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Introdução

Amada e, ainda sim, temida, mesmo depois de mais de 100 anos na


ativa, a história de Drácula, Jonathan e Mina Harker, é lida e
admirada por milhares de pessoas ao redor do mundo. Drácula é
um personagem centenário. Surgido na obra que leva seu nome, de
Bram Stoker, o Conde se tornou um dos vampiros mais conhecidos
e revisitados, além de ser um daqueles monstros imortais que
sempre contribuem com sua aura macabra em outros filmes.
1920

É em 1921 que começa a tradição fílmica do personagem Drácula, não


em 1922 como muitos podem acreditar. Em 1921 é lançado um filme
chamado Dracula’s Death, e foi uma produção
húngara-austríaca-francesa. Apesar do filme não ser baseado
inteiramente na obra de Stoker, o personagem está presente na
história, na forma de um paciente de um hospital psiquiátrico que
afirma ser Drácula para uma jovem visitante, que começa a ter
pesadelos com a figura. O filme foi dirigido por Károly Lajthay.

Em 1922 é lançado Nosferatu, dirigido por F.W. Murnau. Apesar do


filme hoje ser considerado uma obra importante para a tradição
fílmica de Drácula, ele sofreu uma série de problemas. Mesmo que
notavelmente seja a história do personagem, o filme não era
licenciado por Florence Stoker, que mantinha os direitos sobre a obra.
Florence processou a produtora responsável pelo filme, tentando
impedir que cópias circulassem pelos cinemas, exigindo sua
destruição. Entretanto, a produtora estava passando por um processo
de falência e Florence conseguiu somente seus honorários que eram
de direito.

Como não tinha os direitos, a produtora contratou Henrik Galeen para


adaptar a obra: nomes foram alterados, como Drácula alterado para
Orlok, Jonathan Harker se tornou Thomas Hutter e Mina virou Ellen; o
filme se passa na Alemanha, e não na Inglaterra. Algumas cópias
posteriores retornaram alguns dos nomes alterados, como o de Mina
e Jonathan Harker.

1930 – 1950
É em 1931 que é lançado um dos grandes filmes do Conde, uma
produção da Era de Ouro dos Estúdios Universal. Adaptação direta da
peça de Deane e Balderston, o filme contém as mesmas alterações da
adaptação teatral. O ponto interessante sobre essa produção é que
ela foi feita duas vezes: uma na língua inglesa e uma na língua
espanhola. Na versão de língua inglesa, dirigido por Tod Browning e
Karl Freund, parte dos atores já haviam tido seus papéis na peça.
Lugosi se tornou a grande face do vampiro. A versão de língua
espanhola foi dirigida por George Melford e Enrique Tovar Ávalos,
protagonizada por Carlos Villarías e alguns dos nomes dos
personagens foram alterados: Mina passou a se chamar Eva e Jon se
tornou Juan Harker. A versão espanhola foi gravada na mesma
instalação usada pela gravação de língua inglesa, mas foi feita
durante a noite.
A versão que ficou famosa foi a de língua inglesa, com Bela Lugosi, e
trouxe uma série de filmes derivados e crossovers durante os anos
1930 e 1940, como A Filha de Drácula, em 1936, O Filho de Drácula,
em 1943, O Retiro de Drácula, em 1945, e Abbott e Costello
Encontram Frankenstein, em 1948.

Importante mencionar que, em 1932, é lançado o filme Vampyr, de


Carl Theodor Dreyer. O filme é baseado na obra In a Glass Darkly, de
Sheridan Le Fanu, e traz uma série de novas características aos
vampiros. Le Fanu, por sua vez, foi uma grande inspiração para Bram
Stoker escrever Drácula; também é de Le Fanu a famosa Carmilla,
uma das narrativas mais consistentes do século XIX com uma
vampira como protagonista.

1950 – 1970
Em 1953 é lançado um filme sobre Drácula, que até tem como base o
romance original de Bram Stoker, mas deriva de outra obra. Drakula
İstanbul’da, ou Drácula in Instambul, lançado na Turquia, dirigido por
Mehmet Muhtar, é um filme que, na verdade, é baseado na obra de Ali
Riza Seyfi, chamada Kazıklı Voyvoda (O Voivode Empalador). Acontece
que essa obra é semelhante a Powers of Darkness: é como se fosse
uma tradução do romance para o turco, mas com algumas alterações
significativas. No livro e no filme, o personagem de Renfield se chama
Güzin, e Mina é uma dançarina showgirl. As duas obras também
fazem menção direta a Vlad, o Empalador. A adaptação se tornou
notável por diversos motivos; entre eles, o fato de ser a primeira
versão em formato de filme com som a mostrar o Conde com presas
e escalando uma parede.

Entretanto, é somente em 1958 que temos o outro grande


representante do Conde em carne e osso: o filme O Vampiro da Noite,
dirigido por Terence Fisher, protagonizado por Christopher Lee como
Drácula e Peter Cushing como Van Helsing, um dos grandes sucessos
da produtora Hammer. Foi esse o filme que fixou a imagem do Conde
com presas, apesar de seu antecessor de 1953 ter sido o primeiro. A
imagem de Lee se tornou uma das mais fortes do vampiro, junto de
Bela Lugosi. Assim como o filme de 1931 rendeu uma série de
derivados, o mesmo aconteceu com o filme da Hammer, com Lee e
Cushing repetindo seus papéis — às vezes juntos, às vezes
separados. Alguns dos exemplos são os filmes As Noivas do Vampiro,
de 1960, e Drácula, O Príncipe das Trevas, de 1966.

LEIA+: A TRINDADE DO HORROR DA SEGUNDA METADE DO


SÉCULO XX

1970 – 1980

Em 1970 é lançada a versão de Drácula dirigida por Jesús Franco,


intitulada Conde Drácula. O filme não é uma produção da Hammer,
mas também conta com Christopher Lee no papel do Conde. O filme é
uma produção espanhola-italiana-alemã, e ficou reconhecida entre os
apreciadores da história de Bram Stoker por ser, até então, a que
contém maiores semelhanças com a obra original, apesar de uma ou
duas alterações e exclusões de personagens.

Os anos 1970 também trouxeram Blacula, O Vampiro Negro, em 1972,


e Os Gritos de Blacula, em 1973. Os filmes, dirigidos por William
Crain e Bob Kelljan respectivamente, não são exatamente uma versão
da história de Bram Stoker, mas deve ser listado como uma das
grandes obras que o romance gerou. Na história de Blacula, um
antigo príncipe africano chamado Mamuwalde é transformado em
vampiro pelo próprio Drácula. Em obras posteriores que utilizam o
cânone de Drácula como base, Blacula é citado entre suas derivações.

Em 1977 surge a versão para televisão produzida pela BBC, dirigida


por Philip Saville. E em 1979, aproveitando o revival da Broadway da
peça adaptada por Deane e Balderston nos anos 1920, também é
feita uma versão dirigida por John Badham, protagonizada por Frank
Langella.

É em 1979 também que temos o remake do filme Nosferatu.


Intitulado Nosferatu, O Vampiro da Noite, dirigido por Werner Herzog
e protagonizado por Klaus Kinski, o filme já recupera, desde o início,
os nomes que foram trocados em sua versão original de 1922. O filme
ainda hoje é um enorme sucesso, e os fãs costumam gostar tanto da
versão original quanto do remake, visto o trabalho primoroso que
Herzog fez.

1990

Os anos 1990 reavivaram um tipo de amor por vampiros que ficou um


pouco adormecido na década anterior. Se os anos 1980 nos
trouxeram alguns filmes de comédia com essas criaturas, como A
Hora do Espanto e Deu A Louca nos Monstros, é nos anos 1990 que
eles recuperam um pouco da seriedade. E em 1992 foi lançado o
terceiro entre os filmes de maior sucesso em representar o Conde:
Drácula de Bram Stoker, dirigido por Francis Ford Coppola, com um
elenco arrebatador que inclui Gary Oldman, Winona Ryder, Anthony
Hopkins e Keanu Reeves.
O filme altera algumas situações do livro, mas, além da versão de
Drácula de Jesús Franco, é o filme mais próximo em relação a obra.
Se tornou um sucesso instantâneo, unindo fãs do livros e fãs que não
conhecem a obra original, mas gostam do filme.

Após a obra de Coppola, muitos dos trabalhos sobre Drácula ou sobre


vampiros se utilizaram de elementos semelhantes. Pode se dizer,
inclusive, que Coppola iniciou o gás a mais que os vampiros
receberam daquela década em diante.

2000 – 2010

Muita, mas muita coisa foi feita sobre o Drácula nessas duas décadas
que se seguiram. Aproveitando a onda de vampiros que o Coppola deu
um empurrãozinho, várias versões sobre a história do Conde
surgiram. Em 2000, Patrick Lussier iniciou sua trilogia que é
composta por Drácula 2000, Drácula 2: A Ascensão, e Drácula 3: O
Legado Final. Lussier altera muitos elementos sobre o vampiro em si,
cria uma narrativa mais contemporânea aos anos 2000 e insere
características que não existiam anteriormente, afastando
definitivamente seus filmes da obra original.

É nos anos 2000 também que é lançado o filme A Sombra do


Vampiro, dirigido por E. Elias Merhige, com um elenco impressionante
com os nomes de Willem Dafoe, John Malkovich e Udo Kier. O filme é
uma espécie de documentário fictício do período em que Nosferatu,
de Murnau, foi gravado. Na história, o ator Max Schreck, que
interpretou Nosferatu em 1922, está levando a sério demais a ideia
de ser um vampiro.

Em 2012 é lançado o filme Drácula 3D, dirigido por Dario Argento,


estrelado por sua filha, Asia Argento, e muitos fazem questão de
esquecer que esse filme aconteceu. Em 2014 o filme Drácula: A
História Nunca Contada, dirigido por Gary Shore e protagonizado por
Luke Evans foi lançado, mas não teve o sucesso esperado. Em 2020, a
BBC e a Netflix se uniram para lançar uma minissérie em três
episódios sobre o vampiros, criada por Mark Gatiss e Steven Moffat e
protagonizada por Claes Bang. Essas três histórias lançadas na
segunda década dos anos 2000 tem algo em comum: reimagina a
história do Conde, suas origens e as sequências dos acontecimentos
de sua vida.

Entre esses anos outras histórias em que o personagem aparece


foram lançadas, como A Liga Extraordinária (somente seu nome é
mencionado, e quem realmente aparece é Mina), de 2003, Van
Helsing, o Caçador de Monstros em 2004, Drácula 3000: Escuridão
Infinita, também de 2004, e a comédia de animação Hotel
Transilvânia, de 2012

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