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INTRODUÇÃO E PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS

CONCEITOS INICIAIS APLICABILIDADE DAS NORMAS

Constituição é a lei fundamental e suprema de um país Para José Afonso da Silva, a aplicabilidade das normas é
Ela é criada pela vontade soberana do povo e determina a classificada em três grupos (eficácia plena, contida e limitada)
organização político-jurídica de um país Na doutrina americana (clássica) são classificadas apenas em
Ela é o fundamento de validade de outras normas jurídicas normas autoexecutáveis e em normas não-autoexecutáveis
Para J. J. Canotilho, a concepção de constituição ideal é de Alguns autores consideram normas de eficácia exaurida e
caráter liberal e possui como características (1) ser escrita, (2) aplicabilidade esgotada (cujos efeitos cessaram, sem eficácia)
adotar um sistema democrático formal e (2) conter um sistema 1 NORMAS DE EFICÁCIA PLENA
de direitos individuais e (3) o princípio da separação de poderes As normas de eficácia plena são aquelas que produzem (ou
ESTRUTURA DAS CONSTITUIÇÕES podem produzir) todos os efeitos possíveis
As constituições possuem em sua estrutura um preâmbulo, a São autoaplicáveis (não precisam de lei regulamentadora)
parte dogmática e disposições transitórias Mesmo não precisando, esse tipo de lei pode existir
O preâmbulo antecede o texto e define as intenções do constituinte São não-restringíveis (não podem ser limitadas por uma lei)
Ele orienta a interpretação da constituição Possuem aplicabilidade direta, imediata e integral
Segundo o STF não é norma constitucional 2 NORMAS DE EFICÁCIA CONTIDA (OU PROSPECTIVA)
Suas disposições não são de reprodução obrigatória São normas que estão aptas a produzir todos os seus efeitos
Não dispõe de força normativa e não tem caráter vinculante desde a promulgação, mas que podem ser restringidas
A parte dogmática é o texto constitucional propriamente dito A atuação do legislador é discricionária (ele não é obrigado a
As disposições transitórias integram a ordem jurídica antiga à nova restringir, mas pode - se quiser - editar lei)
Suas normas são formalmente constitucionais Também são normas autoaplicáveis, mas são restringíveis
Podem, inclusive, ser modificadas por reforma constitucional Podem ser restringidas por uma lei, por outra norma constitucional
Podem ser paradigma para o controle de constitucionalidade ou por conceitos ético-jurídicos indeterminados
Possuem aplicabilidade direta, imediata e possivelmente não-integral
SENTIDOS DA CONSTITUIÇÃO 3 NORMAS DE EFICÁCIA LIMITADA
1 Sentido Sociológico - Concebido por Ferdinand Lassalle Não estão aptas a produzir todos os efeitos com a promulgação
A constituição é a soma dos fatores reais de poder da Constituição e dependem de regulamentação futura para isso
A constituição real não é uma norma jurídica, é um fato social São não-autoaplicáveis (dependem de norma para produzir efeitos)
Há diferenciação entre a constituição real (efetiva) e a escrita Possuem aplicabilidade indireta, mediata e reduzida
(que seria uma mera folha de papel) Mesmo assim, possuem eficácia jurídica (chamada “eficácia mínima”)
Produzem efeitos negativos (revogação de disposições anteriores
2 Sentido Político - Concebido por Carl Schimitt
e na proibição de leis posteriores que se oponham a elas)
A constituição é a decisão política fundamental Produzem efeitos vinculativos (obrigam o legislador a editar
O povo é titular do poder constituinte normas regulamentadoras sob pena de omissão inconstitucional)
Distingue a normas materialmente constitucionais (temas ligados José Afonso da Silva divide essas normas em dois grupos
a estrutura do estado) de normas formalmente constitucionais O primeiro é das normas declaratórias de princípios institutivos ou
(apenas inseridos no texto constitucional) organizativos (que podem ser impositivas ou facultativas)
Para Carl Schmitt, a constituição ideal deve (1) ser escrita, (2) O segundo é o dos princípios programáticos (que estabelecem
contemplar a separação de poderes e (3) garantir as liberdades programas que serão desenvolvidos infraconstitucionalmente)
públicas e os direitos individuais CLASSIFICAÇÃO DE ACORDO COM MARIA HELENA DINIZ
3 Sentido Jurídico - Concebido por Hans Kelsen 1 NORMAS COM EFICÁCIA ABSOLUTA
A constituição é um corpo de normas jurídicas fundamentais à São aquelas que não podem ser suprimidas por emenda constitucional
estruturação do Estado, dotada de plena força normativa 2 NORMAS COM EFICÁCIA PLENA (IGUAL A CLASSIFICAÇÃO ANTERIOR)
Serve de fundamento de validade para normas subsequentes
3 NORMAS COM EFICÁCIA RELATIVA RESTRINGÍVEL
A constituição é norma jurídica pura (sem conotações)
Correspondem às normas de eficácia contida de José Afonso da Silva
A constituição possui dois sentidos, o sentido lógico-jurídico e o
Possuem cláusula de redutibilidade (podem ser restringidas)
sentido jurídico-positivo
4 NORMAS COM EFICÁCIA RELATIVA COMPLEMENTÁVEL
Em sentido lógico-jurídico, a constituição é norma fundamental
hipotética (NFH) (fundamento de validade da própria constituição) São equivalentes às normas de eficácia limitada de José Afonso da Silva
Em sentido jurídico-positivo, a constituição é norma jurídica CLASSIFICAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES
suprema (fundamento de validade das demais normas)
CONTEÚDO Material - Só tem normas materialmente constitucionais
PIRÂMIDE DE KELSEN
Formal - Só tem normas materialmente constitucionais
Foi concebida por Hans Kelsen e representa a hierarquia das normas
FORMA Escrita - As normas estão escritas num único documento
Normas jurídicas inferiores (fundadas) retiram seu fundamento de
Não escrita - Normas esparsas, costumes e jurisprudências
validade das normas jurídicas superiores (fundantes)
O topo da pirâmide é a constituição (nenhuma norma pode se opor a ela) Promulgada - Feita com participação do povo
Constituição, emendas constitucionais (ECs) e tratados ORIGEM Outorgada - Feita sem a participação popular
de direitos humanos aprovados com o quórum das ECs
Cesarista - Feita por outorga + Referendo popular para aprovação
Pactuada - Feita por acordo de vontade de grupos antagônicos
Nível supralegal: Tratados internacionais de direitos
humanos aprovados pelo rito ordinário
NÍVEL SUPRALEGAL Imutável - Não admite alteração de nenhuma forma
Leis complementares, ordinárias, delegadas, medidas Rígida - Admite alteração por processo dificultoso
ESTABILIDADE Flexível - Admite alteração por processo simplificado
provisórias, decretos legislativos, resoluções, tratados
internacionais em geral e decretos autônomos Semirrígida - Algumas normas tem alteração rígida e outras flexível
Normas infralegais: Decretos executivos, portarias, Super-Rígida - Algumas normas tem alteração rígida e outras são imutáveis
instruções normativas Analítica - Há normas materialmente e formalmente constitucionais
4 Sentido Culturalista - Concebido por J. H. Meirelles Teixeira Sintética - Apenas normas materialmente constitucionais
A constituição é fruto de um fato cultural (integra todos os aspectos) Garantia - Cria limites para a atuação do Estado
FINALIDADE
Dirigente - Dirige programas institucionais
HISTÓRICO DAS CONSTITUIÇÕES Balanço - Descreve a organização política do Estado
O Brasil teve 8 Constituições (1824, 1891, 1934, 1937, 1946, 1967, EC 01 1969 MODO DE ELABORAÇÃO Dogmática - Fruto do pensamento de uma época
- Para a maioria da doutrina considerada uma Constituição nova - e 1988) Histórica - Resultado do passar dos anos (história)
As constituições de 1891, 1934, 1946 e 1988 foram promulgadas e as MODO DE SER Normativa - Conduz o processo político
demais - 1824, 1937, 1967 e 1969 foram outorgadas (ONTOLÓGICA) Semântica - Não pretende conduzir o processo político
A constituição de 1824 foi a mais diferente, pois possuía 4 poderes Nominativa - Pretende conduzir o processo político, mas não consegue
(Poder Moderador) e previa um Estado Unitário e a Monarquia A classificação da Constituição Federal de 1988 está sublinhada
 ELEMENTOS DAS CONSTITUIÇÕES
Elementos orgânicos são normas que regulam estrutura de Estado e poder
Elementos limitativos limitam o poder do Estado e trazem os direitos e
garantias fundamentais
Elementos socioideológicos são normas que revelam o compromisso das
Constituições modernas entre o Estado liberal e o Estado Social
Elementos de estabilização constitucional são normas destinadas a
assegurar soluções de conflitos constitucionais, a defesa da Constituição
Federal, do Estado e das instituições democráticas
Elementos formais de aplicabilidade são regras de aplicação das Constituições
PODER CONSTITUINTE
A teoria do poder constituinte foi concebida pelo abade francês
Emmanuel Sieyès em sua obra "O que é o Terceiro Estado?"
Poder Constituinte é aquele que cria a Constituição, enquanto os
poderes constituídos são aqueles estabelecidos por ela
Para Emmanuel Sieyès, o titular do poder constituinte é a nação,
contudo, na visão moderna, o titular é o povo
Embora o titular seja o povo, nem sempre a criação é democrática
A forma do exercício pode ser democrática (ou por convenção) ou
autocrática (ou por outorga), mas o titular sempre é o povo
A forma democrática de exercício pode se dar tanto diretamente
(por plebiscito ou referendo) quanto indiretamente (representantes)
O poder constituinte pode ser originário ou derivado
Também fala-se em um poder constituinte supranacional, onde
vários Estados abrem mão de parte de sua soberania em prol de um
poder central (como ocorre na União Europeia)
1 Poder constituinte originário (de 1º grau ou genuíno)
É o poder de criar uma nova constituição
É político, inicial, incondicionado, permanente, ilimitado e autônomo
É político porque é um poder de fato (anterior ao direito)
Os jusnaturalistas defendem que o poder constituinte é um poder de
direito (contudo essa corrente é minoritaria)
É inicial porque dá início a uma nova ordem jurídica
É incondicionado porque não se sujeita a qualquer forma ou
procedimento predeterminado em sua manifestação
É permanente porque não se esgota com a elaboração de uma nova
constituição (fica em estado de "latência")
É ilimitado pois não se submete a limites da ordem jurídica anterior
O STF entende que não há possibilidade de se invocar direito
adquirido contra normas constitucionais originárias
Para os positivistas realmente o poder é ilimitado juridicamente, mas
os jusnaturalistas entendem que há limites no direito natural
A doutrina majoritária adota a corrente positivista
Mesmo sendo ilimitado, é necessário obedecer a padrões e modelos
de condutas radicados na consciência jurídica geral da comunidade
É autônomo pois é livre para definir o conteúdo da nova constituição
Para alguns autores esse é um sinônimo de ilimitado
CLASSIFICAÇÕES DO PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO
QUANTO AO MOMENTO DA MANIFESTAÇÃO QUANTO ÀS DIMENSÕES
Histórico Material
Responsável pela criação da primeira Momento inicial, onde determina
Constituição de um Estado os valores protegidos
Pós-Fundacional Formal
Cria uma nova Constituição para o Atribui juridicidade àquele que
Estado (substitui uma anterior) será o texto constitucional
2 Poder constituinte derivado (de 2º grau)
É o poder de alterar a Constituição Federal (CF) e de elaborar as
Constituições Estaduais
É jurídico, derivado, limitado e condicionado
É jurídico porque é regulado pela Constituição vigente
É derivado porque é fruto do poder constituinte originário
É limitado (ou subordinado) porque não pode desrespeitar a
Constituição Federal (sob pena de inconstitucionalidade)
É condicionado porque a forma do seu exercício é determinada
pela Constituição Federal
Se subdivide em poder constituinte derivado reformador e poder
constituinte derivado decorrente
O derivado reformador é o poder de alterar a constituição vigente
O derivado decorrente é o poder de criação de constituições
estaduais para auto-organização dos Estados
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
Os princípios constitucionais podem ser de duas espécies
Princípios político-constitucionais são decisões políticas fundamentais
Princípios jurídico-constitucionais são os princípios gerais da ordem
jurídica encontrados no texto constitucional
Princípios Fundamentais são valores que orientam o Poder
Constituinte Originário na elaboração da Constituição
Art. 1º Fundamentos da República Federativa do Brasil
A República Federativa do Brasil é formada pela união
indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal
SÃO FUNDAMENTOS DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL
SO BERANIA CI DADANIA DI GNIDADE DA PESSOA HUMANA
VA LORES SOCIAIS DO TRABALHO E DA LIVRE INICIATIVA PLU RALISMO POLÍTICO
MNEMÔNICO: SO-CI-DI-VA-PLU
A soberania é atributo do Estado (país) que garante que sua
vontade não será subordinada a outro país (poder supremo)
A cidadania é direito fundamental que garante a participação
popular na vida política do Estado
A dignidade da pessoa humana é a base de todos os outros
direitos fundamentais e possui elevada densidade normativa
É legítima a união homoafetiva como entidade familiar
A pesquisa com células-tronco embrionárias não ofende o direito
à vida nem a dignidade da pessoa humana
A submissão compulsória do pai ao exame de DNA na investigação
de paternidade não é possível (viola a dignidade da pessoa humana)
Os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa reforçam o
caráter capitalista do estado e atribuem ao trabalho valor social
O princípio da livre iniciativa não pode ser invocado para afastar
regras de regulamentação do mercado e de defesa do consumidor
O pluralismo político visa garantir a inclusão de grupos sociais
diversos, no processo político nacional
A crítica jornalística é legitimada pelo pluralismo político
O pluralismo político não permite o discurso de ódio
O Brasil a forma federativa de estado
Os entes federativos (União, Estados, DF e Municípios) são autônomos
São pessoas jurídicas de direito público que mantêm entre si um vínculo
indissolúvel (princípio da indissolubilidade do vínculo federativo)
A outra forma de Estado existente, mas não adotada pelo Brasil, é o
estado unitário (nele o poder é totalmente centralizado)
As características da federação são autonomia e participação
Autonomia é diferente de soberania (que só os países possuem)
A União possui apenas autonomia (mesmo representando a República
Federativa do Brasil no plano internacional)
A federação brasileira é cooperativa e é resultado de um movimento
centrífugo (formou-se por segregação)
O Brasil adota a forma republicana de governo
O poder dos governantes é eletivo, representativo e transitório
É fundada na igualdade formal das pessoas
O regime político adotado pelo Brasil é a democracia
Vive-se o Estado Constitucional (Estado de direito + democrático)
A Democracia brasileira é semidireta ou participativa (há eleição
e meios de participação direta, como o plebiscito e o referendo)
Art. 2º Harmonia e Independência entre os Poderes
São poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o
executivo, o legislativo e o judiciário
Cada poder exerce funções típicas e atípicas
A independência não é absoluta, já que há o sistema de freios e
contrapesos que prevê interferência de um poder sobre o outro
Os freios e contrapesos nas constituições estaduais só se legitimam
se tiverem estrita similaridade com casos da Constituição Federal
É vedado à Constituição Estadual criar novas formas de interferência
de um poder sobre o outro
É inconstitucional subordinar atos, acordos, contratos ou convênios
de Secretaria de Estado à aprovação de Assembleia Legislativa
Art. 3º Objetivos Fundamentais da República Federativa do Brasil
1 “Construir uma sociedade livre, justa e solidária”
2 “Garantir o desenvolvimento nacional”
3 “Erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir desigualdades
sociais e regionais”
4 “Promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça,
sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação”
Art. 4º Princípios que regem o Brasil nas Relações Internacionais
Independência nacional Bizu para lembrar dos objetivos
Prevalência dos direitos humanos fundamentais:
Autodeterminação dos povos “Conga erra pro(va)”
Não-intervenção
Bizu para lembrar dos princípios
Igualdade entre os Estados de relações internacionais
Defesa da paz I-P-A-N-I-D-S-R-C-C
Solução pacífica dos conflitos
Repúdio ao terrorismo e ao racismo
Cooperação entre os povos para o progresso da humanidade
Concessão de asilo político
A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica,
política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à
formação de uma comunidade latino-americana de nações