Você está na página 1de 17

Prova: XXXIV Exame de Ordem Unificado

Questão 1

O governador do Estado Alfa, como represália às críticas oriundas dos


professores das redes públicas de ensino, determinou cortes na educação básica
do referido ente, bem como instituiu a necessidade de pagamento de
mensalidades pelos alunos de estabelecimentos oficiais de ensino que não
comprovassem ser oriundos de famílias de baixa renda 2. Sobre a conduta do
governador, com base na CRFB/88, assinale a afirmativa correta3.

(A) Está errada, pois a gratuidade do ensino público em estabelecimentos


oficiais está prevista na ordem constitucional, de modo que o seu não
oferecimento ou o oferecimento irregular pode ensejar, inclusive, a
responsabilização do governador do Estado Alfa.

(B) Está errada, pois o Estado deve garantir a educação básica obrigatória e
gratuita dos 4 aos 17 anos de idade, de modo que ele apenas poderia restringir
sua oferta gratuita em relação àqueles que a ela não tiveram acesso na idade
própria.

(C) Está certa, pois a gratuidade do ensino público, com a promulgação da


Constituição de 1988, deixou de ser obrigatória, sendo facultado o exercício das
atividades de ensino pela inciativa privada.

(D) Está errada, pois os Estados e o Distrito Federal devem atuar,


exclusivamente, no ensino médio e fundamental, de sorte que o governador do
Estado Alfa não poderia adotar medida que viesse a atingir, indistintamente,
todos os alunos da educação básica.

Resposta: A alternativa correta é a letra A. A gratuidade do ensino público em


estabelecimentos oficiais é um direito fundamental previsto no Art. 206, IV, da
CRFB/88. A violação desse direito pode gerar a responsabilidade civil e política
do governador do Estado Alfa. As demais alternativas estão erradas por
contrariarem o texto constitucional.

Questão 2

O perfil de proteção jurídica dos direitos fundamentais já passou e vem


passando por momentos de avanços e involuções atrelados aos diferentes
paradigmas constitucionais. Formam uma categoria aberta e dinâmica, que se
encontra em constante mutação, em razão do Art. 5º, § 2º, da CRFB/88. Nessa
perspectiva, em 2017, foi editada a Lei X que regulamentou diversos direitos
sociais do rol constante do seu Art. 6º. Com isso, incorporou vários direitos
sociais ao patrimônio jurídico do povo. No entanto, em 2019, foi aprovada a Lei
Y, que revogou completamente a Lei X, desconstituindo pura e simplesmente o
grau de concretização que o legislador democrático já havia dado ao Art. 6º da
CRFB/88, sem apresentar nenhum outro instrumento protetivo no seu lugar.
Diante de tal situação e de acordo com o direito constitucional contemporâneo,
a Lei Y deve ser considerada

(A) inconstitucional, pois a revogação total da Lei X, sem apresentação de lei


regulamentadora alternativa, viola o princípio da “reserva do possível”.

(B) inconstitucional, pois a revogação total da Lei X, sem apresentação de lei


regulamentadora alternativa, viola o princípio da “proibição de retrocesso
social”.

(C) constitucional, pois predomina no direito brasileiro o princípio da “reserva


do possível”, cuja interpretação garante a onipotência do Poder Legislativo na
concretização dos direitos sociais.

(D) constitucional, pois predomina no direito brasileiro o princípio da


“proibição do retrocesso social”, de modo que os direitos sociais não têm
imperatividade, podendo ser livremente regulamentados.

Resposta: A alternativa correta é a letra B. A Lei Y é inconstitucional porque


viola o princípio da proibição de retrocesso social, que impede que o legislador
suprima ou reduza os direitos sociais já reconhecidos e concretizados pela
Constituição e pela legislação infraconstitucional. A revogação total da Lei X,
sem substituição por outra norma que garanta um mínimo existencial aos
cidadãos, configura um retrocesso social inaceitável no Estado Democrático de
Direito. As demais alternativas estão erradas porque não refletem o
entendimento atual do direito constitucional brasileiro sobre os direitos sociais.
Prova: XXXV Exame de Ordem Unificado

Questão 3

Um agente público federal, em entrevista a jornal de grande circulação,


expressou sua insatisfação com o baixo índice de desenvolvimento econômico e
social de aproximadamente 25 por cento do amplo território ocupado pelo
Estado Alfa, mais precisamente da parte sul do Estado. Por entender que a
autoridade estadual não possui os recursos necessários para implementar
políticas que desenvolvam essa região, afirma que faz parte da agenda do
governo federal transformar a referida área em território federal. O Governador
de Alfa, preocupado com o teor do pronunciamento, solicita que os
procuradores do Estado informem se tal medida é possível, segundos os
parâmetros estabelecidos na Constituição Federal de 1988.

O corpo jurídico, então, responde que

(A) embora na atual configuração da República Federativa do Brasil não conste


nenhum território federal, caso venha a ser criado, constituirá um ente dotado
de autonomia política plena.

(B) embora não exista território federal na atual configuração da República


Federativa do Brasil, a Constituição Federal de 1988 prevê, expressamente, a
possibilidade de sua criação.

(C) em respeito ao princípio da autonomia estadual, somente seria possível a


criação de território pelo Governador de Alfa, a quem caberia a
responsabilidade pela gestão.

(D) ainda que o Brasil já tenha tido territórios federais, a Constituição Federal
não prevê tal modalidade, o que afasta a possibilidade de sua criação.

Resposta: A alternativa correta é a letra B. A Constituição Federal de 1988


prevê, no Art. 18, § 2º, que “os Territórios Federais integram a União, e sua
criação, transformação em Estado ou reintegração ao Estado de origem serão
reguladas em lei complementar”. Portanto, há previsão expressa da
possibilidade de criação de territórios federais, embora atualmente não exista
nenhum. As demais alternativas estão erradas porque contrariam o texto
constitucional.

Questão 4

Doralice, brasileira, funcionária de uma empresa italiana situada em Roma


(Itália), conheceu Rocco, italiano, e com ele se casa. Em Milão, em 1998, nasceu
Giuseppe, filho do casal, sendo registrado unicamente em repartição pública
italiana. Porém, recentemente, Giuseppe, que sempre demonstrou grande
afinidade com a cultura brasileira, externou a seus pais e amigos duas
ambições: adquirir a nacionalidade brasileira e integrar os quadros do
Itamarati, na condição de diplomata brasileiro. Ele procura, então, um escritório
de advocacia no Brasil para conhecer as condições necessárias para atingir seus
objetivos.

De acordo com o sistema jurídico-constitucional brasileiro, Giuseppe

(A) poderá exercer qualquer cargo público no âmbito da República Federativa


do Brasil, uma vez que, por ser filho de pessoa detentora da nacionalidade
brasileira, já possui a condição de brasileiro nato.

(B) poderá atingir o seu objetivo de ser um diplomata brasileiro caso lhe seja
reconhecida a condição de brasileiro nato, status que somente será alcançado
se vier a residir no Brasil e optar pela nacionalidade brasileira.

(C) poderá adquirir a nacionalidade brasileira na condição de brasileiro


naturalizado e, assim, seguir a carreira diplomática, pois a Constituição veda
qualquer distinção entre brasileiros natos e naturalizados.

(D) não poderá seguir a carreira diplomática pela República Federativa do


Brasil, já que sua situação concreta apenas lhe oferece a possibilidade de
adquirir a nacionalidade brasileira pela via da naturalização.

Resposta: A alternativa correta é a letra B. Giuseppe é filho de mãe brasileira e


nasceu no exterior. Portanto, ele pode optar pela nacionalidade brasileira em
qualquer tempo, desde que venha a residir no Brasil. Se ele fizer essa opção, ele
será considerado brasileiro nato e poderá seguir a carreira diplomática. A
Constituição exige que os cargos de diplomata sejam ocupados por brasileiros
natos. As demais alternativas estão erradas porque não refletem o que dispõe o
Art. 12 da Constituição Federal sobre os critérios de nacionalidade.
Prova: XXXV Exame de Ordem Unificado

Questão 5

No Preâmbulo da Constituição do Estado Alfa consta:

“Nós, Deputados Estaduais Constituintes, no pleno exercício dos poderes


outorgados pelo artigo 11 do Ato das Disposições Transitórias da Constituição
da República Federativa do Brasil, promulgada em 5 de outubro de 1988,
reunidos em Assembleia, no pleno exercício do mandato, de acordo com a
vontade política dos cidadãos deste Estado, dentro dos limites autorizados
pelos princípios constitucionais que disciplinam a Federação Brasileira,
promulgamos, sob a proteção de Deus, a presente Constituição do Estado Alfa.”

Diante de tal fragmento e de acordo com a teoria do poder constituinte, o ato


em tela deve ser corretamente enquadrado como forma de expressão legítima
do poder constituinte

(A) originário.

(B) derivado difuso.

(C) derivado decorrente.

(D) derivado reformador.

Resposta: A alternativa correta é a letra C. O poder constituinte derivado


decorrente é aquele que os Estados-membros exercem para elaborar suas
próprias Constituições Estaduais, dentro dos limites impostos pela Constituição
Federal. O Preâmbulo da Constituição do Estado Alfa revela que os Deputados
Estaduais Constituintes agiram nessa qualidade, conforme o artigo 11 do ADCT
da CF/88. As demais alternativas estão erradas porque não correspondem ao
tipo de poder constituinte exercido no caso.

Questão 6

O Juízo da 10ª Vara Criminal do Estado Alfa, com base nos elementos
probatórios dos autos, defere medida de busca e apreensão a ser realizada na
residência de João. Devido à intensa movimentação de pessoas durante o
período diurno, bem como para evitar a destruição deliberada de provas, o
delegado de polícia determina que as diligências necessárias ao cumprimento
da ordem sejam realizadas à noite, quando João estaria dormindo, aumentando
as chances de sucesso da incursão.
Sobre o caso hipotético narrado, com base no texto constitucional, assinale a
afirmativa correta.

(A) A inviolabilidade de domicílio, embora possa ser relativizada em casos


pontuais, não autoriza que as diligências necessárias ao cumprimento do
mandado de busca e apreensão na residência de João sejam efetivadas durante
o período noturno.

(B) A incursão policial na residência de João se justificaria apenas em caso de


flagrante delito, mas, inexistindo a situação de flagrância, o mandado de busca
e apreensão expedido pelo Juízo da 10ª Vara Criminal do Estado Alfa é nulo.

(C) O cumprimento da medida de busca e apreensão durante o período noturno


é justificado pelas razões invocadas pelo Delegado, de modo que a
inviolabilidade de domicílio cede espaço à efetividade e à imperatividade dos
atos estatais

(D) A inviolabidade de domicílio não é uma garantia absoluta e, estando a


ordem expedida pelo Juízo da 10ª Vara Criminal devidamente fundamentada, o
seu cumprimento pode ser realizado a qualquer hora do dia ou da noite.

Resposta: A alternativa correta é a letra D. A Constituição Federal prevê, no


Art. 5º, XI, que “a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo
penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou
desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial”.
Portanto, há uma exceção à inviolabilidade de domicílio quando há ordem
judicial para tanto. Essa ordem judicial deve ser motivada e especificar os fins
da diligência. Não há restrição quanto ao horário do cumprimento da medida.
As demais alternativas estão erradas porque contrariam o texto constitucional.
Prova: XXXVI Exame de Ordem Unificado

Questão 7

Dois Estados de determinada região do Brasil foram atingidos por chuvas de tal
magnitude que o fenômeno foi identificado como calamidade de grandes
proporções na natureza. A ocorrência gerou graves ameaças à ordem pública, e
o Presidente da República, após ouvir o Conselho da República e o de Defesa
Nacional, decretou o estado de defesa, a fim de reestabelecer a paz social. No
decreto instituidor, indicou, como medida coercitiva, a ocupação e o uso
temporário de bens e serviços públicos dos Estados atingidos, sem direito a
qualquer ressarcimento ou indenização por danos e custos decorrentes.
Segundo o sistema jurídico-constitucional brasileiro, no caso em análise,

(A) houve violação ao princípio federativo, já que o uso e a ocupação em tela


importam em violação à autonomia dos Estados atingidos pela calamidade
natural de grandes proporções.

(B) a medida coercitiva é constitucional, pois a decretação de estado de defesa


confere à União poderes amplos para combater, durante um prazo máximo de
noventa dias, as causas geradoras da crise.

(C) a medida coercitiva em tela viola a ordem constitucional, pois a União


deve ser responsabilizada pelos danos e custos decorrentes da ocupação e uso
temporário de bens e serviços de outros entes.

(D) a medida coercitiva, nos termos acima apresentados, somente será


constitucional se houver prévia e expressa autorização de ambas as casas do
Congresso Nacional.

Resposta: A alternativa correta é a letra C. A medida coercitiva em tela viola a


ordem constitucional porque fere o princípio da proporcionalidade e da
razoabilidade. A ocupação e o uso temporário de bens e serviços públicos dos
Estados atingidos sem direito a qualquer ressarcimento ou indenização por
danos e custos decorrentes é uma medida excessiva e desproporcional que afeta
os interesses dos entes federados e dos cidadãos. A Constituição Federal prevê,
no Art. 136, § 1º, que “o decreto que instituir o estado de defesa determinará o
tempo de sua duração, especificará as áreas a serem abrangidas e indicará, nos
termos e limites da lei, as medidas coercitivas a vigorarem”. Portanto, as
medidas coercitivas devem estar previstas em lei e respeitar os limites
constitucionais. As demais alternativas estão erradas porque não refletem o que
dispõe a Constituição Federal sobre o estado de defesa.

Prova: XXXVI Exame de Ordem Unificado


Questão 8

Martinez, cidadão espanhol, foi convidado por XYZ, universidade privada de


Direito, situada no Brasil, para ministrar a disciplina Direito Constitucional.
Para tanto, ele estabeleceu residência em solo brasileiro. Após 2 (dois) anos
lecionando na referida instituição de ensino, apesar de possuir qualificação
adequada para o exercício do magistério, Martinez é surpreendido em suas
redes sociais com graves alegações de exercício ilegal da profissão. Sobre a
questão em comento, com base no texto constitucional, assinale a afirmativa
correta.

(A) Martinez, na condição de estrangeiro residente no Brasil, goza de todos os


direitos fundamentais e políticos assegurados pela Constituição de 1988 aos
brasileiros natos e naturalizados, podendo, em consequência, lecionar na
universidade de Direito XYZ.

(B) Apesar de restringir o exercício de determinados direitos por parte dos


estrangeiros, a Constituição de 1988 assegura a Martinez o livre exercício de
sua profissão, desde que preencha os requisitos legais exigidos.

(C) A Constituição de 1988, ainda que assegure a autonomia didático-científica


das universidades, exige prévia naturalização do estrangeiro Martinez para que
possa atuar no ensino superior de ensino.

(D) A ordem constitucional permite que Martinez, na condição de estrangeiro


residente no Brasil, desempenhe livremente sua profissão, mas condiciona tal
direito à prova de residência em solo brasileiro por, no mínimo, 04 (quatro)
anos.

Resposta: A alternativa correta é a letra B. A Constituição Federal prevê, no


Art. 5º, XIII, que “é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão,
atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer”. Esse direito se
estende aos estrangeiros residentes no Brasil, desde que cumpram os requisitos
legais exigidos para cada profissão. Portanto, Martinez pode lecionar na
universidade privada de Direito se possuir qualificação adequada e observar as
normas aplicáveis ao magistério. As demais alternativas estão erradas porque
não refletem o que dispõe a Constituição Federal sobre os direitos dos
estrangeiros.

Questão 9

Antônio foi condenado em definitivo pela prática de diversos crimes em


concurso material. Além da privação da liberdade, também foi condenado,
cumulativamente, à pena de multa e à obrigação de ressarcir os danos causados
às vítimas das práticas criminosas. Em caso de falecimento de Antônio, com
base no texto constitucional, é correto afirmar que,
(A) à exceção das penas privativas de liberdade, todas as demais podem ser
estendidas aos sucessores de Antônio até o limite do valor do patrimônio
transferido.

(B) pelo princípio da intransmissibilidade da pena, nenhuma das obrigações ou


penas decorrentes da prática criminosa pode ser transferida aos sucessores de
Antônio.

(C) apenas a pena de multa e obrigações de cunho patrimonial podem ser


estendidas aos sucessores de Antônio até o limite do valor do patrimônio
transferido.

(D) a obrigação de reparar os danos causados às vítimas pode ser estendida


aos sucessores de Antônio e contra eles executada até o limite do valor do
patrimônio transferido.

Resposta: A alternativa correta é a letra D. A Constituição Federal prevê, no


Art. 5º, XLV, que “nenhuma pena passará da pessoa do condenado podendo a
obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento dos bens serem
estendidas aos sucessores e contra eles executadas até o limite do valor do
patrimônio transferido”. Portanto, as penas privativas de liberdade e as penas
pecuniárias, como a multa, são intransmissíveis e se extinguem com a morte do
condenado. Porém, a obrigação de ressarcir os danos causados às vítimas é de
natureza civil e pode ser cobrada dos herdeiros do condenado, até o limite da
herança. As demais alternativas estão erradas porque contrariam o texto
constitucional.

Questão 10

Um órgão público, detentor de banco de dados com informações passíveis de


serem transmitidas a terceiros, possuía informações inexatas a respeito de João.
Em razão disso, ele dirige petição ao referido órgão solicitando que
providenciasse a devida retificação. A petição seguiu acompanhada dos
documentos que informavam os dados corretos sobre a pessoa de João. Como o
órgão público indeferiu tanto o pedido inicial quanto o recurso administrativo
interposto, João contratou você, como advogado(a), para ajuizar a medida
judicial cabível. Agindo em conformidade com o sistema jurídico-constitucional
brasileiro, você

(A) ajuizou um Habeas Data, esclarecendo que o Mandado de Segurança, por


ser um remédio de caráter residual, não seria o instrumento adequado para
aquela situação específica, em que se almejava retificar informações pessoais.

(B) ajuizou uma Ação Ordinária, informando a João ser esta a única solução
processual passível de atingir os objetivos pretendidos, já que a comprovação
do direito líquido e certo pressupõe a dilação probatória.
(C) impetrou Mandado de Segurança, tendo o cuidado de observar que a
impetração se desse dentro do prazo decadencial de 120 dias do conhecimento,
por João, do improvimento do recurso.

(D) informou a João que a situação em tela é uma exceção à possibilidade de


resolução no âmbito da esfera judicial, sendo que sua solução obrigatoriamente
se esgota na esfera administrativa.

Resposta: A alternativa correta é a letra A. O Habeas Data é o instrumento


jurídico adequado para assegurar o conhecimento de informações relativas à
pessoa do impetrante constantes de registros ou bancos de dados de entidades
governamentais ou de caráter público, bem como para a retificação de dados,
quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo.
Esse direito está previsto no Art. 5º, LXXII, da Constituição Federal. O Mandado
de Segurança é um remédio constitucional que visa proteger direito líquido e
certo não amparado por Habeas Corpus ou Habeas Data. As demais
alternativas estão erradas porque não correspondem ao meio processual
adequado para o caso.

Questão 11

Roberto, cidadão brasileiro, toma conhecimento que um órgão público federal


está contratando uma conhecida empreiteira do Estado Delta para a realização
de obras sem promover o regular procedimento licitatório. A fim de proteger o
interesse público, busca obter maiores informações junto aos setores
competentes do próprio órgão. Sem sucesso, passa a considerar a hipótese de
ajuizar uma Ação Popular a fim de anular os atos de contratação, bem como
buscar o ressarcimento dos cofres públicos por eventuais danos patrimoniais.
Antes de fazê-lo, no entanto, quer saber as consequências referentes ao
pagamento de custas judiciais e do ônus de sucumbência, caso não obtenha
sucesso na causa. Você, como advogado(a), então, explica-lhe que, segundo o
sistema jurídico-constitucional brasileiro, caso não obtenha sucesso na causa,

(A) não terá que arcar com as custas judiciais e com o ônus de sucumbência,
posto que o interesse que o move na causa é revestido de inequívoca boa-fé, em
defesa do interesse público.

(B) somente terá que arcar com as custas judiciais, mas não com os ônus
sucumbenciais, posto se tratar de um processo de natureza constitucional que
visa a salvaguardar o interesse social.

(C) terá que arcar com as custas judiciais e com o ônus de sucumbência, como
ocorre ordinariamente no âmbito do sistema processual brasileiro.
(D) não terá que arcar com qualquer custo, considerando que a Constituição
Federal de 1988 concede aos brasileiros isenção de custas em todos os chamados
remédios constitucionais.

Resposta: A alternativa correta é a letra D. A Ação Popular é um remédio


constitucional que visa anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade
de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao
patrimônio histórico e cultural. Esse direito está previsto no Art. 5º, LXXIII, da
Constituição Federal, que dispõe que “qualquer cidadão é parte legítima para
propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de
entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio
ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo
comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência”.
Portanto, o autor da ação popular não terá que arcar com qualquer custo, salvo
se agir de má-fé. As demais alternativas estão erradas porque contrariam o
texto constitucional.
Prova: 37º Exame de Ordem Unificado

Questão 12

O poder constituinte derivado reformador promulgou emenda à Constituição,


inserindo um novo direito fundamental na CRFB/88. No caso, trata-se de
norma de eficácia limitada, necessitando, portanto, de lei regulamentadora a ser
produzida pelo Congresso Nacional.

Em razão da total inércia do Poder Legislativo, tendo decorrido quatro anos


desde a referida emenda, uma associação de classe legalmente constituída e em
funcionamento há mais de 10 anos, cujo estatuto prevê a possibilidade de atuar
judicial e extrajudicialmente no interesse de seus associados, que não estariam
sendo contemplados em razão da referida inércia, procura você, como
advogado(a).

Com base no sistema jurídico-constitucional brasileiro, você, como


advogado(a), informa, corretamente, que a fruição dos direitos pelos associados

(A) somente poderá ser alcançada com a impetração de Mandado de Injunção


por iniciativa individual de cada um dos associados, em seus próprios nomes,
junto ao Supremo Tribunal Federal.

(B) poderá ser alcançada com a impetração de Mandado de Injunção Coletivo


pela referida Associação, em seu próprio nome, junto ao Supremo Tribunal
Federal.

(C) somente será alcançada após o Congresso Nacional produzir a lei


regulamentadora referente à norma constitucional de eficácia limitada.

(D) será possível com o ajuizamento de uma Ação Civil Pública, que tenha
como pedido a exigência de que o Congresso Nacional produza,
imediatamente, a lei regulamentadora.

Resposta: A alternativa correta é a letra B. O Mandado de Injunção é o


instrumento jurídico adequado para assegurar o exercício dos direitos e
liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à
soberania e à cidadania que dependem da edição de norma regulamentadora.
Esse direito está previsto no Art. 5º, LXXI, da Constituição Federal. O Mandado
de Injunção pode ser individual ou coletivo. O Mandado de Injunção Coletivo
pode ser impetrado por entidades que representem coletivamente os interesses
dos seus associados ou membros. A Lei 13.300/2016 disciplina o processo e o
julgamento dos mandados de injunção individual e coletivo 12. As demais
alternativas estão erradas porque não correspondem ao meio processual
adequado para o caso.
Questão 13

Carlos, praticante de religião politeísta, é internado em hospital de orientação


cristã e solicita assistência espiritual a ser conduzida por um líder religioso de
sua crença.

Os parentes de Carlos, mesmo cientes de que a assistência solicitada se


resumiria a uma discreta conversa, estão temerosos de que a presença do
referido líder coloque em risco a permanência de Carlos no hospital, em virtude
de representar uma vertente religiosa não aderente à fé adotada pela instituição
hospitalar.

Os parentes de Carlos o procuram, como advogado(a), para conhecer os


procedimentos adequados à situação narrada.

Você os informou que, segundo o sistema jurídico-constitucional brasileiro, o


hospital

(A) pode negar a autorização para a assistência espiritual em religião diversa


daquela preconizada pela instituição, embora não fosse o caso de Carlos perder
a vaga.

(B) não pode negar o apoio espiritual solicitado, mesmo que a assistência seja
prestada em bases religiosas diversas daquela oficialmente preconizada pelo
hospital.

(C) somente está obrigado a autorizar a assistência religiosa caso já tivesse


permitido que sacerdote de outra religião exercesse atividades religiosas em
suas instalações.

(D) tem, como instituição privada, total autonomia para estabelecer regras para
situações como esta, podendo permitir ou negar o pedido, de acordo com seu
regulamento interno.

Resposta: A alternativa correta é a letra B. A Constituição Federal prevê, no


Art. 5º, VI, que “é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo
assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a
proteção aos locais de culto e a suas liturgias”. Além disso, o Art. 5º, VII,
assegura que “é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência
religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva”. Portanto, o
hospital não pode negar o apoio espiritual solicitado por Carlos,
independentemente da religião que ele professa. A Lei 9.982/2000 dispõe sobre
a prestação de assistência religiosa nas entidades hospitalares públicas e
privadas34. As demais alternativas estão erradas porque contrariam o texto
constitucional e a lei sobre a matéria.
Questão 14

Márcio, deputado estadual do Estado-membro Alfa e líder do governo na


Assembleia, vem demonstrando grande preocupação com o excessivo número
de projetos de lei que chegam à Casa Legislativa do Estado e que, segundo ele,
se aprovados, trarão muitas inovações e, em consequência, elevado grau de
insegurança jurídica aos cidadãos.

Por isso, ele sugere que o governador proponha uma emenda à Constituição do
Estado (PEC estadual), no sentido de tornar mais dificultoso o processo
legislativo para aprovação de lei ordinária. Sua ideia é a de que, ao invés de
maioria relativa, a aprovação de lei ordinária apenas se configure caso atingido
o quórum de maioria absoluta dos membros da Assembleia legislativa de Alfa.

Avaliada pelos Procuradores do Estado Alfa, estes informam, acertadamente,


que, segundo o sistema jurídico constitucional brasileiro, a sugestão de Márcio,
acerca da alteração no processo legislativo de Alfa

(A) pode ser levada adiante, já que, no caso, com base no princípio federativo,
há total autonomia do Estado-membro para a elaboração de suas próprias
regras quanto ao processo legislativo.

(B) pode ser levada adiante, já que apenas não seria possível a proposta de
emenda que viesse a facilitar o processo legislativo para a alteração de leis
ordinárias.

(C) é inconstitucional, pois, com base no princípio da simetria, o tema objeto da


suposta emenda tem de ser disciplinado com observância das regras
estabelecidas pela Constituição Federal de 1988.

(D) é inválida, pois a Constituição Federal de 1988 veda aos detentores do cargo
de Chefe do Poder Executivo o poder de iniciativa para propor a alteração no
texto constitucional estadual.

Resposta: A alternativa correta é a letra C. A sugestão de Márcio é


inconstitucional porque viola o princípio da simetria, que impõe aos Estados-
membros a observância das normas constitucionais federais sobre a
organização dos poderes e as funções essenciais à justiça. O Art. 25 da
Constituição Federal determina que os Estados organizem-se e regem-se pelas
Constituições e leis que adotarem, observados os princípios desta Constituição.
O Art. 61 da Constituição Federal estabelece que a iniciativa das leis ordinárias
cabe a qualquer membro ou Comissão da Câmara dos Deputados, do Senado
Federal ou do Congresso Nacional, ao Presidente da República, ao Supremo
Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores, ao Procurador-Geral da República e
aos cidadãos. O Art. 69 da Constituição Federal dispõe que as leis ordinárias
serão aprovadas por maioria simples. Portanto, os Estados-membros devem
seguir essas regras sobre o processo legislativo das leis ordinárias e não podem
alterá-las por meio de emendas constitucionais estaduais. As demais
alternativas estão erradas porque não refletem o que dispõe a Constituição
Federal sobre o princípio da simetria.

Questão 15

O Presidente da República, ao finalizar projeto de lei de sua iniciativa privativa,


é aconselhado por um assessor que encaminhe o texto ao Senado Federal, de
forma a ali dar início à discussão e à votação do referido projeto. A justificativa
para que o Senado Federal fosse definido como a casa iniciadora do projeto de
lei era a de que a matéria teria recebido grande apoio no âmbito do Senado
Federal. O Presidente da República, então, solicita que sua assessoria analise a
possibilidade ventilada.

Estes, após cuidadosa avaliação, informam ao Presidente da República que,


segundo a ordem jurídico-constitucional brasileira, a discussão e a votação dos
projetos de lei de iniciativa do Presidente da República terão início

(A) na Câmara dos Deputados ou no Senado Federal, conforme escolha


discricionária de sua parte.

(B) na Câmara dos Deputados, necessariamente, sendo que ao Senado Federal


restará o papel de casa revisora.

(C) por vezes na Câmara dos Deputados, por vezes no Senado Federal, devendo
apenas ser respeitada a regra de alternância entre elas.

(D) por regra, no Senado Federal, salvo exceções estabelecidas na Constituição


Federal de 1988.

Resposta: A alternativa correta é a letra B. A discussão e a votação dos projetos


de lei de iniciativa do Presidente da República terão início na Câmara dos
Deputados, necessariamente, sendo que ao Senado Federal restará o papel de
casa revisora. O Art. 64 da Constituição Federal determina que a discussão e a
votação dos projetos de lei de iniciativa do Presidente da República, do
Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores terão início na Câmara
dos Deputados. O Art. 65 da Constituição Federal estabelece que o projeto de lei
aprovado por uma Casa será revisto pela outra, em um só turno de discussão e
votação, e enviado à sanção ou promulgação, se a Casa revisora o aprovar, ou
arquivado, se o rejeitar. Portanto, o Presidente da República não pode escolher
qual Casa iniciará a discussão e a votação do seu projeto de lei. As demais
alternativas estão erradas porque contrariam o texto constitucional sobre o
processo legislativo.

Prova: 38º Exame de Ordem Unificado


Questão 16

Preocupado com a qualidade da educação básica ofertada pela rede de ensino


municipal do Município Teta, o prefeito da cidade pretende apresentar projeto
de lei à Câmara Municipal, no qual uma série de melhorias está prevista. No
entanto, ciente da ausência de recursos orçamentários e financeiros para
efetivar o que está previsto no projeto, o Prefeito levantou a hipótese de criar
uma taxa de serviço, que seria paga por aqueles que viessem a se utilizar dos
serviços municipais de educação básica (ensinos fundamental e médio) em seus
estabelecimentos oficiais. Antes de enviar o projeto de lei, o Prefeito consultou
sua assessoria sobre a conformidade constitucional do projeto, sendo lhe
corretamente informado que a cobrança da referida taxa

(A) caracterizaria efetiva violação à ordem constitucional, posto ser o acesso


gratuito à educação básica um direito subjetivo de todos.

(B) poderia ser exigida, contanto que o valor cobrado como contraprestação
pelo serviço de educação não afrontasse o princípio da proporcionalidade.

(C) apenas poderia ser exigida daqueles que não conseguissem comprovar, nos
termos legalmente estabelecidos, a hipossuficiência econômica.

(D) poderia ser exigida dos estudantes do ensino médio, mas não dos
estudantes do ensino fundamental, aos quais a ordem constitucional assegura a
gratuidade.

Resposta: A alternativa correta é a letra A. A cobrança da referida taxa


caracterizaria efetiva violação à ordem constitucional porque contraria o direito
fundamental à educação. O Art. 6º da Constituição Federal estabelece que “são
direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o
transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade
e à infância, a assistência aos desamparados”. O Art. 208 da Constituição
Federal determina que “o dever do Estado com a educação será efetivado
mediante a garantia de: I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro)
aos 17 (dezessete) anos de idade”. Portanto, o acesso gratuito à educação básica
é um direito subjetivo de todos e não pode ser condicionado ao pagamento de
taxa. As demais alternativas estão erradas porque não refletem o que dispõe a
Constituição Federal sobre o direito à educação.

Questão 17

A Lei nº YYY do Município Alfa revogou o adicional por tempo de serviços


(ATS), abolindo-o por inteiro com efeitos retroativos absolutos. Além disso,
estabeleceu as regras para que os servidores não só deixassem de receber o
referido adicional, como também para que devolvessem todas as quantias por
eles recebidas a título de ATS. A medida foi justificada sob o argumento de que
haveria significativa economia das despesas públicas e, por isso, seria possível o
aumento nos investimentos em saúde e em educação. Os servidores, por sua
vez, alegaram clara violação ao direito adquirido e ao ato jurídico perfeito em
relação à determinação de devolução dos valores já recebidos. Sobre a questão
em discussão, segundo o sistema jurídico constitucional, assinale a afirmativa
correta.

(A) A Lei nº YYY apresenta indiscutível interesse público, portanto, a


retroatividade absoluta é válida, encontrando-se de acordo com o que
determina o sistema jurídico-constitucional.

(B) A garantia ao direito adquirido não se aplica às normas municipais, que


podem, por razões econômicas, produzir efeitos retroativos.

(C) A retroatividade absoluta da Lei nº YYY fere o texto constitucional, pois


afeta situações já constituídas e exauridas em momento pretérito.

(D) O direito adquirido, por determinação constitucional expressa, pode ser


desconsiderado nas situações em que o seu reconhecimento inviabilize políticas
públicas nas áreas de educação e saúde.

Resposta: A alternativa correta é a letra C. A retroatividade absoluta da Lei nº


YYY fere o texto constitucional porque viola o direito adquirido e o ato jurídico
perfeito dos servidores que receberam o adicional por tempo de serviço. O Art.
5º, XXXVI, da Constituição Federal estabelece que “a lei não prejudicará o
direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada”. O direito adquirido
é aquele que já se incorporou ao patrimônio do titular, de forma definitiva e
irreversível. O ato jurídico perfeito é aquele que já se consumou segundo a lei
vigente ao tempo em que se efetuou. Portanto, a Lei nº YYY não pode retroagir
para revogar o adicional por tempo de serviço nem exigir a devolução dos
valores já recebidos pelos servidores. As demais alternativas estão erradas
porque contrariam o texto constitucional sobre o direito adquirido e o ato
jurídico perfeito.

Você também pode gostar