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‘De Testemunho Cabal’


Sobre o Reino de Deus
Letra Grande
s
btlp-TPO
230627
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‘De Testemunho Cabal’
Sobre o Reino de Deus
Letra Grande

Este livro pertence a

˜ ˜ ´ ´
Esta publicaçao nao e vendida. Faz parte de uma obra educativa bıblica,
mundial, mantida por donativos.
Para fazer um donativo, aceda a donate.jw.org.
˜ ´ ˜
A menos que haja outra indicaçao, os textos bıblicos citados sao da
˜ ´
Traduçao do Novo Mundo da Bıblia Sagrada.
ˆ
‘De Testemunho Cabal’ Sobre o Reino de Deus – Letra Grande
“Bearing Thorough Witness” About God’s Kingdom—Large Print
˜
Ediçao de junho de 2023
Portuguese (Portugal) (btlp-TPO)
˘ 2023
WATCH TOWER BIBLE AND TRACT SOCIETY OF PENNSYLVANIA
Contacto em Portugal
˜ ´
Associaçao das Testemunhas de Jeova
˜
Rua Conde Barao, 511, Alcabideche, Portugal
Prezado proclamador do Reino:
ˆ ´ ´ ˜
Imagine que voc e e um dos ap ostolos que estao
`
no monte das Oliveiras. Jesus aparece a sua frente.
´
Pouco antes de ir para o c eu, ele diz: “Quando o
´ ˆ ˜
espırito santo vier sobre voc es, receberao poder e
˜ ´
serao minhas testemunhas em Jerusalem, em toda
´ `
a Judeia e Samaria, e ate a parte mais distante da
terra.” (Atos 1:8) Como reagiria?
Talvez se sentisse perplexo diante de uma ta-
˜ ´ ´
refa tao difıcil. Talvez se perguntasse: ‘Como e
´ ´
que nos, um pequeno grupo de discıpulos, va-
´ `
mos conseguir dar testemunho “ate a parte mais
distante da terra”?’ Pode ser que se lembrasse do
`
aviso que Jesus deu na noite anterior a sua mor-
˜ ´
te: “O escravo nao e maior do que o seu senhor.
´
Se me perseguiram a mim, tamb em vos persegui-
˜ ` ´
rao; se obedeceram as minhas palavras, tamb em
˜ ` ˜
obedecerao as vossas. Mas farao todas estas coisas
ˆ ˜
contra voc es por causa do meu nome, porque nao
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conhecem Aquele que me enviou.” (Joao 15:20, 21)
Ao refletir nessas palavras, talvez se perguntas-
se: ‘Como vou conseguir dar testemunho cabal em
˜ ˜
face de tanta oposiç ao e perseguiç ao?’
´
Hoje, nos deparamo-nos com perguntas simila-
´
res. Como Testemunhas de Jeov a, a nossa
˜ ´
comissao tamb em inclui dar testemunho cabal
´ `
“ate a parte mais distante da terra” a “pessoas de
˜ ´
todas as naç oes”. (Mat. 28:19, 20) Como e que essa
obra pode ser realizada, especialmente em vista da
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predita oposiç ao?
´
Atos dos Ap ostolos fornece-nos um relato emo-
´ ˜
cionante sobre como os ap ostolos e os seus irmaos
˜ ´
cristaos no primeiro seculo EC conseguiram cum-
˜ ´
prir a sua designaç ao com a ajuda de Jeova. O livro
ˆ ´
que voc e esta a ler tem o objetivo de o ajudar a
˜
analisar esse relato e sentir a emo ç ao dos even-
´ ´
tos dramaticos registados no livro de Atos. Ficara
surpreendido ao ver os paralelos que existem en-
´
tre os servos de Deus do primeiro seculo e o Seu
´ ˜
povo hoje. Vera que esses paralelos estao relacio-
˜
nados nao apenas com a obra que realizamos, mas
´
tamb em com a maneira como estamos organiza-
´
dos para realiza-la. Refletir nessas similaridades,
´ ´ ˜
sem duvida, fortalecera a sua convicç ao de que
´
Jeova Deus continua a dirigir a parte terrestre da
˜
sua organizaç ao.
Oramos sinceramente para que o estudo do li-
vro de Atos fortale ça a sua confiança na ajuda de
´ ´
Jeova e no poder sustentador do espırito santo.
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Desejamos que, dessa forma, voc e se sinta encora-
jado a continuar ‘a dar testemunho cabal’ sobre o
Reino de Deus e a ajudar outros a encontrar o ca-
˜
minho da salvaç ao. — Atos 28:23; 1 Tim. 4:16.
˜
Os seus irm aos,
Corpo Governante
das Testemunhas de Jeová
´
SU M A R I O
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CAPITULO PAGINA
˜
INTRODUÇAO
˜ ´
1. “Vao e façam discıpulos” ˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛ 7

˜ ˆ ´
SEC ÇAO 1 “Voces encheram Jerusalem
com os vossos ensinamentos”
˜
2. “Serao minhas testemunhas” ˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛ 21
´
3. “Cheios de espırito santo” ˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛ 33
˜
4. “Homens comuns e sem instruçao” ˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛ 49
5. “Temos de obedecer a Deus
como governante” ˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛ 67

˜ ˜
SEC ÇAO 2 “Começou uma grande perseguiçao
˜
contra a congregaçao”
ˆ ˜
6. Estevao – “cheio de favor divino
e de poder” ˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛ 84
7. Filipe declara “as boas novas
a respeito de Jesus” ˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛ 98
˜
8. A congregaçao “entrou num
´
perıodo de paz” ˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛ 113
´ ´
CAPITULO PAGINA
˜ ˜
SEC ÇAO 3 ‘Pessoas das naçoes aceitaram
a Palavra de Deus’
˜ ´
9. “Deus nao e parcial” ˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛ 132
´
10. “A palavra de Jeova crescia” ˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛ 147

˜ ´
SEC ÇAO 4 “Enviados pelo espırito santo”
´
11. “Cheios de alegria e de espırito santo” ˛˛˛˛˛˛˛ 161
12. “Falar corajosamente com a
´
autoridade de Jeova” ˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛ 177

˜ ´ ˜
SEC ÇAO 5 “Os ap ostolos e os anciaos reuniram-se”
´
13. “Depois de muita discordia” ˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛ 193
14. “Decidimos, de comum acordo” ˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛ 208

˜ ˜
SEC ÇAO 6 “Vamos voltar e visitar os irmaos”
˜
15. ‘Fortalecer as congregaçoes’ ˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛ 226
` ´
16. “Vem a Macedonia” ˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛ 243
17. Paulo ‘raciocinou com eles,
usando as Escrituras’ ˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛ 260
´ ´
CAPITULO PAGINA
18. Incentivo para ‘buscar a Deus
e realmente o encontrar’ ˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛ 274
˜
19. “Persiste em falar e nao fiques calado” ˛˛˛˛˛˛˛ 292
˜
SEC ÇAO 7 Paulo ensina “publicamente
e de casa em casa”
20. “A palavra [...] crescia e prevalecia”
˜
apesar de oposiçao ˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛ 310
21. “Estou limpo do sangue
de todos os homens” ˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛ 325
´
22. “Seja feita a vontade de Jeova” ˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛ 341
˜
SEC ÇAO 8 Paulo prega o Reino de Deus
“sem nenhum impedimento”
23. ‘Ouçam a minha defesa’ ˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛ 356
24. “Tem coragem!” ˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛ 373
´
25. “Apelo para Cesar!” ˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛ 386
ˆ ´
26. “Nenhum de voces morrera” ˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛ 401
27. Dar “testemunho cabal” ˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛ 418
˜
CONCLUSAO
´ `
28. “Ate a parte mais distante da terra” ˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛˛ 435
´
CAPITULO 1


˜ ´
“Vao e façam discıpulos”
˜ ´
Visao geral de Atos dos Ap ostolos e
como se relaciona com os nossos dias
´
REBECCA, uma jovem Testemunha de Jeova do
´
Gana, considerava a escola o seu territorio especial
˜ ˜ ´
de pregaç ao. Ela tinha sempre publicaç oes bıblicas na
mochila. Nos intervalos, ela procurava oportunidades
para dar testemunho aos colegas. Rebecca iniciou es-
´ ´
tudos bıblicos com varios deles.
´
2 Na ilha de Madagascar, perto da costa leste de
´
Africa, um casal de pioneiros caminhava regularmen-
´
te cerca de 25 quilometros debaixo do sol tropical.
˜
Eles faziam isso para chegar a uma povoaç ao remota
´
e dirigir estudos bıblicos com pessoas interessadas.
Para alcançar pessoas que moram ao longo dos
3

´ ´
rios Paraguai e Parana, Testemunhas de Jeova no Pa-
´ ´
raguai e voluntarios de outros 15 paıses trabalharam
´
juntos para construir um barco de 130 metros cubi-
´
cos, que pode acomodar ate 12 pessoas. Por meio
ˆ ´ ˜
1-6. D e um exemplo de Testemunhas de Jeova a pregarem em situaçoes
muito variadas.
˜ ´
“VAO E FAÇAM DISCIPULOS” 7
dessa casa flutuante, proclamadores zelosos do Reino
˜
divulgaram as boas novas em regioes que de outra
˜
forma nao poderiam ser alcançadas.
4 No Extremo Norte, Testemunhas de Jeova´ no
Alasca aproveitaram uma oportunidade especial para
˜
dar testemunho durante o verao. Quando temperatu-
ras mais amenas trouxeram os navios de cruzeiro
cheios de turistas de muitas nacionalidades, as Teste-
´
munhas de Jeova locais foram para as docas e expu-
˜ ´
seram de forma atraente publicaç oes bıblicas em
´ ´ ˜ ˜
varias lınguas. Nessa mesma regiao, um aviao mos-
´ ˜
trou-se muito util para chegar a povoaç oes isoladas,
permitindo assim que as boas novas fossem divulga-
´
das nas comunidades dos aleutes, atapascas, tsimshi-
ans e tlingits.
´
5 Larry, do Texas, EUA, tinha um territorio especial
– o seu lar de terceira idade. Apesar de estar numa
cadeira de rodas por causa de um acidente, Larry
mantinha-se ocupado. Ele partilhava com outros a
´
mensagem do Reino, incluindo a sua esperança bıbli-
ca de um dia, sob o governo do Reino, voltar a andar.
— Isa. 35:5, 6.
ˆ
8 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
6Para assistir a uma assembleia no norte de Myan-
´
mar, um grupo de Testemunhas de Jeova saiu de
ˆ
Mandalay e viajou tres dias de barco. Ansiosas para
˜ ´
pregar as boas novas, elas levaram publicaç oes bıbli-
cas e ofereceram-nas aos outros passageiros. Sempre
˜
que o barco parava numa cidade ou numa povoaç ao,
esses pregadores dispostos desembarcavam e percor-
˜
riam a localidade, oferecendo publicaç oes. Entretan-
to, outros passageiros embarcavam, tornando-se um
´
“novo territorio” quando os publicadores do Reino
voltavam para o barco.
˜
7 Como os irmaos ˜
e irmas mencionados nestes
´
exemplos, adoradores zelosos de Jeova em todo o
˜
mundo estao a dar “um testemunho cabal sobre o
˜
Reino de Deus”. (Atos 28:23) Eles vao de casa em
casa, conversam com as pessoas na rua, escrevem-lhes
cartas e falam com elas por telefone. No autocarro,
ao caminharem num parque ou durante o intervalo
˜
do trabalho, eles estao sempre atentos a qualquer
oportunidade para dar testemunho sobre o Reino de
´ ´ ˜
7. De que maneiras e que os adoradores de Jeova dao testemunho sobre
´
o Reino de Deus, e qual e o objetivo deles?
˜ ´
“VAO E FAÇAM DISCIPULOS” 9
´ ´
Deus. O metodo pode variar, mas o objetivo e o mes-
mo: pregar as boas novas onde quer que haja pessoas.
— Mat. 10:11.
8 Sera´ que voc e,
ˆ
prezado leitor, faz parte dessa mul-
˜ ´
tidao de proclamadores do Reino que esta ativa em
ˆ
mais de 235 terras? Em caso afirmativo, voce contri-
˜
bui para a emocionante expansao da obra de prega-
˜ ´ ´
ç ao do Reino. O que j a foi feito no campo mundial e
´
um verdadeiro milagre. Apesar de enormes obstacu-
´ ˜ ˜
los e desafios – ate mesmo proscriç ao e perseguiç ao
´ ˜
direta – as Testemunhas de Jeova dao testemunho ca-
bal sobre o Reino de Deus a pessoas de todas as na-
˜
ç oes.
9 Isso levanta uma pergunta muito interessante:
´ ´
“Porque e que nenhum obstaculo, nem sequer a opo-
˜ ˆ
siç ao satanica, consegue parar o avanço da obra de
˜
pregaç ao do Reino?” Para responder a essa pergunta,
´
temos de voltar ao primeiro seculo EC. Afinal, a obra
´ ´ ´
que nos fazemos como Testemunhas de Jeova e uma
˜ ´
continuaç ao da obra que começou nessa epoca.
´ ˜ ˜ ´
8, 9. (a) Porque e que a expansao da obra de pregaçao do Reino e um
verdadeiro milagre? (b) Que pergunta surge, e o que temos de fazer para
obter a resposta?
ˆ
10 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
˜
Uma comiss ao de amplo alcance
10 O Fundador do cristianismo, Jesus Cristo, dedi-

` ˜
cou-se a pregaç ao das boas novas do Reino de Deus;
˜
a sua vida girava em torno disso. Em certa ocasiao,
ele explicou: “Tenho de declarar as boas novas do Rei-
´
no de Deus tamb em a outras cidades, porque fui en-
viado para isso.” (Luc. 4:43) Jesus sabia que estava a
´ ˜ ˜
dar inıcio a uma obra que ele nao teria condiç oes de
terminar sozinho. Pouco antes de morrer, ele predis-
se que a mensagem do Reino seria pregada “em todas
˜ ´
as naç oes”. (Mar. 13:10) Mas como e que isso seria
feito, e por quem?
˜
11Depois da sua morte e ressurreiç ao, Jesus apare-
´ ˜
ceu aos seus discıpulos e deu-lhes esta comissao im-
˜ ´
portante: “Portanto, vao e façam discıpulos de pes-
˜
soas de todas as naç oes, batizando-as em nome do
´
Pai, e do Filho, e do espırito santo, ensinando-as a
obedecer a todas as coisas que vos ordenei. E saibam
´
que eu estou convosco todos os dias, ate ao final do
´ ´
10. A que obra e que Jesus se dedicou, e o que e que ele sabia a respei-
to dessa obra?
˜ ´ ´
11. Que comissao importante e que Jesus deu aos seus discıpulos, e que
apoio teriam para cumpri-la?
˜ ´
“VAO E FAÇAM DISCIPULOS” 11
sistema de coisas.” (Mat. 28:19, 20) As palavras “es-
tou convosco” indicavam que os seguidores de Jesus
teriam o seu apoio ao realizarem a obra de pregar e
´
fazer discıpulos. Eles precisariam desse apoio, pois
Jesus tinha predito que eles seriam “odiados por to-
˜ ´ ´
das as naç oes”. (Mat. 24:9) Os discıpulos tamb em po-
diam contar com outra ajuda. Pouco antes de voltar
´
para o c eu, Jesus disse-lhes que eles seriam fortaleci-
´
dos pelo espırito santo para serem suas testemunhas
´ `
“ate a parte mais distante da terra”. — Atos 1:8.
Surgem agora algumas perguntas importantes:
12

´ ´ ´
“Sera que os ap ostolos de Jesus e os outros discıpu-
´ ´
los do primeiro seculo levaram a serio a sua comis-
˜ ´
sao? Sera que esse grupo relativamente pequeno de
˜
homens e mulheres cristaos deu testemunho cabal so-
bre o Reino de Deus, mesmo ao enfrentar persegui-
˜
ç ao feroz? Tiveram realmente apoio celestial e ajuda
´ ´
do espırito santo de Jeova ao realizar a obra de fazer
´ ˜
discıpulos?” Estas e outras perguntas similares sao
´ ´
respondidas no livro bıblico de Atos. E vital saber as
ˆ
respostas. Porque? Conforme prometido por Jesus, a
˜ ´
12. Que perguntas importantes surgem, e por que razao e vital saber as
respostas?
ˆ
12 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
˜ ´
comissao de pregar e fazer discıpulos continuaria
´
“ate ao final do sistema de coisas”. Assim, essa co-
˜ ˜
missao estende-se a todos os cristaos verdadeiros, in-
´
cluindo a nos que vivemos neste tempo do fim. Por
´
isso, temos um profundo interesse no registo histori-
co encontrado no livro de Atos.
˜
Vis ao geral do livro de Atos
˜
13 Quem escreveu o livro de Atos? O livro nao iden-
tifica o escritor, mas as suas palavras iniciais deixam
claro que foi a mesma pessoa que escreveu o Evange-
lho de Lucas. (Luc. 1:1-4; Atos 1:1, 2) Assim, desde os
´
tempos antigos, Lucas, “medico amado” e historiador
´
cuidadoso, e considerado o escritor do livro de Atos.
´
(Col. 4:14) O livro abrange um perıodo de aproxima-
´
damente 28 anos, desde que Jesus voltou para o c eu
´
em 33 EC ate por volta de 61 EC, pouco antes de Pau-
˜
lo ser solto da prisao em Roma. O facto de Lucas se
incluir em algumas partes da sua narrativa sugere que
ele estava presente em muitos dos acontecimentos
´ ´
que descreve. (Atos 16:8-10; 20:5; 27:1) E provavel que
´
13, 14. (a) Quem foi o escritor do livro de Atos, e como e que ele obte-
˜ ´ ´
ve as suas informaçoes? (b) Qual e o conteudo do livro de Atos?
˜ ´
“VAO E FAÇAM DISCIPULOS” 13
Lucas, um investigador meticuloso, tenha obtido in-
˜ ´
formaç oes diretamente de Paulo, Barnab e, Filipe e
outros mencionados no registo.
´
14 Qual e´ o conteudo do livro de Atos? Alguns anos

antes, no seu Evangelho, Lucas relatou o que Jesus


disse e fez. No entanto, no livro de Atos, ele registou
o que os seguidores de Jesus disseram e fizeram. Por-
´
tanto, Atos e um livro sobre pessoas que realizaram
´
um trabalho extraordinario, embora muitas delas fos-
˜
sem vistas como “comuns e sem instruç ao”. (Atos
4:13) Resumindo, o registo inspirado conta-nos como
˜ ˜
a congregaç ao crista foi formada e de que forma se
˜
desenvolveu. O livro de Atos mostra como os cristaos
´ ´
do primeiro seculo pregavam – os seus metodos e a
´
sua atitude. (Atos 4:31; 5:42) Descreve como o espı-
˜
rito santo ajudou na divulgaç ao das boas novas. (Atos
´
8:29, 39, 40; 13:1-3; 16:6; 18:24, 25) O livro da conti-
´ ˜
nuidade ao tema da Bıblia, que envolve a santificaç ao
´
do nome de Deus por meio do Reino sob o domınio
˜
de Cristo, e mostra que a divulgaç ao da mensagem do
˜
Reino foi bem-sucedida, apesar de oposiç ao feroz.
— Atos 8:12; 19:8; 28:30, 31.
ˆ
14 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
´
15Realmente, analisar o livro de Atos e emocionan-
´
te e fortalece a nossa fe. Meditar no exemplo de co-
ragem e zelo dos primeiros seguidores de Cristo vai
˜
tocar o nosso coraç ao. Seremos motivados a imitar a
´ ˜ ´
fe dos nossos irmaos do primeiro seculo. Estaremos
˜
mais bem equipados para cumprir a nossa comissao
´ ´
de ‘ir e fazer discıpulos’. O livro que esta a ler agora
´
tem por objetivo ajuda-lo a fazer um estudo cuidado-
so do livro de Atos.
´
Uma ajuda para o estudo da Bıblia
16 Quais sao˜ ˜
os objetivos desta publicaç ao? (1) For-
˜ ´
talecer a nossa convicç ao de que Jeova, por meio do
´ ´
seu espırito santo, esta a apoiar a obra de pregar o
´
Reino e fazer discıpulos; (2) aumentar o nosso zelo
´
no ministerio por analisar o exemplo dos seguidores
´
de Cristo do primeiro seculo e (3) aprofundar o nos-
˜ ´
so respeito pela organizaç ao de Jeova e pelos que li-
˜ ˜ ˜
deram a pregaç ao e a supervisao das congregaç oes.
17 Qual e´ a estrutura deste livro? Notara´ que o livro

´ ´
15. Como e que uma analise do livro de Atos vai beneficiar-nos?
˜ ˆ ˜
16. Quais sao os tres objetivos desta publicaçao?
´ ˜ ´
17, 18. Qual e a estrutura deste livro, e quais sao as caracterısticas que
˜ ´
vao ser de ajuda no estudo pessoal da Bıblia?
˜ ´
“VAO E FAÇAM DISCIPULOS” 15
´ ˜
esta dividido em oito secç oes; cada uma abrange uma
˜ ´
parte do livro de Atos. O objetivo nao e fazer uma
´ ´ ´
analise versıculo por versıculo, mas ajudar-nos a ex-
˜ ˆ
trair liç oes dos acontecimentos relatados e a p or em
´ ´ ´
pratica o que aprendermos. No inıcio dos capıtulos
´ ´ ´
ha uma frase que destaca o tema do capıtulo, alem de
˜ ´
uma indicaç ao da parte de Atos que sera analisada.
´
18 Ha´ outras caracterısticas neste livro que serao ˜
de
´ ` ˆ
ajuda no estudo pessoal da Bıblia. A medida que voc e
´ ˜ ´
refletir no relato bıblico, belas imagens vao ajuda-lo
a visualizar acontecimentos emocionantes registados
´
no livro de Atos. Muitos capıtulos incluem quadros
˜ ´
que acrescentam informaç oes uteis. Esses quadros fa-
´
lam a respeito da vida de uma personagem bıblica
´ ´ ´
cuja fe e digna de ser imitada e tamb em fornecem de-
talhes adicionais sobre lugares, acontecimentos, cos-
tumes ou outras personagens mencionadas em Atos.
´
19 Este livro pode ajuda-lo ´
a fazer uma autoanalise
˜ ´
honesta. Nao importa ha quanto tempo serve como
´
publicador do Reino, de vez em quando e bom parar
e analisar as suas prioridades na vida e a sua atitude
´
19. Que autoanalise devemos fazer de vez em quando?
ˆ
16 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
˜ ` ˜
em relaç ao a pregaç ao. (2 Cor. 13:5) Pergunte-se:
´ ˆ
‘Continuo a encarar o ministerio com senso de urgen-
cia? (1 Cor. 7:29-31) Prego as boas novas com zelo e
˜ ´
convicç ao? (1 Tes. 1:5, 6) Faço o maximo que posso
´
na obra de pregar e fazer discıpulos?’ — Col. 3:23.
20 Nunca nos esque çamos da nossa comissao:˜
reali-
´
zar a importante obra de pregar e fazer discıpulos.
ˆ ˜
A urgencia dessa comissao aumenta a cada dia que
passa. O fim deste sistema aproxima-se rapidamente.
˜
Nunca houve tantas vidas em jogo. Nao sabemos
˜
quantas pessoas com a disposiç ao correta ainda po-
dem aceitar a nossa mensagem. (Atos 13:48) Mas te-
´
mos a responsabilidade de ajuda-las antes que seja
tarde demais. — 1 Tim. 4:16.
´ ˜
21 E vital, entao, que imitemos o exemplo dos pro-
clamadores zelosos do Reino que viveram no primei-
´
ro seculo. Desejamos que o estudo cuidadoso deste
livro o motive a pregar com cada vez mais zelo e co-
˜
ragem, e o fortale ça na sua determinaç ao de conti-
nuar ‘a dar um testemunho cabal sobre o Reino de
Deus’. — Atos 28:23.
´ ˜ ´ ˜
20, 21. Porque e que a nossa comissao e tao urgente, e qual deve ser a
˜
nossa determinaçao?
˜ ´
“VAO E FAÇAM DISCIPULOS” 17
DATAS IMPORTANTES NO AVAN ´ ÇO DO CRISTIANISMO
NO PRIMEIRO S ECULO EC


33 c.´ 44
Jesus e´ ressuscitado Agabo profetiza fome
´
Jesus comissiona os seus seguido- Martırio de Tiago (filho de Zebedeu)
´
res a fazer discıpulos Pedro e´ preso e depois solto
´ milagrosamente
Derramamento do espırito santo
no Pentecostes
A congregaçao˜ crista˜ e´ formada 44
Herodes Agripa I morre
c. 33-341
´ ˆ ao˜ c. 46
Martırio de Estev ´
´ ´ A predita fome atinge o paıs
O eunuco etıope e batizado ´
Paulo leva ajuda a Jerusalem
c. 34
Saulo de Tarso e´ convertido c. 47-48
´
Primeira viagem missionaria
c. 34-36 de Paulo
Saulo prega em Damasco
c. 49
˜ da circuncisao
A questao ˜ surge
c. 36
Primeira visita de Paulo a Jerusa- em Antioquia
´ como seguidor de Cristo ˜ em Jerusalem
Reuniao ´
lem ´ 2:11-14)
Paulo visita Pedro em Jerusalem´ Paulo corrige Pedro (Gal.
´ 1:18)
(Gal.
c. 49-52
´
Segunda viagem missionaria
36
´
Cornelio e´ convertido de Paulo
Gentios começam a tornar-se Barnabe´ e Marcos pregam
˜
cristaos em Chipre

c. 41 c. 49-50
´
O Evangelho de Mateus e´ escrito Claudio expulsa os judeus
Paulo recebe a visao˜ do “terceiro de Roma
´
ceu” (2 Cor. 12:2)
c. 50
´
Lucas junta-se a Paulo em Troade
1 Muitas datas sao˜ aproximadas.
´ ˜
Paulo tem a visao de um homem
O sımbolo “c.” significa “cerca de”; ´
´ da Macedonia
o sımbolo “a.”, “antes de”.
ˆ
18 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
Paulo visita Filipos 58
˜ filipense e´ formada
A congregaçao Herodes Agripa II ouve Paulo
˜ tessalonicense
A congregaçao
´e formada c. 59-61
Paulo visita Atenas Paulo e´ preso em Roma
pela primeira vez
c. 50-52
Paulo visita Corinto c. 60-61
Paulo escreve 1 Tessalonicenses Paulo escreve Colossenses
´ ´
Paulo escreve Efesios
Paulo escreve Galatas ´
Paulo escreve Filemon
c. 51 Paulo escreve Filipenses
Paulo escreve 2 Tessalonicenses
c. 60-65
c. 52-56 O Evangelho de Marcos e´ escrito
´
Terceira viagem missionaria
c. 61
de Paulo
O livro de Atos e´ escrito
c. 52-55 Paulo escreve Hebreus
´
Paulo visita Efeso
c. 61-64
´
Paulo escreve 1 Timoteo
c. 55 ´
´ Tito e deixado em Creta ( Tito 1:5)
Paulo escreve 1 Corıntios
´
Tito e enviado a Corinto Paulo escreve Tito
´
Paulo escreve 2 Corıntios a. 62
A Carta de Tiago e´ escrita
c. 56
Paulo escreve Romanos
ˆ c. 62-64
´
Paulo ressuscita Eutico em Troade 1 Pedro e´ escrita
Paulo e Lucas hospedam-se na
casa de Filipe, em Cesareia c. 64
Paulo e´ preso em Jerusalem
´ 2 Pedro e´ escrita

c. 56-58 c. 65
Paulo e´ mantido sob guarda em Paulo e´ preso em Roma
Cesareia pela segunda vez
´
O Evangelho de Lucas e´ escrito Paulo escreve 2 Timoteo
´
Tito vai para a Dalmacia
c. 58 (2 Tim. 4:10)
´
Festo sucede a Felix ´
Paulo e executado
˜ ´
“VAO E FAÇAM DISCIPULOS” 19
˜
S E C Ç AO 1 ˙ ATO S 1:1– 6:7


ˆ
“VOCES ENCHERAM
´
JERUSALEM COM OS
VOSSOS ENSINAMENTOS”
ATOS 5:28

´
A partir do derramamento do espırito santo
´
no Pentecostes de 33 EC, os discıpulos de Je-
sus empenharam-se na obra de dar testemunho
˜
a respeito do Reino de Deus. Nesta secçao, vamos
analisar o emocionante relato do nascimento do
cristianismo, do testemunho cada vez mais in-
´ ˜
tenso em Jerusalem e da posiçao corajosa dos
´ ˜
apostolos diante de crescente oposiçao.
´
CAPITULO 2


˜
“Serao minhas testemunhas”
´
Como Jesus preparou os seus ap ostolos
˜
para exercerem liderança na pregaçao
Baseado em Atos 1:1-26
˜ ˆ
ELES nao querem que toda aquela experiencia acabe. Para
´ ´
os ap ostolos, as ultimas semanas foram emocionantes!
˜
Com a ressurreiçao de Jesus, eles passaram de profunda
tristeza a intensa alegria. Durante 40 dias, Jesus apareceu
˜
repetidas vezes, dando mais instruçao e encorajamento
´
aos seus seguidores. No entanto, este e o dia em que ele
´
vai fazer isso pela ultima vez.
2 Parados no monte das Oliveiras, os ap ostolos ´
escutam
˜
cada palavra de Jesus com muita atençao. Tudo parece ter
´ ´
passado demasiado rapido para os ap ostolos. Quando Je-
˜
sus termina de falar, levanta as maos e abençoa-os. De-
´
pois, ele começa a subir para o ceu. Os seus seguidores
ˆ `
mantem os olhos fixos em Jesus a medida que ele vai para
´
o ceu. Por fim, uma nuvem encobre-o. Ele desaparece, mas
´ ´
os ap ostolos continuam a olhar para o ceu. — Luc. 24:50;
Atos 1:9, 10.
´
1-3. Como e que Jesus partiu da Terra, e que perguntas surgem?
˜
“SERAO MINHAS TESTEMUNHAS” 21
Esta cena marcou um momento decisivo na vida dos
3

´
ap ostolos. O que fariam agora que o seu Mestre, Jesus
´
Cristo, tinha ido para o ceu? Podemos ter a certeza de que
Jesus os tinha preparado para continuarem a obra que ele
´
começou. Como e que ele os equipou para essa designa-
˜ ´ ´
çao importante, e como e que os ap ostolos agiram? De
´ ˜
que maneira e que isso afeta os cristaos hoje? O primeiro
´ ´
capıtulo do livro de Atos contem respostas animadoras a
estas perguntas.
“Muitas provas convincentes”
(Atos 1:1-5)
´
4 Lucas começa o seu relato por se dirigir a Teofilo, o
mesmo homem a quem escreveu o seu Evangelho.1 Nos
´
versıculos iniciais, Lucas faz um resumo dos acontecimen-
tos registados no fim do seu Evangelho, usando palavras
diferentes e fornecendo mais detalhes. Assim, ele mostra
´ ˜
claramente que o livro de Atos e uma continuaçao do seu
relato anterior.
´ ´
1 No seu Evangelho, Lucas trata ´ Te ofilo por “Excelentıssimo”,
levando alguns a concluir
˜ que Te ofilo deve ter˜ sido um homem im-
portante que ´ ainda nao se tinha tornado cristao. (Luc. 1:3) No´ livro
de Atos, porem, Lucas dirige-se a ´ ele simplesmente por ˜ “Te ofilo”.
Alguns estudiosos sugerem que Te ofilo se tornou cristao depois de
ler o Evangelho de Lucas
´ e que, por isso, Lucas deixa
˜ de se dirigir a
ele como “Excelentıssimo”, mas trata-o como irmao espiritual.
´
4. Como e que Lucas come ça o seu relato no livro de Atos?
ˆ
22 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
´
5 O que manteria forte a fe dos seguidores de Jesus?
Atos 1:3 diz sobre Jesus: “Mostrou-lhes, por meio de mui-
´
tas provas convincentes, que estava vivo.” Na Bıblia, ape-
´
nas Lucas, “o medico amado”, usou o termo grego tradu-
zido como “provas convincentes”. (Col. 4:14) Esse termo
ˆ
era usado em documentos de medicina e significa “eviden-
´ ´
cias demonstraveis, conclusivas e confiaveis”. Jesus forne-
ceu provas desse tipo. Ele apareceu muitas vezes aos seus
˜ ´
seguidores – em algumas ocasioes, a um ou dois discıpu-
´ ˜
los; em outras, a todos os ap ostolos; e numa ocasiao, a
´
mais de 500 discıpulos. (1 Cor. 15:3-6) Provas realmente
convincentes!
´ ˜
6 Hoje, de forma similar, a fe dos cristaos verdadeiros ba-
´ ´
seia-se em “muitas provas convincentes”. Sera que ha pro-
vas de que Jesus viveu na Terra, morreu pelos nossos pe-
´
cados e foi ressuscitado? Com certeza! Relatos confiaveis
de testemunhas oculares, registados na Palavra inspirada
de Deus, fornecem todas as provas convincentes de que
precisamos. Estudar esses relatos e orar a respeito deles
´ ´
pode fortalecer muito a nossa fe. Lembre-se: provas soli-
´ ´
das podem fazer a diferença entre genuına fe e mera
´
5, 6. (a) O que ajudaria os seguidores de Jesus a manter uma fe forte?
´ ˜ ´
(b) Porque podemos dizer que hoje a fe dos cristaos tamb em se baseia
em “muitas provas convincentes”?
˜
“SERAO MINHAS TESTEMUNHAS” 23
´ ´
credulidade. A verdadeira fe e essencial para ganhar a vida
˜
eterna. — Joao 3:16.
´
7 Jesus tamb em “falou sobre o Reino de Deus”. Por
exemplo, ele explicou profecias que mostravam que o
Messias teria de sofrer e morrer. (Luc. 24:13-32, 46, 47)
Quando esclareceu o seu papel como o Messias, Jesus deu
ˆ
enfase ao Reino de Deus, pois ele era o Rei-Designado.
˜
O Reino sempre foi o tema da pregaçao de Jesus, e tam-
´ ´ ˜
b em e o tema da pregaçao dos seus seguidores hoje.
— Mat. 24:14; Luc. 4:43.
´ `
“Ate a parte mais distante da terra” (Atos 1:6-12)
´
No monte das Oliveiras, os ap ostolos reuniram-se com
8

´
Jesus pela ultima vez na Terra. Com grande expectativa,
´
perguntaram-lhe: “Senhor, e agora que vais restabelecer o
´
reino a Israel?” (Atos 1:6) Com essa pergunta, os ap osto-
los demonstraram que tinham duas ideias incorretas. Pri-
meiro, eles achavam que o Reino de Deus seria restaurado
ao Israel carnal. Segundo, eles esperavam que o prometido
´
Reino começasse o seu domınio imediatamente, “agora”.
´
Como e que Jesus os ajudou a corrigir a forma de pensar?
´
7. Que exemplo e que Jesus deixou aos seus seguidores sobre ensinar e
pregar?
´ ´
8, 9. (a) Que duas ideias incorretas e que os ap ostolos de Jesus demons-
´
traram ter? (b) O que e que Jesus disse para corrigir a forma de pensar
´ ´ ˜
dos ap ostolos, e o que e que isso ensina aos cristaos de hoje?
ˆ
24 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
´
9 Jesus, sem duvida, sabia que a primeira ideia seria ra-
pidamente corrigida. Na realidade, os seus seguidores tes-
˜
temunhariam o nascimento de uma nova naçao, o Israel
espiritual, apenas dez dias mais tarde. Dentro de pouco
tempo, Deus deixaria de ter tratos com o Israel carnal.
`
Quanto a segunda ideia, Jesus lembrou-lhes bondosamen-
˜ ´
te: “Nao vos cabe saber os tempos ou as epocas que o Pai
´ ´ ´
colocou sob a sua propria autoridade.” (Atos 1:7) Jeova e
´
o Grande Cronometrista. Antes de morrer, o proprio Jesus
disse que, naquela altura, nem sequer o Filho sabia ‘o dia
e a hora’ em que o fim viria, mas “somente o Pai”. (Mat.
˜
24:36) Hoje, do mesmo modo, quando os cristaos se preo-
cupam demais com a data do fim deste sistema de coisas,
˜ ˜
estao, na verdade, a preocupar-se com algo que nao lhes
“cabe”.
˜
10Mesmo assim, devemos ter cuidado para nao formar-
´
mos um conceito negativo dos ap ostolos de Jesus, que
´
eram homens de muita fe. Humildemente, eles aceitaram
˜ ´
a correçao que receberam de Jesus. Alem disso, embora a
´
pergunta deles se originasse de ideias incorretas, tamb em
revelava uma boa atitude. Jesus tinha dito aos seus segui-
dores repetidas vezes: “Mantenham-se vigilantes.” (Mat.
´ ´ ˆ
10. Que atitude dos ap ostolos e que devemos cultivar, e porque?
˜
“SERAO MINHAS TESTEMUNHAS” 25
24:42; 25:13; 26:41) Eles estavam espiritualmente alertas,
ˆ ´
bem atentos a evidencias de que Jeova agiria em breve.
Precisamos de cultivar essa mesma atitude hoje. Na ver-
´
dade, estes “ultimos dias” decisivos tornam ainda mais ur-
gente que façamos isso. — 2 Tim. 3:1-5.
´
11 Jesus lembrou aos ap ostolos qual deveria ser a princi-
˜ ´
pal preocupaçao deles. Ele disse: “Quando o espırito san-
ˆ ˜ ˜
to vier sobre voces, receberao poder e serao minhas teste-
´ ´
munhas em Jerusalem, em toda a Judeia e Samaria, e ate
` ˜
a parte mais distante da terra.” (Atos 1:8) A ressurreiçao
´
de Jesus seria proclamada primeiro em Jerusalem, onde as
`
pessoas o tinham entregado a morte. A partir dali, a men-
sagem seria espalhada por toda a Judeia, Samaria e, de-
´
pois, mais alem.
12 Apropriadamente, foi s o´ depois de repetir a promessa

´
de enviar o espırito santo para ajudar os seus seguidores
˜ ´
que Jesus falou a respeito da comissao de pregar. Esta e
˜ ´
uma das mais de 40 vezes que a expressao “espırito san-
´
to” ocorre no livro de Atos. Vez ap os vez, este livro emo-
˜
cionante deixa claro que nao podemos fazer a vontade de
´ ´ ´
Jeova sem a ajuda do espırito santo. Por isso, e muito im-
˜ ´
11, 12. (a) Que comissao e que Jesus deu aos seus seguidores? (b) Por-
´
que era apropriado que Jesus relacionasse o espırito santo com a
˜
comissao de pregar?
ˆ
26 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
´
portante orarmos regularmente a pedir esse espırito! (Luc.
´
11:13) Hoje, mais do que nunca, precisamos do espırito
santo.
13 O significado do que constitui ‘a parte mais distante
da terra’ mudou desde aqueles dias. Ainda assim, confor-
´ ´
me vimos no capıtulo anterior, as Testemunhas de Jeova
˜ ˜
aceitaram de todo o coraçao a comissao de pregar, pois
sabem que Deus deseja que todo o tipo de pessoas ouça
ˆ ´
as boas novas do Reino. (1 Tim. 2:3, 4) E voce? Esta em-
˜ ´
penhado nesta obra que salva vidas? Nao ha obra mais
´ ´
gratificante e satisfatoria do que esta. Jeova vai dar-lhe a
´ ´
força necessaria para realiza-la. O livro de Atos vai mos-
´
trar-lhe que metodos usar e que atitude desenvolver para
ser bem-sucedido.
´ ´
14Como mencionado no inıcio deste capıtulo, Jesus su-
˜ ´
biu em direçao ao ceu e desapareceu. Apesar disso, os
´
11 ap ostolos continuaram ali parados a olhar para cima.
Por fim, dois anjos apareceram e, com brandura, repreen-
´ ´
deram os ap ostolos: “Homens da Galileia, porque e que
˜ ´ ´
estao aı parados a olhar para o ceu? Este Jesus, que foi
´ ˜ ˜
13. Qual e a atual extensao da comissao de pregar dada por Deus, e
˜
porque devemos aceitar essa comissao?
´
14, 15. (a) O que e que os anjos disseram sobre a volta de Cristo, e o
´ ´ ´
que e que eles queriam dizer? (Veja tamb em a nota.) (b) Como e que a
volta de Cristo ocorreu “da mesma maneira” que a sua partida?
˜
“SERAO MINHAS TESTEMUNHAS” 27
´ ˆ ´
levado para o ceu dentre voces, vira da mesma maneira
´ ´
que o viram a ir para o ceu.” (Atos 1:11) Sera que os an-
jos queriam dizer que Jesus voltaria no mesmo corpo, con-
˜ ´
forme alguns religiosos ensinam? Nao. Como e que sabe-
mos isso?
Os anjos disseram que Jesus voltaria “da mesma ma-
15

˜ ´
neira”, nao na mesma forma.1 De que maneira e que Je-
´ ˜ ´
sus partiu? Quando os anjos falaram, ja nao era possıvel
ˆ ´
ve-lo. Apenas os ap ostolos perceberam que Jesus tinha
´
deixado a Terra e estava a ir para o ceu. Jesus voltaria de
maneira similar. E assim aconteceu. Hoje, somente os que
ˆ ´
tem discernimento espiritual percebem que Jesus esta pre-
sente como Rei. (Luc. 17:20) Precisamos de discernir as
ˆ
evidencias da presença de Cristo e falar sobre elas a ou-
´ ˆ
tras pessoas para que tamb em vejam a urgencia dos tem-
pos em que vivemos.
´
“Indica qual destes [...] e que escolheste”
(Atos 1:13-26)
˜ ´
Diante de tudo o que aconteceu, nao e de admirar que
16

´ ´
os ap ostolos tenham ‘voltado para Jerusalem com grande
´ ´
1 Aqui
˜ a B´ ıblia usa a palavra grega tropos, que significa “maneira”,
e nao morfe, que significa “forma”.
16-18. (a) Ao lermos Atos 1:13, 14, o que aprendemos a respeito das
˜ ˜
reunioes cristas? (b) O que aprendemos do exemplo deixado por Maria,
˜ ´ ˜ ˜ ˜
mae de Jesus? (c) Porque e que as reunioes cristas sao vitais hoje?
ˆ
28 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
´ `
alegria’. (Luc. 24:52) Mas como e que eles reagiriam as
˜ ˜ ´
orientaçoes e instruçoes de Cristo? Em Atos capıtulo 1,
´ ´
versıculos 13 e 14, lemos que os ap ostolos estavam reuni-
dos numa “sala do andar de cima” e aprendemos alguns
˜
detalhes interessantes sobre as reunioes dos primeiros dis-
´ ´
cıpulos. Naquela epoca, era comum as casas na Palestina
´
terem um compartimento no andar de cima, acessıvel por
´
uma escada externa. Sera que essa “sala do andar de cima”
`
ficava na casa mencionada em Atos 12:12, que pertencia a
˜ ´ ´
mae de Marcos? Seja como for, e provavel que fosse um
lugar simples e adequado para os seguidores de Cristo se
´
reunirem. Mas quem e que esteve ali reunido, e o que fi-
zeram?
˜ ˜
17 Repare que naquela reuniao nao estavam apenas os
´ ˜
ap ostolos, nem se tratava de uma reuniao exclusivamente
´
para homens. “Algumas mulheres” estavam la, incluindo
˜ ´ ´ ´
Maria, mae de Jesus. Esta e a ultima vez que a Bıblia men-
´ ´
ciona Maria de modo direto. E razoavel concluir que ela
˜ `
nao estava ali a procura de destaque, mas, humildemente,
˜ ˜
reunia-se para adoraçao na companhia dos seus irmaos es-
pirituais. Deve ter sido consolador para Maria ver ali reu-
˜
nidos os seus outros quatro filhos, que antes nao eram se-
˜
guidores de Jesus. (Mat. 13:55; Joao 7:5) Esses homens
˜
“SERAO MINHAS TESTEMUNHAS” 29
˜
tinham mudado desde a morte e ressurreiçao de Jesus, seu
˜
meio-irmao. — 1 Cor. 15:7.
´
18 Observe, tamb em, ˜ ´
por que razao esses discıpulos se
˜
reuniram: “De comum acordo, persistiam em oraçao.”
˜
(Atos 1:14) As reunioes sempre foram essenciais na ado-
˜ ˜ ´
raçao crista. Nos reunimo-nos para nos encorajar uns aos
˜
outros, receber instruçoes e conselhos e, acima de tudo,
´
adorar o nosso Pai celestial, Jeova, juntamente com os
˜ ˜ ˆ
nossos irmaos. As nossas oraçoes e canticos de louvor nes-
˜ ´ ˜ ´
sas ocasioes agradam muito a Jeova e sao vitais para nos.
˜
Nunca deixemos de nos reunir nessas ocasioes sagradas e
edificantes! — Heb. 10:24, 25.
Mas agora, esses seguidores de Cristo estavam peran-
19

´
te um importante assunto organizacional, e o ap ostolo Pe-
´ ´
dro tomou a iniciativa de aborda-lo. (Versıculos 15-26)
˜ ´
Nao e encorajador ver como Pedro recuperou espiritual-
mente em poucas semanas, depois de ter negado o seu Se-
ˆ ´
nhor tres vezes? (Mar. 14:72) Todos nos somos pecadores
´ ´ ´
e precisamos de ser lembrados de que Jeova e ‘bom e esta
sempre pronto a perdoar’ os que se arrependem sincera-
mente. — Sal. 86:5.
19-21. (a) O que aprendemos do facto de Pedro ter desempenhado um
˜ ´ ´
papel ativo na congregaçao? (b) Porque e que foi necessario substituir
Judas, e o que aprendemos da maneira como o assunto foi resolvido?
ˆ
30 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
` ˜ ´
20Pedro chegou a conclusao de que Judas, o ap ostolo
´ ´
que tinha traıdo Jesus, devia ser substituıdo. Mas por
´ ´
quem? O novo ap ostolo deveria ser alguem que tivesse se-
´
guido Jesus durante o seu ministerio e que tivesse teste-
˜
munhado a sua ressurreiçao. (Atos 1:21, 22) Isso estava em
´ ˆ
harmonia com a promessa do proprio Jesus: “Voces, os que
˜ ˜
me seguiram, irao sentar-se em 12 tronos e julgarao as
12 tribos de Israel.” (Mat. 19:28) Pelos vistos, era do pro-
´ ´ ´
p osito de Jeova que 12 ap ostolos que tivessem seguido Je-
´ ´
sus durante o seu ministerio terrestre constituıssem as fu-
´
turas “12 pedras de alicerce” da Nova Jerusalem. (Apo.
21:2, 14) Assim, Deus permitiu que Pedro entendesse que
a seguinte profecia se aplicava a Judas: “Que outro ocupe
o seu cargo de superintendente.” — Sal. 109:8.
21 Como e´ que a escolha foi feita? Por se lançarem sor-

´ ´
tes, uma pratica comum nos tempos bıblicos. (Pro. 16:33)
´ ´ ´
No entanto, esta e a ultima vez que a Bıblia fala a respei-
to de sortes serem usadas dessa maneira. Pelos vistos, o
´
derramamento do espırito santo, que ocorreu depois, fez
´
com que aquele metodo deixasse de ser usado. Observe,
´ ´
porem, por que motivo foram usadas sortes. Os ap ostolos
´ ´ ˜
oraram: “O Jeova, tu que conheces o coraçao de todos, in-
´
dica qual destes dois homens e que escolheste.” (Atos 1:23,
´
24) Eles queriam que Jeova fizesse a escolha. Matias,
˜
“SERAO MINHAS TESTEMUNHAS” 31
´
provavelmente um dos 70 discıpulos que Jesus tinha en-
viado para pregar, foi o escolhido. Assim, Matias tornou-
-se um dos “Doze”.1 — Atos 6:2.
˜
22 Esta situaç ao ˆ
lembra-nos da importancia de as coisas
´
ocorrerem de forma organizada entre o povo de Deus. Ate
´ ˜
hoje, homens responsaveis sao designados para servir
˜ ˜
como superintendentes nas congregaçoes. Os anciaos con-
˜ ´
sideram com cuidado as qualificaçoes bıblicas que se exi-
˜
gem dos superintendentes e oram a pedir a orientaçao do
´ ˜
espırito santo. Por isso, a congregaçao considera esses ho-
´
mens como designados pelo espırito santo. Da nossa par-
`
te, permanecemos submissos e obedientes a liderança des-
´
ses homens, contribuindo para que haja um espırito de
˜ ˜
cooperaçao na congregaçao. — Heb. 13:17.
Depois de terem visto o ressuscitado Jesus e de terem
23

´
feito alguns ajustes organizacionais, aqueles discıpulos es-
tavam fortalecidos e plenamente preparados para o que
´ ´
aconteceria a seguir. O proximo capıtulo vai considerar
isso.
´ ˜
1 Mais tarde, Paulo foi designado “ap ostolo para as naç oes”, mas
nunca
˜ foi considerado um dos Doze. ´ (Rom. 11:13; 1 Cor. ˜ 15:4-8) Ele
nao se qualificava para esse privil
´ egio especial porque nao tinha se-
guido Jesus durante o ministerio terrestre dele.
22, 23. Porque devemos ser submissos e obedientes aos que hoje exer-
˜
cem liderança na congregaçao?

ˆ
32 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
´
CAPITULO 3


´
“Cheios de espırito santo”
O resultado do derramamento do
´
espırito santo no Pentecostes
Baseado em Atos 2:1-47
´ ˜
AS RUAS de Jerusalem estao cheias de pessoas anima-
`
das.1 O fumo sobe do altar do templo a medida que os
levitas cantam o Halel (Salmos 113 a 118), provavelmen-
´
te em estilo antifonico, em que uma parte do coro can-
´
ta e a outra parte responde. Ha muitos visitantes nas
˜ ˜
ruas. Eles vieram de lugares tao distantes como Elao,
ˆ ´ ´
Mesopotamia, Capadocia, Ponto, Egito e Roma.2 Qual e
´
o motivo? A Festividade de Pentecostes, tambem chama-
´
da o “dia dos primeiros frutos maduros”. (Num. 28:26)
Essa festividade anual marca o fim da colheita da ceva-
´ ´
da e o inıcio da colheita do trigo. E um dia alegre.
´
2 Por volta das 9 horas dessa agradavel ˜
manha de maio
´ ´ ´
1 Veja o quadro “Jerusalem – centro do judaısmo”,´ na p agina
´ 34.
2 Veja os quadros “Roma
ˆ – capital de um ´ imp erio”, na p agina 35;
“Judeus na Mesopotamia
´ e no Egito”, na p agina 36; e “O cristianis-
mo em Ponto”, na p agina 37.
1. Descreva o clima da Festividade de Pentecostes.
2. Que acontecimentos impressionantes ocorreram no Pentecostes de
33 EC?
´
“CHEIOS DE ESPIRITO SANTO” 33
´ ´
JERUSALEM – CENTRO DO JUDAISMO

´
Muito do que acontece nos primeiros capıtulos do
´
livro de Atos passa-se em Jerusalem. Esta cidade lo-
caliza-se entre as colinas da cordilheira central da Ju-
´
deia, cerca de 55 quilometros a leste do mar Medi-
ˆ
terraneo. Em 1070 AEC, o Rei David conquistou a
˜
fortaleza que ficava no topo do monte Siao, localizado
`
nessa cordilheira, e a cidade que cresceu a volta des-
˜
sa fortaleza tornou-se a capital da antiga naçao de Is-
rael.
˜ ´ ´
Perto do monte Siao esta o monte Moria, onde, de
˜ ˜
acordo com a antiga tradiçao judaica, Abraao tentou
sacrificar Isaque, cerca de 1900 anos antes dos acon-
´
tecimentos descritos em Atos. O monte Moria passou
´ ˜
a fazer parte de Jerusalem quando Salomao construiu
´
o primeiro templo de Jeova no seu topo. Essa cons-
˜ ˜ ´
truçao tornou-se o centro da adoraçao e da vida pu-
blica dos judeus.
Judeus devotos de todas as partes reuniam-se no
´ ´
templo de Jeova para oferecer sacrifıcios, prestar ado-
˜ ´
raçao e observar as festividades periodicas. Eles fa-
ˆ
ziam isso em obediencia ao mandamento de Deus:
ˆ
“Tres vezes por ano, todos os homens devem compa-
´
recer perante Jeova, teu Deus, no lugar que ele esco-
´ ´
lher.” (Deut. 16:16) Jerusalem tamb em era a sede do
´
Grande Sinedrio – supremo tribunal judaico e conse-
lho administrativo nacional.
ˆ
34 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
´
ROMA – CAPITAL DE UM IMPERIO

´
No perıodo abrangido pelo livro de Atos, Roma era
a maior e, politicamente, a mais importante cidade do
´
mundo conhecido naquela epoca. Era a capital de um
´
imp erio que, no seu ´ auge, se estendia desde a Bretanha
´ ˆ ´
ate ao Norte de Africa, e desde o oceano Atlantico ate
´
ao golfo Persico.
Em Roma havia uma grande mistura de culturas, ra-
´ ˜
ças, lınguas e superstiçoes. Uma rede de estradas bem
`
cuidadas trazia a cidade viajantes e mercadorias de todos ´
´ ´
os cantos do imp erio. Proximo dali, no porto de Ostia,
navios de rotas comerciais movimentadas descarregavam
alimentos e artigos de luxo que seriam usados na cidade.
´ ˜
No primeiro seculo EC, bem mais de 1 milhao de pes-
˜
soas vivia em Roma. Talvez metade da populaçao fos-
se composta de escravos – criminosos condenados, fi-
lhos vendidos ou abandonados pelos pais e prisioneiros
˜
capturados durante campanhas das legioes romanas. En-
tre os levados a Roma como escravos estavam judeus de
´ ´
Jerusalem. Isso aconteceu logo ap os a conquista dessa ci-
dade pelo general romano Pompeu em 63 AEC.
A maior parte das pessoas livres era muito pobre; de-
´
pendia de subsıdios do governo e morava em alojamen-
´
tos superlotados, de varios andares. Os imperadores, po-
´
rem, adornavam a sua capital com alguns dos mais
´ ´ ´
majestosos edifıcios publicos ja vistos. Entre esses ha-
´
via teatros e grandes estadios que apresentavam peças
teatrais, lutas de gladiadores e corridas de carros – tudo
para o entretenimento gratuito das massas.
´
“CHEIOS DE ESPIRITO SANTO” 35
ˆ
JUDEUS NA MESOPOTAMIA E NO EGITO


´
O livro Historia do Povo Judeu no Tempo de Jesus
ˆ
Cristo (175 a.C.–135 a.D.) declara: “Na Mesopota-
´ ´
mia, Media e Babilonia moravam os descendentes de
membros do reino de dez tribos [de Israel] e do rei-
´ ´
no de Juda que tinham sido deportados para la pe-
´ ´
los assırios e babilonios.” De acordo com Esdras
2:64, apenas 42 360 israelitas regressaram a Jerusa-
´ ´ ´
lem depois do exılio em Babilonia. Isso aconteceu em
´
537 AEC. O historiador judeu Flavio Josefo disse que,
´
no primeiro seculo EC, os judeus que “moravam na
˜ ´
regiao de Babilonia” chegavam a dezenas de milha-
´
res. Entre o terceiro e o quinto seculos EC, as co-
munidades judaicas ali produziram a obra conhecida
´
como Talmude Babilonico.
Existem provas documentais que indicam que os
´ ´
judeus estavam presentes no Egito ja no sexto secu-
´
lo AEC. Durante esse perıodo, Jeremias proclamou
´
uma mensagem aos judeus que viviam em varios lu-
ˆ
gares
´ do Egito, incluindo Menfis. (Jer. 44:1, nota)
´ ´
E provavel que um grande numero de judeus tenha
´ ´
imigrado para o Egito durante o perıodo helenıstico.
Josefo disse que os judeus estavam entre os primei-
ros a estabelecerem-se em Alexandria. Com o tempo,
uma parte inteira da cidade foi-lhes cedida. No pri-
´ ´
meiro seculo EC, o escritor judeu Fılon afirmou que
˜ ˆ
1 milhao dos seus conterraneos morava no Egito, des-
´ ´ ` ´
de “o lado [da] Lıbia ate a fronteira com a Etiopia”.
ˆ
36 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
O CRISTIANISMO EM PONTO


Entre os que ouviram o discurso de Pedro no Pente-


costes de 33 ´ EC estavam judeus de Ponto, um distrito
no norte da Asia Menor. (Atos 2:9) Pelos vistos, alguns
`
deles levaram as boas novas a sua terra natal ao volta-
rem para casa, pois entre aqueles a quem Pedro dirigiu
a sua primeira carta estavam os que tinham sido “es-
palhados” por lugares como Ponto.1 (1 Ped. 1:1) A sua
˜
carta revela que esses cristaos estavam “aflitos devido
´ ˜
a varias provaçoes” que sofreram em resultado da sua
´ ´ ´ ˜
fe. (1 Ped. 1:6) Sem duvida, isso incluıa oposiçao e per-
˜
seguiçao.
´
Cartas trocadas entre Plınio, o Mo ço, governador da
´ ´
provıncia romana da Bitınia e Ponto, e o Imperador
˜ ˜
Trajano fazem alusao a outras provaçoes que os cris-
˜
taos enfrentaram em Ponto. Foi dali que, em 112 EC,
´
Plınio relatou numa das suas cartas que a “praga” do
cristianismo ameaçava todas as pessoas, independen-
˜ ´
temente do sexo, idade ou posiçao social. Plınio dava
˜
aos acusados de serem cristaos a oportunidade de ne-
garem isso, e aqueles que se recusavam eram executa-
dos. Qualquer um que amaldiçoasse Cristo ou rezasse
` ´ ´
aos deuses ou a estatua de Trajano era libertado. Plı-
˜
nio admitiu que essas eram coisas que ‘nao se podia
˜
obrigar os que eram realmente cristaos’ a fazer.
1 ´ O termo “espalhados”˜ traduz uma palavra
˜ grega que significa “da
Diaspora”. Essa expressao tem conotaç oes judaicas, indicando que
muitos dos primeiros convertidos eram de comunidades judaicas.

´
“CHEIOS DE ESPIRITO SANTO” 37
´
de 33 EC, acontece algo que deixara pessoas admiradas
´ ´
durante seculos. De repente, veio do ceu um barulho
“muito semelhante ao de uma forte rajada de vento”, ou
´ ´
“parecido com o de uma ventania”. (Atos 2:2; Bıblia Fa-
´
cil de Ler) O forte ruıdo enche a casa onde cerca de
´ ˜
120 discıpulos de Jesus estao reunidos. A seguir, acon-
´
tece algo impressionante. Lınguas como que de fogo tor-
´ ´
nam-se visıveis, uma sobre a cabeça de cada discıpulo.1
˜ ´ ´
Entao, os discıpulos ficam “cheios de espırito santo” e
´
começam a falar em lınguas estrangeiras. Quando os dis-
´
cıpulos saem da casa e começam a falar com os visitan-
´
tes que encontram nas ruas de Jerusalem, os visitantes
´
ficam espantados, pois ouvem-nos “falar no seu proprio
idioma”. — Atos 2:1-6.
´
Esse relato empolgante descreve um marco na histo-
3

˜ ˜
ria da adoraçao verdadeira: a formaçao do Israel espiri-
˜ ˜ ´
tual, a congregaçao dos cristaos ungidos. (Gal. 6:16)
´ ` ˜
Alem disso, quando Pedro se dirigiu a multidao naquele
ˆ
dia, ele usou a primeira das tres “chaves do Reino”. Cada
´ ˜ ´
1 As “lınguas” nao eram de fogo literal, mas “pareciam ˜ ser lınguas
de fogo”, pelos
´ vistos, indicando
ˆ que aquela manifestaç ao vista so-
bre cada discıpulo tinha a aparencia e o brilho de fogo.
´
3. (a) Porque e que o Pentecostes de 33 EC pode ser considerado um
´ ˜ ´ ˜
marco na historia da adoraçao verdadeira? (b) Qual e a relaçao entre o
discurso de Pedro e o uso das “chaves do Reino”?
ˆ
38 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
´
uma dessas chaves abriria uma porta de privilegios es-
peciais a diferentes grupos. (Mat. 16:18, 19) Essa primei-
´
ra chave permitiu que judeus e proselitos aceitassem as
´
boas novas e fossem ungidos com o espırito santo de
Deus.1 Assim, eles iriam tornar-se parte do Israel espi-
ritual e, dessa forma, teriam a esperança de governar
ˆ
como reis e sacerdotes durante o Reino messianico.
´
(Apo. 5:9, 10) Com o tempo, esse privilegio seria esten-
˜ ´
dido a samaritanos e, entao, a gentios. O que e que os
˜
cristaos hoje podem aprender dos acontecimentos im-
portantes que ocorreram no Pentecostes de 33 EC?
“Todos eles estavam juntos no mesmo lugar”
(Atos 2:1-4)
˜ ˜ ´
4A congregaç ao crista teve inıcio com cerca de
´
120 discıpulos que “estavam juntos no mesmo lugar”,
uma sala no andar de cima, e que foram ungidos com
´ ´
espırito santo. (Atos 2:1) No fim do dia, o numero de
˜ ´
membros batizados daquela congregaçao ja tinha chega-
´ ´
do aos milhares. Mas esse era so o inıcio do crescimen-
˜
to de uma organizaçao que continua a expandir-se hoje.
´ ´
1 Veja o quadro “Quem eram os proselitos?”, na p agina 40.
´ ˜ ˜ ´ ˜
4. De que modo e que a atual congregaçao crista e uma extensao da con-
˜
gregaçao formada em 33 EC?
´
“CHEIOS DE ESPIRITO SANTO” 39
´
QUEM ERAM OS PROSELITOS?


´ ˜
“Tanto judeus como proselitos” escutaram a pregaçao
de Pedro no Pentecostes de 33 EC. — Atos 2:10.
Um dos homens designados para cuidar da “tarefa ne-
´
cessaria” de distribuir alimentos diariamente foi Nico-
´
lau, identificado como “proselito de Antioquia”. (Atos
´ ˜
6:3-5) Os proselitos eram gentios (nao judeus) que se ti-
´
nham convertido ao judaısmo. Eles eram considerados
judeus em todos os sentidos, pois aceitavam o Deus e a
Lei de Israel, rejeitavam todos os outros deuses, subme-
` ˜
tiam-se a circuncisao (no caso dos homens) e tornavam-
˜
-se parte da naçao de Israel.
´
Depois de os judeus serem libertados do exılio em
´
Babilonia, em 537 AEC, muitos deles estabeleceram-se
longe da terra de Israel, mas continuaram a praticar o
´
judaısmo. Por causa disso, pessoas por todo o antigo
´
Medio Oriente e outros lugares tiveram contacto com
˜ ´
a religiao judaica. Antigos escritores, como Horacio e
´ ´
Seneca, confirmam que inumeras pessoas em diferentes
terras simpatizaram com os judeus e as suas crenças, e
´
passaram a associar-se com eles, tornando-se proselitos.

De facto, um grupo de homens e mulheres tementes a


˜ ˜ ´
Deus, a atual congregaçao crista, e o meio pelo qual as
˜
“boas novas do Reino” sao “pregadas em toda a terra
˜
habitada, em testemunho a todas as naçoes” antes do
fim deste sistema. — Mat. 24:14.
ˆ
40 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
˜ ˜ ´
5 A congregaçao crista tamb em seria fonte de encora-
jamento espiritual para os seus membros ungidos e,
˜
mais tarde, para as “outras ovelhas”. (Joao 10:16) Paulo
demonstrou o seu apreço pelo apoio que os membros da
˜ ˜
congregaçao dao uns aos outros quando escreveu aos
˜
cristaos em Roma: “Desejo muito ver-vos, para vos
transmitir algum dom espiritual a fim de que sejam fir-
mados; ou melhor, para nos encorajarmos mutuamente
´
por meio da nossa fe, tanto da vossa como da minha.”
— Rom. 1:11, 12.
˜ ˜
6Hoje, a congregaçao crista tem os mesmos objetivos
´ ´
que tinha no primeiro seculo. Jesus deu aos seus discı-
pulos uma obra desafiadora e, ao mesmo tempo, emo-
´
cionante. Ele disse-lhes: “Façam discıpulos de pessoas
˜
de todas as naçoes, batizando-as em nome do Pai, e do
´
Filho, e do espırito santo, ensinando-as a obedecer a to-
das as coisas que vos ordenei.” — Mat. 28:19, 20.
˜
7 A congregaç ao ˜ ´ ´
crista das Testemunhas de Jeova e o
´ ´
meio pelo qual essa obra e realizada hoje. Sem duvida,
´ ´
e um desafio pregar a pessoas de diferentes lınguas.
ˆ ˜ ˜ ˜
5. Qual seria a b ençao de se associar com a congregaçao crista, tanto
´
no primeiro seculo como hoje?
´ ˜ ˜ ´ ˜
6, 7. Como e que a congregaçao crista hoje esta a cumprir a comissao
˜
dada por Jesus de pregar a todas as naçoes?
´
“CHEIOS DE ESPIRITO SANTO” 41
´
Apesar disso, as Testemunhas de Jeova produzem infor-
˜ ´ ´
maçao baseada na Bıblia em mais de mil lınguas. Caso
ˆ ` ˜ ˜
voce esteja a assistir regularmente as reunioes cristas e
´
a participar na obra de pregar o Reino e fazer discıpu-
´
los, tem motivos para se alegrar. Esta entre os relativa-
ˆ ´
mente poucos na Terra que tem o privilegio de dar tes-
´
temunho cabal a respeito do nome de Jeova!
Para o ajudar a perseverar com alegria durante estes
8

´ ´
tempos crıticos, Jeova Deus providenciou uma associa-
˜ ˜ ˜
çao mundial de irmaos. Paulo escreveu aos cristaos he-
breus: “Pensemos uns nos outros para nos estimularmos
` ˜
ao amor e as boas obras, nao deixando de nos reunir,
´
como e costume de alguns, mas encorajando-nos uns
aos outros, e ainda mais ao vermos chegar o dia.”
˜ ˜ ´ ˜
(Heb. 10:24, 25) A congregaçao crista e uma provisao de
´ ˆ ´
Jeova para que voce possa encorajar outros e tamb em
˜
ser encorajado. Permaneça achegado aos seus irmaos es-
˜
pirituais. Nunca deixe de estar presente nas reunioes
˜
cristas!
´ ´
‘Cada um ouvia a sua propria lıngua’ (Atos 2:5-13)
9 Imagine como aquele diversificado grupo de judeus
˜ ˜
8. Que ajuda recebemos por meio da congregaçao crista?
´ ˆ ` ˜
9, 10. Como e que alguns se tem colocado a disposiçao para pregar aos
´
que falam outra lıngua?
ˆ
42 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
´
e proselitos deve ter ficado emocionado no Pentecostes
´ ´
de 33 EC. E provavel que a maioria dos presentes tivesse
´
uma lıngua em comum, talvez o grego ou o hebraico.
´
Mas agora “cada um ouvia os discıpulos a falar no seu
´
proprio idioma”. (Atos 2:6) Ouvir as boas novas na sua
´ ˜
lıngua materna com certeza tocou o coraçao daqueles
˜ ˜
ouvintes. Naturalmente, os cristaos hoje nao possuem o
´
dom milagroso de falar em lınguas. No entanto, muitos
ˆ ` ˜
tem-se colocado a disposiçao para divulgar a mensagem
do Reino a pessoas de todas as nacionalidades. Como?
Alguns aprendem um novo idioma para poder apoiar
˜ ´ ˜
uma congregaçao de lıngua estrangeira na sua regiao ou
´ ´ ˆ
ate para se mudarem para outro paıs. Com frequencia,
eles observam que os ouvintes ficam admirados com os
seus esforços.
10 Veja o caso de Christine, que fez um curso de guja-
´
rati com outras sete Testemunhas de Jeova. Ao encon-
trar-se com uma colega de trabalho que fala gujarati,
´
Christine cumprimentou-a nessa lıngua. A mulher ficou
´
impressionada e quis saber porque e que ela estava a es-
´ ˜ ´
forçar-se para aprender uma lıngua tao difıcil. Christine
ˆ ˜
p ode entao dar um excelente testemunho. A mulher
´
“CHEIOS DE ESPIRITO SANTO” 43
ˆ
disse-lhe: “Voces devem ter algo muito importante para
dizer.”
´
11 E claro que nem todos podemos aprender uma nova

´
lıngua, mas podemos estar preparados para pregar a
mensagem do Reino a pessoas que falam outros idiomas.
´ ˜
Como? Uma maneira e usar a aplicaçao JW Language ˙
´
para aprender a cumprimentar as pessoas numa lıngua
´
que seja falada na sua zona. Tamb em pode aprender al-
gumas frases para começar uma conversa com pessoas
´
que falam essa lıngua. Mostre-lhes o site jw.org e talvez
´ ˜ ´
alguns vıdeos e publicaçoes que existem na lıngua delas.
˜
Por usarmos estas ferramentas na pregaçao, podemos
˜ ´
sentir a mesma alegria que os irmaos no primeiro secu-
˜
lo sentiram quando pessoas de outras naçoes ficaram
surpreendidas por ouvirem as boas novas ‘cada uma no
´
seu proprio idioma’.
ˆ ´
“Pedro p os-se de p e” (Atos 2:14-37)
ˆ ´ ˜
12 “Pedro p os-se de p e” para falar com a multidao de
´
varias nacionalidades. (Atos 2:14) Ele explicou aos seus
11. Como podemos estar preparados para pregar a pessoas que falam
´
outra lıngua?
´ ´
12. (a) Como e que a profecia de Joel j a apontava para o evento mila-
´
groso que ocorreu no Pentecostes de 33 EC? (b) Porque e que se
´
esperava um cumprimento da profecia de Joel no primeiro seculo?
ˆ
44 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
´
ouvintes que o dom milagroso de falar em lınguas tinha
sido dado por Deus em cumprimento da profecia de
´
Joel: “Derramarei o meu espırito sobre todo o tipo de
´
pessoas.” (Joel 2:28) Antes de ir para o ceu, Jesus disse
´ ´
aos seus discıpulos: “Eu pedirei ao Pai, e ele ira dar-vos
´
outro ajudador”, o qual Jesus identificou como “o espı-
˜
rito”. — Joao 14:16, 17.
13 Ao concluir o seu discurso, Pedro foi franco ao di-
zer: “Que toda a casa de Israel tenha a plena certeza de
ˆ
que Deus fez deste Jesus, que voces mataram numa es-
taca, Senhor e Cristo.” (Atos 2:36) Evidentemente, a
˜
maioria das pessoas ali nao presenciou a morte de Jesus
na estaca de tortura. No entanto, como membros da na-
˜ ´ ´
çao, tamb em tinham parte da culpa. Note, porem, que
Pedro se dirigiu aos seus companheiros judeus de modo
˜
respeitoso, tentando tocar-lhes o coraçao. O objetivo de
˜ ´ ´
Pedro nao era condena-los, mas leva-los ao arrependi-
´ ˜
mento. Sera que a multidao se ofendeu com as palavras
de Pedro? De forma alguma. Em vez disso, as pessoas
˜ ´
ficaram “com o coraçao aflito”. Perguntaram: “O que e
´
que devemos fazer?” Sem duvida, o modo positivo como
´ ˜
13, 14. Como e que Pedro se esforçou para tocar o coraçao dos seus ou-
´
vintes, e como podemos imita-lo?
´
“CHEIOS DE ESPIRITO SANTO” 45
˜
Pedro falou contribuiu para tocar o coraçao de muitos,
levando-os a arrepender-se. — Atos 2:37.
14 Assim como Pedro, nos´ ´
tamb em podemos tentar to-
˜ ˜ ˜
car o coraçao das pessoas. Na pregaçao, nao precisamos
´
de corrigir todos os conceitos antibıblicos que o mora-
dor talvez tenha. Em vez disso, seria melhor concentrar-
mo-nos naquilo que temos em comum com ele. Se fizer-
mos isso, poderemos raciocinar com tato, usando a
Palavra de Deus. Em geral, as pessoas sinceras aceitam
a nossa mensagem com mais facilidade quando apresen-
´
tamos as verdades bıblicas dessa forma.
ˆ
“Seja cada um de voces batizado” (Atos 2:38-47)
No emocionante dia do Pentecostes de 33 EC, Pe-
15

´
dro disse a judeus e proselitos recetivos: “Arrependam-
ˆ
-se e seja cada um de voces batizado.” (Atos 2:38) Em
resultado disso, cerca de 3 mil pessoas foram batizadas,
´ ´
provavelmente em reservatorios em Jerusalem ou perto
´ ´
dali.1 Sera que eles agiram por impulso? Sera que esse
˜
1 Para efeito de comparaç ao, no dia 7 de agosto
´ de 1993, num ˆcon-
gresso internacional das Testemunhas de Jeova em Kiev, Ucrania,
7402 pessoas foram batizadas em seis piscinas, o que levou duas ho-
ras e quinze minutos.
´ ´
15. (a) O que e que Pedro disse a judeus e proselitos, e qual foi o resul-
´
tado? (b) Porque e que milhares que ouviram as boas novas no Pentecostes
de 33 EC puderam qualificar-se para o batismo naquele mesmo dia?
ˆ
46 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
´
relato serve de precedente para que estudantes da Bıblia
˜
ou filhos de pais cristaos se apressem a batizar-se antes
´ ˜
de estarem prontos? E claro que nao! Lembre-se de que
´
aqueles judeus e proselitos que foram batizados no Pen-
tecostes de 33 EC eram bons estudantes da Palavra de
˜
Deus e faziam parte de uma naçao que antes era dedi-
´ ´ ´
cada a Jeova. Alem disso, eles ja estavam a demonstrar
ˆ
zelo – em alguns casos, tinham viajado grandes distan-
cias para estarem presentes nessa festividade anual. De-
pois de aceitarem as verdades vitais a respeito do papel
´
de Jesus Cristo no cumprimento do prop osito de Deus,
eles estavam prontos para continuar a servir a Deus
– mas agora como seguidores batizados de Cristo.
ˆ
16 Aquele grupo, com certeza, tinha a b en ˜ ´
çao de Jeova.
O relato diz: “Todos os que se tornaram crentes estavam
juntos e compartilhavam todas as coisas; vendiam os
seus bens e propriedades, e repartiam o valor recebido
entre todos, de acordo com a necessidade de cada um.”1
´ ´
1 Esta medida temporaria
´ foi necessaria porque os˜ visitantes per-
maneceram
˜ em Jerusal
´ em˜ para obter mais instruç ao espiritual. Foi
uma aç ao voluntaria e nao deve ser confundida com alguma forma
de comunismo. — Atos 5:1-4.
´ ˜ ´ ´
16. Como e que os cristaos do primeiro seculo demonstraram um espı-
˜
rito de abnegaçao?
´
“CHEIOS DE ESPIRITO SANTO” 47
˜
(Atos 2:44, 45) Certamente, todos os cristaos verdadei-
´
ros querem imitar esse espırito de amor e abnega-
˜
çao.
´
17 A Bıblia ˜
mostra que, antes da dedicaçao e do batis-
˜ ´ ˜ ´
mo cristaos, varios passos sao necessarios. Uma pessoa
precisa de obter conhecimento da Palavra de Deus.
˜ ´
(Joao 17:3) Ela tem de exercer fe e demonstrar sincero
arrependimento do seu anterior modo de vida. (Atos
3:19) A seguir, tem de se converter, ou dar meia-volta, e
passar a agir em harmonia com a vontade de Deus.
´
(Rom. 12:2; Efe. 4:23, 24) Depois de dar esses passos, a
˜ ˜ ´
pessoa dedica-se a Deus em oraçao e, entao, e batizada.
— Mat. 16:24; 1 Ped. 3:21.
ˆ ´
18 E voc e? ´
E um discıpulo dedicado e batizado de Je-
´
sus Cristo? Em caso afirmativo, seja grato pelo privile-
´ ´
gio que recebeu. Como os discıpulos do primeiro secu-
´ ˆ ´
lo que ficaram cheios de espırito santo, voce tamb em
´
pode receber poder de Jeova para dar testemunho cabal
e fazer a vontade dele!
˜ ´ ´
17. Que passos sao necessarios para alguem se qualificar para o ba-
tismo?
´ ´ ´ ´
18. Que privilegio esta disponıvel para os discıpulos batizados de Cristo?

ˆ
48 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
´
CAPITULO 4


˜
“Homens comuns e sem instruçao”
´
Os ap ostolos agem com coragem
´
e Jeova abençoa-os
Baseado em Atos 3:1–5:11
˜
O SOL da tarde brilha sobre a multidao. Judeus devotos
´
e discıpulos de Cristo entram no complexo do templo.
´ ˜
Esta quase na “hora da oraçao”.1 (Atos 2:46; 3:1) Espremi-
˜ ˜
dos no meio da multidao, Pedro e Joao caminham em di-
˜ ˜
reçao ao portao do templo chamado Belo. Uma voz so-
´
bressai no meio do barulho das conversas e de p es a
˜
arrastarem-se no chao: um mendigo de meia-idade, coxo
de nascença, a pedir esmola. — Atos 3:2; 4:22.
` ˜
2 A medida que Pedro e Joao se aproximam, o mendigo
´
repete as palavras do costume a pedir dinheiro. Os ap os-
˜
tolos param, o que chama a atençao do homem. Ele fica
˜
na expectativa de receber algo. “Nao possuo prata nem
´
ouro”, diz Pedro, “mas o que tenho e o que te dou: Em
˜ ´ ˜
1 Eram feitas ora´ ç oes no templo com os sacrifıcios da manha e da
noitinha. O sacrifıcio da noitinha ocorria na “nona hora”, ou seja,
por volta das 3 horas da tarde.
´ ˜ ˜
1, 2. Que milagre e que Pedro e Joao realizaram perto do portao do
templo?
˜
“HOMENS COMUNS E SEM INSTRUÇAO” 49
nome de Jesus Cristo, o Nazareno, anda!” Pedro segura o
˜
homem pela mao e ajuda-o a levantar-se. Imagine como a
˜
multidao fica surpreendida ao ver o homem coxo a ficar
´
de p e pela primeira vez na vida! (Atos 3:6, 7) Consegue vi-
sualizar o homem a olhar admirado para as suas pernas
˜
curadas e a tentar dar os seus primeiros passos? Entao, ele
começa a pular de um lado para o outro e a louvar a Deus
com alta voz!
˜ ´ ˜ ˜
Perplexa, a multidao corre ate Pedro e Joao, que estao
3

´ ˜
no Portico de Salomao. Ali, no mesmo lugar em que Je-
sus muitas vezes ensinava, Pedro diz-lhes o verdadeiro sig-
˜
nificado do que acaba de acontecer. (Joao 10:23) Ele ofe-
` ˜
rece a multidao e ao homem anteriormente coxo um
presente mais valioso do que prata ou ouro. Esse presen-
´
te envolve muito mais do que apenas restabelecer a sau-
´
de. E a oportunidade de eles se arrependerem, de terem
os pecados apagados e de se tornarem seguidores do
´
“Agente Principal da vida” designado por Jeova, Jesus
Cristo. — Atos 3:15.
´
4 Que dia marcante! Uma pessoa foi curada e agora ja
conseguia andar. Outros milhares receberam a oportuni-
´ ´
3. Que presente inigualavel e oferecido ao homem anteriormente coxo e
` ˜
a multidao?
´
4. (a) A cura milagrosa preparou o cenario para que confronto? (b) Que
˜
duas perguntas serao respondidas?
ˆ
50 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
dade de serem curados em sentido espiritual para poderem
´
andar de um modo digno de Deus. (Col. 1:9, 10) Alem dis-
´
so, os acontecimentos daquele dia prepararam o cenario
para um confronto entre os leais seguidores de Cristo e as
autoridades que tentariam impedi-los de cumprir o man-
damento de Jesus de pregar a mensagem do Reino. (Atos
´
1:8) O que podemos aprender dos metodos usados e da ati-
˜
tude demonstrada por Pedro e Joao – “homens comuns e
˜ ` ˜
sem instruçao” – ao darem testemunho a multidao?1 (Atos
4:13) E de que forma podemos imitar a maneira como eles
´ ˜
e os outros discıpulos lidaram com a oposiçao?
˜ ´
Nao “por meio do nosso proprio poder”
(Atos 3:11-26)
˜ ´ ` ˜
5 Pedro e Joao ficaram de p e a frente da multidao, sa-
bendo que alguns ali talvez tivessem exigido que Jesus fos-
se executado. (Mar. 15:8-15; Atos 3:13-15) Pense na cora-
gem que Pedro demonstrou ao declarar sem medo que o
homem coxo tinha sido curado no nome de Jesus. Pedro
˜ ˆ
nao amenizou a verdade. De modo franco, ele exp os a par-
˜
te da culpa que a multidao tinha na morte de Cristo. Ape-
˜
sar disso, Pedro nao guardava ressentimento daquelas
´ ´
1 Veja os quadros
˜ “Pedro
´ – de pescador a ap ostolo zeloso”,
´ na p a-
gina 52, e “Joao – o discıpulo que Jesus amava”, na p agina 56.
˜
5. O que aprendemos da maneira como Pedro falou com a multidao?
˜
“HOMENS COMUNS E SEM INSTRUÇAO” 51
PEDRO´ – DE PESCADOR
A APOSTOLO ZELOSO


´
Nas Escrituras, Pedro e identificado por cinco nomes.
´ ˜
Ele e conhecido como Simeao em hebraico, e pelo equi-
˜
valente em grego, Simao; e como Pedro e o equivalente
´ ´ ´ ´
semıtico, Cefas. O ap ostolo tamb em e identificado como
˜ ˜
Simao Pedro, uniao de dois dos seus nomes. — Mat.
˜
10:2; 16:16; Joao 1:42; Atos 15:14.
˜
Pedro era casado, e a sua sogra e o seu irmao mo-
ravam com ele. (Mar. 1:29-31) Ele era pescador e vivia
em Betsaida, cidade situada na margem norte do mar da
˜
Galileia. (Joao 1:44) Mais tarde, morou em Cafarnaum,
perto de Betsaida. (Luc. 4:31, 38) Jesus estava no bar-
˜
co de Pedro quando se dirigiu a uma multidao que se
reuniu na margem do mar da Galileia. Logo depois dis-
˜
so, sob a orientaçao de Jesus, por meio de um milagre,
Pedro apanhou uma grande quantidade de peixes. Pedro
ajoelhou-se, cheio de medo; mas Jesus disse-lhe: “Para
´
de ter medo. De agora em diante, apanharas homens.”
˜ ´
(Luc. 5:1-11) Pedro pescava com o seu irmao Andre, as-
˜
sim como com Tiago e Joao. Os quatro abandonaram o
´
negocio de pesca quando aceitaram o convite de Jesus
para se tornarem seus seguidores. (Mat. 4:18-22; Mar.
1:16-18) Cerca de um ano depois, Pedro estava entre os
´
12 que Jesus escolheu como “ap ostolos”, que significa
“enviados”. — Mar. 3:13-16.
˜ ´
Jesus escolhia Pedro, Tiago e Joao para acompanha-lo
˜
em ocasioes especiais. Eles presenciaram a transfigura-
˜ ˜
çao de Jesus, testemunharam a ressurreiçao da filha de
ˆ
52 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
˜ ´
Jairo e viram a afliçao de Jesus no jardim de Getsemani.
(Mat. 17:1, 2; 26:36-46; Mar. 5:22-24, 35-42; Luc. 22:39-46)
´ ˆ ´
Tamb em foram estes tres – juntamente com Andre –
que perguntaram a Jesus a respeito do sinal da presen-
ça dele. — Mar. 13:1-4.
`
Pedro era direto, ativo e, as vezes, agia por impulso.
´
Parece que ele costumava falar antes dos outros ap osto-
los. Nos Evangelhos, encontramos mais palavras de Pe-
´
dro do que de todos os outros 11 ap ostolos juntos. Nor-
malmente, era Pedro que fazia as perguntas e os outros
ficavam calados. (Mat. 15:15; 18:21; 19:27-29; Luc. 12:41;
˜ ´ ˜
Joao 13:36-38) Alem disso, foi ele que nao quis que Je-
´
sus lhe lavasse os p es e, depois, ao ser repreendido, pe-
´ ˜
diu que Jesus lhe lavasse tamb em as maos e a cabeça!
˜
— Joao 13:5-10.
˜
Fortes emo çoes levaram Pedro a tentar convencer Je-
˜
sus de que ele nao teria de sofrer nem de ser morto. Jesus
´
repreendeu-o por essa falta de criterio. (Mat. 16:21-23)
´
Na ultima noite de Jesus na Terra, Pedro disse que mes-
´
mo que todos os outros ap ostolos abandonassem Jesus,
ele nunca faria isso. Quando Jesus foi preso pelos seus
inimigos, a coragem levou Pedro a defender Jesus com
´ ´
uma espada e, mais tarde, a segui-lo ate ao p atio da casa
do sumo sacerdote. Apesar disso, pouco depois, Pedro
ˆ
negou o seu Mestre tres vezes e, quando se apercebeu do
que tinha feito, chorou amargamente. — Mat. 26:31-35,
51, 52, 69-75.
Pouco antes de Jesus aparecer pela primeira vez aos
´ ´ ˜
ap ostolos na Galileia ap os a sua ressurreiçao, Pedro
´
disse que ia pescar, e outros ap ostolos foram com ele.
˜
“HOMENS COMUNS E SEM INSTRUÇAO” 53
Do barco, Pedro reconheceu Jesus na praia e, impulsi-
` ´ ´
vamente, lançou-se a agua e nadou ate ele. Jesus esta-
´
va a preparar alguns peixes para os ap ostolos. Durante
˜
a refeiçao, Jesus perguntou a Pedro: “Amas-me mais do
`
que a estes?”, referindo-se aos peixes a frente deles. Je-
sus estava a incentivar Pedro a segui-lo por tempo inte-
gral em vez de se empenhar por uma carreira, como a
˜
pesca. — Joao 21:1-22.
Por volta dos anos 62-64 EC, Pedro divulgou as boas
´
novas em Babilonia, no atual Iraque, onde havia uma
˜ ´
grande populaçao de judeus. (1 Ped. 5:13) Em Babilonia,
Pedro escreveu a primeira, e possivelmente a segunda,
das duas cartas inspiradas que levam o seu nome. Jesus
´
confiou a Pedro “os poderes necessarios para um apos-
´
tolado para com os circuncisos”. (Gal. 2:8, 9) Com com-
˜ ˜
paixao e vigor, Pedro cumpriu a sua comissao.

ˆ
pessoas, pois tinham ‘agido em ignorancia’. (Atos 3:17)
˜
Ele tentou tocar-lhes o coraçao, dirigindo-se a eles como
˜
a irmaos e concentrando-se nos aspetos positivos da men-
´
sagem do Reino. Se eles se arrependessem e tivessem fe
´
em Cristo, viriam “tempos de refrigerio” da parte de
´ ´
Jeova. (Atos 3:19) Da mesma forma, nos temos de ser co-
rajosos e francos ao declarar o julgamento de Deus que
´
esta para vir. Ao mesmo tempo, nunca devemos ser rudes,
´
duros ou crıticos. Em vez disso, encaramos aqueles a
˜
quem pregamos como potenciais irmaos e, como Pedro,
ˆ
54 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
´
nos concentramo-nos principalmente nos aspetos positi-
vos da mensagem do Reino.
´
6 Os ap ostolos ˜
eram homens modestos. Eles nao quise-
´
ram para si o credito daquele milagre que realizaram. Pe-
` ˜ ´ ˜ ´
dro disse a multidao: “Porque e que estao a olhar para nos
´ ´
como se o tivessemos feito andar por meio do nosso pro-
˜
prio poder ou da nossa devo çao a Deus?” (Atos 3:12) Pe-
´
dro e os outros ap ostolos sabiam que qualquer bem que
´
realizassem no ministerio era resultado do poder de Deus,
˜
nao do poder que eles tinham. Por isso, eles modestamen-
´
te dirigiram a Jeova e a Jesus todo o louvor pelas coisas
que realizavam.
´
7 Nos ´
tamb em precisamos de ser modestos ao participar
˜ ´ ´
na obra de pregaçao do Reino. E verdade que o espırito
˜ ˜
de Deus nao habilita os cristaos atuais a realizar curas mi-
lagrosas. Mesmo assim, podemos ajudar as pessoas a de-
´
senvolverem fe em Deus e em Cristo e a receberem o mes-
mo presente que Pedro ofereceu: a oportunidade de terem
os seus pecados perdoados e de serem revigoradas por
´
Jeova. Todos os anos, centenas de milhares aceitam essa
´
oportunidade e tornam-se discıpulos batizados de Cristo.
´ ˜ ´
6. Como e que Pedro e Joao demonstraram humildade e modestia?
` ´
7, 8. (a) Que presente podemos oferecer as pessoas? (b) Como e que a
´
promessa de haver um “restabelecimento de todas as coisas” esta a cum-
prir-se hoje?
˜
“HOMENS COMUNS E SEM INSTRUÇAO” 55
˜ ´
JOAO – O DISC IPULO QUE JESUS AMAVA


´ ˜ ˜
O ap ostolo Joao era um dos filhos de Zebedeu e irmao
´ ˜ ´
do ap ostolo Tiago. Parece que a sua mae era Salome,
˜ ˜
possivelmente irma de Maria, mae de Jesus. (Mat. 10:2;
˜
27:55, 56; Mar. 15:40; Luc. 5:9, 10) Dessa forma, Joao
´
talvez fosse familiar de Jesus. Pelos vistos, a famılia de
˜ ˜ ´
Joao tinha uma boa condiçao financeira. O negocio de
pesca de Zebedeu era grande a ponto de ele ter empre-
´
gados. (Mar. 1:20) Salome acompanhava Jesus, ajuda-
va-o com algumas tarefas quando ele estava na Galileia
e, quando ele morreu, ela comprou aromas para passar
no corpo dele, como parte do processo de sepultamen-
˜ ˜
to. (Mar. 16:1; Joao 19:40) Provavelmente, Joao tinha a
´ ˜
sua propria casa. — Joao 19:26, 27.
˜ ´ ˜ ´
Joao foi um dos discıpulos de Joao Batista. E natu-
´ ˜
ral que fosse ele quem estava com Andre quando Joao
Batista olhou para Jesus e disse: “Vejam o Cordeiro de
˜ ˜ ˜
Deus!” (Joao 1:35, 36, 40) Depois desta ocasiao, Joao, fi-
´ ´
lho de Zebedeu, acompanhou Jesus ate Cana, onde tes-
˜
temunhou o primeiro milagre de Jesus. (Joao 2:1-11)
´ ˜
A forma vıvida e a riqueza em detalhes com que Joao
descreve as atividades posteriores de Jesus em Jerusa-
´ ´
lem, Samaria e na Galileia indicam que ele tamb em tes-
˜
temunhou esses acontecimentos. A prontidao com que
˜ ´
Joao – assim como Tiago, Pedro e Andre – abandonou
as suas redes de pesca, o seu barco e o seu meio de vida
quando foi convidado por Jesus para ser seguidor dele
´ ˜
comprova a fe que Joao tinha. — Mat. 4:18-22.
ˆ
56 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
˜ ˜
Nos Evangelhos, Joao nao se destaca tanto como Pe-
˜ ´
dro. Mas Joao tamb em tinha uma personalidade forte,
como indica o sobrenome que Jesus deu a ele e ao seu ir-
˜ ˜
mao Tiago – Boanerges, que significa “filhos do trovao”.
´ ˜ ˜
(Mar. 3:17) No inıcio, Joao e o irmao queriam muito ter
˜
destaque, chegando a enviar a sua mae para pedir a Je-
˜
sus que lhes desse posiçoes privilegiadas no Reino. Em-
´ ´ ˆ
bora esse desejo fosse egoısta, tamb em era evidencia da
´
fe que tinham de que o Reino era uma realidade. A am-
˜ ˜
biçao desses dois irmaos deu a Jesus a oportunidade de
´
aconselhar todos os seus ap ostolos sobre a necessidade
de demonstrarem humildade. — Mat. 20:20-28.
˜
Joao manifestou a sua forte personalidade quando
˜
tentou impedir que certo homem que nao era seguidor
´
de Jesus expulsasse demonios em nome de Jesus. Nou-
˜
tra ocasiao, Jesus enviou mensageiros a uma aldeia sa-
maritana para fazerem alguns preparativos. Visto que
˜
as pessoas ali se recusaram a receber Jesus, Joao queria
´
pedir fogo do ceu para destruir os habitantes daquela
aldeia. Por causa deste tipo de atitudes, Jesus repreen-
˜ ˜
deu Joao. Tudo indica que, com o tempo, Joao passou
a ser mais equilibrado e misericordioso, qualidades que
antes, aparentemente, lhe faltavam. (Luc. 9:49-56) No
˜ ´
entanto, apesar das suas falhas, Joao era “o discıpulo a
quem Jesus amava”. Por isso, quando Jesus estava para
˜ ˜
morrer, confiou a sua mae, Maria, aos cuidados de Joao.
˜
— Joao 19:26, 27; 21:7, 20, 24.
˜ ´
Joao viveu mais tempo do que os outros ap osto-
˜ ˜
los, como Jesus tinha profetizado. (Joao 21:20-22) Joao
˜
“HOMENS COMUNS E SEM INSTRUÇAO” 57
´
serviu fielmente a Jeova cerca de 70 anos. Perto do fim
da sua vida, durante o governo do imperador romano
˜
Domiciano, Joao foi exilado na ilha de Patmos “por ter
falado a respeito de Deus e ter dado testemunho de Je-
˜ ˜
sus”. Ali, por volta do ano 96 EC, Joao recebeu as visoes
que registou no livro de Apocalipse. (Apo. 1:1, 2,´ 9)
˜ ˜
Segundo a tradiçao, ao ser libertado, Joao foi para Efe-
so, onde morreu por volta do ano 100 EC depois de ter
escrito o Evangelho que leva o seu nome e as cartas co-
˜
nhecidas como 1, 2 e 3 de Joao.

´
8 Realmente, estamos a viver no perıodo a que Pedro se
referiu como o “tempo do restabelecimento de todas as
coisas”. Em cumprimento da palavra que “Deus falou pela
boca dos seus santos profetas da antiguidade”, o Reino foi
´
estabelecido no ceu em 1914. (Atos 3:21; Sal. 110:1-3; Dan.
4:16, 17) Pouco depois, Cristo começou a supervisionar a
˜
obra de restauraçao espiritual na Terra. Em resultado dis-
˜ ˆ ´ ´
so, milhoes tem sido atraıdos ao paraıso espiritual, tor-
´
nando-se subditos do Reino de Deus. Eles despiram-se da
velha e corrompida personalidade e ‘revestiram-se da nova
personalidade, que foi criada segundo a vontade de Deus’.
´
(Efe. 4:22-24) Como no caso da cura do mendigo coxo,
˜ ´
esta obra impressionante nao e realizada por esforços hu-
´
manos, mas pelo espırito de Deus. Assim como Pedro, de-
ˆ
58 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
vemos usar a Palavra de Deus de forma corajosa e eficaz
para ensinar outros. Qualquer bom resultado que talvez
´
tenhamos em ajudar pessoas a tornarem-se discıpulos de
˜ ´
Cristo deve-se ao poder de Deus, nao ao nosso proprio.
˜
“Nao podemos parar de falar” (Atos 4:1-22)
9 O discurso de Pedro e o facto de o homem, que antes
era coxo, ter pulado e gritado de alegria causaram grande
˜ ˜ ´
como çao. Diante disso, o capitao do templo, responsavel
´
pela segurança da area do templo, e os principais sacerdo-
´ ´
tes foram imediatamente investigar o assunto. E provavel
que esses homens fossem saduceus, uma seita rica e com
´
grande poder polıtico que se esforçava para manter rela-
˜ ´ ´
çoes pacıficas com os romanos. Eles tamb em rejeitavam
˜
a lei oral, tao prezada pelos fariseus, e desprezavam a cren-
˜
ça na ressurreiçao.1 Imagine como eles ficaram furiosos
˜
ao encontrar Pedro e Joao no templo a ensinar corajosa-
mente que Jesus tinha sido ressuscitado!
˜
10Os furiosos opositores lançaram Pedro e Joao na pri-
˜ ` ´
sao e levaram-nos a força ate ao supremo tribunal judaico
no dia seguinte. Do ponto de vista daqueles governantes
1´ Veja o quadro “O sumo sacerdote e os principais sacerdotes”, na
p agina 60.
´ ´ `
9-11. (a) Como e que os lıderes judaicos reagiram a mensagem de Pe-
˜ ´ ´
dro e Joao? (b) O que e que os ap ostolos estavam decididos a fazer?
˜
“HOMENS COMUNS E SEM INSTRUÇAO” 59
O SUMO SACERDOTE E
OS PRINCIPAIS SACERDOTES


O sumo sacerdote representava o povo perante Deus.


´ ´ ´
No primeiro seculo EC, ele tambem presidia o Sinedrio.
´
Juntamente com ele, como lıderes dos judeus, estavam
os principais sacerdotes. Esse grupo era composto por
´ ´
ex-sumos sacerdotes, como Anas, e por homens de famı-
lias de onde os sumos sacerdotes eram escolhidos. Tal-
´
vez existissem apenas quatro ou cinco dessas famılias.
´
“O simples facto de pertencer a uma das famılias privile-
¨
giadas”, escreveu o erudito Emil Schurer, “devia conferir
` ´
[a pessoa] certo grau de prestıgio” entre os sacerdotes.
As Escrituras indicam que o cargo de sumo sacerdote
´ ´ ´
era vitalıcio. (Num. 35:25) Durante o perıodo abrangido
´
pelo livro de Atos, porem, os governadores romanos e
˜
os reis que governavam com a permissao de Roma de-
´
signavam e destituıam sumos sacerdotes como bem
entendiam. Mesmo assim, parece que quando esses go-
˜
vernantes pagaos designavam sumos sacerdotes, eles es-
˜
colhiam-nos da linhagem de Arao.

˜
arrogantes, Pedro e Joao eram “homens comuns e sem
˜ ˜
instruçao” e nao tinham o direito de ensinar no templo.
˜
Eles nao tinham estudado em nenhuma escola religiosa
˜
reconhecida. No entanto, a sua coragem e convicçao dei-
´ ˜
xaram o tribunal admirado. Como e que Pedro e Joao con-
˜ ˜
seguiam falar tao bem? Uma das razoes era que eles “ti-
ˆ
60 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
nham andado com Jesus”. (Atos 4:13) O Mestre deles
˜
tinha-os ensinado com verdadeira autoridade, nao como
faziam os escribas. — Mat. 7:28, 29.
´
11 O tribunal ordenou que os ap ostolos parassem de pre-
gar. Naquela sociedade, as ordens do tribunal tinham
muito peso. Apenas algumas semanas antes, quando Je-
sus esteve diante desse mesmo tribunal, os seus mem-
bros tinham declarado: “Ele merece morrer.” (Mat.
˜ ˜
26:59-66) Ainda assim, Pedro e Joao nao se sentiram inti-
´
midados. Diante daqueles homens ricos, bem-instruıdos
˜
e influentes, Pedro e Joao com coragem, mas com respei-
´ `
to, disseram: “Julguem os senhores se e certo, a vista de
Deus, obedecer-vos em vez de obedecer a Deus. Quanto a
´ ˜
nos, nao podemos parar de falar das coisas que vimos e
ouvimos.” — Atos 4:19, 20.
ˆ
12 E voc e? ´
Tamb em tem este tipo de coragem? Como se
sente quando tem a oportunidade de dar testemunho aos
´
ricos, aos bem-instruıdos e aos influentes na sua localida-
de? Quando familiares ou colegas de escola ou de traba-
lho gozam consigo por causa das suas crenças, sente-se in-
ˆ
timidado? Em caso afirmativo, voce pode superar esses
sentimentos. Quando esteve na Terra, Jesus ensinou os
´
ap ostolos a defenderem as suas crenças com confiança e
˜
12. O que pode ajudar-nos a desenvolver coragem e convicçao?
˜
“HOMENS COMUNS E SEM INSTRUÇAO” 61
respeito. (Mat. 10:11-18) Depois de ser ressuscitado, Jesus
´
prometeu aos seus discıpulos que continuaria com eles
´
“todos os dias, ate ao final do sistema de coisas”. (Mat.
˜
28:20) Sob a orientaçao de Jesus, “o escravo fiel e pru-
dente” ensina-nos a defender as nossas crenças. (Mat.
´ ˜
24:45-47; 1 Ped. 3:15) Isso e feito por meio de instruçoes
˜ ˜
recebidas nas reunioes congregacionais, como a reuniao
´ ˜ ˜
Vida e Ministerio Cristaos, e de publicaçoes baseadas na
´ ´
Bıblia, como os artigos de “Perguntas Bıblicas Respondi-
´
das” no site jw.org. Sera que estamos a fazer bom uso
˜
dessas provisoes? Se fizermos isso, a nossa coragem e
˜ ˜ ´ ˜
convicçao vao aumentar. E como os ap ostolos, nao per-
mitiremos que nada nos impeça de falar das maravilhosas
verdades espirituais ‘que vimos e ouvimos’.
“Levantaram a voz a Deus” (Atos 4:23-31)
˜
Imediatamente depois de serem soltos da prisao, Pe-
13

˜
dro e Joao reuniram-se com os outros membros da congre-
˜
gaçao. Juntos, eles “levantaram a voz a Deus” e oraram a
pedir coragem para continuar a pregar. (Atos 4:24) Pedro
ˆ ´
sabia por experiencia propria que era uma tolice confiar
na sua força ao tentar fazer a vontade de Deus. Apenas al-
gumas semanas antes, com excesso de confiança, ele tinha
dito a Jesus: “Ainda que todos os outros tropecem em re-
˜ ˆ
13, 14. O que devemos fazer quando enfrentarmos oposiçao, e porque?
ˆ
62 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
˜
laçao a ti, eu nunca tropeçarei!” Mas, como Jesus predis-
se, passado pouco tempo, Pedro cedeu ao medo do homem
e negou o seu amigo e instrutor. No entanto, Pedro apren-
deu com o seu erro. — Mat. 26:33, 34, 69-75.
14 Para cumprir a sua comissao ˜
de ser testemunha de
ˆ
Cristo, voce precisa de ter mais do que apenas determina-
˜ ´
çao. Quando opositores tentarem destruir a sua fe ou im-
˜
pedi-lo de pregar, siga o exemplo de Pedro e Joao. Ore a
´ ˜
Jeova a pedir força. Procure o apoio da congregaçao. Diga
˜ ˜
aos anciaos e a outros cristaos maduros as dificuldades
´ ˜ ˜
que esta a enfrentar. As oraçoes dos nossos irmaos podem
´
dar-nos força para perseverar. — Efe. 6:18; Tia. 5:16.
15 Se alguma vez cedeu a` pressao˜
e parou de pregar du-
˜
rante algum tempo, nao fique desanimado. Lembre-se de
´
que todos os ap ostolos pararam de pregar durante um pe-
´
rıodo depois da morte de Jesus, mas, em pouco tempo,
voltaram a ficar ativos. (Mat. 26:56; 28:10, 16-20) Em vez
´
de permitir que erros passados o desanimem, sera que
pode aprender desses erros? Na verdade, pode usar o que
aprendeu para fortalecer outros.
16 O que e´ que devemos pedir a Deus quando as
´
15. Porque e que os que talvez tenham parado de pregar durante algum
˜
tempo nao devem ficar desanimados?
˜
16, 17. O que aprendemos da oraçao feita pelos seguidores de Cristo em
´
Jerusalem?
˜
“HOMENS COMUNS E SEM INSTRUÇAO” 63
´ ˜
autoridades nos oprimem? Observe que os discıpulos nao
˜
pediram para serem poupados das provaçoes. Eles lem-
˜
bravam-se muito bem da declaraçao de Jesus: “Se me per-
´ ˜ ˜
seguiram a mim, tamb em vos perseguirao.” (Joao 15:20)
´ ´
Em vez disso, esses leais discıpulos pediram que Jeova
˜ `
‘desse atençao’ as ameaças dos opositores. (Atos 4:29)
´ ´
Fica evidente que os discıpulos conseguiam ver alem das
˜ ˜
provaçoes, reconhecendo que a perseguiçao que enfrenta-
vam era, na verdade, o cumprimento de profecias. Eles sa-
˜
biam que, como indicava a oraçao de Jesus, a vontade de
Deus seria ‘feita na terra’, independentemente do que me-
ros governantes humanos pudessem dizer. — Mat. 6:9, 10.
´
17 Para conseguirem fazer a vontade de Deus, os discı-

pulos oraram: “Concede aos teus escravos que continuem


a falar a tua palavra com toda a coragem.” Qual foi a res-
´
posta de Jeova? Imediatamente, “o lugar onde estavam
´
reunidos tremeu. Todos ficaram cheios de espırito santo
e começaram a declarar a palavra de Deus com coragem”.
(Atos 4:29-31) Nada pode impedir que a vontade de Deus
´
seja feita. (Isa. 55:11) Por maior que seja o obstaculo ou
´
por mais poderoso que seja o adversario, se ‘levantarmos
˜
a nossa voz a Deus’ em oraçao, podemos ter a certeza de
que ele vai dar-nos força para continuarmos a falar sobre
a sua palavra com coragem.
ˆ
64 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
˜
Prestar contas “nao a homens, mas a Deus”
(Atos 4:32–5:11)
´ ˜ ´
18 A recem-formada congregaçao em Jerusalem rapida-
mente chegou a mais de 5 mil membros.1 Apesar de terem
˜ ´ ´
diferentes formaçoes, os discıpulos eram “de um so cora-
˜ ´
çao e de uma so alma”. Eles estavam unidos na mesma
mente e na mesma maneira de pensar. (Atos 4:32; 1 Cor.
´
1:10) Os discıpulos faziam mais do que apenas pedir a
´
Jeova que abençoasse os seus esforços. Eles apoiavam-se
´
uns aos outros em sentido espiritual e, quando necessa-
˜
rio, em sentido material. (1 Joao 3:16-18) Um exemplo dis-
´ ´ ´
so foi o discıpulo Jose, a quem os ap ostolos chamavam
´ ´
Barnab e. Ele vendeu um pedaço de terra que possuıa e
˜
doou de coraçao todo o valor para ajudar os que tinham
vindo de longe. Assim, eles podiam ficar mais tempo em
´ ´
Jerusalem para aprenderem mais sobre a sua nova fe.
´
19 O casal Ananias e Safira tamb em vendeu uma proprie-
˜
dade e fez uma contribuiçao. Eles disseram que tinham
dado o dinheiro todo, mas ‘ficaram secretamente com
´
1 Em 33 EC, talvez houvesse apenas uns
´ 6 mil fariseus e um n ume-
˜
ro ainda menor de saduceus em Jerusalem. Essa pode ser outra razao
pela qual esses dois grupos se sentiam cada vez mais ameaçados pe-
los ensinos de Jesus.
´ ˜ ´
18. O que e que os membros da congregaçao em Jerusalem faziam uns
pelos outros?
´ ´
19. Porque e que Jeova executou Ananias e Safira?
˜
“HOMENS COMUNS E SEM INSTRUÇAO” 65
´ ˜
parte do valor’. (Atos 5:2) Jeova tirou-lhes a vida, nao por-
que a quantia doada fosse insuficiente, mas porque a mo-
˜ ´ ˜
tivaçao deles era ma e mentiram. Eles ‘mentiram nao a ho-
´
mens, mas a Deus’. (Atos 5:4) Como os hip ocritas a quem
Jesus condenou, Ananias e Safira estavam mais preocu-
´ ˜
pados em obter a gloria de homens do que a aprovaçao de
Deus. — Mat. 6:1-3.
˜ ´
20Atualmente, milh oes de Testemunhas de Jeov a
˜
apoiam a obra mundial de pregaçao por meio de donati-
´
vos, demonstrando o mesmo espırito de generosidade dos
´ ´ ´ ´
fieis discıpulos do primeiro seculo em Jerusalem. Nin-
´ ´
guem e obrigado a dar do seu tempo ou do seu dinheiro
´ ˜
para apoiar essa obra. De facto, Jeova nao quer que o sir-
˜
vamos contra a nossa vontade ou por obrigaçao. (2 Cor.
´ ˜
9:7) Quando damos algo a Jeova, ele interessa-se nao na
˜
quantidade, mas na nossa motivaçao. (Mar. 12:41-44) Ja-
mais queremos ser como Ananias e Safira, permitindo que
´
o nosso serviço a Deus seja motivado pelo egoısmo ou
´
pelo desejo de obter gloria. Em vez disso, como Pedro,
˜ ´ ´
Joao e Barnabe, queremos que o nosso serviço a Jeova seja
´ ´
sempre motivado por genuıno amor a ele e ao proximo.
— Mat. 22:37-40.
´
20. O que aprendemos sobre o que Jeova espera quando lhe damos algo?

ˆ
66 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
´
CAPITULO 5


“Temos de obedecer a Deus


como governante”
´
Os ap ostolos tomam uma atitude que passa a servir
˜
de modelo para todos os cristaos verdadeiros
Baseado em Atos 5:12–6:7
´ ´ ˜ ´
OS JUIZES do Sinedrio estao furiosos! Os ap ostolos de
˜
Jesus estao a ser julgados por esse supremo tribunal. Qual
´ ´ ´
e o motivo? Jose Caifas, o sumo sacerdote e presidente do
´ ´
Sinedrio, dirige-se a eles de forma dura: “Ordenamos ex-
˜
pressamente que nao ensinassem com base nesse nome.”
O furioso presidente nem sequer quer pronunciar o nome
´ ˆ
de Jesus. Caifas continua: “Mas, vejam! Voces encheram
´ ˜
Jerusalem com os vossos ensinamentos, e estao decididos
´
a trazer o sangue desse homem sobre nos.” (Atos 5:28)
´
A mensagem e clara: parar de pregar ou sofrer as conse-
ˆ
quencias!
2 Como e´ que os ap ostolos
´ ˜ ˜
vao reagir? A comissao de
pregar foi-lhes dada por Jesus, cuja autoridade tinha
´
sido concedida por Deus. (Mat. 28:18-20) Sera que os
´ ´ ´
1-3. (a) Porque e que os ap ostolos foram levados diante do Sinedrio, e
˜
a que se resume a questao? (b) Porque estamos muito interessados na
´
atitude tomada pelos ap ostolos?
“TEMOS DE OBEDECER A DEUS COMO GOVERNANTE” 67
´ ˜
ap ostolos vao ceder ao medo do homem e ser silenciados?
˜
Ou terao a coragem de permanecer firmes e continuar a
˜
pregar? Na verdade, a questao resume-se a isto: “A quem
´ ˜
e que eles vao obedecer? A Deus ou aos homens?” Sem
´ ´
hesitar, o ap ostolo Pedro fala por todos os ap ostolos.
˜
As suas palavras sao claras e corajosas.
3 Como cristaos ˜
verdadeiros, estamos muito interessa-
´ `
dos em saber como os ap ostolos reagiram as ameaças do
´ ˜ ´
Sinedrio, pois a comissao de pregar tamb em se aplica a
´ ˜
nos. Ao cumprirmos essa designaçao dada por Deus, pode
´ ˜
ser que tamb em enfrentemos oposiçao. (Mat. 10:22) Os
opositores podem tentar limitar ou proibir a nossa obra.
O que faremos? Para nos ajudar nesse sentido, vai ser
´
bom considerarmos a atitude que os ap ostolos tomaram
e os acontecimentos que levaram ao julgamento deles
´
diante do Sinedrio.1
´
“O anjo de Jeova abriu as portas” (Atos 5:12-21a)
Lembre-se de que, quando lhes ordenaram pela primei-
4

˜
ra vez que parassem de pregar, Pedro e Joao responde-
˜
ram: “Nao podemos parar de falar das coisas que vimos
˜
e ouvimos.” (Atos 4:20) Depois dessa situaçao tensa com
´ ´
1 Veja o quadro “O Sinedrio – supremo tribunal dos judeus”, na p a-
gina 69.
´ ´ ´
4, 5. Porque e que Caifas e os saduceus ficaram “cheios de ciume”?
ˆ
68 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
´
O SINEDRIO
– SUPREMO TRIBUNAL DOS JUDEUS


´ ´
Embora a Judeia fosse uma provıncia do Imp erio
Romano, Roma permitia que os judeus preservassem
´ ˜
as suas proprias tradiçoes e tivessem certa autono-
mia. Crimes menores e casos civis eram julgados por
˜
tribunais locais, mas as questoes que esses tribunais
˜ ´
nao podiam decidir eram encaminhadas para o Sine-
´ ´ ´
drio, tamb em chamado Grande Sinedrio, em Jerusalem.
´
O Sinedrio funcionava como supremo tribunal judai-
´
co e como conselho administrativo nacional. Tamb em
` ˜
dava a palavra final quanto a interpretaçao da lei judai-
ca, e a sua autoridade era respeitada pelos judeus em
toda a parte.
´ ˆ ˜
O Sinedrio reunia-se na camara de decisao, que pro-
´
vavelmente se localizava na area do templo ou nas suas
˜
imediaçoes. O conselho era formado por 71 membros:
o sumo sacerdote, que era o presidente; outros nobres
sacerdotais, incluindo os saduceus; aristocratas leigos e
˜
escribas cultos. As decisoes deste tribunal eram defini-
tivas.

´ ˜ ´
o Sinedrio, Pedro, Joao e os outros ap ostolos continua-
´
ram a pregar no templo. Os ap ostolos realizaram grandes
´
sinais, como curar doentes e expulsar demonios. Eles fi-
´ ˜ ´
zeram isso “no Portico de Salomao”, uma grande area
coberta do lado leste do templo onde muitos judeus
“TEMOS DE OBEDECER A DEUS COMO GOVERNANTE” 69
´
costumavam reunir-se. Pelos vistos, ate a sombra de Pe-
dro curava as pessoas! Muitos dos que foram curados em
´
sentido fısico aceitaram a mensagem de cura espiritual.
´
Em resultado disso, “era grande o numero de homens e
de mulheres que passavam a crer no Senhor e que se jun-
tavam a eles”. — Atos 5:12-15.
´
5 Caifas `
e os saduceus, membros da seita religiosa a qual
´ ´
Caifas pertencia, ficaram “cheios de ciume” e ordenaram
´ ˜
que os ap ostolos fossem lançados na prisao. (Atos 5:17,
´ ´
18) Porque e que os saduceus estavam furiosos? Os ap os-
tolos ensinavam que Jesus tinha sido ressuscitado, mas os
˜ ˜ ´
saduceus nao acreditavam na ressurreiçao. Os ap ostolos
´ ´ ´
diziam que alguem so poderia ser salvo se exercesse fe em
´
Jesus, no entanto, os saduceus temiam uma represalia de
´
Roma se as pessoas passassem a encarar Jesus como lıder.
˜ ˜ ´
(Joao 11:48) Nao e de admirar que os saduceus estives-
´
sem decididos a silenciar os ap ostolos.
´
6 Hoje tamb em ˜
sao os opositores religiosos que normal-
˜ ´ ˜
mente estao por tras da perseguiçao contra os servos de
´ ˆ ´
Jeova. Muitas vezes tentam usar a sua influencia na polı-
˜
tica e na comunicaçao social para silenciar a nossa pre-
´ ´ ´ ˜
6. Quem e que normalmente esta por tras da perseguiçao contra os ser-
´ ´ ˜
vos de Jeova hoje, e porque e que nao devemos ficar surpreendidos com
isso?
ˆ
70 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
˜ ´ ´
gaçao. Sera que deverıamos ficar surpreendidos com isso?
˜ ˜ ˜
Nao. A nossa mensagem exp oe a religiao falsa. Por acei-
´ ˜
tarem as verdades da Bıblia, pessoas sinceras sao liberta-
´ ´ ˜ ˜
das de crenças e praticas antibıblicas. (Joao 8:32) Entao,
´ ´
sera que e de estranhar que a nossa mensagem muitas ve-
´ ´
zes leve lıderes religiosos a ficarem cheios de odio e de
´
ciume?
7 Enquanto aguardavam na prisao ˜ ´
o seu julgamento, e
´ ´
possıvel que os ap ostolos se perguntassem se iriam sofrer
´ ` ˜
martırio as maos dos seus inimigos. (Mat. 24:9) Mas, du-
rante a noite, aconteceu algo surpreendente: “O anjo de
´ ˜
Jeova abriu as portas da prisao.”1 (Atos 5:19) O anjo deu-
˜ ˜ ´
-lhes entao uma orientaçao especıfica: ‘Apresentem-se no
templo e continuem a falar.’ (Atos 5:20) Essa ordem, sem
´ ´
duvida, assegurou os ap ostolos de que eles estavam a fa-
´
zer o que era certo. As palavras do anjo tamb em devem
ˆ
te-los encorajado a permanecerem firmes, independente-
´
mente do que acontecesse. Com forte fe e coragem, os
´
ap ostolos “entraram no templo ao amanhecer e começa-
ram a ensinar”. — Atos 5:21.
´ ˆ
1 Esta e a primeira das cerca de
ˆ 20 referencias
˜ diretas a anjos no
livro de Atos. Antes desta ocorrencia, anjos sao indiretamente men-
cionados em Atos 1:10 como “homens com roupas brancas”.
´ ´ ´
7, 8. Que efeito e que a ordem do anjo sem duvida teve sobre os ap os-
tolos, e o que devemos perguntar-nos?
“TEMOS DE OBEDECER A DEUS COMO GOVERNANTE” 71
´ ´
Cada um de nos deve perguntar-se: ‘Sera que eu teria
8

´ ´
a fe e a coragem necessarias para continuar a pregar em
ˆ
circunstancias similares?’ Podemos sentir-nos encorajados
por saber que a obra vital de ‘dar testemunho cabal so-
˜ ´
bre o Reino de Deus’ tem apoio e orientaçao angelica.
— Atos 28:23; Apo. 14:6, 7.
“Temos de obedecer a Deus como governante
em vez de a homens” (Atos 5:21b-33)
´ ´ ´
Caifas e os outros juızes do Sinedrio estavam prontos
9

´
para tratar do caso dos ap ostolos. Sem saber o que tinha
˜
acontecido na prisao, o tribunal mandou que guardas fos-
sem buscar os prisioneiros. Imagine a surpresa dos guar-
´
das quando viram que os ap ostolos tinham desaparecido,
˜
embora a prisao estivesse ‘trancada com toda a seguran-
`
ça, e os guardas estivessem parados as portas’. (Atos 5:23)
˜ ´
O capitao do templo rapidamente soube que os ap ostolos
estavam novamente no templo, a darem testemunho sobre
Jesus Cristo – o mesmo motivo pelo qual tinham sido pre-
˜
sos! O capitao e os guardas foram imediatamente ao tem-
´ ´
plo para capturar os prisioneiros e escolta-los ate ao Si-
´
nedrio.
´ ´ ` ´
9-11. Como e que os ap ostolos reagiram a ordem do Sinedrio de parar
´ ˜
de pregar, e como e que isso estabeleceu um modelo para os cristaos ver-
dadeiros?
ˆ
72 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
´ ´
10 Conforme descrito no inıcio deste capıtulo, os fu-
´ ´
riosos lıderes religiosos deixaram claro que os ap os-
´
tolos tinham de parar de pregar. Como e que os
´
ap ostolos reagiram? Agindo como porta-voz, Pedro
respondeu com coragem: “Temos de obedecer a Deus
como governante em vez de a homens.” (Atos 5:29)
´
Desse modo, os ap ostolos estabeleceram um modelo
˜
para todos os cristaos verdadeiros. Os governantes hu-
` ˆ ´
manos perdem o direito a obediencia quando proıbem
´
o que Deus requer ou exigem o que Deus proıbe. Por-
tanto, nos nossos dias, o que faremos se as “autorida-
˜
des superiores” proibirem a pregaç ao das boas novas?
˜ ˜
Nao poderemos deixar de cumprir a nossa designaç ao
dada por Deus. (Rom. 13:1) Assim, encontraremos ma-
neiras discretas de continuar a dar testemunho cabal
sobre o Reino de Deus.
˜ ´ ˜ ´
11 Nao e de admirar que a reaç ao corajosa dos ap os-

´
tolos tenha levado aqueles juızes frustrados a ficarem
´
ainda mais furiosos e a quererem ‘matar’ os ap ostolos.
´
(Atos 5:33) O martırio parecia certo para aquelas tes-
temunhas corajosas e zelosas. Mas eles receberiam
ajuda de uma fonte totalmente inesperada.
“TEMOS DE OBEDECER A DEUS COMO GOVERNANTE” 73
ˆ ˜ ˜ ´
“Voces nao poderao derruba-los” (Atos 5:34-42)
12 Gamaliel, “instrutor da Lei estimado por todo o
povo”, manifestou-se.1 Esse jurista devia ser muito respei-
´
tado pelos seus colegas, pois tomou a dianteira e ate
´
“mandou que levassem os [ap ostolos] para fora por um
momento”. (Atos 5:34) Ao mencionar revoltas anteriores
´ ´
que fracassaram ap os a morte dos seus lıderes, Gamaliel
incentivou o tribunal a ser paciente e tolerante ao lidar
´ ´ ´
com os ap ostolos, cujo Lıder, Jesus, tinha morrido ha pou-
co tempo. O argumento de Gamaliel era muito convin-
˜
cente: “Nao se metam com estes homens; deixem-nos em
paz. Porque, se este plano ou esta obra for de homens,
´ ˆ ˜ ˜
sera derrubada; mas, se for de Deus, voces nao poderao
´ ˜ ´
derruba-los. Senao, pode ser que estejam ate mesmo a lu-
´ ´
tar contra o proprio Deus.” (Atos 5:38, 39) Os juızes se-
guiram o seu conselho. Mesmo assim, fizeram com que os
´
ap ostolos fossem espancados e ordenaram-lhes “que pa-
rassem de falar em nome de Jesus”. — Atos 5:40.
13 Hoje, assim como no passado, Jeova´ pode fazer com

que homens importantes como Gamaliel ajam a favor do


´
1 Veja o quadro “Gamaliel – estimado entre os rabis”, na p agina 75.
´
12, 13. (a) Que conselho e que Gamaliel deu aos seus colegas, e o que
´ ´ ´
e que eles fizeram? (b) Como e que Jeova pode agir em favor do seu povo
´
hoje, e de que e que podemos estar certos, caso ele permita que ‘sofra-
mos por causa da justiça’?
ˆ
74 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
GAMALIEL – ESTIMADO ENTRE OS RABIS


O Gamaliel mencionado no livro de Atos costuma


ser identificado como Gamaliel, o Velho, neto de Hi-
lel, o fundador da mais liberal das duas escolas do
´ ˜
farisaısmo. Gamaliel ocupava uma posiçao de desta-
´ ˜
que no Sinedrio e era tao estimado entre os rabis que
´ ´
foi o primeiro a receber o tıtulo honorıfico “raban”.
´
A Mishna diz: “Quando morreu o Raban Gamaliel,
´
o Velho, cessou a gloria da Lei, e morreram a pure-
ˆ ˜
za e a abstinencia.” Atribui-se a ele a implementaçao
´ ´
de varias medidas humanitarias. “De especial impor-
ˆ ˜
tancia”, diz a Encyclopaedia Judaica, “foi a sua decisao
de permitir que uma mulher casasse novamente, mes-
mo que houvesse apenas uma testemunha da morte
´
do seu marido”. Acredita-se tambem que ele promul-
gou leis que protegiam esposas contra maridos sem es-
´ ´ ´
crupulos e viuvas contra filhos sem escrupulos, e que
lutou para que os gentios pobres tivessem o mesmo
`
direito a respiga que os judeus pobres.

´ ´
Seu povo. (Pro. 21:1) Jeova pode usar o seu espırito para
´
levar governantes, juızes ou legisladores poderosos a agir
em harmonia com a sua vontade. (Nee. 2:4-8) No entan-
to, caso ele permita que ‘soframos por causa da justiça’,
podemos estar certos de duas coisas. (1 Ped. 3:14) Primei-
ro, Deus pode dar-nos força para perseverar. (1 Cor.
“TEMOS DE OBEDECER A DEUS COMO GOVERNANTE” 75
˜ ˜
10:13) Segundo, os opositores ‘nao poderao derrubar’ a
obra de Deus. — Isa. 54:17.
14 Sera´ ´ ˆ
que os maus-tratos diminuıram o animo dos
´ ˜
ap ostolos ou enfraqueceram a sua determinaçao? De for-
´ ´
ma alguma! Eles “saıram do Sinedrio, alegres”. (Atos 5:41)
ˆ ´ ˜
“Alegres”? Porque? Sem duvida nao foi por causa da
dor provocada pelos maus-tratos. Eles sentiram-se alegres
porque sabiam que estavam a ser perseguidos por mante-
´
rem a integridade a Jeova e por seguirem os passos do
seu Exemplo, Jesus. — Mat. 5:11, 12.
˜
15 Assim como os nossos irmaos ´ ´
do primeiro seculo, nos
´
tamb em perseveramos com alegria quando sofremos por
˜
causa das boas novas. (1 Ped. 4:12-14) Embora nao goste-
mos de ser ameaçados, perseguidos ou presos, manter a
´ ˜
integridade da-nos profunda satisfaçao. Veja, por exemplo,
o caso de Henryk Dornik, que suportou anos de maus-
´
-tratos sob governos totalitarios. Em agosto de 1944, as
´
autoridades decidiram envia-lo juntamente com o seu ir-
˜ ˜
mao para um campo de concentraçao. Os opositores dis-
´ ´ ˆ
seram: “E impossıvel convence-los a fazer qualquer coisa.
´ ˜
Eles gostam de ser martires.” O irmao Dornik explica:
´ ´
14, 15. (a) Como e que os ap ostolos reagiram aos maus-tratos que so-
ˆ
freram, e porque? (b) Relate um exemplo que mostre como o povo de
´
Jeova persevera com alegria.
ˆ
76 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
˜ ´
“Eu nao queria ser martir, mas sofrer com coragem e dig-
´
nidade por causa da minha lealdade a Jeova realmente
dava-me alegria.” — Tia. 1:2-4.
´
16 Os ap ostolos ˜
nao perderam tempo e continuaram a
sua obra de testemunho. Sem se deixarem intimidar, eles
continuaram “todos os dias, no templo e de casa em
casa”, a obra de “declarar as boas novas a respeito do
Cristo”.1 (Atos 5:42) Esses proclamadores zelosos estavam
determinados a dar testemunho cabal. Eles levavam a
`
mensagem as casas das pessoas, conforme Jesus Cristo
´
lhes tinha ensinado. (Mat. 10:7, 11-14) Sem duvida, foi as-
´
sim que conseguiram encher Jerusalem com os seus ensi-
´ ˜
nos. Hoje, as Testemunhas de Jeova sao conhecidas por
´ ´ ˜
seguirem esse metodo apostolico de pregaçao. Por visitar-
´
mos todas as casas do nosso territorio, deixamos claro
´
que tamb em queremos dar testemunho cabal, dando a to-
´
dos a oportunidade de ouvir as boas novas. Sera que
´ ´ ´
Jeova esta a abençoar o nosso ministerio de casa em casa?
´ ˜ ´
Sem duvida! Milhoes ja aceitaram a mensagem do Reino
neste tempo do fim, e muitos ouviram as boas novas pela
˜ ´
1 Veja o quadro “Pregaç ao ‘de casa em casa’”, na p agina 78.
´ ´
16. Como e que os ap ostolos mostraram que estavam determinados a dar
´ ´ ´ ´
testemunho cabal, e como e que nos seguimos o metodo apostolico de pre-
˜
gaçao?
“TEMOS DE OBEDECER A DEUS COMO GOVERNANTE” 77
˜
PREGAÇAO
“DE CASA EM CASA”


´
Apesar de o Sinedrio ter proibido a atividade de pre-
˜ ´
gaçao dos discıpulos, eles continuaram a pregar e a
ensinar “todos os dias, no templo e de casa em casa”.
(Atos 5:42) O que significa exatamente “de casa em
casa”?
´
No grego original, a frase katoıkon literalmente sig-
nifica “segundo [a] casa”. Muitos tradutores dizem
´
que a palavra kata deve ser entendida no sentido “dis-
˜ ´
tributivo”, ou seja, a pregaçao dos discıpulos era “dis-
´
tribuıda” pelas casas. Um uso parecido da palavra
´
kata ocorre em Lucas 8:1, onde diz que Jesus pregou
“de cidade em cidade e de aldeia em aldeia”.
´ ´ ´
O plural, katoıkous, e usado em Atos 20:20. O ap os-
˜ ˜
tolo Paulo disse a superintendentes cristaos: “Nao dei-
xei de [...] vos ensinar publicamente e de casa em
˜
casa.” Paulo nao se referia simplesmente a ensinar na
˜ ´
casa de anciaos, como alguns sugerem. Isso e indicado
´ ´
no versıculo seguinte: “Porem, dei testemunho de for-
ma cabal, tanto a judeus como a gregos, de que deviam
´
arrepender-se e voltar-se para Deus, e ter fe no nosso
Senhor Jesus.” (Atos 20:21) Companheiros de adora-
˜ ´ ´
çao ja se tinham arrependido e depositado fe em Je-
˜ ˜
sus. Fica claro entao que a pregaçao e o ensino de casa
em casa estavam relacionados com dar testemunho
˜ ˜
aos que nao eram cristaos.
ˆ
78 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
´
primeira vez quando uma Testemunha de Jeova lhes ba-
`
teu a porta.
Homens qualificados para cuidar
´
de uma “tarefa necessaria” (Atos 6:1-6)
´ ˜
17 A rec em-formada congregaç ao enfrentava agora

˜
um perigo subtil que surgiu dentro da congregaç ao.
´
De que se tratava? Muitos dos discıpulos que estavam
˜ ´
a ser batizados nao eram de Jerusalem e queriam
aprender mais antes de voltar para casa. Essas pes-
soas precisavam de comida e de outros suprimen-
´
tos, de modo que os discıpulos voluntariamente doa-
ram dinheiro para atender a essas necessidades. (Atos
˜
2:44-46; 4:34-37) Com isso, surgiu uma situaç ao delica-
´
da. As viuvas que falavam grego “estavam a ser deixa-
˜ ´
das de lado na distribuiç ao diaria” de alimentos. (Atos
˜ `
6:1) Mas isso nao acontecia as que falavam hebraico.
˜ ˜
Parece, entao, que o problema envolvia discriminaç ao.
˜ ˆ
Poucas questoes tem tanto potencial para causar divi-
˜
sao.
´
18 Os ap ostolos, que atuavam como corpo governan-

˜ ˜
te da crescente congregaç ao, reconheceram que nao
´
seria sabio eles ‘deixarem a palavra de Deus para
˜ ˜ ´
17-19. Que questao surgiu que poderia causar divisao, e o que e que os
´
ap ostolos fizeram para resolver esse problema?
“TEMOS DE OBEDECER A DEUS COMO GOVERNANTE” 79
servir alimento’. (Atos 6:2) Para resolver esse assun-
´
to, eles orientaram os discıpulos a procurar sete ho-
´
mens “cheios de espırito e de sabedoria” a quem eles
pudessem designar para cuidar dessa “tarefa neces-
´
saria”. (Atos 6:3) Era preciso usar homens qualifi-
˜
cados porque aquela tarefa envolvia nao apenas distri-
´
buir alimentos, mas tamb em lidar com dinheiro, fazer
compras e manter registos exatos. Todos os homens
escolhidos tinham nome grego, o que talvez tenha aju-
´
dado as viuvas prejudicadas a terem mais confiança
˜
neles. Depois de considerarem as recomendaç oes com
˜ ´
oraç ao, os ap ostolos designaram os sete homens para
´
cuidar dessa “tarefa necessaria”.1
´ ˜
19 Sera que cuidar da distribuiçao de alimentos signifi-
cava que aqueles sete homens designados estavam agora
isentos da responsabilidade de pregar as boas novas? De-
˜
finitivamente nao! Um desses homens escolhidos foi Es-
ˆ ˜
tevao, que provaria ser uma testemunha corajosa e deter-
´
minada. (Atos 6:8-10) Filipe tamb em foi um dos sete; ele
´
e chamado “o evangelizador”. (Atos 21:8) Fica evidente
˜ ´
1 Esses homens
˜ provavelmente satisfaziam as qualifica
´ ç oes basicas
para um anciao,´ pois cuidar dessa “tarefa ˜ necessaria” era uma res- ˜
ponsabilidade seria. Mas as Escrituras nao indicam ˜ com exatid ao
quando homens come˜ çaram ˜ a ser designados anciaos ou superinten-
dentes da congregaç ao crista.
ˆ
80 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
que os sete homens continuaram a ser zelosos pregadores
do Reino.
´
20 O povo de Jeova hoje segue o procedimento adotado
´
pelos ap ostolos. Homens recomendados para cuidar de
ˆ
responsabilidades congregacionais tem de manifestar sa-
ˆ ´
bedoria divina e dar evidencias de que o espırito santo age
˜
sobre eles. Sob a orientaçao do Corpo Governante, ho-
´ ˜
mens que preenchem os requisitos bıblicos sao designa-
˜
dos para servir como anciaos ou servos ministeriais nas
˜
congregaçoes.1 (1 Tim. 3:1-9, 12, 13) Pode dizer-se que os
˜
que preenchem as qualificaçoes foram designados pelo es-
´
pırito santo. Esses homens diligentes cuidam de mui-
´ ˜
tas tarefas necessarias. Por exemplo, os anciaos podem
´ ´ ˜
providenciar ajuda pratica para fieis irmaos idosos que es-
˜
tao verdadeiramente necessitados. (Tia. 1:27) Alguns an-
˜ ˜
ciaos empenham-se em construir Saloes do Reino, organi-
˜ ˜
zar congressos ou trabalhar com a Comissao de Ligaçao
Hospitalar da zona deles. Servos ministeriais cuidam de
˜
muitas tarefas que nao envolvem diretamente pastoreio
´
1 No primeiro
˜ seculo, homens qualificados foram autorizados a de-
signar anciaos. (Atos 14:23; 1 Tim. 5:22; Tito 1:5) Hoje, o Corpo
Governante designa
ˆ superintendentes de circuito, e ˜ esses supe-
rintendentes tem a responsabilidade de designar anciaos e servos
ministeriais.
´
20. Como e que o povo de Deus hoje segue o procedimento adotado pe-
´
los ap ostolos?
“TEMOS DE OBEDECER A DEUS COMO GOVERNANTE” 81
ou ensino. Todos esses homens qualificados precisam de
equilibrar as suas responsabilidades congregacionais e or-
˜
ganizacionais com a designaçao dada por Deus de pregar
as boas novas do Reino. — 1 Cor. 9:16.
“A palavra de Deus continuava a espalhar-se” (Atos 6:7)
´ ´ ˜
Com o apoio de Jeova, a recem-formada congregaçao
21

` ˜
sobreviveu a perseguiçao externa e evitou um problema
˜ ˆ ˜ ´
interno que poderia causar divisoes. A b ençao de Jeova
era evidente, pois lemos: “A palavra de Deus continuava
´ ´
a espalhar-se, e o numero de discıpulos multiplicava-se
´ ˜
muito em Jerusalem. E uma grande multidao de sacerdo-
` ´ ´
tes tornou-se obediente a fe.” (Atos 6:7) Este e apenas um
´ ´
de varios relatorios do progresso da obra encontrados no
livro de Atos. (Atos 9:31; 12:24; 16:5; 19:20; 28:31) Nos nos-
´
sos dias, ouvir relatorios sobre o progresso da obra de pre-
˜ ´
gaçao do Reino em outras partes do mundo da-nos mui-
to encorajamento.
´ ´
No primeiro seculo EC, os enfurecidos lıderes religio-
22

˜ ˜
sos nao tinham a menor intençao de desistir da luta con-
´ ˜
tra os discıpulos. Uma onda de perseguiçao estava pres-
ˆ ˜ ˜
tes a começar. Estevao seria o alvo de violenta oposiçao,
´ ´
conforme veremos no proximo capıtulo.
´ ´
21, 22. O que mostra que Jeova abençoava a recem-formada congrega-
˜
çao?
ˆ
82 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
˜
S E C Ç AO 2 ˙ ATO S 6:8–9:43


“COMEÇOU UMA
˜ GRANDE
PERSEGUIÇAO CONTRA
˜
A CONGREGAÇAO”
ATOS 8:1

´ ˜ ´
Sera que os cristaos do primeiro seculo permiti-
˜
ram que a crescente oposiçao os impedisse de dar
testemunho sobre o Reino de Deus? Muito pelo
´ ˜
contrario. Nesta secçao, veremos que a feroz per-
˜ ˜
seguiçao, na verdade, resultou na expansao da
˜
obra de pregaçao.
´
CAPITULO 6


ˆ ˜
Estevao – “cheio
de favor divino e de poder”
O que aprendemos do testemunho corajoso
ˆ ˜ ´
de Estevao perante o Sinedrio
Baseado em Atos 6:8–8:3
ˆ ˜ ´
ESTEVAO esta diante do tribunal. Numa sala imponen-
´
te, provavelmente perto do templo em Jerusalem, 71 ho-
˜
mens estao sentados em cadeiras dispostas num grande
´ ´ ´
semicırculo. Esse tribunal, o Sinedrio, esta reunido para
ˆ ˜ ´ ˜
julgar Estevao. Os juızes sao homens poderosos e influen-
˜
tes, e a maioria deles nao tem nenhum respeito por este
´
discıpulo de Jesus. De facto, eles foram convocados pelo
´ ´
Sumo Sacerdote Caifas, o mesmo que presidia o Sinedrio
quando esse supremo tribunal judaico condenou Jesus
` ´ ˆ ˜ ´
Cristo a morte alguns meses antes. Sera que Estevao esta
assustado?
´ ´ ˆ ˜
2
Ha algo notavel no semblante de Estevao nesse mo-
´
mento. Os juızes olham fixamente para ele e veem que o
´
seu rosto e “como o rosto de um anjo”. (Atos 6:15) Os
˜ ˆ ˜ ˜ ´
1-3. (a) Que situaçao assustadora enfrenta Estevao, mas que reaçao e
que ele tem? (b) Que perguntas vamos considerar?
ˆ
84 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
´
anjos transmitem mensagens de Jeova Deus e, por isso,
ˆ
tem motivos para serem corajosos, serenos e tranquilos.
´ ˆ ˜ ´ ´
E assim que Estevao se sente – ate aqueles juızes cheios
´ ´
de odio conseguem perceber isso. Como e que ele conse-
˜
gue estar tao calmo?
˜
3 Como cristaos, podemos aprender muito da resposta
´ ´
a esta pergunta. Tamb em precisamos de saber o que e que
ˆ ˜ ˜ ˜ ´
exatamente levou Estevao a uma situaçao tao crıtica.
´ ´ ´
Como e que ele ja tinha defendido a sua fe? E de que ma-
´
neiras podemos imita-lo?
“Atiçaram o povo” (Atos 6:8-15)
4 Ja´ vimos que Estevˆ ˜ ´
ao era muito valioso para a recem-
˜ ˜ ´
-formada congregaçao crista. No capıtulo anterior deste
livro, vimos que ele foi um dos sete homens humildes que
´ ˜
prontamente aceitaram dos ap ostolos a designaçao para
prestar ajuda. E a sua humildade impressiona-nos ainda
mais quando nos lembramos dos dons que este homem
´
recebeu de Jeova. Em Atos 6:8, lemos que ele tinha rece-
bido poder para realizar “grandes sinais e milagres”, as-
´
sim como alguns dos ap ostolos, e que estava “cheio de fa-
´
vor divino e de poder”. O que e que isso quer dizer?
´ ˆ ˜ ˜
4, 5. (a) Porque e que Estevao era muito valioso para a congregaçao?
´ ˆ ˜
(b) Em que sentido e que Estevao estava “cheio de favor divino e de po-
der”?
ˆ ˜
ESTEVAO – “CHEIO DE FAVOR DIVINO E DE PODER” 85
A palavra grega traduzida como “favor divino” tam-
5

´ ˆ ˜
b em pode ser traduzida como “graça”. Parece que Estevao
lidava com as pessoas de forma bondosa, gentil e cativan-
te. Ele conquistava a confiança dos seus ouvintes pela sua
maneira de falar. Muitos ficavam convencidos com a sin-
ceridade dele e percebiam que as verdades que ele ensina-
´ ˆ ˜
va iriam beneficia-los. Estevao estava cheio de poder por-
´ ´
que o espırito de Jeova atuava sobre ele. Isso mostra que
´
ele, humildemente, se deixava guiar por esse espırito. Em
vez de se gabar dos seus dons e habilidades, ele direciona-
´
va todo o louvor para Jeova e mostrava verdadeiro inte-
˜ ´
resse pelas pessoas com quem falava. Nao e de admirar
que os seus inimigos o considerassem uma ameaça!
˜ ´
6
Em certa ocasiao, varios homens discutiram com Es-
ˆ ˜ ˜ ` ´
tevao, mas “nao puderam resistir a sabedoria e ao espıri-
to com que ele falava”.1 Frustrados, eles “persuadiram se-
˜
cretamente” alguns homens a levantar acusaçoes contra
`
1 Alguns desses inimigos pertenciam a “Sinagoga dos Libertos”.
Pode ser que eles tivessem sido capturados pelos romanos e liberta-
dos mais tarde,
´ ou talvez fossem escravos ´ libertos que se tinham
tornado pros
˜ elitos. Alguns eram da Cil ıcia, como Saulo de Tarso. ˜
O relato nao revela se Saulo ˆ estava
˜ entre aqueles cilicianos que nao
eram capazes de refutar Estevao.
˜ ´ ˆ ˜
6-8. (a) Que duas acusaçoes e que os inimigos de Estevao levantaram
ˆ ´ ˆ ˜ ´
contra ele, e porque? (b) Porque e que o exemplo de Estevao e de ajuda
˜
para os cristaos hoje?
ˆ
86 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
´
este inocente seguidor de Cristo. Eles tamb em “atiçaram
˜
o povo”, assim como os anciaos e os escribas, de modo
ˆ ˜ ` ´
que Estevao foi levado a força ao Sinedrio. (Atos 6:9-12)
Os inimigos acusaram-no de duas coisas: blasfemar con-
´ ´
tra Deus e contra Moises. Como e que ele teria feito isso?
ˆ ˜
7 Os falsos acusadores diziam que Estev ao tinha blasfe-
mado contra Deus por ter falado contra o “lugar santo”
´ ´
– o templo em Jerusalem. (Atos 6:13) Diziam tamb em que
´
ele tinha blasfemado Moises por ter falado contra a Lei
´
mosaica, mudando costumes transmitidos por Moises. Era
˜ ´ ´
uma acusaçao muito seria, visto que os judeus da epoca
ˆ
davam muita importancia ao templo, aos detalhes da Lei
` ˜
mosaica e as muitas tradiçoes orais que eles tinham acres-
` ˜ ˆ
centado a Lei. Portanto, a acusaçao significava que Este-
˜
vao era um homem perigoso que merecia a morte.
8 Infelizmente, e´ comum pessoas religiosas usarem tati-
´

cas similares para criarem problemas aos servos de Deus.


´ `
Ate aos nossos dias, opositores religiosos, as vezes, insti-
´ ´
gam lıderes polıticos a perseguir as Testemunhas de
´ ´
Jeova. Como e que devemos reagir quando somos con-
˜
frontados com acusaçoes falsas ou distorcidas? Podemos
ˆ ˜
aprender muito do exemplo de Estevao.
ˆ ˜
ESTEVAO – “CHEIO DE FAVOR DIVINO E DE PODER” 87
Um testemunho corajoso sobre “o Deus glorioso”
(Atos 7:1-53)
´ ´
9
Conforme mencionado no inıcio deste capıtulo, ao ser
ˆ ˜
acusado, Estevao permaneceu com um semblante sereno,
˜ ´
como o de um anjo. Entao, Caifas virou-se para ele e per-
´
guntou-lhe: “Isto e verdade?” (Atos 7:1) Era a vez de Es-
ˆ ˜
tevao falar. E foi exatamente isso que ele fez!
´
10 Alguns crıticos ˆ ˜
atacam o discurso de Estevao, afir-
˜
mando que, apesar da sua extensao, nem sequer respon-
` ˜ ´
de as acusaçoes levantadas contra ele. Na verdade, porem,
ˆ ˜
Estevao deu-nos um excelente exemplo de como “fazer
´
uma defesa” das boas novas. (1 Ped. 3:15) E bom ter em
ˆ ˜
mente que Estevao foi acusado de blasfemar a Deus por
´
difamar o templo, e de blasfemar Moises por falar con-
ˆ ˜ ´ ˆ
tra a Lei. A defesa de Estevao e um resumo de tres pe-
´ ´
rıodos da historia de Israel e enfatiza cuidadosamente
´
certos pontos especıficos. Vamos considerar cada um des-
´
ses perıodos.
11 A era dos patriarcas. (Atos 7:1-16) Estev ˆ ˜
ao começou a
˜
falar sobre Abraao, a quem os judeus respeitavam muito
˜ ´ ´
9, 10. Que afirmaçao e que alguns crıticos fazem sobre o discurso de
ˆ ˜ ´ ´
Estevao diante do Sinedrio, e o que e que precisamos de ter em mente?
´ ˆ ˜ ˜
11, 12. (a) Como e que Estevao fez bom uso do exemplo de Abraao?
´ ´
(b) Porque e que o exemplo de Jose era importante para o discurso de
ˆ ˜
Estevao?
ˆ
88 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
´ ˆ
pela sua fe. Ao estabelecer esse ponto em comum, Este-
˜ ´
vao enfatizou que Jeova, “o Deus glorioso”, apareceu pela
˜ ˆ
primeira vez a Abraao na Mesopotamia. (Atos 7:2) Na
˜
verdade, Abraao era residente forasteiro na Terra Prome-
˜
tida. Ele nao tinha nem um templo nem a Lei mosaica.
˜ ´
Entao, como poderia alguem insistir que a fidelidade a
Deus deve depender sempre desse tipo de coisas?
´
12 Jos e, ˜ ´
descendente de Abraao, tamb em era muito esti-
ˆ ˜ ˆ ˜
mado pelos ouvintes de Estevao, mas Estevao lembrou-os
´ ˜ ´
de que os proprios irmaos de Jose, pais das tribos de Is-
rael, perseguiram aquele homem justo e venderam-no
como escravo. Apesar disso, Deus usou-o para salvar Is-
´ ˆ ˜
rael da fome. Sem duvida, Estevao via claras similarida-
´
des entre Jose e Jesus Cristo, mas evitou fazer logo essa
˜
comparaçao para que os seus ouvintes continuassem a es-
´ ´ ´
cuta-lo o maximo de tempo possıvel.
´ ˆ ˜
13
O tempo de Moises. (Atos 7:17-43) Estevao falou bastan-
´ ´
te sobre Moises, o que foi sabio visto que muitos dos
´
membros do Sinedrio eram saduceus, que rejeitavam to-
´ ˜
dos os livros da Bıblia que nao tivessem sido escritos
´ ´ ˆ ˜
por Moises. Alem disso, lembre-se de que Estevao ti-
´
nha sido acusado de blasfemar Moises. As palavras de
´ ´ ´ ` ˜
13. Como e que a analise do exemplo de Moises respondeu as acusaçoes
ˆ ˜ ´
feitas contra Estevao, e que tema e que isso ajudou a desenvolver?
ˆ ˜
ESTEVAO – “CHEIO DE FAVOR DIVINO E DE PODER” 89
´
“MARTIR” – EM QUE SENTIDO?

´
A palavra portuguesa “martir” deriva do termo gre-
´ ´
go martys, que significa “testemunha”, ou seja, alguem
que observa um ato ou um evento. Mas a palavra grega
´
significa mais do que isso. Segundo um lexico grego, na
´ ´ ´ ´
Bıblia, a pessoa que e martys e “ativa” no sentido de to-
˜
mar uma açao. Ela “tem o dever de contar o que viu e
˜
ouviu, declarar o que sabe”. Todos os cristaos verdadei-
ˆ ˜
ros tem a obrigaçao de dar testemunho do que sabem
´ ´
sobre Jeova e os seus prop ositos. (Luc. 24:48; Atos 1:8)
ˆ ˜
As Escrituras chamam “testemunha” a Estevao por ele
ter falado sobre Jesus. — Atos 22:20.
˜
Para os cristaos, dar testemunho muitas vezes resul-
˜ ˜ ´
ta em oposiçao, prisao, espancamento e ate morte. Por
´ ´ ´
isso, desde o segundo seculo EC, “martir” tamb em pas-
sou a referir-se a uma pessoa que sofre essas conse-
ˆ ´ ´
quencias em vez de renunciar a sua fe. E nesse sentido
ˆ ˜ ´
que Estevao pode ser chamado o primeiro martir cris-
˜
tao. Mas, originalmente, uma pessoa era considerada
´ ˜
“martir” nao porque tivesse morrido, mas porque dava
testemunho.

ˆ ˜ ˜
Estevao foram uma resposta direta a essa acusaçao, pois
´
mostraram que ele tinha muito respeito por Moises e
ˆ ˜ ´
pela Lei. (Atos 7:38) Estevao destacou que Moises tam-
´ ˜
b em teve de enfrentar rejeiçao da parte daqueles que ten-
´
tou salvar. O povo rejeitou Moises quando ele tinha
ˆ
90 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
40 anos e, mais de 40 anos depois, desafiou a sua autori-
´ ˜ ˆ ˜
dade em varias ocasioes.1 Deste modo, Estevao foi coe-
rente ao desenvolver um tema importante: o povo de
´ ´
Deus, vez ap os vez, rejeitou aqueles que Jeova tinha de-
signado para o liderar.
ˆ ˜
14 Estev ´
ao lembrou aos seus ouvintes que Moises tinha
´ ´
predito que um profeta semelhante ao proprio Moises
surgiria em Israel. Quem seria esse profeta, e como seria
ˆ ˜
recebido? Bem, Estevao deixou as respostas a essas per-
ˆ ˜
guntas para o fim do seu discurso. Entretanto, Estevao
´
destacou outro ponto importante: Moises tinha aprendi-
do que qualquer solo pode tornar-se santo, como no caso
´
do solo do arbusto que ardia, onde Jeova tinha falado
˜ ´
com ele. Entao, sera que se pode limitar ou restringir a
˜ ´ ´
adoraçao a Jeova a um unico local, como o templo em
´
Jerusalem? Vejamos.
´ ˆ ˜
15 O tabern aculo e o templo. (Atos 7:44-50) Estevao lem-
brou ao tribunal que, antes de haver um templo em
ˆ ˜ ´ ˜ ˜ ˜
1 O discurso de Estevao contem informa
´ ç oes que nao sao encontra-
˜
das´ em nenhuma outra
´ parte da Bıblia, como factos sobre a educaç ao
egıpcia que Moises recebeu, a sua idade quando ˜ fugiu pela primeira
vez do Egito e quanto tempo ficou em Midia.
´ ˆ ˜
14. O exemplo de Moises apoiou que pontos do discurso de Estevao?
´ ´
15, 16. (a) Porque e que mencionar o tabernaculo era importante para
ˆ ˜ ´ ˆ ˜
o argumento de Estevao? (b) Porque e que Estevao mencionou o templo
˜
de Salomao no seu discurso?
ˆ ˜
ESTEVAO – “CHEIO DE FAVOR DIVINO E DE PODER” 91
´ ´ ´
Jerusalem, Deus tinha ordenado que Moises construısse
´ ´ ˜
um tabernaculo – uma estrutura portatil para adoraçao,
parecida com uma tenda. Quem se atreveria a dizer que
´ ´
o tabernaculo era inferior ao templo, visto que o proprio
´ ˜ ´
Moises tinha prestado adoraçao no tabernaculo?
˜
16
Mais tarde, quando Salomao construiu o templo em
´ ˜
Jerusalem, Deus inspirou-o a transmitir uma liçao vital
˜ ˜ ˆ ˜
na sua oraçao. Parafraseando Salomao, Estevao explicou
´ ˜ ˜
que “o Altıssimo nao mora em casas feitas por maos hu-
´ ´
manas”. (Atos 7:48; 2 Cro. 6:18) Jeova pode usar um tem-
´ ˜
plo para realizar os seus prop ositos, mas ele nao depen-
˜
de disso. Entao, porque deveriam os seus adoradores
˜ ´
achar que a adoraçao pura depende de um local construı-
˜ ˆ ˜
do por maos humanas? Estevao concluiu o seu argumen-
´ ´ ´
to de forma poderosa, citando o livro de Isaıas: “O ceu e
´ ´
o meu trono e a terra e o apoio para os meus p es. Que
´ ˜ ´ ´
tipo de casa e que me construirao?, diz Jeova. Onde e
˜
que seria o meu lugar de descanso? Nao foi a minha
˜
mao que fez todas estas coisas?” — Atos 7:49, 50; Isa.
66:1, 2.
ˆ ˜ ´ ˜
17
Ao analisar o discurso de Estevao ate aqui, nao con-
´ ˆ ˜ ˆ
17. Como e que o discurso de Estevao (a) exp os a atitude errada dos
` ˜
seus ouvintes e (b) respondeu as acusaçoes contra ele?
ˆ
92 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
ˆ
corda que ele exp os com habilidade a atitude errada dos
´ ˜ ´ ´
seus acusadores? Ele mostrou que Jeova nao e rıgido nem
˜ ´ ´
preso a tradiçoes, antes, e flexıvel e com o passar do tem-
´
po faz ajustes para cumprir o seu prop osito. Os que da-
ˆ ` ´
vam muita enfase aquele belo templo em Jerusalem e aos
˜ `
costumes e tradiçoes que se desenvolveram a volta da Lei
´
mosaica desperceberam o verdadeiro objetivo por tras da
ˆ ˜
Lei e do templo. Indiretamente, o discurso de Estevao le-
˜ ˆ
vantou a seguinte pergunta vital: “Nao seria a obediencia
´
a Jeova a melhor maneira de honrar a Lei e o templo?”
ˆ ˜
De facto, com as suas palavras, Estevao apresentou uma
´ ˜
excelente defesa das suas proprias açoes, pois ele obede-
´
cia a Jeova da melhor maneira que conseguia.
18 O que aprendemos do discurso de Estev ˆ ˜
ao? Ele esta-
va bem familiarizado com as Escrituras. Da mesma for-
ma, precisamos de ser estudantes diligentes da Palavra de
Deus se quisermos manejar “corretamente a palavra da
´
verdade”. (2 Tim. 2:15) Tamb em aprendemos da maneira
ˆ ˜
como Estevao lidava com as pessoas, por ser gentil e
usar de tato. Apesar de os seus ouvintes serem extrema-
mente rudes, ele procurou manter pontos em comum
´ ´
com eles ate onde foi possıvel, por falar de assuntos
ˆ ˜
18. De que maneiras devemos procurar imitar Estevao?
ˆ ˜
ESTEVAO – “CHEIO DE FAVOR DIVINO E DE PODER” 93
que aqueles homens consideravam muito importantes.
ˆ ˜ ´
Estevao tamb em se dirigiu a eles com respeito, chaman-
˜
do “pais” aos homens em posiçao de autoridade. (Atos
´ ´
7:2) Nos tamb em precisamos de apresentar as verdades
da Palavra de Deus com “brandura e profundo respeito”.
— 1 Ped. 3:15.
˜
19 No entanto, nao deixamos de declarar as verdades da
Palavra de Deus por medo de ofender as pessoas, nem
´ ˆ
suavizamos as mensagens de julgamento de Jeova. Este-
˜ ´ ´
vao e um bom exemplo disso. Sem duvida, ele percebia
que todas aquelas provas que estava a apresentar ao Si-
´ ´ ´
nedrio causavam pouco efeito naqueles juızes insensıveis.
ˆ ´
Assim, sob a influencia do espırito santo, ele concluiu o
´
seu discurso por, corajosamente, mostrar que aqueles juı-
zes eram exatamente iguais aos seus antepassados que ti-
´ ´
nham rejeitado Jose, Moises e todos os profetas. (Atos
´ ´
7:51-53) Na verdade, aqueles juızes do Sinedrio tinham as-
sassinado o Messias, cuja vinda tinha sido predita por
´
Moises e todos os profetas. Realmente, eles tinham vio-
´
lado a Lei mosaica da pior maneira possıvel.
´ ˆ ˜
19. Como e que Estevao transmitiu corajosamente a mensagem de jul-
´ ´
gamento de Jeova ao Sinedrio?
ˆ
94 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
´
“Senhor Jesus, recebe o meu espırito” (Atos 7:54–8:3)
´ ˆ ˜
20 A verdade incontestavel das palavras de Estevao dei-
´
xou aqueles juızes furiosos. Perdendo toda a dignidade,
ˆ ˜
eles ‘começaram a ranger os dentes’ contra Estevao.
˜
Aquele homem fiel deve ter percebido que nao seria
´
tratado com nenhuma misericordia, assim como o seu
´ ˜
Mestre, Jesus, tamb em nao tinha sido.
ˆ ˜
21
Estevao precisava de coragem para enfrentar o que es-
´
tava para acontecer e, sem duvida, recebeu muito encora-
˜ ´
jamento da visao que Jeova bondosamente lhe deu naque-
ˆ ˜ ´ ´
le momento. Estevao viu a gloria de Deus e tamb em Jesus
´ ` ´ ˆ ˜
em p e a direita de Jeova. Enquanto Estevao descrevia a vi-
˜ ´ ˆ
sao, os juızes taparam os ouvidos. Porque? Algum tempo
`
antes, Jesus tinha dito aquele tribunal que ele era o Mes-
`
sias e que, dentro de pouco tempo, estaria a direita do Pai.
˜ ˆ ˜
(Mar. 14:62) A visao de Estevao provou que Jesus tinha
´ ´
dito a verdade. De facto, aquele mesmo Sinedrio tinha traı-
do e assassinado o Messias! Todos avançaram contra
ˆ ˜ ´ `
Estevao ao mesmo tempo para o apedrejar ate a morte.1
´ ´ ´ ˜
1 E pouco provavel que´ o Sinedrio
˜ tivesse autorizaç ao da lei roma-
na para
ˆ ˜ executar alguem. (Joao 18:31) Seja como for, a morte de
Estevao parece ter sido um assassinato
˜ realizado
˜ por uma turba en-
furecida em vez de uma execuç ao por decisao judicial.
´ ´ ` ˆ ˜ ´
20, 21. Como e que o Sinedrio reagiu as palavras de Estevao, e como e
´
que Jeova o fortaleceu?
ˆ ˜
ESTEVAO – “CHEIO DE FAVOR DIVINO E DE PODER” 95
ˆ ˜
22
Em muitos sentidos, Estevao morreu da mesma ma-
neira que o seu Mestre: em paz, com total confiança em
´ ˜ ˜
Jeova e com o coraçao cheio de perdao pelos seus assas-
´
sinos. Ele disse: “Senhor Jesus, recebe o meu espırito”,
˜
talvez porque ainda conseguisse observar na visao o Filho
´ ˆ ˜
do homem com Jeova. Com certeza, Estevao conhecia as
˜
palavras consoladoras de Jesus: “Eu sou a ressurreiçao e
˜ ˆ ˜
a vida.” (Joao 11:25) Por fim, Estevao orou diretamente a
´ ˜
Deus em voz alta: “Jeova, nao os condenes por este pe-
cado.” A seguir, adormeceu na morte. — Atos 7:59, 60.
ˆ ˜ ´
23
Desta forma, Estevao tornou-se o primeiro martir en-
tre os seguidores de Cristo de que se tem registo. (Veja o
´ ´
quadro “‘Martir’ – em que sentido?”, na pagina 90.) Infe-
´ ˜ ´ ´
lizmente, porem, ele nao seria o ultimo. Ate aos nossos
´ ´ ˆ
dias, alguns servos fieis de Jeova tem sido mortos por fa-
´ ´ ´
naticos religiosos, extremistas polıticos e outros crueis
˜
opositores. Ainda assim, temos motivos para sermos tao
ˆ ˜ ´ ´ ´
confiantes como Estevao. Jesus ja e Rei e esta a exercer
´
o grande poder que o seu Pai lhe deu. Nada o impedira de
´ ˜
ressuscitar os seus fieis seguidores. — Joao 5:28, 29.
´ ˆ ˜ `
22, 23. Em que sentidos e que a morte de Estevao foi similar a do seu
´ ˜ ˜
Mestre, e como e que os cristaos hoje podem ser tao confiantes como
ˆ ˜
Estevao?
ˆ
96 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
24
Entre os observadores do apedrejamento estava um
jovem chamado Saulo. Ele aprovava o assassinato de Es-
ˆ ˜ ´
tevao e ate ficou a tomar conta das capas dos homicidas.
˜
Pouco depois, ele liderou uma onda de perseguiçao feroz.
ˆ ˜
Mas a morte de Estevao deixaria marcas durante muito
˜
tempo. O seu exemplo fortaleceria outros cristaos a per-
´ ´
manecerem fieis e a vencerem assim como ele. Alem
disso, Saulo – anos depois mais conhecido como Pau-
lo – viria a sentir-se profundamente arrependido por ter
ˆ ˜
participado no assassinato de Estevao. (Atos 22:20) Ape-
ˆ ˜
sar de ele ter ajudado a matar Estevao, mais tarde, che-
` ˜
garia a conclusao: ‘Eu era blasfemador, perseguidor e in-
solente.’ (1 Tim. 1:13) Com certeza, Paulo nunca se
ˆ ˜
esqueceu de Estevao e do poderoso discurso que este deu
naquele dia. Na verdade, alguns dos discursos e escritos
de Paulo abordaram temas mencionados no discurso de
ˆ ˜
Estevao. (Atos 7:48; 17:24; Heb. 9:24) Com o tempo, Pau-
´
lo aprendeu plenamente a seguir o exemplo de fe e
ˆ ˜
coragem estabelecido por Estevao, um homem “cheio
´ ´
de favor divino e de poder”. Sera que nos faremos o
mesmo?
˜ ´ ˆ ˜
24. Qual foi a participaçao de Saulo no martırio de Estevao, e quais fo-
ram algumas marcas deixadas pela morte deste homem fiel?
ˆ ˜
ESTEVAO – “CHEIO DE FAVOR DIVINO E DE PODER” 97
´
CAPITULO 7


Filipe declara “as boas novas


a respeito de Jesus”
´
Filipe da o exemplo como evangelizador
Baseado em Atos 8:4-40
˜
COMEÇA uma onda de violenta perseguiçao e Saulo
˜ ˜
passa a “devastar” a congregaçao – uma expressao que
´
na lıngua original denota brutalidade. (Atos 8:3) Os dis-
´
cıpulos fogem e, para algumas pessoas, pode parecer
´
que Saulo sera bem-sucedido em acabar com o cristia-
˜
nismo. Mas espalhar os cristaos resulta em algo inespe-
rado. Como assim?
˜
2 Os que sao espalhados começam a ‘declarar as boas
novas da palavra’ nos lugares para onde fogem. (Atos
˜ ˜
8:4) Imagine! A perseguiçao nao apenas falhou em si-
lenciar as boas novas, mas acabou por contribuir para
˜ ˜
a divulgaçao da mensagem. Embora nao fosse a sua in-
˜ ´
tençao, ao espalharem os discıpulos, os perseguidores
˜
possibilitaram que a pregaçao do Reino alcançasse ter-
´
1, 2. Como e que os esforços para silenciar as boas novas tiveram um
´ ´
efeito contrario no primeiro seculo?
ˆ
98 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
´
ritorios distantes. Como veremos, algo parecido tem
acontecido nos nossos dias.
“Os que tinham sido dispersos” (Atos 8:4-8)
3 Um dos “que tinham sido dispersos” foi Filipe.1

(Atos 8:4; veja o quadro “Filipe – ‘o evangelizador’”, na


´
p agina 100.) Ele foi para Samaria. A maioria das pes-
˜
soas nessa cidade ainda nao tinha ouvido as boas no-
´ ´
vas, pois certa vez Jesus tinha instruıdo os seus ap os-
˜
tolos: “Nao entrem em cidades samaritanas; mas, em
˜ `
vez disso, vao somente as ovelhas perdidas da casa de
Israel.” (Mat. 10:5, 6) No entanto, Jesus sabia que, no
tempo devido, Samaria receberia testemunho cabal.
´ ˜
Antes de ir para o c eu, ele disse: “Serao minhas teste-
´
munhas em Jerusalem, em toda a Judeia e Samaria, e
´ `
ate a parte mais distante da terra.” — Atos 1:8.
4 Filipe viu que o campo em Samaria estava ‘branco
˜ ´ ´
1 Este nao e o ap ostolo
´ Filipe, mas aquele Filipe que, conforme
mencionado no˜ Capıtulo 5 deste livro, estava entre os “sete ˜ homens
´
de boa reputaç ao” designados
´ para organizar
´ a distribui ç ao di aria de
alimentos entre as viuvas em Jerusalem, tanto as que falavam grego
como as que falavam hebraico. — Atos 6:1-6.
´
3. (a) Quem era Filipe? (b) Porque e que a maioria das pessoas em Sa-
˜ ´
maria ainda nao tinha ouvido as boas novas? (c) O que e que Jesus tinha
´
predito que aconteceria naquele territorio?
´ `
4. Como e que os samaritanos reagiram a mensagem de Filipe, e que fa-
´
tor talvez tenha contribuıdo para isso?
FILIPE DECLARA “AS BOAS NOVAS A RESPEITO DE JESUS” 99
FILIPE – “O EVANGELIZADOR”

˜
Quando os cristaos foram espalhados por causa da
˜
perseguiçao, Filipe foi para Samaria. Pelos vistos, ele
cooperava de perto com o corpo governante do primeiro
´ ´ ´
seculo, pois, “quando os ap ostolos em Jerusalem ouvi-
ram dizer que Samaria tinha aceitado a palavra de Deus,
˜
enviaram-lhes Pedro e Joao”. O resultado foi que os no-
´ ´ ´
vos discıpulos ali receberam a dadiva gratuita do espı-
rito santo. — Atos 8:14-17.
´
Depois dos eventos registados em Atos capıtulo 8, Fi-
´ ´
lipe so e mencionado mais uma vez. Cerca de 20 anos
˜
depois da pregaçao inicial de Filipe, no fim da terceira
´ ´
viagem missionaria de Paulo, o ap ostolo Paulo e os seus
companheiros de viagem estavam a caminho de Jerusa-
´
lem. O grupo desembarcou em Ptolemaida. Lucas con-
´ ´
ta: “Partimos no dia seguinte e chegamos a Cesareia; la,
´
entramos na casa de Filipe, o evangelizador, que era um
´
dos sete homens, e ficamos com ele. Este homem tinha
quatro filhas solteiras que profetizavam”. — Atos 21:8, 9.
Tudo indica que Filipe se tinha estabelecido
´ no seu
´ ˜ ´ ´
territorio de pregaçao e constituıdo famılia. E significa-
tivo que Lucas se tenha referido a ele como “o evange-
lizador”. As Escrituras usam esse termo para descrever
aqueles que deixavam a sua cidade natal para pregar em
˜
zonas onde as boas novas ainda nao tinham sido prega-
´
das. Por isso, e evidente que o zelo de Filipe pelo minis-
´
terio permaneceu forte. O facto de ele ter quatro filhas
´ ˜
que profetizavam, com certeza, e uma indicaçao de que
´ ´
Filipe ensinou a sua famılia a amar e a servir a Jeova.
ˆ
100 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
˜
para a colheita’. (Joao 4:35) A sua mensagem era como
˜
uma sombra no deserto para os que moravam ali, e nao
´ ´ ˆ
e difıcil entender porque. Os judeus evitavam os sama-
´
ritanos; muitos ate os tratavam com desprezo. Em con-
traste com isso, os samaritanos descobriram que a men-
˜ ˜
sagem das boas novas nao fazia distinçao entre uns e
outros. Era muito diferente da mentalidade fechada dos
fariseus. Por dar testemunho com zelo e imparcialida-
˜
de em Samaria, Filipe mostrou que nao era influencia-
do pelo preconceito dos que desprezavam os samarita-
˜ ´ ˜ ˜
nos. Nao e de surpreender, entao, que multidoes de
samaritanos tenham ouvido Filipe “unanimemente”.
— Atos 8:6.
´ ˜
5 Hoje, assim como no primeiro seculo, a perseguiçao
˜ ˜
ao povo de Deus nao consegue silenciar a pregaçao. Vez
´ ˜
ap os vez, forçar os cristaos a mudar-se de um lugar
´ ˜ ´
para outro – ou manda-los para a prisao – so tem aju-
`
dado a levar a mensagem do Reino as pessoas nesses lu-
gares. Por exemplo, durante a Segunda Guerra Mun-
´ ´
dial, as Testemunhas de Jeova puderam dar um notavel
˜
testemunho em campos de concentraçao nazis. Um
ˆ ˜
5-7. D e exemplos de como o facto de os cristaos serem forçados a mu-
˜
dar-se contribui para a divulgaçao das boas novas.
FILIPE DECLARA “AS BOAS NOVAS A RESPEITO DE JESUS” 101
´
judeu que conheceu as Testemunhas de Jeova num des-
ses campos disse: “A força moral dos prisioneiros que
´ ´
eram Testemunhas de Jeova convenceu-me de que a fe
´
que eles tinham baseava-se nas Escrituras, e eu proprio
´
acabei por me tornar Testemunha de Jeova.”
6 Em alguns casos, ate´ mesmo perseguidores recebe-

ram testemunho e aceitaram a mensagem. Por exemplo,


´
quando Franz Desch, uma Testemunha de Jeova, foi
˜
transferido para o campo de concentraçao de Gusen,
´ ´
na Austria, ele conseguiu dirigir um estudo da Bıblia a
um oficial das SS. Imagine a alegria que os dois senti-
ram quando anos mais tarde se encontraram num con-
´
gresso das Testemunhas de Jeova e ambos eram procla-
madores das boas novas!
˜
7Algo parecido aconteceu quando a perseguiçao obri-
˜ ´ ´
gou cristaos a fugirem de um paıs para outro. Na de-
cada de 1970, por exemplo, um grande testemunho foi
dado em Mo çambique quando receberam Testemunhas
´ ´
de Jeova do Malaui que foram forçadas a fugir do seu
´ ˜
paıs. Mesmo quando mais tarde surgiu oposiçao em
˜ ˜ ´
Mo çambique, a obra de pregaçao nao parou. “E verda-
´ ´
de que alguns de nos foram detidos e presos varias ve-
` ˜
zes, devido a nossa pregaçao”, diz Francisco Coana.
ˆ
102 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
“No entanto, ao vermos que muitos aceitavam a men-
´
sagem do Reino, sentıamo-nos confiantes de que Deus
˜
nos ajudava, assim como ajudou os cristaos do primei-
´
ro seculo.”
˜
8 Claro que a perseguiç ao ˜ ´ ´ ˜
nao e a unica razao do cres-
´
cimento do cristianismo em territorios estrangeiros.
´ ´ ´
Em decadas recentes, mudanças polıticas e economicas
´
tamb em criaram oportunidades para que a mensagem
´ ´
do Reino fosse levada a pessoas de varias lınguas e na-
cionalidades. Alguns que viviam em zonas de guerra e
˜ ´
em regioes muito pobres fugiram para paıses mais es-
´ ´
taveis, onde começaram a estudar a Bıblia. A chegada
` ˜ ´
de muitos refugiados levou a formaçao de territorios de
´ ´ ˆ
lıngua estrangeira. Sera que voce se esforça para dar
˜
testemunho a pessoas “de todas as naçoes, tribos, po-
´ ´
vos e lınguas” no seu territorio? — Apo. 7:9.
´
“Deem-me esta autoridade tamb em a mim”
(Atos 8:9-25)
9 Filipe realizou muitos sinais em Samaria. Por exem-

´ ´
plo, ele curou pessoas com problemas fısicos e ate
´ ´ ´
8. Que impacto e que mudanças polıticas e economicas tiveram na obra
˜
de pregaçao?
˜ ´
9. Quem era Simao, e o que e que, pelos vistos, o levou a aproximar-se
de Filipe?
FILIPE DECLARA “AS BOAS NOVAS A RESPEITO DE JESUS” 103
´
expulsou espıritos impuros. (Atos 8:6-8) Certo homem
ficou particularmente impressionado com os dons mi-
˜
lagrosos de Filipe. Esse homem era Simao, um prati-
´ ˜
cante de artes magicas tao respeitado que as pessoas
´
diziam sobre ele: “Este homem e o Poder de Deus.” Mas
˜
agora Simao era testemunha do verdadeiro poder de
Deus, evidente nos milagres realizados por Filipe, e tor-
´ ´
nou-se discıpulo. (Atos 8:9-13) Mais tarde, porem, as
˜ ˜ `
motivaçoes de Simao foram postas a prova. Como?
´
10 Quando os ap ostolos souberam do aumento da obra
˜ ´
em Samaria, enviaram Pedro e Joao para la. (Veja o qua-
´
dro “Pedro usa as ‘chaves do Reino’”, na pagina 105.)
´ ˜
Ao chegarem, os dois ap ostolos puseram as maos sobre
´
os novos discıpulos, e, com isso, cada um daqueles no-
´ ´
vos discıpulos recebeu espırito santo.1 Ao ver isso, Si-
˜
mao ficou impressionado. “Deem-me esta autoridade
´ ´
1 Pelos vistos, naquela
´ epoca, os novos discıpulos normalmente
eram ungidos por espırito santo, ou recebiam-no, ao serem batizados.
Isso dava-lhes
´ a esperança de no futuro serem reis e sacerdotes com
Jesus no c eu. (2 Cor.´ 1:21, 22; Apo. 5:9, 10;
´ 20:6) No˜ entanto, no caso
mencionado no paragrafo, os novos ˜ disc
´ ıpulos nao foram ´ ungidos ao
serem
´ batizados. Aqueles crist aos rec em-batizados s o receberam o es-
pırito santo˜ – e os dons milagrosos
˜ associados a isso – depois de
Pedro e Joao colocarem as maos sobre eles.
´ ˜ ´
10. (a) O que e que Pedro e Joao fizeram em Samaria? (b) O que e que
˜ ´ ´
Simao fez ao ver que os novos discıpulos recebiam espırito santo quan-
˜ ˜
do Pedro e Joao colocavam as maos sobre eles?
ˆ
104 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
PEDRO USA AS “CHAVES DO REINO”


Jesus disse a Pedro: “Dar-te-ei as chaves do Reino


´ ´
dos ceus.” (Mat. 16:19) O que e que Jesus queria dizer?
ˆ
A sua referencia a “chaves” indica que Pedro abriria,
por assim dizer, a porta de conhecimento e de oportuni-
dades a diferentes grupos para entrarem no Reino mes-
ˆ ˜ ´
sianico. Em que ocasioes e que Pedro usou essas chaves?
˘ Pedro usou a primeira chave no Pentecostes de
´
33 EC quando incentivou judeus e proselitos a
arrependerem-se e serem batizados. Cerca de 3 mil
pessoas fizeram isso e tornaram-se prospetivos
herdeiros do Reino. — Atos 2:1-41.
˘ A segunda chave foi usada pouco depois do martırio
´
ˆ ˜ ˜ ˜
de Estevao. Nessa ocasiao, Pedro e Joao impuseram
˜ ´
as suas maos sobre samaritanos recem-batizados e,
´ ´
com isso, esses novos discıpulos receberam espırito
santo. — Atos 8:14-17.
˘ Pedro usou a terceira chave em 36 EC. Nesse ano,
´
o ap ostolo estendeu a esperança celestial aos
gentios incircuncisos. Isso ocorreu quando ele deu
´
testemunho a Cornelio, primeiro gentio incircunciso
´ ˜
a tornar-se discıpulo cristao. — Atos 10:1-48.

´ ´
tambem a mim”, disse ele aos ap ostolos, “para que todo
˜ ´
aquele sobre quem eu impuser as maos receba espırito
˜ ´
santo”. Simao ate lhes ofereceu dinheiro na esperança
´
de comprar esse privilegio sagrado. — Atos 8:14-19.
FILIPE DECLARA “AS BOAS NOVAS A RESPEITO DE JESUS” 105
˜
11A resposta que Pedro deu a Simao foi firme. “Que
´
a tua prata pereça contigo”, disse o ap ostolo, “porque
pensaste que poderias obter o dom de Deus com di-
˜ ˜
nheiro. Nao podes ter nenhuma participaçao nisso, por-
˜ ˜ ´ `
que o teu coraçao nao e justo a vista de Deus”. Pedro
˜ ˜
entao deu um forte conselho a Simao. Ele disse-lhe para
˜ ´
se arrepender e orar a pedir perdao. “Suplica a Jeova”,
´ ´ ˜
disse Pedro, “que, se possıvel, a ma intençao do teu co-
˜
raçao [“esta sua trama”, New Jerusalem Bible] te seja per-
˜ ˜ ´
doada”. Pelos vistos, Simao nao era uma pessoa ma; ele
queria fazer o que era certo, mas, naquele momento,
deixou-se levar pelos seus desejos errados. Ele implo-
´ ´ ´
rou aos ap ostolos: “Façam suplicas a Jeova por mim,
para que nenhuma destas coisas que disseram me so-
brevenha.” — Atos 8:20-24.
˜
12 A repreensao ˜
que Pedro deu a Simao serve de avi-
˜
so para os cristaos hoje. Na verdade, a palavra “simo-
˜
nia”, que deriva do nome Simao, surgiu por causa des-
se incidente. “Simonia” refere-se a comprar ou vender
´ ´
privilegios, em especial no contexto religioso. A histo-
´ ˜ ´ ˜
11. Que forte conselho e que Pedro deu a Simao, e como e que Simao
reagiu?
´ ´
12. O que significa a palavra “simonia”, e como e que esse laço e evi-
dente na cristandade?
ˆ
106 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
´ ´
ria da cristandade ap ostata esta cheia de exemplos des-
´ ˜
sa pratica. De facto, a nona ediçao da The Encyclopædia
´
Britannica (1878) observou: “Um estudo da historia dos
˜ ´
conclaves papais [eleiçoes dos papas] da ao estudioso a
˜ ˜ ˜
convicçao de que nunca houve uma eleiçao que nao ti-
vesse sido manchada pela simonia e que, em muitos ca-
sos, a simonia praticada nos conclaves tem sido da es-
´
p ecie mais grave, descarada e aberta.”
˜
13 Os cristaos ˆ
tem de evitar o pecado da simonia. Por
˜
exemplo, nao devem tentar ganhar favores por dar
`
presentes generosos ou muitos elogios aqueles que pa-
˜ ´
recem estar numa posiçao de dar privilegios na congre-
˜ ˜
gaçao. Por outro lado, os que parecem ter condiçoes de
´ ˜
dar privilegios devem ter cuidado para nao mostrar fa-
˜ ˜ ˜
voritismo aos que sao ricos. As duas situaçoes sao
exemplos de simonia. Realmente, todos os servos de
Deus devem comportar-se como ‘menores’, esperando
´ ´ ˜ ´
que o espırito de Jeova faça designaçoes de privilegios
˜ ´ ˜
de serviço. (Luc. 9:48) Nao ha lugar na organizaçao de
´ ´
Deus para aqueles que tentam “buscar a propria glo-
ria”. — Pro. 25:27.
´ ˜
13. De que maneiras e que os cristaos devem proteger-se contra a simo-
nia?
FILIPE DECLARA “AS BOAS NOVAS A RESPEITO DE JESUS” 107
´
“Entende o que esta a ler?” (Atos 8:26-40)
14 O anjo de Jeova´ instruiu Filipe a viajar pela estra-

´
da que ia de Jerusalem a Gaza. Se Filipe se estivesse a
´ ´ ´
perguntar porque e que devia ir ate la, em pouco tem-
´
po, soube o motivo ao encontrar um eunuco etıope que
´
“lia em voz alta o profeta Isaıas”. (Veja o quadro “Em
´ ´
que sentido era ‘Eunuco’?” na p agina 109.) O espırito
´
santo de Jeova moveu Filipe a aproximar-se do carro
´
daquele homem. “Entende o que esta a ler?” perguntou
´ ´
ao etıope, enquanto corria ao lado do carro. O etıope
´
respondeu: “Como e que posso entender a menos que
´
alguem me oriente?” — Atos 8:26-31.
´
15 O etıope convidou Filipe a entrar no carro. Imagi-
ne a conversa animada que eles devem ter tido! Duran-
te muito tempo, a identidade da “ovelha”, ou “servo”,
´ ´
mencionada na profecia de Isaıas tinha sido um miste-
`
rio. (Isa. 53:1-12) Mas, a medida que seguiam viagem,
´
Filipe explicou ao eunuco etıope que essa profecia se
tinha cumprido em Jesus Cristo. Como no caso daque-
´
les que foram batizados no Pentecostes de 33 EC, o etıo-
´ ´
pe, que ja era proselito, soube imediatamente o que de-
´ ´
14, 15. (a) Quem era o “eunuco etıope”, e como e que Filipe o encon-
´ ´ ` ´
trou? (b) Como e que o etıope reagiu a mensagem de Filipe, e porque e
˜
que o seu batismo nao foi um ato precipitado? (Veja a nota.)
ˆ
108 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
EM QUE SENTIDO ERA “EUNUCO”?


´
O termo grego eunoukhos, traduzido como “eunuco”,
pode referir-se a um homem privado da sua capacidade
˜ ´
de procriaçao ou simplesmente a um alto funcionario da
´ ´
corte. Pode ser que funcionarios da corte responsaveis
´
pelo harem de um rei fossem de facto castrados, mas a
˜ ˜ ´
castraçao nao era um requisito para outros funcionarios,
´
como o copeiro ou o tesoureiro do rei. O eunuco etıope
´
a quem Filipe batizou, pelos vistos, era um funcionario
desse tipo, pois era encarregado do tesouro real. Para
˜
efeito de comparaçao, ele era como um ministro das fi-
nanças.
´ ´ ´ ˜
O etıope tamb em era um proselito, ou seja, um nao ju-
´
deu que se tornou adorador de Jeova. Na verdade, ele es-
´ ´
tava a voltar de Jerusalem, onde tinha ido adorar a Jeova.
´ ´
(Atos 8:27) Por causa disso, e possıvel concluir-se que o
´ ˜
etıope nao era eunuco em sentido literal, pois a Lei mo-
saica proibia homens castrados de se tornarem parte da
˜
congregaçao de Israel. — Deut. 23:1.

´ ´ ´
via fazer. Ele disse a Filipe: “Ha aqui agua! O que e que
´
me impede de ser batizado?” O etıope foi batizado por
Filipe sem demora.1 (Veja o quadro “Batismo ‘num
´ ´
lugar onde havia agua’”, na pagina 111.) Depois disso,
˜ ´ ´
´1 Isto nao foi um ato precipitado. Visto que era proselito,
ˆ o etıope
j a conhecia as Escrituras,
˜ incluindo as profecias messi´anicas. Agora
que tinha informaç oes sobre o papel de Jesus no prop osito de Deus,
ele podia ser batizado sem demora.
FILIPE DECLARA “AS BOAS NOVAS A RESPEITO DE JESUS” 109
˜
Filipe foi conduzido a uma nova designaçao, em Asdo-
de, onde continuou a declarar as boas novas. — Atos
8:32-40.
˜ ˆ ´
16 Os cristaos hoje tem o privilegio de participar
ˆ
numa obra como a que Filipe realizou. Com frequen-
ˆ
cia, eles tem a oportunidade de apresentar a mensagem
` ˜
do Reino aqueles que encontram em situaçoes infor-
mais, como em viagens. Em muitos casos, fica eviden-
˜ ´
te que o contacto com uma pessoa sincera nao e uma
ˆ ´ ´
coincidencia. Isso e de esperar, pois a Bıblia deixa cla-
˜
ro que os anjos dirigem a obra de pregaçao para que a
˜ ´
mensagem alcance “todas as naçoes, tribos, lınguas e
˜ ´
povos”. (Apo. 14:6) A orientaçao angelica na obra de
˜
pregaçao cumpre exatamente o que Jesus predisse. Na
˜
sua ilustraçao sobre o joio e o trigo, Jesus disse que,
durante a colheita, ou seja, no final do sistema de coi-
´
sas, “os ceifeiros” seriam “os anjos”. Ele tamb em dis-
se que essas criaturas espirituais ‘ajuntariam dentre
o seu Reino todas as coisas que causassem tropeço
´
e os que praticassem o que e contra a lei’. (Mat.
13:37-41) Ao mesmo tempo, os anjos reuniriam os que
´ ` ˜
Jeova deseja atrair a sua organizaçao: os prospetivos
´ ˜
16, 17. Como e que os anjos participam na obra de pregaçao hoje?
ˆ
110 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
BATISMO NUM “LUGAR ´
ONDE HAVIA AGUA”


´ ˜
Como e realizado o batismo cristao? Alguns acre-
´
ditam que basta deitar ou aspergir agua na cabe ça
´
de uma pessoa. Mas o eunuco etıope foi batizado
´
num “lugar onde havia agua”. O relato diz: “Tanto
´ ` ´
Filipe como o eunuco desceram ate a agua.” (Atos
´
8:36, 38) Se deitar ou aspergir agua fosse suficien-
˜ ´
te, nao teria sido necessario que o eunuco parasse o
´ ´
carro e fosse ate “um lugar onde havia agua”. Mes-
´
mo pouca agua, como a que caberia num odre, te-
´ ´
ria sido suficiente. Na verdade, e provavel que ele
tivesse um recipiente desse tipo, pois estava a via-
jar pela “estrada do deserto”. — Atos 8:26.
´
De acordo com A Greek-English Lexicon (Lexico
ˆ
Grego-Ingles), de Liddell e Scott, a palavra grega
´
baptızo – da qual deriva a palavra “batizar” – signi-
ˆ ´
fica “imergir, mergulhar”. As referencias que a Bı-
blia faz a batismo harmonizam-se com essa defini-
˜ ˜ ˜
ç ao. Joao 3:23 diz que Joao “estava a batizar em
Enom, perto de Salim, porque havia ali uma gran-
´
de quantidade de agua”. Da mesma forma, o rela-
´
to sobre o batismo de Jesus diz: “Ao sair da agua,
´
[Jesus] viu os c eus a abrirem-se.” (Mar. 1:9, 10)
˜ ˜
Dessa maneira, os cristaos verdadeiros sao apro-
˜
priadamente batizados pela imersao completa em
´
agua.

FILIPE DECLARA “AS BOAS NOVAS A RESPEITO DE JESUS” 111


herdeiros celestiais do Reino e, mais tarde, “uma gran-
˜ ˜
de multidao” de “outras ovelhas”. — Apo. 7:9; Joao
6:44, 65; 10:16.
´
17Como prova de que isso esta a acontecer, algumas
´
pessoas que encontramos no ministerio dizem que es-
˜
tavam a orar por orientaçao espiritual. Veja o que acon-
teceu a dois publicadores que pregavam com uma crian-
´
ça. Quando as duas Testemunhas de Jeova estavam
˜ ˜
quase a terminar a pregaçao naquela manha, o menino
´
quis muito falar na proxima casa. Na verdade, ele foi
`
sozinho bater a porta! Ao verem que uma jovem senho-
ra abriu a porta, os dois publicadores aproximaram-se
para falar com ela. Para surpresa deles, a mulher
explicou que tinha acabado de orar a pedir a Deus que
´ ´ ´
alguem a visitasse para ajuda-la a entender a Bıblia. Ela
´
aceitou um estudo bıblico.
˜
18 Como parte da congregaç ao ˜ ˆ
crista, voce tem o pri-
´
vilegio de trabalhar com os anjos na atual obra de pre-
˜
gaçao, realizada numa escala sem precedentes. Nunca
´
subestime esse privilegio. Por perseverar nos seus esfor-
´ `
ços, sentira muita alegria a medida que continuar a de-
clarar “as boas novas a respeito de Jesus”. — Atos 8:35.
´ ´
18. Porque e que nunca devemos subestimar o ministerio?
ˆ
112 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
´
CAPITULO 8


˜
A congregaçao
´
“entrou num perıodo de paz”
Saulo deixa de ser
um perseguidor cruel e
torna-se um ministro zeloso
Baseado em Atos 9:1-43
´ ˜
HOMENS com mas intençoes aproximam-se de Damas-
co, onde pretendem executar um plano maligno. Os
´ ˜
discıpulos de Jesus serao arrancados das suas casas,
´ ´
amarrados, humilhados e arrastados ate Jerusalem para
´ ´
enfrentarem a furia do Sinedrio.
´
2 O lıder ´ ˜
do grupo, chamado Saulo, j a tem as maos
manchadas de sangue.1 Recentemente, ele viu com apro-
˜ ´
vaçao os seus companheiros fanaticos a apedrejarem Es-
ˆ ˜ ´ ´ `
tevao, um fiel discıpulo de Jesus, ate a morte. (Atos
˜
7:57–8:1) Nao satisfeito em apenas perseguir os seguido-
´ ´
res de Jesus que moram em Jerusalem, Saulo agora esta
decidido a erradicar de todos os lugares esse grupo
´
1 Veja o quadro “Saulo – o fariseu”, na p agina 118.
´
1, 2. O que e que Saulo pretendia fazer em Damasco?
˜ ´
A CONGREGAÇAO “ENTROU NUM PERIODO DE PAZ” 113
A AUTORIDADE DE SAULO EM DAMASCO

´
Como e que Saulo obteve autoridade para prender
˜ ´
cristaos numa cidade estrangeira? O Sinedrio e o sumo
sacerdote exerciam autoridade para dizer o que era cer-
to e errado para os judeus em toda a parte, e, pelos
vistos, entre os poderes do sumo sacerdote estava a au-
toridade para extraditar criminosos. Assim, cartas do
˜
sumo sacerdote induziriam os anciaos das sinagogas em
˜
Damasco a cooperar com as instruçoes escritas nelas.
— Atos 9:1, 2.
´
Alem disso, os romanos tinham dado aos judeus auto-
´ ´
nomia para resolverem os seus proprios assuntos jurıdi-
cos. Isso explica como os judeus puderam aplicar cinco
´
vezes “40 golpes menos um” ao ap ostolo Paulo. (2 Cor.
´
11:24) O livro de 1 Macabeus tamb em menciona uma
ˆ
carta escrita por um consul romano a Ptolomeu VIII
ˆ
do Egito, em 138 AEC, que fazia a seguinte exigencia:
“Se alguns malfeitores tiverem fugido [da Judeia] para
´ ˜
o seu paıs, entreguem-nos a Simao, o sumo sacerdote,
para que ele possa puni-los segundo a lei deles.” (1 Mac.
´ ´ ´
15:21) Em 47 AEC, Julio Cesar confirmou os privilegios
dados anteriormente ao sumo sacerdote e o direito de
˜
ele resolver qualquer questao relacionada com os costu-
mes judaicos.

que tanto detesta, conhecido como “Caminho”. — Atos


9:1, 2; 19:9; veja o quadro “A autoridade de Saulo em
´
Damasco”, na p agina 114.
ˆ
114 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
3 De repente, Saulo fica rodeado por uma luz brilhan-
te. Os seus companheiros de viagem veem a luz e ficam
˜
abalados e sem palavras. Saulo fica cego e cai no chao.
´
Sem conseguir ver, ele ouve uma voz do ceu dizer: “Sau-
´
lo, Saulo, porque e que me persegues?” Profundamente
´
perplexo, Saulo pergunta: “Quem e o senhor?” A respos-
ta que Saulo ouve, com certeza, deixa-o muito abalado:
“Eu sou Jesus, a quem persegues.” — Atos 9:3-5; 22:9.
4 O que aprendemos das palavras iniciais de Jesus a
Saulo? Como podemos beneficiar-nos de analisar os
˜
acontecimentos relacionados com a conversao deste ex-
˜
-perseguidor? E que liçoes aprendemos da maneira como
˜ ´
a congregaçao usou o perıodo de paz que se seguiu a
˜
esta conversao?
´
“Porque e que me persegues?” (Atos 9:1-5)
5Quando falou com Saulo na estrada para Damasco,
˜ ´
Jesus nao perguntou: “Porque e que persegues os meus
´ ´ ´
discıpulos?” Como ja mencionado, ele disse: “Porque e
que me persegues?” (Atos 9:4) Isto mostra que Jesus se
˜
sente pessoalmente afetado pelas provaçoes que os seus
seguidores sofrem. — Mat. 25:34-40, 45.
3, 4. (a) O que aconteceu a Saulo? (b) Que perguntas vamos considerar?
5, 6. O que aprendemos das palavras de Jesus a Saulo?
˜ ´
A CONGREGAÇAO “ENTROU NUM PERIODO DE PAZ” 115
6Por isso, se estiver a passar por dificuldades por cau-
´ ´
sa da sua fe em Cristo, esteja certo de que tanto Jeova
˜
como Jesus sabem da sua situaçao. (Mat. 10:22, 28-31)
˜ ˜
Pode ser que no momento a provaçao nao seja elimina-
da. Lembre-se de que Jesus viu como Saulo esteve en-
ˆ ˜ ´
volvido na morte de Estevao. Tamb em viu Saulo a ar-
´ ´
rastar fieis discıpulos para fora das suas casas em
´ ˜
Jerusalem. (Atos 8:3) No entanto, Jesus nao interferiu
˜ ´
nessas ocasioes. Apesar disso, Jeova, por meio de Cris-
ˆ ˜ ´ ´
to, deu a Estevao e a outros discıpulos a força necessa-
´
ria para permanecerem fieis.
7 Voc eˆ tamb em´
pode perseverar quando surge perse-
˜
guiçao. Como? (1) Esteja determinado a permanecer
´
leal, aconteça o que acontecer. (2) Peça ajuda a Jeova.
˜ ´
(Fil. 4:6, 7) (3) Deixe a vingança nas maos de Jeova.
´ ´
(Rom. 12:17-21) (4) Confie que Jeova lhe dara forças
´
para enfrentar a prova ate que ele ache apropriado eli-
´
mina-la. — Fil. 4:12, 13.
˜
“Saulo, irmao, o Senhor [...] enviou-me”
(Atos 9:6-17)
` ´
8 Depois de responder a pergunta de Saulo: “Quem e
´ ˜
7. O que e que deve fazer para perseverar quando surge perseguiçao?
´
8, 9. Como e que Ananias talvez se tenha sentido acerca da sua desig-
˜
naçao?
ˆ
116 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
o senhor?”, Jesus disse-lhe: “Levanta-te, entra na cidade,
´ ˜
e la te dirao o que deves fazer.” (Atos 9:6) Sem conse-
´ `
guir ver, Saulo foi levado ate a sua hospedagem em Da-
ˆ
masco, onde jejuou e orou durante tres dias. Entretan-
´
to, Jesus falou sobre Saulo com Ananias, um discıpulo
daquela cidade, “a respeito de quem todos os judeus [em
Damasco] falavam bem”. — Atos 22:12.
´
9 Imagine os sentimentos contraditorios que Ananias
˜
deve ter tido! O Cabeça da congregaçao, o ressuscitado
Jesus Cristo, estava a falar com ele pessoalmente e a es-
ˆ ˜ ´
colhe-lo para uma designaçao especial. Que privilegio;
˜ ´
mas que designaçao difıcil! Quando soube que deveria
falar com Saulo, Ananias respondeu: “Senhor, eu ouvi
muitos falarem deste homem, de todo o mal que ele fez
´
aos teus santos em Jerusalem. E aqui ele tem autorida-
de dada pelos principais sacerdotes para prender todos
os que invocam o teu nome.” — Atos 9:13, 14.
10 Jesus nao˜
repreendeu Ananias por expressar a sua
˜ ˜
preocupaçao. No entanto, deu-lhe orientaçoes claras.
´ ˜
Alem disso, Jesus mostrou-lhe consideraçao, dizendo-lhe
por que motivo queria que Ananias realizasse esta tarefa
10. O que aprendemos sobre Jesus ao analisar o modo como ele lidou
com Ananias?
˜ ´
A CONGREGAÇAO “ENTROU NUM PERIODO DE PAZ” 117
SAULO – O FARISEU


O “jovem chamado Saulo” que aparece no relato de


ˆ ˜
Atos sobre o apedrejamento de Estevao era de Tarso,
´ ´
capital da provıncia romana da Cilıcia, no sul da atual
Turquia. (Atos 7:58) Havia uma comunidade judaica re-
lativamente grande naquela cidade. De acordo com o
´
que ele proprio escreveu, Saulo tinha sido “circuncida-
˜
do ao oitavo dia” e era “da naçao de Israel, da tribo de
`
Benjamim, hebreu nascido de hebreus; com respeito a
´
Lei, fariseu”. Com certeza, essas eram caracterısticas de
um judeu de alta categoria! — Fil. 3:5.
´
Saulo morava numa grande e prospera cidade de ne-
´
gocios, um centro da cultura grega.
´ Por ter crescido em
´
Tarso, Saulo sabia falar grego. E provavel que tenha re-
˜ ´
cebido a sua educaçao primaria numa escola judaica.
´
Saulo aprendeu a fabricar tendas, uma habilidade tıpica
˜
da regiao em que morava. Possivelmente, Saulo apren-
˜
deu essa profissao do seu pai enquanto ainda era jovem.
— Atos 18:2, 3.
´
O relato de Atos tambem revela que Saulo nasceu
˜
como cidadao romano. (Atos 22:25-28) Isso significa
´
que um dos seus antepassados ja tinha adquirido esse
˜ ´
direito. Nao se sabe como a famılia de Saulo obteve
´
cidadania romana. Seja como for, esse privilegio colo-
´
cava-os entre a elite da sua provıncia. Portanto, a for-
˜ ˜
maçao e a educaçao de Saulo deixaram-no plenamen-
ˆ
te familiarizado com tres culturas – judaica, grega e
romana.
ˆ
118 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
˜
Provavelmente, quando tinha nao mais do que
´
13 anos, Saulo mudou-se para Jerusalem, a quase
´
840 quilometros de Tarso, para continuar os seus es-
´
tudos. Nessa cidade, Saulo estudou aos p es de Gama-
˜
liel, um instrutor da tradiçao farisaica muito respeita-
do. — Atos 22:3.
Esses estudos complementares, comparados a fre-
quentar uma universidade atualmente, consistiam em
˜ ˜
memorizaçao e em obter instruçao das Escrituras e da
lei oral judaica. Um aluno bem-sucedido de Gamaliel
teria uma carreira promissora diante de si, e, aparen-
temente, Saulo era um aluno desse tipo. Mais tarde,
´
ele escreveu: “Eu fazia mais progresso no judaısmo do
˜
que muitos da minha naçao que tinham a minha idade,
˜
visto que eu era muito mais zeloso pelas tradiçoes dos
´ ´
meus pais.” (Gal. 1:14) Sem duvida, foi o zelo de Saulo
˜
pelas tradiçoes judaicas que o tornou um perseguidor
´ ´ ˜ ˜
implacavel da recem-formada congregaçao crista.

incomum. Jesus disse a respeito de Saulo: “Este homem


´
e para mim um vaso escolhido para levar o meu nome
` ˜
as naçoes, bem como a reis e aos filhos de Israel. Pois
´
eu vou mostrar-lhe claramente quantas coisas ele tera
de sofrer pelo meu nome.” (Atos 9:15, 16) Ananias obe-
deceu a Jesus prontamente. Ele encontrou o persegui-
˜
dor Saulo e disse-lhe: “Saulo, irmao, o Senhor Jesus, que
te apareceu na estrada por onde vinhas, enviou-me para
˜ ´
A CONGREGAÇAO “ENTROU NUM PERIODO DE PAZ” 119
´
que recuperes a vista e fiques cheio de espırito santo.”
— Atos 9:17.
11 Aprendemos muito dos eventos que envolveram Je-
sus, Ananias e Saulo. Por exemplo, Jesus dirige ativa-
˜
mente a obra de pregaçao, assim como prometeu que fa-
˜
ria. (Mat. 28:20) Embora nao fale diretamente com as
˜
pessoas hoje, Jesus dirige a obra de pregaçao por meio
do escravo fiel, a quem ele, nos nossos dias, encarregou
´ ˜
dos seus domesticos. (Mat. 24:45-47) Sob a orientaçao do
˜
Corpo Governante, publicadores e pioneiros sao envia-
dos para encontrar aqueles que querem saber mais so-
´
bre Cristo. Conforme mencionado no capıtulo anterior,
˜
muitos desses sinceros oram a pedir a orientaçao de
˜
Deus e, depois, sao contactados pelas Testemunhas de
´
Jeova. — Atos 9:11.
˜
12 Ananias obedientemente aceitou a designaç ao que
ˆ
recebeu e foi abençoado. E voce? Obedece ao manda-
mento de dar testemunho cabal, mesmo quando uma de-
˜
signaçao o deixa apreensivo? Para alguns, ir de casa em
casa e falar com estranhos pode causar ansiedade. Ou-
´
tros acham desafiador pregar no comercio, nas ruas e
11, 12. O que aprendemos dos eventos que envolveram Jesus, Ananias e
Saulo?
ˆ
120 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
por telefone ou cartas. Ananias superou o seu medo e
´
teve a honra de ajudar Saulo a receber espırito santo.1
Ele foi bem-sucedido porque confiou em Jesus e enca-
˜ ´
rou Saulo como um irmao. Como Ananias, tamb em po-
demos superar os nossos medos se confiarmos que Je-
´ ˜
sus esta a dirigir a obra de pregaçao, tivermos empatia
´
pelas pessoas e nos lembrarmos de que ate aqueles que
˜ ˜
mais nos intimidam poderao tornar-se nossos irmaos.
— Mat. 9:36.
Ele “come çou a pregar sobre Jesus” (Atos 9:18-30)
13 Saulo agiu prontamente de acordo com o que apren-
deu. Depois de ser curado, ele foi batizado e começou a
´
associar-se com os discıpulos em Damasco. Mas ele
fez mais do que isso. “Imediatamente, nas sinagogas,
começou a pregar sobre Jesus, que ele era o Filho de
Deus.” — Atos 9:20.
´
14 Se voc eˆ esta´ a estudar a Bıblia, ˜ ´
mas ainda nao e
´
1 Regra
´ geral, os dons do espırito˜ santo eram transmitidos por meio
dos ap ostolos. Mas, nesta situaç ao invulgar, parece
´ que Jesus permi-
tiu que Ananias
˜ transmitisse os dons do esp
´ ırito´ a Saulo. Depois da
sua conversao,´ levou um tempo consider´ avel ate Saulo ter contacto
com os 12 ap ostolos.
´ Com certeza, porem, ele esteve ativo durante
todo esse perıodo.´ Pelos vistos, Jesus providenciou ˜ que Saulo tives-
se o poder necessario para cumprir a sua designaç ao de pregar.
´ ˜
13, 14. Se estiver a estudar a Bıblia, mas ainda nao for batizado, o que
pode aprender do exemplo de Saulo?
˜ ´
A CONGREGAÇAO “ENTROU NUM PERIODO DE PAZ” 121
´
batizado, sera que vai imitar Saulo, agindo prontamen-
´
te de acordo com o que aprende? E verdade que Saulo
testemunhou pessoalmente um milagre realizado por
´
Cristo, e isso, sem duvida, contribuiu para o motivar a
´
agir. Mas outros tamb em testemunharam milagres rea-
lizados por Jesus. Por exemplo, um grupo de fariseus
˜
viu-o a curar a mao atrofiada de um homem, e um gran-
´
de numero de judeus sabia que Jesus tinha ressuscitado
´ ´
Lazaro. Mesmo assim, muitos permaneceram ap aticos,
´ ˜
ate mesmo hostis. (Mar. 3:1-6; Joao 12:9, 10) Em con-
´
traste com isso, Saulo mudou completamente. Porque e
`
que Saulo reagiu bem a mensagem apesar de outros a
rejeitarem? Porque temia mais a Deus do que a homens
´
e era muito grato pela misericordia que Cristo lhe tinha
ˆ
demonstrado. (Fil. 3:8) Se voce reagir de forma similar,
˜ ´
nao permitira que nada o impeça de participar na obra
˜
de pregaçao e de se qualificar para o batismo.
Consegue imaginar a surpresa, o choque e a raiva
15

˜
que se devem ter espalhado entre as multidoes quando
Saulo começou a pregar nas sinagogas sobre Jesus?
˜ ´ ´
“Nao e este o homem que, em Jerusalem, perseguia fe-
´ ´
15, 16. O que e que Saulo fazia nas sinagogas, e como e que os judeus
em Damasco reagiram?
ˆ
122 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
rozmente os que invocavam este nome?” perguntavam.
´
(Atos 9:21) Quando explicava porque e que tinha muda-
do o seu modo de pensar sobre Jesus, Saulo ‘provava de
´
forma logica que Jesus era o Cristo’. (Atos 9:22) Mas a
´ ˜ ´
logica nao e uma chave mestra que abre todas as men-
˜ ˜
tes presas a tradiçoes e todos os coraçoes dominados
˜
pelo orgulho. Ainda assim, Saulo nao desistiu.
ˆ
16 Tres anos mais tarde, os judeus em Damasco ainda
´
discutiam com Saulo. Por fim, decidiram mata-lo. (Atos
´
9:23; 2 Cor. 11:32, 33; Gal. 1:13-18) Quando essa trama
se tornou conhecida, Saulo decidiu fugir discretamente,
´
concordando que o descessem num cesto atraves de uma
abertura na muralha da cidade. Os que ajudaram Saulo
˜ ´
a fugir sao descritos por Lucas como “os seus discıpu-
´
los”, isto e, de Saulo. (Atos 9:25) Essas palavras parecem
indicar que, pelo menos, alguns dos que ouviram Saulo
` ˜
em Damasco reagiram bem a sua pregaçao e tornaram-
-se seguidores de Cristo.
17 Quando voc eˆ come çou a falar com os seus familia-

res, amigos e outros sobre as coisas boas que estava


a aprender, talvez imaginasse que todos aceitariam a
´ ` ´
17. (a) De que maneiras e que as pessoas reagem a verdade bıblica?
ˆ
(b) O que devemos continuar a fazer, e porque?
˜ ´
A CONGREGAÇAO “ENTROU NUM PERIODO DE PAZ” 123
´ ´ ´
logica irrefutavel da verdade bıblica. Pode ser que al-
˜
guns tenham aceitado, mas muitos nao o fizeram. De
´ ´ ´
facto, ate membros da sua propria famılia talvez o te-
nham tratado como inimigo. (Mat. 10:32-38) No entan-
ˆ
to, se voce continuar a aprimorar os seus argumentos
´ ´
bıblicos e mantiver uma boa conduta, ate mesmo os que
˜ ˜
se op oem a si poderao acabar por mudar de atitude.
— Atos 17:2; 1 Ped. 2:12; 3:1, 2, 7.
´ ´ ´
18Quando Saulo entrou em Jerusalem, e compreensı-
´ ˜
vel os discıpulos terem ficado desconfiados em relaçao
` ˜ ´
as suas afirmaçoes de agora ser um discıpulo. Mas,
´ ´
quando Barnab e o defendeu, os ap ostolos aceitaram-no,
e Saulo ficou com eles durante algum tempo. (Atos
˜
9:26-28) Saulo era discreto, mas nao se envergonhava das
boas novas. (Rom. 1:16) Ele pregou com coragem em Je-
´
rusalem, o mesmo lugar onde tinha iniciado uma perse-
˜ ´
guiçao cruel contra os discıpulos de Jesus Cristo. Quan-
´
do os judeus em Jerusalem se aperceberam de que o seu
´
heroi tinha passado para o lado dos inimigos, ficaram
´
desesperados e, agora, procuravam mata-lo. “Quando
˜
os irmaos descobriram isso”, diz o relato, “levaram-no
´
[a Saulo] para baixo, ate Cesareia e enviaram-no a
´
18, 19. (a) Quando Barnab e defendeu Saulo, qual foi o resultado?
´
(b) Como podemos imitar Barnab e e Saulo?
ˆ
124 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
` ˜
Tarso”. (Atos 9:30) Saulo submeteu-se a orientaçao que
˜
Jesus deu por meio da congregaçao, e tanto ele como a
˜
congregaçao se beneficiaram disso.
19 Repare que Barnab e´ tomou a iniciativa de ajudar

´
Saulo. Sem duvida, esse gesto bondoso ajudou a desen-
volver uma boa amizade entre esses servos zelosos de
´ ˆ ´ ´
Jeova. E voce? Sera que, como Barnab e, ajuda de boa
˜
vontade os novos na congregaçao, por pregar com eles
e por os ajudar a fazer progresso espiritual? Se fizer
´ ˆ ´
isso, sera ricamente recompensado. Se voce e um novo
publicador das boas novas, aceita, assim como Saulo, a
´
ajuda que lhe e oferecida? Por trabalhar com publicado-
res mais experientes, vai aprimorar a sua habilidade no
´
ministerio, ser mais feliz e desenvolver grandes amiza-
des que podem durar para sempre.
‘Muitos tornaram-se crentes’ (Atos 9:31-43)
20Depois de Saulo se ter convertido e ter deixado Je-
´ ˜
rusalem em segurança, “a congregaçao por toda a Ju-
´
deia, Galileia e Samaria entrou num perıodo de paz”.
´ ´
(Atos 9:31) Como e que os discıpulos aproveitaram esse
´
‘tempo favoravel’? (2 Tim. 4:2) O relato diz que eles
´ ˆ
20, 21. Como e que os servos de Deus no passado e no presente tem
´
aproveitado bem os ‘perıodos de paz’?
˜ ´
A CONGREGAÇAO “ENTROU NUM PERIODO DE PAZ” 125
´ ˜
estavam ‘a ser edificados’. Os ap ostolos e outros irmaos
´ ´
da dianteira fortaleciam a fe dos discıpulos e lideravam
˜ ` ´
a congregaçao a medida que “andava no temor de Jeova
´
e no consolo do espırito santo”. Por exemplo, Pedro
´
aproveitou a oportunidade para fortalecer os discıpulos
´
na cidade de Lida, na planıcie de Sarom. Graças ao es-
forço dele, muitos que moravam em Lida e nos arredo-
´
res converteram-se “ao Senhor”. (Atos 9:32-35) Os discı-
˜ ´
pulos nao deixaram que outros objetivos os distraıssem,
mas empenharam-se em ajudar-se uns aos outros e em
˜
pregar as boas novas. Em resultado disso, a congregaçao
“multiplicava-se”.
´ ´
21No final do seculo 20, as Testemunhas de Jeova em
´ ´
muitos paıses entraram num “perıodo de paz” similar.
´
Governos que durante decadas oprimiram o povo de
˜
Deus, de repente, chegaram ao fim, e certas proscriçoes
` ˜
a obra de pregaçao foram aliviadas ou anuladas. Milha-
´
res de Testemunhas de Jeova aproveitaram essa oportuni-
dade para pregar publicamente, com excelentes resulta-
dos.
ˆ ´
E voce? Esta a aproveitar a liberdade que tem? Se
22

´ ´ ´
mora num paıs em que ha liberdade religiosa, Satanas
´ ˆ
22. Como e que voce pode aproveitar a liberdade que tem?
ˆ
126 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
gostaria muito de induzi-lo a empenhar-se por riquezas
˜
materiais, nao pelos interesses do Reino. (Mat. 13:22)
˜ ´
Nao se deixe desviar. Use bem todos os perıodos de re-
lativa paz que talvez tenha. Encare-os como oportunida-
des para dar testemunho cabal e para edificar a congre-
˜ ˆ
gaçao. Lembre-se de que as suas circunstancias podem
mudar de uma hora para a outra.
´
23 Veja o que aconteceu a uma fiel discıpula chamada
Tabita, ou Dorcas.1 Ela morava em Jope, uma cidade
˜ ˜
nao muito distante de Lida. Essa fiel irma usava bem o
seu tempo e as suas habilidades – “eram muitas as boas
obras que ela fazia e era grande a ajuda que dava aos
pobres”. Mas, de repente, ela ficou doente e morreu.
´
A sua morte causou grande pesar aos discıpulos em
` ´
Jope, especialmente as viuvas que tinham sido benefi-
`
ciadas pela sua bondade. Quando Pedro chegou a casa
em que o corpo de Tabita estava a ser preparado para
o enterro, ele realizou um milagre que nunca tinha
´
acontecido entre os ap ostolos de Jesus Cristo. Pedro
˜
orou e, entao, ressuscitou Tabita! Consegue imaginar a
´ ´
alegria que as viuvas e os outros discıpulos sentiram
´
1 Veja o quadro “Tabita – rica em ‘boas obras’”, na p agina 128.
˜
23, 24. (a) Que liçoes aprendemos do relato que envolve Tabita? (b) Qual
˜
deve ser a nossa determinaçao?
˜ ´
A CONGREGAÇAO “ENTROU NUM PERIODO DE PAZ” 127
TABITA – RICA EM “BOAS OBRAS”


˜ ˜
Tabita fazia parte da congregaçao crista na cidade
´ ˜
portuaria de Jope. Os seus companheiros cristaos ama-
vam-na porque “eram muitas as boas obras que ela fa-
zia e era grande a ajuda que dava aos pobres”. (Atos
˜
9:36) Muitos judeus que moravam em regioes onde a
˜
populaçao era uma mistura de judeus e gentios cos-
tumavam ter um nome hebraico ou aramaico, e outro
´
grego ou latino. Tambem era esse o caso de Tabita.
O seu nome grego, Dorcas, era traduzido como “Tabi-
ta” em aramaico. Os dois nomes significam “Gazela”.
Parece que Tabita adoeceu e morreu repentinamen-
te. Conforme era costume, o seu corpo foi lavado em
˜
preparaçao para o enterro. Depois disso, o corpo foi
deitado numa sala do andar de cima, possivelmente
´ ´
na sua propria casa. O clima quente do Medio Orien-
te exigia que os enterros fossem realizados no dia da
˜
morte da pessoa ou no dia seguinte. Os cristaos em
´
Jope tinham ouvido dizer que o ap ostolo Pedro estava
em Lida, uma cidade vizinha. Havia tempo suficiente
para Pedro chegar a Jope antes de Tabita ser enterra-
ˆ
da, pois a distancia entre essas duas cidades era de ape-
´
nas uns 18 quilometros – uma caminhada de cerca de
˜
quatro horas. Por isso, a congregaçao enviou dois ho-
mens para pedir a Pedro que fosse a Jope rapidamen-
´
te. (Atos 9:37, 38) Certo estudioso diz: “Era uma prati-
´
ca comum no antigo judaısmo enviar mensageiros aos
ˆ
128 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
pares para que, entre outras coisas, um pudesse com-
provar o testemunho do outro.”
´
O que e que aconteceu quando Pedro chegou a Jope?
`
O relato diz: “Levaram-no a sala do andar de cima, e to-
´
das as viuvas o rodearam. Choravam e mostravam mui-
tas capas e outras roupas que Dorcas tinha feito en-
quanto estava com elas.” (Atos 9:39) Tabita era muito
˜
querida para os membros da congregaçao porque, en-
tre outros motivos, costumava costurar para eles. Ela
´
fazia tunicas (roupas interiores) e capas (roupas exte-
´ ˜
riores) que eram usadas por cima da tunica. Nao se
sabe se Tabita pagava o material todo ou se apenas for-
˜
necia a mao de obra. De qualquer forma, ela era amada
pela sua bondade e pela “ajuda que dava aos pobres”.
O que Pedro viu naquela sala do andar de cima deve
ˆ
te-lo deixado comovido. “Era um lamento muito dife-
rente daquele observado na casa de Jairo, onde havia
mulheres contratadas para chorar e flautistas a faze-
rem muito barulho”, diz o estudioso Richard Lenski.
˜
“O lamento [por Tabita] nao era artificial.” (Mat. 9:23)
´ ˜
Era genuıno e sentido. Como o relato nao menciona
um marido, muitos concluem que ela era solteira.
´
Quando Jesus comissionou os seus ap ostolos, deu-
-lhes poder para ‘ressuscitar os mortos’. (Mat. 10:8) Pe-
dro tinha visto Jesus realizar milagres desse tipo, in-
˜
cluindo a ressurreiçao da filha de Jairo. Mas ainda
˜ ´
nao havia registo de algum ap ostolo ter ressuscitado al-
´ ´
guem. (Mar. 5:21-24, 35-43) Agora, porem, Pedro pediu
´
aos observadores que saıssem da sala do andar de cima
˜ ´
A CONGREGAÇAO “ENTROU NUM PERIODO DE PAZ” 129
e orou fervorosamente. Com isso, Tabita abriu os olhos
˜
e sentou-se. Imagine a alegria que os cristaos em Jope
` ´
sentiram quando Pedro mostrou aos santos e as viu-
vas que a querida Tabita tinha voltado a viver! — Atos
9:40-42.

quando Pedro pediu que entrassem no quarto, e viram


´
que Tabita tinha voltado a viver? Sem duvida, esses even-
ˆ ˜
tos devem te-los fortalecido para as provaçoes que os
´
aguardavam! Conseguimos perceber porque e que “toda
a cidade de Jope soube [deste milagre], e foram muitos
os que se tornaram crentes no Senhor”. — Atos 9:36-42.
˜
24 Aprendemos duas liç oes importantes deste relato
´
consolador que envolve Tabita. (1) A vida e passageira.
´
Portanto, e muito importante fazer um bom nome pe-
rante Deus enquanto podemos! (Ecl. 7:1) (2) A esperan-
˜ ´ ´
ça da ressurreiçao e certa. Jeova viu as muitas boas
obras que Tabita realizou, e recompensou-a por isso. Ele
´
vai lembrar-se do nosso trabalho arduo e vai ressuscitar-
-nos caso morramos antes do Armagedon. (Heb. 6:10)
´
Portanto, quer estejamos a enfrentar “tempos difıceis”,
´
quer a usufruir de um “perıodo de paz”, perseveremos
em dar testemunho cabal sobre Cristo. — 2 Tim. 4:2.
ˆ
130 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
˜
S E C Ç AO 3 ˙ ATO S 10:1–12:25


‘PESSOAS
˜ DAS
NAÇOES ACEITARAM
A PALAVRA DE DEUS’
ATOS 11:1

´
Sera que os judeus que seguiam Jesus esta-
riam dispostos a pregar as boas novas a gentios
˜
incircuncisos? Nesta secçao, vamos ver como o es-
´ ´ ˜ ˜
pırito de Jeova abriu coraçoes e ajudou os cristaos
`
a vencer o preconceito, dando grande impulso a
˜
obra de dar testemunho a todas as naçoes.
´
CAPITULO 9


˜ ´
“Deus nao e parcial”
˜
A obra de pregaçao estende-se
a gentios incircuncisos
Baseado em Atos 10:1–11:30

ESTAMOS no ano de 36 EC. O sol de outono aquece Pe-


`
dro, enquanto ele ora no terraço de uma casa a beira-
´ ´ ´
-mar na cidade portuaria de Jope. Ja ha alguns dias que
´
ele esta hospedado nessa casa. O facto de ele estar ali re-
´
vela um certo grau de imparcialidade. O proprietario da
˜ ´
casa, um homem chamado Simao, e curtidor, e nem to-
´
dos os judeus ficariam hospedados na casa de alguem
˜ ´
que tivesse essa profissao.1 Mesmo assim, Pedro esta
˜
prestes a aprender uma importante liçao a respeito da
´
imparcialidade de Jeova.
2 Enquanto ora, Pedro entra em transe. A visao˜
que ele
˜
1 Alguns judeus menosprezavam os curtidores porque a profissao
deles exigia ter contacto com a pele e a carcaça de animais e com
ˆ ´
substancias repugnantes necessarias para realizar o trabalho. Os cur-
tidores eram considerados indignos de comparecer no templo, e o seu
˜ ˆ
local de trabalho nao podia ficar a menos de 50 c ovados, ou um pou-
co mais de 22 metros, de uma cidade. Isso talvez explique em parte
˜ `
o motivo de a casa de Simao ficar “a beira-mar”. — Atos 10:6.
˜
1-3. Que visao teve Pedro, e porque precisamos de compreender o seu
significado?
ˆ
132 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
ˆ
tem deixaria qualquer judeu escandalizado. Ele ve descer
´
do ceu algo semelhante a um grande lençol, por cima do
´
qual ha animais impuros de acordo com a Lei. Ao ouvir
uma voz mandar-lhe abater e comer os animais, Pe-
dro responde: “Nunca comi nada aviltado ou impuro.”
˜ ˆ ´
Nao uma nem duas, mas tres vezes e-lhe dito: “Para de
`
chamar impuras as coisas que Deus purificou.” (Atos
˜ ˜
10:14-16) A visao deixa Pedro confuso, mas nao por mui-
to tempo.
˜ ´
3O que significa a visao de Pedro? E importante com-
˜
preender o seu significado, pois esta visao ensina-nos
´
uma verdade profunda a respeito do conceito de Jeova
˜ ˜
sobre as pessoas. Como cristaos verdadeiros, nao pode-
mos dar testemunho cabal sobre o Reino de Deus a me-
nos que tenhamos o mesmo ponto de vista de Deus em
˜ `
relaçao as pessoas. Para entendermos o significado da vi-
˜ ´ `
sao de Pedro, vamos examinar os eventos dramaticos a
˜
volta dessa visao.
´
“Fazia continuamente suplicas a Deus” (Atos 10:1-8)
˜
4 Pedro nao imaginava que no dia anterior em Cesa-
´
reia, cerca de 50 quilometros a norte, um homem chama-
´ ´ ˜ ´
do Cornelio tamb em tinha tido uma visao. Cornelio, um
´
4, 5. Quem era Cornelio, e o que aconteceu enquanto ele orava?
˜ ´
“DEUS NAO E PARCIAL” 133
´ ´
CORNELIO E O EXERCITO ROMANO


´
As sedes administrativa e militar da provıncia roma-
na da Judeia localizavam-se em Cesareia. Sob o coman-
do do governador havia entre 500 a 1000 cavaleiros. Ele
´
tamb em comandava cinco coortes, ou grupos, de infan-
taria. Uma coorte completa tinha cerca de 600 solda-
˜ ˜
dos. Esses soldados geralmente nao eram cidadaos
´
romanos, mas eram recrutados entre os subditos roma-
nos. A maioria servia em Cesareia, mas havia destaca-
mentos por toda a Judeia. Havia uma coorte com base
´ ´
permanente na Torre de Antonia, em Jerusalem, para
vigiar o monte do Templo e a cidade. A presença de sol-
´
dados romanos em Jerusalem era reforçada durante as
´
festividades judaicas para conter possıveis tumultos.
˜
Um centuriao comandava cerca de cem soldados.
´
O texto grego de Atos 10:1 diz que Cornelio era um cen-
˜
turiao do chamado regimento italiano, provavelmente
localizado em Cesareia. Essa unidade talvez tenha sido
˜
a Segunda Coorte Italiana de Cidadaos Romanos Vo-
´ ˜
luntarios.1 Os centurioes eram ricos e tinham um gran-
de estatuto social e militar. Eles talvez tivessem um sa-
´
lario 16 vezes maior do que o de um soldado comum.
1 Em latim, Cohors ´ II Italica voluntariorum
´ civium Romanorum.
A sua presença na Sıria em 69 EC e confirmada.

˜ ´
centuriao do exercito romano, era um “homem devoto”.1
´ ´
Ele tamb em era um chefe de famılia exemplar “que te-
´ ´
1 Veja o quadro “Cornelio e o exercito romano”.
ˆ
134 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
´ ˜
mia a Deus com todos os da sua casa”. Cornelio nao era
´
proselito; era gentio incircunciso. No entanto, demons-
˜
trava compaixao a judeus necessitados, dando-lhes ajuda
´
material. Esse homem sincero “fazia continuamente su-
plicas a Deus”. — Atos 10:2.
´
5Por volta das 3 horas da tarde, Cornelio estava a orar
˜
quando teve uma visao em que um anjo lhe disse: “As
˜ ´
tuas oraçoes e a ajuda que das aos pobres ascenderam
como lembrança perante Deus.” (Atos 10:4) Orientado
´
pelo anjo, Cornelio mandou que homens fossem chamar
´
o ap ostolo Pedro. Como gentio incircunciso, dentro de
´ ´
pouco tempo, Cornelio entraria por uma porta que ate
˜ ´
entao lhe estava fechada: Cornelio receberia a mensagem
˜
de salvaçao.
6 Sera´ que hoje Deus responde as` ˜
oraçoes de pessoas
sinceras que desejam saber a verdade sobre ele? Veja um
ˆ
exemplo. Uma mulher na Albania aceitou um exemplar
da revista A Sentinela que falava sobre como educar fi-
` ´ `
lhos.1 Ela disse a Testemunha de Jeova que lhe bateu a
´
1 A mulher teve interesse no artigo “Conselhos confiaveis para criar
´
filhos”, publicado em A Sentinela de 1 de novembro de 2006, p agi-
nas 4 a 7.
` ˜
6, 7. (a) Conte um caso que mostra que Deus responde as oraçoes de
pessoas sinceras que desejam saber a verdade sobre ele. (b) O que
podemos concluir de casos como este?
˜ ´
“DEUS NAO E PARCIAL” 135
porta: “Acreditava se eu lhe dissesse que estava a orar a
Deus a pedir ajuda para criar as minhas filhas? Ele en-
´
viou-a! O que a senhora disse e exatamente o que eu pre-
cisava de ouvir!” A mulher e as suas filhas começaram a
´
estudar a Bıblia, e, mais tarde, o seu marido passou a
participar no estudo.
7 Sera´ que este e´ um caso isolado? De forma alguma!

Casos como este acontecem repetidas vezes em todo o


ˆ
mundo – algo muito frequente para ser mera coinciden-
˜ ´
cia. Entao, o que podemos concluir? Primeiro, Jeova res-
` ˜
ponde as oraçoes de pessoas sinceras que procuram co-
ˆ
nhece-lo. (1 Reis 8:41-43; Sal. 65:2) Segundo, os anjos
˜
apoiam-nos na obra de pregaçao. — Apo. 14:6, 7.
“Pedro estava perplexo” (Atos 10:9-23a)
8Ainda no terraço, “Pedro estava perplexo” quanto ao
˜ ´
significado da visao quando os mensageiros de Cornelio
se aproximaram da casa. (Atos 10:17) Depois de ter dito
ˆ
tres vezes que se recusaria a comer alimentos considera-
´
dos impuros pela Lei, sera que Pedro estaria disposto a
acompanhar esses homens e a entrar na casa de um gen-
´
tio? De alguma forma, o espırito santo revelou a Pedro a
´ ˆ `
vontade de Deus nesse assunto: “Olha, ha tres homens a
´ ´ ´
8, 9. O que e que o espırito revelou a Pedro, e como e que Pedro reagiu?
ˆ
136 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
tua procura. Levanta-te, desce e vai com eles, sem hesitar,
˜
porque fui eu que os enviei.” (Atos 10:19, 20) A visao dos
´
animais impuros que Pedro tinha tido, sem duvida, pre-
˜ ´
parou-o para aceitar as orientaçoes do espırito santo.
´
9 Pedro, ao saber que Cornelio ´
tinha sido instruıdo por
´
Deus a mandar busca-lo, convidou os mensageiros gen-
tios a entrar na casa e “deu-lhes hospedagem”. (Atos
´ ´
10:23a) Aquele obediente ap ostolo ja estava a ajustar o
seu modo de agir aos acontecimentos recentes relaciona-
dos com o cumprimento da vontade de Deus.
10 Ate´ hoje, Jeova´ orienta o seu povo progressivamen-

´
te. (Pro. 4:18) Por meio do seu espırito santo, ele guia “o
`
escravo fiel e prudente”. (Mat. 24:45) As vezes, podemos
receber ajustes no nosso entendimento da Palavra de
Deus, ou pode haver mudanças em certos procedimen-
tos organizacionais. Devemos perguntar-nos: ‘Como rea-
` ˜ ´
jo a esses ajustes? Sou submisso as orientaçoes do espı-
rito de Deus nesses assuntos?’
Pedro “mandou que fossem batizados” (Atos 10:23b-48)
` ˜
11 No dia seguinte a visao de Pedro, ele e outros nove
´ ´
10. Como e que Jeova orienta o seu povo, e que perguntas devemos fa-
´
zer a nos mesmos?
´ ´
11, 12. O que e que Pedro fez ao chegar a Cesareia, e o que e que ele
tinha aprendido?
˜ ´
“DEUS NAO E PARCIAL” 137
ˆ ´
homens – os tres mensageiros enviados por Cornelio e
˜
“seis irmaos” judeus de Jope – foram a Cesareia. (Atos
´
11:12) Na expectativa da chegada de Pedro, Cornelio reu-
´
niu “os seus parentes e amigos ıntimos” – pelos vistos,
todos gentios. (Atos 10:24) Ao chegar, Pedro fez algo que
antes nunca teria feito: entrou na casa de um gentio in-
´
circunciso. Pedro explicou: “Sabem muito bem que e
proibido que um judeu se relacione ou tenha contacto
com um homem de outra raça. Contudo, Deus mostrou-
˜
-me que eu nao devo chamar aviltado ou impuro a ne-
´
nhum homem.” (Atos 10:28) A essa altura, Pedro ja tinha
˜
entendido que aquela visao tinha por objetivo ensinar-
˜ ˜
-lhe uma liçao que nao se limitava ao tipo de alimento
´ ˜
que alguem podia comer. Ele nao deveria ‘chamar impu-
ro a nenhum homem [nem mesmo a um gentio]’.
12 Um grupo de pessoas interessadas esperava Pedro.
“Estamos todos presentes perante Deus para ouvir todas
´ ´
as coisas que Jeova te mandou dizer”, explicou Cornelio.
(Atos 10:33) Imagine como se sentiria se uma pessoa in-
teressada lhe dissesse estas palavras! Pedro começou o
˜
seu discurso com a seguinte declaraçao poderosa: “Ago-
˜ ´
ra entendo claramente que Deus nao e parcial, mas, em
˜
todas as naçoes, ele aceita aquele que o teme e que faz
ˆ
138 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
´
o que e certo.” (Atos 10:34, 35) Pedro tinha aprendido
˜ ´
que o conceito de Deus sobre as pessoas nao e determi-
nado pela raça, nacionalidade ou por qualquer outro fa-
tor externo. A seguir, Pedro deu testemunho sobre o mi-
´ ˜
nisterio, a morte e a ressurreiçao de Jesus.
13De repente, aconteceu algo inesperado. “Enquanto
´
Pedro ainda dizia estas coisas”, o espırito santo foi der-
˜
ramado sobre aquelas “pessoas das naçoes”. (Atos 10:44,
´ ´
45) Este e o unico caso registado nas Escrituras em que
´
o espırito santo foi derramado antes do batismo. Reco-
˜
nhecendo que aquilo era um sinal da aprovaçao de Deus,
Pedro “mandou que [aqueles gentios] fossem batizados”.
˜
(Atos 10:48) A conversao desses gentios em 36 EC mar-
´
cou o fim do perıodo de favor especial aos judeus. (Dan.
˜
9:24-27) Ao exercer liderança nesta ocasiao, Pedro usou
´
a terceira e ultima das “chaves do Reino”. (Mat. 16:19)
Essa chave deu aos gentios incircuncisos a oportunidade
˜ ´
de se tornarem cristaos ungidos pelo espırito.
14Como proclamadores do Reino hoje, reconhecemos
˜ ´
que “com Deus nao ha parcialidade”. (Rom. 2:11) Ele de-
seja que “todo o tipo de pessoas sejam salvas”. (1 Tim.
` ˜ ´
13, 14. (a) O que foi significativo quanto a conversao de Cornelio e de
˜
outros gentios em 36 EC? (b) Porque nao devemos julgar as pessoas com
base em fatores externos?
˜ ´
“DEUS NAO E PARCIAL” 139
2:4) Por isso, nunca devemos julgar as pessoas com base
˜ ´
em fatores externos. A nossa comissao e dar testemunho
cabal sobre o Reino de Deus, e isso envolve pregar a to-
das as pessoas, independentemente de raça, nacionalida-
ˆ ˜
de, aparencia ou religiao.
˜ ˜
Eles “nao apresentaram mais obje çoes
e glorificaram a Deus” (Atos 11:1-18)
Provavelmente ansioso para relatar o que aconteceu,
15

´ ´
Pedro foi a Jerusalem. Parece que a notıcia de que gen-
tios incircuncisos tinham ‘aceitado a palavra de Deus’
´
chegou la antes dele. Pouco depois de Pedro chegar, “os
˜ ´
que apoiavam a circuncisao começaram a critica-lo”.
Eles estavam escandalizados, pois Pedro tinha entrado
na ‘casa de homens incircuncisos e comido com eles’.
˜ ˜
(Atos 11:1-3) A questao nao era se gentios podiam tor-
´
nar-se seguidores de Cristo. Na realidade, aqueles discı-
pulos judeus insistiam que os gentios tinham de obser-
˜
var a Lei – incluindo a circuncisao – a fim de que a sua
˜ ´ ´ ´
adoraçao fosse aceitavel a Jeova. E evidente que alguns
´
discıpulos judeus tinham dificuldade em aceitar o fim da
Lei mosaica.
16 Como e´ que Pedro justificou as suas aç oes?
˜
De acor-
´ ˜ ´
15, 16. Porque e que alguns cristaos judeus criticaram Pedro, e como e
˜
que ele justificou as suas açoes?
ˆ
140 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
do com Atos 11:4-16, ele mencionou quatro provas da
˜ ˜
orientaçao divina nesse assunto: (1) a visao que ele teve
´ ´
(Versıculos 4-10); (2) a ordem que ele recebeu do espıri-
´ ´
to santo (Versıculos 11, 12); (3) a visita do anjo a Corne-
´ ´
lio (Versıculos 13, 14) e (4) o derramamento do espırito
´
santo sobre os gentios. (Versıculos 15, 16) Pedro con-
˜
cluiu com uma pergunta que nao deixou margem para
´
duvidas: “Portanto, se Deus lhes deu [aos gentios que
´ ´
aceitaram a mensagem] a mesma dadiva [do espırito san-
´
to] que nos deu a nos [judeus], que cremos no Senhor Je-
sus Cristo, quem era eu para poder impedir a Deus?”
— Atos 11:17.
17 O testemunho de Pedro colocou diante daqueles cris-
˜ ´
taos judeus uma prova decisiva. Sera que eles consegui-
ˆ
riam p or de lado qualquer traço de preconceito e acei-
´ ˜ ˜
tar os gentios recem-batizados como irmaos cristaos?
´ ˜
O relato diz-nos: “Quando [os ap ostolos e outros cristaos
˜
judeus] ouviram estas coisas, nao apresentaram mais ob-
˜ ˜
jeçoes e glorificaram a Deus, dizendo: ‘Entao, Deus tam-
´ ˜
b em concedeu a pessoas das naçoes o arrependimento
´
17, 18. (a) Que prova decisiva e que o testemunho de Pedro colocou dian-
˜ ´ ˜
te dos cristaos judeus? (b) Porque e que preservar a uniao da
˜
congregaçao pode ser um desafio, e o que devemos perguntar-nos?
˜ ´
“DEUS NAO E PARCIAL” 141
`
que leva a vida.’” (Atos 11:18) Essa atitude positiva pre-
˜ ˜
servou a uniao da congregaçao.
˜
18 Hoje, manter a uniao pode ser um desafio, pois os
˜ ˜
adoradores verdadeiros sao “de todas as naçoes, tribos,
´
povos e lınguas”. (Apo. 7:9) Assim, em muitas congrega-
˜ ´ ˜
çoes encontramos pessoas de varias raças, formaçoes e
culturas. Faremos bem em nos perguntarmos: ‘Consegui
˜
tirar do meu coraçao qualquer traço de preconceito? Es-
tou determinado a nunca permitir que as atitudes deste
˜
mundo que causam divisao entre as pessoas, como o or-
˜
gulho da naçao, tribo, cultura e raça, influenciem o modo
˜ ˜
como trato os meus irmaos cristaos?’ Lembre-se do que
aconteceu a Pedro (Cefas) alguns anos depois da conver-
˜
sao dos primeiros gentios. Deixando-se levar pelo precon-
˜
ceito de outros, ele “separou-se” dos cristaos gentios e
´
teve de ser corrigido por Paulo. (Gal. 2:11-14) Nunca dei-
xemos de nos proteger contra o laço do preconceito.
‘Muitos tornaram-se crentes’ (Atos 11:19-26a)
´
19 Sera que os seguidores de Jesus passaram a pregar
aos gentios incircuncisos? Observe o que aconteceu mais
´
tarde em Antioquia da Sıria.1 Essa cidade tinha uma
´ ´
1 Veja o quadro “Antioquia da Sıria”, na p agina 144.
´ ˜
19. A quem e que os cristaos judeus em Antioquia passaram a pregar, e
com que resultado?
ˆ
142 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
grande comunidade judaica e havia pouca hostilidade en-
tre judeus e gentios. Sendo assim, Antioquia era um bom
´
lugar para pregar aos gentios. Foi ali que alguns discıpu-
`
los judeus começaram a declarar as boas novas “as pes-
´ ˜
soas de lıngua grega”. (Atos 11:20) Essa pregaçao diri-
˜
gia-se nao apenas aos judeus que falavam grego, mas
´ ´
tamb em aos gentios incircuncisos. Jeova abençoou a
obra, e ‘muitos tornaram-se crentes’. — Atos 11:21.
20Com o objetivo de cuidar desse campo pronto para
˜ ´ ´
a colheita, a congregaçao de Jerusalem enviou Barnab e
a Antioquia. Pelos vistos, havia ali muito interesse, mais
˜
interesse do que ele tinha condiçoes de cuidar sozinho.
Para ajudar nessa obra, quem melhor do que Saulo, que
´ ˜
viria a tornar-se ap ostolo para as naçoes? (Atos 9:15;
´ ´
Rom. 1:5) Sera que Barnab e iria encarar Saulo como ri-
´ ´ ´
val? Pelo contrario, Barnab e mostrou a devida modestia.
Ele tomou a iniciativa de ir a Tarso procurar Saulo e tra-
ˆ
ze-lo de volta a Antioquia para ajudar. Juntos, eles pas-
´ ˜
saram um ano a edificar os discıpulos na congregaçao
daquela cidade. — Atos 11:22-26a.
´
21Como podemos mostrar modestia ao cumprir o
´
nosso ministerio? Ser modesto envolve reconhecer as
´ ´ ´ ´
20, 21. Como e que Barnab e mostrou a devida modestia, e como e que
´ ´ ´
nos podemos mostrar modestia similar ao cumprir o nosso ministerio?
˜ ´
“DEUS NAO E PARCIAL” 143
´
ANTIOQUIA DA SIRIA


´
Antioquia da Sıria ficava nas margens do rio Oron-
´
tes, cerca de 30 quilometros rio acima do porto medi-
ˆ ˆ ´
terraneo de Seleucia, e uns 550 quilometros a norte de
´ ´
Jerusalem. (Atos 13:4) Seleuco I Nicator, primeiro go-
´ ˆ
vernante do Imp erio Seleucida, fundou Antioquia em
´
300 AEC. Sendo a capital desse imp erio, em pouco tem-
po, Antioquia tornou-se uma cidade muito importante.
´
Em 64 AEC, o general romano Pompeu fez da Sıria uma
´
provıncia romana, tendo Antioquia por capital. No pri-
´
meiro seculo EC, essa cidade era a terceira maior cida-
´
de do Imp erio Romano em tamanho e riqueza, depois
de Roma e Alexandria.
´
Antioquia era um centro comercial e polıtico. Mer-
´
cadorias de toda a Sıria passavam por ali antes de se-
ˆ
rem exportadas para o resto da bacia do Mediterraneo.
˜
“Visto que ficava perto da fronteira entre a regiao ha-
bitada por gregos e romanos e os estados orientais”, diz
um erudito, “ela era muito mais cosmopolita do que a
´
maioria das cidades helenısticas”. Havia uma grande co-
munidade judaica em Antioquia e, de acordo com o his-
´
toriador judeu Flavio Josefo, esses judeus “levaram mui-
´
tos gregos [que moravam ali] a tornar-se proselitos”.

´ ˜
proprias limitaçoes. Todos temos pontos fortes e habili-
dades diferentes. Por exemplo, alguns talvez tenham fa-
cilidade em dar testemunho informal ou de casa em casa,
ˆ
144 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
´
mas podem achar difıcil fazer revisitas e iniciar estudos
´ ˆ
bıblicos. Se voce deseja melhorar em algum aspeto do
´ ´ ´
ministerio, que tal pedir ajuda? Fazer isso podera ajuda-
-lo a ser mais produtivo e a ter maior alegria no minis-
´
terio. — 1 Cor. 9:26.
˜
‘Enviaram ajuda aos irmaos’ (Atos 11:26b-30)
´
22Foi primeiro em Antioquia que “os discıpulos, por
˜ ˜
orientaç ao divina, foram chamados cristaos”. (Atos
11:26b) Esse nome aprovado por Deus descreve bem
`
aqueles que imitam o modo de vida de Cristo. A medida
˜ ˜ ´
que pessoas das naçoes se tornavam cristas, sera que ju-
˜
deus e gentios na congregaçao passaram a considerar-se
˜
irmaos espirituais? Veja o que aconteceu quando houve
uma grande fome por volta de 46 EC.1 No passado, a
˜
fome afetava profundamente os pobres, que nao tinham
dinheiro guardado nem comida armazenada. Pelos vistos,
˜
muitos cristaos judeus que moravam na Judeia eram po-
bres. Por isso, durante essa fome, precisaram de supri-
˜
mentos. Ao saberem dessa necessidade, os irmaos em
˜
Antioquia, incluindo cristaos gentios, enviaram “ajuda
ˆ
1 Josefo, historiador judeu, faz referencia a ´ essa “grande fome” que
ocorreu durante o reinado do Imperador Claudio (41-54 EC).
´ ˜
22, 23. Como e que os irmaos em Antioquia demonstraram amor fra-
´
ternal, e como e que o povo de Deus hoje age de maneira similar?
˜ ´
“DEUS NAO E PARCIAL” 145
˜
aos irmaos que moravam na Judeia”. (Atos 11:29) Que
˜
verdadeira expressao de amor fraternal!
23Hoje, o povo de Deus age da mesma maneira. Quan-
˜ ´
do sabemos que os nossos irmaos noutro paıs ou na nos-
˜ ´
sa regiao precisam de ajuda, tentamos fazer o maximo
˜
para os ajudar. Comissoes de Filial organizam rapida-
˜ ˜ ´
mente a formaçao de Comissoes de Ajuda Humanitaria
˜
para cuidar dos nossos irmaos que talvez tenham sido
˜
afetados por desastres naturais como furacoes, terramo-
tos e tsunamis. Todo esse esforço para ajudar os nossos
˜
irmaos demonstra que fazemos parte de uma verdadeira
˜ ˜
fraternidade. — Joao 13:34, 35; 1 Joao 3:17.
24 Como cristaos˜ ´
verdadeiros, levamos a serio o signi-
˜
ficado da visao que Pedro recebeu no terraço em Jope
´ ´
no primeiro seculo. Nos adoramos um Deus imparcial.
Ele deseja que demos testemunho cabal sobre o seu Rei-
`
no, o que envolve pregar as pessoas independentemente
˜
da raça, nacionalidade ou posiçao social. Assim, esteja-
mos determinados a dar a todos os que quiserem ou-
vir a oportunidade de aceitar as boas novas. — Rom.
10:11-13.
´ ˜
24. Como podemos mostrar que levamos a serio o significado da visao
que Pedro recebeu?
ˆ
146 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
´
CAPITULO 10


´
“A palavra de Jeova crescia”
´ ˜ ˜
Pedro e libertado, e a perseguiçao nao consegue
˜
impedir a pregaçao das boas novas
Baseado em Atos 12:1-25
˜
PEDRO ouve o forte barulho do portao de ferro a bater
´
atras de si. Acorrentado entre dois guardas romanos, ele
´ ´ `
e escoltado ate a sua cela. Depois, enfrenta longas horas,
`
talvez dias, a espera de saber o que lhe vai acontecer. Ali,
˜ ´ ´
na sua cela nao ha nada para ver alem de guardas, cor-
rentes, paredes e grades.
´ ˜ ˜
Quando finalmente chegam notıcias, nao sao nada
2

´
boas. O Rei Herodes Agripa I esta decidido a matar Pe-
´
dro.1 O plano do rei e apresentar Pedro ao povo depois
´ ˜ ´ ´
da Pascoa; a execuçao do ap ostolo sera um presente para
` ˜ ˜ ´
agradar as multidoes. Isso nao e apenas uma ameaça,
´ ´
porque ha pouco tempo o ap ostolo Tiago foi executado
por esse mesmo rei.
´ ˜
3 E a noite anterior ao dia marcado para a execuç ao.

´
1 Veja o quadro “Rei Herodes Agripa I”, na p agina 148.
˜ ´ ´ ´
1-4. Com que situaçao difıcil e que Pedro se confrontou, e como e que
ˆ
voce se sentiria se estivesse no lugar dele?
´
“A PALAVRA DE JEOVA CRESCIA” 147
REI HERODES AGRIPA I


´ ˜
Herodes Agripa I, responsavel pela execuçao de Tia-
˜
go e pela prisao de Pedro, era neto de Herodes, o Gran-
´
de. Os Herodes eram uma dinastia polıtica que gover-
´
nava os judeus. A famılia era idumeia, ou seja, edomita.
Os idumeus eram judeus formais, visto que a circunci-
˜
sao lhes tinha sido imposta por volta de 125 AEC.
Herodes Agripa I nasceu no ano 10 AEC e foi edu-
´
cado em Roma. Ele fez amizade com varios membros
´
da famılia imperial. Um desses amigos foi Caio, mais
´
conhecido como Calıgula, que se tornou imperador em
´
37 EC. Pouco depois, Calıgula proclamou Agripa rei da
´
Itureia, de Traconites e de Abilene. Mais tarde, Calıgu-
´
la expandiu o domınio de Agripa, que passou a incluir
a Galileia e a Pereia.
´
Agripa estava em Roma quando Calıgula foi assas-
sinado, em 41 EC. Relata-se que Agripa desempenhou
um papel importante em resolver a crise que surgiu
˜
por causa disso. Ele participou em negociaçoes ten-
´
sas entre o Senado romano e Claudio, outro dos seus
´
amigos poderosos. Em resultado, Claudio foi proclama-
do imperador e foi evitada uma guerra civil. Para re-
˜
compensar Agripa pela sua intervençao nessas negocia-
˜ ´ ´
çoes, Claudio designou-o rei tamb em sobre a Judeia e
Samaria, que desde o ano 6 EC tinham sido administra-
das por procuradores romanos. Assim, Agripa tornou-
˜
-se governante de uma extensao territorial quase igual
`
a de Herodes, o Grande.
ˆ
148 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
´
A capital de Agripa era Jerusalem, onde ele ganhou
´
o favor dos lıderes religiosos. Relata-se que ele observa-
˜
va rigorosamente a lei e as tradiçoes judaicas por, en-
´
tre outras coisas, oferecer sacrifıcios no templo todos
´
os dias, ler a Lei em publico e desempenhar “o papel
´
de fiel protetor da fe judaica”. Mas ele mostrou que a
˜ ´
sua afirmaçao de ser um adorador de Deus era hip ocri-
´
ta, pois organizou combates entre gladiadores e espeta-
˜
culos pagaos no teatro. Agripa foi descrito como “trai-
çoeiro, superficial e extravagante”.

´ ´ ˜
Em que e que Pedro estara a pensar na escuridao da sua
´
cela? Sera que pensa nas palavras de Jesus ditas anos an-
tes, revelando que Pedro seria amarrado e levado contra
˜
a sua vontade para ser executado? (Joao 21:18, 19) Tal-
vez Pedro se esteja a perguntar se chegou o momento de
isso acontecer.
4 Se voc eˆ estivesse no lugar de Pedro, como e´ que se

sentiria? Muitos entrariam em desespero, achando que


˜
nao havia esperança. No entanto, para um verdadeiro se-
˜ ´ ˜
guidor de Jesus Cristo nao ha nenhuma situaçao comple-
ˆ
tamente sem esperança. Porque? Vamos ver o que pode-
˜
mos aprender da forma como Pedro e os seus irmaos
˜ ` ˜
cristaos reagiram a perseguiçao que sofreram.
´
“A PALAVRA DE JEOVA CRESCIA” 149
˜
“A congregaçao orava intensamente” (Atos 12:1-5)
´ ˜
5Como vimos no capıtulo anterior, a conversao dos
´ ´
primeiros gentios – Cornelio e a sua famılia – foi um
˜ ˜
acontecimento emocionante para a congregaçao crista.
Mas imagine o choque que deve ter sido para os judeus
˜ ˜
que nao eram cristaos verem muitos judeus e gentios a
˜ ˜
adorarem juntos livremente na congregaçao crista.
´
6 Herodes, um polıtico astuto, viu aqui uma oportunida-
de para ganhar o favor dos judeus. Por isso, começou a
˜
maltratar os cristaos. De facto, ele “mandou matar Tiago,
˜ ˜
irmao de Joao, com a espada”, pois certamente sabia que
´ ´
esse ap ostolo era alguem muito achegado a Jesus Cristo.
(Atos 12:2) Imagine como isso deve ter abalado a congre-
˜ ˆ ´
gaçao! Tiago foi um dos tres ap ostolos que testemunha-
˜
ram a transfiguraçao de Jesus e outros milagres. (Mat.
17:1, 2; Mar. 5:37-42) Por causa do fervoroso entusiasmo
˜ ˜
de Tiago e do seu irmao Joao, Jesus chamava-lhes “fi-
˜ ´ ˜
lhos do trovao”. (Mar. 3:17) Sem duvida, a congregaçao
perdeu uma corajosa e fiel testemunha, e um amado
´
ap ostolo.
˜
7 A execuç ao de Tiago agradou aos judeus, exatamente
´
5, 6. (a) Porque e como e que o Rei Herodes Agripa I atacou a congre-
˜ ˜ ´ ˜
gaçao crista? (b) Porque e que a morte de Tiago abalou a congregaçao?
´ ˜ ` ˜
7, 8. Como e que a congregaçao reagiu a prisao de Pedro?
ˆ
150 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
˜
como Agripa esperava. Animado com essa reaçao, ele re-
´ ´
solveu fazer de Pedro a sua proxima vıtima. Conforme
´ ´
descrito no inıcio deste capıtulo, ele mandou prender Pe-
dro. Provavelmente, Agripa lembrava-se de que, no pas-
´ ˜
sado, os ap ostolos tinham conseguido escapar da prisao,
´ ˜
como vimos no Capıtulo 5 deste livro. Por isso, ele nao
quis arriscar. Para se certificar de que nada corria mal,
ele ordenou que Pedro fosse acorrentado a 2 guardas e
que 16 guardas trabalhassem por turnos, dia e noite, para
´ ˜
garantirem que esse ap ostolo nao escapasse – caso con-
´ ´
trario, a sentença de Pedro recairia sobre os proprios
˜ ´ ´
guardas. Diante dessa situaçao terrıvel, o que e que os ir-
˜ ˜
maos cristaos de Pedro poderiam fazer?
8 A congregaç ao˜
sabia exatamente o que fazer. Atos 12:5
˜
diz: “Por conseguinte, Pedro ficou detido na prisao, mas
˜
a congregaçao orava intensamente a Deus por ele.” De
˜ ˜
facto, as oraçoes da congregaçao a favor do seu amado ir-
˜ ´ ˜
mao eram suplicas intensas e de coraçao. A morte de Tia-
˜ ˜
go nao tirou a esperança a esses cristaos nem os fez achar
˜ ´ ´ `
que nao valia a pena orar. Jeova da muito valor as ora-
˜
çoes. Se estiverem em harmonia com a sua vontade, ele
vai sempre dar uma resposta. (Heb. 13:18, 19; Tia. 5:16)
´ ˜ ˜
Esta e uma liçao importante para os cristaos atuais.
´
“A PALAVRA DE JEOVA CRESCIA” 151
˜ ˜ ˜
9 Sabe de irmaos que estao a passar por provaçoes? Tal-
˜ ˜
vez estejam a enfrentar perseguiçao, proscriçao ou de-
˜ ˜
sastres naturais. Entao, inclua esses irmaos nas suas
˜ ˆ ´
sinceras oraçoes. Pode ser que voce tamb em tenha co-
˜ ˜
nhecimento de irmaos que estao a passar por dificulda-
´ ˆ
des menos visıveis, como problemas familiares, desanimo
´
ou alguma prova de fe. Se meditar antes de orar, talvez
´ ´
consiga pensar em varias pessoas que podera mencionar
´
por nome quando falar com Jeova, o “Ouvinte de ora-
˜ ´ ˜
çao”. (Sal. 65:2) Afinal, tamb em precisamos das oraçoes
˜
dos nossos irmaos espirituais, caso venhamos a enfrentar
dificuldades.
“Segue-me” (Atos 12:6-11)
10 Sera´ que Pedro estava ansioso por causa do que o

˜ ´
aguardava? Nao sabemos, mas durante a sua ultima noi-
˜
te na prisao, ele dormia profundamente, enquanto os dois
´
guardas o vigiavam. Este homem de fe sabia que, in-
dependentemente do que acontecesse no dia seguinte,
´
Jeova cuidaria dele. (Rom. 14:7, 8) Mas, com certeza, Pe-
˜ `
dro nao estava a espera dos eventos surpreendentes que
iriam ocorrer. De repente, brilhou uma luz na cela. Um
` ˜
9. No que se refere as oraçoes, o que aprendemos do exemplo dos cris-
˜
taos que oraram por Pedro?
´ ´ ˜
10, 11. Descreva como e que o anjo de Jeova libertou Pedro da prisao.
ˆ
152 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
´
anjo, pelos vistos, invisıvel aos guardas, apareceu e, com
ˆ
um tom de urgencia, acordou Pedro. Aquelas fortes cor-
˜ ´
rentes que prendiam as maos do ap ostolo simplesmente
´ ˜
caıram ao chao!
´
11 O anjo deu a Pedro uma serie de ordens diretas: “Le-
´
vanta-te depressa! [...] Veste-te e calça as sandalias. [...]
˜
Poe a tua capa.” Pedro obedeceu prontamente. Por fim,
o anjo disse: “Segue-me”, e foi isso o que Pedro fez. Eles
´ `
saıram da cela, passaram mesmo a frente dos guardas que
ˆ ´
estavam do lado de fora e seguiram em silencio ate ao
˜ ´
enorme portao de ferro. Como e que conseguiriam pas-
˜
sar pelo portao? Mesmo que essa pergunta tivesse pas-
sado pela mente de Pedro, foi logo respondida. Quando
˜
eles se aproximaram do portao, este abriu-se “sozinho”.
˜ ˜
Numa questao de segundos, eles passaram pelo portao,
seguiram por uma rua e o anjo desapareceu. Pedro foi
deixado ali. De repente, ele apercebeu-se de que tudo
˜ ˜
aquilo tinha mesmo acontecido. Nao era uma visao. Ele
estava livre! — Atos 12:7-11.
12 Nao˜ ´
e consolador meditar no ilimitado poder que
´
Jeova tem para salvar os seus servos? Pedro tinha sido
preso por um rei que contava com o apoio da maior
´
12. Porque pode ser consolador meditar em como Jeova libertou Pedro?
´
“A PALAVRA DE JEOVA CRESCIA” 153
ˆ ´ ´
potencia polıtica que o mundo ja tinha visto. Mesmo as-
˜
sim, Pedro saiu da prisao sem qualquer dificuldade.
´ ´ ˜
E verdade que Jeova nao faz este tipo de milagres por to-
˜
dos os seus servos. Ele nao fez isso no caso de Tiago, nem
´
mais tarde no caso do proprio Pedro, quando as palavras
de Jesus a respeito dele por fim se cumpriram. Atual-
˜ ˜
mente, os cristaos nao esperam ser libertados de forma
´ ˜
milagrosa. No entanto, sabemos que Jeova nao mudou.
´
(Mal. 3:6) E, em breve, ele usara o seu Filho para liber-
´ ˜ ˜ ´
tar incontaveis milhoes de pessoas da prisao mais difıcil
˜
de escapar – a morte. (Joao 5:28, 29) Saber isso pode dar-
˜
-nos muita coragem ao enfrentarmos provaçoes.
“Viram-no e ficaram pasmados” (Atos 12:12-17)
13 Pedro ficou parado naquela rua escura a pensar para
˜
onde iria. Depois, lembrou-se de uma crista chamada Ma-
´
ria que morava ali perto. Parece que ela era viuva e tinha
˜
uma boa condiçao financeira. A sua casa era suficiente-
˜
mente grande para ser usada por uma congregaçao. Ela
˜ ˜
era mae de Joao Marcos, mencionado aqui pela primeira
vez no relato de Atos. Marcos viria a tornar-se como um
´ ˜
13-15. (a) Como e que os membros da congregaçao que estavam reuni-
´
dos na casa de Maria reagiram quando Pedro chegou? (b) Em que e que
o livro de Atos passa a concentrar-se, mas que efeito continuou Pedro a
˜
causar nos seus irmaos espirituais?
ˆ
154 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
´
filho para Pedro. (1 Ped. 5:13) Nessa noite, apesar de ja
˜
ser muito tarde, muitos da congregaçao estavam reuni-
dos na casa de Maria a orar fervorosamente. Certamen-
˜
te, eles oravam para que Pedro fosse libertado, mas nao
´
esperavam a resposta que Jeova lhes daria!
˜
14 Pedro bateu ao portao, ´
que dava para um p atio em
`
frente a casa. Uma serva chamada Rode – um nome gre-
go muito comum que significa “Rosa” – foi atender. Ela
˜
nao conseguia acreditar no que estava a ouvir. Era a voz
˜
de Pedro! Ela ficou tao emocionada que, em vez de abrir
˜
o portao, deixou Pedro na rua, correu para dentro de
˜
casa e tentou convencer a congregaçao de que Pedro es-
´
tava la fora. Eles acharam que ela estava louca, mas ela
˜
nao desistiu facilmente. Como ela continuou a insistir
que estava a dizer a verdade, alguns disseram que talvez
se tratasse de um anjo que tinha vindo representar Pe-
dro. (Atos 12:12-15) Entretanto, Pedro continuou a bater
˜ ´
ao portao ate que, por fim, o abriram.
˜
15 Quando abriram o portao, “viram-no e ficaram pas-
˜
mados”! (Atos 12:16) Ficaram tao felizes e fizeram tanto
´
barulho que Pedro teve de acalma-los para lhes contar o
que lhe tinha acontecido e pedir que transmitissem essa
˜ ´ ˜
informaçao ao discıpulo Tiago e aos outros irmaos.
´
“A PALAVRA DE JEOVA CRESCIA” 155
Depois, foi-se embora antes que os soldados de Herodes
o encontrassem. Pedro foi para um lugar mais seguro,
onde pudesse continuar o seu serviço fiel. A partir deste
momento, o livro de Atos passa a concentrar-se no minis-
´ ´
terio e nas viagens do ap ostolo Paulo. Apenas menciona
´
Pedro mais uma vez, em Atos capıtulo 15, onde ele aju-
˜ ˜
da a resolver a questao da circuncisao. Mas podemos es-
´ ˜
tar certos de que ele fortaleceu a fe dos seus irmaos es-
pirituais onde quer que tenha ido. Quando Pedro saiu da
˜
casa de Maria naquela noite, com certeza, os irmaos ali
reunidos estavam muito felizes.
`
16 As vezes, Jeova´ da´ aos seus servos muito mais do que

˜
eles esperam, deixando-os tao felizes que mal conseguem
˜
acreditar. Foi assim que os irmaos espirituais de Pedro
´
se sentiram naquela noite. E e assim que talvez nos sin-
ˆ ˜ ´
tamos quando recebemos as ricas b ençaos de Jeova hoje.
(Pro. 10:22) No futuro, veremos todas as promessas de
´
Jeova cumprirem-se numa escala global. O que vai acon-
´ ˜
tecer sera tao maravilhoso que ultrapassa os limites da
˜
nossa imaginaçao. Portanto, desde que permaneçamos
´ ´
fieis, podemos ter a certeza de que havera muitas oca-
˜
sioes felizes no futuro.
´
16. Porque e que estamos certos de que o futuro nos reserva muitas oca-
˜
sioes felizes?
ˆ
156 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
´
“O anjo de Jeova feriu-o” (Atos 12:18-25)
´
17 A fuga de Pedro tamb em surpreendeu Herodes. Fu-
rioso, Herodes ordenou imediatamente que Pedro fosse
procurado em toda a parte e, a seguir, mandou interro-
gar os guardas. Eles foram “levados para serem punidos”,
provavelmente executados. (Atos 12:19) Obviamente, He-
´ ˜
rodes Agripa nunca sera lembrado pela sua compaixao
´ ´
ou misericordia. Sera que esse homem cruel foi pu-
nido?
´ ´
18 E provavel que Agripa se tenha sentido humilhado
˜
por nao conseguir matar Pedro, mas rapidamente encon-
trou uma maneira de recuperar o seu orgulho ferido. Sur-
˜ ´
giu uma questao diplomatica em que alguns dos inimi-
gos de Herodes Agripa se viram obrigados a pedir-lhe um
acordo de paz, e ele viu que essa seria uma excelente
oportunidade para fazer um discurso diante de uma
ˆ
grande assistencia. Lucas relata que, ao preparar-se para
isso, “Herodes vestiu a roupa real”. Josefo, historiador ju-
deu, escreveu que a vestimenta de Herodes era feita de
prata, de modo que, quando incidia a luz do sol sobre o
´ ˜ ´
rei, ele resplandecia com gloria. Entao, esse polıtico pre-
˜
tensioso fez um discurso. Com a intençao de bajular
˜
17, 18. Que eventos levaram a multidao a bajular Herodes?
´
“A PALAVRA DE JEOVA CRESCIA” 157
˜ ´ ˜
Herodes, a multidao gritou: “E a voz de um deus e nao
de um homem!” — Atos 12:20-22.
´
19 Essa gloria pertencia a Deus, e Ele estava a ver tudo!
Herodes teve a oportunidade de evitar o pior. Ele pode-
˜ ˜
ria ter repreendido a multidao ou, pelo menos, nao ter
concordado com ela. Em vez disso, ele tornou-se um
´
exemplo vivo do seguinte proverbio: “O orgulho vem an-
tes da queda.” (Pro. 16:18) “Instantaneamente, o anjo de
´
Jeova feriu-o”, fazendo com que aquele rei arrogante e or-
gulhoso morresse de uma forma repugnante. Herodes
´
“morreu comido por vermes”. (Atos 12:23) Josefo tamb em
escreveu que Herodes Agripa foi golpeado de repente, e
acrescentou que o rei concluiu que estava a morrer por
˜
ter aceitado ser bajulado pela multidao. Josefo escreveu
que Agripa agonizou durante cinco dias antes de morrer.1
` ´
20 As vezes, pode parecer que as pessoas mas praticam
todo o tipo de maldade sem sofrerem nenhuma conse-
ˆ ˜
quencia. Isso nao nos deve surpreender, pois “o mundo
´
1 Certo medico escreveu que os sintomas descritos por Josefo e
Lucas´ podem ter ˜ sido causados por vermes que ` formaram ˜ uma
mortıfera obstruç ao intestinal. Esse tipo de vermes, as vezes, sao vo-
mitados ˆ ou saem do corpo do ˜ doente na hora da morte. Uma ´ obra
de referencia diz: “A exatidao profissional de Lucas como medico
descreve o horror da morte [de Herodes].”
´ ´
19, 20. (a) Porque e que Jeova puniu Herodes? (b) Que consolo pode-
mos obter do relato da morte repentina de Herodes Agripa?
ˆ
158 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
´ ˜
inteiro esta sob o poder do Maligno”. (1 Joao 5:19) No
´
entanto, vez por outra, os servos fieis de Deus sentem-se
˜
perturbados quando, aparentemente, essas pessoas nao
˜
sao punidas. Por isso, relatos como este consolam-nos.
´
Mostram-nos Jeova a agir e lembram-nos de que ele ama
a justiça. (Sal. 33:5) Mais cedo ou mais tarde, a sua jus-
´
tiça prevalecera.
˜
21 O relato conclui com uma liç ao ainda mais animado-
´
ra: “A palavra de Jeova crescia e espalhava-se.” (Atos
´
12:24) Este relatorio sobre o progresso da obra de prega-
˜ ˆ
çao mostra-nos que esta obra tem exito porque tem a
ˆ ˜ ´ ´
b ençao de Jeova. Fica evidente que o capıtulo 12 de Atos
˜ ´
nao fala principalmente da morte de um ap ostolo e da
´
fuga de outro. Fala a respeito de Jeova e das medidas que
´
ele tomou para frustrar as tentativas de Satanas de des-
˜ ˜ ˜
truir a congregaçao crista e de acabar com a pregaçao.
´
Esses ataques de Satanas falharam. Todas as suas tramas
´ ´ ˜
futuras contra o povo de Jeova tamb em falharao. (Isa.
´
54:17) No entanto, aqueles que ficam do lado de Jeova e
de Jesus Cristo participam numa obra que nunca falha-
´ ˜ ´ ´ ´
ra. Nao e isso encorajador? Que grande privilegio e aju-
´
darmos a espalhar “a palavra de Jeova” hoje!
´ ˜ ´ ´
21. Qual e a principal liçao do capıtulo 12 de Atos, e porque e que isso
nos consola hoje?
´
“A PALAVRA DE JEOVA CRESCIA” 159
˜
S E C Ç AO 4 ˙ ATO S 13:1–14:28


“ENVIADOS
´ PELO
ESPIRITO SANTO”
ATOS 13:4

˜ ´
Nesta secçao, acompanharemos o apostolo Pau-
´
lo na sua primeira viagem missionaria. Numa
´ ´
cidade apos outra, o apostolo foi perseguido.
´
Apesar disso, guiado pelo espırito santo, ele
continuou a dar testemunho, formando novas
˜
congregaçoes. Este relato emocionante certa-
mente vai incentivar-nos a ter ainda mais zelo no
´
nosso ministerio.
´
CAPITULO 11


“Cheios de alegria e
´
de espırito santo”
O exemplo de Paulo em lidar com
pessoas hostis que rejeitaram a mensagem
Baseado em Atos 13:1-52
´ ˜
E UM dia emocionante para a congregaç ao em Antio-
quia. De todos os profetas e instrutores dessa congre-
˜ ´
gaç ao, Barnab e e Saulo acabam de ser escolhidos pelo
´
espırito santo para levar as boas novas a lugares distan-
´
tes.1 (Atos 13:1, 2) E verdade que homens qualificados
´ ´ ´
ja foram enviados como missionarios antes, so que fo-
˜ ´
ram designados para regioes onde o cristianismo j a es-
tava estabelecido. (Atos 8:14; 11:22) Desta vez, Barna-
´ ˜ ´
b e e Saulo – juntamente com Joao Marcos, que servira
˜
de assistente – serao enviados a lugares onde as pessoas
praticamente nunca ouviram as boas novas.
Cerca de 14 anos antes, Jesus disse aos seus segui-
2

˜ ´
dores: “Serao minhas testemunhas em Jerusalem, em
´ ´
1 Veja o quadro “Barnab e – ‘filho do consolo’”, na p agina 162.
´
1, 2. Porque era especial a viagem que Barnab e e Saulo iam fazer,
´
e como e que o seu trabalho ajudaria no cumprimento de Atos 1:8?
´
“CHEIOS DE ALEGRIA E DE ESPIRITO SANTO” 161
´
BARNABE – “FILHO DO CONSOLO”


˜
Um membro destacado da primeira congregaçao de
´ ´
Jerusalem era Jose, um levita natural de Chipre. Os
´
ap ostolos deram-lhe outro nome que descrevia bem
´
a sua personalidade: Barnab e, que significa “filho do
´
consolo”. (Atos 4:36) Quando Barnabe via uma neces-
˜
sidade entre os seus companheiros de adoraçao, ele
ˆ
tentava logo satisfaze-la.
No Pentecostes ´ de 33´ EC, foram batizados 3 mil no-
´
vos discıpulos. E provavel que muitos desses tenham
´ ˜
ido a Jerusalem apenas para a festividade e nao pla-
neassem ficar ali durante muito tempo. A congrega-
˜
çao precisava de recursos para cuidar dessa multi-
˜ ´
dao. Portanto, Barnabe vendeu um pedaço de terra
´
e generosamente entregou o dinheiro aos ap ostolos
˜
como contribuiçao. — Atos 4:32-37.
´ ˜
Barnabe era um superintendente cristao maduro e
gostava muito de ajudar outros. Foi ele que ajudou o
´
recem-convertido Saulo de Tarso quando todos os ou-
´
tros discıpulos temiam esse ex-perseguidor por cau-
˜ ´
sa da sua reputaçao anterior. (Atos 9:26, 27) Barnabe
demonstrou humildade quando Paulo o repreendeu a
˜
ele e a Pedro na questao do relacionamento apropria-
˜ ´
do entre cristaos judeus e gentios. (Gal. 2:9, 11-14) Es-
´
tes exemplos mostram que Barnabe realmente estava
`
a altura do seu nome – “filho do consolo”.
ˆ
162 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
´ `
toda a Judeia e Samaria, e ate a parte mais distante da
˜ ´
terra.” (Atos 1:8) A designaç ao de Barnab e e Saulo para
´ ´
servirem como missionarios dara um grande impulso ao
´
cumprimento dessas palavras profeticas de Jesus.1
Separados “para a obra” (Atos 13:1-12)
˜ ´
3 Hoje, graças a invenç oes como o automovel e o
˜ ˆ
aviao, as pessoas podem viajar grandes distancias em
˜
apenas uma ou duas horas. Mas nao era assim no pri-
´ ´
meiro seculo EC. Nessa epoca, a principal forma de
´
viajar por terra era a p e, muitas vezes por terrenos
acidentados. Um dia de viagem, em que uma pessoa nor-
´
malmente percorria apenas cerca de 30 quilometros, era
´
muito cansativo.2 Por isso, apesar de Barnab e e Saulo
certamente estarem desejosos de come çar a sua desig-
˜ ´
naç ao, eles sabiam que seria necessario muito esforço
˜
e abnegaç ao para cumpri-la. — Mat. 16:24.
4 Mas p orque e´ ´
que o esp ırito santo orientou
´ ˜ ˜
1 Nesta altura j a existem congregaç oes em lugares tao distantes
´ ´
como Antioquia da Sıria – cerca de 550 quilometros a norte de Jeru-
´
salem. ´
2 Veja o quadro “Nas estradas”, na p agina 164.
´ ´
3. O que tornava difıceis as longas viagens no primeiro seculo?
´ ´
4. (a) O que orientou a escolha de Barnab e e Saulo, e como e que os
˜ ˜
seus companheiros cristaos reagiram a essa designaçao? (b) Como po-
˜ ´
demos apoiar aqueles que recebem designaçoes teocraticas?
´
“CHEIOS DE ALEGRIA E DE ESPIRITO SANTO” 163
NAS ESTRADAS


No mundo antigo, viajar por terra era mais demora-


do, cansativo e, provavelmente, mais caro do que via-
´
jar por mar. No entanto, a unica maneira de chegar a
´
muitos lugares era a p e.
´
Um viajante podia caminhar cerca de 30 quilome-
` ˜ ´
tros por dia. Ele ficava exposto as condiçoes climateri-
˜
cas – sol, chuva, calor e frio – e a ataques de ladroes.
´
O ap ostolo Paulo disse que, durante as suas muitas via-
´
gens, ficou varias vezes ‘em perigos de rios e em peri-
˜
gos de ladroes’. — 2 Cor. 11:26.
Uma ampla rede de estradas pavimentadas atravessa-
´
va o Imp erio Romano. Ao longo das principais estra-
das, os viajantes podiam encontrar hospedarias que fi-
cavam a um dia de viagem umas das outras. Entre as
hospedarias havia tabernas onde se podiam obter su-
´ ´
primentos basicos. Escritores da epoca descrevem es-
sas hospedarias e tabernas como lugares sujos, superlo-
´
tados, humidos e infestados de pulgas. Eram lugares de
´ ˜ ´
ma reputaçao, frequentados por pessoas da pior esp e-
´
cie. Os proprietarios das hospedarias muitas vezes rou-
´ ˜
bavam os viajantes e incluıam a prostituiçao entre os
serviços que ofereciam.
˜ ´
Os cristaos, com certeza, faziam todos os possıveis
para ficarem longe desses lugares. Mas, quando viaja-
˜
vam por terras onde nao tinham familiares nem conhe-
˜
cidos, praticamente nao tinham nenhuma alternativa.
ˆ
164 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
´
especificamente que Barnab e e Saulo fossem separados
´ ˜
“para a obra”? (Atos 13:2) A Bıblia nao diz. Sabemos
´
que o espırito santo orientou a escolha desses homens.
˜ ´ ˜
Nao ha indicaç ao de que os profetas e instrutores em
˜
Antioquia tenham contestado essa decisao. Em vez dis-
` ˜
so, eles deram pleno apoio a designaç ao. Imagine como
´
Barnab e e Saulo devem ter-se sentido quando os seus
˜
irmaos espirituais, sem qualquer inveja, ‘jejuaram e ora-
˜
ram, e impuseram-lhes as maos e deixaram-nos ir’.
´ ´
(Atos 13:3) Nos tamb em devemos apoiar aqueles que re-
˜ ´
cebem designaç oes teocraticas, incluindo os homens de-
˜
signados como superintendentes nas congregaç oes. Em
´
vez de termos inveja dos que recebem esses privilegios,
˜
devemos ter “a mais alta consideraç ao por eles, com
amor, por causa do seu trabalho”. — 1 Tes. 5:13.
5 Depois de caminhar ate´ Seleucia,
ˆ ´
cidade portuaria
´ ´
perto de Antioquia, Barnab e e Saulo navegaram ate
`
a ilha de Chipre, uma viagem de cerca de 160 qui-
´ ´
lometros.1 Como era natural de Chipre, Barnab e,
´ ´
1 No primeiro seculo, um navio podia viajar cerca
´ de 150 quilome-
˜
tros por ´ dia quando os ventos estavam favoraveis. Sob condiç oes
desfavoraveis, ˆ poderia ser preciso muito mais tempo para percorrer
a mesma distancia.
5. Descreva o que estava envolvido em dar testemunho na ilha de Chipre.
´
“CHEIOS DE ALEGRIA E DE ESPIRITO SANTO” 165
´ `
sem duvida, estava ansioso para levar as boas novas as
pessoas da sua terra natal. Ao chegarem a Salamina,
˜
uma cidade na costa leste da ilha, esses homens nao
perderam tempo. Imediatamente, “come çaram a procla-
mar a palavra de Deus nas sinagogas dos judeus”.1
´ `
(Atos 13:5) Barnab e e Saulo viajaram de uma ponta a
outra de Chipre, provavelmente a darem testemunho
nas principais cidades ao longo do caminho. Dependen-
´
do da rota que seguiram, esses missionarios talvez te-
´
nham caminhado cerca de 160 quilometros.
´
6 A ilha de Chipre do primeiro s eculo estava muito
˜
envolvida em adoraç ao falsa. Isso ficou ainda mais
´
evidente quando Barnab e e Saulo chegaram a Pafos,
na costa oeste da ilha. Ali, eles encontraram “Barje-
sus, que era feiticeiro e falso profeta”. E ele estava
ˆ ´
“com o proc onsul S ergio Paulo, homem inteligente”.2
´ ´
No primeiro seculo, muitos romanos cultos – ate al-
´ ´
guem como S ergio Paulo, um “homem inteligente” –
´
1 Veja o quadro “Nas sinagogas dos judeus”, na p agina 167.
2 Chipre estava sob o controlo do Senado romano.
´ O principal
ˆ ad-
ministrador da ilha era um governador com o tıtulo de proc onsul.
´ ´
6, 7. (a) Quem era S ergio Paulo, e porque e que Barjesus tentou
´ ´ ˜
desvia-lo das boas novas? (b) Como e que Saulo frustrou a oposiçao de
Barjesus?
ˆ
166 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
NAS SINAGOGAS DOS JUDEUS


A palavra “sinagoga” significa literalmente “ajunta-


´ ˜
mento”. No inıcio, referia-se a uma reuniao ou congre-
˜
gaçao de judeus e, com o tempo, passou a significar o
˜
local onde a reuniao era realizada.
Acredita-se que as primeiras sinagogas tenham sido
´
formadas durante ou imediatamente ap os os 70 anos
´ ´
de exılio dos judeus em Babilonia. As sinagogas eram
˜ ˜
lugares para instruçao, adoraçao, leitura das Escrituras
˜ ´
e orientaçao espiritual. No primeiro seculo EC, cada
´
cidade na Palestina tinha a sua propria sinagoga. Cida-
´
des maiores tinham mais do que uma, e Jerusalem ti-
nha muitas.
´ ´ ´ ´
Ap os o exılio babilonico, porem, nem todos os ju-
deus voltaram para a Palestina. Muitos mudaram-
´ ´
-se para outros paıses por motivos comerciais. Ja no
´
quinto seculo AEC, havia comunidades judaicas nos
´
127 distritos jurisdicionais do Imp erio Persa. (Ester
´
1:1; 3:8) Com o tempo, comunidades judaicas tambem
ˆ
se desenvolveram nas cidades ao redor do Mediterra-
˜
neo. Essa dispersao dos judeus ficou conhecida como
´ ´
Diaspora. Esses judeus tambem formaram sinagogas
em todos os lugares onde se estabeleceram.
´
Nas sinagogas, a Lei era lida e explicada todos os sa-
bados. As leituras eram feitas numa tribuna, rodeada
ˆ
de assentos em tres lados. Qualquer homem judeu de-
˜
voto podia participar na leitura e em dar instruçao e
˜
orientaçao espiritual.
´
“CHEIOS DE ALEGRIA E DE ESPIRITO SANTO” 167
´
costumavam recorrer a feiticeiros ou astrologos em
˜
busca de ajuda para tomar decisoes importantes. Mes-
´
mo assim, S ergio Paulo ficou impressionado com a
mensagem do Reino e “queria muito ouvir a palavra de
˜
Deus”. Mas quem nao gostou nada disso foi Barjesus,
´ ´
que tamb em era conhecido pelo tıtulo Elimas, que sig-
nifica “feiticeiro”. — Atos 13:6-8.
7 Barjesus era contra a mensagem do Reino. Ele sabia
´
que a unica maneira de proteger a sua influente posi-
˜ ´
ç ao como conselheiro de S ergio Paulo era por “desviar
ˆ ´ ˜
o proc onsul da fe”. (Atos 13:8) Mas Saulo nao permiti-
´ ´
ria que um magico da corte desviasse o interesse de S er-
˜ ´
gio Paulo. Entao, o que e que Saulo fez? O relato diz:
´ ´
“Saulo, tamb em chamado Paulo, ficou cheio de espıri-
´
to santo, olhou atentamente para [Barjesus] e disse: ‘O
´
homem cheio de todo o tipo de fraude e maldade, o fi-
´ ˜
lho do Diabo, inimigo de tudo o que e justo, nao vais
´
parar de distorcer os caminhos retos de Jeova? Escuta:
˜ ´ ´ ´
a mao de Jeova esta sobre ti, e ficaras cego, sem ver a
luz do sol por um tempo.’ Instantaneamente, caiu so-
´ ˜
bre ele uma densa nevoa e escuridao, e ele come çou a
` ´
andar a roda, tentando encontrar alguem que o guiasse
ˆ
168 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
˜
pela mao.”1 Qual foi o resultado deste acontecimento
ˆ
milagroso? “Ao ver o que tinha acontecido, o proconsul
tornou-se crente, pois ficou impressionado com os en-
´
sinamentos de Jeova.” — Atos 13:9-12.
˜
8 Paulo nao se sentiu intimidado por Barjesus. Da
˜
mesma forma, nao devemos sentir-nos intimidados quan-
´
do opositores tentam minar a fe daqueles que demons-
´
tram interesse na mensagem do Reino. E claro que as
´
nossas palavras devem ‘ser sempre agradaveis, tempera-
˜
das com sal’. (Col. 4:6) Por outro lado, nao queremos
prejudicar o progresso espiritual de uma pessoa interes-
sada apenas para evitar algum conflito com opositores.
´ ˜
Tamb em nao devemos permitir que o medo nos impeça
˜
de desmascarar a religiao falsa, que ainda persiste em
´
“distorcer os caminhos retos de Jeova”, assim como Bar-
jesus fez. (Atos 13:10) Como Paulo, declaremos com
1 A partir deste momento, Saulo come çou a usar o nome Paulo. Al-
guns sugerem que ele adotou esse nome romano em homenagem a
´
S ergio Paulo. Mas o facto de que ele continuou a usar o nome Pau-
˜
lo, mesmo depois de partir de Chipre, leva a outra explicaç ao: Paulo,
´ ˜
“ap ostolo para as naç oes”, decidiu dali em diante usar o seu nome
ˆ
romano, que provavelmente tinha desde a infancia. Pode ser que ele
´ ´
tamb em tenha usado o nome Paulo porque a pronuncia grega do seu
´
nome hebraico, Saulo, e parecida com a de uma palavra grega que
´ ˜
tem uma ma conotaç ao. — Rom. 11:13.
8. Como podemos imitar a coragem de Paulo?
´
“CHEIOS DE ALEGRIA E DE ESPIRITO SANTO” 169
˜
coragem a verdade, esforçando-nos para tocar o coraçao
˜
dos sinceros. E, mesmo que o apoio de Deus nao pare-
˜
ça tao evidente como foi no caso de Paulo, podemos ter
´ ´ ´
a certeza de que Jeova usara o seu espırito santo para
` ˜
atrair a verdade os merecedores. — Joao 6:44.
Uma “palavra de encorajamento” (Atos 13:13-43)
9Pelos vistos, ocorreu uma mudança quando os ho-
´
mens partiram de Pafos rumo a Perge, na costa da Asia
´
Menor – uma viagem de aproximadamente 250 quilome-
´
tros por mar. Em Atos 13:13, esse grupo e identificado
como “Paulo e os seus companheiros”. Essas palavras
sugerem que Paulo passou a liderar o grupo. Mas nada
´
indica que Barnab e tenha ficado com inveja de Paulo.
´
Ao contrario, esses dois homens continuaram a traba-
´
lhar juntos para fazer a vontade de Jeova. Paulo e Bar-
´
nab e estabeleceram um excelente exemplo para os que
˜
hoje exercem liderança na congregaç ao. Em vez de
˜
competirem entre si por destaque, os cristaos lembram-
ˆ ˜ ˜
-se das palavras de Jesus: “Todos voces sao irmaos.” Ele
´
acrescentou: “Quem se enaltecer sera humilhado, e
´
quem se humilhar sera enaltecido.” — Mat. 23:8, 12.
´ ´
9. Como e que Paulo e Barnab e estabeleceram um excelente exemplo
˜
para os que hoje exercem liderança na congregaçao?
ˆ
170 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
˜
10Quando o grupo chegou a Perge, Joao Marcos dei-
´ ´
xou Paulo e Barnab e e voltou para Jerusalem. O moti-
˜ ´
vo de ele se ter ido embora de repente nao e mencio-
´
nado. Paulo e Barnab e seguiram viagem, indo de Perge
´ ´
a Antioquia da Pisıdia, uma cidade na provıncia da Ga-
´ ˜ ´
lacia. Essa nao era uma viagem facil, visto que Antio-
´ ´
quia da Pisıdia ficava 1100 metros acima do nıvel do
mar. As estradas nas montanhas eram acidentadas e pe-
´
rigosas, alem de conhecidas por terem muitos assaltan-
˜
tes. Como se isso nao bastasse, nesta altura, Paulo pro-
´
vavelmente enfrentava problemas de saude.1
´
11 Em Antioquia da Pisıdia, ´
Paulo e Barnab e entra-
´
ram na sinagoga no sabado. O relato diz: “Depois da
´
leitura publica da Lei e dos Profetas, os presidentes da
˜
sinagoga mandaram dizer-lhes: ‘Homens, irmaos, se ti-
verem alguma palavra de encorajamento para o povo,
˜
falem.’” (Atos 13:15) Entao, Paulo levantou-se para fa-
lar.
´
1 A carta de Paulo aos galatas foi escrita alguns anos mais tarde.
Nessa carta, Paulo escreveu: “Foi por causa de uma doença que
´ tive
a primeira oportunidade de vos declarar as boas novas.” — Gal. 4:13.
´ ´
10. Descreva a viagem desde Perge ate Antioquia da Pisıdia.
´ ´
11, 12. Ao falar na sinagoga em Antioquia da Pisıdia, como e que Pau-
ˆ
lo despertou o interesse da assistencia?
´
“CHEIOS DE ALEGRIA E DE ESPIRITO SANTO” 171
12 Paulo iniciou o seu discurso por dizer: “Homens, is-
raelitas e todos os outros que temem a Deus.” (Atos
ˆ
13:16) Isso mostra que a assistencia era formada por ju-
´ ´
deus e proselitos. Como e que Paulo despertou o inte-
˜
resse dessas pessoas, que nao reconheciam o papel de-
´
sempenhado por Jesus no prop osito de Deus? Primeiro,
´ ˜
Paulo fez um resumo da historia da naç ao judaica. Ele
´
explicou de que maneira Jeova “enalteceu o povo en-
quanto moravam como estrangeiros na terra do Egito”
˜
e como, depois da libertaç ao do povo, Deus ‘os supor-
´
tou no deserto’ por cerca de 40 anos. Paulo tamb em
mencionou como os israelitas conseguiram tomar pos-
´
se da Terra Prometida e de que maneira Jeova lhes ‘deu
a terra como herança’. (Atos 13:17-19) Alguns sugerem
˜
que Paulo fazia alusao a certas passagens das Escritu-
ras que tinham sido lidas momentos antes como parte
ˆ ´ ´
da observancia do sabado. Se isso for verdade, este e
ainda outro exemplo que mostra que Paulo sabia ‘tor-
nar-se todas as coisas para pessoas de todos os tipos’.
— 1 Cor. 9:22.
´
13 Nos ´
tamb em devemos esforçar-nos para despertar
o interesse daqueles a quem pregamos. Por exemplo, sa-
13. Como podemos despertar o interesse dos nossos ouvintes?
ˆ
172 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
˜
ber a formaç ao religiosa da pessoa pode ajudar-nos a
´
escolher assuntos que lhe interessem. Alem disso, pode-
´
mos citar passagens da Bıblia que ela talvez conhe ça.
´ ´ ` ´
Tamb em pode ser util pedir a pessoa para ler na pro-
´
pria Bıblia. Procure maneiras de despertar o interesse
dos seus ouvintes.
14 A seguir, Paulo considerou como a linhagem dos
reis israelitas levou a “um salvador, Jesus”, anunciado
˜
por Joao Batista. Depois, Paulo descreveu como Jesus
foi morto e ressuscitado. (Atos 13:20-37) Paulo disse:
˜ ´
“Portanto, irmaos, saibam que e por meio deste homem
´ ˜
que vos e proclamado o perdao de pecados, e que, por
ˆ ´
meio dele, todo aquele que cre e declarado inocente”.
˜ ´
Entao, o ap ostolo deu aos seus ouvintes o seguinte avi-
˜
so: “Tenham cuidado para que nao vos sobrevenha aqui-
lo que se disse nos Profetas: ‘Vejam, ridicularizadores,
pasmem-se e desapare çam, pois estou a realizar uma
obra nos vossos dias, uma obra em que jamais acredi-
˜
tarao, mesmo que vos seja contada em pormenor.’”
˜
A reaç ao ao discurso de Paulo foi impressionante. “As
pessoas suplicaram-lhes que falassem destes assuntos
´
14. (a) Como e que Paulo apresentou as boas novas sobre Jesus, e que
´ ˜
aviso e que ele deu? (b) Qual foi a reaçao ao discurso de Paulo?
´
“CHEIOS DE ALEGRIA E DE ESPIRITO SANTO” 173
´ ´ ´
no sabado seguinte”, diz a Bıblia. Alem disso, depois de
˜
a reuniao na sinagoga ter acabado, “muitos judeus e
´
proselitos que adoravam a Deus seguiram Paulo e Bar-
´
nab e”. — Atos 13:38-43.
˜
‘Vamos voltar-nos para as naçoes’ (Atos 13:44-52)
´
15No sabado seguinte, “quase toda a cidade” se reu-
˜
niu para escutar Paulo. Isso nao agradou a alguns ju-
deus, que “come çaram a contradizer de modo blasfemo
o que Paulo estava a dizer”. Corajosamente, Paulo e
´ ´
Barnab e disseram-lhes: “Era necessario que se transmi-
ˆ
tisse a palavra de Deus primeiro a voc es. Visto que a re-
˜
jeitam e nao se julgam dignos da vida eterna, vamos
˜ ´
agora voltar-nos para as naç oes. Pois Jeova deu-nos esta
˜
ordem: ‘Designei-te como luz para as naç oes, para que
˜ ´
leves a salvaç ao ate aos confins da terra.’” — Atos
13:44-47; Isa. 49:6.
16Os gentios alegraram-se, e “todos os que tinham a
˜
disposiç ao correta para com a vida eterna tornaram-se
crentes”. (Atos 13:48) Em pouco tempo, a palavra de
´ ´
Jeova espalhou-se por todo o paıs. Mas, como vimos, a
´
15. O que aconteceu no sabado seguinte ao discurso de Paulo?
˜ ` ´
16. Qual foi a reaçao dos judeus as fortes palavras de Paulo e Barnab e,
´ ` ˜
mas como e que estes reagiram a oposiçao?
ˆ
174 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
˜
reaç ao dos judeus foi muito diferente. Na verdade, Pau-
´
lo e Barnab e disseram-lhes que, embora a palavra de
Deus lhes tivesse sido falada primeiro, eles escolheram
rejeitar o Messias e, por isso, sofreriam o julgamento
adverso de Deus. Os judeus instigaram as mulheres de
˜
alta posiç ao e os homens mais importantes da cidade.
˜
Eles “incitaram uma perseguiç ao contra Paulo e Barna-
´ ´ ´
b e e expulsaram-nos do seu territorio”. Como e que
´ ´
Paulo e Barnab e reagiram? “Sacudiram o p o dos seus
´ ´
p es em testemunho contra eles e foram para Ic onio.”
´
Sera que esse foi o fim do cristianismo em Antioquia
´ ˜ ´
da Pisıdia? Claro que nao! Os discıpulos que permane-
´
ceram ali ‘continuaram cheios de alegria e de espırito
santo’. — Atos 13:50-52.
´ ´ `
17 O modo como esses discıpulos fieis reagiram a opo-
˜ ˜ ˜
siç ao ensina-nos uma valiosa liç ao. Nao paramos de
pregar, mesmo quando pessoas de destaque neste mun-
do tentam fazer-nos desistir de proclamar a nossa men-
´
sagem. Observe tamb em que, quando as pessoas em
´
Antioquia rejeitaram a mensagem, Paulo e Barnab e “sa-
´ ´ ˜
cudiram o p o dos seus p es”. Esse gesto nao indicava que
17-19. De que maneiras podemos imitar o excelente exemplo de Paulo
´ ´ ´
e Barnab e, e como e que fazer isso contribuira para a nossa alegria?
´
“CHEIOS DE ALEGRIA E DE ESPIRITO SANTO” 175
eles estavam zangados. Em vez disso, significava que
˜ ´ `
eles nao eram responsaveis pelo que aconteceria as pes-
´ ˜
soas. Esses missionarios perceberam que nao podiam
˜
controlar a reaç ao de outros. Mas podiam controlar se
˜
continuariam a pregar. Certamente, eles nao deixaram
´
de pregar quando foram para Iconio!
´
18 E o que dizer dos discıpulos que permaneceram em
´ ´
Antioquia? E verdade que o territorio deles era hostil.
˜
Mas a sua alegria nao dependia da recetividade das pes-
soas. Jesus disse: “Felizes os que ouvem a palavra de
˜ ´
Deus e a p oem em pratica!” (Luc. 11:28) Era exatamen-
´ ´
te isso que os discıpulos em Antioquia da Pisıdia esta-
vam decididos a fazer.
´ ´
19Assim como Paulo e Barnab e, e importante lem-
´
brarmo-nos de que a nossa responsabilidade e pregar as
˜
boas novas. A decisao de aceitar ou rejeitar a mensa-
gem depende exclusivamente dos nossos ouvintes. Se
˜
aqueles a quem pregamos nao parecem recetivos, pode-
˜ ´ ´
mos aprender uma liç ao dos discıpulos do primeiro se-
culo. Por prezarmos a verdade e permitirmos que o es-
´ ´
pırito santo nos guie, tamb em podemos ter alegria,
˜ ´
mesmo diante de oposiç ao. — Gal. 5:18, 22.
ˆ
176 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
´
CAPITULO 12


“Falar corajosamente com a


´
autoridade de Jeova”
´
Paulo e Barnab e demonstram humildade,
perseverança e coragem
Baseado em Atos 14:1-28
´ ˜
HA MUITA confusao na cidade de Listra. Um homem
coxo de nascença salta de alegria depois de ser curado
˜
por dois estranhos. As pessoas estao fora de si, e um sa-
cerdote de Zeus traz coroas de flores para os dois ho-
˜
mens, que a multidao acredita serem deuses. Touros bu-
fam e berram enquanto o sacerdote se prepara para os
´
sacrificar em honra aos homens. Paulo e Barnab e gri-
tam em protesto e rasgam as suas vestes. Depois, cor-
˜ ˜
rem para o meio da multidao e imploram para nao se-
rem adorados. Mesmo assim, mal conseguem impedir a
˜
multidao de fazer isso.
Entretanto, chegam opositores judeus de Antioquia
2

´ ´ ´
da Pisıdia e de Ic onio. Por meio de calunias, eles enve-
nenam a mente dos habitantes de Listra. A mesma mul-
˜
tidao que antes queria adorar Paulo, agora, cerca-o e
´
1, 2. O que aconteceu enquanto Paulo e Barnab e estavam em Listra?
´
“FALAR CORAJOSAMENTE COM A AUTORIDADE DE JEOVA” 177
´ ˆ
atira-lhe pedras ate ele perder a consciencia. Depois de
descarregarem toda a sua ira, eles arrastam o corpo fe-
˜
rido de Paulo para fora dos portoes da cidade e deixam-
´
-no ali, achando que ele esta morto.
3 O que e´ que levou a esse incidente dramatico?
´
O que
´
e que os atuais proclamadores das boas novas podem
´
aprender dos eventos que envolveram Barnab e, Paulo e
´ ´
os instaveis habitantes de Listra? E como e que os an-
˜ ˜ ´
ciaos cristaos podem imitar o exemplo de Barnab e
´
e Paulo, que perseveraram fielmente no seu ministe-
rio, “[ao falarem] corajosamente com a autoridade de
´
Jeova”? — Atos 14:3.
˜
‘Uma grande multidao tornou-se crente’ (Atos 14:1-7)
˜ ´
4Nao muitos dias antes, Paulo e Barnab e tinham sido
´
expulsos da cidade romana de Antioquia da Pisıdia, de-
pois de opositores judeus lhes terem causado proble-
mas. No entanto, em vez de ficarem desanimados, os
´ ´
dois homens “sacudiram o p o dos seus p es” contra os
˜ `
habitantes da cidade que nao eram recetivos a mensa-
´
gem. (Atos 13:50-52; Mat. 10:14) Paulo e Barnab e par-
tiram pacificamente, deixando aqueles opositores entre-
´
3. Que perguntas vamos considerar neste capıtulo?
´ ´ ´
4, 5. Porque e que Paulo e Barnab e viajaram para Iconio, e o que acon-
teceu ali?
ˆ
178 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
` ˆ
gues as consequencias que viriam da parte de Deus.
(Atos 18:5, 6; 20:26) Sem perder a alegria, aqueles dois
´ ˜
missionarios continuaram a sua viagem de pregaç ao.
´ ˜
Caminharam cerca de 150 quilometros em dire ç ao ao
´ ´
sudeste ate chegarem a um planalto fertil localizado en-
˜
tre os montes Tauro e os montes Sultao.
5 Inicialmente, Paulo e Barnab e´ pararam em Ic onio,
´
´
uma das principais cidades da provıncia romana da Ga-
´ ˜ ´
lacia. Diferentemente das outras cidades da regiao, Ic o-
nio era influenciada pela cultura grega.1 Nessa cidade
˜ ´
havia uma influente populaç ao judaica e um grande nu-
´
mero de proselitos. Como era seu costume, Paulo e Bar-
´
nab e entraram na sinagoga e come çaram a pregar.
(Atos 13:5, 14) Eles “falaram de tal maneira que uma
˜
grande multidao, tanto de judeus como de gregos, tor-
nou-se crente”. — Atos 14:1.
6 Porque e´ que a maneira de Paulo e Barnab e´ falarem

˜
era tao eficaz? Paulo era um po ço de sabedoria das
´
Escrituras. Com habilidade, ele citava historia, profe-
cias e a Lei mosaica para provar que Jesus era o
´ ´ ´
1 Veja o quadro “Ic onio – cidade dos frıgios”, na p agina 180.
´ ´
6. Porque e que Paulo e Barnab e eram instrutores eficazes, e como po-
´
demos imita-los?
´
“FALAR CORAJOSAMENTE COM A AUTORIDADE DE JEOVA” 179
´ ´
IC ONIO – CIDADE DOS FR IGIOS


´
Iconio estava localizada num planalto bem irrigado
´
e fertil e ficava num cruzamento de uma importante
´ ´ `
rota comercial que ligava ´ a S ıria a Roma, Gr ecia e a
´
provıncia romana da Asia.
˜ ˜
A religiao local baseava-se na adoraçao de Cibele, a
´ ´
deusa frıgia da fertilidade, e, durante o perıodo hele-
´ ˜
nıstico, assimilou traços da adoraçao praticada pelos
´
gregos. A cidade veio a ficar sob domınio romano em
´
65 AEC e, no primeiro seculo EC, era um grande e
´ ´ ´
prospero centro comercial e agrıcola. Embora Iconio
˜
fosse o lar de uma influente populaçao judaica, a cida-
´
de parece ter preservado as caracterısticas da cultura
´ ´
grega adquiridas durante o perıodo helenıstico. Na ver-
dade, o relato de Atos fala tanto de habitantes judeus
como de “gregos”. — Atos 14:1.
´ ˜
Iconio ficava na fronteira entre duas regioes da Ga-
´ ´ ´
lacia: Licaonia e Frıgia. Certos escritores antigos, como
´ ˜ ´ ´
Cıcero e Estrabao, chamaram a Iconio cidade da Licao-
´
nia, e, do ponto de vista geografico, a cidade realmen-
˜
te pertencia a essa regiao. No entanto, o relato de Atos
˜ ´ ´
nao inclui Iconio como parte da Licaonia, onde era
´ ´
falada a “lıngua licaonica”. (Atos 14:1-6, 11) Por isso,
´
houve crıticos que argumentaram que o relato de Atos
˜ ´
nao era exato. No entanto, em 1910, arqueologos des-
˜ ´
cobriram inscriçoes na cidade que provavam que o frı-
´ ´ ´
gio foi a lıngua falada em Iconio durante dois seculos
ˆ
180 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
´ ´
ap os a visita de Paulo e Barnabe. Portanto, o escritor
´
do livro de Atos estava correto ao distinguir Iconio das
´
cidades da Licaonia.

´
prometido Messias. (Atos 13:15-31; 26:22, 23) Barnab e
destacava-se pelo seu interesse pelas pessoas. (Atos
4:36, 37; 9:27; 11:23, 24) Nenhum dos dois confiava no
´
seu proprio entendimento, mas falavam “com a autori-
´ ´ ˆ
dade de Jeova”. Como e que voc e pode imitar esses mis-
´
sionarios ao pregar? Conhe ça bem a Palavra de Deus.
´
Escolha textos bıblicos que sejam de maior interesse
´
para os seus ouvintes. Procure maneiras praticas de
consolar aqueles a quem prega. E baseie sempre o seu
´ ˜
ensino na autoridade da Palavra de Jeova, nao na sua
´
propria sabedoria.
´
7 Mas nem todos em Ic onio gostaram de ouvir o que
´ ˜
Paulo e Barnab e tinham a dizer. “Judeus que nao cre-
ram”, continuou Lucas, “atiçaram as pessoas das na-
˜ ˜
ç oes, instigando-as contra os irmaos”. Portanto, Paulo
´ ´
e Barnab e perceberam que era necessario ficar ali e
´
7. (a) Que resultados produzem as boas novas? (b) Caso a sua famılia
ˆ ` ´
esteja dividida por causa da sua obediencia as boas novas, de que e que
ˆ
voce deve lembrar-se?
´
“FALAR CORAJOSAMENTE COM A AUTORIDADE DE JEOVA” 181
defender as boas novas, e “passaram bastante tempo a
˜
falar corajosamente”. Em resultado disso, “a multidao
da cidade estava dividida: alguns eram a favor dos ju-
´
deus, e outros a favor dos ap ostolos”. (Atos 14:2-4)
Hoje, as boas novas produzem resultados parecidos.
˜
Para alguns, sao uma força unificadora; para outros,
˜ ´
um motivo de divisao. (Mat. 10:34-36) Caso a sua famı-
ˆ `
lia esteja dividida por causa da sua obediencia as boas
˜ ´
novas, lembre-se de que a oposiç ao muitas vezes e uma
˜ ´
reaç ao a boatos infundados ou a calunias venenosas.
´
A sua excelente conduta pode ser um antıdoto para
˜
esse veneno e, com o tempo, pode amolecer o coraç ao
˜
dos que se op oem a si. — 1 Ped. 2:12; 3:1, 2.
8 Depois de algum tempo, os opositores em Ic onio ´
´
tramaram apedrejar Paulo e Barnab e. Ao saberem dis-
´
so, esses dois missionarios decidiram ir pregar noutro
´
territorio. (Atos 14:5-7) Hoje, os proclamadores do Rei-
´ ˆ
no tamb em agem com prudencia. Quando somos con-
frontados com ataques verbais, falamos com coragem.
´
(Fil. 1:7; 1 Ped. 3:13-15) Mas, quando ha ameaça de vio-
ˆ
lencia, evitamos fazer algo imprudente que coloque
´ ´ ´ ˜
8. Porque e que Paulo e Barnab e deixaram Iconio, e que liçao aprende-
mos do seu exemplo?
ˆ
182 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
desnecessariamente em perigo a nossa vida e a dos nos-
˜
sos irmaos espirituais. — Pro. 22:3.
‘Convertam-se ao Deus vivente’
(Atos 14:8-19)
´ ´
9 Paulo e Barnab e seguiram para Listra, uma colonia
´
romana situada cerca de 30 quilometros a sudoeste de
´ ˜
Ic onio. Listra mantinha fortes relaç oes com Antioquia
´
da Pisıdia, mas tinha uma comunidade judaica bastan-
´
te mais pequena. Embora seja provavel que os seus ha-
´
bitantes soubessem falar grego, a lıngua materna deles
´ ´
era o licaonico. Paulo e Barnab e come çaram a pregar
´ ´ ˜
numa area publica, talvez porque nao houvesse uma si-
´
nagoga na cidade. Alem disso, Paulo realizou ali um mi-
´
lagre como o que Pedro tinha feito em Jerusalem: cu-
rou um homem coxo de nascença. (Atos 14:8-10) Por
causa do milagre que Pedro realizou, uma grande mul-
˜
tidao aceitou a mensagem. (Atos 3:1-10) Mas, no caso
do milagre realizado por Paulo, o resultado foi muito
diferente.
´ ´
Conforme descrito no inıcio deste capıtulo, quando
10

˜
o homem coxo pulou e come çou a andar, a multidao
˜ ˜
paga de Listra tirou imediatamente uma conclusao
9, 10. Onde ficava Listra, e o que sabemos sobre os seus habitantes?
´
“FALAR CORAJOSAMENTE COM A AUTORIDADE DE JEOVA” 183
´
errada. Eles referiram-se a Barnab e como Zeus, o prin-
cipal deus grego, e a Paulo como Hermes, filho de Zeus
e porta-voz dos deuses. (Veja o quadro “Listra e a ado-
˜ ´ ´
raç ao a Zeus e a Hermes”, na p agina 186.) Barnab e e
´ ˜
Paulo, porem, estavam determinados a fazer a multidao
˜
entender que eles falavam e agiam nao com a autorida-
˜ ´
de de deuses pagaos, mas com a autoridade de Jeova, o
´
unico Deus verdadeiro. — Atos 14:11-14.
ˆ
11 Apesar daquelas circunstancias ´
dramaticas, Paulo e
´ ˜ ˆ
Barnab e ainda tentaram tocar o coraç ao da assistencia
´
da melhor maneira possıvel. Com este incidente, Lucas
registou uma forma eficaz de pregar as boas novas a
˜ ´
pagaos. Observe como Paulo e Barnab e raciocinaram
´ ˜
com os seus ouvintes: “Homens, porque e que estao a
´ ´
fazer isto? Nos tamb em somos humanos e temos as
ˆ
mesmas fraquezas que voc es. E estamos a declarar-vos
˜
as boas novas para que abandonem estas coisas vas e se
´
convertam ao Deus vivente, que fez o c eu, a terra, o mar
´ ˜
e tudo o que ha neles. Em geraç oes passadas, ele per-
˜ ´
mitiu que todas as naç oes andassem nos seus proprios
˜
caminhos, embora nao tenha deixado de dar testemu-
´ ´
11-13. (a) O que e que Paulo e Barnab e disseram aos habitantes de Lis-
˜ ´
tra? (b) Que liçao podemos aprender das palavras de Paulo e Barnab e?
ˆ
184 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
nho de si mesmo, pois demonstrou a sua bondade dan-
´ ´
do-vos chuvas do c eu e epocas de colheita abundante,
satisfazendo-vos com alimentos e enchendo o vosso co-
˜
raç ao de alegria.” — Atos 14:15-17.
˜
12 Que liç oes podemos aprender destas palavras? Pri-
´ ˜
meiro, Paulo e Barnab e nao se consideravam superio-
˜
res aos que os escutavam. Eles nao fingiram ser algo
˜
que nao eram. Em vez disso, admitiram humildemente
˜
ter as mesmas fraquezas que os seus ouvintes pagaos.
´ ´ ´
E verdade que Paulo e Barnab e tinham recebido espıri-
to santo e tinham sido libertados de ensinos falsos.
´
Tamb em tinham sido abençoados com a esperança de
reinar com Cristo. Mas eles sabiam que os habitantes
ˆ ˜
de Listra poderiam receber essas mesmas b enç aos se
obedecessem a Cristo.
13 Como encaramos as pessoas a quem pregamos?
´ ´ `
Sera que as consideramos iguais a nos? A medida que
ajudamos outros a aprenderem as verdades da Palavra
´ ´
de Deus, sera que, como Paulo e Barnab e, rejeitamos
ser bajulados? Charles Taze Russell, um excelente ins-
˜
trutor que tomou a dianteira na obra de pregaç ao no
´ ´ ´
fim do seculo 19 e inıcio do seculo 20, deu um bom
˜
exemplo neste respeito. Ele escreveu: “Nao queremos
´
“FALAR CORAJOSAMENTE COM A AUTORIDADE DE JEOVA” 185
˜
LISTRA E A ADORAÇAO
A ZEUS E A HERMES


Listra estava localizada num vale isolado, afastado


´
das principais estradas. Cesar Augusto fez da cidade
´
uma colonia romana, dando-lhe o nome Julia Felix Ge-
mina Lustra. As tropas instaladas nessa cidade defen-
´ ´
diam a provıncia da Galacia contra tribos locais que vi-
viam nas montanhas. Assim, a cidade era administrada
de acordo com as leis civis romanas e os seus funcio-
´ ´
narios tinham tıtulos latinos. Apesar disso, Listra con-
˜
servou grande parte das suas tradiçoes e permaneceu
´ ´
mais licaonica do que romana. Tanto e que os habitan-
tes de Listra mencionados no relato de Atos falavam a
´ ´
lıngua licaonica.
´ ˜
Entre as descobertas arqueologicas feitas na regiao
´ ˜ ˆ
da antiga Listra ha inscriçoes que fazem referencia aos
´
“sacerdotes de Zeus” e a uma estatua do deus Hermes.
´
Um altar dedicado a Zeus e a Hermes tamb em foi en-
˜
contrado na mesma regiao.
´
Uma lenda escrita pelo poeta romano Ovıdio
˜
(43 AEC a 17 EC) fornece informaçoes que ajudam a
´
entender melhor o relato de Atos. De acordo com Ovı-
´ ´
dio, Jupiter e Mercurio, os equivalentes romanos dos
deuses gregos Zeus e Hermes, visitaram a montanho-
˜ ´
sa regiao da Frıgia disfarçados de homens mortais. Eles
´
procuraram hospedagem em mil casas, mas ninguem
´
os recebeu. Apenas um casal idoso, Filemon e Baucis,
ˆ
186 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
´
e que lhes ofereceu hospedagem na sua humilde caba-
na. Em resultado disso, Zeus e Hermes transformaram
´
aquela cabana num templo de marmore e ouro, fizeram
´
do casal idoso sacerdotes, e destruıram a casa daqueles
´
que se tinham recusado a hospeda-los. “Caso os habi-
tantes de Listra se tenham lembrado dessa lenda quan-
´
do viram Paulo e Barnabe curar o homem coxo”, diz a
obra The Book of Acts in Its Graeco-Roman Setting (O Li-
˜ ´
vro de Atos no Contexto Greco-Romano), “nao e de ad-
´
mirar que os quisessem receber com sacrifıcios”.

ˆ ´ ´
honra, nem reverencia, nem para nos proprios nem para
˜
o que escrevemos; nao desejamos ser chamados Reve-
˜
rendo ou Rabino.” O irmao Russell tinha a mesma ati-
´
tude humilde de Paulo e Barnab e. De forma similar, o
˜ ´ ´ ´
nosso objetivo ao pregar nao e dar gloria a nos mes-
mos, mas ajudar as pessoas a converterem-se ao “Deus
vivente”.
˜
14Considere uma segunda liç ao que podemos apren-
´ ´
der desse discurso. Paulo e Barnab e eram flexıveis. Ao
´ ´ ´
contrario dos judeus e proselitos em Ic onio, os habitan-
tes de Listra tinham pouco ou nenhum conhecimento
˜
14-16. Que outras duas liçoes podemos aprender das palavras de Paulo
´
e Barnab e aos habitantes de Listra?
´
“FALAR CORAJOSAMENTE COM A AUTORIDADE DE JEOVA” 187
˜
das Escrituras e dos tratos de Deus com a naç ao de Is-
rael. Mas tinham conhecimento de agricultura, visto
que Listra era abençoada com um clima ameno e um
´
solo fertil. Assim, essas pessoas podiam ver amplas evi-
ˆ
dencias das qualidades do Criador, conforme reveladas
´
em coisas como as epocas de colheita abundante, e os
´
missionarios usaram esse ponto em comum para racio-
cinar com elas. — Rom. 1:19, 20.
15 Sera´ que tamb em
´ ´
podemos ser flexıveis? Embora
um agricultor possa plantar o mesmo tipo de sementes
´ ´
em varios campos, ele precisa de usar metodos diferen-
tes ao preparar o solo. Em alguns campos, a terra tal-
´
vez ja esteja fofa, pronta para ser semeada. Noutros,
pode ser que a terra precise de ser preparada. De modo
´
similar, a semente que plantamos e sempre a mesma: a
mensagem do Reino encontrada na Palavra de Deus. No
´
entanto, se formos como Paulo e Barnab e, tentaremos
˜ ˆ
discernir a formaç ao religiosa e as circunstancias das
pessoas a quem pregamos. Depois, basearemos a nossa
˜
apresentaç ao da mensagem do Reino nessas informa-
˜
ç oes. — Luc. 8:11, 15.
˜
16 Podemos aprender uma terceira liç ao do relato que
´
envolveu Paulo, Barnab e e os habitantes de Listra. Ape-
ˆ
188 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
`
sar dos nossos melhores esforços, as vezes, a semente
´
que plantamos e ‘arrancada’ ou cai em solo rochoso.
˜
(Mat. 13:18-21) Se isso acontecer, nao desanime. Como
´
Paulo mais tarde lembrou aos discıpulos em Roma,
´
“cada um de nos [incluindo cada pessoa com quem fa-
´
lamos sobre a Palavra de Deus] prestara contas de si
mesmo a Deus”. — Rom. 14:12.
´
“Entregaram-nos aos cuidados de Jeova”
(Atos 14:20-28)
Depois de Paulo ser arrastado para fora de Listra e
17

´ `
dado como morto, os discıpulos juntaram-se a volta dele
e ele levantou-se, e encontrou um lugar na cidade para
´
passar a noite. No dia seguinte, Paulo e Barnab e inicia-
´ ´
ram uma viagem de 100 quilometros ate Derbe. Pode-
mos imaginar as dores que Paulo sentiu durante essa di-
´
fıcil viagem, visto que tinha sido apedrejado poucas
´
horas antes. Mesmo assim, ele e Barnab e perseveraram
´
e quando chegaram a Derbe fizeram “um bom numero
´
de discıpulos”. A seguir, em vez de irem pelo cami-
´
nho mais curto para Antioquia da Sıria, que servia
´
como uma esp ecie de base para as suas atividades,
´ ´
17. Depois de saırem de Derbe, para onde foram Paulo e Barnab e, e
ˆ
porque?
´
“FALAR CORAJOSAMENTE COM A AUTORIDADE DE JEOVA” 189
´ ´
eles “voltaram a Listra, Iconio, e Antioquia” da Pisıdia.
´
Com que objetivo? Para fortalecer “os discıpulos, enco-
´
rajando-os a permanecer na fe”. (Atos 14:20-22) Que
grande exemplo esses dois homens estabeleceram! Eles
˜ `
colocaram as necessidades da congregaçao a frente dos
seus interesses pessoais. Atualmente, superintendentes
´
viajantes e missionarios seguem o exemplo deles.
´
18 Alem ´
de fortalecerem os discıpulos com as suas pa-
´ ˜
lavras e exemplo, Paulo e Barnab e designaram “anciaos
˜
em cada congregaç ao”. Apesar de terem sido “enviados
´ ´
pelo espırito santo” nessa viagem missionaria, Paulo e
´
Barnab e oraram e jejuaram quando ‘entregaram os an-
˜ ´
ciaos aos cuidados de Jeova’. (Atos 13:1-4; 14:23) Hoje,
segue-se um procedimento similar. Antes de fazer uma
˜ ˜ ˜
recomendaç ao de designaç ao, o corpo de anciaos local
˜ ˜ ˜
analisa com oraç ao se o irmao em consideraç ao satis-
´
faz os requisitos bıblicos. (1 Tim. 3:1-10, 12, 13; Tito
˜
1:5-9; Tia. 3:17, 18; 1 Ped. 5:2, 3) O mais importante nao
´ ´ ´ ´
e ha quanto tempo a pessoa ja esta na verdade. Em vez
˜
disso, a maneira de falar, a conduta e a reputaç ao da
˜ ˆ ´ ´
pessoa dao evidencia de ate que ponto o espırito santo
´
esta a operar na sua vida. O que determina se ele se
´ ˜ ˜
18. O que esta envolvido na designaçao de anciaos?
ˆ
190 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
´
qualifica para servir como pastor do rebanho e se
´
preenche os requisitos bıblicos para os superintenden-
´
tes. (Gal. 5:22, 23) O superintendente de circuito tem a
˜
responsabilidade de fazer essas designaç oes. — Compa-
re com 1 Tim. 5:22.
˜
19 Os anciaos ˜
designados sabem que prestarao contas
˜
a Deus pelo modo como cuidam da congregaçao. (Heb.
´ ˜
13:17) Como Paulo e Barnab e, os anciaos exercem lide-
˜
rança na obra de pregaçao. Por meio de palavras, eles
˜ ´
fortalecem os seus companheiros de adoraçao. Alem dis-
˜
so, estao dispostos a colocar as necessidades da congre-
˜ `
gaçao a frente dos seus interesses pessoais. — Fil. 2:3, 4.
20 Quando Paulo e Barnab e´ finalmente regressaram a`

´ ´
sua base missionaria em Antioquia da Sıria, contaram
“as muitas coisas que Deus tinha feito por meio deles
´ ` ˜
e como ele tinha aberto a porta da fe as naç oes”. (Atos
14:27) Ao lermos sobre o trabalho fiel dos nossos ir-
˜ ˜ ´
maos cristaos e vermos como Jeova abençoou os seus
esforços sentimo-nos encorajados a continuar “a falar
´
corajosamente com a autoridade de Jeova”.
ˆ ˜
19. Que responsabilidade tem os anciaos, e como imitam Paulo e Bar-
´
nab e?
´ ´
20. Como e que nos beneficiamos de ler relatorios sobre o trabalho fiel
˜
dos nossos irmaos?
´
“FALAR CORAJOSAMENTE COM A AUTORIDADE DE JEOVA” 191
˜
S E C Ç AO 5 ˙ ATO S 15:1-35


´
“OS AP
˜ OSTOLOS E
OS ANCIAOS REUNIRAM- SE”
ATOS 15:6

´
Uma intensa controversia passou a ameaçar a
˜ ˜ ´
paz e a uniao das congregaçoes. A quem e que
˜
as congregaçoes recorreram em busca de instru-
˜ ˜ ˜
çoes e orientaçoes para resolver a questao? Nesta
˜
secçao, entenderemos melhor a maneira como a
˜ ´
congregaçao do primeiro seculo estava organiza-
da, o que serve de modelo para o povo de Deus
hoje.
´
CAPITULO 13


´
“Depois de muita discordia”
˜ ˜
A questao da circuncisao
´
e levada ao corpo governante
Baseado em Atos 15:1-12
´
CHEIOS de alegria, Paulo e Barnab e acabam de voltar
´
para Antioquia da Sıria depois da sua primeira viagem
´ ˜ ´
missionaria. Eles estao entusiasmados, pois Jeova “tinha
´ ` ˜
aberto a porta da fe as naçoes”. (Atos 14:26, 27) De fac-
˜
to, as pessoas em Antioquia nao falam de outra coisa a
˜ ˜
nao ser das boas novas, e “muitos” gentios estao a ache-
` ˜
gar-se a congregaçao nessa cidade. — Atos 11:20-26.
2 A empolgante notıcia ´
sobre os muitos gentios que es-
˜ `
tao a aceitar o cristianismo, em pouco tempo, chega a
Judeia. No entanto, em vez de trazer alegria a todos, faz
´ ´ ˜
com que a ja existente controversia sobre a circuncisao
se torne ainda mais evidente. Qual deveria ser a rela-
˜ ˜ ˜ ´
çao entre cristaos judeus e nao judeus, e como e que
˜
os nao judeus deveriam encarar a Lei mosaica? Essa
1-3. (a) Que acontecimentos levaram a desentendimentos que ameaçavam
˜ ˜
dividir a antiga congregaçao crista? (b) Como podemos beneficiar-nos
de estudar este relato no livro de Atos?
´
“DEPOIS DE MUITA DISCORDIA” 193
˜ ˜
questao causa tanto desentendimento que a congregaçao
˜ ˜ ´
crista pode ficar dividida em façoes. Como e que este
´
assunto sera resolvido?
`
3 A medida que consideramos este relato no livro de

˜
Atos, aprenderemos muitas liçoes valiosas. Isso vai aju-
dar-nos a agir com sabedoria caso surjam assuntos que
˜
podem causar divisao nos nossos dias.
“A menos que sejam circuncidados” (Atos 15:1)
´
4 O discıpulo Lucas escreveu: “Alguns homens desce-
ram da Judeia [para a Antioquia] e começaram a ensi-
˜
nar os irmaos: ‘A menos que sejam circuncidados segun-
´ ˆ ˜
do o costume de Moises, voces nao podem ser salvos.’”
˜
(Atos 15:1) Nao se menciona se esses “homens [...] da
Judeia” tinham sido fariseus antes de se converterem ao
´
cristianismo. No entanto, no mınimo, parece que foram
influenciados pelo modo de pensar legalista daquela sei-
´
ta judaica. Alem disso, eles talvez tenham afirmado de
´
forma errada que falavam em nome dos ap ostolos e dos
˜ ´ ´
anciaos de Jerusalem. (Atos 15:23, 24) Mas porque e que
˜
os cristaos judeus ainda estavam a promover a circunci-
˜ ´
sao cerca de 13 anos depois de Deus, por meio do ap os-
˜ ´ ˜
4. Que afirmaçoes erradas e que certos cristaos estavam a fazer, e que
´
pergunta e que isso levanta?
ˆ
194 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
tolo Pedro, ter acolhido os gentios incircuncisos na con-
˜ ˜
gregaçao crista?1 — Atos 10:24-29, 44-48.
´
5 Pode ter havido varios motivos. Primeiro, a circunci-
˜ ´ ´ ´
sao masculina foi instituıda pelo proprio Jeova e era si-
˜ ´
nal de uma relaçao especial com ele. Instituıda antes do
pacto da Lei e, mais tarde, incorporada nesse pacto,
˜ ˜ ´
a circuncisao começou com Abraao e a sua famılia.2
´
(Lev. 12:2, 3) Sob a Lei mosaica, ate mesmo os estran-
geiros tinham de ser circuncidados antes de terem certos
´ ´ ˆ
privilegios, como o de participar na Pascoa. (Exo. 12:43,
44, 48, 49) De facto, na mente dos judeus, um homem
´
incircunciso era impuro, desprezıvel. — Isa. 52:1.
˜
6 Portanto, os cristaos ´
judeus precisavam de ter fe e
`
humildade para se ajustarem a verdade revelada. O pac-
´
to da Lei tinha sido substituıdo pelo novo pacto, de
´ ˜
modo que nascer como judeu ja nao significava que
´
1 Veja o quadro “A doutrina
˜ ˜ dos judaizantes”, na p agina ˆ 196.
2 O pacto da circuncisao nao fazia parte do pacto abraamico, que
´ ˆ
vigora ate hoje. O pacto abraamico entrou em vigor em 1943 AEC
˜ ˜ ˜
quando Abraao (entao Abrao) atravessou o rio Eufrates a caminho
˜ ˜ ˜
de Canaa. Ele tinha 75 anos nessa ocasiao. O pacto da circuncisao
˜
foi feito mais tarde, em 1919 AEC, quando Abraao tinha 99 anos.
´ ´
— Gen. 12:1-8; 17:1, 9-14; Gal. 3:17.
˜
5, 6. (a) O que talvez tenha motivado alguns cristaos judeus a quererem
` ˜ ´
permanecer apegados a circuncisao? (b) Sera que o pacto da circunci-
˜ ˆ
sao fazia parte do pacto abraamico? Explique. (Veja a nota.)
´
“DEPOIS DE MUITA DISCORDIA” 195
A DOUTRINA DOS JUDAIZANTES


Mesmo depois de o corpo governante do primei-


´ ˜ ˜
ro seculo ter resolvido a questao da circuncisao, al-
˜
guns que afirmavam ser cristaos continuaram a in-
´
sistir no assunto com teimosia. O ap ostolo Paulo
˜
chamou-lhes “falsos irmaos” que queriam “distorcer
´
as boas novas a respeito do Cristo”. — Gal. 1:7; 2:4;
Tito 1:10.
Pelos vistos, o objetivo dos judaizantes era acalmar
os judeus, e assim evitar que se opusessem ao cris-
˜ ´
tianismo de uma forma tao violenta. (Gal. 6:12, 13)
´
Os judaizantes insistiam que uma pessoa so podia ser
considerada justa se seguisse a Lei mosaica em assun-
˜ ˜
tos tais como alimentaçao, circuncisao e festividades
judaicas. — Col. 2:16.
˜
Evidentemente, aqueles que pensavam assim nao se
˜
sentiam bem na presença de cristaos gentios. Infeliz-
´ ´ ˜ ˜
mente, ate varios cristaos respeitados de formaçao ju-
daica manifestavam essas atitudes prejudiciais. Por
˜
exemplo, quando representantes da congregaçao de
´
Jerusalem visitaram Antioquia, eles mantiveram-se
˜ ´
separados dos seus irmaos gentios. O proprio Pedro,
´ ˜
que ate entao se associava livremente com os gentios,
afastou-se deles – nem sequer comendo com eles. De
´
facto, ele agiu contra os mesmos princıpios que tinha
defendido anteriormente. Em resultado disso, Pedro
´
foi repreendido por Paulo. — Gal. 2:11-14.
ˆ
196 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
´
alguem era automaticamente membro do povo de Deus.
˜
Para os cristaos judeus que viviam em comunidades ju-
˜
daicas, como era o caso dos cristaos na Judeia, era pre-
ciso coragem para reconhecerem Cristo e aceitarem os
˜
gentios incircuncisos como irmaos espirituais. — Jer.
31:31-33; Luc. 22:20.
´ ˜ ˜
7 E claro que os padroes de Deus nao tinham muda-
´ ´
do. Prova disso e que o novo pacto manteve o espırito da
`
Lei mosaica. (Mat. 22:36-40) No que se refere a circun-
˜ ´
cisao, por exemplo, Paulo escreveu mais tarde: “Judeu e
´ ´ ˜ ´ ˜
quem o e no ıntimo, e a sua circuncisao e a do coraçao,
´ ˜ ´
por espırito, e nao por um codigo escrito.” (Rom. 2:29;
˜
Deut. 10:16) Os “homens [...] da Judeia” nao tinham
˜
compreendido essas verdades e afirmavam que Deus nao
˜ ´
tinha cancelado a lei da circuncisao. Sera que eles da-
` ˜
riam ouvidos a razao?
´ ˜
“Discordia e discuss ao” (Atos 15:2)
´
8Lucas continuou: “Depois de muita discordia e dis-
˜ ´
cussao de Paulo e Barnab e com eles [os homens que
´
“desceram da Judeia”], decidiu-se que Paulo, Barnab e e
´ ˜
7. Que verdades e que os “homens [...] da Judeia” nao tinham compreen-
dido?
´ ˜ ˜
8. Porque e que a questao da circuncisao foi levada ao corpo governante
´
em Jerusalem?
´
“DEPOIS DE MUITA DISCORDIA” 197
´
alguns outros subiriam a Jerusalem para tratar desta
˜ ´ ˜
questao com os ap ostolos e os anciaos.”1 (Atos 15:2)
´ ˜
A “discordia e discussao” refletia fortes sentimentos e
˜ ˜
convicçoes de ambos os lados, e a congregaçao em An-
˜ ´
tioquia nao conseguiu resolver a controversia. Para se
˜ ˜
preservar a paz e a uniao, a congregaçao sabiamente
˜ ´
providenciou que a questao fosse tratada com “os ap os-
˜ ´
tolos e os anciaos” em Jerusalem, que formavam o cor-
˜
po governante. O que aprendemos dos anciaos em An-
tioquia?
˜ ´
9Uma liçao valiosa que aprendemos e que temos de
˜
confiar na organizaçao de Deus. Considere o seguinte:
˜
os irmaos em Antioquia sabiam que o corpo governan-
˜ ˜
te era composto inteiramente de cristaos de formaçao
judaica. Mesmo assim, eles confiavam que aqueles ir-
˜ ˜ ˜
maos resolveriam a questao da circuncisao em harmo-
ˆ ˜
nia com as Escrituras. Porque? A congregaçao confiava
´ ´
que Jeova orientaria os assuntos por meio do espırito
˜ ˜
santo e do Cabeça da congregaçao crista, Jesus Cristo.
˜
1 Tito, um cristao grego que, mais tarde, se tornou amigo de
˜
confiança e mensageiro de Paulo, parece ter sido um dos irmaos en-
´
viados. (Gal. 2:1; Tito 1:4) Esse homem era um excelente exemplo de
´ ´
um gentio incircunciso ungido pelo espırito santo. — Gal. 2:3.
´ ˜
9, 10. De que maneira e que os irmaos em Antioquia, bem como Paulo
´
e Barnab e, deram um excelente exemplo?
ˆ
198 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
´
(Mat. 28:18, 20; Efe. 1:22, 23) Atualmente, quando sur-
˜ ´
girem questoes serias, imitemos o excelente exemplo dos
˜ ˜
cristaos em Antioquia por confiarmos na organizaçao
˜
de Deus e no seu Corpo Governante de cristaos ungidos.
´
10 Tamb em somos lembrados do valor da humildade e
ˆ ´
da paciencia. Paulo e Barnab e tinham sido designados
´ `
diretamente pelo espırito santo para pregarem as na-
˜ ˜
çoes, mas nao se fizeram valer dessa autoridade para re-
˜
solver o assunto da circuncisao ali em Antioquia. (Atos
´
13:2, 3) Alem disso, Paulo escreveu mais tarde: “[Eu]
´ ˜
subi [a Jerusalem] por causa de uma revelaçao”, indican-
˜
do que tinha recebido orientaçao de Deus sobre o as-
´ ˜
sunto. (Gal. 2:2) Os anciaos hoje esforçam-se para ter a
mesma atitude humilde e paciente quando surgem as-
˜
suntos que podem causar divisao. Em vez de insistirem
´ ˜ ´
nas suas proprias opinioes, procuram a Jeova por con-
˜ ˜
sultarem as Escrituras e as instruçoes e orientaçoes for-
necidas pelo escravo fiel. — Fil. 2:2, 3.
11Em alguns casos, talvez tenhamos de esperar que
´
Jeova esclareça determinado assunto. Lembre-se de que
˜ ´ ´
os irmaos na epoca de Paulo tiveram de esperar ate por
´
volta de 49 EC – cerca de 13 anos depois de Cornelio ter
´ ´
11, 12. Porque e importante esperar em Jeova?
´
“DEPOIS DE MUITA DISCORDIA” 199
´
sido ungido em 36 EC – antes de Jeova fornecer uma so-
˜ ˜ ˜
luçao definitiva para a questao da circuncisao dos gen-
ˆ
tios. Porque tanto tempo? Talvez Deus quisesse dar tem-
po suficiente aos judeus sinceros para se ajustarem a
˜
essa mudança tao grande de conceito. Afinal, o pacto da
˜ ˜
circuncisao feito com Abraao, amado antepassado deles,
durou 1900 anos, e o fim desse pacto, com certeza,
˜ ˆ ˜
nao era um assunto de pouca importancia. — Joao
16:12.
´ ´ ´
12 E um grande privilegio sermos instruıdos e molda-
dos pelo nosso paciente e bondoso Pai celestial! Os re-
˜ ´
sultados sao sempre beneficos e para o nosso bem. (Isa.
48:17, 18; 64:8) Por isso, nunca queremos insistir de for-
´
ma orgulhosa nas nossas proprias ideias nem reagir de
forma negativa a mudanças organizacionais ou a ajustes
´
no entendimento de certos textos bıblicos. (Ecl. 7:8)
Caso perceba em si mesmo nem que seja uma pequena
ˆ
tendencia de reagir assim, talvez possa meditar com ora-
˜ ´ ´
çao nos princıpios oportunos encontrados no capıtu-
lo 15 do livro de Atos.1
ˆ
13 Talvez precisemos de ter paciencia ao estudar a
´
1 Veja o quadro “As Testemunhas de Jeova baseiam as suas crenças
´ ´
na Bıblia”, na p agina 201.
ˆ ´ ´
13. Como podemos refletir a paciencia de Jeova no nosso ministerio?
ˆ
200 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
´
‘AS TESTEMUNHAS DE JEOVA´ BASEIAM
AS SUAS CRENÇAS NA BIBLIA’


Conforme amplamente demonstrado no caso da con-


˜ ˜ ´ ´
gregaçao crista do primeiro seculo, a historia da adora-
˜ ´ ´
çao verdadeira e um registo de contınuo esclarecimento
espiritual. (Pro. 4:18; Dan. 12:4, 9, 10; Atos 15:7-9) Hoje
´ ´ `
o povo de Jeova tamb em ajusta as suas crenças a verda-
´ ˜
de revelada da Bıblia; eles nao tentam fazer com que as
Escrituras se ajustem aos seus pontos de vista. Obser-
vadores imparciais reconhecem esse facto. No seu livro
˜
Truth in Translation (Verdade e Traduçao), Jason David
BeDuhn, professor associado de estudos religiosos da
Universidade do Norte do Arizona nos Estados Unidos,
´ ´
escreveu que as Testemunhas de Jeova encaram a Bı-
blia “com uma certa candura, [...] baseando o seu siste-
´ ´ ´
ma de crenças e praticas na propria Bıblia sem tentar
determinar o que ela deveria dizer”.

´ ´
Bıblia com pessoas que acham difıcil abandonar crenças
´ ´
falsas ou costumes antibıblicos que prezam ha muito
´
tempo. Nesses casos, pode ser necessario dar algum
´ ˜
tempo para que o espırito de Deus atue no coraçao do
´ ´
estudante. (1 Cor. 3:6, 7) Tamb em sera bom fazer disso
˜
assunto de oraçao. De uma maneira ou de outra e no
´
momento certo, Deus vai ajudar-nos a saber qual e o me-
˜
lhor caminho a seguir. — 1 Joao 5:14.
´
“DEPOIS DE MUITA DISCORDIA” 201
´
Contaram “em pormenor” notıcias animadoras
(Atos 15:3-5)
14 A narrativa de Lucas continua: “Depois de a con-
˜
gregaçao os ter acompanhado durante uma parte do ca-
´ ´
minho, estes homens seguiram viagem atraves da Fenı-
˜
cia e de Samaria, contando em pormenor a conversao de
˜
pessoas das naçoes e trazendo grande alegria a todos os
˜ ˜
irmaos.” (Atos 15:3) O facto de a congregaçao ter acom-
´
panhado Paulo, Barnab e e os outros viajantes parte do
˜
caminho foi um ato de amor cristao que honrou esses
˜ ˜
irmaos, mostrando que a congregaçao lhes desejava as
ˆ ˜ ˜
b ençaos de Deus. Mais uma vez, os irmaos em Antio-
´
quia estabeleceram um excelente exemplo para nos.
´ ˆ ˜
Sera que voce honra os seus irmaos espirituais, “espe-
˜
cialmente os [anciaos] que trabalham arduamente no fa-
lar e no ensinar”? — 1 Tim. 5:17.
ˆ
15 No caminho, os viajantes mostraram ser uma b en-
˜ ˜ ´
çao para os seus irmaos espirituais na Fenıcia e em Sa-
maria por contar “em pormenor” o que estava a acon-
tecer no campo gentio. Entre os ouvintes possivelmente
˜
havia cristaos judeus que tinham fugido para aquelas re-
´ ˜
14, 15. Como e que a congregaçao em Antioquia honrou Paulo, Barna-
´ ˜ ´
b e e os irmaos que viajaram com eles, e como e que esses homens
ˆ ˜ ˜
mostraram ser uma b ençao para os seus irmaos espirituais?
ˆ
202 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
˜ ´ ˆ ˜
gioes depois do martırio de Estevao. Da mesma forma
´ ´ ´
hoje, relatorios de como Jeova esta a abençoar a obra de
´ ˜
fazer discıpulos sao uma fonte de encorajamento para
˜
os nossos irmaos, especialmente para aqueles que so-
˜ ´ ˆ
frem provaçoes. Sera que voce se beneficia desses rela-
´ ` ˜ ˜ `
torios por assistir as reunioes cristas, as assembleias e
ˆ
aos congressos, bem como por ler experiencias e biogra-
˜
fias nas nossas publicaçoes, tanto impressas como no
site jw.org?
´
16 Depois de viajar cerca de 550 quilometros para o sul,
aquele grupo de Antioquia finalmente chegou ao seu des-
´
tino. Lucas escreveu: “Ao chegarem a Jerusalem, foram
˜ ´
bondosamente recebidos pela congregaçao, pelos ap osto-
˜
los e pelos anciaos, e contaram as muitas coisas que Deus
tinha feito por meio deles.” (Atos 15:4) “Alguns da seita
´
dos fariseus, que se tinham tornado crentes”, porem, “le-
´ ´
vantaram-se dos seus assentos e disseram: ‘E necessario
´
circuncida-los e ordenar-lhes que cumpram a Lei de Moi-
´ ˜ ˜
ses.’” (Atos 15:5) Obviamente, a questao da circuncisao
˜ ˜
de cristaos nao judeus tinha-se tornado um assunto mui-
´
to serio e precisava de ser resolvida.
˜
16. O que mostra que a circuncisao se tinha tornado um assunto muito
´
serio?
´
“DEPOIS DE MUITA DISCORDIA” 203
´ ˜
“Os ap ostolos e os anciaos reuniram-se” (Atos 15:6-12)
´
17 “A sabedoria esta com os que procuram conselho”,
´ ´
diz Proverbios 13:10. Em harmonia com esse princıpio
´ ˜
sensato, “os ap ostolos e os anciaos reuniram-se para con-
˜ ˜
siderar esta questao [da circuncisao]”. (Atos 15:6) “Os
´ ˜
ap ostolos e os anciaos” representavam a inteira congre-
˜ ˜
gaçao crista, assim como o Corpo Governante faz nos
´ ˜
nossos dias. Porque e que “os anciaos” estavam a servir
´ ´
juntamente com os ap ostolos? Lembre-se de que o ap os-
tolo Tiago tinha sido executado e que, pelo menos duran-
´
te algum tempo, o ap ostolo Pedro ficou preso. E se algo
´
parecido acontecesse aos outros ap ostolos? A presença
de outros homens ungidos qualificados garantiria que a
˜ ˜
congregaçao continuava a ter supervisao adequada.
18 Lucas continuou: “Depois de uma longa e intensa
˜
discussao, Pedro levantou-se e disse-lhes: ‘Homens, ir-
˜
maos, bem sabem que, desde os primeiros dias, Deus es-
ˆ ˜
colheu-me dentre voces para que as pessoas das naçoes
ouvissem da minha boca a palavra das boas novas e cres-
˜
sem. E Deus, que conhece os coraçoes, mostrou que
´
17. Quem fazia parte do corpo governante em Jerusalem, e qual pode
˜ ´
ter sido o motivo de “os anciaos” terem sido incluıdos?
˜ ´
18, 19. Que palavras poderosas disse Pedro, e a que conclusao e que os
seus ouvintes devem ter chegado?
ˆ
204 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
´
os aprovava, dando-lhes o espırito santo assim como
´ ´ ˜
tamb em o tinha dado a nos. E ele nao fez nenhuma dis-
˜ ´ ˜
tinçao entre nos e eles, mas purificou os seus coraçoes
´
pela fe.’” (Atos 15:7-9) De acordo com uma obra de re-
ˆ
ferencia, a palavra grega traduzida como “intensa discus-
˜ ´ ´
sao” no versıculo 7 tamb em denota “procura; ques-
˜
tionamento”. Pelos vistos, os irmaos foram sinceros,
˜
expressando abertamente as suas diferenças de opiniao.
19 As palavras poderosas de Pedro lembraram a todos
que ele mesmo esteve presente quando os primeiros gen-
´ ´
tios incircuncisos, Cornelio e a sua famılia, foram ungi-
´ ´
dos pelo espırito santo em 36 EC. Portanto, se Jeova ti-
˜ ˜
nha deixado de fazer distinçao entre judeu e nao judeu,
´ ´
quem seriam os humanos para fazer o contrario? Alem
´ ´ ˜ ˆ `
disso, e a fe em Cristo, nao a obediencia a Lei mosaica,
˜ ´
que purifica o coraçao dos que acreditam. — Gal. 2:16.
` ´
20 A base do indiscutıvel testemunho da palavra de
´
Deus e do espırito santo, Pedro concluiu: “Portanto,
´ ˆ ˜ `
porque e que voces, agora, p oem Deus a prova, colocan-
´
do no pesco ço dos discıpulos um jugo que nem os nos-
´
sos antepassados nem nos fomos capazes de levar? Pelo
´ ˜ ˆ `
20. Como e que os que promoviam a circuncisao estavam ‘a p or Deus a
prova’?
´
“DEPOIS DE MUITA DISCORDIA” 205
´ ´
contrario, temos fe em que somos salvos pela bondade
imerecida do Senhor Jesus do mesmo modo que eles.”
˜
(Atos 15:10, 11) Os que promoviam a circuncisao esta-
ˆ `
vam, na verdade, ‘a p or Deus a prova’, ou ‘a testar a sua
ˆ ˜
paciencia’, conforme diz outra traduçao. Eles estavam a
´ ´
tentar impor aos gentios um codigo de leis que os pro-
˜
prios judeus nao conseguiam cumprir plenamente e que,
` ´
portanto, os condenava a morte. (Gal. 3:10) Em vez de
˜
promoverem a circuncisao, os judeus que estavam a ou-
vir Pedro deveriam sentir-se gratos a Deus pela bonda-
de imerecida d’Ele expressa por meio de Jesus.
21 Pelos vistos, as palavras de Pedro tiveram um forte
impacto nas pessoas, pois “todo o grupo ficou calado”.
´
A seguir, Barnab e e Paulo relataram “os muitos sinais
e milagres que Deus tinha feito por meio deles entre as
˜ ´
naçoes”. (Atos 15:12) Finalmente, os ap ostolos e os an-
˜ ˜ ˆ
ciaos tinham condiçoes de avaliar todas as evidencias e
˜
tomar uma decisao que refletisse de modo claro a von-
˜ ˜
tade de Deus na questao da circuncisao.
22 Da mesma forma hoje, quando os membros do Cor-
˜ ´ ˜
21. Qual foi a participaçao de Barnab e e Paulo naquela reuniao?
´
22-24. (a) Como e que o Corpo Governante hoje segue o exemplo do
´ ´ ˜
corpo governante do primeiro seculo? (b) Como e que todos os anciaos
´
podem demonstrar respeito pela autoridade teocratica?
ˆ
206 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
´ ˜
po Governante se reunem, eles procuram orientaçao na
´
Palavra de Deus e oram sinceramente a pedir espırito
santo. (Sal. 119:105; Mat. 7:7-11) Para esse fim, cada
ˆ
membro do Corpo Governante recebe com anteceden-
˜
cia uma pauta dos assuntos que serao considerados na
˜ ˜
reuniao para poder meditar com oraçao sobre eles.
˜ ˜
(Pro. 15:28) Nessas reunioes, esses irmaos ungidos ex-
´ ´
pressam-se livremente e de forma respeitosa. A Bıblia e
ˆ ˜
usada com frequencia nessas ocasioes.
˜
23 Os anciaos congregacionais devem seguir esse exem-
˜ ˜
plo. E, se depois de uma reuniao de anciaos um assun-
´ ˜ ˜
to serio continuar sem soluçao, o corpo de anciaos pode
consultar a filial local ou os seus representantes desig-
nados, como os superintendentes de circuito. A filial lo-
cal, por sua vez, pode escrever ao Corpo Governante, se
´
necessario.
24 De facto, Jeova´ abençoa aqueles que respeitam os

´
procedimentos teocraticos e que demonstram humilda-
ˆ ´
de, lealdade e paciencia. Como veremos no proximo ca-
´ ´
pıtulo, entre as recompensas que Deus da por fazermos
˜ ´ ˜
isso estao paz genuına, prosperidade espiritual e uniao
˜
crista.
´
“DEPOIS DE MUITA DISCORDIA” 207
´
CAPITULO 14


“Decidimos, de comum acordo”


˜
O corpo governante toma uma decisao
˜
que une ainda mais as congregaçoes
Baseado em Atos 15:13-35
´ ˜
O SUSPENSE paira no ar. Os ap ostolos e os anciaos reu-
´
nidos numa sala em Jerusalem olham uns para os outros,
sentindo que chegaram a um momento decisivo. A ques-
˜ ˜ ´
tao da circuncisao levantou perguntas importantes. Sera
˜ ˜ `
que os cristaos estao sujeitos a Lei mosaica? Deve haver
˜ ˜
alguma distinçao entre cristaos judeus e gentios?
Os homens que exercem liderança avaliaram mui-
2

ˆ ˆ ´
tas evidencias. Eles tem em mente a Palavra profetica
de Deus e relatos convincentes de testemunhas oculares
ˆ ˜ ´
que revelaram a b enç ao de Jeova. Eles expressaram ple-
˜
namente as suas opinioes. As provas referentes ao as-
˜ ˜ ´ ´ ´
sunto em questao sao irrefutaveis. O espırito de Jeova
´ ´
esta a indicar claramente o caminho a seguir. Sera que
˜ ˜
esses homens vao seguir essas orientaç oes?
1, 2. (a) Com que perguntas importantes se deparou o corpo governante
˜ ˜ ´
da congregaçao crista do primeiro seculo? (b) Que ajuda receberam es-
˜ ` ˜
ses irmaos para chegarem a conclusao certa?
ˆ
208 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
˜ ´ ´
3 Para seguir a orientaç ao do espırito, os ap ostolos e
˜ ´
anciaos precisam de verdadeira fe e coragem. Eles cor-
´ ´
rem o risco de aumentar ainda mais o odio dos lıderes
´ ˆ
religiosos judaicos. Alem disso, enfrentam resistencia
˜ ˜
de homens da congregaç ao que estao determinados a le-
var o povo de Deus a depender novamente da Lei mo-
´
saica. O que e que o corpo governante vai fazer? Vamos
ver a resposta a esta pergunta e como esses homens es-
´
tabeleceram um modelo que e seguido pelo Corpo Go-
´ ´
vernante das Testemunhas de Jeova hoje. Na verdade, e
´ ´
um modelo que nos tamb em devemos seguir ao tomar
˜
decisoes e ao enfrentar desafios na nossa vida como
˜
cristaos.
˜
“As palavras dos Profetas” ajudam na decis ao
(Atos 15:13-21)
´ ˜
4 O discıpulo Tiago, meio-irmao de Jesus, falou.1 Pe-
˜ ˜
los vistos, ele foi o presidente da reuniao nessa ocasiao.
As palavras dele parecem ter expressado o que todos os
do corpo governante pensavam. Tiago disse aos homens
˜ ´
1 Veja o quadro “Tiago – ‘o irmao do Senhor’”, na p agina 210.
´
3. Como podemos beneficiar-nos por examinar o relato de Atos capıtu-
lo 15?
´
4, 5. Que esclarecimento e que Tiago apresentou baseado na Palavra
´
profetica de Deus?
“DECIDIMOS, DE COMUM ACORDO” 209
˜
TIAGO – “O IRM AO DO SENHOR”


´
Tiago, um dos filhos de Jose e Maria, aparece em pri-
˜
meiro lugar na lista dos meios-irmaos mais novos de Je-
sus. (Mat. 13:54, 55) Por isso, ele deve ter sido o segun-
do filho de Maria. Tiago cresceu com Jesus e estava a
´ ˜
par do seu ministerio. Se nao presenciou as “obras po-
derosas” de Jesus, pelo menos tinha conhecimento de-
´ ´
las. Durante o ministerio de Jesus, porem, Tiago e os
˜ ˜ ´ ˜
seus irmaos “nao exerciam fe [em Jesus]”, o irmao mais
˜ ´
velho deles. (Joao 7:5) Talvez Tiago ate tenha pensado
como os outros parentes de Jesus que disseram: “Ele
´
perdeu o juızo.” — Mar. 3:21.
Em todo o caso, a sua atitude mudou com a morte
˜
e ressurreiçao de Jesus. Embora as Escrituras Gregas
mencionem quatro personagens chamadas Tiago, tudo
˜
indica que foi ao seu meio-irmao Tiago que Jesus apa-
˜
receu pessoalmente em certa ocasiao durante os 40 dias
depois de ser ressuscitado. (1 Cor. 15:7) Isso pode ter le-
` ˜ `
vado Tiago a conclusao certa quanto a verdadeira iden-
˜
tidade do seu irmao mais velho. Seja como for, menos
´
de dez dias depois de Jesus ter ido para o ceu, Tiago,
˜ ˜
a sua mae e os seus irmaos estavam reunidos com os
´
ap ostolos a orar numa sala do andar de cima. — Atos
1:13, 14.
Com o tempo, Tiago tornou-se um membro muito res-
˜ ´
peitado da congregaçao em Jerusalem, pelos vistos, sen-
´
do considerado como um ap ostolo, ou “enviado”, des-
˜ ´
sa congregaçao. (Gal. 1:18, 19) O papel destacado que
ˆ
210 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
´
Tiago desempenhava fica evidente no que o ap ostolo
´
Pedro disse aos discıpulos, depois de ter sido libertado
˜
milagrosamente da prisao: “Contem estas coisas a Tia-
˜ ˜
go e aos irmaos.” (Atos 12:12, 17) Quando a questao da
˜ ´ ˜
circuncisao foi levada ‘aos ap ostolos e anciaos’ em Je-
´ ´
rusalem, parece que tambem foi Tiago quem presidiu
˜ ´
a reuniao. (Atos 15:6-21) E o ap ostolo Paulo disse que
´ ˜
Tiago, Cefas (Pedro) e o ap ostolo Joao “pareciam ser
˜ ´ ´
colunas” da congregaçao de Jerusalem. (Gal. 2:9) Mes-
´ ´
mo anos depois, quando Paulo voltou a Jerusalem ap os
´ ´
a sua terceira viagem missionaria, ele fez um relatorio
˜
a “Tiago, e todos os anciaos estavam presentes”. — Atos
21:17-19.
´
Alem disso, pelos vistos foi este mesmo Tiago, a quem
˜
Paulo chamou “o irmao do Senhor”, que escreveu a car-
´ ´
ta, ou o livro bıblico, de Tiago. (Gal. 1:19) Nessa carta,
˜ ´
ele identifica-se humildemente nao como ap ostolo nem
˜
como irmao de Jesus, mas como “escravo de Deus e do
Senhor Jesus Cristo”. (Tia. 1:1) Nela, vemos que Tia-
go, assim como Jesus, era um bom observador da natu-
˜
reza humana e da criaçao. Para ilustrar verdades espi-
ˆ
rituais, Tiago fez referencia a aspetos muito conhecidos
´
da natureza, como mares agitados, ceus estrelados, sol
ˆ
abrasador, flores delicadas, incendios florestais e ani-
mais domesticados. (Tia. 1:6, 11, 17; 3:5, 7) As suas ob-
˜
servaçoes divinamente inspiradas relacionadas com as
˜ ˜
atitudes e açoes das pessoas dao excelentes conselhos
´
sobre como manter relacionamentos saudaveis. — Tia.
1:19, 20; 3:2, 8-18.

“DECIDIMOS, DE COMUM ACORDO” 211


´
As palavras de Paulo registadas em 1 Corıntios 9:5 su-
´ ˜
gerem que Tiago era casado. A Bıblia nao diz quando
ˆ
nem em que circunstancias Tiago morreu. No entanto,
o historiador judeu Josefo escreveu que pouco depois
´
da morte do governador romano Porcio Festo, por vol-
ta de 62 EC, e antes do seu sucessor, Albino, assumir
o cargo, Ananus (Ananias), o sumo sacerdote, “convo-
´ ´
cou os juızes do Sinedrio e levou perante eles um ho-
˜
mem chamado Tiago, irmao de Jesus que era chamado
o Cristo, e alguns outros”. De acordo com Josefo, Ana-
nus “acusou-os de terem transgredido a lei e entregou-
-os para serem apedrejados”.

˜
reunidos: “Simeao relatou detalhadamente como Deus,
˜ ˜
pela primeira vez, voltou a sua atenç ao para as naç oes,
a fim de tirar delas um povo para o Seu nome. E com
isto concordam as palavras dos Profetas.” — Atos
15:14, 15.
˜ ˜
5O discurso feito por Simeao, ou Simao Pedro, e as
ˆ ´
evidencias apresentadas por Barnab e e Paulo, prova-
velmente, fizeram Tiago lembrar-se de textos apropria-
˜ ˜
dos que esclareciam o assunto em questao. (Joao 14:26)
Por isso, ele disse: “Com isto concordam as palavras
´
dos Profetas.” Depois, Tiago citou as palavras de Amos
9:11, 12. Esse livro estava na parte das Escrituras He-
ˆ
212 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
braicas habitualmente conhecida como “os Profetas”.
(Mat. 22:40; Atos 15:16-18) Pelos vistos, Tiago fez uma
˜ ˜
citaç ao da Septuaginta, uma traduç ao das Escrituras He-
´
braicas para o grego. Isso explica porque e que as pala-
˜
vras que utilizou sao um pouco diferentes das que en-
´
contramos no livro de Amos hoje.
6 Por meio do profeta Amos, ´ ´
Jeova predisse que viria
o tempo em que Ele levantaria “a tenda de David”,
ˆ
ou seja, a linhagem real que levaria ao Reino messia-
´ ´
nico. (Eze. 21:26, 27) Sera que Jeova iria lidar novamen-
te de forma exclusiva com os judeus carnais como na-
˜ ˜
ç ao? Nao. A profecia acrescenta que “pessoas de todas
˜ ˜
as naçoes” seriam ajuntadas como ‘pessoas que sao cha-
madas pelo nome de Deus’. Lembre-se do que Pedro ti-
˜
nha acabado de testemunhar: “[Deus] nao fez nenhuma
˜ ´ ˜ ˜
distinç ao entre nos [cristaos judeus] e eles [cristaos gen-
˜ ´
tios], mas purificou os seus coraç oes pela fe.” (Atos
15:9) Por outras palavras, era da vontade de Deus que
tanto judeus como gentios fossem ajuntados como her-
´
deiros do Reino. (Rom. 8:17; Efe. 2:17-19) Essas profe-
˜
cias inspiradas nunca sugeriram que os cristaos gentios
´
6. Como e que as Escrituras ajudaram a esclarecer o assunto em ques-
˜
tao?
“DECIDIMOS, DE COMUM ACORDO” 213
tivessem primeiro de ser circuncidados na carne ou tor-
´
nar-se proselitos.
ˆ
7 Motivado pela evidencia ´
bıblica e pelo poderoso tes-
temunho que tinha ouvido, Tiago apresentou o seguin-
˜ ´ ˜
te ponto de vista: “Por isso, a minha decisao e nao cau-
˜ ˜
sar dificuldades a essas pessoas das naç oes, que se estao
a converter a Deus, mas escrever-lhes para que se abste-
´
nham de coisas contaminadas por ıdolos, de imoralida-
de sexual, do que foi estrangulado e de sangue. Pois,
´
desde os tempos antigos, Moises tem os que o pregam
´
em cada cidade, porque ele e lido em voz alta nas sina-
´
gogas todos os sabados.” — Atos 15:19-21.
8 Quando Tiago disse “por isso, a minha decisao ˜ ´
e”,
´
sera que ele estava a impor a sua autoridade, talvez
˜
como presidente da reuniao, decidindo arbitrariamen-
˜
te o que devia ser feito? De forma alguma! A expressao
˜ ´ ´
grega traduzida como “a minha decisao e” tamb em
˜ ´
pode significar “eu avalio” ou “a minha opiniao e”. Em
vez de dominar todo o corpo, Tiago estava a sugerir o
ˆ
que fazer baseado nas evidencias que tinha ouvido e no
que as Escrituras diziam sobre o assunto.
7, 8. (a) Que ponto de vista apresentou Tiago? (b) Como devemos en-
tender as palavras de Tiago?
ˆ
214 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
´ ˜
9 Sera que a sugestao de Tiago era boa? Certamen-
´ ˜
te que sim, pois mais tarde os ap ostolos e os anciaos
´
adotaram-na. Quais seriam os benefıcios? Por um lado,
˜ ˜ ˜
a recomendaç ao ‘nao causaria dificuldades’ aos cristaos
˜
gentios, ou ‘nao lhes causaria problemas’, impondo-lhes
´ ´
os requisitos da Lei mosaica. (Atos 15:19; Bıblia Facil de
˜
Ler). Por outro lado, essa decisao mostraria respeito
ˆ ˜
pela consciencia dos cristaos judeus, que ao longo dos
´
anos tinham ouvido ‘Moises a ser lido em voz alta nas
´ ˜
sinagogas todos os sabados’.1 (Atos 15:21) A aç ao reco-
´
mendada sem duvida fortaleceria o relacionamento en-
˜
tre cristaos judeus e gentios. Acima de tudo, agradaria a
´
Jeova, pois estaria de acordo com o avanço do seu pro-
´
p osito. Que excelente maneira de resolver um problema
˜
que ameaçava a uniao e o bem-estar de toda a congrega-
˜ ´
ç ao do povo de Deus! E que belo exemplo isso e para a
˜ ˜
congregaç ao crista hoje!
´ ´
1˜ Tiago sabiamente
´ referiu-se aos escritos
´ de Moises, que incluıam`
nao apenas o c odigo da Lei, mas tamb em coisas que antecederam ˜ a
Lei, incluindo os tratos de Deus com os seus servos e indicaç oes da
Sua
´ vontade. Por exemplo, o conceito de Deus sobre ´ o sangue,´ o adul-
terio e a idolatria pode ser visto claramente
´ em G´ enesis. (G en. 9:3, 4;
20:2-9; 35:2,˜ 4) Dessa forma, Jeova revelou princıpios a que todos os
humanos sao obrigados a obedecer, quer sejam judeus, quer gentios.
´ ˜
9. Quais seriam os benefıcios de se seguir a sugestao de Tiago?
“DECIDIMOS, DE COMUM ACORDO” 215
´
10 Conforme mencionado no capıtulo anterior, assim
´
como o corpo governante do primeiro seculo, o Cor-
´
po Governante das Testemunhas de Jeova hoje procura
˜ ´
a orientaç ao de Jeova, o Soberano Universal, e de Jesus
˜
Cristo, o Cabe ça da congregaç ao, em todos os assun-
´ ´ ˜
tos.1 (1 Cor. 11:3) Como e que isso e feito? O irmao
Albert D. Schroeder, que serviu no Corpo Governante
´
desde 1974 ate ao fim da sua carreira terrestre, em mar-
´ `
ço de 2006, explicou: “O Corpo Governante reune-se a
˜ ˜
quarta-feira, iniciando a reuniao com uma oraç ao em
˜ ´ ´ ´
que se pede a dire ç ao do espırito de Jeova. E feito um
verdadeiro esforço para que cada assunto tratado e
˜
cada decisao tomada estejam em harmonia com a Pala-
´ ˜
vra de Deus, a Bıblia.” De modo similar, o irmao Mil-
ton G. Henschel, que serviu durante muito tempo como
membro do Corpo Governante e terminou a sua carrei-
ra terrestre em março de 2003, apresentou uma pergun-
ta fundamental aos formandos da 101.a turma da Escola
´
Bıblica de Gileade da Torre de Vigia. Ele perguntou:
˜
“Existe alguma outra organizaç ao na Terra cujos
´
1 Veja o quadro “Como o Corpo Governante esta organizado hoje”,
´
na p agina 217.
´ ˜
10. Como e que o Corpo Governante hoje segue o padrao estabelecido
´
pelo corpo governante do primeiro seculo?
ˆ
216 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
COMO O ´ CORPO GOVERNANTE
ESTA ORGANIZADO HOJE


˜ ´
Assim como os cristaos do primeiro seculo, as Tes-
´ ˜
temunhas de Jeova hoje seguem a direçao de um Cor-
po Governante de homens dedicados, ungidos por es-
´
pırito santo. Os membros do Corpo Governante
´ ´
reunem-se semanalmente como grupo. Alem disso,
˜ ˜
estao organizados em seis comissoes, cada uma com
´
as suas proprias responsabilidades.
˜
˘ A Comissao dos Coordenadores supervisiona os as-
´ ˜ ˜
suntos jurıdicos e a utilizaç ao da comunicaç ao
´ ´
social quando isso e necessario para esclarecer as
´ ˆ
nossas crenças. Tamb em toma providencias quan-
´ ˜ ˆ
do catastrofes, perseguiç oes e outras emergencias
´
afetam as Testemunhas de Jeova em qualquer par-
te do mundo.
˜
˘ A Comissao Editora supervisiona a impressao e a
˜
˜ ˜ ´ ´
expediç ao de publicaç oes bıblicas. Tamb em super-
´
visiona as graficas e as propriedades administradas
˜ ´
pelas associaç oes jurıdicas usadas pelas Testemu-
´ ˜
nhas de Jeova e a construç ao de filiais, bem como
˜ ˜
de Saloes do Reino e Saloes de Assembleias. Esta
˜ ´
comissao tamb em assegura que os donativos re-
cebidos para a obra mundial do Reino sejam bem
usados.

“DECIDIMOS, DE COMUM ACORDO” 217


˘
˜ ˜
A Comissao de Ensino supervisiona a instruç ao
˜
dada nas reunioes congregacionais, assembleias e
´ ´ ´ ˜
congressos. Tamb em e responsavel pela produç ao
´ ´ ´
de programas de audio e vıdeo. Prepara a mate-
ria para a Escola de Gileade, Escola do Serviço de
Pioneiro e outras escolas, e providencia programas
´
espirituais para os voluntarios que servem nas fi-
liais.
˘
˜ ´
A Comissao do Pessoal cuida do bem-estar fısico e
´
espiritual dos membros da famılia de Betel, que
´
servem nas filiais das Testemunhas de Jeova em
˜ ´
toda a Terra. Esta comissao tamb em supervisiona
˜
a designaç ao de novos membros para servirem nes-
ses locais.
˘
˜ ˜ ˜
A Comissao de Redaçao supervisiona a produç ao
˜
de alimento espiritual para as congregaç oes e o
´ ´
publico em geral. Tamb em responde a perguntas
´ ˜
bıblicas, supervisiona o trabalho de traduç ao feito
˜
em todo o mundo e aprova textos como guioes de
dramas e esbo ços de discursos.
˘
˜
A Comissao de Serviço supervisiona a obra de prega-
˜ ˜
ç ao e os assuntos que dizem respeito aos anciaos
˜
de congregaç ao, superintendentes de circuito e
´
servos de tempo integral. Tamb em convida alunos
´
para a Escola de Gileade, cujo objetivo e estabili-
zar e fortalecer a obra no mundo todo.
ˆ
218 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
˜ ´
O Corpo Governante segue a orientaçao do espıri-
˜
to santo de Deus. Os seus membros nao se conside-
´ ´
ram os lıderes do povo de Jeova. Em vez disso, como
˜ ˜
todos os cristaos ungidos na Terra, eles “estao a se-
guir o Cordeiro [Jesus Cristo] para onde quer que ele
´
va”. — Apo. 14:4.

´
dirigentes consultem a Palavra de Deus, a Bıblia, antes
˜ ´ ´
de tomarem decisoes importantes?” A resposta e obvia.
Enviaram “homens escolhidos” (Atos 15:22-29)
´
11O corpo governante em Jerusalem tinha chegado a
˜ ˆ ˜ ˜
uma decisao unanime sobre a questao da circuncisao.
˜ ˜
Mas, para que todos os irmaos nas congregaç oes acei-
˜
tassem a decisao, era preciso transmiti-la de uma for-
ma clara, positiva e encorajadora. Qual seria a melhor
´
maneira de fazer isso? O relato explica: “Os ap ostolos
˜ ˜
e os anciaos, juntamente com toda a congregaç ao, deci-
diram enviar a Antioquia homens escolhidos dentre
´
eles, acompanhados por Paulo e Barnab e; enviaram Ju-
´
das, que era chamado Barsabas, e Silas, homens que to-
˜ ´
mavam a liderança entre os irmaos.” Alem disso,
prepararam uma carta para que esses homens a lessem
´ ˜ `
11. Como e que a decisao do corpo governante foi transmitida as con-
˜
gregaçoes?
“DECIDIMOS, DE COMUM ACORDO” 219
˜ ´
em todas as congregaç oes em Antioquia, na Sıria e na
´
Cilıcia. — Atos 15:22-26.
Como “homens que tomavam a liderança entre os
12

˜
irmaos”, Judas e Silas estavam plenamente qualificados
para representar o corpo governante. O grupo de qua-
tro homens deixaria claro que a mensagem que leva-
˜ `
vam nao era uma simples resposta a pergunta inicial;
˜
era uma orientaç ao do corpo governante. A presença de
Judas e Silas, os “homens escolhidos”, ajudaria a forta-
´ ˜
lecer o vınculo de amor entre os cristaos judeus em Je-
´ ˜ ˜
rusalem e os cristaos gentios nas congregaç oes. Que me-
˜ ´ ´
dida tao sabia e amorosa! Sem duvida, isso promoveu a
paz e a harmonia entre o povo de Deus.
˜
13 A carta deu orientaç oes ˜
claras aos cristaos gentios
˜ ˜ ˜ ´
nao apenas sobre a questao da circuncisao, mas tamb em
sobre o que eles precisavam de fazer para receber o fa-
ˆ ˜ ´
vor e a b enç ao de Jeova. A parte principal da carta di-
´ ´ ´
zia: “Pareceu bem ao espırito santo e a nos proprios
˜ ´
nao vos impor nenhum fardo alem destas coisas neces-
´
sarias: que persistam em abster-se de coisas sacrificadas
´
a ıdolos, de sangue, do que foi estrangulado e de imora-
´ ` ˜
12, 13. Quais foram os benefıcios de se enviar as congregaçoes (a) Ju-
das e Silas? (b) uma carta do corpo governante?
ˆ
220 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
ˆ
lidade sexual. Se voc es se guardarem cuidadosamente
˜ ˜
destas coisas, prosp erar ao. Sauda ç oes!” — Atos
15:28, 29.
´
14 Hoje, as Testemunhas de Jeova ultrapassam os 8 mi-
˜ ˜
lhoes em mais de 100 mil congregaç oes em todo o mun-
˜
do. Apesar disso, sao muito unidas nas suas crenças
˜ ´ ´ ˜
e aç oes. Como e possıvel essa uniao, especialmente, em
˜ ´ ´
vista da confusao e da disc ordia que ha no mundo hoje?
˜ ` ˜
Essa uniao deve-se principalmente a orientaç ao clara e
˜ ´
direta que Jesus Cristo, o Cabe ça da congregaç ao, da
por meio do “escravo fiel e prudente”, ou seja, o Corpo
´ ˜
Governante. (Mat. 24:45-47) Alem disso, a nossa uniao
deve-se ao facto de a fraternidade mundial cooperar de
˜
bom grado com essa orientaç ao.
“Alegraram-se com o encorajamento”
(Atos 15:30-35)
O relato em Atos continua por nos dizer que, quan-
15

˜ ´
do os irmaos enviados de Jerusalem chegaram a An-
tioquia, eles “reuniram todo o grupo e entregaram-lhes a
´ ˜ ` ˜
carta”. Como e que os irmaos ali reagiram a orientaçao
´ ´ ´
14. Como e possıvel que o povo de Jeova seja unido neste mundo divi-
dido?
˜ ˜
15, 16. Qual foi o resultado da questao da circuncisao, e o que contri-
buiu para esse resultado?
“DECIDIMOS, DE COMUM ACORDO” 221
do corpo governante? “Depois de lerem a carta, alegra-
´
ram-se com o encorajamento.” (Atos 15:30, 31) Alem dis-
˜
so, Judas e Silas “encorajaram os irmaos com muitos
discursos e fortaleceram-nos”. Nesse sentido, os dois ho-
´
mens eram “profetas”, assim como Barnab e, Paulo e ou-
´
tros tamb em eram chamados profetas – um termo que se
`
refere aqueles que declaram ou tornam conhecida a von-
ˆ
tade de Deus. — Atos 13:1; 15:32; Exo. 7:1, 2.
16 Fica evidente que Jeova´ abençoou tudo o que acon-

˜
teceu e conduziu a questao para que fosse resolvida da
´ ˆ
melhor forma possıvel. Qual foi a chave para o exi-
´ ˜
to? Sem duvida foram as instruç oes claras e oportunas
do corpo governante, baseadas na Palavra de Deus e na
˜ ´ ´
orientaç ao do espırito santo. Alem disso, foi o modo
amoroso como o corpo governante transmitiu as suas
˜ ` ˜
decisoes as congregaç oes.
17 Seguindo esse padrao, ˜
o Corpo Governante das Tes-
´ ˜
temunhas de Jeova hoje fornece orientaç oes oportunas
` ˜ ˜
a fraternidade mundial. As decisoes tomadas sao trans-
` ˜
mitidas as congregaç oes de forma clara e direta. Uma
´
maneira de fazer isso e por meio das visitas dos supe-
´ ˜
17. Como e que foi estabelecido o padrao de alguns aspetos das visitas
dos superintendentes de circuito nos nossos dias?
ˆ
222 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
˜
rintendentes de circuito. Esses irmaos abnegados via-
˜ ˜
jam de uma congregaç ao para outra, dando orientaç oes
claras e amoroso encorajamento. Como Paulo e Barna-
´ ´
b e, eles dedicam muito tempo ao ministerio, “a ensinar
e a declarar, com muitos outros, as boas novas da pala-
´
vra de Jeova”. (Atos 15:35) Como Judas e Silas, eles en-
˜
corajam “os irmaos com muitos discursos” e fortale-
cem-nos.
˜
18E o que dizer das congregaç oes? O que permiti-
´ ˜
ra que as congregaç oes em toda a Terra continuem a ter
paz e harmonia no atual mundo dividido? Lembre-se de
´ ´
que foi o proprio discıpulo Tiago que escreveu mais tar-
´
de: “A sabedoria de cima e primeiramente pura, depois
´ ´ ´
pacıfica, razoavel, pronta para obedecer [...]. Alem dis-
´ ˜ ´
so, o fruto da justiça e semeado em condiç oes pacıficas
˜
para os pacificadores.” (Tia. 3:17, 18) Nao sabemos se
˜ ´
Tiago tinha em mente a reuniao em Jerusalem quando
´
escreveu estas palavras. Mas a analise que fizemos dos
´
eventos registados em Atos, capıtulo 15, mostra clara-
´ ˜ ˜
mente que apenas quando ha uniao e cooperaç ao pode
ˆ ˜ ´
haver a b enç ao de Jeova.
´
18. O que e que o povo de Deus precisa de fazer para continuar a ter as
ˆ ˜
suas b ençaos?
“DECIDIMOS, DE COMUM ACORDO” 223
˜
19Era bem evidente que agora havia paz e uniao na
˜
congregaç ao em Antioquia. Em vez de discutirem com
˜
Judas e Silas, os irmaos em Antioquia alegraram-se com
´
a visita deles. O relato diz: “Depois de passarem la al-
˜
gum tempo, os irmaos mandaram-nos de volta em paz
para aqueles que os tinham enviado”, ou seja, de volta a
´
Jerusalem.1 (Atos 15:33) Podemos estar certos de que
˜ ´ ´
os irmaos em Jerusalem tamb em se alegraram quando
ouviram o que esses dois homens tinham a dizer sobre
` ´
a sua viagem. Graças a bondade imerecida de Jeova,
˜
eles foram bem-sucedidos em cumprir a sua missao.
´
20 Paulo e Barnab e, que permaneceram em Antioquia,
podiam agora concentrar os seus esforços em tomar a
˜
dianteira na obra de pregaç ao, assim como fazem hoje
os superintendentes de circuito quando visitam as con-
˜ ˆ ˜
gregaç oes. (Atos 13:2, 3) Que b enç ao para o povo de
´ ´ ˆ ˜ ´
Jeova! Mas que privilegios e b enç aos adicionais e que
´
Jeova deu a esses dois evangelizadores zelosos? Vere-
´ ´
mos isso no proximo capıtulo.
´ ˜ ´
1 No versıculo 34, algumas traduç oes da Bıblia inserem palavras, di-
zendo que Silas decidiu permanecer em Antioquia. (Almeida,
˜ revista
e corrigida) Mas tudo indica que essas palavras nao apareciam no
texto original; foram acrescentadas mais tarde.
´ ˜
19, 20. (a) Como e que ficou evidente que havia paz e uniao na congrega-
˜ ´ ´
çao em Antioquia? (b) O que e que Paulo e Barnabe podiam fazer agora?
ˆ
224 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
˜
SE C ÇAO 6 ˙ ATO S 15:36–18:22


“VAMOS VOLTAR ˜ E
VISITAR OS IRMAOS”
ATOS 15:36

´
Que papel importante e que os superinten-
˜
dentes de circuito desempenham na congregaçao
˜
crista? Como somos aben çoados quando aceita-
˜
mos as designaçoes que recebemos com um bom
´
espırito? Como podemos raciocinar de modo efi-
`
caz a base das Escrituras, e porque precisamos de
`
nos adaptar as pessoas a quem pregamos? Desco-
briremos a resposta a estas e a outras perguntas
´
ao acompanharmos o apostolo Paulo na sua se-
´
gunda viagem mission aria.
´
CAPITULO 15


˜
‘Fortalecer as congregaçoes’
˜
Ministros viajantes ajudam as congregaçoes
´
a serem firmadas na fe
Baseado em Atos 15:36–16:5
`
A MEDIDA que os viajantes seguem caminho atra-
´
ves de estradas acidentadas entre uma cidade e outra,
´ ´
o ap ostolo Paulo esta pensativo ao olhar para o jo-
´ ´
vem ao seu lado. O nome do rapaz e Timoteo. Cheio
´
de energia, Timoteo talvez tenha cerca de 20 anos.
Cada passo nesta nova viagem leva-o para mais longe
˜
de casa. Conforme o dia chega ao fim, a regiao de
´ ´
Listra e Ic onio fica cada vez mais afastada. O que e
´ ˜
que os aguarda? Paulo j a tem uma boa no ç ao, pois
´ ´
esta e a sua segunda viagem missionaria. Ele sabe que
´ ´
havera muitos perigos e dificuldades. Mas como e
que o jovem ao seu lado se vai sair?
´
2 Paulo confia em Timoteo, ´
talvez ate mais do que
´
este humilde jovem confia em si proprio. Aconteci-
´
1-3. (a) Quem era o novo companheiro de viagem de Paulo, e como e que
´
ele era? (b) O que vamos aprender neste capıtulo?
ˆ
226 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
mentos recentes deixaram Paulo mais convencido do
que nunca de que ele precisa do companheiro certo
`
de viagem. Paulo sabe que o trabalho a frente – visi-
˜ ˆ ´
tar as congregaç oes e fortalec e-las – exigira que os
ministros viajantes sejam unidos e determinados. Por-
´
que e que Paulo talvez se sinta assim? Um dos fato-
res pode ser um desacordo que levou Paulo e Barna-
´
b e a separarem-se.
´ ˜
3 Neste cap ıtulo, vamos aprender liç oes sobre a me-
´
lhor maneira de resolver desacordos. Tamb em vamos
˜ ´
ver por que razao Paulo escolheu Timoteo como
companheiro de viagem e vamos entender melhor o
papel vital dos que servem como superintendentes de
circuito hoje.
˜
“Agora, vamos voltar e visitar os irmaos”
(Atos 15:36)
´
4 No cap ıtulo anterior, vimos como um grupo de

˜ ´
quatro irmaos – Paulo, Barnab e, Judas e Silas – en-
˜ ˜
corajou a congregaç ao em Antioquia com a decisao
˜
do corpo governante a respeito da circuncisao. O que
´ ´
e que Paulo fez a seguir? Ele apresentou a Barnab e
um novo plano de viagem, dizendo: “Agora, vamos
´
4. Quais eram os objetivos da segunda viagem missionaria de Paulo?
˜
‘FORTALECER AS CONGREGAÇOES’ 227
˜
voltar e visitar os irmaos em cada uma das cidades
´ ´
onde proclamamos a palavra de Jeova, para ver como
˜ ˜
estao.” (Atos 15:36) Paulo nao estava a sugerir uma
˜ ´
mera visita social a esses cristaos rec em-convertidos.
O livro de Atos revela os verdadeiros objetivos da se-
´
gunda viagem missionaria de Paulo. Primeiro, ele
˜
continuaria a transmitir as decisoes tomadas pelo
corpo governante. (Atos 16:4) Segundo, como supe-
rintendente viajante, Paulo estava decidido a encora-
˜
jar as congregaç oes em sentido espiritual, ajudando-
´ ´
-as a serem firmadas na fe. (Rom. 1:11, 12) Como e
˜ ´
que a organizaç ao das Testemunhas de Jeova hoje se-
´
gue esse modelo estabelecido pelos ap ostolos?
5 Hoje, Cristo usa o Corpo Governante das Teste-
´ ˜
munhas de Jeova para orientar a sua congregaç ao.
˜
Por meio de cartas, publicaç oes (tanto impressas
˜
como em formato digital), reunioes e outros meios de
˜ ´ ˜
comunicaç ao, esses fieis homens ungidos dao orienta-
˜ ` ˜
ç ao e encorajamento as congregaç oes no mundo in-
´
teiro. O Corpo Governante tamb em procura manter
˜
contacto mais direto com as congregaç oes por meio
´ ´ ˜
5. Como e que o Corpo Governante hoje da orientaçao e encorajamento
` ˜
as congregaçoes?
ˆ
228 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
´
dos superintendentes viajantes. O proprio Corpo Go-
˜
vernante designa milhares de anciaos qualificados em
todo o mundo para servirem como superintendentes
de circuito.
6 Os superintendentes viajantes atuais concentram-
˜
-se em dar atenç ao individual e encorajamento espi-
˜ ˜
ritual a todos os irmaos nas congregaç oes que visi-
tam. Como? Por seguirem o modelo estabelecido por
˜ ´
cristaos do primeiro seculo como Paulo. Ele deu o se-
guinte incentivo a outro superintendente como ele:
ˆ
“Prega a palavra, faz isso com urgencia, em tempos
´ ´
favoraveis e em tempos difıceis, repreende, censura,
ˆ
exorta, com toda a paciencia e arte de ensino. [...] Faz
a obra de um evangelizador.” — 2 Tim. 4:2, 5.
7 Em harmonia com essas palavras, o superinten-
dente de circuito – e a sua esposa, se for casado – par-
ticipa com os publicadores locais em diversos aspe-
´ ˜ ˜ ˜
tos do ministerio. Esses irmaos e irmas viajantes sao
˜
zelosos na pregaç ao e habilidosos instrutores, carac-
´ ˆ
terısticas que tem um efeito positivo sobre o rebanho.
(Rom. 12:11; 2 Tim. 2:15) Os que participam nessa
˜
6, 7. Quais sao algumas responsabilidades dos superintendentes de cir-
cuito?
˜
‘FORTALECER AS CONGREGAÇOES’ 229
modalidade de serviço destacam-se pelo seu amor ab-
˜
negado. De boa vontade, dao de si mesmos, viajando
˜ ´ ´ ´
debaixo de condiç oes climatericas desfavoraveis e ate
˜
por regioes perigosas. (Fil. 2:3, 4) Os superintenden-
´
tes de circuito tamb em encorajam, ensinam e aconse-
˜
lham as congregaç oes por meio de discursos basea-
´ ˜ ˜ ˜
dos na Bıblia. Todos os irmaos na congregaç ao sao
beneficiados por observar a conduta desses ministros
´
viajantes e imitar a sua fe. — Heb. 13:7.
˜
“Uma forte discuss ao”
(Atos 15:37-41)
8 Barnab e´ gostou da sugestao
˜
de Paulo de “visitar
˜
os irmaos”. (Atos 15:36) Os dois tinham feito um bom
´
trabalho como companheiros de viagem e j a conhe-
˜
ciam as regioes e os povos que visitariam. (Atos
13:2–14:28) Portanto, parecia uma boa ideia servirem
˜
juntos nessa designaç ao. Mas surgiu um problema.
´
Atos 15:37 relata: “Barnab e estava decidido a levar
˜ ´ ˜
Joao, que era chamado Marcos.” Barnab e nao estava
˜
apenas a dar uma sugestao. Ele “estava decidido” a
´
levar o seu primo Marcos nessa viagem missionaria.
´ ´
8. Como e que Barnab e reagiu ao convite de Paulo?
ˆ
230 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
˜ ˆ
9 Paulo nao concordou. Porque? O relato diz: “Pau-
˜ ´
lo, no entanto, nao concordava em leva-lo [Marcos],
´
visto que ele se tinha separado deles na Panfılia, e
˜
nao os tinha acompanhado no trabalho.” (Atos 15:38)
´
Marcos tinha acompanhado Paulo e Barnab e na pri-
´ ˜ ´
meira viagem missionaria, mas nao ficou com eles ate
´
ao fim. (Atos 12:25; 13:13) No inıcio da viagem, ain-
´ ˜
da na Panfılia, Marcos deixou a designaç ao e foi para
´ ´ ˜
casa, em Jerusalem. A Bıblia nao explica o motivo de
´
ele se ter ido embora, mas, pelos vistos, o ap ostolo
´
Paulo encarou a atitude de Marcos como irresponsa-
vel. Paulo talvez duvidasse que Marcos fosse um ho-
mem de confiança.
´
10 Mesmo assim, Barnab e insistia em levar Marcos.
˜ ˜
Mas Paulo era tao insistente como ele e nao queria
´ ˜
leva-lo. “Por isso, tiveram uma forte discussao, de
modo que se separaram um do outro”, diz Atos 15:39.
´
Barnab e navegou para Chipre, a ilha onde tinha nas-
cido e levou Marcos consigo. Paulo continuou com
os planos que tinha. Lemos: “Paulo escolheu Silas e
´ ˜ ´
9. Porque e que Paulo nao concordou com Barnab e?
´
10. A que levou o desentendimento entre Paulo e Barnab e, e com que re-
sultado?
˜
‘FORTALECER AS CONGREGAÇOES’ 231
˜ `
partiu, depois de os irmaos o entregarem a bondade
´
imerecida de Jeova.” (Atos 15:40) Juntos, eles viaja-
´ ´
ram “pela Sıria e pela Cilıcia, fortalecendo as congre-
˜
gaç oes”. — Atos 15:41.
Este relato talvez nos lembre da nossa natureza
11

´
imperfeita. Paulo e Barnab e tinham sido designados
como representantes especiais do corpo governante,
´ ´ ´
e e provavel que o proprio Paulo se tenha tornado
membro desse grupo. Mas, no caso que envolvia Mar-
˜ ´
cos, as imperfeiç oes humanas de Paulo e Barnab e fa-
´
laram mais alto. Sera que eles permitiram que essa si-
˜
tuaç ao abalasse permanentemente o relacionamento
entre eles? Embora fossem imperfeitos, Paulo e Bar-
´
nab e eram humildes e tinham a mente de Cristo. Com
´
o tempo, sem duvida, perdoaram-se um ao outro, de-
´ ˜
monstrando um espırito cristao de amor fraternal.
´
(Efe. 4:1-3) Mais tarde, Paulo e Marcos trabalharam
˜ ´
juntos em outras designaç oes teocraticas.1 — Col.
4:10.
´ ´
1 Veja o quadro “Marcos recebe muitos privilegios”, na p agina 233.
˜
11. Que qualidades sao essenciais para evitarmos que um desentendimen-
˜ ´ ´
to abale permanentemente a relaçao entre nos e alguem que nos ofendeu?
ˆ
232 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
MARCOS RECEBE ´
MUITOS PRIVIL EGIOS


O Evangelho de Marcos relata que aqueles que pren-


´
deram Jesus tambem tentaram prender “um jovem” que
“escapou nu”. (Mar. 14:51, 52) Visto que Marcos, tam-
´ ˜ ´
bem conhecido como Joao Marcos, foi o unico que re-
˜
gistou esta situaçao, o jovem que ele mencionou pode
´
ter sido ele proprio. Se for esse o caso, Marcos teve pelo
menos algum contacto com Jesus.
˜
Cerca de 11 anos mais tarde, durante a perseguiçao
˜
movida por Herodes Agripa contra os cristaos, “mui-
˜ ´
tos” membros da congregaçao de Jerusalem reuniram-
˜
-se para orar na casa de Maria, mae de Marcos. Foi
´
para essa casa que o ap ostolo Pedro se dirigiu ao ser mi-
˜
lagrosamente libertado da prisao. (Atos 12:12) Assim,
Marcos talvez tenha sido criado numa casa que, mais
˜ ˜ ´
tarde, foi usada para realizar reunioes cristas. Sem du-
´
vida, Marcos conhecia bem os primeiros discıpulos de
ˆ
Jesus, que, por sua vez, exerceram uma boa influencia
nele.
´
Marcos serviu lado a lado com varios superintenden-
˜ ˜ ´ ´
tes das congregaçoes cristas do primeiro seculo. Ate
´
onde sabemos, o seu primeiro privilegio de serviço
´ ´
foi trabalhar com o seu primo Barnab e e o ap ostolo
˜ ´
Paulo na designaçao deles em Antioquia da Sıria. (Atos
´
12:25) Quando Barnabe e Paulo iniciaram a sua pri-
´
meira viagem missionaria, Marcos viajou ´ com eles, pri-
meiro, para Chipre e, depois, para a Asia Menor. Dali,
˜
‘FORTALECER AS CONGREGAÇOES’ 233
´ ˜
Marcos voltou para Jerusalem por motivos nao mencio-
nados. (Atos 13:4, 13) Depois de um desentendimento
´
entre Barnabe e Paulo a respeito de Marcos, conforme
´ ´
descrito em Atos capıtulo 15, Marcos e Barnabe conti-
´
nuaram o seu serviço missionario em Chipre. — Atos
15:36-39.
´
Sem duvida, qualquer lembrança daquele desentendi-
´
mento ja tinha sido esquecida por volta de 60 EC ou
61 EC, ano em que Marcos estava novamente a tra-
balhar com Paulo, dessa vez em Roma. Paulo, que es-
` ˜
tava preso naquela cidade, escreveu a congregaçao em
˜
Colossos: “Aristarco, meu companheiro de prisao, man-
˜ ´ ´
da-vos saudaçoes, e tambem Marcos, primo de Barnabe
ˆ ˜
(a respeito de Marcos, voces receberam instruçoes para
o acolher se ele for visitar-vos).” (Col. 4:10) Assim, Pau-
˜
lo estava a pensar enviar Joao Marcos de Roma a Co-
lossos como seu representante.
Em algum momento entre 62 EC e 64 EC, Marcos
´ ´
serviu com o ap ostolo Pedro em Babilonia. Conforme
´
menciona o Capıtulo 10 deste livro, eles desenvolve-
ram um relacionamento achegado, pois Pedro referiu-
-se a esse homem mais jovem como “Marcos, meu fi-
lho”. — 1 Ped. 5:13.
˜ ´
Entao, por volta de 65 EC, quando o ap ostolo Pau-
lo foi preso pela segunda vez em Roma, ele escreveu
´
ao
´ seu companheiro de servi ço Timoteo, que estava em
´ ´
Efeso: “Traz Marcos contigo, porque ele me e util no
´ ´
ministerio.” (2 Tim. 4:11) Sem duvida, Marcos ´ aceitou
prontamente o convite e fez a viagem de Efeso a Roma.
ˆ
234 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
˜ ´ ´
Nao e de admirar que Barnabe, Paulo e Pedro gostas-
sem tanto de Marcos!
´
O maior de todos os privilegios de Marcos foi ser ins-
´
pirado por Jeova para escrever um Evangelho. Segundo
˜ ˜ ´
a tradiçao, Marcos obteve muitas informaçoes do ap os-
tolo Pedro. Os factos parecem apoiar essa ideia, porque
´
o relato de Marcos contem detalhes que apenas uma
testemunha ocular, como Pedro, saberia. Mas parece
˜
que Marcos escreveu o seu Evangelho em Roma, nao
´
em Babilonia quando estava com Pedro. Marcos usou
˜
muitas expressoes em latim e traduziu termos hebrai-
´ ˜
cos que de outra forma seriam difıceis para os nao ju-
deus entenderem. Portanto, parece que ele escreveu pri-
mariamente para os gentios.

˜
12 Essa forte discussao foi um incidente isolado;
˜ ´
nao era da natureza de Paulo e Barnab e agirem as-
´
sim. Barnab e era conhecido por ser um homem bon-
´
doso e generoso. Os ap ostolos, em vez de lhe chama-
´ ´ ´
rem Jose, o seu nome proprio, ate lhe deram o nome
´
Barnab e, que significa “filho do consolo”. (Atos 4:36)
´
Paulo tamb em era conhecido por ser amoroso e gen-
˜ ´
til. (1 Tes. 2:7, 8) Em imitaç ao de Paulo e Barnab e,
˜
todos os superintendentes cristaos hoje, incluindo
´ ˜
12. Que qualidades e que os atuais superintendentes cristaos devem ter
˜ ´
em imitaçao de Paulo e Barnab e?
˜
‘FORTALECER AS CONGREGAÇOES’ 235
os superintendentes de circuito, devem esforçar-se
sempre para demonstrar humildade e para tratar com
˜
amor outros anciaos e todo o rebanho. — 1 Ped.
5:2, 3.
“Falavam bem dele”
(Atos 16:1-3)
´
13 Na sua segunda viagem missionaria, Paulo passou
´ ´ ´
pela provıncia romana da Galacia, onde j a tinham
˜
sido formadas algumas congregaç oes. Por fim, ele
“chegou a Derbe e a Listra”. O relato continua: “Ha-
´ ´ ´
via la um discıpulo chamado Timoteo, filho de uma
mulher judia crente, mas de pai grego.” — Atos 16:1.1
´
14 Pelos vistos, Paulo tinha conhecido a famılia de

´ ` ˜
Timoteo durante a sua primeira viagem aquela regiao,
ˆ
por volta de 47 EC. Passados dois ou tres anos desde
˜
aquela ocasiao, na sua segunda visita, Paulo percebeu
´ ˜
que o jovem Timoteo tinha potencial, pois os irmaos
˜
“falavam bem dele”. Nao era apenas em Listra, a sua
´ ˜
1 Veja o quadro “Timoteo empenha-se ‘na promo ç ao das boas no-
´
vas’”, na p agina 237.
´ ´
13, 14. (a) Quem era Timoteo, e como e que Paulo talvez o tenha conhe-
´
cido? (b) O que levou Paulo a ver que Timoteo tinha potencial? (c) Que
˜ ´
designaçao recebeu Timoteo?
ˆ
236 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
´
TIM OTEO ˜ EMPENHA- SE
“NA PROMO ÇAO DAS BOAS NOVAS”


´
Timoteo era um assistente muito estimado pelo
´
ap ostolo Paulo. Depois de terem trabalhado juntos
cerca de 11 anos, Paulo podia escrever a respeito de
´ ˜ ´ ˜
Timoteo: “Nao tenho ninguem com uma disposiçao
` ´ ˆ
igual a dele, que cuidara genuinamente de voces. [...]
ˆ
Voces conhecem a prova que ele deu de si mesmo, que
˜
ele trabalhou comigo como escravo na promo çao das
boas novas, como um filho com o pai.” (Fil. 2:20, 22)
´
Timoteo estava sempre disposto a dar de si mesmo
˜
para promover a obra de pregaçao, tornando-se assim
´ ´
alguem muito amado pelo ap ostolo Paulo e deixando
´
um excelente exemplo para nos.
˜ ´
Filho de pai grego e de mae judia, Timoteo parece
˜
ter sido criado na cidade de Listra. A sua mae, Euni-
´
ce, e a sua avo Loide ensinaram-lhe as Escrituras des-
ˆ
de a infancia. (Atos 16:1, 3; 2 Tim. 1:5; 3:14, 15) Tanto
´
elas como Timoteo provavelmente aceitaram o cristia-
nismo durante a primeira visita de Paulo a Listra.
Quando Paulo voltou a Listra alguns anos mais tar-
´ ´
de, Timoteo talvez tivesse cerca de 20 anos. Ja nes-
´ ˜ ´
sa epoca, “os irmaos em Listra e em Iconio falavam
´
bem dele”. (Atos 16:2) O espırito de Deus tinha ins-
pirado “profecias” a respeito desse jovem e, em har-
˜
monia com elas, Paulo e os anciaos locais convida-
´ ´
ram Timoteo para um privilegio especial de serviço:
´
ser missionario com Paulo. (1 Tim. 1:18; 4:14; 2 Tim.
˜
‘FORTALECER AS CONGREGAÇOES’ 237
´ ´
1:6) Timoteo teve de deixar a sua famılia e, a fim de
´
evitar uma possıvel causa para tropeço entre os judeus
´ `
a quem Timoteo visitaria, ele teve de se submeter a cir-
˜
cuncisao. — Atos 16:3.
´
Timoteo viajou muito. Ele pregou com Paulo e Si-
las em Filipos, com Silas em Bereia, e depois sozinho
´
em Tessalonica. Quando se encontrou novamente com
´ ´
Paulo em Corinto, Timoteo tinha boas notıcias sobre
´
o amor e a fe dos tessalonicenses, apesar das tribula-
˜
çoes que eles sofriam. (Atos 16:6–17:14; 1 Tes. 3:2-6)
´ ˜
Ao receber notıcias perturbadoras ´ sobre os irm aos em
Corinto, Paulo, que estava em Efeso, pensou´ enviar Ti-
´
moteo de volta a Corinto. (1 Cor. 4:17) De Efeso, Pau-
´ ` ´
lo mais tarde enviou Timoteo e Erasto a Macedonia.
´
Mas, quando Paulo escreveu aos romanos, Timoteo es-
tava mais uma vez com ele em Corinto. (Atos 19:22;
˜
Rom. 16:21) Estas sao apenas algumas das viagens que
´ ˜
Timoteo fez pela “promo çao das boas novas”.
´
Timoteo talvez hesitasse um pouco em exercer auto-
´
ridade, o que e indicado pelo encorajamento que Pau-
´
lo lhe deu: “Nunca deixes que ninguem te menospre-
ze por seres jovem.” (1 Tim. 4:12) Mas Paulo confiava
´ ˜
em Timoteo a ponto de lhe dar as seguintes instruçoes
´ ˜ ´
ao envia-lo a uma congregaçao problematica: ‘Ordena
˜
a certas pessoas que nao ensinem outras doutrinas.’
´ ´
(1 Tim. 1:3) Paulo tambem deu a Timoteo autoridade
para designar superintendentes e servos ministeriais
˜
nas congregaçoes. — 1 Tim. 5:22.
ˆ
238 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
´
As excelentes qualidades de Timoteo fizeram dele al-
´
guem muito amado por Paulo. As Escrituras revelam
que esse homem mais jovem era um amigo achegado,
fiel e afetuoso, como um filho. Paulo podia escrever
´ ´ ˆ
que se lembrava das lagrimas de Timoteo, ansiava ve-
-lo e orava por ele. Como um pai preocupado, Paulo
´ ´
tambem deu a Timoteo conselhos por ele ‘adoecer fre-
quentemente’, pelos vistos, devido a problemas de es-
ˆ
tomago. — 1 Tim. 5:23; 2 Tim. 1:3, 4.
Quando Paulo foi preso pela primeira vez em Roma,
´ ˜
Timoteo ficou ao seu lado. Pelo menos numa ocasiao,
´ ´ ´
Timoteo tambem ficou preso. (Filem. 1; Heb. 13:23)
Pode notar-se a profunda amizade que havia entre
esses dois homens no pedido que Paulo fez quando
percebeu que estava prestes a morrer. Ele escreveu a
´ ´
Timoteo: “Faz todos os possıveis para me visitares em
˜
breve.” (2 Tim. 4:6-9) As Escrituras nao mencionam se
´
Timoteo chegou a tempo de ver o seu querido instru-
tor.

˜
cidade natal, que os irmaos tinham um bom conceito
´ ´ ´
de Timoteo. O relato explica que tamb em em Ic onio,
´ ˜
que ficava a cerca de 30 quilometros, os irmaos di-
ziam boas coisas a respeito dele. (Atos 16:2) Guiados
´ ˜ ´
pelo espırito santo, os anciaos deram a Timoteo uma
´
seria responsabilidade: servir como ministro viajante,
ajudando Paulo e Silas. — Atos 16:3.
˜
‘FORTALECER AS CONGREGAÇOES’ 239
´ ´
15 Como e que Timoteo conseguiu ter uma reputa-
˜ ˜ ´
ç ao tao boa, apesar de ainda ser jovem? Sera que foi
ˆ ˆ
por causa da sua inteligencia, aparencia ou habilida-
´
des naturais? Em geral, e isso o que impressiona as
´
pessoas. Ate o profeta Samuel se deixou influenciar
ˆ ˜ ´
pela aparencia em certa ocasiao. Mas Jeova lembrou-
˜ ˆ ˆ ˆ
-lhe: “Deus nao ve como o homem ve; o homem ve a
ˆ ´ ˆ ˜
aparencia, mas Jeova ve o coraç ao.” (1 Sam. 16:7)
˜ ´ ´
Nao foram as caracterısticas fısicas ou intelectuais de
´
Timoteo que fizeram com que ele tivesse um bom
˜
nome entre os seus irmaos, mas sim o que ele era no
˜
coraç ao.
16 Anos mais tarde, o ap ostolo ´
Paulo mencionou al-
´
gumas qualidades espirituais de Timoteo. Paulo des-
˜ ´
creveu a boa disposiç ao de Timoteo, o seu amor
˜
abnegado e o seu zelo ao cuidar de designaç oes teo-
´ ´ ´
craticas. (Fil. 2:20-22) Timoteo tamb em era conheci-
´
do por ter “fe sem hipocrisia”. — 2 Tim. 1:5.
17 Hoje, muitos jovens imitam Timoteo ´
por cultiva-
rem qualidades que agradam a Deus. Assim, fazem
´
um bom nome perante Jeova e o seu povo, apesar da
´ ´ ˜
15, 16. Como e que Timoteo conseguiu ter uma boa reputaçao?
´ ´
17. Como e que os jovens podem imitar Timoteo?
ˆ
240 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
´
sua idade. (Pro. 22:1; 1 Tim. 4:15) Eles demonstram fe
sem hipocrisia, recusando-se a levar uma vida dupla.
´
(Sal. 26:4) Por causa disso, podem ser muito uteis na
˜ ´
congregaç ao, assim como Timoteo. Quando eles se
qualificam como publicadores das boas novas e, com
´ ˜
o tempo, se dedicam a Jeova e sao batizados, todos
´
os seus amigos e familiares que amam a Jeova sen-
tem-se muito encorajados!
´
“Fortalecidas na fe”
(Atos 16:4, 5)
´
18 Paulo e Timoteo ´
trabalharam juntos por varios
anos. Como ministros viajantes, eles cumpriram mui-
˜
tas designaç oes como representantes do corpo go-
´
vernante. A Bıblia diz: “Ao viajarem pelas cidades,
˜ ˜
transmitiam aos irmaos as decisoes tomadas pelos
´ ˜ ´
ap ostolos e pelos anciaos em Jerusalem, para que
obedecessem a esses decretos.” (Atos 16:4) Evidente-
˜ ˜
mente, as congregaç oes seguiam as orientaç oes dos
´ ˜ ´
ap ostolos e anciaos de Jerusalem. Por serem obedien-
˜ ´
tes, “as congregaç oes eram fortalecidas na fe e cres-
ciam a cada dia”. — Atos 16:5.
´ ´ ´
18. (a) Que privilegios e que Paulo e Timoteo tiveram como ministros
´ ˜
viajantes? (b) Como e que as congregaçoes foram abençoadas?
˜
‘FORTALECER AS CONGREGAÇOES’ 241
´
19De forma similar, hoje as Testemunhas de Jeova
˜ `
sao abençoadas por serem submissas e obedientes as
˜
orientaç oes que recebem dos que “exercem liderança”
entre elas. (Heb. 13:17) Visto que a cena do mundo
´ ´ ˜
esta sempre a mudar, e vital que os cristaos se man-
tenham em dia com o alimento espiritual fornecido
pelo “escravo fiel e prudente”. (Mat. 24:45; 1 Cor.
´
7:29-31) Fazermos isso pode evitar a nossa ruına es-
piritual e ajuda-nos a permanecer sem mancha do
mundo. — Tia. 1:27.
´ ˜
20 E verdade que os superintendentes crist aos

atuais, incluindo os membros do Corpo Governante,


˜ ´
sao imperfeitos, assim como eram Paulo, Barnab e,
˜ ´
Marcos e outros anciaos ungidos do primeiro seculo.
˜
(Rom. 5:12; Tia. 3:2) No entanto, visto que os irmaos
do Corpo Governante seguem de perto a Palavra de
˜ ´
Deus e se apegam ao padrao estabelecido pelos ap os-
˜
tolos, sao dignos de confiança. (2 Tim. 1:13, 14)
˜ ˜
Assim, as congregaç oes sao fortalecidas e firmadas
´
na fe.
´ ˜
19, 20. Porque e que os cristaos devem ser obedientes aos que “exercem
liderança”?

ˆ
242 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
´
CAPITULO 16


` ´
“Vem a Macedonia”
´ ˜
Os missionarios sao abençoados por
˜
aceitarem uma designaçao e enfrentarem
˜
a perseguiçao com alegria
Baseado em Atos 16:6-40

UM GRUPO de mulheres deixa a cidade de Filipos na


´ ˜ ´
Macedonia. Nao leva muito tempo ate chegarem a um rio
´
estreito chamado Gangites. Como e habitual, elas sentam-
` ´
-se a margem do rio e oram ao Deus de Israel, Jeova, que
´
as observa atentamente. — 2 Cro. 16:9; Sal. 65:2.
´
2 Entretanto, mais de 800 quilometros a leste de Filipos,
um grupo de homens parte da cidade de Listra, no sul da
´
Galacia. Dias depois, eles chegam a uma estrada romana
` ˜
pavimentada que vai para oeste, rumo a regiao mais po-
´
voada do distrito da Asia. Os homens – Paulo, Silas e Ti-
´ ˜
moteo – estao ansiosos para viajar por essa estrada a fim
´
de visitar Efeso e outras cidades onde milhares de pes-
soas precisam de ouvir as boas novas sobre Cristo. No en-
´
tanto, mesmo antes de começarem essa viagem, o espı-
rito santo impede-os de prosseguirem de uma forma
´ ˜
1-3. (a) Como e que Paulo e os seus companheiros viram a orientaçao
´
do espırito santo? (b) Que acontecimentos vamos examinar?
` ´
“VEM A MACEDONIA” 243
˜ ˜ ´
nao mencionada. Eles sao proibidos de pregar na Asia.
ˆ ´
Porque? Jesus, por meio do espırito de Deus, quer orien-
´
tar o grupo de Paulo a atravessar toda a Asia Menor, cru-
zar o mar Egeu e dirigir-se para as margens do pequeno
rio Gangites.
3A forma como Jesus guiou Paulo e os seus companhei-
´ ` ´
ros durante essa viagem incomum ate a Macedonia ensi-
˜
na-nos liçoes valiosas hoje. Por isso, vejamos alguns dos
acontecimentos que ocorreram durante a segunda viagem
´
missionaria de Paulo, que começou por volta de 49 EC.
‘Deus tinha-nos chamado’ (Atos 16:6-15)
´
4 Impedidos de pregar na Asia, Paulo e os seus compa-
˜
nheiros foram em direçao ao norte para pregar nas cida-
´ ´
des da Bitınia. Para la chegarem, eles talvez tenham cami-
´ ˜
nhado varios dias por estradas nao pavimentadas entre as
˜ ´ ´
regioes pouco povoadas da Frıgia e da Galacia. Mas,
´
quando se aproximaram da Bitınia, Jesus voltou a usar o
´
espırito santo para os impedir. (Atos 16:6, 7) Nessa altu-
´
ra, os homens ja deviam estar confusos. Sabiam o que pre-
˜
gar e como pregar, mas nao sabiam onde pregar. Tinham
` ´
batido, por assim dizer, a porta que dava para a Asia, mas
˜ ` ´
em vao. Tinham batido a porta que dava para a Bitınia,
´
4, 5. (a) O que aconteceu ao grupo de Paulo perto da Bitınia? (b) Que
˜ ´
decisao tomaram os discıpulos, e qual foi o resultado?
ˆ
244 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
˜
mas novamente em vao. Mesmo assim, Paulo estava deci-
´
dido a continuar a bater ate encontrar alguma porta que
˜ ˜
se abrisse. Entao, os homens tomaram uma decisao que
˜
nao parecia fazer sentido: foram para o oeste e andaram
´ ´ ´
550 quilometros, passando por varias cidades ate chega-
´
rem ao porto de Troade, de onde poderiam navegar para
´ ´
a Macedonia. (Atos 16:8) Foi em Troade que Paulo bateu
a uma terceira porta. Desta vez, a porta abriu-se ampla-
mente.
5 Lucas, escritor do Evangelho que leva o seu nome, jun-
´
tou-se ao grupo de Paulo em Troade. Ele relata o que
˜
aconteceu: “Durante a noite, Paulo teve uma visao: um
´ ´ ` ´
macedonio estava de p e e suplicava-lhe: ‘Vem a Macedo-
˜ ´
nia e ajuda-nos.’ Logo depois de ele ter a visao, tentamos
` ´
ir a Macedonia, concluindo que Deus nos tinha chamado
para lhes declarar as boas novas.”1 (Atos 16:9, 10) Final-
mente Paulo soube onde pregar. Ele deve ter ficado mui-
˜
to feliz por nao ter desistido a meio do caminho. Sem de-
´
mora, os quatro homens navegaram para a Macedonia.
˜
6 Que liç ao podemos aprender desse relato? Pense no se-
´ ´
guinte: foi so depois de Paulo ter partido para a Asia que
´
1 Veja o quadro “Lucas – escritor do livro de Atos”, na p agina 246.
6, 7. (a) O que podemos aprender do que aconteceu durante a viagem de
´ ˆ ´
Paulo? (b) Que garantia e que a experiencia de Paulo nos da?
` ´
“VEM A MACEDONIA” 245
LUCAS – ESCRITOR DO LIVRO DE ATOS


´ ´ ´ ´
Ate ao capıtulo 16, versıculo 9, o livro de Atos e
narrado apenas na terceira pessoa, ou seja, o escritor
˜
limita-se a descrever as palavras e açoes de outras pes-
˜
soas, nao se incluindo na narrativa. Em Atos 16:10, 11,
´ ´
porem, esse estilo de escrita muda. No versıculo 11, por
´ ´ ´
exemplo, o escritor diz: “[Nos] embarcamos ´ em Troade e
´
fomos diretamente para a Samotracia.” E nesse ponto da
narrativa que o escritor, Lucas, passa a participar nos
˜
acontecimentos. Mas, visto que o nome Lucas nao apa-
´ ´
rece em nenhum lugar em Atos dos Ap ostolos, como e
que sabemos que foi ele realmente o escritor?
˜
Podemos saber a resposta por analisar a introduçao
do livro de Atos e a do Evangelho de Lucas. As duas
˜ ˜ ´
introduçoes sao dirigidas a um certo “Teofilo”. (Luc.
1:1, 3; Atos 1:1) O livro de Atos começa com as seguin-
´
tes palavras: “No primeiro relato, Teofilo, escrevi sobre
todas as coisas que Jesus começou a fazer e a ensinar.”
Visto que muitas autoridades dos tempos antigos con-
cordam que o “primeiro relato”, o Evangelho, foi escri-
´
to por Lucas, ele tambem deve ter sido o escritor do li-
vro de Atos.
˜ ´
Nao sabemos muito sobre Lucas. O seu nome so apa-
ˆ ´ ´
rece tres vezes na Bıblia. O ap ostolo Paulo refere-se a Lu-
´
cas como “o medico amado” e como um dos seus “cola-
´
boradores”. (Col. 4:14; Filem. 24) As partes do livro de
Atos em que Lucas se inclui na narrativa indicam que ele
´ ´ ´
primeiro acompanhou o ap ostolo Paulo de Troade ate Fi-
ˆ
246 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
lipos, por volta de 50 EC, mas que, quando Paulo deixou
´ ˜
Filipos, Lucas ja nao estava com ele. Os dois encontra-
ram-se novamente em Filipos por volta de 56 EC e via-
˜ ´ ´
jaram com mais sete irmaos desde Filipos ate Jerusalem,
onde Paulo foi preso. Dois anos mais tarde, Lucas acom-
´
panhou Paulo, que ainda estava preso, de Cesareia ate
Roma. (Atos 16:10-17, 40; 20:5–21:17; 24:27; 27:1–28:16)
Quando Paulo, que tinha sido preso pela segunda vez
˜ ´
em Roma, percebeu que a sua execuçao estava proxima,
“apenas Lucas” estava com ele. (2 Tim. 4:6, 11) Fica cla-
ˆ
ro que Lucas viajava longas distancias e estava disposto
a enfrentar dificuldades por causa das boas novas.
˜
Lucas nao afirmou ter presenciado o que escreveu so-
bre Jesus. Em vez disso, ele disse que procurou “com-
˜
pilar um relato dos factos” baseado nas declaraçoes de
´
“testemunhas oculares”. Alem disso, ele ‘pesquisou to-
˜ ´
das as coisas com exatidao desde o inıcio’, para ‘escre-
ˆ ´
ve-las em ordem logica’. (Luc. 1:1-3) O resultado dos
esforços de Lucas mostra que ele era um pesquisador
˜
cuidadoso. Para reunir informaçoes, ele talvez tenha en-
˜
trevistado Elisabete, Maria (mae de Jesus) e outras pes-
˜
soas. Muito do que ele escreveu nao se encontra nos ou-
tros Evangelhos. — Luc. 1:5-80.
´
Paulo disse que Lucas era medico e, nos seus escritos,
´
podemos ver o interesse que um medico tem pelas pes-
soas que sofrem. Para citar apenas alguns exemplos: Lu-
´
cas disse que, quando Jesus curou um homem possuıdo
´ ´
por um demonio, o demonio saiu do homem “sem o fe-
´
rir”; que a sogra do ap ostolo Pedro estava com “febre
` ´
“VEM A MACEDONIA” 247
alta” e que uma mulher que Jesus ajudou tinha “um es-
´ ´ ˜
pırito de fraqueza ha 18 anos; ela estava encurvada e nao
se conseguia endireitar de maneira nenhuma”. — Luc.
4:35, 38; 13:11.
´
E evidente que Lucas colocou sempre a “obra do Se-
nhor” em primeiro lugar na vida. (1 Cor. 15:58) O seu
˜
objetivo nao era procurar destaque ou ter uma carreira
´
secular, mas ajudar outros a conhecer e a servir a Jeova.

´ ´
o espırito santo indicou a vontade de Deus; foi so depois
´
de Paulo se ter aproximado da Bitınia que Jesus interveio;
´ ´
e foi so depois de Paulo ter chegado a Troade que Jesus o
` ´
orientou a ir a Macedonia. Jesus, como Cabeça da congre-
˜
gaçao, pode orientar-nos de modo similar hoje. (Col. 1:18)
´ ´
Por exemplo, talvez ja andemos a pensar ha algum tem-
po em servir como pioneiros ou em nos mudarmos para
´
uma zona onde ha mais necessidade de publicadores do
´
Reino. Mas pode ser que so depois de darmos passos es-
´ ´
pecıficos para alcançar o nosso alvo e que Jesus, por meio
´ ˆ
do espırito de Deus, nos guie. Porque? Pense no seguinte
´
exemplo: um condutor so consegue virar o carro para a
direita ou para a esquerda se o carro estiver em movimen-
to. Da mesma forma, no que diz respeito a expandir o
´
nosso ministerio, Jesus orienta-nos, mas apenas se estiver-
ˆ
248 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
mos em “movimento”, ou seja, se realmente nos estiver-
mos a esforçar nesse sentido.
˜
7 Mas e se os nossos esforços nao produzirem logo re-
´
sultados? Devemos desistir, achando que o espırito de
˜ ´ ˜
Deus nao nos esta a orientar? Nao. Lembre-se de que Pau-
´
lo tamb em enfrentou contratempos. Apesar disso, ele con-
´
tinuou a procurar ate encontrar uma porta que se abris-
se. Podemos ter a certeza de que a nossa perseverança em
´
procurar “uma porta ampla para a atividade” tamb em
´
sera recompensada. — 1 Cor. 16:9.
´
8 Depois de chegarem ao distrito da Macedonia, o gru-
po de Paulo viajou para Filipos, uma cidade em que os ha-
˜
bitantes tinham orgulho de ser cidadaos romanos. Para os
´
soldados romanos reformados que moravam ali, a colonia
´
de Filipos era como uma pequena Italia – uma Roma em
´ ˜
miniatura mesmo no meio da Macedonia. Fora do portao
´
da cidade, ao lado de um rio estreito, os missionarios en-
contraram um local que lhes pareceu ser “um lugar de ora-
˜ ´ `
çao”.1 No sabado, eles foram aquele local e encontraram
1 Os judeus talvez estivessem ´ proibidos de ter uma sinagoga em
Filipos
˜ por causa da caracterıstica militar
´ da cidade.
´ Ou talvez
nao houvesse ali dez homens judeus, o mınimo necessario para esta-
belecer uma sinagoga.
8. (a) Descreva a cidade de Filipos. (b) Qual foi o bom resultado da pre-
˜ ˜
gaçao de Paulo no “lugar de oraçao”?
` ´
“VEM A MACEDONIA” 249
´ ´
varias mulheres reunidas ali para adorar a Deus. Os discı-
pulos sentaram-se e falaram com elas. Uma delas, chama-
´ ´
da Lıdia, “estava a ouvir”, e “Jeova abriu-lhe amplamente
˜ ´ ˜
o coraçao”. Lıdia ficou tao comovida com o que aprendeu
´
dos missionarios que tanto ela como os da sua casa foram
batizados. Depois, insistiu para que Paulo e os seus com-
panheiros ficassem na sua casa.1 — Atos 16:13-15.
´
9 Imagine a alegria que o batismo de Lıdia causou. Pau-
lo deve ter ficado muito feliz por ter aceitado o convite
` ´ ´
para ‘ir a Macedonia’ e por Jeova o ter usado a ele e aos
` ˜
seus companheiros para responder as oraç oes daquelas
˜
mulheres que temiam a Deus. Hoje, muitos irmaos – jo-
´
vens e idosos, solteiros e casados – tamb em se mudam
´
para zonas onde ha mais necessidade de publicadores do
´
Reino. E verdade que enfrentam dificuldades, mas isso
˜ ´ ˜ ˜
nao e nada em comparaç ao com a satisfaç ao que sentem
´
quando encontram pessoas como Lıdia, que aceitam as
´ ´ ˆ
verdades da Bıblia. Sera que voc e pode fazer ajustes que
´ ´
lhe permitam ‘ir’ para um territorio onde ha mais neces-
´ ˆ ˜
sidade? Se fizer isso, recebera muitas b enç aos. Por exem-
˜
plo, veja o caso de Aaron, um irmao de 20 e poucos anos
´ ´ ´
1 Veja o quadro “Lıdia – vendedora de purpura”, na p agina 252.
´ ˆ ˜
9. Como e que muitos hoje imitam o exemplo de Paulo, e que b ençaos
recebem?
ˆ
250 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
´ ´
que se mudou para um paıs da America Central. As suas
palavras refletem os sentimentos de muitos outros ir-
˜ ´
maos: “Servir noutro paıs tem-me ajudado a crescer es-
´
piritualmente e a achegar-me mais a Jeova. E o serviço
´ ´ ´
de campo e extraordinario – dirijo oito estudos bıbli-
cos!”
˜
‘A multidao levantou-se contra eles’
(Atos 16:16-24)
´
10 Podemos ter a certeza de que Satanas ficou furioso
pelas boas novas se terem estabelecido numa parte do
´
mundo onde ele e os seus demonios dominavam sem in-
ˆ ˜ ´ ´
terferencia. Nao e de admirar que os demonios estivessem
envolvidos na reviravolta que estava prestes a acontecer a
Paulo e aos seus companheiros. Enquanto eles visitavam
˜ ´ ´
o lugar de oraçao, uma serva possuıda por um demonio,
e que ganhava muito dinheiro para os seus donos a fazer
˜
prediçoes, começou a seguir o grupo de Paulo. Ela grita-
˜ ´
va: “Estes homens sao escravos do Deus Altıssimo e es-
˜ ˜
tao a proclamar-vos o caminho da salvaçao.” Pode ser que
´
o demonio tenha feito a serva gritar essas palavras para
˜
dar a entender que as prediçoes que ela fazia e os ensinos
de Paulo vinham da mesma fonte. Dessa forma, as pessoas
´ ´
10. Como e que os demonios estavam envolvidos na reviravolta que acon-
teceu a Paulo e aos seus companheiros?
` ´
“VEM A MACEDONIA” 251
´ ´
L IDIA – VENDEDORA DE PURPURA


´
Lıdia morava em Filipos, uma cidade importante na
´
Macedonia. Ela era natural de Tiatira, ´ uma cidade na re-
˜ ´
giao chamada Lıdia, no oeste da Asia Menor. O trabalho
´ ´
de Lıdia como vendedora de purpura levou-a a cruzar o
mar Egeu e a ir morar em Filipos. Pelos vistos, ela
´
comercializava artigos variados de purpura – tapetes, ta-
´ ˜
peçarias, tecidos e ate corantes. Uma inscriçao encontra-
˜
da em Filipos comprova que havia uma associaçao de
´
vendedores de purpura nessa cidade.
´ ´
Lıdia e descrita como “adoradora de Deus”, o que pode
´
indicar que era proselita. (Atos 16:14) Talvez se tenha tor-
´
nado adoradora de Jeova em Tiatira. Ali, diferentemente
de Filipos, havia um local onde os judeus se reuniam. Al-
´
guns acham que Lıdia era um apelido que significa “mu-
´
lher de Lıdia” e que esse nome lhe foi dado em Filipos.
No entanto, existem provas documentais que mostram
´ ´ ´
que a palavra Lıdia tamb em era usada como nome pro-
prio.
´
Desde os dias de Homero, no nono ou oitavo secu-
´ ˜
lo AEC, os lıdios e os habitantes da regiao eram famosos
´
pela habilidade em usar purpura para tingir tecidos. Real-
´
mente, as aguas de Tiatira eram conhecidas por produzir
´
“as tonalidades mais brilhantes e duraveis”.
´
Os artigos de purpura eram considerados de luxo; ape-
˜
nas os ricos tinham condiçoes para os adquirir. Embora o
´ ´
corante purpura pudesse ser extraıdo de diferentes fontes,
o melhor e mais caro, usado no tratamento de linho fino,
ˆ
vinha de moluscos do Mediterraneo. Os tecidos dessa cor
ˆ
252 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
´ ´
eram muito caros, pois so era possıvel extrair uma quan-
tidade extremamente pequena de corante de cada molus-
´
co, sendo necessarios cerca de 8 mil moluscos para obter
´
apenas
´ 1 grama desse precioso lıquido.
´ ´
E muito provavel que Lıdia fosse uma comerciante rica
´
e bem-sucedida, visto que trabalhar com purpura exi-
´ ´
gia investir muito dinheiro. Alem disso, Lıdia tinha uma
casa suficientemente grande para hospedar quatro pes-
´ ˆ
soas – Paulo, Silas, Timoteo e Lucas. A referencia que a
´
Bıblia faz aos “da sua casa” pode significar que ela mo-
rava com familiares. Mas a palavra grega traduzida como
“casa” pode indicar que ela tinha escravos e servos. (Atos
´
16:15) Alem disso, o facto de Paulo e Silas se terem en-
˜
contrado com alguns irmaos na casa desta mulher hospi-
taleira, antes de deixarem a cidade, sugere que a casa dela
˜ ˜
se tornou um local de reunioes para os primeiros cristaos
em Filipos. — Atos 16:40.
` ˜
Quando Paulo escreveu a congregaçao de Filipos cerca
˜ ´
de dez anos mais tarde, nao mencionou Lıdia. Assim, tudo
´
o que sabemos sobre ela encontra-se em Atos capıtulo 16.

˜ `
ali prestariam atençao a serva em vez de aos verdadeiros
seguidores de Cristo. Mas Paulo silenciou a serva por ex-
´
pulsar o demonio. — Atos 16:16-18.
11Quando os donos da serva viram que tinham perdido
´
o seu meio facil de ganhar dinheiro, ficaram furiosos.
´
11. O que aconteceu a Paulo e Silas depois de Paulo expulsar o demonio
da serva?
` ´
“VEM A MACEDONIA” 253
´ `
Eles arrastaram Paulo e Silas ate a praça principal,
onde os magistrados – autoridades que representavam
ˆ
Roma – realizavam audiencias. Os donos aproveitaram-se
´
do preconceito e do patriotismo dos juızes. Era como se
˜ ˜
dissessem: ‘Estes judeus estao a causar muita confusao
´ ˜
por ensinarem costumes que nos, romanos, nao podemos
aceitar.’ As suas palavras tiveram logo efeito. “Toda a
˜
multidao [na praça principal] se levantou contra [Paulo e
Silas]”, e os magistrados mandaram que eles fossem “es-
pancados com varas”. Depois disso, Paulo e Silas foram
` ˜
levados a força para a prisao. O carcereiro meteu os ho-
˜ ´
mens feridos na prisao interior e prendeu-lhes os p es no
tronco. (Atos 16:19-24) Quando o carcereiro fechou a por-
˜ ˜
ta, a escuridao naquela masmorra devia ter sido tao gran-
de que Paulo e Silas mal se conseguiam ver um ao outro.
´
No entanto, Jeova estava a ver tudo. — Sal. 139:12.
12Anos antes, Jesus tinha dito aos seus seguidores que
˜
eles seriam perseguidos. (Joao 15:20) Por isso, quando o
` ´
grupo de Paulo chegou a Macedonia, sabia que podia en-
˜ ˜
frentar oposiçao. Assim, quando a perseguiçao veio, em
´
vez de acharem que tinham perdido o favor de Jeova, eles
´ ´ ˜
12. (a) Como e que os discıpulos de Cristo encararam a perseguiçao, e
ˆ ´ ˜
porque? (b) Que taticas de oposiçao continuam a ser usadas por Sata-
´
nas e pelos seus agentes?
ˆ
254 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
˜
encararam isso como uma demonstraçao da ira de Sata-
´ ´
nas. Hoje, os agentes de Satanas ainda usam os mesmos
´
metodos usados em Filipos. Na escola e no local de tra-
balho, opositores dizem mentiras a nosso respeito, provo-
˜ ´
cando oposiçao. Em alguns paıses, opositores religiosos
´
acusam as Testemunhas de Jeova em tribunais de causa-
˜ ´
rem muita confusao por ensinarem costumes que os “fieis
` ˜ ˜
as tradiçoes” nao podem aceitar. Em alguns lugares, os
˜ ˜ ´
nossos irmaos sao espancados e presos. No entanto, Jeova
´
esta a observar. — 1 Ped. 3:12.
“Batizados sem demora” (Atos 16:25-34)
13 Paulo e Silas devem ter precisado de algum tempo
para assimilarem todos os eventos turbulentos daquele
´ ´
dia. Por volta da meia-noite, porem, eles ja se tinham re-
cuperado um pouco do espancamento para conseguirem
ˆ
‘orar e louvar a Deus com canticos’. De repente, um ter-
˜
ramoto abalou a prisao. O carcereiro acordou e, ao ver
que as portas estavam abertas, ficou com medo de que os
prisioneiros tivessem fugido. Sabendo que seria punido
´
por deixa-los fugir, ele “puxou da sua espada e ia matar-
˜
-se”. Mas Paulo gritou: “Nao faças nenhum mal a ti
´
proprio, pois estamos todos aqui!” O carcereiro aflito
´
13. O que levou o carcereiro a perguntar: “O que e que tenho de fazer
para ser salvo?”
` ´
“VEM A MACEDONIA” 255
´
perguntou: “Senhores, o que e que tenho de fazer para
˜ ´
ser salvo?” Paulo e Silas nao podiam salva-lo; apenas Je-
˜ ˆ
sus podia. Entao, responderam: “Cre no Senhor Jesus e
´
seras salvo.” — Atos 16:25-31.
14 Sera´ que a pergunta do carcereiro era sincera? Pare-

˜
ce que sim, visto que Paulo nao duvidou da sinceridade
˜
do homem. O carcereiro era gentio; nao tinha conheci-
˜
mento das Escrituras. Antes de poder tornar-se cristao,
´ ´
ele precisava de aprender e aceitar verdades bıblicas basi-
cas. De modo que Paulo e Silas tiraram tempo para lhe
´ ˜
falar “da palavra de Jeova”. Os homens ficaram tao em-
´
penhados em ensinar as Escrituras que talvez ate se te-
nham esquecido da dor dos golpes que tinham. Mas o
carcereiro viu as feridas profundas nas costas deles e lim-
˜
pou-as. Entao, ele e os da sua casa “foram batizados sem
ˆ ˜
demora”. Que b ençao Paulo e Silas receberam por enfren-
˜
tarem a perseguiçao com alegria! — Atos 16:32-34.
15Assim como Paulo e Silas, muitas Testemunhas de
´ ˜
Jeova hoje pregam as boas novas enquanto estao presas
´ ˆ
14. (a) Que ajuda e que Paulo e Silas deram ao carcereiro? (b) Que b en-
˜ ˜
çao receberam Paulo e Silas por enfrentarem a perseguiçao com alegria?
´ ´
15. (a) Como e que muitas Testemunhas de Jeova hoje imitam o exem-
plo de Paulo e Silas? (b) Porque devemos continuar a revisitar os
´
moradores no nosso territorio?
ˆ
256 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
´ ´
por causa da sua fe, com otimos resultados. Por exemplo,
´
em certo paıs onde as nossas atividades eram proibidas,
´ ´
houve uma epoca em que 40% das Testemunhas de Jeova
˜ ´
tinham aprendido a verdade na prisao. (Isa. 54:17) E inte-
´
ressante notar que o carcereiro so pediu ajuda depois de o
˜
terramoto abalar a prisao. Da mesma forma, hoje, algumas
˜ `
pessoas que nunca prestaram atençao a mensagem do Rei-
no talvez a aceitem quando a sua vida pessoal for abalada
´
por alguma tragedia. Continuarmos fielmente a visitar e
´ ´
revisitar os moradores do nosso territorio, garantira que
˜
estaremos ali para os ajudar quando surgir uma situaçao
assim.
“Agora, mandam-nos embora secretamente?”
(Atos 16:35-40)
˜ ´
16 Na manha ap os os terem açoitado, os magistrados or-
denaram que Paulo e Silas fossem libertados. Mas Paulo
disse: “Eles açoitaram-nos publicamente sem termos sido
julgados, embora sejamos romanos, e meteram-nos na pri-
˜ ˜
sao. Agora, mandam-nos embora secretamente? Nao! Eles
´
proprios que venham e nos levem para fora.” Ao saberem
˜
que os dois homens eram cidadaos romanos, os magistra-
dos “ficaram com medo”, pois tinham violado os direitos
´ ˜ ´
16. Como e que a situaçao mudou radicalmente no dia ap os terem açoi-
tado Paulo e Silas?
` ´
“VEM A MACEDONIA” 257
´ ˜
daqueles discıpulos.1 Agora, a situaçao tinha mudado ra-
´
dicalmente. Os discıpulos tinham sido espancados publi-
camente; por isso, os magistrados tinham de pedir descul-
pa publicamente. Eles imploraram a Paulo e Silas que
deixassem Filipos. Os dois concordaram, mas primeiro ti-
raram tempo para encorajar o crescente grupo de novos
´ ´ ´
discıpulos. S o depois disso e que se foram embora.
˜
17 Se os direitos de Paulo e Silas como cidadaos roma-
˜
nos tivessem sido respeitados antes, talvez eles nao tives-
sem sido açoitados. (Atos 22:25, 26) No entanto, se isso ti-
´
vesse acontecido, os discıpulos em Filipos poderiam ter
˜
ficado com a impressao de que aqueles homens tinham
usado esses direitos para evitar sofrer em nome de Cristo.
´ ´ ´ ˜
Como e que isso afetaria a fe dos discıpulos que nao ti-
˜
nham cidadania romana? Afinal, para eles a lei nao servi-
˜
ria de proteçao contra espancamentos. Por isso, ao supor-
˜
tarem aquela puniçao, Paulo e Silas mostraram aos novos
´
discıpulos que os seguidores de Cristo podem manter-se
˜ ´
firmes diante de perseguiçao. Alem disso, por exigirem o
reconhecimento da sua cidadania, Paulo e Silas obrigaram
˜
1 A lei romana estabelecia que um cidadao tinha sempre o direito
de´ ser julgado perante um tribunal e nunca deveria ser punido em
publico sem antes ter sido condenado.
˜ ´ ´
17. Que importante liçao e que os novos discıpulos aprenderiam por ob-
servar a perseverança de Paulo e Silas?
ˆ
258 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
os magistrados a admitir publicamente que tinham viola-
do a lei. Por sua vez, isso talvez levasse os magistrados a
pensar melhor antes de maltratar os companheiros de ado-
˜
raçao de Paulo e poderia fornecer uma certa medida de
˜
proteçao legal contra ataques similares no futuro.
´
18 Hoje, os superintendentes tamb em orientam a congre-
˜ ˜ ˜
gaçao crista por meio do seu exemplo. Estao dispostos a fa-
zer o mesmo que esperam dos seus companheiros de ado-
˜ ´
raçao. Da mesma forma, como Paulo, nos avaliamos bem
quando e como usar os nossos direitos legais para obter
˜ ´
proteçao. Se necessario, recorremos a tribunais locais, na-
´ ˜
cionais e ate mesmo internacionais para obter proteçao le-
˜
gal que nos permita realizar livremente a nossa adoraçao.
˜ ´
O nosso objetivo nao e promover reformas sociais, mas “de-
fender e estabelecer legalmente as boas novas”, conforme
` ˜
Paulo escreveu a congregaçao em Filipos cerca de dez anos
depois de ter ficado preso ali. (Fil. 1:7) Ainda assim, inde-
´
pendentemente do resultado desses processos legais, nos,
como Paulo e os seus companheiros, estamos decididos a
continuar a “declarar as boas novas” onde quer que o es-
´
pırito de Deus nos oriente a fazer isso. — Atos 16:10.
´ ˜
18. (a) Como e que os superintendentes cristaos hoje imitam o exemplo
´ ´
de Paulo? (b) Como e que nos hoje ‘defendemos e estabelecemos legal-
mente as boas novas’?
` ´
“VEM A MACEDONIA” 259
´
CAPITULO 17


Paulo ‘raciocinou com eles,


usando as Escrituras’
A base para um bom ensino e
o excelente exemplo dos bereanos
Baseado em Atos 17:1-15
´
A ESTRADA muito movimentada, construıda por exce-
lentes engenheiros romanos, atravessa montanhas escar-
`
padas. As vezes, os sons misturam-se nessa estrada – os
zurros de jumentos, o barulho das rodas das carro ças ao
˜
passarem sobre grandes pedras de pavimentaçao, e vozes
de viajantes de todos os tipos, incluindo provavelmente
˜ ˆ
soldados, comerciantes e artesaos. Tres amigos – Paulo,
´ ˜
Silas e Timoteo – estao a fazer uma viagem nessa estra-
´
da de aproximadamente 130 quilometros desde Filipos
´ ´ ˜ ´ ´
ate Tessalonica. A viagem nao e nada facil, especialmen-
˜
te para Paulo e Silas. Eles ainda estao a recuperar dos
ferimentos causados pelo espancamento que sofreram
em Filipos. — Atos 16:22, 23.
2 O que e´ que esses tres
ˆ ˜
homens fazem para nao pen-
´
1, 2. Quem estava a viajar de Filipos a Tessalonica, e em que coisas
talvez estivessem a pensar?
ˆ
260 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
ˆ
sar no longo caminho que tem pela frente? Conversar,
´
sem duvida, ajuda. Eles ainda se lembram bem da emo-
˜
çao que sentiram quando o carcereiro em Filipos e a sua
´ ´
famılia se tornaram discıpulos. Aquele acontecimento
deixou-os ainda mais decididos a continuarem a procla-
`
mar a palavra de Deus. No entanto, a medida que se
´
aproximam da cidade costeira de Tessalonica, talvez se
˜ ˆ ´
perguntem como os judeus dali vao receb e-los. Sera que
˜ ´
vao ser atacados, ou ate mesmo espancados, como acon-
teceu em Filipos?
˜ ´
3 Mais tarde, Paulo escreveu aos cristaos em Tessaloni-
˜
ca sobre como se sentiu naquela ocasiao: “Embora ti-
´
vessemos sofrido e sido maltratados em Filipos, como
sabem, reunimos coragem, com a ajuda do nosso Deus,
para vos transmitir as boas novas de Deus perante mui-
˜
ta oposiçao.” (1 Tes. 2:2) Com estas palavras, Paulo pa-
rece indicar que tinha receio de entrar na cidade de
´
Tessalonica, especialmente depois do que aconteceu em
´ ´
Filipos. Ja alguma vez se sentiu como Paulo? Sera que
ˆ ` ´
voce as vezes acha muito difıcil proclamar as boas no-
´ ˆ
vas? Paulo confiava em Jeova para fortalece-lo e para
´
3. Como e que o exemplo de Paulo de reunir coragem para pregar pode
ajudar-nos?
PAULO ‘RACIOCINOU COM ELES, USANDO AS ESCRITURAS’ 261
´
ajuda-lo a reunir a coragem de que precisava. Estudar
´
o exemplo de Paulo pode ajuda-lo a fazer o mesmo.
— 1 Cor. 4:16.
Paulo “raciocinou [...] usando as Escrituras”
(Atos 17:1-3)
´
4 O relato diz que, enquanto esteve em Tessalonica,
ˆ ´ ´
Paulo pregou tres sabados na sinagoga. Sera que isso
`
quer dizer que a sua visita aquela cidade durou apenas
ˆ ˜ ´ ˜
tres semanas? Nao necessariamente. Nos nao sabemos
`
quando Paulo foi a sinagoga pela primeira vez depois de
` ´
chegar a cidade. Alem disso, as cartas de Paulo indicam
´
que, enquanto estiveram em Tessalonica, ele e os seus
companheiros trabalharam para se sustentar. (1 Tes. 2:9;
´
2 Tes. 3:7, 8) Tamb em, durante o tempo em que ficou ali,
por duas vezes, Paulo recebeu suprimentos dos seus ir-
˜
maos em Filipos. (Fil. 4:16) Por isso, provavelmente, ele
´ ˆ
ficou em Tessalonica mais do que apenas tres semanas.
5 Depois de reunir coragem para pregar, Paulo falou
aos que estavam reunidos na sinagoga. Como de costu-
me, Paulo ‘raciocinou com eles, usando as Escrituras: ex-
plicou e provou, com base no que estava escrito, que era
´ ´ ˆ
4. Porque e provavel que Paulo tenha ficado mais do que apenas tres se-
´
manas em Tessalonica?
´
5. Como e que Paulo procurava raciocinar com as pessoas?
ˆ
262 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
´
necessario que o Cristo sofresse e fosse levantado dentre
´
os mortos. Ele dizia: “Este e o Cristo, este Jesus, que eu
vos estou a proclamar.”’ (Atos 17:2, 3) Observe que Pau-
˜ ` ˜ ` ˜
lo nao tentava apelar a emo çao; ele apelava a razao. Ele
sabia que os que frequentavam a sinagoga conheciam e
˜
respeitavam as Escrituras. Mas eles nao as entendiam
plenamente. Assim, Paulo usava as Escrituras para argu-
´
mentar, explicar e provar que Jesus de Nazare era o
prometido Messias, ou Cristo.
6 Paulo seguiu o modelo estabelecido por Jesus, que
usava as Escrituras como base do seu ensino. Durante o
´
seu ministerio, por exemplo, Jesus mostrou aos seus se-
guidores que, segundo as Escrituras, o Filho do homem
teria de sofrer, morrer e ser ressuscitado. (Mat. 16:21)
˜
Depois da sua ressurreiçao, Jesus apareceu aos seus dis-
´ ´
cıpulos. Sem duvida, apenas esse facto seria o suficiente
para mostrar que ele tinha dito a verdade. Mas Jesus fez
´
mais do que isso. Sobre o que ele disse a certos discıpu-
´
los, lemos: “Começando por Moises e por todos os Pro-
fetas, interpretou-lhes as coisas a respeito de si mes-
mo em todas as Escrituras.” Com que resultado? Os
´ `
6. Como e que Jesus raciocinava a base das Escrituras, e com que re-
sultado?
PAULO ‘RACIOCINOU COM ELES, USANDO AS ESCRITURAS’ 263
´ ˜ ˜
discıpulos disseram: “Nao nos ardia o coraçao, dentro de
´
nos, quando ele nos falava na estrada, ao abrir-nos ple-
namente as Escrituras?” — Luc. 24:13, 27, 32.
7A mensagem da Palavra de Deus tem poder. (Heb.
˜
4:12) Por isso, os cristaos hoje baseiam os seus ensinos
´
nessa Palavra, assim como Paulo, os outros ap ostolos e
´ ´ ´
o proprio Jesus fizeram. Nos tamb em raciocinamos com
as pessoas, explicamos o significado das Escrituras e pro-
´
vamos aquilo que ensinamos por abrir a Bıblia e mostrar
aos moradores o que ela diz. Afinal, a mensagem que le-
˜ ´ ´
vamos nao e nossa. Por usarmos sempre a Bıblia, ajuda-
˜ ´
mos as pessoas a ver que proclamamos nao as nossas pro-
´ ´
prias ideias, mas os ensinos de Deus. Alem disso, e bom
lembrarmo-nos de que a mensagem que pregamos se ba-
´
seia firmemente na Palavra de Deus. E totalmente con-
´ ´
fiavel. Saber isso da-nos confiança para pregar com co-
ragem, assim como Paulo!
‘Alguns tornaram-se crentes’ (Atos 17:4-9)
´
8Paulo ja tinha visto pessoalmente como eram verda-
˜ ´
deiras as palavras de Jesus: “O escravo nao e maior do
´
7. Porque e importante basear nas Escrituras aquilo que ensinamos?
´ ´ `
8-10. (a) De que formas e que as pessoas em Tessalonica reagiram as
´ ´
boas novas? (b) Porque e que alguns judeus estavam com ciumes de Pau-
´
lo? (c) Como e que os opositores judeus reagiram?
ˆ
264 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
´
que o seu senhor. Se me perseguiram a mim, tamb em vos
˜ ` ´
perseguirao; se obedeceram as minhas palavras, tamb em
˜ ` ˜
obedecerao as vossas.” (Joao 15:20) Paulo viu exatamen-
´
te isso acontecer em Tessalonica – alguns estavam ansio-
`
sos para ‘obedecer as suas palavras’, ao passo que outros
`
se opunham a elas. Quanto aqueles que reagiram bem,
Lucas escreveu: “Alguns deles [dos judeus] tornaram-se
˜
crentes [cristaos] e juntaram-se a Paulo e Silas, e uma
˜
grande multidao de gregos que adoravam a Deus fez o
´
mesmo, bem como um bom numero de mulheres de des-
´ ´
taque.” (Atos 17:4) Sem duvida, estes novos discıpulos fi-
caram felizes por terem recebido ajuda para entenderem
mais claramente as Escrituras.
9 Apesar de alguns terem gostado das palavras de Pau-
lo, outros ficaram com raiva dele. Alguns judeus em Tes-
´ ´
salonica ficaram com ciumes de Paulo por ele ter sido
˜
bem-sucedido em convencer “uma grande multidao de
˜
gregos” a aceitar a mensagem. Com a intençao de faze-
´
rem proselitos, aqueles judeus tinham ensinado as Escri-
turas Hebraicas aos gentios gregos e, por isso, achavam
que esses gregos lhes pertenciam. Mas agora era como se
Paulo lhes estivesse a roubar aqueles gregos – ainda por
cima, na sinagoga! Os judeus ficaram furiosos.
PAULO ‘RACIOCINOU COM ELES, USANDO AS ESCRITURAS’ 265
Lucas informa-nos do que aconteceu a seguir: “Os ju-
10

´
deus ficaram com ciumes. Por conseguinte, reuniram al-
guns homens maus que vadiavam na praça, formaram
uma turba e provocaram um tumulto na cidade. Invadi-
˜ `
ram a casa de Jasao, a procura de Paulo e Silas, para tra-
ˆ ` ˜
ze-los para fora, a turba. Como nao os encontraram, ar-
˜ ˜ ´ `
rastaram Jasao e alguns irmaos ate as autoridades da
ˆ
cidade, gritando: ‘Aqueles homens que tem causado alvo-
´ ˜ ˜
ro ço na terra habitada tamb em estao aqui, e Jasao rece-
´
beu-os como hospedes. Todos estes homens agem contra
´ ´
os decretos de Cesar, dizendo que ha outro rei, Jesus.’”
´
(Atos 17:5-7) Como e que o ataque desta turba iria afe-
tar Paulo e os seus companheiros?
´ ´
11 Uma turba e´ algo terrıvel. ´
E como a agua violenta e
descontrolada de um rio durante uma enchente – arrasta
tudo o que estiver no caminho. Essa foi a arma que os
judeus usaram para se tentarem livrar de Paulo e Silas.
˜
Entao, depois de os judeus terem provocado “um tumul-
to” na cidade, tentaram convencer as autoridades de que
´
os discıpulos tinham cometido crimes graves. Primeiro,
acusaram Paulo e os outros proclamadores do Reino de
˜
11. Que acusaçoes foram feitas contra Paulo e os seus companheiros de
˜ ´
pregaçao, e que decreto e que os acusadores talvez tivessem em mente?
´
(Veja a nota na pagina 267.)
ˆ
266 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
˜
causarem “alvoro ço na terra habitada”, embora nao te-
nham sido Paulo e os seus companheiros a causarem o
´ ˜
tumulto em Tessalonica. A segunda acusaçao foi muito
´
mais grave. Os judeus disseram que os missionarios pro-
ˆ
clamavam a existencia de outro rei, Jesus, violando assim
os decretos do imperador.1
´
12 Lembre-se de que os lıderes religiosos tinham feito
˜
uma acusaçao similar contra Jesus. Eles disseram a Pila-
´
tos: “Encontramos este homem a desencaminhar a nossa
˜ ´
naçao [...] e a dizer que ele mesmo e Cristo, um rei.” (Luc.
23:2) Pilatos, possivelmente com medo de que o impera-
˜
dor pudesse concluir que ele tolerava alta traiçao, conde-
` ˜
nou Jesus a morte. Da mesma forma, as acusaçoes con-
˜ ´ ´
tra os cristaos em Tessalonica poderiam ter tido serias
ˆ ˆ ˜ ´
consequencias. Uma obra de referencia menciona: “Nao e
˜
exagero dizer que os cristaos estavam em perigo por cau-
˜ ˜ ˜
sa dessa acusaçao, pois ‘a mera insinuaçao de traiçao
contra os imperadores era quase sempre fatal para o
1´ De acordo com um erudito, houve
˜ naquele tempo um decreto de
Cesar que proibia qualquer prediç ao “da vinda de um novo rei ou rei-
no, especialmente um que fosse suplantar ou julgar o imperador”. Os
inimigos
´ de Paulo podem muito bem ter˜ deturpado a mensagem do
ap ostolo, afirmando que era uma violaç ao desse decreto.
´ Veja o qua-
dro “Os imperadores romanos e o livro de Atos”, na p agina 268.
˜ ˜ ´
12. O que mostra que as acusaçoes contra os cristaos em Tessalonica
´ ˆ
poderiam ter tido serias consequencias?
PAULO ‘RACIOCINOU COM ELES, USANDO AS ESCRITURAS’ 267
OS IMPERADORES ROMANOS
E O LIVRO DE ATOS


Todos os eventos registados no livro de Atos – na rea-


lidade, todos os registados nas Escrituras Gregas Cris-
˜ ´
tas – aconteceram dentro dos limites do Imp erio Roma-
no. Por isso, a autoridade secular suprema era sempre
o imperador romano. Ele era aquele a quem os judeus
´ ´
em Tessalonica se referiam ao falar dos “decretos de Ce-
sar”. (Atos 17:7) Quatro imperadores governaram du-
´ ´
rante o perıodo abrangido pelo livro de Atos: Tib erio,
´
Caio, Claudio I e Nero.
´
˘ Tiberio (14-37 EC) foi imperador durante todo o
´ ˜
ministerio de Jesus e os primeiros anos da congregaçao
˜ ´
crista. Ele foi o Cesar a quem os judeus se referiam
no julgamento de Jesus quando gritaram para Pilatos:
˜ ´ ´
“Se libertar este homem, nao e amigo de Cesar. [...]
˜ ˜ ´ ˜
Nao temos rei senao Cesar.” — Joao 19:12, 15.
´ ´
˘ Caio, tamb em conhecido como Calıgula (37-41 EC),
˜ ´ ˜
nao e mencionado nas Escrituras Gregas Cristas.
´ ´
˘ Claudio I (41-54 EC) e mencionado duas vezes no livro
˜ ´
de Atos. Conforme predito pelo profeta cristao Agabo,
“uma grande fome”, que ocorreu por volta de 46 EC,
veio sobre “toda a terra habitada [...] no tempo de
´ ´ ´
Claudio”. Alem disso, em 49 EC ou no inıcio de 50 EC,
´
Claudio ‘ordenou que todos os judeus ´ deixassem
Roma’, um decreto que fez com que Aquila e Priscila se
´
mudassem para Corinto, onde conheceram o ap ostolo
Paulo. — Atos 11:28; 18:1, 2.
ˆ
268 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
˘
´
Nero (54-68 EC) foi o Cesar a quem Paulo apelou. (Atos
25:11) Dizem que este imperador, mais tarde, culpou
˜ ˆ
os cristaos pelo incendio que destruiu boa parte de
Roma por volta de 64 EC. Pouco depois disso, em cerca
´
de 65 EC, o ap ostolo Paulo foi preso pela segunda vez
em Roma e executado.

´
acusado’.” Sera que esse odioso ataque alcançaria o seu
objetivo?
˜ ˜
13A turba nao conseguiu parar a obra de pregaçao em
´ ˆ ˜
Tessalonica. Porque? Um dos motivos foi que nao encon-
´
traram nem Paulo nem Silas. Alem disso, parece que os
˜
governantes da cidade nao ficaram convencidos de que
˜ ´
as acusaçoes eram validas. Depois de exigirem “a fiança
˜ ˜
estipulada”, eles libertaram Jasao e os outros irmaos.
(Atos 17:8, 9) Paulo seguiu o conselho que Jesus tinha
˜
dado aos cristaos, para serem “cautelosos como as ser-
pentes, mas inocentes como as pombas”. Por isso, pru-
dentemente, fugiu do perigo para que pudesse continuar
a pregar noutro lugar. (Mat. 10:16) Fica claro que o fac-
˜
to de Paulo criar coragem nao o levou a ser imprudente.
´ ˜
13, 14. (a) Porque e que a turba falhou em parar a obra de pregaçao
´ ´
em Tessalonica? (b) De que forma e que Paulo seguiu o conselho de Cris-
to sobre ser cauteloso, e como podemos imitar o seu exemplo?
PAULO ‘RACIOCINOU COM ELES, USANDO AS ESCRITURAS’ 269
´ ˜
Como e que os cristaos hoje podem imitar o seu exem-
plo?
´
14Atualmente, os clerigos da cristandade muitas vezes
´
instigam turbas contra as Testemunhas de Jeova. Acu-
˜ ˜
sam-nas de sediçao e traiçao, e manipulam os governan-
tes para que se oponham a elas. Assim como aqueles per-
´ ˜
seguidores do primeiro seculo, os opositores atuais sao
´ ˜
motivados por ciumes. Em todo o caso, os cristaos ver-
˜
dadeiros procuram nao se envolver sem necessidade em
´
problemas. Sempre que possıvel, evitamos confrontos
com pessoas furiosas e desarrazoadas, e tentamos conti-
nuar a nossa obra em paz, talvez por voltarmos mais tar-
de quando as coisas estiverem mais calmas.
Eles tinham “uma mentalidade mais nobre”
(Atos 17:10-15)
15Por segurança, Paulo e Silas foram enviados a Bereia,
´ ´
a aproximadamente 65 quilometros de Tessalonica. Quan-
´ `
do chegaram la, Paulo foi a sinagoga e falou com as pes-
soas que estavam ali reunidas. Que bom encontrar uma
ˆ
assistencia recetiva! Lucas escreveu que os judeus de Be-
reia “tinham uma mentalidade mais nobre do que os de
´
Tessalonica, pois aceitaram a palavra com vivo interesse,
´ `
15. Como e que os bereanos reagiram as boas novas?
ˆ
270 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
e examinavam cuidadosamente as Escrituras, todos os
dias, para ver se tudo o que tinham ouvido era realmen-
´
te assim”. (Atos 17:10, 11) Sera que estas palavras que-
´
riam dizer que as pessoas em Tessalonica que aceitaram
a verdade eram inferiores? De forma alguma. Mais tar-
de, Paulo escreveu-lhes: “Agradecemos a Deus incessan-
temente, porque, quando receberam a palavra de Deus,
´ ˜
que ouviram de nos, aceitaram-na nao como a palavra de
´
homens, mas pelo que ela realmente e, a palavra de Deus,
´ ˆ
que tamb em atua em voces, crentes.” (1 Tes. 2:13) Mas o
que fazia com que esses judeus em Bereia fossem de men-
˜
talidade tao nobre?
16 Os bereanos ouviram algo totalmente novo, mas nao ˜
´
ficaram desconfiados nem foram crıticos. Ao mesmo
´ ˜ ´
tempo, tamb em nao foram ingenuos. Primeiro, ouviram
˜
com atençao o que Paulo tinha a dizer. Depois, verifica-
ram nas Escrituras o que Paulo lhes tinha explicado. Es-
˜
tudaram diligentemente a Palavra de Deus nao apenas
´
aos sabados, mas todos os dias. E fizeram isso com “vivo
`
interesse”, dedicando-se a entender as Escrituras a luz da-
quele novo ensino. Por fim, mostraram que eram hu-
mildes o suficiente para fazerem mudanças, visto que
´
16. Porque e que os bereanos foram apropriadamente descritos como
pessoas de ‘mentalidade nobre’?
PAULO ‘RACIOCINOU COM ELES, USANDO AS ESCRITURAS’ 271
˜ ´
“muitos deles tornaram-se crentes”. (Atos 17:12) Nao e
de admirar que Lucas os descreva como pessoas de ‘men-
talidade nobre’.
˜
17 Os bereanos nao faziam ideia de que o registo da sua
˜ `
reaçao as boas novas seria preservado na Palavra de Deus
como um excelente exemplo de ‘mentalidade nobre’ e es-
piritual. Eles fizeram exatamente o que Paulo esperava e
´ ´ ´
o que Jeova Deus queria que fizessem. Nos tambem in-
´
centivamos as pessoas a agirem assim: examinar a Bıblia
˜ ´
com atençao para que adquiram uma fe baseada firme-
mente na Palavra de Deus. No entanto, depois de nos tor-
˜ ´ ´ ˜
narmos cristaos, sera que ja nao precisamos de ter uma
´
mentalidade nobre? Pelo contrario, torna-se ainda mais
´
importante ter o forte desejo de aprender acerca de Jeova
e aplicar prontamente os seus ensinos. Assim, permitimos
´
que Jeova nos molde e nos treine de acordo com a sua
vontade. (Isa. 64:8) Dessa forma, continuaremos a agradar
ao nosso Pai celestial, sendo produtivos no seu serviço.
˜
18 Paulo nao ficou muito tempo em Bereia. Lemos:
´ ´
17. Porque e elogiavel o exemplo dos bereanos, e como podemos conti-
´ ´
nuar a imitar esse exemplo, mesmo depois de servir a Jeova ha muito
tempo?
´
18, 19. (a) Porque e que Paulo deixou Bereia, mas como demonstrou
´
perseverança digna de ser imitada? (b) A quem e que Paulo pregaria a
seguir, e onde?
ˆ
272 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
´
“Quando os judeus de Tessalonica souberam que Paulo es-
´
tava a proclamar a palavra de Deus tambem em Bereia,
´ ˜
foram para la a fim de provocar e agitar as multidoes. En-
˜ ˜
tao, os irmaos mandaram Paulo imediatamente embora,
´
para o mar; mas Silas e Timoteo ficaram por ali. Os que
´
acompanhavam Paulo, no entanto, levaram-no ate Atenas
˜
e depois partiram, incumbidos de transmitir instruçoes
´
para que Silas e Timoteo fossem ao encontro de Paulo o
´
mais rapidamente possıvel.” (Atos 17:13-15) Aqueles ini-
migos das boas novas eram muito persistentes. Como se
˜ ´
nao bastasse terem expulsado Paulo de Tessalonica, viaja-
´
ram ate Bereia e tentaram causar ali o mesmo tipo de pro-
˜ ´
blema, mas foi tudo em vao. Paulo sabia que o seu territo-
rio era extenso, por isso, simplesmente foi pregar noutro
´ ´ ´
sıtio. Que nos tambem estejamos decididos a frustrar os
˜
esforços daqueles que querem parar a obra de pregaçao!
19 Por ter dado testemunho cabal aos judeus em Tessa-
´
lonica e em Bereia, Paulo certamente aprendeu muito so-
ˆ
bre a importancia de dar testemunho com coragem e de
` ´ ´
raciocinar a base das Escrituras. Nos tambem aprende-
ˆ
mos. Mas, agora, Paulo pregaria a uma assistencia dife-
rente: os gentios de Atenas. Como correriam as coisas nes-
´ ´
sa cidade? Veremos isso no proximo capıtulo.
PAULO ‘RACIOCINOU COM ELES, USANDO AS ESCRITURAS’ 273
´
CAPITULO 18


Incentivo para ‘buscar a Deus


e realmente o encontrar’
Paulo estabelece uma base de comum acordo
com os seus ouvintes e adapta-se a eles
Baseado em Atos 17:16-34
´ ´ ´
PAULO esta muito perturbado. Ele esta em Atenas, Gre-
˜ ´ ˜ ´
cia, o centro de erudiçao onde S ocrates, Platao e Aristo-
´
teles ensinaram. Atenas e uma cidade muito religiosa.
´
Em todo o lado – nos templos, nas praças publicas e nas
ˆ ´ ´
ruas – Paulo ve inumeros ıdolos, pois os atenienses ado-
˜ ´
ram um panteao de deuses. Paulo sabe o que Jeova, o
ˆ
Deus verdadeiro, pensa a respeito da idolatria. (Exo.
´
20:4, 5) Este fiel ap ostolo tem o mesmo ponto de vista
´ ˜ ´
de Jeova – tem aversao a ıdolos.
2 Quando entra na agora,´ ˆ
ou praça principal, Paulo ve
algo que o deixa escandalizado. Ao longo do canto no-
´
roeste da praça, perto da entrada principal, ha uma fila
´ ´ ´
com um grande numero de estatuas falicas do deus Her-
´ ´ ´
mes. A praça esta cheia de santuarios. Como e que este
´ ´ ˜
1-3. (a) Porque e que o ap ostolo Paulo ficou tao perturbado ao chegar
a Atenas? (b) O que podemos aprender ao estudar o exemplo de Paulo?
ˆ
274 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
´
ap ostolo zeloso vai pregar nesta cidade cheia de idola-
´ ˜ ´
tria? Conseguira reprimir a sua aversao aos ıdolos e
encontrar uma base de comum acordo com os seus
´ ´
ouvintes? Conseguira ajudar alguem a buscar o Deus
verdadeiro e a realmente o encontrar?
3O discurso de Paulo aos homens cultos de Atenas,
´
conforme registado em Atos 17:22-31, e um modelo
ˆ
de eloquencia, tato e discernimento. Por estudarmos o
exemplo de Paulo, podemos aprender muito sobre como
estabelecer uma base de comum acordo com os nossos
´
ouvintes e, assim, ajuda-los a raciocinar.
Paulo ensina “na praça principal” (Atos 17:16-21)
4 Paulo visitou Atenas por volta do ano 50 EC, duran-
´
te a sua segunda viagem missionaria.1 Enquanto espera-
´
va que Silas e Timoteo chegassem de Bereia, Paulo “co-
meçou a raciocinar na sinagoga com os judeus”, como
´
era seu costume. Tamb em encontrou um local onde po-
˜
dia falar com os atenienses nao judeus – “na praça prin-
´
cipal”, ou agora. (Atos 17:17) Localizada a noroeste da
´ ´
Acropole, a agora de Atenas tinha aproximadamente
´
1 Veja o quadro “Atenas – capital cultural do mundo antigo”, na p a-
gina 276.
´ ˜ ´
4, 5. Onde e que Paulo pregou em Atenas, e porque nao seria nada fa-
cil convencer as pessoas ali?
INCENTIVO PARA ‘BUSCAR A DEUS E REALMENTE O ENCONTRAR’ 275
ATENAS – CAPITAL CULTURAL
DO MUNDO ANTIGO


´ ´
A Acropole de Atenas ja era uma cidadela fortificada
´
muito antes de a historia de Atenas começar a ser regis-
´ ´
tada no setimo seculo ´ AEC. Atenas tornou-se a principal
´
cidade do distrito da Atica e dominava uma area de mais
´
ou menos 2500 quilometros quadrados cercada por mon-
tanhas e pelo mar. O nome da cidade parece estar rela-
cionado com o nome Atena, a deusa padroeira da cidade.
´ ´
No sexto seculo AEC, Solon, um legislador ateniense,
´ ´ ´
reformou os sistemas social, polıtico, jurıdico e econo-
mico da cidade. Ele melhorou a qualidade de vida dos
´
pobres e estabeleceu a base para um governo democra-
tico. Mas tratava-se de uma democracia apenas para as
˜
pessoas livres, e grande parte da populaçao da cidade era
composta de escravos.
´ ´ ´
Ap os as vitorias gregas sobre os persas no quinto se-
culo AEC, Atenas tornou-se a capital de um pequeno im-
´ ´ ´ ´
p erio em que o comercio marıtimo ia desde a Italia e a
´ ´ ´
Sicılia a oeste ate Chipre e a Sıria a leste. No auge do seu
esplendor, Atenas era o centro cultural do mundo anti-
´
go, destacando-se nas artes plasticas, no teatro, na filoso-
´ ˆ ´ ´
fia, na retorica e nas ciencias. Muitos edifıcios publicos
e templos adornavam a cidade. A sua paisagem era do-
´
minada pela Acropole, um monte imponente onde se lo-
´ ´
calizava o Partenon, templo onde ficava uma estatua de
12 metros de altura, feita de ouro e de marfim, da deusa
Atena.
ˆ
276 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
´
Atenas foi conquistada varias vezes: primeiro pelos es-
´
partanos, depois pelos macedonios e, por fim, pelos ro-
manos, que saquearam as riquezas da cidade. Mesmo as-
´ ´
sim, na epoca do ap ostolo Paulo, Atenas ainda tinha
´
prestıgio por causa do seu passado glorioso. Na verdade,
´
a cidade nunca foi incorporada em nenhuma provıncia
´
romana. Ela tinha autonomia jurıdica sobre os seus ci-
˜ ˜
dadaos e isençao de impostos romanos. Apesar das suas
´
maiores glorias terem ficado no passado, Atenas conti-
´
nuou a ser uma cidade universitaria para onde os ricos
enviavam os filhos para estudar.

250 metros de comprimento por 200 metros de largura.


´
A agora era muito mais do que um local de compras e
vendas; era a praça principal da cidade. Segundo uma
ˆ ´ ´
obra de referencia, era “o centro economico, polıtico e
cultural da cidade”. Os atenienses gostavam muito de se
´
reunir ali para participarem em debates filosoficos.
´
5 Paulo enfrentou um publico ´ ´
difıcil na agora. Entre
essas pessoas estavam os epicureus e os estoicos, mem-
bros de escolas rivais de filosofia.1 Os epicureus acredi-
tavam que a vida surgiu por acaso. O seu conceito a res-
˜ ´ ˜
peito da vida resumia-se ao seguinte: “Nao ha razao para
˜ ´ ´ ´
temer a Deus; nao ha dor na morte; o bem e alcançavel;
´
1 Veja o quadro “Os epicureus e os estoicos”, na p agina 278.
INCENTIVO PARA ‘BUSCAR A DEUS E REALMENTE O ENCONTRAR’ 277
OS EPICUREUS E OS ESTOICOS


Os epicureus e os estoicos eram seguidores de duas es-


colas diferentes de filosofia. Nenhum dos dois grupos
˜
acreditava numa ressurreiçao.
ˆ
Apesar de crerem na existencia de deuses, os epicureus
˜
achavam que os deuses nao estavam interessados nos hu-
˜
manos. Por isso, acreditavam que os deuses nao re-
compensariam nem puniriam os homens e, portanto,
˜ ´ ´
oraçoes e sacrifıcios eram inuteis. Os epicureus acredi-
tavam que o bem supremo na vida era o prazer. A falta
´
de princıpios de moral caracterizava o seu modo de pen-
˜
sar e as suas açoes. No entanto, incentivavam a mode-
˜ ˜ ´ ˆ
raçao porque servia de proteçao das mas consequencias
dos excessos. Afirmavam que o objetivo de adquirir co-
˜
nhecimento era apenas livrar-se de medos e superstiçoes
religiosas.
Os estoicos, por outro lado, acreditavam que todas
as coisas faziam parte de uma deidade impessoal e que
a alma humana emanava de tal fonte. Alguns estoicos
´
acreditavam que a alma um dia seria destruıda junta-
mente com o Universo. Outros acreditavam que a alma
seria, por fim, reabsorvida por essa deidade. De acordo
´
com filosofos estoicos, para se conseguir ser feliz era ne-
´
cessario seguir as leis da natureza.

´ ´ ˆ ` ˜
o mal e suportavel.” Os estoicos davam enfase a razao e
` ´ ˜
a logica e nao acreditavam que Deus fosse uma Pessoa.
Nem os epicureus nem os estoicos acreditavam na res-
ˆ
278 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
˜ ´
surreiçao conforme os discıpulos de Cristo ensinavam.
´
Evidentemente, os conceitos filosoficos desses dois gru-
´
pos eram incompatıveis com as elevadas verdades do ver-
dadeiro cristianismo, sobre o qual Paulo pregava.
6 Como e´ que os filosofos
´
gregos reagiram ao ensino
de Paulo? Alguns usaram uma palavra que significa “ta-
garela” ou “apanhador de sementes” para se referir a ele.
(Veja a nota de estudo em Atos 17:18, nwtsty.) Sobre essa
palavra grega, certo erudito disse: “A palavra original-
´
mente referia-se a um p assaro pequeno que apanhava se-
mentes. Mais tarde, passou a ser aplicada a pessoas que
apanhavam as sobras de alimentos e de outras coisas sem
valor na praça. Depois disso, passou a referir-se, em sen-
tido figurado, a pessoas que apenas repetiam partes de
˜
informaçoes que tinham ouvido, sem realmente as enten-
´
der.” Por outras palavras, aqueles homens instruıdos es-
tavam a dizer que Paulo era um plagiador ignorante.
˜
Mas, conforme veremos, Paulo nao se deixou intimidar
´
por esses rotulos depreciativos.
7 Hoje n ao ˜ ´
e diferente. C omo Testemunhas de
´
Jeova, temos sido frequentemente rotulados de modo
´ ´
6, 7. Como e que alguns filosofos gregos reagiram ao ensino de Paulo,
˜ ´ `
e que reaçao similar e que as vezes encontramos hoje?
INCENTIVO PARA ‘BUSCAR A DEUS E REALMENTE O ENCONTRAR’ 279
depreciativo por causa das nossas crenças baseadas na
´
Bıblia. Por exemplo, alguns educadores ensinam que a
˜ ´ ´
evoluçao e um facto e que quem e inteligente aceita isso
˜ ´
sem contestar. Por outras palavras, eles p oem o rotulo
de ignorantes aos que se recusam a acreditar nessa teo-
´
ria. Esses homens instruıdos querem fazer as pessoas
´
acreditar que nos somos ‘apanhadores de sementes’ pelo
´
facto de apresentarmos o que a Bıblia diz e mostrarmos
ˆ ´ ˜
evidencias de projetos na natureza. Mas nos nao nos dei-
xamos intimidar por essa atitude. Em vez disso, falamos
˜
com convicçao quando defendemos a nossa crença de
´
que a vida na Terra e resultado do trabalho de um Pro-
´
jetista inteligente, Jeova Deus. — Apo. 4:11.
8Outros que ouviram Paulo na praça principal tiveram
˜
uma reaçao diferente. Diziam: “Ele parece ser um pre-
´
gador de divindades estrangeiras.” (Atos 17:18) Sera que
Paulo estava mesmo a apresentar novos deuses aos ate-
´
nienses? Este era um assunto serio, pois lembrava uma
˜ ´
das acusaçoes pelas quais S ocrates tinha sido julgado e
` ´ ˜ ´
condenado a morte seculos antes. Nao e de admirar que
´
Paulo tenha sido levado ao Areopago para explicar os
´ ` ˜
8. (a) Como e que alguns reagiram a pregaçao de Paulo? (b) Quando a
´ ´ ´
Bıblia diz que Paulo foi levado ao Are opago, o que e que isso talvez sig-
´
nifique? (Veja a nota na pagina 281.)
ˆ
280 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
´
ensinos que pareciam estranhos aos atenienses.1 Como e
que Paulo defenderia a sua mensagem perante pessoas
˜
que nao tinham nenhum conhecimento das Escrituras?
“Homens de Atenas, vejo” (Atos 17:22, 23)
9 Lembre-se de que Paulo estava muito perturbado
com tanta idolatria. Mas, em vez de fazer um ataque des-
˜ ´
controlado contra a adoraçao de ıdolos, ele manteve a
calma. Com muito tato, Paulo procurou convencer os
seus ouvintes por estabelecer uma base de comum acor-
do. Ele começou por dizer: “Homens de Atenas, vejo que
`
em todas as coisas parecem ter mais temor as divinda-
des do que os outros.” (Atos 17:22) De certa forma, Pau-
ˆ ˜
lo estava a dizer: ‘Vejo que voces sao muito religiosos.’
Desse modo, Paulo sabiamente elogiou-os por terem in-
˜ ˜
clinaçao espiritual. Ele reconhecia que alguns que estao
˜
cegos por crenças falsas talvez tenham um bom coraçao.
´ ´
1 Localizado a noroeste da Acropole, o Are opago era uma colina
que servia como local onde o conselho principal de Atenas costuma-
´
va reunir-se. O termo “Are opago” pode referir-se tanto ao conselho
` ´ ´ ˜
principal como a propria colina. Assim, ha diferentes opinioes entre
os estudiosos quanto a se Paulo foi levado para essa colina ou para
˜
ali perto, ou se foi levado para uma reuniao do conselho noutro lu-
´
gar, talvez na agora.
´
9-11. (a) Como e que Paulo procurou estabelecer uma base de comum
acordo com os seus ouvintes? (b) Como podemos imitar o exemplo de
´
Paulo no nosso ministerio?
INCENTIVO PARA ‘BUSCAR A DEUS E REALMENTE O ENCONTRAR’ 281
´ ´
Afinal, Paulo sabia que ele proprio ja tinha agido “em
ˆ ˜ ´
ignorancia e nao tinha fe”. — 1 Tim. 1:13.
10 Construindo sobre a base que tinha lançado, Paulo
mencionou algo que tinha observado; uma prova concre-
ta da religiosidade dos atenienses – um altar dedicado
“A um Deus Desconhecido”. De acordo com certa fon-
te, “os gregos e outros povos costumavam dedicar alta-
res a ‘deuses desconhecidos’ com medo de ofender algum
˜ ´ ˜
deus que talvez nao tivessem incluıdo na sua adoraçao”.
Por meio desse altar, os atenienses reconheciam a exis-
ˆ
tencia de um Deus que lhes era desconhecido. Paulo
usou o facto de haver ali esse altar como ponto de par-
tida para falar das boas novas. Ele explicou: “Esse que
ˆ ´
voces adoram sem conhecer e precisamente aquele que
eu vos estou a proclamar.” (Atos 17:23) O argumento de
˜
Paulo era subtil, mas poderoso. Ele nao estava a pregar
um deus novo ou ‘estrangeiro’, como alguns o acusaram.
˜
Ele estava a ensinar sobre o Deus que eles nao conhe-
ciam – o Deus verdadeiro.
11Como podemos imitar o exemplo de Paulo no nos-
´
so ministerio? Se formos atentos, talvez observemos ob-
´ `
jetos religiosos que uma pessoa esta a usar ou tem a
´
mostra na sua casa ou jardim, indicando que ela e reli-
ˆ
282 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
´
giosa. Talvez possamos dizer: “Vejo que e uma pessoa re-
˜
ligiosa. Gosto de falar com pessoas que dao valor a as-
suntos espirituais.” Por usarmos de tato e levarmos em
conta os sentimentos religiosos da pessoa, podemos lan-
çar uma base de comum acordo sobre a qual construir.
˜
Lembre-se de que nao temos o objetivo de prejulgar ou-
˜
tros com base nas suas crenças. Entre os nossos irmaos
´
ha muitos que no passado acreditavam sinceramente nos
˜
ensinos da religiao falsa.
˜ ´ ´
Deus ‘nao esta longe de cada um de nos’
(Atos 17:24-28)
Paulo tinha lançado uma base de comum acordo,
12

´
mas sera que conseguiria continuar a construir sobre
ela ao dar testemunho? Como sabia que os seus ouvin-
´ ˜
tes eram instruıdos na filosofia grega e nao conheciam
as Escrituras, ele adaptou de diversas maneiras a sua
´
forma de pregar. Primeiro, apresentou ensinos bıblicos
sem citar diretamente as Escrituras. Segundo, incluiu-
˜ `
-se nas suas declaraç oes por, as vezes, usar as palavras
´ ˜
“nos” e “nos”, mostrando assim que nao era diferente
˜
dos seus ouvintes. Terceiro, fez citaç oes da literatura
´
grega para mostrar que os seus proprios escritores
´
12. Como e que Paulo adaptou a sua forma de pregar aos seus ouvintes?
INCENTIVO PARA ‘BUSCAR A DEUS E REALMENTE O ENCONTRAR’ 283
tinham dito o mesmo que ele. Examinemos agora o po-
´
deroso discurso de Paulo. Que verdades importantes e
que ele transmitiu a respeito do Deus que os atenien-
˜
ses nao conheciam?
13Deus criou o Universo. Paulo disse: “O Deus que fez o
´ ´
mundo e tudo o que nele ha, sendo Ele Senhor do ceu e
˜ ˜
da terra, nao mora em templos feitos por maos huma-
˜
nas.”1 (Atos 17:24) O Universo nao surgiu por acaso.
´
O Deus verdadeiro e o Criador de todas as coisas. (Sal.
146:6) Diferentemente de Atena ou das outras divindades
´ ´
cuja gloria dependia de templos, santuarios e altares, ne-
˜
nhum templo feito por maos humanas pode conter o So-
´
berano Senhor do ceu e da Terra. (1 Reis 8:27) A men-
´
sagem de Paulo era clara: o Deus verdadeiro e maior do
´
que quaisquer ıdolos ou templos feitos pelo homem.
— Isa. 40:18-26.
˜ ´
14 Deus nao depende de humanos. Os idolatras costuma-
vam vestir as suas imagens com roupas ostentosas, da-
´ ´
1 A palavra grega traduzida como “mundo”
´ e kosmos, que os gregos
´ ˜
usavam para se referir ao Universo. E possıvel que nessa ocasiao
Paulo, que estava a tentar manter uma base de comum acordo com
os seus ouvintes gregos, tenha usado o termo nesse sentido.
´
13. O que e que Paulo explicou a respeito da origem do Universo, e que
mensagem transmitiram as suas palavras?
´ ˜
14. Como e que Paulo mostrou que Deus nao depende dos humanos?
ˆ
284 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
vam-lhes presentes caros ou alimentos e bebidas – como
´ ´
se os ıdolos precisassem dessas coisas. No entanto, e pro-
´ ´
vavel que alguns dos filosofos gregos que assistiam ao
˜
discurso de Paulo acreditassem que um deus nao preci-
´
sava de nada dos humanos. Nesse caso, eles sem duvida
˜
concordaram com as palavras de Paulo de que Deus nao
˜
“precisa de ser servido por maos humanas, como se lhe
˜ ´
faltasse algo”. Realmente, nao ha nada material que os
´
humanos possam dar ao Criador. Na realidade, e Deus
´ ˆ
quem da aos humanos o que eles precisam – “vida, fole-
go e todas as coisas”, incluindo o sol, a chuva e o solo
´
produtivo. (Atos 17:25; Gen. 2:7) Por isso, Deus, Aquele
´ ˜
que da todas as coisas, nao depende dos humanos, os que
´
se beneficiam das suas dadivas.
15Deus criou o homem. Os atenienses acreditavam que
˜
eram superiores a quem nao era grego. Mas o naciona-
˜ ´
lismo e o orgulho racial vao contra a verdade bıblica.
(Deut. 10:17) Paulo abordou esse assunto delicado com
´
tato e habilidade. Ele referia-se ao relato de Genesis so-
˜
bre Adao, o pai da raça humana, quando disse: “[Deus]
´ ˜
fez de um so homem todas as naçoes dos homens.” (Atos
´ ˜
15. Como e que Paulo abordou a questao de os atenienses se considera-
˜
rem superiores aos que nao eram gregos, e o que podemos aprender desse
exemplo?
INCENTIVO PARA ‘BUSCAR A DEUS E REALMENTE O ENCONTRAR’ 285
´
17:26; Gen. 1:26-28) As suas palavras, com certeza, dei-
´ ´ ˜
xaram os seus ouvintes a pensar, e e impossıvel que nao
ˆ
entendessem o ponto: visto que todos os humanos vem
do mesmo antepassado, nenhuma raça ou nacionalidade
´ ˜
e superior a outra. Aprendemos uma importante liçao
´
deste exemplo. Embora queiramos ter tato e ser razoa-
˜ ´
veis ao dar testemunho, nao diluımos a força da verda-
´ ´
de bıblica apenas para ser mais facil de outros a aceita-
rem.
Deus quer que as pessoas se aproximem dele. Mesmo
16

´
que os filosofos presentes no discurso de Paulo tenham
tentado durante muito tempo, eles nunca conseguiram
ˆ
explicar satisfatoriamente o objetivo da existencia huma-
´
na. Mas Paulo revelou aos atenienses o prop osito do
˜
Criador em relaçao aos humanos ao dizer que Deus
criou os homens para que “buscassem a Deus, que ta-
`
teassem a sua procura e realmente o encontrassem, em-
˜
bora, na verdade, ele nao esteja longe de cada um de
´
nos”. (Atos 17:27) O Deus que era desconhecido pelos
˜ ´ ´
atenienses nao e de forma alguma impossıvel de conhe-
´ ˜ ´
cer. Ao contrario, ele nao esta longe daqueles que real-
´
mente querem encontra-lo e aprender sobre ele. (Sal.
´ ´ ˜
16. Qual e o prop osito do Criador em relaçao aos humanos?
ˆ
286 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
´
145:18) Note que Paulo usou a palavra “nos”, incluindo-
´
-se a si proprio entre aqueles que precisavam de ‘buscar’
a Deus e ‘tatear’ por ele.
´
17Os humanos devem sentir-se atraıdos a Deus. Paulo dis-
´
se que, por causa de Deus, nos “temos vida, movemo-nos
e existimos”. Alguns eruditos dizem que Paulo estava a
` ´
referir-se as palavras de Epimenides, um poeta da ilha
´
de Creta que viveu no sexto seculo AEC e que era “uma
˜
personagem importante na tradiçao religiosa de Atenas”.
˜
Paulo deu outra razao pela qual os humanos deveriam
´
sentir-se atraıdos a Deus: “Alguns dos vossos poetas [dis-
´ ´
seram]: ‘Pois nos tamb em somos filhos dele.’” (Atos
ˆ ´
17:28) Os humanos devem sentir que tem um vınculo
com Deus, pois ele criou o homem de quem todos os
humanos descenderam. Para tornar a mensagem mais
` ˆ
atraente a assistencia, Paulo sabiamente citou partes de
´
escritos gregos que os seus ouvintes sem duvida respei-
tavam.1 Em harmonia com o exemplo de Paulo, de
´
1 Paulo citou um excerto do poema Fenomenos, um poema sobre as-
tronomia escrito pelo poeta estoico Arato. Outras obras de literatura
grega, incluindo o Hino a Zeus, do poeta estoico Cleanto, usam uma
fraseologia similar.
´ ´
17, 18. Porque e que os humanos devem sentir-se atraıdos a Deus, e o
que podemos aprender da forma como Paulo tornou a mensagem mais
` ˆ
atraente a sua assistencia?
INCENTIVO PARA ‘BUSCAR A DEUS E REALMENTE O ENCONTRAR’ 287
˜ ˆ
vez em quando, podemos fazer citaçoes de referencias
´ ´
historicas como enciclop edias ou outras obras conheci-
˜
das. Por exemplo, uma citaçao apropriada de uma fonte
´ ˜ ´
respeitada talvez ajude alguem que nao e Testemunha de
´ ˜ ´
Jeova a convencer-se da origem paga de certas praticas
˜
ou costumes da religiao falsa.
18 Ate´ este ponto do seu discurso, Paulo transmitiu ver-

dades importantes sobre Deus, adaptando com habilida-


` ˆ ´ ´
de as suas palavras a sua assistencia. O que e que o ap os-
tolo queria que os seus ouvintes atenienses fizessem com
˜
estas informaçoes vitais? Logo de seguida, ele mostrou
isso na continuidade do seu discurso.
´
E da vontade de Deus que ‘todos, em toda a parte,
se arrependam’ (Atos 17:29-31)
19Paulo estava pronto para incentivar os seus ouvintes
`
a agir. Referindo-se novamente as obras de literatura gre-
ga, ele disse: “Portanto, visto que somos filhos de Deus,
˜ ´
nao devemos pensar que o Ser Divino e semelhante a
ouro, prata ou pedra, como algo esculpido pela arte e
˜
imaginaçao do homem.” (Atos 17:29) De facto, se os hu-
˜ ´
manos foram criados por Deus, entao como e que Deus
´ ˜ ´
19, 20. (a) Como e que Paulo usou de tato ao mostrar quao absurdo e
´ ´
adorar ıdolos feitos pelos homens? (b) O que e que os ouvintes de Pau-
lo precisavam de fazer?
ˆ
288 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
´ ˜
poderia assumir a forma de ıdolos, que sao criados por
˜
homens? O argumento subtil de Paulo mostrou quao ab-
´ ´
surdo e adorar ıdolos feitos pelo homem. (Sal. 115:4-8;
´ ˜
Isa. 44:9-20) Ao dizer “[nos] nao devemos”, Paulo, de cer-
˜
ta forma, tornou a sua repreensao menos dolorosa.
´
20 O ap ostolo deixou claro que eles precisavam de agir:
˜ ˆ
“Deus nao levou em conta os tempos de tal ignorancia;
´
mas agora ele esta a dizer a todos, em toda a parte, que
se arrependam.” (Atos 17:30) Alguns dos ouvintes talvez
tenham ficado chocados ao ouvir que deveriam arrepen-
der-se. Mas o poderoso discurso de Paulo mostrou cla-
ramente que eles deviam a vida a Deus e que, por isso,
tinham de Lhe prestar contas. Os atenienses precisavam
de buscar a Deus, aprender a verdade sobre ele e harmo-
nizar toda a sua vida com essa verdade. Para os atenien-
´
ses isso significava reconhecer que a idolatria e um pe-
´
cado e deixar de pratica-la.
21 Paulo terminou o seu discurso com palavras podero-
sas: “[Deus] determinou um dia em que vai julgar a ter-
ra habitada com justiça, por meio de um homem a quem
designou. E ele deu garantia disso a todos os homens por
´
21, 22. Com que palavras e que Paulo terminou o seu discurso, e o que
´
significam para nos?
INCENTIVO PARA ‘BUSCAR A DEUS E REALMENTE O ENCONTRAR’ 289
´ ´
ressuscita-lo dentre os mortos.” (Atos 17:31) Sem duvi-
´ ´
da, um futuro Dia de Julgamento e um motivo muito se-
rio para buscar o Deus verdadeiro e o encontrar! Paulo
˜
nao mencionou o nome do Juiz designado. Em vez dis-
so, Paulo disse algo surpreendente sobre esse Juiz: tinha
vivido como homem, morrido e sido ressuscitado por
Deus!
˜ ´
22Esta conclusao motivadora e cheia de significado
´ ´
para nos. Sabemos que o Juiz designado por Deus e o
˜ ´
ressuscitado Jesus Cristo. (Joao 5:22) Tamb em sabemos
´
que o Dia do Julgamento durara mil anos e que se apro-
˜
xima rapidamente. (Apo. 20:4, 6) Nao temos medo do
´
Dia do Julgamento, pois entendemos que trara indescri-
´ ˆ ˜ ´
tıveis b ençaos aos que forem julgados fieis. E o futuro
´
glorioso que esperamos e garantido pelo maior dos mi-
˜
lagres: a ressurreiçao de Jesus Cristo.
“Alguns [...] tornaram-se crentes”
(Atos 17:32-34)
˜
23 O discurso de Paulo provocou diferentes reaçoes.
“Alguns começaram a gozar” quando ouviram falar de
˜ ˜
uma ressurreiçao. Outros foram educados, mas nao to-
˜
maram uma posiçao. Disseram: “Voltaremos a ouvir-te
˜ ´
23. Que diferentes reaçoes e que o discurso de Paulo provocou?
ˆ
290 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
falar sobre isto.” (Atos 17:32) Mas houve os que reagi-
ram favoravelmente: “Alguns juntaram-se a ele e torna-
´
ram-se crentes. Entre eles, estava Dionısio, que era juiz
´ ˆ
do tribunal do Areopago, uma mulher chamada Dama-
´ ˜
ris, alem de outros.” (Atos 17:34) Encontramos reaçoes
´
similares no nosso ministerio. Algumas pessoas talvez
˜
gozem connosco, ao passo que outras sao educadas, mas
indiferentes. No entanto, ficamos muito felizes quando
alguns aceitam a mensagem do Reino e se tornam cris-
˜
taos.
24 Refletir no discurso de Paulo ensina-nos muitas coi-
˜ ´
sas: como fazermos apresentaçoes logicas e convincentes;
` ˆ
como nos adaptarmos a assistencia; a necessidade de ser-
˜
mos pacientes e de usar de tato com aqueles que estao
˜ ˆ
cegos pela religiao falsa; e a importancia de nunca diluir
´
a verdade bıblica apenas para agradar aos ouvintes. Por
´
imitarmos o exemplo do ap ostolo Paulo, podemos tor-
´
nar-nos instrutores mais eficientes no ministerio. E os
superintendentes, por sua vez, podem tornar-se instruto-
˜
res mais bem qualificados na congregaçao. Assim, esta-
remos bem equipados para ajudar outros a ‘buscar a
Deus e realmente o encontrar’. — Atos 17:27.
´
24. O que podemos aprender do discurso que Paulo fez no Are opago?

INCENTIVO PARA ‘BUSCAR A DEUS E REALMENTE O ENCONTRAR’ 291


´
CAPITULO 19


“Persiste em falar
˜
e nao fiques calado”
Paulo trabalha para se sustentar,
´ ´
mas da prioridade ao ministerio
Baseado em Atos 18:1-22
´ ´
O ANO de 50 EC esta quase a terminar. O ap ostolo Pau-
´ ´ ´
lo esta em Corinto, um rico centro de negocios onde ha
˜
uma grande populaçao de gregos, romanos e judeus.1
˜ ´
Paulo nao esta ali para comprar ou vender mercadorias
´
nem para procurar trabalho. Ele esta em Corinto por
um motivo muito mais nobre: dar testemunho sobre o
Reino de Deus. Ao mesmo tempo, Paulo precisa de um
´ ˜
lugar para ficar e esta decidido a nao ser uma carga em
˜
sentido financeiro para outros. Nao quer que pensem
´ ` ´
que ele esta a viver a custa da palavra de Deus. O que e
que ele vai fazer?
˜ ´
Paulo tem uma profissao – fabricar tendas. Como e
2

˜ ´ ´ ´
um trabalho braçal, nao e facil, mas Paulo esta dispos-
´
1 Veja o quadro “Corinto – senhora de dois mares”, na p agina 294.
´ ´
1-3. Porque e que o ap ostolo Paulo foi a Corinto, e que desafios enfren-
ta ali?
ˆ
292 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
´
to a fazer isso para se sustentar. Sera que ele vai encon-
´
trar trabalho nesta cidade movimentada? Encontrara um
lugar adequado para ficar? Apesar dos desafios, Paulo
˜ ´
nao perde de vista o seu trabalho principal, o ministerio.
3Paulo acabou por ficar bastante tempo em Corinto,
´
e o seu ministerio ali deu muitos frutos. Vamos exami-
nar as atividades de Paulo em Corinto e ver como po-
demos dar um testemunho cabal sobre o Reino de Deus
´
no nosso territorio.
“Eram fabricantes de tendas” (Atos 18:1-4)
Pouco depois de chegar a Corinto, Paulo conheceu
4
´
um casal hospitaleiro – um judeu chamado Aquila, e a
sua esposa, Priscila, ou Prisca. O casal mudou-se para
´
Corinto por causa de um decreto do Imperador Claudio
que tinha ordenado que “todos os judeus deixassem
´
Roma”. (Atos 18:1, 2) Alem de receberem Paulo em sua
´ ´
casa, Aquila e Priscila tamb em o convidaram para tra-
balhar com eles. Lemos: “Visto que tinham a mesma
˜
profissao, [Paulo] ficou na casa deles e trabalhou com
eles, pois eram fabricantes de tendas.” (Atos 18:3) Pau-
lo ficou na casa desse bondoso casal durante o seu
´
4, 5. (a) Onde e que Paulo ficou enquanto esteve em Corinto, e que tra-
´
balho fez para se sustentar? (b) Como e que Paulo talvez tenha aprendido
a fabricar tendas?
˜
“PERSISTE EM FALAR E NAO FIQUES CALADO” 293
CORINTO – SENHORA DE DOIS MARES


A Corinto antiga ficava num istmo, ou estreita faixa


´
de terra, que ligava a Grecia continental a norte com a
´
penınsula do Peloponeso a sul. Esse istmo tinha cerca
´
de 6 quilometros de largura no seu ponto mais estrei-
to, de modo que Corinto tinha dois portos: no golfo de
Corinto ficava o porto de Lecaion, que servia as rotas
´ ´ ´
marıtimas que seguiam para Italia, Sicılia e Espanha, a
´
oeste; no golfo Saronico ficava o porto de Cencreia,
´ que
´
servia as rotas marıtimas do mar Egeu, da Asia Menor,
´
da Sıria e do Egito.
Visto que os fortes ventos no mar no extremo sul do
´
Peloponeso tornavam perigosas as viagens marıtimas,
em geral, os comandantes dos navios de carga preferiam
ancorar num dos dois portos de Corinto, transportar a
´
carga por terra e coloca-la num navio no porto do ou-
´
tro lado do istmo. Barcos leves ate podiam ser puxados
de um lado do istmo para o outro numa plataforma que
passava por cima de uma estrada pavimentada que ia de
˜
mar a mar. Assim, a localizaçao da cidade permitia-lhe
´ ´ ´
dominar o comercio marıtimo de leste a oeste e tamb em
´
o comercio terrestre de norte a sul. A atividade comer-
˜ ´
cial levava a Corinto nao apenas riquezas, mas tamb em
a promiscuidade comum em muitos portos.
´
Nos dias do ap ostolo Paulo, Corinto era a capital da
´
provıncia romana da Acaia e um importante centro ad-
´
ministrativo. A diversidade religiosa da cidade e compro-
˜
vada pela presença de um templo usado para a adoraçao
ˆ
294 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
´ ´
do imperador, santuarios e templos dedicados a varias
´ ´
divindades gregas e egıpcias, alem de uma sinagoga ju-
daica. — Atos 18:4.
˜ ´
As competiçoes atleticas realizadas perto de Corinto
ˆ
a cada dois anos perdiam em importancia apenas para
´
os Jogos Olımpicos. Paulo estava em Corinto quando as
˜
competiçoes de 51 EC foram realizadas. Assim, comen-
´ ´ ´
ta certo dicionario bıblico, “dificilmente e mera coinci-
ˆ
dencia o facto de que a primeira vez que [Paulo] fez alu-
˜ ´
sao ao atletismo tenha sido numa carta aos corıntios”.
— 1 Cor. 9:24-27.

´ ´
ministerio em Corinto. No perıodo em que morou com
eles, Paulo talvez tenha escrito algumas das cartas que,
ˆ ´
mais tarde, se tornaram parte do canon da Bıblia.1
5 Como e´ que Paulo, um homem instruıdo´ ´
“aos p es de
´
Gamaliel”, tamb em sabia fabricar tendas? (Atos 22:3)
´ ˜
Pelos vistos, os judeus do primeiro seculo nao achavam
˜
que ensinar uma profissao aos seus filhos fosse algo que
estivesse abaixo da sua dignidade, mesmo que esses jo-
˜
vens ainda fossem receber educaçao adicional. Paulo era
´ ˜
de Tarso, na Cilıcia, regiao famosa por um tecido cha-
´
mado cilicium, usado para fabricar tendas. Por isso, e
´ ˜
provavel que Paulo tenha aprendido essa profissao ainda
1 Veja
´ o quadro “Cartas inspiradas que forneceram encorajamento”,
na p agina 296.
˜
“PERSISTE EM FALAR E NAO FIQUES CALADO” 295
CARTAS INSPIRADAS QUE FORNECERAM
ENCORAJAMENTO


´
O ap ostolo Paulo ficou em Corinto um ano e meio,
por volta de 50-52 EC, e durante esse tempo escreveu
pelo menos duas cartas que se tornaram parte das Es-
˜
crituras Gregas Cristas – Primeira e Segunda aos Tes-
´
salonicenses. Ele escreveu a sua Carta aos Galatas nes-
´
se mesmo perıodo ou pouco depois.
´
Primeira aos Tessalonicenses e o primeiro dos escritos
´ ´
inspirados de Paulo. O ap ostolo visitou Tessalonica
por volta de 50 EC, durante a sua segunda viagem mis-
´ ˜
sionaria. A congregaçao formada ali enfrentou logo
˜
oposiçao, o que obrigou Paulo e Silas a deixar a ci-
dade. (Atos 17:1-10, 13) Preocupado com o bem-estar
´ ˜
da recem-formada congregaçao, Paulo tentou voltar
´ ´
la duas vezes, mas ‘Satanas bloqueou-lhe o caminho’.
´
Por isso, Paulo enviou Timoteo para consolar e for-
˜
talecer os irmaos. Provavelmente no final de 50 EC,
´
Timoteo voltou a Corinto, levando a Paulo um bom
´ ˜ ´
relatorio da congregaçao em Tessalonica. Depois dis-
so, Paulo escreveu esta carta. — 1 Tes. 2:17–3:7.
Segunda aos Tessalonicenses provavelmente foi escri-
ta pouco depois da primeira carta, talvez em 51 EC.
´
Em ambas as cartas, Timoteo e Silvano (chamado Si-
las no livro de Atos) enviaram cumprimentos junta-
˜ ´ ˆ
mente com Paulo. Nao ha registo de esses tres ho-
mens terem servido juntos novamente depois de Paulo
ˆ
296 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
ter estado em Corinto, o que sugere que esta carta foi
escrita nessa cidade. (Atos 18:5, 18; 1 Tes. 1:1; 2 Tes.
´
1:1) Porque e que Paulo escreveu esta segunda carta?
´
Pelos vistos, ele tinha recebido outras notıcias a res-
˜
peito da congregaçao, talvez por meio da mesma pes-
´
soa que tinha entregado a primeira carta. Essas notı-
˜ ˜
cias motivaram Paulo a nao apenas elogiar os irmaos
´
pelo seu amor e perseverança, mas tamb em a corri-
gir o conceito errado de alguns que achavam que a
´
presença do Senhor estava proxima. — 2 Tes. 1:3-12;
2:1, 2.
´ ´ ´
Na Carta aos Galatas, Paulo da a entender que ja ti-
˜ ´
nha visitado os irmaos na Galacia pelo menos duas
´
vezes. Em 47-48 EC, Paulo e Barnab e visitaram An-
´ ´
tioquia da Pisıdia, Iconio, Listra e Derbe, cidades que
´ ´
ficavam na provıncia romana da Galacia. Em 49 EC,
˜
Paulo visitou novamente essa regiao juntamente com
Silas. (Atos 13:1–14:23; 16:1-6) Paulo escreveu a carta
porque os judaizantes, que chegaram ali pouco depois
˜
de ele ter deixado a regiao, ensinavam que a circunci-
˜ ˆ ` ´ ´
sao e a obediencia a Lei de Moises eram necessarias
˜ ´ ´
para os cristaos. Sem duvida, Paulo escreveu aos´ gala-
tas assim que ouviu falar desses ensinos falsos. E pos-
´
sıvel que ele tenha escrito esta carta enquanto esteve ´
´
em Corinto, mas tamb em a pode ter escrito em Efe-
so, durante uma breve escala na sua viagem de volta
´ ´
a Antioquia da Sıria, ou na propria Antioquia quan-
´
do chegou la. — Atos 18:18-23.
˜
“PERSISTE EM FALAR E NAO FIQUES CALADO” 297
˜
jovem. O que estava envolvido na fabricaçao de tendas?
Esse trabalho podia envolver tecer o pano da tenda ou
´
cortar e costurar o tecido grosso e rustico com que se
fabricavam as tendas. Seja como for, era um trabalho
muito duro.
˜
6 Paulo nao ˜
considerava a fabricaçao de tendas a sua
˜
vocaçao, ou carreira. Ele trabalhava nisso apenas para
´
se sustentar enquanto realizava o seu ministerio, decla-
rando as boas novas “sem custo”. (2 Cor. 11:7) E como
´ ´ ˜
e que Aquila e Priscila encaravam a profissao que ti-
˜ ´
nham? Por serem cristaos, sem duvida, tinham o mesmo
ponto de vista de Paulo. De facto, quando Paulo deixou
´
Corinto em 52 EC, Aquila e Priscila deixaram a casa e
´
o trabalho e foram com ele para Efeso, onde a sua casa
˜
passou a ser usada como local de reuniao da congrega-
˜
çao ali. (1 Cor. 16:19) Mais tarde, eles voltaram para
´
Roma e, depois, foram novamente para Efeso. Esse ca-
sal zeloso colocava os interesses do Reino em primeiro
˜
lugar e, de coraçao, dava de si mesmo para servir os ou-
˜
tros, ganhando assim a gratidao de “todas as congrega-
˜ ˜
çoes das naçoes”. — Rom. 16:3-5; 2 Tim. 4:19.
´ ˜
6, 7. (a) Como
´ e que Paulo encarava a fabricaçao de tendas, e o que in-
dica que Aquila e Priscila tinham um ponto de vista parecido?
´ (b) Como
´ ˜
e que os cristaos hoje seguem o exemplo de Paulo, Aquila e Priscila?
ˆ
298 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
˜ ´
7 Os cristaos hoje seguem o exemplo de Paulo, Aqui-
la e Priscila. Ministros zelosos trabalham arduamente
˜
‘para nao serem um peso financeiro’ para outros. (1 Tes.
´ ´
2:9) E elogiavel que muitos proclamadores do Reino de
tempo integral trabalhem a meio tempo ou realizem tra-
´
balhos temporarios para se sustentarem no que realmen-
´ ˜ ´ ˜ ´
te e a sua vocaçao, o ministerio cristao. Como Aquila e
´
Priscila, muitos servos de Jeova bondosos oferecem hos-
pedagem aos superintendentes de circuito. Os que ‘mos-
´
tram hospitalidade’ dessa forma sabem como e anima-
dor e encorajador fazer isso. — Rom. 12:13.
´
“Muitos corıntios [...] passaram a crer”
(Atos 18:5-8)
8 Que Paulo encarava o seu trabalho secular apenas
como um meio para alcançar o seu objetivo principal fi-
´
cou evidente quando Silas e Timoteo chegaram da Ma-
´
cedonia com presentes generosos. (2 Cor. 11:9) Ime-
`
diatamente, Paulo “passou a dedicar-se inteiramente a
˜
pregaçao”. (Atos 18:5) No entanto, esse intenso testemu-
˜
nho aos judeus gerou grande oposiçao. Para deixar cla-
˜
ro que nao tinha culpa de os judeus terem recusado a
´
8, 9. Como e que Paulo reagiu quando os judeus se opuseram ao seu in-
´
tenso testemunho, e onde e que ele foi pregar a partir dessa altura?
˜
“PERSISTE EM FALAR E NAO FIQUES CALADO” 299
mensagem salvadora de vidas sobre o Cristo, Paulo
sacudiu a roupa e disse a esses opositores: “Que o vos-
´
so sangue recaia sobre a vossa propria cabeça. Eu estou
` ˜
limpo. A partir de agora, irei as pessoas das naçoes.”
— Atos 18:6; Eze. 3:18, 19.
˜
9 Entao, ´
onde e que Paulo pregaria? Um homem cha-
´ ´
mado Tıcio Justo, pelos vistos um proselito que morava
ao lado da sinagoga, abriu as portas da sua casa a Pau-
lo. Assim, Paulo saiu da sinagoga e entrou na casa des-
se homem. (Atos 18:7) Paulo continuou a morar com
´
Aquila e Priscila enquanto estava em Corinto, mas a
´
casa de Tıcio Justo tornou-se o centro das suas ativida-
˜
des de pregaçao.
10 Sera´ que a afirmaç ao
˜ `
de Paulo de que iria as pes-
˜
soas das naçoes significa que ele parou completamente
´
de pregar a todos os judeus e proselitos, mesmo os que
eram recetivos? Dificilmente. Por exemplo, “Crispo, pre-
sidente da sinagoga, tornou-se crente no Senhor, com to-
dos os da sua casa”. Pelos vistos, muitos dos que fre-
quentavam a sinagoga juntaram-se a Crispo, pois a
´ ´
Bıblia diz: “Muitos corıntios que tinham ouvido a pala-
˜ `
10. O que mostra que Paulo nao estava decidido a pregar apenas as pes-
˜
soas das naçoes?
ˆ
300 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
vra passaram a crer e foram batizados.” (Atos 18:8) As-
´
sim, a casa de Tıcio Justo tornou-se o local onde a re-
´ ˜ ˜
cem-formada congregaçao crista de Corinto se reunia.
´
Se este relato tiver sido escrito em ordem cronologica,
´ ˜ ˜
como e o estilo de Lucas, entao, a conversao daqueles
´
judeus ou proselitos aconteceu depois de Paulo ter sacu-
dido a roupa. Nesse caso, isso revelaria muito sobre a
´
razoabilidade do ap ostolo.
´
11 Em muitos paıses hoje, as igrejas da cristandade es-
˜ ˆ
tao bem estabelecidas e exercem forte influencia sobre
´ ´
os seus membros. Em alguns paıses e ilhas, os missiona-
´
rios da cristandade converteram um grande numero de
˜ ˜
pessoas. Muitos que afirmam ser cristaos estao presos a
˜
tradiçoes, assim como os judeus em Corinto no primei-
´ ´
ro seculo. No entanto, como Paulo, nos, Testemunhas de
´
Jeova, zelosamente pregamos a essas pessoas, aprovei-
tando qualquer conhecimento das Escrituras que elas
´
talvez tenham ao transmitir-lhes as verdades bıblicas.
˜ ´
Mesmo quando elas se op oem ou quando os seus lıde-
˜
res religiosos nos perseguem, nao perdemos a esperança.
ˆ ˜
Entre aqueles que “tem zelo por Deus, mas nao segundo
´ ´
11. Como e que as Testemunhas de Jeova hoje imitam Paulo ao pregar
` ˜
as pessoas que afirmam ser cristas?
˜
“PERSISTE EM FALAR E NAO FIQUES CALADO” 301
o conhecimento exato”, pode haver muitos mansos que
precisam de ser encontrados. — Rom. 10:2.
“Muitas pessoas nesta cidade me pertencem”
(Atos 18:9-17)
Caso Paulo se tenha perguntado se deveria conti-
12

˜ ´
nuar ou nao o seu ministerio em Corinto, obteve a res-
posta na noite em que o Senhor Jesus lhe apareceu
˜ ˜
numa visao e disse: “Nao tenhas medo, mas persiste em
˜
falar e nao fiques calado, porque eu estou contigo e nin-
´ ´
guem te atacara de modo a fazer-te mal. Pois muitas pes-
soas nesta cidade me pertencem.” (Atos 18:9, 10) Que vi-
˜ ´
sao encorajadora! O proprio Senhor Jesus garantiu a
Paulo que o protegeria de qualquer dano e que havia
˜
muitos merecedores na cidade. Qual foi a reaçao de Pau-
` ˜ ´
lo aquela visao? Lemos: “Permaneceu la durante um ano
e seis meses, ensinando a palavra de Deus entre eles.”
— Atos 18:11.
13 Depois de passar cerca de um ano em Corinto, Pau-
lo obteve uma prova adicional do apoio do Senhor. “Os
judeus, num esforço conjunto, atacaram Paulo e leva-
´
ram-no ao tribunal”, chamado bema. (Atos 18:12) Con-
˜
12. Que garantia recebeu Paulo numa visao?
´
13. De que e que Paulo talvez se tenha lembrado ao aproximar-se do tri-
´
bunal, mas porque e que podia esperar um resultado diferente?
ˆ
302 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
siderado por alguns como uma plataforma elevada, fei-
´
ta de marmore azul e branco e repleta de figuras enta-
´
lhadas, o bema talvez ficasse perto do centro da praça
´
principal de Corinto. A area em frente a esse tribunal
´
talvez fosse grande o suficiente para reunir um numero
´ ´
consideravel de pessoas. Descobertas arqueologicas su-
gerem que o tribunal ficava apenas a alguns passos da
´
sinagoga e, portanto, perto da casa de Tıcio Justo. Ao
´
aproximar-se do bema, Paulo talvez se tenha lembrado
ˆ ˜ ` ´
do apedrejamento de Estevao, que as vezes e descrito
´ ˜ ´
como o primeiro martir cristao. Paulo, na epoca conhe-
cido como Saulo, tinha aprovado “o assassinato dele”.
´
(Atos 8:1) Sera que algo parecido aconteceria a Paulo?
˜ ´
Nao, pois Jesus tinha prometido: ‘Ninguem te vai fazer
mal.’ — Atos 18:10.
14 O que aconteceu quando Paulo chegou ao tribunal?
´ ˆ ˜
O magistrado era Galio, proconsul da Acaia e irmao
´ ´
mais velho do filosofo romano S eneca. Os judeus lança-
˜
ram a seguinte acusaçao contra Paulo: “Este homem
´
esta a persuadir as pessoas a adorar a Deus de uma ma-
´ `
neira contraria a lei.” (Atos 18:13) Os judeus deram a
˜ ´
14, 15. (a) Que acusaçao e que os judeus lançaram contra Paulo, e por-
´ ´
que e que Galio deu o caso por encerrado? (b) O que aconteceu a
´
S ostenes, e qual pode ter sido o resultado disso?
˜
“PERSISTE EM FALAR E NAO FIQUES CALADO” 303
entender que Paulo estava a converter pessoas ilegal-
´ ˜
mente. Mas Galio viu que Paulo nao tinha feito nada de
˜
“errado” e que nao era culpado de nenhum “crime gra-
´ ˜ ˜
ve”. (Atos 18:14) Galio nao tinha a menor intençao de
´
se envolver nas controversias dos judeus. Antes mesmo
´
de Paulo dizer alguma coisa em sua defesa, Galio deu o
caso por encerrado. Os acusadores ficaram furiosos e
´
descarregaram a sua raiva em S ostenes, que talvez tives-
´
se substituıdo Crispo como presidente da sinagoga. Eles
´ ´
agarraram S ostenes “e começaram a espanca-lo diante
do tribunal”. — Atos 18:17.
15 Porque e´ que Galio
´ ˜ ˜
nao impediu que a multidao es-
´ ´ ´
pancasse S ostenes? Galio talvez achasse que S ostenes
´
fosse o lıder da turba que se virou contra Paulo e que,
portanto, estava a ter o que merecia. Qualquer que te-
´ ´
nha sido o caso, e possıvel que esse incidente tenha tido
`
um resultado positivo. Na sua primeira carta a congre-
˜ ´
gaçao de Corinto, escrita varios anos mais tarde, Paulo
´ ˜
referiu-se a certo S ostenes como irmao. (1 Cor. 1:1, 2)
´ ´
Sera que esse era o mesmo S ostenes que tinha sido es-
pancado em Corinto? Em caso afirmativo, aquela expe-
ˆ ´
riencia dolorosa talvez tenha ajudado S ostenes a aceitar
o cristianismo.
ˆ
304 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
16 Lembre-se de que foi depois de os judeus terem re-
˜
jeitado a pregaçao de Paulo que o Senhor Jesus lhe ga-
˜ ˜
rantiu: “Nao tenhas medo, mas persiste em falar e nao
fiques calado, porque eu estou contigo.” (Atos 18:9, 10)
Fazemos bem em ter essas palavras em mente, especial-
˜ ´
mente quando a nossa mensagem nao e aceite. Nunca se
´ ˆ ˜
esqueça de que Jeova ve o coraçao e atrai os sinceros.
˜ ´
(1 Sam. 16:7; Joao 6:44) Isso e um grande incentivo para
´
nos mantermos ocupados no ministerio. Todos os anos,
˜
centenas de milhares de pessoas sao batizadas – cente-
nas a cada dia. Aos que obedecem ao mandamento de
´ ˜
‘fazer discıpulos de pessoas de todas as naçoes’, Jesus
´
garante: “Eu estou convosco todos os dias, ate ao final
do sistema de coisas.” — Mat. 28:19, 20.
´
“Se Jeova quiser” (Atos 18:18-22)
˜ ´
17 Nao se pode afirmar se a atitude de Galio em rela-
˜ ´
çao aos acusadores de Paulo resultou num perıodo de
´ ˜ ˜
paz para a recem-formada congregaçao crista de Corin-
´
to. Mas Paulo ficou ali “durante varios dias” antes de se
˜
despedir dos irmaos. Na primavera do ano 52 EC, ele
ˆ ´
16. Que influencia devem ter sobre o nosso ministerio as seguintes pa-
˜
lavras do Senhor: “Persiste em falar e nao fiques calado, porque eu estou
contigo”?
´ ´
17, 18. Em que e que Paulo talvez tenha refletido ao viajar para Efeso?
˜
“PERSISTE EM FALAR E NAO FIQUES CALADO” 305
` ´
fez planos para ir a Sıria de navio, partindo do porto de
´
Cencreia, que ficava cerca de 11 quilometros a leste de
´
Corinto. Antes de sair de Cencreia, porem, Paulo “cor-
tou o cabelo rente, pois tinha feito um voto”.1 (Atos
´
18:18) Depois disso, ele levou Aquila e Priscila com ele
´ ´
e atravessou o mar Egeu rumo a Efeso, na Asia Menor.
18Enquanto o navio partia de Cencreia, Paulo prova-
´
velmente refletia no perıodo que passou em Corinto. Ele
tinha boas lembranças e muitos motivos para se sentir
´
satisfeito. O seu ministerio de um ano e meio naquela
cidade tinha dado muitos frutos. A primeira congrega-
˜ ´
çao em Corinto tinha sido formada, e a casa de Tıcio
˜
Justo era o seu local de reuniao. Entre os que se tinham
˜ ´
tornado cristaos estavam Tıcio Justo, Crispo e a sua fa-
´
mılia, e muitos outros. Paulo amava muito esses novos
˜
irmaos, pois ele tinha-os ajudado a tornarem-se cris-
˜
taos. Mais tarde, Paulo iria escrever-lhes, descrevendo-
˜
-os como uma carta de recomendaçao inscrita no seu co-
˜ ´ ´ `
raçao. Nos tamb em nos sentimos achegados aqueles a
´
quem tivemos o privilegio de ajudar a aceitar a adora-
˜ ´
çao verdadeira. Como e recompensador ver essas “car-
˜
tas [vivas] de recomendaçao”! — 2 Cor. 3:1-3.
´
1 Veja o quadro “O voto de Paulo”, na p agina 307.
ˆ
306 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
O VOTO DE PAULO


Atos 18:18 diz que, enquanto esteve em Cencreia,


Paulo “cortou o cabelo rente, pois tinha um voto”. Que
tipo de voto era esse?
´
Em geral, um voto e uma promessa solene feita vo-
luntariamente a Deus em que a pessoa se compromete
a realizar certo ato, fazer uma oferta ou viver sob de-
˜
terminada condiçao. Alguns acham que Paulo cortou o
cabelo para cumprir um voto de nazireu. Mas deve no-
tar-se que, de acordo com as Escrituras, ao completar
´ ´
o perıodo de serviço especial a Jeova, um nazireu tinha
` ˜
de rapar a cabeça “a entrada da tenda de reuniao”. Isso
´
parece indicar que esse requisito so podia ser cumprido
´ ˜ ´
em Jerusalem e, portanto, nao em Cencreia. — Num.
6:5, 18.
˜ ´
O relato de Atos nao diz quando e que Paulo fez esse
´ ˜
voto. Ate o pode ter feito antes de se tornar cristao.
´ ˜
O relato tamb em nao diz se Paulo fez algum pedido es-
´ ´ ˆ
pecıfico a Jeova. Uma obra de referencia sugere que o
facto de Paulo ter rapado o cabelo pode ter sido “uma
˜ ˜
expressao de agradecimento a Deus pela sua proteçao,
´
a qual permitiu que [Paulo] completasse o seu ministe-
rio em Corinto”.

´
19Ao chegar a Efeso, Paulo come çou logo a pregar;
“ele entrou na sinagoga e raciocinou com os judeus”.
´ ´
19, 20. O que e que Paulo fez ao chegar a Efeso, e o que aprendemos
dele a respeito de procurar alvos espirituais?
˜
“PERSISTE EM FALAR E NAO FIQUES CALADO” 307
(Atos 18:19) Dessa vez, Paulo ficou pouco tempo em
´
Efeso. Embora lhe tivessem pedido para ficar mais
˜
tempo, Paulo “nao aceitou”. Ao despedir-se, ele disse
´ ´
aos efesios: “Voltarei aqui novamente, se Jeova quiser.”
(Atos 18:20, 21) Paulo certamente reconhecia que havia
˜ ´
muito trabalho de pregaçao para se fazer em Efeso.
´
O ap ostolo pretendia voltar, mas decidiu deixar esse as-
˜ ´ ˜ ´
sunto nas maos de Jeova. Nao e este um bom exemplo
para termos em mente? Ao procurarmos alcançar alvos
espirituais, temos de tomar a iniciativa. Mas devemos
˜ ´
sempre confiar na orientaçao de Jeova e procurar agir
de acordo com a sua vontade. — Tia. 4:15.
´ ´
20 Depois de deixar Aquila e Priscila em Efeso, Paulo

´
foi de navio ate Cesareia. Pelos vistos, ele “subiu” a Je-
´ ˜
rusalem e cumprimentou a congregaçao ali. (Veja a nota
˜
de estudo em Atos 18:22, nwtsty.) Entao, Paulo foi para
´ ´
Antioquia da Sıria, local que servia como uma esp ecie
´
de base para as suas atividades missionarias. A sua se-
´ ´
gunda viagem missionaria tinha sido concluıda com su-
´ ´ ´
cesso. O que e que o aguardava na sua proxima e ultima
´
viagem missionaria?

ˆ
308 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
˜
S E C Ç AO 7 ˙ ATO S 18:23–21:17


PAULO ENSINA
“PUBLICAMENTE
E DE CASA EM CASA”
ATOS 20:20

´
Porque e que devemos mostrar humildade e ser
´ ´
flexıveis ao ensinar outros? Qual e o principal
´ ˜
m etodo de pregaçao das boas novas? Como pode-
´
mos mostrar que fazer a vontade de Deus e mais
´
importante do que procurar os nossos proprios
interesses? O relato emocionante da terceira e
´ ´
ultima viagem mission aria de Paulo pode ajudar-
-nos a responder a estas perguntas vitais.
´
CAPITULO 20


“A palavra [...] crescia e prevalecia”


˜
apesar de oposiçao
Apolo e Paulo contribuem para
´
o contınuo avanço das boas novas
Baseado em Atos 18:23–19:41
´ ´
NAS ruas de Efeso so se ouve gritaria e o forte barulho
˜
de multidoes a correr. Formou-se uma turba, causando um
´
grande tumulto! Dois companheiros de viagem do ap osto-
˜ ˜
lo Paulo sao agarrados e arrastados pela multidao. A rua
´ `
larga do comercio, cheia de colunas, fica vazia a medida
` ˜
que as pessoas se juntam a furiosa e crescente multidao
que invade o enorme anfiteatro da cidade, com capacida-
de para 25 mil pessoas. A maioria dos presentes nem sabe
o que causou esse alvoro ço, mas suspeita que o seu tem-
´ ˜
plo e a sua amada deusa Artemis estao a ser ameaçados.
´ ´
Por isso, começam a gritar sem parar: “Grande e a Arte-
´
mis dos efesios!” — Atos 19:34.
2 Mais uma vez, vemos Satanas ´
a tentar usar uma tur-
˜
ba violenta para impedir a divulgaçao das boas novas do
´
1, 2.´ (a) Que perigo e que Paulo e os seus companheiros enfrentaram
´
em Efeso? (b) O que vamos analisar neste capıtulo?
ˆ
310 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
´ ˆ ˜ ´
Reino de Deus. E claro que a ameaça de violencia nao e
´ ´ ´ ´ ´
a unica tatica de Satanas. Neste capıtulo, analisaremos va-
´
rias taticas que ele usou para tentar acabar com a obra e
˜ ˜ ´
com a uniao dos cristaos do primeiro seculo. Mais impor-
´
tante do que isso, veremos que os seus metodos falharam,
´
pois ‘de modo poderoso, a palavra de Jeova cresceu e pre-
´ ˜
valeceu’. (Atos 19:20) Porque e que aqueles cristaos foram
˜ ´
bem-sucedidos? Pelas mesmas razoes que nos somos hoje.
´ ´ ´ ´ ˜
E claro que o merito e de Jeova; nao nosso. No entanto,
˜ ´ ´
assim como os cristaos do primeiro seculo, nos precisa-
´
mos de fazer a nossa parte. Com a ajuda do espırito de
´ ˜
Jeova, podemos desenvolver qualidades que nos ajudarao
´
a ser bem-sucedidos no ministerio. Vamos analisar primei-
ro o exemplo de Apolo.
Ele “tinha um grande conhecimento das Escrituras”
(Atos 18:24-28)
` ´
3 Apolo chegou a cidade de Efeso enquanto Paulo esta-
´
va a caminho de la durante a sua terceira viagem missio-
´
naria. Apolo era judeu e natural da famosa cidade de Ale-
´ ´
xandria, no Egito. Ele tinha varias qualidades notaveis.
´
Expressava-se muito bem. Alem de ser eloquente, “ti-
´
nha um grande conhecimento das Escrituras”. Tambem
´ ´
3, 4. O que e que Aquila e Priscila perceberam com respeito ao conhe-
cimento de Apolo, e como lidaram com isso?
˜
“A PALAVRA [...] CRESCIA E PREVALECIA” APESAR DE OPOSIÇAO 311
´
era “fervoroso no espırito”. Cheio de zelo, Apolo falava
destemidamente perante os judeus na sinagoga. — Atos
18:24, 25.
´
4 Aquila e Priscila ouviram um discurso de Apolo. Com

certeza, eles ficaram muito animados ao ouvi-lo ensinar


˜
“sobre Jesus com exatidao”. O que ele disse sobre Jesus
˜
era correto. Mas nao foi preciso muito tempo para esse
˜
casal cristao perceber que o conhecimento de Apolo era
˜
incompleto, pois “conhecia apenas o batismo de Joao”.
˜ ˜
Esse humilde casal, cuja profissao era fabricar tendas, nao
ˆ ˜
ficou inibido diante da eloquencia e grande instruçao de
Apolo. Em vez disso, eles “chamaram-no em particular e
˜
explicaram-lhe com mais exatidao o caminho de Deus”.
´
(Atos 18:25, 26) Como e que esse homem eloquente e bem
´
instruıdo reagiu? Pelos vistos, ele demonstrou uma das
˜
qualidades mais importantes que um cristao pode desen-
volver – a humildade.
´
5 Por aceitar a ajuda de Aquila e Priscila, Apolo tornou-
´ ´
-se mais util como servo de Jeova. Ele viajou para a Acaia,
˜ ´
onde “ajudou muito” os irmaos. Alem disso, pregou de for-
˜
ma eficaz contra os judeus daquela regiao que insistiam
˜
que Jesus nao era o prometido Messias. Lucas relata: “Em
´ ´
5, 6. O que ajudou Apolo a tornar-se uma pessoa mais util para Jeova,
e o que aprendemos do seu exemplo?
ˆ
312 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
´ ˜
publico e com grande determinaçao, ele provava plenamen-
te que os judeus estavam errados, demonstrando-lhes pelas
´
Escrituras que Jesus e o Cristo.” (Atos 18:27, 28) Apolo
ˆ ˜
tornou-se uma grande b ençao! De facto, ele era outra ra-
˜ ´
zao pela qual “a palavra de Jeova” continuava a prevalecer.
O que podemos aprender do exemplo de Apolo?
6 Cultivar humildade e´ essencial para os cristaos.
˜
Cada
´ ´ ´
um de nos e abençoado com varios dons – sejam habilida-
ˆ
des naturais, experiencia de vida ou conhecimento adqui-
rido. Mas a humildade deve estar acima dos dons que
´
temos. Caso contrario, os nossos pontos fortes podem tor-
´ ´
nar-se as nossas fraquezas. Poderıamos tornar-nos solo fer-
til para a erva daninha do orgulho. (1 Cor. 4:7; Tia. 4:6) Se
formos realmente humildes, vamos esforçar-nos para con-
´ ˜
siderar os outros superiores a nos. (Fil. 2:3) Nao ficaremos
ofendidos quando formos corrigidos nem resistiremos ao
˜
sermos ensinados por outros. Nao nos apegaremos com tei-
` ´
mosia as nossas proprias ideias quando descobrirmos que
˜ ˜ ˜
nao estao de acordo com as orientaçoes mais atualizadas
´
do espırito santo. Enquanto demonstrarmos humildade, se-
´ ´
remos uteis para Jeova e para o seu Filho. — Luc. 1:51, 52.
´
7 A humildade tamb em ´
e capaz de eliminar qualquer es-
´ ´
pırito de rivalidade. Consegue imaginar como Satanas
´
7. Como e que Paulo e Apolo deram um excelente exemplo de humildade?
˜
“A PALAVRA [...] CRESCIA E PREVALECIA” APESAR DE OPOSIÇAO 313
˜ ˜
queria causar divisoes entre os primeiros cristaos? Ele te-
ria ficado muito feliz se tivesse conseguido fazer com que
˜ ˜
dois irmaos tao ativos na verdade como Apolo e Paulo se
´
tornassem rivais e que, motivados por ciumes, competis-
ˆ ˜
sem para ter mais influencia entre as congregaçoes. Isso
poderia facilmente ter acontecido. Afinal, em Corinto, al-
˜
guns cristaos começaram a dizer: “Eu pertenço a Paulo”,
´
enquanto outros diziam: “Mas eu a Apolo.” Sera que Pau-
lo e Apolo incentivavam essas atitudes que poderiam cau-
˜ ˜ ˜ ´
sar divisoes dentro da congregaçao? Nao! Pelo contrario,
˜
Paulo reconhecia a contribuiçao de Apolo para a obra de
˜ ´
pregaçao, dando-lhe privilegios de serviço. Por sua vez,
˜
Apolo seguia as orientaçoes de Paulo. (1 Cor. 1:10-12; 3:6, 9;
´
Tito 3:12, 13) Este e um excelente exemplo de como agir
˜
com humildade ao trabalharmos com os nossos irmaos.
“Raciocinando de forma persuasiva
a respeito do Reino” (Atos 18:23; 19:1-10)
´
8 Paulo tinha prometido voltar a Efeso, e cumpriu a sua
palavra.1 (Atos 18:20, 21) Mas note qual foi o caminho que
´
Paulo fez para voltar a Efeso. Ele estava em Antioquia da
´ ´
Sıria. O caminho mais facil seria fazer uma pequena via-
´ ˆ
gem ate Seleucia, embarcar num navio e ir diretamente
´ ´ ´
1 Veja o quadro “Efeso – capital da Asia”, na p agina 316.
´ ˆ
8. Que caminho fez Paulo para voltar a Efeso, e porque?
ˆ
314 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
´ ˜
para Efeso. Mas, em vez disso, ele viajou “pelas regioes
do interior”. Segundo certa estimativa, a viagem de Pau-
lo, conforme registada em Atos 18:23 e 19:1, foi de cerca
´ ´
de 1600 quilometros! Porque e que Paulo escolheu o tra-
´ ´
jeto mais difıcil? Porque queria ‘fortalecer todos os discı-
´
pulos’. (Atos 18:23) A sua terceira viagem missionaria, as-
sim como as duas anteriores, exigiria muito dele, mas
Paulo tinha a certeza de que todo o esforço valeria a pena.
Hoje, os superintendentes de circuito e as suas esposas de-
˜
monstram uma disposiçao similar. Somos muito gratos
pelo seu amor abnegado!
´
9 Ao chegar a Efeso, Paulo encontrou um grupo de cer-

´ ˜
ca de 12 discıpulos de Joao Batista. Eles tinham sido ba-
˜ ´ ˜
tizados no batismo de Joao quando esse batismo ja nao
´ ´
era valido. Alem disso, aparentemente, sabiam muito pou-
´
co sobre o espırito santo. Paulo explicou-lhes o novo en-
tendimento, e, como Apolo, eles mostraram-se humildes e
ansiosos para aprender. Depois de serem batizados no
´
nome de Jesus, eles receberam espırito santo e alguns dons
milagrosos. Isso mostra claramente que estar em dia com
˜ ´ ´
os avanços da organizaçao teocratica de Jeova resulta em
ˆ ˜
b ençaos. — Atos 19:1-7.
´ ´
9. Porque e que um grupo de discıpulos precisava de ser batizado nova-
˜
mente, e que liçao aprendemos deles?
˜
“A PALAVRA [...] CRESCIA E PREVALECIA” APESAR DE OPOSIÇAO 315
´ ´
EFESO — CAPITAL DA ASIA

´ ´
Efeso era a maior cidade no oeste da Asia Menor. Nos
´ ˜
dias do ap ostolo Paulo, a sua populaçao provavelmente
ultrapassava os 250´ mil habitantes.
´ Como capital da pro-
´
vıncia romana da Asia, Efeso orgulhosamente ostentava
´ ´
o´ tıtulo de “Primeira e Mais Importante Metropole da
Asia”. ´
´ ˜
Por causa do comercio e da religiao, Efeso era uma ci-
dade muito rica. O seu porto, localizado perto da foz de
´
um rio´ navegavel, ficava no cruzamento de rotas comer- ´
˜
ciais. Efeso nao era o lar apenas do famoso templo de Ar-
´ ´ ´
temis, mas tamb em de santuarios e templos de inumeras
´
outras deidades ´ greco-romanas, egıpcias e anatolianas.
O templo de Artemis, aclamado como uma das sete ma-
`
ravilhas do mundo antigo, media a volta de 105 metros
´
por 50 metros. Tinha cerca de cem colunas de marmo-
ˆ
re, cada uma com mais ou menos 1,8 metros de diametro
na base e aproximadamente 17 metros de altura. O tem-
˜
plo era considerado santo e sagrado em toda a regiao do
ˆ
Mediterraneo antigo, e grandes ´ somas de dinheiro eram
` ˜
confiadas a proteçao de Artemis, de modo que o templo
´ ´
tamb
´ em se tornou o mais importante centro bancario da
Asia. ´
˜
Outras construçoes importantes em Efeso eram um
´ ˜ ´ ´
estadio para competiçoes atleticas, e provavelmente ate
´
para lutas de gladiadores, um teatro, praças publicas e co-
merciais, e colunatas que abrigavam lojas. ´
´ ˜
O geografo grego Estrabao relata que o porto de Efe-
so tendia a encher-se de sedimentos. Por causa disso, com
ˆ
316 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
o tempo a cidade deixou de funcionar como porto e foi
abandonada. Visto que nenhuma cidade moderna´ fica no
´
mesmo local, quem hoje visita as ruınas de Efeso pode,
por assim dizer, voltar ao mundo antigo.

10Pouco depois, aconteceu outro exemplo de progresso


ˆ
espiritual. Durante tres meses, Paulo pregou com coragem
na sinagoga. Apesar de ele ter ‘raciocinado de forma per-
suasiva a respeito do Reino de Deus’, alguns foram obsti-
nados e tornaram-se verdadeiros opositores. Em vez de
perder tempo com aqueles que “falavam mal do Cami-
´
nho”, Paulo decidiu ir pregar no auditorio de uma esco-
la. (Atos 19:8, 9) Os que desejavam fazer progresso espi-
´ ´
ritual precisavam de sair da sinagoga e ir ate ao auditorio.
´
Assim como Paulo, nos talvez decidamos terminar uma
˜
conversa quando percebemos que o morador nao quer ou-
´ ´
vir ou so quer discutir. Ainda ha muitas pessoas seme-
lhantes a ovelhas que precisam de ouvir a nossa mensa-
gem animadora.
´
11 Paulo talvez fizesse discursos naquele auditorio todos
´ ´
10. Porque e que Paulo saiu da sinagoga e foi para um auditorio, e que
´
exemplo estabeleceu para o nosso ministerio?
´ ´
11, 12. (a) Como e que Paulo mostrou ser diligente e flexıvel? (b) Como
´ ´ ˆ
e que as Testemunhas de Jeova se tem esforçado para serem diligentes e
´ ´
flexıveis no seu ministerio?
˜
“A PALAVRA [...] CRESCIA E PREVALECIA” APESAR DE OPOSIÇAO 317
´ `
os dias, desde, mais ou menos, as 11 horas ate as 16 ho-
´
ras. (Veja a nota na Bıblia de estudo em Atos 19:9, nwtsty.)
´
Esse talvez fosse o perıodo mais calmo do dia, mas ao
mesmo tempo o mais quente, quando muitos paravam de
trabalhar para comer e descansar. Se Paulo tiver seguido
esse programa durante os dois anos completos, passou
bem mais de 3 mil horas a ensinar a palavra de Deus.1
´ ˜ ´
Esta e outra razao pela qual a palavra de Jeova continua-
´
va a crescer e a prevalecer. Paulo era diligente e flexıvel.
`
Ele adaptou as horas em que pregava as necessidades das
pessoas naquela localidade. Qual foi o resultado? “Todos
´ ´
os que moravam na provıncia da Asia, tanto judeus como
gregos, ouviram a palavra do Senhor.” (Atos 19:10) Sem
´
duvida, ele deu um testemunho cabal!
12 Hoje, as Testemunhas de Jeova´ tamb em
´ ˜
sao diligentes
´ ´
e flexıveis. Nos esforçamo-nos para falar com as pessoas
quando e onde elas podem ser encontradas. Damos teste-
munho nas ruas, nas lojas e em estacionamentos. Pode-
mos entrar em contacto com as pessoas por telefone ou
por carta. E, no serviço de casa em casa, esforçamo-nos
´ ´
para encontrar os moradores no horario em que e mais
´
provavel que estejam em casa.
´ ´ ´
1 Paulo tamb em escreveu 1 Corıntios enquanto estava em Efeso.
ˆ
318 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
“A palavra [...]
´ crescia e prevalecia”,
apesar dos espıritos maus (Atos 19:11-22)
´ ´
13Lucas informa-nos que se seguiu um notavel perıodo.
´ ´
Jeova habilitou Paulo a realizar “extraordinarias obras po-
´ `
derosas”. S o de se levar as pessoas os panos e aventais
´
que Paulo usava, elas eram curadas; e os espıritos maus,
´
expulsos.1 (Atos 19:11, 12) Estas impressionantes vitorias
´ ´ ˜
sobre as forças de Satanas atraıam a atençao de muitos,
o que nem sempre era bom.
14Alguns “judeus que viajavam de um lugar para o ou-
´
tro, expulsando demonios”, tentaram imitar os milagres
de Paulo, chegando a invocar com esse objetivo o nome
de Jesus e de Paulo. Lucas cita o exemplo dos sete filhos
´
de Ceva – membros de uma famılia sacerdotal – que ten-
´
taram fazer isso. O demonio disse-lhes: “Eu conheço Je-
´ ˜ ˆ
sus e sei quem e Paulo. Mas quem sao voces?” Depois, o
´ `
homem com o demonio atirou-se aqueles impostores, sal-
tando para cima deles como uma fera e fazendo com que
´
fugissem feridos e nus. (Atos 19:13-16) Isso foi uma vitoria
1 Talvez os panos fossem lenços que Paulo usava na testa para evi-
tar que o suor ´lhe escorresse para os olhos. O facto de Paulo usar
aventais nessa epoca ˜ sugere que ele fabricava tendas no seu tempo
livre, talvez de manha cedo. — Atos 20:34, 35.
´ ´
13, 14. (a) O que e que Jeova habilitou Paulo a realizar? (b) Que erro
´
cometeram os filhos de Ceva, e como e que muitos da cristandade hoje
fazem o mesmo?
˜
“A PALAVRA [...] CRESCIA E PREVALECIA” APESAR DE OPOSIÇAO 319
´
para “a palavra de Jeova”, pois o contraste entre o poder
dado a Paulo e a incapacidade daqueles falsos religiosos
˜ ˜
nao podia ter sido mais claro. Milhoes hoje cometem o
´
erro de achar que e suficiente clamar o nome de Jesus ou
˜ ˜ ´
dizerem que sao “cristaos”. Mas Jesus indicou que so os
ˆ
que realmente fazem a vontade do seu Pai tem verdadei-
ra esperança para o futuro. — Mat. 7:21-23.
˜
15 A humilhaç ao dos filhos de Ceva fez com que muitos
´
passassem a temer a Deus, levando varias pessoas a tor-
˜ ´
narem-se cristas e a abandonarem praticas ligadas ao ocul-
´ ˆ
tismo. A cultura dos efesios tinha uma forte influencia das
´
artes magicas. Feitiçarias e amuletos eram comuns, assim
como encantamentos, muitas vezes na forma escrita. Mui-
´
tos efesios sentiram-se motivados a trazer os seus livros
´ ´ ´
de artes magicas e queima-los em publico, embora, pelos
vistos, valessem o equivalente a dezenas de milhares de
´
dolares.1 Lucas relata: “Assim, de modo poderoso, a pala-
´
vra de Jeova crescia e prevalecia.” (Atos 19:17-20) Esta foi
´
uma grande vitoria da verdade sobre a falsidade e o de-
1 Lucas diz que o valor era de´ 50 mil moedas de prata. Caso Lu-
cas estivesse a referir-se ao denario, um trabalhador comum levaria
50 mil dias, ou seja, cerca de 137 anos a trabalhar sete dias por se-
mana para ganhar essa quantia.
´
15. No que se refere ao ocultismo e a objetos ligados a essa pratica,
´
como podemos imitar os efesios?
ˆ
320 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
monismo. Aquelas pessoas deixaram-nos um excelente
´ ´
exemplo. Nos tamb em vivemos num mundo mergulhado
no ocultismo. Se percebermos que temos algum objeto li-
´
gado ao ocultismo, devemos fazer como os efesios – livrar-
-nos dele imediatamente. Mantenhamo-nos longe dessas
´
praticas repugnantes, custe o que custar.
“Houve um grande tumulto” (Atos 19:23-41)
´ ´
16Vamos agora analisar a tatica de Satanas descrita no
´ ´
inıcio deste capıtulo. Lucas escreveu que “houve um gran-
˜
de tumulto por causa do Caminho”. Ele nao estava a exa-
´
gerar.1 (Atos 19:23) Um prateiro chamado Demetrio deu
´ ˜
inıcio ao problema. Ele chamou a atençao de outros pra-
teiros por primeiro lhes lembrar que a renda deles depen-
´
dia da venda de ıdolos. Ele continuou por lhes dizer que
´ ´
a mensagem que Paulo pregava era ma para os negocios,
˜ ˜ ´
pois os cristaos nao adoravam ıdolos. Depois, apelou ao
orgulho que os seus ouvintes tinham da sua cidade e da
1 Alguns´ dizem que
´ Paulo se referiu a este incidente
´ quando ` disse
aos corıntios: “Fic amos muito apreensivos ate mesmo quanto a nos-
sa vida.”
˜ (2 Cor. 1:8) Mas pode ser que ele tivesse em mente uma
ocasi´ ao mais perigosa. Quando Paulo escreveu que ‘lutou ˜ com feras
em Efeso’, talvez se estivesse a referir a alguma` ocasiao ˜ em que teve
de enfrentar animais ferozes numa arena ou a oposi˜ ç ao feroz por
parte de humanos.
˜ (1´ Cor. 15:32) Tanto a interpretaç ao literal como
a figurativa sao possıveis.
´ ´ ` ˜ ´
16, 17. (a) Descreva como Demetrio deu inıcio a confusao em Efeso.
´ ´
(b) Como e que os efesios demonstraram o seu fanatismo?
˜
“A PALAVRA [...] CRESCIA E PREVALECIA” APESAR DE OPOSIÇAO 321
˜ ´
sua naçao. Ele disse-lhes que a sua deusa Artemis e o tem-
´
plo mundialmente conhecido que os efesios lhe tinham de-
´
dicado estavam a correr o perigo de serem ‘destituıdos do
seu esplendor’. — Atos 19:24-27.
´
17 O discurso de Demetrio teve o resultado esperado. Os
´ ´
prateiros começaram a repetir vez ap os vez: “Grande e a
´ ´
Artemis dos efesios!” e a cidade ficou numa grande confu-
˜ ´ ` ´ ´
sao, dando inıcio a turba fanatica descrita no inıcio deste
´ ´
capıtulo.1 Por ter um espırito abnegado, Paulo quis entrar
˜ ´
no anfiteatro para falar com a multidao, mas os discıpu-
˜
los insistiram para que ele se afastasse do perigo. Entao,
´ ˜
um certo Alexandre ficou em p e diante da multidao e ten-
tou falar. Como era judeu, talvez estivesse ansioso para ex-
˜
plicar a diferença entre os judeus e aqueles cristaos. Mas
˜ ˜
essas explicaçoes nao significariam nada para aquela mul-
˜
tidao. Quando perceberam que ele era judeu, começaram
´ ´ ´
a gritar: “Grande e a Artemis dos efesios!”, abafando assim
as palavras de Alexandre. Isso continuou durante cerca de
´ ˜
duas horas. Desde aquela epoca, o fanatismo religioso nao
´
mudou. Ate hoje, continua a fazer as pessoas agirem de
uma forma completamente irracional. — Atos 19:28-34.
˜
1 Associaç oes de profissionais,
´ chamadas guildas, podiam ser mui-
to influentes. Cerca de um seculo mais
˜ tarde, por ´ exemplo, a guilda
dos padeiros provocou uma confusao similar em Efeso.
ˆ
322 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
18 Finalmente, o administrador da cidade acalmou a mul-
˜ `
tidao. Essa autoridade competente e sensata assegurou a
˜ ˜
turba que aqueles cristaos nao representavam nenhum pe-
rigo para o templo nem para a sua deusa; que Paulo e os
˜
seus companheiros nao tinham cometido nenhum crime
´
contra o templo de Artemis; e que havia procedimentos
˜
legais para apresentar tais questoes. Talvez o argumento
mais convincente tenha sido lembrar-lhes que corriam o
risco de cair no desfavor de Roma por causa daquele ajun-
˜
tamento ilegal e desordenado. Entao, ele dissolveu a mul-
˜
tidao. Com a mesma rapidez com que tinha ficado irada,
˜
a multidao acalmou-se por causa dessas palavras sensatas
´
e razoaveis. — Atos 19:35-41.
˜
19 Esta nao foi a primeira vez que um homem de bom
˜
senso que ocupava uma posiçao de autoridade agiu em fa-
´
vor dos seguidores de Jesus, nem seria a ultima. De facto,
´ ˜ ˜ ´
o ap ostolo Joao previu numa visao que, durante estes ulti-
´
mos dias, os elementos estaveis deste mundo, retratados
pela terra, iriam ‘engolir’ uma grande enxurrada de perse-
˜ ˆ
guiçao satanica contra os seguidores de Jesus. (Apo. 12:15,
´
16) Isso realmente tem acontecido. Em muitos casos, juızes
´
18,
´ 19. (a) Como ´ e que o administrador da cidade acalmou a turba em
´ ` ´
Efeso? (b) Como e que o povo de Jeova, as vezes, e protegido pelas au-
˜
toridades, e como pode a nossa conduta contribuir para essa prote çao?
˜
“A PALAVRA [...] CRESCIA E PREVALECIA” APESAR DE OPOSIÇAO 323
imparciais decidem a favor dos direitos das Testemunhas
´ ˜
de Jeova de se reunirem para adoraçao e de divulgarem as
´
boas novas a outros. E claro que a nossa conduta pode con-
´
tribuir muito para tais vitorias. A conduta de Paulo, pelos
´
vistos, fez com que algumas autoridades em Efeso tives-
sem alguma simpatia e respeito por ele, por isso, queriam
ˆ
ve-lo em segurança. (Atos 19:31) Que a nossa conduta res-
´
peitosa e honesta tamb em possa causar uma boa impres-
˜
sao naqueles com quem temos contacto. Nunca sabemos
quais podem ser os efeitos a longo prazo.
˜ ´
20 Nao ´
e emocionante ver como “a palavra de Jeova cres-
´ ´ ´
cia e prevalecia” no primeiro seculo? Tamb em e emocio-
´ ´ ´ ´
nante ver como Jeova esta por tras de vitorias similares
nos nossos dias. Gostaria de ter uma parte, por mais pe-
´ ˜
quena que seja, nessas vitorias? Entao, aprenda dos exem-
´
plos que consideramos. Seja humilde, mantenha-se em dia
˜ ´
com a organizaçao de Jeova, continue a trabalhar ardua-
´
mente, rejeite o ocultismo e faça o maximo para dar um
bom testemunho por meio da sua conduta honesta e res-
peitosa.
´ ˆ ´
20. (a) Como e que voce se sente a respeito do facto de a palavra de Jeova
´
ter prevalecido no primeiro seculo e continuar a prevalecer hoje?
´ ˜ ` ´ ´
(b) Qual e a sua determinaçao no que se refere as vitorias de Jeova nos
nossos dias?
ˆ
324 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
´
CAPITULO 21


“Estou limpo do sangue


de todos os homens”
´
O zelo de Paulo no ministerio
˜
e os seus conselhos para os anciaos
Baseado em Atos 20:1-38
´
PAULO esta numa sala com muita gente no terceiro an-
´
dar de uma casa em Troade. Ele discursa durante algum
´ ´ ´
tempo, pois esta e a ultima noite que estara com os ir-
˜ ´ ´ ´
maos. Ja e meia-noite. A sala esta abafada e talvez com
´ ´
fumo, pois ha varias lamparinas acesas. Um jovem cha-
ˆ ´ `
mado Eutico esta sentado a janela. Enquanto Paulo
ˆ
fala, Eutico adormece e cai da janela!
´
2 Por ser medico, ´
Lucas provavelmente e um dos pri-
meiros a correr para a rua e a examinar o jovem. Lu-
˜ ´ ˆ ´
cas nao tem duvidas: Eutico esta “morto”. (Atos 20:9)
˜
Entao, acontece um milagre. Paulo deita-se sobre o jo-
` ˜
vem e diz a multidao: “Parem com o tumulto, pois ele
´ ˆ `
esta vivo.” Paulo trouxe Eutico de volta a vida. — Atos
20:10.
ˆ ˆ
1-3. (a) Descreva as circunstancias em torno da morte de Eutico. (b) O
´
que fez Paulo, e o que e que este acontecimento mostra a respeito dele?
“ESTOU LIMPO DO SANGUE DE TODOS OS HOMENS” 325
´
3 Este acontecimento mostra o poder do espırito san-
˜
to de Deus. Paulo nao podia ser responsabilizado pela
ˆ ˜
morte de Eutico. Apesar disso, ele nao queria que a
˜ ˜
morte daquele jovem estragasse uma ocasiao tao impor-
´
tante ou fizesse alguem trope çar espiritualmente. Por
ˆ ˜
ressuscitar Eutico, Paulo consolou a congregaç ao e for-
˜ ´ ´
taleceu os irmaos para continuarem o seu ministerio. E
evidente que Paulo se preocupava muito com a vida de
outros, como vemos nas suas palavras: “Estou limpo do
sangue de todos os homens.” (Atos 20:26) Vejamos
como o exemplo de Paulo pode ajudar-nos.
´
Ele “partiu em viagem para a Macedonia”
(Atos 20:1, 2)
´
4Conforme vimos no capıtulo anterior, Paulo tinha
´ ´ ´
enfrentado uma prova difıcil. O seu ministerio em Efe-
˜
so tinha causado uma grande confusao. De facto, os
˜ ´
prateiros, cujo sustento dependia da adoraç ao de Arte-
mis, tinham causado um tumulto! “Quando o alvoro ço
diminuiu”, Atos 20:1 relata, “Paulo mandou chamar os
´
discıpulos e, depois de os encorajar e de se despedir de-
´
les, partiu em viagem para a Macedonia”.
´ ´
4. Que prova difıcil e que Paulo tinha enfrentado?
ˆ
326 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
´
5 A caminho da Macedonia, Paulo parou no porto de
´ ´
Troade e ficou la durante algum tempo. Paulo esperava
que Tito, que tinha sido enviado a Corinto, se encontras-
´
se com ele em Troade. (2 Cor. 2:12, 13) Mas, quando se
˜ ´
tornou claro que Tito nao viria, Paulo seguiu viagem ate
` ´ ´
a Macedonia. Talvez tenha ficado la durante mais ou me-
´
nos um ano, “e disse aos discıpulos muitas palavras
de encorajamento”.1 (Atos 20:2) Por fim, Tito encontrou-
´ ´
-se com Paulo na Macedonia e levou-lhe boas notıcias a
˜ ´ `
respeito da reaçao dos corıntios a primeira carta de Pau-
lo. (2 Cor. 7:5-7) Isso motivou Paulo a escrever-lhes ou-
´
tra carta, conhecida hoje como 2 Corıntios.
´
6 E interessante notar que Lucas usa as palavras “en-

corajar” e “encorajamento” para descrever as visitas que


˜ ´ ´
Paulo fez aos irmaos em Efeso e na Macedonia. Essas
palavras descrevem muito bem a atitude de Paulo em
˜ ˜
relaç ao aos seus irmaos. Diferentemente dos fariseus,
que tratavam outros com desprezo, Paulo encarava as
˜
ovelhas de Deus como colaboradores. (Joao 7:47-49;
´
1´ Veja o quadro “As cartas que Paulo escreveu na Macedonia”, na
p agina 328.
´ ´
5, 6. (a) Quanto tempo e que Paulo talvez tenha ficado na Macedonia,
´ ˜
e o que e que ele fez pelos irmaos ali? (b) Que atitude tinha Paulo em
˜ ˜
relaçao aos irmaos?
“ESTOU LIMPO DO SANGUE DE TODOS OS HOMENS” 327
AS CARTAS QUE PAULO ´ ESCREVEU
NA MACED ONIA


´ `
Em 2 Corıntios, Paulo disse que, quando chegou a Ma-
´ ˜
cedonia, estava preocupado com os seus irmaos em Co-
´
rinto. Mas Tito trouxe-lhe boas notıcias de Corinto, e
˜
isso deixou Paulo mais tranquilo. Foi entao que Paulo,
´
por volta de 55 EC, escreveu 2 Corıntios. Nessa carta,
´
ele indica que ainda estava na Macedonia. (2 Cor. 7:5-7;
9:2-4) Uma das coisas que tinha em mente durante esse
´
perıodo era terminar a coleta de dinheiro para os san-
´
tos na Judeia. (2 Cor. 8:18-21) Ele tamb em estava preo-
´
cupado com a presença de “falsos ap ostolos, trabalha-
dores´ enganosos” em Corinto. — 2 Cor. 11:5, 13, 14.
´
E possıvel que a carta de Paulo a Tito tenha sido es-
´
crita na Macedonia. Em algum momento entre os anos
61 EC e 64 EC, depois de ter sido libertado da primeira
vez que esteve preso em Roma, Paulo visitou a ilha de
Creta. Ele deixou Tito ali para corrigir alguns proble-
˜
mas e fazer designaçoes. (Tito 1:5) Paulo pediu a Tito
´
para se encontrar com ele em Nicopolis. Havia mais de
˜ ˆ
uma cidade com esse nome na regiao do Mediterraneo
´ ´
naquela epoca, mas parece mais provavel que Paulo es-
` ´
tivesse a referir-se a Nicopolis que ficava no noroeste
´ ´
da Grecia. O ap ostolo provavelmente estava a servir na-
˜
quela regiao quando escreveu a Tito. — Tito 3:12.
´ ´
Paulo tamb em escreveu 1 Timoteo entre as suas duas
˜
prisoes em Roma, entre 61 EC e 64 EC. Na introdu-
˜ ´
çao dessa carta, vemos que Paulo pediu a Timoteo para
ˆ
328 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
´ ´ `
permanecer em Efeso ao passo que ele proprio iria a
´ ´
Macedonia. (1 Tim. 1:3) Parece que foi de la que Pau-
´
lo escreveu essa carta a Timoteo. Nela, Paulo falou com
´
Timoteo como um pai fala com um filho, dando-lhe
˜
conselhos, encorajamento e orientaçoes sobre determi-
nados procedimentos a serem seguidos nas congrega-
˜
çoes.

1 Cor. 3:9) Ele mantinha essa atitude, mesmo quando


tinha de dar fortes conselhos. — 2 Cor. 2:4.
˜
7 Hoje, os anciaos congregacionais e os superintenden-
tes de circuito esforçam-se para imitar o exemplo de
˜
Paulo. Mesmo ao dar alguma repreensao, o seu objeti-
´
vo e fortalecer os que precisam de ajuda. Com empatia,
˜
os superintendentes procuram encorajar os irmaos, em
´
vez de condena-los. Um superintendente de circuito ex-
periente expressou isso da seguinte forma: “A maioria
˜ ´
dos irmaos quer fazer o que e certo, mas, muitas vezes,
˜
lutam com frustraç oes, receios e o sentimento de que
˜
sao incapazes de lidar com os seus problemas.” Os su-
perintendentes podem ser uma fonte de encorajamento
˜
para esses irmaos. — Heb. 12:12, 13.
´ ˜
7. Como e que os superintendentes cristaos hoje podem imitar o exem-
plo de Paulo?
“ESTOU LIMPO DO SANGUE DE TODOS OS HOMENS” 329
˜
“Fizeram uma conspiraçao contra ele”
(Atos 20:3, 4)
´
8Da Macedonia, Paulo foi para Corinto.1 Depois de
ˆ
passar tres meses ali, estava desejoso de ir para Cen-
´
creia, de onde planeava apanhar um barco para a Sıria.
´ ˜ ´
De la, teria condiç oes de ir para Jerusalem e entregar
˜ ˜
as contribuiç oes aos irmaos que estavam a passar ne-
cessidade.2 (Atos 24:17; Rom. 15:25, 26) Mas uma ines-
perada reviravolta nos acontecimentos mudou os planos
de Paulo. Atos 20:3 relata: “Os judeus fizeram uma
˜
conspiraç ao contra ele.”
˜
9 Nao ´
e de admirar que os judeus odiassem muito
´ ´
Paulo, pois consideravam-no um ap ostata. O ministerio
˜
dele tinha resultado na conversao de Crispo – uma pes-
soa de destaque na sinagoga de Corinto. (Atos 18:7, 8;
˜
1 Cor. 1:14) Noutra ocasiao, os judeus em Corinto ti-
˜ ´
nham levantado acusaç oes contra Paulo diante de Ga-
ˆ ´ ˜ ˜
lio, proc onsul da Acaia. Mas Galio nao deu atenç ao ao
˜ ˜
caso, declarando que nao havia base para as acusaç oes
´ ´
1 E provavel que Paulo tenha escrito a carta aos Romanos durante
essa visita a Corinto.
˜ ˜
2 Veja o quadro “Paulo
´ entrega contribuiç oes para ajudar os irmaos
necessitados”, na p agina 332.
8, 9. (a) O que interrompeu os planos de Paulo de apanhar um barco
´ ´
para a Sıria? (b) Porque e que os judeus talvez odiassem Paulo?
ˆ
330 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
˜
– decisao que deixou os inimigos de Paulo furiosos.
(Atos 18:12-17) Os judeus em Corinto talvez soubessem,
ou pelo menos presumissem, que Paulo iria apanhar um
barco ali perto, em Cencreia, e, por isso, prepararam
´
uma emboscada. O que e que Paulo faria?
´
10 Levando a sua propria segurança em conta – e para
proteger o dinheiro que lhe tinha sido confiado – Pau-
˜
lo decidiu nao ir a Cencreia e voltar pelo caminho de
´
onde veio, passando pela Macedonia. Naturalmente, a
´ ´
viagem por terra tamb em tinha perigos. Nessa epoca,
´
assaltantes costumavam vigiar as estradas. Ate as hos-
pedarias podiam ser locais perigosos. Apesar disso,
Paulo preferiu correr os riscos de uma viagem por ter-
ra a enfrentar o que o aguardava em Cencreia. Feliz-
˜
mente, nao viajava sozinho. Nessa etapa da sua viagem
´ ´
missionaria, os companheiros de Paulo incluıam Aris-
´ ´ ´ ´
tarco, Gaio, Segundo, S opater, Timoteo, Tıquico e Tro-
fimo. — Atos 20:3, 4.
˜
11 Assim como Paulo, os cristaos hoje tomam precau-
˜ ˜ ˜
ç oes para se protegerem quando estao na pregaç ao. Em
´
10. Sera que Paulo evitou ir a Cencreia por cobardia? Explique.
´ ˜ ˜ ´
11. Como e que os cristaos hoje tomam precauçoes razoaveis para se
proteger, e que exemplo deixou Jesus?
“ESTOU LIMPO DO SANGUE DE TODOS OS HOMENS” 331
˜
PAULO ENTREGA CONTRIBUI ˜ Ç OES PARA
AJUDAR OS IRM AOS NECESSITADOS


Nos anos que se seguiram ao Pentecostes de 33 EC,


˜ ´
os cristaos em Jerusalem sofreram muitas dificulda-
˜
des – fome, perseguiçao e o saque dos seus bens. Em
ˆ
consequencia disso, alguns estavam a passar necessi-
dade. (Atos 11:27–12:1; Heb. 10:32-34) Assim, por vol-
˜ ´
ta de 49 EC, quando os anciaos em Jerusalem orienta-
˜
ram Paulo a concentrar a sua pregaçao entre os gentios,
incentivaram-no a ‘lembrar-se dos pobres’. E foi exata-
mente isso o que Paulo fez, supervisionando a coleta
˜ ´
de recursos nas congregaçoes. — Gal. 2:10.
´ ˆ
Em 55 EC, Paulo disse aos corıntios: “Voces podem
˜ ` ˜
seguir as orientaçoes que dei as congregaçoes da Ga-
´ ˆ
lacia. No primeiro dia da semana, cada um de voces
ˆ
deve p or algo de parte, de acordo com os seus recursos,
˜
para que as coletas nao sejam feitas quando eu chegar.
´ ´
No entanto, quando eu aı chegar, enviarei a Jerusalem
ˆ
os homens que voces aprovarem por cartas, para que
´
levem a vossa bondosa dadiva.” (1 Cor. 16:1-3) Pouco
´
depois, quando Paulo escreveu aos corıntios a sua se-
gunda carta inspirada, incentivou-os a deixarem as suas
˜ ´
contribuiçoes preparadas e mencionou que os macedo-
´
nios tamb em estavam a contribuir. — 2 Cor. 8:1–9:15.
´
Assim, foi no ano 56 EC que representantes de varias
˜
congregaçoes se encontraram com Paulo para entregar
o valor total da coleta. O facto de nove homens viaja-
˜
rem juntos nao apenas deu certa medida de segurança,
ˆ
332 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
´ ´
mas tamb em protegeu Paulo de qualquer possıvel acu-
˜
saçao de ter usado mal os recursos doados. (2 Cor. 8:20)
˜
Entregar essas contribuiçoes era o principal objetivo
´
da viagem de Paulo a Jerusalem. (Rom. 15:25, 26) Mais
˜
tarde, Paulo fez a seguinte observaçao ao governador
´ ´ ´
Felix: “Depois de varios anos, vim a Jerusalem para tra-
˜ ` ˜
zer uma contribuiçao a minha naçao e fazer ofertas.”
— Atos 24:17.

˜
algumas regioes, em vez de ficarem sozinhos, andam em
grupo, ou pelo menos aos pares. Como agem quando
˜ ˜ ˜
sao perseguidos? Os cristaos sabem que a perseguiç ao
´ ´ ˜ ˜
e inevitavel. (Joao 15:20; 2 Tim. 3:12) Mas isso nao quer
dizer que se exponham deliberadamente ao perigo. Veja
˜
o exemplo de Jesus. Em certa ocasiao, quando oposito-
´
res em Jerusalem come çaram a pegar em pedras para
lhe atirarem, “Jesus escondeu-se e saiu do templo”.
˜ ´
(Joao 8:59) Mais tarde, quando planeavam mata-lo, “Je-
´ ˜
sus j a nao andava publicamente entre os judeus, mas
˜ ˜
partiu dali para a regiao perto do deserto”. (Joao 11:54)
˜ ´
Jesus tomou precauç oes razoaveis para se proteger
˜
quando fazer isso nao entrava em conflito com a von-
˜
tade de Deus. Hoje, os cristaos fazem o mesmo. — Mat.
10:16.
“ESTOU LIMPO DO SANGUE DE TODOS OS HOMENS” 333
Eles foram “muito consolados” (Atos 20:5-12)
12 Paulo e os seus companheiros viajaram juntos pela
´ ˜
Macedonia e entao, aparentemente, seguiram caminhos
´
diferentes. Mais tarde, voltaram a encontrar-se em Troa-
´
de.1 O relato diz: “Cinco dias depois, encontramo-los
´
em Troade.”2 (Atos 20:6) Foi nessa cidade que o jovem
ˆ ´
Eutico foi ressuscitado, como descrito no inıcio deste
´ ˜
capıtulo. Imagine como os irmaos se sentiram ao ver o
ˆ
seu amigo Eutico vivo novamente. Conforme diz o re-
lato, eles foram “muito consolados”. — Atos 20:12.
´ ˜
13 E claro que hoje nao acontecem milagres deste tipo.
Mesmo assim, os que perderam pessoas queridas na
˜ ´
morte sao “muito consolados” pela esperança bıblica da
˜ ˜
ressurreiç ao. (Joao 5:28, 29) Pense no seguinte: por
ˆ
ser imperfeito, Eutico mais tarde acabou por morrer.
(Rom. 6:23) Mas os que forem ressuscitados no novo
˜
mundo de Deus terao a perspetiva de viver para sem-
´
1 Visto que Atos 20:5, 6 e narrado na primeira pessoa, parece que
Lucas se juntou novamente a Paulo em Filipos depois de ter sido
deixado ali por Paulo algum ´ tempo antes. — Atos 16:10-17, 40.
2 A viagem
˜ de Filipos a Troade levou cinco dias. Pode ser que os
ventos nao estivessem a favor, pois anteriormente essa mesma via-
gem tinha sido feita em apenas dois dias. — Atos 16:11.
´ ˜ ˆ
12, 13. (a) Que efeito e que a ressurreiçao de Eutico teve na congrega-
˜ ´
çao? (b) Que esperança bıblica consola os que perdem pessoas queridas
na morte?
ˆ
334 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
´ ˜
pre! Alem disso, os que sao ressuscitados para rei-
´ ˜
nar com Jesus no c eu sao revestidos de imortalidade.
˜
(1 Cor. 15:51-53) Os cristaos hoje – quer os ungidos,
ˆ
quer as “outras ovelhas” – tem bons motivos para se
˜
sentirem “muito consolados”. — Joao 10:16.
“Publicamente e de casa em casa”
(Atos 20:13-24)
´ ´
14Paulo e o seu grupo viajaram de Troade ate Assos
´
e depois ate Mitilene, Quios, Samos e Mileto. O objeti-
´
vo de Paulo era chegar a Jerusalem a tempo da Festivi-
˜
dade de Pentecostes; a sua pressa explica por que razao
˜ ˜ ´
escolheu uma embarcaç ao que nao pararia em Efeso
nessa viagem de volta. Mas, visto que Paulo queria con-
˜ ´ ´
versar com os anciaos de Efeso, o ap ostolo pediu-lhes
que se encontrassem com ele em Mileto. (Atos 20:13-17)
Quando chegaram, Paulo disse-lhes: “Bem sabem como
ˆ
me comportei entre voc es desde o primeiro dia em que
´ ´
pisei a provıncia da Asia: trabalhei como escravo para
´
o Senhor, com toda a humildade e com lagrimas, so-
˜ ˜
frendo provaç oes por causa das conspiraç oes dos ju-
˜
deus. Ao mesmo tempo, nao deixei de vos dizer coisa
´ ˜ ´
14. O que e que Paulo disse aos anciaos de Efeso quando se encontrou
com eles em Mileto?
“ESTOU LIMPO DO SANGUE DE TODOS OS HOMENS” 335
alguma que fosse proveitosa, nem de vos ensinar publi-
´
camente e de casa em casa. Porem, dei testemunho de
forma cabal, tanto a judeus como a gregos, de que de-
´
viam arrepender-se e voltar-se para Deus, e ter fe no
nosso Senhor Jesus.” — Atos 20:18-21.
15 Ha´ muitas formas de alcançar as pessoas com as

boas novas hoje. Como Paulo, esforçamo-nos para ir


onde quer que haja pessoas, seja em paragens de auto-
carro, ruas movimentadas ou em lojas. Mas ir de casa
´ ˜
em casa continua a ser o principal metodo de pregaç ao
´ ˆ
das Testemunhas de Jeova. Porque? Por um lado, a pre-
˜ ´
gaç ao de casa em casa da a todos a oportunidade de
ouvir a mensagem do Reino regularmente, demonstran-
´
do assim a imparcialidade de Deus. Permite tamb em
que os sinceros recebam ajuda individualizada de acor-
´ ´
do com as suas necessidades. Alem disso, o ministerio
´
de casa em casa fortalece a fe e a perseverança dos que
se empenham nessa atividade. Realmente, uma marca
˜ ´
registada dos cristaos verdadeiros e o seu zelo em pre-
gar “publicamente e de casa em casa”.
˜ ´ ˜
16 Paulo explicou aos anciaos de Efeso que ele nao sa-
˜ ˜
15. Quais sao algumas vantagens da pregaçao de casa em casa?
´ ´
16, 17. Como e que Paulo mostrou que era corajoso, e como e que os
˜
cristaos hoje imitam o seu exemplo?
ˆ
336 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
´
bia os perigos que o aguardavam ao voltar a Jerusalem.
˜
Ele disse: “Contudo, nao considero que a minha vida
´
seja preciosa para mim; o importante e que eu possa
´
terminar a minha corrida e o ministerio que recebi do
Senhor Jesus: dar um testemunho cabal das boas novas
a respeito da bondade imerecida de Deus.” (Atos 20:24)
Com coragem, Paulo recusou-se a deixar que qualquer
ˆ ´
circunstancia – quer fosse saude fraca ou amarga opo-
˜ ˜
siç ao – o impedisse de cumprir a sua designaç ao.
˜
17 Hoje os cristaos ´ ´
tamb em enfrentam varios tipos de
ˆ ˜
circunstancias negativas. Alguns enfrentam proscriç ao
˜
e perseguiç ao. Outros corajosamente lutam contra gra-
´
ves doenças fısicas ou emocionais. Os jovens lidam com
˜
a pressao de colegas na escola. Independentemente das
ˆ ´
circunstancias, as Testemunhas de Jeova mostram deter-
˜ ˜
minaç ao, assim como Paulo. Estao decididas a “dar um
testemunho cabal das boas novas”.
˜ ˆ
“Prestem atençao a voces mesmos e a todo o rebanho”
(Atos 20:25-38)
˜
A seguir, Paulo deu um forte conselho aos anciaos
18
´ ´
de Efeso, usando o seu proprio modo de vida como
´ ´
18. Como e que´ Paulo se manteve livre de culpa de sangue, e como e que
˜
os anciaos de Efeso poderiam fazer o mesmo?
“ESTOU LIMPO DO SANGUE DE TODOS OS HOMENS” 337
exemplo. Primeiro, informou-os de que era provavel-
´ ˜
mente a ultima vez que o veriam. Entao, disse: “Estou
˜
limpo do sangue de todos os homens, pois nao deixei
´
de vos declarar toda a vontade de Deus.” Como e que
˜ ´
os anciaos de Efeso poderiam imitar Paulo e, assim,
˜
nao terem culpa de sangue? Ele disse-lhes: “Prestem
˜ ˆ
atenç ao a voc es mesmos e a todo o rebanho, sobre o
´
qual o espırito santo vos designou como superintenden-
˜
tes, para pastorearem a congregaç ao de Deus, que
´
ele comprou com o sangue do seu proprio Filho.”
(Atos 20:26-28) Paulo avisou que “lobos ferozes” iriam
infiltrar-se no rebanho e ‘diriam coisas deturpadas para
´ ´ ´
arrastar os discıpulos atras de si’. O que e que os an-
˜
ciaos deveriam fazer? “Mantenham-se despertos”, avi-
ˆ
sou Paulo, “e lembrem-se de que durante tres anos, noi-
˜ ˆ
te e dia, nao parei de vos exortar, a cada um de voc es,
´
com lagrimas”. — Atos 20:29-31.
19Esses “lobos ferozes” apareceram no fim do primei-
´ ´ ˜
ro seculo. Por volta de 98 EC, o ap ostolo Joao escreveu:
´ ´
“Ja surgiram agora muitos anticristos. [...] Saıram do
˜
nosso meio, mas nao eram dos nossos, pois, se fossem
´ ´
19. Que apostasia nasceu no fim do primeiro seculo, e a que e que isso
´
levou nos seculos seguintes?
ˆ
338 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
˜
dos nossos, teriam permanecido connosco.” (1 Joao
´ ´
2:18, 19) No terceiro seculo, a apostasia j a tinha levado
ao surgimento da classe clerical da cristandade, e no
´
quarto seculo o Imperador Constantino deu reconheci-
mento oficial a essa forma corrupta de “cristianismo”.
˜
Por terem adotado rituais pagaos, dando-lhes uma apa-
ˆ ˜ ´
rencia “crista”, os lıderes religiosos de facto ‘disseram
coisas deturpadas’. Ainda se podem ver os efeitos de tal
apostasia nos ensinos e costumes da cristandade.
´
20 O modo de vida do ap ostolo Paulo contrastava com
o daqueles que, mais tarde, se aproveitariam do reba-
˜
nho. Ele trabalhava para se sustentar, de forma a nao
˜
ser um fardo para a congregaç ao. Os seus esforços a fa-
˜ ˜
vor dos irmaos nao tinham por objetivo obter riquezas.
˜ ´
Paulo incentivou os anciaos efesios a demonstrarem um
´
espırito abnegado. “Devem ajudar os fracos”, disse-lhes
Paulo, “e ter em mente as palavras do Senhor Jesus, que
´
disse: ‘Ha mais felicidade em dar do que em receber.’”
— Atos 20:35.
˜ ˜ ˜
Assim como Paulo, os anciaos cristaos hoje sao ab-
21

´
negados. Em contraste com os clerigos da cristandade,
´ ´ ´
20, 21. Como e que Paulo demonstrou um espırito abnegado, e como e
˜ ˜
que os anciaos cristaos hoje podem fazer o mesmo?
“ESTOU LIMPO DO SANGUE DE TODOS OS HOMENS” 339
que se aproveitam do seu rebanho, aqueles a quem se
confia a responsabilidade de “pastorearem a congrega-
˜
ç ao de Deus” cumprem as suas responsabilidades de
´ ˜ ˜
maneira altruısta. O orgulho e a ambiç ao nao fazem
˜ ˜ ´
parte da congregaç ao crista, pois os que ‘buscam a pro-
´ ˜
pria gloria’ falharao a longo prazo. (Pro. 25:27) A pre-
˜ ´ `
sunç ao so leva a desonra. — Pro. 11:2.
˜
22 Paulo era muito amado pelos irmaos por causa do
´ ´
genuıno amor que ele proprio lhes demonstrava. De fac-
to, quando Paulo teve de se ir embora, “todos come ça-
˜
ram a chorar muito; entao, abraçaram Paulo e beijaram-
˜
-no ternamente”. (Atos 20:37, 38) Os cristaos prezam e
˜
amam muito aqueles que, assim como Paulo, dao de si
mesmos a favor do rebanho. Depois de analisar o exce-
˜ ˜
lente exemplo de Paulo, nao concorda que ele nao exa-
gerou nem foi presunçoso ao dizer: “Estou limpo do
sangue de todos os homens”? — Atos 20:26.
˜ ´
22. O que tornou Paulo uma pessoa muito amada pelos anciaos de Efeso?

ˆ
340 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
´
CAPITULO 22


“Seja feita a vontade


´
de Jeova”
Decidido a fazer a vontade de Deus,
´
Paulo vai a Jerusalem
Baseado em Atos 21:1-17
˜
TODOS em Mileto estao emocionados com a partida de
´ ˜ ´ ´
Paulo e Lucas. Para estes dois missionarios, nao e facil te-
˜ ´
rem de se despedir dos anciaos efesios, que tanto amam.
˜ ´ ´
Os dois estao no conves do navio. Na sua bagagem, ha su-
´
primentos para a viagem. Eles tamb em levam as contri-
˜ ˜ ˜
buiçoes que recolheram para os cristaos que estao a pas-
sar necessidade na Judeia e mal podem esperar para
˜
entregar o dinheiro a esses irmaos.
2 Uma suave brisa enche as velas, e o navio afasta-se do
barulhento cais. Os dois homens, e os outros sete que via-
˜
jam com eles, olham para os semblantes tristes dos irmaos
´
na costa. (Atos 20:4, 14, 15) Os viajantes dizem adeus ate
deixarem de conseguir ver os seus amigos na praia.
ˆ
3 Durante cerca de tres anos, Paulo trabalhou lado a
´ ´ ´
1-4. Porque e que Paulo ia para Jerusalem, e o que e que o aguardava
ali?
´
“SEJA FEITA A VONTADE DE JEOVA” 341
˜ ´
lado com os anciaos de Efeso. Mas, agora, orientado pelo
´ ´ ´ ´
espırito santo, ele esta a caminho de Jerusalem. Ate certo
ponto, ele sabe o que o aguarda. Anteriormente, ele tinha
˜ ´
dito aos anciaos: “Compelido pelo espırito, viajo para Je-
´ ˜ ´ ´ ´
rusalem, embora nao saiba o que me acontecera la. S o sei
´
que, de cidade em cidade, o espırito santo avisa-me repeti-
˜ ˜
damente de que me aguardam prisoes e tribulaçoes.”
(Atos 20:22, 23) Apesar do perigo, Paulo sente-se “compe-
´ ˜
lido pelo espırito”, ou seja, sente-se na obrigaçao de seguir
˜ ´ ´ ´ ´
a orientaçao do espırito e ir a Jerusalem, e tamb em esta
˜
disposto a fazer isso. Ele nao quer morrer, mas fazer a von-
´
tade de Deus e o mais importante para ele.
ˆ
4 E voc e? ´ ´
Tambem se sente assim? Quando nos dedicamos
´
a Jeova, prometemos solenemente que fazer a vontade dele
seria a coisa mais importante na nossa vida. Analisar o
´ ´ ´ ´
exemplo do fiel ap ostolo Paulo sera benefico para nos.
Passaram pela “ilha de Chipre” (Atos 21:1-3)
5O navio onde Paulo e os seus companheiros estavam
´
‘navegou diretamente’, ou seja, a favor do vento, ate che-
´
gar a C os mais tarde naquele mesmo dia. (Atos 21:1) Pa-
rece que o navio ficou ancorado ali durante a noite antes
´ ´
de zarpar para Rodes e Patara. Em Patara, na costa sul da
´ ´
5. Que percurso e que Paulo e os seus companheiros fizeram ate Tiro?
ˆ
342 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
´ ˜
Asia Menor, os irmaos embarcaram num grande navio de
´
carga, que os levou diretamente a Tiro, na Fenıcia. No ca-
`
minho, eles passaram pela ‘ilha de Chipre, a esquerda [a
´
bombordo]’ do navio. (Atos 21:3) Porque e que Lucas, o
escritor do livro de Atos, mencionou este detalhe?
6 Talvez Paulo tenha apontado para a ilha e mencionado
algumas das coisas que passou ali. Na sua primeira viagem
´ ´
missionaria, cerca de nove anos antes, Paulo, Barnabe e
˜ ˆ
Joao Marcos encontraram o feiticeiro Elimas, que se op os
` ˜
a pregaçao deles. (Atos 13:4-12) Ver aquela ilha e refletir no
que tinha ocorrido ali pode ter encorajado e fortalecido
´ ´
Paulo para o que ia acontecer. Nos tambem somos benefi-
ciados quando refletimos em como Deus nos tem abençoa-
˜ ´
do e ajudado a enfrentar provaçoes. Sem duvida, sentimo-
˜
-nos como David, que escreveu: “Muitas sao as dificuldades
´
do justo, mas Jeova livra-o de todas elas.” — Sal. 34:19.
´ ´ ´
“Procuramos os discıpulos e encontramo-los”
(Atos 21:4-9)
˜ ˜
Paulo reconhecia o valor da associaçao crista e tinha
7

˜
muita vontade de estar com os irmaos. Lucas escreve o
´
6. (a) Porque e que ver a ilha de Chipre talvez tenha encorajado Paulo?
´
(b) Ao refletir em como Jeova o tem abençoado e ajudado, a que con-
˜ ´ ˆ
clusao e que voce chega?
´
7. O que e que os viajantes fizeram ao chegar a Tiro?
´
“SEJA FEITA A VONTADE DE JEOVA” 343
´
que ele proprio e os outros viajantes fizeram ao chegar a
´ ´ ´
Tiro: “Procuramos os discıpulos e encontramo-los.” (Atos
˜
21:4) Sabendo que havia cristaos em Tiro, os viajantes pro-
curaram-nos e provavelmente ficaram com eles. Uma das
ˆ ˜ ´
maiores b ençaos de conhecer a verdade e que, onde quer
˜ ´
que vamos, encontramos irmaos que pensam como nos e
que nos recebem bem. Os que amam a Deus e praticam a
˜ ˆ
adoraçao verdadeira tem amigos em todo o mundo.
8Ao descrever os sete dias que os viajantes ficaram em
`
Tiro, Lucas regista algo que pode parecer estranho a pri-
´ ˜
meira vista: “Por meio do espırito, eles [os irmaos em Tiro]
˜ ´
diziam repetidamente a Paulo que nao pusesse os p es em
´ ´ ´ ´ ˜
Jerusalem.” (Atos 21:4) Sera que Jeova ja nao queria que
´ ´
Paulo fosse a Jerusalem? Nem pensar. O espırito tinha in-
´ ˜
dicado que Paulo seria maltratado em Jerusalem, nao que
ele deveria evitar ir a essa cidade. Parece que, por meio do
´ ˜ ´
espırito santo, os irmaos em Tiro concluıram corretamen-
´
te que Paulo enfrentaria dificuldades em Jerusalem. As-
sim, por estarem preocupados com o bem-estar de Paulo,
˜ `
eles incentivaram-no a nao ir aquela cidade. Eles queriam
proteger Paulo do perigo que o aguardava, e isso era com-
´
preensıvel. Mesmo assim, decidido a fazer a vontade de
8. Como devemos entender Atos 21:4?
ˆ
344 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
´ ´ ´
Jeova, Paulo continuou a sua viagem ate Jerusalem.
— Atos 21:12.
˜ ˜
9 Ao ouvir a preocupaçao dos irmaos, Paulo talvez se te-
˜
nha lembrado de que Jesus enfrentou uma objeçao simi-
´
lar depois de ter dito aos discıpulos que iria a Jerusa-
´
lem, sofreria muitas coisas e seria morto. Levado pelas
˜ ˜
emo çoes, Pedro disse a Jesus: “Tem compaixao de ti mes-
´
mo, Senhor! Isso de modo algum te acontecera.” Jesus res-
´ ´ ´
pondeu: “Para tras de mim, Satanas! Tu es uma pedra de
˜
tropeço para mim, porque nao tens os pensamentos de
Deus, mas os de homens.” (Mat. 16:21-23) Jesus estava de-
cidido a aceitar o proceder abnegado que Deus lhe tinha
˜ ˜
designado. Paulo tinha a mesma determinaçao. Os irmaos
´ ´
em Tiro, assim como o ap ostolo Pedro, sem duvida tinham
˜ ˜
boas intençoes, mas nao discerniam a vontade de Deus.
10 Muitos hoje gostam da ideia de se pouparem ou de
adotarem a lei do menor esforço. A maioria das pessoas
˜ ` ˜
procura uma religiao que as deixe a vontade e que nao seja
muito exigente. Em contraste com isso, Jesus destacou a
necessidade de ter uma atitude mental totalmente diferen-
´ ´
te. Ele disse aos seus discıpulos: “Se alguem quiser ser
˜ ´
9, 10. (a) De que situaçao e que Paulo talvez se tenha lembrado ao ou-
˜ ˜ ´
vir a preocupaçao dos irmaos em Tiro? (b) Que ideia e comum no mundo
´
hoje, e como e que isso contrasta com as palavras de Jesus?
´
“SEJA FEITA A VONTADE DE JEOVA” 345
meu seguidor, negue-se a si mesmo, apanhe a sua estaca
´
de tortura e siga-me sempre.” (Mat. 16:24) Seguir Jesus e
´ ˜ ´ ´
o proceder sabio e correto, mas nao e o mais facil.
11 Pouco depois, chegou o momento de Paulo, Lucas e
os outros que estavam com eles prosseguirem viagem.
˜ ´ ˜
A descriçao da sua partida e comovente. Mostra a afeiçao
˜
que os irmaos em Tiro tinham por Paulo e o grande apoio
´
que davam ao ministerio dele. Os homens, as mulheres e
´
as crianças acompanharam Paulo e os outros viajantes ate
` ˜
a praia. Como grupo, eles ajoelharam-se e oraram, e entao
despediram-se. A seguir, Paulo, Lucas e os seus compa-
´
nheiros entraram num barco e navegaram ate Ptolemaida,
˜
onde encontraram os irmaos e ficaram com eles durante
um dia. — Atos 21:5-7.
Lucas relata que, a seguir, Paulo e os que viajavam
12

´
com ele foram para Cesareia. Quando la chegaram, eles
‘entraram na casa de Filipe, o evangelizador’.1 (Atos 21:8)
Eles devem ter ficado muito felizes por verem Filipe. Cer-
´
ca de 20 anos antes em Jerusalem, ele tinha sido designa-
´
1 Veja o quadro “Cesareia – capital da provıncia romana da Judeia”,
´
na p agina 348.
´ ´
11. Como e que os discıpulos em Tiro mostraram que amavam e apoia-
vam Paulo?
´
12, 13. (a) Que registo de serviço fiel tinha Filipe? (b) Como e que Fi-
´ ´ ˜
lipe e um bom exemplo para os chefes de famılia cristaos hoje?
ˆ
346 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
´ ˜
do pelos ap ostolos para ajudar na distribuiçao de alimen-
˜ ´ ˜ ˜
tos na entao recem-formada congregaçao crista. Filipe ti-
˜
nha um longo registo de pregaçao zelosa. Lembre-se de
˜ ´
que, quando a perseguiçao espalhou os discıpulos, Filipe
foi para Samaria e começou a pregar. Mais tarde, ele pre-
´
gou ao eunuco etıope e batizou-o. (Atos 6:2-6; 8:4-13,
26-38) Que excelente registo de serviço fiel!
˜
13 Filipe nao ´
tinha perdido o seu zelo pelo ministerio.
Agora morava em Cesareia e ainda estava ocupado com a
˜
pregaçao, conforme Lucas indica ao chamar-lhe “o evange-
´
lizador”. Tambem ficamos a saber que agora ele tinha qua-
tro filhas que profetizavam, o que sugere que elas seguiram
os passos do pai.1 (Atos 21:9) Isso mostra que Filipe se deve
ter esforçado muito para edificar a espiritualidade da sua
´ ´
famılia. Os chefes de famılia fazem bem em imitar o exem-
´
plo de Filipe, tomando a dianteira no ministerio e ajudan-
˜
do os filhos a desenvolver amor pela pregaçao.
14 Num lugar ap os´ ˜
outro, Paulo procurava os irmaos e
˜
passava tempo com eles. Com certeza, os irmaos lo-
cais estavam desejosos de mostrar hospitalidade a esse
´
˜1 Veja o quadro
´ “Sera que as mulheres podiam ser ministras cris-
tas?”, na p agina 350.
´
14. Sem duvida, qual foi o resultado das visitas de Paulo aos seus ir-
˜ ˜
maos cristaos, e que oportunidades similares temos hoje?
´
“SEJA FEITA A VONTADE DE JEOVA” 347
´
CESAREIA – CAPITAL DA PROV INCIA
ROMANA DA JUDEIA


´
Durante o perıodo abrangido pelo livro de Atos, Cesa-
´
reia era a capital da provıncia romana da Judeia e o lo-
cal onde ficavam a base do seu contingente militar e o
governador. Herodes, o Grande, construiu a cidade e deu-
´
-lhe o nome em homenagem a Cesar Augusto. Cesareia
´ ˜
tinha todas as caracterısticas das cidades pagas e hele-
´ `
nısticas dos seus dias – um templo dedicado a “divinda-
´ ´
de” de Cesar, um teatro, um hip odromo e um anfiteatro.
˜
A populaçao era predominantemente gentia.
´
Cesareia era uma cidade portuaria fortificada. A ambi-
˜ ´
çao de Herodes era que o novo complexo portuario ali,
chamado Sebastos (grego para Augusto), equipado com
um grande quebra-mar na costa que, de outra forma,
˜ ˜
nao teria condiçoes para os navios atracarem, rivalizasse
ˆ
com Alexandria como o centro comercial do Mediterra-
neo oriental. Embora nunca tenha superado Alexandria,
´
Cesareia, de facto, alcançou prestıgio internacional por
˜ ´
causa da sua posiçao estrategica em importantes rotas
comerciais.
O evangelizador Filipe pregou as boas novas em Ce-
´
sareia e parece que constituiu famılia ali. (Atos 8:40;
˜ ´
21:8, 9) Era a cidade onde o centuriao romano Cornelio
˜
servia e foi o local da sua conversao. — Atos 10:1.
´ ´
O ap ostolo Paulo visitou Cesareia varias vezes. Pouco
˜
depois da conversao de Paulo, quando os seus inimigos
´ ´
planearam mata-lo, os discıpulos prontamente retiraram
ˆ
348 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
˜ ´
o seu novo irmao de Jerusalem e levaram-no o mais de-
´ ´ ´
pressa possıvel ate Cesareia, numa viagem de 90 quilo-
metros, a fim de o enviarem de navio para Tarso. Paulo
passou pelo porto de Cesareia quando estava a ir para
´
Jerusalem no final da sua segunda e da sua terceira via-
´
gem missionaria. (Atos 9:28-30; 18:21, 22; 21:7, 8) Ele fi-
´
cou dois anos preso no palacio de Herodes em Cesareia.
˜ ´
Ali, em diferentes ocasioes, Paulo conversou com Felix,
Festo e Agripa, e dali, por fim, partiu de navio para
Roma. — Atos 23:33-35; 24:27–25:4; 27:1.

´
missionario viajante e aos seus companheiros. Essas visi-
´
tas, sem duvida, permitiam que todos ‘se encorajassem
´
mutuamente’. (Rom. 1:11, 12) Hoje tamb em temos opor-
´ ´
tunidades similares. Ha muitos benefıcios em abrir as por-
tas da nossa casa, mesmo que seja humilde, a um superin-
`
tendente de circuito e a sua esposa. — Rom. 12:13.
“Estou pronto [...] para morrer” (Atos 21:10-14)
15Durante o tempo em que Paulo ficou com Filipe, che-
´
gou outro visitante respeitado – Agabo. Os que estavam
´
na casa de Filipe sabiam que Agabo era profeta; ele tinha
´
predito uma grande fome durante o reinado de Claudio.
´
(Atos 11:27, 28) Talvez se perguntassem: ‘Porque e que
´ ´
15, 16. Que mensagem trouxe Agabo, e que efeito e que ela teve nos que
a ouviram?
´
“SEJA FEITA A VONTADE DE JEOVA” 349
´
SERA QUE AS MULHERES PODIAM ˜
SER MINISTRAS CRIST AS?


˜
Qual era o papel das mulheres na congregaçao cris-
˜ ´ ´
ta do primeiro seculo? Sera que elas podiam ser mi-
nistras?
Jesus instruiu os seus seguidores a pregar as boas
´
novas do Reino e a fazer discıpulos. (Mat. 28:19, 20;
˜
Atos 1:8) Essa comissao de ser ministro das boas
˜
novas aplica-se a todos os cristaos: homens, mulhe-
res, rapazes e raparigas. Isso pode ser visto na pro-
´
fecia encontrada em Joel 2:28, 29. O ap ostolo Pedro
mostrou que essa profecia teve um cumprimento no
´
Pentecostes de 33 EC: “‘Nos ultimos dias’, diz Deus,
´
‘derramarei do meu espırito sobre todo o tipo de pes-
˜
soas, e os vossos filhos e as vossas filhas profetizarao
´
[...] e ate mesmo sobre os meus escravos e sobre as mi-
´
nhas escravas derramarei do meu espırito nesses dias,
˜
e eles profetizarao.’” (Atos 2:17, 18) Conforme vimos
´
neste capıtulo, o evangelizador Filipe tinha quatro fi-
lhas que profetizavam. — Atos 21:8, 9.
No entanto, no que diz respeito a ensinar na con-
˜
gregaçao, a Palavra de Deus restringiu isso a homens
˜
cristaos designados como superintendentes e servos
ministeriais. (1 Tim. 3:1-13; Tito 1:5-9) Na verdade,
˜
Paulo disse: “Nao permito que a mulher ensine ou
que exerça autoridade sobre o homem, mas ela deve
ˆ
ficar em silencio.” — 1 Tim. 2:12.
ˆ
350 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
´
Agabo veio? Que mensagem traz?’ Todos olhavam atenta-
´
mente para Agabo enquanto ele pegava no cinto que Pau-
lo usava – uma faixa de tecido onde se podia guardar di-
´ ´ ´
nheiro e outros itens. Agabo amarrou os seus proprios p es
˜
e maos com o cinto. Depois, começou a falar. A sua men-
´ ´
sagem era muito seria: “Assim diz o espırito santo: ‘O ho-
´
mem a quem pertence este cinto sera amarrado assim pe-
´ ˜ ´ ` ˜
los judeus em Jerusalem, e eles vao entrega-lo as maos de
˜
pessoas das naçoes.’” — Atos 21:11.
´
16 A profecia confirmou que Paulo iria a Jerusalem. Tam-
´
bem indicou que, por causa dos seus tratos com os judeus
` ˜ ˜
ali, ele seria entregue “as maos de pessoas das naçoes”.
A profecia teve um profundo impacto nos que estavam pre-
´
sentes. Lucas escreve: “Quando ouvimos isto, tanto nos
´ ´
como os que la estavam começamos a implorar-lhe que
˜ ´ ˜ ´
nao subisse a Jerusalem. Paulo respondeu entao: ‘O que e
˜
que estao a fazer, ao chorarem e ao tentarem enfraquecer
˜
a minha determinaçao? Estejam certos de que estou pron-
˜ ´ ´
to nao so para ser amarrado, mas tambem para morrer em
´
Jerusalem pelo nome do Senhor Jesus.’” — Atos 21:12, 13.
˜
17 Imagine a cena. Os irmaos, incluindo Lucas, tentam
´ ` ˜ ´
17, 18. Como e que Paulo se apegou a sua decisao, e como e que os ir-
˜
maos reagiram?
´
“SEJA FEITA A VONTADE DE JEOVA” 351
˜
convencer Paulo a nao prosseguir viagem. Alguns cho-
˜ ˜
ram. Comovido pela preocupaçao amorosa que os irmaos
mostram por ele, Paulo carinhosamente diz que eles es-
˜ ˜
tao a ‘tentar enfraquecer a sua determinaçao’, ou, como al-
˜ ˜
gumas traduçoes vertem o grego, estao a “partir [o seu] co-
˜ ` ˜
raçao”. Apesar disso, ele apega-se a sua decisao, e, assim
˜
como quando se encontrou com os irmaos em Tiro, ele
˜ ´ ´ ´
nao permitira que suplicas ou lagrimas o façam vacilar.
Em vez disso, Paulo explica-lhes porque deve prosseguir.
˜
Que grande coragem e determinaçao! Assim como Jesus
´
tinha feito, Paulo estava decidido a ir a Jerusalem. (Heb.
˜ ´
12:2) Paulo nao estava a tentar ser um martir, mas, se isso
acontecesse, ele consideraria uma honra morrer como
seguidor de Cristo Jesus.
18 Como e´ que os irmaos
˜
reagiram? Resumindo, eles rea-
˜
giram respeitosamente. Lemos: “Como nao conseguimos
ˆ ´
convence-lo, paramos de insistir e dissemos: ‘Seja feita a
´
vontade de Jeova.’” (Atos 21:14) Os que tentaram conven-
˜ ´ ˜
cer Paulo a nao ir a Jerusalem nao continuaram a insistir
para que as coisas acontecessem como eles queriam. Es-
cutaram Paulo e cederam, reconhecendo e aceitando a
´ ´
vontade de Jeova, apesar de ser difıcil para eles. Paulo ti-
`
nha começado uma jornada que, por fim, o levaria a mor-
ˆ
352 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
´ ˜
te. Para ele, seria mais facil se aqueles que o amavam nao
o tentassem convencer a desistir.
˜
19Aprendemos uma importante liçao do que aconteceu
˜
a Paulo: nunca queremos tentar convencer outros a nao
se empenharem por um proceder abnegado no serviço a
˜ ˜
Deus. Podemos aplicar esta liçao a muitas situaçoes,
˜ `
nao apenas as que envolvem vida ou morte. Por exemplo,
˜ ´
embora muitos pais cristaos achem difıcil ver os seus fi-
´ ´ ˜
lhos saırem de casa para servir a Jeova em designaçoes
˜ ˜
distantes, eles estao decididos a nao os desencorajar.
Phyllis, que mora em Inglaterra, lembra-se de como se
´
sentiu quando a sua unica filha começou o serviço mis-
´ ´ ´
sionario em Africa. “Foi uma epoca em que fiquei muito
´
emotiva”, disse Phyllis. “Para mim, foi difıcil saber que
˜
ela ia estar tao longe. Senti-me triste e orgulhosa ao mes-
˜
mo tempo. Orei muito sobre isso. Mas a decisao era dela,
e eu nunca tentei fazer com que ela desistisse. Afinal, eu
sempre a tinha ensinado a colocar os interesses do Reino
˜
em primeiro lugar. A minha filha serve em designaçoes
´ ´
no estrangeiro ha 30 anos, e eu agradeço a Jeova todos os
´
dias pela fidelidade dela.” Como e bom quando apoiamos
˜
irmaos abnegados!
˜
19. Que liçao valiosa aprendemos do que aconteceu a Paulo?
´
“SEJA FEITA A VONTADE DE JEOVA” 353
˜
“Os irmaos receberam-nos com alegria”
(Atos 21:15-17)
20Foram feitos preparativos, e Paulo prosseguiu via-
˜
gem. Alguns irmaos de Cesareia acompanharam-no, dan-
˜
do assim uma prova do seu apoio de todo o coraçao.
´ ´
E interessante que, em todos os pontos da viagem ate Je-
´
rusalem, Paulo e os que o acompanhavam procuraram o
˜ ˜
companheirismo dos irmaos cristaos. Em Tiro, encontra-
´
ram os discıpulos e permaneceram com eles durante sete
˜
dias. Em Ptolemaida, cumprimentaram os irmaos e passa-
ram um dia com eles. E, em Cesareia, ficaram alguns dias
na casa de Filipe. A seguir, conforme mencionado acima,
˜
alguns irmaos de Cesareia acompanharam Paulo e os ou-
´ ´
tros viajantes ate Jerusalem, onde todos foram acolhidos
´ ´
por Mnason, um antigo discıpulo. Lucas relata: “Ao che-
´ ˜
garmos a Jerusalem, os irmaos receberam-nos com ale-
gria.” — Atos 21:17.
Fica claro que Paulo queria estar com os que tinham
21

´ ´
a mesma fe que ele. O ap ostolo era encorajado pelos seus
˜ ´ ´ ´
irmaos, assim como nos tamb em somos hoje. Sem duvida,
esse encorajamento fortaleceu Paulo para enfrentar os
´
opositores furiosos que tentariam mata-lo.
˜
20, 21. O que mostra que Paulo desejava estar com os seus irmaos, e
´ ´
porque e que ele queria estar com os que tinham a mesma fe que ele?
ˆ
354 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
˜
S E C ÇAO 8 ˙ ATO S 21:18–28:31


PAULO PREGA O REINO


DE DEUS “SEM NENHUM
IMPEDIMENTO”
ATOS 28:31

˜ ´
Nesta secçao, acompanharemos o apostolo Pau-
lo enquanto ele enfrenta turbas enfurecidas,
suporta encarceramentos e comparece diante do
´
tribunal de uma autoridade romana apos outra.
ˆ ´
Em todas essas circunstancias, o apostolo conti-
nua a dar testemunho sobre o Reino de Deus.
˜
Ao analisar a emocionante conclusao do livro de
Atos, pergunte-se: ‘Como posso imitar este corajo-
so e zeloso evangelizador?’
´
CAPITULO 23


‘Ouçam a minha defesa’


Paulo defende a verdade diante
´
de turbas enfurecidas e do Sinedrio
Baseado em Atos 21:18–23:10
´
JERUSALEM! Mais uma vez Paulo anda pelas suas ruas
´
estreitas e movimentadas. Nenhuma outra cidade esta
˜ ` ´ ´
tao intimamente ligada a historia dos tratos de Jeova
com o Seu povo. A maioria dos seus habitantes tem mui-
to orgulho desse passado glorioso. Paulo sabe que gran-
˜
de parte dos cristaos nessa cidade confia demasiado no
˜ ´
passado e nao esta a acompanhar a nova maneira de
´ ˜
Jeova ensinar. Paulo sabe que os irmaos ali precisam de
ajuda em sentido material. Foi por isso que ele saiu
´ ´
de Efeso e voltou a Jerusalem. Mas, acima de tudo, pre-
cisam de ajuda em sentido espiritual. (Atos 19:21) Ape-
sar de saber dos perigos que o aguardavam, ele mante-
ve o plano de visitar a cidade.
2 O que e´ que Paulo enfrentara´ em Jerusalem?
´ ´
Ha se-
˜
guidores de Cristo que estao perturbados com os rumo-
´ ´
1, 2. O que levou o ap ostolo Paulo a voltar a Jerusalem, e que desafios
enfrentaria ali?
ˆ
356 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
´ ˜
res sobre Paulo. E ha inimigos de Cristo que vao lançar
˜ ´
acusaçoes falsas contra Paulo, espanca-lo e ameaçar
´
mata-lo. Ao mesmo tempo, esses acontecimentos contur-
˜
bados darao a Paulo a oportunidade de fazer uma defe-
´
sa. A sua humildade, coragem e fe ao lidar com esses de-
˜
safios fornecem um excelente exemplo aos cristaos hoje.
Vejamos como.
“Come çaram a glorificar a Deus”
(Atos 21:18-20a)
` ´
3 No dia seguinte a sua chegada a Jerusalem, Paulo e
˜
os seus companheiros foram ver os anciaos que exer-
˜ ´
ciam liderança na congregaçao. Nenhum dos ap ostolos
´
que ainda estava vivo e mencionado no relato; talvez na-
´ ´
quela epoca todos ja tivessem ido servir noutras partes
˜
do mundo. No entanto, Tiago, irmao de Jesus, ainda es-
´ ´
tava la. (Gal. 2:9) Tiago provavelmente presidiu a reu-
˜ ˜
niao quando “todos os anciaos estavam presentes” com
Paulo. — Atos 21:18.
˜ ´
4 Paulo cumprimentou os anciaos “e fez um relatorio
detalhado sobre as coisas que Deus tinha feito entre as
˜ ´ ´
3-5. (a) Em que reuniao e que Paulo esteve presente em Jerusalem, e de
´ ˜ ˜
que e que falaram? (b) Que liçoes podemos aprender da reuniao de Pau-
˜ ´
lo com os anciaos em Jerusalem?
‘OUÇAM A MINHA DEFESA’ 357
˜ ´
naçoes por meio do ministerio dele”. (Atos 21:19) Deve
´
ter sido um relato muito encorajador! Hoje, tamb em fi-
camos animados ao ouvir a respeito do progresso da
´
obra em outros paıses. — Pro. 25:25.
5 Em algum momento, Paulo deve ter-se referido as `
˜
contribuiçoes que tinha trazido da Europa. A preocupa-
˜ ˜
çao que os irmaos de lugares distantes mostraram deve
´
ter encorajado os que ouviam o relatorio de Paulo. Em
˜
resultado disso, “[os anciaos] começaram a glorificar a
Deus”. (Atos 21:20a) Da mesma forma, muitos que hoje
´
enfrentam catastrofes ou doenças graves ficam profun-
˜
damente comovidos quando os seus irmaos oferecem
ajuda e palavras de encorajamento na hora certa.
Muitos ainda tinham “zelo pela Lei”
(Atos 21:20b, 21)
˜ ˜
6 Entao, os anciaos revelaram a Paulo que havia um
problema na Judeia diretamente relacionado com ele.
˜
Disseram: “Irmao, tu sabes quantos milhares de judeus
ˆ
se tornaram crentes e que todos eles tem zelo pela Lei.
´
No entanto, eles ouviram rumores de que estas a ensi-
˜
nar todos os judeus que vivem entre as naçoes a abando-
´ ˜
nar a Lei de Moises, dizendo-lhes que nao circuncidem
´
6. De que problema e que Paulo ficou a saber?
ˆ
358 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
os seus filhos nem sigam os costumes estabelecidos.”1
— Atos 21:20b, 21.
7 Ha´ mais de 20 anos que a Lei mosaica tinha sido abo-

˜ ´ ˜
lida. Entao, porque e que tantos cristaos ainda insistiam
´ ´
que era necessario guarda-la? (Col. 2:14) Em 49 EC, os
´ ˜ ´
ap ostolos e os anciaos reunidos em Jerusalem tinham
` ˜ ˜
enviado uma carta as congregaçoes a explicar que nao
´ ˜
era necessario que os cristaos gentios se submetes-
` ˜ `
sem a circuncisao e obedecessem a Lei mosaica. (Atos
˜ ˜
15:23-29) Mas a carta nao mencionava os cristaos judeus,
˜ ´
muitos dos quais nao entendiam que a Lei mosaica ja
˜
nao se aplicava.
8 Sera´ que esse modo de pensar equivocado significa-

´ ˜
va que aqueles discıpulos judeus nao se qualificavam
˜ ˜ ˜
como cristaos? Claro que nao. Eles nao estavam a ado-
rar deuses falsos nem queriam continuar a seguir costu-
˜ ˜
mes pagaos. A Lei que era tao importante para aqueles
´
judeus tementes a Deus tinha sido dada por Jeova.
˜
1 Para cuidar das necessidades espirituais
˜ de tantos cristaos judeus,
deve ter havido muitas congregaç oes que se reuniam em casas parti-
culares.
´ ˜
7, 8. (a) Que modo de pensar equivocado e que alguns cristaos na Ju-
´ ˜
deia tinham? (b) Porque e que esse modo de pensar nao significava que
˜ ´
esses cristaos judeus eram ap ostatas?
‘OUÇAM A MINHA DEFESA’ 359
˜ ´
Nao havia nada nela que fosse demonıaco ou errado em
si mesmo. Mas a Lei estava relacionada com o pacto an-
˜
terior, ao passo que os cristaos agora estavam sob o
` ˜
novo pacto. No que dizia respeito a adoraçao pura, as
ˆ
observancias do pacto da Lei estavam ultrapassadas. Os
˜ ˜
cristaos hebreus que tinham zelo pela Lei nao enten-
diam esse ponto nem confiavam plenamente que a con-
˜ ˜
gregaçao crista era o caminho para se obter a justiça pe-
rante Deus. Eles tinham de harmonizar o seu modo de
˜
pensar com a revelaçao progressiva da verdade.1 — Jer.
31:31-34; Luc. 22:20.
˜ ´
“O que se diz sobre ti nao e verdade”
(Atos 21:22-26)
9O que dizer dos rumores de que Paulo estava a ensi-
˜ ˜
nar os judeus entre as naçoes a ‘nao circuncidar os seus
filhos nem seguir os costumes estabelecidos’? Paulo era
´
um ap ostolo para os gentios e, para eles, Paulo reafir-
´
1 Poucos anos depois, o ap ostolo Paulo escreveu a sua carta aos he-
breus, na qual demonstrou a superioridade do novo pacto. Nessa
carta, ele mostrou claramente que o ´ novo pacto invalidou o pacto
anterior. A poderosa linha de ˜ raciocınio de Paulo forneceu argumen-
tos convincentes que os cristaos judeus
´ poderiam ´ usar ao responder
´
aos judeus ´que os criticavam.
˜ Al em disso,
ˆ sem duvida,` tamb em for-
taleceu a fe dos cristaos que davam enfase indevida a Lei mosaica.
— Heb. 8:7-13.
9. O que ensinava Paulo a respeito da Lei mosaica?
ˆ
360 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
˜ ˜
mava a decisao de que os gentios nao precisavam de obe-
` ´
decer a Lei. Ele tamb em expunha o erro de qualquer um
˜
que tentasse persuadir os cristaos gentios a realizar a
˜ ˆ `
circuncisao como sinal de obediencia a Lei mosaica.
´ ´
(Gal. 5:1-7) Nas cidades que visitava, Paulo tamb em pre-
gava as boas novas aos judeus. Ele, certamente, explica-
va aos judeus recetivos que a morte de Jesus tinha tor-
nado a Lei obsoleta e que uma pessoa podia obter uma
˜ ´ ˜
posiçao justa por meio da fe, nao por obras da Lei.
— Rom. 2:28, 29; 3:21-26.
˜
10 Ao mesmo tempo, Paulo mostrava consideraçao por
aqueles que se sentiam bem ao observar alguns costumes
˜ ´
judaicos, como nao trabalhar no sabado ou evitar certos
˜
alimentos. (Rom. 14:1-6) Ele nao estabelecia regras sobre
˜ ´
a circuncisao. Na verdade, Paulo circuncidou Timoteo
˜ ´
para que os judeus nao ficassem desconfiados de Timo-
˜
teo, cujo pai era grego. (Atos 16:3) A circuncisao era um
˜ ´
assunto de decisao pessoal. Paulo disse aos galatas: “Nem
˜ ˜ ˜
a circuncisao nem a incircuncisao sao de qualquer valor,
´ ´
mas sim a fe que age por meio do amor.” (Gal. 5:6) No
entanto, ser circuncidado para estar de acordo com a Lei
´
10. Que atitude equilibrada e que Paulo tinha sobre assuntos relaciona-
˜
dos com a Lei e a circuncisao?
‘OUÇAM A MINHA DEFESA’ 361
´ ´
ou apresentar essa pratica como algo necessario para ter
˜ ´ ´
a aprovaçao de Jeova revelaria falta de fe.
Assim, o que se dizia de Paulo, embora fosse infun-
11

˜
dado, perturbava os cristaos judeus. Por esse motivo, os
˜ ˜ ´
anciaos deram a seguinte orientaçao a Paulo: “Ha con-
ˆ
nosco quatro homens que tem um voto a cumprir. Leva
esses homens contigo, purifica-te cerimonialmente com
eles e cuida das suas despesas, para que rapem as suas
˜
cabeças. Assim, todos saberao que o que se diz sobre ti
˜ ´ ´
nao e verdade, mas que estas a andar corretamente e
´ `
tamb em a obedecer a Lei.”1 — Atos 21:23, 24.
Paulo poderia ter alegado que o verdadeiro proble-
12

˜ ˜
ma nao era o que se dizia dele, e sim o zelo dos cristaos
1 Eruditos ´ sugerem que ´ aqueles homens tinham feito um voto de
nazireu. (Num. 6:1-21)´ E verdade ˜ ´ que a Lei mosaica, sob a qual esse
voto teria sido
´ feito, j
˜ a n ao era v alida. Apesar disso, Paulo talvez te-
nha concluıdo ´ que n ao seria˜ errado os homens cumprirem um voto
feito a Jeova. Portanto,
´ n ao
˜ seria errado Paulo pagar as despesas
deles e acompanha-los. Nao sabemos exatamente ´ ´ que tipo de voto
estava envolvido. De qualquer forma, ´ e improvavel que Paulo tives-
se apoiado a oferta de um sacrifıcio de animais (como feito pelos
nazireus), acreditando
´ que isso purificaria os homens dos seus peca- ´
dos. O sacrifıcio perfeito ´ de Cristo tinha tirado desses sacrifıcios ˜
qualquer valor expiatorio. Podemos estar certos de ˆ que Paulo nao
concordaria em fazer nada que violasse a sua consciencia.
˜ ´ ˜
11. Que orientaçao e que os anciaos deram a Paulo, e o que estaria en-
´
volvido em segui-la? (Veja tamb em a nota.)
´ ˜ ` ˜ ˜
12. Como e que a reaçao de Paulo a orientaçao dos anciaos em Jerusa-
´ ´
lem demonstrou uma atitude flexıvel e cooperadora?
ˆ
362 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
judeus pela Lei mosaica. Mas ele estava disposto a ce-
˜ ´
der, desde que nao tivesse de violar princıpios divinos.
Algum tempo antes, ele tinha escrito: “Para os debaixo
de lei, tornei-me como debaixo de lei — embora eu mes-
˜
mo nao esteja debaixo de lei —, para ganhar os debaixo
de lei.” (1 Cor. 9:20) Em harmonia com isso, Paulo coo-
˜ ´
perou com os anciaos de Jerusalem e tornou-se ‘como
que debaixo de lei’. Ao fazer isso, ele estabeleceu um ex-
´
celente exemplo para nos hoje no que diz respeito a coo-
˜ ˜
perar com os anciaos e a nao insistir em fazer as coisas
`
a nossa maneira. — Heb. 13:17.
˜
‘Ele nao merece viver!’ (Atos 21:27–22:30)
˜
13As coisas nao correram bem no templo. Perto do
´
fim do perıodo do cumprimento dos votos, judeus da
´
Asia viram Paulo e, falsamente, acusaram-no de levar
˜
gentios ao templo, provocando um tumulto. Se nao fos-
˜
se a intervençao de um comandante militar romano,
´ `
Paulo teria sido espancado ate a morte. Ainda assim, o
´
comandante romano prendeu o ap ostolo. A partir daque-
le dia, Paulo precisaria de mais de quatro anos para ga-
˜
nhar novamente a sua liberdade. E ele ainda nao estava
´
13. (a) Porque e que certos judeus causaram um tumulto no templo?
´
(b) Como e que a vida de Paulo foi salva?
‘OUÇAM A MINHA DEFESA’ 363
fora de perigo. Quando o comandante perguntou aos ju-
˜
deus por que razao estavam a atacar Paulo, eles grita-
˜
ram diferentes acusaçoes. No meio daquele tumulto, o
˜
comandante nao conseguiu entender nada. Por fim, o
´
ap ostolo teve de ser literalmente carregado para um lu-
gar mais seguro. Quando Paulo e os soldados romanos
iam entrar no quartel, Paulo disse ao comandante:
“Peço-lhe que me permita falar ao povo.” (Atos 21:39)
O comandante concordou, e Paulo corajosamente pas-
´
sou a defender a sua fe.
14“Ouçam agora o que vos vou dizer em minha defe-
`
sa”, começou Paulo. (Atos 22:1) Ele dirigiu-se a multi-
˜
dao em hebraico, o que fez com que se acalmassem. Ele
´
explicou com franqueza porque e que se tinha tornado
seguidor de Cristo. Ao fazer isso, Paulo habilmente men-
cionou pontos que os judeus poderiam verificar se dese-
´
jassem. Paulo tinha estudado aos p es do famoso Gama-
liel e tinha perseguido os seguidores de Cristo, conforme
alguns dos presentes provavelmente sabiam. Mas, quan-
˜
do estava a caminho de Damasco, ele teve uma visao do
ressuscitado Jesus, que falou com ele. Os companheiros
´ ´
14, 15. (a) O que e que Paulo explicou aos judeus? (b) O que e que o co-
´
mandante romano fez para descobrir o motivo do odio dos judeus?
ˆ
364 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
de viagem de Paulo viram uma luz brilhante e escuta-
˜
ram uma voz, mas nao entenderam as palavras. (Veja as
notas de estudo em Atos 9:7; 22:9, nwtsty.) Depois dis-
˜
so, Paulo, que estava cego por causa da visao que tinha
´
tido, teve de ser conduzido pelos seus companheiros ate
´
Damasco. La, Ananias, um homem conhecido pelos ju-
˜
deus daquela regiao, milagrosamente curou Paulo.
´
15 Paulo disse que, depois de voltar a Jerusalem, Jesus
apareceu-lhe no templo. Nesse momento, os judeus fica-
ram muito agitados e clamaram: “Eliminem este homem
˜
da terra, pois nao merece viver!” (Atos 22:22) Para sal-
var Paulo, o comandante fez com que ele fosse levado
´
ao quartel. Decidido a descobrir o motivo do odio dos
judeus contra Paulo, o comandante ordenou que Paulo
fosse preparado para ser interrogado sob açoitamento.
´ ˜
Paulo, porem, aproveitando-se de uma proteçao legal
` ˜ ˜
que tinha a sua disposiçao, revelou que era cidadao ro-
´
mano. De modo similar hoje, os adoradores de Jeova
ˆ ˜ ´
tem usado as proteçoes legais disponıveis para defender
´ ˜
a fe. (Veja o quadro “A lei romana e os cidadaos roma-
´ ´
nos”, na p agina 366, e o quadro “Batalhas jurıdicas nos
´
tempos atuais”, na p agina 368.) Ao saber da cidada-
nia romana de Paulo, o comandante viu que teria de
‘OUÇAM A MINHA DEFESA’ 365
A LEI ROMANA ˜ E OS
CIDADAOS ROMANOS


˜
As autoridades romanas nao costumavam interfe-
´
rir nos assuntos das provıncias. De modo geral, a lei
judaica governava os assuntos judaicos. Os romanos
´
s o se envolveram no caso de Paulo, porque a turba
`
que se formou devido a presença dele no templo era
` ´
uma ameaça a ordem publica.
´
As autoridades romanas tinham consideravel poder
´ ´ ˜
sobre os subditos das provıncias que nao tinham ci-
˜
dadania romana. No entanto, a situaç ao era diferente
˜ ˜
em relaç ao aos cidadaos romanos.1 A cidadania con-
` ´
cedia a pessoa certos privilegios que eram reconheci-
´
dos e respeitados em todo o imp erio. Era ilegal, por
˜
exemplo, prender ou espancar um cidadao romano
˜
que nao tivesse sido condenado, visto que esse tipo
´
de tratamento era considerado proprio apenas para
˜ ´
os escravos. Os cidadaos romanos tamb em tinham o
˜
direito de apelar das decis oes do governador da pro-
´
vıncia, recorrendo ao imperador, em Roma.
A cidadania romana podia ser obtida ` de diversas
maneiras. Uma delas era por herança. As vezes, os
´
imperadores concediam cidadania a certos indivıduos
` ˜
ou a populaçao livre de toda uma cidade ou distrito
por causa de serviços prestados. Escravos que com-
´ ˜
1 No primeiro seculo EC, viviam
´ poucos cidadaos´ romanos na Ju-
deia.
´ Foi apenas no terceiro seculo que todos os subditos das pro-
vıncias receberam cidadania romana.

ˆ
366 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
˜
prassem a sua liberdade a um cidadao romano, ou que
fossem libertados por um romano, ganhavam a cida-
dania. O mesmo acontecia a veteranos das forças ar-
´
madas auxiliares que fossem dispensados do exercito.
ˆ ´
Pelos vistos, em determinadas circunstancias, tamb em
´
era possıvel comprar a cidadania, pois o comandan-
´ ´
te militar Claudio Lısias disse a Paulo: “Eu comprei
˜
estes direitos de cidadao com muito dinheiro.” Pau-
´
lo respondeu: “Eu ja nasci com esses direitos.” (Atos
22:28) Assim, um dos antepassados masculinos de
Paulo deve ter de alguma forma adquirido a cidada-
˜
nia romana, embora nao se saiba como.

˜
encontrar outra maneira de obter mais informaçoes. No
´
dia seguinte, apresentou Paulo perante o Sinedrio, o su-
premo tribunal dos judeus, que se reuniu especialmente
para isso.
“Eu sou fariseu” (Atos 23:1-10)
´
16Começando a sua defesa perante o Sinedrio, Paulo
˜ ´
disse: “Homens, irmaos, ate hoje, comportei-me peran-
ˆ
te Deus com uma consciencia perfeitamente limpa.”
˜
(Atos 23:1) Ele nao conseguiu dizer mais nada. O rela-
to diz: “Em vista disso, o sumo sacerdote Ananias
16, 17. (a) Descreva o que aconteceu quando Paulo falou perante o Si-
´ ´
nedrio. (b) Ao ser golpeado, como e que Paulo deu um exemplo de
humildade?
‘OUÇAM A MINHA DEFESA’ 367
´
BATALHAS JUR IDICAS
NOS TEMPOS ATUAIS


´
Assim como o ap ostolo Paulo, as Testemunhas de
´ ´
Jeova hoje usam todos os recursos legais disponıveis
para defender o seu direito de pregar as boas novas.
ˆ
Elas tem sido zelosas em “defender e estabelecer le-
galmente as boas novas”. — Fil. 1:7.
´
Nas decadas de 1920 e 1930, centenas delas foram
˜ ´
presas por distribuir publicaç oes bıblicas. Por exem-
plo, em 1926, havia 897 casos pendentes em tribu-
˜ ´
nais alemaes. As disputas jurıdicas eram tantas que
´ ´
foi necessario estabelecer um departamento jurıdico
na filial da Alemanha. Nos anos 1930, apenas nos Es-
˜
tados Unidos, havia centenas de detenç oes todos os
˜
anos por causa da pregaç ao de casa em casa. Em 1936,
´
esse numero subiu para 1149. Com o objetivo de for-
´ ´
necer ajuda legal, um departamento jurıdico tamb em
foi estabelecido nos Estados Unidos. De 1933 a 1939,
´ ´
as Testemunhas de Jeova na Romenia enfrentaram
530 processos judiciais. Mas muitos recursos apresen-
´
tados ao Supremo Tribunal da Romenia tiveram de-
˜ ´ ˜
cisoes favoraveis. Situaç oes parecidas ocorreram em
´
muitos outros paıses.
´ ˜
Dificuldades jurıdicas surgem quando cristaos, por
˜ ˆ ˜
uma questao de consciencia, nao concordam em par-
ticipar em atividades que violariam a sua neutralida-
˜ ˆ
de. (Isa. 2:2-4; Joao 17:14) Opositores tem-nos acusa-
ˆ
368 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
˜ `
do falsamente de sediç ao, o que as vezes resulta em
˜
total proscriç ao das suas atividades. Mas, com o pas-
ˆ
sar dos anos, muitos governos tem reconhecido que
´ ˜
as Testemunhas de Jeova nao representam nenhuma
ameaça.1
˜ ´ ´
1 Para´ uma considera
´ ´ ç ao das vitorias´ jurıdicas das Testemunhas
de Jeov´ a em varios paıses,
´ veja o capıtulo 15 do livro O Reino
´ de
Deus Ja Governa! e o capıtulo 30 do livro Testemunhas de Jeova — Pro-
clamadores do Reino de Deus.

mandou que os que estavam perto dele lhe batessem na


˜
boca.” (Atos 23:2) Que insulto! E que demonstraçao de
preconceito, considerar Paulo mentiroso antes de quais-
˜ ´
quer provas terem sido apresentadas! Nao e de admirar
´
que Paulo tenha respondido: “Deus ha de te bater, pa-
rede caiada. Sentas-te para me julgar segundo a Lei e ao
mesmo tempo violas a Lei, mandando que me batam?”
— Atos 23:3.
˜
17Alguns dos presentes ficaram chocados – nao com
˜ ´
aquele que bateu em Paulo, mas com a reaçao do ap os-
˜ ´
tolo. Eles exigiram uma explicaçao: “Estas a insultar o
sumo sacerdote de Deus?” Em resposta, Paulo deu-lhes
˜
uma liçao de humildade e respeito pela Lei. Ele disse:
˜ ˜
“Irmaos, eu nao sabia que ele era o sumo sacerdote. Pois
´ ˜
esta escrito: ‘Nao fales mal de uma autoridade do teu
‘OUÇAM A MINHA DEFESA’ 369
ˆ ˜
povo.’”1 (Atos 23:4, 5; Exo. 22:28) Paulo adotou entao
´ ´
uma estrategia diferente. Ao notar que o Sinedrio era
composto de fariseus e saduceus, ele disse: “Homens, ir-
˜ ´
maos, eu sou fariseu, filho de fariseus. E por causa da
˜
esperança da ressurreiçao dos mortos que estou a ser
julgado.” — Atos 23:6.
18 Porque e´ que Paulo disse que era fariseu? Porque ele

´
era “filho de fariseus” – de uma famılia que pertencia
`
aquela seita. Assim, muitos ainda o considerariam fari-
´
seu.2 Mas como e que Paulo podia associar a sua cren-
˜ `
ça na ressurreiçao a dos fariseus? Relata-se que os fari-
`
seus acreditavam que uma alma consciente sobrevivia a
morte e que a alma dos justos viveria novamente num
˜
corpo humano. Paulo nao concordava com essas cren-
˜
ças. Ele acreditava na ressurreiçao conforme ensinada
˜
1 Alguns sugerem que Paulo ˜ nao reconheceu o sumo sacerdote por-
que tinha problemas de ´ visao. Ou˜ pode ser que, por ter ficado tanto
tempo fora de Jerusalem,´ ele nao tenha conseguido ´ reconhecer o
sumo sacerdote
˜ em exerc ıcio. Outra˜ possibilidade e que, por causa
da multidao, Paulo simplesmente nao conseguiu ver quem deu a or-
dem para que lhe batessem.
´ ˜
2 Em 49 EC, quando os ap ostolos
` e os anciaos estavam a analisar
˜ se
os gentios tinham de obedecer a Lei mosaica, alguns dos cristaos pre-
sentes foram identificados como “da seita dos fariseus,˜ que se tinham
tornado crentes”. (Atos 15:5) Pelos vistos, aqueles crist
˜ aos ainda eram,
em certo sentido, identificados com a sua formaç ao farisaica.
´
18. Porque e que Paulo disse que era fariseu, e como podemos usar uma
´ ˆ
linha de raciocınio similar em determinadas circunstancias?
ˆ
370 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
˜
por Jesus. (Joao 5:25-29) Ainda assim, Paulo concorda-
˜
va com os fariseus na questao de que havia esperança de
´ ´
vida ap os a morte, o que era contrario ao que os sadu-
˜
ceus ensinavam, pois eles nao acreditavam numa vida fu-
´ ´
tura. Nos podemos usar uma linha de raciocınio similar
´
ao conversar com catolicos e protestantes. Podemos di-
´
zer que, assim como eles, nos acreditamos em Deus.
´
E verdade que eles talvez acreditem na Trindade, ao pas-
´ ´
so que nos acreditamos no Deus da Bıblia. Ainda assim,
´
tanto eles como nos acreditamos que Deus existe.
19 A declaraç ao˜ ´
de Paulo dividiu o Sinedrio. O relato
diz: “Começou uma grande gritaria, e alguns dos escri-
bas do partido dos fariseus levantaram-se e puseram-se
˜
a protestar energicamente: ‘Nao vemos nada de errado
´
neste homem; e, se um espırito ou um anjo falou com
ele...’” (Atos 23:9) A simples ideia de que um anjo tal-
vez tivesse falado com Paulo era repugnante para os sa-
˜
duceus, que nao acreditavam em anjos. (Veja o quadro
´ ˜
“Os saduceus e os fariseus”, na p agina 372.) A agitaçao
foi tanta que o comandante militar romano mais uma
´
vez salvou o ap ostolo. (Atos 23:10) Mesmo assim, Paulo
˜ ´
nao estava fora de perigo. O que aconteceria ao ap osto-
´
lo? Aprenderemos mais no capıtulo seguinte.
´ ˜ ´
19. Porque e que a reuniao do Sinedrio acabou em tumulto?
‘OUÇAM A MINHA DEFESA’ 371
OS SADUCEUS E OS FARISEUS


´
O Sinedrio, conselho administrativo nacional e su-
premo tribunal dos judeus, era controlado por duas
seitas rivais – os saduceus e os fariseus. De acordo
´ ´
com Flavio Josefo, historiador do primeiro seculo, a
principal diferença entre esses dois grupos era que os
` ´
fariseus procuravam impor as pessoas um grande nu-
ˆ
mero de observancias tradicionais, ao passo que os
´
saduceus consideravam obrigatorio apenas o que es-
´
tava escrito na Lei de Moises. As duas escolas de pen-
˜
samento estavam unidas na sua oposiçao a Jesus.
Parece que os saduceus, que basicamente eram
˜
conservadores, tinham fortes ligaçoes com o sacer-
´ ´ ´
docio. Tudo indica que Anas e Caifas, que tinham
sido sumos sacerdotes, pertenciam a essa seita pode-
´
rosa. (Atos 5:17) Josefo diz, porem, que os ensinos
´
dessa seita “so persuadiam os ricos”.
Por outro lado, os fariseus exerciam uma grande in-
ˆ
fluencia sobre as massas. Mas os seus conceitos, que
´ ˆ
incluıam a insistencia na excessiva pureza cerimo-
ˆ
nial, tornavam a observancia da Lei um fardo para
as pessoas. Diferentemente dos saduceus, os fariseus
´ ˆ
atribuıam muita importancia ao destino e acredita-
` ´
vam que a alma sobrevivia a morte, ap os a qual a
alma receberia o que merecia – uma recompensa pe-
˜
las suas virtudes ou uma puniçao pelos seus peca-
dos.
ˆ
372 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
´
CAPITULO 24


“Tem coragem!”
Os judeus tramam matar Paulo,
´
e ele defende-se perante Felix
Baseado em Atos 23:11–24:27

PAULO acaba de ser arrancado das garras de uma turba


´ ´
furiosa em Jerusalem e esta novamente preso. A perse-
˜ ´ ´
guiçao que o zeloso ap ostolo esta a enfrentar nessa cida-
˜
de nao o surpreende. Foi-lhe dito que esperasse sofrer
˜ ˜
“prisoes e tribulaçoes” ali. (Atos 20:22, 23) E, embora
˜
nao saiba exatamente o que o aguarda, Paulo sabe que
´
continuara a sofrer pelo nome de Jesus. — Atos 9:16.
2 Ate´ profetas cristaos ˜
avisaram Paulo de que ele seria
` ˜ ˜
preso e entregue “as maos de pessoas das naçoes”. (Atos
˜
21:4, 10, 11) Recentemente uma multidao de judeus ten-
´
tou mata-lo, e, pouco depois, parecia que ele ‘seria des-
´
pedaçado’ pelos membros do Sinedrio, enquanto eles dis-
´ ´
cutiam por causa dele. Agora, o ap ostolo e prisioneiro
sob a guarda de soldados romanos e aguarda mais julga-
˜
mentos e acusaçoes. (Atos 21:31; 23:10) Realmente, o
´
ap ostolo Paulo precisa de encorajamento.
´ ˜ ´ ˜
1, 2. Porque e que a perseguiçao que Paulo enfrentou em Jerusalem nao
o surpreendeu?
“TEM CORAGEM!” 373
3
Neste tempo do fim, sabemos que “todos os que de-
˜ ˜
sejarem levar uma vida de devo çao a Deus, em uniao com
´ ˜
Cristo Jesus, tamb em serao perseguidos”. (2 Tim. 3:12)
´ ´ ´
Ha momentos em que nos tamb em precisamos de enco-
rajamento para continuarmos a nossa obra de prega-
˜
çao. Somos muito gratos pelas oportunas e animadoras
˜
palavras que recebemos por meio das publicaçoes e das
˜
reunioes providenciadas pelo “escravo fiel e prudente”.
´
(Mat. 24:45) Jeova garante-nos que nenhum inimigo das
´ ˜ ˜
boas novas sera bem-sucedido. Eles nao vao destruir os
servos de Deus como grupo nem impedir a obra de pre-
˜ ´
gaçao. (Isa. 54:17; Jer. 1:19) Mas o que dizer do ap ostolo
´
Paulo? Sera que ele recebeu encorajamento para conti-
nuar a dar testemunho cabal sobre o Reino de Deus, ape-
˜
sar de oposiçao? Em caso afirmativo, qual foi o encora-
´
jamento, e como e que ele reagiu?
˜
Uma “conspiraçao sob juramento” falha
(Atos 23:11-34)
´
4
O ap ostolo Paulo recebeu o encorajamento de que
´
precisava na noite ap os ter sido resgatado do tumulto no
´
Sinedrio. O relato inspirado diz: “O Senhor apareceu ao
3. De onde recebemos encorajamento para continuarmos a pregar?
´
4, 5. Que encorajamento recebeu Paulo, e porque e que veio na hora
certa?
ˆ
374 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
seu lado e disse: ‘Tem coragem! Pois, assim como deste
´ ´
um testemunho cabal sobre mim em Jerusalem, teras de
´
dar testemunho tamb em em Roma.’” (Atos 23:11) Com
estas palavras encorajadoras, Jesus garantiu a Paulo que
´ ´
sobreviveria aos ataques, iria ate Roma e teria o privile-
gio de dar testemunho sobre Jesus ali.
5
O encorajamento que Paulo recebeu chegou na hora
certa. No dia seguinte, mais de 40 judeus “formaram uma
˜ ˜ ˜
conspiraçao e comprometeram-se, sob maldiçao, a nao co-
´
mer nem beber nada ate matarem Paulo”. Aqueles judeus
˜ ´
estavam tao determinados a livrarem-se do ap ostolo que
´
juraram mata-lo. Eles acreditavam que sofreriam uma
˜ ˜
maldiçao, ou uma desgraça, se nao fizessem isso. (Atos
˜
23:12-15) O plano deles, aprovado pelos anciaos e princi-
´
pais sacerdotes, era chamar Paulo ao Sinedrio para mais
´
um interrogatorio, como se fossem esclarecer certos as-
´
suntos sobre ele. Mas, no caminho que levava ao Sine-
drio, os conspiradores fariam uma emboscada para ata-
´
car Paulo e mata-lo.
6 No entanto, o sobrinho de Paulo soube dessa trama e
contou-lhe. Paulo, por sua vez, fez com que o jovem
´
relatasse isso ao comandante militar romano Claudio
´ ´
6. Como e que a trama para matar Paulo foi descoberta, e o que e que
os jovens atuais podem aprender deste relato?
“TEM CORAGEM!” 375
´ ˜ ´
Lısias. (Atos 23:16-22) Que jovem tao corajoso! Sem duvi-
´
da, Jeova ama os jovens que destemidamente colocam o
` ´
bem-estar do povo de Deus a frente do seu proprio e leal-
´
mente fazem o maximo para promover os interesses do
Reino.
´ ´
7 Ao saber da trama contra Paulo, Claudio Lısias, que
comandava mil homens, ordenou imediatamente que uma
guarda militar de 470 soldados, lanceiros e cavaleiros fos-
´
se formada para deixar Jerusalem naquela noite e levar
´
Paulo em segurança a Cesareia. Quando la chegasse, ele
´
seria entregue ao governador Felix.1 Cesareia era a capi-
tal administrativa da Judeia e o lugar onde ficava o prin-
´
cipal quartel das forças militares romanas dessa provın-
´ ´
cia. Nessa cidade, morava um numero consideravel de
˜
judeus, mas a maior parte da populaçao era gentia. A or-
´ ´
dem publica ali contrastava com a de Jerusalem, onde
muitos demonstravam forte preconceito religioso e se en-
volviam em turbas.
´ ´
8 Cumprindo a lei romana, Lısias enviou uma carta a Fe-
´
lix a explicar o caso. Lısias mencionou que, ao saber que
˜ ˜
Paulo era cidadao romano, resgatou-o para que este nao
´ ´
1 Veja o quadro “Felix – procurador da Judeia”, na p agina 377.
ˆ ´ ´
7, 8. Que providencias tomou Claudio Lısias para garantir a segurança
de Paulo?
ˆ
376 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
´
F ELIX – PROCURADOR DA JUDEIA


´
Por volta de 52 EC, o imperador romano Claudio de-
´ ´
signou Antonio Felix, um dos seus protegidos, como pro-
´
curador, ou governador, da Judeia. Felix era um escravo
˜
liberto que, assim como o seu irmao Palas, tinha sido es-
´ ˜
cravo da famılia do imperador. A designaçao de um ex-
-escravo para o cargo de procurador com poderes mili-
tares era algo sem precedentes.
ˆ ˜
Por causa da influencia que o seu irmao tinha sobre
´
o imperador, Felix “acreditava que podia cometer todo
o tipo de maldade sem ser punido”, diz o historiador ro-
´ ´
mano Tacito. Como procurador, Felix “praticava toda a
´ ´
esp ecie de crueldade e lascıvia, exercendo o poder de rei
com todos os instintos de um escravo”. Durante o seu
´
mandato como procurador, Felix casou-se com Drusila,
filha de Herodes Agripa I, depois de a ter seduzido e le-
´ ´
vado a abandonar o marido. Felix tratou o ap ostolo Pau-
lo de forma corrupta e ilegal, pois esperava receber dele
algum tipo de suborno.
˜ ´ ˜
A administraçao de Felix era tao corrupta e opressiva
que em 58 EC o Imperador Nero destituiu-o do cargo e
mandou-o de volta para Roma. Um grupo de judeus via-
´ ˜
jou para la a fim de o acusar de corrup çao, mas relata-
˜ ˜
-se que Palas livrou o seu irmao da puniçao.

´ ˜
fosse “morto” pelos judeus. Lısias disse que nao encontrou
˜
em Paulo nenhuma falta que “merecesse morte ou prisao”,
mas, por causa de uma trama contra Paulo, ele estava a
“TEM CORAGEM!” 377
´ ´
entrega-lo a Felix para que o governador pudesse ouvir os
acusadores e decidir o caso. — Atos 23:25-30.
´
9 Sera´ que Lısias ´ ˜
foi verıdico no que escreveu? Nao to-
talmente. Parece que ele estava a tentar causar uma boa
˜ ˜
impressao. Nao foi por ter descoberto que Paulo era um
˜ ´ ´ ´
cidadao romano que Lısias o resgatou. Alem disso, Lı-
˜
sias nao mencionou que tinha mandado ‘amarrar Paulo
com duas correntes’ nem que mais tarde tinha ordenado
que ele fosse “interrogado sob açoites”. (Atos 21:30-34;
˜ ´
22:24-29) Com essas açoes, Lısias tinha violado os direitos
˜ ´
de Paulo como cidadao romano. Hoje, Satanas usa o fa-
natismo religioso dos opositores para atiçar as chamas da
˜
perseguiçao, e pode ser que tenhamos a nossa liberdade
civil violada. Mas, como Paulo, muitas vezes, os servos de
ˆ ˜
Deus podem valer-se dos direitos que tem como cidadaos
´ ˜
de determinado paıs e procurar a proteçao da lei.
“Falo prontamente em minha defesa”
(Atos 23:35–24:21)
´
10Em Cesareia, Paulo foi “detido no palacio de Hero-
´
des”, para esperar ate que os acusadores chegassem de
´ ˜
9. (a) De que maneira e que os direitos de Paulo como cidadao romano
´
foram violados? (b) Porque e que talvez seja preciso valer-nos dos nos-
˜
sos direitos como cidadaos?
˜ ´
10. Que acusaçoes serias foram levantadas contra Paulo?
ˆ
378 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
´
Jerusalem. (Atos 23:35) Cinco dias depois, eles chega-
´
ram – o sumo sacerdote Ananias, um orador publico
´ ˜ ´
chamado Tertulo e um grupo de anciaos. Tertulo primei-
´
ro elogiou Felix pelo que ele estava a fazer a favor dos
judeus. Pelos vistos, fez isso para o lisonjear e obter o
˜ ´
seu favor.1 Depois, indo para o ponto em questao, Ter-
tulo referiu-se a Paulo da seguinte maneira: “Este ho-
´ ˜
mem e uma praga e atiça sediç oes entre todos os judeus,
´ ´
por toda a terra habitada, e ele e um dos lıderes da sei-
´
ta dos nazarenos. Ele tamb em tentou profanar o templo;
˜ ´ ´
entao, nos agarramo-lo.” Os judeus que estavam com ele
´ ˜
“tamb em apoiaram a acusaç ao, garantindo que tais coi-
˜
sas eram verdade”. (Atos 24:5, 6, 9) Atiçar sediç ao, lide-
rar uma seita perigosa e profanar o templo – estas eram
˜ ´
as acusaç oes s erias que poderiam resultar em pena de
morte.
˜ ˜
11
Ent ao, Paulo teve p ermiss ao para falar. “Falo
´ ´ `
1˜ Tertulo agradeceu a Felix pela “grande paz” que ele trouxe
´ a na-
ç ao. No entanto, a verdade era que durante o governo de Felix˜ houve´ `
menos paz na Judeia do ´que em qualquer outra administraç ao ate a
revolta contra Roma. Alem disso, estava˜ longe de ser verdade dizer-´
-se que os judeus tinham “muita´ gratidao” pelas reformas que Felix
tinha feito. Na realidade, Felix era desprezado pela maioria dos ju-
deus por ter tornado a vida deles opressiva e pela brutalidade que
usava para acabar com as revoltas do povo. — Atos 24:2, 3.
´ ˜
11, 12. Como e que Paulo refutou as acusaçoes contra ele?
“TEM CORAGEM!” 379
prontamente em minha defesa”, começou ele. Paulo foi
˜ ´ ˜
muito claro ao negar todas as acusaçoes. O ap ostolo nao
tinha profanado o templo nem tinha tentado atiçar sedi-
˜
çao. Ele destacou que, na verdade, tinha ficado fora de Je-
´ ´
rusalem por “varios anos” e que tinha chegado com “uma
˜ ˜
contribuiçao” – para os cristaos cuja pobreza talvez fos-
˜
se resultado da fome e da perseguiçao. Paulo insistiu que
estava “cerimonialmente puro” antes de entrar no templo
ˆ
e que se esforçava para ter a consciencia limpa “perante
Deus e os homens”. — Atos 24:10-13, 16-18.
´
12 Paulo admitiu, porem, ter prestado serviço sagrado ao
Deus dos seus antepassados ‘segundo o caminho a que
eles chamavam seita’. Mas ele insistiu que acreditava em
´ ´
“tudo o que esta declarado na Lei e que esta escrito nos
Profetas” e que, assim como os seus acusadores, ele tinha
˜
a esperança de “uma ressurreiçao tanto de justos como de
injustos”. Depois, Paulo desafiou os seus acusadores:
“Que estes homens aqui digam que crime viram em mim
´ ˜
quando eu estava perante o Sinedrio. A nao ser que se tra-
´
te desta unica frase que clamei quando estava no meio de-
´ ˜
les: ‘E por causa da ressurreiçao dos mortos que hoje es-
tou a ser julgado na vossa presença!’” — Atos 24:14, 15,
20, 21.
ˆ
380 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
´
13
Paulo estabeleceu um bom exemplo para nos, caso
sejamos alguma vez levados perante autoridades por cau-
˜
sa da nossa adoraçao e sejamos acusados falsamente de
ser agitadores, sediciosos ou membros de uma “seita pe-
´ ˜
rigosa”. Diferentemente de Tertulo, Paulo nao tentou ba-
jular o governador com palavras lisonjeiras. Paulo per-
maneceu calmo e foi respeitoso. Com tato, deu um
testemunho claro e verdadeiro. Ele mencionou que os “ju-
´ ´
deus da provıncia da Asia” que o tinham acusado de pro-
˜
fanar o templo nao estavam presentes e que, legalmente,
´
ele tinha o direito de confronta-los e ouvir as suas acusa-
˜
çoes. — Atos 24:18, 19.
´ ´ ˜
14
O mais notavel e que Paulo nao se refreou de dar tes-
´
temunho sobre as suas crenças. Com coragem, o ap osto-
˜
lo reforçou a sua crença na ressurreiçao, a mesma ques-
˜
tao que tinha criado um tumulto quando ele estava
´ ´
perante o Sinedrio. (Atos 23:6-10) Porque e que Paulo en-
˜
fatizou a esperança da ressurreiçao ao fazer a sua defe-
˜
sa? Porque Paulo estava nessa situaçao por ter dado tes-
temunho sobre Jesus e o facto de ele ter sido ressuscitado
– algo que aqueles opositores se recusavam a aceitar.
˜ ˜
Era a questao da ressurreiçao que estava no centro da
´
13-15. Porque podemos considerar Paulo um bom exemplo de alguem
que deu um corajoso testemunho diante de autoridades?
“TEM CORAGEM!” 381
´
controversia – mais concretamente a de Cristo. — Atos
26:6-8, 22, 23.
´
15
Como Paulo, nos podemos testemunhar com cora-
´
gem. Algo que nos da força foi o que Jesus disse aos seus
´ ˆ ˜
discıpulos: “Voces serao odiados por todos, por causa do
´ ´
meu nome. Mas quem perseverar ate ao fim sera salvo.”
´ ˜
Sera que nos devemos preocupar com o que dizer? Nao,
pois Jesus deu a seguinte garantia: “Quando vos levarem
˜
para vos entregar, nao fiquem preocupados com o que
dizer, mas digam o que vos for dado nessa hora. Pois
˜ ˜ ˆ ´ ´
quem fala nao sao voces, mas e o espırito santo.” — Mar.
13:9-13.
´
“Felix ficou com medo” (Atos 24:22-27)
˜ ´
Esta nao era a primeira vez que o governador Felix
16

´ ˜ ´
ouvia falar sobre a fe crista. O relato diz: “Visto que Fe-
lix estava bem informado a respeito deste Caminho [pri-
meiro termo usado para se referir ao cristianismo], adiou
˜ ´
a questao, dizendo: ‘Quando Lısias, o comandante mili-
˜
tar, descer, decidirei estas vossas questoes.’ De seguida,
´
ele ordenou ao oficial do exercito que o mantivesse pre-
so, mas que lhe desse certa liberdade e permitisse que os
´ ´
16, 17. (a) Como e que Felix agiu no julgamento de Paulo? (b) Porque
´ ´ ´
e que talvez Felix tenha ficado com medo, mas porque e que continuou
a ver Paulo?
ˆ
382 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
do seu povo cuidassem das suas necessidades.” — Atos
24:22, 23.
´
17 Alguns dias mais tarde, Felix, com a sua esposa Dru-
sila, uma judia, mandou chamar Paulo e “ouviu-o a falar
sobre a crença em Cristo Jesus”. (Atos 24:24) No entan-
´
to, quando Paulo falou sobre “a justiça, o autodomınio e
´
o julgamento por vir, Felix ficou com medo”, provavel-
ˆ
mente porque estes assuntos perturbavam a sua conscien-
˜
cia devido ao seu mau proceder. Entao, ele dispensou
Paulo, dizendo: “Por enquanto, podes retirar-te, mas,
˜
quando eu tiver uma oportunidade, ordenarei que te vao
´
buscar novamente.” Felix voltou a ver Paulo muitas ve-
˜
zes depois disto nao porque queria aprender a verdade,
mas porque esperava que Paulo o subornasse. — Atos
24:25, 26.
´ ´
18
Porque e que Paulo falou com Felix e a sua esposa
´
sobre “a justiça, o autodomınio e o julgamento por vir”?
Lembre-se de que eles queriam saber o que estava envol-
vido na “crença em Cristo Jesus”. Paulo, que conhecia o
´
historico de imoralidade, crueldade e injustiça deles, es-
tava a mostrar claramente o que se esperava de todos os
´ ´
18. Porque e que Paulo falou com Felix e a sua esposa sobre “a justi-
´
ça, o autodomınio e o julgamento por vir”?
“TEM CORAGEM!” 383
que se quisessem tornar seguidores de Jesus. O que Paulo
´ ˜
disse mostrou o nıtido contraste entre os padroes justos
´
de Deus e o modo de vida que Felix e a sua esposa leva-
ˆ
vam. Isso deveria te-los ajudado a ver que todos os huma-
ˆ
nos tem de prestar contas a Deus pelo que pensam, di-
´
zem e fazem. Alem disso, mais importante do que o
julgamento que Paulo receberia seria o julgamento que
˜ ´ ´
eles teriam perante Deus. Nao e de admirar que Felix te-
nha ‘ficado com medo’!
´
19 No nosso ministerio, talvez encontremos pessoas
´
como Felix. Inicialmente, podem parecer interessadas na
˜
verdade, mas, na realidade, nao querem mudar o seu pro-
´
ceder egoısta. Devemos ser cautelosos ao ajudar essas
pessoas. Mas, assim como Paulo, podemos usar de tato
˜
ao mostrar-lhes os padroes justos de Deus. Talvez a ver-
˜
dade toque o coraçao delas. No entanto, se ficar eviden-
˜ ˆ
te que nao tem nenhum interesse em abandonar o modo
˜ ˆ
de vida pecaminoso, nao vamos tentar convence-las a mu-
dar. Em vez disso, usaremos o nosso tempo para procu-
˜ `
rar pessoas que realmente estao a procura da verdade.
´
19, 20. (a) No nosso ministerio, como devemos lidar com pessoas que
˜
parecem interessadas na verdade, mas que na realidade nao querem mu-
´ ´ ´ ˜
dar o seu proceder egoısta? (b) Como e que sabemos que Felix nao estava
realmente interessado no bem-estar de Paulo?
ˆ
384 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
´ ˜
20
No caso de Felix, vemos a verdadeira condiçao do seu
˜ ´
coraçao nestas palavras: “Passados dois anos, Felix foi su-
´
cedido por Porcio Festo; e, visto que desejava ganhar a
˜ ´ ˜
aprovaçao dos judeus, Felix deixou Paulo na prisao.”
´ ˜
(Atos 24:27) Felix nao estava realmente interessado no
´
bem-estar de Paulo. Felix sabia que os seguidores do “Ca-
˜ ´
minho” nao eram sediciosos nem revolucionarios. (Atos
´ ˜
19:23) Ele tamb em sabia que Paulo nao tinha violado
´
nenhuma lei romana. Mesmo assim, Felix manteve o
´ ˜
ap ostolo preso para poder “ganhar a aprovaçao dos ju-
deus”.
´ ´ ´
21
Conforme mostra o ultimo versıculo do capıtulo 24
´
de Atos, Paulo ainda estava preso quando Porcio Festo
´
sucedeu a Felix como governador. Assim, Paulo foi entre-
´ ´
gue a essa outra autoridade, e deu-se inıcio a uma serie
ˆ ´
de audiencias. De facto, esse corajoso ap ostolo foi ‘leva-
do diante de reis e governadores’. (Luc. 21:12) Como ve-
remos, ele mais tarde deu testemunho ao governante mais
ˆ
poderoso dos seus dias. Durante toda esta experiencia, a
´ ´
fe de Paulo manteve-se forte. Sem duvida, ele continuou
a derivar força das palavras de Jesus: “Tem coragem!”
´
21. O que aconteceu a Paulo depois de Porcio Festo tornar-se governa-
´
dor, e o que, sem duvida, continuou a fortalecer Paulo?
“TEM CORAGEM!” 385
´
CAPITULO 25


´
“Apelo para Cesar!”
Paulo estabelece um exemplo
de como defender as boas novas
Baseado em Atos 25:1–26:32
ˆ
PAULO continua sob forte vigilancia em Cesareia. Dois
`
anos antes, quando tinha voltado a Judeia, os judeus
´ ˆ ˜
tentaram mata-lo pelo menos tres vezes numa questao
´
de poucos dias. (Atos 21:27-36; 23:10, 12-15, 27) Ate ago-
˜
ra os seus inimigos nao foram bem-sucedidos, mas ain-
˜ ˜
da nao desistiram. Ao perceber que pode cair nas maos
deles, Paulo diz ao governador romano Festo: “Apelo
´
para Cesar!” — Atos 25:11.
2 Sera´ que Jeova´ apoiou a decisao
˜
de Paulo de recor-
´
rer ao imperador de Roma? A resposta e importante
´
para nos que damos testemunho cabal sobre o Reino
de Deus neste tempo do fim. Precisamos de saber se
´
Paulo estabeleceu um exemplo para nos no que se re-
fere a “defender e estabelecer legalmente as boas no-
vas”. — Fil. 1:7.
˜ ´
1, 2. (a) Em que situaçao e que Paulo se encontrava? (b) Que pergun-
´
ta surge relacionada com o recurso a Cesar?
ˆ
386 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
“Perante o tribunal”
(Atos 25:1-12)
ˆ
3Tres dias depois de tomar posse como governador
´ ´
da Judeia, Festo foi a Jerusalem.1 La, ouviu os princi-
pais sacerdotes e os homens de destaque dos judeus
acusarem Paulo de ter cometido crimes graves. Eles sa-
biam que o novo governador estava a ser pressionado
para manter a paz com eles e com todos os judeus. As-
sim, pediram um favor a Festo: trazer Paulo a Jerusa-
´ ´
lem e julga-lo ali. Mas os inimigos de Paulo tinham um
´ ´
plano por tras desse pedido. Eles planeavam mata-lo na
´
estrada que ia de Cesareia a Jerusalem. Festo recusou
o pedido, dizendo: “Desçam comigo [a Cesareia] alguns
´ ´
dos vossos lıderes e acusem-no, se e que o homem fez
alguma coisa errada.” (Atos 25:5) Dessa forma, Paulo
escapou mais uma vez da morte.
˜
4 Durante todas as provaç oes ´
de Paulo, Jeova sus-
tentou-o por meio do Senhor Jesus. Lembre-se de
˜ ´
que, numa visao, Jesus disse ao seu ap ostolo: “Tem
´
1´ Vej a o quadro “O pro curador romano P orcio Fe sto”, na
p agina 388.
´
3, 4. (a) O que estava por tras do pedido dos judeus de levar Paulo a Je-
´ ´ ´ ´
rusalem, e como e que ele escapou da morte? (b) Como e que Jeova
sustenta os seus servos hoje, assim como fez com Paulo?
´
“APELO PARA CESAR!” 387
O PROCURADOR ´ ROMANO
P ORCIO FESTO


´
Os unicos relatos de testemunhas oculares que te-
´ ˜
mos a respeito de Porcio Festo estao registados no li-
´
vro de Atos e nos escritos de Flavio Josefo. Festo su-
´
cedeu a Felix como procurador da Judeia por volta
de 58 EC e, pelos vistos, morreu enquanto estava nes-
ˆ
se cargo depois de ter governado apenas dois ou tres
anos.
Em geral, Festo parece ter sido um procurador
competente e prudente, em contraste com o seu an-
´ ´
tecessor, Felix, e o seu sucessor, Albino. No inıcio
do mandato de Festo, havia muitos bandidos na Ju-
deia. De acordo com Josefo, “Festo [...] resolveu pu-
´
nir os que causavam problemas no paıs. Assim, ele
capturou a maioria dos assaltantes e executou um
´
grande numero deles”. Durante o governo de Fes-
´
to, os judeus construıram um muro para impedir o
´
Rei Agripa de ver o que acontecia na area do templo.
´
No inıcio, Festo ordenou que os judeus derrubassem
o muro. Mas, a pedido deles, Festo mais tarde permi-
tiu que apresentassem o assunto ao imperador roma-
no Nero.
Festo parece ter sido firme contra os criminosos e
˜
rebeldes. No entanto, para manter boas relaçoes com
os judeus, ele estava disposto a deixar de lado a justi-
´
ça, pelo menos nos seus tratos com o ap ostolo Paulo.
ˆ
388 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
´
coragem!” (Atos 23:11) Hoje, os servos de Deus tamb em
´ ´ ˜
enfrentam obstaculos e ameaças. Jeova nao nos prote-
´
ge de todas as dificuldades, mas da-nos a sabedoria e
´
a força necessarias para perseverar. Podemos sempre
´
contar com “o poder alem do normal” que o nosso amo-
´
roso Deus nos da. — 2 Cor. 4:7.
5 Alguns dias mais tarde, Festo “sentou-se no tribu-
nal” em Cesareia.1 Diante dele estavam Paulo e os acu-
` ˜
sadores. Em resposta as acusaç oes infundadas dos seus
˜
inimigos, Paulo disse: “Nao cometi nenhum pecado
contra a Lei dos judeus, nem contra o templo, nem con-
´ ´
tra Cesar.” O ap ostolo era inocente e merecia ser liber-
˜
tado. Qual seria a decisao de Festo? Querendo obter o
´
favor dos judeus, perguntou a Paulo: “Desejas subir ate
´ ´
Jerusalem e ser julgado la, na minha presença, a respei-
to destas coisas?” (Atos 25:6-9) Que proposta absurda!
´
Se Paulo fosse enviado de volta a Jerusalem, ele seria
julgado pelos seus acusadores, e a sua morte seria cer-
´
ta. Festo estava a colocar os seus interesses polıticos
1 O “tribunal”
˜ era uma plataforma onde se˜ colocava uma cadeira.
Essa´ posiç ao elevada indicava que as decisoes do juiz tinham peso e
carater decisivo. Pilatos
˜ sentou-se numa destas plataformas quando
examinou as acusaç oes contra Jesus.
´
5. Como e que Festo lidou com Paulo?
´
“APELO PARA CESAR!” 389
acima da verdadeira justiça. Um governador anterior,
ˆ
Poncio Pilatos, tinha agido de forma parecida num caso
que envolvia um prisioneiro muito mais importante.
˜ ´
(Joao 19:12-16) Atualmente, alguns juızes talvez tam-
´ ` ˜ ´ ˜
b em cedam a pressao polıtica. Por isso, nao nos deve
˜
surpreender quando tribunais tomam uma decisao con-
´ `
traria as provas em casos que envolvem o povo de
Deus.
6 O desejo de Festo de agradar aos judeus poderia ter
colocado a vida de Paulo em perigo. Por isso, Paulo va-
˜
leu-se de um direito que tinha como cidadao romano.
´
Ele disse a Festo: “Estou perante o tribunal de Cesar,
˜
onde devo ser julgado. Nao fiz nada de errado contra
ˆ ´
os judeus, como Vossa Excelencia esta a perceber mui-
´
to bem. [...] Apelo para Cesar!” Uma vez feito um pedi-
˜ ´ ´
do como este, por norma nao era possıvel voltar atras.
´
Festo enfatizou isso ao dizer: “Apelaste para Cesar,
´ ´
para Cesar iras.” (Atos 25:10-12) Por apelar a uma
´
autoridade jurıdica superior, Paulo estabeleceu um pre-
˜
cedente para os cristaos verdadeiros hoje. Quando opo-
sitores tentam ‘em nome da lei, tramar a desgraça’, as
´ ´
6, 7. Porque e que Paulo apelou para Cesar, e que precedente estabele-
˜
ceu para os cristaos verdadeiros hoje?
ˆ
390 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
´ ´
Testemunhas de Jeova recorrem a recursos jurıdicos
para defender as boas novas.1 — Sal. 94:20.
˜
7 Assim, depois de dois anos na prisao por crimes que
˜
nao cometeu, Paulo recebeu a oportunidade de apresen-
tar o seu caso em Roma. Mas, antes de Paulo partir,
ˆ
outro governante quis ve-lo.
˜
“Nao desobedeci” (Atos 25:13–26:23)
´
8Alguns dias depois de Paulo ter recorrido a Cesar
˜
na presença de Festo, o Rei Agripa e a sua irma Bere-
nice fizeram “uma visita de cortesia” ao novo governa-
´
dor.2 Nos dias do Imp erio Romano, as autoridades
´
tinham o habito de fazer essas visitas a novos governa-
˜
dores. Ao felicitar Festo pela sua nomeaç ao, Agripa es-
´ ´
tava, sem duvida, a tentar fortalecer laços polıticos e
´
pessoais que poderiam ser-lhe uteis no futuro. — Atos
25:13.
9 Festo falou a respeito de Paulo ao rei, e Agripa
´
ficou com curiosidade de ouvir o ap ostolo. No dia
seguinte, os dois governantes sentaram-se no tribu-
˜
nal. Mas todo aquele poder e ostentaç ao era menos
˜
1 Veja o quadro ´“Recursos a favor da adoraç ao verdadeira nos tem-
pos atuais”, na p agina 392. ´
2 Veja o quadro “Rei Herodes Agripa II”, na p agina 394.
´
8, 9. Porque e que o Rei Agripa visitou Cesareia?
´
“APELO PARA CESAR!” 391
˜
RECURSOS A FAVOR DA ADORAÇAO
VERDADEIRA NOS TEMPOS ATUAIS


´ `
As Testemunhas de Jeova as vezes apelam a supre-
´
mos tribunais com o objetivo de remover obstaculos
` ˜
a pregaçao das boas novas do Reino de Deus. Vejamos
dois exemplos.
No dia 28 de março de 1938, o Supremo Tribunal
˜
dos Estados Unidos revogou a decisao de um tribunal
estadual, inocentando assim um grupo de Testemu-
´
nhas de Jeova que tinham sido presas por distribuir
˜ ´ ´
publicaçoes bıblicas na cidade de Griffin, Georgia,
EUA. Esse foi o primeiro de muitos recursos apresen-
tados a esse supremo tribunal no que se refere ao di-
´
reito das Testemunhas de Jeova de pregar as boas no-
vas.1
´
Outro caso aconteceu na Grecia, envolvendo uma
´
Testemunha de Jeova chamada Minos Kokkinakis.
´
Num perıodo de 48 anos, ele foi preso mais de 60 ve-
˜
zes, acusado de “proselitismo”. Em 18 ocasioes, foi le-
˜ ´
vado a julgamento. Ele passou anos na prisao e no exı-
´ ´
lio em ilhas remotas do mar Egeu. Ap os a sua ultima
˜ ˜
condenaçao, em 1986, o irmao Kokkinakis perdeu os
´
recursos que fez aos tribunais superiores da Grecia.
˜
Entao, recorreu ao Tribunal Europeu dos Direitos Hu-
manos (TEDH). No dia 25 de março de 1993, esse tri-
˜
1 Veja o relato a respeito da decisao do ˜ Supremo Tribunal dos
Estados Unidos sobre liberdade de express
´ ao publicado na revista
Despertai! de 8 de janeiro de 2003, p aginas 3-11.

ˆ
392 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
´
bunal declarou que a Grecia tinha violado a liberda-
˜ ˜
de de religiao do irmao Kokkinakis.
´ ˆ
As Testemunhas de Jeova tem recorrido ao TEDH
em dezenas de casos, sendo vitoriosas na maioria de-
˜ ˜
les. Nenhuma outra organizaçao, religiosa ou nao,
˜
tem sido tao bem-sucedida em defender os direitos hu-
´
manos basicos diante do TEDH.
´ ´ ´
Sera que outros se beneficiam das vitorias jurıdi-
´
cas das Testemunhas de Jeova? O erudito Charles C.
´
Haynes escreveu: “Todos temos uma dıvida de grati-
˜ ` ´ ˜
dao as Testemunhas de Jeova. Nao importa quantas
vezes sejam insultadas, expulsas de uma cidade, ou
˜ ´
mesmo sofram agressoes fısicas, continuam a lutar
pela sua (e, por conseguinte, pela nossa) liberdade de
˜
religiao. E, quando elas ganham, todos ganhamos.”

impressionante do que as palavras que o prisioneiro


diante deles iria dizer. — Atos 25:22-27.
10 Paulo respeitosamente agradeceu ao Rei Agripa a
oportunidade de se defender perante ele, reconhecendo
´
que o rei era perito nos costumes e nas controversias
dos judeus. Paulo passou a descrever a sua vida no pas-
sado: “Vivi como fariseu, segundo a seita mais rigorosa
˜
da nossa religiao.” (Atos 26:5) Como fariseu, Paulo
´
10, 11. Como e que Paulo mostrou respeito por Agripa, e que detalhes
´ ´ ´
a respeito do seu proprio passado e que o ap ostolo revelou ao rei?
´
“APELO PARA CESAR!” 393
REI HERODES AGRIPA II


´
O Agripa mencionado em Atos capıtulo 25 era o
rei Herodes Agripa II, bisneto de Herodes, o Grande,
˜
e filho do Herodes que tinha perseguido a congregaçao
´ ´
de Jerusalem 14 anos antes. (Atos 12:1) Agripa foi o ul-
´
timo prıncipe da dinastia dos Herodes.
˜
Quando o seu pai morreu, em 44 EC, Agripa, entao
com 17 anos, estava em Roma a ser educado na corte
´
do imperador romano Claudio. Os conselheiros do im-
perador consideravam Agripa muito jovem para herdar
´
o domınio do seu pai; por isso, um governador roma-
´
no foi nomeado. Mesmo assim, de acordo com Flavio
Josefo, enquanto Agripa ainda estava em Roma, ele in-
tervinha a favor dos judeus e representava os interesses
deles.
´
Por volta de 50 EC, Claudio designou Agripa rei de
´
Calcis e, em 53 EC, rei da Itureia, Traconites e Abilene.
´ ˜
Agripa tamb em recebeu a supervisao do templo de Je-
´
rusalem e autoridade para designar os sumos sacerdo-
´ ´
tes judeus. Nero, sucessor de Claudio, estendeu o domı-
nio de Agripa, que passou a incluir partes da Galileia
´
e da Pereia. Na epoca em que conheceu Paulo, Agripa
˜
estava em Cesareia com a sua irma Berenice, que tinha
´
abandonado o marido, rei da Cilıcia. — Atos 25:13.
Em 66 EC, quando os esforços de Agripa para acal-
˜
mar a rebeliao dos judeus contra Roma falharam, ele
´
proprio tornou-se alvo dos rebeldes e foi obrigado a
ˆ
394 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
juntar-se aos romanos. Depois de os judeus serem der-
rotados, o novo imperador, Vespasiano, deu a Agripa
´
outros territorios como recompensa.

˜
aguardava a vinda do Messias. Agora, como cristao,
Paulo corajosamente identificava Jesus Cristo como o
˜
tao aguardado Messias. Ele e os seus acusadores acre-
ditavam que Deus cumpriria a promessa que tinha fei-
to aos antepassados deles. Essa crença era o motivo de
˜
Paulo estar a ser julgado naquele dia. Esta declaraç ao
deixou Agripa ainda mais interessado.1
´
11 Relembrando a epoca ˜
em que tratava os cristaos
´
com crueldade, Paulo disse: “Eu proprio estava conven-
cido de que devia combater o nome de Jesus, o Nazare-
no [...]. Como estava extremamente furioso com eles [os
seguidores de Cristo], cheguei inclusivamente a perse-
˜
gui-los em cidades afastadas.” (Atos 26:9-11) Paulo nao
estava a exagerar. Muitas pessoas sabiam da maneira
˜ ´
violenta como ele tinha perseguido os cristaos. (Gal.
´
1:13, 23) Agripa talvez se perguntasse: ‘Porque e que
um homem destes mudou tanto?’
˜
1 Por ser cristao, Paulo aceitava Jesus como o ´ Messias. Os judeus,
que rejeitavam Jesus, encaravam Paulo como ap ostata. — Atos 21:21,
27, 28.
´
“APELO PARA CESAR!” 395
12 Esta pergunta foi respondida pelas seguintes pala-
vras de Paulo: “Eu estava a viajar para Damasco, com
plenos poderes e autoridade concedidos pelos princi-
´
pais sacerdotes. E na estrada, o rei, ao meio-dia, vi uma
´ `
luz do c eu, mais resplandecente do que o sol, brilhar a
`
minha volta e a volta dos que viajavam comigo. Todos
´ ´ ˜ ˜
nos caımos ao chao e, entao, ouvi uma voz dizer-me em
´
hebraico: ‘Saulo, Saulo, porque e que me persegues?
` ´
Ao resistir as aguilhadas, so fazes mal a ti mesmo.’
´
E eu perguntei: ‘Quem e o senhor?’ E o Senhor res-
pondeu: ‘Eu sou Jesus, a quem persegues.’”1 — Atos
26:12-15.
13Antes desse acontecimento sobrenatural, Paulo es-
`
tava como que ‘a resistir as aguilhadas’. Assim como
um animal de carga se magoaria desnecessariamente
`
por resistir a ponta afiada de uma aguilhada, Paulo ti-
nha-se ferido em sentido espiritual por agir contra a
vontade de Deus. Por aparecer a Paulo na estrada para
`
1 No que se refere as palavras´ de Paulo de que estava a viajar
“ao meio-dia”, certo erudito bıblico diz: “A menos que estivesse
com muita pressa, um viajante costumava descansar ao meio-dia por
causa do calor. Assim,
˜ vemos como˜ Paulo estava empenhado em
cumprir essa missao de perseguiç ao.”
´ ˜
12, 13. (a) Como e que Paulo descreveu a sua conversao? (b) Em que
´ `
sentido e que Paulo estava ‘a resistir as aguilhadas’?
ˆ
396 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
Damasco, o ressuscitado Jesus fez com que esse homem
´
sincero, porem obviamente mal orientado, mudasse o
˜
seu modo de pensar. — Joao 16:1, 2.
14Paulo realmente fez grandes mudanças na vida. Di-
˜ ` ˜
rigindo-se a Agripa, ele disse: “Nao desobedeci a visao
celestial, mas, primeiro aos de Damasco, depois aos de
´ ˜ ´ `
Jerusalem e de toda a regiao da Judeia, e tamb em as na-
˜
ç oes, levei a mensagem de que deviam arrepender-se e
´
converter-se a Deus, praticando obras proprias do arre-
´ ´
pendimento.” (Atos 26:19, 20) Ja ha muitos anos que
˜
Paulo estava a cumprir a comissao que Jesus Cristo
˜
lhe tinha dado naquela visao ao meio-dia. Com que re-
sultados? Os que aceitavam as boas novas que Paulo
pregava arrependiam-se da sua conduta imoral e deso-
nesta e passavam a servir a Deus. Essas pessoas torna-
˜
vam-se bons cidadaos, demonstrando respeito pela lei e
´
pela ordem publica.
´
15 Mas esses benefıcios ˜
nao significavam nada para os
opositores judeus de Paulo. Ele disse: “Foi por isso que
os judeus me agarraram no templo e tentaram matar-
-me. No entanto, visto que Deus me tem ajudado,
´ ˜ `
14, 15. O que e que Paulo disse em relaçao as mudanças que tinha fei-
to na vida?
´
“APELO PARA CESAR!” 397
´
continuo ate hoje a dar testemunho tanto a pequenos
como a grandes.” — Atos 26:21, 22.
˜
16 Como cristaos verdadeiros, devemos estar “sempre
´
prontos para fazer uma defesa” da nossa fe. (1 Ped.
´
3:15) Ao falarmos com juızes e governantes sobre as
nossas crenças, pode ser de ajuda imitar a forma como
Paulo falou com Agripa e Festo. Se, com respeito, ex-
´ ˆ
plicarmos como as verdades bıblicas tem melhorado a
˜ ´ ´
vida das pessoas – nao so a nossa, mas tamb em a dos
que aceitam a nossa mensagem – talvez consigamos to-
˜
car o coraç ao dessas altas autoridades.
˜
“Em pouco tempo me persuadirias a tornar-me cristao”
(Atos 26:24-32)
`
17A medida que escutavam o testemunho convincen-
˜
te de Paulo, os dois governantes nao conseguiam conti-
nuar indiferentes. Veja o que aconteceu: “Enquanto
Paulo falava em sua defesa, Festo disse em voz alta: ‘Es-
´ ´
tas a ficar louco, Paulo! O teu grande saber esta a le-
` ˜
var-te a loucura!’” (Atos 26:24) A forte reaç ao de Festo
´
talvez tenha revelado uma atitude vista tamb em hoje.
´
16. Como podemos imitar Paulo ao falar com juızes e governantes so-
bre as nossas crenças?
´ ` ´
17. Como e que Festo reagiu a defesa de Paulo, e que atitude similar e
vista hoje?
ˆ
398 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
´
Muitas pessoas encaram como fanaticos os que ensi-
´
nam o que a Bıblia realmente diz. Os intelectuais do
´ ´
mundo muitas vezes acham difıcil aceitar o ensino bı-
˜
blico da ressurreiç ao.
18Mas Paulo tinha uma resposta para o governador:
˜ ´
“Nao estou a ficar louco, Excelentıssimo Festo, mas es-
tou a dizer palavras de verdade e de bom senso. Na rea-
lidade, o rei a quem me dirijo com franqueza conhece
ˆ
muito bem tudo isto. [...] Cre nos Profetas, rei Agripa?
ˆ
Sei que cre.” Agripa respondeu: “Em pouco tempo me
˜
persuadirias a tornar-me cristao.” (Atos 26:25-28) Estas
˜
palavras, quer tenham sido sinceras, quer nao, mostram
que o testemunho de Paulo afetou profundamente o rei.
˜
19 Entao, Agripa e Festo levantaram-se, indicando as-
ˆ ´
sim que a audiencia estava encerrada. “Ao saırem, co-
˜ ´
mentavam entre si: ‘Este homem nao esta a fazer nada
˜ ˜
que mere ça a morte ou a prisao.’ Entao, Agripa disse a
˜
Festo: ‘Este homem podia ter sido solto se nao tivesse
´
apelado para Cesar.’” (Atos 26:31, 32) Eles sabiam que
tinham acabado de ouvir um homem inocente. Agora,
´ ´
18. Como e que Paulo respondeu a Festo, e de que maneira e que Agri-
pa reagiu a essa resposta?
˜ ´
19. A que conclusao e que Festo e Agripa chegaram a respeito de Paulo?
´
“APELO PARA CESAR!” 399
talvez passassem a ter um conceito mais positivo sobre
˜
os cristaos.
20 Nenhum dos dois governantes poderosos menciona-
dos neste relato parece ter aceitado as boas novas do
´ ´
Reino de Deus. Sera que foi proveitoso o ap ostolo Pau-
´
lo comparecer diante desses homens? A resposta e sim.
O facto de Paulo ter sido ‘levado diante de reis e gover-
nadores’ na Judeia resultou num testemunho a autori-
˜
dades romanas que de outra forma nao teria sido pos-
´ ´
sıvel. (Luc. 21:12, 13) Alem disso, o que ele passou e a
´ ˜
fe que demonstrou durante as provaç oes fortaleceu os
˜
seus irmaos espirituais. — Fil. 1:12-14.
21O mesmo acontece hoje. Se perseverarmos na obra
˜ ˜
do Reino, apesar de provaç oes e oposiç ao, podemos ter
muitos resultados positivos. Talvez consigamos dar tes-
˜ ´
temunho a autoridades que nao conseguirıamos alcan-
çar de outra forma. E a nossa perseverança fiel pode
˜
ser uma fonte de encorajamento para os nossos irmaos
˜
cristaos, motivando-os a demonstrar ainda mais cora-
gem na obra de dar testemunho cabal sobre o Reino de
Deus.
20. Em que resultou o testemunho que Paulo deu a autoridades?
21. Que resultados positivos podemos ter se perseverarmos na obra do
Reino?
ˆ
400 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
´
CAPITULO 26


ˆ ´
“Nenhum de voces morrera”
´
Ao enfrentar um naufragio, Paulo
´
demonstra muita fe e amor pelas pessoas
Baseado em Atos 27:1–28:10
´ ´ ˜
“PARA Cesar iras.” Paulo nao para de pensar nestas pa-
´
lavras do governador Festo. Isso e natural, pois estas pa-
˜
lavras determinarao, em grande medida, o seu futuro.
´ ´
Paulo esta preso ha dois anos, por isso, a longa viagem
´
para Roma pelo menos significara uma mudança de ares.
´
(Atos 25:12) Mas as vıvidas lembranças que Paulo tem das
´
suas viagens marıtimas incluem muito mais do que brisas
refrescantes e bonitos pores do sol. A ideia de ter de fa-
´
zer esta viagem para comparecer perante Cesar deve fa-
zer Paulo refletir seriamente no que o aguarda.
2 Paulo j a´ enfrentou muitas vezes “perigos no mar”, ten-

ˆ ´
do sobrevivido a tres naufragios e chegando a passar uma
´
noite e um dia em alto-mar. (2 Cor. 11:25, 26) Alem dis-
´ ´
so, esta viagem sera muito diferente das viagens missiona-
rias que ele fazia quando estava em liberdade. Paulo vai
´ ´
1, 2. Que viagem e que Paulo estava para fazer, e com o que e que tal-
vez estivesse preocupado?
ˆ ´
“NENHUM DE VOCES MORRERA” 401
´
como prisioneiro e fara um enorme trajeto – mais de 3 mil
´ ´ ˜
quilometros de Cesareia a Roma. Conseguira sair sao e
´
salvo dessa viagem? Mesmo que consiga, sera que vai ser
`
condenado a morte ao chegar a Roma? Lembre-se de que
´
ele sera julgado pela autoridade mais poderosa do mun-
´ ´
do de Satanas daquela epoca.
3 Depois de tudo o que j a´ lemos a respeito de Paulo, di-

´
ficilmente acharıamos que ele fosse ficar desesperado por
causa disto. Embora Paulo soubesse que enfrentaria difi-
˜ ˜
culdades, ele nao sabia quais seriam. Entao, porque deve-
´
ria permitir que a sua alegria no ministerio fosse sufoca-
´
da por ansiedades causadas por coisas que estavam alem
do seu controlo? (Mat. 6:27, 34) Paulo sabia que a vonta-
´
de de Jeova era que ele aproveitasse todas as oportu-
`
nidades para pregar as boas novas do Reino, mesmo as
autoridades seculares. (Atos 9:15) Paulo estava decidido a
` ˜
viver a altura da sua comissao, independentemente do que
´ ´
acontecesse. Visto que nos tamb em temos esta determi-
˜ ´
naçao, acompanhemos Paulo nesta viagem historica e
vejamos como nos podemos beneficiar do seu exem-
plo.
´
3. O que e que Paulo estava decidido a fazer, e o que vamos analisar
´
neste capıtulo?
ˆ
402 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
´
“Os ventos eram contrarios” (Atos 27:1-7a)
4Paulo e outros prisioneiros foram colocados sob a
´
guarda de um oficial romano chamado Julio, que decidiu
embarcar num navio mercante que tinha chegado a Cesa-
´
reia. Esse navio tinha vindo de Adramıtio, um porto na
´ `
costa oeste da Asia Menor, do lado oposto a cidade de
˜
Mitilene na ilha de Lesbos. Esse navio viajaria em direçao
ao norte e, depois, ao oeste, fazendo paragens para carre-
˜ ˜
gar e descarregar mercadorias. Estas embarcaçoes nao
eram feitas para dar conforto aos passageiros, muito me-
´
nos aos prisioneiros. (Veja o quadro “Viagens marıtimas
´ ˜
e rotas comerciais”, na p agina 404.) Felizmente, Paulo nao
´ ˜
seria o unico cristao no meio daquele grupo de crimino-
˜ ˜
sos. Pelo menos, dois irmaos cristaos estavam com ele
– Aristarco e Lucas. Naturalmente, foi Lucas quem escre-
˜
veu o relato. Nao sabemos se esses dois leais amigos de
Paulo pagaram as suas passagens ou se foram como ser-
vos dele. — Atos 27:1, 2.
5Depois de um dia no mar e de ter viajado cerca de
´ ˜
110 quilometros em direçao ao norte, o navio atracou em
˜ ´
4. Em que tipo de embarcaçao e que Paulo iniciou a sua viagem, e quem
estava com ele?
´ ´ ˆ ´ ˜
5. Que agradavel companhia e que Paulo p ode ter em Sıdon, e que liçao
aprendemos?
ˆ ´
“NENHUM DE VOCES MORRERA” 403
´
VIAGENS MAR ITIMAS
E ROTAS COMERCIAIS


No mundo antigo, os navios eram usados principalmen-


˜
te para o transporte de cargas e nao eram projetados es-
pecificamente para levar passageiros. Quem quisesse fa-
zer uma viagem tinha de procurar um navio mercante que
˜
fosse na direçao desejada, negociar o preço da passagem
´
e, depois, esperar ate ao dia da partida.
˜ ˆ
Milhares de embarcaçoes cruzavam o Mediterraneo
´ ´
para transportar generos alimentıcios e outras mercado-
rias. Muitos que viajavam nesses navios tinham de dor-
´
mir no conves, talvez em abrigos em forma de tenda que
´ `
eles proprios montavam a noite e desmontavam de ma-
˜ ´
nha. Eles tambem tinham de levar consigo tudo o que pre-
cisassem para a viagem, incluindo comida e cobertores.
˜
A duraçao das viagens dependia totalmente dos ven-
tos. Por causa do mau tempo no inverno, a temporada
˜
de navegaçao normalmente considerava-se encerrada en-
tre meados de novembro e meados de março.

´ ´ ´ ˜
Sıdon, na costa da Sıria. Pelos vistos, Julio nao tratou
Paulo como um prisioneiro comum, possivelmente por-
˜ ˜
que Paulo era um cidadao romano e a sua culpa nao es-
´
tava provada. (Atos 22:27, 28; 26:31, 32) Julio permitiu que
˜
Paulo desembarcasse em terra firme para ver os irmaos.
˜
Os cristaos ali devem ter ficado muito felizes por pode-
ˆ
404 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
´
rem cuidar do ap ostolo depois de tanto tempo preso! Con-
˜ ˆ ´
segue pensar em ocasioes em que voce tamb em poderia
demonstrar amorosa hospitalidade e, assim, ser encoraja-
do? — Atos 27:3.
´
6Depois de partir de Sıdon, o navio continuou a subir
´
pela costa e passou pela Cilıcia, perto de Tarso, cidade
˜
natal de Paulo. Lucas nao diz se o navio fez outras para-
gens, embora inclua o detalhe assustador de que “os ven-
´
tos eram contrarios”. (Atos 27:4, 5) Apesar disso, Paulo
aproveitou todas as oportunidades para pregar as boas no-
vas. Certamente, pregou aos prisioneiros e a outras pes-
˜
soas que estavam a bordo, incluindo a tripulaçao e os sol-
dados, bem como a pessoas nos portos em que o navio
´ ´ ´
atracou. Sera que nos tamb em aproveitamos todas as
oportunidades para pregar?
7 Por fim, o navio chegou a Mirra, um porto na costa
´
sul da Asia Menor. Ali, Paulo e outros tiveram de trocar
˜
de embarcaçao para chegarem ao seu destino, Roma.
´
(Atos 27:6) Naquela epoca, o Egito era um grande forne-
´
cedor de cereais para Roma, e navios egıpcios que trans-
´
portavam esse tipo de carga atracavam em Mirra. Julio
encontrou um desses navios e fez com que os soldados e
´
6-8. Como foi a viagem de Paulo de Sıdon a Cnido, e que oportunidades
´
tera Paulo aproveitado para pregar?
ˆ ´
“NENHUM DE VOCES MORRERA” 405
˜
prisioneiros embarcassem nele. Esta embarcaçao devia ser
bem maior do que a primeira. Transportava uma carga va-
˜
liosa de trigo e 276 pessoas – a tripulaçao, os soldados, os
prisioneiros e, provavelmente, outros que iam para Roma.
´ ´
E claro que com esta troca de navios o numero de pes-
´
soas a quem Paulo podia pregar aumentou, e, sem duvi-
˜
da, ele aproveitou essa situaçao.
´ ´
8 A proxima paragem seria Cnido, no sudoeste da Asia
´
Menor. Com ventos favoraveis, um navio poderia percor-
ˆ
rer essa distancia em cerca de um dia. Mas Lucas relata
que eles ‘navegaram vagarosamente por muitos dias e che-
garam com dificuldade a Cnido’. (Atos 27:7a) As condi-
˜ ˜
çoes de navegaçao tinham piorado. (Veja o quadro “Os
´ ˆ ´
ventos contrarios do Mediterraneo”, na p agina 408.) Ima-
`
gine como as pessoas a bordo se sentiriam a medida que
´
o navio lutava contra os fortes ventos e as aguas agitadas.
“Violentamente sacudidos pela tempestade”
(Atos 27:7b-26)
˜
9 De Cnido, o capitao do navio planeava seguir em dire-
˜
çao ao oeste, mas Lucas, uma testemunha ocular, relata:
˜
“O vento nao nos permitia continuar.” (Atos 27:7b) Ao
afastar-se do continente, o navio desviou-se da corrente
9, 10. Que dificuldades surgiram nas proximidades de Creta?
ˆ
406 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
´
costeira, e um forte vento contrario vindo do norte empur-
rou-o para o sul, talvez muito rapidamente. Assim como a
ilha de Chipre tinha anteriormente protegido o navio cos-
´
teiro contra os ventos desfavoraveis, desta vez, a ilha de
Creta fez o mesmo. Depois de o navio passar pelo cabo de
˜
Salmone, no extremo leste de Creta, a situaçao melhorou
ˆ
um pouco. Porque? Ao entrarem no lado do sota-vento da
´
costa sul, foram protegidos dos ventos fortes. Que alıvio
˜
devem ter sentido! Mas nao durou muito. Enquanto o na-
˜
vio continuasse no mar, a tripulaçao tinha motivos para se
preocupar, pois o inverno estava a chegar.
˜
10 Lucas relata com exatidao: `
“Navegando junto a costa
´
[de Creta] com dificuldade, chegamos a um lugar chama-
˜
do Bons Portos.” Mesmo protegidos por terra firme, nao
´
era facil controlar o navio. Mas, finalmente, encontraram
´ ˜
uma pequena baıa para ancorar, provavelmente na regiao
˜
antes de a costa seguir em direçao ao norte. Quanto tem-
po ficaram ali? Lucas diz que foi “bastante tempo”, mas
´ ˜
aquela epoca do ano nao ajudava. Em setembro/outubro,
navegar era mais perigoso. — Atos 27:8, 9.
˜
Alguns passageiros podem ter pedido a opiniao de
11

ˆ
Paulo por causa da experiencia que ele tinha em navegar
˜
11. Que sugestao deu Paulo aos que estavam no navio com ele, mas que
˜
decisao foi tomada?
ˆ ´
“NENHUM DE VOCES MORRERA” 407
´
OS VENTOS CONTR ˆ ARIOS
DO MEDITERR ANEO


˜
Os ventos e as estaçoes determinavam em grande me-
´
dida os destinos e o calendario das travessias no Medi-
ˆ
terraneo, ou rGrande Marr. No extremo leste do mar,
de junho a setembro, os ventos geralmente sopram de
˜
oeste a leste. Isso facilitava navegar em direçao ao les-
te, conforme Paulo percebeu ao voltar da sua terceira
´
viagem missionaria. O navio em que ele e os seus com-
panheiros estavam partiu de Mileto, passou por Rodes
´
e atracou em Patara. Dali, a viagem a Tiro, na costa da
´ ´
Fenıcia, foi rapida e praticamente em linha reta. Lucas
escreveu que, quando passaram por Chipre, essa ilha es-
`
tava a esquerda deles, o que significa que passaram pelo
lado sul de Chipre. — Atos 21:1-3.
˜
E o que dizer de navegar na direçao oposta? Os na-
vios podiam ir para oeste por seguirem uma rota simi-
`
lar, caso os ventos permitissem. Mas, as vezes, isso era
´
praticamente impossıvel. “No inverno”, diz a The Inter-
´ ´
national Standard Bible Encyclopedia (Enciclop edia Bı-
˜ ˜ ´
blica Padrao Internacional), “as condiçoes atmosfericas
˜ ´
sao muito menos estaveis, e grandes ciclones movem-
˜ ˆ
-se em direçao ao leste, atravessando o Mediterraneo e
` ˜
acompanhados de ventos fortes, as vezes furacoes, chu-
´ ˜
vas torrenciais e ate neve”. Sob tais condiçoes, os peri-
gos eram grandes.
˜
Em quase todas as estaçoes, os navios podiam nave-
gar para norte ao longo da costa da Palestina e con-
ˆ
408 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
´
tinuar para oeste pela Panfılia, onde brisas vindas do
´ ˜
continente e correntes marıtimas em direçao ao oes-
te podiam ajudar os navios. Este foi o caso na primei-
´
ra parte da viagem de Paulo para Roma sob custodia
militar. Mesmo assim, os ventos´ poderiam soprar em
´ ´
sentido ‘contrario’. (Atos 27:4) E possıvel que o navio
´
de cereais destacado no relato de Lucas tenha saıdo do
˜ ˜
Egito em direçao ao norte e, entao, tenha contornado ´
´
Chipre, passando pelas aguas entre essa ilha e a Asia
˜
Menor, ficando protegido do vento. De Mirra, o capitao
˜
pretendia continuar em direçao ao oeste, contornando
´
a extremidade da Grecia e subindo pela costa oeste da
´ ´
Italia. (Atos 27:5, 6) Mas os ventos e a epoca do ano re-
´
servavam varias surpresas.

ˆ ˜
pelo Mediterraneo. Ele recomendou que nao seguissem
´
viagem. Caso contrario, haveria ‘danos e grandes perdas’,
´
talvez ate a perda de vidas. Mas o comandante e o dono
do navio queriam seguir viagem, talvez por acharem que
era urgente encontrar um lugar mais seguro. Eles conven-
´
ceram Julio, e a maioria achava que era preciso tentar
´
chegar a Fenix, um porto que estava um pouco mais
adiante na costa. Esse porto talvez fosse um lugar maior
e melhor para passar o inverno. Assim, quando uma sua-
´
ve, porem enganosa, brisa vinda do sul soprou, o navio
partiu. — Atos 27:10-13.
ˆ ´
“NENHUM DE VOCES MORRERA” 409
12 Depois, surgiu outro problema: um “vento violento”
do nordeste. Durante algum tempo, eles encontraram pro-
˜ ´
teçao atras de uma “pequena ilha chamada Cauda”, a cer-
´
ca de 65 quilometros de Bons Portos. Ainda assim, cor-
riam o perigo de serem arrastados para o sul e de
encalharem nos bancos de areia da costa africana. Deses-
perados para evitar isso, os marinheiros içaram o bote
que o navio estava a rebocar. Isso exigiu um grande es-
´ ´ ´
forço, pois e provavel que o bote estivesse cheio de agua.
˜
Entao, reforçaram o casco do navio, amarrando-o com
´ ˜
cordas ou correntes para que as tabuas de madeira nao se
desprendessem. A seguir, arriaram os aparelhos – a vela
grande ou talvez o cordame – e lutaram para manter o
navio contra o vento e aguentar a tempestade. Deve ter
˜
sido assustador! Mas mesmo todos estes esforços nao fo-
ram suficientes, pois continuaram a ser “violentamente
sacudidos pela tempestade”. No terceiro dia, eles lança-
˜
ram ao mar a armaçao do navio, provavelmente para evi-
tar que se afundasse. — Atos 27:14-19.
ˆ
13 O p anico deve ter tomado conta do navio. Mas Paulo
´
12. Que perigos enfrentou o navio depois de deixar Creta, e como e que
˜
a tripulaçao tentou evitar um desastre?
˜
13. Qual deve ter sido a situaçao a bordo do navio de Paulo durante a
tempestade?
ˆ
410 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
e os seus companheiros estavam confiantes, pois, ante-
riormente, o Senhor tinha garantido a Paulo que ele da-
ria testemunho em Roma. (Atos 19:21; 23:11) Um anjo
confirmaria essa promessa mais tarde. Mas, durante duas
˜
semanas, noite e dia, a tempestade nao parou. Por causa
´
da chuva contınua e das densas nuvens que cobriam o sol
˜
e as estrelas, o comandante nao conseguia saber a locali-
˜ ˜ ´
zaçao do navio ou em que direçao iam. Ate comer era
´
quase impossıvel. Mas, quem pensaria em comer em vis-
ta do frio, chuva, enjoos e medo?
14Paulo levantou-se no meio deles. Ele recordou o avi-
˜ ˜
so que lhes deu antes. A intençao nao era dizer: ‘Eu avi-
sei’, mas antes para mostrar que aqueles acontecimentos
˜ `
provavam que valia a pena prestarem atençao as suas pa-
lavras. Depois, ele disse: “Incentivo-vos a terem coragem,
ˆ ´ ´
pois nenhum de voces morrera, apenas se perdera o na-
vio.” (Atos 27:21, 22) Estas palavras devem ter animado
´
muito aquelas pessoas! Paulo tamb em deve ter ficado
´
muito feliz por Jeova lhe ter dado essa mensagem de es-
´
perança para partilhar com as pessoas. E vital lembrar-
´
mo-nos de que Jeova se importa com a vida de cada ser
´
14, 15. (a) Ao falar com as pessoas que estavam no navio, porque e que
Paulo recordou o aviso que lhes tinha dado antes? (b) O que podemos
aprender da mensagem de esperança que Paulo transmitiu?
ˆ ´
“NENHUM DE VOCES MORRERA” 411
˜ ´
humano. Todos sao importantes para ele. O ap ostolo Pe-
´ ˜ ´
dro escreveu: “Jeova [...] nao deseja que ninguem seja
´
destruıdo, mas deseja que todos alcancem o arrependi-
´ ˜
mento.” (2 Ped. 3:9) Como e urgente, entao, que nos es-
forcemos para partilhar a mensagem de esperança da par-
´ ´ ´
te de Jeova com o maior numero de pessoas possıvel!
˜
Estao em jogo vidas preciosas.
´
15 Paulo, sem duvida, tinha dado testemunho a muitas
pessoas no navio sobre a “esperança na promessa que Deus
fez”. (Atos 26:6; Col. 1:5) Agora, com a grande possibilida-
´ ´ ˜
de de um naufragio, Paulo da-lhes fortes razoes para terem
´
esperança de um livramento mais proximo. Ele disse: “Na
noite passada, um anjo do Deus a quem pertenço [...] dis-
˜
se: ‘Nao tenhas medo, Paulo. Tens de comparecer perante
´ ´
Cesar. Alem disso, Deus concedeu-te a vida de todos os
que navegam contigo.’” Paulo exortou-os: “Portanto, ho-
mens, tenham coragem, pois eu acredito em Deus, que
´
acontecera exatamente assim como me foi dito. No entan-
to, devemos encalhar numa ilha.” — Atos 27:23-26.
˜
“Todos chegaram a terra s aos e salvos”
(Atos 27:27-44)
16 Depois de duas semanas aterrorizantes, durante as
˜ ´
16, 17. (a) Em que ocasiao e que Paulo orou, e com que resultados?
´ ˆ
(b) Como e que se cumpriu a advertencia de Paulo?
ˆ
412 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
quais o navio foi empurrado pelo vento cerca de 870 qui-
´
lometros, os marinheiros começaram a suspeitar que o
navio estava a aproximar-se de terra firme, talvez por te-
rem ouvido o som de ondas a baterem na costa. Da popa,
ˆ
lançaram ancoras ao mar para impedir que o navio ficas-
` ˜
se a deriva e manter a proa em direçao a terra firme caso
˜
tivessem condiçoes para encalhar o navio na praia. Nesse
momento, eles tentaram fugir do navio, mas foram impe-
didos pelos soldados quando Paulo disse: “A menos que
ˆ ˜ ˜
estes homens permaneçam no navio, voces nao poderao
´
ser salvos.” Com o navio agora um pouco mais esta-
vel, Paulo aconselhou-os a alimentarem-se, garantindo-
˜
-lhes mais uma vez que sobreviveriam. Entao, Paulo “deu
graças a Deus diante de todos eles”. (Atos 27:31, 35)
˜
Com esta oraçao de agradecimento, Paulo estabeleceu um
˜ ´
exemplo para Lucas, Aristarco e os cristaos atuais. Sera
˜ ´ ˜
que as nossas oraçoes publicas sao uma fonte de encora-
jamento e consolo para outros?
˜
17 Depois da oraç ao de Paulo, “todos ganharam cora-
gem e começaram [...] a alimentar-se”. (Atos 27:36) A se-
guir, deixaram o navio ainda mais leve por lançar ao mar
˜ ˜
a carga, permitindo que o casco do navio nao ficasse tao
´ `
fundo dentro da agua a medida que se aproximavam da
ˆ ´
“NENHUM DE VOCES MORRERA” 413
˜ ˆ
praia. Quando amanheceu, a tripulaçao cortou as anco-
ras, soltou os remos do leme que ficavam na popa e içou
˜
uma pequena vela na frente da embarcaçao, para ser mais
´
facil manobrar o navio enquanto se dirigia para terra. Ao
fazerem isso, a frente do navio ficou presa, talvez num
banco de areia ou na lama, e a popa começou a despeda-
çar-se por causa da força violenta das ondas. Alguns sol-
˜
dados queriam matar os prisioneiros para que nao esca-
´
passem, mas Julio impediu-os. Ele incentivou todos a
˜ `
nadarem ou a boiarem em direçao a praia. O que Paulo
tinha predito cumpriu-se – todas as 276 pessoas a bordo
˜
sobreviveram. De facto, “todos chegaram a terra saos e
´
salvos”. Mas onde e que eles estavam? — Atos 27:44.
´
“Extraordinaria bondade” (Atos 28:1-10)
18 Os sobreviventes estavam na ilha de Malta, a sul da
´ ´
Sicılia. (Veja o quadro “Onde ficava Malta?”, na p agi-
´
na 415.) As pessoas da ilha, apesar de falarem outra lın-
´
gua, demonstraram-lhes “extraordinaria bondade”. (Atos
28:2) Fizeram uma fogueira para aqueles estrangeiros que
tinham chegado ali encharcados e cheios de frio. O fogo
´
aqueceu-os, apesar do frio e da chuva. Tamb em deu mar-
gem para que ocorresse um milagre.
´ ´
18-20. Como e que as pessoas de Malta mostraram “extraordinaria bon-
dade”, e que milagre realizou Deus por meio de Paulo?
ˆ
414 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
ONDE FICAVA MALTA?


´
Diversas ilhas ja foram apontadas como a ilha de
“Malta” onde Paulo naufragou. Uma teoria identifi-
´
cou certa ilha perto de Corfu, uma ilha proxima da
´
costa oeste da Grecia. Outra baseia-se na palavra usa-
´
da no livro de Atos para “Malta”. A palavra grega e
´ ˜
Melıte. Entao, alguns disseram que era a ilha Melite
´
ilırica, agora conhecida como Mljet, localizada perto
´ ´
da ´ costa da Croacia, no mar Adriatico.
´ E verdade que Atos 27:27 menciona ´ o “mar de
Adria”, mas, nos dias de Paulo, “Adria” abrangia uma
´ ´ ´
area maior do que a do atual mar Adriatico. Incluıa
´ ´ ´
o mar Jonico e as aguas a leste da Sicılia e a oeste de
Creta, incluindo assim o mar perto da atual ilha de
Malta.
O navio em que Paulo viajava foi obrigado a ir em
˜ ´
direçao ao sul, de Cnido ate ao sul de Creta. Em vista
˜
da direçao predominante dos ventos naquela tempes-
´ ´
tade, e improvavel que o navio tenha dado meia-volta
˜ ´
e navegado em direçao ao norte ate Mljet ou uma ilha
´ ´
perto de Corfu. Assim, e mais provavel que a locali-
˜
zaçao de Malta fosse mais a oeste. Isso faz da ilha de
´ ´ ´
Malta, ao sul da Sicılia, o local provavel do naufragio.

Colaborando para o bem de todos, Paulo recolheu al-


19

´
guns galhos e colocou-os no fogo. Ao fazer isso, uma vı-
`
bora venenosa apareceu e mordeu-o, prendendo-se a sua
ˆ ´
“NENHUM DE VOCES MORRERA” 415
˜
mao. Os malteses pensaram que aquilo era algum tipo de
˜
puniçao divina.1
20 As pessoas locais que viram Paulo a ser mordido pela
´
vıbora pensaram que ele ‘ficaria inchado’. Segundo uma
ˆ
obra de referencia, a palavra no idioma original encontra-
´ ´ ˜ ´
da aqui e “um termo medico”. Nao e de admirar que
˜ `
uma expressao como esta tenha logo vindo a mente de
´
“Lucas, o medico amado”. (Atos 28:6; Col. 4:14) De qual-
˜
quer forma, Paulo, sacudiu a serpente venenosa, e nao so-
freu nenhum dano.
´ ´
21Um rico proprietario de terras chamado Publio mora-
˜
va na regiao. Ele talvez fosse a principal autoridade roma-
na em Malta. Lucas descreveu-o como o “homem principal
´
da ilha”, usando exatamente o mesmo tıtulo que foi en-
˜
contrado em duas inscriçoes maltesas. Hospitaleiramente
ˆ
recebeu Paulo e os seus companheiros durante tres dias
´
no seu lar. No entanto, o pai de Publio estava doente.
´
Mais uma vez, Lucas descreveu um quadro clınico com
1´ O facto de as pessoas conhecerem essas cobras
˜ indica que
´ havia
vıboras na ilha naquele tempo. Atualmente, nao existem vıboras em
Malta.´ Isso pode ser resultado de mudanças no ´ seu habitat ao longo
dos seculos. Ou pode` ser que o ˜ aumento ´ no numero de habitantes
na ilha tenha levado a erradicaç ao das vıboras.
˜
21. (a) Que exemplos de declaraçoes exatas encontramos nesta parte do
´
relato de Lucas? (b) Que milagres realizou Paulo, e que efeito e que isso
teve nas pessoas de Malta?
ˆ
416 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
˜
precisao. Ele escreveu que o homem “estava de cama,
´
doente, com febre e disenteria”, usando os termos medi-
cos exatos para descrever a doença. Paulo orou e colocou
˜
as maos sobre o homem, e ele foi curado. Profundamente
˜
impressionadas por esse milagre, as pessoas da regiao
trouxeram outros doentes para serem curados, bem como
`
suprimentos para atender as necessidades de Paulo e dos
seus companheiros. — Atos 28:7-10.
˜
22 A exatidao ´
com que esta parte da viagem de Paulo e
´ ´
descrita e digna de nota. Um professor universitario dis-
se: “O relato de Lucas [...] destaca-se como um dos mais
´ ´
vıvidos exemplos de narrativa descritiva em toda a Bıblia.
´
Os seus detalhes sobre as viagens marıtimas no primei-
´ ˜ ˜ ˜
ro seculo sao tao precisos e o seu retrato da situaçao no
ˆ ´ ˜
Mediterraneo oriental e tao correto [que o relato deve ter-
˜ ´
-se baseado em anotaçoes feitas num diario].” Lucas pode
˜
muito bem ter feito essas anotaçoes enquanto viajava com
´ ´
o ap ostolo. Nesse caso, a proxima parte da viagem tam-
´
b em lhe deu muito sobre o que escrever. O que acontece-
ria a Paulo quando ele e os seus companheiros finalmen-
te chegassem a Roma? Vejamos.
´ ´
22. (a) Como e que certo professor universitario elogiou o relato de Lu-
´
cas sobre a viagem a Roma? (b) O que consideraremos no proximo
´
capıtulo?
ˆ ´
“NENHUM DE VOCES MORRERA” 417
´
CAPITULO 27


Dar “testemunho cabal”


Preso em Roma, Paulo continua a pregar
Baseado em Atos 28:11-31
˜
ESTAMOS no ano 59 EC. Uma embarcaç ao, provavel-
mente um grande navio para transportar cereais, tem na
˜
proa uma representaç ao dos “Filhos de Zeus”. Navega
ˆ ´ ´
desde a ilha mediterranea de Malta ate Italia. A bordo
˜ ´
estao o ap ostolo Paulo – um prisioneiro sob escolta – e
˜
os seus companheiros cristaos Lucas e Aristarco. (Atos
˜
27:2) Diferentemente da tripulaç ao, esses evangelizado-
˜ ˜
res nao procuram a prote ç ao dos filhos do deus grego
´ ´
Zeus – os gemeos Castor e Polux. (Veja a nota de estu-
do em Atos 28:11, nwtsty.) Em vez disso, Paulo e os seus
´
companheiros servem a Jeova, o Deus que revelou que
Paulo daria testemunho sobre a verdade em Roma e
´
compareceria perante Cesar. — Atos 23:11; 27:24.
ˆ
2 Tres dias depois de atracar em Siracusa, uma bela
´ ˜
cidade da Sicılia quase tao importante como Atenas e
ˆ ˆ
1. Que confiança tem Paulo e os seus companheiros, e porque?
2, 3. Que trajeto fez o navio de Paulo, e quem apoiou Paulo durante todo
o percurso da viagem?
ˆ
418 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
´
Roma, o navio parte para Regio, no extremo sul da pe-
´ ´ ˜
nınsula Italica. Entao, com a ajuda de um vento que
˜ ´
vem do sul, a embarcaç ao faz a viagem de 320 quilo-
´ ´
metros ate ao porto italiano de Puteoli (perto de onde
´
hoje fica Napoles) mais depressa do que o normal, che-
gando ao porto no segundo dia. — Atos 28:12, 13.
3 Paulo esta´ agora na parte final da sua viagem a

´
Roma, onde comparecera perante o Imperador Nero.
Durante todo o percurso da viagem, “o Deus de todo o
consolo” tem estado com Paulo. (2 Cor. 1:3) Conforme
´ ˜
veremos, Deus vai continuar a apoia-lo e Paulo nao per-
´ ´
dera o zelo como missionario.
“Paulo agradeceu a Deus e sentiu-se encorajado”
(Atos 28:14, 15)
´
4Em Puteoli, Paulo e os seus companheiros ‘encon-
˜
traram alguns irmaos, que insistiram para que ficassem
com eles durante sete dias’. (Atos 28:14) Que maravi-
˜ ´
lhoso exemplo de hospitalidade crista! Sem duvida, a
˜
hospitalidade daqueles irmaos foi recompensada pelo
encorajamento espiritual que receberam de Paulo e
´
4, 5. (a) Como e que Paulo e os seus companheiros foram recebidos em
´
Puteoli, e qual pode ter sido o motivo de terem concedido tanta liberda-
˜ ´ ˜
de a Paulo? (b) Mesmo na prisao, como e que os cristaos podem
beneficiar-se da sua boa conduta?
DAR “TESTEMUNHO CABAL” 419
´
dos seus companheiros. Mas porque e que se con-
cedeu tanta liberdade a um prisioneiro sob guarda?
´
Possivelmente, porque o ap ostolo tinha conquistado a
total confiança dos guardas romanos.
´ ˜
5 Da mesma forma hoje, servos de Jeova que estao
presos muitas vezes recebem certas liberdades e privi-
´ ˜ ´
legios por causa da sua conduta crista. Na Romenia,
por exemplo, um homem que cumpria uma pena de
75 anos por roubo come çou a estudar a Palavra de
´
Deus e fez uma notavel mudança de personalidade. Por
causa disso, as autoridades prisionais deram-lhe a tare-
˜ `
fa de fazer compras para a prisao, o que envolvia ir a
´
cidade sem escolta. Naturalmente, o mais importante e
´
que a nossa boa conduta glorifica a Jeova. — 1 Ped.
2:12.
´
6De Puteoli, Paulo e os seus companheiros provavel-
´ ´ `
mente caminharam cerca de 50 quilometros ate a cida-
´ ´
de de Capua, onde entraram na Via Apia, estrada que
levava a Roma. Dessa famosa estrada pavimentada com
´
grandes e achatados blocos de lava era possıvel ver pai-
´ ´
sagens magnıficas do interior de Italia e, em certas par-
ˆ ´
tes, do mar Mediterraneo. A estrada tamb em passava
´ ˜ ´
6, 7. Como e que os irmaos romanos mostraram extraordinario amor?
ˆ
420 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
ˆ
pelos p antanos do Pontino, que ficavam a cerca de
´
60 quilometros de Roma e onde se localizava a Praça
´ ˜
de Apio. Quando os irmaos em Roma “ouviram as no-
´ ´ ´ `
tıcias sobre nos”, escreveu Lucas, alguns foram ate a
´ `
Praça de Apio, ao passo que outros ficaram a espera
ˆ
nas Tres Tavernas, uma zona para descansar a cerca de
´ ´
50 quilometros de Roma. Que amor extraordinario!
— Atos 28:15.
´ ˜ ´
7A Praça de Apio nao era um lugar confortavel para
´
os viajantes exaustos depois de uma viagem difıcil.
´
O poeta romano Horacio descreveu essa praça como
“cheia de barqueiros e de donos de hospedarias mal-
´
-educados”. Ele escreveu que “a agua era repugnante”.
´
Ele ate se recusou a comer ali! Apesar de todos os des-
´ ˜
confortos, porem, os irmaos que vieram de Roma espe-
raram alegremente por Paulo e pelos que estavam com
´
ele para acompanha-los nessa parte final da viagem.
˜
8 ‘Ao ver’ os seus irmaos, diz o relato, “Paulo agrade-
ceu a Deus e sentiu-se encorajado”. (Atos 28:15) De fac-
´ ˜
to, so de ver esses queridos irmaos, alguns dos quais o
´
ap ostolo talvez conhecesse pessoalmente, ele sentiu-se
´
fortalecido e animado. Porque e que Paulo agradeceu a
´ ˜
8. Porque e que Paulo agradeceu a Deus ‘ao ver’ os seus irmaos?
DAR “TESTEMUNHO CABAL” 421
´
Deus? Ele sabia que o amor abnegado e um aspeto do
´ ´ ´
fruto do espırito. (Gal. 5:22) Hoje o espırito santo tam-
´ ˜ ´
b em move os cristaos a fazer sacrifıcios uns pelos ou-
tros e a consolar os que precisam. — 1 Tes. 5:11, 14.
´
9 Por exemplo, o esp ırito ˜
santo move irmaos espiri-
tuais a mostrar hospitalidade a superintendentes de cir-
´
cuito, missionarios e outros servos de tempo integral,
´
muitos dos quais fizeram grandes sacrifıcios para ex-
´ ´
pandir o seu serviço a Jeova. Pergunte-se: ‘Sera que pos-
so fazer mais para apoiar a visita do superintendente de
`
circuito, talvez por mostrar-lhe hospitalidade, e a sua
esposa, caso ele seja casado? Posso fazer planos para
ˆ
pregar com eles?’ Se fizer isso, talvez receba ricas b en-
˜ ˜
ç aos. Por exemplo, imagine a alegria que os irmaos ro-
manos sentiram ao ouvir Paulo e os seus companheiros
ˆ
relatarem algumas das muitas experiencias encorajado-
ras que tiveram! — Atos 15:3, 4.
“Aquilo que se diz contra ela em todo o lado”
(Atos 28:16-22)
10 Quando o grupo de viajantes finalmente entrou em
˜
9. Como podemos ter a mesma atitude demonstrada pelos irmaos que se
encontraram com Paulo?
ˆ ´
10. Quais eram as circunstancias de Paulo em Roma, e o que e que o
´
ap ostolo fez pouco depois da sua chegada?
ˆ
422 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
Roma, “permitiu-se que Paulo morasse sozinho, com
´
um soldado a vigia-lo”. (Atos 28:16) Quem estava em
˜ ´
prisao domiciliaria normalmente estava preso a um
˜
guarda com uma corrente para nao fugir. Apesar de es-
tar preso ao guarda, Paulo era um proclamador do Rei-
˜
no, e uma corrente certamente nao o calaria. Por isso,
ˆ
depois de descansar da viagem durante apenas tres dias,
convocou os homens de destaque dos judeus em Roma
para se apresentar a eles e dar-lhes testemunho.
˜
11 “Homens, irmaos”, ˜
disse Paulo, “embora eu nao ti-
vesse feito nada contra o povo ou contra os costumes
´
dos nossos antepassados, fui preso em Jerusalem e en-
` ˜
tregue as maos dos romanos. Depois de me interroga-
˜
rem, quiseram soltar-me, pois nao havia nenhum moti-
`
vo para eu ser condenado a morte. No entanto, como
´
os judeus se opuseram, fui obrigado a apelar para Ce-
˜ ˜
sar, mas nao porque tivesse qualquer acusaç ao a levan-
˜
tar contra a minha naç ao”. — Atos 28:17-19.
`
12 Por se dirigir aqueles ˜
judeus como “irmaos”, Pau-
lo tentou estabelecer uma base de comum acordo
com eles e eliminar qualquer preconceito que talvez
´
11, 12. Ao falar com os judeus locais, como e que Paulo tentou elimi-
nar qualquer preconceito que talvez tivessem?
DAR “TESTEMUNHO CABAL” 423
´
tivessem. (1 Cor. 9:20) Ele tamb em deixou claro que
˜
nao estava ali para acusar os judeus, mas para apelar a
´ ˜
Cesar. No entanto, a comunidade judaica local nao es-
´
tava a par do recurso de Paulo. (Atos 28:21) Porque e
˜
que houve essa clara falha de comunicaç ao da parte dos
ˆ
judeus na Judeia? Uma obra de referencia diz: “O navio
´
de Paulo deve ter sido um dos primeiros a chegar a Ita-
˜ ´
lia depois do inverno, e nao teria sido possıvel que re-
´
presentantes das autoridades judaicas em Jerusalem, ou
mesmo uma carta sobre o caso, tivessem chegado antes
disso.”
˜
Paulo entao apresentou a mensagem do Reino por
13

˜ ´
meio de uma declaraç ao que, sem duvida, despertaria a
curiosidade dos seus convidados judeus. Ele disse: “Foi
´
por isso que pedi para vos ver e falar convosco, pois e
por causa da esperança de Israel que estou preso com
´
esta corrente.” (Atos 28:20) E claro que essa esperança
estava fortemente relacionada com o Messias e o Reino,
˜ ˜
conforme proclamava a congregaç ao crista. “Achamos
correto ouvir-te dizer o que pensas”, responderam os
˜
anciaos judeus, “porque, na verdade, o que sabemos
´
13, 14. Como e que Paulo apresentou a mensagem do Reino, e como po-
demos imitar o seu exemplo?
ˆ
424 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
´
desta seita e aquilo que se diz contra ela em todo o
lado”. — Atos 28:22.
14Quando temos a oportunidade de pregar as boas no-
˜
vas, podemos imitar Paulo por fazer declaraç oes que fa-
çam as pessoas pensar ou perguntas que despertem o
´ ˜
interesse dos nossos ouvintes. Ha excelentes sugestoes
˜ ´ `
em publicaç oes como Raciocınios a Base das Escrituras,
´ ´
Beneficie-se da Escola do Ministerio Teocratico e Melhore a
´
Sua Leitura e o Seu Ensino. Esta a fazer bom uso dessas
˜
publicaç oes?
´
‘Dar testemunho cabal’ – um modelo para nos
(Atos 28:23-29)
15No dia escolhido, os judeus locais “foram num gru-
´
po ainda maior” ate ao local onde Paulo estava preso.
˜ ˜ ´ `
Entao, “desde a manha ate a noite, [Paulo] deu-lhes ex-
˜
plicaç oes por meio de um testemunho cabal sobre o
Reino de Deus, tentando persuadi-los a respeito de Je-
´
sus com base na Lei de Moises e nos Profetas”. (Atos
28:23) Quatro pontos destacam-se no testemunho de
Paulo. Primeiro, ele concentrou-se no Reino de Deus.
Segundo, tentou convencer os seus ouvintes a aceitar a
˜
mensagem por usar de persuasao. Terceiro, raciocinou
15. Que quatro pontos se destacam no testemunho de Paulo?
DAR “TESTEMUNHO CABAL” 425
com base nas Escrituras. Quarto, foi abnegado, dando
˜ ´ `
testemunho “desde a manha ate a noite”. Que excelen-
te exemplo! Qual foi o resultado desse testemunho? “Al-
˜
guns acreditaram”, ao passo que outros nao. Surgiram
ˆ
divergencias entre as pessoas e elas “come çaram a ir-se
embora”, diz Lucas. — Atos 28:24, 25a.
˜
16 Essa reaç ao ˜
nao surpreendeu Paulo, pois estava de
´ ´
acordo com a profecia bıblica e ele j a tinha observado
˜
esse tipo de reaç ao. (Atos 13:42-47; 18:5, 6; 19:8, 9) Por
˜
isso, Paulo disse aos seus convidados nao recetivos, que
´
estavam a sair: “O espırito santo falou apropriadamen-
´
te aos vossos antepassados, por meio de Isaıas, o pro-
ˆ ˜
feta: ‘Vai a este povo e diz: “Voc es realmente ouvirao,
˜ ˜
mas de modo algum entenderao; e realmente olharao,
˜ ˜
mas de modo algum verao. Pois o coraç ao deste povo
´ ´
ficou insensıvel.”’” (Atos 28:25b-27) O termo na lıngua
´ ˜
original traduzido como “insensıvel” indica um coraç ao
“alargado”, ou “engordado”, impedindo assim que a
mensagem do Reino penetre nele. (Atos 28:27, nota)
˜ ´
Que situaç ao lamentavel!
17 Em conclusao,˜
Paulo disse que, diferentemente dos
´ ˜ ˜
16-18. Porque e que Paulo nao se surpreendeu com a reaçao negativa
dos judeus romanos, e como devemos sentir-nos quando a nossa mensa-
´
gem e rejeitada?
ˆ
426 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
˜
seus ouvintes judeus, ‘as naç oes certamente escuta-
´
riam’. (Atos 28:28; Sal. 67:2; Isa. 11:10) De facto, o ap os-
tolo sabia o que estava a dizer, pois ele tinha visto
`
muitos gentios reagirem bem a mensagem do Reino.
— Atos 13:48; 14:27.
´
Assim como Paulo, quando alguem rejeita as boas
18

˜ ´
novas nao achamos que seja algo contra nos. Afinal, sa-
˜ ´
bemos que a maioria nao encontrara a estrada da vida.
(Mat. 7:13, 14) Por outro lado, quando pessoas sinceras
˜ ˜
tomam realmente uma posiç ao a favor da adoraç ao ver-
ˆ
dadeira, devemos alegrar-nos e receb e-las de braços
abertos. — Luc. 15:7.
“Pregando-lhes o Reino de Deus”
(Atos 28:30, 31)
19 Lucas conclui a sua narrativa num tom positivo e
cordial, dizendo: “[Paulo] permaneceu ali durante dois
anos inteiros, na casa que arrendou, e recebia bondosa-
mente todos os que o iam ver, pregando-lhes o Reino
de Deus e ensinando a respeito do Senhor Jesus Cristo
com toda a coragem, sem nenhum impedimento.” (Atos
´
28:30, 31) Que excelente exemplo de hospitalidade, fe e
zelo!
´
19. Como e que Paulo aproveitou bem o tempo em que esteve preso?
DAR “TESTEMUNHO CABAL” 427
20 Uma das pessoas que Paulo recebeu bondosamente
´
foi um homem chamado Onesimo, um escravo fugitivo
´ ˜
de Colossos. Paulo ajudou Onesimo a tornar-se cristao,
´
e Onesimo, por sua vez, tornou-se um “fiel e amado ir-
˜
mao” para Paulo. De facto, Paulo descreveu-o como
“meu filho, para quem me tornei pai”. (Col. 4:9; Fi-
´ ´
lem. 10-12) Onesimo deve ter encorajado muito Pau-
lo!1
´
21 Outros tamb em se beneficiaram do excelente exem-
plo de Paulo. Aos filipenses, ele escreveu: “Na verdade,
˜
a minha situaç ao tem resultado no progresso das boas
novas, de modo que as correntes que me prendem por
´
causa de Cristo tornaram-se do conhecimento publico
entre toda a Guarda Pretoriana e todos os demais. Ago-
˜
ra, a maioria dos irmaos no Senhor ganhou confiança
´
por causa das minhas correntes e esta a mostrar ainda
mais coragem para falar destemidamente a palavra de
Deus.” — Fil. 1:12-14.
´
1 Paulo queria que Onesimo ficasse com ele, mas ´ isso violaria
˜ a lei
´
romana e infringiria
´ os direitos do dono ´ de On esimo, o crist ao File-
mon. Por isso, Onesimo voltou para ´ Filemon, levando consigo uma
carta de Paulo que
˜ incentivava Fil emon
´ a receber bem o seu escra-
vo, como um irmao espiritual. — Filem. 13-19.
´
20, 21. Mencione como o ministerio de Paulo em Roma beneficiou ou-
tros.
ˆ
428 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
22 Paulo aproveitou o seu encarceramento em Roma
para escrever cartas importantes que hoje fazem parte
˜
das Escrituras Gregas Cristas.1 Essas cartas ajudaram
˜ ´
os cristaos do primeiro seculo a quem Paulo escreveu.
´ ´
Nos tamb em podemos ser ajudados pelas cartas de Pau-
˜
lo, visto que os conselhos inspirados que ele deu sao
˜ ´ ´
tao praticos hoje como eram na epoca em que foram
escritos. — 2 Tim. 3:16, 17.
´
23 Na epoca ˜ ˜ ´
da sua libertaç ao, que nao e mencionada
´ ´
no livro de Atos, Paulo ja estava preso ha cerca de qua-
tro anos – dois em Cesareia e dois em Roma.2 (Atos
23:35; 24:27) Mas ele manteve uma atitude positiva, fa-
zendo tudo o que podia no serviço a Deus. Da mesma
´
forma, muitos servos de Jeova hoje, apesar de estarem
´ ˆ
presos injustamente por causa da sua fe, mantem a ale-
gria e continuam a pregar. Veja o exemplo de Adolfo,
que foi preso em Espanha por causa da sua neutrali-
˜
dade crista. “Estamos impressionados contigo”, disse
certo oficial. “Temos feito tudo para te atormentar,
1˜ Veja o quadro “As´ cartas escritas por Paulo na sua primeira pri-
sao em Roma”, na p agina 430. ´
2 Veja o quadro “A vida de Paulo depois de 61 EC”, na p agina 432.
´
22. Como e que Paulo aproveitou o encarceramento em Roma?
´ ˜
23, 24. Como e que muitos cristaos da atualidade mostram uma atitude
positiva como a de Paulo, apesar de terem sido presos injustamente?
DAR “TESTEMUNHO CABAL” 429
AS CARTAS ESCRITAS POR ˜ PAULO
NA SUA PRIMEIRA PRISAO EM ROMA


´
Cinco cartas do ap ostolo Paulo foram escritas por
˜
volta de 60-61 EC, durante a sua primeira prisao em
´ ˜ ´
Roma. Na carta a Filemon, um irmao na fe, Paulo ex-
´ ´
plica que o escravo fugitivo de Filemon, Onesimo, ti-
˜
nha-se tornado cristao. Paulo era o pai espiritual de
´
Onesimo e estava a enviar esse escravo, ‘que antes era
´ ˜ ˜
inutil’, de volta ao seu dono como um irmao cristao.
´
— Filem. 10-12, 16.
´
Em Colossenses, Paulo indica que Onesimo era ‘um
´ ˜ ˜
dos deles’. (Col. 4:9) Onesimo e o seu irmao cristao
´ ´
Tıquico tiveram o privilegio de entregar tanto as car-
´
tas mencionadas acima como a Carta aos Efesios, tam-
´ ´
b em escrita por Paulo. — Efe. 6:21.
Ao escrever Filipenses, Paulo menciona as suas “cor-
˜
rentes” e, mais uma vez, fala sobre a situaç ao do por-
tador da carta – desta vez, Epafrodito. Os filipenses
tinham enviado Epafrodito para ajudar Paulo. Mas
´
Epafrodito ficou doente e quase morreu. Ele tamb em
tinha ficado deprimido porque os filipenses ‘ouviram
que ele tinha ficado doente’. Por isso, Paulo disse-
-lhes que prezassem “homens como ele”. — Fil. 1:7;
2:25-30.
˜
A Carta aos Hebreus foi dirigida aos cristaos he-
˜
breus na Judeia. Embora essa carta nao identifique
ˆ
430 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
ˆ
especificamente o escritor, as evidencias apontam
˜ ´ ´
para Paulo. O estilo de argumentaç ao e tıpico dele.
´
Paulo envia cumprimentos de Italia e menciona Ti-
´
moteo, que estava com ele em Roma. — Fil. 1:1; Col.
´
1:1; Filem. 1; Heb. 13:23, 24.

mas, quanto mais duros somos, mais tu sorris e dizes


palavras bondosas.”
24 Com o tempo, passaram a ter tanta confiança em
Adolfo que a porta da sua cela ficava aberta. Soldados
´ ` ´
iam ate a cela dele para lhe fazer perguntas sobre a Bı-
´ ´
blia. Um deles ate entrava na cela para ler a Bıblia, en-
quanto Adolfo ficava de guarda. Dessa forma, era o pri-
sioneiro quem “vigiava” o guarda! Que os excelentes
´ ´
exemplos de fieis Testemunhas de Jeova como essa nos
motivem a ter “ainda mais coragem para falar destemi-
ˆ
damente a palavra de Deus”, mesmo sob circunstancias
´
difıceis.
´
25 Um ap ostolo ˜ ´
de Cristo em prisao domiciliaria ‘a
pregar o Reino de Deus’ a todos que o visitavam – que
˜
conclusao animadora da empolgante narrativa do livro
´
25, 26. Em pouco menos de 30 anos, de que maravilhosa profecia e que
´ ˜
o ap ostolo Paulo viu o cumprimento, e que comparaçao tem com os nos-
sos dias?
DAR “TESTEMUNHO CABAL” 431
A VIDA DE PAULO DEPOIS DE 61 EC


Provavelmente por volta de 61 EC, Paulo compare-


ceu perante o Imperador Nero, que, pelos vistos, o
˜
declarou inocente. Nao sabemos muito sobre as ati-
´
vidades do ap ostolo depois disso. Se ele tiver ido a
Espanha, conforme tinha planeado, deve ter feito isso
´
durante esse perıodo. (Rom. 15:28) Paulo alcançou
“o extremo limite do O[este]”, escreveu Clemente de
Roma por volta de 95 EC.
ˆ
Das tres cartas que Paulo escreveu depois de ter
´
sido libertado – 1 e 2 Timoteo e Tito – ficamos a sa-
´ ´
ber que Paulo visitou Creta, Macedonia, Nicopolis e
´
Troade. (1 Tim. 1:3; 2 Tim. 4:13; Tito 1:5; 3:12) Pode
´ ´
ter sido em Nicopolis, na Grecia, que ele foi preso
novamente. Seja como for, por volta de 65 EC, ele es-
´
tava novamente preso em Roma. Dessa vez, porem,
˜ ˜
Nero nao mostraria compaixao. De facto, segundo o
´ ˆ
historiador romano Tacito, quando um incendio de-
vastou Roma em 64 EC, Nero culpou falsamente os
˜ ˜
cristaos e iniciou uma campanha de perseguiçao bru-
tal.
´
Na sua segunda carta a Timoteo, Paulo, que es-
´
perava morrer em breve, pediu a Timoteo e Marcos
´ ´ ˆ
que fossem
´ a Roma o mais rapido possıvel para v e-
´
-lo. E incrıvel ver a coragem demonstrada por Lucas
´
e Onesıforo, que arriscaram a vida para consolar Pau-
lo. (2 Tim. 1:16, 17; 4:6-9, 11) Realmente, quem pro-
ˆ
432 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
fessasse publicamente o cristianismo arriscava ser
preso e morto por tortura. Paulo provavelmente so-
´ ´
freu martırio logo depois de escrever a sua ultima
´
carta a Timoteo por volta de 65 EC. Relata-se que o
´ ˆ
proprio Nero teve uma morte violenta cerca de tres
´
anos depois do martırio de Paulo.

´ ˜
de Atos! No primeiro capıtulo, lemos a comissao que
Jesus deu aos seus seguidores quando disse: “Quando o
´ ˆ ˜ ˜
espırito santo vier sobre voc es, receberao poder e serao
´
minhas testemunhas em Jerusalem, em toda a Judeia e
´ `
Samaria, e ate a parte mais distante da terra.” (Atos 1:8)
Menos de 30 anos depois, a mensagem do Reino estava
˜ ´
a ser ‘pregada em toda a criaç ao debaixo do c eu’.1 (Col.
´
1:23) Que testemunho do poder do espırito de Deus!
— Zac. 4:6.
´
26 Hoje, o mesmo espırito tem dado poder aos ungi-
dos, juntamente com os seus companheiros das “outras
ovelhas”, para continuarem a ‘dar testemunho cabal so-
´ ˜
bre o Reino de Deus’ em mais de 240 paıses. (Joao
ˆ ´
10:16; Atos 28:23) E voc e? Esta a participar plenamen-
te nessa obra?
˜ ´
1 Veja o quadro “Boas novas ‘pregadas em toda a criaç ao’”, na p a-
gina 434.

DAR “TESTEMUNHO CABAL” 433


BOAS NOVAS “PREGADAS ˜
EM TODA A CRIA Ç AO”


´
Por volta de 61 EC, enquanto o ap ostolo Paulo es-
tava preso em Roma, ele escreveu que as “boas novas”
˜
tinham sido “pregadas em toda a criaçao debaixo do
´
ceu”. (Col. 1:23) Como devemos entender essa declara-
˜
çao?
Parece que Paulo estava a descrever em termos ge-
´
rais ate onde as “boas novas” tinham sido levadas. ´ Por
exemplo, Alexandre, o Grande, ´ tinha invadido a Asia e
´ ` ´
chegado ate a fronteira da India no quarto seculo AEC.
´ ´
Julio Cesar tinha invadido a Bretanha em 55 AEC, e
´
Claudio tinha subjugado a parte sul daquela ilha, ane-
´
xando-a ao Imp erio Romano em 43 EC. O Extremo
´
Oriente tamb em era conhecido, pois produzia seda de
excelente qualidade.
´
Sera que as boas novas tinham sido pregadas na Bre-
tanha, na China e no Extremo Oriente? Isso parece im-
´
provavel. De facto, quando Paulo escreveu aos colos-
˜ ´
senses, ele ainda nao tinha alcançado o seu proprio
alvo, estabelecido por volta de 56 EC, de pregar no en-
˜ ´
tao “territorio virgem” de Espanha. (Rom. 15:20, 23, 24)
Apesar disso, por volta de 61 EC, a mensagem do Reino
´
era amplamente conhecida. No mınimo, a mensagem
´
alcançou a terra natal dos judeus e proselitos que foram
batizados no Pentecostes de 33 EC, bem como as ter-
´
ras visitadas pelos ap ostolos de Jesus. — Atos 2:1, 8-11,
41, 42.
ˆ
434 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
´
CAPITULO 28


´ `
“Ate a parte mais
distante da terra”
´
As Testemunhas de Jeova continuam
a obra que os seguidores de Jesus Cristo
´
iniciaram no primeiro seculo
ELES davam testemunho de modo zeloso. Sentiam-se
˜ ´
impelidos a aceitar a ajuda e a orientaç ao do espırito
˜ ˜
santo. A perseguiç ao nao os silenciava. E eram rica-
´ ˜
mente abençoados por Jeova. Esta descriç ao dos pri-
˜ ´ `
meiros cristaos tamb em se aplica as Testemunhas de
´
Jeova hoje.
´
2
Sem duvida, os relatos encontrados no livro de
´
Atos encorajaram-no e fortaleceram a sua fe. Este li-
˜ ´ ´ ´
vro cheio de aç ao e especial, pois e o unico relato di-
´
vinamente inspirado sobre o inıcio do cristianismo.
O livro de Atos menciona 95 pessoas, 32 terras,
3
´
54 cidades e 9 ilhas. E um relato emocionante so-
´
bre pessoas comuns, religiosos arrogantes, polıticos
˜
1. Que paralelos existem entre os primeiros cristaos e as Testemunhas
´
de Jeova hoje?
´
2, 3. O que e especialmente digno de nota sobre o livro de Atos?
´ `
“ATE A PARTE MAIS DISTANTE DA TERRA” 435
orgulhosos e perseguidores ferozes. Mas, acima de
´ ˜
tudo, e um relato sobre os nossos irmaos do primei-
´ ´
ro seculo que, alem de lidarem com os desafios da
vida, pregavam as boas novas com zelo.
4 Quase 2 mil anos nos separam das atividades dos
´ ´
zelosos ap ostolos Pedro e Paulo, do medico amado
´ ˆ ˜
Lucas, do generoso Barnab e, do corajoso Estevao, da
´
bondosa Tabita, da hospitaleira Lıdia e de tantas
´
outras testemunhas fieis. Apesar disso, sentimo-nos
ˆ
achegados a eles. Porque? Porque temos a mesma co-
˜ ´ ˆ
missao de fazer discıpulos. (Mat. 28:19, 20) Que b en-
˜ ˜
ç ao ter uma participaç ao nessa obra!
˜
5
Reflita na comissao que Jesus deu aos seus segui-
´ ˆ
dores. “Quando o espırito santo vier sobre voc es, re-
˜ ˜
ceberao poder”, disse ele, “e serao minhas testemu-
´ ´
nhas em Jerusalem, em toda a Judeia e Samaria, e ate
`
a parte mais distante da terra”. (Atos 1:8) Primeiro, o
´ ´
espırito santo deu poder aos discıpulos para serem
´
testemunhas “em Jerusalem”. (Atos 1:1–8:3) A seguir,
˜ ´
sob a orientaç ao do espırito, deram testemunho “em
´ ´
4. Porque e que nos sentimos achegados a pessoas como o ap ostolo Pau-
´
lo, Tabita e outras testemunhas fieis do passado?
´
5. Onde e que os primeiros seguidores de Jesus come çaram a pregar?
ˆ
436 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
toda a Judeia e Samaria”. (Atos 8:4–13:3) A seguir, co-
´ `
me çaram a levar as boas novas “ate a parte mais dis-
tante da terra”. — Atos 13:4–28:31.
˜ ´ ˜
6
Os nossos irmaos do primeiro seculo nao tinham
todos os livros das Escrituras Sagradas para usar na
˜ ˜ ´
pregaç ao. O Evangelho de Mateus nao estava disponı-
´
vel ate pelo menos 41 EC. Apenas algumas cartas de
Paulo foram escritas antes de o livro de Atos ter sido
terminado por volta de 61 EC. Por isso, os primeiros
˜ ˜ ´
cristaos nao tinham um exemplar pessoal da Bıblia.
´ ˜ ˜
Tamb em nao tinham uma variedade de publicaç oes
´
para deixar com os interessados. E verdade que os
˜
cristaos judeus ouviam a leitura das Escrituras Hebrai-
´
cas na sinagoga antes de se tornarem discıpulos de Je-
´
sus. (2 Cor. 3:14-16) Mas ate eles tinham de ser estu-
dantes aplicados, visto que provavelmente tinham de
citar os textos de cor.
´
7
Hoje, a maioria de nos tem um exemplar pessoal
´ ˜ ´
da Bıblia e uma grande quantidade de publicaç oes bı-
´
blicas. Fazemos discıpulos por declarar as boas novas
´
em 240 terras e em muitas lınguas.
˜
6, 7. Quando pregamos, que vantagens temos que os irmaos do primei-
´ ˜
ro seculo nao tinham?
´ `
“ATE A PARTE MAIS DISTANTE DA TERRA” 437
´
Poder por meio do espırito santo
8
Quando Jesus comissionou os seus seguidores a se-
´
rem testemunhas, disse-lhes: “Quando o espırito san-
ˆ ˜
to vier sobre voc es, receberao poder.” Sob a orienta-
˜ ´
ç ao do espırito santo, ou força ativa de Deus, os
seguidores de Jesus serviriam por fim como testemu-
´
nhas em toda a Terra. Por meio do espırito santo, Pe-
´
dro e Paulo realizaram curas, expulsaram demonios e
´
ate ressuscitaram pessoas! No entanto, o poder trans-
´
mitido pelo espırito santo cumpriu um objetivo mais
´ ´
importante: habilitou os ap ostolos e os outros discı-
pulos a transmitir conhecimento exato que significa
˜
vida eterna. — Joao 17:3.
´
9
No dia do Pentecostes de 33 EC, os discıpulos de
´ ´
Jesus falaram “em lınguas, assim como o espırito os ca-
pacitava”. Dessa forma, deram testemunho sobre “as
´ ˜
coisas magnıficas de Deus”. (Atos 2:1-4, 11) Hoje, nao
´
falamos milagrosamente em lınguas. Com a ajuda do
´ ´
espırito santo, porem, o escravo fiel produz publica-
˜ ´ ´
çoes bıblicas em muitas lınguas, incluindo as revistas
´ ´ ´
8, 9. (a) O que e que o espırito santo habilitou os discıpulos de Jesus a
´ ´
fazer? (b) O que e que o escravo fiel produz com a ajuda do espırito san-
to de Deus?
ˆ
438 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
ˆ
A Sentinela e Despertai!, que tem uma tiragem que che-
˜
ga a milhoes de exemplares todos os meses. E o nosso
˜ ´ ´
site, jw.org, oferece publicaçoes bıblicas e vıdeos em
´
mais de mil lınguas. Graças a tudo isso, conseguimos
´
declarar “as coisas magnıficas de Deus” a pessoas de
˜ ´
todas as naçoes, tribos e lınguas. — Apo. 7:9.
10
Desde 1989 o escravo fiel tem-se preocupado es-
˜ ´ ˜
pecialmente com a traduç ao da Bıblia. A Traduçao do
´ ´
Novo Mundo da Bıblia Sagrada j a foi traduzida para
´ ´ ˜
mais de 200 lınguas. Alem disso, milhoes de exempla-
´ ˜
res j a foram impressos e muitos outros estao a cami-
´
nho. Apenas Deus e o seu espırito poderiam fazer com
que esses esforços fossem bem-sucedidos.
˜ ´
11 O serviço de traduç ao e feito por milhares de cris-
˜ ´ ´
taos voluntarios em mais de 150 paıses e terras. Isso
˜ ˜
nao nos surpreende, pois nenhuma outra organizaç ao
´ ´
na Terra e guiada pelo espırito santo para ‘dar teste-
´
munho cabal’ em todo o mundo sobre Jeova Deus, o
ˆ
seu Rei messianico e o estabelecido Reino celestial!
— Atos 28:23.
´ ` ˜
10. Desde 1989, o que esta a ser feito no que diz respeito a traduçao
´
da Bıblia?
´ ˜ ` ˜ ˜
11. O que esta a ser feito em relaçao a traduçao das publicaçoes das
´
Testemunhas de Jeova?
´ `
“ATE A PARTE MAIS DISTANTE DA TERRA” 439
Quando Paulo deu testemunho a judeus e gentios
12

´ ˜
em Antioquia da Pisıdia, “os que tinham a disposiç ao
correta para com a vida eterna tornaram-se crentes”.
(Atos 13:48) Lucas conclui o livro de Atos por dizer
que Paulo estava a ‘pregar o Reino de Deus com toda
a coragem, sem nenhum impedimento’. (Atos 28:31)
´
Onde estava o ap ostolo? Em Roma, a capital de uma
ˆ
potencia mundial. Quer por meio de discursos, quer
por outros meios, os primeiros seguidores de Jesus fi-
˜
zeram todo o seu trabalho de pregaç ao com a ajuda e
˜ ´
a orientaç ao do espırito santo.
˜
Perseverança apesar de perseguiçao
13 Quando os primeiros seguidores de Jesus sofreram

˜ ´
perseguiç ao, pediram a Jeova que lhes desse coragem.
´
Qual foi o resultado? Ficaram cheios de espırito san-
to e foram fortalecidos para falar a palavra de Deus
´ ´
com coragem. (Atos 4:18-31) Nos tamb em oramos por
sabedoria e força para continuar a dar testemunho
˜
apesar de perseguiç ao. (Tia. 1:2-8) Continuamos a pre-
gar porque somos abençoados por Deus e ajudados
˜
12. O que habilitou Paulo e outros cristaos a realizar a obra de dar tes-
temunho?
˜
13. Porque devemos orar quando enfrentamos perseguiçao?
ˆ
440 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
´ ˜
pelo espırito santo. Nada impede a obra de pregaç ao,
˜ ˜
nem intensa oposiç ao, nem brutal perseguiç ao. Quan-
do somos perseguidos, certamente temos de orar a pe-
´
dir espırito santo, sabedoria e coragem para declarar
as boas novas. — Luc. 11:13.
ˆ ˜
14 Estev ao deu um corajoso testemunho antes de
` ˜
morrer as maos dos inimigos. (Atos 6:5; 7:54-60) Na
˜
“grande perseguiç ao” que surgiu naquele tempo, to-
´ ´
dos os discıpulos, exceto os ap ostolos, foram espalha-
˜
dos por toda a Judeia e Samaria. Mas isso nao parou
a obra de dar testemunho. Filipe foi para Samaria
‘pregar o Cristo’ e teve excelentes resultados. (Atos
´
8:1-8, 14, 15, 25) Alem disso, somos informados: “Os
˜
que tinham sido espalhados pela perseguiç ao que sur-
ˆ ˜ ´ ` ´
giu por causa de Estevao foram ate a Fenıcia, Chipre
e Antioquia, mas falavam da palavra apenas aos ju-
deus. No entanto, alguns homens entre eles que eram
de Chipre e de Cirene foram a Antioquia e come çaram
` ´
a falar as pessoas de lıngua grega, declarando as boas
´
novas do Senhor Jesus.” (Atos 11:19, 20) Naquela epo-
˜
ca, a perseguiç ao difundiu a mensagem do Reino.
˜
14, 15. (a) Qual foi o resultado da “perseguiçao que surgiu por causa
ˆ ˜ ´ ´
de Estevao”? (b) Nos nossos dias, como e que muitos na Sib eria apren-
deram a verdade?
´ `
“ATE A PARTE MAIS DISTANTE DA TERRA” 441
15
Nos nossos dias, aconteceu algo similar na ex-
˜ ´ ´
-Uniao Sovietica. Especialmente na decada de 1950,
´
centenas de Testemunhas de Jeova foram exiladas
´ ´ ˜
para a Sib eria e espalhadas por varias povoaç oes. Por
isso, as boas novas eram divulgadas em cada vez mais
´ ´
lugares naquele vasto paıs. Teria sido impossıvel para
´
tantas Testemunhas de Jeova conseguirem o dinheiro
´ ´ ´
necessario para viajar ate 10 mil quilometros para pre-
´
gar as boas novas. Mas o proprio governo enviou-os
´ ˜ ´
pelo paıs. “Com o tempo”, disse um irmao, “as pro-
prias autoridades possibilitaram que milhares de pes-
´
soas sinceras na Sib eria aprendessem a verdade”.
´
Ricamente abençoados por Jeova
˜ ´ ˆ
16
Os primeiros cristaos, sem duvida, tinham as b en-
˜ ´
ç aos de Jeova. Paulo e outros plantavam e regavam,
“mas Deus fazia crescer”. (1 Cor. 3:5, 6) O livro de
´ ˆ
Atos da provas desse crescimento por causa das b en-
˜ ´
ç aos de Jeova. Por exemplo, “a palavra de Deus con-
´ ´
tinuava a espalhar-se, e o numero de discıpulos mul-
´
tiplicava-se muito em Jerusalem”. (Atos 6:7) Com o
˜ ˜
aumento da obra de pregaç ao, “a congregaç ao por
´ ´ ˆ ˜ ´
16, 17. Que provas e que o livro de Atos nos da das b ençaos de Jeova
˜
sobre a pregaçao?
ˆ
442 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
´
toda a Judeia, Galileia e Samaria, entrou num perıo-
do de paz, e era edificada. E, como andava no temor
´ ´
de Jeova e no consolo do espırito santo, multiplicava-
-se”. — Atos 9:31.
´
17
Em Antioquia da Sıria, tanto judeus como pessoas
que falavam grego ouviram a verdade por meio de tes-
˜ ´
temunhas corajosas. O relato diz: “E a mao de Jeova
estava com eles, e muitos se tornaram crentes e con-
verteram-se ao Senhor.” (Atos 11:21) Sobre o progres-
so adicional que houve naquela cidade, lemos: “A pa-
´
lavra de Jeova crescia e espalhava-se.” (Atos 12:24)
˜
E, quando a obra de pregaç ao entre os gentios, feita
por Paulo e por outros, estava a todo vapor, “de modo
´
poderoso, a palavra de Jeova crescia e prevalecia”.
— Atos 19:20.
˜ ´ ´ ´ ´
18
“A mao de Jeova” sem duvida tamb em esta con-
´ ˜
nosco hoje. E por isso que tantas pessoas estao a acei-
˜
tar a verdade e a simbolizar a sua dedicaç ao a Deus
´ ´
por meio do batismo. Alem disso, e apenas com a aju-
ˆ ˜
da e a b enç ao de Deus que conseguimos enfrentar
˜ ` ˜
dura oposiç ao – as vezes, intensa perseguiç ao – e ser
˜ ´ ´ ˆ
18, 19. (a) Como sabemos que “a mao de Jeova” esta connosco? (b) D e
´ ˜
um exemplo que mostre que Jeova nao abandona o seu povo.
´ `
“ATE A PARTE MAIS DISTANTE DA TERRA” 443
´
bem-sucedidos em cumprir o nosso ministerio, assim
˜
como aconteceu a Paulo e outros cristaos do primei-
´ ´ ´
ro seculo. (Atos 14:19-21) Jeova da-nos sempre a ajuda
de que precisamos. Os seus “braços eternos” ajudam-
˜
-nos em todas as nossas provaç oes. (Deut. 33:27) Te-
nhamos sempre em mente que, por causa do seu gran-
´
de nome, Jeova nunca abandona o seu povo. — 1 Sam.
12:22; Sal. 94:14.
´
19 Para ilustrar, vejamos o exemplo da famılia do ir-
˜
mao Harald Abt. Visto que ele persistia em dar tes-
temunho, os nazis enviaram-no para o campo de
˜
concentraç ao de Sachsenhausen durante a Segunda
Guerra Mundial. Em maio de 1942, a Gestapo foi a
casa da sua esposa, Elsa, e levou a filha deles. Elsa foi
´
presa e acabou por passar por varios campos de con-
˜ ˜
centraç ao. “Os meus anos nos campos [...] alemaes en-
˜ ˜
sinaram-me uma liç ao importante”, disse a irma Elsa.
´ ´
“O espırito de Jeova pode fortalecer-nos grandemente
˜
quando sob provaç oes extremas! Antes de ser presa,
˜
eu tinha lido uma carta de uma irma que dizia que,
˜ ´ ´
sob severa provaç ao, o espırito de Jeova produz em
´
nos tranquilidade. Pensei que ela estivesse a exagerar
um pouco. Mas, quando eu mesma passei por prova-
ˆ
444 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
˜ ´
ç oes, descobri que era verdade. E realmente assim que
´ ´ ´
acontece. E difıcil imaginar isso se nunca passamos
ˆ
por essa experiencia. Mas foi realmente isso o que me
aconteceu.”
Continue a dar testemunho cabal!
20 O livro de Atos termina com Paulo zelosamente ‘a

pregar o Reino de Deus’. (Atos 28:31) Visto que esta-


˜ ´ ˜
va em prisao domiciliaria, ele nao tinha liberdade para
pregar de casa em casa em Roma. Mesmo assim, con-
tinuou a dar testemunho a todos os que iam ter com
˜ ˜
ele. Hoje, alguns dos nossos queridos irmaos nao po-
´
dem sair de casa por causa da sua saude; talvez este-
jam acamados ou vivam em lares por causa da sua
idade avançada ou doença. Ainda assim, o seu amor a
˜
Deus e o seu desejo de dar testemunho sao mais for-
tes do que nunca. Oramos por eles e podemos pedir
ao nosso Pai celestial que lhes permita entrar em con-
tacto com pessoas que desejam aprender sobre ele e
´
os seus maravilhosos prop ositos.
´
21 A maioria de nos ´
pode participar no ministerio de
´ ˜ ´
20. O que e que Paulo fez enquanto esteve em prisao domiciliaria, e
´ ˜
como e que isso pode encorajar alguns dos nossos irmaos?
ˆ
21. Porque devemos dar testemunho com senso de urgencia?
´ `
“ATE A PARTE MAIS DISTANTE DA TERRA” 445
casa em casa e em outras modalidades da obra de fa-
´ ´
zer discıpulos. Por isso, que façamos o maximo para
cumprir o nosso papel como proclamadores do Reino,
´ `
participando em dar testemunho “ate a parte mais dis-
tante da terra”. Essa obra deve ser feita com senso de
ˆ ´
urgencia, pois “o sinal” da presença de Cristo esta
˜ ´
muito claro. (Mat. 24:3-14) Nao ha tempo a per-
der. Temos “bastante para fazer na obra do Senhor”.
— 1 Cor. 15:58.
22
Enquanto aguardamos “o grande e atemorizante
´
dia de Jeova”, continuemos a dar um testemunho co-
rajoso e fiel. (Joel 2:31) Ainda encontraremos muitas
pessoas como os bereanos que “aceitaram a palavra
˜
com vivo interesse”. (Atos 17:10, 11) Demos entao tes-
´
temunho ate que ouçamos, por assim dizer, as pala-
vras: “Muito bem, escravo bom e fiel!” (Mat. 25:23) Se
zelosamente cumprirmos a nossa parte na obra de fa-
´ ´ ´
zer discıpulos hoje e continuarmos fieis a Jeova, com
certeza iremos alegrar-nos por toda a eternidade por
´
termos tido o privilegio de participar em ‘dar teste-
munho cabal’ sobre o Reino de Deus!
22. O que devemos estar decididos a fazer enquanto aguardamos o dia
´
de Jeova?
ˆ
446 ‘DE TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS
´ `
“ATE A PARTE MAIS DISTANTE DA TERRA” 447
˜
Para mais informaç oes, aceda a www.jw.org
´
ou contacte as Testemunhas de Jeova.

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