profundamente o
Adhidaiva-vidya, a ciência dos céus e do Paraíso. O

144
Dharmameghasamadhi é o múnus vital de cada um e
compõe tanto a síntese quanto a completude da Vida
como um elemento primordial do entendimento da κλειδί
στον ουρανό, sabendo que ‫( להיות זה להיות‬o ser é o ser),
desprezando os empecilhos do itinerário, no qual urge a
labareda iniciática. Um diálogo que representa com
excelsitude o fenômeno da Iniciação e a rota da iniciação
a consolidar-se a Grande e Afortunada Vida, em Mateus
16:19, no Novo Testamento, quando Jesus Cristo entrega
as chaves para o céu para São Pedro e lhe faz uma
advertência sobre seu uso; eis o trecho da escritura
bíblica logo abaixo:

“Θα σας δώσω τα κλειδιά της βασιλείας των ουρανών. ό, τι δεσμεύετε στη
γη θα είναι δεσμευμένος στον ουρανό και οτιδήποτε χάνετε στη γη θα
χαλαρωθεί στον ουρανό ».”

A Vida nos ensina a demonstrar vivacidade naquilo que


fazemos enquanto vivos e, portanto, o viver é a 'chave',
ou seja, ele nos conduz para a sabedoria divina, o
conhecimento eterno e a suprema vida, o Ein Sof; o Ein
Sof conjugado a vida é a verdadeira essência da criação,
do universo e de Javé, ou Deus. Quando Jesus diz "τι
δεσμεύετε στη γη θα είναι δεσμευμένος στον ουρανό και οτιδήποτε
χάνετε στη γη θα χαλαρωθεί στον ουρανό" para São Pedro, quer
dizer se ele liberar a sapiência registrada no mais
elevado e supino da consciência do Divya, tal
conhecimento também será liberado àqueles que
habitam os planos terrenos que estarão, do mesmo
modo, conscientes do Satya de Divya. Agora, se
bloquear tal Vidya de Divya e manter toda a ‫חוכמה‬
(sabedoria) de Deus recôndita nos confins do Paraíso,
toda a humanidade permanecerá nas Trevas, na grande

145
ilusão, na escuridão, no Mahamitya e o conhecimento
genuíno e arcano ainda estará encarcerado no relicário
de ουρανό. Jesus lhe dá o caminho, Pedro então caminha.
Praeceptor tribua iter sed est discipulus quod incede.

Na Vida, não há só o viver como doutrina primordial e


imprescindível, mas o amor é necessário para preencher
as lacunas que os outros princípios não ofertam: a
Infinidade e o Pacto. Pois, o Amor é o Todo, já que
fornece tudo para todos a troco de nada; a Vida por si
mesma não o faz, mas o Amor ampara tal inaptidão com
magnificente primor, ademais, o Amor é o primor do
coração. Como Sanctus Augustinus nos informa: "In
mensura sine mensura est amor, ut amor."
Complementaria a frase de Sanctus Augustinus com este
provérbio: "Amor non habet mensura, quia amor propria
mensura est." .

O Amor é a fonte de todos os prazeres e alegrias


humanas, pois nós amamos com prazer e com alegria
sempre na humanidade; o Amor está em todos os
lugares pois ele é o Todo, o Absoluto, a essência
absoluta de Deus e foi justamente por amor que Deus
criou a Terra. Sobre a natureza do amor, ressalta-se seus
atributos divinos, ou seja, pertence à psique de Deus
interno, ou da energia cósmica que vibra em todas as
matrizes esotéricas ou exotéricas e as cordas de
entrelaçamento que conectam os mundos ao Absoluto, o
‫( מוחלט‬Absoluto). Assim, devo estabelecer que a verdade é
transmitida do mesmo modo por intermédio do Amor
mediante aos seus atributos soberanos e universais, pois
nele reside o âmago solar e o próprio Sol em sua própria
residência, o Cosmos. Devo acrescer que se o Amor
acabar, rui-se o Universo e o Caos cósmico se instaura
de uma vez por todas, pois Universo é a unidade do

146
Amor e o Amor é sua unidade em todo o Universo pelo
todo do Amor Universal.

Sobre as proezas do amor, da misericórdia e da


compaixão de Deus, em suas operações e suas
dimensões além do que se refere à benção e à salvação,
Santo Anselmo, em sua obra "Proslogion", argumenta
com capacidade absurdamente fantástica de alegoria,
paralelismos e silogismos com relação a esses atributos
do Deus e do homem, pois um homem se resume ao
outro e o outro é ele mesmo resumido:

"Quomodo universae viae Domini misericordia et veritas, et


tamen iustus Dominus in omnibus viis suis:

Sed numquid etiam non est iustum secundum te, Domine, ut


malos punias? Iustum quippe est te sic esse iustum, ut iustior
nequeas cogitari. Quod nequaquam esses, si tantum bonis
bona et non malis mala redderes. Iustior enim est qui et bonis
et malis, quam qui bonis tantum merita retribuit. Iustum igitur
est secundum te, iuste et benigne Deus, et cum punis et cum
parcis. Vere igitur "universae viae Domini misericordia et
veritas" et tamen "iustus Dominus in omnibus viis suis". Et
utique sine repugnantia; quia quos vis punire, non est iustum
salvari, et quibus vis parcere, non est iustum damnari. Nam id
solum iustum est quod vis et non iustum quod non vis. Sic
ergo nascitur de iustitia tua misericordia tua, quia iustum est
te sic esse bonum, ut et parcendo sis bonus. Et hoc est
forsitan, cur summe iustus potest velle bona malis. Sed si
utcumque capi potest, cur malos potes velle salvare: illud
certe nulla ratione comprehendi potest, cur de similibus malis
hos magis salves quam illos per summam bonitatem, et illos
magis damnes quam istos per summam iustitiam.

Sic ergo vere es sensibilis, omnipotens, misericors et


impassibilis, quemadmodum vivens, sapiens, bonus, beatus,
aeternus, et quidem melius esse quam non esse."

147
No entanto, a Sabedoria é primordial para captar tanto
os ornamentos auroreais do Amor quanto da Vida,
considerando que na Sabedoria, aplica-se tanto o amor
pelo saber e o saber que se acumulou durante uma vida
inteira ou uma parte dela. Ademais, a natureza da
Sabedoria é indubitavelmente etérea, pois emana o
Jnana de Brahma em sua pura essência, inerrante e
inesgotável. A Sabedoria é mágica e inextirpável,
inacabável e eterna; é a Roda da Paz Profunda e da Luz
Perfeita e Incondicional, é a grade mística do universo, a
gigante canastra das Memórias Cósmicas, o Maior
Tesouro da Virtude de Deus; mediante à concretização
das faculdades e sentidos psíquicos do Jnanachakshu e a
consciência que cinge as propriedades absolutas do
Hridaya de όλους τους χώρους, o μεγάλο κόσμο. Desta
maneira, o ser é histórico, dotado das potências ubíquas
da sabedoria, de seu conhecimento e de suas noções
místicas e iniciáticas, em uníssono com a Trindade Una
do Universo: Δημιουργός, Γυναίκα e Ανδρας {Dimiourgós;
Gynaíka; Andras - Criador, Homem e Mulher},
respeitando os sete princípios do Gupta Vidya: o
Mentalismo, a Correspondência, a Vibração, a
Polaridade, o Ritmo, a Causa e o Efeito e o Gênero, cujos
princípios explicaremos mais adiante neste livro.

O Conhecimento é a base, a Iluminação é o meio e a


Sabedoria é o fim; portanto, pensamos que o
engendramento de toda essa insistência da filosofia em
detectar regiões da natureza do erguimento de tipos de
consciência sábia não é tão notável e efetiva,
pensamento que na medida em que a Sabedoria se
encaixa na hierarquia sagrada do Cosmos e, não
obstante, conclui-se que é a grande dádiva dada por
Deus e é absolutamente incompreensível aos não-

148
iniciados. Eu penso que a Sabedoria é uma conquista
elevada e mística das dimensões celestiais, a energia de
todas as somas de cantos procedidas por anjos, a
manifestação do Absoluto e assim por diante.

Nos primeiros registros da literatura indiana, a Deidade


Abstrata, ou a sobredita manifestação do Absoluto, Não
Revelada não tem nome. É chamado geralmente de
"That" (Tad em sânscrito) e significa tudo o que é, foi e
será, ou que pode ser recebido pela mente humana.
Entre tais apelações, dadas, é claro, apenas na filosofia
esotérica, como a "Escuridão Insondável", o "Turbilhão"
etc. etc. – também é chamada de "O da Kalahansa, o
Kala-ham-sa" e até o "Kali Hamsa". Aqui o m e o n são
conversíveis e, para obter uma percepção clara, é
preciso primeiro admitir o postulado de uma Deidade
eterna, universalmente difusa, onipresente e eterna na
Natureza; segundo, ter entendido o mistério da
eletricidade em sua verdadeira essência; e terceiro,
creditar ao homem o símbolo septenário, no plano
terrestre, da Única Grande Unidade (o Logos), que é em
si o signo das sete vogais, o sopro cristalizado na
Palavra. Isso é novamente semelhante à doutrina de
Fichte e dos panteístas alemães. O primeiro reverencia
Jesus como o grande mestre que inculcou a unidade do
espírito do homem com o Deus-Espírito (a doutrina
Advaita) ou Princípio universal. É difícil encontrar uma
única especulação na metafísica ocidental que não
tenha sido antecipada pela filosofia oriental arcaica. De
Kant a Herbert Spencer, trata-se de um eco mais ou
menos distorcido das doutrinas dos Dvaita, Advaita e
Vedantinos em geral. Aquele que acredita em tudo isso,
também deve acreditar na combinação múltipla dos sete
planetas do Ocultismo e da Cabala, com os doze signos
zodiacais; atribuir, como fazemos, a cada planeta e a
cada constelação uma influência que, nas palavras de

149
Ely Star (um ocultista francês), "lhe é apropriada,
benéfica ou maléfica, e isso, depois do Espírito
planetário que o governa, que, por sua vez, é capaz de
influenciar homens e coisas que são encontradas em
harmonia com ele e com as quais ele tem alguma
afinidade.". Por essas razões, e como poucos acreditam
no exposto, tudo o que se pode agora dizer é que, em
ambos os casos, o símbolo de Hansa é um símbolo
importante, representando, por exemplo, Sabedoria
Divina, Sabedoria nas trevas além do alcance dos
homens. Para todos os propósitos exotéricos, Hansa,
como todo hindu sabe, é um pássaro fabuloso que,
quando recebe leite misturado com água como alimento
(na alegoria), separa os dois, bebendo o leite e deixando
a água; mostrando assim a sabedoria inerente - o leite
simbolizando o espírito e a água a matéria.

A Alma, em segmentos, tipifica as partes integrantes,


substanciadas na sensibilidade do ente e sua aptidão
motora elencada; alicerçado em tal fenomenalidade,
contempla-se a natureza multisciente da Alma, que
sendo o portal comunicativo das dimensões projetáveis
do homem e dos animais, subsequentemente, os órgãos,
sejam eles membrados a um sistema circulatório aberto
ou fechado, operam mediante à participação de potência
una e arcana da Alma; Aristóteles diz que a
fragmentação corpórea e tecidual dos animais refuta a
abrangência onipotente da Alma, porém, não é verdade,
uma vez que a Alma também seria segmentada a partir
de suas funções e dispositivos multiscientes. No caso
dos anelídeos, como uma sanguessuga, um poliqueto ou
uma minhoca, για παράδειγμα, seu corpo cilíndrico,
alongado e segmentada é uma forma mutável e
adaptativa da espécie da Alma, pois para cada ser, a
Alma se manifesta de uma forma distinta preenchendo
suas lacunas e atuando no animal para que o mesmo

150
rasteje ou se movimente no solo, no que concerne ao
Stuhla Sahrira; a Alma conjunta o Todo, pois a) o Todo
principia a natureza da Alma, em suas grandezas
multidimensionais, b) a Alma se manifesta em todos os
planos de manifestação do ser, desde o físico até o
etéreo, b) a Alma, sendo manifesta em todos os planos
do ser e tendo grandezas multidimensionais, é o próprio
Todo. Quanto ao que aleguei, devo acrescer que a Alma
é o próprio Ser, pois por este σώμα pelo qual existe e pelo
ser pela qual a ψυχή funciona.

Calor e frio, outrossim, são qualidades relativas e


pertencem aos reinos dos mundos manifestos, todos
procedentes do Hyle manifestado, que, em seu aspecto
absolutamente latente, é chamado de "Virgem fria" e,
quando despertado para a vida, como o "Mãe." Os
antigos mitos cosmogônicos ocidentais afirmam que, a
princípio, havia apenas uma névoa fria que era o Pai, e o
lodo prolífico (a Mãe, Ilus ou Hyle), a partir do qual
rastejava o mate de cobra mundano. A matéria
primordial, então, antes de emergir do plano do que
nunca se manifesta e despertar para a emoção da ação
sob o impulso de Fohat, é apenas "um raio frio, incolor,
sem forma, insípido e desprovido de toda qualidade e
aspecto." Mesmo assim, são os primogênitos dela, os
"quatro filhos", que "são um e se tornam sete" – as
entidades, cujas qualificações e nomes os antigos
ocultistas orientais chamavam de quatro dos sete
principais "centros de forças", "ou átomos, que se
desenvolvem posteriormente nos grandes Elementos
Cósmicos", agora divididos em cento e vinte oito
elementos conhecidos pela ciência. As quatro naturezas
primordiais dos primeiros Dhyan Chohans, são as
chamadas (por falta de termos melhores) "etéreo",
"ardente", "aguado", respondendo, na terminologia do
ocultismo prático, às definições científicas de gases,

151
que, para transmitir uma ideia clara aos ocultistas e aos
leigos, deve ser definido como Parahidrogênico,
Paraoxigênico, Oxi-hidrogênico e Ozônico, ou talvez
Nitrozônico; as últimas forças ou gases (no ocultismo,
substâncias supersensíveis, porém atômicas) sendo as
mais eficazes e ativas ao energizar no plano de matéria
mais grosseiramente diferenciada.

Quando nos encontramos conosco, num estado de


Samprajnata-samadhi, harmonicamente ao Absoluto,
realizamos o Dialogismo; dos bens espirituais que nos
envolvem, suscitado na prática do Dhyana, a
contemplação do todo, devo prezar pelo que é certo ser
certo no Ser, naquilo que ele existe, físico ou não-físico
pois, de qualquer forma, somos os agentes das coisas,
modificamo-la e refletimos e, por coincidência, a
reflexão paira sobre nossas mentes de modo onipotente,
consciente das ações humanas e suas correlatas
consequências. A meditação é o olhar profundo,
entranhando em todas as órbitas, em todas as rotas
aparentes ou testificáveis à literalidade nos planos
cósmicos, sensíveis ou não, isto é, a Anataclásia, a
determinação lúcida e vívida do Dialogismo,
experienciada precisamente pela transcendência por
intermédio do Sadhana, o qual é a ferramenta capital
para ventilar a completude psíquica, pneumática e
somática, denominando-se tal fenômeno de Plirotítase. A
Plirotítase é o pleno, aquilo que está realizado, em plena
finalização, a suma situação, o sumo Deus que entrou no
homem, espumando com alegria, bem-estar no todo, a
felicidade absoluta, o todo agathón, a jubilosa pathós, a
ευτυχία; destarte, o homem contatou-se consigo mesmo
com excelsitude, religou-se, retornou aos planos
celestiais embora na matéria. A tríade para alcançar tão
maravilhoso estado da consciência, o estado átmico-
búdico é formado pelo Dialogismo (a meditação, a

152
observação do todo, a concentração visionária no Eu
interior e superior no Atma do ser humano, o Dasein), a
Anataclásia (a prática espiritual, a contemplação da
meditação, o culto ao belo da existência, o 'Schönheit
des göttlichen Lebens') e a Análipse (a ascensão, o
transcender das trevas, a chegada da Luz, quer dizer, a
Iluminação, o 'Boddhisattva' encarnado); nesta ocasião,
o homem volta aos zimbórios estelares e não precisa
passar pela penúria lamuriosa compulsória da
palingenesía; ele ascensionou, é o Santo Milagre!

§17.

A ciência interdimensional deve transmitir os fatores


desconhecidos e invisíveis da criação e a energia
criativa, assim que abordarmos diretamente certos tipos
de comparação e paralelos entre o entendimento
supremo e espiritual e a compatibilidade abstrata da
ampla apresentação universal, na qual estabelece os
princípios construtores do material completo sobre o
invólucro psíquico mundial. No entanto, deve-se afirmar
que os aspectos dos ramos introspectivos do
conhecimento são invariavelmente gerados pelo
intelecto progressivo e operacional dos âmbitos
objetivos da Verdade Eterna e Primeva. São de extrema
importância a estrutura das manifestações bióticas ou
abióticas interdimensionais e planetárias, promovendo,
portanto, a sua vida. Essa observação inteiramente
ideacional deve ser elaborada adequadamente em suas
perspectivas genuínas. Examinando o estágio atual do
desenvolvimento da humanidade, deduzirei assim que

153
as ciências até então esquematizadas são unidas apenas
em tipos estritamente mundanos ou tridimensionais de
bases funcionais, apesar de deverem refletir
profundamente nas fibras expressivas dos andaimes
energéticos interdimensionais, pelos quais as imutáveis
leis dos recursos e produtos supraconscientes universais
são, sem sombra de dúvida, produzidas e contornadas.
Classificaremos, como a ciência declara, as oscilações
como fenômenos trocados em abismos polares positivo-
negativos que transmitem a linguagem informacional
adiante em progresso, até os padrões harmônicos
subsequentes reavivados nela, conferindo e
encorajando, assim, as oscilações interdimensionais com
as quais os links e relinks sobre o cosmos são erguidos
como uma efígie surpreendente da Ilimitação.

A energia interdimensional flui semelhante a um


fenômeno gravitacional com condição de inversão de
fase e oscilação no campo magnético da Terra; por
conseguinte, as polaridades que oscilam as frequências
sempre são emitidas até a suposição informacional,
através da qual podemos apreender a repolarização de
um polo sul negativo em direção à atrativa troca com a
inclinação do polo norte e o reposicionamento ondulando
nele. Veremos, por exemplo, que uma pederneira no
azinhão dotada de um certo peso tem de fato uma
mistura de estruturas atômicas trêmulas; portanto,
deve-se verificar que existe um fator subjacente mui
importante que oscila o sólido molecular volumoso, sob
algum padrão de onda e reações proporcionais inversas
na radiação do arranjo atômico, e a avaliação
quantitativa do mesmo, cujo fio de medição é
erroneamente consignado como massa. A descrição
desses procedimentos sensíveis deve ser inserida no
fato de que a matriz das mesmas formas de onda é
misturada, através de um elemento não fluido e

154
tridimensional, com o campo de energia irradiado. Além
disso, deve-se evocar a estipulação em que se atribui
que, a qualquer distância ou tempo, o movimento dos
sólidos seja geralmente desenvolvido pelas principais
amostras de polaridade em um estabelecimento atômico
que os campos magnético e gravitacional provoquem
seus próprios estímulos a isso. A energia é, deste modo,
proporcionalmente antitética e, em questão de
aproximação, é invertida em relação à energia quanta
incluída no empreendimento interdimensional da
oscilação negativo-positiva. Portanto, deve-se afirmar
que os agentes expressivos desse processo, em estado
expressivo, são equivalentes ao complexo intergaláctico
no alinhamento e na direção cósmica interdimensional.

A inteligência celestial governa as virtudes mundanas e


o transporte útil das mesmas, por meio do qual é
fornecida a concepção racional e ascendente da Primeira
Causa, em sua Onipotência motriz original, da qual são
traçadas as possibilidades criativas de coisas
universalmente consideradas em sua própria natureza. A
atração pelos nossos poderes mais íntimos anuncia que
esse gênero de estímulo mágico, que gera
imediatamente a edificação mais elevada de nosso
conhecimento oculto e fontes cognitivas valiosas,
pertinente às matizes psíquicas mais maduras. De fato,
a Coorte Iniciática até então estabelecida pode ser
rastreada até a Quarta Raça, em outras palavras, a
Atlântida. As verdades mais elevadas simbólicas, para
começar, são finamente a síntese paradigmática mais
perfeita e brilhante da compreensão cósmica, enquanto
o significado da mesma é puramente intuitivo e
suprassensível. Ostanes certa vez afirmou que a ciência
oculta foi iniciada e empreendida na criação terrena de
onde quer que realmente pudesse vir; além disso, deve-
se afirmar que houve excelentes ocultistas que

155
alteraram efetivamente o curso da história humana;
exemplos disso, temos Numa Pompilius entre os
romanos, Zamolxis entre os trácios, Abbarius entre os
hiperbóreos, Thoth entre os egípcios e Budda entre os
babilônios. Os modos essenciais e universais da verdade
revelada, extrínseca ou intrínseca, devem ser
estabelecidos com precisão no sistema atitudinal do
Espírito Divino imutável, auto-formado e ilimitado.
Analogamente, portanto, o sistema regenerativo de
Xaca-clo, semelhante a uma escada, em uma emanação
luminosa com efeito absoluto, alude a uma cadeia
mística de escalada espiritual, em estado de salvação ou
condenação, pela qual a humanidade passa desde a sua
formação.

Paradoxalmente, o péssimo fanatismo praticado em


favor dos postulados evolucionários é acompanhado e
instigado pelas mentes estúpidas e enclausuradas dos
cientistas tradicionais e ortodoxos e também dos
religiosos a favor da fabulosa teoria criacionista. Além
disso, considero dizer que a ignorância asinina e egoísta
dessas classes é fruto de um estranho sistema
supersticioso em relação ao arranjo humano-cósmico em
todas as facetas da vida. O culto bíblico é muito
perpetuado por suas linhas narrativas esmagadoras
insanas e sucumbidas, cujo fenômeno rebita até os
ocultistas mais sagazes. O homem, de fato, foi gerado
divinamente e manteve suas principais características;
no entanto, ele chegou ao estado atual através do
metabolismo evolutivo. Tem em mente que ainda existe
uma estrutura em forma de constante mudança no
átomo de hidrogênio, que se converte em hélio e
promove a radiação solar; o conceito dimensional não
pode ser revogado no pacote religioso mais simples e
ordenado, mas nas leis espíritas, injunções e explicações
garantidas. A hipocrisia conspícua e cientista ou

156
sacerdotal é bem conhecida pelos seguidores da
doutrina cósmica de todas as épocas; portanto, deve-se
verificar a efígie da sobreposição, impelindo os cismas
em ascensão ao ápice do poder destrutivo, representada
por ódio e fio injustificável de comportamento bélico
pelos Estados Unidos; para impulsionar melhor a escada
espiritual evolucionária da humanidade e chegar ao
auge de nossa consciência cósmica, esse país de
superintendência horrível e granulado de fortaleza
perniciosa deve ser completamente desmantelado e
obliterado. Não obstante essas declarações mui factuais,
a promessa sentenciosa de uma introspecção
perseverada no despertar gerado e ponderado deve ser
ponderada, influenciada e cumprida não tão longe a
partir deste momento em que escrevo este livro.

O objetivo de qualquer evolução anterior era produzir o


ego como uma manifestação da mônada. Então o ego,
por sua vez, evolui, colocando-se em uma sucessão de
personalidades. Os homens que não compreendem essa
visão da personalidade como eu e, portanto, vivem
apenas para ele, e tentam regular suas vidas pelo que
parece ser uma vantagem temporária. O homem que
entende que a única coisa importante é a vida do ego e
que seu progresso é o objeto para o qual a
personalidade temporária deve ser usada. Então,
quando ele tem que escolher entre dois caminhos
possíveis, ele não pensa, como o homem comum: "O
que me trará mais prazer e lucro como personalidade?",
mas "O que me trará mais progresso como ego?" A
experiência rapidamente ensina a ele que nada pode ser
realmente bom para ele ou para ninguém, o que não é
bom para todos, e hoje ele está aprendendo a esquecer
completamente e perguntar apenas o que será melhor
para a humanidade como um todo.

157
Obviamente, nesta fase da evolução, tudo o que tende à
unidade, tudo o que tende à espiritualidade está em
conformidade com o plano da Deidade para nós e,
portanto, é bom para nós, enquanto o que o que tende à
separação ou à materialidade também é, certamente,
ruim para nós. Existem pensamentos e emoções que
tendem a se unir, como amor, simpatia, reverência,
benevolência; há outros que tendem a desunir, como
ódio, ciúme, inveja, orgulho, crueldade, medo.
Obviamente, o primeiro grupo é bom para nós, o
segundo grupo é ruim para nós. Em todos esses
pensamentos e sentimentos claramente falsos,
reconhecemos uma nota dominante, o auto-
pensamento; enquanto em todos aqueles que estão
claramente certos, reconhecemos que o pensamento é
direcionado para os outros e que o eu pessoal é
esquecido. Portanto, vemos que o egoísmo é o único
grande erro e que o altruísmo perfeito é a coroa de toda
virtude. Ao mesmo tempo, nos dá uma regra de vida. O
homem que deseja cooperar inteligentemente com a
Vontade Divina deve deixar de lado qualquer
pensamento sobre a vantagem ou o prazer do eu
pessoal e deve dedicar-se exclusivamente a fazê-lo,
trabalhando para o bem-estar e a felicidade dos outros.

É um ideal alto e difícil de realizar, porque há uma longa


história de egoísmo por detrás de nós. Muitos de nós
ainda estamos longe de uma atitude puramente
altruísta; como vamos trabalhar para chegar lá sem a
intensidade necessária em muitas das boas qualidades e
tendo tantas que não são desejáveis?

Aqui, a grande lei de causa e efeito entra em vigor.


Assim como podemos apelar com confiança para as leis
da natureza no mundo físico, também podemos apelar
para essas leis no mundo superior. Se encontrarmos más

158
qualidades em nós, elas se desenvolveram lentamente,
por ignorância e complacência. Agora que a ignorância é
dissipada pelo conhecimento, agora que, portanto,
reconhecemos a qualidade como um mal, o método para
se livrar dela está obviamente diante de nós.

Para cada um desses vícios há uma virtude contrária; se


encontrarmos um deles olhando para nós,
imediatamente decidiremos desenvolver
deliberadamente a virtude oposta em nós mesmos. Se
um homem percebe que no passado ele era egoísta,
significa que ele estabeleceu nele o hábito de pensar
primeiro em si mesmo e se divertir, de consultar sua
conveniência ou prazer, sem pensar acerca dos efeitos
sobre os outros; que ele comece a trabalhar com
determinação para adotar o hábito exatamente oposto,
a praticar antes de pensar em como isso afetará todos
ao seu redor; acostuma-te a agradar aos outros, mesmo
que isso ocorra à custa de problemas ou dificuldades
para si mesmo. Também se tornará um hábito ao longo
do tempo e, à medida que se desenvolver, matará o
outro.

Se um homem se vê cheio de suspeitas, sempre pronto


para atribuir motivos ruins às ações daqueles que o
rodeiam, prepare-se constantemente para cultivar a
confiança em seus companheiros e dar-lhes crédito
pelas maiores razões possíveis. Poderás dizer que um
homem que faz isso se abrirá para ser enganado e, em
muitos casos, sua confiança será perdida. É um pequeno
problema; é muito melhor que ele às vezes seja
enganado por causa de sua confiança em seus
companheiros do que ser salvo de tal engano, mantendo
uma atitude constante de suspeita. Além disso, a
confiança gera lealdade. Um homem de confiança

159
geralmente se mostra confiável, enquanto um homem
suspeito provavelmente justifica suspeitas no momento.

Pode-se perceber que olhar o mundo visível apresenta


quebra-cabeças para o homem que nunca podem ser
resolvidos a partir dos fatos do próprio mundo. Eles não
serão resolvidos dessa maneira, mesmo que o
conhecimento ortodoxo-científico desses fatos seja o
mais avançado possível. Porque os fatos visíveis indicam
claramente um mundo oculto através de sua própria
essência interior. Quem não vê isso bloqueia os
enigmas, que surgem claramente em toda parte a partir
dos fatos do mundo dos sentidos. Ele não quer ver
certas perguntas e quebra-cabeças; portanto, ele
acredita que todas as perguntas podem ser respondidas
pelos fatos sensíveis. As perguntas que ele quer fazer
devem realmente ser respondidas pelos fatos que ele
espera que sejam descobertos no futuro. Tu poderás
facilmente admiti-lo. Mas por que ele também deveria
esperar respostas em certas coisas que não fazem
perguntas? Quem luta pela ciência secreta não diz nada
além de que tais questões são evidentes e que devem
ser reconhecidas como uma expressão totalmente
justificada da alma humana. Afinal, a ciência não pode
ser restringida ao proibir as pessoas de fazerem
perguntas livremente.

No que diz respeito à opinião de que o homem tem


limites de seu conhecimento, que ele não pode exceder
e que o obrigam a parar diante de um mundo invisível,
deve-se dizer: não há dúvida de que, pelo tipo de
conhecimento que se entende por lá não pode penetrar
em um mundo invisível. Quem considera esse tipo de
conhecimento o único possível, não pode chegar a um
ponto de vista diferente daquele que foi negado às
pessoas o acesso a um mundo superior existente. Mas

160
também se pode dizer o seguinte: se é possível
desenvolver outro tipo de conhecimento, pode levar ao
mundo supersensível. Se alguém considera esse tipo de
conhecimento impossível, chega-se a um ponto de vista
do qual todas as conversas sobre um mundo
supersensível aparecem como pura bobagem.
Comparado a um julgamento imparcial, não pode haver
outra razão para essa opinião a não ser que o outro
confessor desconheça esse outro tipo de conhecimento,
mas como alguém pode julgar tudo o que afirma não
estar familiarizado? O pensamento imparcial deve
admitir o princípio de que se fala apenas do que se sabe
e de que não se encontra nada sobre o que não se sabe.
Esse pensamento só pode falar do direito de alguém
comunicar algo que ele experimentou, mas não do
direito de alguém declarar impossível o que ele não sabe
ou não quer saber. Ninguém pode negar o direito de não
se importar com o sobrenatural; mas nunca pode haver
uma razão real para alguém se declarar autoritário não
apenas pelo que pode saber, mas também por tudo o
que "um homem" não pode saber. Para aqueles que
declaram presunçoso penetrar na área supersensível,
deve haver uma consideração científica secreta de que
alguém pode fazer isso e que é um pecado contra as
habilidades dadas ao homem, se ele as deixar
desoladas, em vez de desenvolvê-los e usá-los. Mas
quem acredita que as opiniões sobre o mundo
supersensível devem pertencer inteiramente ao meu
significado e sentimento pessoal nega o comum em
todos os seres humanos. Certamente, é verdade que
todos devem encontrar informações sobre essas coisas
por si mesmo. A diferença existe apenas enquanto as
pessoas não querem abordar as verdades mais elevadas
de uma maneira cientificamente comprovada, mas na
arbitrariedade pessoal. Isso, no entanto, deve ser
admitido sem mais delongas, que apenas aqueles que

161
reconhecem a correção do caminho científico secreto
podem entender a peculiaridade dele. Qualquer um pode
encontrar o caminho para a ciência secreta no momento
adequado para ele, que reconhece a presença de algo
oculto no aparente, ou até suspeita ou solerte, que, com
base na consciência de que os poderes do conhecimento
são capazes de se desenvolver, é levado ao sentimento
de que o que está oculto pode lhe ser revelado.

Heródoto alega em seus escritos que avistou inscrições


de caracteres cadmeus nos caldeirões do Templo do
Apolo Ismeniano em Tebas, os quais eram considerados
os principais influenciadores da escrita jônica e
fundadores do alfabeto grego. Sanchoniaton demonstra,
além das histórias dos reinados de Cronus, Misor,
Hípsistos, das lendas de Taautus, da origem de Siton e
Atlas, ele nos fala duma terra primordial chamada "terra
sagrada de Tira". Fala da concessão do Egito de Cronus
a Taautus (Thoth) e que seus descendentes, Isiris e o
irmão de Chta foram, respectivamente, a criadora do
alfabeto fenício e o primeiro habitante da Fenícia,
provindos, então, de Tira (será ela a Atlântida?).
Entrementes, não julgarei nada, mas, analogamente,
também digo que manterei uma postura muito bem
posicionada na minha teoria da origem dos números e
das letras. Com efeito, todos os sistemas escriturais do
mundo, por serem similares no seu pano de fundo,
desde os seus traços mais rudimentares de
representação até sua fonação e composição fonotática,
devem possuir, pois, uma origem em comum. Sobre os
números, também creio o mesmo. A diferença está nas
suas propriedades derivacionais, cujo caráter é gênico e
de perpétua tendência executiva, i.e., são as funções
que passaram a desempenhar as respectivas atividades
a partir duma mesma significação e valor segmental. O
Apastabama, v.g., infere com certas ambiguidades a

162
respeito da origem das leis védicas, umas vezes dizendo
serem originais, outras por seres mui sábios doutros
ancestrais territórios. O Sulba Sutra, antigo tratado
indiano de matemática, além de suas fórmulas
sacrificiais e ritualísticas, em suas doutrinas acerca das
formas geométricas, de suas proporções e dimensões de
conteúdo, afirma que o mesmo é advindo,
aparentemente, de uma fonte antiquíssima para realizar
seus cálculos, retomando seus conceitos e aplicando-os
na realidade instaurada no seu tempo. De onde era esta
sabedoria matemática antiquíssima? Será da Tira de
Sanchiaton? Da Atlântida de Platão? Do Aztlan dos
astecas? Da ilha de Undal das Tábuas Esmeraldas de
Hermes (ou Thoth)? Pitágoras, Hiparco, Eudoxo,
Arquimedes, Euclides, Erastótenes, Cálipo e &c. tiveram
seus conhecimentos com fundamento em algo que já
existia, que foi fragmentado ao longo das eras e por
eles, coletado e transformado em suas ideias
matemáticas, interpretando por si mesmos; entretanto,
nunca distorcendo a fonte original. Manetho, grande
historiador egípcio, diz que antes do grande dilúvio que
assolou toda a humanidade em tempos remotos, o Egito
foi governado pelos semideuses, deuses e espíritos dos
mortos cultuados por seu povo por mais de 20.000 anos.
Donde estes semideuses, deuses e espíritos dos mortos
vieram? William Cadmen falava como origem da
Bretanha, uma grande ilha para lá do oeste; ele, pois,
ratifica: "Et una cum illo Aristides et alii Graeci qui
Britanniam κατ᾿ ἐξοχήν ob magnitudinem μεγαλὴν νῆσον, i. e.
Insulam Magnam vere dixerunt.". Este país dos zéfiros
em relação ao Egito e à Bretanha seria realmente mítico
ou verdadeiro? Por tantas referências consagradas,
desde o Livro dos Mortos até Plutarco e Diodoro Sículo,
por que ventura este magnânimo império antediluviano
do passado não poderia existir? Seria ele a origem das
letras e dos números da atual Raça Ária? Inda assim,

163
certifico-me de que necessito de mais evidências e
explicações que vo-lo prove.

O gramático latino Prisciano, referência para os


estudiosos de seu idioma na Era Medieval, dizia que
tanto o idioma grego quanto o latino possuíam uma
origem em comum, cujo entendimento histórico, para
sua época, era mui escasso. Berosso afirma que, na
Babilônia, antes do dilúvio, governaram dez reis por
vários saris, nomeadamente, centenas de milhares de
anos, instruídos pelos conhecimentos supremos, desde
geometria até agricultura, de Oannes. Políbio dizia que o
conceito de império universal já reinava na Antiguidade
Helenística, malgrado não houvesse algo mui factual
para comprová-lo sob tão descomedidas magnitudes.
Panini, ao examinar o fenômeno da vocalização, tem em
base, assim como todo seu texto, uma interpretação
fenomenológica dos dados linguísticos que já era
consolidada há muitas eras. Donde vinha este
conhecimento? Barahrtri, no momento em que analisava
a performance do discurso, deve ter pormenorizado a
disposição das sentenças numa ciência de elóquio há
muito éons existentes, bem como Panini. Por que
incorrem tais influências? Por que são tão
abundantemente mencionadas? Quer a erística retórica
de Cícero, quer o ceticismo de Pirro de Elis, não
podemos negar uma essência espiritual para todas essas
coisas. São todos estes elementos, portanto, arquétipos
do conhecimento? Creio que, em verdade, sempre existe
uma forma de intentar buscar por parâmetros que
elucidem o suficiente tais questões, mas a eficaz
vontade de fazê-lo é sempre de nossa providência.
Todos estes númenos a priori provam uma fonte
originária comum para os números e as letras. Os
etruscos, citando caso análogo, cujos textos liam-se da
direita para a esquerda, na Tabula Cortonensis, vemos,

164
pois, uma referência litúrgica aos antepassados, os quais
eram celebrados com muita festividade, cujo fato
também é descrito, inda com mais minúcias, no Liber
Linteus. Quem seriam estes antepassados? Donde
vieram? Os maias, ademais, nos Códices Dresden e
Troano, falam sobre uma terra original, da qual
provieram e formularam todo seu sagrado e vasto
conhecimento, cuja representação escritural é efetivada
por marcas ideográficas lembrando a paisagem daquele
lugar, que é, por vezes, chamado de "terra de Kui" e,
outras vezes, chamando de "Mu". Seria este perdido
continente, a primeira civilização do mundo, como
Churchward, Blavatsky, Buffon, Le Plongeon, Bourbourg,
Higgins e Jacolliot atestam? Bhaskara II, no seu Lilavati,
parece soer com os seus tratados em progressão e
multiplicação aritméticas de algum período muito
anterior e de caráter assaz especial. O mesmo ocorreu
com Euclides e com suas fontes, como Pitágoras,
Teateto, Hipócrates, Hiparco, Eudoxo e &c. Podemos
inferir que todo conhecimento matemático que temos
hoje ou que teremos, caso não hoje seja alcançado,
como as civilizações antediluvianas, são provindas de
períodos mui remotos da terra, relacionados aos povos
de antanho mencionados. Por conseguinte, terei de
explicar-vos certos componentes teoréticos para que,
então, seja consolidada com determinação minha teoria
sobre a origem dos números e das letras.

Para demonstrar a minha teoria da história da


matemática, primeiramente, devo assegurar a história
do mundo para com ela convergir. Por exemplo, Leonard
Woolley relata o achado dum substrato diluviano de 400
milhas de largura e 100 milhas de soslaio num vale
entre o rio Tigre e o Eufrates. O Chilam Baham relata
que os remanescentes do homem antediluviano se
refugiaram na Cartabona que é, atualmente, a península

165
de Yucatán. Numa das crônicas de Jeramel, havia um
grande império, situado numa ilha, chamado Achaya,
cujo rei governante antes do dilúvio se chamava Ogiges
que construiu Eliozin. Albert Slosman examinou com
incredível profundidade o zodíaco de Dendera e concluiu
que a catástrofe de Atlântida deve ter ocorrido por volta
de 27 de julho de 9792 a.C. O Vishnu Purana diz que
cada Yuga se estende por 22.000 anos; seu ciclo
completo se chama Manavantara que é disposto por
852.000 dias divinos e 306.720.000 de anos humanos.

§18.

A consciência humana se inerva, incondicionalmente,


nas bases hieráticas do Kandhakala, designado, então,
como a condição do Tempo eterno e universal,
proveniente da própria abstração numenal que o
convergiu com as demais forças cósmicas, i.e., Kala, cuja
associação, tendo em mente a sua periodicidade,
fomenta o Mahat, viz., a Inteligência Divina e Universal
projetada e sobreposta sobre as demais pela duração
manvatárica do universo. O Pradhana, oriundo do
Mulaprakriti, a raiz da natureza, ou de sua indiferença, é
caracterizado como Mara, a Ilusão, o Véu dos Arcanos do

166
Conhecimento Sagrado, porquanto esta é arraigada à
densidade material e não compreende, efetivamente, a
natureza sutil e etérea das energias cósmicas, uma vez
que estão sintetizadas originalmente no âmago uno e
prístino do universo, i.e., Mulaprakriti, Prabrahman ou
Anupadaka, como dir-nos-iam as doutrinas das escolas
vedantinas de Adwaita e de Visishtadwaita,
terminologicamente falando. Gnana (conhecimento,
gnose, supremo Logos ou Mahaprajna) é a reflexão
simétrica e fiel de Nirguna, o Absoluto, a pré-criação do
Todo e da Vida Total, desprovida de atributos e
predicados. Portanto, o homem poderá lograr a excelsa
façanha de desvelar os mistérios crísticos da criação e
sua mente divina original se gozar de apanágios ocultos
nos quais se projetaria a virtude de corresponder-se às
diretrizes seráficas e lapidares da Lei de Um Sagrada e
Universal – em suma – a própria Lei.

A Lei, de qualquer forma, é o verdadeiro âmago


psicoespiritual do homem, instituída em pilares
teosóficos de grandeza arcana, na qual a vontade não é
mais condensada nos tormentos subversivos do Ego,
todavia para o Eu superior e à humanidade como ela é
deveras. A Lei é o mandamento fulcral e onipotente do
Ser Divino e da existência (também) divina, alcançada
somente com a contemplação plena da engenhosidade
cíclica e móvel das coisas que existem na Natureza;
além do primordial de Tudo: a abrangência cósmica
natural da Luz Astral e Universal, ademais de sua
uberdade e seus respectivos influxos e valimentos na
vida das criaturas que habitam o Universo, isto é, a força
esplêndida e cintilante do Absoluto, que esteve, está e
estará infinita e perpetuamente. A expansão "de dentro
para fora" da mãe, em outros lugares chamada "água do
espaço", "matriz universal" etc. não se refere a uma
expansão de um pequeno centro ou foco, mas sem

167
referência ao tamanho ou limitação ou área significa o
desenvolvimento uma subjetividade ilimitada a uma
objetividade ilimitada." A substância sempre (para nós)
invisível e imaterial presente na eternidade lança sua
sombra periódica de seu próprio plano para o colo de
Maya". Isso implica que essa extensão, que não é um
aumento – com aumento infinito não permite aumento –
uma mudança de estado." Dos humanos aos ácaros, das
enormes árvores às mais pequenas folhas de grama.
Tudo isso, ensina a ciência oculta, é apenas a reflexão
temporária, a sombra do eterno protótipo ideal no
pensamento divino – a palavra "Eterno", novamente
bom, aqui apenas no sentido de "Aeon" como
permanentemente permanente o aparentemente
interminável, mas sempre ainda limitado ciclo de
atividade que chamamos de Manvantara. Porque qual é
o verdadeiro significado esotérico de Manvantara ou
melhor, de um Manu Antara? Esotericamente, significa
"entre dois manus", dos quais há catorze em cada "dia
de Brahma", um "dia", que consiste em 1.000 agregados
de quatro idades ou mil "grandes idades", Mahayugas.

168
Figura 5: O Logos é o próprio Mahayuga; vede e interpretai.

Os dois braços do mesmo corpo ainda afetam


crucialmente a noosfera do homem, isto é, os planos
dimensionais existentes em sua Mente em-si.
Analogamente, entender-se-ia a quididade dual do
homem enquanto profano e não-iniciado, ainda
inconsciente de sua fidedigna essência e latente de suas
capacidades psíquicas e metafísicas. Na cosmogênese,
quer dizer, no princípio sublime e impermisto da criação
e da expansão da mente cósmica, presenciávamos o
apogeu do Samadhi, o nosso elo com o Altíssimo de
ruptura inverossímil; desta forma, a priori, somente o
Bem coexistia com os seres e, no entanto, o Mal era
termo inexistente e desconhecido. Quando o homem
sustou tal vínculo, com atroz jactância, sofreu a Queda e
passou a viver nos ares maquiavélicos das Trevas a

169
qual, praticamente, é a representação legítima da
dualidade, posto que nas Trevas, o mal oprime o bem ad
aeternum e o bem tenta derrotar o mal etiam ad
aeternum. Diz-se também que a mônada pitagórica
mora na solidão e na escuridão como o "germe". A ideia
do "sopro" da Escuridão se movendo sobre "as águas
adormecidas da vida", que é matéria primordial com o
espírito latente, lembra o primeiro capítulo de Gênesis.
Seu original é o Narayana (o motor nas águas), que é a
personificação da Respiração eterna do Todo
inconsciente (ou Parabraham) dos Ocultistas Orientais.
As Águas da Vida, ou Caos – o princípio feminino do
simbolismo – são o vácuo (para nossa visão mental) no
qual repousam o Espírito e a matéria latentes. Foi isso
que fez Demócrito afirmar, após seu instrutor Leucipo,
que os princípios primordiais de todos eram átomos e
um vácuo, no sentido de espaço, mas não de espaço
vazio, pois "a natureza abomina o vácuo", de acordo
com os peripatéticos, e todo filósofo da Antiguidade. Em
todas as cosmogonias, a "água" desempenha o mesmo
papel importante. É a base e a fonte da existência
material. A dualidade, notoriamente, é um fenômeno
inerente apenas a mundos pertencentes a Trevas, não
da Luz; sendo a própria Luz, portentosa detentora da
Sagrada Unidade Cósmica, o Samadhi, a soberana
Pramoda, a terra autêntica dos Devas e Rishs, enquanto
as Trevas mostra à tona a Dualidade Perversa Universal,
o Mahamaya, o reino de Ahamkara. Tendo estas
questões em mente, é necessário ao homem
compreender profundamente tal verdade para
transcender a dualidade ou, propriamente dito: as
Trevas!

O homem, abarcando no seu íntimo a unidade superior


original arraigada em seu αληθινό του πνεύμα e
compreendendo com fulgor a sua diadema auspiciosa e

170
chamejante em juízo etéreo e celestial, excede as
máculas facínoras e a atribulação perversa da dualidade,
reconhecendo sua ubiquidade cujo poder de criação e
noções da sabedoria divina são imanes e ubertosas,
onde a consciência alvorece em paz e amizade com os
pilares inauditos e estremes do Absoluto e sua
respectiva Lei coordenativa, superintendendo seu gládio
de dispositivos a conter imódica ilustração sobre as leis
ocultas do Universo quidem quod est; não obstante,
remoça o homem num estado triunfal do Chitta no
pináculo de uma existência consagrada ao Gandharva, o
ser celestial, o devoto ao amor e livre da ambiguidade
do érebo suspendido na dualidade; o homem que lida
apropriadamente com aquilo que está esculpido no
Ananta, qualquer epigrama de Adherna não lhe afetará
de modo algum. Com o Dharana unido aos arcanos
celestes adornados de éter, conseguirá transcender os
limites do próprio espaço-tempo e lhe será possível
tramitar pelos corredores dos palácios beatíficos do
Senhor da Luz, que é o próprio homem em seu estágio
súpero; isso apenas lhe será totalmente compreensível
se o mesmo compreender a totalidade das coisas que
são tecidas na angra sagrada da própria Luz.

No homem, ou em todo homem, para ser mais objetivo,


percorrem-se os princípios opostos do espírito tanto em
magnitude quanto em significado, todavia, são eles os
responsáveis por fixar e manter em funcionamento a
Unidade Sagrada do homem enquanto ser: o masculino
e o feminino, o Shiva e o Shakti, o Yin e Yang, o Ahriman
e o Spenta Mainyu. É necessário que eles existam, pois a
supressão ou a predominância de algum desses dois
princípios desencadearia a instabilidade psíquica do ser.
Desta forma, suceder-se-ia uma alteração nímia das
faculdades anímicas do homem de natureza perversa e
calamitosa que, quando fossem expelidas, desgraçariam

171
o eixo de manutenção e proteção da humanidade e, do
mesmo modo, as fortalezas da ética e probidade
cósmicas que ainda sustentavam com prominência a
ordem terrestre seriam demolidas com furor
inimaginável; e, como resultado, o pior dos Caos se
incutiria na Terra. Explana-se, assim, a
imprescindibilidade não só dos engenhos e mecanismos
como da força e do zelo infindáveis das polaridades do
gênero per se como égide mística e incorpórea do
homem, haud dubie.

Diz o Kybalion:

«Το φύλο είναι σε όλα; όλα έχουν τις αρσενικές και θηλυκές αρχές τους; το
φύλο εκδηλώνεται σε όλα τα αεροπλάνα»

Prossegue o mesmo:

"(...) Η μεγάλη Εβδόμη Ερμητική Αρχή - η αρχή της Φύσης - ενσαρκώνει


την αλήθεια ότι υπάρχει Φύλο που εκδηλώνεται σε όλα - ότι οι Αρσενικές
και Γυναικικές αρχές είναι πάντα παρούσες και ενεργές σε όλες τις φάσεις
των φαινομένων, και κάθε επίπεδο της ζωής (...) Το γραφείο του Φύλου
είναι μόνο αυτό της δημιουργίας, παραγωγής, παραγωγής, κλπ., και οι
εκδηλώσεις του είναι ορατές σε κάθε επίπεδο των φαινομένων."

Assim, v.g., o "ovo mundano" [correlato à asserção


supracitada do Kybalion] será, quiçá, um dos símbolos
mais difundidos, o que é muito sugestivo tanto no
sentido espiritual quanto no fisiológico e cosmológico.
Portanto, pode ser encontrado em todas as teorias do
mundo em que está amplamente associado ao símbolo

172
da serpente; este último está em toda parte, tanto na
filosofia quanto no simbolismo religioso, um símbolo
para a eternidade, infinito, regeneração e
rejuvenescimento, bem como para a sabedoria. O
mistério da aparente autogeração e evolução por meio
de seu próprio poder criativo, que reproduz em
miniatura o processo de evolução cósmica no ovo,
devido ao calor e à umidade sob a saída do espírito
criativo invisível, justificou a seleção desse símbolo
gráfico completamente. O "Ovo Virgem" é o símbolo
microcósmico do protótipo macrocósmico - a "Mãe
Virgem" – caos ou profundidade primitiva. O criador
masculino (sob qualquer nome) vem da virgem, a raiz
perfeita que é fertilizada pelo raio. Se vossa mercê
conhece a astronomia e as ciências naturais, quem não
pode reconhecer sua sugestão? O cosmos como
natureza receptiva é um ovo fertilizado, mas permanece
imaculado. Uma vez visto como ilimitado, não poderia
ter outra representação senão um esferoide. O ovo de
ouro estava cercado por sete elementos naturais (éter,
fogo, ar, água), "quatro prontos, três secretos".

A νους ou as faculdades ou metafísicas ou materiais da


mente humana, no atributo mais esotérico a ser
constatado, desfruta de uma plêiade de pensamentos a
serem abordados com engenhosidade bem-aventurada
ou o oposto desta, dependendo da familiaridade do
indivíduo com suas origens estelares de esplendor
místico e divino, e se feito, deve trabalhá-la com os
maiores esforços e dedicações possíveis, praticando tal
arte cotidianamente, para atingir o estado supremo de
sua consciência. A mente é que age e que reage, pois
dela o homem pensa para agir e como reagir perante as
situações que o acercam, como agente ativo ou passivo
destas; outrossim, a realidade como observada no imo
denso e físico, é, do mesmo que as outras dimensões

173
mais sutis e elevadas energeticamente, movida pela
mente, já que o que acontece é determinado pelas
ações e reações da humanidade diante dos fenômenos
históricos que lhe acometem, e tais funções são
desempenhadas continuamente pela νους, interpelando a
ordem dos respectivos ofícios conforme a evolução das
noções do conhecimento da Luz pura e genuína dos
ανθρώπων, nas circunstâncias da doutrina iniciática de
magnânimo fulgor intelectual da grandeza psíquica dos
υφιστάμενων όντων.

As concepções gnosiológicas sobre a natureza legítima


da mente sempre foram bastante férteis; exempli gratia,
a criatividade deslumbrante reunidas no entendimento
da natura ad rem do ambiente terreno foi
acentuadamente marcante no período pré-socrático da
filosofia ocidental, protagonizando tal movimento
pensadores como Demócrito de Abdera, Pitágoras de
Samos, Anaxímenes de Mileto, Heráclito de Éfeso,
Anaxágoras e vários outros. Prosseguindo com esta
reflexão, Demócrito, em seu caso, pensava que o αρχή της
φύσης των πραγμάτων se presumia à uma unidade
componente dos corpos móveis e existentes chamado
'átomo', que definira como uma substância indivisível
espacialmente, mas não geometricamente; além disso,
assegurava que o mesmo se deslocava num espaço
vazio e desprovido de envoltório com grandezas físicas
no que se refere ao seu arranjo am sich, que o próprio
denominara de 'vácuo'. Com esta base que os demais
também propuseram suas teses, que em Pitágoras,
eram os números o αρχή e para Anaxímenes, seria o ar, a
unidade criadora. Formularam-se, assim, as estipulações
acerca da gênesis da mente em todo seu absoluto,
desde o seu início até o estágio em que atualmente se
encontrava, pois todas as obras hoje emanadas em uma
infinidade de lugares pelo κόσμου é oriundo das ações,

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que provém das ideias e a ideia é originada
substancialmente pela mente, o âmago onipotente do
ser ativo e passivo, do ser e não-ser e dos arquétipos
universais condicionados com sublimidade em todas as
espécies imagináveis e inimagináveis de atmosferas a
residir-se no σύμπαν.

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