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FESTAS DO POVO DE DEUS


Levítico 23.1,2

Praticamente todos os povos do mundo têm festas e celebrações diversas. Qualquer


festa é um momento muito especial na vida dos que a celebram. Os povos que
viveram no Oriente Médio, nos tempos bíblicos, vizinhos de Israel, tinham muitas
festas, nas quais não era difícil a ocorrência de excessos diversos.

O antigo povo de Israel também tinha uma grande quantidade de festas, nas quais,
com muita alegria, celebravam, diante de Deus, diferentes aspectos de sua fé (na
verdade, os judeus, até hoje, têm suas festas religiosas).

Mas as festas de Israel eram diferentes das festas de seus vizinhos. Várias delas
estavam ligadas à vida rural, aos ritmos de plantação e colheita, que o povo entendia
que não aconteciam por acontecer, mas porque Deus tinha concedido sua bênção à
terra.

O antigo povo de Israel era muito "festeiro": havia festas em ocasiões diversas, como
o desmame de uma criança (Gn 21.8), um casamento (Gn 29.21,22), a comemoração
de uma vitória (Ex 15) ou a entronização de um rei (I Rs 1.38-40).

Além das grandes festas religiosas, que são objeto de consideração neste estudo,
havia festas "menores", como o sábado, a lua nova (talvez ligada à comemoração de
passagem de ano), o ano sabático e o ano do jubileu. O Novo Testamento menciona
algumas destas festas, como Páscoa (Mt 26.17), Pentecostes (At 2), Tabernáculos (Jo
7.2) e Dedicação do templo (Jo 10.22).

Este quadro levanta algumas questões para os cristãos. Uma delas: é válido para os
cristãos a realização de festas que celebrem aspectos da fé? Evidentemente, deve- se
buscar base bíblica para responder a esta pergunta. É importante pensar a questão do
lugar das festas na prática da espiritualidade, porque muitos associam a santidade, na
vida religiosa, à tristeza, além de associarem festa a pecado.

O povo de Israel manifestou sabedoria quando soube incorporar o elemento festivo à


sua caminhada de fé. Comentando a respeito, o pastor D. Freeman disse: "A alegria
expressa (nas festas) era sentida no coração. A entrega religiosa não era incompatível
com o prazer nas coisas temporais, as quais eram concebidas com dons da parte de
Deus (Lv 23.40; Dt 16.14).

A resposta favorável do participante era religiosamente ética. O reconhecimento do


pecado e a devoção à lei de Deus estavam igualmente envolvidos". O quadro a seguir,
elaborado pelo já citado Freeman, ajuda a visualizar melhor a questão das festas em
Israel:

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MÊS EQUIVALENTE MODERNO FESTA


1 Nisan Março-abril Dias 14-21
Páscoa; festa do
pão sem fermento.
(Ex 12.3-20;
Lv23.6;Dt 16.1-8).

2 Sivan Maio-junho Dia 6


Pentecostes: festa
das semanas, das
primícias, festa da
colheita.
(Ex 23.16; 34.22;
Nm 28.26; Lv
23.16).

3 Tisri Setembro-outubro Dia 1


Trombetas
(Lv 23.24; Nm
29.1).

Dia 10
Dia da Expiação
(Ex 30.10; Lv
23.26-31).

Dias 15-21
Tabernáculos

(Ex 23.16; Lv
23.34; Nm 29.12-
38; Dt 16.13).

4 Adar Fevereiro-março Dia 14


Purim
(At 9)

Quanto ao significado das festas:

• A festa da Páscoa e dos Pães Asmos: duas festas que, originalmente, eram
independentes, mas que passaram a ser combinadas pela coincidência com suas
datas. A Páscoa é a lembrança da libertação dos filhos de Israel do Egito. A festa dos
Pães Asmos lembrava o início da colheita da cevada.

• A festa das Semanas (Pentecostes): celebrada sete semanas (uma semana de


semanas) após o início da colheita da cevada, era uma festa de alegre agradecimento
a Deus pela colheita obtida. Mais tarde, o judaísmo incorporou à comemoração da
festa de Pentecostes a comemoração litúrgica do recebimento da Lei no monte Sinai.

• A festa dos Tabernáculos e o Dia da Expiação: conforme Levítico 23.42,43, esta


festa lembra o tempo em que os filhos de Israel habitavam em tendas durante a
peregrinação no deserto. O Dia da Expiação era (e até hoje é, no judaísmo) a festa
mais solene de todas: celebra o perdão dos pecados que Deus concede ao seu povo.

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• Purim: a mais recente das festas, comemora a libertação dos judeus no tempo da
rainha Ester, do massacre que Hamã intentou contra eles.

Este é um convite ã reflexão sobre a alegria e a festa na vida cristã.

1 - TEMPOS SAGRADOS
As festas de Israel nos lembram que há tempos sagrados. Épocas especiais para se
lembrar dos atos de Deus na natureza e na história a favor de seu povo. Nossa
sociedade conhece algumas festas oficialmente instituídas, como o Natal (25 de
dezembro) e a Sexta Feira Santa (ou da Paixão).

O problema é que muitas pessoas veem estes dias apenas como feriados, ou seja,
oportunidade para passear, viajar, fazer compras, participar de banquetes especiais,
enfim, fazer qualquer coisa, menos se lembrar do verdadeiro propósito desses dias.
Isto é um sinal de secularização, isto é, não considerar o aspecto espiritual da
existência.

Muitos vivem como se a vida fosse apenas o aqui e o agora, esquecendo-se que há
algo além. Não é sábio viver assim. Os textos bíblicos, como os de Levítico, que nos
falam sobre as festas do povo de Deus, precisam ser resgatados, quando nos
lembram que é necessário, periodicamente, parar com as atividades rotineiras da vida,
para celebrar as ações de Deus no mundo.

Alguém poderá fazer objeção, dizendo que não é necessário celebrar uma festa para
se lembrar dos atos de Deus. Se fosse assim, Deus mesmo não teria ordenado a
instituição das festas.

Lembremo-nos, ainda, que o próprio Senhor Jesus ordenou que se celebrasse,


continuamente, uma refeição especial - a Santa Ceia - em memória dele, de seu
sacrifício a nosso favor. Na verdade, as festas constituem-se em uma grandiosa
manifestação da graça de Deus a favor de seu povo.

2 - ALEGRIA SAGRADA
O Deus revelado nas Escrituras Sagradas gosta da alegria. Portanto, pela sua graça,
per-mitiu que o povo com quem entrou em aliança tivesse tantas festas sagradas. A
Bíblia fala muito da alegria como um dom divino.

O próprio Deus se alegra em seu povo (Sf 3.14- 17), pois ele é fonte de alegria para
seu povo (Ne 8.10; SI 68.4; 149.2). Portanto, deve ser servido, isto é, cultuado, com
alegria (SI 100.2). 0 que vem de Deus, como a Lei (SI 1.2; 19.9; 119.162), ou
quaisquer outras bênçãos (SI 31.8; 92.5), produz alegria.

Mais tarde, o Novo Testamento afirmará que a alegria é parte do fruto do Espírito
Santo na vida dos servos de Jesus (Gl 5.22). Este resumo do ensino bíblico sobre a
alegria ajuda a entender um pouco melhor a importância das festas. Pois fica claro que
foram concedidas por Deus ao povo, com quem entrou em aliança como possibilidade
de manifestação de alegria santa na presença dele.

Também não se pode esquecer que as festas antecipam a maior de todas as festas -
o grande banquete messiânico, que acontecerá por ocasião da parousia, isto é, a
segunda vinda do Senhor Jesus (cf. Is 25.6-9; Lc 13.29; 14.15). Não sem razão, o
conhecido pensador cristão C. S. Lewis lembra que "a alegria é o negócio sério dos
céus". No inferno, lugar de choro e ranger de dentes, não haverá festas (Mt 24.51).

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3 - VIDA SAGRADA
Já tem sido dito, mais de uma vez, nesta série, que uma das principais características
teológicas de Levítico é sua forte ênfase no ensino de que tudo na vida, toda a vida e
a vida toda deve ser vivida em santidade.

Na vida da aliança com Deus não há a separação que alguns insistem em fazer entre
o que é sagrado e o que é impuro. Afinal, todas as coisas são puras para os puros (Tt
1.15), purificados pelo sangue de Jesus. Este é o significado de viver para o Senhor:
"portanto, quer comais, quer bebais, o que quer que façais, fazei tudo para a glória de
Deus" (I Co 10.31).

Em outra ocasião, o mesmo apóstolo Paulo afirmou: "pois se vivemos, para o Senhor
vivemos; se morremos, para o Senhor morremos. Quer pois vivamos ou morramos,
somos do Senhor" (Rm 14.8). É por isso que o povo de Deus tem tantas festas. Não
há dúvida que o Senhor Jesus participou das festas de seu povo. Isto deve nos
ensinar que toda nossa vida deve ser vivida para a glória de Deus.

AUTOR: REV. CARLOS RIBEIRO CALDAS FILHO

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