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2doctrina Da Nacao Ijexa PDF Free Export
2doctrina Da Nacao Ijexa PDF Free Export
Ijexá, cada
terreiro tem os seus costumes e maneiras diferentes de tratar seus Orixás, é um particular de cada nação e de cada
casa seguir aquilo que lhe foi passado por seus sacerdotes; respeito os fundamentos diferentes dos meus, pois a
cada cabeça uma sentença, talvez nem todos que lerem o que aqui está escrito concordarão; contudo seguirei
aquilo de que foi passado durante os vinte e um anos de aprontamento que tenho; convivi no meio de batuqueiros
velhos como Pai Pedro de Iemanja, Mãe Antonia de Bará, Preta de Oxala, Miróca de Xangô, Ademar de Ogum,
Nininho de Ogum, Pai Araci de Odé, Almiro de Bará, Delurdes de Oxum, Branca de oxum entre muitos outros,
os quais tenho grande respeito e agradecimentos com aqueles que alguma coisa me passaram e que me ajudou na
minha caminhada. No Rio Grande do Sul a maior nação ainda é a do Ijexá, isto não quer dizer que todas as casas
de Ijexá tem que fazerem exatamente igual os axés para os Orixás, cada um tem uma coisinha diferente para
acrescentar ou modificar, e isto é válido depende do que nos foi passado, se está indo bem assim para que
mudar? Só porque achou bonito o que viu na casa do outro? Não é bem assim cada casa de religião tem sua
maneira de proceder e no final todos chegam a mesma luz.
ÌJÈSÀ
A parte meridional da região era uma floresta que se transformou numa área de produção de cacau e noz de cola.
Na parte norte há uma vasta plantação de inhames e milho; além de outros produtos que além de serem
consumidos contribuem com o comércio com outras cidades importantes da área, inclusive Ilê-ife, Osogbo,
Akure, e mais adiante com Ibadan e Lagos, além das outras cidades da Nigéria. As estradas principais que ligam
Ilexá com outras regiões são pavimentadas, mas também há lugares onde a estrada é de chão batido, que dificulta
a passagem principalmente em dias de chuvas.
Como em todas as comunidades yorubás, a maior parte dos comerciantes são mulheres; elas são mulheres de
negocio que operam pequenos empreendimentos. A cidade de Ilexá tem a maior esfera comercial na região. O
mercado, localizado perto do palácio do Obá (rei), tem mais de mil comerciantes, que vendem por atacado e
varejo e ainda exportam seus produtos. Muitas pessoas de Ilexá são fazendeiras que praticam a horticultura, onde
a terra é cultivada pelos homens, enquanto as mulheres se empenham no comércio. Plantam arroz, bananas e
uma grande variedade de legumes. Algumas pessoas vão trabalhar fora da cidade durante um período de tempo
ou até se aposentarem, e ao retornam investem em pequenas fazendas, tais como: viveiros de peixes, produção
de frutas cítricas, produção de mel em pequena escala e outros empreendimentos econômicos baseados em
produção de comida.
Há um grupo de pessoas que formaram organizações que enfocam projetos para o desenvolvimento das
atividades da comunidade. Existe uma organização regional chamada Grupo de Solidariedade de ilexá, que
busca trazer membros de todas as comunidades para planejar, organizar e incentivar o desenvolvimento da
região. Eles já publicaram várias idéias de desenvolvimento industrial em Ilexá que deram certo.
SIMPATIAS, AXÉS E CHÁS
Verrugas:
Aplicar na verruga leite de figueira ou de coroa de cristo. Cuidar para não atingir os olhos. Ou torrar a casca de
uma banana e colocá-la, com a parte branca sobre a verruga e prender bem. A banana pode estar verde ou
madura, este remédio também serve para calos.
Tosse Alérgica:
Marmelo (fruta); colocar um marmelo num litro de água. Cozinhar e esmagá-lo com um garfo ou socador e
recolocá-lo para ferver, com duas xícaras de açúcar. Tomar 1 colherinha três vezes ao dia.
Bronquite:
Bananeira:Tomar um pé de bananeira, de 30 a 60 cm, com raiz, cortar em rodelas e colocar em camadas numa
vasilia (não de alunímio), com um quilo de açúcar. Deixar uma noite de repouso. De manhã, cozinhar, até o
ponto de mel. Coar. Deitar no bagaço que ainda resta, açúcar e meio litro de água e ferver durante 15 minutos.
Guardar em geladeira. Se fermentar, ferver de novo. Tomar uma colher 4 vezes ao dia.
Aipo ou salsão: ferver durante 15 minutos, 1 pé com raiz e tudo em 1 litro de água e meio quilo de açúcar. Tomar
uma colher 3 vezes ao dia.
Reumatismo no sangue:
Carrapicho (bardana): pegar um punhado de 200 gr de carrapicho ou semente de bardana, parti-las ao meio e
colocar num vidro de boca larga, com xícara de mel. Encher o litro com um vinho suave. Deixar em repouso, por
4 dias, coar, tomar 1 colher 4 vezes ao dia. Fazer uma pausa de 10 dias e repetir a dose. Se não houver cura
repetir a receita novamente.
Limeira: Preparar um chá, com 10 cm de raiz de limeira, por um litro de água. Tomar uma xícara, 3 vezes ao dia.
Dor de Cabeça:
Cravo da índia: colocar dentro de 3 xícaras de água fria 3 cravos, bem esmagados, durante 15 minutos. Depois
tomar.
Corticeira: ferver, durante 2 minutos, uma folha ou um pedacinho da casca da corticeira em uma xícara de água.
Tomar, podendo adoçar com mel.
Batata inglesa: Cortar em rodelas, 1 batata inglesa e pôr uma pitada de sal. Colocar na testa
Café, limão ou laranja: Tomar aos goles, 1 xícara de café preto, quente, adoçado, misturado com uma colher de
suco de limão ou de laranja.
Cólicas:
Manjerona, poejo - ferver, durante 3 minutos, em 2 xícaras de água um galhinho de manjerona ou poejo, tomar
frio em um dia.
Cólicas menstruais:
Louro: ferver durante 3 minutos, 1 folha de louro em 1 xícara de água. Tomar de uma só vez.
Funcho: Colocar um punhado de funcho machucado em álcool de farmácia 96, após 1 hora tomar 10 gotas, em
meio copo d'água.
Cólicas de nenês:
Extrair o suco das folhas de manjerona e com o mesmo esfregar a barriguinha da criança, massageando
suavemente.
Diabete:
Sabugueiro: ferver durante 3 minutos uma folha em 1 xícara de água. Tomar uma xícara por dia durante 90 dias.
Abacateiro: ralar o caroço de 1 abacate, colocar em um vidro com o suco de 9 limões. Deixar na geladeira
durante 9 dias. Coar. Tomar 1 colherinha por dia.
Carambola (fruta): Chupar em jejum 1 fruta de carambola por dia. Cuidado ela faz baixar a glicose em pouco
tempo.
Carambola (folhas): ferver 2 folhas em uma xícara de água, durante 3 minutos. Tomar uma ou mais xícaras por
dia, conforme se acertar com a glicose.
Jambolão: Ferver uma folha em uma xícara e água. Tomar uma xícara por dia.
Nogueira: ferver, durante 3 minutos, 1 folha por xícara de água. Esta chá liquida com a diabete, purificando o
sangue.
Abcesso ou Tumor:
Cebola branca: Cozinhar uma cebola e colocá-la, cortada em rodelas, sobre o furúnculo ou abcesso.
Língua de Vaca: lavar bem, uma folha de língua de vaca, secá-la, esmagar nas nervuras, com uma garrafa,
aquece-la no fogão, passar um pouco de banha e colocá-la sobre o furúnculo.
Babosa: (cataplasma) Pegar uma folha de babosa, tirar os espinhos e esmagá-la bem. Juntar uma colher de mel e
uma colher de farinha de trigo. Colocar esta mistura sobre o abcesso ou furúnculo.
Ácido Úrico:
Couve: machucar uma folha e ferver, durante 2 minutos, em 3 xícaras de água. Tomar 1 xícara, 3 vezes ao dia.
Cipó-cabeludo: ferver um pedaço de 15 centimetros, durante 7 minutos, em 3 xícaras de água. Tomar 1 xícara 3
vezes ao dia.
Alho: Esmagar os dentes de uma cabeça de alho. Colocar no álcool. Expor o vidro aos raios de sol, durante 15
dias, sacudindo o vidro, todos os dias. Tomar, em meio copo de água, 5 gotas por dia.
Adenóides:
Limão: espremer um limão médio num copo. Colocar uma colherinha de sal. Diluir e pingar uma gota por dia,
em cada narina. Molhar o algodão com esta mistura e fazer massagens nos lados das narinas.
Própolis: Passar essência de própolis, pingar e massagear, por fora das narinas.
Afecções do baço:
Alfazema: Aplicar catlapasma quente. Cozinhar uma planta (caule e folhas) e aplicar sobre a região do baço.
Chá de Alfazema: Preparar o chá, com 2 folhas de alfazema, por xícara de água. Tomar 1 xícara, 4 vezes ao dia.
Alcoolismo:
Maracujá: Colocar 3 folhas e 3 flores ou 3 frutos dentro de uma garrafa de cachaça, durante 7 dias. Tomar uma
colher pela manhã e uma à tarde.
Couve: Colocar 3 talos de couve, durante 7 dias, dentro de uma garrafa de cachaça. Tomar uma colher de manhã
e uma à tarde.
Pimentão verde: Colocar um pimentão verde, dentro de uma garrafa de cachaça, durante 7 dias, tomar uma
colher de manhã e uma à tarde.
Cancerosa: Colocar 10 folhas dentro de uma garrafa de cachaça, durante 7 dias. Tomar uma colher de manhã e
uma à tarde.
Guiné: Colocar 3 raízes dentro de uma garrafa de cachaça, durante 7 dias. Tomar uma colher pela manhã e uma à
tarde.
Café e Sal (para passar a bebedeira): Tomar 1 xícara de café forte com sal.
Anemia e Fraqueza:
Beterraba: Uma beterraba com casa, cortada em rodelas, colocadas em camadas numa vasilia (não de alumínio) ,
com meia xícara de açúcar, deixar em repouso, durante 3 horas, tomar 3 vezes ao dia: adultos, 1 colher e
crianças, 1 colherinha.
Ferro: Pôr um pedaço de ferro, de 4 centimetros, e sem outras misturas, dentro de um vidro de 800 gramas, de
melado de cana ou rapadura e encher o vidro com vinho. Deixá-lo exposto aos raios do sol, durante 7 dias.
Tomar 1 colher por dia.
Melado: Tomar uma colher de melado 3 vezes ao dia.
Mocotó: ferver uma pata de rês, sem casco, até desmanchar. Colocar sal, retirar toda a gordura e comer, uma vez
por semana, todas as nervuras, tomando um copo do caldo que restou. Isto reconstitui o cálcio do organismo
alivia o cansaço da cabeça.
Cenoura ralada: Tomar um copo de cenoura ralada, com leite ou com vinho, ou melado, pela manhã.
Espinafre: Bater no liquidificador, um punhado de cerca de 200 gramas de espinafre. Adoçar com mel e colocar
suco de limão. Tomar uma colher 2 vezes ao dia.
Palpitações:
Mel: Tomar uma colher de mel puro, todos os dias.
Alface: fazer uma chá com uma folha de alface, para uma xícara de água. Colocar a folha na xícara e sobre a
mesma água fervente. Tampar e deixar em infusão, durante 5 minutos. Tomar uma xícara, 3 vezes ao dia. Este
chá serve também para nevralgias, cólicas intestinais e reumatismos.
Artrite (reumatismo deformante):
Bardana: Pegar 4 ou 5 folhas de bardana e colocá-las uma em cima da outra, cobri-las com um pano e passar
ferro quente. Colocar as folhas aquecidas sobre a parte dolorida.
Câimbras:
Mel: Tomar 2 colheres de mel, à noite, antes de deitar.
Laranja e Mel: Colocar 1 xícara de mel em 1 litro e terminar de enchê-lo com suco de laranja. Agitar bem. Tomar
tudo, durante 1 dia.
Banana: Comer 2 bananas , ao deitar.
Reumatismo no Sangue:
Carrapicho (bardana): Pegar um punhado de 200 gramas de carrapicho ou semente de bardana, parti-las ao meio
e colocá-las num vidro de boca larga, com 1 xícara de , mel. Encher o vidro com um vinho suave. Deixar em
repouso por 4 dias . Coar. Tomar 1 colher, 4 vezes ao dia. Fazer uma pausa de 10 dias e repetir a dose. Se não
houver cura repetir a receita novamente.
Limeira: preparar um chá, com 10 cm de raiz de limeira, por 1 litro de água. Tomar 1 xícara 3 vezes ao dia.
Ataques Epiléticos:
Pente de macaco: para chá, pode-se usar toda a planta. Pegar um punhado de 200 gramas de folhas, por litro, ou
um pedaço de 4 cm de cipó, por litro. Tomar uma xícara de chá, 2 vezes ao dia.
Essência de cipó de pente de macaco: apanhar 3 punhados de folhas de cipó de pente de macaco, por litro de
álcool ou 9 pedaços de cipó , de 4 cm. Colocar as folhas ou cipó num vidro de um litro e encher com cachaça ou
álcool de farmácia. Deixar em infusão, durante 4 dias. Tomar com água , 4 vezes ao dia, conforme segue: de 0 a
1 ano de idade, 3 gotas; de 2 a 4 anos, 4 gotas; de 5 a 8 anos 5 gotas; de 9 a 11 anos, 8 gotas; de 15 anos em
diante, 10 a 15 gotas.
Cobreiro:
Alho: Esmagar folhas ou dentes de alho e misturar com azeite. Passar no local afetado, 1 ou 2 vezes ao dia.
Enxaqueca:
Pétalas de rosa: ferver durante 2 minutos, 4 pétalas de rosa, de preferência branca, em 1 xícara de água. Tomar 2
xícaras por dia ou quando for necessário.
Cebola e Açúcar: Caramelar 1 xícara de açúcar. Juntar uma cebola ralada, 4 colheres de água. Cozinhar durante 5
minutos. Tomar 1 colher, 3 vezes ao dia.
Casca de Laranja: Mastigar, durante o dia, casca de laranja, por 6 dias seguidos.
Ovo e Pimenta: Aquecer 1 ovo, durante 3 minutos; quebrar-lhe a ponta e juntar 3 grãos de pimenta bem moída.
Tomar de uma só vez.
Café e Limão: 1 xícara de café preto, bem quente, adoçado. Juntar uma colher de suco de limão ou de laranja.
Tomar em goles. Repetir se for necessário .
Semente de aveia: Dormir com travesseiro de sementes de aveia.
Orientações Gerais:
3) - Como proceder?
Recolher as ervas e cobrí-las, para secar, em lugar bem limpo e ventilado, na sombra, pode ser sobre uma mesa.
A religião Afro-Brasileira, estabelecida no Estado do Rio Grande do Sul, no tocante à história de suas origens,
não guardou uma fonte segura de informações, e o pouco que se tem guardado vem de opiniões do boca a boca
de geração para geração, e as incertezas nas colocações de como eram os rituais antigos ainda estão contidos nos
descendentes, que hoje pouco revelam os segredos e as histórias, acontecimentos religiosos que se posto à
público só enriqueceriam o nosso aprendizado, exatamente por este motivo muitos sacerdotes tem maneiras
diferentes de cultuar seus Orixás, há regras que ainda se segue sem mudança alguma, como é o caso da Balança
quando há festa de quatro pés, da Obrigação do Atã, na terminação da festa, do Ecó para levar embora as cargas
negativas, e outras obrigações mudam com o passar dos anos como por exemplo a feitura de um filho de Santo.
Na antiga casa de religião do saudoso Paulino de Oxalá a feitura de um filho de santo começava com uma
lavação de cabeça com o omieró, em seguida um aribibó, e após este fazia-se um Bori e sentava-se o Bará para
aquele filho; este Bará recebia obrigações de quatro pés durante sete anos e só depois é que ele aprontava o filho
com o assentamento do restante das obrigações. Pai Paulino de Oxalá, nasceu na cidade de Pelotas, no Estado do
Rio Grande do Sul, e foi pronto na religião por uma escrava que veio de navio para o porto de Rio Grande e ali
se estabeleceu, sua origem era da Nigéria (África), provavelmente este grupo de escravos tenha passado por
outros estados no Brasil, mas se estabeleceram, graças a Deus, aqui no Rio Grande do Sul. Há muitos que
pensam que o nosso batuque é filho direto do Candomblé praticado na Bahia, porém, em visita a uma casa de
origem Ketu, de um respeitado Babalorixá chamado Albino de Paula, descendente direto de raízes africanas, e de
pai Ademir de Iansã, Tata de Inkinsi pronto há muitos anos na nação Angola constata-se que nosso ritual é muito
distante do Candomblé, o que mais nos aproxima é a linguagem yoruba, que também é usado no candomblé de
Ketu, mas, mesmo com as adaptações que foram feitas pelos afros-descendentes que se estabeleceram em cada
estado brasileiro, para poderem continuar cultuando seus Orixás, a diferença nos rituais são imensas, fazendo
com que nosso ritual seja quase que único, de uma especialidade inigualável. Temos que dar mais valor a nossa
cultura, procurar saber mais de nossa história religiosa e divulgar o nosso culto, fazer respeitar as raízes afro do
nosso Rio Grande do Sul, e manter esta árvore viva.
Tenho sido enfático no tocante a preservação dos nossos rituais Africanos por que se nota que o batuque puro,
fiel às raízes, vem perdendo espaço para chamada linha cruzada, o fato é que se facilitar surgirá uma mistura que
não se saberá o que se está cultuando, há de ter uma separação para preservação da "ciência" na prática dos
rituais, Umbanda é Umbanda, Quimbanda é Quimbanda e Nação Africana é outro ritual, seria melhor cultuar um
de cada vez. As casas de religião tem autonomia para decidir sobre seus afazeres no culto de seus rituais, sem
que haja interferências, o Pai ou Mãe de Santo exerce sua autoridade, mas com jeitinho as coisas acabam
mudando; muitas vezes se aproxima da casa, novos filhos que já cultuam a umbanda e ou os exus, e os
sacerdotes, procuram aprender as práticas rituais da umbanda e dos exus; o que não se pode é deixar um ritual
tomar conta de outro, como já se vê em certos lugares, o melhor é cultuar um de cada vez, e todos os rituais
serão preservados.
FESTA GRANDE
Chamamos de festa grande a obrigação que tem ebó, ou seja quando há sacrifícios de animais de quatro pés,
oferecemos aos Orixás cabritos, cabras, carneiros, porcos e ovelhas, (quando se matam somente aves aí é
quinzena). Costumamos fazer festa de quatro pés para nossos Orixás de quatro em quatro anos, e serve para
homenagear o Orixá "dono da casa", e é onde os filhos que ainda não tem sua casa de religião própria
aproveitam para fazerem suas obrigações de dar comida a seus Orixás também. È uma cerimônia que coincide
com a data em que aquele sacerdote teve assentado seu Orixá de cabeça, ou seja a data de sua feitura. A festa dos
Orixás tem um ciclo ritual longo, começando com a feitura de trocas (limpezas de corpo) que é feita em todos os
filhos que irão fazer obrigações para seus Orixás; limpeza na casa compreendendo todas as construções que
fazem parte daquele terreiro, o Pai ou Mãe de Santo também faz uma troca. Troca é um trabalho de limpeza de
corpo que se faz dentro da religião, usando vários axés de Orixás, varas de marmelo vassouras de Xapanã, um
galo para sacrifício e uma outra ave para soltar viva, geralmente usa-se pombo, mas conforme for o caso
podemos soltar galos ou galinhas, vivos, para acompanhar um axé de troca (que envolve sacrifício). Após tudo
descarregado ainda fizemos um axé doce para os Orixás de praia Bará Ajelú, Oxum, Iemanja e Oxala e também é
passado nos elebós e na casa. No dia da matança é que fizemos a homenagem para os Barás, que também serve
como segurança para a obrigação; no candomblé chamam este ritual de Padê. Por que são feitos tantos axés antes
do começo de uma obrigação? Muita gente faz esta pergunta e é bom esclarecer que se uma pessoa vai dar
"comida" a seus Orixás, irá fazer um retiro espiritual dedicado ao Santo, tem que estar com o corpo e a "aura"
limpos, sem qualquer vestígio de cargas negativas, sem acompanhamento espiritual ruim, em fim livre de
qualquer perturbação, pois se alguém colocar Axorô (sangue) na cabeça com cargas ruins no corpo, acabam
fortalecendo mais a força negativa; todos indivíduos que participarem de uma obrigação de Orixá, desde o
tamboreiro (alabê) devem estarem "limpos", também, espiritualmente. Nesta ocasião também se confirmam os
graus de iniciação dos filhos da casa como Bori, e aprontamento, no qual os filhos podem receber seus axés de
facas e de búzios, enfim é nesta ocasião que se realizam as grande solenidades rituais dos terreiros de nação para
o crescimento pessoal e espiritual dos filhos da casa, e também servem para reforçar os próprios sacerdotes e
seus Orixás. Antigamente as casa de religião afro realizavam a festa do boi, com sacrifício de um touro pequeno,
o ritual durava um mês inteiro, após, era a festa de quatro pés, com sacrifício de bodes, cabras, ovelhas, porcos e
carneiros, depois a matança era de peixe e finalmente a confirmação da festa com sacrifício de aves e a
terminação era com a mesa dos Ibêjes; hoje em dia, quase não existe mais quem faça este ritual.
Após as limpezas todas, logo que se passa o axé de Bará e o galo que será oferecido no cruzeiro (encruzilhada),
os elebós (pessoal de obrigação) tomam um banho de descarga e já ficam confinados ao templo, ou seja,
abandonam provisoriamente a vida social externa em favor dos rituais. A partir deste momento não se pode
dormir em camas, fazer a barba e tomar banho (nos dois primeiros dias), conversam somente o necessário, não
vêem televisão, não falam ao telefone, não comem com garfo e faca; comida comum come-se de colher, e de
orixás, usa-se os dedos para por os alimentos na boca, de acordo com o chefe da casa estas imposições podem
ser mais ou menos rígidas, por exemplo em certas casas quem tem o axé de facas podem fazer uso de facas para
cortarem os alimentos.
Quando o pessoal que foi fazer a obrigação de corte no cruzeiro voltar aí começa a matança no Bará Lodê e
Ogum Avagã, que habitam uma casa na parte da frente do terreiro, nesta matança é oferecido um quatro pé e
aves para o Lodê e outro quatro e as aves,correspondentes, para Ogum Avagã. Nesta matança participam
somente homens e mulheres que não mestruam mais. Os quatro pés são apresentados aos Orixás; faz-se uma
"chamada", na qual são feitos os pedidos de proteção e caminhos abertos para tudo aquilo que é bom para todos
os filhos presentes e ausentes etc... encaminha-se os cabritos, já com os pés lavados, do portão até a frente da
casa dos Orixás Lodê e Avagã, onde estão as vasilhas com os assentamentos, os animais devem comer folhas
verdes(orô, folhas de laranjeira, etc.), que é um sinal de aceitação da oferenda pelo Orixá, assim que o animal
comer já é levantado e é feito o corte para o Orixá Lodê e em seguida o mesmo para Ogum Avagã; a matança é
acompanhada com o toque de tambores e agê, e tira-se axés para cada Orixá que receberá o sacrifício, na hora
que corre o axorô tira-se um axé determinado, isto é para todos Orixás que irão ter animais de quatro pés como
oferenda. Na nação Ijexá os animais sacrificados para o Bará Lodê e Ogum Avagã, entram pela porta dos fundos
do salão; neste já esta arriado no chão uma toalha grande com todos os axé de Bará a Oxalá; coloca-se nesta
"mesa" os quatro pés e as aves. E aí canta-se novamente um axé para cada Orixá do Bará ao Oxalá e levanta-se
os quatro pés e leva-se, pela porta dos fundos, para serem limpos; tira-se o couro, que será aproveitado(para fazer
tambores), tira-se a buchada que será enterrada, e dos miúdos como: fígado, rins, coração etc.. são cozidos e
destes são tirados pedaços que farão parte das inhalas (partes dos animais que pertencem aos Orixás) do restantes
dos miúdos é feito o chamado sarrabulho. Assim que são retirados da "mesa" os quatro pés dos orixás de rua,
começa a obrigação dos Orixás de dentro de casa; o ritual é o mesmo começando agora com Bará Adague que
come cabrito de cor avermelhado ou preto com branco; Bará Ajelú que come cabrito Branco; Ogum come bode
de cores variados menos preto, Iansã come cabra avermelhada ou preto com branco; Xangô que come carneiro,
Odé come porco, Otim come porca, Obá come cabra mocha (sem chifres), Ossãe come bode de cor clara;
Xapanã come bode de cores variadas, menos preto; Oxum come cabra amarelada, Iemanja come Ovelha, Oxalá
come cabrita branca; Na nação Ijexá não oferecemos animais de cor preta para nenhum Orixá, nem mesmo para
o Bará Lodê, que é Orixá de rua. Para cada Pessoa que está de obrigação corta-se um quatro pé para o Bará que
corresponde para ela, nesta nação, não se pode dividir um animal de quatro pés para mais de um Bará; e o animal
do Orixá de cabeça também é separado, cada Orixá de cabeça come seu quatro pé correspondente.
Pela ordem, a cada sacrifício os filhos vão recebendo o axorô de seu Orixá no ori, cobre-se a cabeça com as
penas das aves e o padrinho amarra a trunfa. No momento que se corta para o Orixá de cabeça é guando o Orixá
pode se manifestar em seu filho(a).
Os quatro pés oferecidos para os Orixás de dentro de casa também são arreados na toalha que está estendida no
chão (no salão), com os axés de Bará ao Oxala. Após cotar para o último Orixá, que é o pai Oxalá, tira-se
novamente uma reza para cada Orixá (canta para os Orixás) do Bará até o Oxalá e os Orixás que estão no
mundo, incorporados em seus filhos, vão despachar as águas das quartinhas que estavam na "mesa" de quatro
pés, na volta já é levantado a mesa, retirando-se os animais na ordem em que foram sacrificados; Neste momento
entra em ação o pessoal da cozinha, que já começam a servir a obrigação do pirão do Lodê e do Avagã e todos
devem comer de pé(os fiéis não se sentam, para comer, em respeito a este Orixá), é servido primeiro para os
homens e para as mulheres de cabeça de Orixá masculino, pede-se agô, na porta da frente e deve ser comido sem
o auxilio de talheres, usa-se os dedos para comer o pirão; Todos os animais que foram sacrificados deverão
serem limpos e preparados para servir para os que estão de obrigação e distribuídos para o pessoal levar para
casa no final da festa, junto com outros axés como: pipoca, rodelas de batata doce frita, feijão miúdo cozido e
refugado com tempero verde ( salsa e cebolinha verde), farofa, bananas, maças, laranjas, acarajé, axoxó, que são
servidos em bandejas e é o que chamamos de mercado; através dos "mercados" a energia dos orixás, festejados,
também chegam até a casa dos participantes em geral, nesta obrigação.
FESTA
No dia da festa o salão é enfeitado com as cores do Orixá homenageado, e as cores dos axós (roupas) também
obedecem a esse padrão. Numa festa para Xangô, as cores preferenciais para todos é o vermelho e branco, o que
não significa que todos tenham que usar somente essas cores, os filhos de oxum , por exemplo, podem usar o
amarelo.
A abertura da festa se da com a chamada(invocação aos Orixás), feita com a sineta (adjá), e o sacerdote se
ajoelha em frente a seu peji (quarto de santo), saudando de Bará a Oxala e pedindo para os orixás tudo de bom
para este evento. Isto feito, os tamboreiros (alabês) começam a tirar (cantar) as "rezas" de cada Orixá, forma-se a
roda para dançarem, no centro do salão, movimentando-se no sentido anti-horário. A cada Orixá correspondem
coreografias especiais, relacionadas às suas características; nesta roda só dança quem é pronto, que tenha bori ou
obrigação de quatro pés no ori (cabeça).
Tira-se as "rezas" de Bará até Xangô, quando, interrompe-se tudo para formar a "Balança", nesta só participam
os que tem aprontamento completo, com Orixás assentados; É uma cerimônia realizada somente em festa que
tenha sido sacrificado animais de quatro pés, (em obrigações só de aves não se faz balança), é considerado o
ponto crucial da obrigação, esta "roda" traz Orixás e se mal executada pode levar "gente". Se romper a balança,
algo de muito grave poderá acontecer, possivelmente a morte de alguém que participa da "roda de prontos"; por
isso é bom escolher bem quem vai participar de uma obrigação tão séria como esta. A balança é de Xangô, e o
número de participantes é de seis, doze ou vinte e quatro pessoas; As pessoas entrelaçam firmemente as mãos,
avançam e recuam para o centro e a periferia da "roda", que gira no sentido anti-horário, e os Orixás vão se
manifestando; logo é tocado o Alujá de Xangô, e neste momento a roda se desfaz e há grande número de Orixás
manifestados em seus filhos, sendo saudados pelos fiéis.
Há um intervalo, para descanso dos alabês e em seguida recomeça o toque dos tambores cantando-se para Odé,
Otim, Obá, Ossãe e Xapanã. No final do axé de Xapanã, despacha-se o ecó, cujo objetivo é expulsar todas as
cargas negativas, também aqueles males extraídos durante as "limpezas" (axés) conduzidas pelos Orixás nos
fiéis, esta parte da obrigação é destinada ao Orixá Bará.
Após a obrigação do ecó, tira-se os axés (cantos) para os Ibêjes, na qual tem a participação das crianças. Neste
dia não tem a tradicional mesa de Ibêjes, é oferecido para o Orixá Oxum ou Xangô uma bandeja contendo balas,
fatias de bolos, frutas e pirulitos, e estes distribuem para criançada. Na continuação da festa, tira-se o axé de
Oxum, que se manifesta em seus filhos, estas chegam vaidosas, distribuindo alegria, atiram perfume nos fiéis,
que saúdam a deusa da felicidade; em seguida os cantos são para Iemanja, que se manifestam para serem
homenageadas; Seguem-se os axés, tirando agora os axés do Pai Oxalá, que ao se manifestar sempre é saudado
com grande louvor. Os Orixás se cumprimentam entre si, batem cabeça para os Orixás e sacerdotes mais velhos ,
há um respeito mutuo entre eles. Após os axés do pai Oxala tira-se o axés (cantos) para serem entregues os
presentes, como: bolos, bandejas contendo quindins, flores, jóias etc.., que são oferecidos ao Orixá
homenageado. Os orixás(ou Orixá da casa) dão as mensagens finais e de agradecimento, tiram (cantam) seus
axés, e são despachados para virarem erês (aqui no sul dizem axerê ou axêro, que é um estágio intermediário
entre o orixá manifestado e o estado normal do "filho", falam um vocabulário próprio, e se comportam como
crianças, fazem brincadeiras, e demonstram sua alegria com a festa. Os outros Orixás também cantam seus axés
para serem despachados, e termina a cerimônia . É distribuído os mercados,o qual já mencionei anteriormente, e
o pessoal vai embora. Os filhos que estão de obrigação permanecem no terreiro para dar continuidade ao ritual.
Geralmente, três dias após a "matança", é feita a "levantação" das obrigações. Esta etapa, corresponde a um
momento particular, na qual participam somente os filhos da casa e os que estão em iniciação. Neste momento,
todos os "otás" (ocutás), e objetos sagrados que receberam o axorô (sangue dos animais) são retirados das
"vasilhas" (alguidares e bacias de louça), e são lavados com omieró, (no Orixá Bará passa-se apenas um pano
umedecido no omieró, não se deve molhar muito os objetos de assentamento deste Orixá).
OBRIGAÇÃO DO PEIXE
Após a levantação de quatro pés deixa-se os orixás "descansarem" por um ou dois dias; e no dia da semana,
marcado para "matança do peixe" pela manhã, bem cedo vai-se ao mercado público, ou no cais do porto, buscar
o peixes vivos. usa-se na nação Ijexá Jundiá, para os Orixás Bará, Ogum, Xangô, Odé, Ossãe e Xapanã e peixe
da qualidade Pintado para todas iyabás e também para o pai Oxalá. Os peixes devem chegar vivos ao templo
para a cerimônia. Todas as "vasilhas" com os Otás (ocutás) e ferramentas recebem o axorô (sangue) do peixe. A
carne dos peixes é consumida pelos elebós (iniciados que estão reclusos no templo). A obrigação do peixe fica
arreada por vinte e quatro horas. Após este período levanta-se a obrigação e leva-se para praia junto com os axés