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Instituto Federal de Educação, Ciências e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais,

Campus Muriaé.
Disciplina: Ergonomia.
Docente: Verônica de Paula Zanotti Tavares de Oliveira.
Discente: João Marcos Resende Vieira.
Título do Artigo: A relação entre a Ergonomia e a elaboração de projeto de uniformes.
Autor: Verônica de Paula Zanotti Tavares de Oliveira.

RESENHA

Aos materiais formados por um elemento básico têxtil cujo seu comprimento é 100 vezes
maior que seu diâmetro, se dá o nome de fibra têxtil, podendo esta ser animal, vegetal, mineral e
também pode vir de processos quimicos. As fibras da junção de substâncias quimicas com celulose
são denominadas artificiais e as fibras derivadas apenas de substâncias quimicas são denominadas
sintéticas. Baseado em sua origem, as fibras se tornam fios e os fios se tornam tecidos, afirma
Sorger (2009):

O modo como são fiadas e a maneira como o fio é fabricado


afetam o desempenho e a aparência do tecido final.
Acabamentos e tratamentos podem ser aplicados a um tecido
em qualquer estágio de sua produção, seja na forma de fibra,
fio, tecido ou na roupa final. Esses acabamentos podem
destacar e alterar as qualidades do material têxtil [...].
(UDALE, 2009)

A fiação interfere tptalmente no resultado final do tecido, levando em consideração a


quantidade de pontos tomados e pontos deixados na trama e no urdume. Sua elasticidade, rigidez e
flexibilidade são definidos na maneira como o fio é fabricado.

1.1. Fibras Naturais

As fibras nas quais possuem derivação de fontes orgânicas são as naturais, podendo ser fibras
vegetais utilizando celulose, fibras animais compostas de proteínas e fibras minerais. A celulose
pode ser extraída de diversas plantas pois é feita de carboidrato, estando localizada na parte central
das paredes da célula vegetal. Na produção têxtil alguns exemplos são o linho, o cânhamo e o
algodão (UDALE, 2009).
O algodão possui uma grande durabilidade, maciez e resistência, tendo também benefícios
como a troca térmica que permite com que a pele respire sem interferências. Devido secar
facilmente e absorver umidade, o algodão é indicado para climas quentes. A força e a qualidade do
tecido são definidos por quão longa é a fibra. O algodão também possui seu lado negativo visto que
apresenta alta permeabilidade por conta de sua fácil absorção de líquidos. Em ocorrência de cair
substâncias quimicas na roupa, o algodão as absorve facilitando e aumentando o contato com a
pele (UDALE, 2009).
Durante o processo de fiação das fibras naturais não é possível torná-las impermeáveis,
apenas após o tecido pronto que lhe é feito um banho de hidrorepelente que torna o tecido
impermeável, porém, dura cerca de trinta lavagens e tira da fibra a troca térmica (ANDEF, 2008).
Quanto a maciez e troca térmica, o linho e o cânhamo também possuem essas características,
porém, o linho amassa com facilidade, tem melhor caimento no corpo e possui um brilho que o
torna nobre. O Cânhamo supera o algodão quando se trata de durabilidade e resistência (AGUIAR
NETO, 1996).

1.2. Fibras Químicas

Em seu processo de produção, as fibras químicas são pressionadas através de pequenos furos
que criam fibras longas e contínuas, denominadas filamentos, quando submetidas à fiação
(SORGER, 2009).

1.2.1. Fibras Artificiais

As fibras cuja fabricação possui celulose são denominadas artificiais, tendo como exemplo:
Raiom, Acetato, Tencel, Lyocell e Triacetato. Com derivação da polpa de madeira, o Raiom
apresenta excelente absorção, é confortável e se tinge facilmente. A partir do Raiom, se desenvolve
o Modal e o Lyocell (UDALE, 2009).
O acetato contém característica termoplástica e encolhe com o calor, já o Tencel é uma fibra
artificial biodegradável, tembém possui maleabilidade, maciez e resistência (UDALE, 2009).

1.2.2. Fibras Sintéticas

As fibras artificiais que não são derivadas da celulose são chamadas de fibras sintéticas, elas
contém apenas substâncias químicas em sua fabricação. No fim da Primeira Guerra Mundial foi
produzida, pela indústria química DuPont, a primeira de Poliamida, chamada de Rayon ou Nylon,
daí em diante o desenvolvimento de outras fibras sintéticas aumentou ainda mais (UDALE, 2009).

1.3. Estudo de Beneficiamentos Aplicados ás Fibras

Após construído, o tecido tem a capacidade de ser alterado ou aprimorado com diversos
tratamentos em sua superficie, como por exemplo: lavagem, estamparia e tingimento
(UDALE,2009).

1.3.1. Inserção da Característica de Impermeabilidade no Tecido

Com a elaboração de projetos de novos tecidos para produção de EPI de aplicação de


agrotóxicos, faz-se necessário o levantamento de quais beneficiamentos o tecido pode receber. É
válido destacar que hoje, o que vem sendo utilizado é de 100% CO com beneficiamento que o torna
impermeável, impedindo que o agrotóxico entre em contato com a pele de quem está utilizando a
roupa.
Por conta da necessidade de estabilizar dimensionalmente o tecido, é feita a aplicação de pré-
encolhimentos por meio da sanforização e da termofixação por intermédio de calor. Também
existem tratamentos quimicos especificos para características como: repelência a água, secagem
rápida, antimanchas e entre outros (MARTINS e LOPES, 2009).
Nas roupas de banho, que exigem impermeabilidade, é aplicado por meio do preenchimento
dos poros do tecido, um tratamento que possibilita sua repelência à água, inibindo o inchamento das
fibras, proporcionando uma secagem rápida.

1.3.2. Inserção da Característica de Antibactericida ao Tecido

O antibactericida é um tipo de tratamento que tem inibição de odor de suor e impede a


disseminação de ácaros, fungos e bactérias no tecido, evitando doenças e possuindo ótima
durabilidade.
1.4. Fibras de Alta Tecnologia

As fibras sintéticas que são resultado de processos químicos são denominadas fibras de alta
tecnologia e de características superiores às ordinárias, sendo elas classificadas em três grupos: As
“fibras de altas prestações” que possuem resistência à tração, utilizadas na indústria aeroespacial e
artigos desportivos; As “fibras de altas funções / funções especiais” que possuem aditivos que lhe
proporcionam antibactericida, antimofo, efeitos desodorantes, proteção a radiação, entre outros; E
as “fibras de alta estética (sensações agradáveis)” que tem a intenção de imitar as fibras naturais
com cores vivas, voluminosidade e toque crocante (GACÉN E GACÉN, 2003).

2. Uniformes

Análises devem ser feitas na criação e desenvolvimento de uniformes para que ele atenda as
exigências e necessidades do usuário passando pelos “princípios do design” associando aspectos
como forma, silhueta, textura, cor, material e emoção a solução estética, funcional e confortável
(PIRES, 2004).

3. Design de Moda e Uniformes

O design consiste no processo criativo ou ideias que buscam atender as expectativas do


homem na concepção de um produto (PASCHOARELLI e SILVA, 2006). Somente por volta de
1393 que o termo “moda” passou a ser difundido como forma de vestir-se de maneira na qual cada
indivíduo represente e expresse sua personalidade (CALDAS, 2009).
Ao fazer a junção, o design de moda engloba a criação, o desenvolvimento e a confecção das
peças contribuíndo com o emprego de objetos que estarão diretamente sobre o corpo. Nessa área
trabalha-se pesquisa, desenho, tecidos e suas propriedades, ornamentação, modelagem e confecção,
com intenção de comunicar ideias por meio de produtos (SORGER e UDALE, 2009).
O uniforme é utilizado pelas instituições a fim de destacar um indivíduo na multidão
utilizando linguagens como poder, autoridade e cargo, seja dentro ou fora da organização
(GURMIT, 2911).

2.1.1. Qualidades Necessárias aos Produtos do Vestuário

Além de atender as expectativas do consumidor e os anseios do segmento de mercado do qual


o produto é direcionado, o mesmo também combina criação, qualidade, vestibilidade, aparência e
preço (RECH, 2002). Desde sua concepção, são realizadas uma série de pesquisas como público-
alvo, materiais adequados, situações de uso e todas as questões pertinentes aos produtos do
vestuário, passando também por qualidades técnicas, estéticas e ergonomicas.
A qualidade técnica fala sobre a eficácia do produto ao cumprir sua função que preza pela
praticidade, versatilidade e utilitarismo. A função estética foca na atração visual julgando a
percepção do que é considerado belo. E a ergonomia refere-se à forma como o produto se adapta ao
homem, pelo corpo e movimento, sendo de suma importância por tratar-se de conforto.
Quando utilizada de forma correta, a ergonomia proporciona vestibilidade que consiste em
evitar aquilo que pode interferir e restringir a mobilidade; E usabilidade que colabora em áreas
como: efetividade no desempenho, adequação nas tarefas e atendimento ás caracterizações do
usuário.
Desta forma, conclui que os uniformes devem apresentar adaptações de tecido e materiais de
acordo com a tarefa exercida e função de uso abrangendo os diversos indivíduos por sexo, idade,
biotipo e entre outros.
Referências

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