Você está na página 1de 8

Pentecostes

Resumo bíblico e histórico

Pentecostes é o nome grego de uma das três principais


festas de Israel, chamada no Antigo Testamento de
“Festa das Semanas”. Foi no também no dia de
Pentecostes que o Espírito Santo foi derramado
conforme prometido nas Escrituras, marcando a
expansão da Igreja com a pregação do Evangelho em
todo o mundo.

O que significa Pentecostes?


A palavra “Pentecostes” deriva de um termo grego,
pentekoste, que significa “quinquagésimo”, uma
referência ao quinquagésimo dia depois da Páscoa,
mais especificamente ao dia depois da oferta de
manjares durante a Festa dos Pães Asmos. Como o
Antigo Testamento foi escrito em hebraico (com
exceção de pequenos trechos em aramaico), essa
palavra aparece na Bíblia em apenas três referências no
Novo Testamento (Atos 2:1; 20:16; 1 Coríntios 16:8).

O Pentecostes no Antigo Testamento


Existem várias referências, diretas e indiretas, ao
festival de Pentecostes no Antigo Testamento (Êxodo
23:16; Levítico 23:15-22; Números 28:26-31 e
Deuteronômio 16:9-16). Essa festa aparece no Antigo
Testamento com outros nomes, como:
1. Festa das Semanas, referindo-se à sete semanas
após a oferta das primícias (Êxodo 34:22;
Deuteronômio 16:10,16; 2 Crônicas 8:13).
2. Festa da Colheita, referindo-se à colheita dos grãos
(Êxodo 23:16).
3. O Dia das Primícias, referindo-se às primícias de
uma colheita (Números 28:26).
A Bíblia não afirma claramente o significado histórico
específico do Pentecostes, mas as designações “Festa da
Colheita” e “Dia das Primícias” são muito significativa
para entendermos essa festividade, onde os judeus
apresentavam os primeiros frutos da colheita de trigo
(Números 28:26).
Essa festa era entendida como uma santa convocação,
de modo que no dia de Pentecostes nenhum trabalho
servil poderia ser executado (Levítico 23:21). Nesse
dia, dois pães assados deveriam ser trazidos dos lares
dos judeus, juntamente com as ofertas de sacrifício
animal para a expiação dos pecados e oferta pacífica.
Esse era um dia de grande alegria, onde os judeus
expressavam a gratidão ao Senhor pela providência da
colheita, bem como também indicava um lembrete do
livramento da escravidão no Egito (cf. Deuteronômio
16:12-16; Jeremias 5:24).
Mais tarde, o Pentecostes passou a ser considerado
pelos judeus como o aniversário da transmissão da Lei
à Moisés no Sinai. Eles calcularam, com base em Êxodo
19:1, que esse evento ocorreu no quinquagésimo dia
depois do êxodo, e por isso tal entendimento se tornou
uma tradição.

O Pentecostes no Novo Testamento


O Pentecostes é mencionado no Novo Testamento em
três passagens diferentes. A primeira, e mais
significativa, faz referência ao dia em que o Espírito
Santo foi derramado sobre os cristãos em Jerusalém
(Atos 2).
A segunda referência trata de quando o apóstolo Paulo
estava decidido a não se demorar na Ásia a fim de
poder estar em Jerusalém até o dia do Pentecostes
(Atos 20:16). A terceira referência mostra Paulo
disposto a permanecer em Éfeso até o Pentecostes,
devido a uma “porta grande e eficaz” que lhe tinha sido
aberta (1 Coríntios 16:9).

O derramamento do Espírito Santo no dia de


Pentecostes
A maioria das pessoas que se perguntam o que é o
Pentecostes tem em mente o derramamento do Espírito
Santo narrado pelo evangelista Lucas no livro de Atos
dos Apóstolos (Atos 2).
Cinquenta dias depois da morte e ressurreição do
Senhor Jesus, o Espírito Santo foi derramado sobre os
cristãos se cumprindo uma série de promessas desde o
Antigo Testamento. Dentre as profecias, a mais direta e
explicita foi aquela profetizada pelo profeta Joel, ao
dizer que haveria o dia em que Deus derramaria o seu
Espírito sobre toda a carne (Joel 2:28-32). No dia do
Pentecostes o apóstolo Pedro apontou para o
cumprimento da profecia de Joel (Atos 2:16-21).
Já no Novo Testamento, João Batista falou sobre o
Messias que batizaria com Espírito Santo (Marcos 1:8),
e depois o próprio Jesus prometeu que o Espírito Santo
seria enviado (João 14) e deu ordens claras para que os
discípulos aguardassem em Jerusalém até que isso
ocorresse (Lucas 24:49; Atos 1:4,5).
Os apóstolos esperaram em Jerusalém conforme Jesus
havia ordenado, e quando o dia de Pentecostes chegou
a promessa foi cumprida (Atos 2:1). O texto grego
original diz literalmente “quando o dia do Pentecostes
estava sendo cumprido”, no sentido de expressar a ideia
de que o quinquagésimo dia havia chegado e o período
de espera terminado.
É por isso que muitos comentaristas ligam diretamente
o fato de o Espírito Santo ter sido derramado
juntamente no dia do Pentecostes com a afirmação do
apóstolo Paulo de que Cristo ascendeu ao céu como as
primícias da ressurreição (1 Coríntios 15:23).
Lucas escreve que os cristãos estavam reunidos num
lugar, numa casa, no Pentecostes. É amplamente aceito
que esses cristãos eram os mesmos 120 que são
mencionados no capítulo anterior, embora haja
objeções por parte de alguns poucos estudiosos que
tentam insistir que apenas os apóstolos é que estavam
reunidos.
O derramamento do Espírito Santo no dia de
Pentecostes foi acompanhado de três sinais que
serviram para atestar a autoridade daquele
acontecimento. A Bíblia diz que de repente um ruído
como de um vento soprando violentamente encheu a
casa, e apareceram línguas como que de fogo que
pousaram sobre cada um dos que estavam ali, e todos
ficaram repletos do Espírito Santo e começaram a falar
em outras línguas à medida que o Espírito Santo lhes ia
dando habilidade (Atos 2:3,4). Vejamos:

1) Som de um vento forte: é importante entender que


não houve um vento literalmente, mas o ruído de um
vendaval. Esse sinal é muito significativo porque tanto
no hebraico como no grego, uma única palavra é
utilizada para transmitir o sentido de vento e espírito.
Nesse caso, obviamente a figura do vento simboliza o
Espírito Santo, e o fato de o som vir do céu significa que
Ele foi derramado da parte de Deus, conforme Jesus
havia prometido. Ele realmente veio do céu, da morada
de Deus.

2) Línguas como que de fogo: também é importante


entender que os cristãos ali reunidos não tiveram uma
ilusão, mas viram realmente línguas como que de fogo
pousando sobre a cabeça deles. Na Bíblia o fogo em
várias ocasiões aparece sendo usado como símbolo da
presença Divina enfatizando especialmente à santidade
e o juízo de Deus.
Por exemplo, Moisés foi chamado por Deus ao ver uma
sarça ardente que queimava e não se consumia (Êxodo
3:2-5). Mais tarde, uma coluna de fogo acompanhou
Israel no deserto (Êxodo 13:21). Quando o profeta Elias
foi levado ao céu, foi vista uma carruagem de fogo (2
Reis 2:11). Antes, quando ele orou a Deus no Monte
Carmelo, fogo da parte de Deus desceu do céu (1 Reis
18:38).
Também é possível entender que o fato de línguas
como de fogo pousarem sobre os cristãos implica em
uma referência à verdade Bíblica de que agora o
Espírito de Deus habitaria permanentemente em seu
povo, no sentido de que a Igreja é o Templo do Espírito
Santo.

3) Começaram a falar em outras línguas: ao serem


repletos do Espírito Santo, os cristãos começaram a
falar outras línguas conforme o Espírito lhes ia
concedendo. A palavra grega traduzida como língua
nesse texto expressa o conceito de idioma falado.
O resultado disso é que pessoas de diferentes partes
ouviram os cristãos falarem cada um em sua própria
língua. Nesse caso não se tratam de línguas
ininteligiveis, mas de idiomas que eram falados desde a
Pérsia até Roma (Atos 2:7-11).
Também é importante saber que o milagre não estava
na audição como alguns sugerem, mas estava na fala
dos cristãos. O texto é claro em dizer que foram os
cristãos que falaram outras línguas, e foi sobre eles que
o Espírito Santo foi derramado.
Aqui é impossível não se lembrar de que o Pentecostes
era a Festa da Colheita, algo que nos remete a um
significado muito profundo, porque o derramamento
do Espírito Santo naquele dia apontava para a grande
colheita de Deus. O apóstolo Pedro proclamou o
Evangelho naquele dia, e imediatamente três
==
Principais motivos da Festa das Colheitas
A Festa das Colheitas (Cabanas ou Pentecostes) não era
uma cerimônia neutra, isto é, os celebrantes não se
reuniam para um simples lazer ou diversão. Toda a
cerimônia buscava reafirmar e aprofundar o sentido da fé
em Javé, o Deus Criador e Libertador.

Aprender a fraternidade
Ao ler todas as reportagens sobre a Festa das Colheitas
(Semanas ou Pentecostes) é possível captar partes da
cerimônia e, conseqüentemente, sua legislação. Um dos
detalhes marcantes dessa "Santa Convocação" é o
fortalecimento da fraternidade entre os trabalhadores do
campo, incluindo a população israelita, os servos e
estrangeiros.

Aprender a ter compromisso com Deus e com a


comunidade
Ao celebrar a festa, toda a comunidade aprendia a ser
responsável para com a vontade de Deus e com o próximo
- não somente com os irmãos de sangue e fé. O ritual da
festa ensinava, pedagogicamente, que Deus é o Criador e
Sustentador das leis que regem o mundo. Ele fez uma
distribuição comunitária da terra e manda a chuva para
hebreus e gentios, bons e maus, homens e mulheres, jovens
e crianças. O ritual da festa entendia que o grande
problema da humanidade é a falta de amor uns para com os
outros.

Aprender a repartir os dons


Primitivamente, o povo bíblico convivia com as leis
divinas de modo feliz, sem lhe causar sofrimento. Por
exemplo, a festa das Colheitas ensinou a comunidade de
trabalhadores do campo que se deveria entregar o
excedente de sua produção agrícola para Javé, a fim de que
essa oferta seja compartilhada com os menos favorecidos
(Lv 25.6-7, 21-22). A pedagogia dessa lei possui uma
profunda sabedoria, pois ela tem como alvo educar o povo
dentro dos princípios da solidariedade e igualdade social.

Aprender a agradecer
Ao agradecer a Deus pelo dom da terra - para morar,
plantar e alimentar dos frutos produzidos nela - o povo
descobria os mistérios da graça divina. Ser grato pela
"terra que mana leite e mel", pela cevada, trigo e outros
grãos que sustentam vida representam uma alegria de
enormes proporções. Além da terra, os celebrantes eram
ensinados a agradecer a Deus pela instrução que disciplina
e ordena a vida comunitária.

Você também pode gostar