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AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE PULVERIZAÇÃO COM ARP

EM DIFERENTES VOLUMES E ESTÁGIO DE CRESCIMENTO DA


CANA DE AÇÚCAR

NATASHA APARECIDA EMILIANO DE OLIVEIRA¹; RENATO PAGLIONI


PAULETTO¹; ALEXANDRE DE MOURA GUIMARÃES²; SUSI MEIRE
MAXIMINO LEITE²
¹ Discente em Mecanização em Agricultura de Precisão na FATEC Pompeia
“Shunji Nishimura”, Pompeia-SP, natashaoliveira6@gmail.com
² Docentes do curso Mecanização em Agricultura de Precisão, FATEC
Pompeia, Pompeia-SP.

RESUMO: A agricultura de precisão tem se tornado cada vez mais difundida,


precisa e exigente devido aos avanços tecnológicos que vem se submetendo
no decorrer do tempo. Isso visa à melhoria na eficiência da utilização dos
insumos e recursos na agricultura, tendo reflexos positivos nos resultados da
produtividade agrícola e sucesso no setor do agronegócio. À medida que as
Aeronaves Remotamente Pilotadas vêm ganhando seu espaço no que diz
respeito às técnicas de pulverização já existentes, fica evidente a necessidade
de avaliar os indicativos de qualidade de aplicação acerca dessa tecnologia.
Sendo assim, o objetivo principal desse trabalho foi verificar a qualidade de
depósito em aplicações efetuadas com RPA e para isso foi utilizado como alvo
uma das culturas mais relevantes para esta técnica de aplicação, a cana de
açúcar. O experimento foi conduzido no município de São Carlos-SP, sendo
utilizado 4 tratamentos quanto à volumes de calda (5, 10, 15 e 20 L ha-1), em
três diferentes estágios de crescimento da cana de açúcar, sendo que nos dois
tratamentos em que as plantas apresentam mais de 60 cm de altura, avaliou-se
o depósito nos terços mediano e inferior e na cana mais nova, com
aproximadamente 60 cm, o depósito foi avaliado apenas no terço inferior.
Como alvo artificial utilizou-se papéis hidrossensíveis. Os resultados obtidos
não explicaram, de maneira satisfatória do ponto de vista estatístico, a relação
entre volume de calda, altura das plantas e terço das plantas, uma vez que um
alto CV% foi obtido nos resultados. Maiores estudos devem ser conduzidos,
com outras formas de avaliação de depósito, para se verificar estas relações
em pulverizações com ARPs.

Palavras-chave: Agricultura de Precisão. Pulverização aérea. Tecnologia de


aplicação.
INTRODUÇÃO

A agricultura de precisão tem se tornado cada vez mais difundida, precisa


e exigente devido aos avanços tecnológicos que vem se submetendo no
decorrer do tempo. Esses avanços contribuem para a competitividade das
atividades agrícolas, exigindo capacitação, especialização e responsabilidade
no gerenciamento das atividades operacionais exercidas pelo produtor. A
agricultura de precisão se desenvolve cada vez mais com o intuito de obter
excelência em seus processos, sendo mais eficiente e tendo o aumento de
preocupação a respeito da sustentabilidade da agricultura. Isso visa à melhoria
na eficiência da utilização dos insumos e recursos na agricultura, tendo reflexos
positivos nos resultados da produtividade agrícola e sucesso no setor do
agronegócio (PIRES et al., 2004)
O agronegócio desempenha um papel crucial na economia brasileira e a
cultura da cana-de-açúcar (Saccharum officinarum) é uma cultura de grande
importância para o país. O Brasil é o maior produtor mundial de cana-de-
açúcar, o que coloca o país na liderança mundial em tecnologia de produção
de etanol. Além disso, os subprodutos e resíduos da cana-de-açúcar são
aproveitados para a cogeração de energia elétrica, fabricação de ração animal
e fertilizantes para as lavouras (EMBRAPA, 2022). De acordo com a
Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), a produção de cana-de-
açúcar na safra 2022/23 está estimada em 610,1 milhões de toneladas, um
aumento de 5,4% em relação à temporada anterior. Esse resultado indica uma
recuperação das produtividades nos principais estados produtores, graças à
influência do clima favorável obtido nesse ciclo. Esse crescimento compensou
a menor área colhida em relação à temporada 2021/22 (CONAB, 2023).
Para o sucesso na produtividade da cultura da cana, é necessário se
atentar a determinados fatores importantes, sendo eles escolha correta da
cultivar a ser plantada certificando se a cultivar escolhida são resistentes às
principais moléstias que podem ocorrer em canaviais, correção e adubação do
solo e manejo adequado (EMBRAPA, 2022). A cana-de-açúcar é bastante
suscetível aos nematoides, pragas, doenças e plantas daninhas que provocam
a redução da produtividade. Qualquer um desses eventos é suficiente para
gerar considerável redução dos rendimentos, tornando o cultivo inviável, vindo
a reduzir a qualidade da matéria-prima e a longevidade do canavial. Para
efetuar o manejo de pragas e doenças adequadamente, o controle químico e o
controle biológico são muito utilizados para o manejo fitossanitário na cana-de-
açúcar (RIBEIRO, 2022).
Contudo, a utilização de defensivos agrícolas, tornou se indispensável
para quem busca qualidade, aumento da produtividade e melhores resultados
no campo. No entanto, por serem produtos valorizados, com altos valores de
mercado, é necessário que a aplicação desses produtos, seja efetuada de
forma adequada, visando garantir a eficiência do produto, evitando perdas e
gastos desnecessários, tornando imprescindível o uso da tecnologia de
aplicação (SCHLEMER, 2022). A tecnologia de aplicação é o emprego de
todos os conhecimentos científicos que proporcionem a colocação do produto
biologicamente ativo no alvo, em quantidade necessária, de forma econômica,
com o mínimo de contaminação de outras áreas (MATUO, 1998).
A Tecnologia da Aplicação de Defensivos Agrícolas tem sido um dos mais
multidisciplinares campos dentro da agricultura, onde se tem uma ampla
diversidade de fatores que, interdependentemente, podem interferir na
qualidade de deposição do produto no alvo de forma eficiente e econômica. No
entanto, para obter-se êxito na aplicação, deve ser considerado, o tipo de
mecanismo de aplicação, fatores como regulação e calibragem dos
pulverizadores, adequação das pontas e tamanho das gotas (CONTIERO;
BIFFE; CATAPAN, 2018). Sendo assim, têm ocorrido cada vez mais
investimentos em estudos e pesquisas com a finalidade de melhorar o
desempenho das aplicações, resultados e recomendações, tornando
necessário o treinamento contínuo da mão de obra envolvida com aplicação de
defensivos agrícolas. Considerando o aumento do custo de mão de obra, e a
preocupação em relação à poluição ambiental, tem aumentado a busca pela
tecnologia mais acurada para aplicação do produto químico no alvo
(CONTIERO; BIFFE; CATAPAN, 2018).
A pulverização é o método mais utilizado para aplicação na parte aérea
das plantas (folhas, frutos e caule). Sua aplicação consiste na produção de
gotículas oriundas da pressão exercida sobre uma solução, produzida em
pulverizadores ou atomizadores, apresentando bom desempenho na aderência
e boa cobertura sobre a área de aplicação (BIANCHI, 2022 apud FONSECA;
ARAUJO, 2015). Existem dois tipos de pulverização, A pulverização terrestre e
a pulverização aérea, de maneira que ambas possuem suas peculiaridades e
desafios. A pulverização terrestre pode proporcionar à redução da deriva
devido à barra de pulverização estar mais próximo a cultura, porém é
necessário que o equipamento esteja em contato com o solo durante sua
locomoção, o que pode acarretar a redução na velocidade do procedimento
reduzindo a área produtiva devido ao amassamento e compactação do solo;
Em contrapartida, a pulverização área pode ter seu tempo de aplicação
reduzido sem a necessidade de efetuar o percurso dentro do campo de cultivo,
porém quanto maior a distância entre o sistema de pulverização e a área
cultivada maior a incidência de deriva durante a aplicação dos defensivos
agrícolas (NÁDASI E SZABÓ, 2011).
Outra vertente que deve ser considerada a respeito da pulverização
aérea, é que normalmente as aeronaves utilizadas no procedimento são
tripuladas, exigindo a presença de um piloto durante a atividade, que a maioria
das vezes ocorre próximo ao solo (cerca de 3 metros de altura), aumentando o
risco de acidente fatal durante a atividade exercida. (FORNARI et al., 2020).
Como alternativa visando à redução do risco de acidentes, o contato humano
com produtos químicos, preservação do meio ambiente e melhoria na precisão
da pulverização, reduzindo a incidência de produtos químicos fora das áreas
projetadas para efetuar a aplicação, atualmente tem se discutido a respeito da
utilização dos RPA’s (Aeronave Remotamente Pilotadas), onde essa tecnologia
tem se apresentado como uma importante ferramenta capaz de ampliar as
possibilidades da agricultura moderna, incluindo, entre outras, o
desenvolvimento de novas técnicas de aplicação de defensivos agrícolas
(BIANCHI apud FORNARI et al., 2020).
Segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC, 2015), RPA
(Aeronave Remotamente Pilotadas) é aquela em que o piloto não está a bordo,
mas controla a aeronave remotamente por meio de uma interface (computador,
simulador, dispositivo digital, controle remoto, etc.). A utilização dessas
tecnologias deve obedecer às normativas legais, considerando os padrões de
segurança e a regulamentação contida no Código Brasileiro de Aeronáutica,
tendo a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) como responsável pela
normatização e fiscalização das atividades de aviação civil, incluindo na Lei
11.182/2005 aquelas que se enquadram nas atividades inerentes ao Sistema
das Aeronaves Remotamente Pilotadas (CARVALHO et al., 2019).
Embora os estudos sobre a eficiência dessas tecnologias sejam recentes,
já é possível constatar que estes equipamentos possuem vantagens se
comparados com os outros equipamentos utilizados para efetuar a
pulverização, devido as suas peculiaridades e facilidade de acesso as áreas.
Porém, ainda assim, é importante realizar estudos sobre sua eficiência técnica
e econômica, para termos a conclusão sobre a eficácia da tecnologia,
propiciando melhorias e conhecimento sobre as tecnologias de aplicação de
defensivos agrícolas, trazendo benefícios sobre o assunto no cenário da
produção agrícola.
Desse modo, o presente trabalho teve como objetivo principal verificar a
qualidade na deposição de gotas com a aplicação de diferentes taxas de
aplicação, estágios diferentes da cultura da cana de açúcar em diferentes
terços das plantas.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi realizado no município de São Carlos - SP


coordenadas geográficas (22°00'08"S,47°59'03"W) sobre a cultura de cana-de-
açúcar (Saccharum officinarum), cultivada no sistema de plantio convencional
com espaçamento de 150 cm entrelinhas.
Foram selecionadas áreas em três estágios vegetativos da cana-de-
açúcar, sendo a primeira com média de 0,60 m de altura (40 dias de plantio), a
segunda com 1,5 m de altura (80 dias de plantio), e a última com 3,5 m de
altura (12 meses de plantio), que foram caracterizados considerando-se, além
da altura média de plantas, pela massa seca de parte aérea. Para
determinação da massa seca de parte aérea, foram colhidas três plantas de
cada uma das áreas utilizadas para avaliação de depósito de gotas, sendo este
material seco a 60°C em estufa de circulação forçada até peso constante.
Os volumes de aplicação testados foram de 5, 10, 15 e 20 L ha -1, sendo
utilizada como calda apenas água, sem adição de nenhum outro tipo de
composto.
A aplicação foi feita com um RPA (Aeronave Remotamente Pilotada) do
tipo AGRAS T40 marca DJI, desenvolvido para realizar pulverizações de
produtos agrícolas em diversas culturas e sistemas de cultivo. O RPA dispõe
de um controle remoto para navegação, 2 bicos atomizadores rotativos, e um
reservatório com capacidade para 40 litros de calda. As pulverizações foram
realizadas com diâmetro mediano volumétrico de aproximadamente 310 µm
(gotas médias, segundo ASABE S572.1, 2009), ajustadas no controle do
equipamento.
Durante a aplicação, mantendo-se a velocidade em 18 km h-1,
espaçamento das faixas de pulverização de 7 m e altura de voo de 5 m. Os
experimentos foram realizados no dia 10 de setembro de 2023 das 9:00 às
16:00 horas, onde a velocidade do vento variou de 7 a 9 km h-1, a umidade
relativa do ar de 40 a 65% e a temperatura de 22 a 30 ºC. Os dados climáticos
referentes à temperatura, umidade relativa e velocidade do vento foram
monitorados com um termohigroanemômetro digital modelo THAL-300 durante
todo o experimento.
Para a coleta de dados, delimitou-se uma área de 50 m² dentro da
lavoura de cada área utilizada, onde foram distribuídos papéis hidrossensíveis
de forma aleatória, sendo amostrados os depósitos nos terços médio e inferior
das plantas de maior porte e apenas no terço inferior das plantas no estágio
mais inicial de desenvolvimento. Foram utilizados 5 papéis hidrossensíveis
dispostos de forma transversal à linha de voo do RPA em diferentes plantas em
cada uma das condições (volume, x estágio de desenvolvimento x terço),
totalizando 140 papéis hidrossensíveis.
Logo após a aplicação, os papéis hidrossensíveis foram retirados do
alvo, devidamente identificados e armazenados em sacos plásticos herméticos.
A análise do papel hidrossensível se deu pelo software DropScope® (SprayX,
Brasil), através do qual se obteve dados sobre densidade de gotas (DG, em
gotas/cm²), estimativa de volume recuperado sobre o alvo (L ha-1), amplitude
relativa (SPAN) e o percentual de cobertura (%).
Os dados biométricos foram submetidos à testes de homogeneidade
(Levene), normalidade Shapiro Wilk, teste de médias Kruskal-Wallis à 5% de
significância pelo software Jamovi versão 2.3.38 (THE JAMOVIPROJECT,
2023), análise de regressão no SISVAR versão 5.8 (FERREIRA, 2019).
RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os dados médios de produção de matéria seca da aérea para cana


baixa, cana média e cana alta foram respectivamente: 26,00g, 66,63g e
572,27g por planta.
Os resultados obtidos após efetuar as análises dos papéis
hidrossensíveis, referente aos testes em que eles foram submetidos em
aplicações com RPA, testando diferentes volumes de aplicação sendo 5, 10, 15
e 20 L ha-1, estão presentes nos gráficos abaixo, onde determinam com base
nas análises efetuadas, o percentual de volume depositado e o percentual de
cobertura adquirido durante a aplicação efetuada.
Embora o Coeficiente de Determinação (R) das equações de regressão
(Gráficos 1 e 2) terem sido, na sua maioria, de valores elevados, a análise de
variância demonstrou a não significativa à nível de 5%, ou seja, estas
equações não explicam, de maneira satisfatória do ponto de vista estatístico, o
comportamento dos dados. Observou-se também Coeficientes de Variação (CV
%) bastante elevados na maioria das vezes o que também pode dificultar a
observação de significância, mesmo quando se amplia o volume de aplicação
(L/ha) em 4 vezes (Tabela 1).

Tabela 1- Valores de p e de Coeficientes de Variação (CV%) obtidos nos


diferentes tratamentos da aplicação de diferentes volumes de caldas em
plantas de

Altura de Terço da % de Cobertura V. Depositado DG (gotas/cm2)


plantas planta (L/ha)
p-valor CV% p-valor CV% p-valor CV%
Baixa Inferior 0,6476 25,33 0,5861 37,53 0,4063 45,97
Média Médio 0,4341 26,85 0,7424 41,65 0,4598 43,02
Média Inferior 0,5650 18,19 0,3925 23,30 0,7923 46,45
Alta Médio 0,2061 26,33 0,1393 40,17 0,1290 36,94
Alta Inferior 0,3893 67,36 0,4541 165,68 0,2630 78,92

Há algumas hipóteses para a falta de relação entre volume e depósito de


gotas neste experimento, sendo uma delas a variação climática ocorrida
durante a aplicação dos tratamentos, principalmente quanto à temperatura e
UR%. Segundo a Figura 1, as condições climáticas iniciais (temperatura de
23°C e UR% de 59%) são condições favoráveis à aplicação, mas no momento
final, na aplicação do maior volume de calda (20 L ha-1), quando se tinha 30°C
e UR de 43%, os riscos de perdas por evaporação teriam se acentuado, o que
pode ter influenciado os resultados obtidos.

Figura 1: Tabela delta T para tomada de decisão para aplicações de


agrotóxicos com base nos dados climáticos de temperatura e umidade relativa
(UR%).

Fonte: Tecnofiltros.

Dentre as influências sofridas por fatores climáticos, dar atenção ao


vento também é imprescindível, visto que toda aeronave com hélice horizontal
cria-se um vórtex de vento causado pelo movimento das hélices, influenciando
diretamente na qualidade da aplicação para certos alvos, esse fenômeno pode
ser considerado positivo e negativo dependendo do alvo, no caso desse
experimento pode ter ocorrido interferências desse fenômeno, pois para o
presente teste apenas foi utilizado água sem qualquer interferência de
adjuvantes e afins, o terço inferior estava quase em contato com o solo assim
tendo pouca interferência dos ventos criados pelo vórtex o que possibilitou
maior deposição nos papéis hidrossensíveis, diferente do terço médio onde o
papel hidrossensível estava grampeado em uma folha que por seu peso tem
maior interferência dos ventos criados pelo vórtex. Em geral, as gotas de
menor tamanho possuem maior capacidade de penetração no dossel das
plantas, atingindo as posições mais próximas ao solo (SILVA, 2022 apud QIN
et al.,2016).
Gráfico 1- Análise de regressão para percentual de cobertura (% de cobertura)
e volume depositado (L ha-1) estimados em análise de papel hidrossensível
para os diferentes volumes e terços das plantas avaliados.
B
A
5.00
7.00
6.08 4.50
3.94
6.00 4.00
f(x) = 1.168125 x² − 5.386875 x + 8.825625 3.50 3.24
5.00 4.50 R² = 0.965984685256261 f(x) = − 0.1625 x² + 1.508 x + 0.07375
3.00 R² = 0.636886060219951
4.00 2.50
3.05 2.00 1.69 1.64
3.00
2.86 1.50 1.16 1.03
1.93
2.00 1.00 0.58 0.59
0.99x² − 0.727 x 0.86 f(x) = − 0.03375 x² + 0.35925 x + 0.19375
0.77 f(x) = 0.2125 + 1.3625 0.50 R² = 0.699227028170007
1.00 R² = 0.859346756540021
0.00
Q5 Q10 Q15 Q20
0.00
Q5 Q10 Q15 Q20 Volume de calda (L/ha)
Volume de calda (L/ha)

C D

2.50

2.03
2.00 1.80 5.00
4.51
f(x) = − 0.171875 x² + 1.025125 x + 0.345625000000001
1.56
R² = 0.530317563777041 4.00f(x) = 0.9904166666667 x² − 4.1180833333333 x + 4.8391666666667
1.50
R² = 0.810659145636097
1.09
3.00
1.00 0.91

0.62 2.00
0.45f(x) = − 0.101875 x² + 0.525625
0.57 x + 0.086875 1.42 1.45
0.50 R² = 0.368175774587357
1.31
1.00 f(x) = 0.311875 x² − 1.3792916666667
0.61 0.47 0.52 x + 1.7560416666667
R² = 0.826266213394702
0.00 0.20
Q5 Q10 Q15 Q20 0.00
Q5 Q10 Q15 Q20
Volume de calda (L/ha)
Volume de calda (L/ha)

E
3.50 3.33

3.00 f(x) = 0.645833333333336 x² − 2.56483333333334 x + 3.21083333333334


R² = 0.991048673839454
2.50

2.00

1.50 1.25 1.20


1.00 0.79
0.62
f(x) = 0.225833333333334 x² − 1.01883333333333
0.39 0.95
x + 1.4125
0.50 0.28
R² = 0.999981123171307
0.00
Q5 Q10 Q15 Q20
Volume de calda (l/ha)

Nota: A- Planta baixa, terço inferior; B- Planta Média, terço médio; C- Planta Média, terço
inferior; D- Planta Alta, terço médio; E- Planta Alta, terço inferior.
Gráfico 2- Densidade de gotas (gotas cm-2) nas diferentes alturas e estratos de
plantas avaliados para os 4 volumes de aplicação testados.

80.00
74.34
70.00
Densidade de gotas (gotas/cm2)

60.00
53.52
50.00 f(x) = −3.75779761904761
1.67886904761904x²x²− +34.035369047619 x + 85.0219999999999
0.250297619047564 x + 56.0725000000001
45.10R² = 0.506792993726874
0.988393117432602 44.73

40.00
34.25
31.02
30.00
f(x) = − 6.22916666666668
27.24 x² + 33.6370000000001 x − 10.0685000000001
27.29
R² = 0.72086584545419 25.55
22.20 22.46 20.59
20.00 18.25
16.32f(x) = − 0.80116666666666 x + 24.5493333333333 19.51
R² = 0.147194039938221 17.27 12.82
10.19
10.00 6.02 6.73

0.00
Baixa Inferior Média Médio Média Inferior Alta Média Alta Inferior
Altura e terço de plantas
Q5 Linear (Q5) Q10 Polynomial (Q10) Q15
Polynomial (Q15) Q20 Polynomial (Q20)

Outro fator a se considerar são as limitações impostas pelo uso de


papéis hidrossensíveis, que embora sejam muito práticos, pode resultar em
dados imprecisos. Os altos CVs% são bastante comuns quando se utiliza papel
hidrossensível para avaliação de qualidade de depósito de gotas em
pulverizações. Problemas referentes à confiabilidade da análise de depósito
realizada com papel hidrossensível foram ressaltadas pelo Agroefetiva (2020),
a qual alega que papéis hidrossensíveis e os programas utilizados para sua
avaliação não são bons para a classificação do espectro de gotas, indicando
falsos resultados.
A ASABE (American Society of Agricultural and Biological Engineers), é
a responsável por definir em sua norma que para fazer avaliação de deposição
e calibração de equipamentos de aplicação aérea, é necessário fazer as
avaliações baseadas em análises de depósito de gotas em papéis
hidrossensíveis e lâminas de vidro, ou pela avaliação do depósito sobre fios
(ASAE S386.2, 2018). Para Chechetto et. al (2019), as técnicas exigidas pela
ASABE, tem sua limitação devido à dificuldade de posicionamento da linha de
coletores conforme o sentido do vento, que deve ser de proa, e a posterior
análise individual de cada coletor.
Segundo Silva (2022), é necessário ser criterioso na apreciação dos
resultados obtidos, quando estiver envolvido no experimento papéis
hidrossensíveis, visto que o mesmo possui sensibilidade à água, possuindo
uma tendência a sobrevalorizar tratamentos com taxas de aplicação maiores.
Uma maneira de reduzir esta variação, ainda com o uso de papéis
hidrossensíveis, e obter resultados mais representativos é aumentar o número
de papéis hidrossensíveis por tratamento, o que aumentaria o custo
experimental, mas traria maior possibilidade de visualização dos efeitos de
tratamento. Nascimento et al. (2013) concluíram que, para percentual de
cobertura, o número mínimo de cartões de papel hidrossensível para os erros
de 20%, 15% e 10% foram: 7 (6,44); 12 (11,45) e 26 (25,76), respectivamente.
Apesar destes revezes sofridos no experimento, no caso de plantas mais
adultas (as altas), no terço médio foi possível obter um p-valor entre 13 e 21%
de significância, o que significa que as equações para as três variáveis
analisadas têm uma possibilidade de acerto de 79%, ficando a critério de o
usuário assumir o risco de aplicá-las ou não.
Quanto à característica DG (gotas cm-2), observa-se no Gráfico 2 que,
com o aumento da idade das plantas e, portanto, do índice de área foliar, há
um decréscimo da DG, chegando à valores entre 10 e 20 gotas/cm 2, mesmo no
maior volume testado de 20 L ha-1. Sabe-se que a cobertura requerida para o
sucesso de uma pulverização está diretamente relacionada ao tamanho do alvo
e capacidade de distribuição do produto. Desta forma, quanto menor o alvo e
menor for a redistribuição do produto, melhor deverá ser a distribuição do
produto na área e, por consequência, maior a densidade de gotas por
centímetro quadrado e/ou percentual de cobertura. Por exemplo, segundo a
ANDEF (2010), para a aplicação de herbicida recomenda-se a cobertura
mínima de 20 a 30 gotas cm-2, enquanto a aplicação de fungicida necessitaria
de cobertura entre 70 à 100 gotas cm-2.
Considerando-se estas recomendações, para o controle de plantas
daninhas, o produto teria sido distribuído adequadamente na área em quase
todas as condições testadas. Mas em se considerando alvos menores, como
insetos e fungos, apenas na aplicação de 15 L ha-1em plantas médias, no terço
médio, obteve-se acima de 70 gotas cm-2, ou seja, se estes dados realmente se
confirmarem, é bastante possível que parte das pulverizações de fungicidas e
inseticidas estejam sendo realizadas com depósitos de gotas abaixo do
necessário. Como a avaliação o manejo adequado de plantas daninhas é mais
fácil de ser visualizado do que o de insetos e fungos, provavelmente se tem
uma redução da população invasora destes organismos-praga, mas com riscos
de indução à tolerância ou resistência à produtos devido à subdosagem, o que
pode se tornar um problema maior no futuro.
Outro parâmetro importante quando se discute a eficácia das aplicações
de defensivos efetuadas com RPA é a altura de voo, velocidade de
deslocamento (Silva, 2022) e a faixa de aplicação (CARLESSO et al., 2022).
Segundo Carlesso et al. (2022), ao efetuar testes com 3 faixas de aplicação
sendo elas : 3, 5 e 7 metros, constataram que a faixa de 5 metros obteve maior
uniformidade em sua aplicação, no entanto a faixa de 7 metros obteve maior
variação. Tendo em vista que a faixa empregada nesse experimento foi a de 7
m, o alto CV% obtido neste experimento pode também ter sido influenciado por
este fator.
Na análise da amplitude relativa do tamanho das gotas formadas
(SPAN), como pode ser observado na Figura 2, menores valores para esta
variável foram obtidos em menores volumes, independente do terço e altura de
plantas. Isto mostra o efeito da energia para aumento do volume sobre
características das gotas quanto a sua uniformidade. Raetano et al. (2014), já
demonstraram o menor espectro de gotas, analisado pela amplitude relativa
dos diâmetros, em pulverizações de bicos rotativos.

A amplitude relativa indica a homogeneidade do espectro de tamanho


das gotas. A maior uniformidade das gotas formadas pode reduzir perdas e
colaborar com a maior deposição proporcional de gotas, reduzindo as
diferenças entre os volumes. Mais uma vez, a interferência de um alto CV%
pode ter dificultado a constatação de significância entre os resultados obtidos.
Figura 2: Valores de amplitude relativa (SPAN) obtido nos diferentes
tratamentos em pulverização com ARP.

Apesar dos resultados obtidos no presente estudo, a pulverização de


defensivos com ARPs tem mostrado eficiência no controle de diferentes
problemas fitossanitários, possibilitando operações mais cirúrgicas, com
economia de tempo, insumo e consequente redução de contaminação
ambiental. No entanto, outros estudos buscando caracterizar mais
tecnicamente as pulverizações realizadas com esta ferramenta devem ser
conduzidos, de preferência utilizando-se outras formas de avaliar o depósito
obtido.

CONCLUSÕES

Com base nos resultados obtidos no presente experimento, não foi


possível detectar diferenças significativas do efeito do volume de aplicação
sobre características de depósito de gotas em nenhuma das situações
analisadas.

AGRADECIMENTOS
Agradecemos a Giovani Amianti, Moisés Pedrici e Guilherme Bertoldi da
empresa Xmobots pela permissão de uso dos equipamentos neste trabalho.
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