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Estranhos a nossa porta é uma das muitas obras de Zygmunt Bauman, no qual busca uma
análise crítica frente a grave problemática do salto no contingente de refugiados, envolvendo
sobretudo a Europa.
Bauman reflete sobre as condicionantes psicológicas que abrem um flanco para o ódio, o medo
e a rejeição das populações europeias quanto aos migrantes econômicos e refugiados de guerra,
assim como aborda diversos ângulos das dificuldades e das violações a que estão sujeitas as
populações migrantes no solo europeu.
Com este ponto de partida, pode-se realizar facilmente uma análise aprofundada relacionando
o pensamento de Bauman aos conceitos históricos, culturais e sociais perante ao amparo de
uma população.
O medo da doença é presente desde o início da história da humanidade, no qual o homem,
desde então vem buscando refúgio contra esse mal. Da mesma forma, um país acometido por
determinadas mazelas, obriga seus habitantes buscarem abrigo em outro lugar. Porém, não é
fácil dar a mão para quem precisa, principalmente para um desconhecido, no qual dificilmente
pode-se prever suas intenções. Gerando medo, ódio e violência.
Bauman explica que a fragilidade existencial e precariedade das condições sociais humanas no
tempos globalizados, insuflada pela competição pelo mercado de trabalho e melhores
condições de vida criam uma profunda incerteza e medo nas sociedades invadidas pelos
“estranhos” que batem a “nossa porta” e a quem se torna mais fácil culpar por todos os males
gerados pela conjuntura política e econômica da globalização.
É imprescindível, destacar esta competição pelo mercado de trabalho e melhores condições de
vida, vivenciado principalmente pela cultura capitalista, no qual prega uma visão
individualista, deixando cada um com seus próprios problemas devendo soluciona-los com
seus próprios méritos. Esta disputa, também pode ser presenciada nos campos da saúde, onde
há uma forte resistência contra seu uso de forma publica, para isso, é utilizado um discurso
meritocrático, em que se o indivíduo não possui condições de se cuidar, é simplesmente pelo
fato dele próprio não ter buscado esta conquista. Ocasionando, segunda esta lógica de
raciocínio, em um desperdício de verbas que poderia estar sendo aplicada de outras formas.
Deve-se ainda observar a menção de Bauman de “alguém a quem se culpar por todos os males
gerados”, neste caso, se observar o pensamento citado no parágrafo a cima, é fácil perceber
como a saúde pública vem assumindo o papel de bode expiatório na sociedade atual.
Num mundo cada vez mais desregulado, desterritorializado e fora de ordem, a chegada dos
migrantes provoca estranheza e receios de ondem econômica-política, cultural e social nas
populações receptoras, assim como medo de sua segurança física esteja ameaçada. Esse pânico
geraria ansiedade, estimulo ao abuso e violência para com os migrantes, que já estão em
situações de trágica vulnerabilidade.
Em sua análise, Bauman faz um alerta para os perigos de oportunismo político, através das
figuras públicas de seus candidatos com discursos xenofóbicos, racistas e de um chauvinismo
sem precedentes, no intuito de angariar dividendos eleitorais, perante a uma população que se
encontra angustiada pelas incertezas, com medo do futuro e desorientada no caminho a seguir.
É feito ainda, um destaque sobre a pratica de “securitização” em desfavor dos migrantes,
podendo ajudar a inflamar os sentimentos anti-islâmicos na Europa e nesse caso mobilizar
recursos da população nativa europeia, recrutando jovens da periferia, estimulados pela repulsa
e ressentimento, provocando assim um círculo vicioso de violência e intolerância.