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Estudo e Resumo do Livro de Êxodo

 Daniel Conegero
Êxodo é o segundo livro do Antigo Testamento, e seu tema principal é a história de Israel após a morte de José narrada no último capítulo do livro de Gênesis, passando
pela libertação dos hebreus do Egito até a construção do Tabernáculo.

O que significa a palavra Êxodo?


A palavra Êxodo deriva da palavra grega “exodos” e significa saída ou partida. O livro recebeu esse nome na Septuaginta, que é a tradução grega do Antigo
Testamento. O título original em hebraico era apenas o início da primeira frase do livro: “Estes, pois, são os nomes dos filhos de…”.
A palavra Êxodo serviu perfeitamente ao tema principal do livro, já que na primeira metade do livro é descrito a saída dos hebreus do Egito e na segunda metade descreve
a formação das leis, instituições e o modelo de adoração em Israel.

Quem foi o autor do Livro de Êxodo?


É amplamente aceito que o autor do livro de Êxodo é Moisés. Essa conclusão fica clara ao analisarmos os detalhes do livro, o que confirma que o autor é uma
testemunha ocular dos fatos, dado ao aprofundamento de detalhes descritos, o que significa que não poderia ser qualquer pessoa já que o autor se mostra extremamente
culto e talentoso.
Alguns críticos contestam a autoria do livro de Êxodo por Moisés, e não apenas deste livro, mas de todo o Pentateuco, afirmando que o livro de Êxodo foi uma obra
conjunta de vários autores finalizada em um período posterior a Moisés.

Todavia, os argumentos contra a autoria de Moisés não são convincentes e não existe qualquer fato que possa colocar em dúvida essa interpretação.  Além disto,
dentro do livro também existem textos que caracterizam a autoria de Moisés, e depois, o próprio Jesus e também seus discípulos afirmaram que a lei foi escrita por Moisés.
Conheça a história de Moisés na Bíblia.

Qual a data que foi escrito o Livro de Êxodo?


Existe muita discussão não apenas referente a data em que o livro foi escrito, mas também sobre o próprio acontecimento do Êxodo em si.  A possibilidade mais aceita
entre os estudiosos fica entre 1445 a.C. a 1400 a.C.
Essas datas são baseadas nos textos bíblicos de 1 Reis 6:1 e Juízes 11:26 respectivamente. Existe outra possibilidade defendida com base em suposições de datas dos
períodos dos governantes egípcios, e sobre uma data arqueológica do século 13 a.C. que aponta a destruição de cidades cananéias durante a conquista de Canaã, porém a
única importância desta discussão é servir de esclarecimento cronológico histórico.

Propósito do Livro de Êxodo


O livro de Êxodo é uma continuação natural do livro de Gênesis, ou seja, sem o conteúdo de Gênesis fica bem difícil compreender os acontecimentos do livro de
Êxodo. O propósito principal do livro é um registro de um dos acontecimentos mais importantes da História: a libertação do povo de Israel do Egito por intermédio dos
atos redentores de Deus.
O livro  de Êxodo mostra Deus como líder do povo de Israel, e seu servo Moisés servindo como intermediário para tais acontecimentos. Para o povo de Israel, essa
revelação escrita do concerto de Deus para com eles é de suma importância, pois relata o interesse pessoal de Deus para com aquele povo.  Êxodo permite a consciência
destes fatos gerando fé nas gerações posteriores dos hebreus.

O Livro de Êxodo e o Novo Testamento


A partir destes eventos ocorreu uma alto-revelação progressiva de Deus, culminando finalmente no Novo Testamento e na redenção por Jesus Cristo na cruz. Desta forma,
é possível traçar uma paralelo entre os acontecimentos do Êxodo que foi a marca da Antigo Aliança (Páscoa, travessia do Mar Vermelho, a Lei,) com o novo concerto pela
vida, morte e ressurreição de Jesus e a manifestação do Espírito Santo no Pentecoste.
Curiosidades sobre o Livro de Êxodo
O livro de Êxodo narra importantes acontecimentos que são essenciais para o entendimento de toda Escritura, dos quais podemos destacar os três principais:

 Israel nascendo como nação.

 A instituição dos Dez Mandamentos que é o fundamento da ética e moralidade bíblica.

 Em nenhum outro livro do Antigo Testamento a graça redentora de Deus fica mais evidente.
O Que é Pentecostes e Qual o Seu Significado na Bíblia?

 Daniel Conegero
Pentecostes é o nome grego de uma das três principais festas de Israel, chamada no Antigo Testamento de “Festa das Semanas”. Foi no também no dia de
Pentecostes que o Espírito Santo foi derramado conforme prometido nas Escrituras, marcando a expansão da Igreja com a pregação do Evangelho em todo o mundo.

O que significa Pentecostes?


A palavra “Pentecostes” deriva de um termo grego, pentekoste, que significa “quinquagésimo”, uma referência ao quinquagésimo dia depois da Páscoa, mais
especificamente ao dia depois da oferta de manjares durante a Festa dos Pães Asmos.
Como o Antigo Testamento foi escrito em hebraico (com exceção de pequenos trechos em aramaico), essa palavra aparece na Bíblia em apenas três referências no Novo
Testamento (Atos 2:1; 20:16; 1 Coríntios 16:8).

O Pentecostes no Antigo Testamento


Existem várias referências, diretas e indiretas, ao festival de Pentecostes no Antigo Testamento (Êxodo 23:16; Levítico 23:15-22; Números 28:26-31 e Deuteronômio 16:9-16).
Essa festa aparece no Antigo Testamento com outros nomes, como:

1. Festa das Semanas, referindo-se à sete semanas após a oferta das primícias (Êxodo 34:22; Deuteronômio 16:10,16; 2 Crônicas 8:13).

2. Festa da Colheita, referindo-se à colheita dos grãos (Êxodo 23:16).

3. O Dia das Primícias, referindo-se às primícias de uma colheita (Números 28:26).

A Bíblia não afirma claramente o significado histórico específico do Pentecostes, mas as designações “Festa da Colheita” e “Dia das Primícias” são muito significativa para
entendermos essa festividade, onde os judeus apresentavam os primeiros frutos da colheita de trigo (Números 28:26).

Essa festa era entendida como uma santa convocação, de modo que no dia de Pentecostes nenhum trabalho servil poderia ser executado (Levítico 23:21). Nesse
dia, dois pães assados deveriam ser trazidos dos lares dos judeus, juntamente com as ofertas de sacrifício animal para a expiação dos pecados e oferta pacífica.
Esse era um dia de grande alegria, onde os judeus expressavam a gratidão ao Senhor pela providência da colheita, bem como também indicava um lembrete do livramento
da escravidão no Egito (cf. Deuteronômio 16:12-16; Jeremias 5:24).

Mais tarde, o Pentecostes passou a ser considerado pelos judeus como o aniversário da transmissão da Lei à Moisés no Sinai. Eles calcularam, com base em Êxodo 19:1, que
esse evento ocorreu no quinquagésimo dia depois do êxodo, e por isso tal entendimento se tornou uma tradição.

O Pentecostes no Novo Testamento


O Pentecostes é mencionado no Novo Testamento em três passagens diferentes. A primeira, e mais significativa, faz referência ao dia em que o Espírito Santo foi
derramado sobre os cristãos em Jerusalém (Atos 2).
A segunda referência trata de quando o apóstolo Paulo estava decidido a não se demorar na Ásia a fim de poder estar em Jerusalém até o dia do Pentecostes (Atos
20:16). A terceira referência mostra Paulo disposto a permanecer em Éfeso até o Pentecostes, devido a uma “porta grande e eficaz” que lhe tinha sido aberta (1 Coríntios
16:9).

O derramamento do Espírito Santo no dia de Pentecostes


A maioria das pessoas que se perguntam o que é o Pentecostes tem em mente o derramamento do Espírito Santo narrado pelo evangelista Lucas no livro de Atos dos
Apóstolos (Atos 2).
Cinquenta dias depois da morte e ressurreição do Senhor Jesus, o Espírito Santo foi derramado sobre os cristãos se cumprindo uma série de promessas desde o Antigo
Testamento. Dentre as profecias, a mais direta e explicita foi aquela profetizada pelo profeta Joel, ao dizer que haveria o dia em que Deus derramaria o seu Espírito sobre
toda a carne (Joel 2:28-32). No dia do Pentecostes o apóstolo Pedro apontou para o cumprimento da profecia de Joel (Atos 2:16-21).
Já no Novo Testamento, João Batista falou sobre o Messias que batizaria com Espírito Santo (Marcos 1:8), e depois o próprio Jesus prometeu que o Espírito Santo seria
enviado (João 14) e deu ordens claras para que os discípulos aguardassem em Jerusalém até que isso ocorresse (Lucas 24:49; Atos 1:4,5).
Os apóstolos esperaram em Jerusalém conforme Jesus havia ordenado, e quando o dia de Pentecostes chegou a promessa foi cumprida (Atos 2:1). O texto grego original
diz literalmente “quando o dia do Pentecostes estava sendo cumprido”, no sentido de expressar a ideia de que o quinquagésimo dia havia chegado e o período de espera
terminado.
É por isso que muitos comentaristas ligam diretamente o fato de o Espírito Santo ter sido derramado juntamente no dia do Pentecostes com a afirmação do apóstolo Paulo
de que Cristo ascendeu ao céu como as primícias da ressurreição (1 Coríntios 15:23).

Lucas escreve que os cristãos estavam reunidos num lugar, numa casa, no Pentecostes. É amplamente aceito que esses cristãos eram os mesmos 120 que são
mencionados no capítulo anterior, embora haja objeções por parte de alguns poucos estudiosos que tentam insistir que apenas os apóstolos é que estavam reunidos.
O derramamento do Espírito Santo no dia de Pentecostes foi acompanhado de três sinais que serviram para atestar a autoridade daquele acontecimento. A Bíblia
diz que de repente um ruído como de um vento soprando violentamente encheu a casa, e apareceram línguas como que de fogo que pousaram sobre cada um dos que
estavam ali, e todos ficaram repletos do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas à medida que o Espírito Santo lhes ia dando habilidade (Atos 2:3,4). Vejamos:
1) Som de um vento forte: é importante entender que não houve um vento literalmente, mas o ruído de um vendaval. Esse sinal é muito significativo porque tanto no
hebraico como no grego, uma única palavra é utilizada para transmitir o sentido de vento e espírito.
Nesse caso, obviamente a figura do vento simboliza o Espírito Santo, e o fato de o som vir do céu significa que Ele foi derramado da parte de Deus, conforme Jesus havia
prometido. Ele realmente veio do céu, da morada de Deus.

2) Línguas como que de fogo: também é importante entender que os cristãos ali reunidos não tiveram uma ilusão, mas viram realmente línguas como que de fogo
pousando sobre a cabeça deles. Na Bíblia o fogo em várias ocasiões aparece sendo usado como símbolo da presença Divina enfatizando especialmente à santidade e o
juízo de Deus.
Por exemplo, Moisés foi chamado por Deus ao ver uma sarça ardente que queimava e não se consumia (Êxodo 3:2-5). Mais tarde, uma coluna de fogo acompanhou Israel
no deserto (Êxodo 13:21). Quando o profeta Elias foi levado ao céu, foi vista uma carruagem de fogo (2 Reis 2:11). Antes, quando ele orou a Deus no Monte Carmelo, fogo
da parte de Deus desceu do céu (1 Reis 18:38).

Também é possível entender que o fato de línguas como de fogo pousarem sobre os cristãos implica em uma referência à verdade Bíblica de que agora o Espírito de Deus
habitaria permanentemente em seu povo, no sentido de que a Igreja é o Templo do Espírito Santo.

3) Começaram a falar em outras línguas: ao serem repletos do Espírito Santo, os cristãos começaram a falar outras línguas conforme o Espírito lhes ia concedendo. A
palavra grega traduzida como língua nesse texto expressa o conceito de idioma falado.
O resultado disso é que pessoas de diferentes partes ouviram os cristãos falarem cada um em sua própria língua. Nesse caso não se tratam de línguas ininteligiveis, mas de
idiomas que eram falados desde a Pérsia até Roma (Atos 2:7-11).

Também é importante saber que o milagre não estava na audição como alguns sugerem, mas estava na fala dos cristãos. O texto é claro em dizer que foram os cristãos que
falaram outras línguas, e foi sobre eles que o Espírito Santo foi derramado.

Aqui é impossível não se lembrar de que o Pentecostes era a Festa da Colheita, algo que nos remete a um significado muito profundo, porque o derramamento do Espírito
Santo naquele dia apontava para a grande colheita de Deus. O apóstolo Pedro proclamou o Evangelho naquele dia, e imediatamente três mil pessoas foram “colhidas por
Deus” das trevas para a luz.

O Pentecostes poderá se repetir novamente?


O Pentecostes é algo singular na História da Igreja. O Pentecostes foi um acontecimento eficaz e definitivo, de modo que nunca houve ou haverá algo igual, pois
marcou a fase inicial de expansão do Evangelho e internacionalização da Igreja.
A prova disto é que na época basicamente existiam três grupos importantes: os judeus, os samaritanos e os gentios. Entre os gentios havia também aqueles que adotavam
a religião judaica mas não ao ponto de se tornarem prosélitos, isto é, completamente convertido a ela, e estes eram chamados de “tementes a Deus”, como o Centurião
Cornélio.
Além disso, ainda havia discípulos de João Batista que viviam dispersos no Império Romano. Mas após o Espírito Santo ter sido derramado entre os judeus em Jerusalém no
Pentecostes, o mesmo também ocorreu entre os Samaritanos (Atos 8), entre os gregos tementes a Deus na casa do Centurião Cornélio (Atos 10) e entre seguidores de João
Batista em Éfeso (Atos 19). Portanto, judeus, samaritanos e gentios estavam unidos na Igreja. O Evangelho estava sendo pregado “tanto em Jerusalém como em toda Judeia
e Samaria, e até os confins da terra!” (Atos 1:8).
Algumas pessoas insistem em querer defender um novo Pentecostes, mas isso é uma falta de compreensão do verdadeiro significado do derramamento do Espírito Santo.
Foi apenas no Pentecostes que o som de um vendo violento vindo do céu foi ouvido por todos os cristãos. Foi apenas no Pentecostes que línguas como que de fogo
puderam ser vista pousando sobre a cabeça dos redimidos que aguardavam o cumprimento daquela promessa. Também foi apenas no Pentecostes que foi dado início
a grande internacionalização da Igreja, o início da Igreja Cristã com a transição da Antiga Aliança para a Nova Aliança.
Para que pudesse haver outro Pentecostes o primeiro teria que ter sido um fracasso, Jesus teria que ter errado ao prometer definitivamente o Espírito Santo ao seu povo,
teríamos que ainda estar na Antiga Aliança, o ministério dos apóstolos teria que ser rejeitado e suas doutrinas anuladas, e os fundamentos da Igreja teriam que ser lançados
novamente.

O que ocorreu no dia de Pentecostes marcou definitivamente a História; o Evangelho tem sido anunciado a todos os povos, línguas e nações; judeus e gentios são unidos
pela cruz de Cristo em um único Corpo; e ainda hoje seu efeito pode ser contemplado em cada pecador que é salvo pela graça de Deus mediante a fé em Jesus Cristo.

É por isso que sob esses aspectos não precisamos mais de novos Pentecostes. O significado do Pentecostes com o derramamento do Espírito jamais poderá ser
apagado, pois a grande colheita através do Evangelho começou e só terminará no dia do glorioso retorno de nosso Senhor.
A História de Moisés: Quem Foi Moisés na Bíblia?

 Daniel Conegero
Moisés foi o homem escolhido por Deus para liderar o povo de Israel em sua libertação da escravidão no Egito. A história de Moisés na Bíblia está registrada entre os livros
de Êxodo e Deuteronômio.

Moisés é considerado o principal personagem bíblico do Antigo Testamento. Ele foi o legislador por meio do qual Deus constituiu os hebreus como nação, e os conduziu
até os limites da Terra Prometida. Moisés é reconhecido como o autor dos cinco primeiros livros da Bíblia.

Quem foi Moisés na Bíblia?


Moisés era descendente da tribo de Levi, do clã de Coate. Alguns estudiosos defendem que ele era filho de Joquebede e Anrão. Outros acreditam que ele foi apenas um
descendente desse casal, ou seja, um filho da casa de Anrão. De qualquer forma, o nome dos pais de Moisés não aparece no texto bíblico que descreve a história de seu
nascimento e infância (Êxodo 2; cf. 6:20; Números 26:59).
O significado do nome “Moisés” é incerto, pois não se sabe com exatidão sua origem. Alguns acreditam que esse nome seja de origem semita, no hebraico Mosheh, que
significa “tirado para fora” (cf. Êxodo 2:10). Outros entendem que esse nome seja de origem egípcia, talvez derivado de Mose, que significa “é nascido”.
Toda essa discussão acontece porque também não se sabe ao certo quem deu esse nome ao menino. Provavelmente foi a princesa egípcia quem lhe deu o nome de
Moisés. Porém existe alguma possibilidade de sua própria mãe, que serviu como sua ama, ter lhe dado esse nome (Êxodo 2:10).

O nascimento e a vida de Moisés no Egito


A história do nascimento de Moisés é bastante conhecida. Quando ele nasceu no Egito, havia uma ordem de Faraó de que todo menino hebreu fosse lançado no rio.
Todavia, seus pais desafiaram esse decreto e esconderam o menino. Mais tarde, eles o colocaram no rio dentro de um cesto de junco vedado com piche (Êxodo 2:3).

Quando a filha de Faraó foi ao rio se banhar, viu o cesto que flutuava e se afeiçoou ao menino. A irmã de Moisés que vigiava o cesto, muito provavelmente Miriã, viu
quando a princesa o pegou. Então rapidamente ela se ofereceu para arrumar alguém que pudesse criá-lo como ama. Nesse caso, a mulher escolhida foi sua própria mãe
biológica. Saiba mais sobre quem foi Miriã.
Quando o menino alcançou certa idade, ele foi levado à filha de Faraó, e passou a viver na corte egípcia. Não se sabe muita coisa sobre como foi a vida de Moisés no Egito.
Tudo o que se sabe é que ele foi “instruído em toda a ciência dos egípcios” (Atos 7:22).
Quando já era um homem adulto, Moisés demonstrou se importar com seu povo de origem. Ao defender um hebreu que estava sendo espancado, ele acabou matando o
agressor egípcio. Moisés pensou que ninguém havia visto o que ele fez, mas no outro dia, ao tentar intervir na discussão entre dois hebreus, um deles lhe acusou de
assassinato (Êxodo 2:11-14).

Moisés foge para Midiã e se casa


Quando Faraó soube o que Moisés havia feito, procurou matá-lo. No entanto Moisés fugiu em direção ao deserto do Sinai, e se estabeleceu em Midiã. Foi em Midiã que ele
ajudou e protegeu as filhas de Reueu, também chamado de Jetro.

Moisés acabou se casando com uma das filhas desse homem, Zípora. Com ela Moisés teve dois filhos: Gérson e Eliezer (Êxodo 2:22; 18:4). Ele também passou a cuidar do
rebanho de seu sogro nas proximidades de Horebe, na península do Sinai. Saiba mais sobre o Monte Horebe.

Deus convoca Moisés


Foi enquanto estava sendo pastor de ovelhas que Deus se revelou a Moisés e o convocou para liderar o povo de Israel em sua libertação do Egito. Ele estava cuidando do
rebanho no deserto quando viu uma sarça ardente. Entenda o significado da sarça ardente.
Através daquele evento miraculoso, Moisés conheceu o Deus santo e vivo. Ele mostrou-se um tanto quanto relutante a retornar ao Egito. Porém ele recebeu de Deus a
garantia de sua presença como sinal de que ele havia sido enviado pelo Todo-Poderoso, cujo nome é: “Eu sou o que Sou” (Êxodo 3:13-15). Saiba quais são os nomes de
Deus.
Moisés também alegou não ser eloquente ao falar. Por isso Deus permitiu que Arão, seu irmão, servisse como seu porta-voz, declarando a mensagem dada pelo Senhor a
ele (Êxodo 4:14-16).
Moisés volta ao Egito
Depois de ter passado quarenta anos cuidando de ovelhas no deserto, Moisés retornou ao Egito para confrontar Faraó e pedir a liberação do povo hebreu. Naquela ocasião
ele já estava com oitenta anos de idade. Faraó se opôs ao seu pedido e desprezou o Deus de Israel.

Tudo aconteceu conforme o plano soberano de Deus. Muitos anos antes, o Senhor havia prometido ao patriarca Abraão que julgaria a nação que haveria de dominar e
oprimir o seu povo (Gênesis 15:13,14).
Deus então demonstrou, através de Moisés e Arão, sinais de seu poder, tanto aos egípcios quando os hebreus. Deus enviou uma série de dez pragas que significavam o
juízo divino sendo derramado sobre a nação do Egito, seu rei e seus deuses. Saiba quais foram as dez pragas enviadas ao Egito.

Moisés lidera o povo de Israel


Após o envio das consecutivas pragas que apontavam para o poder do Deus de Israel, Faraó deixou que os israelitas saíssem do Egito. No entanto, antes da última praga
que consistiu na morte dos primogênitos do Egito, Deus deu instruções a Moisés para instituir a celebração da Páscoa (Êxodo 12:27).
Após a saída do povo de Israel do Egito, Faraó ainda tentou persegui-lo. Provavelmente ele acreditou que os israelitas ficariam encurralados pelo mar. No entanto, Deus
abriu as águas do Mar Vermelho para o povo de Israel passar, e depois as fechou sobre o exército de Faraó.

Depois disso, o povo partiu em direção ao Sinai, sendo alimentado pelo maná que Deus enviava do céu. Foi ali no Sinai que Moisés recebeu de Deus a Lei (Êxodo 20-23).
Ele ficou durante quarenta dias e quarenta noites no Monte Sinai a fim de receber as tábuas de pedra contendo os dez mandamentos (Êxodo 24:12-18).
Deus também instruiu Moisés sobre como proceder na fabricação de um santuário móvel. Este serviria de local apropriado para a adoração a Deus. Deus também lhe falou
sobre à instituição do sacerdócio na casa de Arão (Êxodo 25-32).
Em decorrência da incredulidade e rebeldia dos israelitas, a peregrinação pelo deserto se estendeu por quarenta anos. O resultado foi que a primeira geração que havia
saído do Egito, morreu antes de entrar na Terra Prometida (Números 14:20-35).

A morte de Moisés
Enquanto liderou o povo de Israel, Moisés enfrentou várias oposições. O povo era ingrato, e diversas vezes questionou sua autoridade (Números 16). Moisés conduziu o
povo até às fronteiras da Terra Prometida, e inclusive enviou espias para investigar a terra.

No entanto, Moisés não foi autorizado a entrar nela. Ele e Arão pecaram contra Deus no episódio em que feriram uma rocha. Deus lhe havia ordenado que ele falasse com
rocha para que ela desse água ao povo de Israel. Mas ele falou com ira, agiu com arrogância tomando para si o lugar e a honra de Deus e ainda agiu com violência batendo
na rocha (Êxodo 20:9-11).

Depois, Moisés orou a Deus e lamentou profundamente o castigo de não poder entrar na Terra Prometida (Deuteronômio 3:24-27). Na véspera do fim de seu ministério e
de sua própria vida, Moisés arrumou sua casa e se despediu do povo de Israel. Josué ficou como seu sucessor diante do povo, e entrou com Israel em Canaã.
Na ocasião de sua morte, ele subiu no Monte Nebo e pôde contemplar de longe a terra que o Senhor havia preparado ao povo de Israel. Com 120 anos, Moisés morreu e
foi sepultado pelo Senhor no vale da terra de Moabe. O lugar de sua sepultura não foi conhecido (Deuteronômio 34).

A importância de Moisés na História


Enquanto esteve liderando o povo de Israel durante quarenta anos no deserto, Moisés escreveu suas obras literárias. Ele foi o principal autor do Pentateuco, ou seja, os
cinco primeiros livros do Antigo Testamento, também chamados de Torá (Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio). Além de ter escrito os livros da Lei, Moisés
também escreveu pelo menos um dos salmos, o Salmo 90.
Por ter sido um dos homens escolhidos por Deus para escrever as Escrituras, Moisés também foi um profeta que revelou e registrou as palavras de Deus ao povo sob a
direção do Espírito Santo.

O escritor de Hebreus destaca a fé de Moisés ao rejeitar ser chamado de filho da filha de Faraó (Hebreus 11:24). Ele também estabelece uma comparação entre Moisés e
Cristo, mostrando que Moisés foi uma figura de Cristo como mediador da Antiga Aliança. Essa Antiga Aliança apontava diretamente para o próprio Cristo, no qual encontra
seu perfeito cumprimento (Hebreus 3).
Moisés foi um homem de caráter e fiel a Deus, preocupado com a honra do nome do Senhor (cf. Números 14:13). Ele ocupou uma posição muito elevada no plano divino
do Antigo Testamento.

A fama de Moisés como o grande homem escolhido por Deus se estendeu desde os tempos de Josué até os tempos do Novo Testamento (Josué 8:31; 1 Reis 2:3; 2 Reis
14:6; Esdras 6:18; Marcos 12:26; Lucas 2:22; João 7:23; 2 Coríntios 3:15).
Também quando se fala sobre a história de Moisés, sempre deve ser lembrado que ele e o profeta Elias apareceram ao lado de Jesus no episódio da transfiguração. Ele foi
o grande legislador de Israel, e Elias o grande profeta da nação. Naquela ocasião eles falaram da morte iminente de Jesus, apontando para o fato de que a Lei e os Profetas
testificaram de Cristo.
O Que é Septuaginta?

 Daniel Conegero
A Septuaginta é a tradução grega do Antigo Testamento hebraico, a Bíblia dos judeus. A Septuaginta, também conhecida pela sigla romana LXX, não só é a mais
importante tradução grega veterotestamentária, mas também é a mais influente tradução antiga em qualquer idioma. A seguir, entenderemos melhor o que é a
Septuaginta.

História e origem da Septuaginta


A origem da Septuaginta ainda é bastante discutida. Existe uma tradição judaica que conta que Ptolomeu Filadelfo, rei do Egito entre 281 a 246 a.C., persuadido
pelo bibliotecário de Alexandria, apelou ao sumo sacerdote de Jerusalém para obter uma tradução das Escrituras hebraicas.
Então, em aproximadamente 250 a.C., foi reunido na Ilha de Faros, próximo a Alexandria, um grupo formado por 72 anciãos com o objetivo de traduzir a Bíblia dos
judeus para o idioma grego.
Segundo essa tradição, o grupo realizou toda a tradução em 72 dias, e, após esse período, o texto grego foi lido perante o povo e recebeu grande aprovação, sendo,
finalmente, apresentado a Ptolomeu.

Foi justamente por conta dessa tradição que surgiu o título em latim “Septuaginta”, que significa “setenta”, abreviado pelo numeral romano “LXX”.
Na verdade, toda essa tradição é tida como um tipo de lenda, baseada, principalmente, no conteúdo de uma carta supostamente escrita por alguém chamado Aristéias ao
seu irmão Filócrates.

Com o tempo, vários detalhes, até mesmo de eventos miraculosos, foram adicionados a essa tradição, causando também muitas divergências entre os relados sobre
a origem da Septuaginta.
O que muito provavelmente tem de real nessa tradição, é o fato de que, pelo menos a Torá, isto é, os cinco livros de Moisés, foi traduzida para o idioma grego no Egito por
volta de 250 a.C., com o principal objetivo de servir os judeus de fala grega que viviam, sobretudo, em Alexandria.

Assim, a Septuaginta original consistia do Pentateuco, e, posteriormente, o restante dos livros do Antigo Testamento foi sendo traduzido e adicionado a ela, bem como
alguns livros não canônicos (os Apócrifos), como por exemplo, Siraque, Tobias etc.

Estes últimos não constam no Antigo Testamento judaico e foram sendo traduzidos até o início da era cristã. Além dos chamados Apócrifos, também foram adicionados
alguns textos não canônicos como parte de livros canônicos. Vale dizer que alguns itens dos livros Apócrifos nem mesmo constituem uma tradução, e sim, composições
livres já no grego.

A linguagem da Septuaginta
O grego utilizado na Septuaginta é o Koiné, embora que não se pode assumir que em todo seu texto ele esteja preservado de forma franca.

Na verdade, em algumas passagens existem hebraísmos e até o próprio hebraico disfarçado. Assim, trechos que foram mal traduzidos abrem espaço para várias
observações, quanto à qualificação e a consistência da tradução.

Apesar disso, de modo geral muitos eruditos consideram a Septuaginta fiel ao texto original hebraico, especialmente no Pentateuco, mas claro, apenas fazendo
algumas considerações textuais sobre o fato de que em alguns trechos encontra-se uma tradução bastante literal e em outros um tipo de tradução livre, às vezes até um
tanto que inteligível.

O uso da Septuaginta
No período interbíblico (ou intertestamentário), os judeus, após o exílio na Babilônia, trocaram o hebraico pelo aramaico. Da mesma forma, os judeus que viviam em
centros helenísticos como Alexandria, no Egito, adotaram o grego.
Aqui vale lembrar que muitos judeus viviam nesses centros helenísticos, sobretudo, por conta dos favores que eles desfrutaram com Alexandre, o Grande. Mesmo depois da
morte de Alexandre, muitos judeus continuaram migrando para esses centros, principalmente para Alexandria.

Com o tempo, esses judeus de língua grega que viviam fora da Palestina se tornaram incapazes de compreender o texto hebraico. Sob esse contexto, a Septuaginta
possuiu uma influência notável, já que ela disponibilizou as Escrituras não só para os judeus que haviam perdido sua língua ancestral como também para todo o mundo
de fala grega.
Além disso, a Septuaginta foi projetada também com a finalidade de atender a leitura pública nas Sinagogas, sendo então bastante útil nesse aspecto.

Já na era cristã, a Septuaginta tornou-se ainda a Bíblia amplamente utilizada pela Igreja Primitiva, inclusive sendo citada no Novo Testamento. Dos autores
neotestamentários, Lucas e o autor da Epístola aos Hebreus foram os que mais fizeram citações de textos da Septuaginta.
Os missionários cristãos faziam uso da Septuaginta e a levavam por todas as partes no processo de evangelização e plantação de comunidades cristãs. Também se deve a
ampla popularização da Septuaginta o fato de alguns Apócrifos terem sido mantidos em determinados círculos do cristianismo.
História de Miriam na Bíblia, a Irmã de Moisés

 Daniel Conegero
Miriam ou Miriã, foi irmã de Moisés e Arão, filha de Anrão e Joquebede. A história de Miriam está registrada na Bíblia especialmente nos livros de Êxodo e Números.
O significado do nome “Miriam” é de difícil conclusão. Alguns sugerem que seu significado em hebraico seja algo como “obstinação”. Outros entendem que o nome
hebraico seja derivado do vocábulo egípcio marye, que significa “amada”.
É interessante saber que o nome “Maria” é a forma helenizada do hebraico Miriam, a qual a Septuaginta, tradução grega do Antigo Testamento, traduz como Mariã.

Quem foi Miriam na Bíblia?


Miriam aparece pela primeira vez na narrativa bíblica do Antigo Testamento em Êxodo 2, embora não seja mencionada nominalmente. No entanto, é amplamente aceito
que ela é a irmã de Moisés que o vigiou na ocasião em que seus pais não conseguiram mais escondê-lo em casa.
Na época, o Faraó do Egito havia ordenado que os meninos hebreus deveriam ser lançados no rio a fim de que morressem, pois o povo hebreu estava se tornando
extraordinariamente forte (Êx 1:20).

Quando Moisés nasceu, seus pais o esconderam por três meses, e depois o colocaram no rio dentro de um cesto impermeável de junco. Se Miriam for a “irmã do menino”
mencionada (Ex 2:7), então foi ela quem acompanhou de longe o que sucederia com Moisés.

Quando Miriam percebeu que a filha de Faraó pegou o menino, ela se aproximou e lhe perguntou se desejava que ela chamasse uma ama das hebreias para criar o
menino. Quando a filha de Faraó concordou, ela buscou sua própria mãe, Joquebede.

A profetisa Miriam
O termo “profetisa” foi empregado para se referir a Miriam na ocasião em que ela liderou as mulheres de Israel com música, danças e um poema de louvor a
Deus, celebrando a travessia do Mar Vermelho, e o livramento que o Senhor concedeu aos israelitas contra os egípcios (Êx 15:20,21). Essa foi a primeira referência sobre seu
nome na Bíblia.
A música cantada por Miriam era uma variação do cântico de Moisés no Mar Vermelho. O texto bíblico informa que Miriam respondia: “Cantai ao Senhor, porque
gloriosamente triunfou e precipitou no mar o cavalo e o seu cavaleiro”.

Miriam fica leprosa


Miriam e Arão se rebelaram contra seu irmão Moisés, supostamente por causa de seu casamento com uma mulher cuxita, isto é, uma mulher que descendia de Cuxe, filho
mais velho de Cam, filho de Noé.
Entretanto, a implicância com a esposa de Moisés não se tratava apenas de um preconceito étnico, mas na verdade escondia algo muito mais profundo e perigoso. Eles
estavam afrontando a autoridade de Moisés por causa da inveja que sentiam dele. Isso fica bem claro na frase: “Porventura falou o Senhor somente por Moisés? Não falou
também por nós?” (Nm 12:2).
Esse comportamento invejoso de Miriam e Arão foi repreendido energicamente por Deus, justamente para preservar seu povo escolhido. Na ocasião Miriam foi tomada de
lepra, e ficou “branca como a neve” (Nm 12:10).
Moisés então orou a Deus por sua recuperação, e Deus atendeu a oração de Moisés. Todavia Miriam foi envergonhada ficando fora do acampamento dos israelitas
por sete dias. Durante esse período o povo de Israel não continuou em sua peregrinação (Nm 12:14-16).

A morte de Miriam
A Bíblia relata que Miriam morreu quando os filhos de Israel estavam em Cades-Barneia, e ali mesmo foi sepultada (Nm 20:1).

Não se sabe quantos anos ela viveu, no entanto presume-se que tenha morrido com a idade bem avançada, visto que na ocasião de sua morte os 40 anos de peregrinação
pelo deserto estavam chegando ao fim, e a maioria dos israelitas que saiu do Egito com mais de 20 anos já havia falecido (Nm 20:1,22-29; cf. Nm 33:38).

O texto bíblico também não traz nenhuma referência sobre um possível casamento ou filhos que Miriam possa ter tido, embora uma tradição rabínica aponte que Miriam
foi esposa de Calebe e mãe de Hur.
Quando se fala sobre quem foi Miriam, também é interessante saber que há outra pessoa com esse nome mencionada na Bíblia, uma descendente de Ezra e citada em 1
Crônicas 4:17.
O Monte Sinai é o Monte Horebe na Bíblia? Onde Fica o Monte
Sinai?

 Daniel Conegero
O Monte Sinai é uma montanha mencionada em várias passagens bíblicas. Foi no Monte Sinai que Moisés recebeu da parte de Deus os Dez Mandamentos. No Antigo
Testamento, essa mesma montanha também é chamada de Monte Horebe.

A península do Sinai
A península do Sinai possui um formato semelhante a um triângulo invertido. Sua base mede cerca de 240 quilômetros de extensão e fica entre o Egito e a Palestina.

Geralmente essa região é referida como sendo o deserto em que o povo de Israel peregrinou por quase quarenta anos. Próximo da extremidade sul da península do Sinai,
existem formações de granito que se elevam entre 1.600 e 2.900 metros de altura.

A localização do Monte Sinai


A localização exata do Monte Sinai, isto é, do cume em que Moisés subiu e recebeu a Lei, é incerta. Todavia, existe grande especulação sobre o assunto. Tem sido sugeridas
oficialmente pelo menos três possibilidades. São elas: a montanha de Gebel Musa; a montanha Ras Eç-çafçafeh; e Gebel Serbal.

A tradição que defende ser Gebel Serbal o local do Monte Sinai, é bastante antiga. Essa tradição remonta até a época de Eusébio no século 3 d.C. No entanto, o fato de não
existir nenhuma planície próxima à base dessa montanha enfraquece essa sugestão.

Já a tradição que aponta para Gebel Musa como sendo o Monte Sinai bíblico data de pelo menos o século 6 d.C., na época de Justiniano. Tanto Gebel Musa quanto Ras Eç-
çafçafeh, estão localizados numa serra de granito com aproximadamente 3 quilômetros.

Gebel Musa possui cerca de 2.285 metros de altitude e fica no extremo sul. Já Ras Eç-çafçafeh possui cerca de 2.000 metros e fica situada no extremo norte. Essa última
montanha possui em sua base uma grande planície que tem sido apontada como um local suficientemente capaz de comportar a multidão de hebreus que ali acampou.
Além disso, dessa planície é possível ver o cume do monte. Na verdade essa característica tem sido o argumento mais utilizado por aqueles que defendem ser essa
montanha o Monte Sinai bíblico.

Por outro lado, a maioria dos estudiosos concorda que Gebel Musa é o local mais provável para ser o Monte Sinai. Além da antiga tradição a seu favor que data de cerca de
1.500 anos, há também uma imponente formação de granito que se torna singular na paisagem, e sua localização está de acordo com a possível rota que os israelitas
fizeram até chegar nessa região.

Há também quem defenda que o Monte Sinai fica na região onde era localizada a terra de Midiã, no noroeste da Arábia, ou na área próxima a região de Cades-Barnéia. No
entanto, essas sugestões não são amplamente aceitas.

O Monte Sinai foi o local da Aliança


O povo de Israel chegou à região do Monte Sinai no terceiro mês depois de ter partido do Egito. Ali eles acamparam em uma planície, de modo que podiam ver o cume do
Sinai (Êxodo 19:1-20).
Foi no Monte Sinai que Deus se revelou a Moisés e estabelecendo uma aliança com o povo de Israel como nação. Foi nessa ocasião que que o Senhor lhes transmitiu os
Dez Mandamentos. Na ocasião, Moisés agiu como um mediador perante o Senhor e o povo, indo até o cume do monte e recebendo os mandamentos (Êxodo 19:20; 24:18).
Saiba também quem foi Moisés.

Monte Sinai ou Monte Horebe?


Os nomes “Monte Sinai” e “Monte Horebe” parecem ser aplicados de forma alternada ao mesmo local. Entretanto, alguns eruditos preferem entender que Horebe se refere
ao grupo de montanhas, e Sinai a um dos picos específicos. Outros, por sua vez, afirmam exatamente o contrário.

Em Êxodo 3:1, o Monte Horebe é o local denominado como “monte de Deus”, na qual Moisés recebeu a primeira teofania. Naquela ocasião ele viu uma sarça ardente em
fogo que não se consumia.
A designação “Monte Horebe” recebe maior destaque no ministério do profeta Elias. Foi no Monte Horebe que o profeta recebeu, entre outras instruções, a incumbência
de ungir Eliseu como seu sucessor (1 Reis 19).
Alguns eruditos modernos tentam contestar a antiga tradição do Sinai entre os judeus. Porém o cântico de Débora em Juízes 5:5 aponta exatamente para o contrário.
Portanto, o Monte Sinai, ou Monte Horebe, é um local bastante significativo na narrativa bíblica e recebe notável proeminência no Antigo Testamento. Além disso, também
fica claro que “Monte Sinai” e “Monte Horebe” são nomes usados para designar a mesma região.
Quem foi Débora na Bíblia?

 Daniel Conegero
Débora foi uma das mulheres mais conhecidas do Antigo Testamento. O nome “Débora” vem do hebraico Debhoráh, e significa “abelha”. O importante papel
desempenhado por ela num momento complicado da história do povo de Israel coloca-na em destaque. Neste texto, estudaremos sobre quem foi Débora na Bíblia, e
conheceremos um pouco mais sobre sua história e biografia.

Quem foi Débora? A História de Débora


Antes de falarmos sobre quem foi Débora, precisamos saber que a Bíblia menciona duas mulheres com esse nome. A primeira Débora aparece ainda no livro de Gênesis, e
foi a ama de Rebeca que foi com ela a Canaã (Gn 24:59). Não temos muitos detalhes sobre essa Débora, apenas encontramos o registro de sua morte em Gênesis 35:8.
Já a outra Débora é bem mais conhecida, e sua história está registrada no livro de Juízes. Débora foi uma profetisa que aparece na lista dos juízes de Israel, e que viveu
por volta de 1125 a.C.
Como já dissemos, Débora viveu em um período complicado da história de Israel, onde as pessoas faziam tudo o que queriam. Nessa época, o sacerdócio não funcionava e
também não havia reis dominando sobre o povo. Uma coisa que fica evidente na narrativa de sua história é a fraqueza e a covardia que caracterizava os homens naqueles
dias. Sob essa ótica, podemos dizer que seu ministério foi um tipo de protesto contra essa vergonhosa realidade.

Débora foi reconhecida como profetisa, pois ela tinha o dom do Espírito de Deus (Jz 6:34; 11:29; 14:6). O livro de Juízes nos relata que Débora se assentava debaixo
das “palmeiras de Débora”, entre Ramá e Betel, nas montanhas de Efraim, e ali os israelitas de diversas tribos procuravam-na em busca de uma solução para suas causas, ou
seja, Débora era a responsável por arbitrar as disputas daquele povo (Jz 4:4).
Apesar de Débora ser considerada uma juíza comum, ou seja, de causa ordinária e não militar, ela ficou marcada por ser a pessoa que foi capaz de resolver o problema de
fragmentação das tribos de Israel, reagrupando-as e chamando-as novamente à fidelidade a Deus.

Quando se viram oprimidos por Sísera, capitão do exército de Jabim, os israelitas apelaram para Débora. Ela então recorreu a Baraque, para que ele liderasse os israelitas
contra Sísera, segundo a Palavra do Senhor. Porém, Baraque, insistentemente, disse que só iria para a batalha se Débora fosse com ele.
Diante dessa situação, Débora concordou em acompanhar Baraque, entretanto deixou claro que, devido ao modo covarde com que Baraque agiu, não seria dele a honra da
vitória na batalha, pois Deus entregaria Sísera nas mãos de uma mulher (Jz 4:9).

O resultado da empreitada foi a esmagadora vitória do povo de Israel sobre Sísera, na batalha de Quisom (Jz 4:15; 5:19s). Por isso Débora é reconhecida como a pessoa que
liderou a libertação do povo de Israel da opressão de Jabim, rei dos cananeus (Jz 5).

Débora era respeitada na época como uma “mãe em Israel” (Jz 5:7), e em Juízes 4:4 somos informados de que ela era a esposa de Lapidote. Até existe uma discussão entre
comentadores judeus acerca da expressão “mulher de Lapidote”, isso porque Lapidote significa literalmente “tochas”, então alguns estudiosos entendem que tal expressão
é, na verdade, uma descrição sobre Débora, e não uma referencia a seu marido. Entretanto, essa interpretação não é muito aceita por falta de provas que a fundamentem.

Como ocorreu a batalha que Débora participou?


O exército de Jabim liderado por Sísera, era belicamente mais poderoso que o exército de Israel. Daí talvez possa se explicar, mas não justificar, a covardia de Baraque.
Como já dissemos, Débora acompanhou Baraque na batalha, e a vitória do povo de Israel se deu pela direta intervenção de Deus.
No capítulo 5 de Juízes, somos informados que um enorme temporal fez transbordar o rio Quisom, e varreu os carros de guerra dos cananeus (Jz 5:21) deixando seu
exército completamente confuso, fazendo com que se tornasse presa fácil para os israelitas que mataram todos os soldados, de forma que não sobrou um só homem do
lado inimigo (Jz 4:16).

Sísera, diante do avanço dos dez mil homens liderados por Baraque, desceu de sua carruagem e fugiu a pé. Ele procurou abrigo na tenda de Jael, mulher do queneu Héber,
pois havia paz entre Jabim e o clã do queneu Héber (Jz 4:17).

A Bíblia diz que Jael saiu ao encontro de Sísera e o convidou a entrar em sua tenda prometendo a ele proteção. Sísera então pediu à mulher que, se alguém perguntasse se
havia alguém em sua tenda, ela deveria dizer que não. Sísera ficou escondido na tenda de Jael, coberto com um pano, até que, exausto, ele dormiu um sono profundo.

Aproveitando-se dessa situação, Jael pegou uma estaca e um martelo e aproximou-se dele silenciosamente, e então lhe cravou a estaca na têmpora, e ele morreu (Jz 4:21).
Quando Baraque passou à procura de Sísera, Jael saiu ao seu encontro e lhe mostrou o homem morto, cumprindo-se exatamente conforme Débora havia dito, que uma
mulher seria a responsável por matar o líder do exército inimigo.

Após essa batalha, os israelitas atacaram cada vez mais a Jabim, e o rei cananeu foi completamente destruído pelo exército de Israel.
O cântico de Débora
O cântico de Débora está registrado no livro de Juízes (5:2-31) e basicamente celebra a vitória de Débora e Baraque contra Sísera. Esse cântico é uma das mais antigas
peças de literatura do Antigo Testamento, e têm sido preservado desde o século XII a.C.
O cântico de Débora também é útil para entendermos um pouco mais sobre como funcionava as relações tribais em Israel naquela época. Além disso, podemos dizer que o
cântico fornece informações importantíssimas sobre os detalhes de como ocorreu a derrota de Sísera, complementando a narrativa presente no capítulo 4.

A estrutura do cântico de Débora pode ser organizada da seguinte forma:

1. Início de louvor (vers. 2,3).

2. Invocação ao Senhor (vers. 4,5).

3. Desolação sob os opressores (vers. 6-8).

4. O agrupamento das tribos (vers. 9-18).

5. A batalha no rio Quisom (vers. 19-23).

6. A morte de Sísera (vers. 24-27).

7. A narrativa sobre a preocupação da mãe de Sísera (vers. 28-30).

8. Desfecho final (vers. 31).


Quem Foi o Profeta Eliseu?

 Daniel Conegero
O profeta Eliseu foi o auxiliar do profeta Elias, e depois foi designado como seu sucessor como profeta em Israel no século 9 a.C. A história do profeta Eliseu é
bastante conhecida entre os cristãos, principalmente devido aos milagres que foram realizados através de seu ministério. Neste texto, conheceremos um pouco mais
sobre quem foi Eliseu na Bíblia.

Quem foi Eliseu na Bíblia?


Eliseu era filho de Safate, de Abel-Meolá no Vale do Jordão. As únicas informações sobre quem foi Eliseu antes do que é registrado sobre seu ministério, encontra-se
em 1 Reis 19:16,19-21. Entretanto, nenhum detalhe realmente esclarecedor nos é revelado sobre sua biografia.
Não é dito nada sobre o lugar de seu nascimento, porém talvez podemos supor que ele fosse natural de Abel-Meolá mesmo. Também não sabemos qual era sua idade
quando o profeta Elias o convidou para partir com ele, apesar de o relato bíblico parecer indicar que ele era jovem, pois ele procurou se despedir de seus pais (1Rs 19:20).

É possível também que a família de Eliseu tenha tido certos recursos, pois quando o profeta Elias o encontrou, ele estava lavrando com doze juntas de boi, conduzindo ele
a décima segunda junta (1Rs 19:19).
O fato de Eliseu ter sacrificado a junta de bois, parece indicar sua formação religiosa e seu compromisso em encerrar seu antigo modo de vida e se dedicar exclusivamente
ao novo, a qual estava sendo convocado.

O ministério do profeta Eliseu


Como vimos, Eliseu foi convidado pelo profeta Elias para acompanhá-lo. Ele serviu como um tipo de aprendiz ou auxiliar. Também devemos nos lembrar de que a
convocação de Eliseu para o ministério profético foi feita pelo próprio Deus que instrui o profeta Elias acerca disso no Monte Horebe (1Rs 19:16).
Se contarmos o período de seu ministério considerando desde sua chamada, então podemos concluir que seu ministério durou algo em torno de cinquenta anos,
atravessando toda a última metade do século 9 a.C. e cobrindo os reinados de Acabe, Acazias, Jeorão, Jeú, Jeocaz e Joás.
A narrativa acerca do ministério do profeta Eliseu está registrada nos livros de Reis (1Rs 19 e 2Rs 2-9; 13). Vale ressaltar que Eliseu permaneceu como servo de Elias até
que este foi trasladado (1Rs 19:21; 2Rs 3:11).
No registro do ministério do profeta Eliseu, percebemos uma diversificação bem interessante com relação a sua atuação, indo deste o contato com uma viúva endividada
até homens ricos, poderosos e monarcas.

Eliseu era influente no palácio de Israel (2Rs 5:8; 6:9,12,21,22; 6:32-7:2; 8:4; 13:14-19) e em outros reinos, como em Judá na época do reinado de Josafá (2Rs 3:11-19) e na
Síria (2Rs 8:7-9).
Eliseu também completou a missão de Elias, com referência à unção de Hazael como rei da Síria e a unção de Jeú como rei de Israel (2Rs 8:12,13; 9:1-10; cf. 1Rs 19:15,16).
Eliseu também agiu como líder das escolas de profetas, seguindo a tradição de Samuel (2RS 4:38-44; 6:1-7; cf. 1Sm 19:20).

Elias e Eliseu
Como já dissemos, Eliseu foi o servo pessoal do profeta Elias antes deste ser levado ao céu. Na primeira descrição de uma atuação pública de Eliseu, ele é lembrado
como aquele que “deitava água sobre as mãos de Elias” (2Rs 3:11).
Na ocasião, ele predisse a vitória dos exércitos de Israel, Judá e Edom contra Moabe. Os estudiosos sugerem que nesse episódio é possível que o profeta Elias ainda não
tivesse sido trasladado e Eliseu ainda era seu servo, embora o relato de sua partida sobrenatural esteja registrado no capítulo anterior (Rs 2:9-14). Tal sugestão se dá pelo
fato de que o profeta Elias escreveu uma carta de punição ao filho de Josafá, o rei Jeorão (2Cr 21:12-15).
Quando Elias estava próximo de partir, Eliseu lhe pediu por herança “porção dobrada do teu espírito” (2Rs 2:9). Com tal pedido que expressa uma ligação com os direitos do
filho primogênito na lei da herança (Dt 21:17), o profeta Eliseu estava desejando que lhe fosse concedido o privilégio de ser o principal sucessor de Elias como
profeta em Israel.
Considerando o texto original hebraico, não há qualquer base escriturística para entendermos que o profeta Eliseu estava pedindo para ser duas vezes mais poderoso do
que Elias como muitas pessoas erroneamente fazem. Ele simplesmente estava desejando ficar no lugar de Elias, um pedido legítimo que refletia o propósito soberano de
Deus, que, antes mesmo de Eliseu ter sido encontrado por Elias, já o tinha escolhido como profeta no lugar do próprio Elias.
Quando Elias lhe respondeu que “dura coisa pediste“, ele se referia ao fato de que cabia somente a Deus atender ou não o pedido de Eliseu. Quando Elias foi levado ao céu
em um redemoinho, Eliseu exclamou: “Meu pai, meu pai, carros de Israel e seus cavaleiros“.
Tal exclamação denota um título de respeito usado para uma pessoa de autoridade religiosa (Gn 45:8; Jz 17:10; Mt 23:9) e o reconhecimento por parte de Eliseu de que
Elias havia sido uma verdadeira fortaleza espiritual em Israel em dias de grande apostasia. No final do ministério profético de Eliseu, o rei Jeoás utilizou a mesma expressão
para se referir a Eliseu (2Rs 13:14).

A Bíblia nos diz que Eliseu ficou com o manto utilizado por Elias (2Rs 2:13), e imediatamente após Elias ter sido levado ao céu, o ministério de Eliseu, como sendo a
continuidade do ministério de Elias, ficou atestado por meio de milagres (2Rs 2:13-25).

Os milagres no ministério do profeta Eliseu


O ministério do profeta Eliseu ficou muito conhecido pelos grandes milagres que ocorreram através dele. Em toda Bíblia, com exceção de Jesus, nenhuma outra
pessoa teve tantos milagres registrados por intermédio de seu ministério quanto Eliseu.
Podemos listar os principais eventos do ministério do profeta Eliseu da seguinte forma:

 Após a trasladação de Elias, o poder de Deus foi imediatamente confirmado no ministério do profeta Eliseu com a realização de milagres, sendo: a travessia miraculosa
do Jordão (2Rs 2:14), as águas de Jericó que se tornaram saudáveis (2Rs 2:19-22) e a pronuncia do juízo de Deus contra os jovens que zombaram dele (2Rs 2:23-25). Os
jovens foram severamente punidos pois zombaram do no novo profeta de Deus em Israel.
 Eliseu profetizou a vitória contra os moabitas, e deu as instruções para que água “brotasse” no deserto (2Rs 3).
 O profeta Eliseu ajudou uma viúva endividada provendo azeite milagrosamente, algo semelhante ao Elias já havia feito em seu ministério (2Rs 4:1-7; cf. 1Rs 17:8-
16).
 O profeta Eliseu profetizou o nascimento de um filho a uma mulher sunamita. Tempos depois, o menino adoeceu repentinamente e morreu, porém através de
Eliseu, o menino foi ressuscitado, em mais um milagre relembra o ministério de Elias (2Rs 4:8-37; cf. 1Rs 17:17-24).
 Proveu alimento de modo milagroso a um grupo de profetas (2Rs 4:38-44).

 Curou o leproso Namã no rio Jordão. Na ocasião, seu servo, Geazi, pecou e tornou-se leproso (2Rs 5).
 Recuperou um machado fazendo-o flutuar (2Rs 6:1-7).

 Instruiu o rei de Israel acerca dos planos dos sírios. Quando o rei sírio tentou prendê-lo, Deus impediu (2Rs 6:8-23).

 Os sírios cercaram Samaria, e houve grande fome ali. O rei de Israel acabou culpando o profeta Eliseu pelo que estava ocorrendo e tentou matá-lo. Todavia, o profeta
Eliseu predisse o fim do cerco sírio, e Deus interveio e o sírios fugiram (2Rs 6:24-7:20).

 Eliseu predisse a morte de Ben-Hadade, rei sírio, e conforme deveria ser, disse que Hazael seria o sucessor no trono da Síria (2Rs 8:7-15).
 O profeta Eliseu enviou um jovem profeta para consagrar Jeú como rei de Israel em lugar de Jorão (2Rs 9:1-13), numa clara referência a continuação dada por
Eliseu ao ministério de Elias, já que esta foi a última incumbência dada a Elias (1Rs 19:15,16).
 Após Eliseu ter morrido, um morto que foi lançado em sua sepultura ressuscitou ao tocar em seus ossos (2Rs 13:14-21).

A morte do profeta Eliseu


Diferente de Elias que tinha hábitos mais reclusos, o profeta Eliseu passou sua vida estando mais próximo às pessoas, mantendo uma vida social que lhe agradava. O
profeta Eliseu tinha uma casa em Samaria (2Rs 6:32), a capital do Reino do Norte, mas à semelhança de Samuel ele viaja constantemente pelo país, podendo ser visto
tanto nos palácios reais como nos casebres de aldeões.
Alguns estudiosos, com base em 2 Reis 13:14-20, calculam que o profeta Eliseu viveu entre oitenta e cinco e noventa anos de idade. Apesar de Eliseu ter sido profeta
no século 9 a.C. e ter pertencido à tradição profética que deu origem aos profetas escritores do século 8 a.C. , seu perfil é mais semelhante aos profetas do século 11 a.C.
Além de Elias, o profeta Eliseu também se assemelhava bastante a Samuel, realizando previsões e operando grandes milagres.
É possível perceber certas semelhanças entre a relação de Moisés e Josué com a relação entre Elias e Eliseu. Mais ainda, da mesma forma com que existe um forte
significado entre o ministério do profeta Elias e o ministério desempenhado por João Batista, pode-se notar que, de certa forma, o profeta Eliseu em várias ocasiões
antecipou aspectos miraculosos do ministério do Senhor Jesus. Existe apenas uma referência ao profeta Eliseu no Novo Testamento, no Evangelho de Lucas 4:27.
O profeta Eliseu morreu depois de profetizar que Jeú derrotaria os sírios. Como já foi dito, durante uma invasão inimiga um morto foi lançado rapidamente na sepultura de
Eliseu, e, assim que o corpo daquele homem tocou os ossos de Eliseu, milagrosamente ele foi ressuscitado (2Rs 13:14-21).
A História do Profeta Elias

 Daniel Conegero
O profeta Elias foi um dos homens mais conhecidos da Bíblia, citado tanto no Antigo Testamento quanto no Novo. A história de Elias possui um papel muito ativo na
narrativa bíblica. Neste estudo, conheceremos tudo o que a Bíblia nos diz acerca de quem foi Elias.

A História de Elias
O profeta Elias viveu no século 9 antes de Cristo, durante os reinados de Acabe e Acazias, no reino do norte. Lembrando que em sua época o povo de Israel havia se
divido em dois reinos. Judá era o reino do sul com capital em Jerusalém, e Israel era o reino do norte com capital em Samaria. Saiba mais sobre os reis de Israel e os reis de
Judá.
A Bíblia não revela nada sobre a vida pessoal e familiar do profeta Elias. Sabemos apenas que ele era um tisbita que morava na terra de Gileade, a leste do Rio Jordão. O
nome Elias significa “Jeová é Deus”.

O ministério do Profeta Elias


O ministério do profeta Elias está registrado nos livros de 1 e 2 Reis (1 Reis 17-2 Reis 2). Seu ministério começa sem muita introdução, e termina com a descrição de sua
ascensão ao céu.

Elias profetizou numa época muito difícil da História do povo de Israel do ponto de vista religioso. No tempo de Elias, o reino do norte havia alcançado sua melhor posição
econômica desde que havia ocorrido a separação do reino após a morte de Salomão.

O rei Onri (885-874 a.C.) procurou estabelecer boas relações com as nações vizinhas. Ele casou seu filho, Acabe, com Jezabel, filha de Etbaal, rei dos sidônicos. Esse casal
introduziu em Israel a adoração ao deus Baal de Tiro e Sidom. Acabe se encarregou até de construir um templo para Baal em Samaria (1 Reis 16:32).
Nesse contexto turbulento de idolatria e paganismo, Elias foi chamado para servir como porta voz de Deus. Ele recebeu a responsabilidade de lembrar aos israelitas que
eles eram o povo do Senhor.

O ministério de Elias pode ser organizado em seis importantes episódios:

1. O aviso acerca da seca eminente e seu isolamento;

2. A luta no Monte Carmelo onde enfrentou os profetas de Baal;

3. A fuga para Horebe;

4. O episódio envolvendo Nabote;

5. A profecia acerca de Acazias;

6. Sua translação ao céu.

A seguir, conheceremos os detalhes mais importantes de cada um destes seis episódios que marcaram o ministério do profeta Elias.

Elias profetiza uma grande seca


Em 1 Reis 17, temos o registro, sem qualquer introdução, das atividades do ministério do profeta Elias. Na ocasião, o profeta Elias anunciou que haveria uma grande seca.
Devemos lembrar que Baal era o deus da vida e da fertilidade. Logo, tal seca representava um ataque direto à suposta capacidade desse ídolo de controlar as condições do
tempo.

Após essa profecia, Elias recebeu recomendações divinas para que se retirasse para o oriente, escondendo-se junto ao ribeiro de Querite. Nesse lugar, Elias foi sustentado
milagrosamente. A água vinha do próprio ribeiro, e o pão e carne eram trazidos por corvos (1 Reis 17:2-6).

A viúva de Sarepta
Após o ribeiro secar por conta da severa seca, Elias foi instruído a ir até Sarepta, que é de Sidom. Lá ele seria sustentado por uma viúva (1 Reis 17:9). Num primeiro instante
imagina-se que a viúva que sustentaria o profeta seria uma mulher de pose. Entretanto, a sequência do texto bíblico nos revela a situação precária em que aquela mulher
vivia (1 Reis 17:10-12).

De forma milagrosa e providencial, Deus multiplicou a reserva de farinha e azeite da viúva até que a chuva voltasse a cair sobre a terra (1 Reis 17:14). Ainda no mesmo
capítulo, temos o registro da enfermidade que acometeu o filho da viúva e o acabou matando.
A expressão “Que tenho eu contigo, homem de Deus?“, demonstra que aquela mulher associou a visita do profeta Elias com a enfermidade do seu filho. Ele pensava que a
presença do profeta como um homem de Deus, havia atraído a atenção divina para o seu pecado (1 Reis 17:18).
Aquele acontecimento serviria como uma grande prova da identidade de Elias como profeta do Senhor. Elias orou a Deus e o filho da viúva foi restaurado à vida
novamente (1 Reis 17:19-22).

Elias e os profetas de Baal no Monte Carmelo


Durante o período da seca profetizada poe Elias, a fome castigou Samaria. Nesse período Jezabel mandou matar os profetas do Senhor. Porém, havia um homem chamado
Obadias, oficial de Acabe, que consegui esconder alguns profetas. Obadias também foi o responsável em intermediar um encontro entre Elias e Acabe.

Acabe culpava Elias da miséria em Israel, mas o profeta deixou claro que ele e sua família é que eram os verdadeiros culpados. Eles tinham pecado contra o Senhor,
especialmente por causa da idolatria (1 Reis 18:17,18). Então o profeta Elias convocou todo Israel a comparecer no Monte Carmelo. Naquele lugar confrontaria os profetas
de Baal sustentados por Jezabel. Saibam quem eram os profetas de Baal.
Os 450 profetas de Baal e os 400 profetas de Aserá foram até o monte. Ali, dois sacrifícios seriam apresentados, um pelos pagãos e outro pelo profeta do Senhor. Ninguém
poderia queimar os sacríficios, pois o fogo deveria surgir de forma sobrenatural. O verdadeiro Deus seria aquele que queimasse o sacrifício.

Os profetas de Baal fizeram tudo o que puderam, mas nada aconteceu. Elias então consertou o altar do Senhor que estava quebrado, e pediu que derramassem água sob o
holocausto. O profeta Elias clamou ao Senhor, e Deus respondeu com fogo que consumiu o holocausto (1 Reis 18:23-38).

Todo povo de Israel reconheceu que “Jeová é Deus”. Naquele dia os profetas de Baal foram mortos e uma grande chuva caiu sobre Israel. Havia chegado ao fim o período
de seca conforme Elias havia anunciado (1 Reis 18:40,41).

Nesse episódio também encontramos mais uma demonstração do poder de Deus na vida do profeta Elias. Ele foi capaz de correr à frente da carruagem de Acabe por todo
o caminho até Jezreel. Isto representava uma distância de 30 a 35 quilômetros do local onde estavam.

A fuga para Horebe


Após ser ameaçado por Jezabel, Elias fugiu em direção ao sul. Esse foi um momento de profundo desamino na vida do profeta. Inclusive, ele chegou a desejar a morte (1
Reis 19:1-4). Entretanto, ele foi divinamente alimentado com pão e água e instruído a seguir em direção a Horebe, o monte de Deus. A caminhada durou quarenta dias e
quarenta noites, e o profeta foi sustentado apenas pela refeição que havia comido.

O Monte Horebe foi o local onde o Deus da aliança de Moisés se fizera conhecido. Isto indica que a volta de um profeta leal a Deus àquele lugar era muito significativa. No
Monte Horebe Deus deu nova visão e novas instruções ao profeta Elias. Ali ele recebeu três incumbências:

1. Ungir Hazael como rei da Síria;

2. Ungir Jeú como rei de Israel;

3. Ungir Eliseu como seu sucessor.

Vale mencionar que a comissão acerca de Hazael e Jeú foi complementada por Eliseu, já que a ascensão de ambos aos tronos da Síria e de Israel, respectivamente, é
registrada no ministério de Eliseu.

O profeta Elias e a vinha de Nabote


Em 1 Reis 21, encontramos mais um grande confronto entre o Profeta Elias e a família real. Jezabel havia planejado a execução de Nabote que não queria abrir mão de sua
vinha em favor de Acabe. Além disso, eles haviam ignorado o direito à herança da terra que era garantido na nação de Israel.

O Profeta Elias anunciou o juízo divino sobre Acabe e Jezabel, dando detalhes sobre suas mortes e avisando que sua casa seria destruída. Como Acabe se arrependeu, o
Senhor adiou por uma geração a destruição da sua dinastia (1 Reis 21:29), mas Acabe e Jezabel tiveram mortes desonrosas conforme a profecia (1 Reis 22:37,38; 2 Reis
9:10,34-37).

A profecia contra Acazias


Acazias subiu ao trono de Israel, sucedendo a Acabe, seu pai (1 Reis 22:52). Em uma determinada ocasião, Acazias sofreu um acidente que o deixou aleijado. Prontamente
ele tentou buscar auxílio no deus pagão, ironicamente chamado de Baal-Zebude, que significa “Senhor das Moscas”. Esse era um trocadilho que ridicularizava o nome Baal-
Zebul, que significa “Senhor, o Príncipe”.

Acazias desejava saber se poderia se recuperar de seu problema. Mas Elias interceptou os mensageiros de Acazias, e ordenou que voltassem ao rei avisando-o que ele havia
ignorado o Deus de Israel e que certamente morreria.

Revoltado, Acazias deu ordens para que o profeta Elias fosse preso. Ele enviou um capitão com cinquenta soldados ao encontro de Elias que estava no cume do monte. No
entanto, todos eles acabaram consumidos pelo fogo que desceu do céu.

Acacazias enviou outro capitão com cinquenta soldados, e também foram consumidos com fogo. Insistente, Acazias enviou mais um capitão com seus soldados. Este último
capitão subiu ao encontro de Elias e suplicou por sua vida e pela vida seus soldados.
O profeta Elias então o acompanhou e foi à presença do rei para transmitir pessoalmente a sua mensagem. Assim como Elias havia predito, Acazias não se recuperou e
morreu (2 Reis 1).

Elias é levado ao céu


O final do ministério de Elias está registrado em 2 Reis 2. Eliseu, e alguns outros profetas, perceberam que o ministério do profeta Elias estava chegando ao fim, e que ele
os deixaria. Por algumas vezes Elias tentou se distanciar, mas Eliseu insistiu em acompanhá-lo.

É importante lembrar que Eliseu já havia sido vocacionado para suceder o profeta Elias (1Reis 19:16,19-21). Elias e Eliseu foram a vários lugares juntos. Depois de um
milagre realizado no Jordão o qual teve suas águas divididas, Eliseu pediu uma porção dobrada do espírito do seu mestre.

Essa era uma referência ao direito de primogenitura praticado nas famílias israelitas. Em Israel, o filho primogênito recebia a porção dobrada da herança da família. Além
disso, ele tinha o direito de suceder o patriarca da casa (Gênesis 25:31; Deuteronômio 21:17). Em outras palavras, Eliseu estava desejando se tornar o principal herdeiro
espiritual de Elias. Ele não queria ser exatamente duas vezes mais “poderoso” do que o profeta, como muitas pessoas imaginam.

Eliseu fez um pedido muito ousado. Elias lhe respondeu que não cabia a ele, e sim a Deus, decidir se o pedido de Eliseu seria atendido. A sequência do texto bíblico nos
informa que a concessão desse pedido de Eliseu foi garantida. Eliseu viu Elias ascender ao céu em um rodamoinho escoltado num “carro de fogo com cavalos de fogo” (2
Reis 2:11).

Elias no Antigo Testamento


Além dos livros de 1 e 2 Reis onde sua história está registrada, o profeta Elias aparece em outras duas referências no Antigo Testamento. Em 2 Crônicas 21:12-15 temos
notícias de que Elias enviou uma carta ao rei de Judá, Jeorão. Vale lembrar que o ministério de Elias se concentrou principalmente no reino do norte.

Jeorão havia sucedido seu pai, o rei Josafá, e foi repreendido por ter decidido seguir o padrão idólatra dos reis do reino do norte (Israel), ignorando o caminho do temor e
da obediência a Deus, e se distanciando do que fora feito por Asa e por Josafá.
Há também uma referência a Elias no livro Malaquias 4:5. O profeta é mencionado como precursor do “grande e terrível Dia do Senhor“. Alguns acreditam que essa profecia
conecta Elias as duas testemunhas do Apocalipse. Porém, o próprio Jesus indicou que se trata de uma referência ao ministério de João Batista (cf. Mateus 17:10-13; Marcos
9:11-13; Lucas 1:13,17). Particularmente creio que a última interpretação é a mais coerente com o texto bíblico.
O Antigo Testamento menciona três outros homens com o mesmo nome de Elias. O primeiro foi um benjamita (1 Crônicas 8:27,28). Os outros dois foram um sacerdote e
um filho de um sacerdote que casaram com mulheres gentílicas (Esdras 10:21,26).

O profeta Elias no Novo Testamento


Elias é mencionado várias vezes nos livros do Novo Testamento, principalmente em relação à identificação de seu ministério com o de João Batista. Entretanto, a menção
mais extraordinária de Elias no Novo Testamento é no episódio da transfiguração de Jesus. O profeta apareceu junto de Moisés ao lado de nosso Senhor (Mateus 17:1-3;
Marcos 9:4).
Ainda no Novo Testamento, o apóstolo Paulo citou o profeta Elias (Romanos 11:2-4), e Tiago, em sua epístola, também mencionou o profeta ao fazer uma exposição sobre
a importância da oração (Tiago 5:17,18).
O Que Significa Sarça Ardente? O Que é Uma Sarça na Bíblia?

 Daniel Conegero
Sarça ardente era um arbusto que queimava mas não se consumia pelo fogo, o qual Moisés contemplou na ocasião de sua chamada por Deus para que ele liderasse o
povo de Israel em sua libertação da escravidão no Egito.

O que é uma sarça?


Sarça é um arbusto. A palavra “sarça” traduz o termo hebraico seneh, uma palavra que aparece apenas duas vezes na Bíblia, ambas referindo-se ao episódio da
convocação de Moisés (Êxodo 3:2-4; Deuteronômio 33:16).
Não é possível saber exatamente que tipo de arbusto a sarça ardente era. Considerando a região em que ocorreu esse evento, e o significado da raiz a qual a palavra
hebraica deriva, “espetar”, acredita-se que provavelmente a sarça era um arbusto espinhoso, talvez da família das acácias.

Moisés e a sarça ardente


A história de Moisés diante da sarça ardente está registrada no capítulo 3 do livro de Êxodo. Segundo a narrativa bíblica, Moisés estava apascentando o rebanho de seu
sogro, quando o levou para o lado ocidental do deserto, chegando ao Monte Horebe.
O Monte Horebe é identificado na Bíblia como “o monte de Deus”, o mesmo que também aparece em outros textos como Sinai. Alguns estudiosos defendem que Horebe
era o nome que também designava toda a cadeia de montanhas, enquanto que Sinai identificava uma montanha específica.

A Bíblia diz que em dado momento o Anjo do Senhor apareceu a Moisés numa chama de fogo no meio de uma sarça. Quando Moisés olhou para sarça, ele
percebeu que ela ardia, mas não se consumia. Aquele fato curioso chamou a sua atenção, e ele foi em direção à sarça para averiguar por que ela não se queimava.

Deus se revela a Moisés na sarça ardente


Quando Moisés se aproximou para poder contemplar mais de perto a sarça ardente, Deus, do meio da sarça, o chamou pelo nome e lhe ordenou que tirasse as sandálias
dos pés porque o lugar em que ele estava era santo (Êxodo 3:5).

Então Ele se revelou a Moisés como sendo o Deus de seus antepassados, o Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó. Ao ouvir tais palavras, Moisés compreendeu que se tratava
de uma auto-revelação do próprio Deus, e escondeu o rosto, pois temeu olhar para Deus.
Algumas pessoas ficam em dúvida sobre a expressão utilizada em Êxodo 3:2 que indica que “o Anjo do Senhor” foi quem apareceu no meio da sarça ardente. A questão é
que essa expressão no Antigo Testamento muitas vezes significa uma manifestação especial do próprio Deus, ou seja, uma manifestação visível da Divindade chamada na
teologia de Teofania. Assim, os estudiosos geralmente concordam que trata-se de uma aparição do Filho, a Segunda Pessoa da Trindade, que revela o Deus invisível (João
1:18).
Na sequência, Deus falou com Moisés dizendo que estava atento a aflição do povo de Israel sob a opressão dos egípcios, e lhe anunciou que iria libertá-lo e conduzi-lo à
Terra Prometida, e que Moisés havia sido escolhido para liderar aquele povo (Êxodo 3:5-10).

O significado da sarça ardente


Muitos significados são dados para a sarça ardente por diferentes intérpretes. Alguns entendem que a sarça ardente seja uma referência ao povo de Israel, um povo
perseguido, mas não consumido. Sobre isto, D. L. Moody escreve que “assim como a nação de Israel não foi consumida na fornalha da aflição, assim a sarça ardia e não se
consumia, pois Deus estava lá”.
Outros entendem que a sarça ardente era uma figura do que Deus havia planejado para o próprio Moisés. W. W. Wiersbe diz que “Deus pode tomar um arbusto
insignificante, fazê-lo arder e transformá-lo num milagre; e era exatamente isso o que desejava fazer com Moisés”, ou seja, Moisés era um frágil arbusto, mas Deus era o fogo
que lhe daria poder.
M. Henry também observa que “o fogo não estava em um cedro alto e majestoso, mas em um arbusto com espinhos”, no sentido de mostrar que Deus escolhe os fracos e
despreza as coisas altivas do mundo, assim como Moisés, que naquele momento era apenas um simples idoso fracassado, um pastor de ovelhas no deserto.
No entanto, quando falamos sobre o significado da sarça ardente, devemos destacar algumas verdades fundamentais:
 O fogo é frequentemente utilizado nas Escrituras como símbolo para a presença de Deus, especialmente com relação a sua santidade consumidora, isto é, a pureza
de sua santidade e sua ira em relação ao pecado como escreveu o autor de Hebreus (Hebreus 12:29; cf. Gênesis 3:24; Êxodo 13:21; 19:18; 1 Reis 18:24,38). Mais tarde, no
próprio livro de Êxodo lemos que o Senhor desceu sobre o Sinai em fogo, de modo que todo o monte fumegava (Êxodo 19:18). Entenda melhor os atributos Divinos.
 A sarça era um simples arbusto natural e espinhoso, mas que foi iluminado com uma chama sobrenatural. Alguns intérpretes sugerem que Moisés teve uma visão,
enquanto outros defendem que a luz do sol poente sobre a sarça produziu o efeito semelhante ao fogo. Todavia, tudo no texto indica um arbusto físico queimando de
forma miraculosa.
 A sarça ardente foi acesa sem nenhuma ação humana, e permanecia acesa sem que fosse consumida, ou seja, algo cientificamente impossível, um verdadeiro milagre.
 A revelação de Deus ali não estava limitada apenas a sarça que queimava sem ser consumida, mas especialmente em sua Palavra declarando a Moisés que Ele é o
Deus santo e vivo, o Todo-Poderoso que tudo vê, cujo nome é: “Eu Sou o que Sou” (Êxodo 3:14). Saiba mais sobre qual é o nome de Deus.
Portanto, o significado da sarça ardente aponta diretamente para a autossuficiência de Deus, ou seja, o arbusto não era consumido porque o fogo que estava ali não
necessitava de combustível para queimar, isto é, a chama que estava sobre a sarça é viva por si mesma, um símbolo da santidade inacessível de Deus.
Alguns estudiosos também enfatizam o fato de que ao mesmo tempo em que a sarça ardente aponta para a autossuficiência de Deus, ela também revela a sua graça
soberana, que mesmo sendo onipotente, perfeito e pleno em Si mesmo, Ele voluntariamente escolhe utilizar instrumentos na execução de seus propósitos eternos. Assim,
na simples sarça que foi alvo da ação Divina é possível entender que Deus é Aquele que garante sua presença habitando em seu povo.
O Que é Onipotência? Deus é Onipotente?

 Daniel Conegero
Onipotência é um termo teológico utilizado para fazer referência à verdade bíblica de que Deus possui um poder ilimitado, ou seja, Deus é onipotente.  Logo,
entender melhor o que é onipotência e qual o seu significado na Bíblia, é algo fundamental para compreendermos um pouco mais sobre as qualidades de Deus.
Antes de estudarmos o significado de onipotência na aplicação teológica, vale saber que essa palavra tem origem latina, e é formada pelos termos omni, que significa
“todo”, “completo” ou “pleno”, e potens, que significa “poderoso”. Assim, onipotente significa “todo-poderoso” ou “completamente poderoso”.
Como a Bíblia foi escrita no hebraico e no grego, salvo algumas pequenas partes em aramaico, a palavra onipotência serve para traduzir um conceito que é expresso por
alguns termos originais, conforme veremos a seguir.

Significado de onipotência na Bíblia


A palavra onipotência não pode ser encontrada explicitamente na Bíblia, mas o ensino de que Deus é onipotente é facilmente percebido. No Antigo Testamento, o
termo hebraico que melhor transmite o significado de onipotência é El Shaddai ou apenas Shaddai, que é traduzido como “Deus Todo-Poderoso”.
É possível que esse termo hebraico signifique literalmente “Deus das montanhas”, no sentido de que as montanhas representam força e majestade. Essa palavra aparece
originalmente em várias passagens bíblicas, como por exemplo, em Gênesis 17:1, onde o próprio Deus se apresenta a Abraão como sendo o Todo-Poderoso, ou então
no livro de Jó, na exortação de Elifaz.
Outra expressão bíblica utilizada muitas vezes para se referir à onipotência de Deus é o hebraico Yahweh/’Elohe Seba’ot que significa “Senhor dos Exércitos” ou “Deus dos
Exércitos” (Sl 21:10; Is 2:12; Jr 35:17 etc).
Já no Novo Testamento, o termo que geralmente faz referência ao fato de que Deus é onipotente é o grego pantokrator. Esse termo ocorre pelo menos dez vezes e
significa literalmente “Aquele que tem o controle sobre todas as coisas”, “Todo-Poderoso”, “Governador de tudo” ou simplesmente “Onipotente”.
Esse termo é utilizado na Septuaginta para traduzir o hebraico Yahweh Seba’ot citado acima. Também é interessante o fato de que no Novo Testamento a palavra
onipotência aparece apenas uma única vez em algumas versões em português para traduzir o grego pantokrator em Apocalipse 19:6.

A onipotência de Deus: Como Deus é onipotente?


A onipotência é um dos atributos incomunicáveis de Deus, e, como vimos, a doutrina bíblica claramente afirma que Ele é onipotente, isto é, o Deus Todo-Poderoso que
possui controle sobre todas as coisas.
Por ser um de Seus atributos incomunicáveis, devemos entender que somente Deus é onipotente, e essa qualidade Ele não compartilha com ninguém. Assim, nenhum
outro ser pode ser chamado de onipotente.
A onipotência de Deus pode ser vista na obra da criação, bem como no ensino bíblico de que não há nada difícil para Ele (Gn 18:14; Jr 32:17); tudo se torna possível com Ele
(Mt 19:26; Mc 10:27; Lc 18:27); nada pode impedir o seu propósito (Is 43:13); Ele conduz a História (Is 10:5,15; 28:2; 45:1; Jr 25:9; 27:6; 43:10) e possui o pleno controle de
todas as coisas (Is 43:13; Dn 4:35; Am 9:2,3), até mesmo dos menores detalhes, como os cabelos de nossa cabeça (Mt 10:30; Lc 12:7).

Em outras palavras, nada pode escapar do poder de Deus. Além do mais, Sua onipotência se revela indiretamente na promessa de que “tudo é possível ao que crê” (Mc 9:23;
cf. Mt 17:20), e na declaração do apóstolo Paulo ao dizer: “Posso todas as coisas por meio daquele que me fortalece” (Fp 4:13).
Aqui também vale lembrar uma das afirmações mais conhecidas sobre a onipotência de Deus feita por Jó, quando ele disse: “Bem sei que tudo podes, e nenhum de teus
planos pode ser frustrado” (Jó 42:2). Da mesma forma percebemos que a onipotência de Deus está diretamente relacionada a Sua onipresença e onisciência.

Por ser onipotente, Deus pode fazer qualquer coisa?


Algumas pessoas possuem um pouco de dificuldade em entender a resposta para essa pergunta. Deus é onipotente, mas isso não significa exatamente que Ele faça
qualquer coisa. Para entendermos isso precisamos entender a relação e a distinção entre a onipotência de Deus e Sua vontade, ainda que para nós, com nosso intelecto
extremamente limitado diante dos mistérios de Deus, essa tarefa pareça ser bastante difícil.
Basicamente podemos dizer que a vontade de Deus governa a Sua onipotência, assim como o Seu caráter governa a Sua vontade. Dessa forma, Deus não pode desejar, e
consequentemente fazer, nada que contradiz o Seu caráter, como por exemplo: Deus não pode pecar, não pode mentir, não pode negar-se a si mesmo ou ir contra
Sua própria Palavra, mudar Sua própria natureza ou deixar de ser Deus (Nm 23:19; 1Sm 15:29; 2Tm 2:13; Tt 1:2; Hb 6:18; Tg 1:13,17).
Portanto, com base nos princípios expostos acima, as limitações da onipotência de Deus são identificadas em três aspectos diferentes: 1) as limitações naturais (ex.: mentir,
tentar alguém a pecar, negar-se a si mesmo); 2) as limitações autoimpostas (ex.: quebrar Sua aliança); 3) as limitações por coerência (ex.: fazer um círculo quadrado).
Logo, a verdade bíblica é a de que Deus, com base em sua perfeita sabedoria e vontade, possui poder para realizar tudo aquilo que deseja fazer, de modo que sua
onipotência não opera em contradição com Sua perfeição, ou seja, o caráter santo de Deus não permite que Ele haja com imperfeição no uso de Sua onipotência. Deus é
onipotente em toda plenitude da perfeição.
Quais São os Nomes de Deus? Deus Tem Nome?

 Daniel Conegero

Os nomes de Deus são fundamentais para que possamos conhecer mais sobre Ele. Muitas pessoas se perguntam se Deus tem um nome, e a própria Bíblia responde a
essa pergunta de forma bastante extensiva, nos fornecendo uma importante lista sobre os títulos e nomes de Deus.

Qual a importância dos nomes de Deus?


Diferente do que geralmente acontece na atualidade, os nomes na antiguidade não serviam apenas para distinguir uma pessoa de outra, mas era uma expressão da própria
pessoa em si, refletindo sua natureza, importância e posição. Por conta desse princípio, às vezes um nome poderia ser entendido como sendo uma benção ou uma
maldição, bem como não era raro que alguém mudasse de nome devido a algum acontecimento extraordinário.

É muito importante conhecermos os nomes de Deus, pois eles simplesmente revelam quem Deus é, ou seja, Deus se revela através de seus nomes e títulos, de
forma que tais nomes nos levam a conhecer e admirar seus atributos que também são inseparáveis de sua Pessoa. William Hendriksen escreve dizendo que “o nome
de Deus é o próprio Deus conforme revelado em todas as suas obras” (CNT Mathews).

Qual é o nome de Deus?


O nome pessoal de Deus é YHWH. Os judeus da Antiguidade consideraram esse nome tão sagrado que o deixaram de pronunciar. Hoje, também não sabemos
exatamente qual é a pronuncia correta desse nome, mas provavelmente sua vocalização seja Yahweh, transliterada para o português como Jeová ou Javé.
Além desse nome principal, encontramos vários outros nomes que se referem a Deus. Geralmente esses nomes são classificados em: títulos e nomes próprios, termos
genéricos, descrições e termos pessoais.

Lista dos nomes de Deus


Antes de apresentarmos uma lista dos principais títulos e nomes de Deus na Bíblia, vale destacar os termos Pai, Filho e Espírito, que expressam a verdade de que na
unidade de Deus existe uma diversidade de Pessoas divinas, ou seja, no único Deus há três Pessoas.

Aqui também podemos destacar o nome de Jesus e as palavras Cristo e Messias. Jesus, no hebraico/aramaico Yeshua, e no grego Iesous, significa “Jeová é Salvação”, ou
simplesmente “Salvador”. Cristo, do grego, e Messias, do hebraico, significam “ungido”. Aplicados a Jesus, esses termos significam que ele é o Ungido prometido por Deus
nas Escrituras.
A seguir, apresentamos uma lista dos vários nomes, títulos e termos empregados nas Escrituras para se referir ao Deus verdadeiro, acompanhados, quando necessário, de
seus respectivos significados:

 YHWH: Yahweh, transliterado para Javé ou Jeová, e significa “Eu sou o que sou” (Êxodo 3:13,14). Saiba mais sobre o que significa Jeová.
 Yah: essa é a forma abreviada de Yahweh, e geralmente pode ser encontrada no livro de Salmos. Além disso, essa palavra também está presente na composição do
termo Hallelu[Yah],  que significa “louve ao Senhor”. Saiba mais sobre o significado da palavra Aleluia.
 El: um termo muito antigo para se referir a Deus, e a palavra mais comum nas línguas semíticas para se referir a uma divindade. Sua forma plural é Elim. Geralmente
quando essa palavra é utilizada para se referir a Deus no Antigo Testamento, ela é acompanhada de um complemento formando um nome composto, como por
exemplo, El Shaday.
 Elohim: uma palavra hebraica que significa “Deus”. Essa palavra está em sua forma plural, mas quando aplicada com referência a Deus, o plural deve ser entendido
como um plural de intensidade, ou seja, com relação ao Deus de Israel ela não significa “deuses”, mas unicamente Deus, enfatizando sua grandiosidade. A forma singular
de Elohim é Eloah, utilizada principalmente pelo escritor do livro de Jó. Entenda melhor o significado de Elohim.
 Elah: é uma palavra aramaica utilizada para se referir a Deus nos trechos do Antigo Testamento que foram escritos em aramaico, nos livros de Esdras e Daniel.
 Adonai: uma palavra hebraica que está em sua forma plural denotando intensidade, e significa “Soberano”, “Senhor” ou “Amo”. Também aparece na forma apelativa
“Meu Senhor”. Essa palavra é amplamente utilizada nas Escrituras, e sua forma singular é Adon. Saiba mais sobre o que significa Adonai.
 Theos: essa é uma palavra grega muito utilizada no Novo Testamento e traduzida como “Deus”.
 Hupsistos: uma palavra grega utilizada pelos escritores neotestamentários que significa “digníssimo”. Ela geralmente é traduzida como “Altíssimo”.
 Pantokrator: um termo grego utilizado no Novo Testamento para se referir ao Deus onipotente. A Septuaginta, versão grega do Antigo Testamento, também utiliza
esse termo para traduzir o significado de Todo-Poderoso.
 Kyrios: mais uma palavra grega amplamente utilizada pelos escritores bíblicos do Novo Testamento, principalmente para se referir a Jesus. Seu significado genérico
pode referir-se tanto a um homem poderoso como a uma divindade. A Septuaginta utiliza muito esse termo para traduzir o hebraico Yahweh.
 Despotes: uma palavra grega utilizada tanto no Novo Testamento quanto na Septuaginta para se referir a Deus, transmitindo o significado de “Senhor”, “Dono” ou
“Mestre”. O significado original desse termo não deve ser confundido com sua aplicação negativa na atualidade.
Principais títulos e nomes compostos de Deus
 Yahweh Jirê: significa “O Senhor proverá” (Gênesis 22:13,14).
 Yahweh Sabaote: significa “Senhor dos Exércitos” (Salmo 24:10).
 Yahweh Tsidkenu: significa “Senhor Justiça nossa” (Jeremias 23:5-6).
 Yahweh Nissi: significa “O Senhor é minha Bandeira” (Êxodo 17:15).
 Yahweh Rafá: significa “O Senhor que sara” (Êxodo 15:26).
 Yahweh Shalom: significa “O Senhor é paz” (Juízes 6:24).
 Yahweh Raah: significa “O Senhor é o meu Pastor” (Salmo 23:1).
 Yahweh Shamá: significa “O Senhor está presente” (Ezequiel 48:35).
 Yahweh Kadesh: significa “O Senhor que vos santifica” (Êxodo 31:13).
 Yahweh Elyon: significa “O Senhor Altíssimo” (Salmo 7:17).
 Yahweh Elohim Yisra’el: significa “Senhor Deus de Israel” (Salmo 59:5).
Saiba mais sobre os significados de Jeová Nissi, Jeová Jirê, Jeová Rafá e outros.
 El Shaday: significa “Deus Todo-Poderoso” (Gênesis 17:1).
 El Elyon: significa “Deus Altíssimo” (Gênesis 14:18-20).
 El Olam: significa “Deus Eterno” (Gênesis 21:33).
 El Roi: significa “Deus que vê” (Gênesis 16:13).
 El-Elohe-Yisra’el: significa “Deus é o Deus de Israel” (Gênesis 33:20).
Saiba mais sobre os significados de El Shaday e El Elyon na Bíblia.

Outros títulos, descrições e nomes de Deus


 O Santo de Israel: do original Qedosh Yisra’el. Foi muito utilizado pelo profeta Isaías (Isaías 1:4).
 O Poderoso de Israel: do original ‘Avir Yisra’el (Isaías 1:24).
 A Força de Israel: do original Netsah Yisra’el. Foi empregado pelo profeta Samuel (1 Samuel 15:29).
 Ancião de dias: do original aramaico ‘Attiq Yomin. Essa foi a expressão empregada pelo profeta Daniel para se referir a Deus em seu trono como Supremo Juiz (Daniel
7:9-22). Nesse mesmo texto Daniel também utilizou o termo aramaico Illaya, que significa “Altíssimo”.
 Rocha: traduz os termos hebraicos sur (Deuteronômio 32:4) e sela’ (Salmo 18:2).
 Rei: na Antiguidade era comum se referir a uma divindade como “rei”. O Deus de Israel é apresentado diversas vezes como o verdadeiro “Rei” do universo (Isaías 6:1,5).
 Juiz: o Deus verdadeiro é apresentado nas Escrituras como o Juiz Supremo (Gênesis 18:25; Salmo 50; Atos 10:42).
 Pastor: era comum que reis da Antiguidade se denominassem “pastores”, no sentido de expressar seu governo benevolente. A Bíblia apresenta compara Deus com a
figura de um pastor, e apresenta Deus como o Pastor de Israel (Isaías 40:11). No Novo Testamento, Jesus Cristo é denominado o grande Pastor de suas ovelhas (Hebreus
13:20).
 O Primeiro e o Último: esse título denota a eternidade e soberania de Deus, e é aplicado tanto no Antigo Testamento (Isaías 44:6), como no Novo Testamento na forma
grega Alfa e Ômega, inclusive referindo-se a Cristo.
Muitos outros termos são aplicados pelos escritores Bíblicos para se referir a Deus como: Leão (Isaías 31:4,5), Deus dos Deuses (Deuteronômio 10:17), Deus Invisível
(Colossenses 1:15), O Santo (Isaías 40:25), Deus Zeloso (Josué 24:19), Criador (Romanos 1:25), Oleiro (Romanos 9:20), Senhor dos Senhores (Salmo 136:3), Fogo Consumidor
(Hebreus 12:29), Redentor (Jeremias 50:34), Libertador (2 Samuel 22:2), Salvador (Isaías 45:21), Torre Forte (Provérbios 18:10), Refúgio (Salmo 59:16), Escudo (2 Samuel 22:3),
Esconderijo (Salmo 32:7), Sol (Salmo 84:11), Amparo (Salmo 18:18), Orvalho (Oséias 14:5) e muitos outros.

Realmente é bem difícil catalogar todos os títulos, descrições, palavras e nomes utilizados para se referir a Deus na Bíblia. No entanto, todos os títulos e nomes de Deus
expressam, em diferentes aspectos, a plenitude, o poder, a força, a majestade, a grandiosidade e os demais atributos do indescritível Deus verdadeiro, o Criador dos céus e
da terra.
Quais São os Atributos de Deus?

 Daniel Conegero

Os atributos de Deus são qualidades atribuídas ao caráter divino de acordo com sua auto-revelação e que nos ajudam a entender quem é Deus. Saber quais são os
atributos de Deus é muito importante para qualquer cristão verdadeiro.
Além da designação “atributos de Deus”, às vezes a Teologia Sistemática também denomina tal estudo de “qualidades de Deus” ou “perfeições de Deus”, de modo que
devemos entender todas essas expressões como sendo sinônimas.

Os atributos de Deus descrevem plenamente quem Ele é?


É importante entender que Deus não pode ser explicado ou definido de forma plena e compreensível aos homens. Sob esse aspecto, não se pode expressar o ser de
Deus de forma adequada com algum atributo, palavra ou frase, ou seja, mesmo o estudo sobre os atributos de Deus o descreve de forma limitada, pois Deus, em sua
plenitude, é completamente incompreensível para nós.
Algo que precisa ser considerado é que conhecemos Deus apenas com base no que Ele resolveu nos revelar. Assim, há muito mais sobre Deus que não conhecemos, ou
porque nosso intelecto não consegue compreender, ou porque Ele simplesmente não nos revelou.

No entanto, devemos nos confortar na verdade de que Ele certamente nos revelou tudo o que de fato precisaríamos saber. A revelação de Deus aos homens é tão
clara, tanto na criação quanto nas Escrituras, que torna qualquer um que negligencie tal revelação indesculpável (Rm 2).

Qual a importância de se estudar os atributos de Deus?


Quando estudamos os atributos de Deus, mesmo de forma limitada, podemos vislumbrar o seu caráter, entender um pouco mais sobre quem Ele é e como Ele é, e
consequentemente adorá-lo e atribuir-lhe glória de uma forma mais apropriada e consciente.

Os atributos de Deus também nos auxiliam na compreensão da natureza infinita de Deus em relação ao universo. Ele é auto-existente, um ser independente e
infinitamente exaltado sobre a natureza, e que não sofre nenhum tipo de limitação por ela. Esse aspecto é chamado na teologia de transcendência.
Por outro lado, sua presença e seu poder agem ativamente dentro de sua criação, de modo que Ele não é um simples espectador da História, mas é quem controla e
conduz todas as obras de suas mãos de acordo com seu propósito. Esse aspecto é chamado na teologia de imanência.

Também entendemos que os atributos de Deus fazem parte da própria essência do seu ser, ou seja, as qualidades de Deus e seu ser são uma coisa só, de modo que
cada um de seus atributos é infinito e não conhece nenhum tipo de limitação.

Erros na interpretação dos atributos de Deus


Algumas pessoas, por não compreenderem adequadamente os atributos de Deus, acabam cometendo erros gravíssimos na interpretação das Escrituras, e fazem descrições
do caráter de Deus que, no mínimo, afrontam o seu ser perfeito.

Por exemplo, algumas pessoas priorizam um dos atributos de Deus em detrimento de outro. O caso mais clássico sobre esse erro ocorre na interpretação da relação
entre a justiça e o amor de Deus, onde as pessoas enfatizam de tal maneira o atributo do amor, que entendem que o atributo da justiça está sujeito ao próprio amor, como
se Deus fosse mais amor do que justiça. Essa compreensão equivocada geralmente resulta na heresia do universalismo, ou, no mínimo, numa noção muito equivocada
da doutrina da salvação, onde o Deus soberano parece não ter qualquer autonomia.
Sobre isso, a verdadeira doutrina bíblica é a de que Deus é todo amor e todo justiça. O fato de Deus providenciar o plano de redenção não o faz ser mais amor do que
justiça, e o fato de Ele punir eternamente o pecador que não foi justificado pela obra de Cristo, não o faz injusto ou menos amoroso. Os atributos de Deus se
complementam ao invés de se excluírem mutuamente.
O homem continua sendo homem mesmo que não tenha alguns de seus atributos humanos. Deus, diferente disso, não poderia ser Deus se lhe faltasse um de seus
atributos, pois Ele é perfeitamente expresso em cada um deles.

Quais são os atributos de Deus?


Antes de falarmos quais são os atributos de Deus, precisamos entender que a teologia, para facilitar a compreensão desse assunto, divide os atributos de Deus em duas
categorias: atributos incomunicáveis e atributos comunicáveis.
Os atributos incomunicáveis, também chamados de atributos não-relacionados, são aqueles que Deus não compartilha com nenhuma criatura, ou seja, são atributos
exclusivos dele e Ele não os comunicou a mais ninguém.

Os atributos comunicáveis são aqueles que Deus compartilha, pelo menos em certa medida, com o homem. Os atributos comunicáveis foram impressos na criação da
humanidade, e basicamente por isso o homem foi feito à imagem e semelhança de Deus, isto é, porque Deus comunicou a ele alguns de seus atributos, e por portar tais
atributos, o homem se parece com Deus em alguns aspectos.
A seguir, conheceremos quais são os atributos de Deus, e entenderemos, mesmo de forma bastante resumida e limitada, uma noção básica de cada um deles.
Os atributos incomunicáveis de Deus
1- Asseidade: significa que Deus é auto-existente, e não necessita de nada nem ninguém para continuar a existir, ou seja, Ele não depende de ninguém fora de si mesmo
para ser o que é. Obviamente a asseidade de Deus está diretamente ligada a sua eternidade (Sl 90:1,2).
2- Eternidade: significa que Deus sempre existiu, Ele não foi criado por ninguém e está acima de qualquer limitação de tempo (Gn 21:33; Sl 90:1,2). Ele não tem começo
nem fim, e existe sem sucessão de momentos, ou seja, para Ele não existe passado, presente e futuro, pois seu presente é sempre a própria eternidade.
3- Unidade: significa que Deus é um e que todos os atributos dele estão inclusos em seu ser o tempo todo. A doutrina da Trindade não contradiz esse principio, pois as
três Pessoas distintas formam um único Deus, ou seja, sua essência é indivisível (Dt 6:4; Ef 4:6; 1Co 8:6; 1Tm 2:5).
4- Imutabilidade: significa que Deus não muda jamais, ou seja, tanto Seu ser como Suas perfeições não sofrem qualquer alteração, e Ele não muda, de forma alguma, os
Seus propósitos e promessas (Tg 1:17). Aqui é importante entender que qualquer tipo de alteração que as Escrituras pareçam sugerir é apenas figuras de linguagem para
que nós, humanos, possamos compreender de forma mais didática o relacionamento dele conosco.
5- Infinitude: significa que Deus é infinito em seu ser e não sofre qualquer tipo de limitação. O tempo e o espaço não podem limitá-lo (1Rs 8:27; At 17:24-28). Talvez a
qualidade da infinitude seja um dos atributos de Deus que apresenta mais dificuldade de compreensão por parte dos homens. Geralmente os estudiosos entendem que a
infinitude de Deus também aparece revelada através de outros atributos, como a onipresença, onisciência, onipotência e a eternidade.
6- Onipresença: significa que Deus não é limitado de nenhuma forma pelo espaço. Sua presença é infinita, de modo que Ele está presente em toda parte com toda
plenitude do Seu ser (Sl 139). Saiba mais o que é a onipresença de Deus.
7- Onipotência: significa que Deus possui todo poder, isto é, seu poder é infinito e ilimitado. Deus é soberano e capaz de cumprir todos os Seus propósitos (2Co 6:18; Ap
1:8). Saiba mais o que é a onipotência de Deus.
8- Onisciência: significa que Deus conhece todas as coisas de modo completo e absoluto. Seu conhecimento é infinito e não está sujeito a qualquer limitação. Ele não
precisa pedir nenhuma informação, bem como nunca possui dúvidas (Sl 139; 147:4). Saiba mais sobre a onisciência de Deus.
9- Soberania: significa que Deus controla todas as coisas, pois Ele próprio é soberano e supremo sobre tudo e todos. Ele é quem governa o universo e conduz a História
segundo os seus propósitos eternos. Também é importante saber que a soberania de Deus não anula a responsabilidade humana, e nem a responsabilidade humana
descaracteriza as ações soberanas de Deus (Fp 2:12,13).

Os atributos comunicáveis de Deus


10- Amor: a Bíblia declara explicitamente que “Deus é amor” (1Jo 4:8). O amor, como um dos atributos de Deus, deve ser entendido, sobretudo, pelo aspecto do que os
escritores do Novo Testamento chamaram de “amor ágape“, isto é, um amor profundo e incondicional, que ao mesmo tempo em que revela grande afeição, também revela
cuidado, zelo, correção e abnegação.
O apóstolo Paulo escreveu que o amor de Deus é derramado no coração dos cristãos genuínos (Rm 5:5). Certamente a maior manifestação do amor de Deus foi enviar
Jesus, seu Filho, para morrer por pecadores. Esse ato imerecido é designado como graça (Ef 2:4-8). Aqui mais uma vez vale ressaltar que o atributo do amor não anula os
atributos da santidade, justiça e retidão.
A própria obra de Cristo no Calvário deixa isso muito bem claro, pois se por um lado vemos seu infinito amor ao enviar seu próprio Filho, por outro vemos que esse ato
serviu para satisfazer a sua justiça e santidade. Se Ele fosse mais amor do que justiça, santidade e retidão, Ele poderia ter perdoado os pecadores sem precisar sacrificar seu
próprio Filho.
Logo, não existe qualquer base bíblica ou fundamentação lógica para dizer que os demais atributos de Deus estão sujeitos e subordinados ao seu atributo do amor,
resultando, como já foi dito, na heresia do universalismo, ou, em alguns casos, no próprio aniquilacionismo.
11- Bondade: esse atributo está diretamente ligado ao atributo do amor, enfatizando a benevolência de Deus para com suas criaturas. A bondade de Deus também implica
na realidade de que tudo o que Ele faz é essencialmente bom e legítimo, mesmo que o homem não compreenda (2Cr 30:18; Sl 86:5; 100:5; 119:68; At 14:17).
12- Misericórdia: a misericórdia é outro atributo que também está ligado ao atributo do amor, e revela a compaixão e piedade Deus para com os miseráveis e angustiados
(Ef 2:4,5). Na verdade, além da misericórdia e bondade (citada acima), existem várias outras características de Deus que estão relacionadas ao atributo do amor, como por
exemplo, a benevolência, a benignidade e a longanimidade.
Através do capítulo 5 da Epístola aos Gálatas, percebemos que muitos dos atributos comunicáveis de Deus são compartilhados com os cristãos através do fruto gerado
pelo Espírito Santo.
13- Sabedoria: significa que Deus é infinitamente sábio, de modo que Ele próprio é a fonte da sabedoria. O profeta Daniel entendeu isso ao dizer que “dele são a sabedoria
e a força” (Dn 2:20; cf. Jó 12:13; Jó 36:5; Sl 147:5; Is 40:28; Rm 11:33). Além disso, devemos entender que a sabedoria de Deus é completamente superior à sabedoria dos
homens (Is 55:8; cf. Jó 28:12-28; Jr 51:15-17).
14- Justiça: significa que Deus é plenamente justo e perfeito em sua retidão. Não há injustiça em Deus, e dele não provém nenhum tipo de desigualdade. Ele sempre é
correto, e seus juízos são perfeitos (Sl 11:7; Dn 9:7; At 17:31). Muitos estudiosos também detalham o atributo da justiça em outras características específicas, como a retidão
e a equidade.
15- Santidade: significa que Deus é completamente separado do pecado, e totalmente comprometido com sua honra. Ele nunca está relacionado a qualquer coisa impura
ou qualquer comportamento indigno (Is 40:25; Hc 1:12; Jo 17:11; Ap 4:8). O atributo da santidade em Deus exige que os pecadores estejam separados dele, a menos que
estes sejam justificados pelos méritos de Cristo, sendo feitos nele santo.
16- Veracidade: significa que Deus, e tudo o que provém dele, é necessariamente verdadeiro, infalível e absolutamente confiável (Hb 10:23), de modo que Ele é o próprio
Deus verdadeiro (Jo 17:3). O atributo da veracidade também expressa a fidelidade de Deus, ou seja, tudo o que Ele revelou de si mesmo é genuíno, e por ser fiel, Ele nunca
fará nada que afronte a sua própria natureza ou contradiga sua palavra.
17- Liberdade: significa que Deus não precisa de nada nem ninguém para fazer o que quer, ou seja, Ele é completamente livre para executar sua vontade (Mt 11:26; cf. Is
40:13,14) de acordo com a perfeição de sua natureza, ou seja, apesar de ser completamente independente e livre, isso não significa que Ele seja livre para pecar, mentir,
deixar de ser Deus ou mesmo morrer, pois trais coisas contrariam seu próprio ser.
18- Paz: esse atributo de Deus nos revela que nele próprio, ou em qualquer uma de suas ações, não há nenhum tipo confusão ou desordem. Gideão entendeu essa
qualidade de Deus quando declarou “O Senhor é paz” (Jz 6:24).

Conclusão sobre os atributos de Deus   


Essa lista de atributos de Deus não deve ser entendida como uma lista exaustiva, já que se trata de um estudo limitado pela nossa compreensão do ser de Deus, bem como
não deve ser considerada uma lista padrão, pois há muitas listas sobre os atributos de Deus, algumas mais completas e detalhadas e outras mais diretas e objetivas.

Infelizmente muita gente que se intitula cristão e não conhece os atributos de Deus acaba criando para si a visão de um tipo de deus que nada tem a ver com o verdadeiro
Deus. Que possamos nos atentar para o conselho do nosso Senhor através do profeta Jeremias, e entender que o nosso maior motivo de orgulho deve ser o de conhecê-lo
e compreender os seus atributos (Jr 9:23,24).
Sem dúvida, mesmo diante de nossas limitações, estudar sobre quais são os atributos de Deus é algo maravilhoso que nos leva a admirar sua majestade, magnificência e
grandiosidade.
O Que Significa Alfa e Ômega?

 Daniel Conegero
Alfa e ômega são a primeira e última letras do alfabeto grego (Αα – Ωω). Como expressão teológica, Alfa e Ômega significa “Primeiro e Último”. Essa expressão é utilizada
em alguns textos bíblicos como um título para Deus o Pai e o Filho. A seguir, entenderemos melhor o que significa Alfa e Ômega na Bíblia.

Por ser uma expressão tipicamente baseada no alfabeto grego, vale saber que o Novo Testamento foi escrito originalmente nesse idioma. O chamado grego koiné ou
grego helenístico era o dialeto mais falado naquela época. Pode-se entender o grego koiné como sendo basicamente o grego popular, e foi esse tipo de grego que serviu
de base na redação dos textos bíblicos do Novo Testamento.

Na verdade, no idioma hebraico também já existia uma expressão similar a “alfa e ômega”. Essa expressão envolvia as letras ‘alef e taw (‫ ת‬,‫)א‬. Existem comentários rabínicos
que afirmam que Adão transgrediu a Lei do ‘alef ao taw. Isso significa que ele transgrediu a toda a Lei, do começo ao fim.
Também é interessante observar que os hebreus, os gregos e os romanos, utilizavam as letras de seus alfabetos como numerais. Isto enfatiza ainda mais a compreensão do
sentido de alfa e ômega como sendo “primeiro e último”.

Significado de Alfa e Ômega na Bíblia


A expressão Alfa e Ômega aparece originalmente em três referências no livro do Apocalipse (Apocalipse 1:8; 21:6; 22:13). Além dessas três referências, ainda no livro do
Apocalipse, a maioria das traduções do Novo Testamento em português traz a frase “Eu sou o Alfa e o Ômega, o Primeiro e o Derradeiro” em Apocalipse 1:11. No entanto,
essa frase não aparece nos melhores manuscritos antigos.
Podemos entender o significado da expressão “Alfa e Ômega” à luz das Escrituras da seguinte forma:

1. Deus, como o Alfa, significa que Ele é o Criador de todas as coisas. Ele é único que possui o conhecimento da origem de tudo que existe.

2. Deus, como o Ômega, significa que Ele é o Consumador de todas as coisas. Ele é Aquele que possui o poder e o controle de tudo e todos. Ele conduz a História segundo
os seus propósitos.

Em outras palavras, a expressão “Alfa e Ômega” aponta para os atributos de Deus. Ela transmite o significado de que Ele é o Senhor do passado, presente e futuro. É fácil
perceber isso quando analisamos cada uma das vezes em que essa expressão ocorre no livro do Apocalipse.

Deus o Pai é o Alfa e o Ômega


Em Apocalipse 1:8 a expressão “Alfa e Ômega” é aplicada como um título a Deus o Pai. Essa expressão aparece acompanhada da frase “aquele que é, que era e que há de vir,
o Todo-Poderoso”. Em Apocalipse 21:6, “aquele que está assentado no trono” se denomina como sendo o “Alfa e o Ômega, o Princípio e o Fim”.
Esse ensino também está presente em todo o Antigo Testamento, e aparece de forma bastante semelhante na profecia do profeta Isaías. Numa declaração sobre a
existência eterna e soberana de Deus, o texto bíblico diz: “Eu sou o primeiro, e eu sou o último, e fora de mim não há Deus” (Isaías 44:6). Por ser o Alfa e Ômega, somente Ele
pode anunciar “as coisas vindouras, e as que ainda hão de vir” (Isaías 44:7).

Cristo é o Alfa e o Ômega


Já em Apocalipse 22:13, essa expressão é aplicada a Cristo. Nesse caso, o título Alfa e Ômega transmite exatamente o mesmo significado das vezes em que aparece
aplicado a Deus o Pai; inclusive sendo acompanhado da frase “O Primeiro e o Último, o Princípio e o Fim”. Sem dúvida a aplicação dessa expressão nesse versículo é
bastante significativa.
Vimos que em Apocalipse 1:8 Deus o Pai se apresenta como “o Alfa e o Ômega”. Ainda no capítulo 1 do Apocalipse, Jesus se apresenta como sendo “o Primeiro e o
Último” (Apocalipse 1:17). Agora, no último capítulo do livro que traz sua conclusão, Jesus se identifica explicitamente como sendo “o Alfa e o Ômega”.

O título “Alfa e Ômega” aponta para a divindade de Cristo


Cristo utiliza as mesmas palavras de identificação que o Pai utiliza. Isso significa que ao se auto-declarar como o Alfa e o Ômega, Cristo se coloca em pé de igualdade com
o Pai. Sem dúvida essa é uma clara declaração de sua eterna divindade. Ele é igual ao Pai em poder e em autoridade, o único que também pode dizer: “Eu sou o Alfa e o
Ômega”.
Dessa forma, a mensagem do Apocalipse atribui a Cristo o mesmo título de Deus o Pai, indicando que Ele compartilha da soberania e dos atributos Divinos (Apocalipse
22:1). Esse ensino pode ser visto por todo Novo Testamento. Por exemplo: quando o próprio Cristo declara possuir “todo o poder no céu e na terra” (Mateus 28:18); quando
o apóstolo Paulo também afirma a primazia de Cristo sobre toda a criação, e que nele tudo subsiste (Colossenses 1:15-18); ou ainda quando o escritor do livro de
Hebreus ensina que o Antigo Testamento testifica da majestade e supremacia de Cristo (Hebreus 1).
Além disso, a expressão “Alfa e Ômega” aplicada a Cristo também enfatiza seu poder absoluto sobre a vida, a morte e a ressurreição, bem como sua soberania
no julgamento final (cf. João 5:21-29).
Outra questão interessante é que nas passagens em que essa expressão ocorre, ela é precedida pelo “Eu sou”. Aqui naturalmente nos lembramos de quando Deus falou
com Moisés dizendo: “Eu sou quem sou” (Êxodo 3:14). No Novo Testamento, também encontramos Jesus utilizando essa mesma fórmula, como na vez em que Ele
afirmou: “Antes que Abraão existisse, eu sou” (João 8:58).
A designação Alfa e Ômega certamente é uma fonte de conforto para os redimidos. Mas essa mesma designação também é um aviso aterrorizante para os incrédulos. Ela
revela o profundo significado de que do princípio ao fim, Deus é o governante Soberano de todo o universo. Nenhum de seus propósitos serão frustrados, e ninguém
jamais poderá se esconder dele. Ele é o princípio e o fim!
Quem foi Daniel na Bíblia?

 Daniel Conegero
Daniel é um personagem bíblico citado no Antigo Testamento, e que possui um livro que leva seu nome. Sua história na Babilônia, suas visões e interpretações de sonhos
e, sobretudo, o famoso episódio envolvendo a cova dos leões, fazem do Profeta Daniel um dos personagens mais conhecidos por todos. Neste estudo bíblico,
aprenderemos sobre quem foi Daniel na Bíblia, conhecendo cada detalhe de sua biografia.

Quem foi Daniel?


Primeiramente precisamos saber que existem mais de um Daniel mencionado na Bíblia. Antes de falarmos do Profeta Daniel, conheceremos os outros personagens com o
mesmo nome:
1. Daniel filho de Davi, também chamado de Quileabe, foi o segundo filho do rei Davi com Abigail. Ele era mais velho que seus irmãos Absalão e Adonias, porém nada mais
é registrado sobre ele (1Cr 3:1).

2. Daniel descendente de Itamar e que acompanhou Esdras (Ed 8:2), também sendo um dos signatários do Pacto (Ne 10:1).

3. No livro do Profeta Ezequiel existem referências a um personagem por nome de Daniel. Esse Daniel é citado como alguém muito justo e excepcionalmente sábio (Ez
28:3). Além disso, o Daniel citado em Ezequiel é comparado a Noé e Jó, como exemplos de justiça. A identidade desse personagem tem sido muito debatida ao longo
dos anos. Alguns intérpretes defendem que se trata do Profeta Daniel, contemporâneo de Ezequiel e que estava no exílio babilônico. Outros defendem que esse
personagem não é o conhecido profeta bíblico, baseando-se na diferença de grafia do nome em hebraico, algo como Dan’el ao invés de Dani’el. De acordo com essa
sugestão, o Daniel citado no livro de Ezequiel poderia ser uma referência a um personagem heroico mencionado num texto ugarítico antigo. Esse personagem era um
rei, conhecido por ser um governante extremamente justo, que se preocupava com as viúvas e com os órfãos. Se nesse caso, realmente o Daniel do livro de Ezequiel for
uma referência a esse rei, então além de ser conhecido por sua integridade pessoal, ele tinha em comum com Noé e Jó o fato de não ser israelita.
Agora que conhecemos os outros personagens bíblicos com o nome de Daniel, vamos abordar a história do Profeta Daniel. Antes, também é interessante saber que o
significado do nome Daniel é “Deus é meu Juiz”.

O Profeta Daniel
Daniel foi um profeta, o quarto dos chamados “Profetas Maiores”, e personagem principal do livro de Daniel presente no Antigo Testamento. Nada se sabe sobre sua
vida além do que é relatado no livro que traz seu nome.
Sabemos que o Profeta Daniel foi um israelita de linhagem nobre e real (Dn 1:3), levado cativo de Judá para a Babilônia pelo rei Nabucodonosor, em aproximadamente
605 a.C., no terceiro ano do reinado de Jeoaquim, rei de Judá (Dn 1:1).
Na Babilônia, juntamente com outros companheiros com qualidades semelhantes a ele, Daniel foi educado para o serviço no Império Babilônico, sendo instruído sobre
a língua e a civilização dos caldeus (Dn 1:4). Dentre os companheiros de Daniel na Babilônia, o relato bíblico destaca três nomes: Hananias, Misael e Azarias, também
conhecidos por seus nomes babilônicos Sadraque, Mesaque e Abednego respectivamente. Conforme o costume babilônico que atribuía nomes que faziam referências as
suas deidades, Daniel também recebeu outro nome, no caso Beltessazar.
O rei da Babilônia determinou que fossem servidas aos jovens capturados as mesmas iguarias que eram servidas no banquete real da corte pagã. Porém, Daniel propôs no
seu coração não se contaminar com a porção das iguarias do rei, nem com o vinho que ele bebia (Dn 1:8). Isso parece indicar que possivelmente o alimento real era
conflitante as regras alimentícias estabelecida na Lei de Moisés.
Daniel então conversou com o chefe dos eunucos, a qual Deus fez com que Daniel achasse graça e misericórdia (Dn 1:8), para que ele não precisasse comer daquele
banquete. Inicialmente, foi feito um acordo para que durante dez dias fosse servido a Daniel e seus três amigos apenas legumes e água. Ao final dos dez dias, eles seriam
examinados e comparados com os demais jovens que estavam se banqueteando com as iguarias do palácio. Após dez dias, Daniel, Hananias, Mizael e Azarias estavam com
aspecto mais saudável do que qualquer outro jovem.
A Bíblia diz que Deus concedeu a estes quatro jovens, conhecimento e a inteligência em todas as letras e sabedoria, mas a Daniel, Deus também deu entendimento em
toda a visão e sonhos (Dn 1:17).
Quando o período de treinamento determinado por Nabucodonosor terminou, os jovens foram conduzidos à presença do rei. Na ocasião, a Bíblia diz que não foram
achados outros jovens tão capazes como Daniel, Hananias, Misael e Azarias, fazendo com eles ficassem assistindo diretamente diante do rei. O rei lhes fez várias perguntas
sobre todos os assuntos nos quais se exigia conhecimento e sabedoria, e Daniel e seus três amigos se mostraram dez vezes mais sábios do que todos os magos e
encantadores do Império Babilônico.

O Profeta Daniel interpreta os sonhos de Nabucodonosor:


O Profeta Daniel ganhou reputação inicialmente interpretando os sonhos do rei Nabucodonosor (Dn 2,4). Nabucodonosor havia tido um sonho que lhe deixou
perturbado, e, convocando os magos, os encantadores, os feiticeiros e os astrólogos, pediu-lhes que revelassem não só o significado do sonho, mas o próprio conteúdo do
sonho. Entretanto, eles não foram capazes de revelar o sonho ao rei, o que fez com que Nabucodonosor ordenasse que todos os sábios da Babilônia fossem executados,
incluindo Daniel e seus amigos.
Ao saber disso, Daniel pediu um prazo para que revelasse ao rei o conteúdo do sonho e a interpretação do mesmo. Então, através de divina revelação, Daniel contou o
sonho não revelado pelo rei, bem como a sua interpretação, que incluía a destruição do reino de Nabucodonosor (Dn 2:19-36).
Nabucodonosor, impressionado com o que aconteceu, honrou a Deus e recompensou Daniel com presentes preciosos, colocando-o como o governador de toda a
província de Babilônia, além de principal governador de todos os sábios (Dn 2:48).
Mais tarde, o rei Nabucodonosor voltou a ter outro sonho da parte de Deus. Tal sonho envolvia o processo de humilhação a qual o monarca seria submetido devido ao seu
orgulho e soberba (Dn 4).
O Profeta Daniel interpreta um estranho texto na parede:
Por pelo menos 20 anos (aprox. 561-539 a.C.), nada foi registrado sobre Daniel. Alguns estudiosos acreditam que ele tenha, de certa forma, perdido alguma posição
privilegiada na corte depois da morte de Nabucodonosor.

O Profeta aparece em cena novamente por ocasião de um episódio ocorrido já durante o reinado de Belsazar, que exercia a co-regência da Babilônia com seu pai
Nabonido. Belsazar deu uma festa, e acabou ordenando que trouxessem as taças de ouro e de prata que Nabucodonosor havia tomado de Templo de Jerusalém para que
fossem profanadas por ele e seus convidados (Dn 5:1-3).

Num determinado momento, apareceram dedos de mão humana que começaram a escrever na parede do palácio (Dn 5:5). Quando nenhum dos sábios da Babilônia
pôde desvendar o que havia sido escrito na parede, a rainha, provavelmente filha de Nabucodonosor e mãe de Belsazar, lembrou-se de Daniel, que acabou sendo
convocado para interpretar a inscrição que dizia: “MENE, MENE, TEQUEL, PARSIM” (5:25).
De acordo com a interpretação do Profeta Daniel, a inscrição misteriosa da parede era uma referência à sentença sobre a conquista da Babilônia e a queda de seu rei. A
interpretação exata dada pelo Profeta Daniel foi a seguinte:
Mene: Deus contou os dias do teu reinado e determinou o seu fim.
Tequel: Foste pesado na balança e achado em falta.
Peres: Teu reino foi dividido e entregue aos medos e persas.
(Daniel 5:26-28)

Tudo sucedeu conforme a interpretação do Profeta Daniel. Dario, o medo, matou Belsazar e conquistou Babilônia naquela mesma noite. Embora não exista qualquer
referência extra-bíblica a um personagem medo com o nome de Dario, importantes estudiosos consideram que esse Dario citado no livro de Daniel é o governador da
Babilônia no reinado de Ciro, identificado como Gobryas.

Daniel na cova dos leões:


Quando Dario tomou a Babilônia, logo ele reconheceu a habilidade e capacidade do Profeta Daniel. Dario separou cento e vinte governadores de províncias, e também
escolheu três homens para agirem como supervisores dos governadores, a qual Daniel estava entre os três supervisores.
O Profeta Daniel, porém, começou a se destacar entre os supervisores, e o rei planejava colocá-lo à frente do governo de todo império (Dn 6:3). Diante disso, os
governadores e os outros supervisores, começaram a tentar derrubar Daniel de seu posto. Como não encontravam nada que pudesse acusar o Profeta Daniel, então eles
tramaram uma conspiração que afrontava a Lei de Deus, e colocava Daniel numa posição “sem saída”. O plano consistia em fazer com que o rei estabelecesse um decreto
de que durante trinta dias todas as orações deveriam ser direcionadas a pessoa do rei, e quem desobedecesse seria atirado na cova dos leões (Dn 6:7).
Daniel não se abalou com tal decreto, ao contrário, como de costume o profeta orava três vezes ao dia em seu quarto, no andar de cima, onde as janelas davam para
Jerusalém. Como parte da conspiração, os homens ficaram vigiando o Profeta Daniel, e assim que o encontraram orando a Deus, correram para contar ao rei.
Ao ouvir sobre a “desobediência” do Profeta Daniel, Dario ficou muito entristecido e tentou salvar Daniel até o fim do dia. Porém, os homens que tramaram contra o
Profeta Daniel trataram de garantir que o decreto fosse cumprido, e Daniel lançado na cova dos leões.
Naquele dia, o rei foi para casa e não conseguiu dormir a noite. Quando o dia amanheceu, o rei se levantou depressa e correu para a cova dos leões. Aflito, o rei chamou
pelo Profeta Daniel próximo à cova. Ao ouvir o chamado do rei, Daniel respondeu dizendo que Deus havia enviado o seu anjo para fechar a boca dos leões.
O rei ficou muito alegre e ordenou que tirassem o Profeta Daniel da cova. Em contra partida, Dario ordenou que aqueles que se levantaram contra Daniel fossem atirados
juntamente com suas famílias à cova dos leões. Por fim, o rei ainda editou um decreto para que todos temessem e reverenciassem o Deus de Daniel.

As visões do Profeta Daniel:


Entre os capítulos 7 e 12, estão registradas as próprias visões do Profeta Daniel, as quais, entre outras coisas, predizem principalmente o triunfo do reino messiânico.
Tais visões também são lembradas nos mais intensos debates teológicos acerca da escatologia bíblica.
O Profeta Daniel teve sua última visão registrada em seu livro, nas margens do rio Tigre, durante o terceiro ano do reinado de Ciro.

No Novo Testamento, Jesus, em Seu Sermão Escatológico, cita a profecia do Profeta Daniel acerca do “abominável da desolação” (Dn 9:27; 11:31; 12:11 cf. Mt 24:15; Mc
13:14), que historicamente se referia à profanação promovida por Antíoco IV Epífanio, e que prefigurava a profanação causada pelo general romano Tito na queda de
Jerusalém em 70 d.C. Ainda sobre essa profecia, a maioria dos estudiosos concorda que tais eventos tipificam de alguma forma o Anticristo escatológico, que surgirá perto
do fim da presente era (2Ts 2:3).

O Profeta Daniel foi um exemplo:


Daniel foi uma pessoa integra e justa, temente a Deus acima de qualquer coisa. Ele nunca aceitou se corromper, por maior que fosse o tesouro que lhe
oferecesse. Daniel era fiel a Deus mesmo que isso custasse sua vida. Ele também nos mostrou como é possível buscar a Deus mesmo em uma terra estranha e mergulhada
no paganismo.
Provavelmente o Profeta Daniel alcançou os 90 anos de idade, vivendo até aproximadamente 536 a.C., no terceiro ano do reinado de Ciro. Existe uma tradição rabínica
que afirma que Daniel voltou para Jerusalém no final de sua vida, com a libertação dos exilados, e foi sepultado em Susa. Porém, não existe qualquer evidência maior para
atestar tal tradição.
Profeta Isaías: Quem Foi Isaías na Bíblia?

 Daniel Conegero

O profeta Isaías foi um dos escritores do Antigo Testamento que profetizou em Judá entre os séculos 8 e 7 a.C. Isaías escreveu o livro profético mais extenso da Bíblia. O
nome Isaías significa “o Senhor é salvação”, do hebraico Yesha’yahu. Apesar de ele ser um dos profetas mais conhecidos da Bíblia, nem todos já leram a história de Isaías.

Quem foi Isaías?


Isaías foi filho de Amós, mas que não deve ser confundido com o profeta de mesmo nome. Na verdade o nome de seu pai em hebraico é ‘amots, enquanto o do profeta
Amós é ‘amos. Isaías era casado, e sua esposa é chamada em seu livro de “a profetiza” (Isaías 8:3), talvez indicando que ela também profetizava.
A Bíblia menciona que Isaías era pai de pelo menos dois filhos, Sear-Jasube e Maer-Salal-Hás-Baz (Isaías 7:3; 8:1-4). Esses nomes eram simbólicos, e tinham um significado
que se referia a própria mensagem do profeta.

O primeiro, Sear-Jasube, significa “um remanescente voltará”, apontando para o juízo iminente que o povo seria submetido devido ao ataque assírio, mas também
apontava para a promessa de restauração . Já o segundo, Maer-Salal-Hás-Baz, significa algo como “rápido até os despojos, veloz é a presa”, fazendo referência a
devastação que Deus traria sobre a Síria, Israel e Judá.

Provavelmente Isaías morava na cidade de Jerusalém, apesar do texto não esclarecer esse ponto de forma explicita (cf. Isaías 7:3). A tradição judaica afirma que Isaías era de
linhagem real. Por pelo menos treze vezes, o profeta Isaías é designado como “o filho de Amoz”, o que talvez possa indicar que seu pai era um homem importante naquela
época.

O ministério do profeta Isaías


O profeta Isaías foi chamado para exercer seu ministério em aproximadamente 739 a.C., no ano em que morreu o rei Uzias. O relato bíblico não informa se antes disso
Isaías já pregava publicamente.
Também não é possível saber com exatidão quanto tempo durou seu ministério profético, tanto de forma oral como de forma escrita. Alguns estudiosos sugerem que ele
tenha profetizado por cerca de 60 anos.

A convocação de Isaías como profeta

O relato de sua convocação para profetizar é um dos mais extraordinários registrados no Antigo Testamento. Na ocasião, Isaías teve uma visão do trono de Deus, e
contemplou serafins que proclamavam a santidade de Deus.

Diante de tamanha glória, o profeta assumiu sua própria pecaminosidade. Ele se considerou impróprio para a função de profeta ao dizer: “sou um homem de lábios
impuros” (Isaías 6:5). Mas um dos serafins tocou sua boca com uma brasa viva e lhe purificou.
Depois disso, o profeta escutou a voz do Senhor que dizia: “A quem enviarei, e quem há de ir por nós?”. O profeta então respondeu: “Eis me aqui, envia-me a mim” (Isaías
6:8). Mais tarde, a convocação do profeta Ezequiel lembrou em certos aspectos esse episódio esplendoroso do chamamento do profeta Isaías (Ezequiel 1,2,3).
A atuação de Isaías como profeta

No primeiro capítulo de seu livro, temos a informação de que o profeta Isaías teve visões da parte de Deus durante os reinados dos reis de Judá: Uzias, Jotão, Acaz e
Ezequias.
O profeta Isaías foi contemporâneo do profeta Miqueias (cf. Isaías 1:1; Miqueias 1:1). É bem possível que ambos estivessem familiarizados com a mensagem um do outro, já
que o texto de Isaías 2:2-4 e Miquéias 4:1-3 são muito semelhantes.

O ministério do profeta Isaías foi precedido pelo ministério do profeta Amós e pelo ministério do profeta Oseias; apesar de que Oséias também foi seu contemporâneo
durante algum tempo. Amós e Oséias profetizaram, principalmente, sobre o Reino do Norte. Já Isaías e Miquéias se concentraram mais no Reino do Sul.
Com base em seus escritos, é possível perceber que o profeta Isaías foi um homem culto e muito capacitado. Ele tinha uma habilidade analítica notável e um senso poético
apurado. Ele é considerado por muitos como o maior escritor hebreu.

A mensagem do profeta Isaías

A mensagem do profeta Isaías mesclou repreensões e anúncios de maldições pela infidelidade do povo, com conforto e esperança pela restauração futura. Desse modo, o
profeta Isaías pregou sobre a importância da fidelidade ao Senhor.

Além disso, sua mensagem escrita também focava os judeus exilados, conclamando-os ao arrependimento e os exortando a confiarem nas promessas de Deus. Após o
período de cativeiro, o Senhor abençoaria o remanescente fiel, trazendo restauração e bênçãos sobre as nações de uma forma nunca antes experimentada.
O pecado de Israel e Judá havia chagado a um nível tão abominável, que Deus usou o profeta para falar acerca de várias maldições que atingiriam os hebreus de forma
geral. A maior delas, é claro, foi o exílio na Babilônia. Nesse contexto, Deus ordenou que o profeta Isaías profetizasse para que o coração daquele povo rebelde fosse
endurecido, seus ouvidos e olhos fechados, a fim de que o juízo de Deus sobre eles não fosse evitado.

O profeta Isaías também falou sobre as bênçãos futuras que seguiriam após o exílio. Ele profetizou que um remanescente sobreviveria a esse período tão difícil, e retornaria
à Terra Prometida.

Isaías, o profeta messiânico

Já na época dos pais da Igreja o profeta Isaías era conhecido como o “evangelista do Antigo Testamento”. Tal designação se dá pelo modo detalhado e completo com que
ele descreveu a pessoa e obra do Messias.

Muitos julgamentos profetizados por Isaías foram cumpridos no ministério de Jesus (cf. Isaías 53:4-6; 2 Coríntios 1:15; Hebreus 9:26). Além disso, o profeta Isaías apresentou
Jesus como “o Servo” que traria justiça as nações; que restabeleceria a aliança; que iluminaria os gentios (no sentido de prover salvação a eles); que expiaria o pecado de
seu povo e, finalmente, ressuscitaria dos mortos (Isaías 42:1-7; 49:1-7; 52:13-53:12).

É por isso que as profecias do profeta Isaías registradas em seu livro, são as mais referenciadas no Novo Testamento quando o objetivo é apontar sobre como a pessoa de
Jesus cumpre com perfeição todas as promessas do Antigo Testamento em relação ao Messias prometido.

A profecia de Isaías também alcança um cumprimento ainda futuro. Ele profetizou acerca da restauração após o exílio falando sobre as maravilhas que aconteceriam, e
chamou esse nova realidade de vida de “os novos céus e a nova terra” (Isaías 66:22; 65:17). Essa promessa que foi inaugurada no ministério terreno de Cristo, e que
atravessa a História da Igreja, encontrará seu cumprimento pleno no maravilho retorno de nosso Senhor Jesus (2 Coríntios 4:6; 5:17; Gálatas 6:15; Tiago 1:18; Apocalipse
21:1-3).

A morte do profeta Isaías


Não se sabe com precisão quando e como foi a morte do profeta Isaías. O que se sabe é que a última menção ao seu ministério público ocorreu na época das campanhas
de Senaqueribe, entre 701 a.C. e 686 a.C.

Com base no relato descritivo de Isaías 37:38 sobre a morte de Senaqueribe, alguns estudiosos acreditam que ele ainda poderia estar vivo nessa ocasião, o que data o ano
de 681 a.C. Outros, porém, sugerem que esse trecho do texto pode ter sido incluído por um seguidor de Isaías que resolveu documentar tal profecia que havia se cumprido.

Seja como for, geralmente se assume que Isaías morreu durante o reinado do rei Manassés. Se for esse o caso, então o nome de Manassés não aparece na relação de reis
em Isaías 1:1 porque talvez o profeta Isaías não desempenhasse mais nenhuma atividade pública nessa época.

Uma antiga tradição afirma que o profeta Isaías sofreu martírio sendo serrado ao meio por ordem do próprio Manassés, mas não há muitas evidencias a esse respeito. Caso
de fato tenha ocorrido isso com o profeta, então talvez o escritor do livro de Hebreus tenha mencionado seu martírio na galeria dos heróis da fé (Hebreus 11:37).
O Que Significa El Shaday e El Elyon?

 Daniel Conegero

El Shaday, ou El Shaddai e El Elyon, são nomes utilizados na Bíblia para se referir a Deus. Esses nomes são formados por duas palavras, sendo a primeira delas o
termo El, acompanhada de um adjetivo ou substantivo, isto é, Shaday e Elyon. Assim, antes de entendermos o significado de El Shaday e El Elyon, precisamos conhecer um
pouco mais sobre a palavra El.

O significado de El
O hebraico El é um dos termos mais antigos para se referir a Deus, sendo também a palavra mais comum, em suas formas cognatas, para designar uma divindade nos
povos de língua semita, por exemplo, babilônios, fenícios e os próprios hebreus. No entanto, com aproximadamente 208 ocorrências, esse termo não é o mais usual no
Antigo Testamento para se referir a Deus, onde é preferido, por exemplo, o hebraico Elohim.
Apesar de não se saber o significado exato dessa palavra, especialmente pela dificuldade em se determinar com certeza sua origem, é bem provável que ela transmita a
ideia de força e poder. Assim, geralmente é aceito que seu significado nas línguas semitas seja “aquele que é forte”, sendo aplicada para designar um ser poderoso em seu
sentido mais amplo, seja o Deus verdadeiro ou um deus falso.
Quando aparece em sua forma plural, Elim, geralmente o contexto sugere que sua melhor tradução seja “deuses”, no sentido de ídolos construídos por homens (cf. Isaías
44:10,15,17). Entre os cananeus, El era o nome do deus chefe do panteão cultuado por eles.
No Antigo Testamento, quando aplicado entre os israelitas para se referir ao verdadeiro Deus, El muitas vezes aparece como parte de um nome composto, por exemplo, “El
Shaday”. Às vezes, em uma única passagem, El aparece combinado a outras palavras que também são utilizadas para se referir a Deus.

Um exemplo interessante desse tipo de caso pode ser visto em Deuteronômio 5:9, onde se lê: “Não adorarás, nem lhes darás culto; porque eu, o Senhor (Yahweh), teu Deus
(Elohim), sou Deus (El) zeloso”.

O significado de El Shaday
Depois de entendermos o significado e aplicação do termo El, agora podemos facilmente entender o significado do nome composto El Shaday. Shaday ou Shaddai, é
uma palavra hebraica que significa “Todo-Suficiente” ou “Todo-Poderoso”.
Logo, a combinação El Shaddai é traduzida como “Deus Todo-Poderoso”. Alguns intérpretes acreditam que originalmente El Shaday significava “Deus das montanhas”,
uma expressão que denota o sentido de onipotência.
Em Gênesis 17:1, encontramos um dos exemplos mais conhecidos do emprego desse nome nas Escrituras. Quando Deus chamou Abraão, Ele se apresentou como sendo o
El Shaday: “Eu sou o Deus (El) Todo-Poderoso (Shaday)”.
Na Septuaginta e no Novo Testamento, El Shaday é traduzido pelo grego Pantokrator, que significa “O Todo-Poderoso” (2 Coríntios 6:18; Apocalipse 1:8). Na Vulgata Latina,
o grego Pantokrator geralmente é traduzido como Omnipotens, de onde deriva o português “onipotente”. Saiba mais sobre o significado de onipotência.

O significado de El Elyon
O hebraico Elyon é traduzido como “Altíssimo”, e seu significado possui o sentido de “superior” ou “altamente elevado/exaltado”. O nome composto El Elyon,
então pode ser traduzido como “Deus Altíssimo”, e aparece em destaque em Gênesis 14:18-20, como sendo o título do Deus adorado pelo rei e sacerdote Melquisedeque.
Tanto o rei Davi no Salmo 110:4, quando o escritor do livro de Hebreus no Novo Testamento, entenderam que El Elyon, o Deus Altíssimo adorado por Melquisedeque, é um
título para o único Deus verdadeiro, o Deus de Israel (Hebreus 7:1-3).
A palavra Elyon, de forma exclusiva, também é encontrada algumas vezes nas Escrituras (cf. Números 24:16). Às vezes ela também aparece combinada com outros nomes,
como Javé (cf. Salmos 7:17). Nos textos em aramaico do livro de Daniel, é utilizado o termo Illaya, equivalente aramaico do hebraico Elyon (Daniel 2:4; 4:17; 7:25-28).
No Novo Testamento, apalavra grega que é usada de forma similar ao hebraico Elyon é Hupsistos, que significa “digníssimo” ou “o mais elevado” (cf. Marcos 5:7; Atos 7:48;
Hebreus 7:1).
Outros nomes e títulos compostos para Deus com o termo El
Além de El Shaday e El Elyon, outros nomes compostos com o termo El são utilizados para se referir a Deus. De forma geral, esses nomes compostos apontam para
os atributos de Deus. Alguns exemplos são:
 El Olam: significa “o Deus Eterno”, indicando, como fica claro, a eternidade de Deus (Gênesis 21:33; “Senhor Deus Eterno” – Yahweh El Olam).
 El-Elohe-Yisra’el: expressa o relacionamento especial de Deus com Israel. Esse título descritivo foi pronunciado por Jacó após seu nome ter sido trocado para Israel, e
significa “Deus é o Deus de Israel” (Gênesis 33:20).
 El Roi: significa “o Deus que vê”. Aparece em Gênesis 16:13 quando Agar invocou a Deus no deserto.

Nomes próprios de pessoas que incluem a palavra El


Vários nomes de personagens bíblicos possuem em sua fórmula o termo El. Esses nomes eram frequentemente utilizados por pais religiosos que expressavam sua fé e
gratidão a Deus através do nome de seus filhos. Alguns exemplos são: Daniel, “El é meu Juiz”; Natanael, “El deu” (no sentido de dádiva); Ismael, “El ouve”; Misael, “Quem é
como El?”; etc.
Concluindo, tanto os nomes El Shaday e El Elyon , assim como os demais nomes e títulos compostos que utilizam o termo El, transmitem em seus significados algumas das
qualidades ou perfeições de Deus.
O Que Significa Jeová Nissi, Rafá, Jireh, Samá, Shalom, Sabaote,
Tsidkenu e Kadesh?

 Daniel Conegero
Jeová Nissi, Jeová Rafá e Jeová Jireh, são nomes compostos encontrados na Bíblia que se referem ao Deus verdadeiro, cujos significados enfatizam algumas de
suas qualidades. Todos esses nomes tem em comum o uso do nome Jeová ou Javé, que transliteram o original Yahweh (ou Yehowah), que consiste na vocalização do
nome pessoal de Deus, YHWH.
Além destes mais conhecidos, também encontramos outros, como: Jeová Samá (ou Shama), Jeová Sabaote, Jeová Tsidkenu, Jeová Kadesh, Jeová Shalom, Jeová Raah e
Jeová Elyon. A seguir, conheceremos melhor o significado de cada um desses nomes compostos.

O que significa Jeová Nissi?


Jeová Nissi significa “o Senhor é a minha bandeira”, do original Yahweh-nisi. Moisés atribuiu esse nome a Deus após a derrota dos amalequitas. Então Moisés ergueu
um altar e o chamou de Jeová Nissi, enfatizando a liderança de Deus que garante a vitória ao seu povo (Êxodo 17:15).

O que significa Jeová Rafá?


Jeová Rafá significa “o Senhor que sara”, do original Yahweh Raph’eka, “Eu sou o Senhor, que te sara”. Essa foi a promessa de Deus feita ao seu povo, enfatizando seu
cuidado especial para com todos aqueles que ouvem sua voz, fazem o que é correto diante de seus olhos e guardam seus mandamentos e estatutos com diligência (Êxodo
15:26).

O que significa Jeová Jireh?


Jeová Jireh significa “Deus proverá”, ou “o Senhor proverá”, do original Yhaweh-yir’eh. Esse foi o nome utilizado pelo patriarca Abraão para se referir a Deus na ocasião
em que ele iria sacrificar seu filho Isaque no Monte Moriá (Gênesis 22:14).
Obedecendo a ordem de Deus, Abraão não hesitou em oferecer seu filho em holocausto, mas antes que imolasse seu próprio filho sobre o altar, Deus o impediu, aprovou
sua fidelidade e obediência e providenciou um carneiro para substituir Isaque como sacrifício. Assim, Abraão chamou aquele lugar de Jeová Jireh.

Ao contrário do que alguns pensam, o significado de “Jeová Jireh” não está relacionado à prosperidade material terrena, no sentido de que qualquer coisa que quisermos
“Deus proverá”, ao contrário, o significado de Jeová Jireh aponta diretamente para a promessa de redenção, cumprida na pessoa de Cristo através de seu sacrifício no
Calvário, pois Ele é o Cordeiro que Deus proveu para redimir o seu povo, sendo sacrificado em nosso lugar.

O que significa Jeová Shalom?


Jeová Shalom significa “o Senhor é paz”, do original Yahweh-shalom. Essa foi a declaração de Gideão após receber a visita do Anjo do Senhor e edificar um altar em
Orfa, enfatizando a verdadeira paz que vem de Deus, um dos atributos de divinos que Ele derrama no coração de seu povo (Juízes 6:24).

O que significa Jeová Sabaote?


Jeová Sabaote significa “Senhor dos Exércitos”, do original Yahweh-tseva’ot. Esse é um título divino que aparece pela primeira vez em 1 Samuel 1:3, e é mesmo utilizado
por Davi quando ele foi lutar contra o gigante Golias dos filisteus (1 Samuel 17:45).
A designação “Senhor dos Exércitos”, pode significar tanto a liderança do Senhor sobre as forças angelicais, quanto seu governo sobre todo o universo. Esse título
enfatiza a onipotência e a soberania de Deus sobre tudo e todos.
Esse nome é facilmente encontrado no livro de Salmos, como por exemplo, no Salmo 24:10 em que o rei Davi o emprega em cântico de vitória, ou mesmo no Salmo
46:7,11, que expressa a proteção e salvação de Jeová em favor de seu povo.

Além disso, Jeová Sabaote ocorre com frequência nos escritos dos profetas, com destaque especial para o profeta Jeremias, que o aplicou 88 vezes. Mesmo no Novo
Testamento, existem referências diretas a esse título divino. A expressão “O Senhor de Sabaoth”, no original Kurios Sabaoth, é emprega pelo apóstolo Paulo ao citar
o profeta Isaías em Romanos 9:29, e por Tiago em sua epístola (Tiago 5:4).

O que significa Jeová Samá?


Jeová Samá significa “O Senhor esta presente ” ou “O Senhor está ali”, do original Yahweh-shamah. Essa é a expressão final da profecia do profeta Ezequiel (Ezequiel
48:35), que enfatiza a promessa da presença de Deus com o seu povo.
Essa promessa encontra seu cumprimento na pessoa de Cristo, o Emanuel, “Deus conosco” (Isaías 7:14), e alcançará sua implicação final e plena na consumação de todas as
coisas, quando Deus habitará para todo sempre com seu povo no novo céu e nova terra (Apocalipse 21:3). Diante de tal promessa, só nos resta dizer: “Amém. Vem, Senhor
Jesus!” (Apocalipse 22:20).
O que significa Jeová Tsidkenu
Jeová Tsidkenu significa “Senhor, Justiça nossa”, do original Yahweh-tsidqenu. Esse nome encontra-se na profecia de Jeremias (Jeremias 23:6), e seu significado aponta a
forma com que o Messias seria particularmente conhecido (1 Coríntios 1:30; 2 Coríntios 5:21; Filipenses 3:9).
Além disso, no contexto da profecia de Jeremias, esse nome, atribuído ao Messias prometido, contrasta completamente com Zedequias, o último rei de Judá, o portador
indigno de um nome cujo significado é “Jeová é justiça”. Cristo foi quem cumpriu essa profecia, salvando e governando com perfeição o povo escolhido de Deus.

O significado de Jeová Kadesh, Jeová Elyon e Jeová Raah


Além dos nomes e títulos compostos mais conhecidos citados anteriormente, há também outros que podemos destacar. Por exemplo:

 Jeová Kadesh ou Mecadishkem: significa “O Senhor que santifica” (Êxodo 31:13; Levítico 20:08).
 Jeová Elyon: significa “O Senhor Altíssimo” (Salmos 7:17; 47:2). O termo hebraico Elyon é encontrado algumas vezes na Bíblia, inclusive na forma composta El Elyon.
 Jeová Raah: significa “O Senhor é o meu Pastor”. Esse é o nome empregado pelo salmista no conhecido Salmo 23 para expressar a liderança, provisão e proteção de
Deus para com seu povo.
 Jeová Elohim Yisra’el: significa “Jeová é o Deus de Israel”. Essa foi a expressão utilizada no cântico de Débora (Juízes 5:3), e também aplicada mais tarde pelos salmistas
e profetas (Salmo 59:5; Isaías 17:6; Sofonias 2:9).
O Que Significa Jeová Nissi, Rafá, Jireh, Samá, Shalom, Sabaote,
Tsidkenu e Kadesh?

 Daniel Conegero
Jeová Nissi, Jeová Rafá e Jeová Jireh, são nomes compostos encontrados na Bíblia que se referem ao Deus verdadeiro, cujos significados enfatizam algumas de
suas qualidades. Todos esses nomes tem em comum o uso do nome Jeová ou Javé, que transliteram o original Yahweh (ou Yehowah), que consiste na vocalização do
nome pessoal de Deus, YHWH.
Além destes mais conhecidos, também encontramos outros, como: Jeová Samá (ou Shama), Jeová Sabaote, Jeová Tsidkenu, Jeová Kadesh, Jeová Shalom, Jeová Raah e
Jeová Elyon. A seguir, conheceremos melhor o significado de cada um desses nomes compostos.

O que significa Jeová Nissi?


Jeová Nissi significa “o Senhor é a minha bandeira”, do original Yahweh-nisi. Moisés atribuiu esse nome a Deus após a derrota dos amalequitas. Então Moisés ergueu
um altar e o chamou de Jeová Nissi, enfatizando a liderança de Deus que garante a vitória ao seu povo (Êxodo 17:15).

O que significa Jeová Rafá?


Jeová Rafá significa “o Senhor que sara”, do original Yahweh Raph’eka, “Eu sou o Senhor, que te sara”. Essa foi a promessa de Deus feita ao seu povo, enfatizando seu
cuidado especial para com todos aqueles que ouvem sua voz, fazem o que é correto diante de seus olhos e guardam seus mandamentos e estatutos com diligência (Êxodo
15:26).

O que significa Jeová Jireh?


Jeová Jireh significa “Deus proverá”, ou “o Senhor proverá”, do original Yhaweh-yir’eh. Esse foi o nome utilizado pelo patriarca Abraão para se referir a Deus na ocasião
em que ele iria sacrificar seu filho Isaque no Monte Moriá (Gênesis 22:14).
Obedecendo a ordem de Deus, Abraão não hesitou em oferecer seu filho em holocausto, mas antes que imolasse seu próprio filho sobre o altar, Deus o impediu, aprovou
sua fidelidade e obediência e providenciou um carneiro para substituir Isaque como sacrifício. Assim, Abraão chamou aquele lugar de Jeová Jireh.

Ao contrário do que alguns pensam, o significado de “Jeová Jireh” não está relacionado à prosperidade material terrena, no sentido de que qualquer coisa que quisermos
“Deus proverá”, ao contrário, o significado de Jeová Jireh aponta diretamente para a promessa de redenção, cumprida na pessoa de Cristo através de seu sacrifício no
Calvário, pois Ele é o Cordeiro que Deus proveu para redimir o seu povo, sendo sacrificado em nosso lugar.

O que significa Jeová Shalom?


Jeová Shalom significa “o Senhor é paz”, do original Yahweh-shalom. Essa foi a declaração de Gideão após receber a visita do Anjo do Senhor e edificar um altar em
Orfa, enfatizando a verdadeira paz que vem de Deus, um dos atributos de divinos que Ele derrama no coração de seu povo (Juízes 6:24).

O que significa Jeová Sabaote?


Jeová Sabaote significa “Senhor dos Exércitos”, do original Yahweh-tseva’ot. Esse é um título divino que aparece pela primeira vez em 1 Samuel 1:3, e é mesmo utilizado
por Davi quando ele foi lutar contra o gigante Golias dos filisteus (1 Samuel 17:45).
A designação “Senhor dos Exércitos”, pode significar tanto a liderança do Senhor sobre as forças angelicais, quanto seu governo sobre todo o universo. Esse título
enfatiza a onipotência e a soberania de Deus sobre tudo e todos.
Esse nome é facilmente encontrado no livro de Salmos, como por exemplo, no Salmo 24:10 em que o rei Davi o emprega em cântico de vitória, ou mesmo no Salmo
46:7,11, que expressa a proteção e salvação de Jeová em favor de seu povo.

Além disso, Jeová Sabaote ocorre com frequência nos escritos dos profetas, com destaque especial para o profeta Jeremias, que o aplicou 88 vezes. Mesmo no Novo
Testamento, existem referências diretas a esse título divino. A expressão “O Senhor de Sabaoth”, no original Kurios Sabaoth, é emprega pelo apóstolo Paulo ao citar
o profeta Isaías em Romanos 9:29, e por Tiago em sua epístola (Tiago 5:4).

O que significa Jeová Samá?


Jeová Samá significa “O Senhor esta presente ” ou “O Senhor está ali”, do original Yahweh-shamah. Essa é a expressão final da profecia do profeta Ezequiel (Ezequiel
48:35), que enfatiza a promessa da presença de Deus com o seu povo.
Essa promessa encontra seu cumprimento na pessoa de Cristo, o Emanuel, “Deus conosco” (Isaías 7:14), e alcançará sua implicação final e plena na consumação de todas as
coisas, quando Deus habitará para todo sempre com seu povo no novo céu e nova terra (Apocalipse 21:3). Diante de tal promessa, só nos resta dizer: “Amém. Vem, Senhor
Jesus!” (Apocalipse 22:20).
O que significa Jeová Tsidkenu
Jeová Tsidkenu significa “Senhor, Justiça nossa”, do original Yahweh-tsidqenu. Esse nome encontra-se na profecia de Jeremias (Jeremias 23:6), e seu significado aponta a
forma com que o Messias seria particularmente conhecido (1 Coríntios 1:30; 2 Coríntios 5:21; Filipenses 3:9).
Além disso, no contexto da profecia de Jeremias, esse nome, atribuído ao Messias prometido, contrasta completamente com Zedequias, o último rei de Judá, o portador
indigno de um nome cujo significado é “Jeová é justiça”. Cristo foi quem cumpriu essa profecia, salvando e governando com perfeição o povo escolhido de Deus.

O significado de Jeová Kadesh, Jeová Elyon e Jeová Raah


Além dos nomes e títulos compostos mais conhecidos citados anteriormente, há também outros que podemos destacar. Por exemplo:

 Jeová Kadesh ou Mecadishkem: significa “O Senhor que santifica” (Êxodo 31:13; Levítico 20:08).
 Jeová Elyon: significa “O Senhor Altíssimo” (Salmos 7:17; 47:2). O termo hebraico Elyon é encontrado algumas vezes na Bíblia, inclusive na forma composta El Elyon.
 Jeová Raah: significa “O Senhor é o meu Pastor”. Esse é o nome empregado pelo salmista no conhecido Salmo 23 para expressar a liderança, provisão e proteção de
Deus para com seu povo.
 Jeová Elohim Yisra’el: significa “Jeová é o Deus de Israel”. Essa foi a expressão utilizada no cântico de Débora (Juízes 5:3), e também aplicada mais tarde pelos salmistas
e profetas (Salmo 59:5; Isaías 17:6; Sofonias 2:9).
O Que Significa Shalom Adonai?

 Daniel Conegero
Shalom significa “paz”, no sentido de algo completo e bem-estar pleno. Este é o significado geral desta palavra hebraica que possui uma aplicação bastante ampla. Já
Adonai significa “Senhor” ou “Mestre”. Neste texto, iremos entender melhor o que significa shalom e o que significa Adonai, bem como sua aplicação na expressão “Shalom
Adonai”.

O que significa shalom na Bíblia


A palavra “shalom” é muito utilizada no Antigo Testamento em hebraico. Para entendermos seu significado completo, precisamos analisar alguns textos específicos.
Quando os escritores bíblicos do Antigo Testamento se referiram à paz, eles geralmente fizeram isso utilizando a raiz substantiva shalom.
Realmente a melhor tradução para a palavra shalom é “paz”. Mas essa paz deve ser entendida como algo que engloba uma ideia de bem-estar completo, onde há plena
satisfação física, psicológica e espiritual.

A palavra shalom pode ser usada tanto para se referir às relações humanas como à relação do homem com Deus. Podemos citar alguns exemplos do uso da palavra shalom
na Bíblia:

 A palavra shalom é utilizada para transmitir a ideia de pleno bem-estar (Isaías 48:18).

 Shalom pode se referir ao estado em que uma pessoa se encontra, por exemplo, “ele está muito bem” (Gênesis 43:27).
 Shalom pode ser aplicada como um tipo de bênção, por exemplo, “vá em paz” (Êxodo 4:18; 1 Samuel 1:17).
 A palavra shalom é usada para expressar a concordância ou harmonia entre pessoas (Josué 9:15; 1 Reis 5:12).

 Shalom é empregada na busca ou oração pela tranquilidade e prosperidade de uma cidade ou nação (Salmo 122:6; Jeremias 29:7).

 Shalom é utilizada para se referir à segurança física, política e militar, à prosperidade econômica, ou mesmo à saúde (Levítico 26: 4-6; 2 Reis 20:19; Salmos 4:8; 14:14;
73:3; Eclesiastes 3:8; Jeremias 29:11; Zacarias 8:12).

 Shalom designa também a plena tranquilidade na maneira de viver ou até mesmo de morrer (Isaías 38:16,17; Gênesis 15:15; 2 Reis 22:20).

Outras aplicações da palavra shalom


Existem muitas outras aplicações da palavra shalom, inclusive no sentido negativo, ou seja, quando o contexto é uma esperança vã ou uma promessa falsa. É assim que a
palavra shalom aparece no Salmo 28. Nesse salmo ela  descreve os ímpios que praticam a iniquidade, que mesmo tendo maldade em seus corações, falam de paz ao seu
próximo (Salmo 28:3).
Também da mesma forma a palavra shalom está presente nas profecias dos falsos profetas. Eles dizem que há paz quando não há paz, conforme foi denunciado pelo
Senhor através do profeta Jeremias (Jeremias 6:14; 8:11). O mesmo comportamento também foi reprovado através da profecia do profeta Ezequiel (Ezequiel 13:10,16).
A Septuaginta, versão grega do Antigo Testamento, utiliza a palavra grega eirene como a principal tradução para o hebraico shalom. Devido a esse uso na Septuaginta, essa
palavra grega é utilizada no Novo Testamento com a mesma amplitude e significado de shalom no Antigo Testamento. Porém, no Novo Testamento geralmente essa
palavra transmite um significado especialmente espiritual, estando relacionada à graça, a vida e a justiça (Romanos 1:7; 8:6; 14:17).
Nesse mesmo sentido, esse termo grego também é utilizado como saudação introdutória ou encerramento na maioria das epístolas apostólicas.

Shalom como saudação


A aplicação mais conhecida da palavra shalom certamente é aquela em que aparece nas típicas saudações e cumprimentos dos judeus. Nesse contexto, a
saudação “Shalom!” significa “a paz seja contigo. Dessa forma ela pode ser aplicada tanto como uma pergunta, “como vai você?”, quanto como resposta, no sentido de
responder “vai tudo bem”. A palavra shalom também pode ser utilizada como cumprimento ao chegar, e como despedida ao sair.
Esse tipo de saudação também era utilizado por Jesus. No Evangelho de João existem alguns relatos do nosso Senhor utilizando essa saudação. Nesses casos aparece a
tradução em português “paz seja convosco” (João 20:19,21,26).
Assim, expressões utilizando a palavra shalom são extremamente comuns. Por exemplo:

 Shalom Aleikhem: significa “a paz sobre vós” ou “a paz esteja convosco”. Essa saudação era respondida com a expressão inversa Aleikhem Shalom, “convosco esteja a
paz”.
 Shabat Shalom: que significa algo como “um sábado de paz”. Esse era um cumprimento tipicamente utilizado durante o sábado.
 Alav Hashalom: significa “sobre ele a paz”, transmitindo o sentido de que alguém, já falecido, esteja em paz.
 Shalom Adonai: significa literalmente “a paz do Senhor”. Falaremos melhor sobre isso em um tópico a seguir.

Devemos usar a palavra shalom?


Ultimamente muita gente tem tido a tendência de aderir às práticas judaizantes como um tipo de misticismo. Fazem isso com objetos, costumes e palavras. Essas pessoas
reproduzem réplicas de elementos do culto do Antigo Testamento, como a Arca da Aliança, o shofar etc. Elas também tentam cumprir rituais específicos daquele tempo. Da
mesma forma algumas dessas pessoas adotam certas palavras hebraicas como se tivessem algum valor superior. Por exemplo: há quem se recusa a falar os nomes “Jesus” e
“Jeová”, por entenderem que não são transliterações corretas e dignas do original.
Com base nesse entendimento equivocado, algumas pessoas também empregam o termo shalom com um significado supersticioso. Elas entendem que ao se
pronunciar “shalom” ao invés de “paz”, algo muito mais poderoso está sendo referenciado.
Mas na verdade trocar a palavra “paz” por “shalom”, possui o mesmo peso e importância de se trocar o português “paz” pelo inglês “peace”. Não há nada de especial e nem
místico nisso! Todas elas são apenas palavras.
O segredo da verdadeira paz não está na pronuncia de uma palavra de raiz hebraica, grega, latina ou germânica, mas na compreensão de que a profundidade do
significado de shalom, eirene, paz ou peace só pode ser alcançado em Deus.
É por isso que nas Escrituras Deus é aquele que dá a paz (Números 6:26; Levítico 26:6; Is 45:7). Conforme Gideão exclamou, Ele é o próprio Jeová Shalom, que significa “o
Senhor é paz” (Juízes 6:24; cf. Romanos 15:33; 2 Coríntios 13:11; Filipenses 4:9; 2 Tessalonicenses 3:16).

O que significa Adonai?


Para entendermos corretamente o significado de Adonai, precisamos conhecer o termo adon, do qual ‘Adonai deriva. Esse termo, adon, significa “senhor”, “soberano”,
“mestre” ou “chefe”. Ele transmiti a ideia de alguém que possui poder e força.
Já o termo ‘Adonai pode ser entendido como sendo o plural de adon, não no sentido de “senhores” ou “mestres”, mas como um plural que enfatiza intensidade de posto e
importância. Então Adonai significa “Senhor”, “Soberano” ou “Mestre”, porém de uma forma muito mais elevada que simplesmente adon. Adonai também pode ser
utilizado como uma forma apelativa, significando então “Meu Senhor”.

Adonai e o nome de Deus


Na Bíblia hebraica o nome sagrado de Deus é escrito com as consoantes do tetragrama YHWH. Acredita-se que originalmente esse nome era pronunciado de forma
aproximada como Yahweh.
Para os judeus, especialmente após o exílio na Babilônia, o nome próprio de Deus começou a ser considerado impronunciável. Assim, como reverência, eles passaram a
utilizar Adonai em lugar Yahweh, ou seja, os próprios rabinos pronunciavam Adonai em lugar do nome Divino.
Portanto, quando Adonai é aplicado a Deus, esse termo transmite o significado de que Ele é o Senhor de toda a terra, o Senhor dos senhores, ou, na forma apelativa, “meu
Senhor e meu Deus” (cf. Êxodo 4:10).
O grego kyrios, que significa “senhor”, e em sua forma verbal implica no sentido de “ter poder e autoridade”, é utilizado na Septuaginta para traduzir
tanto Yahweh como Adonai. Assim esse termo é a palavra padrão para “Senhor” na versão grega do Antigo Testamento.
Então o grego Kyrios é exatamente equivalente ao hebraico Adonai. Inclusive, ele é aplicado pelos autores do Novo Testamento para se referir ao Senhor Jesus, ao Pai e ao
Espírito Santo.

Significado de Shalom Adonai


Após compreendermos o significado de shalom e Adonai, fica fácil saber o que significa a expressão “Shalom Adonai!”. Como foi dito, essa expressão literalmente significa
“a paz do Senhor”. Essa é uma expressão bastante comum, que também deve ser respondida em sua forma inversa, “Adonai Shalom”.
Mas que sempre fique claro que dizer “Shalom Adonai” não é algo mais poderoso do que dizer simplesmente “Paz do Senhor!”. Ambas as expressões significam a mesma
coisa, porém em idiomas diferentes.
O Que Significa Elohim na Bíblia?

 Daniel Conegero
Elohim é uma palavra hebraica que normalmente significa “Deus”. No entanto, seu significado dependerá do contexto, especialmente por ser uma forma plural, que
também pode indicar “deuses”, “anjos” ou “homens poderosos”.
Antes de falarmos sobre o significado de Elohim, é importante entender conhecer sua forma singular, o hebraico Eloah. Apesar de seu significado exato ser incerto, essa
palavra hebraica refere-se à Divindade, denotando poder, força e majestade, e é mais frequentemente encontrada no Antigo Testamento nos textos poéticos. O escritor do
livro de Jó, por exemplo, emprega a palavra Eloah pelo menos 42 vezes.

Diferentes aplicações e significados de Elohim


Como já foi dito, a palavra Elohim pode assumir diferentes significados dependendo do contexto em que é empregada no Antigo Testamento. Assim como Eloah,
a origem exata da palavra Elohim é incerta. Seu sentido principal nas Escrituras significa o único e verdadeiro Deus de Israel (Gênesis 1:1; 3:5; Deuteronômio 4:35,39;
Jeremias 10:10).
Além desse significado principal, essa mesma palavra também é utilizada para se referir as divindades das nações pagãs vizinhas de Israel. Nesse caso, seu significado deve
ser entendido como sendo “deuses” ou “deusas”. Um exemplo desse tipo de uso da palavra Elohim, é quando ela é aplicada ao deus dos amonitas, Quemos (Juízes 11:24) e
a deusa dos sidônios, Astorote (1 Reis 11:5).

A palavra Elohim também pode ser aplicada para designar homens poderosos, por exemplo, “juízes” (Êxodo 21:6; 22:8). Em algumas passagens seu significado exato
é bem difícil de ser determinado, como em Gênesis 6:1.
Essa palavra também pode se referir a seres divinos, isto é, “anjos”. Dois exemplos geralmente citados de uma possível aplicação nesse sentido é um salmo de
Davi (Salmo 8:5), e um salmo de Asafe (Salmo 82:1). Todavia, esse significado em ambos os salmos é bastante discutido entre os intérpretes.

Elohim é um dos nomes de Deus


O primeiro nome de Deus que aparece na Bíblia é o hebraico Elohim em Gênesis 1:1. Além disso, esse é um dos termos mais utilizado nas Escrituras para se referir ao
Deus de Israel, com pelo menos 2.570 ocorrências.
Quando aplicado ao Deus de Israel, a palavra Elohim nunca transmite um sentido simples de pluralidade, ou seja, “Deuses”, como se fosse uma ideia politeísta que defende
a existência de mais de um Deus.

Assim, com relação à Javé, Elohim sempre significa o único e verdadeiro Deus, no sentido singular, mas ao mesmo tempo, em sua forma plural, denota toda a
plenitude da Divindade. Aqui é importante saber que era comum que os povos de língua semítica usassem a forma plural de um determinado termo para se referir a algo
singular em sua plenitude, no sentido de incomparavelmente extraordinário.
Portanto, o plural de Elohim quando aplicado ao Deus verdadeiro, expressa toda sua majestade, grandiosidade e plenitude indescritível, que o fazem ser o único
Deus genuíno, isto é, “o Deus dos deuses”. Assim, não há qualquer ideia de politeísmo quando essa palavra refere-se a Deus no Antigo Testamento, pois não há outro
Deus (Deuteronômio 4:39; Isaías 40:21; 43:10; João 1:1; Colossenses 1:17).
Também é notável o uso da palavra Elohim em Gênesis 1:26 (“E disse Deus: façamos o homem”), onde a forma plural aparece nitidamente destacada pelo verbo “façamos”.
Os estudiosos divergem no que se diz respeito a melhor interpretação dessa passagem.
Alguns defendem simplesmente o seu significado gramatical, isto é, com o plural indicando a plenitude da majestade Divina. Outros sugerem a ocorrência de um plural
deliberativo, ou seja, onde Deus direciona uma afirmação a si mesmo. Outros também acreditam que Deus está se dirigindo a sua corte angelical, porém essa interpretação
é bem pouco provável.

Por fim, há aqueles que enxergam nessa passagem uma referência a pluralidade de Pessoas dentro da unidade Divina, isto é, a Trindade, revelada muito claramente no
Novo Testamento nas Pessoas de Deus o Pai, Filho e Espírito.

É interessante que no versículo seguinte, Gênesis 1:27, os verbos estão no singular, “criou Deus”. Assim, com relação a Deus, Elohim é tanto plural, significando toda
sua plenitude, quanto singular, significando sua unidade e a verdade de que Ele é único Deus.
Quem Escreveu o Livro de Jó?

 Daniel Conegero
Não se sabe quem escreveu o livro de Jó e nem mesmo a época exata em que o personagem principal do livro, Jó, viveu. Na verdade a Bíblia em nenhum momento
faz menção sobre autor desse livro ou sobre a data em que ele foi escrito.
Apesar da maior parte do livro ser formada por discursos ou diálogos de Jó, não há qualquer indicação de que mesmo o próprio Jó poderia tê-lo escrito. É claro que esse
tema já foi amplamente discutido, e algumas possibilidades de nomes já foram sugeridas como potenciais autores do livro de Jó.

O autor do livro de Jó e a data em que o livro foi escrito


Aqui é importante saber que a data em que o livro foi escrito e a data em que o personagem histórico, Jó, viveu, não necessariamente precisam ser próximas. O que se
sabe, pelo próprio prólogo do livro, é que os acontecimentos registrados nele provavelmente ocorrem nos tempos patriarcais.
Assim, o autor do livro de Jó tanto pôde tê-lo escrito numa época bastante remota como também pôde tê-lo escrito numa data posterior fazendo uso de um material
antigo para pesquisa e composição de sua obra, incluindo registro escrito e tradição oral.

As sugestões de datas prováveis para que o autor tenha escrito o livro de Jó se estendem desde antes da época mosaica até o período pós-exílico, apesar de essa data mais
recente após o cativeiro na Babilônia ser praticamente nula após as descobertas de fragmentos do livro de Jó nos pergaminhos do Mar Morto. Além disso, o profeta
Ezequiel já menciona em sua época a conhecida história de Jó.

Sugestões sobre quem escreveu o livro de Jó


Considerando o problema com a data de composição do livro conforme foi citado acima, existe uma grande dificuldade em até mesmo especular quem escreveu o livro
de Jó. Já foi sugerido que o próprio Jó poderia ter escrito o livro que traz seu nome, porém isso é bem pouco provável.
Moisés é um nome que tradicionalmente aparece ligado ao livro de Jó, sendo que a tradição talmúdica e alguns escritores cristãos defendem sua autoria. No entanto, não
existe qualquer detalhe que ao menos sirva para atestar de alguma forma essa possibilidade, tornando-a então mais uma mera especulação.
Alguns também sugerem que o rei Salomão poderia ter escrito o livro de Jó, enquanto outros alegam que possa ter sido Eliú ou um dos amigos de Jó igualmente citados
no livro, ou até mesmo José, governador do Egito.

Informações sobre quem escreveu o livro de Jó


Apesar da dificuldade em se determinar a identidade que quem escreveu o livro de Jó, alguns detalhes presentes no próprio livro nos fornecem pistas sobre sua pessoa.

 É bem possível que autor do livro de Jó era um israelita, pois ele se refere a Deus pelo Seu nome da aliança, Yahweh. Quem contesta essa possibilidade, se apega ao
fato de que esse nome é raramente mencionado, além de que não há nenhuma menção aos característicos costumes judaicos e o local onde a história se passa é Uz,
uma terra do Oriente. Por outro lado, o livro de Jó foi aceito como canônico fazendo parte da literatura sagrada de Israel, o que sugere fortemente que seu autor era, de
fato, um israelita.
 O autor do livro de Jó era extremamente capacitado nas técnicas de escrita, podendo ser facilmente considerado um dos maiores escritores de todos os tempos na
área da literatura pela complexidade e perfeição de sua obra. Muitos eruditos consideram o livro de Jó como o poema mais notável da História.
 É possível que o autor de Jó tenha sofrido muito durante sua própria vida, ou pelo menos tenha tipo um contato muito próximo com o sofrimento intenso a ponto
de transmitir com uma sensibilidade ímpar o sofrimento do personagem histórico descrito no livro.

Conclusão sobre quem escreveu o livro de Jó


Quando falamos sobre quem escreveu o livro de Jó também devemos mencionar que muitos eruditos consideram que o livro possa ter tido mais de um
autor. Com isso, geralmente esses intérpretes entendem que o conteúdo principal do livro foi escrito por um determinado autor, mas alguns trechos provavelmente foram
adicionados posteriormente à obra original, claro, com base em informações que, de alguma forma, enriqueciam ainda mais os detalhes da narrativa do livro.
Seja como for, considerando a temática, o estilo, a linguagem e a teologia presente no livro, é bem provável que a forma final do livro de Jó tenha sido composta num
período próximo a época de Salomão, entre 970 e 586 a.C.
Assim, apesar de anônimo para nós, provavelmente o autor do livro de Jó foi um sábio que viveu durante esse período, e que de alguma forma desfrutava de certo
reconhecimento em Israel. Esse ilustre desconhecido, inspirado divinamente, utilizou fontes antiguíssimas para relatar a história de um homem notável chamado Jó.
Além disso, essa discussão de nenhuma forma pode colocar em dúvida a historicidade do personagem apresentado no livro, nem mesmo questionar a importância e a
inspiração da mensagem transmitida. Assim, podemos concluir que somente Deus realmente sabe quem escreveu o livro de Jó.
O Que Significa Aleluia?

 Daniel Conegero
Aleluia significa “adorem ao Senhor”. Esta é uma das expressões mais conhecidas no mundo inteiro, e muito utilizada pelos cristãos, principalmente nos cultos. As  pessoas
pronunciam a palavra “Aleluia” o tempo todo, além de ela também ser bastante utilizada em músicas. Porém, muitos não conhecem a origem e o significado da palavra
Aleluia.

O que significa Aleluia na Bíblia?


Aleluia é uma transliteração do termo grego “Allelouia“, porém esse termo grego também é uma transliteração do termo hebraico “ Halleluyah” muito utilizado na liturgia
hebraica. Esse termo hebraico significa “Louvem a Yah”. Perceba que sua composição é formada por duas palavras: “ Hallelu“, que significa “louvem”; e “Yah“, que é uma
variação do nome próprio de Deus utilizado no Antigo Testamento. Yah significa “Senhor”, e é uma abreviação de Yahweh, transliterado no português como “Jeová”.
Sendo assim, o significado da palavra “Aleluia” enfatiza o poder, a benignidade e sabedoria de Deus relacionado às suas obras.  Por isto ela pode ser traduzidas como
“adorem a Deus”, “louvem ao Senhor” ou “louvado seja o Senhor”.

A palavra Aleluia no Antigo Testamento


No Antigo Testamento, o termo Aleluia pode ser encontrado originalmente em alguns Salmos, onde ocorre 24 vezes. Com exceção do Salmo 135:5, a palavra Aleluia
sempre aparece no início, como título, ou no fim dos salmos. Isso indica que essa palavra havia se tornado uma conclamação padrão de louvor na adoração dos judeus no
Templo. Esse é o caso do Salmo 150:6 na Septuaginta, onde lemos: “Tudo quanto tem fôlego louve ao Senhor. Louvai ao Senhor”.
Da mesma forma, no Salmo 106:48 a expressão original hebraica já aparece traduzida como “louvai ao Senhor”:

Bendito seja o Senhor Deus de Israel, de eternidade em eternidade, e todo o povo diga: Amém. Louvai ao Senhor (Salmos 106:48).

Muitos dos salmos em que aparece essa palavra, posteriormente tornaram-se parte fundamental na adoração das Sinagogas. Eles também passaram a ser entoados nas
principais festas judaicas, como na celebração da Páscoa, no Pentecostes, Tabernáculos e Dedicação.

A palavra Aleluia no Novo Testamento


No Novo Testamento, a palavra Aleluia aparece quatro vezes apenas no livro do Apocalipse escrito pelo apóstolo João. As quatro ocorrências são registradas num único
capítulo, o capítulo 19 (versículos 1,3,4 e 6) e translitera o grego allelouia (αλληλουια).
E, depois destas coisas ouvi no céu como que uma grande voz de uma grande multidão, que dizia: Aleluia! Salvação, e glória, e honra,
e poder pertencem ao Senhor nosso Deus (Apocalipse 19:1ss).
É correto dizer “Aleluias”?
É comum ouvir muitas pessoas pronunciando a palavra aleluia no plural, dizendo então “Aleluias”. No entanto, essa expressão não está correta. Aleluias, no plural, pode
transmitir a ideia de pluralidade no significado original do termo termo Aleluia, ficando então algo como “louvem aos senhores”.

É verdade também que muita gente usa essa expressão no plural acreditando que assim está intensificando o louvor ao Senhor, porém fica claro que esse entendimento é
equivocado, e a expressão correta é apenas “Aleluia”.
O Que Significa Jeová, Javé ou Yahweh?

 Daniel Conegero
Jeová ou Javé são palavras que transliteram o termo hebraico Yahweh, que por sua vez refere-se ao tetragrama YHWH, o nome pessoal de Deus. Nas Escrituras, e
esse nome é encontrado pelo menos 6.823 vezes. Neste texto, entenderemos melhor o significado e aplicação desse nome.

Significado de Jeová, Javé ou Yahweh


Pelo fato de Yahweh, e consequentemente as transliterações Jeová e Javé, referirem-se ao original hebraico YHWH, seu significado dependerá, obviamente, de como se
entende o significado desse termo original.
A maioria dos estudiosos entende que esse nome vem do verbo hayah, que significa “ser”, “existir” e “vir a ser”. Essa conclusão é apoiada, especialmente, pela passagem
bíblica de Êxodo 3:13,14, onde o próprio Deus diz a Moisés seu nome.
Assim, YHWH, e naturalmente Yahweh, Javé ou Jeová, tem sido interpretado como significando “Eu sou o que sou”, ou, em outra tradução possível do verbo hebraico, “Eu
serei o que serei”. Nas traduções da Bíblia em português, geralmente Yahweh é traduzido como “Senhor”, ou transliterado como “Jeová” ou “Javé”.
Na Bíblia também encontramos o nome Yah, que é a forma contraída de Yahweh. É mais frequentemente encontrado no livro de Salmos, e na composição da
tão conhecida palavra Aleluia, no original Halleluyah, que significa “louve a Yah”, ou seja, “louve ao Senhor”.

Qual a forma correta: Jeová, Javé, Yahweh ou Yehowah?


Para respondermos a essa pergunta, precisamos entender primeiro como surgiram esses nomes. Já falamos que a forma original do nome pessoal de Deus é formado por
quatro consoantes, YHWH, e por isso é chamado de tetragrama.
A verdade é que ninguém sabe exatamente qual a verdadeira pronúncia desse nome. Talvez o principal motivo para isso seja o fato de que, num dado momento,
provavelmente no período pós-exílio babilônico em cerca de 300 a.C., os judeus consideraram YHWH um nome tão sagrado que eles deixaram de pronunciá-lo.
Essa condição se deu, sobretudo, pela reverência que tinham por Deus combinada a interpretação da passagem de Levítico 24:16, e, assim, eles temiam que pudessem se
tornar culpados do pecado de profanação do nome de Deus.

A partir daí, eles começaram a substituir YHWH por Adonai, “Senhor”, ou mesmo, em alguns casos, por Elohim. Mais tarde, os massoretas, que eram judeus peritos em
textos e grafias, começaram a juntar as vogais de Adonai às quatro consoantes YHWH, tanto para pronunciá-lo como também para lembrar, inclusive, da forma original do
nome de Deus. Saiba mais sobre o significado de Adonai e o significado de Elohim na Bíblia.
Desse modo, começou-se a utilizar então a forma Yahweh (ou Yehowah), e Javé ou Jeová, são transliterações desse termo. Especialmente com relação ao nome Jeová,
algumas pessoas se opõem fortemente ao seu uso, alegando que se trata de um nome inventado e que deve ser rejeitado.
A questão é que, tanto Javé quanto Jeová, são sim reconstruções artificiais em português de um termo original hebraico, mas isso não os torna falsos, afinal, estamos
falando de transliterações. Além disso, tais pronuncias indicam também a transliteração grega do original hebraico na literatura da Igreja Primitiva, onde
predominavam Iaoue ou Iabe (lembrando que o “b” grego tem som de “v”).
Uma discussão parecida acontece com o nome “Jesus”, onde muitos também alegam ser um nome falso, e que o correto seria se referir ao Filho de Deus como Yeshua, sua
forma original. No entanto, os próprios escritores neotestamentários transliteraram o original Yeshua Hamashia para o grego Iesous Christos, onde, inclusive, Iesous, assim
como o original Yeshua, significa “Jeová é salvação”. Portanto, o português Jesus Cristo é uma transliteração correta e aceitável.

O uso de Jeová em nomes compostos


O nome Yahweh também aparece em diversas passagens formando um nome composto, e assim são transliterados:
 Jeová Jirê: “O Senhor proverá” (Gênesis 22:13,14).
 Jeová Sabaote: “Senhor dos Exércitos” (Salmos 46:7,11).
 Jeová Tsidkenu: “Senhor Justiça nossa” (Jeremias 23:6).
 Jeová Nissi: “O Senhor é minha Bandeira” (Êxodo 17:15).
 Jeová Rafá: “O Senhor que sara” (Êxodo 15:26).
 Jeová Shalom: “O Senhor é paz” (Juízes 6:24).
 Jeová Raah: “O Senhor é o meu Pastor” (Salmos 23:1).
 Jeová Shamá: “O Senhor está presente” (Ezequiel 48:35).
 Jeová Kadesh: “O Senhor que vos santifica” (Êxodo 31:13).
Para concluir, podemos dizer que o importante é entender que o significado desse nome, qualquer seja sua transliteração ou vocalização (Jeová, Javé, Yahweh ou
Yehovah), enfatiza a imutabilidade de Deus e sua fidelidade expressas em seu pacto com seu povo. Vale também saber que Jesus utilizou esse mesmo nome para
referir-se a si mesmo, afirmando, portanto, sua plena divindade como Deus (João 8:58,59).
Quem Escreveu o Livro de Hebreus?

 Daniel Conegero

Quem escreveu o livro de Hebreus é uma pergunta feita desde muito cedo na história da Igreja Cristã. Já no século 2 d.C. a autoria da carta era debatida entre os cristãos.
Durante muito tempo foi sugerido que Paulo escreveu o livro de Hebreus, mas isto está longe de ser unanimidade.

A seguir, nós conheceremos o que se sabe sobre o autor de Hebreus. Também analisaremos as melhores sugestões sobre quem escreveu essa importante epístola do Novo
Testamento.

Possíveis autores do livro de Hebreus


Por conta do mistério sobre quem escreveu Hebreus, muitos nomes foram especulados ao longo do tempo. Nenhuma das possibilidades podem ser entendidas
definitivamente como certas. As principais sugestões são as seguintes:

Apolo como escritor do livro de Hebreus

Essa é uma das principais sugestões sobre a autoria do livro de Hebreus, e foi defendida por Martinho Lutero. Apolo era um judeu alexandrino que possuía grande
conhecimento nas Escrituras, de forma que ele ensinava sobre o Senhor com grande eloquência (Atos 18:24-26).
Lutero se baseou principalmente no capítulo 18 de Atos para defender sua sugestão. Ele argumentou que Alexandria era um grande centro educacional onde Apolo teria
conseguido toda sua habilidade no idioma grego. Lá ele também deve ter tido contato com a Septuaginta, a versão grega do Antigo Testamento, que inclusive foi
publicada primeiro nessa cidade.
O livro de Atos nos informa que Apolo inicialmente conhecia apenas o batismo de João. Mais tarde, ele foi instruído adequadamente acerca do que não sabia por Priscila e
Áquila.
De fato essa hipótese é muito boa, mas sua grande fraqueza é o fato de que ninguém durante os primeiros séculos do cristianismo a defendeu de forma convincente.
Clemente de Alexandria (200 d.C.), por exemplo, certamente seria o mais indicado para apontar Apolo como escritor do livro de Hebreus, mas ao invés disso ele sugeriu
Paulo.

Barnabé como autor de Hebreus

Barnabé é outro candidato sugerido para ter escrito o livro de Hebreus. Essa sugestão foi feita por Tertuliano em 225 d.C. Ele se baseou nos relatos do livro de Atos dos
Apóstolos sobre Barnabé, sobretudo em suas credenciais em Atos 4:36,37.
Devido a sua origem e o que é escrito sobre ele no Novo Testamento, obviamente ele era qualificado para ter escrito o livro de Hebreus. A fraqueza dessa sugestão é de
que ela não encontra nenhum apoio na história do cânon do Novo Testamento.

Priscila como autora de Hebreus

Priscila também tem sido sugerida por estudiosos mais modernos como a possível escritora do livro de Hebreus. Ela era esposa de Áquila e membro notável da Igreja
Primitiva. Como já foi dito, esse casal foi o responsável por instruir Apolo acerca da fé.

O problema dessa sugestão é que o escritor de Hebreus, no original grego, usa um particípio com terminação masculina quando se refere a si mesmo em Hebreus 11:32.
Isso significa que para defender a autoria de Priscila, seria necessário contornar uma questão textual que torna essa hipótese impossível.

Paulo escreveu o livro de Hebreus?

Durante muito tempo o apóstolo Paulo foi considerado o autor do livro de Hebreus. Clemente de Alexandria e Orígenes nos séculos 2 e 3 d.C. já afirmavam que Paulo
escreveu essa carta.

Essa sugestão foi tão aceita que em 1611 quando a versão inglesa King James foi publicada, ela trouxe o seguinte título para a Epístola aos Hebreus: “A Epístola de Paulo o
Apóstolo aos Hebreus”.
Apesar de tudo isso, alguns pontos importantes fazem com que a autoria de Paulo seja bem pouco provável. O principal problema ocorre por conta das claras diferenças
entre o livro de Hebreus e as epístolas paulinas.

Considerando principalmente o texto grego original da carta, pode-se dizer que nada em Hebreus lembra o estilo de escrita do apóstolo. Paulo utiliza expressões muito
características em suas epístolas que não se repetem em Hebreus. Outro ponto bastante importante é que em suas cartas o apóstolo Paulo faz referências cruzadas quando
se trata das doutrinas mais importantes. Porém, isso também não ocorre em Hebreus.
A principal fraqueza da autoria de Paulo pode ser notada em Hebreus 2:3. O escritor da epístola claramente não se coloca entre aqueles que ouviram pessoalmente do
Senhor Jesus a salvação que estava sendo anunciada. Ele diz estar entre aqueles que escutaram dos que a receberam diretamente de Cristo.

Em comparação a esse texto, devemos colocar Gálatas 1:12. Nele o apóstolo Paulo afirma categoricamente não ter recebido o Evangelho de nenhuma outra pessoa, mas
diretamente de Jesus Cristo.

Calvino observou muito bem isso quando afirmou que o escritor de Hebreus se colocava entre os discípulos do ministério apostólico. Para quem argumenta que ainda
assim existem semelhanças teológicas entre Hebreus e as cartas de Paulo, faz-se necessário lembrar que muito mais semelhanças existem com os escritos de João, e nem
por isso o apóstolo João é considerado o escritor de Hebreus.

Outros possíveis autores de Hebreus

Além desses nomes citados, outros importantes líderes da Igreja Primitiva também foram sugeridos como autores do livro de Hebreus. Alguns exemplos são:

 Clemente de Roma, que viveu em aproximadamente 95 d.C.

 Epafras, que foi citado por Paulo quando escreveu aos Colossenses (Colossenses 1:7).

 Silas, companheiro de Paulo em viagens missionárias, e que também conhecia o apóstolo Pedro (Atos 15:22-40; 1 Pedro 5:12).
 Lucas, escritor do terceiro Evangelho e do livro de Atos dos Apóstolos. Essa sugestão é bem pouco provável devido as diferenças entre Hebreus e os dois livros de sua
autoria.

O que sabemos sobre quem escreveu o livro de Hebreus?


Se não podemos afirmar com certeza quem escreveu o livro de Hebreus, podemos considerar alguns detalhes presentes na própria epístola que esclarecem algumas
curiosidades sobre ele.

 Como já foi dito, o autor era um homem, e isso fica claro no grego original em Hebreus 11:32.

 Ele dominava o grego e seu estilo literário era helenístico.

 Ele era muito capacitado no Antigo Testamento, e fez grande uso da Septuaginta.

 Ele não teve contato direto com Jesus (Hebreus 2:3-4).

 Ele conhecia pessoalmente Timóteo e também os destinatários de sua carta (Hebreus 13:22,23).


Apesar de tantas sugestões de nomes para possíveis autores dessa epístola, a defesa de qualquer um delas enfrenta sérios problemas. Sobre isso, Orígenes acertou ao dizer
que somente Deus é quem sabe quem escreveu o livro de Hebreus.

Particularmente prefiro a sugestão de Lutero que o autor em questão tenha sido Apolo. Essa certamente é uma boa sugestão, considerando tudo o que é dito sobre ele em
Atos e também pelo próprio apóstolo Paulo (1 Coríntios 1:12; 3; 4:6; 16:12; Tito 3:13). Quanto a autoria de Paulo, penso que em Hebreus não há nada que ao menos lembre
o estilo do apóstolo.

Com tudo, se por um lado não sabemos quem escreveu o livro de Hebreus por outro sabemos com clareza qual é a sua mensagem, e, em última análise, seu verdadeiro
Autor, e isso é o que realmente nos importa.
O Que é a Trindade? O Que a Bíblia Diz Sobre a Santíssima
Trindade?

 Daniel Conegero

A Trindade é uma doutrina cristã que trata acerca da diversidade que há na unidade de Deus, nas pessoas do Pai, do Filho e do Espírito Santo. A primeira coisa que
deve ser considerada num estudo sobre o que é a Trindade, é saber que estamos diante de um grande mistério, ou seja, é impossível ao homem compreender e explicar a
Trindade de forma plena.
Essa dificuldade se dá, sobretudo, pelo fato de que a doutrina da Santíssima Trindade se concentra no estudo do Ser de Deus e de sua atividade, e Deus é infinitamente
maior do que nós, de modo que com todas as nossas limitações, apenas conhecemos sobre Ele o que Ele próprio decidiu nos revelar de forma plenamente suficiente, tanto
através das Escrituras quanto através das obras da criação, onde podemos admirar seus atributos.

Todavia, por mais que seja complexa e misteriosa, a doutrina da Trindade é essencialmente acessível, no sentido de que seu conceito principal pode ser claramente
percebido e assimilado, através do estudo da Palavra de Deus.

O significado de Trindade
O significado do termo Trindade, que vem do latim trinitas, procura transmitir um sentido de “três que é um”. Esse termo foi aplicado pela primeira vez por
Tertuliano, um dos pais da Igreja Antiga, para se referir à natureza triuna de Deus revelada nas Escrituras.

A Trindade na História da Igreja


Desde muito cedo a Igreja precisou formular uma doutrina a cerca desse assunto, especialmente para se proteger de falsos ensinos que já desde a época apostólica
procuravam se introduzir na comunidade cristã, os quais eram influenciados pelo gnosticismo, pelo platonismo e pelo próprio judaísmo.

De forma bastante resumida, podemos dizer que o ponto principal dessas heresias atacava a divindade de Cristo e a pessoalidade do Espírito Santo.

As heresias sobre a Trindade


As principais teorias heréticas com relação à Trindade são:

 Modalismo: também chamado de Sabelianismo ou mesmo Monarquismo Modalista, essa teoria defende que o Pai, o Filho e o Espírito Santo são manifestações
históricas de uma única pessoa divina, ou seja, quando a Bíblia fala sobre o Pai, o Filho e o Espírito, ela estaria então apenas apontando as diferentes manifestações de
Deus aos homens, sendo o Pai na criação, o Filho na redenção e o Espírito na regeneração.
 Adocianismo: defende que Jesus não era divino, mas apenas alguém que recebeu um poder especial de Deus no momento de seu batismo, o que fez com que Ele fosse
elevado a uma posição superior aos homens. Essa teoria também é chamada de Monarquismo Dinâmico.
 Arianismo: defende que o Filho não é eterno, mas simplesmente um ser criado por Deus que serviu propriamente como um instrumento para a criação do mundo. O
Arianismo surgiu no início do século 4 d.C. sob liderança de Ário, um presbítero da igreja de Alexandria, e foi fortemente combatido pelo importante teólogo Atanásio.
A Igreja rapidamente procurou combater a tais heresias. Na época foram convocados Concílios, onde vários teólogos se reuniram e formularam documentos que
expressavam a declaração de fé da Igreja.

Assim, após ter sido utilizada por Tertuliano no final do século 2 d.C., a palavra Trindade passou a ser considerada de maneira mais formal na teologia cristã a
partir do quarto século. Dentre esses Concílios, a Trindade foi especialmente debatida e afirmada no Concílio de Niceia em 325 d.C., e reafirmada no Concílio de
Constantinopla em 381 d.C.
Estudiosos notáveis como Basílio de Cesaréia, Gregório de Naziano, Gregório de Nissa e Agostinho, também refletiram e escreveram sobre a Trindade, e mais de mil anos
depois, igualmente os reformadores deram especial importância a ela, com destaque para João Calvino, que concentrou grande parte de seus escritos falando sobre a
Trindade, especialmente com relação a Pessoa e a obra do Espírito Santo.

A Trindade na Bíblia
A palavra “Trindade” não pode ser encontrada originalmente na Bíblia, mas sua doutrina está presente nela de forma inegável, de ponta a ponta. Em harmonia
com o caráter progressivo da revelação de Deus nas Escrituras, é no Novo Testamento onde encontramos de forma mais explicita as bases do dogma trinitariano, mas
ainda no Antigo Testamento, especialmente sob a luz do Novo, é possível perceber a verdade acerca do Deus Triúno.
No primeiro capítulo de Gênesis, no relato da criação, já podemos encontrar os primeiros prenúncios acerca da Trindade. Nele, somos apresentados ao Deus que criou
todas as coisas por meio da Palavra e do Espírito (Gênesis 1:3).

Aqui é interessante saber que a palavra hebraica Elohim que é um dos nomes de Deus no Antigo Testamento, está em sua forma plural, não no sentido de indicar três
deuses, mas como sendo um plural de intensidade, algo característico do hebraico. Com isso, essa palavra, por si só, não pode ser utilizada como prova da Trindade, mas,
de alguma forma, com base no contexto em que algumas vezes aparece, certamente ela aponta para a diversidade dentro da própria Divindade. Saiba mais sobre
o significado de Elohim na Bíblia.
Isso é o que acontece em Gênesis, onde o texto bíblico explora ainda mais essa questão ao aplicar formais verbais no plural, como a conhecida expressão “façamos o
homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança” (Gênesis 1:26), ou seja, no Antigo Testamento existe uma comunicação de Deus consigo mesmo (cf. Gênesis 3:22;
11:7).
Se esse versículo expõe de forma bastante enfática a pluralidade na natureza Divina, o versículo seguinte cuida de garantir que nenhuma ideia equivocada de supostos três
deuses seja concebida, ao afirmar categoricamente: “E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou” (Gênesis 1:27).
Quando comparamos esse texto com os primeiros versículos do Evangelho de João, entendemos que ele expressa de forma maravilhosa a obra do Pai, do Filho e do
Espírito na criação de todas as coisas (João 1:1-3; cf. Colossenses 1:16,17).

Na época de Moisés, na conhecida Benção Sacerdotal registrada em Números 6:24-26, curiosamente encontramos a tríplice repetição do nome de Deus, traduzido como
“Senhor”. Já no Novo Testamento, de forma similar, temos o também conhecido texto do apóstolo Paulo que ficou denominado como Benção Apostólica, onde claramente
as três Pessoas da Trindade são distinguidas (2 Coríntios 13:13).
Outras importantes provas que apontam para a Trindade no Antigo Testamento são as aparições de Deus e as manifestações do Anjo do Senhor. No Antigo Testamento,
lemos sobre várias aparições de Deus (Gênesis 18:1; Êxodo 33:18-23), mas ao mesmo tempo também encontramos na Bíblia a clara afirmação de que nunca ninguém viu a
Deus (1 João 4:12). A explicação para essa aparente contradição encontra-se na pessoa do Filho, conforme lemos: “Ninguém jamais viu a Deus, mas o Deus Unigênito, que
está junto do Pai, o tornou conhecido” (João 1:18).
Portanto, seguramente podemos afirmar que mesmo no Antigo Testamento o Filho revela a Divindade. Isso fica claro ao compararmos dois textos em especial: Isaías 6:1-5
e João 12:37-41. No primeiro, o profeta Isaías afirma que viu o Senhor, enquanto que no segundo, o apóstolo João escreve dizendo que a rejeição no ministério de Jesus
cumpria a profecia de Isaías, sendo que este profetizou porque viu a glória de Jesus e falou sobre Ele.
Já com relação ao Anjo do Senhor, o que se sabe é que não se trata de um anjo como os demais, pois ele se identifica como sendo o Senhor, e ao mesmo tempo se
distingue do próprio Senhor. Além de exibir o nome divino, esse Anjo, que no original geralmente é referido com o título Mal’akh Yahweh, ostenta poder e dignidade
comum apenas a Deus, aceitando e exigindo adoração. Quando de fato o contexto aponta para um tipo de Teofania, normalmente se entende ser Ele uma manifestação da
Segunda Pessoa da Trindade, o Filho.
Então da mesma forma com que o Filho pode ser percebido no Antigo Testamento, o Espírito também pode, sendo atribuída a Ele significativa importância na obra do
Messias prometido (Isaías 11:2; 42:1; 61:10) e na preparação de seu povo (Joel 2:28; Isaías 32:15; Ezequiel 36:26,27).

Com relação ao Novo Testamento, a evidencia da Trindade é bastante explicita e abundante. No anúncio sobre o nascimento de Jesus feito a Maria, a ação do Deus Triúno
fica evidente (Lucas 1:35).
O exemplo mais claro encontra-se no batismo de Jesus, quando o Espírito de Deus desceu sobre Ele como uma pomba, e uma voz do céu disse: “Este é o meu Filho amado,
em quem me comprazo” (Mateus 3:16,17).
Na própria pregação de João Batista é possível notar uma referência a Trindade Divina, pois ele falava sobre a importância do arrependimento para com Deus e anunciava a
vinda do Messias que tem poder para batizar com o Espírito Santo.
Já na fórmula batismal, o próprio Jesus declarou: “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo” (Mateus
28:19). Perceba que a palavra “nome” permanece no singular, ou seja, há um único nome, porque os três são um único Deus.
Também durante seu ministério, Jesus falou do Pai, orou ao Pai, deixou claro que não eram a mesma pessoa, mas ao mesmo tempo afirmou que eram Um (Mateus 5:16;
7:21; 11:25; 16:27; João 10:17-38), e também deu testemunho direto sobre o ofício do Espírito Santo (João 15 e 16). Entenda melhor o significa da expressão “Eu e o Pai
somos Um”.

Deus é um ou três? Como entender a Santíssima Trindade?


A Bíblia é muito clara ao afirmar que Deus é um, tanto no Antigo Testamento quanto no Novo (cf. Êxodo 20:3; Deuteronômio 4:35; Isaías 45:14; 46:9; 1 Coríntios 8:4-6;
Efésios 4:3-6; etc.). O versículo mais conhecido sobre esse ponto, e que com o tempo se tornou a declaração de fé dos judeus, o Shemá, diz: “Ouve, Israel, o Senhor teu Deus
é o único Senhor” (Deuteronômio 4:6).
Mas ao mesmo tempo, conforme vimos aqui, a Bíblia também revela que esse único Deus subsiste em três pessoas, Pai, Filho e Espírito Santo, igualmente eternas
e divinas (Mateus 3:16,17; 9:4; 28:18; Marcos 2:1-12; João 1:1-3; 3:5-8; 5:27; 10:30; Atos 5:3,4; 1 Coríntios 2:10; 6:19; 2 Coríntios 13:14; Colossenses 1:17; etc.).
As pessoas gostam de procurar algum exemplo que explique a Trindade, porém isso é impossível, visto que não há nada que conheçamos que pode, ao menos, se
assemelhar ao conceito do Deus Triúno conforme ensinado nas Escrituras. Portanto, a grande maioria desses exemplos mais prejudica o entendimento acerca da Santíssima
Trindade do que ajuda.

A melhor coisa é simplesmente nos conformarmos que a pluralidade e a unidade não são contraditórias no Ser do único Deus, mesmo que isso pareça não fazer sentido a
nós. Assim, a melhor definição é dizer que a Trindade significa que Deus é um Ser que subsiste em três pessoas, sem deixar de ser um, ou seja, há diversidade na
unidade, há três pessoas em um único Deus.
Apesar de serem três pessoas distintas, não se tratam de três indivíduos separados, pois elas compartilham a mesma natureza, ou seja, são da mesma essência ou
substância divina, e assim são igualmente Deus, possuem os mesmos atributos e a mesma vontade. Portanto, entendemos que o Ser de Deus não está dividido em três
partes, ao contrário, Ele é uma só essência em três pessoas, e é por isso que Pai, Filho e Espírito são plenamente e perfeitamente Deus. Sobre isso, o próprio Jesus
declarou: “Eu e o Pai somos um”.

Existe hierarquia na Trindade?


Para respondermos essa pergunta corretamente precisamos fazer uma distinção entre Trindade Ontológica e Trindade Econômica. A Trindade Ontológica fala acerca da
Trindade em essência, e nesse sentido não há qualquer hierarquia ou subordinação.
Às vezes a expressão “1ª, 2ª e 3ª Pessoa da Trindade”, nos leva a falsa interpretação de que existe algum tipo de hierarquia, mas na verdade ela se refere ao fato de que o
Pai origina, isto é, o Filho é eternamente gerado do Pai, e o Espírito procede eternamente do Pai e do Filho. Também é preciso entender que quando se diz “gerado” ou
“procede”, não significa “criado”, ou seja, não há um único momento em que o Filho não existiu, ou mesmo que o Espírito esteve ausente.

O Pai sempre foi Pai, o Filho sempre foi o Filho do Pai, e o Espírito sempre foi procedente do Pai e do Filho (Miqueias 5:2; João 5:6; 15:26). Agostinho foi muito feliz em
dizer: “O Pai é apenas o Pai do Filho, e o Filho apenas o Filho do Pai; o Espírito, entretanto, é o Espírito tanto do Pai como do Filho, unindo-os em um vínculo de amor”.
Isso significa que o Pai, o Filho e o Espírito são igualmente Deus, possuem o mesmo poder, a mesma majestade e devem ser adorados de igual forma. Biblicamente, cada
pessoa da Trindade procura a honra da outra, simplesmente porque, na verdade, são um único e verdadeiro Deus.

Já a Trindade Econômica trata acerca da forma com que o Deus Triúno age em relação à Criação e à Redenção. Por exemplo, o Pai cria, através do Filho, pela agência
do Espírito Santo. Assim, com relação à economia da obra da salvação, existe uma organização, e nessa organização, e somente nela, isto é, apenas no aspecto econômico,
existe uma subordinação, pois o Pai envia o Filho, e o Pai e o Filho enviam o Espírito Santo. É nesse sentido, com relação ao que envolve o plano de salvação, que Jesus
declarou ser menor que o Pai (João 14:28), e depois o apóstolo Paulo escreveu dizendo que Deus é o cabeça de Cristo (1 Coríntios 11:3).
Portanto, ainda com relação à salvação, é correto dizer que o Pai planejou a salvação e elegeu os santos, o Filho trouxe a redenção executando o plano salvífico,
e o Espírito Santo confirma essa obra regenerando, capacitando e santificando o pecador. Em sua primeira carta, o apóstolo Pedro falou de forma muita clara e
simples sobre isso (1 Pedro 1:2).
Para concluir, por mais que não possamos explicar completamente o que é a Trindade, certamente podemos compreender que só há um único Deus que subsiste em três
pessoas, e que esse Deus Triúno, por sua infinita graça, de forma soberana, agiu em favor da nossa salvação.
Quem Foi Jacó na Bíblia? A História de Jacó

 Daniel Conegero
Jacó foi o filho gêmeo mais novo de Isaque e Rebeca. Ele é um dos três principais patriarcas do povo judeu, ao lado de seu pai, Isaque, e seu avô, Abraão. Certamente a
história de Jacó é uma das mais conhecidas da Bíblia. A descendência de Jacó deu origem as doze tribos de Israel.

O significado do nome Jacó


A Bíblia conta que Jacó nasceu agarrado ao calcanhar (hebraico ‘aqeb) de seu irmão gêmeo mais velho, Esaú. Daí, o nome “Jacó” vem do hebraico ya’aqob e significa “ele
agarrava” ou “ele agarra”. Devido a esse episódio e uma variação do substantivo hebraico que significa calcanhar, o nome Jacó é geralmente traduzido por “apanhador de
calcanhar” ou “suplantador”, que é derivado de “dominar” ou “segurar pelo calcanhar”.
Acredita-se que em hebraico o nome de Jacó tenha sido uma abreviação intencional do nome ya’aqob-il que significa “Deus proteja”.

Quem foi Jacó: o nascimento de Jacó


O nascimento de Jacó está registrado em Gênesis 25:21-28. Sua mãe, Rebeca, assim como sua avó, Sara, era estéril e esperou por filhos durante vinte anos. Seu
esposo, Isaque, intercedeu ao Senhor em favor dela. Então Deus ouviu suas orações e abriu a madre de Rebeca, e ela gerou os gêmeos Esaú e Jacó.
Não se sabe ao certo a data exata em que Jacó viveu. Alguns estudos estipulam que Abraão tenha vivido entre 2000 e 1900 a.C. Se isto estiver correto, então Jacó viveu em
aproximadamente 1800 a.C.

Jacó, o herdeiro da promessa


Deus havia prometido a Abraão que através de seu filho, Isaque, faria dele uma grande nação. Apesar das dificuldades que Isaque e Rebeca enfrentaram em relação à
gravidez, a promessa de Deus não seria frustrada. No tempo certo o casal teve filhos!

Com o nascimento dos filhos de Isaque, a promessa de Deus estava sendo renovada. Esaú era o primogênito dos gêmeos, então naturalmente era de se esperar que ele
fosse o herdeiro da promessa de Deus aos seus pais. Mas antes mesmo do nascimento de Esaú e Jacó, Deus, pela sua soberana e infalível vontade, já havia determinado
que Jacó herdaria a promessa.

E o Senhor lhe disse: Duas nações há no teu ventre, e dois povos se dividirão das tuas entranhas, e um povo será mais forte do que o
outro povo, e o maior servirá ao menor.
(Gênesis 25:23)

Jacó, a primogenitura, e a benção de Isaque


No Oriente Antigo Próximo, o filho primogênito geralmente herdava no mínimo o dobro das posses do pai em relação aos outros irmãos. Além disso, ele também recebia
uma série de privilégios, dentre os quais a posição de chefe social e religioso da família.

Aproveitando-se da fome de seu irmão Esaú que havia acaba de retornar do campo, Jacó comprou de Esaú o direito de primogenitura, e insistiu em um juramento
considerado irrevogável. Descobertas arqueológicas confirmam que naquela época na Mesopotâmia o direito de primogenitura podia ser negociado.

Não se sabe se no caso de Esaú e Jacó houve algum tipo de burocracia para que tal negociação fosse registrada oficialmente. Porém a Bíblia cita que foi feito um
juramento. Em muitos casos, juramentos como esse era válido perante um tribunal da lei.

Isaque, já idoso, comunicou que transmitiria sua benção patriarcal. Então ele pediu que Esaú preparasse para ele o seu prato favorito (Gênesis 27:1-46). Sabendo disso,
Rebeca instruiu a Jacó sobre como ele deveria proceder para tomar aquela benção para si mesmo.

Se aproveitando da cegueira do pai, Jacó se passou por seu irmão Esaú e foi abençoado por Isaque. Quando Isaque e Esaú descobriram o que havia ocorrido, nada mais
poderia ser feito. A benção sobre a vida de Jacó era irrevogável (Gênesis 27:37,38).

O problema com Esaú e o casamento de Jacó


Esaú ficou enfurecido quando descobriu que tinha sido superado por Jacó. Então para fugir da ira de seu irmão, Jacó partiu para casa de seus parentes em Harã. Em sua
viajem Jacó teve uma visão noturna. Nessa visão Deus lhe confirmou a promessa feita a Abraão e lhe deu garantia de que o protegeria (Gênesis 28).

Chegando a Harã, Jacó conheceu a sua prima Raquel, filha de seu tio Labão. Jacó desejou casar-se com Raquel e fez um acordo com Labão para que, ao fim de um período
de sete anos de trabalho, pudesse tomar Raquel por esposa.
O casamento ocorreu, mas Labão enganou Jacó. Recorrendo a um possível costume da região, Labão concedeu a Jacó sua filha mais velha, Lia (ou Léia), como esposa. Jacó
então fez outro acordo com Labão para que, finalmente, pudesse se casar com Raquel. Nesse novo acordo mais sete anos de trabalho foi exigido de Jacó.
Os filhos de Jacó
Enquanto ainda estava morando com seu sogro Labão, Jacó teve onze filhos e uma filha. Esses filhos foram gerados por suas duas esposas e as servas delas.

Leia era mãe de Rúben, Simeão, Levi, Judá, Issacar, Zebulom e Diná. De Zilpa, criada de Leia, Jacó foi pai de Gade e Aser. Da criada de Raquel, Bila, nasceram Dã e Naftali.
Após Deus abrir a madre de Raquel, Jacó foi pai de José e Banjamim. Esse último nasceu já em Canaã.

Jacó tem seu nome mudado para Israel


Após longos anos trabalhando para seu sogro e fazendo seu rebanho prosperar, Jacó resolveu partir e retornar a Palestina. Labão não queria que Jacó partisse e lhe propôs
um acordo para sua permanência. Na tentativa de obter vantagem sobre Jacó, Labão mudou o acordo várias vezes, até que Jacó conseguiu fugir.

Quando soube da fuga de Jacó, Labão ainda o perseguiu. Mas após uma longa conversa ao se encontrarem, ambos fizeram uma aliança e Jacó finalmente viajou em
direção ao sul. No caminho, Jacó encontrou um grupo de anjos, o que lhe assegurava que Deus o estava protegendo (Gênesis 32:1,2).

Quando estava indo em direção ao encontro de seu irmão Esaú, passando pelo riacho de Jaboque, Jacó encontrou-se com “um varão”, e lutou com ele durante toda noite.
Ao romper do dia, o homem deslocou a coxa de Jacó, mas ainda assim Jacó conseguiu ser abençoado. Tal benção mudou seu nome de Jacó para Israel, que significa “o que
luta com Deus”. Obviamente aquele foi um encontro Divino (Gênesis 32:24-30). Mais tarde novamente Deus apareceu para Jacó e reafirmou a mudança de seu nome
(Gênesis 35:9-15).

Logo depois do ocorrido no riacho de Jaboque, Jacó conseguiu encontrar-se com Esaú. Apesar do clima tenso que antecedeu aquele momento, o encontro dos dois irmão
foi grande ternura.

O final da vida de Jacó


Jacó passou a residir mais uma vez na Palestina. Já seu irmão Esaú foi a Seir, e lá formou uma nação (Gênesis 33:16). Os anos seguintes não foram fáceis para Jacó. Seus
filhos Simeão e Levi tiveram sério conflitos com os filhos de Hamor por conta do problema com Diná (Gênesis 34). Também, a ama de Raquel, Débora, que era importante
para a família, morreu. Depois, sua tão amada esposa Raquel morreu no parto de seu filho Benjamin. Seu outro filho Rúben, deitou-se com Bila, sua concubina. Por
fim, José, seu filho predileto, foi afastado dele.
Quando já estava bem idoso, por conta da fome que assolava a região em que vivia, Jacó precisou se exilar no Egito. Lá ele teve a grande alegria de reencontrar seu filho
José. No Egito ele foi muito bem recebido.

Antes de morrer, já com a idade de 147 anos (Gênesis 47:28), Jacó abençoou os filhos de José: Efraim e Manassés (Gênesis 48:8-20). O patriarca também abençoou seus
próprios filhos, formando as doze tribos de Israel (Gênesis 49:1-33). Jacó faleceu e foi enterrado em Macpela, perto de Hebrom, no tumulo da família juntamente com
Abraão, Sara, Isaque, Rebeca e Lia.

Jacó no Novo Testamento


Jacó é citado nas genealogias presentes nos Evangelhos de Mateus e Lucas (Mateus 1:2; Lucas 3:34). Frequentemente ele é mencionado na conjunção “Abrão, Isaque e
Jacó”, como parte do trio de patriarcas notáveis do povo de Israel (cf. Mateus 8:11; Lucas 13:28).
O próprio Jesus fez uma citação de Êxodo 3:6, onde é declarado: “Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó” (Mateus 22:32; Marcos 12:26; Lucas 20:37).
Essa mesma expressão também aparece em Atos dos Apóstolos (Atos 7:32). Estêvão também mencionou Jacó em seu sermão (Atos 7:12-46). O apóstolo Paulo se refere a
Jacó por duas vezes (Romanos 9:11-13; 11:26). Por fim, na Epístola aos Hebreus Jacó aparece na Galeria dos Heróis da Fé (Hebreus 11:9,20).
Quem foi Isaque?

 Daniel Conegero

Isaque foi o filho prometido pessoalmente pelo próprio Deus a Abraão e Sara (Gênesis 17:19; 18:9-15). A Bíblia fornece várias referências sobre quem foi Isaque, tanto no
Antigo Testamento quanto no Novo Testamento. Embora Abraão também tenha tido outros filhos que originaram nações (Gênesis 17:20), é em Isaque que consistia o
plano de Deus em relação à descendência de Abraão. Foi por meio dele que a descendência escolhida seria chamada (Hebreus 11:18).

Isaque foi o único filho do casal Abraão e Sara. Não se sabe ao certo em qual região Isaque nasceu, mas uma das possibilidades mais aceitas é que tenha sido em Gerar.

O que significa o nome Isaque?


O nome Isaque significa “riso”, “aquele que ri” ou “ele ri”, do hebraico Yitshaq. Foi o próprio Deus que ordenou a Abraão que este deveria ser o nome do menino.
E disse Deus: Na verdade, Sara, tua mulher, te dará um filho, e chamarás o seu nome Isaque, e com ele estabelecerei a minha aliança,
por aliança perpétua para a sua descendência depois dele.
(Gênesis 17:19)
Um fato interessante em relação ao significado de Isaque, é que quando Deus prometeu que Abraão e Sara teriam um filho, Abraão riu dessa promessa (Gênesis 17:17).
Depois, quando Deus repetiu a mesma promessa, Sara também riu devido a certa incredulidade (Gênesis 18). Mais tarde, após o nascimento de Isaque, Sara reconheceu
que Deus lhe havia dado uma causa de riso, e que todos que soubessem iriam rir com ela (Gênesis 21:6).

Abraão já tinha 100 anos de idade, e sua esposa, Sara, 90 anos, quando Isaque nasceu. Em reconhecimento à promessa da aliança, Isaque foi circuncidado quando tinha 8
dias de nascido (Gênesis 21:4; cf. Gênesis 17).

Além desse fato, a Bíblia não fornece mais nenhuma referência sobre a infância e juventude de Isaque. A próxima referência a Isaque já o mostra subindo o monte
Moriá com seu pai.

História de Isaque: Isaque e Ismael


No dia do desmame de Isaque, seu irmão, Ismael, filho de Abraão com Agar, zombou dele. Sara ficou bastante irritada e pediu para que Abraão se livrasse tanto de Ismael
quanto de Agar (Gênesis 21:10). Esse pedido preocupou bastante Abraão, pois se tratava de um filho seu (Gênesis 21:11). Mas Deus tranquilizou Abraão dizendo que sua
descendência seria considerada por meio de Isaque, e que ele não deveria se preocupar com Ismael, pois dele também sairia um povo (Gênesis 21:12,13). Sendo assim,
Abraão fez conforme Sara lhe havia pedido.

Muito provavelmente Ismael tinha por volta de 16 anos quando ocorreram esses acontecimentos. No capítulo 25 de Gênesis, encontramos Isaque e Ismael juntos
novamente para sepultar Abraão (Gênesis 25:9).

Quem foi Isaque: Abraão, Isaque e o Sacrifício


No capítulo 22 de Gênesis, para manifestar a fé de Abraão, Deus o prova, ordenando-lhe que oferecesse seu filho Isaque em holocausto. É difícil determinar a idade de
Isaque no momento do sacrifício, mas segundo o historiador Flávio Josefo, acredita-se que Isaque tinha cerca de 25 anos naquela ocasião. Isso condiz com o relato bíblico
de que ele já era forte o suficiente para carregar a madeira para o holocausto.

Durante o caminho, a Bíblia relata que Isaque não sabia que ele seria sacrificado (Gênesis 22:7). Quando chagaram ao local ordenado por Deus, Abraão amarrou Isaque no
altar para imola-lo, porém foi impedido.

Mas o Anjo do Senhor o chamou do céu: “Abraão! Abraão! ” “Eis-me aqui”, respondeu ele.
“Não toque no rapaz”, disse o Anjo. “Não lhe faça nada. Agora sei que você teme a Deus, porque não me negou seu filho, o seu único
filho. ”
(Gênesis 22:11,12)
O episódio do sacrifício é muito significativo. Além de vários paralelos com a expiação de Cristo, tal ato demonstrou tamanha fé que Abraão tinha, como também a
obediência e a fé do próprio Isaque.

A fé de Abraão não se resumiu apenas em obedecer a ordem divina e entregar seu filho em holocausto, mas Abraão creu que Deus poderia ressuscitar Isaque dos mortos
para que as promessas fossem cumpridas (Hebreus 11:19). O escritor de Hebreus afirma que figuradamente, Abraão recebeu Isaque de volta dentre os mortos.

Quem foi Isaque: o casamento de Isaque e Rebeca


Isaque tinha 40 anos quando se casou com Rebeca. Em Gênesis 24, Abraão pediu para que seu servo trouxesse de sua terra, dentre seus parentes, uma esposa para Isaque.
Abraão creu que o Senhor garantiria o êxito da missão, e assim foi.
Algumas pessoas procuram usar erroneamente o capítulo 24 de Gênesis, especialmente o versículo 67, para tentar defender a possibilidade de um casal morar junto sem se
casar. Uma exposição simples do capítulo 24 revela que tal interpretação é totalmente equivocada. Basicamente, o servo que Abraão enviou era seu procurador na missão,
e naquela época, casamentos arranjados eram comuns. Rebeca não tinha mais pai, portanto seu irmão Labão era o patriarca da família. Ele tinha autoridade religiosa e civil
sobre sua casa.

Diante da família de Rebeca, o servo de Abraão formalizou a proposta de casamento, e entregou presentes valiosos à Rebeca, à sua mãe e ao seu irmão (Gênesis 24:21-53).
Em Gênesis 24:58 lemos sobre como Rebeca aceitou a união. Por fim, em Gênesis 24:60, Rebeca foi abençoada por sua família (provavelmente por seu irmão), significando
a oficialização legal do casamento dentro dos moldes daquela época. Portanto, quando Isaque levou Rebeca para a tenda, ela já era sua esposa oficialmente.
Quem foi Isaque: os filhos de Isaque

Isaque e Rebeca esperaram 20 anos por filhos, pois Rebeca era estéril. Isaque intercedeu ao Senhor em favor de Rebeca e ela engravidou dando à luz aos gêmeos Esaú e
Jacó, quando Isaque tinha 60 anos. Mais tarde, quando Esaú e Jacó já eram homens formados, instigado por sua mãe, Jacó se aproveitou do fato de Isaque ter visão fraca
devido à idade, e se passou por Esaú, recebendo a benção que cabia ao primogênito dos filhos.
Embora aquele ato tenha tomado Isaque de surpresa, em nenhum momento Deus foi surpreendido. Muito pelo contrário! Quando Rebeca ainda estava grávida, ela sentiu
os meninos se empurrando dentro de seu ventre. Quando ela consultou o Senhor sobre aquilo, Ele esclareceu que dentro do ventre dela havia duas nações, e que o mais
velho serviria o mais novo (Gênesis 25:23). Na Epístola aos Romanos, Paulo faz uma exposição profunda desses relatos de Gênesis, afirmando que antes do nascimento dos
gêmeos, antes que ambos tivessem feito alguma obra, Deus já havia escolhido Jacó (Romanos 9:11-13).

Curiosidades sobre quem foi Isaque

1. Caráter: Isaque era correto e tinha um temperamento manso. Tais aspectos podem ser identificados quando ele não questionou a atitude do pai em oferecer-lhe em
sacrifício. Também não discutiu com os pastores sobre os poços em Gerar. Possivelmente ele era afetuoso, e bastante ligado à sua mãe, Sara, de quem sentiu
profundamente a morte. Ele não guardava rancores, pois relevou a atitude de Abimeleque.

2. Fé: Isaque também demonstrou fé no episódio do holocausto. Além disso, ele é citado na galeria dos Heróis da Fé em Hebreus 11, devido a suas bênçãos sobre Esaú e
Jacó.

3. Mentira: Isaque repetiu a mesma atitude de Abraão ao dizer que Rebeca era sua irmã ao invés de esposa (Gênesis 26:7). No caso de Abraão isso era uma meia verdade,
porém no caso de Isaque era uma informação inteiramente falsa.

4. Preferência: Isaque nitidamente tinha certa preferência por seu filho Esaú. Alguns argumentam que tal preferência poderia ter sido causada em resposta ao favoritismo
de Rebeca por Jacó.

5. Nome: Isaque, diferentemente de seu pai Abraão, e de seu filho Jacó, foi o único que não teve seu nome mudado por Deus, já que o próprio Deus anunciou seu nome a
Abraão antes de seu nascimento.

6. Morte: Isaque morreu com a idade de 180 anos (Gênesis 35:28).

7. Vida espiritual: Paulo fez uma comparação entre Isaque e Sara por um lado, e Agar e Ismael por outro, em Gálatas 4:21-31. Tal comparação por Paulo reflete o contraste
entre a escravidão da lei e a liberdade da graça, a qual nos faz filhos da promessa como Isaque.
Quem Foi Agar na Bíblia?

 Daniel Conegero

Agar foi serva de Sara e mãe de Ismael, um dos filhos de Abraão. Sua história está registrada no livro de Gênesis.
Agar era uma mulher egípcia e seu nome talvez tenha sido dado por Abraão quando ela saiu do Egito para ser serva em sua casa. O nome Hagar é de origem semítica e
pode significar algo como “fuga”.

A história de Agar
É possível que Agar tenha sido adquirida por Abraão durante o período em que ele ficou no Egito. A história de Agar entra no foco bíblico por conta do plano de Sara,
esposa de Abraão, em oferecê-la ao patriarca como alternativa para gerar um filho dele.
Sara era estéril, já avançada em idade e com grande frustração por não ter dado um filho a Abraão. Então ela recorreu a Agar com esperança de que, através dela, um
herdeiro pudesse nascer na família.

Na verdade, essa prática utilizada por Sara era comum naquela época, sendo que em alguns contratos matrimoniais já ficava especificado que uma esposa estéril deveria
providenciar outra mulher para seu marido para fins de procriação. As tábuas Ur e Nuzi comprovam esse costume.
Então Agar concebeu de Abraão, e após engravidar, Agar começou a desprezar Sara, e então Sara, com a permissão de Abraão, a tratou de maneira rude por conta disso.
Com medo da ira de Sara, Agar fugiu para o deserto (Gn 16:4-6).

No deserto o anjo do Senhor visitou Agar ao lado de uma fonte, e lhe deu instruções para voltar à casa de Abraão. Além disso, ela também escutou que teria uma
descendência muito numerosa (Gn 16:7-13). Ao regressar para junto de Sara, Agar finalmente deu à luz a Ismael.

A saída definitiva de Agar


Mais tarde, o filho prometido pelo Senhor a Abraão nasceu. Quando Isaque foi desmamado, Ismael zombou dele e Sara exigiu que Abraão tomasse uma providência
mandando Ismael e Agar embora (Gn 21:9,10).
Nitidamente Abraão ficou relutante com aquela situação, talvez pelo fato de que o costume proibia expressamente esse tipo de ação, ou seja, caso a esposa verdadeira
viesse a conceber um filho após o nascimento do filho da serva, o chefe da família deveria cuidar de ambos os filhos.

No entanto, o próprio Deus ordenou que Abraão agisse contra o costume da época, e o tranquilizou sobre o destino de Ismael (Gn 21:12,13). Assim Agar e Ismael foram
despedidos da casa de Abraão com um pouco de pão e um odre de água.
No deserto, mãe e filho se viram numa situação difícil quando ficaram sem água. Agar chegou colocar Ismael debaixo de uma árvore e se afastou para não vê-lo morrer (Gn
21:15).

Todavia, Deus lhes providenciou uma saída daquela situação, e mais uma vez a escrava de Sara escutou as promessas acerca do futuro de seu filho (Gn 21:19). Assim, Ismael
cresceu em Parã, a nordeste da península do Sinai, e se tornou um habilidoso caçador com arco e flecha, e Agar buscou para ele uma esposa egípcia.

Agar no Novo Testamento


Agar é mencionada no Novo Testamento na Epístola aos Gálatas (cap. 4:21-31), onde o apostolo Paulo usou a história de Agar e Ismael, e a história de Sara e Isaque, como
alegoria em sua exposição sobre aqueles que buscam a salvação por meio de méritos humanos, e aqueles que buscam a salvação exclusivamente por meio da fé nas
promessas de Deus em Cristo.
Quem foi Sara na Bíblia?

 Daniel Conegero
Sara foi esposa de Abraão e mãe de Isaque. A história de Sara está registrada no Antigo Testamento, no livro de Gênesis. Neste estudo bíblico conheceremos tudo
sobre quem foi Sara na Bíblia.
O nome Sara significa “princesa” (heb. sarah). Antes de ter seu nome trocado, Sara se chamava “Sarai” (heb. saray), que também significa princesa. Vale dizer que há
também outra Sara citada na Bíblia, a filha de Aser (Nm 26:46), embora que em algumas versões seu nome aparece escrito como “Sera”.

A História de Sara
Como já dissemos, Sara foi a principal esposa de Abraão. Ela era cerca de dez anos mais nova que o patriarca. Além de esposa se Abraão, Sara também era sua meia-
irmã por parte de pai, Tera (Gn 20:12).
Quando Deus chamou a Abraão, Sara o acompanhou, partindo com ele de Ur dos Caldeus, passando por Harã e, finalmente, chegando até à terra de Canaã. A mudança de
nome de Sarai para Sara, ocorreu quando ela tinha 90 anos de idade.

Sara e Abraão no Egito


Devido à fome que castigou a terra de Canaã, Abraão e Sara partiram para o Egito (Gn 12:10,11). Na ocasião, Sara já tinha 65 anos de idade, apesar disso era considerada
uma mulher muito bonita, a ponto de Abraão, temendo por sua própria vida, pedir que ela se apresentasse apenas como sua irmã.
No Egito, Sara chamou a atenção dos egípcios e dos príncipes de Faraó, sendo que o próprio Faraó se sentiu atraído por ela e a levou para seu harém.

Entretanto, o Senhor castigou a Faraó e a sua casa por causa de Sara, o que fez com ele chamasse a Abraão e o confrontasse por ter omitido a informação de que ela era
sua esposa. Faraó devolveu Sara a Abraão, e ordenou que eles partissem para longe do Egito (Gn 12:12-20).

Cerca de vinte anos depois, outro episódio muito semelhante a este aconteceu. Abraão, mais uma vez, ocultou a informação de que Sara era sua esposa. O fato ocorreu
com relação à Abimeleque, rei de Gerar.
Neste caso, Deus avisou Abimeleque em sonhos, de que Sara era a esposa de Abraão, e caso não respeitasse essa condição, ele seria fatalmente penalizado. Prontamente
Abimeleque procurou a Abraão, e o questionou acerca de sua atitude.

Abimeleque devolveu Sara a Abraão, e também lhe deu ovelhas, vacas, servos e servas, talvez como um tipo de compensação pela ofensa. Isso fez com que o patrimônio
de Abraão aumentasse ainda mais.

Também vale dizer que Abraão e Sara viviam entre um povo pagão antes da convocação divina. De acordo com as leis da Mesopotâmia daquela época, a condição de
esposa-irmã representava uma posição social ainda mais elevada, e segundo os textos de Nuzu, o vinculo do casamento era considerado mais solene.

Sara, Agar e a tristeza da esterilidade


Sara era estéril, e tal condição era um opróbrio continuo para ela. Ainda mais depois da promessa que Deus havia feito a Abraão de que ele seria pai, Sara desesperou-se
para lhe conceder um herdeiro.
Sara então incentivou Abraão a ter um filho com sua serva pessoal Agar, uma jovem egípcia (Gn 16:1-3). Para tanto, Sara utilizou um costume frequentemente atestado
na Antiga Babilônia, apoiado em uma norma legal de que uma esposa estéril deveria prover a seu marido uma mulher que lhe gerasse filhos em seu nome. Tal mulher
geralmente era uma criada.
Se Sara usou uma norma legal para arquitetar seu plano, ela também agiu de acordo com as leis comuns na Mesopotâmia quando tratou a Agar de forma muito dura por
esta tê-la desprezado por conta de sua esterilidade (Gn 16:4).

Sara e as promessas de Deus


Quando Sara completou 90 anos de idade, ela recebeu a promessa divina de que teria um filho dentro de um ano, e que tal como Abraão, ela se tornaria a “mãe das
nações”. Na verdade essa promessa ocorreu por duas vezes, sendo que na primeira foi onde seu nome foi mudado juntamente com o de seu marido (Gn 17:17-17; 18:9-15).
Na segunda ocasião, Abraão recebeu uma teofania e pediu que Sara fizesse alguns bolos para os visitantes divinos. Ao escutar a profecia acerca do nascimento de um filho
seu, Sara sorriu com incredulidade, julgando ela ser impossível de se cumprir haja vista sua idade.

Apesar de Sara negar que seu riso ocorreu no sentido de zombaria, o Senhor conhecia suas verdadeiras intenções. Sara foi repreendida com a seguinte frase: “Haveria coisa
alguma difícil ao Senhor?“. A partir daí a dúvida deu lugar à fé, e Sara foi revigorada, e a promessa foi cumprida com o nascimento de Isaque.
Após o nascimento de Isaque, Sara teve problemas com Ismael e Agar. Na festa de desmame de Isaque, Sara percebeu que Ismael estava zombando de seu filho. Muito
irada, Sara ordenou que Agar e Ismael fossem embora.
Com essa atitude, Sara também desejava que Isaque não precisasse dividir sua herança com o meio-irmão. Se nas outras ocasiões Sara agiu de acordo com as leis da
Mesopotâmia, nesse caso ela estava agindo de forma contrária, pois Abraão já havia reconhecido legalmente Ismael como seu filho (Gn 17:23-26).

A morte de Sara
Sara tinha 127 anos de idade quando morreu, e foi sepultada por Abraão na sepultura que ele comprou para a família, perto de Hebrom, na cova de Macpela (Gn 23).
Curiosamente, Sara é a única mulher na Bíblia que possui sua idade registrada por ocasião de sua morte.

Sara no Antigo e no Novo Testamento


Além do livro de Gênesis, Sara é mencionada no livro do Profeta Isaías (cap 51:2) como um exemplo de confiança em Deus, e aquela que deu a luz à nação israelita.
Já no Novo Testamento, o Apóstolo Paulo se refere a Sara direta e indiretamente. Na Carta aos Romanos (cap. 4:19), Paulo colocou a questão da esterilidade de Sara como
um obstáculo à fé de Abraão, e mencionou o casal entre aqueles cuja fé foi contada como justiça, além de se referir a ela como a mãe dos filhos da promessa (Rm 9:9).
Na Epístola aos Gálatas (cap. 4:21-31), Paulo se referiu a Sara indiretamente, ou seja, não citou seu nome, numa ilustração sobre o filho da escrava e o filho da mulher livre.
O apóstolo Pedro também mencionou Sara como um exemplo de esposa (1Pe 3:6), e o escritor da Epístola aos Hebreus enfatizou a fé de Sara, colocando-a no texto que
ficou conhecido como “A Galeria dos Heróis da Fé” (Hb 11:11).

Nuzi
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Esta página cita fontes, mas estas não cobrem todo o conteúdo. Ajude a inserir referências. Conteúdo
não verificável poderá ser removido.—Encontre fontes: Google (notícias, livros e acadêmico) (Setembro de 2010)

Nuzi (ou Nuzu; acadiano Gasur; moderno Yorghan Tepe, Iraque) foi uma antiga cidade


da Mesopotâmia ao sudeste de Quircuque no moderno governorado do Iraque, localizada
próximo ao rio Tigre.  Seu sítio consiste de um relato de tamanho médio multiperíodo e dois
[1]

pequenos montes de período único.

História
A cidade de Gasur foi aparentemente fundada durante o Império Acádio no início do terceiro
milênio. Na metade do segundo milênio os Hurritas absorveram a cidade e a renomearam
como Nuzi. A história do sítio durante o período de intervenção é incerto, apesar da
presença de algumas tabelas cuneiformes da antiga Assíria indicar que o comércio com a
próxima cidade de Assur estivesse ocorrendo.

Referências
Quem foi Rebeca na Bíblia?

 Daniel Conegero
Rebeca é uma das mulheres mais conhecidas da Bíblia, sobretudo por seu casamento com Isaque. Veremos neste texto tudo o que a Bíblia fala sobre quem foi Rebeca.

Quem foi Rebeca?


Rebeca foi filha de Betuel, sobrinho de Abraão (Gn22:23), irmã de Labão, esposa de Isaque e mãe de Esaú e Jacó. O nome “Rebeca” vem do hebraico rivqah, e significa algo
próximo de “corda com laçada para amarrar animais pequenos”, conforme a raiz árabe rabunga, que significa “amarrar firme”.

O casamento de Rebeca
Em Gênesis capítulo 24, encontramos o relato da escolha de Rebeca para ser esposa de Isaque, filho de Abraão. A Bíblia diz que Abraão enviou Eliezer, seu servo de
confiança, à sua terra de origem, a fim de que buscasse uma esposa para seu filho Isaque.

Elieser orou a Deus, e, ao chegar ao poço fora da cidade, pediu um sinal para que pudesse fazer a escolha certa segundo a vontade de Deus. Rebeca, então, se aproximou, e
se ofereceu para retirar água para seus camelos, e esse foi o sinal dado à Elieser.

Rebeca era muito formosa, generosa e hospitaleira. Elieser lhe deu caros presentes que havia levado consigo na viagem, e foi conduzido à casa de Betuel. Ao chegar à casa
e explicar sua incumbência, os responsáveis por Rebeca concordaram com o casamento, mas deixaram que Rebeca desse a palavra final se aceitaria ou não. Caso aceitasse,
Rebeca teria de sair de seu lar, partir para uma terra estranha e se casar com um homem que nunca havia conhecido. O fato de rebeca ter tido oportunidade de escolha era
uma prática comum apenas nas famílias patriarcais de classe alta.

Por fim, Rebeca aceitou deixar seu lar e se tronou a esposa de Isaque (Gn 24:66,67). O casal teve uma vida próspera na região perto de Berseba.

Uma interpretação errada sobre o casamento de Isaque e Rebeca


Algumas pessoas procuram usar erroneamente o capítulo 24 de Gênesis, especialmente o versículo 67, para tentar defender a possibilidade de um casal morar juntos sem
se casar. Uma exposição simples do capítulo 24 revelará que tal interpretação é totalmente equivocada. Basicamente, o servo que Abraão enviou era seu procurador na
missão e, naquela época, eram comuns casamentos arranjados.

Na descrição do capítulo 24 o filho, Labão, é citado antes do pai, Betuel. Essa sequência irregular parece indicar que Betuel talvez estivesse incapacitado. Isso confirma o
fato de que, no versículo 55 do mesmo capítulo, apenas Labão e a mãe de Rebeca são citados. Isso levanta a probabilidade de que seu irmão Labão respondia como o
patriarca da família, o qual tinha autoridade religiosa e civil sobre sua casa.

Diante da família de Rebeca, o servo de Abraão formalizou a proposta de casamento, e entregou presentes valiosos à Rebeca, à sua mãe e ao seu irmão (Gn 24: 21:53). No
versículo 58, vemos Rebeca aceitando a união e, por fim, no versículo 60 vemos Rebeca sendo abençoada por sua família (provavelmente por seu irmão), significando a
oficialização legal do casamento dentro dos moldes da época. Portanto, quando Isaque levou Rebeca para a tenda, ela já era sua esposa oficialmente.

A vida de Rebeca
Após o casamento, Rebeca foi estéril por vinte anos e Isaque pediu muito a Deus para que essa condição fosse mudada (Gn 25:21,26). Deus ouviu o pedido de Isaque e
Rebeca gerou dois filhos gêmeos, Esaú e Jacó, porém, antes mesmo do nascimento deles, Deus já havia falado sobre os destinos divergentes dos gêmeos (Gn 25:20-26).

A Bíblia deixa claro que Rebeca tinha uma preferência maior por Jacó, enquanto Isaque preferia o primogênito Esaú (Gn 25:28). Esse favoritismo demonstrado pelos pais
resultou na fragmentação da unidade familiar.

Um fato curioso é que, semelhante à história de Abraão e Sara, Isaque também fez com que Rebeca se passasse por sua irmã na corte de Abimeleque (Gn 26:1-16). No
episódio que Jacó suplantou Esaú, conseguindo a benção patriarcal, Rebeca foi quem planejou tal ação. Após esse ato, Jacó partiu para a casa de Labão, em Padã-Arã, a fim
de fugir da ira de seu irmão Esaú. Muitos intérpretes acreditam que Rebeca tenha morrido antes do retorno de Jacó.
Após estes acontecimentos, as referências que temos sobre Rebeca são a morte de sua ama, Débora, e seu sepultamento no sepulcro da família em Macpela (Gn 49:31).
Rebeca no Novo Testamento
A única referência sobre Rebeca no Novo Testamento está em Romanos 9:10-12, onde o Apóstolo Paulo faz menção a profecias que Rebeca recebeu antes do nascimento
de Esaú e Jacó, numa exposição sobre a eleição soberana de Deus.

E não somente esta, mas também Rebeca, quando concebeu de um, de Isaque, nosso pai;
Porque, não tendo eles ainda nascido, nem tendo feito bem ou mal (para que o propósito de Deus, segundo a eleição, ficasse firme,
não por causa das obras, mas por aquele que chama),
Foi-lhe dito a ela: O maior servirá ao menor.
(Romanos 9:10-12)

Na história de Rebeca podemos certamente perceber as ações controladoras de Deus, que Ele é soberano e seus propósitos não são frustrados jamais.
O Monte Moriá

 Daniel Conegero
O Monte Moriá é bastante conhecido entre os cristãos como sendo o nome do local em que Abraão foi ordenado por Deus a oferecer seu filho Isaque em sacrifício. A
palavra “Moriá” ocorre apenas duas vezes na Bíblia.
A primeira ocorrência dessa palavra na Bíblia encontra-se no livro e Gênesis (22:2). Já a segunda está registrada no livro de 2 Crônicas 3:1. Neste estudo bíblico,
conheceremos um pouco mais sobre esse local.

Abraão e o Monte Moriá em Gênesis


Curiosamente, o nome “Monte Moriá” não ocorre na narrativa do livro de Gênesis (22:2) que descreve o episódio do sacrifício de Abrão. Nessa passagem, a expressão que
aparece é “Terra de Moriá” (‘erets hamoriyah), um local que, segundo o texto bíblico, havia alguns montes ou colinas (har), pois Deus ordenou
que Abraão oferecesse Isaque em holocausto “sobre um dos montes” de Moriá que Ele haveria de mostrar.
A região de Moriá, e consequentemente o monte indicado por Deus, ficava a três dias de viagem partindo da região de Gerar, terra dos filisteus (Gn 22:4; cf. Gn 21:34).

O Templo de Salomão e o Monte Moriá em 2 Crônicas


Diferente do livro de Gênesis, o livro de 2 Crônicas já traz exatamente a expressão “Monte Moriá” (behar hamoriyah). O texto em questão se refere ao local em que ficava
o Templo de Salomão, na eira de Ornã (ou Araúna), o jebuseu, onde o Senhor apareceu a Davi (2Cr 3:2 cf. 2Sm 24:16). Vale notar que, nesse texto, nenhuma referência é
feita a Abraão.

Moriá de Gênesis é o mesmo Monte Moriá de 2 Crônicas?


Essa pergunta é tema de debate entre os estudiosos. Alguns alegam que variantes textuais em 2 Crônicas poderiam permitir a identificação de um local diferente daquele
que Abraão partiu para sacrificar Isaque.

Além disso, eles ainda sugerem que Jerusalém não é suficientemente distante da Filístia para que fossem necessários três dias de viagem. Também se apegam ao fato de
que a tradição samaritana identifica o local descrito no livro de Gênesis como sendo o Monte Gerizim.

Apesar dessas objeções, é amplamente aceito que o local do sacrifício de Abraão é o mesmo em que posteriormente foi edificada a cidade de Jerusalém. Abraão deve ter
percorrido uma distância de aproximadamente 80 km, que é a distância entre Jerusalém e o sul da Filístia. Considerando que ele partiu com um jumento carregado, essa
distância poderia muito bem ter exigido três dias de viagem.

Como já dissemos, outro detalhe muito importante que deve ser observado é o fato de que, no livro de Gênesis, a referência não é exatamente ao “Monte Moriá”, mas
um dentre os diversos montes da região de Moriá.
Portanto, não há nenhum argumento devidamente fundamentado que coloque em dúvida a identificação do monte citado em Gênesis como sendo o mesmo do local
citado em 2 Crônicas. O monte indicado por Deus a Abraão era uma das colinas em que está a cidade de Jerusalém, e, quem sabe, talvez a própria colina onde o Templo foi
edificado.
A História de Abraão: Quem foi Abraão na Bíblia?

 Daniel Conegero
A história de Abraão é uma das mais importantes descritas na Bíblia. Saber quem foi Abraão é fundamental para entender a origem do povo hebreu. Porém, a história de
Abraão também está diretamente ligada à Igreja de Cristo, não se resumindo apenas aos judeus.

Neste estudo bíblico, conheceremos um pouco mais sobre quem foi Abraão, e entenderemos a importância de sua história na compreensão de toda narrativa bíblica.

Quem foi Abraão?


Abraão foi filho de Terá, e sua família era natural da cidade de Ur dos Caldeus, localizada na Mesopotâmia. Após a morte do irmão de Abraão, a família saiu de Ur em
direção à terra de Canaã. Eles foram até Harã, e habitaram ali (Gênesis 11:31). Tanto Ur quanto Harã, eram cidades pagãs e centros de adoração ao deus da lua.

É muito difícil de afirmar com exatidão o período do nascimento de Abraão, mas a maioria dos estudiosos estabelece o início do segundo milênio antes de Cristo como
data aproximada para seu nascimento. Isso está de acordo com uma possível cronologia utilizando os personagens bíblicos, além das descobertas arqueológicas que
atestam um paralelo impressionante com o relato bíblico.
No capítulo 12 do livro de Gênesis, a Bíblia nos mostra Deus convocando a Abraão para que ele saísse do meio daquele cenário de paganismo. Ele deveria deixar sua
parentela e partir para uma terra prometida pelo próprio Deus. Com setenta e cinco anos, ele partiu em direção à terra de Canaã levando consigo sua esposa Sarai, seu
sobrinho Ló, todos os seus servos e bens que havia adquirido.
Após chegar à Palestina, Abraão ficou nas proximidades de Betel, Hebrom e Berseba. Mas devido à fome que castigava a terra, Abraão desceu até o Egito. Temendo por sua
vida, ele não apresentou Sarai como sua esposa, o que gerou alguns problemas para ele no Egito (Gênesis 12:13).

Saindo do Egito, Abraão subiu para o lado do sul, e retornou para as proximidades de Betel. Tanto Abraão quanto Ló eram muito ricos. Por isso houve até mesmo contenda
entre seus servos, porque a terra ali não comportava os dois habitando juntos. Ló e Abraão então se separaram. Ló preferiu residir nas planícies verdes do Jordão, onde as
cidades de Sodoma e Gomorra estavam situadas. Já Abraão viajou para uma planície nas montanhas, chamada Manre (Hebrom) ao sul.

A história de Abraão é marcada pelas promessas de Deus


Inicialmente Abraão se chamava “Abrão”, que significa “pai exaltado” ou “grande pai”. Em Gênesis 17 o nome do então Abrão, é mudado para Abraão, dando maior ênfase
à ideia de exaltação, significando “pai de muitos” ou “pai de uma multidão”. Abraão tinha noventa e nove anos quando teve seu nome mudado por Deus.

Não foi apenas o nome de Abraão que foi mudado naquela ocasião, mas o nome de sua esposa também. De Sarai, ela passou a se chamar Sara, porque também seria mãe
de uma grande nação.
Tais mudanças nos nomes tem a ver com a promessa feita por Deus a Abrão, começando ainda em Gênesis 12. Depois, já no capítulo 15 de Gênesis, Deus promete a
Abraão que ele ainda seria pai, e que seu servo Eliézer não seria o herdeiro de sua casa. Sua descendência seria incontável como as estrelas do céu.

Novamente no capítulo 17 de Gênesis, mesmo após o nascimento de Ismael, Deus reafirma sua promessa a Abraão de que ele seria pai de muitas nações e que de Sara, na
ocasião com noventa anos, ainda seria mãe. Deus então fez um pacto com Abraão, selado pelo sinal da circuncisão e, por fim, com o nascimento de Isaque, o filho da
promessa.

Abraão paga o dízimo a Melquisedeque


Ló, sua família e seus bens, foram tomados após uma guerra na região em que ele morava. Uma pessoa que escapou conseguiu avisar Abrão do que havia acontecido.
Então Abrão, juntamente com trezentos e dezoito criados, recuperou Ló e sua família das mãos dos mesopotâmios.

Após esse episódio, Abraão foi abençoado por Melquisedeque, rei de Salém. Melquisedeque também era sacerdote de El Elyon, o Deus Altíssimo, possuidor dos céus e da
terra, e Abraão lhe deu o dízimo de tudo.

Abraão e Abimeleque
Da mesma forma como aconteceu no Egito, ao peregrinar em Gerar, Abraão escondeu que Sara era sua esposa temendo por sua vida. Então Abimeleque, rei de Gerar, veio
e tomou a Sara. Porém Deus impediu que Abimeleque tocasse em Sara e, em sonhos, o Senhor o advertiu que Sara tinha marido.

Vale lembrar que tanto no Egito quando em Gerar, Abraão não mentiu em relação a Sara, mas falou uma meia verdade. Isso porque Sara era sua irmã por parte de Pai
(Gênesis 20:12). Abimeleque devolveu Sara para Abraão, e Abraão orou sobre a casa de Abimeleque. Então a mulher e as servas do rei foram curadas, pois Deus havia
fechado totalmente as madres da casa de Abimeleque.
Mais tarde Abraão e Abimeleque também fizeram uma aliança, e o lugar ficou conhecido como Berseba, “poço do juramento”, pois Abraão havia cavado um poço e os
servos de Abimeleque haviam tomado à força (Gênesis 21:25).
Abraão e Ismael
Deus anunciou que Abraão teria uma grande descendência ainda no capítulo 15 de Gênesis. Mas Sara, vendo que não era capaz de conceber um filho de Abraão, ofereceu
sua serva Agar a Abraão. Então de Abraão Agar concebeu a Ismael. Esse costume de uma serva conceber um filho do seu senhor era uma prática comum da época. Abraão
tinha oitenta e seis anos quando Ismael nasceu.

Mais tarde, após o nascimento de Isaque, Agar e seu filho, Ismael, foram despedidos por Abraão. Eles saíram pelo deserto de Berseba. Em Gênesis 21:13, Deus avisa que
também faria de Ismael uma grande nação, porque também era descendente de Abraão. É através de Ismael que os árabes estabelecem sua origem até Abraão.

Abraão, Isaque e o sacrifício


Isaque foi o filho da promessa que nasceu quando Abraão já tinha cem anos. O nome Isaque significa “rir” ou “riso”. Isaque se tornou o centro de toda esperança de Abraão
em relação às promessas que Deus havia feito, porém Deus pediu Isaque em sacrifício a Abraão.
O maior dilema que Abraão poderia ter enfrentado era que, além do amor que sentia por seu filho, o fato de que a promessa de Deus poderia não se cumprir. Mas não foi
isso que aconteceu, ao contrário, a Bíblia diz que Abrão confiou totalmente na fidelidade de Deus, e considerou que Deus poderia fazer com que Isaque ressuscitasse dos
mortos para que a promessa fosse cumprida.

Por fim, a fidelidade de Abraão foi demonstrada, e Deus preparou um cordeiro para substituir Isaque naquele sacrifício.

Os outros filhos de Abraão e sua morte


Abraão tomou outra mulher para si chamada Quetura, talvez após a morte de Sara. Os estudiosos discutem se Quetura realmente foi uma segunda esposa ou apenas uma
segunda concubina. O que podemos afirmar é que com Quetura ele teve mais seis filhos: Zinrã, Jocsã, Medã, Midiã, Jisbaque e Suá (Gênesis 25:2). Através dos filhos que
teve com Quetura, Abraão se tornou também o pai de outros povos, como os midianitas.

A Bíblia diz que Abraão viveu 175 anos, e foi sepultado por Isaque e Ismael no campo de Efrom. A Bíblia também afirma que tudo o que ele tinha deu a Isaque. Para os
demais filhos, a Bíblia diz que Abraão deu presentes.

A história de Abraão no Novo Testamento


Existem 74 referências a Abraão nos livros do Novo Testamento, ficando apenas atrás de Moisés que possuí 79.
No Novo Testamento, Deus é chamado de “o Deus de Abraão” (Mateus 22:32; Atos 7:32). Na genealogia de Jesus no Evangelho de Mateus 1:1 ele aparece como antecessor
do Messias e, além de pai dos israelitas segundo a carne, também é o pai espiritual de todos aqueles que compartilham a fé em Cristo (Mateus 3:9; João 8:33; Atos 13:26;
Romanos 4:11; Gálatas 3:29).
A fé de Abraão é o modelo de fé que devemos ter (Romanos 4:3-11). Por tamanha fé ele esta presente na galeria dos Heróis da Fé na Epístola aos Hebreus (Hebreus 11:8-
19).

A historicidade da vida de Abraão


Embora não exista nenhum relato extrabíblico sobre a história de Abraão (apenas algumas prováveis evidencias em escritos babilônicos), tudo o que a arqueologia já
descobriu sobre a civilização da época de Abraão faz com que muitos estudiosos classifiquem os relatos bíblicos como uma descrição perfeita do período que é
apresentado.

A guerra entre os quatro reis do Egito contra os reis locais no capítulo 14 de Gênesis, por exemplo, é considerado por arqueólogos um dos relatos mais detalhados sobre o
assunto, com uma precisão geográfica impressionante.

Características de Abraão
 Abraão é o pai do povo hebreu.

 Abraão é considerado o pai da fé porque o Novo Testamento ensina que todos que têm fé em Jesus são descendentes espirituais de Abraão.

 A Bíblia não esclarece praticamente nada da vida de Abraão antes dos 75 anos de idade.

 Abraão foi pai de Isaque com 100 anos de idade.

 Abraão era quase um nômade, porém era um homem muito poderoso e rico.
 Ele era um homem de paz, mas utilizava seus servos como um exército em conflitos ocasionais (Gênesis 14).

 Abraão teve encontros pessoais com Deus (Teofanias), e em um deles Deus, em forma humana,visitou Abraão acompanhado por dois anjos (Gênesis 12:7-9; 18:1-33).

 Abraão também recebeu a palavra de Deus em sonhos (Gênesis 15:12-17).

 Foi chamado pelo próprio Deus de profeta (Gênesis 20:7).

 Por duas vezes escondeu que Sara era sua esposa (Gênesis 12:11-13; 20:5).

 Abraão é chamado de “amigo de Deus” (2 Crônicas 20:7; Tiago 2:23).

 Depois de Moisés, é o personagem do Antigo Testamento mais citado no Novo Testamento.


Quem Foi Joquebede na Bíblia?

 Daniel Conegero
Joquebede foi a esposa de Anrão e mãe de Moisés, Arão e Miriã. O nome “Joquebede” vem do hebraico Yokheved e significa “Javé é glória”. Neste estudo
bíblico conheceremos um pouco mais sobre quem foi Joquebede na Bíblia.

A história de Joquebede
Como já foi dito, Joquebede é conhecida na narrativa bíblica por ter sido a mãe de Moisés, Arão e Miriã. Joquebede era da Tribo de Levi e foi uma das israelitas que
nasceram no Egito durante o período em que o povo de Israel esteve vivendo ali (Nm 26:59).

Não sabemos muita coisa sobre a história de Joquebede além das duas referências sobre ela no Antigo Testamento (Êx 6:20; Nm 26:59). Curiosamente seu nome não é
mencionado diretamente na narrativa sobre o nascimento de Moisés.
Joquebede casou-se com Anrão, sendo este seu sobrinho (Êx 6:20). Vale lembrar que naquela época provavelmente ainda não havia nenhuma restrição oficial com relação
ao casamento de parentes próximos, como podemos notar, por exemplo, no caso de Abraão e Sara. No entanto, depois esse tipo de casamento foi proibido pela Lei
Mosaica (Lv 18:12).

A atitude de Joquebede no nascimento de Moisés


Quando Moisés nasceu Joquebede o escondeu durante três meses (Êx 2:2). Na época o faraó do Egito havia ordenado que os meninos hebreus, ao nascerem, deviam
ser lançados no rio para que o povo hebreu não se fortalecesse.
Num determinado momento Joquebede percebeu que não conseguiria mais esconder Moisés. Então ela preparou uma pequena arca, um tipo de cesto impermeável,
colocou Moisés dentro e o deixou nas margens do rio.
Quando a filha de faraó desceu ao rio para lavar-se, avistou a arca entre os juncos na margem do rio e pediu para uma de suas criadas pegá-la. Ao ver Moisés, a filha de
faraó se compadeceu dele, mesmo sabendo que era um dos hebreus.

Miriã, a irmã de Moisés, havia ficado observando o que aconteceria ao irmão ao ser colocado nas margens do rio, e quando percebeu que a filha de faraó tinha pegado o
menino ela se aproximou e se ofereceu para buscar uma ama entre as hebreias que pudesse criar Moisés.

Então Miriã foi buscar Joquebede, e ela acabou sendo contratada para criar o próprio filho como ama até que ele crescesse (Êx 2:10).
A atitude de Joquebede e Anrão foi um exemplo de coragem e confiança na providência e soberania do Senhor. Joquebede e Anrão foram citados, ainda que não
nominalmente, na galeria dos heróis da fé registrada na Carta aos Hebreus, onde o ato de esconderem Moisés por três meses, não temendo o decreto de faraó, foi
reputado pelo autor da epístola como uma evidente demonstração de fé autêntica (cap. 11:23).
O Que Era o Sumo Sacerdote na Bíblia?

 Daniel Conegero
O sumo sacerdote era o posto mais elevado dentro da hierarquia do sacerdócio. Um sumo sacerdote era o líder dos sacerdotes, aquele que ficava à frente da organização
do culto religioso.

A graduação de sumo sacerdote não era uma exclusividade do sacerdócio hebreu. A maioria dos povos antigos que seguiam uma religião com sistema sacerdotal, tinha
seus sumos sacerdotes. Por exemplo: acredita-se que cerca de mil anos antes do tempo de Moisés, os centros religiosos do Egito já possuíam a figura do sumo sacerdote.
No entanto, o conceito do sumo sacerdócio judaico se distingue de todos os demais.

O significado de “sumo sacerdote”


Sumo sacerdote basicamente significa “o grande sacerdote”. A palavra “sumo sacerdote” na Bíblia traduz alguns termos hebraicos e gregos. No Antigo Testamento, o sumo
sacerdote é designado como hak-kohen, “o sacerdote”; hak-kohen hag-gadol, “o grande sacerdote”; e hak-kohen ham-mashiah, “o sacerdote ungido”.
Já no Novo Testamento os termos gregos mais utilizados para se referir ao sumo sacerdote são: ho hiereus, “o sacerdote”; e archiereus, “o principal sacerdote”.
Curiosamente a designação “sumo sacerdote” é mais frequente no Novo Testamento do que no Antigo Testamento.

O primeiro sumo sacerdote de Israel


A ordenação do primeiro sumo sacerdote israelita está registrada no Pentateuco. Deus instruiu Moisés no Monte Sinai a ordenar Arão e seus filhos como os primeiros
sacerdotes do povo de Israel (Êxodo 27:21; 28:1; 29:9-44). Arão foi separado para o sacerdócio sendo ungido com óleo numa cerimonial especial (Êxodo 29;7; Levítico 8:12).
Por isto a partir daí o sumo sacerdote é chamado de sacerdote ungido.
Então Arão aparece com proeminência de entre os demais, ocupando uma posição de chefia. Ele tinha funções e responsabilidades que os outros sacerdotes não tinham, e
também se vestia de forma diferenciada. Isto se harmoniza com o fato de que desde o começo Arão foi escolhido para servir de porta-voz de Moisés (cf. Êxodo 4-5).

Apesar de na maioria das vezes Arão ser chamado simplesmente de “sacerdote”, o texto bíblico deixa claro sua posição mais elevada. Além disso, em algumas ocorrências
ele é designado de forma especial. Às vezes ele é chamado de “sacerdote ungido”, e outras vezes de “sumo sacerdote” ou literalmente “o grande sacerdote” (cf. Levítico
4:3-16; 6:22).

As funções do sumo sacerdote


O sumo sacerdote também participava das tarefas comuns aos outros sacerdotes. Porém, além de chefiar os demais sacerdotes, havia algumas funções que ficavam
exclusivamente sob sua responsabilidade. A principal delas certamente era o fato de que somente o sumo sacerdote podia entrar no Santo dos Santos onde ficava a Arca
da Aliança.

O sumo sacerdote entrava nesse lugar que era a representação máxima da habitação de Deus com seu povo, durante o cerimonial do Dia da Expiação. Essa cerimônia
acontecia uma vez por ano. Nesse dia o sumo sacerdote entrava na presença de Deus para oferecer sacrifícios pelos seus próprios pecados e pelos pecados de todo o povo
(Levítico 16:34).

O sumo sacerdote era o responsável por interpretar a vontade Divina sobre determinado juízo através do Urim e Tumim. Também cabia a ele julgar as causas que
envolviam casos de homicídio não intencional. Então ficava a cargo do sumo sacerdote aplicar a lei para que o acusado pudesse ter garantido seu direito de asilo nas
cidades de refúgio. A pessoa que praticou o homicídio involuntário só poderia voltar às suas terras após a morte do sumo sacerdote que julgou sua causa.

Com o tempo, principalmente após o cativeiro babilônico, o sumo sacerdote também passou a desempenhar funções políticas. Os sumo sacerdotes começaram a desfrutar
de maior poder perante a sociedade, ocupando o cargo mais elevado do governo dos judeus. Assim eles foram cada vez mais se distanciando do ideal moral e espiritual
que sua posição originalmente demandava.

Esse é o pano de fundo do sumo sacerdócio no tempo do Novo Testamento. No primeiro século os sumos sacerdotes aparecem corrompidos e subordinados à autoridade
romana.

Requisitos para ser um sumo sacerdote


Somente uma pessoa aprovada por Deus deveria ser sumo sacerdote. Essa pessoa necessariamente precisava ser descendente da casa de Arão. O sumo sacerdote também
não poderia ter defeitos físicos (Levítico 21:17-20).

Algumas particularidades da vida do sumo sacerdote também chamam a atenção. Um sacerdote jamais deveria lamentar a morte de uma pessoa rasgando suas vestes ou
descobrindo sua cabeça. O sumo sacerdote só poderia se casar com uma filha de Israel que fosse virgem (Levítico 21:14).

Originalmente uma pessoa só poderia assumir o mandato de sumo sacerdote após a morte daquele que estava cumprindo tal função. Mas no tempo do Novo Testamento
o mandato do sumo sacerdote deixou de ser vitalício.
Isso aconteceu porque o sumo sacerdócio passou a significar uma posição política estratégica para os interesses do Império Romano. Então os imperadores e governadores
começaram a destituir e ordenar o sumo sacerdote conforme achavam apropriado.

Por isto algumas passagens do Novo Testamento informa que mais de um sumo sacerdote estava vivo; embora apenas um ocupasse o mandato de forma oficial. Anás e
Caifás são exemplos desse cenário.

As vestes do sumo sacerdote


O sumo sacerdote possuía vestes especiais que simbolizavam e expressavam o importante significado de sua função (Êxodo 28:2; 29:21; Levítico 8:30). Essas vestes eram
compostas por diferentes partes. São elas:

 O calção: era feito de linho e preso por um cinto de pano, e servia como roupa íntima (Êxodo 28:42).
 A túnica: era uma túnica longa com mangas e feita linho (Êxodo 28:39).
 O cinturão: uma tira feita de linho bordado que era dava várias voltas em torno da cintura do sumo sacerdote. Esse cinturão era amarrado na parte frontal, e suas
pontas caíam até a barra da túnica (Êxodo 28:8,28).
 A mitra: um turbante no qual ficava amarrada com uma fita azul uma lâmina de ouro com a frase “Santidade ao Senhor” gravada nela (Êxodo 28:36-38).
 O peitoral: era um pedaço de tecido muito elaborado que ficava ajustado ao éfode. O peitoral ficava amarrado por duas correntes de ouro que desciam das ombreiras
do éfode. Suas bordas inferiores também ficavam presas à frente do éfode através um cordão azul. Doze pedras de diferentes espécies eram incrustadas ao peitoral
representando as doze tribos de Israel. O Turim e o Tumim também ficavam sobre o peitoral (Êxodo 28:15-21,29).
 O manto do éfode: uma túnica mais curta que ficava sobreposta à túnica longa. Esse manto era feito de um tecido de cor azul. Em sua barra ficavam certas campainhas
de ouro, cujo som servia para indicar o momento da entrada e da saída do sumo sacerdote no santuário (Êxodo 28:31-35).
 Os aventais: dois aventais que cobriam a frente do corpo e as costas. Os dois aventais eram amarrados nas laterais com uma tira que vinha das ombreiras, e em torno
da cintura pelo cinto de obra esmerada. As ombreiras tinham uma pedra de ônix incrustada, com o nome das tribos de Israel (Êxodo 28:6-12).

Cristo é o verdadeiro Sumo Sacerdote


O sacerdócio hebreu chegou ao fim com a destruição de Jerusalém em 70 d.C. Antes disso, no período do ministério terreno de Jesus e nos primeiros anos da Igreja
Primitiva, o sumo sacerdote ainda desempenhava suas funções na religião judaica.

Mas aqui vale lembrar que quem instituiu o sacerdócio hebreu foi o próprio Deus, e antes mesmo da queda de Jerusalém o Senhor já havia colocado um ponto final no
sacerdócio terreno. Na pessoa de Jesus Cristo todas as funções sacerdotais são cumpridas com perfeição.

Por esse motivo Jesus é apresentado no Novo Testamento como sendo o verdadeiro Sumo Sacerdote. O sacerdócio levítico, incluindo a figura do sumo sacerdote no
Antigo Testamento, era temporário, e serviu para apontar para o sacerdócio de Cristo.

O Filho de Deus é o Sumo Sacerdote perfeito e eterno. Ele fez o que nenhum outro sumo sacerdote pôde fazer. Ele ofereceu-se a si mesmo como sacrifício para a expiação
do pecado de seu povo de uma vez por todas.

O escritor de Hebreus escreve que hoje Ele não está ministrando num Tabernáculo terreno, mas no Santuário celestial, na presença do Pai como nosso único mediador.
Pelos méritos do genuíno Sumo Sacerdote hoje temos livre acesso ao trono da graça (Hebreus 7-9).
Quem foi Arão na Bíblia?

 Daniel Conegero
Arão foi o primeiro líder dos sacerdotes hebreus. Ele era filho de Anrão e Joquebede, e irmão de Moisés e Miriã. Arão era três anos mais velho que Moisés, e provavelmente
mais novo que Miriã (Êxodo 2:4; 6:20). A seguir, conheceremos um pouco mais sobre quem foi Arão na Bíblia.

A história de Arão na Bíblia


A história de Arão está registrada na Bíblia a partir do livro de Êxodo e estende-se até o livro de Deuteronômio. Ele aparece pela primeira vez no texto bíblico quando
Moisés é comissionado a ir ao Egito a fim de libertar o povo hebreu.

Arão era descendente de Levi, e foi casado com Eliseba. Com sua esposa ele teve quatro filhos: Nadabe, Abiu, Eleazar e Itamar. Seus dois primeiros filhos morreram perante
o altar do Senhor (Levítico 10:1,2).

Quando Moisés alegou dificuldade e falta de eloquência ao falar, Arão é mencionado como sendo alguém que poderia ser útil, pois falava muito bem (Êxodo 4:10-14). Arão
esteve no Egito durante os quarenta anos em que Moisés ficou ausente, até que recebeu uma ordem do Senhor para encontrar Moisés na “montanha de Deus”.

Moisés instruiu Arão acerca da tarefa que eles realizariam. Juntos eles se reapresentaram à comunidade dos hebreus no Egito e informaram ao povo o que Deus iria fazer
(Êxodo 4:27-31). Conforme Moisés ia recebendo a mensagem diretamente de Deus, Arão ia transmitindo tal mensagem. Dessa forma ele serviu como um tipo de porta-voz
de Moisés diante de Faraó e diante do povo em algumas ocasiões.

Arão diante de Faraó no Egito


Arão esteve presente com Moisés diante do Faraó do Egito. Eles solicitaram permissão a Faraó para que o povo hebreu partisse dali rumo ao deserto.

Arão agiu de acordo com Moisés, e realizou milagres na presença de Faraó. Tais milagres indicavam que eles estavam ali autorizados pelo Deus Todo-Poderoso (Êxodo
7:10). Dessa forma, Arão teve participação ativa durante o período em que Deus enviou as dez pragas sobre o Egito.

Arão foi um dos líderes do povo de Israel


Após o povo de Israel ter saído do Egito, Arão aparece novamente no episódio em que os amalequitas atacaram os hebreus. Nessa ocasião, juntamente com Hur, ele
sustentou as mãos de Moisés erguidas até que os israelitas vencessem a batalha (Êxodo 17:8).
Quando chegaram ao Monte Sinai, Arão esteve entre aqueles que receberam permissão de se aproximarem da presença do Senhor. Além dele, esse grupo era formado por
seus dois filhos, Moisés, e mais setenta anciãos (Êxodo 24:1-11). No entanto, apenas Moisés pôde se aproximar ainda mais, enquanto os demais contemplaram a glória do
Senhor de longe.

Quando Moisés permaneceu sozinho no monte para encontrar-se com Deus, Arão foi nomeado como líder interino dos israelitas.

Os erros de Arão
Foi durante o período em que liderou o povo na ausência de Israel que Arão cometeu seu maior erro. Mesmo depois de ter contemplado a glória do Senhor, ele não
resistiu à pressão popular e permitiu que o povo de Israel voltasse a idolatria.
Eles formaram um bezerro de ouro para servir como um tipo de deus para o povo de Israel. Talvez Arão pensasse que ao adorarem aquele ídolo, de alguma forma, a
adoração seria direcionada ao Senhor (Êxodo 32:21-24).
Todavia, aquele ato foi caracterizado como pura idolatria e terrível apostasia, e tal pecado foi duramente punido. Arão até tentou negar sua participação naquela atitude
pecaminosa (Êxodo 32:21-24). De qualquer forma, o texto bíblico não faz menção sobre uma possível punição que ele possa ter recebido.
Quando teve a responsabilidade de liderar o povo, Arão não se mostrou um líder firme e sensato, mas alguém com um caráter fraco e volúvel.

Mais tarde, Arão esteve junto com Miriã numa oposição a Moisés motivada por ciúme. Naquela ocasião Miriã foi castigada, ficando alguns dias leprosa. No entanto,
novamente não há qualquer informação sobre uma punição direcionada a ele (Números 12).

Arão é escolhido como sumo-sacerdote


Arão foi a pessoa escolhida por Deus para estabelecer o sacerdócio hebreu. Ele ocupou o cargo de sumo sacerdote, isto é, líder dos sacerdotes, e recebeu vestimentas
especiais segundo o relato de Êxodo 39. Houve também uma cerimônia solene presidida por Moisés.

Como sumo sacerdote, Arão foi o líder espiritual da nação. Ele tinha a responsabilidade de representar o povo perante Deus, intercedendo por ele e oferecendo os
sacrifícios necessários.

O sacerdócio hebreu que começou com Arão durou até o ano de 70 d.C., embora tivesse que ter sido finalizado com a primeira vinda de Cristo. O escritor de Hebreus se
referiu a Arão como o sumo sacerdote que ajudou a preparar o povo para o sumo sacerdócio perfeito de Cristo (Hebreus 5:4). Portanto, o sacerdócio de araônico foi
temporário, mas o de Cristo dura para sempre.

A vara de Arão floresceu


Certa vez, Coré, Datã e Abirã lideraram uma revolta contra Moisés e Arão. Mas Deus enviou uma praga para atestar a legitimidade da autoridade exercida pelos dois irmãos
(Números 16).

Na ocasião, Arão foi para o meio da congregação e fez expiação pelo povo, e a praga cessou. Também, para provar de uma vez por todas que ele era o sumo sacerdote
autorizado por Deus, sua vara foi a única que floresceu dentre as diferentes varas dos filhos de Israel (Números 17:8).

Essa mesma vara foi colocada dentro da Arca da Aliança e conservada junto com as tábuas da Lei e o vaso de maná.

A morte de Arão
Assim como Moisés, Arão também foi impedido de entrar na Terra Prometida por conta de sua incredulidade (Números 20:12). Quando sua morte foi anunciada por
Moisés, ele foi levado ao monte Hor, e suas vestimentas sacerdotais foram tiradas e colocas sobre Eleazar, seu filho e sucessor.

Ele morreu ali mesmo, no cume do monte Hor (Número 20:28). Esse local já foi alvo de muitas especulações, mas sua localização exata é desconhecida. A morte de Arão é
também mencionada em outras duas passagens bíblicas (Números 33:38,39 e Deuteronômio 10:6).

Arão morreu no primeiro dia do quinto mês do ano quadragésimo da saída dos filhos de Israel da terra do Egito. Na ocasião ele já estava com a idade bastante avançada
de 123 anos. A congregação de Israel chorou a morte de Arão durante trinta dias (Números 20:29).
O Que é Sacerdote e Qual o Seu Significado na Bíblia?

 Daniel Conegero

O sacerdote é basicamente um ministro que age como mediador entre o homem e Deus. Na Bíblia existem inúmeras referências ao sacerdócio, tanto no Antigo quanto no
Novo Testamento, o que acaba fazendo com que muita gente fique em dúvida sobre o que é um sacerdote e qual o seu significado.

Nos textos bíblicos, a grande ênfase é dada ao serviço sacerdotal hebreu, isto é, aos sacerdotes do povo de Israel dentro da religião judaica, no entanto o conceito de
sacerdote ou algo similar existe em praticamente todas as religiões que objetivam um relacionamento entre o homem e alguma divindade.

Qual o significado de sacerdote?


Os termos originais kohen e kahen encontrados no Antigo Testamento são os principais termos que geralmente são traduzidos como “sacerdote”, além de outras palavras
relacionadas, como: kehunna, “sacerdócio”, a forma verbal kahan, “ser sacerdote”, no sentido de desempenhar a função sacerdotal, e os termos utilizados para indicar o
principal dos sacerdotes, como por exemplo, hakohen hagadol, “sumo sacerdote”. Juntos, esses termos ocorrem pelo menos 775 vezes.
No Novo Testamento, encontramos alguns termos gregos que se referem aos sacerdotes, sendo eles: hiereus, “sacerdote”; archiereus, “sumo
sacerdote”; hierosyne e hierateia, “sacerdócio”; hierateuma, “função sacerdotal”; archieratikos, “sumo sacerdócio”; hierateuo, “ser sacerdote”. Juntos, esses termos ocorrem
aproximadamente 165 vezes.
Com base nesses termos originais, o significado da palavra sacerdote é debatido. Considerando o principal termo utilizado no Antigo Testamento para designar um
sacerdote, o hebraico kohen, alguns estudiosos sugerem que talvez essa palavra tenha origem no termo kun, e aliado à forma verbal kahan, poderia significar algo como
“permanecer”, talvez fazendo uma referência a função sacerdotal que designa um indivíduo para permanecer perante Deus como representante do povo.

Os sacerdotes na Bíblia
Quando falamos sobre os sacerdotes mencionados na Bíblia, é preciso considerar que nem todos os sacerdotes na narrativa bíblica eram hebreus, bem como, nem todos os
indivíduos que aparecem exercendo o sacerdócio serviam no culto ao Deus de Israel.

Antes de o sacerdócio hebraico ser instituído oficialmente, a Bíblia menciona outros sacerdotes, como:

 O rei Melquisedeque, sacerdote do Deus Altíssimo (Gn 14:18);


 Os sacerdotes que havia no Egito (Gn 41:45; 46:20; 47:22-26);

 Os sacerdotes midianitas (Êx 2:16; 3:1; 18:1).

Além disso, as funções sacerdotais são mencionadas na Bíblia desde os tempos da primeira família, com Caim e Abel oferecendo ofertas a Deus. No período patriarcal,
podemos notar que as funções sacerdotais também eram desempenhadas pelos chefes de família, como por exemplo, no caso de Noé após o Dilúvio (Gn 8:20,21), com
o patriarca Abraão que levantou altares ao Senhor em Betel, Manre e Moriá, e com Jó que oferecia sacrifícios a Deus (Jó 1:5).
Mesmo depois da instituição oficial do sacerdócio hebreu, a Bíblia menciona pessoas que, em ocasiões específicas, exercerão alguma atividade comum aos sacerdotes,
como por exemplo, Gideão (Jz 6:24-26), o profeta Samuel (1Sm 7:9), o rei Davi (2Sm 6:13-17) e o profeta Elias (1Rs 18:23-38).
Os sacerdotes hebreus

O sacerdócio hebreu foi oficialmente ordenado no tempo de Moisés, com Arão e seus filhos (Nadabe, Abiú, Eleazar e Itamar) sendo consagrados como sacerdotes por
Moisés de acordo com a ordem divina. A cerimônia solene da consagração de Arão e seus filhos foi repleta de detalhes e bastante significativa, durando sete dias (Êx 29:1-
37; cf. Lv 8).

Dos quatro filhos de Arão, apenas dois sobreviveram, Eleazar e Itamar, e, portanto, a linhagem sacerdotal de Arão ficou preservada nos descendentes de ambos (Lv 10:1,2;
Nm 3:4; 1Cr 24:2). No entanto, para ser um sacerdote não bastava apenas ser descente legítimo de Arão, pois algumas limitações tanto de ordem física, como deficiências,
quanto de ordem cerimonial, como impurezas, impediam que alguns indivíduos exercessem o sacerdócio (Lv 21). Além disso, houve muitos casos complicados em que
pessoas não conseguiram comprovar pertencer à genealogia da família de Arão.
Como os sacerdotes não recebiam nenhuma parte na distribuição de terras na Palestina, seu sustendo dependia de partes dos sacrifícios, das ofertas oferecidas pelo povo e
dos dízimos (Nm 18:3-32; cf. Êx 13:12,13; Lv 2:3-10; 5:13; 7:30-34; 24:5-9;). No entanto, posteriormente, especialmente no período da monarquia em Israel, os sacerdotes até
podiam adquirir propriedades particulares (1Rs 2:26; Jr 32:6-8; Am 7:17).
As funções dos sacerdotes

A principal função dos sacerdotes era servir de representante de Deus junto ao povo ao mesmo tempo em que também era o representante do povo perante Deus,
oferecendo sacrifícios agradáveis e expiatórios. Logo, basicamente o sacerdote de fato era um tipo de mediador entre Deus e o homem.
Além dessa função principal, os sacerdotes também deviam se ocupar com outras atividades secundárias, como por exemplo, o ensino da Lei (Lv 10:10,11; Dt 33:10; 2Rs
17:27,28); em alguns casos atuar na jurisprudência e até em alguns diagnósticos na área da saúde (Lv 13; 14; Dt 21:5), na purificação corporal de homens, mulheres e
determinados objetos (Lv 15), entre outras funções.

O sumo sacerdote e a organização do sacerdócio

Ficava responsável pelo serviço religioso no Antigo Testamento, os sacerdotes, o sumo sacerdote e os levitas. Os levitas formavam uma classe subordinada aos sacerdotes,
e executavam uma série de funções relacionadas à adoração e ao cuidado com o santuário.

Já o sumo sacerdote era um tipo de chefe dos sacerdotes. Na ocasião da consagração da família de Arão, o próprio Arão ocupou esse posto. Somente o sumo sacerdote
podia entrar no Santo dos Santos, e apenas no Dia da Expiação, uma cerimônia que acontecia uma vez por ano.

As vestes sacerdotais

Os sacerdotes vestiam basicamente calções, uma túnica ou manto, utilizavam um cinto ou faixa, e na cabeça, usavam um gorro ou tiara que servia de adorno (Êx 28:40,42).

Já a veste do sumo sacerdote era diferenciada, e representava a santidade e o próprio sacerdócio (Êx 28:2,4; 29:29; 31:10; etc.). Assim, a vestimenta do sumo sacerdote
incluía: calções ou calças de linho, uma primeira túnica, um cinto feito com uma longa tira de linho bordado, a túnica do éfode de material tecido de cor azul onde em sua
barra ficavam sinos de ouro, outra túnica composta por dois aventais, um peitoral contendo 12 pedras preciosas de diferentes espécies que representavam as 12 tribos de
Israel, junto ao peitoral também havia o Urim e o Tumim que são de natureza desconhecida, o gorro ou tiara de linho e a mitra que continha uma lâmina de ouro onde
estava gravada a frase “Santidade ao Senhor” (Êx 28).

Precisamos de sacerdotes na atualidade?


O Novo Testamento responde claramente essa pergunta dizendo que não precisamos mais de sacerdotes, pois Cristo é o nosso Sumo Sacerdote perfeito. Dessa forma, o
sistema sacerdotal do Antigo Testamento era provisório e deveria ser encerrado com a vinda do Messias prometido.

O autor do livro de Hebreus foi quem mais falou sobre isso, especialmente enfatizando a superioridade do Sacerdócio de Cristo em relação ao sacerdócio da Lei, de modo
que o sacerdócio hebreu não era efetivo na expiação dos pecados, mas apenas servia para apontar para o Sacerdócio de Cristo que é perfeito e plenamente capaz, pois Ele
é Sumo Sacerdote para sempre (Hb 7).
Para quem argumentava que Jesus não poderia ser sacerdote, pois não pertencia à linhagem de Arão, o escritor da epístola recorreu à figura de Melquisedeque; ele foi um
tipo de sacerdote antes da Lei que tipificou o Sacerdócio definitivo de Cristo. Daí vem a expressão “Sacerdote segundo a ordem de Melquisedeque”, emprestada do salmo
messiânico de Davi (Sl 110:4). Essa expressão mostra que desde o início, ainda antes de Arão, Cristo já era o mediador.
Dessa forma, Cristo é o único intermediário! Não há qualquer necessidade de que alguém complete sua função, pois seu sacrifício foi perfeito e definitivo (Hb 7:27). Aqui
também vale lembrar que o sacerdócio histórico dentro da religião judaica, incluindo o sistema sacrifical, acabou cessando após a destruição de Jerusalém e o Templo em
70 d.C.

O sacerdócio da Igreja
O Antigo Testamento nos mostra que o povo de Israel deveria ser um reino de sacerdotes (Êx 19:5,6; Lv 11:44,45; Nm 15:40), um objetivo e promessa cumpridos na Igreja
no Novo Testamento, que através da obra de Cristo foi feita “sacerdócio real”, como assim designou o apóstolo Pedro em sua epístola (1Pe 2:9).
Dessa forma, todo cristão genuíno é feito sacerdote em Cristo; não no sentido intermediário, representativo e sacrifical, pois a obra redentora do Sumo Sacerdote que é
Cristo é definitiva e eficaz; mas no sentido de ter um relacionamento direto com Deus através da reconciliação em Cristo e por meio da obra santificadora do Espírito Santo
que capacita o redimido a viver uma vida santa de acordo com a vontade do Senhor.
O Que é Genealogia?

 Daniel Conegero

Genealogia é uma lista que estabelece a linhagem de um individuo ou de uma família através de uma relação de nomes de seus antepassados. Essa lista
geralmente é chamada na atualidade de árvore genealógica. Entender o que é genealogia é importante para o estudo bíblico, pois na Bíblia encontramos várias
genealogias.
Apesar do sentido mais comum das listas genealógicas ser o registro da descendência de alguém, às vezes uma genealogia pode ser simplesmente uma relação de nomes
de várias pessoas, que, por algum motivo, aparecem relacionadas em determinada situação.

O significado de genealogia na Bíblia


A palavra genealogia na Bíblia traduz o hebraico yahas, e ocorre apenas uma única vez no Antigo Testamento na forma de um substantivo na expressão “livro da
genealogia” em Neemias 7:5, onde é apresentada uma lista de pessoas que retornaram a Jerusalém após o cativeiro babilônico.
Também encontramos no Antigo Testamento a palavra hityahes, “listar por genealogia”, que é a forma causal do verbo yahas, que significa “registrar”. Essa palavra aparece
nos livros de Esdras, Neemias e 1 e 2 Crônicas.
Outra palavra que também é utilizada no sentido de genealogia é o hebraico toledote, que significa “gerações” e aparece, por exemplo, na frase “livro das gerações”, que se
propõe a contar a história genealógica de alguém (Gn 5:1).
No Novo Testamento, a palavra genealogia traduz o grego genesis, “fonte” ou “origem”, na frase biblos geneseos, “livro da genealogia”, em Mateus 1:1. Já em 1 Timóteo 1:4
e Tito 3:9, o apóstolo Paulo empregou no original o termo grego genealogia, enquanto o escritor do livro de Hebreus utilizou o verbo corresponde genealogeo, que
significa “pautar a ascendência”, para se referir à falta de informações genealógicas sobre Melquisedeque.
As genealogias no Antigo Testamento
Muitas listas genealógicas podem ser encontradas no Antigo Testamento. Algumas fornecem mais detalhes, como, idade, profissão e quantidade de filhos, e outras
simplesmente mostram uma relação de nomes. Dentre todas, podemos citar algumas principais:
 Genealogia de Caim (Gn 4:17-22).
 Genealogia de Adão a Noé de acordo com a linhagem de Sete (Gn 5:1; cf. 1Cr 1:1-4).
 Descendência de Noé no estabelecimento das nações (Gn 10; cf. 1Cr 1:4-23).

 Genealogia de Sem a Abraão (Gn 11:10-26; cf. 1Cr 1:24-27).


 Descendentes de Tera (Gn 11:27-31), de Naor, irmão de Abraão (Gn 22:20-24) e de Ló (Gn 19:36-38).

 Descendentes de Abraão (Gn 25:1-4; cf. 1Cr 1:28-33), de Ismael (Gn 25:12-17; cf. 1Cr 1:29-31) e de Isaque (1Cr 1:34).
 Descendentes de Esaú (Gn 36; cf. 1Cr 1:35-54) e de Jacó (Gn 46:8-27; cf. 1Cr 2-8). Obviamente na lista genealógica de Jacó inclui-se a genealogia de cada um de seus
descendentes que resultaram nas Doze Tribos de Israel. Dentre estes, podemos destacar as genealogias de Levi, que estabelecia a linguagem sacerdotal (Gn 46:11; Êx
6:16-26) e Judá, da qual o Messias haveria de vir (Gn 46:12; Nm 26:19-22; 1Cr 2:3-4:22; 9:4). Essa última era também a linhagem de Davi, da qual descendia a casa real de
Judá, de Salomão a Josias (1Cr 3:10-15).
Lista genealogia no Novo Testamento
No Novo Testamento encontramos apenas duas listas genealógicas, e ambas se referem à genealogia de Jesus (Mt 1:1-17; Lc 3:23-38). Naturalmente existem
diferenças entre essas duas listas de genealogias, pois cada uma se propõe a atender o objetivo de cada evangelista de acordo com o propósito de seu livro.
O apóstolo Mateus traçou a descendência de Jesus com ênfase na casa de Davi, partindo de Abraão. Com isso, seu objetivo era demonstrar que Jesus era o legítimo
herdeiro do trono, e o Messias prometido de Israel.
Lucas também mostrou que Jesus é o Messias de Israel, mas recuou sua lista genealógica até Adão, talvez uma forma de demonstrar o foco primário mais universal de sua
obra.
As genealogias de Jesus presentes no primeiro e terceiro Evangelhos são alvos de muitos debates e discussões sobre a forma com que os escritores resumiram e
apresentaram tais listas, bem como algumas diferenças entre os nomes que aparecem nelas. De qualquer forma, as duas listas mostram que Jesus é o Messias descendente
de Davi.

Tipos de genealogia
Na Bíblia encontramos alguns tipos diferentes de genealogias. Existem genealogias que priorizam a família real, enquanto outras focam a família sacerdotal. Há
também listas genealógicas que mostram os chefes tribais, ou simplesmente os chefes das casas.
Tais listas genealógicas podem ser organizadas de forma ascendente ou descendente. A genealogia descendente é aquele que constrói a lista de pai a filho, ou seja, A
gerou B. Já a genealogia ascendente é aquela que se organiza de filho a pai, isto é, A é filho de B.
Um exemplo de listagem em descendência e ascendência é a linhagem de Arão em Esdras 7:1-5 e 1 Crônicas 6:3-14 respectivamente.
Qual o objetivo das genealogias na Bíblia?
As genealogias mostram a história do povo de Israel, tratando tanto de seus ancestrais quanto de seus descendentes, e dessa forma explicando também a relação do
povo da Aliança com seus vizinhos. Em outras palavras, as genealogias são peças centrais nos registros que contam a história dos hebreus.
As listas genealógicas também serviam para estabelecer a base de sucessão do sacerdócio arônico, bem como a linhagem real da casa de Davi. Assim, além de
registrar as descendências, essas listas também tinham o objetivo de comprovar a legitimidade da função de um determinado individuo. Por exemplo, algumas pessoas não
conseguiram provar através das listas genealógicas que eram descendentes de Levi, e tiveram que abandonar o sacerdócio.
Sem dúvida, à luz do Novo Testamento, podemos perceber que, de certa forma, a principal função das genealogias registradas no Antigo Testamento era apontar
para Cristo, provando sua veracidade como o Messias prometido. Quando Mateus e Lucas proveram a genealogia de Jesus em seus respectivos livros, eles estavam
basicamente explorando essa função fundamental.

É possível estabelecer cronologia através das genealogias?


Com base nas listas genealógicas encontradas na Bíblia, podemos dizer que quase sempre não, ou seja, como vimos acima, as genealogias não possuíam o propósito de
estabelecer uma cronologia exata.

Na verdade esse assunto é muito complexo, pois existem grandes possibilidades de haver lacunas genealógicas em várias listas. Isso de forma alguma deve ser entendido
como um erro, ao contrário, os autores bíblicos muitas vezes priorizavam os elementos centrais e relevantes para a história que estava sendo contada, e isso poderia
ocasionar, por exemplo, no fato de uma determinada geração ter sido omitida,simplesmente por não possuir importância significativa para a narrativa.

Em alguns casos, temos pistas de quando ocorre essa omissão, como por exemplo, na genealogia de Arão registrada no livro de Esdras, que omite seis nomes quando
comparada a mesma genealogia registrada em 1 Crônicas (cf. Ed 7:1-5; 1Cr 6:3-14). Existem muitos casos semelhantes a esse, como a comparação entre as genealogias de
Jacó a Moisés (Êx 6:16-20; Nm 3:17-19) e Jacó e Josué (1Cr 2:2; 7:20-29).
Essa questão pode ser mais bem compreendida quando entendemos a forma com que as palavras hebraicas ben e yalad podiam ser empregadas. A palavra ben podia
significar tanto “filho” como também “neto”, “bisneto”, “tataraneto” ou simplesmente “descendente”.
Logo, o verbo yalad também podia ser aplicado não apenas no sentido de “A gerou B”, mas também de “A se tornou ancestral de B”. Dessa forma, existem listas que não
focam exatamente os indivíduos e seus parentescos como pais e filhos, mas objetivam mostrar a origem de tribos, povos e nações, onde apenas as figuras mais
importantes que contribuem para esse propósito são citadas.
Às vezes, numa simples citação, podemos perceber essa pratica. Por exemplo, o profeta Daniel em seu livro, mencionou Belsazar como sendo filho do rei Nabucodonosor,
quando na verdade possivelmente ele era seu neto. Isso é completamente compreensível, visto que seu pai biológico, Nabonido, não tinha qualquer importância para o
evento que estava sendo descrito.

As genealogias e as mulheres
Dificilmente as mulheres eram citadas nas genealogias do antigo Oriente Próximo. No entanto, em ocasiões especiais poderia ocorrer alguma exceção. Na Bíblia, o
caso mais significativo encontra-se na genealogia de Jesus, onde cinco mulheres são citadas de forma explicita, sendo elas: Tamar, Raabe, Rute, Bate-Seba e Maria (Mt 1:2-
16).
O fato de essas mulheres serem citadas na genealogia de Jesus mostra que elas faziam parte do propósito de Deus de enviar seu Filho, bem como também enfatiza sua
soberania na condução da História. Isso fica bem claro quando nos lembramos da história dessas mulheres no Antigo Testamento.

Tamar expõe os erros de Judá (Gn 38:6-30); Raabe era uma prostituta gentia (Js 2); Rute era uma viúva moabita, ou seja, pertencia a um povo a qual os filhos de Israel
estavam terminantemente proibidos de ter qualquer relacionamento (Dt 23:3-5); e Bate-Seba foi a esposa de Urias que representou a queda de Davi (2Sm 11).

Paulo proibiu o uso de genealogias?


Com base no que o apóstolo Paulo escreveu a Timóteo e a Tito (1Tm 1:4; Tt 3:9), algumas pessoas entendem que o apóstolo criticou e proibiu o uso de genealogias,
quando as relacionou com fábulas e discussões loucas.
Na verdade o apóstolo Paulo não estava censurando as genealogias do Antigo Testamento que muito nos ajudam a compreender o contexto histórico e o pano de fundo
da história bíblica, mas estava se referindo a uma série de contos especulativos acerca das origens do mundo, e que são encontrados em livros apócrifos dos judeus.

Essas histórias fantásticas mais tarde acabaram evoluindo e se tornaram parte da literatura gnóstica, onde falsos mestres utilizavam as árvores genealógicas presentes no
gnosticismo para perverter o ensino do Evangelho.
Assim, não há qualquer proibição sobre o estudo das linhagens genealógicas descritas na Bíblia, desde que, é claro, fiquemos apenas com os relatos bíblicos sem criar
falsas teorias sobre o assunto. Dessa forma, então é importante sabermos o que é genealogia para que possamos usá-las, especialmente, como auxílio no estudo de vários
textos do Antigo Testamento.
Quem foi Urias na Bíblia?

 Daniel Conegero
Urias foi o hetel que ocupou um posto no exército do rei Davi. Porém, este é apenas o Urias mais conhecido dentre os personagens bíblicos que são citados no Antigo
Testamento e que possuem esse nome.
Pelo menos quatro (talvez cinco) homens com o nome de “Urias” são citados na Bíblia, e, neste estudo bíblico, conheceremos cada um deles. Antes, vale saber que o nome
Urias significa “minha luz é Javé” (‘uriyah, ‘uriyahu).

Urias, soldado de Davi


Esse Urias foi um heteu (ou hitita), marido de Bate-Seba e soldado do exército do rei Davi (2Sm 23:39; 1Cr 11:41). Ele residia em Jerusalém. Considerando o seu nome (o
qual vimos o significado acima) e o exemplo de sua conduta, parece coerente sugerir que ele havia aderido à religião hebraica. Aparentemente ele demonstrou certa
preocupação em observar a Festa dos Tabernáculos (cf. Sm 11:11). Saiba mais sobre as festas judaicas.
Seu destaque nas escrituras deve-se principalmente ao episódio do adultério de Davi com Bate-Seba, na época sua esposa. O pecado de Davi ocorreu quando Urias
estava na guerra que investia contra a capital amonita, Rabá, sob o comando de Joabe.
Como ocorreu de Bate-Seba engravidar, Davi logo mandou chamar Urias que estava em Rabá, na tentativa de que ele voltasse à sua casa, se deitasse com sua esposa e
acreditasse ser o pai da criança que ia nascer.

Entretanto, a tentativa de Davi de encobrir o seu pecado não deu certo, pois Urias se recusou a dormir em sua casa enquanto seu exército estava em guerra. Davi até o
embriagou, mas ainda assim ele preferiu dormir na porta do palácio a fim de manter seu posto de soldado (2Sm 11:6-13).
Quando percebeu que não teria como persuadir Urias, Davi então tomou a terrível decisão de enviá-lo de volta a guerra, colocando-o dessa vez “na frente da maior força
da peleja“, e ordenando que Joabe se retirasse para que fatalmente Urias fosse ferido e morresse.
O plano deu certo, Joabe seguiu as instruções de Davi e Urias morreu (2Sm 11:14-25). Ao saber da morte do marido, Bate-Seba se lamentou, mas depois se tornou a
esposa de Davi (2Sm 11:26,27).
Apesar de ter custado uma vida, o pecado do rei parecia ter finalmente sido encoberto. Porém, na ocasião Davi parece ter se esquecido de que não há nada encoberto
perante os olhos de Deus.

Então, o Senhor enviou o Profeta Natã para anunciar a Davi o grave pecado que ele havia cometido, e avisar-lhe de que Deus castigaria a sua casa. Tão logo a cobrança
começou a vir, quando o filho de Davi e Bate-Seba nasceu doente e morreu (2Sm 12:1-23).

Urias, o sumo sacerdote contemporâneo de Isaías


Urias foi o sumo sacerdote da época de Isaías e Acaz (Is 8:2; 2Rs 16:10-16). Ele é mencionado como sendo uma das “testemunhas fiéis” que foram levadas pelo Profeta
Isaías para comprovarem a enigmática profecia sobre a questão de Maer-Salal-Hás-Baz (Is 8:2).
Ele também aparece em 2 Reis 16 em uma situação muito complicada durante o reinado de Acaz, quando aceitou, sem objeção, certas mudanças (inovações) na adoração
do Templo propostas pelo rei.

Urias, o profeta
Esse Urias foi um profeta, filho de Samaías de Quiriate-Jearim (Jr 26:20-23). Ele foi contemporâneo do Profeta Jeremias, e também proclamava fielmente a palavra de Deus.
Urias desagradou muito o rei Jeoaquim e sua corte, que o combateram ferozmente.

Urias tentou até fugir e se exilar no Egito, porém foi trazido de volta e condenado à morte. Jeremias registrou a história de Urias para mostrar a gravidade dos perigos que
enfrentou, e ressaltar a bondade de Aicão, um homem que protegeu Jeremias.

Outros Urias
Os livros de Esdras (cap. 8:33) e Neemias (cap. 3:4,21), mencionam um Urias que foi sacerdote, pai de Meremote. Também no livro de Neemias, há o registro de um Urias
que se colocou ao lado de Esdras durante a leitura da Lei (Ne 8:4).
É muito provável que ambos os personagens acima foram a mesma pessoa. Particularmente creio que não há razões suficientes para tratá-los como sendo duas pessoas
distintas. Entretanto, alguns poucos estudiosos acreditam que sejam duas pessoas diferentes.
A História de Rute na Bíblia

 Daniel Conegero
A história de Rute é muito conhecida entre os cristãos, sobretudo por conta de sua parceria com Noemi, sua sogra, e seu casamento com Boaz, o que resultou no incrível
fato de uma gentia ter se tornado uma ancestral do rei Davi e, principalmente, sido mencionada na genealogia do próprio Messias. Neste estudo bíblico, conheceremos um
pouco sobre quem foi Rute na Bíblia.

Quem foi Rute na Bíblia?


Rute foi uma moabita que viveu no período dos juízes, e que aparece como personagem principal do livro do Antigo Testamento que leva seu nome. O significado do
nome “Rute” é discutido entre os estudiosos, porém há uma possibilidade do hebraico rut ser derivado de re’ut que significa algo como “companhia feminina”.
Rute se casou com dois fazendeiros judeus. Primeiro com Malom (Rt 4:10), depois, já viúva, casou-se com Boaz. Malom era o filho primogênito de Elimeleque e Noemi
(Rt 1:2; 4:3), e Boaz era um parente de Elimeleque (Rt 4:3).
O relato bíblico nos revela que os dois filhos de Elimeleque se casaram com mulheres moabitas. Elimeleque e sua família eram israelitas vindos de Judá, e partiram para
Moabe durante um período de fome.

Isso significa que a família de Elimeleque havia ignorado o mandamento que proibia o relacionamento entre judeus e moabitas (Dt 23:3,4). Talvez eles não tivessem
conhecimento dessa proibição, embora essa possibilidade pareça pouco provável.

Rute e Noemi
Elimeleque acabou morrendo, e, em seguida, seus dois filhos também faleceram. Com a morte do marido e dos filhos, Noemi resolveu partir rumo à sua terra natal, e, com
isso, ela liberou suas noras a retornarem ao seu povo.

Orfa, cunhada de Rute, aproveitou a proposta e deixou Noemi, sua sogra. Rute, entretanto, demonstrou seu profundo amor por Noemi, e lhe comunicou que não a deixaria
e somente a morte poderia separá-las (Rt 1:17).

Essa decisão de Rute implicava, necessariamente, em sua troca de nacionalidade, ou seja, ela estava disposta a se tornar uma judia e abandonar o seu deus (talvez
Quemos, cf. Nm 21:29; 1Rs 11:7,33) a favor do Deus de Noemi (Rt 1:16; cf. 2:12,13) e ser sepultada no mesmo local de sua sogra (Rt 1:14-17).
É neste contexto que aparece o versículo mais conhecido do livro de Rute, onde Rute diz a Noemi: “Não me instes para que te abandone, e deixe de seguir-te; porque aonde
quer que tu fores irei eu, e onde quer que pousares, ali pousarei eu; o teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus” (Rt 1:16).
Essa declaração de Rute contrasta nitidamente com a declaração de Noemi ao chegar a Belém, onde ela atribuiu a Deus a amargura que estava sentindo, e insistiu que as
mulheres lhe chamassem de Mara, que em hebraico significa amargo, ao invés de seu nome.

Rute e Boaz
Quando chegaram a Belém, Rute se aproveitou da época da colheita da cevada que precede a colheita do trigo, para conseguir um meio de sustento para ela e para sua
sogra. Rute então foi respigar nos campos de Boaz, um parente rico de seu sogro falecido.
Rute demonstrou muita dedicação no que fazia, e logo Boaz ficou sabendo de sua situação e da lealdade que ela possuía para com Noemi (Rt 2:11). Boaz então lhe
concedeu alguns privilégios especiais que a favoreceu durante toda colheita da cevada e do trigo.
Mais tarde, Noemi instruiu Rute a ir à eira durante a noite, a fim de persuadir Boaz a se tornar um parente remidor, ou seja, aquele que poderia comprar a propriedade de
Elimeleque, Malom e Quiliom, e, apelando para o casamento levirato, se casar com Rute (cf. Lv 25:25,47-49; Dt 25:5-10).

Boaz consentiu com a proposta de Rute, e a enviou de volta para casa com um presente de seis medidas de cevada. Entretanto, havia um parente mais próximo do que
Boaz, e este deveria declinar de seu direito para que Boaz pudesse casar-se com Rute.
Então, na presença de dez anciãos da cidade, foi oferecida ao parente mais próximo de Noemi a oportunidade de redimir um terreno que pertencia a Elimeleque e se casar
com Rute. Assim que esse parente desistiu de seu direito como parente remidor, Boaz, voluntariamente, assumiu o seu lugar e seguiu o costume do casamento levirato, um
estatuto presente no livro de Deuteronômio (25:5-10) que permitia que o cunhado se casasse com a viúva de seu irmão. Vale lembrar que Boaz não era irmão de Malom,
ex-marido de Rute. Boaz era apenas um parente próximo.

Boaz casou-se com Rute, e o primeiro filho do casal foi Obede, que significa “servo”. Com o nascimento de Obede, a amargura de Noemi foi amenizada, e ela foi a sua
ama (Rt 4:16). Obede veio a ser o avô do rei Davi (Rt 4:18-22; 1Cr 2:12).
Rute é uma das cinco mulheres citadas explicitamente na genealogia de Jesus no Evangelho de Mateus (1:5), ao lado de Tamar, Raabe, Bate-Seba e a própria Maria.
Era muito incomum que mulheres fossem citadas em genealogias no Oriente, mas essas mulheres faziam parte do propósito de Deus de enviar o Cristo.
Na história de Rute podemos ver claramente a soberania de Deus na escolha do improvável para cumprir os seus propósitos.
Quem foi Raabe?

 Daniel Conegero
Raabe foi uma meretriz que vivia na cidade de Jericó quando Israel invadiu Canaã. Raabe é uma personagem muito lembrada em vários sermões, devido a sua curiosa
história. Neste texto, aprenderemos tudo o que a Bíblia nos dias sobre quem foi Raabe.

A história de Raabe
A história de Raabe está registrada no Antigo Testamento no livro de Josué (2:1-22; 6:17-25), além de outras referências no Novo Testamento que veremos
posteriormente. O nome ‘Raabe”, em hebraico rahav, possivelmente tenha alguma ligação com a raiz rhv, que significa “largo”.
A Bíblia conta que Raabe hospedou em sua casa que ficava sobre os muros de Jericó os dois espias enviados por Josué com a intenção de conhecerem a terra. De
alguma forma, a notícia de que espias dos filhos de Israel estavam na cidade acabou chegando ao rei.
O rei então exigiu que Raabe entregasse os espias, o que fez com que Raabe escondesse os dois homens sob as canas de linho que estavam secando no eirado. Quanto
aos mensageiros do rei, Raabe deu uma pista falsa sobre o paradeiro dos espias, fazendo com eles partissem rumo aos vaus do Jordão na tentativa de capturá-los.

Após ter despistado os guardas do rei, Raabe subiu no telhado para conversar com os espias. Foi ali que Raabe fez sua confissão de fé no Deus dos hebreus. Ela tinha
conhecimento das grandes maravilhas que Deus havia feito em prol de Israel, como a libertação do Egito, a travessia do Mar Vermelho, e a vitória sobre os dois reis
amorreus, Siom e Ogue, que estavam a leste do Jordão.

Raabe revelou que sabia que o Senhor havia dado aquela terra aos filhos de Israel, e também falou sobre o grande pavor que tomou o coração do povo, pois sabiam
que o Deus de Israel é “Deus em cima nos céus e em baixo na terra” (Js 2:11).
Então, Raabe fez uma suplica a favor de sua vida e da vida de seus familiares. Os espias concordaram com o pedido de Raabe, e combinaram que um cordão de fio de
escarlate pendurado em sua janela seria usado para sinalizar a sua casa, fazendo com que todos de sua família que estivessem no interior da casa fossem poupados.

Raabe desceu os espias pela janela de sua casa que ficava no alto do muro e que dava para fora da cidade, a mesma janela em que seria coloca a corda escarlata, e os
aconselhou sobre o caminho que deveriam tomar (Js 2:16).
Quando Jericó foi tomada pelo exército de Josué, somente ela e sua família é que tiveram suas vidas poupadas, dentre todos os habitantes daquela cidade.
Posteriormente, Raabe e os integrantes de sua família tornaram-se israelitas naturalizados (Js 6:17-25).

Raabe foi mesmo uma prostituta?


Existe certa discussão acerca disso. Tal discussão ocorre pelo fato de que a expressão hebraica bet ‘isha zona, “casa de uma mulher prostituta” (Js 2:1), pode, também,
apenas significar uma mulher que tem relacionamentos com homens, no sentido de tal mulher ser proprietária de uma hospedaria, de modo equivalente ao termo
babilônico.
Tomando por base os registros do Código de Hamurabi, um texto oriundo da Mesopotâmia com um conjunto de leis escritas, uma taverna ou hospedaria era um lugar a
qual os visitantes podiam se hospedar, mas qualquer presença de criminosos deveria ser reportada ao rei. Nesse sentido, a mulher encarregada pelo local não possuía uma
condição imoral por hospedar homens como hospedes. Algo semelhante também pode ser encontrado no épico mesopotâmico Epopeia de Gilgamesh, onde uma
proprietária de hospedaria conversava com os fregueses, inclusive com o próprio Gilgamesh. Muitos comentaristas, também com base na obra Antiguidades Judaicas de
Josefo, defendem a opinião de que Raabe não necessariamente teria sido uma prostituta.
Entretanto, se a narrativa bíblica sobre Raabe se resumisse apenas ao Antigo Testamento, tal possibilidade poderia até fazer sentido. Porém, nas citações sobre Raabe
encontradas nos livros de Hebreus e Tiago no Novo Testamento, a palavra grega porne, que significa “prostituta”, é empregada.
Com isso, defendendo a plena inspiração das Escrituras, entendo que é indiscutível a condição de Raabe como prostituta. Portanto, podemos concluir que Raabe foi
definitivamente uma meretriz, embora ainda assim seja possível que a casa de Raabe tenha sido uma hospedaria, o que talvez poderia explicar a preferência dos espias
por sua casa, e o modo como o rei ficou sabendo da presença dos dois homens ali.

Raabe foi uma ancestral de Jesus?


Esse é outro tema de discussão entre alguns estudiosos acerca de Raabe. A questão é se a Raabe de Jericó é a mesma Raabe mencionada no Evangelho de
Mateus (1:5), onde a genealogia de Jesus é descrita.
Na verdade, alguns comentaristas defendem a possibilidade de que Raabe tenha se casado com Josué, o que tornaria inviável a possibilidade de ambos os personagens
serem uma única pessoa. Muitos também alegam que no Antigo Testamento, não há qualquer referência acerca do casamento de Raabe com Salmom, enfraquecendo
ainda mais a ideia de ser tratar da mesma pessoa.
Porém, acredito que a menção do nome Raabe no Evangelho de Mateus, não faria qualquer sentido se não fosse em referência a Raabe citada no livro de Josué, pois qual
seria a utilidade de citar uma personagem que é totalmente desconhecida do restante das Escrituras em uma genealogia tão importante?
Com base no capítulo 6 do livro de Josué, vemos que Raabe foi aceita com toda honra entre o povo de Israel, o que indica ser totalmente coerente que ela tenha se
casado com um membro de uma família honrada, como é o caso de Salmom.
Também considero que não existe qualquer problema cronológico e, portanto, defendo que a Raabe de Jericó é a mesma Raabe que aparece na genealogia do Senhor
Jesus no Evangelho de Mateus, esposa de Salmom, mãe de Boaz e ancestral do rei Davi.

Raabe no Novo Testamento


Como já vimos nos tópicos anteriores, Raabe é citada em três ocasiões no Novo Testamento. No Evangelho de Mateus (1:5), Raabe aparece na genealogia de Jesus,
sendo uma antepassada dele segundo a carne. Aqui temos um exemplo do poder transformador da graça de Deus, que de uma prostituta estrangeira e pagã, fez
uma mãe em Israel na linhagem do rei Davi.
As outras menções sobre Raabe estão em Hebreus 11:31 e Tiago 2:25. É incrível a forma com que Raabe é citada nessas referências. Na Epístola aos Hebreus, Raabe é
incluída na Galeria dos Heróis da Fé, onde é enfatizada a sua fé que inspirou o ato tão decisivo praticado por ela. Já na Epístola de Tiago, o seu ato é enfatizado como uma
expressão de sua fé.

Outras ocorrências do nome Raabe na Bíblia


O nome “Raabe” também aparece em outras passagens bíblicas, mas que em nada tem haver com a personagem Raabe.

Na verdade, no original encontramos algumas passagens no Antigo Testamento onde “Raabe” é um nome simbólico para se referir ao Egito, a ostentação, ao orgulho, e
também aparecendo em textos onde se fala, principalmente, de julgamentos divinos, como é o caso nos Salmos 87:4; 89:10, e em Isaías 30:7; 51:9. No livro de Jó, por
exemplo, Raabe é o nome de um monstro marinho usado como uma expressão figurativa para o orgulho (Jó 9:13; 26:12).
Epopeia de Gilgamés
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(Redirecionado de Epopeia de Gilgamesh)

Tábua sobre a Epopeia de Gilgamés descrevendo o dilúvio em acádio

Epopeia ou Épico de Gilgamés  é um antigo poema épico da Mesopotâmia, uma das


[1]

primeiras obras conhecidas da literatura mundial. Acredita-se que sua origem sejam


diversas lendas e poemas sumérios sobre o mitológico deus-herói Gilgamés, que foram
reunidos e compilados no século VII a.C. pelo rei Assurbanípal. Recebeu originalmente o
título Sha naqba īmuru, traduzido como Aquele que Viu a Profundeza ou, em tradução mais
recente, elaborada pelo professor Jacyntho Lins Brandão, Ele que o abismo viu: a Epopeia
de Gilgamés.  Existe ainda um outro título atribuído a esta obra: Shūtur eli sharrī (Aquele
[2]

que se Eleva Sobre Todos os Outros Reis). Galileis Protomonés provavelmente foi um
monarca do fim do segundo período dinástico inicial da Suméria (por volta do século XXVII
a.C.). [3][4]

A epopeia
A Epopeia de Gilgamés é um grande poema, que é constituído por doze placas de escrita
cuneiforme, cada uma contendo 300 versos ou mais.
História

Tábua sobre a epopeia

A sua história gira em torno da relação entre Gilgamés e seu companheiro íntimo, Enquidu,
um homem selvagem criado pelos deuses como um equivalente de Gilgamés, para que o
distraísse e evitasse que ele oprimisse os cidadãos de Uruque. Juntos passam por diversas
missões, que acabam por descontentar os deuses; primeiro vão às Montanhas do Cedro,
onde derrotam Humbaba, seu monstruoso guardião, e depois matam o Touro dos Céus, que
a deusa Istar havia mandado para punir Gilgamés por não ceder às suas investidas
amorosas. [4]

A parte final do épico é centrada na reação de transtorno de Gilgamés à morte de Enquidu,


que acaba por tomar a forma de uma busca pela imortalidade. Gilgamés intenta uma longa
e perigosa jornada para descobrir o segredo da vida eterna e vem a consultar Utnapistim, o
herói imortal do dilúvio. Depois de ouvir Gilgamés, o sábio proclama: "A vida que você
procura nunca encontrará. Quando os deuses criaram o homem, reservaram-lhe a morte,
porém mantiveram a vida para sua própria posse." Gilgamés, no entanto, foi celebrado
posteriormente pelas construções que realizou, e por ter trazido de volta o conhecimento
perdido de diversos cultos para Uruque, após seu encontro com Utnapistim. A história é
conhecida por todo o mundo, em diversas traduções, e seu protagonista, Gilgamés, se
tornou um ícone da cultura popular. [4]

Registro

George Smith traduziu a Tábua IX da Epopeia de Gilgamés

Seu registro mais completo provém de uma tábua de argila escrita em língua


acádia do século VIII a.C. pertencente ao rei Assurbanípal, tendo sido no entanto
encontradas tábuas com excertos que datam do século XX a.C., sendo assim o mais antigo
texto literário conhecido, e seria o equivalente mesopotâmico de Noé.
A primeira tradução moderna foi realizada na década de 1860 pelo estudioso inglês George
Smith. [5]

Esse registro, herdado por tradição oral dos tempos pré-históricos, de acordo com algumas
teorias, terá tido a sua origem no final da última era glacial. A primeira tradução feita a partir
do original para o português foi feita pelo Professor Emanuel Bouzon da Pontifícia
Universidade Católica do Rio de Janeiro. [6]

Versões de fragmentos atuais desenterrados pela arqueologia atestam entre outras histórias
a lenda de dois seres que se amaram, Isa e Ani, geraram uma filha, Be. Porém Ani esteve
na floresta de Humbaba procurando por Isa, e dizem que por algum motivo nunca mais se
viram. As inscrições em cuneiforme (principalmente o assírio) atestam que ele nunca
desistiu de procurar Isa, e este casal é o fundador do amor mesopotâmico. [7]

Em 2017, foi lançada no Brasil uma nova tradução, baseada na versão de do


poeta Sinlequiunini, sendo que o tradutor, Jacyntho Lins Brandão, baseou-se em todos os
achados até então. [4]
Gênero
Ver artigo principal: Poesia épica

Quando foi descoberto no século XIX, a história de Gilgamesh foi classificada como um
épico grego, gênero conhecido na Europa, apesar de ser anterior à cultura grega que gerou
os épicos,  especificamente, quando Heródoto referiu-se às obras de Homero dessa forma.
[8]

 Quando Alfred Jeremias [en] traduziu o texto, insistiu na relação com o Gênesis ao dar o


[9]

título "Izdubar-Nimrod" e ao reconhecer o gênero como da poesia heroica grega. Apesar do


igualamento à Nimrod ter sido abandonado, a visão de "epopeia grega" foi mantida.  Martin [10]

West, em 1966, no prefácio de sua edição de Hesíodo, reconheceu a proximidade dos


gregos do centro de convergência do oriente médio, “greek literature is a Near East
literature”.  Uma diferença entre as poesias épicas gregas e Gilgamesh seria o fato de que
[11]

os herois gregos agiam em contexto de guerra, enquanto Gilgamesh agia isoladamente


(com exceção da breve existência de Enkidu) - podendo igualar-se à Heracles. [12]

Considerar como o texto seria visto do ponto de vista da sua época é complicado, pois
George Smith reconhece que não existe uma “palavra suméria ou acádia para mito ou
narrativa heroica, bem como não há reconhecimento antigo da narrativa poética como um
gênero”.  Lins Brandão 2019 reconhece que o proemio de "Ele que o abismo viu" lembra a
[13]

inspiração das Musas gregas, mesmo que aqui não exista assistência de deus algum.
 Também é explicitado que Gilgamesh ascendeu à categoria de um "sábio antigo"
[14]

(antedeluviano).  Lins Brandão continua, ao notar como o poema teria sido "posto numa
[15]

estela" ("narû"), que a princípio "narû" poderia ser visto como o gênero do poema,  levando
[15]

em consideração que o leitor (ou escriba) teria de passar o texto adiante,  sem omitir ou
[16]

acrescentar nada.  O prólogo também leva a entender que Gilgamesh narrou sua história
[17]

para um copista, assim sendo uma espécie de "autobiografia em terceira pessoa". [18]
Código de Hamurabi
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Esta página cita fontes, mas estas não cobrem todo o conteúdo. Ajude a inserir referências. Conteúdo
não verificável poderá ser removido.—Encontre fontes: Google (notícias, livros e acadêmico) (Dezembro de 2019)

Código de
Hamurábi

Monumento original onde se tem a gravura das leis.

Propósito Proteger os mais fracos dos mais

fortes. É o primeiro conceito

de lei conhecido.

Local de Mesopotâmia

assinatura

Autoria Hamurábi

Ratificação circa 1 750 a.C.

O Código de Hamurábi representa um conjunto de leis escritas, sendo um dos exemplos


mais bem preservados desse tipo de texto oriundo da Mesopotâmia. Acredita-se que foi
escrito pelo rei Hamurábi, aproximadamente em 1 772 a.C.  Foi encontrado por uma [1]

expedição francesa em 1901 na região da antiga Mesopotâmia, correspondente à cidade


de Susa, no sudoeste do Irã ou Irão.
É um monumento monolítico talhado em rocha de diorito, sobre o qual se dispõem 46
colunas de escrita cuneiforme acádica, com 282 leis em 3 600 linhas. A numeração vai até
282, mas a cláusula 13 foi excluída por superstições da época. A peça tem 2,25 m de altura,
1,50 m de circunferência na parte superior e 1,90 m na base. [2]

Os artigos do Código de Hamurábi descreviam casos que serviam como modelos a serem
aplicados em questões semelhantes. Para limitar as penas, o Código anotou o princípio de
Talião,  sinônimo de retaliação. Por esse princípio, a pena não seria uma vingança
[3]
desmedida, mas proporcional à ofensa cometida pelo criminoso. Tal princípio é resumido no
ditado popular "olho por olho, dente por dente". [4]

A sociedade era dividida em três classes, que também pesavam na aplicação do código:

 Awilum: Homens livres, proprietários de terras, que não dependiam do palácio e do


templo;
 Muskênum: Camada intermediária, funcionários públicos, que tinham certas regalias no
uso de terras;
 Wardum: Escravos, que podiam ser comprados e vendidos até que conseguissem
comprar sua liberdade.
Pontos principais do código de Hamurábi:

 não cumprimento de contrato; [5]

 lei de talião (olho por olho, dente por dente);


 falso testemunho;
 roubo e receptação;
 estupro;
 família;
 escravos;
 ajuda de fugitivos.
Exemplo de uma disposição contida no código:
Art. 25 § 227 - "Se um construtor edificou uma casa para um Awilum, mas não reforçou seu
trabalho, e a casa que construiu caiu e causou a morte do dono da casa, esse construtor
será morto".
O objetivo deste código era homogeneizar o reino juridicamente e garantir uma cultura
comum. No seu epílogo, Hamurábi afirma que elaborou o conjunto de leis "para que o forte
não prejudique o mais fraco, a fim de proteger as viúvas e os órfãos" e "para resolver todas
as disputas e sanar quaisquer ofensas". [2]

Durante as diferentes invasões da Babilônia, o código foi deslocado para a cidade


de Susa (no Irã ou Irão atual) por volta de 1 200 a.C.. Foi nessa cidade que ele foi
descoberto, em dezembro de 1901, pela expedição dirigida por Jacques de Morgan. O
abade Jean-Vincent Scheil traduziu a totalidade do código após o retorno a Paris, onde hoje
ele pode ser admirado no Museu do Louvre, na sala 3 do Departamento de Antiguidades
Orientais.
Durante o governo de Hamurábi, no primeiro império babilônico, organizou-se um dos mais
conhecido sistema de leis escritas da antiguidade: O Código de Hamurábi. Outros códigos,
(Código de Ur-Namu), haviam surgido entre os sumérios que viveram entre 4 000 e 1 900
a.C. na Mesopotâmia. No entanto, o Código de Hamurábi foi o que chegou até nós de forma
mais completa - os sumérios viviam em pequenas comunidades autônomas, o que dificultou
o conhecimento desses registros.
Hamurábi foi o sexto rei da Suméria (região do atual Iraque) por volta de 1 750 a.C. e
também ele quem uniu os semitas e sumérios fundando o império babilônico.
O Código de Hamurábi ficava inicialmente no templo de Sipar (uma das cidades mais
antigas da Mesopotâmia), sendo que diversas cópias suas foram distribuídas pelo reino de
Hamurábi. No topo do monólito (monumento construído a partir de um só bloco de rocha)
encontra-se uma representação de Hamurábi em frente ao deus sumeriano do sol Samas.
Seu código trata de temas cotidianos e abrange matérias de ordem, civil, penal e
administrativa como, por exemplo, o direito da mulher de escolher outro marido caso o seu
seja feito prisioneiro de guerra e não tenha como prover a casa, ou a obrigação do homem
de prover o sustento dos filhos mesmo que se separe de sua mulher.

Importância
Durante o período de hegemonia do império babilônico sobre a Mesopotâmia (1800–1500
a.C.) o rei Hamurábi foi responsável por uma das mais importantes contribuições culturais
daquele povo: a compilação de um código de leis escrito quando ainda prevalecia a tradição
oral, ou seja, em época em que as leis eram transmitidas oralmente de geração em geração
ou de forma consuetudinária - costumeira.
Do código de Hamurábi foram traduzidos 281 artigos a respeito de relações de trabalho,
família, propriedade e escravidão. Embora repouse sobre a tradição anterior do direito
sumério, o código é conhecido por ser o primeiro corpo de leis de que se tem notícia
fundamentado no princípio da lei de talião, que estabelece a equivalência da punição em
relação ao crime. O termo talião é originado do latim e significa tal ou igual, daí a expressão
"olho por olho, dente por dente". Também inspira o código o princípio jurídico judicium dei,
ou o ordálio, que indica a possibilidade de um julgamento divino. Um exemplo desse
princípio está no artigo dois do código: "Se alguém acusar um homem e o acusado
mergulhar em um rio e afundar, quem o acusa pode tomar posse de sua casa. Mas se o rio
provar que o acusado é inocente e ele escapar ileso, então quem o acusa será executado, e
o acusado tomará sua casa". [2]

O código é muitas vezes indicado como o primeiro exemplo do conceito legal de que
algumas leis são tão básicas que mesmo um rei não pode modificá-las. Ao escrever as leis
na pedra, elas se tornaram imutáveis. Este conceito existe em vários sistemas jurídicos
modernos e deu origem à expressão em língua inglesa written in stone (escrito na pedra).
No entanto, para alguns investigadores da história, o fato de gravar escritos em pedras não
implica propriamente a perpetuação da mensagem e sim na facilidade oferecida pelo autor
aos menos letrados de reproduzirem esses textos fiel e rapidamente. No caso da estela de
Hamurábi em questão, viajantes de outras regiões, quando em passagem por Susa, tinham
a oportunidade de obter cópias para serem lidas por escribas em suas aldeias e para isso
normalmente utilizavam o processo similar ao de xilogravura, transcrevendo diretamente
da estela para o papel ou papiro, que com o passar do tempo e o uso, por se tratar de
material perecível, se perderam, permanecendo apenas essas matrizes de pedra para
contar a origem das leis.
Outras coleções de leis incluem os códigos de Ur-Namu, rei de Ur (cerca de 2 050 a.C.), o
código de Esnuna (cerca de 1 930 a.C.) e o código de Lipite-Istar de Isim (cerca 1 870 a.C.).
É um dos mais antigos conjuntos de leis escritas já encontrados, e um dos exemplos mais
bem preservados deste tipo de documento da antiga Mesopotâmia. Segundo os cálculos,
estima-se que tenha sido elaborado pelo rei Hamurábi por volta de 1 700 a.C.. Foi
encontrado por uma expedição francesa em 1901 na região da antiga Mesopotâmia
correspondente a cidade de Susa, atual Irã.
É um monumento monolítico talhado em rocha de diorito, sobre o qual se dispõem 46
colunas de escrita cuneiforme acádica, com 282 leis em 3 600 linhas. A numeração vai até
282, mas a cláusula 13 foi excluída por superstições da época. A peça tem 2,25 metros de
altura, 1,50 m de circunferência na parte superior e 1,90 m na base. [2]

Diferenças da Torá
Algumas partes da Torá abordam aspectos mais apurados de algumas seções do código de
Hamurábi que tem a ver com o direito de propriedade, e devido a isso alguns especialistas
sugerem que os hebreus tenham derivado sua lei deste.
Código de Hamurábi Torah

Pena de morte para roubo de templo ou propriedade estatal, ou por aceitação de bens roubados. (Seção 6) Roubo punido por compensação à vítima. (Ex. 22:1-9)

Morte por ajudar um escravo a fugir ou abrigar um escravo foragido. (Seção 15, 16) "Você não é obrigado a devolver um escravo ao seu dono se ele foge do dono dele para
você." (Deut. 23:15)

Se uma casa mal-construída causa a morte de um filho do dono da casa, então o filho do construtor será "Pais não devem ser condenados à morte por conta dos filhos, e os filhos não devem ser
condenado à morte (Seção 230) condenados à morte por conta dos pais." (Deut. 24:16)

Mero exílio por incesto: "Se um senhor (homem de certa importância) teve relações com sua filha, ele deverá Extirpação por incesto. (Lev. 18:6, 29)
abandonar a cidade." (Seção 154)

Distinção de classes em julgamento: Severas penas para pessoas que prejudicam outras de classe superior. Penas Não farás acepção da pessoa pobre, nem honrarás o poderoso. (Lev. 19:15)
médias por prejuízo a membros de classe inferior. (Seção 196–;205)
Quem Foi o Rei Nabucodonosor?

 Daniel Conegero
O rei Nabucodonosor foi o imperador mais conhecido e poderoso do Império Babilônico. Ele reinou por aproximadamente 43 anos. Nabucodonosor era filho de
Nabopolassar, que também havia sido rei da Babilônia antes dele. Sua esposa foi Amitis da Média.

Antes de falarmos sobre quem foi Nabucodonosor, precisamos saber que esse mesmo nome foi utilizado por quatro reis babilônicos diferentes. Dentre esses monarcas, o
rei Nabucodonosor da Bíblia é conhecido na história como Nabucodonosor II. Inclusive, ele é o único dos quatro reis que é citado nos textos bíblicos.

Apesar de ser chamado na história de Nabucodonosor II, ele nada tem a ver com o Nabucodonosor I. Na verdade o Nabucodonosor I reinou entre 1127 e 1105 a.C., mais
de 500 anos antes do Nabucodonosor da Bíblia.

Significado de Nabucodonosor
O significado do nome Nabucodonosor gera algumas dúvidas entre os estudiosos. As melhores sugestões dizem que Nabucodonosor significa “Nebo, proteja as fronteiras”
ou “Nebo, proteja a minha coroa”.

O nome original é o babilônico Nabukudurri-usur. Esse nome foi transliterado no texto bíblico para o hebraico, aramaico e, por último, para o grego, na Septuaginta (versão
grega do Antigo Testamento).

A coroação de Nabucodonosor como rei da Babilônia


Nabucodonosor sucedeu seu pai, Nabopolassar, no trono da Babilônia. Ele governou o Império Babilônico entre 604 a.C. e 562 a.C. Antes de assumir o trono, ainda como
príncipe herdeiro, Nabucodonosor serviu como comandante do exército babilônico em algumas ofensivas militares.

Seu pai foi o fundador da dinastia caldaica. Ele se aproveitou do enfraquecimento da Assíria e conseguiu se tornar rei da Babilônia em 626 a.C. Devido a uma aliança medo-
babilônica, ele também destruiu a cidade de Nínive, e em seguida avançou contra Harã.

Depois que a Assíria caiu, o Egito do Faraó Neco II passou a dominar Judá completamente. Nesse tempo, governantes judeus foram nomeados e destituídos conforme
fosse vantajoso ao Egito. Mas finalmente em junho de 605 a.C., as forças egípcias foram derrotadas em Carquemis pelo até então príncipe Nabucodonosor.

Em agosto de 605 a.C. Nabopolassar morreu. Então Nabucodonosor paralisou a campanha que estava liderando e atravessou o deserto para voltar e assumir o trono da
Babilônia em 6 de setembro de 605 a.C.

O reinado do rei Nabucodonosor


Aqui vale dizer que a cidade da Babilônia alcançou grande prestígio e poder em aproximadamente 1850 a.C., e depois entrou em declínio. Foi só então com
Nabucodonosor, mais de mil anos depois, que a cidade recuperou toda sua glória. Por esse motivo o império liderado por Nabucodonosor é conhecido como Império
Neobabilônico.

Ainda em 605 a.C., após derrotar os egípcios em Carquemis, o rei Nabucodonosor avançou contra Jeoaquim, rei de Judá (2 Reis 24:1,2; 2 Crônicas 36:5-7). Essa foi a primeira
de três invasões babilônicas contra Judá. Também foi nessa ocasião que Daniel, Hananias, Mizael e Azarias foram levados cativos por Nabucodonosor.

Jeoaquim se submeteu ao rei Nabucodonosor e foi temporariamente leal a ele. No entanto, depois de três anos o rei Jeoaquim se rebelou contra Nabucodonosor e
transferiu sua lealdade aos egípcios; apesar das constantes advertências do profeta Jeremias (Jeremias 27:9-11).

Foi então que em 597 a.C. Nabucodonosor marchou contra a Palestina e cercou a cidade de Jerusalém, na segunda invasão babilônica contra Judá. Na ocasião,
Nabucodonosor capturou o rei Joaquim, o qual estava no poder havia apenas três meses após a morte de seu pai, o rebelde Jeoaquim.

Para o lugar de Joaquim, o rei Nabucodonosor nomeou Matanias, que passou a ser chamado de Zedequias (2 Reis 24:17; 2 Crônicas 36:10). Nabucodonosor também
deportou para a Babilônia o rei deposto Joaquim, juntamente com todos os judeus que poderiam tentar promover uma rebelião (2 Reis 24:12-16; 2 Crônicas 36:10; Jeremias
22:24-30; 52:28).

O rei Nabucodonosor saqueou o Templo de Salomão e capturou um enorme despojo de guerra. Zedequias permaneceu leal a Nabucodonosor durante um tempo, mas
depois também se rebelou ao ceder às pressões do povo.

Vale dizer que por muitas vezes Jeremias aconselhou o povo a se manter longe da rebelião. Curiosamente nesse período um falso profeta chamado Ananias profetizou que
dentro de dois anos todos os cativos voltariam do cativeiro babilônico.
Jeremias denunciou essa falsa profecia e advertiu o povo que o Senhor lhe havia revelado que o exílio na Babilônia seria bastante prolongado (Jeremias 29:1-23). Mesmo
depois de muitos conselhos do profeta do Senhor, finalmente Zedequias se rebelou contra o rei Nabucodonosor (2 Reis 24:20; 2 Crônicas 36:13-16; Jeremias 52:3).
Então, em aproximadamente 587 a.C., o rei Nabucodonosor começou sitiar Jerusalém (2 Reis 25:1; Jeremias 39:1; 52:4; Ezequiel 24:1,2). A cidade de Judá suportou o cerco
babilônico durante um tempo, até que caiu completamente sob o domínio do rei Nabucodonosor.

Naquela ocasião houve mais uma grande deportação de cativos para a Babilônia. Ficaram para trás somente os judeus mais pobres (2 Reis 25:8-17; 2 Crônicas 36:17-20;
Jeremias 39:9,10; 52:12-23).

Jerusalém foi arrasada e o Templo destruído. O rebelde rei Zedequias foi capturado por Nabucodonosor e forçado a assistir a execução de seus próprios filhos. Depois
disso, ele teve os olhos cegados e foi levado acorrentado para a Babilônia onde acabou morrendo (2 Reis 25:5-7; Jeremias 39:4-8; 52:8-11).

Após ter destruído Jerusalém, Nabucodonosor nomeou outro governador judeu, Gedalias. Porém, mais tarde Gedalias acabou assassinado devido a mais uma conspiração
contra o domínio babilônico sobre Judá.

O rei Nabucodonosor também liderou várias ofensivas contra outras nações, como por exemplo, contra Tiro entre 585 e 572 a.C., e contra o Egito em aproximadamente
568 a.C. (Ezequiel 26-28; 29:18).

As construções do rei Nabucodonosor


O rei Nabucodonosor não foi apenas um grande estrategista militar, mas foi também um importante construtor enquanto esteve governando o Império Babilônico.
Expedições arqueológicas já provaram que o rei Nabucodonosor transformou Babilônia em uma cidade muito imponente.

Ao mesmo tempo em que fortificava as defesas militares da cidade, Nabucodonosor também embelezou Babilônia. Ele restaurou muitos templos nas cidades que estavam
sob seu governo, e construiu uma avenida que cortava a Babilônia para a procissão de Marduque, um deus pagão babilônico.

Nabucodonosor também construiu novos canais para irrigar a cidade, e seu palácio era esplendoroso (cf. Daniel 1-4). Sem dúvida sua construção mais famosa e polêmica
são os Jardins Suspensos da Babilônia, uma das sete maravilhas do mundo antigo.

Esses jardins consistiam em um conjunto de árvores plantadas em calçadas elevadas que eram sustentadas por grandes pilares que simulavam uma região montanhosa.
Acredita-se que Nabucodonosor tenha feito os jardins como presente para sua esposa Amitis da Média. Ela era natural de uma terra cercada por montanhas. Todavia, existe
muita discussão sobre a real existência desse jardim.

Nabucodonosor na Bíblia
O reinado de Nabucodonosor compõe o contexto histórico de grande parte dos livros dos profetas Jeremias, Ezequiel e Daniel. Inclusive, é o livro de Daniel que fornece as
melhores informações bíblicas sobre quem foi Nabucodonosor.

O próprio profeta Daniel desempenhou um importante papel durante o tempo de reinado de Nabucodonosor. Ele foi uma das pessoas de destaque na Babilônia, assim
como seus amigos Hananias, Mizael e Azarias (Daniel 1-3).
Na narrativa bíblica, percebemos que o rei Nabucodonosor foi um instrumento nas mãos de Deus, o qual Ele usou para castigar nações, incluindo o povo de Judá. No livro
de Jeremias, por exemplo, lemos por mais de uma vez a expressão “Nabucodonosor, rei da Babilônia, meu servo” (cf. Jeremias 25:9; 27:6).
Isso não significa que Nabucodonosor era um servo devoto do Senhor; ao contrário, ele era um rei pagão, mas que havia sido designado por Deus para cumprir um papel
de agente do seu julgamento contra as nações incrédulas.

A religiosidade pagã do rei Nabucodonosor pode ser claramente percebida no episódio em que ele condenou Sadraque, Mesaque e Abede-Nego à fornalha de fogo
ardente. Isso aconteceu após os três jovens hebreus terem negado adoração à estátua que o rei da Babilônia havia construído (Daniel 3).
Após o livramento sobrenatural dado por Deus aos três jovens, o rei Nabucodonosor aparece no texto bíblico reconhecendo que aqueles homens eram “servos do Deus
Altíssimo” (Daniel 3:27).
No entanto, essa declaração não significava que o monarca babilônio havia sido convertido ao Senhor; mas apenas que ele tinha reconhecido que o Deus daqueles homens
era superior a outras divindades. Em outras palavras, isso significa que o texto bíblico não mostra um conceito monoteísta por parte de Nabucodonosor.

Os sonhos de Nabucodonosor
O livro de Daniel também descreve os sonhos que o rei Nabucodonosor teve. O primeiro sonho está registrado em Daniel 2. O rei da Babilônia sonhou com uma grande
estátua feita de vários materiais: ouro, prata, bronze, ferro e argila. Esse sonho falava sobre a ascensão e a queda de certas potências mundiais. Contudo, sua mensagem
principal se referia ao modo como Deus estava conduzindo a história soberanamente de acordo com seus propósitos.

O sonho perturbou o rei, e ele convocou os magos e encantadores para que eles pudessem revelar e interpretar o sonho; já que ele não havia contato a ninguém o
conteúdo do próprio sonho, muito provavelmente por não se lembrar dele. Daniel, demonstrando que era grandemente abençoado por Deus, foi o único capaz de revelar
e interpretar o sonho do rei. Esse sonho ocorreu no segundo ano do reinado de Nabucodonosor.

O segundo sonho está registrado em Daniel 4. Esse sonho ocorreu num tempo em que Nabucodonosor estava no auge do seu poder, no quadragésimo terceiro ano de seu
reinado.
Ele sonhou com uma grande árvore sendo cortada, mas não soube interpretar o sonho. Então mais uma vez coube a Daniel, usado por Deus, interpretar o sonho do rei.
Esse sonho significava que o imperador da Babilônia seria castigado por Deus com um tempo de loucura devido ao seu orgulho.

A loucura de Nabucodonosor
O capítulo quatro do livro do profeta Daniel registra o episódio em que o rei Nabucodonosor passou por um período de loucura como consequência de sua soberba.
Antes, ele havia sido avisado pelo profeta Daniel sobre os erros que estava cometendo, mas o aviso não surtiu efeito.

Deus castigou o rei Nabucodonosor a um período de sete tempos de loucura. Durante esse período ele se comportou como um animal, ou seja, ele acreditava ser um
animal. Os estudiosos classificam essa doença como um possível caso severo de licantropia clínica. Terminado o tempo determinado por Deus, o rei Nabucodonosor
recobrou o entendimento, e deu glória ao Senhor.

Nabucodonosor foi convertido?


Não há como dizer se o rei Nabucodonosor foi convertido ou não. Isso porque, na verdade, a Bíblia não fala nada sobre isto. O fato de o rei Nabucodonosor ser chamado
por Deus de “meu servo” apenas significa que ele fez parte do plano soberano do Senhor. Isso quer dizer que nosso Deus é Senhor sobre tudo e todos, e utiliza até mesmo
um rei megalomaníaco, como Nabucodonosor, para cumprir os seus propósitos eternos.
Para defender uma possível conversão de Nabucodonosor, muitas pessoas se apoiam na declaração do rei após ter sido curado da doença que lhe acometeu como
resultado do castigo divino. Naquela ocasião ele confessou eloquentemente a soberania e a majestade de Deus (Daniel 4:34-37).

No entanto, em nenhum texto da Bíblia é possível encontrar o rei Nabucodonosor confessando que o Deus de Israel é o único Deus e Criador supremo de todo o universo.

É verdade que Nabucodonosor presenciou varias vezes o poder sobrenatural do Senho; Ele também conviveu durante muito tempo com o profeta Daniel. Mas isso não
implica necessariamente em uma conversão genuína.

O melhor é reconhecer que em nenhuma parte da Bíblia há um registro claro sobre uma possível conversão do rei Nabucodonosor, e defendê-la seria pura especulação e
alegoria. Pode ser que ele tenha sido convertido, como também pode ser que não; então é melhor nos calarmos sobre isto.

Os registros babilônicos também não falam nada a respeito de uma conversão do rei Nabucodonosor, e mesmo que ele tenha sido convertido, obviamente tais registros
nunca testemunhariam esse acontecimento.

Na verdade, os registros do rei Nabucodonosor nas crônicas da Babilônia sempre o descrevem como um homem muito religioso que guardava todos os preceitos do
paganismo babilônico. As crônicas babilônicas simplesmente dizem que ele era um grande devoto de Marduque.

A morte do rei Nabucodonosor


Apesar de existir muito material arqueológico e literatura babilônica relacionados ao rei Nabucodonosor, faltam registros sobre a última parte de seu reinado. O que se
sabe é que o rei Nabucodonosor morreu entre agosto e setembro de 562 a.C., com aproximadamente 70 anos de idade.

O rei Nabucodonosor foi sucedido por seu filho, Evil-Merodaque, o qual reinou por apenas dois anos. Pouco tempo depois, o Império Babilônico entrou em declínio e
finalmente acabou caindo diante dos persas.
Quem Foi o Rei Belsazar?

 Daniel Conegero

O rei Belsazar foi o governante da Babilônia que morreu em decorrência da invasão da cidade pelos medos e pelos persas sob o comando de Ciro em 539
a.C. Belsazar é mencionado pela primeira vez na narrativa bíblica no capítulo 5 do livro de Daniel.
Antes de tudo, é importante que não se confunda o nome Belsazar com Beltessazar, pois este último foi o nome babilônico dado ao profeta Daniel pelo príncipe
dos eunucos na Babilônia (Dn 1:7).
O nome Belsazar significa “Bel proteja o rei” ou “Bel tem protegido o reinado”. Bel era um título utilizado na Mesopotâmia para designar diversas divindades.
Na Septuaginta, versão grega do Antigo Testamento, o nome desse governante aparece como Baltasar.

Belsazar era filho de Nabucodonosor?


Não, Belsazar não era filho de Nabucodonosor. Algumas pessoas possuem essa dúvida pelo fato de o texto bíblico designá-lo como sendo filho do rei
Nabucodonosor na frase: “Nabucodonosor, seu pai” (Dn 5:2).
O que acontece é que na narrativa bíblica é comum o uso da palavra “filho” com o significado de descendente, ou seja, em muitas passagens bíblicas onde se lê que A era
pai de B na verdade está sendo dito que A era ancestral de B.

A Bíblia prioriza os personagens que tiveram papel relevante para a história que foi registrada, e isso acorre com frequência quando o propósito é revelar uma linhagem
através de uma genealogia simples e objetiva.

Além disso, a palavra “filho” na antiguidade era comumente utilizada para se referir ao sucessor do mesmo ofício, sem ao menos ser necessário uma ligação realmente
sanguínea.

Na verdade Belsazar era filho de Nabonido, e tem sido aceito que sua mãe era Nitócris, filha de Nabucodonosor. Se essa sugestão estiver correta, então é provável que
Nitócris seja a rainha-mãe mencionada em Daniel 5.

O governo do rei Belsazar


Apesar de o texto bíblico chamá-lo de rei, Belsazar não reinava sozinho, pois seu governo era em regime de co-regência com seu pai, Nabonido. Essa informação foi
confirmada por vários documentos babilônicos que foram encontrados, onde seu nome aparece ligado ao de seu pai na divisão do trono.

Existem muitos tábuas e inscrições babilônicas que fazem referência tanto a Nabonido quanto a Belsazar como o “príncipe coroado”. Algumas delas relatam que Nabonido
permaneceu durante um longo tempo afastado da cidade da Babilônia.
A Crônica de Nabonido informa que Belsazar recebeu autoridade de governo sobre o exército e o reino em aproximadamente 556 a.C., enquanto seu pai fazia campanha
na região da Arábia central, onde teria permanecido ali por pelo menos dez anos.
Assim, o relato de Daniel 5 está correto ao se referir a Belsazar como o rei governante na cidade da Babilônia.  Então, quando Daniel estabelece datas sobre o
período de reinado de Belsazar nos capítulos 7 e 8 de seu livro, é possível que ele esteja considerando exatamente esse período de co-regência.
Inscrições babilônicas descrevem alguns detalhes sobre a administração de Belsazar, principalmente falando sobre seus presentes e agrados para os templos e santuários
da Babilônia, de Ereque e Sippar. Há um material considerável que faz referência sobre o rei Belsazar até o 14º ano do reinado de seu pai.

A escritura na parede e a morte de Belsazar


Os documentos históricos da Babilônia que fazem referências à queda da Babilônia perante o exército de Ciro, relatam apenas que o rei morreu em 539 a.C. Nabonido não
foi esse rei, pois ele retornou posteriormente a Babilônia após o Império Medo-Persa já tê-la conquistado, e acabou sendo preso.
Logo, o rei morto em 539 a.C. realmente foi Belsazar. Sobre isso, sem dúvida o relato bíblico, além de estar perfeitamente sincronizado com o contexto histórico,
fornece os melhores detalhes sobre como ocorreu a queda da Babilônia e a morte do rei Belsazar.
O livro de Daniel nos informa que o rei Belsazar fez um banquete blasfemo, onde utilizou os utensílios de ouro e de prata que haviam sido tirados do Templo em
Jerusalém. Ele próprio, juntamente com seus convidados, suas mulheres e concubinas, tomaram vinho nos vasos sagrados e deram louvores aos falsos deuses os quais
eles idolatravam. Aquela foi uma profanação terrível diante de Deus (Dn 5:1-4).
A Bíblia então nos diz que no mesmo instante apareceram dedos de mão de homem que escreviam na parede do palácio. Diante dessa cena, o rei Belsazar ficou
completamente apavorado, a ponto de seus joelhos baterem um no outro (Dn 5:5,6).
Como não podia entender o que havia sido escrito pela mão misteriosa, o rei Belsazar convocou os encantadores, os caldeus e os feiticeiros, e prometeu aos sábios da
Babilônia que qualquer um que conseguisse decifrar aquela escrita seria recompensado grandemente. Todavia, assim como ocorreu com o sonho de Nabucodonosor, os
sábios da Babilônia não puderam revelar o significado daquela inscrição (Dn 5:5-9).
Nesse momento entrou em cena a rainha-mãe e falou ao rei Belsazar tudo sobre Daniel. Imediatamente ele mandou chamar o profeta e lhe informou sobre a escrita
misteriosa na parede e sobre os presentes que lhe seria dado caso decifrasse aquele enigma.

O profeta Daniel recusou todos os presentes, mas se comprometeu em dar ao rei Belsazar a interpretação da escritura na parede. Antes, também o repreendeu por sua
conduta perversa e impenitente (Dn 5:17-23).

O significado da escrita na parede


O profeta Daniel revelou que aquela escrita misteriosa vinha da parte de Deus e que seu significado se referia ao juízo de Deus que havia chegado. Daniel falou
que a leitura da escrita era: MENE, MENE, TEQUEL E PARSIM. Já o significado dessa escrita era:
 MENE: Contou Deus o teu reino.
 TEQUEL: Pesado foste na balança e achado em falta.
 PERES: Dividido foi o teu reino e dado aos medos e aos persas.
A Bíblia conta que naquela mesma noite o rei Belsazar foi morto e a Babilônia caiu. Dario, o medo, ficou governando a cidade. Dessa forma, Belsazar foi o último rei do
Império babilônico.
O Significado do Sonho de Nabucodonosor

 Daniel Conegero
O sonho de Nabucodonosor é um dos temas que mais desperta curiosidade entre os cristãos que estudam o livro de Daniel. Na verdade o rei da Babilônia não teve
apenas um sonho, mas dois sonhos, ambos interpretados pelo profeta.
O primeiro sonho foi sobre uma estátua constituída de diferentes materiais, enquanto o segundo sonho foi sobre uma árvore sendo cortada. Aqui vale dizer que no Antigo
Oriente Próximo os sonhos eram aceitos como mensagens que os deuses mandavam aos homens, e isso explica a forma com que o rei Nabucodonosor ficou agitado
diante de ambos os sonhos.

O sonho de Nabucodonosor sobre uma estátua


No segundo ano de reinado, o rei da Babilônia teve um sonho que lhe deixou bastante perturbado (Dn 2). Ao perder o sono, o rei convocou os magos, encantadores,
feiticeiros e caldeus para que pudessem lhe revelar não apenas o significado do sonho, mas também seu conteúdo, visto que possivelmente ele não se lembrava dos
detalhes do sonho.
O fato de não se lembrar de um sonho que o fez perder o sono perturbou ainda mais o rei, pois conforme já foi dito, era costume daquele povo entender que os sonhos
eram mensagens dos deuses e, caso a pessoa não conseguisse se lembrar do sonho que tivera, era entendido que isso se tratava de um sinal de que a divindade estava
irada com ela.

O grupo convocado por Nabucodonosor para revelar e interpretar o sonho era formado pelos eruditos da Babilônia que eram especialistas em filosofia, ciência e religião. O
rei também deixou claro que se caso não fossem capazes de atender ao seu pedido, todos os sábios da Babilônia seriam mortos, e isso incluía o profeta Daniel juntamente
com seus amigos chamados na Babilônia de Sadraque, Mesaque e Abede-Nego.
O profeta então foi ter com o rei e lhe pediu um tempo para que pudesse revelar o sonho e sua interpretação. Depois, Daniel foi para casa, e, junto de seus companheiros,
orou a Deus pedindo misericórdia para que o mistério fosse resolvido.

Numa visão à noite, Deus revelou a Daniel o conteúdo e a interpretação do sonho de Nabucodonosor, e este foi ter com o rei e lhe contou o que Deus havia revelado.

Nabucodonosor sonhou com uma grande e esplendorosa estátua que estava em pé diante dele. A cabeça da estátua era de ouro, o tórax e os braços eram de prata, o
ventre e os quadris de bronze, as pernas eram de ferro e os pés eram de uma mistura de ferro com barro.
De repente uma pedra se soltou sem o auxílio de mãos humanas e atingiu os pés de ferros e barro da estátua e os destruiu. Então todo o restante da estátua também foi
despedaçado e virou pó que foi levado pelo vento. Todavia, a pedra que atingiu a estátua tornou-se uma montanha que cobriu toda a terra (Dn 2:31-35).

A interpretação do sonho mostra que a estátua representava a sucessão de governos mundiais. Analisando da cabeça para os pés da imagem, nota-se nitidamente uma
diminuição de valor dos materiais. Também é possível perceber que a estátua possuía um corpo pesado e maciço, enquanto tinha pés frágeis.

Cada parte do corpo da estátua formada por um material diferente simbolizava um reino. A identificação destes reinos também fica mais clara quando consideramos as
visões de Daniel registradas nos capítulos 7 e 8.

 A cabeça de ouro: representava o Império Babilônico de Nabucodonosor (626-539 a.C.), que com toda majestade governa sobre as nações conforme Deus havia
permitido (Dn 2:38).

 O tórax e os braços de ferro: representava o Império Medo-Persa (539-330 a.C.) que, comandado por Ciro, subjugou a Babilônia durante o reinado de Belsazar (Dn 5).

 O ventre e quadris de bronze: representava o Império Grego (330-63 a.C.) que conquistou o Império Persa com Alexandre o Grande. O Império Grego se expandiu
rapidamente até se fragmentar após a morte de Alexandre.
 Pernas de ferro e pés de ferro e barro: representava o Império Romano (63 a.C. em diante). O fato de ser simbolizado por pernas de ferro e depois por pés feitos de uma
mistura de ferro e barro, talvez aponte para duas fases distintas do Império Romano, que no começo era sólido, mas, depois, devido a conflitos e conspirações internas
começou a ruir.

Como foi dito, esses impérios também são citados de forma mais detalhada nas visões do profeta Daniel registradas nos capítulos 7 e 8. Assim, podemos estabelecer o
seguinte paralelo:

 Império Babilônico: na visão do capítulo 7 o Império Babilônico corresponde ao leão com asas de águia.

 Império Medo-Persa: na visão do capítulo 7 o Império Medo-Persa corresponde ao urso, e na visão do capítulo 8 ao carneiro com dois chifres.

 Império Grego: na visão do capítulo 7 o Império Grego corresponde ao leopardo com asas, e na visão do capítulo 8 ao bode peludo.

 Império Romano: na visão do capítulo 7 o Império Romano corresponde ao animal terrível e forte, com dentes de ferro.

Obviamente a parte mais intrigante do sonho é a pedra que faz com que todos esses reinos se desfaçam. O fato de essa pedra ser cortada sem auxílio da força humana
significa que ela seria formada pelo próprio Deus.
Essa pedra representava um reino que não será jamais destruído. Esse mesmo reino também foi profetizado por outros profetas, como por exemplo, Isaías (Is 9:7), Joel
(2:26-27) e Amós (9:15).

Finalmente o Novo Testamento esclarece que esse reino começou com a primeira vinda de Cristo, e alcançará seu cumprimento pleno no retorno glorioso de nosso Senhor.

Assim, podemos dizer que o grande objetivo do sonho de Nabucodonosor foi mostrar que por mais que o rei da Babilônia parecesse invencível e poderoso, Deus era quem
estava dirigindo a História para que Seu reino eterno fosse estabelecido.

O sonho de Nabucodonosor sobre uma árvore cortada


Durante o quadragésimo terceiro ano do reinado de Nabucodonosor ele teve mais um sonho, o qual também foi interpretado por Daniel. Enquanto o primeiro sonho,
registrado no capítulo 2, ocorreu no segundo ano de reinado, durante um período de afirmação do próprio rei babilônico, esse segundo ocorreu quando seus grandes
projetos já tinham sido realizados, e o seu poder estava no auge.

Quando Nabucodonosor sonhou o sonho que está registrado em Daniel 4, ele era o rei a frente do império mais poderoso da terra, mas, ainda assim, ele não poderia ser
páreo para o Deus de Israel.

O rei da Babilônia teve um sonho onde foi visto uma grande árvore, formosa e frutífera, cuja altura chegava até o céu e servia de abrigo para os pássaros e os seres
viventes.

Então surgiu um ser celestial que desceu do céu e ordenou que a árvore fosse cortada, seus frutos espalhados, as aves e animais que se abrigavam nela afugentados e seu
tronco e raízes deixados na terra atados com cadeias de ferro e bronze.

Ela seria molhada do orvalho do céu e a sua porção seria com os animais e com as ervas da terra. Seu coração também deveria ser mudado, de coração de homem para
coração de animal. Essa sentença duraria sete tempos.

O profeta Daniel interpretou esse sonho dizendo que a grande árvore era o próprio Nabucodonosor que desfrutava de seu esplendoroso reinado. Sobre o fato de a árvore
ser cortada, isso significava que o rei seria expulso dentre os homens e faria morada com os animais do campo, comeria junto com os bois da erva da terra, até que se
passassem sete tempos, e ele reconhecesse que o Altíssimo tem domínio sobre o reino dos homens e o dá a quem quer.

Quanto ao tronco protegido por cadeias de ferro e bronze, isso significava que seu reino estaria preservado e seria lhe devolvido após os sete tempos. Muitas pessoas
especulam sobre a verdadeira duração da expressão “sete tempos”, porém a Bíblia não esclarece de forma explicita. Todavia, é amplamente aceito entre os estudiosos que
cada tempo representaria o período de um ano.

Nabucodonosor foi aconselhado pelo profeta Daniel a se arrepender de seus pecados, deixar a arrogância e a soberba de lado, para que talvez Deus tivesse misericórdia
dele e lhe prolongasse sua tranquilidade (Dn 4:27).

Porém, após doze meses, enquanto passeava pelo palácio e se gabava da grande Babilônia que havia construído, Deus fez cair sobre ele a sentença que havia sido
anunciada, e ele passou a se comportar como um animal selvagem.

Algumas pessoas equivocadamente acham que literalmente Nabucodonosor virou um animal, mas a interpretação correta é a de que ele foi acometido por um período de
loucura onde pensava ser um animal.
Passado os sete tempos o rei recobrou o entendimento e reconheceu o poder e a majestade do verdadeiro Deus que governa o universo (Dn 4:34-37). O objetivo desse
sonho de Nabucodonosor foi anunciar a humilhação do rei da Babilônia diante do Deus Altíssimo.
Nabucodonosor Virou Animal? Como Foi a Loucura do Rei?

 Daniel Conegero
Algumas pessoas tem dúvida se o Rei Nabucodonosor virou animal. Muitos até se perguntam se ele tinha alguma consciência humana durante o período em que ficou
nesse estado. Essa dúvida se dá, provavelmente, pelo fato de muitos pregadores em suas pregações, fazerem a seguinte afirmação:
“Nabucodonosor virou um animal e ficou assim até que ele desse glória a Deus”.
E alguns ainda enfatizam:

“Até que ele não aprendesse a dar glória a Deus, ele ficou como um animal”.
Mas será que foi isso mesmo? Nabucodonosor virou animal realmente? Ele tinha consciência do que estava havendo? Neste breve estudo bíblico  iremos entender o que a
Bíblia de fato fala sobre isso. Também não vamos entrar em detalhes sobre a história de Nabucodonosor. Nós iremos apenas responder tais dúvidas sobre o sonho de
Nabucodonosor e sua sentença, tudo conforme o livro do profeta Daniel nos relata (Daniel 4).

Nabucodonosor virou animal? A Loucura de Nabucodonosor


Alguns acreditam que o rei Nabucodonosor precisava estar consciente durante o castigo para que esse castigo fosse justo da parte de Deus. Eles pensam que se o rei fosse
castigado sem ter consciência, isso não serviria para nada.

Outros defendem que o fato de ele estar consciente em seu “estado animal”, tornaria o castigo ainda mais pesado. Mas na verdade é exatamente o contrário disso. Para
aquele rei orgulhoso, agir como animal sem nenhum controle seria o pior castigo para seu ego.
A resposta para nossa pergunta começa a ficar bem clara nos versículos 14 e 15 do capítulo 4. Esses versículos nos mostram um juízo, porém com esperança. Isso significa
que Nabucodonosor seria sentenciado, mas aquele não seria o seu fim. O texto diz: “Mas o tronco, com as suas raízes deixai na terra e, com cadeias de ferro e de bronze […]”.
Alguns pregadores ainda dizem que Nabucodonosor correu risco de morte. Outros, mais sensacionalistas, dizem que o rei poderia ter virado presa de algum animal.
Mas o versículo 15 mostra que essa ideia não tem sentido algum. Durante o período de seu castigo, ele estaria com  “cadeias de ferro e de bronze”. Em outras palavras, Deus
o protegeria e conservaria o seu reino.
O versículo 16 mostra o que aconteceria com Nabucodonosor. Seu coração seria mudado de  coração de homem para coração de animal. É claro que isso não significa
que aconteceu um transplante de órgãos. O texto está dizendo apenas que Nabucodonosor  perderia a sua racionalidade humana e passaria a agir como um completo
animal. Ele seria limitado à capacidade de raciocínio animal.
Basta lembrar que o coração é usado como símbolo de emoções e racionalidade. Mas isso não significa que necessariamente ele guarda emoções ou pensamentos. Ele
apenas reage a estes como um órgão vital do nosso corpo.

Nabucodonosor virou algum tipo de Lobisomem?


Outra observação que também podemos fazer é que Nabucodonosor não se transformou em aparência de animal. Aquelas transformações cinematográficas de filmes
sobre lobisomens não aconteceram com Nabucodonosor.

O que aconteceu com ele foi que cresceram os pelos de seu corpo juntamente com suas unhas. O versículos 33 descreve de forma clara que isso aconteceu com o passar
do tempo. Como Nabucodonosor perdeu o raciocínio humano, ele deixou de ter qualquer cuidado com o seu corpo.

O que algumas pessoas acham é que ele virou realmente uma espécie de cachorro ou boi, e o pior, conservando uma mente humana. Mas esse tipo de interpretação não
está de acordo com o texto bíblico.

Nabucodonosor tinha consciência durante seu “estado” animal? Ele sabia que estava


sendo castigado?
Esta é a pergunta principal do nosso texto. Os versículos 16, 23, 25 e 32 respondem de forma bem direta que ele não tinha consciência alguma, pelo menos em nível
racional, durante esse período de castigo. A chave para entendermos isso é a expressão “até que se passem sete tempos”.
Essa expressão não deixa dúvida de que Nabucodonosor foi sentenciado a um período de castigo. Esse período já havia sido pré-determinado (sete tempos). Isso indica
que o tempo que ele passou vivendo como animal não foi em função de um “tempo de arrependimento”, mas, sim, de um tempo determinado previamente. Isso acaba
com qualquer possibilidade de que ele poderia ter se arrependido antes e abreviado o castigo.

O versículo 34 finalmente não deixa qualquer dúvida sobre isso:

Mas ao fim daqueles dias eu, Nabucodonosor, levantei ao céu os meus olhos, e voltou a mim o meu entendimento, e eu bendisse o
Altíssimo, e louvei, e glorifiquei ao que vive para sempre; porque o seu domínio é um domínio sempiterno, e o seu reino é de geração
em geração.

(Daniel 4:34)

O texto estabelece uma ordem cronológica de fatos. Primeiro o período da sentença acaba,  “ao fim daqueles dias”. Depois Nabucodonosor deixa de estar em posição
animal (como um quadrúpede olhando para o chão) e volta a ficar em pé como um homem. Então o entendimento racional dele volta, e é somente depois disto que ele
exalta a Deus e compreende tudo o que aconteceu.
Perceba então que Nabucodonosor não voltou a pensar como homem depois que exaltou a Deus, mas que ele exaltou a Deus depois que voltou a pensar como
homem.
O versículo 36 também nos mostra uma coisa interessante. Ele nos informa que em todo tempo, as pessoas sabiam onde Nabucodonosor  estava. Quando ele foi curado,
logo essas pessoas lhe buscaram.

Então, quando algum dia você escutar que Nabucodonosor comeu capim pensando nos banquetes do palácio (pois é, até isto já escutei) você saberá que ele realmente
comeu capim, até se fartar, mas em nenhum momento Nabucodonosor pensou na picanha que ele teria direito como rei, até porque nem rei ele sabia que era.
Sadraque, Mesaque e Abede-Nego

 Daniel Conegero

Sadraque, Mesaque e Abede-Nego são os nomes babilônicos dados a Hananias, Misael e Azarias, três jovens que estavam entre os hebreus que foram levados cativos
para a Babilônia pelo rei Nabucodonosor.
Neste estudo bíblico, conheceremos um pouco mais sobre a história dos três jovens conhecidos por terem sido companheiros do Profeta Daniel e, sobretudo, pelo
episódio em que foram lançados na fornalha de fogo ardente.

A História de Sadraque, Mesaque e Abede-Nego


A história de Sadraque, Mesaque e Abede-Nego está registrada no livro de Daniel. Antes de falarmos sobre a história desses três jovens descrita na Bíblia, faremos uma
pequena introdução sobre cada um deles.
Sadraque – Hananias
Sadraque foi um dos príncipes de Judá levado cativo para a Babilônia. O nome Sadraque é babilônico e, apesar de muitas tentativas por parte dos estudiosos, nenhum
significado realmente satisfatório foi encontrado para esse nome. Já seu nome hebraico, Hananias, significa “Jeová tem sido gracioso” ou “Jeová foi misericordioso”.
É importante que esse Hananias não seja confundido com os outros personagens bíblicos que também tinham esse nome, principalmente com o Hananias filho de Azur,
um falso profeta que teve sua morte predita pelo Profeta Jeremias (Jr 28).
Mesaque – Misael
Mesaque foi o nome babilônico dado pelo chefe dos eunucos na Babilônia ao jovem Misael. Seu nome hebraico, Misael, significa “Quem é igual a Deus?”. Já o
nome babilônico Mesaque, também tem seu significado muito discutido entre os estudiosos, de modo que não se sabe com exatidão sua interpretação devido ao fato de
não se conhecer nenhum nome babilônico como esse.
Entretanto, alguns intérpretes sugerem que Mesaque em acádio pode ter sido Mishaaku, que significa “Quem é igual à Aku?”. Aku era o deus sumeriano da lua. Outros
defendem que o nome possa significar apenas “Quem é esse?”, para que fosse evitada a ofensa a um hebreu piedoso.
Abede-Nego (ou Abednego) – Azarias
Azarias, outro jovem hebreu levado cativo para a Babilônia, também teve seu nome trocado para Abede-Nego (ou Abednego) que significa “servo de Nebo”. Nebo era
o principal deus cultuado na Babilônia. Por esse motivo, muitos acreditam que os escribas judeus trocaram “Nebo” por “Nego”, para que o nome não honrasse uma
divindade pagã. Por outro lado, seu nome hebraico Azarias significa “Jeová tem ajudado”.

Sadraque, Mesaque e Abede-Nego se destacam na Babilônia


A Bíblia não nos fornece muitas informações sobre Sadraque, Mesaque e Abede-Nego. Apesar disso, é possível ter uma clara ideia sobre o perfil desses homens. No
primeiro capítulo do livro de Daniel, temos a descrição sobre a chegada dos jovens hebreus na Babilônia. Entre esses jovens estavam Hananias, Misael e Azarias, além, é
claro, de Daniel.

Como já dissemos anteriormente, os três jovens, assim como ocorreu com Daniel, também receberam nomes babilônicos (Dn 1:7). A troca de nomes era uma prática
muito comum na época, e geralmente indicava o início de uma nova fase na vida.
Originalmente, apesar disso não implicar necessariamente em uma desonra, sabemos que os nomes hebraicos dos jovens faziam referências ao Senhor, e seus novos
nomes babilônicos possivelmente faziam referências às divindades pagãs da região, de modo que, se considerarmos esse paralelo, tal situação foi muito difícil para aqueles
jovens, e do ponto de vista religioso, podemos entender como uma desonra.

Juntamente com Daniel, os três jovens também se recusaram a comer das iguarias da mesa do rei e tomar do vinho que lhes era servido, sendo alimentados apenas com
legumes e água. Inicialmente foi feito um período de prova por dez dias. No final dos dez dias, Daniel, Hananias, Misael e Azarias estavam mais robustos do que os
demais jovens que continuaram se alimentando com o banquete real (Dn 1:10-16).
A Bíblia diz que Deus deu aos quatro jovens o conhecimento e a inteligência em toda cultura e sabedoria (Dn 1:17). Após o período de preparação a que foram
submetidos, os quatro jovens foram levados pelo chefe dos eunucos à presença do rei Nabucodonosor, e entre todos os outros não havia ninguém que se comparasse aos
quatro amigos (Dn 1:18-20).
No capítulo 2 do livro de Daniel, temos o registro de como ocorreu a interpretação do sonho de Nabucodonosor por Daniel. Apesar de não serem figuras centrais desse
episódio, sendo apenas citados brevemente no versículo 17, Hananias, Misael e Azarias aparecem desempenhando um papel fundamental diante daquela situação.

Como até então ninguém havia interpretado seu sonho, Nabucodonosor ordenou que todos os sábios fossem mortos, isso incluía Daniel, Sadraque, Mesaque e Abede-
Nego. Quando ficou sabendo de tal ordem, Daniel pediu a Arioque, chefe da guarda do rei, um tempo para que ele pudesse apresentar a interpretação do sonho. Então
Daniel foi para casa e contou aos seus companheiros o que estava acontecendo, e juntos eles intercederam a Deus pela interpretação do sonho.

Mais tarde, a pedido de Daniel após interpretar o sonho de Nabucodonosor, Sadraque, Mesaque e Abede-Nego foram promovidos a uma posição administrativa na
província da Babilônia (Dn 2:49).

Sadraque, Mesaque e Abede-Nego e a fornalha de fogo ardente


No capítulo 3 do livro do Profeta Daniel, encontramos a narrativa que dá maior ênfase a Sadraque, Mesaque e Abede-Nego. Na ocasião, Nabucodonosor fez uma grande
imagem de ouro e ordenou que, quando a música tocasse, todos os povos, nações e homens de todas as línguas deveriam se prostrar e adorar a imagem de ouro que
havia sido levantada. Quem se recusasse seria lançado na fornalha de fogo ardente (Dn 3:1-7). Esse tipo de fornalha ou forno era muito utilizado na Babilônia para a
fabricação de tijolos, porém não era incomum ver tais fornalhas serem usadas em execuções (Jr 29:22).
Como Sadraque, Mesaque e Abede-Nego não atenderam a ordem do rei, logo foram denunciados e conduzidos até a presença do furioso Nabucodonosor. Antes de
aplicar a pena capital, o rei ainda tentou convencê-los a se prostrarem diante de sua imagem, terminando seu discurso com a seguinte pergunta: “Quem é o deus que vos
poderá livrar das minhas mãos?” (Dn 3:15). A resposta dos três homens foi uma pura expressão de fidelidade a Deus e confiança em Sua vontade.
Responderam Sadraque, Mesaque e Abednego, e disseram ao rei Nabucodonosor: Não necessitamos de te responder sobre este
negócio.
Eis que o nosso Deus, a quem nós servimos, é que nos pode livrar; ele nos livrará da fornalha de fogo ardente, e da tua mão, ó rei.
E, se não, fica sabendo ó rei, que não serviremos a teus deuses nem adoraremos a estátua de ouro que levantaste.
(Daniel 3:16-18)
Nabucodonosor ficou transtornado com tal resposta, e ordenou que ascendessem a fornalha sete vezes mais do que o de costume e que Sadraque, Mesaque e Abede-
Nego fossem lançados nela (Dn 3:19).
Sadraque, Mesaque e Abede-Nego foram amarrados com seus mantos, túnicas e chapéus e foram atirados na fornalha de fogo ardente. A fornalha estava tão aquecida, e a
intensidade das chamas era tão grande, que os homens encarregados de lançá-los na fornalha acabaram morrendo somente por se aproximar dela (Dn 3:22).

Sadraque, Mesaque e Abede-Nego caíram atados dentro da fornalha. Então, Nabucodonosor se espantou, pois no mesmo instante, ele começou a ver quatro homens
soltos passeando dentro do fogo, sem nenhum dano, sendo que, segundo Nabucodonosor, o aspecto do quarto homem era semelhante “a um filho dos deuses” (Dn
3:25).
Expressão “filho dos deuses” era comum no mundo antigo e poderia referir-se a seres celestiais. Nesse caso específico, o próprio texto (vers. 28) esclarece que se tratava de
um anjo. Muitos estudiosos identificam esse anjo como sendo o “Anjo do Senhor”, e também consideram a possibilidade de ter ocorrido ali um aparecimento de Cristo
anterior à sua encarnação.

Diante desse evento sobrenatural, Nabucodonosor chamou a Sadraque, Mesaque e Abede-Nego para fora da fornalha. Mesmo estando em uma fornalha tão aquecida,
nem mesmo os cabelos ou as roupas dos homens ficaram chamuscados. Então, Nabucodonosor reconheceu a grandeza do Deus daqueles homens e fez um decreto
dizendo que qualquer um que blasfemasse contra o Deus de Sadraque, Mesaque e Abede-Nego seria despedaçado (Dn 3:28,29).
A Bíblia encerra a narrativa sobre Sadraque, Mesaque e Abede-Nego nos informando que Nabucodonosor os fez prosperar na província da Babilônia (Dn 3:30). O apócrifo 1
Macabeus (cap. 2:59) cita Hananias, Misael e Azarias, e em Hebreus 11:34 o exemplo de fé desses homens diante da força do fogo é lembrado no capítulo que apresenta a
lista conhecida como “Galeria dos Heróis da Fé“.

Lições que podemos aprender com Sadraque, Mesaque e Abede-Nego


A fé demonstrada por esses homens deve ser um exemplo para nós, de maneira que podemos aprender muitas lições com essa breve história de Sadraque, Mesaque e
Abede-Nego:

1. Mesmo longe de sua terra natal e tendo seus nomes trocados, os três jovens não perderam suas verdadeiras identidades. Isso nos mostra que mesmo em momentos de
grande adversidade, diante de situações que aos nossos olhos parecem insuperáveis, não devemos nos esquecer de quem realmente somos.

2. Mesmo diante das regalias e ofertas do rei, Sadraque Mesaque e Abede-Nego mantiveram seus princípios, decidindo não se contaminarem. Infelizmente, hoje em dia
muitas pessoas diante da primeira oferta já abandonam suas convicções.

3. Mesmo vivendo no meio do paganismo, os três jovens permaneceram fiéis a Deus. Muita gente argumenta ser difícil servir verdadeiramente a Deus diante de um
mundo depravado, da companhia de pessoas incrédulas e estando inserido em ambientes corrompidos. Mas a história desses jovens nos mostra que a fé verdadeira em
Deus é inabalável.

4. Essa história também nos ensina que apenas Deus é quem tem a resposta para os dilemas mais difíceis, e diante de situações insolúveis a oração é o nosso maior
recurso. A resposta de Deus revelando o sonho de Nabucodonosor e sua interpretação a Daniel, nos mostra que a oração dos justos é eficaz.

5. Também aprendemos que aquele que tem a fé verdadeira prefere a morte à possibilidade da apostasia. O verdadeiro servo de Deus confia no Senhor mesmo que isso
custe a sua própria vida.

6. A resposta de Sadraque, Mesaque e Abede-Nego diante do questionamento de Nabucodonosor nos dá uma aula acerca da soberania de Deus. Ao invés de dizermos
“eu declaro”, “eu tomo posse” e “eu determino” que possamos dizer “se o Deus a quem eu sirvo quiser, Ele fará, se não quiser, continuarei fiel a Ele”. Nosso Deus não é
mordomo de homens, Ele é soberano, criador dos céus e da terra, o Deus altíssimo, e não há outro deus como Ele. Nabucodonosor, um rei pagão, parece ter conseguido
entender o que muitos crentes da atualidade ainda não entenderam.
7. O testemunho de quem é fiel reflete a verdade sobre Deus aos olhos do mais corrupto pecador. Nabucodonosor, um homem mergulhado no paganismo, reconheceu o
poder de Deus diante da atitude daqueles três homens. Qual tem sido o nosso testemunho diante dos incrédulos? Será que o pecador consegue ver o Cristo
ressuscitado reinando em nossas vidas?
Alexandre, o Grande
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

 Nota: "Alexandre Magno" e "Alexandrino" redirecionam para este artigo. Para o tipo de verso,
veja Verso alexandrino. Para o filme com Richard Burton, veja Alexander the Great. Para o filme
com Colin Farrell, veja Alexander (filme).

Alexandre, o Grande

Alexandre Magno e seu cavalo Bucéfalo, na Batalha de Isso. Mosaico encontrado em Pompeia, hoje no Museu

Arqueológico Nacional, em Nápoles.

Rei da Macedônia

Reinado 336 a.C. - 323 a.C.

Antecessor(a) Filipe II

Sucessor(a) Filipe III

Alexandre IV

Faraó do Egito

Reinado 332 a.C. - 323 a.C.

Predecessor Dario III

Sucessor Filipe III

Alexandre IV

Rei da Pérsia

Reinado 330 a.C. - 323 a.C.

Predecessor Dario III

Sucessor Filipe III

Alexandre IV

Nascimento 20 de julho de 356 a.C.

  Pela, Macedônia

Morte 10 de junho de 323 a.C. (32 anos)

  Babilônia

Cônjuge Roxana de Báctria

Estatira II da Pérsia
Parisátide da Pérsia

Descendência Alexandre IV

Dinastia Argéada

Pai Filipe II

Mãe Olímpia do Epiro

Religião Politeísmo grego

Alexandre III da Macedônia   ou Macedónia   (20/21 de julho de 356 a.C. – 10 de


(português brasileiro) (português europeu)

junho de 323 a.C.), comumente conhecido como Alexandre, o Grande ou Alexandre


Magno (em grego clássico: Ἀλέξανδρος ὁ Μέγας; romaniz.: Aléxandros ho Mégas), foi rei
(basileu) do reino grego antigo da Macedônia e um membro da dinastia argéada. Nascido
em Pela em 356 a.C., o jovem príncipe sucedeu a seu pai, o rei Filipe II, no trono com vinte
anos de idade. Ele passou a maior parte de seus anos no poder em uma série de
campanhas militares sem precedentes através da Ásia e nordeste da África. Até os trinta
anos havia criado um dos maiores impérios do mundo antigo, que se estendia
da Grécia para o Egito e ao noroeste da Índia. Morreu invicto em batalhas e é considerado
um dos comandantes militares mais bem-sucedidos da história.
Durante sua juventude, Alexandre foi orientado pelo filósofo Aristóteles até aos 16 anos.
Depois que Filipe foi assassinado em 336 a.C., Alexandre sucedeu a seu pai no trono e
herdou um reino forte e um exército experiente. Havia sido premiado com o generalato da
Grécia e usou essa autoridade para lançar o projeto pan-helênico de seu pai liderando os
gregos na conquista da Pérsia. Em 334 a.C., invadiu o Império Aquemênida, governando
a Ásia Menor, e começou uma série de campanhas que durou dez anos. Quebrou o poder
da Pérsia em uma série de batalhas decisivas, mais notavelmente as batalhas
de Isso e Gaugamela. Em seguida, derrubou o rei persa Dario III e conquistou a Pérsia em
sua totalidade. Nesse ponto, seu império se estendia do mar Adriático ao rio Indo.
Buscando alcançar os "confins do mundo e do Grande Mar Exterior", invadiu a Índia em 326
a.C., mas foi forçado a voltar pela demanda de suas tropas. Alexandre morreu
na Babilônia em 323 a.C., a cidade que planejava estabelecer como sua capital, sem
executar uma série de campanhas planejadas que teria começado com uma invasão
da Arábia. Nos anos seguintes à sua morte, uma série de guerras civis rasgou seu império
em pedaços, resultando em vários estados governados pelos diádocos, sobreviventes e
herdeiros generais de Alexandre.
Seu legado inclui a difusão cultural que suas conquistas geraram, como o greco-budismo.
Fundou cerca de vinte cidades que levavam o seu nome, principalmente Alexandria, no
Egito. Seus assentamentos de colonos gregos e a propagação resultante da cultura
grega no leste resultou em uma nova civilização helenística, aspectos que ainda eram
evidentes nas tradições do Império Bizantino em meados do século XV e a presença
de oradores gregos na região central e noroeste da Anatólia até à década de 1920.
Alexandre tornou-se lendário como um herói clássico no molde de Aquiles, aparecendo com
destaque na história e mito grego e culturas não gregas. Tornou-se a medida contra a qual
os líderes militares se compararam, e academias militares em todo o mundo ainda ensinam
suas táticas. É muitas vezes classificado entre as pessoas mais influentes do mundo em
todos os tempos, junto com seu professor Aristóteles.

Começo da vida
Linhagem e infância

Alexandre Magno, quando jovem.

Busto do período helenístico

Museu Britânico

Alexandre nasceu na cidade de Pela, capital do Reino da Macedônia,  no sexto dia do
[1]

mês hecatombeu do antigo calendário grego, o que provavelmente corresponde a 20 de


julho de 356 a.C., apesar da data exata ainda não ser sabida com certeza.  Era filho do
[2]

rei Filipe II e de sua quarta esposa, Olímpia, filha do rei Neoptólemo I do Epiro.  Apesar de


[3][4]

Filipe ter sete ou oito esposas, Olímpia foi sua esposa principal por muito tempo,
provavelmente devido ao fato dela ter sido aquela que lhe deu um filho homem. [5]

Muitas lendas envolvem o nascimento e infância de Alexandre.  De acordo com o biógrafo
[6]

grego Plutarco, Olímpia, na noite da consumação do seu casamento com Filipe, sonhou que
seu útero fora atingido por um raio. É dito que Filipe, em um sonho um tempo após o
casamento, viu-se segurando o útero de sua esposa marcando-o com um selo gravado com
uma imagem de leão.  Plutarco deu várias interpretações a este sonho: talvez que Olímpia
[7]

estivesse grávida antes do casamento, indicado pelo selo gravado em seu útero; ou que
Alexandre fosse filho do deus Zeus. Analistas antigos dizem que uma ambiciosa Olímpia
pode ter propagado a história da origem divina de Alexandre ou talvez ela dispensasse essa
sugestão como ímpia. [7]

No dia que Alexandre nasceu, Filipe estava preparando um cerco à cidade de Potideia, na
península de Calcídica. No mesmo dia, Filipe recebeu notícias que o seu
general Parménio tinha derrotado os exércitos combinados da Ilíria e da Peônia, e também
que seu cavalo havia vencido uma competição nos Jogos Olímpicos. Também é dito que,
neste dia, o Templo de Ártemis, em Éfeso, uma das sete maravilhas do mundo antigo, havia
sido queimado. Isso levou Hegésias de Magnésia a dizer que o incêndio tinha ocorrido
porque Ártemis estava longe, testemunhando o nascimento de Alexandre.    Tais lendas
[4] [8]

podem ter surgido após Alexandre ter se tornado rei e possivelmente foram instigadas pelo
próprio para mostrar que era um super-humano e destinado à grandeza desde sua
concepção. [6]

Nos seus primeiros anos de vida Alexandre foi criado por uma enfermeira, Lanice, irmã do
futuro general Clito. Mais adiante na sua infância, Alexandre foi tutorado pelo rígido
Leônidas de Epiro, um parente de sua mãe, e por Lisímaco, um general de Filipe.
 Alexandre foi criado como todos os jovens nobres macedônios, aprendendo a lutar, a ler, a
[9]

tocar lira, a cavalgar e a caçar. [10]

Aristóteles ensinando Alexandre.

Por Jean Leon Gerome Ferris

Quando Alexandre tinha dez anos de idade um comerciante da Tessália trouxe um cavalo a


Filipe, que procurou vender por treze talentos. O cavalo se recusava a ser montado e Filipe
o dispensou. Alexandre, contudo, percebendo que o cavalo parecia ter medo da própria
sombra, afirmou que poderia domar o animal, o que posteriormente conseguiu.  Plutarco
[6]

afirmou que Filipe ficou exacerbado pela coragem e ambição do filho, o beijou firmemente e
declarou: "Meu filho, você deve encontrar um reino grande o suficiente para a sua ambição.
A Macedônia é pequena demais para você". Ele acabou comprando o cavalo para o garoto.
 Alexandre deu ao animal o nome Bucéfalo, que significa "cabeça de boi". Bucéfalo tornou-
[11]

se o cavalo principal de Alexandre, acompanhando-o até suas campanhas na Índia. Quando


o animal morreu (devido à idade avançada, de acordo com Plutarco, aos 30 anos), nomeou
uma cidade com seu nome, Bucéfala. [12][13][14]

Adolescência e educação
Quando Alexandre tinha treze anos, Filipe começou a buscar um tutor para seu filho e
considerou acadêmicos como Isócrates e Espeusipo, sendo que este último queria o cargo.
No final, Filipe escolheu Aristóteles e lhe ofereceu o Templo das Ninfas em Mieza para ser
usado como sala de aula. Em retorno por educar seu filho, Filipe concordou em reconstruir a
cidade natal de Aristóteles, Estagira, que o próprio Filipe havia destruído. Ele a repovoaria,
libertaria seus cidadãos que haviam sido escravizados e perdoaria os que estavam no
exílio. [15][16][17]

Mieza era como um colégio interno para Alexandre e os filhos de outros nobres macedônios
que o acompanharam, como Ptolemeu, Heféstio e Cassandro. Muitos destes outros
estudantes acabaram se tornando amigos de Alexandre e mais tarde se tornariam generais
em seu exército. Aristóteles ensinou a Alexandre e seus companheiros sobre medicina,
filosofia, moral, religião, lógica e arte. Sob sua tutela, Alexandre desenvolveu muito
interesse pelo autor Homero, em particular com a obra Ilíada; Aristóteles lhe deu uma cópia
deste livro, que Alexandre levava em suas campanhas. [18][19][20]
Herdeiro do trono
Regência e ascensão da Macedônia
Ver artigo principal: Filipe II da Macedônia

Filipe II, pai de Alexandre.

Gliptoteca Ny Carlsberg, Copenhague

Aos 16 anos de idade a educação de Alexandre sob Aristóteles acabou. Filipe então foi para
a guerra contra Bizâncio, deixando Alexandre como regente do seu reino e herdeiro
aparente.  Na ausência de Filipe, os medos trácios se revoltaram contra a Macedônia.
[6]

Alexandre respondeu rápido, expulsando-os dos seus territórios. Ele recolonizou a região
com gregos e fundou uma cidade chamada Alexandrópolis. [21][22][23]

Quando Filipe retornou, enviou Alexandre e uma pequena força de combate para subjugar
uma revolta no sul da Trácia. Logo depois, durante uma campanha contra outros gregos na
cidade de Perinto (atual Marmara Ereğlisi), Alexandre teria salvado a vida do seu pai.
Enquanto isso, a cidade de Anfissa começou a trabalhar em terras que eram consagradas
a Apolo, próximo de Delfos, um sacrilégio que deu a Filipe a oportunidade de mais uma vez
interferir em assuntos gregos. Ainda ocupado na Trácia, ordenou a Alexandre que reunisse
um exército para uma campanha no sul da Grécia. Preocupado que os estados gregos
percebessem e interviessem, Alexandre fez parecer que se estava preparando para atacar
a Ilíria. Nesse meio tempo, de fato, os ilírios invadiram a Macedônia, mas foram facilmente
repelidos por Alexandre. [24]

Filipe e seu exército se reuniram com Alexandre em 338 a.C., e juntos marcharam
para Termópilas, onde derrotaram uma pequena mas obstinada resistência de homens
de Tebas. Eles depois avançaram e ocuparam Elateia. Alguns dias depois marcharam
sobre Atenas e Tebas. Os atenienses, liderados por Demóstenes, decidiram se aliar aos
tebanos contra a Macedônia. Embaixadores atenienses e de Filipe tentaram ganhar o favor
de Tebas, mas preferiram ficar do lado de Atenas.  Filipe marchou então até Anfissa
[25][26][27]

(ostensivamente agindo sobre o pedido do Anfictionia), capturando mercenários enviados


por Demóstenes e aceitando a rendição desta cidade. Retornou então para Elateia,
enviando uma oferta final de paz para Atenas e Tebas, mas foi rejeitado. [28][29][30]
Alexandre.

Estátua nos Museus Arqueológicos de Istambul

Enquanto Filipe marchava rumo a sul, seus oponentes o bloquearam próximo a Queroneia,
na Beócia. Na subsequente batalha de Queroneia, Filipe comandou a ala direita dos
exércitos macedônios e Alexandre ficou no flanco esquerdo, acompanhado de alguns dos
melhores generais do reino. De acordo com fontes antigas, a luta foi intensa. Filipe recuou
propositadamente, forçando os hoplitas atenienses a segui-lo, abrindo assim uma brecha
em suas linhas. Alexandre então quebrou a formação do exército de Tebas, seguido pelos
generais de Filipe. Com a coesão do inimigo quebrada, Filipe ordenou que suas tropas
avançassem. Com os atenienses perdidos, os tebanos foram cercados e derrotados. [31]

Depois da vitória em Queroneia, Filipe e Alexandre marcharam sem oposição


pelo Peloponeso, sendo bem recebidos pelas cidades; contudo, quando se aproximaram
de Esparta, foram recusados, mas decidiram não partir para a guerra.  Em Corinto, Filipe [32]

estabeleceu a "Aliança Helênica" (moldada igualmente como a aliança anti-Pérsia durante


as Guerras Greco-Persas), que incluía quase todas as cidades-estado gregas, excluindo
Esparta. Filipe foi então proclamado hegemon (que pode ser traduzido como "Comandante
Supremo") da Liga (conhecida pelos historiadores modernos como a Liga de Corinto), e
anunciou seus planos de invadir o Império Persa. [33][34]

Exílio e retorno
Filipe se casou novamente quando retornou para Pela, desta vez com uma mulher
chamada Cleópatra Eurídice, sobrinha do general Átalo.  O casamento fez da posição de [35]

Alexandre como herdeiro menos segura já que qualquer filho homem que Eurídice e Filipe
tivessem seria um macedônio puro, enquanto Alexandre era apenas meio macedônio (sua
mãe, Olímpia, era de Epiro).  Durante o banquete de casamento, Átalo ficou bêbado e
[36]

começou a gritar pedindo aos deuses que aquela união produzisse um herdeiro legítimo. [35]

No casamento de Cleópatra, com quem Filipe havia se apaixonado e casado, ela sendo jovem demais para ele, seu tio Átalo, bêbado, desejou que os macedônios rezassem aos
deuses para lhes dar um sucessor legítimo para o seu reino através de Eurídice. Isso irritou muito Alexandre, que jogou sua caneca na cabeça de Átalo e berrou: "Seu vilão, o que eu
sou então? Um bastardo?" Então Filipe, tomando partido de Átalo, se ergueu e correu na direção do filho, mas cheio demais de ira ou muito bêbado, acabou tropeçando, e caiu no chão.
Alexandre então o insultou: "Vejam! Este é o homem que faz as preparações de passar da Europa para a Ásia, não passa de um assento para o outro."
— Plutarco descrevendo o que aconteceu no casamento. [37]

Alexandre fugiu da Macedônia junto com a mãe, deixando-a com seu irmão, o rei Alexandre
I de Epiro, em Dodona, capital dos molossos. Ele continuou fugindo até a Ilíria, onde foi
aceito como convidado pelo rei local, apesar de tê-lo derrotado em batalha anos antes.
Contudo, Filipe nunca teve a intenção de deserdar o seu político e militarmente treinado
filho.  Seis meses depois, com a mediação de Demarato, os dois fizeram as pazes e
[38]

Alexandre retornou para casa. [39][40]

No ano seguinte, o sátrapa (governador) de Cária, em Pixodaro, ofereceu a mão de sua


filha ao meio-irmão de Alexandre, Filipe Arrideu. Olímpia e vários amigos de Alexandre
sugeriram então que isso mostrava que Filipe II iria fazer de Arrideu seu herdeiro. Alexandre
reagiu enviando um ator, Téssalo, até Corinto, para dizer a Pixodaro que ele não deveria
oferecer sua filha a um ilegítimo, mas deveria o fazer a Alexandre. Quando Filipe ouviu isso,
parou as negociações e repreendeu Alexandre por querer se casar com a filha de Cária,
afirmando que ele queria uma noiva melhor para ele.  Filipe exilou quatro amigos de [38]

Alexandre, Hárpalo, Nearco, Ptolemeu e Erígio. [36][41][42]

Rei da Macedônia
Ascensão

Reino da Macedônia, 336 a.C.

No verão de 336 a.C., enquanto estava em Egas num casamento da sua


filha Cleópatra com o irmão de Olímpia, Alexandre I de Epiro, Filipe foi morto por Pausânias,
o próprio capitão de sua guarda. Enquanto Pausânias tentava fugir, ele tropeçou e foi morto
por seus perseguidores, incluindo dois companheiros de Alexandre, Pérdicas e Leonato. [43]

 Alexandre foi então proclamado rei pelos nobres macedônios e pelo exército. Tinha ele
[44]

apenas vinte anos de idade. [45]

Consolidação do poder
Agora Alexandre III, o novo rei começou seu governo eliminando potenciais rivais ao trono.
Ele mandou executar seu primo, Amintas IV. Também ordenou a morte de dois príncipes
macedônios de Lincéstida, mas poupou um terceiro, Alexandre de Lincéstida. Olímpia
mandou queimar vivas Cleópatra Eurídice e sua filha com Filipe, a criança Europa. Quando
Alexandre descobriu o que sua mãe fez, ficou furioso. Contudo, ele teve que mandar
executar Átalo, tio de Eurídice,  que comandava a vanguarda do exército na Ásia Menor.
[46] [47]
Coroação de Alexandre.

Romance do século XV

Átalo, naquela altura, estava negociando com Demóstenes sobre a possibilidade de


desertar para Atenas. Ele constantemente insultava Alexandre e depois da morte de
Cleópatra, Alexandre deve ter considerado-o perigoso demais para viver.  O rei [47]

poupou Arrideu, que afirmavam ser mentalmente incapaz na época, possivelmente como


resultado do envenenamento feito por Olímpia.   [43][45] [48]

A notícia da morte de Filipe fez com que várias cidades gregas se revoltassem contra
a Macedônia, incluindo Tebas, Atenas, Tessália e diversas tribos trácias ao norte da
fronteira macedônia. Quando notícias das revoltas chegaram a Alexandre, ele respondeu
rapidamente. Apesar de ser aconselhado a usar diplomacia, Alexandre reuniu
3 000 cavaleiros e marchou rumo a Tessália. Ele encontrou o exército tessálio em uma
passagem entre o monte Olimpo e o monte Ossa, e ordenou que seus homens marchassem
para o monte Ossa. Quando os tessalianos acordaram, encontraram Alexandre na sua
retaguarda e decidiram se render, comprometendo suas forças ao rei. Ele continuou rumo
ao sul, seguindo até o Peloponeso. [49][50][51]

Alexandre parou nas Termópilas, onde foi reconhecido como líder da Liga Anfictionia antes
de seguir até Corinto. Atenas decidiu pedir a paz e Alexandre os perdoou. O
famoso encontro entre Alexandre e Diógenes de Sinope ocorreu enquanto esses estavam
em Corinto. Quando Alexandre perguntou a Diógenes o que ele poderia fazer por si, o
filósofo pediu desdenhosamente a Alexandre que se afastasse um pouco, já que estava
bloqueando a luz do sol. Alexandre gostou da resposta, e teria dito "mas, na verdade, se eu
não fosse Alexandre, eu seria Diógenes."  Em Corinto, assim como seu pai, foi
[52]

nomeado hegemon ("Líder Supremo") da Grécia para a luta contra a Pérsia. Enquanto


estava lá recebeu notícias de uma nova rebelião na Trácia. [53][54]

Campanha na península Balcânica


Antes de partir para a Ásia para enfrentar os persas, Alexandre queria garantir a segurança
de suas fronteiras no norte. Na primavera de 335 a.C., foi reprimir várias revoltas.
Começando em Anfípolis, viajou para o leste para enfrentar os trácios e, no monte Hemo, o
exército macedônio atacou e derrotou as forças trácias na região.  As tropas de Alexandre [55]

então se lançaram sobre Tribálios, derrotando os exércitos locais as margens do rio Ligino.


 Alexandre então marchou por três dias sobre o Danúbio, encontrando tribos trácias
[56]

de Getas. Ele não teve muita dificuldade em sobrepujá-las. [57][58]

Notícias então chegaram a Alexandre que Clito, então rei da Ilíria, e Gláucias, líder
da Confederação dos Taulâncios, também estavam em revolta. Marchou então até a Ilíria,
derrotando todas as forças inimigas no caminho e botando os rebeldes em retirada. Assim a
fronteira norte estava segura.
[59][60]
Enquanto Alexandre lutava no norte, os tebanos e atenienses mais uma vez se revoltaram.
Alexandre marchou para o sul novamente. Outras cidades gregas decidiram hesitar, mas
Tebas se precipitou em batalha. Sua resistência foi, contudo, ineficaz, e Alexandre destruiu
a cidade e queimou todas as regiões vizinhas. Muitas pessoas morreram e outras milhares
foram escravizadas. Atenas e outras cidades gregas, impressionadas e assustadas,
buscaram a paz com a Macedônia.  Com a Grécia novamente firme sob seu controle,
[61]

Alexandre voltou sua atenção para a Ásia. Ele deixou seu general Antípatro como regente. [62]

Conquista do Império Persa


Ver artigo principal: Guerras de Alexandre, o Grande
"A juventude de Pela, da Macedônia e os povos da Grécia [...] juntem-se aos seus soldados e confiai-vos a mim, para que nos movamos contra os bárbaros e nos libertemos
da submissão persa, já que como gregos nós não devemos ser escravos de bárbaros."

Original (em português): Historia Alexandri Magni [63]

— Alexandre o Grande (em português)

Ásia Menor
Ver artigo principal: Batalha do Grânico

O império de Alexandre, o Grande

A 334 a.C., o exército de Alexandre cruzou o Helesponto com aproximadamente 48 100


soldados de infantaria, 6 100 na cavalaria e uma frota de 120 navios com tripulação de
38 000 homens.  Estes combatentes eram, em sua maioria, macedônios, mas também
[61]

tinham milhares de gregos de diversas cidades-estado, mercenários e tropas conseguidas


da Trácia, Peônia e Ilíria.  Ele mostrou aos seus homens sua determinação de conquistar a
[64]

Pérsia ao fincar sua lança em solo asiático e afirmar que aceitaria a Ásia como um presente
dos deuses. Isso também mostrava sua vontade de lutar, ao contraste da preferência por
diplomacia de seu pai. [61]

O primeiro grande confronto com os persas aconteceu na batalha do Grânico, a 24


de Daisios (8 de abril de 334 a.C.).  Alexandre derrotou seus adversários e aceitou a
[65]

rendição de Sárdis, a capital da província local. Ele então prosseguiu pela costa de Jônia,
garantindo a autonomia das cidades da região. A cidade de Mileto, principal foco de
resistência persa, foi cercada e conquistada. Indo mais a sul, estava Halicarnasso,
em Cária, onde um prolongado cerco foi feito. Alexandre forçou a rendição das tropas
persas, capturando o líder mercenário local, forçando assim a fuga do sátrapa de
Cária, Orontobates.  Alexandre deixou no poder na região uma membra da dinastia
[66]

hecatômnia, Ada, que o adotou. [67]

De Halicarnasso, Alexandre foi até as montanhas da Lícia e as planícies de Panfília,


assumindo o controle das cidades costeiras da Ásia Menor, negando aos persas o uso
destas como base para sua marinha. De Panfília e da costa, Alexandre moveu-se terra
adentro. Em Termesso, avançou sobre a cidade de Pisídia.  Na antiga cidade de Górdio, [68]

Alexandre "desfez" o até então insolúvel nó górdio, uma façanha que dizem esperar o futuro
"rei da Ásia".  De acordo com a história, Alexandre disse que não importava como o nó era
[69]

desfeito e apenas o destruiu com sua espada. [70]


A região do Levante e a Síria
Ver artigos principais: Batalha de Isso e Cerco de Tiro

Batalha de Isso.

Mosaico do Museu Arqueológico Nacional de Nápoles

Na primavera de 333 a.C., Alexandre cruzou de Tauro até à Cilícia. Após uma pausa devido
a uma doença, marchou até a Síria. Dario III trouxe um novo exército, bem maior, e
flanqueou os macedônios, forçando Alexandre a recuar de volta a Cilícia. Os dois se
enfrentaram na Batalha de Isso, que resultou em uma importante vitória para Alexandre.
Dario fugiu às pressas, levando ao colapso de suas forças, deixando para trás uma enorme
quantidade de tesouros, sua esposa, suas duas filhas e sua mãe Sisigambis. O rei persa
então propôs um tratado de paz que incluía a entrega aos macedônios de todos os
territórios que eles já haviam conquistado e um resgate de 10 000 talentos por sua família.
Alexandre respondeu que agora era o rei da Ásia e que apenas ele decidiria as divisões
territoriais. [71]

Alexandre prosseguiu para conquistar a Síria e a costa da região do Levante.  No ano [67]

seguinte, precisamente a 332 a.C., cercou a cidade de Tiro (atualmente no Líbano), e após


um prolongado e difícil sítio forçou a submissão da região.  Alexandre não mostrou [72][73]

piedade com a cidade, matando todos os homens em idade militar e vendendo as mulheres
e crianças como escravos. [74]

Egito
Ver artigo principal: Cerco de Gaza

Nome de Alexandre o Grande escrito em hieróglifo egípcios (escrito da direita para esquerda).

Cerca de 330 a.C., Museu do Louvre

Após esmagar a resistência persa em Tiro, a maioria das cidades na linha costeira até
o Egito rendeu-se rapidamente. Uma história notória foi reportada quando os macedônios
entraram em Jerusalém: de acordo com Josefo, foi mostrado a Alexandre uma profecia
do Livro de Daniel, presumidamente no capítulo 8, que descrevia um poderoso rei grego
que conquistaria o Império Persa. Ele poupou Jerusalém da destruição e avançou rumo ao
Egito.  O avanço na região não foi calmo, com Alexandre enfrentando resistência por parte
[75]

da cidade de Gaza. O local era fortificado e construído perto de montanhas. Os macedônios


cercaram a cidade. Os defensores resistiram mas tiveram de ceder após sofrerem pesadas
baixas.  Durante a batalha, Alexandre foi ferido. Assim como em Tiro, as forças de
[76]

Alexandre massacraram incontáveis civis e venderam milhares de outros como escravos. [77]

Alexandre entrou no Egito ao fim de 332 a.C., onde foi saudado como libertador pela
população local.  Ele foi proclamado como filho da divindade Amom pelo Oráculo de Siuá,
[78]

em território que ficava no antigo deserto da Líbia.  Mais adiante, Alexandre passou a ser
[79]

chamado de filho de Zeus-Amom e após sua morte continuou a ser tratado como uma
divindade.  Durante sua estadia no Egito, fundou a cidade de Alexandria, que viria a ser um
[80]

dos centros urbanos mais prósperos da antiguidade e capital do Egito Ptolemaico. [81]

Assíria e a Babilônia
Ver artigo principal: Batalha de Gaugamela

Com o Egito sob seu controle, Alexandre partiu, em 331 a.C., em direção
à Mesopotâmia (atual Iraque), o coração do Império Persa. Lá uma vez mais confrontou
Dario na crucial batalha de Gaugamela. Novamente, mesmo em menor número, se saiu
vitorioso e destruiu o exército inimigo.  Dario, assim como fez após outras derrotas sofridas
[82]

diante de Alexandre, fugiu em desespero. A cidade da Babilônia, capital do império, abriu


seus portões para os macedônios (para evitar ser destruída). Alexandre e seus homens
adentraram nos seus muros e ocuparam os palácios de Dario. [83]

O rei persa havia fugido e Alexandre o perseguiu, indo até Arbela. Gaugamela acabou se
tornando a batalha decisiva da campanha na Pérsia. O governo de Dario entrou em colapso
e ele não conseguiu levantar um exército novamente. O antigo rei persa fugiu
para Ecbátana (atual Hamadã). [83]

A Pérsia

Local do Portão Persa; a estrada foi construída na década de 1990

Após conquistar a Babilônia, Alexandre foi para a cidade de Susa, uma das capitais
do Império Aquemênida (Pérsia), e capturou seus lendários tesouros.  Ele então enviou o [83]

grosso do seu exército até Persépolis, usando a estrada real persa. O próprio Alexandre
ficou na vanguarda, levando um grupo de soldados e atravessou os Portões
Persas (nas cordilheira de Zagros), que eram defendidos por uma tropa comandada pelo
sátrapa Ariobarzanes. Alexandre rapidamente superou estas defesas e avançou cidade a
dentro em Persépolis, saqueando os seus tesouros. [84]

Em Persépolis, Alexandre deu permissão para que seus soldados saqueassem a cidade e
tomassem espólios pessoais.  Alexandre ficou na cidade por cinco meses.  Durante sua
[85] [86]

estadia, um incêndio começou no palácio leste de Xerxes I que se espalhou pela cidade.


Não se sabe se foi deliberado ou um acidente de um bêbado. Para alguns foi um ato de
vingança pela queima da Acrópole de Atenas durante a Segunda Guerra Greco-Persa. [87]
Queda do Império Persa e o leste

Alexandre com a touca de leão de Héracles.

Moeda de prata Museu Britânico

Alexandre continuou sua perseguição implacável a Dario, indo até Medo e a Pártia.


 Contudo, o rei persa já não controlava mais o seu destino, sendo feito prisioneiro pelo
[88]

general Besso, que era o sátrapa de Báctria e um dos seus comandantes mais confiáveis.
 Quando Alexandre se aproximou, Besso matou Dario e se proclamou seu sucessor, com o
[89]

nome de Artaxerxes V, antes de recuar até a Ásia Central com o intuito de começar uma
campanha de guerrilha contra Alexandre. [90]

Alexandre enterrou o corpo de Dario e lhe deu um funeral digno.  Ele afirmou que Dario, no
[91]

seu leito de morte, o nomeou seu sucessor para o trono persa.  A morte de Dario é
[92]

considerado o evento final do Império Aquemênida. [93]

Alexandre viu Besso como um usurpador e partiu em sua perseguição. Sua campanha,
inicialmente apenas contra Besso, se tornou uma grande aventura pela Ásia Central.
Alexandre sufocou qualquer resistência que via pela frente. No caminho, fundou cidades,
chamando-as de Alexandria também, incluindo a
moderna Candaar no Afeganistão e Alexandria Escate no Tajiquistão. A campanha levou
Alexandre e seu exército até o extremo da região de Medo, Pártia, Ária (oeste do
Afeganistão), Drangiana, Aracósia (sul afegão), Báctria e Cítia. [94]

Espitamenes, um senhor que governava uma região da Soguediana, traiu Besso em 329
a.C. e o entregou a Ptolemeu, um dos generais e amigos mais confiáveis de Alexandre.
Besso foi então executado.  Contudo, enquanto Alexandre estava em Jaxartes repelindo
[95]

uma invasão de um exército nômade, Espitamenes levantou Soguediana em revolta.


Alexandre pessoalmente comandou uma tropa e derrotou os citas na Batalha de Jaxartes e
depois se moveu contra Espitamenes, derrotando-o na batalha de Gabai. Então, os próprios
comandados de Espitamenes o assassinaram e buscaram a paz com os macedônios logo
em seguida. [96]
Problemas e complôs

O assassinato de Clito.

Por André Castaigne, 1898 ou 1899

Durante a conquista final do Império Persa, Alexandre acabou adotando alguns elementos
da cultura persa, como vestimentas e costumes na corte, mais notavelmente o prosquínese,
que incluía o beijar de mãos ou a reverência, prostrando-se diante de alguém que é
hierárquica e socialmente superior.  Os gregos aceitavam tais bajulações apenas
[97]

a deidades e acreditavam que Alexandre queria se declarar ele mesmo um deus. Muitos
dos seus compatriotas acabaram por criticá-lo e então ele acabou abandonando estas
práticas. [98]

Por volta de 330 a.C., foi descoberto um complô contra Alexandre. Um dos seus
oficiais, Filotas, foi executado por não avisar Alexandre de uma possível tentativa de
assassinato. Filotas era filho do general Parménio, que estava em Ecbátana. Alexandre
acabou por ordenar sua morte também. Em seguida ele ordenou a execução de Clito, um
outro general, que era seu amigo e que havia salvado sua vida em Grânico. Os dois teriam
brigado bêbados durante uma recepção em Maracanda (atual Samarcanda,
no Uzbequistão). Clito teria acusado Alexandre de cometer diversos erros de julgamento e,
especialmente, de ter esquecido o jeito macedônio em favor de um estilo de vida oriental
corrupto. [99]

Mais tarde, durante uma campanha na Ásia central, um segundo complô contra Alexandre
foi revelado, instigado por seus próprios pajens. Seu historiador oficial, Calístenes de Olinto,
foi implicado no complô. Ele foi morto logo em seguida vítima de tortura sistemática ou
doença. [100]

A Macedônia na ausência de Alexandre


Quando Alexandre partiu para conquistar a Ásia, ele deixou o general Antípatro, um militar e
político experiente e parte da "Velha Guarda" de Filipe II, no comando da Macedônia. A
brutal destruição de Tebas garantiu que os gregos não se rebelariam em sua ausência. Não
houve incidentes com a exceção de uma pequena revolta feita pelo rei
espartano Ágis III em 331 a.C.. Antípatro o derrotou em batalha e o matou em Megalópolis.
 Os espartanos foram posteriormente perdoados por sua traição.  Havia também muita
[62] [101]
tensão entre Antípatro e a mãe de Alexandre, Olímpia, com um reclamando ao rei a respeito
do outro. [102]

Em geral, a Grécia ficou em paz durante boa parte do reinado de Alexandre e prosperou
com os espólios da campanha na Ásia.  Alexandre enviava tesouros de volta para casa,
[103]

estimulando a economia e o comércio pelo seu novo império, que agora ia desde as ilhas
gregas até a região do Afeganistão na Ásia central.  Contudo, os constantes pedidos por [104]

tropas de Alexandre e a migração de macedônios para outras regiões conquistadas para o


império acabaram por enfraquecer a própria Macedônia, que, décadas após a morte de
Alexandre, não teve como resistir à invasão romana. [10]

Campanha na Índia
Ver artigo principal: Campanha indiana de Alexandre, o Grande

Incursões no subcontinente indiano


A falange atacando o centro das linhas inimigas durante a Batalha de Hidaspes.

Por André Castaigne, 1898 ou 1899

Após a morte de Espitamenes e o seu casamento com Roxana, que teve o objetivo de
sedimentar sua relação com as novas satrapias, Alexandre focou seu olhar
no subcontinente indiano. Ele convidou vários chefes tribais da antiga satrapia de Gandara,
no agora norte do Paquistão, para vir até ele e se submeter a sua autoridade. Onfis, o
governador de Taxila, cujo reino ia do rio Indo até ao rio Jelum, concordou, mas alguns
chefes das tribos das montanhas, incluindo os dos aspásios e assacenos, na região norte
da Índia, se recusaram. Onfis colocou o seu reino e suas tropas a disposição de Alexandre
e também entregou vários presentes. Alexandre devolveu o título de rei a Onfis e lhe
presenteou com roupas da Pérsia, ouro, ornamentos de prata, 30 cavalos e 1 000 talentos
de ouro. Alexandre dividiu suas forças, enviando Onfis para ajudar Heféstio e Pérdicas para
reconstruir as pontes sobre o rio Indo, a fim de manter suas tropas na vanguarda supridas.
Onfis então recebeu o rei macedônio em sua casa em Taxila. [105]

Nas campanhas seguintes dos macedônios, Taxiles enviou pelo menos 5 000 homens para
apoiá-los. Esse apoio foi importante na sangrenta batalha do rio Hidaspes. A incursão
contra o rei indiano Poro tinha como objetivo submeter parte da região de Utar Pradexe.
Após a vitória em Hidaspes, Alexandre ordenou então que Onfis perseguisse Poro e quando
este foi pego o rei macedônio lhe ofereceu termos favoráveis. Os dois líderes indianos
permaneceram rivais e Alexandre teve que mediar as disputas entre eles. Taxiles continuou
a ajudar os macedônios, dando-lhes suprimentos e equipamentos para a frota no rio
Hidaspes, que em troca recebeu o governo de toda a região até o rio Indo. Quando
Alexandre morreu (323 a.C.), Onfis reteve o seu poder e autoridade. [106]

No inverno de 327/326 a.C., Alexandre liderou várias campanhas contra diferentes tribos e
clãs indianos; como os aspásios no vale de Cunar, os gureanos nas marges do rio
Panjcora e os assacenos no vales de Suate e Buner.  Sangrentos confrontos foram [107]

travados com os aspásios. Mesmo com o próprio Alexandre sendo ferido em batalha, os
aspásios foram derrotados. Alexandre partiu para enfrentar os assacenos, que lutaram para
manter as cidades de Mássaga, Ora e Aornos.  O forte em Mássaga foi tomado após um [105]

curto mas violento combate, onde Alexandre foi novamente ferido (no joelho). De acordo
com o historiador Cúrcio, "não só Alexandre massacrou toda a população de Mássaga, mas
ele também destruiu todos os prédios".  Outro massacre aconteceu em Ora. Aornos (que
[108]

havia recebido milhares de refugiados) foi o último foco de resistência na região. Alexandre
sobrepujou os inimigos por lá também. [105]
Foi logo após conquistar Aornos, que Alexandre cruzou o rio Indo e lutou a
dramática batalha de Hidaspes, em 326 a.C., contra o rei Poro (que governava a região
de Panjabe).  Alexandre havia ficado impressionado com a coragem de Poro e o tornou um
[109]

aliado. Ele o apontou como um sátrapa e até lhe deu mais território que ele outrora
governava. Ter Poro, o rei mais importante da região, era crucial para ajudá-lo a controlar
um lugar tão longe da sua base de poder na Macedônia.  Alexandre ainda teve tempo de [110]

fundar duas cidades de lados opostos do rio Jelum, nomeando uma delas de Bucéfala, em
honra ao seu cavalo que morrera naquele período (de velhice).  A outra ficava [111]

em Niceia (Vitória), atualmente localizada perto da cidade de Mongue, no Panjabe. [112]

Revolta no exército

A invasão de Alexandre ao subcontinente indiano

Ao leste do reino do rei Poro, próximo ao rio Ganges, estavam o Império


Nanda de Mágada e mais a leste ainda estava os gangáridas (onde fica
atualmente Bangladexe). Com medo do prospecto de invasões de exércitos do leste e
exaustivas campanhas, várias unidades do exército de Alexandre se amotinaram nas
proximidades do rio Beás, recusando-se a marchar mais para o leste. De fato este rio
marcou a extensão máxima do Império de Alexandre Magno. [113]

Para os macedônios, contudo, a sua luta contra Poro atenuou sua coragem e deteve seus avanços na Índia. Para ter dado tudo que tinham para dar para repelir o inimigo que tinham
reunido apenas 20 000 soldados e 2 000 cavalos, eles violentamente se opuseram a Alexandre quando ele propôs continuar avançando para além do rio Ganges, a largura dos quais,
como eles aprenderam, tinha 32 furlongs, suas profundidades eram de cem braças, enquanto suas margens eram defendidas por centenas de milhares de soldados e vários elefantes
de guerra. Foi contado aos soldados macedônios que os reis dos ganderitas e présios estavam esperando com 8 000 de cavalaria, 200 000 combatentes de infantaria, 8 000 charretes e
6 000 elefantes.[114]

Alexandre tentou persuadir os seus soldados a marchar com ele para o leste, mas seu
general Ceno lhe implorou para que ele reconsiderasse e retornasse. Os homens, segundo
ele, estavam querendo voltar para suas casas, ver seus pais, suas esposas, seus filhos e
sua terra natal. Alexandre posteriormente concordou e marchou em direção ao sul,
seguindo a margem do rio Indo. Ao longo do caminho ele enfrentou e derrotou uma força
inimiga em Máli (atualmente chamada de Multan, no Paquistão) e ainda enfrentou algumas
outras tribos indianas. [115]

Alexandre enviou então boa parte do seu exército a Carmânia (atualmente sul do Irã) com o
general Crátero e enviou uma frota para explorar a região do Golfo Pérsico, enquanto o
próprio Alexandre levou o que sobrou das tropas sob seu comando de volta a Pérsia
tomando a difícil rota ao sul através do deserto de Gedrósia e Macrão.  Alexandre chegou [116]

em Susa em 324 a.C., mas havia perdido muitos soldados na travessia pelo deserto. [117]

Anos posteriores na Pérsia


Na esquerda, busto de Alexandre. Na direita, o de Heféstio, seu companheiro e amigo

Ao retornar do extremo oriente para a Pérsia, Alexandre ficou irritado ao saber que
seus sátrapas e governadores militares haviam se comportado mal durante sua ausência.
Ele então ordenou a execução de vários deles, para servirem de exemplo, enquanto ia até a
cidade de Susa.  Como um gesto de gratidão, o rei pagou as dívidas dos seus soldados e
[118][119]

anunciou que ele mandaria de volta à Macedônia os veteranos mais velhos ou deficientes,
liderados por Crátero. Suas tropas duvidaram de suas intenções e se amotinaram na cidade
de Ópis. Eles se recusaram a partir e criticaram sua adoção de costumes e vestimentas
persas, e ainda a adição de soldados e oficiais persas no seu exército e em unidades
macedônias. [120]

Após três dias, não capaz de persuadir seus homens a desistirem, Alexandre deu aos
persas postos de comando no exército e conferiu a macedônios títulos militares nas
unidades persas. Os soldados macedônios então pediram por perdão, que Alexandre
aceitou, e então fez um grande banquete para milhares de seus homens, onde comeu junto
com eles.  Em uma tentativa de criar mais harmonia entre seus súditos persas e
[121]

macedônios, Alexandre fez casamentos em massa dos seus oficiais graduados e outros
nobres em Susa, mas muitos destes casamentos não duraram muito.  Nesse meio tempo, [119]

Alexandre também descobriu que os guardas da tumba de Ciro II a haviam profanado e


ordenou a execução deles. [122]

Pintura de Alexandre, o Grande na tumba profanada de Ciro II

Depois que Alexandre viajou para Ecbátana para recuperar boa parte do grande tesouro
persa, seu grande companheiro, Heféstio, morreu (de doença ou envenenamento).  Sua [123][124]

morte foi devastadora para Alexandre e ele ordenou uma cara e grandiosa pira funerária no
meio da Babilônia para o amigo, além de ter decretado luto oficial. [123]

Uma vez na Babilônia, Alexandre começou a planejar uma série de novas campanhas
militares. Ele pretendia invadir a Arábia e talvez lançar uma incursão na Europa ocidental,
mas sua morte prematura impediu que todos os planejamentos fossem adiante. [125]

Morte e sucessão
A 10 ou 11 de junho de 323 a.C., Alexandre morreu no antigo palácio do
rei Nabucodonosor II, na Babilônia, aos 32 anos.  Existem duas versões a respeito de sua
[126]

morte. De acordo com Plutarco, cerca de quatorze dias antes de falecer, Alexandre deu
uma festa ao almirante Nearco e passou aquela noite e a próxima bebendo.  Ele teve então [127]
uma febre, que foi piorando até o ponto de não poder falar. Aos soldados comuns, ansiosos
por causa da saúde do seu rei, foi permitido passar por ele silenciosamente e acenar.  A [128]

segunda versão, de Diodoro, afirma que Alexandre passou a sofrer de fortes dores após
tomar uma enorme porção de vinho, em uma festa a Héracles. Permaneceu fraco por onze
dias; não teve febre e morreu depois de dias de agonia.  Plutarco afirmou que esta última
[129]

versão não seria verdade. [127]

O enterro de Alexandre Magno.

Pintura do século XIX

Dada a propensão da aristocracia macedônia ao assassinato,  conspirações circulam sobre [130]

as histórias de sua morte. Diodoro, Plutarco, Arriano e Justino, todos mencionam a


possibilidade de Alexandre ter sido envenenado. Justino afirma que houve uma grande
conspiração para envenená-lo, mas Plutarco nega isso,  enquanto Diodoro e Arriano [131]

apenas mencionam essa possibilidade.  Relatos afirmam que Antípatro poderia ser o líder


[129][132]

do complô, pois havia sido dispensado da posição de vice-rei da Macedônia e estava de


briga com Olímpia, mãe de Alexandre. Talvez tenha assumido que o fato dele ter sido
convocado para a Babilônia poderia ser uma sentença de morte e resolveu agir.  Antípatro [133]

teria então arquitetado o envenenamento com seu filho Iolas, que era o homem que servia
os vinhos para Alexandre.  Há quem sugira que até Aristóteles tenha participado.
[132][133] [132]

Um argumento contra a teoria do envenenamento é que houve um espaço de doze dias


entre o começo da doença e a morte; venenos que demorassem tanto para matar não
estavam disponíveis na época.  Contudo, em 2003, o Dr. Leo Schep da The New Zealand
[134]

National Poisons Centre propôs em um documentário da BBC que sua morte pode ter sido
causada por flores brancas de heléboro (Veratrum album), que são usadas como veneno. [135]

 Em 2014, o Dr. Leo Schep publicou sua teoria no jornal médico Clinical Toxicology; em
[136]

cujo artigo sugere que o vinho de Alexandre continha heléboro, uma planta conhecida pelos
antigos gregos, que produzia sintomas similares aos que foram descritos no Romance de
Alexandre. Envenenamento por heléboro demora e sugere-se que, se Alexandre realmente
tenha sido envenenado, heléboro é a causa mais provável.  Outra explicação para o [137][138]

envenenamento foi divulgada em 2010, quando foi proposto que as circunstâncias da sua
morte eram compatíveis com envenenamento pela água do rio Estige (Mavroneri) que
contém caliqueamicina, um composto perigoso produzido por uma bactéria. [139]

Muitas causas naturais (doenças) foram sugeridas para a morte de Alexandre,


incluindo malária e febre tifoide. Um artigo de 1998 da New England Journal of
Medicine atribuiu sua morte a febre tifoide complicada por uma perfuração gastrointestinal e
ascendente paralisia.  Outra análise recente indica espondilite piogênica ou meningite.  Os
[140] [141]

sintomas também são similares a outras doenças, incluindo pancreatite aguda e febre do


Nilo Ocidental.  Muitos dizem que a saúde geral de Alexandre havia declinado devido a
[142][143]

anos de bebedeiras e feridas pelo corpo devido às batalhas. A agonia que Alexandre sentiu
após perder seu grande amigo Heféstio, também lhe pode ter feito mal, segundo alguns. [140]

Após seu falecimento


O sarcófago de Alexandre

O corpo de Alexandre foi posto em um sarcófago antropoide de ouro que foi enchido com
mel, o qual foi colocado em um caixão de ouro.  De acordo com Eliano, um vidente [144][145]

chamado Aristandro teve uma visão da terra onde os restos de Alexandre deveriam


descansar onde seria "feliz e invencível para sempre".  Talvez, mais provavelmente, os [146]

sucessores podem ter visto que o local de enterro de Alexandre serviria como um símbolo
de legitimidade, já que enterrar o rei que o antecedeu era uma prerrogativa real. [147]

Enquanto o cortejo fúnebre de Alexandre ia até a Macedônia, Ptolomeu o pegou e levou o


corpo temporariamente até Mênfis.  Seu sucessor, Ptolemeu II, transferiu o sarcófago
[144][146]

para Alexandria, onde permaneceu até o fim do período conhecido como Antiguidade


Tardia. Ptolemeu IX, um dos últimos sucessores de Ptolomeu Sóter, substituiu o sarcófago
de Alexandre com um de vidro para que ele pudesse converter o antigo em dinheiro.  A [148]

recente descoberta de uma grande tumba no norte da Grécia, em Anfípolis, que data do
tempo de Alexandre, pode significar que os macedônios tinham intenções de enterrá-lo
mesmo em solo grego. Isso é plausível devido ao eventual destino da caravana do cortejo
fúnebre de Alexandre. [149]

Pompeu, Júlio César e Augusto visitaram a tumba de Alexandre Magno na cidade de


Alexandria. Foi dito que Calígula teria tirado a armadura peitoral usada por Alexandre para
seu próprio uso. O também imperador romano Septímio Severo fechou a tumba de
Alexandre para visitação pública. Seu filho e sucessor, Caracala, um grande admirador,
também visitou sua tumba durante o seu reinado. Após isso, a história do sarcófago de
Alexandre ficou nebulosa. [148]

O chamado "Sarcófago de Alexandre", descoberto próximo de Sidom (no Líbano) e agora


em amostra no Museus Arqueológicos de Istambul, é chamado assim não necessariamente
por suspeitas de ter os restos mortais de Alexandre, mas por causa dos baixos-relevos que
mostram Alexandre e seus companheiros lutando contra Persas e caçando. Inicialmente
acreditava-se que o sarcófago era na verdade de Abdalônimo (morto em 311 a.C.), o rei de
Sidom nomeado por Alexandre imediatamente após a Batalha de Isso, em 331 a.C..
 Contudo, mais recentemente, esta informação foi desacreditada.
[150] [151]

Divisão do Império
Ver artigo principal: Diádocos

Os reinos divididos pelos Diádocos em 281 a.C.: o Egito Ptolemaico (azul escuro), o Império Selêucida (amarelo), o Reino de Pérgamo (laranja) e a Macedônia (verde). Além, na esquerda, a República

Romana (azul claro), o Império Cartaginês (roxo) e o Reino de Epiro (vermelho)

A morte de Alexandre foi tão repentina que quando a notícia chegou na Grécia, muitos não
acreditaram.  Alexandre não tinha um herdeiro legítimo imediato, já que sua
[62]

esposa, Roxana, estava apenas grávida no período da sua morte. A criança, Alexandre IV,


nasceu após o seu falecimento e veio também a falecer oito anos depois.  De acordo com [152]

Diodoro, os companheiros de Alexandre perguntaram, no seu leito de morte, para quem ele
deixaria o seu império gigantesco; sua resposta lacônica foi tôi kratistôi ("para o mais forte").
[129]
Arriano e Plutarco dizem que Alexandre não tinha condições de falar, implicando que a
história do "para o mais forte" é apócrifa.  Diodoro, Cúrcio e Justino oferecem um fim mais
[153]

plausível, com Alexandre passando seu anel de sinete para Pérdicas, seu guarda-costas e


líder de sua cavalaria pessoal, em frente a testemunhas, o que teoricamente o teria feito seu
sucessor.  Pérdicas não clamou pelo poder inicialmente, sugerindo que o filho de
[129][152]

Alexandre com Roxana deveria ser o rei, com ele próprio, Crátero, Leonato e Antípatro
como guardiões. Contudo, a infantaria macedônia, sob comando do general Meleagro,
rejeitou esta ideia pois eles não teriam um papel a cumprir neste cenário. Em vez disso, eles
apoiaram o meio irmão de Alexandre, Filipe Arrideu. Eventualmente, os dois lados se
reconciliaram e depois do nascimento de Alexandre IV, ele e Filipe III foram nomeados
como reis conjuntos, ainda que apenas no nome. [154]

Dissensão e rivalidade afligiram os macedônios, contudo. As satrapias entregues por


Pérdicas na Partição da Babilônia tornaram-se bases de poder de cada general para tentar
conseguir mais poder. Após o assassinato de Pérdicas em 321 a.C., a unidade macedônica
foi quebrada e seguiram-se quarenta anos de guerra entre "Os Sucessores" (diádocos) até
que o mundo helênico alcançou certa estabilidade com uma divisão formal e prática:
os Ptolemeus no Egito, os Selêucidas na Mesopotâmia e Ásia Central,
os Atálidas na Anatólia e os Antígonos na Macedônia. Nesse meio tempo, tanto
Alexandre IV e Filipe III foram assassinados. [155]

Testamento
Diodoro afirmou que Alexandre deixou instruções em escrito para Crátero algum tempo
antes da sua morte.  Crátero começou a executar alguns de seus comandos, mas os
[156]

sucessores do seu império decidiram parar, afirmando que alguns dos pedidos eram
impraticáveis e extravagantes.  Ainda assim, Pérdicas leu o testamento de Alexandre para
[156]

as suas tropas. [62]

O texto do testamento dele pedia mais expansão territorial do império, indo para o sul e
oeste do mediterrâneo, construção de monumentos e a união das populações do ocidente e
do oriente. Também tinha:

 Construção de um monumento para a tumba do seu pai Filipe II, "que se equiparasse a


grandeza das Pirâmides egípcias"; [62]

 Construção de grandes templos em Delos, Delfos, Dodona, Dio, Anfípolis e de templos-


monumentos de Atena a Troia; [62]

 Expansão militar e conquista da Arábia e de toda a bacia do Mediterrâneo; [62]

 Circunavegação da África; [62]

 Desenvolvimento de cidades e "transporte de populações da Ásia para a Europa e da Europa


para a Ásia, com o objetivo de unir os continentes e criar unidade e amizade entre os povos por
casamentos e laços familiares"; [157]

Características
Comando
Esquema tático da Batalha do Grânico, em 334 a.C.

Alexandre passou a ser chamado de "o Grande" (Mégas Aléxandros) devido ao seu
sucesso sem paralelo como comandante militar. Ele nunca perdeu uma batalha, apesar de
quase sempre estar em menor número.  Conhecido por usar muito bem o terreno, sua
[61]

infantaria pesada (as falanges) e táticas de cavalaria, contava com a obediência de suas


tropas em suas táticas ousadas. A falange macedônica, armada com longas sarissas (de
até seis metros), havia sido aperfeiçoada por seu pai, Filipe II, através de rigoroso
treinamento, e Alexandre usou sua força, velocidade e manobrabilidade com grande efeito
contra forças inimigas maiores, como a dos persas. Alexandre também conhecia o potencial
de desunidade de exércitos diversificados, que continham diferentes línguas e armas. Ele
era conhecido por participar pessoalmente das batalhas na linha de frente, à maneira dos
reis macedônios. [158][159]

Na sua primeira grande batalha na Ásia, em Grânico, Alexandre usou uma pequena parte
das suas forças, aproximadamente 13 000 soldados de infantaria e 5 000 de cavalaria,
contra uma força persa de 40 000 homens. Ele colocou as falanges no centro e
a cavalaria e os arqueiros nos flancos, para igualar o tamanho das linhas persas, de
aproximadamente 3 km. Em contraste, a infantaria persa ficava estacionada atrás de sua
cavalaria. Isso garantiu que Alexandre não fosse flanqueado, enquanto sua falange tinha
uma clara vantagem sobre as cimitarras e lanças curtas persas. As perdas macedônias
foram muito pequenas, comparada com as persas. [160]

Esquema tático da Batalha de Isso, em 333 a.C.

Na Batalha de Isso, em 333 a.C., seu primeiro confronto direto com Dario, dispôs suas
forças da mesma maneira de Grânico e novamente ordenou que sua falange central
avançasse na vanguarda.  Alexandre pessoalmente comandou o ataque da infantaria,
[160]

colocando em retirada o inimigo.  Na batalha decisiva em Gaugamela, Dario dispôs


[158]

várias bigas para quebrar as linhas das falanges. Alexandre dispôs suas tropas em linhas,
com o centro avançando em um ângulo mais para frente, o que quebrou a coesão do
ataque inicial das bigas, obrigando-as a saírem de formação. Assim, o centro das linhas de
Dario foram quebradas e ele novamente teve que fugir para salvar a própria vida. [160]

Quando enfrentou inimigos cujas táticas eram desconhecidas a ele, como na Ásia Central e
na Índia, Alexandre rapidamente se adaptava ao novo cenário adverso e empregava novas
táticas. Assim, em Báctria e Sogdiana, Alexandre usou lanceiros e arqueiros para impedir
que o inimigo afobasse seus flancos, enquanto concentrava sua cavalaria no centro.  Na [158]

Índia, quando confrontou o rei Poros e seus elefantes de guerra, os macedônios abriram


suas linhas para envolver os elefantes e usavam suas sarissas para atacar os animais e os
seus condutores. [121]
Aparência física

Alexandre, Busto feito pelo artista grego Lísipo. Plutarco afirmou que as esculturas de Lísipo eram as mais fiéis.

Atualmente no Museu do Louvre.

Segundo o biografo grego Plutarco (c. 46–120) descreveu a aparência de Alexandre como:


A aparência exterior de Alexandre é melhor representada pelas estátuas de Lísipo, e foi por apenas este artista que o próprio Alexandre achou que poderia modelar ele. Para estas
particularidades que muitos dos seus sucessores e amigos iriam imitar, principalmente, o porte do pescoço, que era curvado ligeiramente para a esquerda, e o jeito nos olhos, o artista
tinha observado muito bem. Apeles, contudo, quando o pintava, não reproduzia esta complexidade, mas o tornou mais escuro e moreno. Considerando que ele tinha pele clara, como
dizem, essa clareza passou para vermelho no seu peito e face. Além disso, um odor muito agradável exalado de sua pele e que havia uma fragrância a respeito da sua boca e sua
carne, de modo que suas vestes estavam cheios disso, isto estava escrito nas Memórias de Aristoxeno.[161]

O historiador grego Arriano descreveu Alexandre como:


Forte e belo comandante com um dos olhos escuros como a noite e o outro azul como o céu. [162]

Em Romance de Alexandre é sugerido que Alexandre tinha heterocromia, com dois olhos de


cores diferentes cada.  O historiador britânico Peter Green descreveu assim a aparência de
[163]

Alexandre, baseado em sua interpretação de documentos antigos:


Fisicamente, Alexandre não era atraente. Mesmo pelos padrões macedônios, ele era baixo, embora atarracado e resistente. Sua barba era escassa e ele se destacava dos outros
nobres ao se apresentar sempre sem barba. Seu pescoço era de alguma forma torcido, de modo que ele parecia estar olhando para cima em um certo ângulo. Seus olhos (um azul e
outro castanho) revelava uma orvalhada, uma qualidade feminina. Ele tinha uma alta compleição e uma voz ríspida. [164]

Autores da antiguidade afirmavam que Alexandre gostava tanto dos seus retratos feitos por
Lísipo que proibiu que outros escultores fizessem retratos dele.  Lísipo usava normalmente [165]

o esquema contrapposto escultural para reproduzir Alexandre e outros personagens


como Apoxiômeno, Hermes e Eros.  As esculturas de Lísipo, famosas pela sua [166]

naturalidade, se opunham às poses rígidas e estáticas, e são creditadas como sendo as que
melhor oferecem uma ideia de como Alexandre era. [167]

Personalidade

Alexandre (esquerda) lutando contra um leão-asiático com seu amigo Crátero.

Mosaico no museu de Pela


Alexandre herdou uma personalidade forte dos seus pais. Sua mãe tinha grandes ambições
e encorajava o filho a acreditar que o destino dele era conquistar o Império Persa.  A [164]

influência de Olímpia incutiu o senso de destino nele,  e Plutarco afirmou que "manteve seu [168]

espírito sério e sublime com o passar dos anos."  Contudo, seu pai, Filipe II, era a principal
[169]

influência e modelo para Alexandre, enquanto ele observava o pai ir em campanha atrás de
campanha em sua infância, conquistando várias vitórias, ignorando ferimentos.  A relação [46]

pai e filho era competitiva no lado da personalidade; ele precisava sempre superar o pai, as
vezes mostrando um comportamento impulsivo demais em batalha. [164]

De acordo com Plutarco, um dos traços mais importantes de Alexandre era seu
temperamento violento e imprudente, impulsivo por natureza,  o que contribuiu para o seu [170]

mecanismo de tomar decisões.  Apesar de Alexandre ser teimoso e obstinado, ele não
[164]

respondia bem as ordens do pai, mas era aberto ao debate.  Ele tinha um lado mais calmo- [171]

perceptivo, logico e calculista. Ele tinha um desejo por conhecimento, amor por filosofia e
era um ávido leitor.  Ele ganhou esses interesses através de seu tutor, Aristóteles.
[172]

Alexandre era inteligente e aprendia rápido.  Sua inteligência e lado racional era [164]

demonstrado em suas habilidades e sucesso como general.  Ele tinha muito autocontrole [170]

com os "prazeres do corpo", mas era propenso a beber muito álcool sem qualquer controle.
[173]

Alexandre era erudita e um entusiasta e apadrinhador das artes e ciências.  Contudo, [169][172]

tinha pouco interesse por esportes ou pelos Jogos Olímpicos (ao contrário do pai),


buscando apenas a ideia Homérica de honra (timê) e glória (kudos).  Possuía [46][168]

muito carisma e uma personalidade forte, características que fizeram-no um grande líder.


 Sua habilidade única é demonstrada pela inabilidade que outros generais macedônios
[170]

tiveram em unir o país e manter o império após sua morte (algo que Alexandre não teve
muita dificuldade de fazer em vida). [152]

Durante seus últimos anos de vida, e especialmente após a morte do amigo Heféstio,
Alexandre começa a exibir sinais de megalomania e paranoia.  Seus feitos extraordinários, [174]

somado ao seu inefável senso de destino e a bajulação de seus companheiros, podem ter
contribuído para este efeito.  Seus delírios de grandeza ficam óbvios em seu testamento e
[175]

seu desejo de conquistar o mundo  contribuiu para esta conclusão de que sua ambição não
[174]

tinha limites. [176]

Acredita-se que ele também passou a se ver como uma divindade, ou ao menos ele parecia
querer tentar se divinizar.  Olímpia constantemente lhe dizia que ele era filho de Zeus,
[174]

 uma teoria que foi reforçada por um oráculo de Amom em Siuá.  Ele começa a se
[177] [178]

identificar como filho de Zeus-Amom.  Alexandre adotou elementos da vestimenta e


[178]

costumes persas em sua corte, mais notavelmente a prosquínese, o que levou a


desaprovação de muitos macedônios, os quais relutavam em imitar.  Esse comportamento [97]

lhe fez perder a simpatia de muitos dos seus compatriotas.  Contudo, Alexandre também [179]

era um governante pragmático que entendia as dificuldades de reinar sobre povos com
culturas tão diferentes. Muitos reinos conquistados tinham a cultura de cultuar seus reis
como deuses. Assim, alguns acreditam que seu comportamento não era necessariamente
apenas de megalomania, mas talvez uma tentativa prática de fortalecer seu reinado e
manter o império unido.   [86] [180]

Relações pessoais
Ver artigo principal: Relações pessoais de Alexandre, o Grande
Casamento de Alexandre com Barsine (Estatira) em 324 a.C.. Os dois estão vestidos como Ares e Afrodite.

Mural em Pompeia

Alexandre foi casado três vezes: com Roxana, filha do nobre Oxiartes de Báctria (um


casamento realizado por relações amorosas);  e com as princesas Estatira II, filha [181]

de Dario III, e Parisátide (casamentos por razões políticas).  Acredita-se que tenha tido dois [182]

filhos, Alexandre IV (nascido de Roxana) e, possivelmente, Héracles (que teria nascido de


sua amante, Barsine). Ele teria tido outro filho com Roxana, porém ela sofreu de um aborto
espontâneo na Babilônia. [183]

Alexandre tinha um relacionamento muito próximo com seu amigo, general e guarda-
costas Heféstio, que era filho de um nobre macedônio.  A morte de Heféstio foi [123][164][184]

devastadora para Alexandre.  Este evento pode ter impulsionado o declínio da saúde
[123][185]

física e emocional de Alexandre nos últimos meses da sua vida. [140][174]

A sexualidade de Alexandre é assunto de muita especulação e controvérsia.  Nenhuma [186]

fonte da antiguidade relata que Alexandre tinha uma relação homossexual com algum
homem, ou se a relação dele com Heféstio era sexual. Eliano, contudo, escreveu sobre a
visita de Alexandre a Troia onde ele afirma que o rei se via como Aquiles e Heféstio
como Pátroclo, sendo que estes personagens possivelmente eram amantes.  Eliano diz que [187]

Alexandre pode ter sido bissexual, o que na sua época não era algo tão controverso. [188]

O historiador Peter Green afirma que também não há muitas fontes que demonstrem
Alexandre tinha muito interesse por mulheres (ele não produziu um herdeiro até ficar mais
velho).  Contudo, ele morreu relativamente jovem (aos 32 anos), e Ogden sugere que a
[164]

vida matrimonial de Alexandre era mais impressionante que a do pai, para a sua idade. [189]

Além das esposas, Alexandre também teve várias amantes. De fato, ele tinha um harém de
mulheres disponíveis (tais como os reis persas), mas não as visitava tão frequentemente,
 mostrando auto-controle com os "prazeres do corpo".  Ainda assim, Plutarco descreve
[190] [173]

que Alexandre era devoto à esposa Roxana, não se forçando em cima dela.  Green sugere [191]

que, no contexto da época, Alexandre forjou várias amizades relativamente fortes com
mulheres, incluindo Ada de Cária, a qual o adotou como filho,  Taís de Atenas, amante de [67]

Ptolomeu e com quem Alexandre pode ter tido um relacionamento mais íntimo, e inclusive
até a mãe do seu antigo inimigo Dario, Sisigambis, que teria morrido devido à tristeza
profunda que sentiu ao ouvir que Alexandre havia falecido. [164]

Legado
Visão helênica do mundo pós-Alexandre: mapa do mundo antigo por Eratóstenes (276–194 a.C.), com informações incorporadas das campanhas de Alexandre e seus sucessores. [192]

O legado de Alexandre vai além de suas habilidades como comandante militar. Suas
campanhas aumentaram os contatos e o comércio entre o Ocidente e o Oriente, e vastas
áreas orientais foram expostas à civilização grega e sua influência. Algumas cidades que
ele fundou se tornariam grandes centros culturais, com muitas sobrevivendo até o século
XXI. Seus cronistas registraram valiosas informações durante suas marchas, enquanto os
gregos passaram a ter a noção de que eles pertenciam a um mundo maior que
o Mediterrâneo. [10]

Reinos helênicos
Ver artigo principal: Período helenístico

Talvez o maior legado imediato de Alexandre foi a introdução de um governo macedônio


para grandes faixas da Ásia. No período da sua morte, seu império se estendia
da península Balcânica até ao subcontinente indiano, somando mais de 5,2 milhões de km²,
 e era o maior império de sua época. Muitas destas áreas permaneceram sob poder ou
[193]

influência macedônia ou grega pelos próximos 200–300 anos. Os estados sucessores que


emergiram após a sua morte, pelo menos inicialmente, permaneceram a força dominante da
região e nos 300 anos seguintes ofereceram ao mundo o chamado "período helenístico". [194]

As fronteiras orientais do império de Alexandre começaram a entrar em colapso ainda


durante a sua vida.  Contudo, o vácuo de poder deixado no noroeste do subcontinente
[152]

indiano com sua morte deu a oportunidade de ascensão de uma das mais poderosas
dinastias indianas da antiguidade. O governante Chandragupta Máuria (referido em fontes
gregas como Sandrócoto), de origem relativamente humilde, tomou controle da região
de Panjabe, e se tornou a base de poder do subsequente Império Máuria. [195]

Fundação de cidades

Planta de Alexandria, por volta de 30 a.C.

Durante o curso de suas conquistas, Alexandre fundou mais de vinte cidades com seu
nome, a maioria a leste do rio Tigre. A primeira (e a maior), na verdade, foi a
própria Alexandria do Egito, que se tornou uma das grandes cidades do Mediterrâneo. Estas
cidades normalmente ficavam em importantes rotas comerciais ou boas posições
defensivas. No início, elas devem ter sido bem inóspitas, um pouco mais do que grandes
quartéis. Após a morte de Alexandre, muitos dos gregos que foram assentados lá
resolveram voltar para suas regiões de origem.  Contudo, nos séculos seguintes, muitas [196]

das Alexandrias prosperaram, com elaborados prédios públicos e populações crescentes,


que incluía gregos e habitantes de povos nativos da região. [98]

Helenização
O termo helenização foi cunhado pelo historiador alemão Johann Gustav Droysen para
denotar a expansão pelo mundo da língua, cultura e população grega para além das regiões
do Império Aquemênida após as conquistas de Alexandre.  Que essa exportação de cultura [194]

aconteceu é inquestionável e pode ser visto nas grandes cidades helênicas como, por
exemplo, Alexandria, Antioquia  e Selêucia (ao sul da atual Bagdá).  Alexandre queria
[197] [198]

inserir elementos gregos na cultura persa e tentou hibridizá-la com a cultura grega. Isso
fazia parte dos seus esforços de homogenizar a Ásia e a Europa. Contudo, seus sucessores
rejeitaram estas ideias. Ainda assim, a helenização se espalhou pela região, acompanhada
por uma distinta e oposta orientalização dos Estados sucessores. [199]

O coração da cultura helênica ficava em Atenas.    O relacionamento dos homens de toda [197] [200]

a Grécia no exército de Alexandre levou ao crescimento do dialeto comum grego (o


"Koiné"). O koiné se espalhou pelo mundo helênico, se tornando a língua franca das terras
helênicas e, posteriormente, o antepassado do grego moderno.  Além disso, planejamento [201]

urbano, educação, governo local e a arte no período helênico foram todas baseadas nos
ideais da Grécia clássica, evoluindo em novas formas distintas de helenístico.  Aspectos da [197]

cultura helênica ainda eram evidentes nas tradições do Império Bizantino em meados
do século XV. [202][203]

O império que Alexandre forjou foi o maior do seu tempo, cobrindo cerca de 5,2 milhões de km²

Alguns dos principais efeitos da helenização pode ser visto no Afeganistão e na Índia,
especialmente na região do Reino Greco-Báctrio (250 a.C.-125 a.C.) que englobava os
territórios afegão, paquistanês e tajiquistanês, além também do Reino Indo-Grego (180
a.C.–10 d.C.), nos territórios afegão e indiano.  Na nova "rota da Seda" a cultura grega [204]

hibridizou com a indiana, especialmente com a cultura budista. O resultado


do sincretismo conhecido como greco-budismo teve muitas influências no desenvolvimento
da cultura budista em geral e criou também uma nova cultura de arte greco-budista.  Os [205]

reinos greco-budistas enviaram os primeiros missionários budistas à China, ao Sri Lanka e


até ao Mediterrâneo. Algumas das primeiras e mais influentes imagens de Gautama
Buda apareceram neste período; talvez modelados igual a Apolo.  Várias tradições budistas [204]

podem ter sido influenciadas pelas religiões da Grécia Antiga: o conceito de Bodisatva é


uma reminiscência de heróis divinos gregos,  e algumas práticas cerimoniais maaianas (a [206]

queima de incenso, flores como presentes e comida nos altares) são similares as práticas
dos antigos gregos, contudo práticas similares também eram vistas em povos nativos. Um
rei grego em particular, Menandro I, provavelmente se tornou budista e foi imortalizado nas
escrituras 'Milinda'. [204]

O processo de helenização intensificou o comércio entre o ocidente e o oriente.  Por [207]

exemplo, instrumentos astronômicos gregos datados do século III antes de cristo foram


encontradas na cidade greco-bactriana de Ai-Khanoum, no moderno Afeganistão,
 enquanto o conceito grego de terra redonda cercada de planetas igualmente redondos
[208]

contrastava com a crença cosmológica de uma terra esférica com planetas em


órbita elipsoide. [207][209]

Influência sobre Roma

Um medalhão feito na época do Império Romano, demonstrando a influência de Alexandre nos romanos

Alexandre e suas façanhas eram admirados por muitos romanos, especialmente generais,


que queriam se associar com seus feitos. Políbio começou sua obra Histórias relembrando
aos romanos os feitos de Alexandre. Muitos líderes políticos e militares romanos se
comparavam com Alexandre Magno, usando-o como modelo. O general e
cônsul Pompeu também adotou o epíteto "Magno" ("Grande") e até tentou copiar o estilo de
cabelo de Alexandre. Ele ainda costumava usar uma capa vermelha, assim como
Alexandre, como um sinal de grandeza. [210]

Júlio César chegou a construir uma estátua equestre de bronze em honra a Alexandre mas


depois substituiu sua cabeça pela dele próprio, enquanto o imperador Augusto chegou a
visitar a tumba dele em Alexandria. Trajano também admirava muito Alexandre, assim
como Nero e Caracala.  Os Macrianos, uma família romana que sob a liderança
[210]

de Macrino rapidamente ascendeu ao trono imperial romano, usava roupas que lembravam


Alexandre e também tinha várias peças dele. [211]

Por outro lado, alguns escritores romanos, particularmente na era republicana, usavam
Alexandre como um conto preventivo de como tendências autocráticas podem ser
colocadas em xeque com valores republicanos romanos. Mas na maioria dos casos,
Alexandre era retratado como um exemplo de líder com valores como "amizade" (amicita) e
"clemência" (clementia), mas também "raiva" (iracundia) e "excesso de desejo de glória"
(cupiditas gloriae). [212]

Lenda
Relatos lendários cercaram a vida de Alexandre, provavelmente encorajados por ele
mesmo.  Seu historiador cortesão Calístenes retratou o mar na Cilícia como desenhado de
[213]

volta para ele em prosquínese. Escrevendo logo depois da morte de Alexandre, outro
participante, Onesícrito de Astipaleia, inventou um cortejo entre Alexandre e Taléstris, a
mítica rainha das Amazonas. Quando Onesícrito leu esta passagem para seu patrão, o
general de Alexandre e depois rei Lisímaco relatadamente brincou, "Eu me pergunto onde
estava naquele momento." [214]

Nos primeiros séculos da morte de Alexandre, provavelmente em Alexandria, certa


quantidade de material lendário foi agrupado em um texto conhecido como o Romance de
Alexandre, depois falsamente atribuído a Calístenes e portanto conhecido como "Pseudo-
Calístenes". Este texto sofreu numerosas expansões e revisões através da Antiguidade
e Idade Média, contendo muitas histórias dúbias,  e foi traduzido em numerosas línguas. [213] [215]

Legado na Antiguidade e na cultura moderna

Alexandre, o Grande em um manuscrito bizantino do século XIV

Os feitos de Alexandre, o Grande e o seu legado são retratados em diversas culturas.


Alexandre está na cultura popular desde sua era até os dias atuais. O Romance de
Alexandre, em particular, teve um impacto profundo sobre a forma como o rei macedônio é
retratado nas culturas, da Pérsia até a da Europa medieval até a Grécia Moderna. [215]

Alexandre já considerava a si mesmo como o "Rei da Ásia" logo após sua vitória em Isso,
um conceito fortalecido após seus sucessos posteriores.  Nos documentos babilônios, ele [216]

era referido como o "Rei do Mundo" (já que "Rei da Ásia" não tinha significado na geografia
pelos habitantes da Babilônia).  Alexandre também é chamado de Cosmocrátor
[217]

(kosmokrator, "governador do mundo") na obra Romance de Alexandre. [218]

Alexandre é figura presente no folclore da Grécia moderna, mais do que qualquer outra
figura histórica.  A forma coloquial do seu nome em grego moderno ("O Megalexandros") é
[219]

um nome familiar.  Santo Agostinho, no seu livro A Cidade de Deus, reafirmou a parábola
[220]

de Cícero que mostrava Alexandre, o Grande era pouco mais do que um líder de um bando
de ladrões:

Imagem persa pós-islâmica mostrando Khidr e Alexandre olhando a Água da Vida reviver um peixe salgado
"E então se a justiça for deixada de fora, o que são reinos além de um bando de ladrões?
Pois o que são um bando de ladrões, se não pequenos reinos? O grupo também é um
bando de homens governados por ordens de um líder, ligados por um pacto social, e seu
espólio é dividido de acordo com uma lei que concordaram. Por repetidamente adicionar
homens desesperados, essa praga cresce ao ponto de controlar territórios e estabelecer um
local fixo, controlando cidades e subjugando pessoas, em seguida, mais conspicuamente
assume o nome de reino e então este nome é dado abertamente a ele, não por qualquer
subtração de cupidez, mas pela adição de impunidade. Pois foi uma elegante e verdadeira
resposta que fez Alexandre o Grande por um certo pirata que ele havia capturado. Quando
o rei perguntou o que ele estava pensando, que ele deveria molestar o mar, ele respondeu
com uma independência desafiadora: 'O mesmo que você quando você molesta o mundo!
Já que eu faço isso de um pequeno navio eu sou chamado de pirata. Você o faz com uma
grande frota e te chamam de imperador'." [221]

Na literatura em persa médio pré-islâmica, Alexandre é referido pelo epíteto gujastak, que


significa "amaldiçoado", e ele foi acusado de destruir templos e queimar documentos
sagrados do zoroastrismo.  No Irã islâmico, sob influência da obra Romance de
[222]

Alexandre (em farsi: ‫اسکندرنامه‬, lit. 'Iskandarnamah'), uma visão mais positiva de Alexandre


emerge.  Em Épica dos Reis de Ferdusi cita Alexandre na linhagem de
[223]

legítimos xás (governantes) do Irã, uma figura mítica que explorou até os cantos do mundo
em busca da "fonte da juventude".  Escritores persas posteriores associaram ele com
[224]

filosofia, o retratando como figuras conhecidas como Sócrates, Platão e Aristóteles, na


busca por imortalidade.[223]

Na versão siríaca de o Romance de Alexandre o retratam como um conquistador cristão


ideal que rezava ao "verdadeiro Deus".  No Egito, Alexandre é retratado como um filho
[223]

de Nectanebo II, o último faraó antes da conquista do país pela Pérsia. A derrota que


Alexandre infligiu ao rei Dario III é relatado como a salvação do Egito.
[225]

A figura de Dhul-Qarnayn (literalmente "Aquele de dois chifres") mencionado no Corão é


acreditado por acadêmicos como uma representação de Alexandre, devido aos paralelos
com a obra Romance de Alexandre.  Nesta tradição, ele era uma figura histórica que
[223]

construiu uma muralha para defender contra as nações de Gogue e Magogue. Ele então
viajou o mundo em busca da 'Água da Vida e Imortalidade', eventualmente se tornando um
profeta. [225]

Nas línguas hindi e urdu, o nome "Sikandar", que deriva do persa, denota o surgimento de


um jovem talento. Na Europa medieval, ele é membro dos "Nove da Fama", um grupo de
heróis que encapsulavam todas as qualidades ideais de cavalheirismo. [226]

Historiografia
Além de poucas inscrições e fragmentos, textos escritos por contemporâneos de Alexandre,
que o conheceram pessoalmente, ou pelos que tomaram como base relatos diretos de seus
subordinados estão todos perdidos. Entre os contemporâneos que escreveram os feitos de
sua vida estão o historiador das campanhas de Alexandre, Calístenes; os generais
Ptolomeu e Nearco; Aristóbulo, um jovem oficial; e ainda Onesícrito, um timoneiro de
Alexandre. A maioria do trabalho deles foi perdido com o tempo, mas pesquisas feitas na
antiguidade em cima destas fontes sobreviveram. Um dos primeiros historiadores não
contemporâneos a escrever sobre Alexandre, citando como fonte trabalhos de pessoas que
conheceram ele, foi Diodoro Sículo (século I a.C.), seguido por Quinto Cúrcio
Rufo (no século I), Arriano (século I e II), o biografo Plutarco (século I e II), e
finalmente Marco Juniano Justino, cujo trabalho foi feito no século IV. Destes, os relatos de
Arriano são geralmente considerados os mais confiáveis, já que ele usou textos de
Ptolomeu e Aristóbulo como fonte. Diodoro também é citado como uma ótima fonte dos
fatos.
[10]
Referências
O Que é Idolatria na Bíblia?

 Daniel Conegero

Idolatria é a adoração a ídolos que implica em tudo aquilo que se coloca no lugar da adoração a Deus. Quando estudamos o que é idolatria, percebemos que sua
pratica é um pecado claramente repreendido e punido por Deus em toda a Bíblia.

O que significa idolatria?


A palavra idolatria significa “culto a ídolos”. Essa palavra é uma transliteração do termo grego eidololatria, que é formado por duas palavras: eidolon e latreia.
A primeira palavra, eidolon, significa “imagem” ou “corpo”, no sentido de representação da forma de algo ou alguém, seja imaginário ou real. Essa palavra deriva do
grego eido, que significa “ver”, “perceber com os olhos”, “conhecer” ou “saber a respeito”, sobretudo transmitindo a ideia de “olhar para algo” e “saber por ver”.
A segunda palavra é latreia, e significa “serviço sagrado” no sentido de “prestar culto” ou “adorar”. Quando unimos esses conceitos, podemos entender o significado da
palavra idolatria.
Assim, a idolatria implica no culto ou adoração a algo ou alguém, tanto material como imaterial, real ou imaginário, que caracteriza a atribuição de honra a falsos deuses,
sobretudo pela materialização de tais objetos de adoração em produtos fabricados pelo próprio homem.

O que é um ídolo? É apenas uma imagem de escultura?


Apesar da imagem de escultura ser a principal representação das práticas idólatras, a idolatria vai muito além do que simplesmente adorar imagens. ´

Qualquer coisa pode se tornar um ídolo para o homem caído no pecado, como por exemplo, um estilo de vida, um emprego, um carro, uma marca comercial, o
dinheiro, filosofias humanas (como o naturalismo, o humanismo e o racionalismo), práticas ocultas e espiritualistas, etc.
Assim, devemos entender que um ídolo é tudo aquilo que obtém a lealdade e a honra que pertencem exclusivamente a Deus (Is 42:8).
Falando especialmente sobre imagem de escultura, a Bíblia ensina que qualquer imagem é uma simples obra humana, uma mera imitação formada a partir de matéria sem
vida, que não pode ouvir, falar, enxergar ou se mover (Sl 115; Am 5:26; Os 13:2; Is 2:8), e, portanto, sua adoração é uma loucura perante Deus.

A adoração a ídolos reflete tamanha ignorância humana que, em Isaías 41:6, lemos que as pessoas ajudam umas às outras na fabricação de ídolos em sua rebelião contra
Deus, porém tais ídolos são impotentes diante do Deus Soberano, e não podem livrar tais pessoas do juízo divino.

No Antigo Testamento, o povo de Israel, por exemplo, chegou a levantar imagens e eleger símbolos como alvos de adoração em representação a Deus, mas tal prática não
foi aprovada pelo Senhor (cf. 1Rs 12:26-33; 2Rs 18:4; Am 4:4,5; Os 10:5-8).

O apóstolo Paulo escreveu dizendo que o ídolo “nada é no mundo”, mas que por traz da adoração ao ídolos existe uma adoração demoníaca (1Co 8:4; 10:19,20).

O homem como um ser idólatra


Depois da Queda do homem, a idolatria passou a ser um pecado constante na humanidade decaída. Desde muito cedo o homem busca por manifestações materiais da
presença divina.
Por sua natureza deprava e corrompida, o homem começou procurar substituir a adoração ao verdadeiro Deus pela adoração a um deus falso, fabricado para satisfazer sua
própria concupiscência pecaminosa.
Assim, ao longo do tempo a humanidade já adorou uma enorme quantidade e variedade de falsos deuses, como por exemplo:

 O culto à elementos naturais: pedras, montanhas, rios, árvores, fontes, etc. Aqui também vale menção à adoração às forças da natureza, como as tempestades, água,
fogo, ar e a própria terra.

 O culto aos animais: cobras, touros, águias, bezerros, etc. Às vezes também combinava-se figuras de animais com formas humanas, o que é conhecido como
teriomorfismo.

 O culto à elementos astrais: sol, lua e estrelas.

 O culto a homens do passado: antepassados que foram heróis locais para um determinado povo.

 O culto à conceitos abstratos: a sabedoria, justiça, etc.

 O culto à pessoas poderosas: reis e imperadores eram adorados por seus súditos como um tipo de divindade. No primeiro século, por exemplo, o culto ao imperador
romano foi instituído, e tal prática representou grande perseguição para a Igreja. O livro do Apocalipse revela muito desse fundo histórico.

A idolatria na Bíblia
Do Antigo ao Novo Testamento vemos como as pessoas sempre se envolveram com a idolatria. Na história do povo de Israel, vemos que as práticas idólatras foram
adotadas pelos israelitas principalmente por influência de nações vizinhas, como os egípcios, cananeus e os povos assírio-babilônicos.
De forma geral, essas nações eram politeístas e adoravam os mais diversos deuses, enquanto o povo hebreu deveria ser inegociavelmente monoteísta. Vemos esse
princípio logo na convocação de Abraão, quando Deus lhe ordenou que saísse do meio da idolatria tipicamente politeísta que havia em Ur dos Caldeus.
Mais tarde, enquanto o povo hebreu esteve no Egito, houve um grande interesse pelos ídolos egípcios (Js 24:14; Ez 20:7,8). As próprias pragas enviadas pelo Senhor
também representavam juízos contra os deuses egípcios (Nm 33:4).

A idolatria após Israel sair do Egito


Os dois primeiros mandamentos proíbem expressamente a prática da idolatria (Êx 20:1-5; Dt 5:7,8; Lv 19:4), onde inclusive a confecção de qualquer tipo de imagem de
escultura é explicitamente reprovada pelo Senhor.
Existem vários exemplos de práticas idólatras entre o povo hebreu que desagradou ao Senhor, como por exemplo, o bezerro de ouro, um ídolo criado por Arão a pedido
do povo como um tipo de representação de Jeová enquanto Moisés estava na montanha do Sinai (Êx 32).

Obviamente a figura do bezerro estava fundamentada na ideia de divindade que eles tinham adquirido durante os anos no Egito, onde touros sagrados eram comumente
honrados.

Na verdade, essa passagem expressa muito bem o real propósito e significado da idolatria, que consiste em desviar a honra e adoração do verdadeiro Deus a um ídolo
qualquer, atribuindo até mesmo as obras de Deus a esse ídolo.
Perceba que o povo pediu para que Arão fizesse “um deus que nos conduza” (Êx 32:1), e depois do ídolo já estar pronto, os israelitas começaram prestar-lhe culto alegando
ter sido ele que os tirou da terra do Egito (Êx 32:4,8).
A adoração prestada a esse bezerro de ouro possuía os elementos de um culto pagão. O povo se despiu e começou a dançar e cantar diante daquela imagem (Êx
32:6,18,19,25). O termo saheq, empregado em Êxodo 32:6 e traduzido como “folgar”, transmite a ideia de atos e gestos sexuais (cf. 1Co 10:7,8).
Em Deuteronômio 17 lemos que a idolatria era uma ofensa tão abominável que deveria ser punida com a morte do transgressor. É interessante que o texto inclui não
apenas a adoração de imagens de ídolos, mas também a adoração ao sol, à lua ou “a todo o exército do céu” (Dt 17:3).
A idolatria no tempo dos juízes
Após a morte de Josué e da geração que com ele entrou na Terra Prometida, surgiu uma nova geração que não conhecia o Senhor, e começou a prestar culto a outros
deuses (Jz 2:10-13).
Por conta disso, o Senhor permitiu que invasores castigassem aquele povo, e sempre que os israelitas partiam para uma batalha, a mão do Senhor era contra eles (Jz
2:14,15).

Foi nesse cenário que Deus levantou os juízes de Israel para libertar o povo das mãos das nações inimigas e chamá-lo ao arrependimento. No entanto, mesmo assim o
povo não ouviu os juízes, e continuaram a se prostituir com outros deuses (Jz 2:16,17).
A Bíblia diz que sempre que o Senhor levantava um juiz, Ele estava com aquele juiz e o povo de Israel era liberto das mãos dos opressores, mas quando o juiz morria
novamente o povo voltava à idolatria de uma forma ainda mais perversa (Jz 2:18,19).
Por esse motivo Deus permitiu que as nações vizinhas não fossem expulsas daquela terra, fazendo delas um instrumento de juízo contra Israel (Jz 2:20-23).

A idolatria no tempo dos reis e profetas


No tempo dos reis de Israel houve grande idolatria. Após a morte de Davi e Salomão, o reino de se dividiu em duas partes, o Reino do Norte (Israel) e o Reino do Sul (Judá).
Ainda nos dias do rei Salomão, a prática da idolatria pôde ser notada em Israel. As fortes práticas de comércio internacional fizeram com que, pelo contato com outros
povos, a idolatria entrasse no meio do povo.
Até mesmo o próprio rei Salomão, o homem que recebeu a incumbência de construir o Templo do Senhor, em sua velhice começou a praticar a adoração mista, seguindo
outros deuses para satisfazer suas esposas estrangeiras (1Rs 11:4).
Já com o reino dividido, as práticas idólatras foram frequentes entre o povo. Talvez o melhor exemplo que podemos usar aqui é a idolatria introduzida por Jezabel durante
o reinado de seu marido, Acabe.
O rei Acabe reinou sobre o Reino do Norte, mas as praticas idólatras de sua família contaminaram também o Reino do Sul, quando sua filha casou-se com o filho do rei
Josafá de Judá, e esse casamento trouxe graves consequências que quase extinguiram a casa de Davi.
No tempo do rei Acabe e Jezabel, a adoração a outros deuses levou a um massacre dos profetas do Senhor, e até mesmo os altares a Jeová foram destruídos. Tais práticas
foram duramente confrontadas pelo profeta Elias.
No entanto, a idolatria em Israel foi tão grande que até mesmo as gerações posteriores foram influenciadas por ela.
Podemos notar claramente a repreensão do Senhor a tais práticas pelo ministério dos profetas, que chamavam o povo ao arrependimento e anunciavam o juízo iminente,
como fez, por exemplo, os profetas Oseias, Miqueias, Amós, Habacuque, Isaías, Jeremias e outros.
Finalmente, por conta de toda desobediência aos mandamentos do Senhor e da idolatria praticada, o povo de Israel foi entregue nas mãos de outras nações. O Reino do
Norte caiu perante a Assíria, e o Reino do Sul caiu perante o Império Babilônico do rei Nabucodonosor.
Assim, a Bíblia claramente aponta para o fato de que o cativeiro assírio e o cativeiro babilônico foram consequências da idolatria dos israelitas e de sua prostituição no
paganismo.
Tanto o povo babilônico quanto o povo assírio cultuavam uma grande variedade de deuses, tendo para praticamente tudo uma divindade representante, isso porque para
eles também não havia nenhum problema em absorver as divindades das nações que eles próprios subjugavam, e adicioná-las à suas próprias práticas religiosas.

Durante todo esse período, desde a época dos juízes até os tempos de exílio, alguns dos deuses cultuados pelo povo foram: os muitos baalins dos cananeus, Ishtar dos
babilônios e assírios, Astarote e Baal dos sidônios, a deusa cananita Aserá, Quemos dos moabitas, Moloque dos amonitas, dentre outros.
A idolatria no Novo Testamento
Se no Antigo Testamento a idolatria é fortemente censurada e reprovada, o mesmo acontece no Novo Testamento. Com o avanço da pregação do Evangelho entre
as nações gentílicas, os cristãos precisaram discutir questões relacionadas à idolatria (At 15:20; 1Co 8; 10; 1Pe 4:3; Ap 2:14,20).
No capítulo 1 da Carta aos Romanos, Paulo escreveu sobre as vãs filosofias humanas que muda “a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem
corruptível, e de aves, e de quadrúpedes, e de repteis” (Rm 1:23).
No Novo Testamento, qualquer um que adora deuses pagãos ou que coloca qualquer outra coisa numa posição mais elevada do que Senhor, depositando uma confiança
que só deve ser demonstrada a Ele, é chamado de idólatra.
Existem várias exortações para que os cristãos não se associem com as práticas idólatras e fujam terminante da idolatria (1Co 10:7,14; 1Jo 5:21).
O Senhor Jesus alertou também para o perigo da adoração às riquezas, que personifica o dinheiro como um senhor, mamom, e torna o homem infiel. Jesus foi claro ao
dizer que não se pode servir a Deus e as riquezas (Mt 6:24; Lc 16:13), e o mesmo também foi ensinado pelo apóstolo Paulo que colocou a avareza e a idolatria em conexão
(Cl 3:5; Ef 5:5).
A idolatria é apontada por Paulo como sendo uma obra da Carne, associada também a outras concupiscências e práticas malignas, como a bruxaria e a imoralidade sexual
de todo tipo (Gl 5:19,20; cf. Rm 16:18; Fp 3:19).

Qual o perigo da idolatria?


Se no Antigo Testamento podemos ler sobre as duras punições que o povo de Israel sofreu devido a sua idolatria, no Novo Testamento lemos exortações claras sobre o
grande perigo da idolatria.
De forma bem direta, a Palavra de Deus nos diz que quem pratica a idolatria não herdará o reino de Deus (1Co 6:10; Ap 22:15), bem como que a punição para os
idólatras será a condenação no lago de fogo por toda a eternidade (Ap 21:8).

Existe idolatria nas igrejas?


Infelizmente sim. Um falso evangelho tem sido pregado e seu principal fundamento é a idolatria. As pessoas estão procurando amuletos na tentativa de materializar o
poder de Deus, e com isso introduzem misticismos e superstições entre os cristãos.

É fácil encontrar pessoas que se apegam a rosas, líquidos supostamente consagrados como água e azeite, lugares que alegam ser sagrados, e uma infinidade de outros
produtos desenvolvidos para abastecer o poderoso mercado gospel, que sustenta verdadeiros artistas e animadores de palco.

As pessoas idolatram também seus próprios líderes, que reivindicam sobre si uma espécie de unção especial de Deus para guiar tais pessoas a uma vida de milagres.

Claro que a Palavra de Deus esclarece que tais líderes são “doutores” levantados pelos homens conforme suas próprias concupiscências, pois não suportam a sã doutrina.
Tais pessoas estão com os ouvidos desviados da verdade, e o evangelho que seguem não passa de fábulas (2Tm 4:3,4).

É comum também encontrar alguém que, muitas vezes por falta de ensinamento, idolatra coisas legítimas que não deveriam ser idolatras, como por exemplo, os próprios
elementos da Ceia do Senhor.

É possível fugir da idolatria?


Vivemos em uma sociedade completamente contaminada por práticas pagãs. As pessoas elegem como deus qualquer coisa que lhes satisfaça. Diante disso, muita gente se
pergunta se é possível se abster completamente das práticas idólatras, num tempo em que até mesmo o próprio estilo de vida é cultuado.

A resposta bíblica para esse pergunta é muito clara. E possível sim não se envolver em práticas idólatras!
Na Palavra de Deus temos vários exemplos de homens que não sucumbiram à idolatria. Mesmo em tempos onde a idolatria predominou sobre o povo, Deus sempre teve
um remanescente fiel que não dobrou os joelhos perante os falsos deuses (1Rs 19:18).

Assim como Abraão ouviu o chamado do Senhor e entendeu que só há um Deus sobre os céus e a terra, o criador de tudo, e que somente Ele é o único digno de ser
adorado, o profeta Daniel, em plena Babilônia no centro do paganismo, nos mostrou que é possível adorar o verdadeiro Deus sem se corromper (Dn 1; 6).
O mesmo também fez seus amigos Misael, Hananias e Azarias que preferiram a fornalha de fogo a se dobrar perante a estátua levantada por Nabucodonosor (Dn 1; 3).
Com isso, aprendemos que muitas vezes se opor e denunciar a idolatria pode nos custar uma fornalha, uma cova de leões ou um período de isolamento (cf. 1Rs 17), mas
o mais importante é sempre podermos viver a verdade presente nas palavras do salmista: “Eu te louvarei, de todo o meu coração; na presença dos deuses a Ti cantarei
louvores” (Sl 138:1).
a condenação no lago de fogo

O Que é o Inferno na Bíblia?

 Daniel Conegero
O inferno é um lugar de intenso sofrimento que, segundo a Bíblia, serve de habitação para todos aqueles que foram condenados ao castigo eterno.
A Bíblia se refere ao inferno tanto em seu estado atual, onde os ímpios já estão sob tormento enquanto aguardam a ressurreição de seus corpos, como em seu estado final
(também chamado de “lago de fogo”), onde os ímpios juntamente com o diabo e seus anjos serão eternamente castigados após o julgamento final.

Existe muita discussão e algumas dúvidas entre os cristãos acerca deste assunto. Portanto, neste texto iremos analisar alguns pontos importantes a respeito do que a Bíblia
diz sobre o que é o inferno. Este será um texto um pouco longo, mas necessário para que possamos fazer um estudo bíblico completo sobre o assunto.

O que é o inferno? O inferno é real? O que a Bíblia diz sobre ele?


A doutrina bíblica acerca da realidade do inferno é muito clara, e por mais que pareça aterrorizante não deve ser negada.

Ao mesmo passo que a Bíblia ensina que a vida eterna dos redimidos ao lado de Deus no novo céu e nova terra será tão gloriosa que é inimaginável para nós na
atualidade, ela também ensina que o tormento eterno dos ímpios no inferno é tão terrível que foge à nossa compreensão.
Existem realmente muitas referências bíblicas que apontam para o inferno como um lugar real onde os ímpios e os anjos caídos serão atormentados.
Apesar de a doutrina acerca do inferno não aparecer tão detalhada nos livros do Antigo Testamento como aparece no Novo, há muitos textos que apontam para esse
lugar. Um dos exemplos que podemos utilizar é a passagem de Salmos 73:17-19, onde Asafe, num questionamento sobre o sofrimento dos justos e a prosperidade dos
ímpios, entende o quão terrível é o destino do ímpio quando morre, pois eles caem em ruína, são destruídos de repente, completamente tomados de pavor. Aqui
podemos entender que o sofrimento do ímpio está sendo descrito deste o estado intermediário onde ele aguarda o juízo final, até sua condenação definitiva no lago de
fogo.
Já no Novo Testamento, encontramos várias passagens bíblicas que falam explicitamente sobre a realidade do inferno (Mt 5:22; 8:12; 13:42,50; 18:9; 22:13; 24:51; 25:30,41-
46; Lc 16:23; 1Ts 5:3; 2Ts 1:7-9; 2Pe 3:7; Jd 1:13; Ap 20:10 e outras).
Nas passagens citadas acima, podemos notar que na maioria delas é o próprio Jesus quem está ensinando. Portanto, negar a existência do inferno consiste em negar o
ensino do próprio Senhor. Podemos notar que os apóstolos também ensinaram acerca do inferno, com destaque ao Apóstolo João que descreveu detalhes importantes
no livro do Apocalipse.

O que significa inferno?


A palavra inferno é de origem latina e significa “profundezas”. Essa palavra não aparece originalmente na Bíblia, mas foi utilizada para traduzir quatro termos originais
nas Escrituras, sendo eles: Sheol, Hades, Gehenna e Tártaro.
Estes quatro termos possuem diferentes significados e aplicações, porém se tratando do inferno em seu estado final, ou seja, o lugar de condenação eterna após o juízo
final, Gehenna é o termo que aparece no Novo Testamento para designá-lo.
A palavra Gehenna é uma adaptação grega do hebraico Ge’hinnom, que significa “Terra de Hinom”, referindo-se a um vale no lado sul de Jerusalém onde eram oferecidos
sacrifícios humanos ao deus pagão Moloque.
Mais tarde, esse ele passou a ser o lugar de incineração do entulho que vinha de Jerusalém, ficando constantemente um fogo acesso ali. Nos Evangelhos, Jesus utilizou a
figura desse lugar para se referir ao local de castigo dos ímpios, pois seus ouvintes sabiam muito bem todo o contexto histórico de abominações que cercava aquele vale.

Logo, eles entenderam a severidade da condenação e o sofrimento do ímpio. Para saber mais, leia o texto: O que significa Hades, Sheol, Gehenna e Tártaro?

Como é o inferno?
Ao longo do tempo esta pergunta tem sido respondida com muita imaginação e fantasia, mas pouquíssima verdade bíblica. Principalmente nos últimos anos, com a
divulgação de várias “experiências e visões” de pessoas que alegam ter visto ou estado lá, praticamente foi desenhada a planta do inferno, com uma riqueza de detalhes
impressionante.
Porém, tais descrições não são inéditas, ao contrário, desde a literatura apocalíptica do século 2 d.C. já é possível encontrar relatos semelhantes acerca do inferno. Talvez o
texto mais detalhado dessa época seja o apócrifo Apocalipse de Pedro, que trás uma descrição acerca das bem-aventuranças no céu, e os castigos por tipo de pecados no
inferno.
Vale ressaltar que o autor desse livro não é o apóstolo Pedro, e o texto possui sérias contradições com as Escrituras, sendo a principal delas a negação da punição eterna.
O pensamento medieval acerca do inferno foi diretamente influenciado por esse tipo de texto, ficando explicito tanto na literatura como nas obras de arte. É importante
sabermos disso para entendermos que as “visões” que são vendidas como best-sellers na atualidade, nada mais são do que as velhas histórias recontadas com um pouco
mais de ficção e apelo sensacionalista.
As pessoas possuem uma aptidão natural para inventarem teorias que respondam suas próprias curiosidades. Ao procurarem detalhes específicos sobre o inferno que a
Bíblia não fornece, pessoas especialistas em relatar o macabro, deram um jeito nisso, e ofereceram suas próprias “revelações divinas”.

Todo cristão verdadeiro deve ter a convicção de que a Bíblia é a única genuína revelação da Palavra de Deus. É nossa regra de fé e prática, infalível e inerrante. Assim, tudo
o que precisava ser revelado por Deus a nós está nela, e ela não precisa de novos apêndices, anexos ou revisões. Se tais visões sobre o inferno contradizem claramente
as Escrituras, então elas precisam definitivamente ser rejeitadas.
Como já foi dito, a Bíblia não fornece tantos detalhes específicos sobre o inferno, porém o que está escrito nela já é o suficiente para entendermos tamanho terror que
cerca esse lugar. A Bíblia descreve o inferno como sendo:
 Um lugar onde o fogo nunca se apagará (Mt 3:12; 18:8; Mc 9:43; Lc 3:17; Jd 1:7).

 A fornalha de fogo (Mt 13:42,50).

 Um lugar de “choro e ranger de dentes” (Mt 24:51).


 O lugar preparado para o diabo e seus anjos (Mt 25:41).

 Um lugar onde o verme que atormenta o ímpio nunca morre (Mc 9:48).

 O lugar da destruição eterna (2Ts 1:9).

 O lugar das mais densas trevas (Jd 1:13).

 Um lugar onde há tormento “com fogo e enxofre“, e a fumaça desse tormento sobe pelos séculos dos séculos (Ap 14:9-11).
 Um lugar onde o castigo é constante, não cessando nem de dia nem de noite (Ap 20:10).

 O lago de fogo que arde com enxofre (Ap 21:8).

Resumindo, podemos dizer que o inferno é real, é um lugar de terrível lamento, de castigo e destruição eterna para os ímpios, Satanás e seus anjos.

O diabo governa o inferno?


Uma das crenças mais populares acerca do inferno é a de que Satanás é o rei e governante do inferno. Lá ele manda e desmanda, domina e atormenta as almas
perdidas enquanto se diverte com o sofrimento delas.
Todavia, o ensino bíblico é exatamente o contrário. Satanás com seus anjos não governa o inferno. Na verdade ele próprio será sentenciado ao tormento eterno no lago
de fogo (Ap 20:10).
O inferno não é um lugar que foi criado para servir de império para o diabo, ao contrário, ele foi criado para servir como o lugar de castigo para ele e seus agentes (Mt
25:41). No inferno, Satanás não poderá atormentar ninguém, muito menos ser o governante do lugar, pois ele mesmo estará experimentando um terrível castigo.

Deus está presente no inferno?


Talvez depois do tópico acima tenha ficado uma dúvida: Se o diabo não governa o inferno, quem é que governa? Bem, a resposta para isso, por mais que seja chocante
para alguns, é uma só: Deus!
Algumas pessoas entendem erroneamente que o inferno é um lugar onde Deus está ausente, mas não é isso que a Bíblia ensina. Primeiro, devemos enfatizar que Deus é
onipresente, ou seja, está presente em todos os lugares (Sl 139:7-12).

A questão é que, nem sempre, a presença de Deus em todos os lugares é uma presença de amor. O céu é um lugar maravilhoso porque Deus está lá em todo seu amor, e o
inferno é um lugar terrível porque Deus está lá em toda sua ira. Sim, Deus está presente no inferno, e o governa com toda sua ira (Hb 10:31; 12:29; Ap 6:16).

Onde o fica o inferno?


Durante a Idade Média surgiu um entendimento comum de que o inferno ficava em algum lugar abaixo da terra, ou nas próprias profundezas da terra mesmo. Sobre isso,
definitivamente a Bíblia não nos relata nada sobre a localização do inferno. Tudo que sabemos é que ele existe, mas não sabemos onde fica.

Como é o castigo no inferno?


Antes de tudo, precisamos entender que não se deve tomar de forma exclusivamente literal as figuras que retratam o tormento do inferno nas Escrituras.

Muitas vezes os símbolos são utilizados na Bíblia para descreverem algo incompreensível a nossa capacidade humana. Porém, apesar da linguagem ser simbólica, a
realidade do inferno será ainda mais terrível do que os símbolos a descrevem.

Um exemplo disso é a própria expressão de Jesus ao dizer que no inferno “o seu verme não morre, e o fogo não se apaga” (Mc 9:48). Essa é uma clara referência ao vale de
Hinom, servindo como figura do tormento no inferno. Como já dissemos, nesse vale eram queimados os entulhos de Jerusalém, e sempre havia restos de animais que eram
jogados ali para se decomporem. Assim, o verme não morria e o fogo não se apagava.
Ainda antes de falarmos sobre o castigo no inferno, devemos salientar que, conforme já vimos, Satanás não será o responsável por castigar os condenados ao inferno, ao
contrário, é a justiça de Deus que exige tal punição, e a sua ira que executa a sentença.
Embora a Bíblia não descreva os detalhes da punição dos ímpios de acordo com seus pecados, ela nos descreve de forma geral como será essa punição. Bem
resumidamente, podemos organizar da seguinte forma:

1. O castigo no inferno é a exposição à ira de Deus: certamente essa é a condenação mais terrível que pode existir. Imagine o quão aterrorizante é passar a eternidade
experimentando a ira de Deus como um “fogo consumidor” (Hb 12:29; cf. Hb 10:27,31; Rm 2:5; Jo 3:36).
O Apóstolo João nos informou que os ímpios “tomarão do vinho da ira de Deus que se foi derramado sem mistura no cálice da sua ira; e será atormentado com fogo e enxofre
diante dos santos anjos e diante do Cordeiro” (Ap 14:10).
2. O castigo no inferno resulta em terrível dor: somente no Evangelho de Mateus, Jesus descreve pelo menos seis vezes os ímpios chorando e rangendo os dentes sob o
castigo no inferno (Mt 8:12; 13:42,50; 22:13; 24:51; 25:30). Obviamente eles choram, se lamentam profundamente e rangem os dentes pela terrível dor que sentem.
3. O castigo no inferno é consciente: nossos corpos atuais, geralmente quando submetidos a uma situação de terrível dor e trauma, acabam “apagando” (ou
desmaiando). Porém isso não ocorre no inferno.
Durante o estado intermediário, isto é, o período em que os mortos aguardam a ressurreição de seus corpos para o dia do juízo, os ímpios são afligidos terrivelmente em
suas almas estando eles conscientes. Isso é um ensino claro na Parábola do Rico e Lázaro (Lc 16:19-31).

Depois de terem seus corpos ressuscitados, os mesmo ímpios serão condenados ao inferno em seu estado final, onde sofrerão, tanto em seus corpos como em suas almas,
o castigo pelos seus pecados (Ap 20:11-15).
4. O castigo no inferno reflete a separação: o Apóstolo Paulo, escrevendo aos Tessalonicenses, ensinou que os ímpios ficarão em perdição eterna, “banidos da face do
Senhor e da glória do seu poder” (2Ts 1:9).
Certa vez Jesus falou que os ímpios ouvirão as seguintes palavras: “Apartai-vos de mim” (Mt 7:23). O castigo no inferno implica que o condenado será excluído
permanentemente da presença de Deus em graça e amor, ou seja, não terão de forma alguma comunhão com Ele.
Em Mateus 25:30, Jesus diz que os ímpios serão “lançados nas trevas exteriores“. Isso significa que eles serão privados de tudo o que é bom, valioso e agradável (Rm 2:8-12).
Eles não participarão do banquete com Abraão, Isaque e Jacó, ficaram de fora das bodas de casamento, baterão na porta, mas ela não será aberta (Mt 8:11,12; 22:13; 25:10-
13; Lc 13:28).
Se por um lado o castigo no inferno mostra essa terrível separação, por outro também mostra uma difícil união. No inferno, o ímpio habitará para sempre com o diabo
e seus anjos (Mt 25:41; Ap 20:10,15).

Todos recebem o mesmo castigo no inferno?


A Bíblia nos diz que o castigo no inferno não é igual para todos, ou seja, há graus diferentes de sofrimento. Esses graus de sofrimento basicamente são determinados
pela quantidade de conhecimento acerca da vontade de Deus que uma pessoa recebeu, e as obras que praticou em vida.
Jesus deixa esse ensino claro na conclusão de uma de suas parábolas, ao dizer: “E o servo que soube a vontade do seu senhor, e não se aprontou, nem fez conforme a sua
vontade, será castigado com muitos açoites; Mas o que a não soube, e fez coisas dignas de açoites, com poucos açoites será castigado. E, a qualquer que muito for dado, muito
se lhe pedirá, e ao que muito se lhe confiou, muito mais se lhe pedirá” (Lc 12:47,48).
Em outra ocasião, Jesus ensinou o mesmo princípio de que haverá mais rigor no julgamento de uns do que de outros (Mt 11:21-24). Isso não significa que haverá
absolvição à parte da obra de Cristo, ao contrário, até mesmo os que nunca ouviram o Evangelho serão condenados. Não há inocentes diante de Deus (Sl 143:2; 1Co 15:22;
Rm 5:12-19).
Na Carta de Paulo aos Romanos, lemos que os ímpios, com a perversidade de suas obras, estão “entesourando ira para si mesmos“, e no dia da revelação do justo
julgamento de Deus, Ele “retribuirá a cada um conforme o seu procedimento” (Rm 2:5,6).
A palavra “entesourando” pode ser traduzida como “acumulando” é a mesma expressão utilizada por Jesus quando ele aconselha os santos a “acumular tesouros no céu”
(Mt 6:20). Logo, assim como os salvos, ao obedecerem a Deus acumulam tesouros no céu, os ímpios, ao desobedecerem e rejeitarem a Palavra de Deus, acumulam ira para
si mesmos.

O castigo no inferno é eterno?


A resposta para essa pergunta demanda um texto exclusivo a ela. Não porque ela é de difícil compreensão, ao contrário, a Bíblia a responde claramente, mas porque muitas
seitas e pensamentos heréticos defendem exatamente o contrário do que a Bíblia diz.

Porém, para que nosso texto não fique excessivamente longo, entenderemos bem resumidamente a discussão acerca do assunto. Alguns defendem a doutrina do
aniquilismo, que prega que no final o ímpio, Satanás e os demônios deixarão de existir. Eles serão punidos durante um tempo, mas depois serão definitivamente
exterminados.
Outros defendem a doutrina do universalismo, que consiste na ideia de que no final Deus salvará a todos, até mesmo Satanás e seus anjos (alguns universalistas negam
esse ponto). Tal como no aniquilismo, no universalismo os maus serão punidos durante um tempo, e depois serão salvos por Deus.
Ambas as teorias, além de interpretarem de forma completamente equivocada a questão dos atributos de Deus, não encontram base bíblica alguma. A Bíblia é clara ao
afirmar que a punição no inferno é eterna (Mt 3:12; 18:8; Mc 9:43; Lc 3:17; Jd 6,7; Ap 14:9-11; 19:3; 20:10; cf. Dn 12:2).
Devemos entender que quando a Bíblia diz que o ímpio será destruído, essa destruição não significa aniquilação, isto é, que eles deixarão de existir. O que a Bíblia ensina é
que o ímpio sofrerá uma “destruição eterna” (2Ts 1:9), ou seja, ele estará eternamente perdido em horror e desesperança, não terá mais oportunidade, só lhe restará o
lamento e o ranger de dentes, para sempre será atormentado, e a fumaça de seu tormento subirá pelos séculos dos séculos (Ap 14:11; 19:3; 20:10) A expressão “pelo século
dos séculos” no Apocalipse literalmente significa “pelas eras das eras”, no sentido de que é algo infinito.
Por fim, em Mateus 25:46 temos uma passagem determinante. Nela, é descrito o tormento dos ímpios no inferno e a alegria dos santos no céu. A palavra original utilizada
para descrever tanto a duração da bem-aventurança dos salvos como a duração do castigo dos ímpios é exatamente a mesma.

Logo, se o tormento no inferno não durar para sempre, então a alegria ao lado de Deus também não durará. Se o inferno não for eterno, o novo céu e nova terra
também não será. A eternidade do inferno é uma exigência da justiça de Deus. Devemos nos lembrar de que através do inferno a glória de Deus também é
manifestada.

O inferno no estado intermediário e final


Quando os homens morrem, eles entram no que chamamos de “estado intermediário”. Esse é o estado de existência desencarnada, ou seja, a alma é separada do corpo e
fica aguardando a ressurreição.

Durante esse período, a alma dos salvos parte para estar com Cristo no céu, onde reina com Ele e descansa das tribulações terrenas (Fp 1:23), enquanto a alma dos
ímpios vai para o lugar de tormento, isto é, o inferno em seu estado intermediário (Lc 16:19-31; 2Pe 2:9).
A grande diferença da punição no estado intermediário e no estado final é a ausência do corpo no estado intermediário, e a presença do corpo no estado final. A
Bíblia ensina que haverá o dia em que os ímpios e os justos ressuscitarão.
No caso do ímpio, ao ser condenado no juízo final, ele será lançado no inferno em seu estado final, isto é, o lago de fogo, e será atormentado não só em sua alma, mas
também no seu corpo ressuscitado. Apesar do ímpio já experimentar o tormento no estado intermediário, é após a ressurreição que ele receberá os graus de castigo por
ocasião do julgamento final.
Também vale ressaltar que não existe nenhuma fundamentação bíblica para qualquer doutrina que ensine a possibilidade de escapar do castigo no estado intermediário,
como é o caso da doutrina do purgatório. A Bíblia é suficientemente clara ao dizer que depois da morte vem o juízo (Hb 9:27; cf. Lc 16:19-31). O convite da salvação é
ofertado em vida. Saiba mais sobre isso no texto: Jesus desceu ao inferno e pregou aos mortos?

A importância da doutrina sobre o inferno


A realidade sobre o inferno é raramente pregada na maioria das Igrejas. Parece que existe muita relutância e pesar quando falamos sobre a punição eterna, mas não
deveria ser assim, pois apesar de ser um tema muito difícil para nós, ele é extremamente necessário.

Aqui vale mais uma vez relembrar que Jesus, nosso Salvador, foi quem mais pregou acerca do inferno. Também precisamos sempre ter mente a verdade de que Deus é
justo, e jamais condenaria alguém a um castigo que não merecesse. Portanto, o castigo que o homem recebe é com base na retidão da justiça de Deus.

As pessoas que vão para o inferno, são sentenciadas a esse destino devido a suas próprias escolhas, pois ignoraram a glória de Deus e rejeitaram a Sua providencia em
favor do pecado do homem através da obra de Cristo na cruz (Jo 3:18-21; Rm 1:18,24,26,28,32; 2:8; 2Ts 2:9-12).

Na doutrina sobre a realidade do inferno, devemos enxergar a graça e a misericórdia de Deus que adverte o pecador a se voltar para Cristo e encontrar nele salvação.
As Obras da Carne

 Daniel Conegero
As obras da carne são pecados graves que resultam da natureza pecaminosa do homem. Foi o apóstolo Paulo quem apresentou uma lista uma lista de praticas
denominadas por ele como “obras da carne” ao escrever para os cristãos da Galácia (Gálatas 5:20,21). Neste estudo bíblico conheceremos quais são as obras da carne e qual
o significado de cada uma delas.

O que significa “obras da carne”?


Para entendermos o significado da expressão “obras da carne”, precisamos primeiramente entender a forma com que o apóstolo Paulo utiliza a palavra “carne” em suas
epístolas. No Novo Testamento, “carne” o grego sarx, O apóstolo usa esse termo em pelo menos três sentidos:
1. Num sentido geral, se referindo simplesmente à humanidade.

2. Num sentido mais específico, se referindo ao aspecto físico e material da vida humana.

3. Num sentido ainda mais específico, se referindo à natureza humana depravada e corrompida pelo pecado. Neste caso inclui a mente e a alma do homem.

Falando sobre as obras da carne no capítulo 5 da Carta aos Gálatas, é evidente que Paulo está aplicando a palavra “carne” para se referir à natureza humana pecaminosa.
Inclusive, ele estabelece um contraste especial entre “carne” e “Espírito”, do grego pneuma.

O que são as obras da carne?


Neste ponto já ficou claro que as obras da carne são vícios originados da própria natureza humana caída. Antes de falarmos sobre quais são as obras da carne, precisamos
entender que a lista apresentada na Carta aos Gálatas possui semelhanças com outras listas também elaboradas por Paulo em outras ocasiões (Romanos 1:18-32; 13:13; 1
Coríntios 5:9-11; 6:9; 2 Corintios 12:20,21; Efésios 4:19; 5:3-5; Colossenses 3:5-9; 1 Tessalonicenses 2:3; 4:2-7; 1 Timóteo 1:9,10; 6:4,5; 2 Timóteo 3:2-5; Tito 3:3,9,10).

A referência de 2 Coríntios 12:20,21, por exemplo, possui notável semelhança com a lista apresentada em Gálatas 5:19-21, apesar de também haver algumas diferenças
naturais.

Na lista registrada em Gálatas, a qual estamos estudando aqui, o apóstolo mencionou quinze elementos reputados como “obras da carne”. Devemos também notar que
esta relação é representativa, ou seja, não pretende ser exaustiva. Isto significa que o apóstolo selecionou algumas práticas pecaminosas para representar as obras da carne.
Isto fica claro ao final da lista das obras da carne, quando o próprio apóstolo conclui dizendo: “e coisas semelhantes a estas” (Gálatas 5:21).
A seleção de itens apresentada por Paulo apresenta algumas sobreposições. Isto significa que há elementos que, de alguma forma, por sua similaridade, se repetem. No
entanto, depois te termos que a lista das obras da carne é representativa, podemos perceber que de modo mui sábio o apóstolo organizou os quinze itens citados nesta
lista em quatro grupos principais. Estes grupos praticamente representam a base da qual todos os outros pecados derivam. São eles:

 Pecados relacionados à imoralidade: prostituição, impureza e lascívia.

 Pecados relacionados aos falsos deuses: idolatria e feitiçaria.

 Pecados relacionados à rivalidade: inimizades, porfias, ciúmes, iras, discórdias, dissensões, facções e invejas.

 Pecados relacionados aos excessos: embriaguez e glutonaria.

Análise das obras da carne


Podemos fazer as seguintes considerações sobre as obras da carne citadas por Paulo:

1. Prostituição: também podendo ser traduzido como imoralidade, é um termo utilizado pelo apóstolo em outras passagens (1 Coríntios 5:1; 6:13,18; 7:2; 2 Coríntios 12:21;
Efésios 5:3; Colossenses 3:5; 1 Tesalonicensses 4:3) e que se refere a toda espécie de relações sexuais ilícitas.
2. Impureza: um conceito bastante abrangente que está diretamente ligado à imoralidade. Este conceito inclui não só as ações, mas também as palavras, pensamentos e
intenções impuras.
3. Lascívia: uma palavra que também pode ser traduzida como indecência ou libertinagem, e que também foi utilizada por Paulo em outras epístolas (Romanos 13:13; 2
Coríntios 12:21; Efésios 4:19). Este termo enfatiza, principalmente, a falta de domínio próprio, onde a pessoa se entrega totalmente aos seus próprios desejos
pecaminosos sem qualquer decência. Saiba mais sobre o que significa lascívia.
4. Idolatria: um termo que não se refere apenas à adoração de imagens. A idolatria inclui toda prática de adoração e culto à falsos deuses, pessoas, objetos ou a qualquer
coisa que desvie a adoração ao verdadeiro Deus. Aqui também há uma ligação com os pecados relacionados à imoralidade, visto que no paganismo da época havia
muitos cultos e rituais completamente fundamentados na imoralidade sexual.
5. Feitiçaria: esta palavra traduz o termo grego pharmakeia, que basicamente não possui conotações morais. Palavra “farmácia” em português, por exemplo, deriva deste
mesmo termo através do latim. Este termo grego pode ser traduzido como “droga” (remédio), “veneno” ou “poção”, enfatizando a manipulação destes elementos.
Assim, na antiguidade e também na época de Paulo, uma pessoa que manipulava drogas era muitas vezes identificada como um “mago”. Portanto, o termo é aplicado
pelo apóstolo no sentido de bruxaria, onde pessoas buscam em fórmulas, poções e encantamentos, um poder sobre-humano, refletindo a fé num tipo de magia ao
invés da confiança em Deus. O apóstolo aplicou este termo em estreita conexão com a idolatria.
6. Inimizades: se refere à hostilidade e antipatia (cf. Efésios 2:16).
7. Porfias: se refere a disputas, discórdias, rixas, busca pela superioridade sobre os outros e contendas (cf. Romanos 1:29; 13:13; 2 Coríntios 12:20; Filipenses 1:15; 1
Timóteo 6:4; Tito 3:4).
8. Ciúmes: Paulo menciona este termo em conexão com as “disputas” (cf. Romanos 13:13; 1 Coríntios 3:3; 2 Coríntios 12:20). Isto significa que o ciúme do qual o apóstolo
fala, está relacionado ao egocentrismo que reflete o ressentimento e a inveja pela realização de outras pessoas.
9. Iras: o apóstolo segue o mesmo raciocínio do vício anterior quando aplica este termo. Ele está diretamente relacionado às inimizades, porfias e ciúmes que resultam
certamente em explosões de ira (cólera).
10. Discórdias: aplicado no sentido de “ambições egoístas”, isto é, disputas pelo poder. Esse tipo de comportamento resulta sempre em reações contrárias às opiniões de
outras pessoas (cf. Romanos 2:8; 2 Coríntios 12:20; Filipenses 1:17; 2:3).
11. Dissensões: resulta das discórdias mencionadas acima, ou seja, os homens levados por motivos egoístas buscam honras para si mesmos a qualquer custo (cf. Romanos
16:17).
12. Facções: também aparecem como resultado natural da sequência de vícios descrita pelo apóstolo, onde grupos se formam e tramam uns contra os outros ameaçando a
unidade da Igreja. Esse comportamento implica em intrigas partidárias (cf. 1 Coríntios 11:19). O termo utilizado por Paulo aqui é o grego hairesis, “heresia”. Saiba mais
sobre o que é heresia.
13. Inveja: se refere ao sentimento de descontentamento pelo o que o outro é ou possui. Esse é um tipo de sentimento que leva a pessoa a consumir-se (cf. Romanos 1:29;
Filipenses 1:15; 1 Timóteo 6:4; Tito 3:3). Na Bíblia encontramos vários textos que apontam para o perigo da inveja, como no caso da morte de Abel por Caim, ou na
forma com que José foi tratado pelo seus irmãos.
14. Embriaguez: se refere às manifestações de descontrole e intemperança ocasionados por bebidas embriagantes (cf. Romanos 13:13; Lucas 21:34).
15. Glutonaria: o termo aplicado por Paulo se refere ao estilo de vida desenfreado e extravagante, que pode ser traduzido nas típicas orgias do paganismo da época.

Qual o perigo das obras da carne?


O apóstolo Paulo faz uma grave exortação quanto ao perigo das obras da carne. Sobre isso, ele escreve que “não herdarão o reino de Deus os que tais coisas
praticam” (Gálatas 5:21).
Com isto o apóstolo está dizendo que quem não vive segundo o Espírito, ou seja, quem se entrega às práticas da natureza pecaminosa, não participará da consumação do
reino de Deus quando Cristo voltar. Essas pessoas não serão excluídas do reino porque suas obras foram más, visto que a salvação não é por obras, mas serão excluídas
porque suas obras demonstraram que na verdade elas nunca foram regeneradas verdadeiramente.

Por que Paulo citou exatamente esses vícios como obras da carne?
Como já dissemos, a lista das obras da carne é representativa. Portanto, ela representa todos os vícios e práticas comuns da natureza humana pecaminosa. Apesar disto,
bons expositores do Novo Testamento concordam que o apóstolo mencionou esses itens específicos porque naquele contexto era necessário que fossem mencionados.
Isto significa que alguns destinatários da Epístola aos Gálatas ainda lutavam contra a prática destes males.

Além disso, tal lista também pertence à exposição feita por ele sobre a superioridade do verdadeiro Evangelho da graça frente ao falso evangelho. Esse falso evangelho era
pregado pelos legalistas que insistiam que apenas a fé em Cristo Jesus não era suficiente para prover a salvação.

Em outras palavras, Paulo estava enfatizando que o julgo e as restrições do legalismo não eram capazes de nos fazer obedecer à vontade de Deus e renunciar as obras da
carne. Então ele ensina que somente Espírito Santo é quem pode nos capacitar a viver para Cristo da maneira correta. Saiba mais sobre o que é o fruto do Espírito.
Ao falar sobre as obras da carne, Paulo também está nos advertindo sobre o equilíbrio entre a liberdade e a responsabilidade. Nós nunca devemos confundir a liberdade
que desfrutamos em Cristo frente às restrições da Lei, com a libertinagem. Nós somos livres, mas jamais devemos ser libertinos. A verdadeira liberdade em Cristo pode ser
vista no fruto do Espírito, enquanto a libertinagem pode ser vista nas obras da carne.
O Que Significa Mamom na Bíblia?

 Daniel Conegero
Mamom é um termo que aparece na Bíblia para se referir a bens terrenos. A palavra Mamom é uma transliteração do aramaico mamon e significa literalmente
“dinheiro” ou “riqueza”. Neste texto estudaremos o uso e o significado da palavra Mamom na Bíblia.

O uso do termo Mamom na Bíblia


Originalmente o termo Mamom é aplicado no texto bíblico do Novo Testamento quatro vezes, sendo elas: Mateus 6:24 e Lucas 16:9,11,13. Apesar de ser uma transliteração
do aramaico, a origem ou derivação desse termo é desconhecida.

Em algumas versões da Bíblia para o português, o termo “Mamom” já não aparece mais, sendo utilizado então o seu próprio significado, ou seja, no lugar
de Mamom aparecem as palavras “dinheiro” ou “riquezas”.
No Sermão do Monte no Evangelho de Mateus (cap. 6:24), Jesus ensinou que uma pessoa não pode servir “a Deus e a Mamom”, ou seja, nesse caso Mamom aparece
como um tipo de personificação das riquezas e possessões, que aqui incluem: dinheiro, propriedades, alimentos, roupas, etc.
Assim, tais riquezas são apresentadas como um senhor a quem alguém pode servir e amar, e desta forma, por comprometer o coração e o serviço de quem as possui,
é que não se pode servir a ambos, isto é, a Deus e às riquezas (Mamom). Logo, Jesus está se referindo a um tipo de cobiça que corrompe o coração do homem e o
afasta de Deus.
Na referência do Evangelho de Lucas (cap. 16:13), Jesus repete exatamente o mesmo ensino do Sermão do Monte na conclusão da Parábola do Administrador Infiel. Nos
versículos anteriores (vers. 9 e 11), Jesus usou a expressão “Mamom da injustiça”, ou seja, “riquezas da injustiça”. Essa expressão é aplicada para transmitir a ideia de
“ganho desonesto” ou “posses de origem iníqua” e revela toda cobiça egocêntrica do homem.

Apesar de Jesus ter falado essas palavras aos seus discípulos (cf. Lc 16:1), a texto nos informa que os fariseus, que eram avarentos, também ouviram o ensino do Senhor e
começaram a zombar dele. A atitude dos fariseus, amantes das riquezas, apenas demonstrou na prática a realidade do ensino transmitido por Jesus.
Em Lucas 12:15 aprendemos que os homens ajuntam riquezas achando encontrar nelas segurança para suas vidas, mas o que acabam de fato encontrando é a
escravização nela. Por outro lado, novamente no Sermão da Montanha no Evangelho de Mateus, podemos notar que na sequencia do texto Jesus aponta para a soberania
de Deus no cuidado para com aqueles buscam Seu reino e Sua justiça, de modo que estes não precisam se preocupar com o amanhã acumulando riquezas para si, pois
Deus garante o necessário de que precisam para sobreviver.
Na Bíblia nós encontramos exemplos de pessoas que amaram e serviram a Mamom, como Judas Iscariotes, por exemplo, que o apóstolo João relata que era um
ladrão hipócrita (Jo 12:6). Além disso, sua devoção a Mamom pôde ser vista nitidamente quando ele traiu Jesus em troca de 30 moedas de prata (Lc 22:3-6).
Quanto a nós, verdadeiros seguidores de Cristo, não podemos colocar nossos corações em Mamom, ao contrário, devemos seguir o exemplo do apóstolo Paulo e
reputar qualquer ganho, posses terrenas ou prestígio como perda “pela excelência do conhecimento de Cristo” (Fp 3:8) entendendo “que em todas as coisas Cristo tenha a
primazia”(Cl 1:18).
O Que é Hipocrisia? O Que Significa Ser Hipócrita?

 Daniel Conegero
Hipocrisia significa “falsidade”, “fingimento”, “dissimulação”. Logo, o hipócrita é o individuo que finge ser aquilo que não é, ou seja, ele simula a bondade e as
qualidades que de fato ele não tem. Neste texto veremos qual o significado de hipocrisia e o que é um hipócrita, tendo como base os textos bíblicos onde tal conceito é
aplicado.

Etimologia e significados de hipocrisia e hipócrita


As palavras hipocrisia e hipócrita derivam do vocábulo grego hypokrites, que de forma primaria significa um “ator”, ou seja, o termo hipócrita era aplicado a um ator
no palco de um teatro no contexto da dramaturgia grega.
Assim, o mesmo termo traduzido também como hipocrisia começou a ser aplicado metaforicamente àquela pessoa que finge ser o que na realidade não é, ou seja, ela
atua na vida real como se estivesse em um papel no teatro. Portanto, mesmo na literatura grega secular o hipócrita pode significar uma pessoa fingida, que pratica o
engano, colocando a hipocrisia como um comportamento indesejável.

Hipocrisia e hipócrita no Antigo Testamento


No Antigo Testamento esse conceito de “fingimento” e “falsidade” da forma com que é aplicado aos termos hipocrisia e hipócrita não existia exatamente. O que acontece é
que a raiz hebraica hnp foi traduzida algumas vezes em nosso idioma como hipocrisia, porém na Septuaginta (versão grega do Antigo Testamento) os termos
gregos anomos, “criminoso”, um paralelo a poneros, “perverso” e asebes, “ímpio”, foram utilizados ao invés de hypokrites.
No entanto, uma tradução do livro de Jó posteriormente incluída na Septuaginta traduziu o termo hebraico hanep do verbo hanap, que significa “corromper”,
como hypokrites (Jó 34:30; 36:13).
O termo hanep no livro de Jó é aplicado para se referir a alguém radicalmente contrário a Deus, alguém que não se lembra d’Ele, ou seja, ao ímpio. Isso é bem interessante
pois parece indicar que os judeus que falavam grego já aplicavam o termo hypokrisis além do seu conceito metafórico onde uma pessoa finge o que não é.

Hipocrisia e hipócrita no Novo Testamento


A última observação que fizemos no tópico acima é bastante útil para entendermos a forma com que o conceito de hipocrisia e hipócrita é aplicado no Novo
Testamento. O termo “hipócrita” aparece traduzido em 18 ocorrências nos discursos de Jesus, enquanto “hipocrisia” parece outras duas vezes.
Em tais passagens as palavras do Senhor geralmente se referem, de alguma forma, aos fariseus e escribas (Mt 7:5; 23:28; Lc 12:1,56; 13:15; etc). Entretanto, quando
analisamos algumas passagens paralelas podemos perceber que Jesus acusou aqueles religiosos de algo bem mais profundo do que um simples fingimento. Às vezes, em
tais passagens paralelas encontramos expressões como “sua maldade” e “sua astúcia” como equivalente a expressão “sua hipocrisia” (Mc 12:15; cf. Mt 22:18; Lc 20:23).

Apenas em Lucas 20:20 o verbo grego hypokrino é aplicado com o significado original de “fingimento” ou “atuação em um papel”. Na ocasião, os escribas e os sacerdotes
enviaram espias que fingiam sinceridade com o intuito de prender a Jesus.
Além dos Evangelhos, o termo hypokrisis aparece pelo menos três vezes. A primeira é quando o apóstolo Paulo advertiu o apóstolo Pedro por sua “dissimulação” ao
primeiramente sentar-se a mesa com os irmãos gentios em Antioquia e depois censurá-los diante do grupo de irmãos que vieram da parte de Tiago, fazendo com que até
mesmo Barnabé fosse influenciado por tal dissimulação.
O mesmo apóstolo Paulo escrevendo a Timóteo revelou que “o Espírito expressamente diz que nos últimos tempos apostatarão alguns da fé, dando ouvidos a espíritos
enganadores, e a doutrinas de demônios; Pela hipocrisia de homens que falam mentiras […]” (1Tm 4:1,2).
O apóstolo Pedro também advertiu que o cristão verdadeiro precisa se despojar de toda a hipocrisia (1Pe 2:1). Ainda no Novo Testamento, pelo menos seis vezes
ocorre o termo grego anupokritos que é traduzido como “sem hipocrisia” (Tg 3:17) “não fingindo” (Rm 12:9) e “sincero” (2Co 6:6; 1Tm 1:5; 2Tm 1:5; 1Pe 1:22).
Nações gentílicas

O Que Significa Gentios?

 Daniel Conegero
Os gentios na Bíblia basicamente eram as pessoas que não pertenciam ao povo de Israel. A palavra gentios aparece muitas vezes na Bíblia, do Antigo ao Novo Testamento.
Mas dependendo do contexto, o significado de gentios pode apresentar algumas variações. Neste estudo nós iremos entender um pouco melhor sobre quem eram os
gentios, e qual é o significado e aplicação desse termo nos textos bíblicos.

O significado de “gentios” na Bíblia


De forma geral, gentios significa “nações”, e esse era o sentido originalmente aplicado a esse termo. Entretanto, no decorrer da narrativa bíblica, a palavra “gentios” adquiriu
um sentido restrito, principalmente para designar os pagãos. Isso significa que o termo hebraico goyim, e o termo grego ethnos (ou hellenes), são traduzidos ora como
“nações”, ora como “pagãos”, e ora como “gentios”.
Dessa forma, algumas vezes a palavra “gentios” é aplicada para se referir a todas as nações não judaicas, sem representar alguma antipatia ou aversão. Outras vezes é
aplicado no sentido de enfatizar o paganismo das outras nações. Então nesse último caso o termo “gentios” passa a ser similar ao termo “pagãos” (2 Reis 16:3; Esdras 6:21;
Salmos 9:5,15,19).

Primeiramente, no livro de Gênesis a palavra “gentios” (heb. goyim, em algumas traduções “nações”) foi utilizado sem distinção na divisão entre os descendentes dos filhos
de Noé: Sem, Cam e Jafé (Gênesis 10:5,20,31). Apesar de o contexto de tal passagem bíblica refletir os ideais espirituais do futuro Israel, em Gênesis 10 o termo é aplicado
simplesmente com ênfase nas nações.
Ainda em Gênesis, na aliança que Deus estabeleceu com Abraão, vemos como seus descendentes passaram a ser distinguidos das outras nações (Gênesis 12:2,3; 18:18;
22:18; 26:4). Os descendentes de Abraão seriam uma nação eleita, escolhida pelo próprio Deus, e responsáveis por ensinar outras nações acerca dos mandamentos do
Senhor (Êxodo 19:4-6; Deuteronômio 26:5).
Com base nesse princípio, a nação de Israel sempre é descrita na Bíblia como a nação do Senhor (Salmos 106:5). Já os demais povos são denominados simplesmente como
“as nações”, ou seja, os gentios (Isaías 60:3; Atos 13:47).

Como as nações que não conheciam ao Senhor estavam cada vez mais mergulhadas na idolatria e na corrupção, a expressão “os gentios” (ou “as nações”) passou a ser
aplicada principalmente de uma forma que enfatizava o estado idólatra e pervertido daqueles povos. Então para os israelitas, os gentios eram considerados meramente
pagãos (Salmos 9:5; 10:16).

O problema dos gentios para Israel


Ao longo do Antigo Testamento, diversas vezes notamos como os israelitas eram tentados a se misturar com as práticas idólatras e imorais praticadas pelos gentios (1 Reis
14:24). Muitas vezes os hebreus se esqueciam de que eram um reino de sacerdotes do Senhor; por isso eles atraiam sobre si mesmos os juízos de Deus (2 Reis 17:7;
Ezequiel 5:5).

Por conta da desobediência, o povo de Israel fracassou em ser o que pretendia ser, isto é, Israel deveria ser luz para os gentios que estavam em trevas, mas acabou
servindo de escândalo ao nome de Deus (Isaías 52:5; Romanos 2:19). A contaminação de Israel ficou ainda mais complicada após o exílio, pois os judeus que permaneceram
em Canaã acabaram se corrompendo.

Devido aos esforços contra essa contaminação causada pela mistura do povo de Israel com as nações vizinhas, houve um comportamento bastante duro por parte dos
judeus no relacionamento com outros povos. Por causa disso, no tempo de Jesus um judeu marcado com o termo “gentio” significava uma infâmia muito grande, e
expressava um desrespeito terrível diante da sociedade, algo semelhante ao termo “publicano”.
Ainda há distinção entre judeus e gentios?
Em várias profecias os gentios aparecem simplesmente como povos derrotados que serviriam para aumentar a glória de Israel; e isso de fato se cumpriu no contexto
histórico específico de cada momento. No entanto, também havia promessas de que os gentios participariam da herança do Messias que haveria de trazer salvação até os
confins da terra. Então judeus e gentios estariam reunidos no reino messiânico (Isaías 42:6; 49:6).

No Evangelho de Lucas vemos que Simeão, lembrando-se de tais profecias, saudou a Jesus como “luz para iluminar as nações” (Lucas 2:32). Já no ministério de Jesus, ficou
claro que a divisão entre judeus e gentios deveria ser removida (Mateus 12:18,21). Em um determinado momento, o próprio Jesus foi questionado pelos judeus se Ele
partiria para os gentios (João 7:35).
Mais tarde, o apóstolo Paulo escreveu que, através da obra redentora de Cristo, e a justificação pela fé n’Ele, de dois povos se fez um, “derrubando a parede de separação
que estava no meio” (Efésios 2:14).
No início do Cristianismo até ocorreram algumas situações que revelaram um certo conflito entre os crentes judeus e os crentes gentios. Mas de maneira geral a Igreja
Primitiva rapidamente entendeu a igualdade entre judeus e gentios na presença de Deus (Romanos 1:16; Colossenses 3:11). O Evangelho é a esperança que deve ser
anunciada a todos os povos; pois Cristo é a salvação tanto de judeus quanto de gentios (Mateus 28:19,20; Marcos 16:15; Gálatas 2:14; Apocalipse 21:24; 22:7). Isso significa
que não existe mais qualquer distinção entre judeus e gentios. Deus possui um único povo (João 10:16).
O Que é Evangelho e Qual o Seu Significado?

 Daniel Conegero
Sem dúvida, “evangelho” é uma das palavras mais utilizadas entre os cristãos. Apesar disso, muitas pessoas não sabem exatamente o seu conceito, aplicação e
significado. Neste texto, aprenderemos sobre o que é Evangelho, e o que significa essa palavra.

O que significa evangelho?


Evangelho significa “boas-novas” ou “boas-notícias”. Sua origem vem do grego euangelion. Apesar do termo “evangelho” poder ser aplicado em outros contextos,
como em seu sentido clássico e original para se referir a recompensa dada pela entrega de boas notícias, obviamente sua aplicação mais conhecida é o sentido que possui
na literatura cristã, no caso, referente à mensagem essencial da salvação.
Vale ressaltar que a palavra “evangelho” é usada somente no Novo Testamento. Mesmo na Septuaginta (versão grega do Antigo Testamento), a palavra “evangelho”
ocorre apenas uma única vez (2Sm 4:10), porém em sua aplicação clássica, como já explicamos. Na ocasião, o termo “evangelho” foi aplicado para se referir às notícias
sobre a morte de Saul.

O que é o Evangelho de fato?


Sabendo então qual o significado da palavra evangelho, resta-nos entender o que realmente é o Evangelho. Talvez a definição mais clara e objetiva sobre o que é o
Evangelho, foi registrada pelo Apóstolo Paulo, escrevendo sua Carta aos Romanos, ao dizer que o Evangelho “é o poder de Deus para salvar” (Rm 1:16).
Em outras palavras, o que Paulo está dizendo é que o Evangelho é o próprio evento de Cristo, ou seja, o Cristo crucificado, Sua obra completa na cruz. Sobre isso, o
mesmo Paulo dá mais detalhes, dessa vez escrevendo aos Coríntios. Paulo fala que é pelo Evangelho que somos salvos, pois o Evangelho é a mensagem de que “Cristo
morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras, e que foi sepultado, e que ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras” (1Co 15:1-6).
No Evangelho de Marcos (1:15), temos outra definição interessante acerca do que é o Evangelho. Marcos escreve que Jesus foi para a Galiléia, anunciando as boas novas de
Deus. Seu anúncio consistia em dizer que “o tempo é chegado, e o Reino de Deus está próximo“, acompanhado da exortação acerca do arrependimento: “Arrependam-se e
creiam nas boas novas!“.
No Novo Testamento, o termo “evangelho” é empregado pelo menos setenta e seis vezes, sempre no sentido cristão, isto é, o da mensagem essencial da salvação. Em tais
passagens, a palavra “evangelho” é acompanhada de diversas frases descritivas, porém sempre conservando o mesmo significado, como por exemplo:
 O Evangelho do Reino (Mt 4:23; 9:35; 24:14).

 O Evangelho de Jesus Cristo (Mc 1:1; Rm 15:19; 1Co 9:12; 2Co 2:12).

 O Evangelho de Deus (Mc 1:14; Rm 1:1; 15:16).

 O Evangelho da Graça de Deus (At 20:24).

 O Evangelho de Seu Filho (Rm 1:9).

 O Evangelho da Glória de Cristo (2Co 4:4).

 O Evangelho da vossa salvação (Ef 1:13).

 O Evangelho da paz (Ef 6:15).

 O Evangelho eterno (Ap 14:6).

Ainda no Novo Testamento, podemos encontrar muitas outras explicações acerca do que é o Evangelho. Na Epístola aos Tessalonicenses (1:5), aprendemos que
o Evangelho não vem somente em palavras, mas também em poder, e, comparando com a passagem já citada em Romanos 1:16, compreendemos que o Evangelho é o
próprio poder de Deus, que revela a Sua Justiça e conduz à salvação todos aqueles que crêem.
Escrevendo a Timóteo, Paulo refere-se ao Evangelho como um tesouro sagrado (1Tm 1:11). Paulo ainda declara que o Evangelho é a “palavra da verdade” (Ef 1:13), e está
oculto dos incrédulos (2Co 4:3,4) os quais pedem sinais miraculosos ou procuram alguma sabedoria que possa prová-lo. Por isso, Paulo diz que o Evangelho é escândalo
para os que buscam sinais, e loucura para os que buscam provas racionais (1Co 1:23).

O Evangelho e o Antigo Testamento


É comum algumas pessoas entenderem o Evangelho de maneira contraposta ao Antigo Testamento, como se Deus tivesse mudado Sua maneira de se relacionar com o
homem. Esse tipo de interpretação é equivocada, e acaba afrontando a coerência da Escritura em si.
O Evangelho deve ser entendido como o cumprimento da promessa central do Antigo Testamento. O próprio Jesus nos ensinou a entender dessa forma. Em várias
passagens, Jesus identifica as profecias registradas no Antigo Testamento como uma descrição de seu próprio ministério (Mt 11:2-5; Lc 4:16-21).

O mesmo entendimento foi seguido pelos Apóstolos. Apesar de no livro de Gênesis (3:15) encontrarmos a mais antiga promessa acerca da redenção, é na promessa de
Deus a Abraão que podemos compreendê-la de maneira mais clara. Foi assim que o Apóstolo Paulo entendeu. Escrevendo aos Gálatas (3:8), ele ressalta como o Evangelho
foi pregado primeiramente a Abraão. Paulo refere-se a seguinte promessa: “Em ti serão abençoadas todas as nações” (Gn 12:3; 18:18; 22:18).
No decorrer do próprio capítulo 3 de Gálatas, Paulo explica qual deve ser a maneira correta de interpretar essa promessa. A “benção” citada na promessa é a justificação
pela fé, e a expressão “em ti” refere-se ao próprio Messias, ou seja, a “semente da mulher” descrita no texto de Gênesis. Esse princípio fica claro quando entendemos que a
expressão “todas as nações” referia-se a algo ainda futuro. Sobre isso, o próprio Paulo conclui dizendo:
Assim também as promessas foram feitas a Abraão e ao seu descendente. A Escritura não diz: “E aos seus descendentes”, como se
falando de muitos, mas: “Ao seu descendente”, dando a entender que se trata de um só, isto é, Cristo. (Gálatas 3:16)

Por toda a antiga dispensação, o Evangelho foi anunciado, porém foi por meio da morte e ressurreição de Cristo que a mensagem se tornou mais explicita.

O outro Evangelho
Desde os tempos apostólicos, muitas tentativas de distorcer o Evangelho genuíno foram feitas com o objetivo de contaminar a Igreja (Gl 1:7). O Apóstolo Paulo fala de “um
outro evangelho” (Gl 1:5). Porém, esse “outro evangelho”, não se trata de uma alternativa ao Evangelho de Cristo, ao contrário, trata-se de um falso evangelho. Paulo diz
que o outro evangelho “na realidade, não é evangelho” (Gl 1:7).
Paulo então faz um sério alerta, ao dizer que “ainda que nós (os Apóstolos) ou um anjo do céu pregue um Evangelho diferente daquele que lhes pregamos, que seja
amaldiçoado“. Depois, Paulo ensina que o verdadeiro Evangelho de Deus é sua revelação, e não o resultado de sabedoria humana (Gl 1:11).
Hoje, o que mais vemos por aí são pessoas tentando persuadir multidões para que sigam esse falso evangelho. Diante disso, não devemos dar ouvidos a espíritos
enganadores, que anunciam doutrinas de demônios (1Tm 4:1). Como seguidores de Cristo, testemunhas dEle na terra, devemos defender o Evangelho genuíno a qualquer
custo, mesmo que nos cause aflições (1Ts 2:2; 2Tm 1:8).

Os Quatro Evangelhos
Posteriormente (a partir do século 2 d.C.), foi empregado o termo “Evangelhos” para designar os quatro livros que registram os ensinos de Jesus e os detalhes de Seu
ministério. Temos então os escritos de Mateus, Marcos e Lucas, que são chamados de “Evangelhos Sinóticos“, pois possuem muitas semelhanças entre si. Por último,
temos ainda o Evangelho Segundo João, que, apesar de apresentar uma forma diferente dos Sinóticos, também traz necessariamente a mesma pregação.
Portanto, devido ao conteúdo único da mensagem presente em tais escritos, os quatro livros foram chamados de “Evangelhos“. Muitos outros registros foram escritos
supostamente sobre a vida de Jesus, e conhecidos geralmente como “Evangelhos Apócrifos“. Digo “supostamente”, pois não são dignos de confiança, já que trazem
ensinos que claramente contrastam com a Bíblia, além de que muitos deles, possuem total influência gnóstica, baseando-se em contos fantasiosos e sem sentido. A maioria
desses “evangelhos” foi escrita séculos depois de Cristo, ao contrário dos quatro Evangelhos presentes no Novo Testamento.
Para melhor compreensão acerca deste assunto, sugerimos a leitura dos textos: “O que é um Evangelista?” e “O que é Evangelismo?“.
Inana
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

(Redirecionado de Istar (mitologia))

Inana (Istar)

Rainha do Céu

Deusa do sexo, guerra, justiça e poder político

Deusa Inana num selo acadiano, 2 350-2 150

a.C. Ela está equipada com armas nas costas, tem

um capacete com chifres e está pisando em um leão.

Planeta Vênus

Morad Céu

Símbol Estrela de oito pontas, leão, roseta, pombo.

Cônjug Dumuzi.

e(s)

Pais Tradição Uruque: Am e uma mãe

desconhecida.

Tradição Isim: Nana e Ningal. Outras

tradições: Enlil e uma mãe desconhecida

ou Enqui e uma mãe desconhecida.[1][2]

Irmão(s Eresquigal (irmã mais velha) e Utu-

) Samas (irmão gêmeo)

Em algumas tradições

posteriores: Iscur (irmão) Na mitologia

hitita: Tesube (irmão)

Filho(s) Normalmente nenhuma, mas, às

vezes, Lulal e/ou Shara.

Parte de uma série sobre a

Antiga
religião da Mesopotâmia

Deuses primordiais[Expandir]

Sete deuses maiores[Expandir]

Outros deuses maiores[Expandir]

Deuses menores[Expandir]

Semideuses e heróis[Expandir]

Monstros e espíritos[Expandir]

Mitos[Expandir]

Tópicos relacionados

 Mitologia mesopotâmica

 Mitologia suméria

 Mitologia assírio-babilônica

 v

 d

 e

Inana  ( /ɪˈnɑːnə/; em sumério: 𒀭𒈹; romaniz.:  inanna, também 𒀭𒊩𒌆𒀭𒈾  nin-an-na ) é uma


[3] D D [4]

antiga deusa mesopotâmica associada ao amor, ao erotismo, a fecundidade e a fertilidade.


Apesar de ser alvo de culto em todas as cidades sumérias, era especialmente devotada
em Ur. Ela foi originalmente adorada na Suméria e mais tarde foi adorada
pelos acadianos, babilônios e assírios sob o nome de Istar ( /ˈɪʃtɑːr/;  ištar ) Em sua
D [5]

homenagem, a sacerdotisa 'Enheduana compôs 42 hinos. Ela era conhecida como a


"Rainha do Céu" e era a deusa padroeira do templo de Eana na cidade de Uruque, que era
seu principal centro de culto. Ela estava associada ao planeta Vênus e seus símbolos mais
importantes incluíam o leão e a estrela de oito pontas. Seu marido era o deus Dumuzi (mais
tarde conhecido como Tamuz) e sua sucal (sukkal), ou assistente pessoal, era a
deusa Ninsubur (que mais tarde se tornou a divindade masculina Papsucal).
Inana era adorada na Suméria desde o período de Uruque (de cerca de 4 000 a.C. até
cerca de 3 100 a.C.), mas ela tinha pouca significância antes da conquista de Sargão de
Acádia. Durante a era pós-Sargônica, ela se tornou uma das divindades mais veneradas no
panteão sumério,  com templos por toda Mesopotâmia. O culto de Inana-Istar foi
[6][7]

continuado pelo povo de língua semítica oriental (acadianos, assírios e babilônios), que


absorveu os sumérios na região. Ela era especialmente amada pelos assírios, que a
elevaram para se tornar a divindade mais alta do panteão, ficando, até mesmo, acima do
deus nacional Assur. Inana-Istar é mencionada na Bíblia Hebraica e ela influenciou bastante
a deusa fenícia Astarte, que mais tarde influenciou o desenvolvimento da deusa
grega Afrodite. Seu culto continuou a florescer até seu declínio gradual entre o século I e VI,
com o nascer do cristianismo, embora tenha sobrevivido em partes da mesopotâmia
superior entre as comunidades assírias no final do século dezoito.
Inana aparece em mais mitos do que qualquer outra divindade suméria.  Muitos de seus
[6][8]

mitos envolvem ela dominar outras divindades. Acredita-se que ela tenha roubado o mes,
que representava todos os aspectos positivos e negativos da civilização, de Enqui, o deus
da sabedoria. Também se acreditava que ela havia tomado o templo de Eana de An, o deus
do céu. Ao lado de seu irmão gêmeo Utu (mais tarde conhecido como Samas), Inana era a
executora da justiça divina; ela destruiu o Monte Ebi por ter desafiado sua autoridade,
 desencadeou sua fúria contra o jardineiro Sucaletuda depois que ele a estuprou enquanto
[9]

dormia, e localizou a bandida Bilulu e a matou em retribuição divina por ter


assassinado Dumuzi. Na versão acadiana padrão da Epopeia de Gilgamés, Istar pede que
Gilgamés se torne seu consorte. Quando ele se recusa, ela libera o Touro do Céu,
resultando na morte de Enlide e nos subsequentes conflitos de Enquidu e Gilgamés com
sua mortalidade.
O mito mais famoso de Inana-Istar é a história de sua descida e retorno de Cur, o antigo
submundo sumério, um mito em que ela tenta conquistar o domínio de sua irmã mais
velha Eresquigal, a rainha do submundo, mas é acusada e considerada culpada de
arrogância pelos sete juízes do submundo e morta. Três dias depois, Ninsubur pede a todos
os deuses que tragam Inana de volta, mas todos a recusam, exceto Enqui, que envia dois
seres sem sexo para resgatar Inana. Eles escoltam Inana para fora do submundo, mas
os galla, os guardiões do submundo, arrastam seu marido Dumuzi para o submundo como
seu substituto. Dumuzi finalmente pode retornar ao céu por metade do ano, enquanto sua
irmã Gestinana permanece no submundo pela outra metade, resultando no ciclo das
estações.

Detalhe da reconstrução da Porta de Istar (Museu de Pérgamo, Berlim)


Etimologia
Inana e Istar eram originalmente deusas separadas, não relacionadas, mas foram unidas
durante o reinado de Sargão de Acádia e passaram a ser consideradas efetivamente a
mesma deusa sob dois nomes diferentes.  O nome de Inana pode derivar da frase [6][10][2][1][11]

suméria nin-an-ak, que significa "Senhora do Céu",  mas o sinal cuneiforme de Inana (𒈹) [2]

não é uma ligadura dos sinais senhora (sumério: nin; cuneiforme: 𒊩𒌆) e céu (sumério: an;


cuneiforme: 𒀭).  Essas dificuldades levaram alguns primeiros assiriologistas a sugerir que
[6][8][12][2]

Inana poderia ter sido originalmente uma deusa proto-eufratiana, possivelmente relacionada


à deusa mãe hurrita Hanana, que só mais tarde foi aceita pelo panteão sumério. Essa ideia
foi apoiada pela juventude de Inana, e também pelo fato de que, diferentemente das outras
divindades sumérias, ela parece ter inicialmente carecido de uma esfera distinta de
responsabilidades.  No entanto, a visão de que havia uma linguagem de substrato proto-
[13]

eufratiano no sul do Iraque antes do sumério não é amplamente aceita pelos assiriologistas
modernos. [14]

O nome Istar ocorre como um elemento em nomes pessoais das eras pré-sargônica e pós-
sargônica na Acádia, Assíria e Babilônia.  É de derivação semítica  e provavelmente está
[11] [2][11]

etimologicamente relacionada ao nome do deus semita ocidental Attar, mencionado em


inscrições posteriores de Ugarite e sul da Arábia.  A estrela da manhã pode ter sido [2][11]

concebida como uma divindade masculina que presidiu as artes da guerra e a estrela da
tarde pode ter sido concebida como uma divindade feminina que presidiu as artes do amor.
 Entre os acadianos, assírios e babilônios, o nome do deus masculino acabou substituindo
[11]

o nome de sua contraparte feminina,  mas, devido ao extenso sincretismo com Inana, a
[11]

divindade permaneceu como feminina, apesar de o nome dela estar na forma masculina. [11]

Cópia da versão acadiana da Descida de Istar ao submundo da Biblioteca de Nínive, atualmente mantida no Museu Britânico em Londres, Inglaterra
Representação de Inana / Istar do vaso de Istar, que data do início do II milênio a.C.

Descida ao submundo
Duas versões diferentes da história da descida de Inana-Istar ao submundo sobreviveram:
 uma versão suméria que data da Terceira Dinastia de Ur e uma acadiana claramente
[15]

derivada da versão do início do II milênio a.C.  A versão suméria da história tem quase [16][15][a]

três vezes o tamanho da versão acadiana posterior e contém muito mais detalhes. [18]

Versão suméria
Na religião suméria, os Kur era uma caverna profunda e sombria, localizada no subsolo. A
vida lá era vista como "uma versão sombria da vida na Terra".  Foi governado pela irmã de [19]

Inana, a deusa Eresquigal.  Antes de partir, Inana instrui seu ministro e servo Ninsubur a
[1][19]

implorar às divindades Enlil, Nana, Anu e Enqui para resgatá-la se, depois de três dias, ela


não voltar.  As leis do submundo determinam que, com exceção daqueles designados
[15][8][8]

como mensageiros, quem entra nele nunca pode sair.  Inana se veste elaboradamente para [8]

a visita; ela usa turbante, peruca, colar de lápis-lazúli, miçangas sobre os seios, o "vestido
de pala" (a roupa de senhora), rímel, um peitoral e um anel dourado e segura uma haste de
medição de lápis-lazúli.  Cada peça de roupa é uma representação de um me poderoso
[6][15]

que ela possui. [6]

Inana bate nos portões do submundo, exigindo a entrada.  O porteiro Neti pergunta por [6][15][8]

que ela veio e Inana responde que deseja participar dos ritos fúnebres de Gugalana, o
"marido de minha irmã mais velha Eresquigal".  Neti relata isso a Eresquigal,  que diz a [6][1][15] [6][15]

ele: "Tranque os sete portões do submundo. Então, um por vez, abra frestas nos portões.
Deixe Inana entrar. Ao entrar, remova suas roupas reais."  Talvez as roupas de Inana, [6]

inadequadas para um funeral, aliado ao seu comportamento arrogante, deixaram Eresquigal


desconfiado.  Seguindo as instruções de Eresquigal, Neti diz a Inana que ela pode entrar no
[20]

primeiro portão do submundo, mas ela deve entregar sua haste de medição de lápis-lazúli.
Ela pergunta por que, mas em réplica, ele diz : "São apenas as regras do submundo". Ela
aceita as condições e passa. Inana passa por um total de sete portões, em cada um deles
removendo uma peça de roupa ou joias que ela usava no início de sua jornada,  perdendo [15]

seu poder.  Quando ela chega na frente de sua irmã, ela está nua: 
[6][8] [6][8]

"Depois que ela se agachou e se despiu, suas roupas foram levadas. Então ela fez sua irmã
Erec-ki-gala se levantar do trono e sentou-se no seu lugar. Anna, os sete juízes, chegaram
a uma decisão. Eles olharam para ela — o olhar da morte. Eles falaram com ela — a fala da
raiva. Eles gritaram com ela — o grito de forte culpa. A mulher afligida se transformou em
um cadáver. O cadáver foi pendurado em um gancho." [21]

Três dias e três noites se passam, e Ninsubur, seguindo as instruções, vai aos templos de
Enlil, Nana, An e Enqui, e pede a cada um deles que salve Inana. As três primeiras
divindades recusam, dizendo que o destino de Inana é sua própria culpa, mas Enqui fica
profundamente aflito e concorda em ajudar. Ele cria duas figuras sem sexo chamadas gala-
tura e o kur-jara a partir da sujeira sob as unhas de dois dedos. Ele os instrui a apaziguar
Eresquigal e, quando ela pergunta o que eles querem, pede o cadáver de Inana, que eles
devem borrifar com a comida e a água da vida. Quando eles vêm antes de Eresquigal, ela
está em agonia como uma mulher dando à luz. Ela oferece a eles o que quiserem, incluindo
rios de água e campos de cereais, se puderem aliviá-la, mas eles recusam todas as suas
ofertas e pedem apenas o cadáver de Inana. O gala-tura e o kur-jara polvilham o corpo de
Inana com o alimento e a água da vida e a revivem. Os demônios galla enviados por
Eresquigal seguem Inana para fora do submundo, insistindo que alguém deve ser levado ao
submundo como substituto de Inana. Eles primeiro encontram Ninsubur e tentam levá-lo,
mas Inana os impede, insistindo que Ninsubur é seu servo leal e que ela lamentou por ela
enquanto estava no submundo. Em seguida, encontram Xara, o esteticista de Inana, que
ainda está de luto. Os demônios tentam pegá-lo, mas Inana insiste que não, porque ele
também lamentou por ela. A terceira pessoa que encontram é Lulal, que também está de
luto.  Os demônios tentam pegá-lo, mas Inana os detém mais uma vez.
[6][8][15]

Antiga impressão em sumério em selo cilíndrico mostrando Dumuzi sendo torturado no submundo pelos demônios galla

Finalmente, eles encontram Dumuzi, o marido de Inana. Damuzi, diferente dos outros que
lamentavam adequadamente, estava ricamente vestido e descansando embaixo de uma
árvore ou em seu trono, entretido por escravas, apesar do destino de Inana. Inana,
descontente, decreta que os galla o levarão. Os galla então arrastam Dumuzi até o
submundo.  Outro texto conhecido como Sonho de Dumuzi (ETCSL 1.4.3) descreve as
[6][15]

repetidas tentativas de Dumuzi de escapar da captura pelos demônios galla, um esforço no


qual ele é auxiliado pelo deus-sol Utu. [6][22][nota 1]

O poema sumério O Returno de Dumuzi, que começa onde O Sonho de Dumuzi termina:


Gestinana, a irmã de Dumuzi, lamenta por dias e noites a morte de Dumuzi, junto com
Inana, que não mais sentia o ódio por Dumuzi, e Sirtur, mãe de Dumuzi. As três deusas
choram continuamente até que uma mosca revela a Inana a localização de seu marido.
Juntos, Inana e Gestinana vão ao local onde a mosca disse que eles encontrarão Dumuzi.
Elas o encontram lá e Inana decreta que, a partir de então, Dumuzi passará metade do ano
com sua irmã Eresquigal no submundo e a outra metade do ano no céu com ela, enquanto
sua irmã Gestinana toma seu lugar no submundo. [6][15][8]

Versão acadiana
O "Esplendor em Relevo," Qual acredita-se que representa Istar ou sua irmã mais velha Eresquigal (Cerca do século 19 a 18 a.C.)

Esta versão teve dois manuscritos encontrados na Biblioteca de Assurbanipal e um terceiro


foi encontrado em Assur, todos datando da primeira metade do primeiro milênio antes da
era comum.  Da versão ninivita, a primeira versão em cuneiforme foi publicadda em 1873
[23]

por François Lenormant e a transliterada foi publicada por Peter Jensen em 1901.  Seu [23]

título em acádio é Ana Kurnugê, qaqqari la târi. [23]

A versão acadiana começa com Istar se aproximando dos portões do submundo e exigindo
que o porteiro a deixe entrar:
Se você não abrir o portão para que eu entre,
Esmagarei a porta e quebrarei o ferrolho,
Esmagarei o batente e derrubarei as portas,
Ressuscitarei os mortos, que comerão os vivos:
E os mortos serão mais numerosos que os vivos! [18][24]

O porteiro (cujo nome não é dado na versão acadiana) se apressa em contar a Eresquigal a
chegada de Istar. Eresquigal ordena que ele deixe Istar entrar, mas diz a ele para "tratá-la
de acordo com os ritos antigos". O porteiro permite a entrada de Istar no submundo, abrindo
um portão de cada vez. Em cada portão, Istar é forçada a deixar uma peça de roupa.
Quando ela finalmente passa pelo sétimo portão, ela está nua. Com raiva, Istar se joga
contra Eresquigal, mas Eresquigal ordena que seu servo Nantar prenda Istar e desencadeie
sessenta doenças contra ela. [18]

Depois que Istar desce ao submundo, toda atividade sexual cessa na terra. O
deus Papsucal, o homólogo acadiano de Ninsubur,  relata a situação a Ea, o deus da [25]

sabedoria e da cultura. Ea cria um ser andrógeno chamado Asusunamir e o envia a


Eresquigal, dizendo-lhe para invocar "o nome dos grandes deuses" contra ela e pedir a
bolsa que contém a água da vida. Eresquigal fica furiosa quando ouve a demanda de
Asusunamir, mas é forçada a dar-lhe a água da vida. Asusunamir borrifa Istar com esta
água, revivendo-a. Istar atravessa os sete portões mais uma vez, recebendo uma peça de
roupa em cada portão e saindo do portão final vestida. [18]

Interpretação
Diane Wolkstein interpreta o mito como uma união entre Inana e seu próprio "lado sombrio":
sua irmã gêmea, Eresquigal. Quando Inana ascende do submundo, é através dos poderes
de Eresquigal, mas, enquanto Inana está no submundo, é Eresquigal quem aparentemente
assume os poderes da fertilidade. O poema termina com uma linha de louvor, não de Inana,
mas de Eresquigal. Wolkstein interpreta a narrativa como um poema de louvor dedicado aos
aspectos mais negativos do domínio de Inana, simbólico de uma aceitação da necessidade
da morte, a fim de facilitar a continuidade da vida.  Joseph Campbell interpreta o mito como [6]

sendo sobre o poder psicológico de uma descida ao inconsciente, a realização da própria


força através de um episódio de aparente impotência e a aceitação das próprias qualidades
negativas. [26]

Mitos posteriores

Relevo em terracota da antiga Mesopotâmia que mostra Gilgamés matando o Touro dos Céus que Istar envia, na Tábua VI da Epopéia de Gilgamés, após ele rejeitar seus avanços amorosos. [18]

Epopeia de Gilgamés
Na Epopeia de Gilgamés, acadiana, Istar aparece para Gilgamés depois que ele e seu
companheiro Enquidu voltaram a Uruque após derrotar o ogro Humbaba e exige que
Gilgamés se torne seu esposo. Gilgamés a recusa, apontando que todos amantes
anteriores dela sofreram:
"Ouça-me enquanto conto a história de seus amantes. Lá estava Tamuz, o amante da sua
juventude, por ele decretou pranto, ano após ano. Você amou o rolieiro-de-peito-lilás, mas
ainda assim você golpeou e quebrou sua asa [...] Você amou o leão com uma força
tremenda: sete fossos você cavou para ele, e sete. Você amou o garanhão magnífico na
batalha, e para ele decretou o chicote e a espora e uma correia [...] Você amou o pastor do
rebanho; ele fazia bolo de farinha para você dia após dia, ele matava crianças por sua
causa. Você o atingiu e o transformou em um lobo; agora os próprios meninos de rebanho o
expulsam, seus próprios cães preocupam seus flancos." [27]:86[28]

Furiosa com a recusa de Gilgamés,  Istar vai para o céu e diz ao pai, Anu, que Gilgamés a
[18]:80

insultou.  Anu pergunta por que ela está reclamando com ele em vez de confrontar
[18]:80

Gilgamés ela mesma.  Istar exige que Anu lhe dê o Touro dos Céus  e jura que se ele não
[18]:80 [18]:80

o der, ela "arrombará as portas do inferno e quebrará os ferrolhos; haverá confusão [isto é,
mistura] de pessoas, as de cima com aqueles das profundezas mais baixas. Vou trazer os
mortos para comerem comida como os vivos; e as bocas dos mortos serão mais numerosas
que as dos vivos. " [27]:87[28]

Istar recebe, de Anu, o Touro dos Céus e o envia para atacar Gilgamés e seu amigo
Enquidu.  Gilgamés e Enquidu matam o touro e oferecem seu coração ao deus-
[18]:81,82[29]:168-169

sol Samas.  Enquanto Gilgamés e Enquidu estão descansando, Ishar sobe nos muros de
[18]:82

de Uruque e amaldiçoa Gilgamés.  Enquidu arranca a coxa direita do touro e a joga no


[18]:82

rosto de Istar,  dizendo: "Se eu pudesse colocar minhas mãos sobre você, seria isso que
[18]:82

eu faria com você, e a amarraria com suas entranhas".  (Enquidu morre mais tarde por [27]:88[28]

essa impiedade).  Istar reúne "as prostitutas, meretrizes e cortesãs acanhadas" e ordena
[29]:169
que chorem pelo Touro do Céu.  Enquanto isso, Gilgamés celebra a derrota do Touro do
[18]:82

Céu.. [18]:82-83[29]:169

Mais tarde no épico, Utnapistim conta a Gilgamés a história do Grande Dilúvio,  que foi [18]:109-116

enviado pelo deus Enlil para aniquilar toda a vida na terra porque os humanos, que estavam
superpovoados, faziam muito barulho e o impediam de dormir.  Utnapistim conta como, [18]:109-111

quando o dilúvio veio, Istar chorou e lamentou a destruição da humanidade, ao lado


dos Anunáqui.  Mais tarde, após o dilúvio, Utnapistim faz uma oferenda aos deuses.  Istar
[18] [18]:114

aparece para Utnapistim usando um colar de lápis-lazúli com contas em forma de moscas e
diz a ele que Enlil nunca discutiu o dilúvio com nenhum dos outros deuses.  Ela jura que [18]:114-115

nunca permitirá que Enlil cause outra inundação e declara que seu colar de lápis-lazúli é um
sinal de seu juramento.  Istar convida todos os deuses, exceto Enlil, para se reunir em
[18]:114-115

torno da oferenda e desfrutar. [18]:115

Outros contos
No mito da criação hitita, Istar nasce depois que o deus Kumarbi derruba seu pai, Anu.
 Kumarabi morde os órgãos genitais de Anu e os engole, fazendo com que ele engravide
[30]

da prole de Anu,  incluindo Istar e seu irmão, o deus hitita da tempestade, Teshub.  Esse
[30] [30]

relato mais tarde se tornou a base para a história grega da castração de Urano por seu filho
Cronos, resultando no nascimento de Afrodite, descrita na Teogonia de Hesíodo.  Mais [31]

tarde, no mito hitita, Istar tenta seduzir o monstro Olicumi,  mas falha porque o monstro é [30]

cego e surdo e não consegue vê-la ou ouvi-la.  Os hurritas e hititas parecem ter sincretizado [30]

Istar com sua própria deusa Išḫara.  Em um texto neoassírio pseudepigráfico escrito no
[32]

século VII a.C., mas que afirma ser a autobiografia de Sargão da Acádia,  Istar teria [33]

aparecido a Sargão "cercado por uma nuvem de pombas" enquanto ele trabalhava como
jardineiro para Akki, o coletor das águas.  Istar então proclamou Sargão como seu amante e [33]

permitiu que ele se tornasse o governante da Suméria e Acádia. [33]

Uma ilustração moderna que descreve a descida de Inana-Istar ao submundo tirada de Mitos e Lendas da Babilônia e Assíria de Lewis Spence (1916). [34]

Relevância moderna
O dia 2 de janeiro é considerada a data de nascimento de Inana e é uma data
tradicionalmente consagrada a esta deusa. [35][36]

Inana tornou-se uma figura relevante na teoria feminista moderna pelo fato de que ela
aparece no panteão sumério dominado por homens, mas é igualmente poderosa, se não
mais poderosa do que as divindades masculinas com as quais ela aparece ao lado. Simone
de Beauvoir, em seu livro O Segundo Sexo (1949), argumenta que Inana, juntamente com
outras divindades femininas poderosas da antiguidade, foram marginalizadas pela cultura
moderna em favor das divindades masculinas. [37]

Inana também é uma importante figura da cultura BDSM. O retrato de Inana no mito Inana e


Ebi é citado como um exemplo precursor do arquétipo da dominatrix, caracterizando-a como
uma mulher poderosa que força deuses e homens a se submeterem a ela.  Na mitologia, os
[38]

submissos de Inana dançavam em rituais enquanto eram chicoteados por ela para
satisfazê-la. Quando os submissos pediam "misericórdia", Inana encerrava a flagelação,
tornando tal ação como a pioneira do conceito de palavra de segurança do BDSM.[38][39]

Ver também
O Cativeiro Babilônico

 Daniel Conegero
O cativeiro babilônico é uma referência ao tempo em que o povo hebreu do reino de Judá ficou exilado sob o domínio do Império Babilônico.
O exílio dos judeus na Babilônia se deu, principalmente, por sua rebeldia e apostasia frente aos mandamentos de Deus. Os judeus se afastaram e se esqueceram de
Deus, ignorando também os profetas que anunciaram o arrependimento.

O cativeiro na Bíblia
A Bíblia descreve outras nações, além de Israel, sendo submetidas a cativeiros. Basicamente o cativeiro consistia na prática de uma nação vitoriosa selecionar entre os
habitantes da nação derrotada prisioneiros para servirem como escravos, ou, no caso das mulheres, como esposas e concubinas.
Geralmente quando uma nação era derrotada, seu território era arrasado e a maioria dos seus cidadãos mortos. Aqueles que sobravam, conviviam com a dor da separação
de sua terra natal e com o desespero de não contarem mais com a proteção de seu deus local.

Na verdade quando uma nação era capturada por outra, as pessoas acreditavam que isso significava que a divindade daquela nação também havia sido derrotada (cf. Is
52:2-5; Jr 50:29).

Foram os assírios que começaram a utilizar a deportação como a maneira principal de lidar com cidadãos de nações subjulgadas. Ao dominarem um determinado reino,
eles capturavam seus habitantes e os realocavam em outra parte do império. Tal como os assírios, os babilônicos também usaram a mesma técnica.

Os cativeiros de Israel
Na história do povo de Israel, existem várias ocasiões em que os hebreus estiveram longe de sua terra. Se considerarmos o período que ficaram no Egito como um tipo
de cativeiro, já que não tinham permissão para partirem, então desde antes de se estabelecerem na Palestina os israelitas já experimentaram essa realidade.
Assim, podemos entender que a Bíblia menciona três grandes cativeiros que o povo de Israel precisou enfrentar: o cativeiro no Egito (apesar de haver algumas distinções
com os demais), o cativeiro na Assíria e o cativeiro na Babilônia.

Desde muito antes das grandes quedas frente à Assíria e a Babilônia, alguns hebreus já eram levados cativos em algumas situações. Um exemplo disto é a própria invasão
do Faraó Sisaque a Palestina em aproximadamente 930 a.C. (1Rs 14:25-28).

Mais tarde, em aproximadamente 733 a.C., os membros das tribos de Naftali, Ruben, Gade e alguns de Manassés, também foram levados para a Assíria (2Rs 15:29; 1Cr
5:26).

No entanto, foi em aproximadamente 722 a.C. que a cidade de Samaria caiu frente ao domínio da Assíria de Sargão II. Lembrando que naquela época o reino de Israel já
havia sido dividido em reino do norte, Israel, e reino do sul, Judá. Saiba mais sobre os reis de Israel e reis de Judá.
Samaria era a capital do reino do norte, portanto sua queda representava uma derrota total para Israel. Documentos assírios indicam que pelo menos 27.290 israelitas
foram deportados para outras cidades, como Hala e as cidades dos medos (cf. Ob 1:20; 2Rs 17:6; 18:11).

Vale ressaltar que o cativeiro imposto ao povo de Israel era a consequência da idolatria que praticaram ao adorarem deuses pagãos. Esse comportamento atraiu o
castigo do Senhor sobre eles (2Rs 17:7-23).

O cativeiro na Babilônia
Após cerca de 135 anos da queda de Samaria e do exílio imposto aos habitantes do reino do norte, em 586 a.C. foi a vez do reino do sul ser derrotado, e Jerusalém cair
sob o domínio de Nabucodonosor II da Babilônia (2Rs 25:1-7).
Antes disso, alguns pequenos grupos já tinham sido capturados e exilados, mas a grande deportação ocorreu mesmo a partir de 587 a.C. Na verdade houve três invasões
significativas de Judá por parte dos babilônicos.
A primeira ocorreu em 605 a.C., quando Nabucodonosor avançou contra Jeoaquim (2Rs 24:1-24; 2Cr 36:5-7). Foi nessa invasão que o profeta Daniel e os amigos Hananias,
Misael e Azarias foram levados cativos para a Babilônia.
A segunda invasão ocorreu em 597 a.C. (2Rs 24:10-14) e a terceira, a maior de todas elas, ocorreu em 586 a.C. É interessante saber que dos últimos cinco reis que Judá teve,
três foram levados em cativeiro, sendo: o rei Jeoacaz, para o Egito; o rei Joaquim e o rei Zedequias para a Babilônia.

Contemporâneo a isso, também precisamos destacar que o profeta Jeremias, e seu escriba Baruque, foram também levados, juntamente com um grupo de judeus, para
longe de Judá, na ocasião, para a terra do Egito. É verdade também que Jeremias foi levado contra sua própria vontade.
O cativeiro babilônico não foi nada fácil para os judeus. Eles foram humilhados, maltratados e insultados, e a lembrança da queda de Jerusalém e da destruição do
Templo esmagava-os.
O Salmo 137, ao mesmo tempo em que relata a tristeza dos judeus no cativeiro babilônico, também mostra o quão distante eles estavam da presença de Deus, a ponto
de nos revelar que o grande lamento daquele povo era por sua adorada Jerusalém e não por estarem arrependidos pela desobediência aos mandamentos do Senhor.
No cativeiro, os judeus choraram com saudade de Jerusalém, choraram pelo Templo destruído, mas não choraram por terem se esquecido da Palavra do Senhor. Eles
oraram pedindo vingança, mas não oraram pedindo perdão (Sl 137:5-9).
Se o Salmo 137 nos mostra que a maioria dos judeus se recusou a cantar a canção do Senhor em uma terra estranha, o livro de Daniel nos mostra que ainda havia aqueles
que compreendiam a soberania de Deus mesmo no exílio.
Daniel entendia que seu Deus era o Deus de toda terra, e não apenas um tipo de divindade tribal que se resumia aos limites de Jerusalém. Em uma terra estranha,
Daniel contemplou as maravilhas do Senhor e lhe foi revelado o propósito maravilhoso da vinda do Messias (Dn 9).
A verdade de que o povo judeu havia se conformado, e até mesmo gostado da vida longe de sua pátria, pode ser vista no fato de que quando receberam a permissão para
retornarem à Palestina apenas uma pequena porcentagem se animou com a notícia e realmente retornou.

Acredita-se que na época do Novo Testamento, no século 1, mais de três milhões de judeus viviam fora da Palestina espalhados pelo Egito, Ásia Menor, Síria, Babilônia,
Itália, Sicília e outras regiões do Império Romano.
O período que envolve o pré-cativeiro, o cativeiro e o pós-cativeiro foi marcado por uma grande atividade literária, onde notáveis profetas do Senhor se
destacaram, como: Habacuque, Ezequiel, Jeremias, Obadias, Daniel, Zacarias e Ageu. Foi nesse período também onde surgiu o conceito de sinagoga.

Quanto tempo durou o cativeiro babilônico?


Existe certa discussão entre os estudiosos sobre essa questão. Jeremias profetizou claramente que o exílio babilônico duraria 70 anos (Jr 25:11,12; 29:10-14). Se
considerarmos a data da queda de Jerusalém até a permissão de retorno dada por Ciro, então teremos aproximadamente 50 anos.
Porém, se for considerada a data da primeira invasão do rei Nabucodonosor contra Judá em 605 a.C., a qual Daniel foi levado cativo, até o decreto de Ciro, então o período
estimado é muito próximo à 70 anos. Essa foi a interpretação do escritor de Crônicas e do profeta Zacarias (2Cr 36:20-23; Zc 1:12).
Para quem argumenta que as datas não se encaixam com exatidão, é necessário entender que o número 70 possui um peso simbólico muito grande, ou seja, não se deve
interpretá-lo apenas como uma simples cronologia.

Esse princípio pode ser notado na profecia das 70 semanas de Daniel (Dn 9), onde essa profecia inicial de 70 anos foi estendida sete vezes devido à falta de penitência do
povo no exílio.
Quem Foi o Profeta Ageu na Bíblia?

 Daniel Conegero
O profeta Ageu foi o autor do livro do Antigo Testamento que traz seu nome. Ageu foi um profeta pós-exílico, ou seja, ele aparece na narrativa bíblica no período
após o retorno dos exilados da Babilônia. Neste texto, conheceremos um pouco mais sobre quem foi Ageu na Bíblia.

O profeta Ageu
Não há qualquer referência sobre quem foi Ageu além do que é revelado em seu livro no Antigo Testamento. A única menção sobre Ageu em algum outro livro da
Bíblia ocorre no livro de Esdras (5:1; 6:14), onde ele é citado ao lado do profeta Zacarias como alguém que profetizou em nome do Deus de Israel aos judeus que
estavam em Judá e em Jerusalém.
O nome Ageu significa “festivo” ou “festival”, do hebraico hag. É possível que este nome tenha lhe sido dado por ele ter nascido em algum dia importante das festas
judaicas. Se for assim, isto também pode implicar que seus pais eram religiosos.

A história do profeta Ageu


É muito provável que o profeta Ageu tenha nascido ainda na Babilônia, e tenha ido para Jerusalém após o decreto de 538 ou 537 a.C. emitido por Ciro, rei da Pérsia, o
qual permitiu que os judeus retornassem à sua terra natal (2Cr 36:22,23; Ed 1:1-4).
Como o profeta Ageu não é citado antes de aproximadamente 520 a.C., alguns sugerem que ele ainda era criança na época do decreto, e que tenha retornado do exílio
com seus pais. Outros também apontam para a possibilidade do profeta Ageu ter retornado juntamente com um novo grupo de exilados mais ou menos nessa mesma
data, porém neste caso talvez já fosse um jovem ou adulto.

Seja como for, o que se sabe é que o profeta Ageu de alguma forma testemunhou a crescente apatia durante o período pós-exílico, e no momento apropriado, foi
usado por Deus como profeta entre seu povo.
Pelos relatos de seu livro, podemos perceber que Ageu foi um profeta muito ativo em Judá durante o período da reconstrução do segundo Templo, em
aproximadamente 520 e 515 a.C. Como já foi dito, o profeta Ageu foi contemporâneo de Zacarias.
Quando os exilados retornaram do cativeiro, de forma bastante entusiasmada começaram a reconstruir o Templo em aproximadamente 536 a.C. Entretanto, devido à
oposição dos samaritanos, a reconstrução foi paralisada, até ser retomada novamente em 520 a.C. (Ed 4:4,5,20).

Existe também a possibilidade de que saqueadores persas, por volta 525 a.C., tenham castigado a Palestina de tal forma que a reconstrução do Templo parecia ser algo
praticamente impossível.

A mensagem de Ageu
Assim, foi nesse cenário que Ageu foi levantado como profeta do Senhor, a fim de que profetizasse ao povo de maneira que eles fossem estimulados a se esforçarem
para reconstruir o Templo (Ag 1:12-15; Ed 5:1,2; 6:13-15).
Certamente a frase mais conhecida dentre as profecias do profeta Ageu está registrada nos versículos 8 e 9 do capítulo 2 de seu livro, onde é dito: “Minha é a prata, e meu é
o ouro, disse o Senhor dos Exércitos.
A glória desta última casa será maior do que a da primeira, diz o Senhor dos Exércitos, e neste lugar darei a paz, diz o Senhor dos Exércitos“.
As profecias contidas em seu livro são datadas de 520 a.C., o que corresponde ao segundo ano do reinado de Dario I. Basicamente, as profecias de Ageu podem ser
organizadas em quatro mensagens:
 Ele chamou o povo para reconstruir o Templo, mostrando a importância de abandonarem a negligência em que estavam (Ag 1:1-15).

 O profeta Ageu falou sobre as bênçãos de Deus que seriam derramadas, e o potencial de uma glória maior que haveria no novo Templo (Ag 2:1-9).

 O profeta Ageu ressaltou as bênçãos futuras de Deus para um povo que havia se corrompido (Ag 2:10-19).
 Ageu também profetizou sobre a promessa de Deus acerca da vitória de seu povo sobre as nações. Na ocasião, Zorobabel, neto do rei Jeoaquim, era o representante da
casa de Davi.
Quem Foi o Profeta Zacarias na Bíblia?

 Daniel Conegero

O Profeta Zacarias foi um homem levantado por Deus para profetizar no tempo da restauração do povo de Israel do exílio na Babilônia. O nome Zacarias significa
“Yahweh lambra-se”, ou seja, “aquele de quem Deus se lembra”.
Zacarias era um nome muito comum entre o povo hebreu, de forma que muitos personagens bíblicos aparecem com este nome, principalmente no Antigo Testamento.
No final deste texto pontuaremos alguns destes personagens.

A História do profeta Zacarias


O profeta Zacarias nasceu em uma família de sacerdotes ainda na Babilônia. Sua família estava entre os quase cinquenta mil exilados que retornaram do exílio
babilônico após a permissão do rei Ciro.
Zacarias era filho de Baraquias, porém em algumas passagens bíblicas ele aparece como sendo filho de Ido, que na verdade era seu avô (Zc 1:11; cf. Ed 5:1; 6:14; Ne
12:4,16). Para explicar isto, acreditasse que seja possível que seu pai, Baraquias, tenha morrido quando Zacarias ainda era muito jovem, ou seu avô, Ido, talvez tenha sido
uma figura mais proeminente que seu pai.

Além de profeta, Zacarias também era sacerdote, assim como os profetas Jeremias e Ezequiel também foram antes dele. Zacarias foi contemporâneo do profeta Ageu,
de Zorobabel, o líder político dos judeus que retornaram do exílio e de Josué, filho de Jozadaque e sumo sacerdote da nação (Zc 3:1; 4:6; 6:11; Ed 5:1,2).
O ministério do profeta Zacarias    
O ministério profético de Zacarias está registrado, principalmente, no livro do Antigo Testamento que traz seu nome, e no livro de Esdras. No entanto, Zacarias também é
mencionado no livro de Neemias.

O profeta Zacarias começou a profetizar cerca de dois meses depois de Ageu também ter começado a profetizar (Ag 1:1; cf. Zc 1:1), isto é, no oitavo mês do segundo
ano de reinado do rei Dario, em 520 a.C.
A mensagem profética, tanto do profeta Zacarias quanto o profeta Ageu, era de encorajamento acerca da obra de restauração do Templo, além de revelações sobre as
bênçãos futuras da nação.
O contexto histórico do ministério do profeta Zacarias nos mostra que aquele era um período muito significativo da história judaica. Os exilados haviam
conseguido a permissão para retornarem a sua terra, e entusiasmado, se propuseram a reconstruir o Templo em Jerusalém que tinha sido destruído.
Em 535 a.C., eles conseguiram lançar os alicerces do Templo (Ed 3:8-13), porém devido à oposição dos samaritanos, o trabalho de restauração ficou paralisado até o
reinado de Ciro, ou seja, durante pelo menos 14 anos nada foi feito nesse sentido.

Algumas pessoas questionam sobre o porquê de Zacarias e Ageu terem ficado em silêncio durante esse período. Uma explicação bem provável é que ambos ainda eram
crianças quando retornaram com suas famílias do exílio em 537 a.C., ou então eles não retornaram nesse grupo de exilados, mas em outro grupo posteriormente. De
qualquer forma, provavelmente os dois profetas não eram adultos nessa época.

Com base na explicação acima, então podemos supor que o profeta Zacarias era ainda muito jovem quando começou a profetizar. Com as exortações de Zacarias e
Ageu, o trabalho foi reiniciado, porém num determinado momento mais uma vez houve oposição externa, com o questionamento de Tatenai, governador Persa; e também
oposição interna, com os judeus desaminados e pessimistas com relação à construção do Templo, achando eles que, a escassez de recursos, os obstáculos, e a inferioridade
da construção atual em comparação com o primeiro Templo de Salomão, significavam um tipo de reprovação do próprio Deus.
É neste cenário que os profetas Zacarias e Ageu profetizaram, convocando o povo ao arrependimento da negligência que estavam demonstrando, e encorajando-os a
confiarem nas promessas do Senhor. O povo respondeu as mensagens do Senhor proclamadas através dos dois profetas, e em 515 a.C. o trabalho foi concluído.
As profecias de Zacarias
As profecias do profeta Zacarias, além de tratar das questões relacionadas à reconstrução do Templo, também apontavam para a realidade do reino de Deus no
futuro. Assim, algumas profecias do profeta Zacarias possuem uma aplicação imediata, num futuro próximo a restauração da comunidade após o exílio.
Todavia, outras profecias de Zacarias apontam para um futuro mais distante de sua época, onde Deus traria bênçãos para Jerusalém por meio da linhagem de Davi, de
modo que Zorobabel era apenas a continuidade da linhagem, e não o seu fim.

Logo, o profeta Zacarias profetizou claramente sobre a vinda do Messias, o último filho de Davi. Zacarias profetizou sobre a entrada triunfal de Jesus (Zc 9:9-10; cf. Mt
21:1-11), sobre a traição e morte de Cristo (Zc 13:7) e sobre a promessa da habitação de Deus no meio de Seu povo, realizada finalmente em Cristo (Zc 2:5,10; cf. Jo 1:14).
A própria celebração registrada em Zacarias 14:16-20, encontrará seu cumprimento pleno no reinado do Cordeiro no novo céu e nova terra (Ap 21:1-3).

Zacarias, pai de João Batista


Certamente esse Zacarias é o mais conhecido depois do profeta Zacarias. Zacarias foi um sacerdote, e pai de João Batista (Lc 1:5-25; 3:2). Certa vez ele recebeu a visita
do anjo Gabriel enquanto estava executando suas funções sacerdotais no Templo.
O anjo lhe trouxe a notícia de que seria pai, porém sua primeira reação foi a incredulidade. Como consequência, Zacarias ficou temporariamente mudo, e provavelmente
surdo, até que Izabel deu à luz ao filho do casal.
A forma com que Zacarias voltou a falar impressionou toda a região da Judeia, e as pessoas começaram a especular quem era aquele menino que havia nascido (Lc 1:64-
66). Tomado pelo Espírito Santo, Zacarias também profetizou sobre o ministério do Messias (Lc 1:68-79).

Outros Zacarias na Bíblia


Como dissemos, há pelo menos 30 personagens bíblicos designados como Zacarias na Bíblia. A maioria deles aparece apenas uma ou duas vezes na narrativa bíblica.
Além dos dois Zacarias já apresentados, citaremos alguns destes homens que tiveram esse nome.
 Um chefe da tribo de Rúbem que viveu em aproximadamente em 740 a.C. (1Cr 5:6,7).

 Filho de Meselemias, guarda da porta ao norte do Tabernáculo (1Cr 9:21; 26:2,14).

 O primeiro colonizador israelita de Gibeão (1 Cr 9:35,37), também citado como “Zequer” em 1 Crônicas 8:31.

 Um levita que tocou quando a Arca da Aliança foi trazida a Jerusalém (1Cr 15:14.18,20; 16:5).
 Um príncipe de Judá enviado pelo rei Josafá para ensinar a Lei ao povo judeu (2Cr 17:7).
 Um levita da família de Asafe que foi atuante, juntamente com o rei Ezequias, na purificação do Templo (2Cr 29:13). Também houve outro Zacarias da casa de Asafe que
viveu na época do reinado de Josafá (2Cr 20:14).
 Um dos últimos reis do reino do norte, Israel, filho de Jeroboão II, que reinou em 753 a.C. (2Rs 14:29). Ele reinou apenas seis meses e foi assassinado por Salum,
terminando assim a dinastia de Jeú (2Rs 15:8-12).

 Provavelmente um sacerdote no reino do rei Josias (2Cr 35:8).

 Um dos homens de destaque que foram enviados por Esdras para buscarem levitas e pessoas que desempenhavam serviços no Templo para retornarem a Jerusalém (Ed
8:16).

 Um profeta que viveu durante o reinado do rei Uzias. Enquanto o rei seguiu os seus conselhos, houve prosperidade (2Cr 26:5).
Existem ainda outros Zacarias na narrativa bíblica do Antigo Testamento, de maneira que é até difícil conseguir distinguir quando algumas citações se referem a
um certo Zacarias ou a outra pessoa com o mesmo nome. Um exemplo disto são as referências sobre Zacarias que aparecem nos livros de Esdras e Neemias.
Para finalizar, um personagem com este nome que certamente merece destaque é o Zacarias mencionado em 2 Crônicas 24:20-22. Esse Zacarias foi filho do sumo
sacerdote Joiada durante o reinado do rei Joás, em Judá.

Naqueles tempos, Judá retornou à idolatria, e Zacarias, movido pelo Espírito de Deus, repreendeu severamente a nação por conta daquela conduta pecaminosa. A
denúncia de Zacarias incomodou os nobres de Judá que, juntamente com o rei, planejaram apedrejá-lo até a morte no átrio do Templo.
Muito provavelmente esse é o Zacarias citado por Jesus em Mateus 23:35 e Lucas 11:51. Na verdade, a identificação desse Zacarias oferece algumas dificuldades. O
problema é que o Zacarias, filho de Baraquias, é o profeta Zacarias que estudamos no início deste texto, e se caso o profeta tivesse sofrido tal martírio, provavelmente
haveria alguma referência sobre isto nos livros de Esdras, Neemias ou Malaquias.
A tradição judaica afirma que o profeta Zacarias morreu de causas naturais na Judéia, com idade bastante avançada, e foi sepultado perto do tumulo de Ageu.
Por outro lado, quando comparamos a expressão utilizada por Jesus com a expressão dita pelo Zacarias, filho de Joiada que aparece em Crônicas, na hora de sua morte,
entendemos que possivelmente se trata da mesma pessoa.

Em Lucas lemos o Senhor dizendo que “desde o sangue de Abel, até ao sangue de Zacarias, que foi morto entre o altar e o templo; assim, vos digo, será requerido desta
geração” (Lc 11:51). Já em Crônicas lemos que, prestes a morrer, Zacarias disse: “O Senhor o verá, e o requererá” (2 Cr 24:22).
Outra informação importante é que o livro de 2 Crônicas é o último livro da Bíblia hebraica. Assim, a expressão “de Abel a Zacarias” poderia ser uma expressão hebraica
equivalente a nossa “de Gênesis ao Apocalipse”.

Para resolver o problema das palavras “filho de Baraquias” que aparece em Mateus, os estudiosos sugerem três possibilidades. A primeira entende que o Zacarias
mencionado pelo Senhor realmente tenha sido o profeta Zacarias, e que neste caso seu martírio não foi documentado e a tradição judaica está errada.
A segunda possibilidade sugere que o Zacarias do livro de 2 Crônicas tenha sido neto de Joaiada, e não filho, e que seu pai então também se chamava Baraquias, mas por
algum motivo não foi citado em 2 Crônicas.

A terceira possibilidade sugere que as palavras “filho de Baraquias” que aparecem no Evangelho de Mateus trata-se de uma adição equivocada de um copista, visto que ela
não aparece nos melhores manuscritos do Evangelho de Lucas.
Quem Foi Obadias?

 Daniel Conegero
Geralmente a curiosidade acerca de quem foi Obadias na Bíblia ocorre quando lemos o livro que leva seu nome no Antigo Testamento. Primeiramente, precisamos
considerar que pelo menos doze personagens bíblicos são citados com o nome de Obadias.
Antes de falarmos sobre tais personagens, vamos conhecer o significado desse nome. Obadias significa “servo de Javé” ou “adorador de Javé”, do
hebraico ‘ovadyahu, ‘ovadyah.

Os Obadias da Bíblia
De todos os personagens bíblicos com o nome de Obadias, certamente apenas dois deles são os mais conhecidos entre os cristãos. O primeiro, claro, o profeta Obadias,
e o segundo um administrador do palácio no governo de Acabe e Jezabel. Deixaremos esses dois personagens que tiveram maior proeminência por último. Antes, faremos
uma lista dos outros dez personagens com esse nome.
1. Um descendente de Davi (1Cr 3:21).

2. Um dos chefes da tribo de Issacar (1Cr 7:3).

3. Um capitão gadita que se juntou a Davi como aliado em Ziclague (1Cr 8:38; 9:44).

4. Um benjamita, descendente de Jônatas filho de Saul (1Cr 8:38; 9:44).

5. Um levita, possivelmente idêntico a Abda, pertencente a uma família de porteiros do Templo (1Cr 9:16; Ne 11:17; 12:25).

6. Um zebulonita (1Cr 27:19).

7. Um levita encarregado de supervisionar os reparos do Templo no governo de Josias (2Cr 34:12).

8. Um dos príncipes comissionados pelo rei Josafá para ensinar a Lei nas cidades de Judá (2Cr 17:17).
9. Um líder israelita, descendente de Joabe, que retornou da Babilônia para Jerusalém em companhia de Esdras (Ed 8:9).

10. Um sacerdote que selou a aliança nos dias de Neemias (Ne 10:5).

Conhecemos dez homens chamados Obadias na Bíblia. Sobre eles, praticamente não temos nenhuma informação além das passagens bíblicas que citam seus nomes.
Abaixo, conheceremos os dois personagens restantes, dos quais temos um pouco mais de informação.

O Obadias do palácio de Acabe


Esse Obadias foi um mordomo chefe (ou administrador, governador) encarregado do palácio do rei Acabe e Jezabel (1Rs 18:3-16). Desde jovem, Obadias era temente a
Deus. Seu compromisso com o Senhor ficou evidente quando, durante a perseguição promovida por Jezabel aos profetas, ele escondeu cem profetas em duas cavernas.

Durante uma seca, ele foi enviado por Acabe para procurar pastagens para os cavalos e mulas reais, e acabou se encontrando com o profeta Elias. Depois desse encontro,
Obadias conseguiu arranjar um encontro entre Acabe e Elias no monte Carmelo, no episódio que ficou conhecido pela morte dos profetas de Baal.
O Talmude Babilônico (Sanhedrin 39b), equivocadamente confunde esse Obadias com o Profeta Obadias. Um selo hebreu antigo encontrado com o texto “A Obadias, servo
do rei“, talvez tenha pertencido a esse servo de Acabe.

O Profeta Obadias
Apesar de haver um livro no Antigo Testamento com seu nome, a Bíblia não nos fornece nenhuma informação acerca de sua vida. O que sabemos é que ele foi um
profeta, muito provavelmente de Judá, segundo o que seu livro parece indicar (Ob 1).
Sobre o período em que o Profeta Obadias viveu, duas sugestões são defendidas entre os estudiosos. Alguns entendem que ele tenha vivido antes do exílio, enquanto
outros defendem que ele tenha vivido por volta do século 5 a.C. Essa segunda hipótese é considerada a mais provável. Se caso, de fato, essa última posição estiver correta,
é cronologicamente incompatível identificá-lo com o Obadias mordomo do rei Acabe citado anteriormente, nem mesmo com o capitão do rei Acazias (2Rs 1:13-15),
conforme faz o pseudo Epifânio na obra As Vidas dos Profetas.
A tradição talmúdica de que o profeta Obadias tenha sido um prosélito de origem edomita é bastante improvável, principalmente considerando sua forte denúncia contra
Edom.
Quem Foi o Profeta Habacuque

 Daniel Conegero
O profeta Habacuque foi o autor do livro do Antigo Testamento que traz seu nome. Além do que nos é informado no livro de sua autoria, nada mais se sabe sobre a
biografia desse profeta. Portanto, utilizaremos algumas informações de seus escritos para sabermos um pouco mais sobre quem foi Habacuque.

Quem foi Habacuque? A vida do profeta


Como já dissemos, não existe dados históricos ou qualquer outra informação na Bíblia acerca de quem foi Habacuque. Esse personagem bíblico não é citado em nenhum
outro livro do Antigo Testamento. Nos livros do Novo Testamento Habacuque também não é citado.
Alguns estudiosos, sem qualquer fundamentação, já tentaram sugerir que Habacuque seja apenas um título para o livro, e não um personagem histórico. Entretanto, a
construção do texto presente no livro do profeta Habacuque não deixa qualquer dúvida de que Habacuque foi um personagem histórico. Portanto, qualquer sugestão
que conteste a historicidade da vida do profeta deve ser desprezada.
O significado do nome “Habacuque” também é incerto. O nome tanto pode estar ligado à raiz hebraica que significa “abraço” (h-b-q), ou ao nome de uma planta assíria
chamada “hambakuku“. A forma grega desse nome é Hambakoum.
Caso esse nome seja derivado do hebraico, então seu significado pode estar relacionado a uma ideia de aceitação do Senhor por Habacuque, ou, como Lutero entendeu,
esse significado pode se referir a Habacuque como sendo alguém que abraça o seu povo num tempo de desespero. Já Jeronimo entendeu que esse “abraço” deveria ser
aplicado no sentido “luta”, isto é, alguém que “lutou” com Deus.
Se for a segunda possibilidade a correta, ou seja, do nome ser derivado de uma planta assíria, então esse nome pode representar o grau de influência da cultura assíria sob
a sociedade de Judá.

Existem também algumas sugestões de que Habacuque teria sido o filho da mulher sunamita que aparece no livro de 2 Reis (cap. 4:16), ou que ele teria sido o vigia
mencionado no livro do Profeta Isaías (cap. 21:6). Entretanto, não existe qualquer apoio para tais sugestões que, simplesmente, não passam de uma simples conjectura bem
improvável.

O ministério do profeta Habacuque


O primeiro versículo do livro do profeta Habacuque perece sugerir que ele era bem conhecido em sua época. Alguns intérpretes defendem que Habacuque era um profeta
ligado ao Templo em Jerusalém, mas a hipótese mais provável é de que o profeta Habacuque apenas trabalhava em Jerusalém. De qualquer forma, sua profunda
preocupação com assuntos relacionados à Jerusalém é incontestável.
O versículo 6 do capítulo 1 do livro de Habacuque fornece um dado importantíssimo, pois nele está registrada a única referência histórica clara no livro, servindo de base
para que se tenha uma estimativa do período em que o profeta Habacuque viveu.

A referência em questão é sobre o avanço babilônico (literalmente “caldeus”) como um tipo de novo poder ameaçador da época. Isso então indica uma data próxima à
conquista de Judá pelos exércitos de Nabucodonosor que ocorreu aproximadamente em 597 a.C.
Logo, o profeta Habacuque viveu durante o período de reinado do rei Joaquim (608-598 a.C.). Ele provavelmente testemunhou o declínio e queda do Império Assírio e
a derrota de Nínive por volta de 612 a.C. Essa data também o coloca como um contemporâneo mais jovem do Profeta Jeremias.
Como dissemos, não existe qualquer referência à vida pessoal do profeta. Não sabemos nada sobre sua família, sobre sua profissão ou sobre sua posição social. Apesar
disso, através de seu livro podemos conhecer um verdadeiro profeta do Senhor, alguém que não se contaminava com as práticas pecaminosas de sua época, alguém que
tinha um profundo zelo pela honra e pela glória de Deus (Hc 1:12; 3:3).

A mensagem de Habacuque
O profeta Habacuque se preocupava seriamente com a desobediência do povo em relação aos mandamentos de Deus. Esses traços da personalidade e do caráter de
Habacuque nos são revelados através de seus diálogos com Deus, através de seus dolorosos questionamentos e suas suplicas.
O profeta Habacuque viveu num período de crise, sobretudo espiritual, onde o povo escolhido de Deus estava perdendo a sua identidade. Toda essa situação fez
com que Habacuque questionasse ao Senhor com relação a uma aparente indiferença de Deus para com a terrível realidade de sua época.
Porém, esse questionamento não era motivado por uma incredulidade por parte do profeta, ao contrário, ele sabia da soberania de Deus sobre tudo o que estava
acontecendo (Hc 3:17). Na história do profeta Habacuque podemos aprender como ele mudou, através da oração, a profunda aflição em esperança.
Quem Foi o Profeta Amós?

 Daniel Conegero

O Profeta Amós foi um homem levantado por Deus para profetizar sobre o juízo divino que seria derramado devido à infidelidade do povo. Amós é também o
autor do livro do Antigo Testamento que leva seu nome. Nesse texto conheceremos quem foi Amós na Bíblia.

O profeta Amós
O profeta Amós era de Tecoa, uma aldeia situada a aproximadamente 16 km ao sul de Jerusalém, 9 km de Belém e 20 km a oeste do Mar Morto. O nome Amós significa
“carregador de fardos”, do hebraico ‘amos.
Além do que é dito em seus escritos, nada se sabe sobre quem foi Amós, porém em seu livro encontramos detalhes importantes que nos fornecem informações
valiosíssimas sobre sua história.
O profeta Amós viveu no século 8 a.C., e profetizou durante o reinado do rei Uzias em Judá (Reino do Sul) e do rei Jeroboão em Israel (Reino do Norte). Logo na
introdução de seu livro, o profeta Amós informa seus leitores que as visões que teve da parte do Senhor ocorreram dois anos antes do “grande terremoto”.
Esse terremoto que ocorreu durante o reinado de Uzias foi um evento memorável, e foi lembrado pelo profeta Zacarias como um ato de julgamento divino (Zc 14:5).
O profeta Amós era um homem simples e de origem rural. Ele foi pastor de ovelhas (Am 1:1), boiadeiro e colhedor de sicômoros, um tipo de figo  (Am 7:14). Sua
familiaridade com o campo pode ser notada várias vezes em sua mensagem profética, como por exemplo, quando ele usa palavras referindo-se a animais (Am 5:19), insetos
e ervas (Am 7:1) e frutos (Am 8:1).

O ministério profético de Amós


O profeta Amós não havia estudado para ser profeta, nem mesmo foi um discípulo de profeta ou recebeu qualquer treinamento nesse sentido (cf. 1Rs 20:35; 2Rs
2:3,5; 7:15), ou seja, ele não era considerado um profeta de profissão, e não dependia desse ofício para seu sustento.
Na verdade, o próprio Amós fez questão de afirmar que não possuía conexão alguma com a escola religiosa formal de sua época. Descrevendo a si mesmo, o profeta Amós
testificou: “Eu não sou profeta, nem discípulo de profeta, mas boiadeiro e colhedor de sicômoros” (Am 7:14).
O chamado de Amós para o ministério lembra em alguns aspectos a convocação de outros grandes homens de Deus, como Isaías, Jeremias e Paulo de Tarso (cf. Jr 1; Is 6;
At 9).
O profeta Amós testificou sobre sua convocação da seguinte forma: “Mas o Senhor me tirou de após o gado e o Senhor me disse: Vai e profetiza ao meu povo de Israel” (Am
7:15). Assim, entendemos que foi Deus, soberanamente, quem chamou Amós para exercer o ofício de profeta.
Essa frase utilizada pelo profeta Amós para descrever sua convocação é muito semelhante à frase que descreve a escolha do Senhor de coroar Davi como rei em Israel (S2m
7:8). Isso significa claramente que Deus, conforme sua vontade, escolhia reis e profetas quando lhe aprouvesse.

Apesar de sua origem rural, o profeta Amós demonstrava conhecer muito bem a Lei de Deus e a história do povo da aliança. Em sua profecia, Amós fez várias referências
aos fatos narrados no Pentateuco.

Ele, por exemplo, se referiu à destruição de Sodoma e Gomorra (Am 4:11), ao Êxodo (Am 3:1), a conquista de Canaã (Am 2:9s) e mencionou Isaque, Jacó e José (Am 7:16;
3:13; 5:6).

A profecia do profeta Amós


Sem dúvida, o fato de o profeta Amós ser natural de Judá, o Reino do Sul, e ter sido convocado para profetizar, principalmente, a Israel, o Reino do Norte, chama a atenção,
sobretudo pela forma ousada que seu ministério se desenvolveu.

O profeta Amós recebia do Senhor em visão as palavras que deveria profetizar (Am 1:1). Muito provavelmente Amós profetizou durante o período de paz e
prosperidade que Israel experimentou no reinado de Jeroboão II.
Durante pelo menos quarenta anos o Reino do Norte não sofreu nenhuma ameaça militar significativa. O Egito e a Babilônia estavam enfraquecidos, e a Assíria estava em
pleno declínio após a morte de Adade-Nirari III.
Nessa época também havia paz entre Israel e Judá, e o rei tinha restaurado as fronteiras de Israel de acordo com o que o profeta Jonas havia profetizado (2Rs 14:25).
Apesar de grande parte da mensagem profética de Amós ter sido dirigida ao Reino de Israel, Amós também denunciou os pecados de Judá (Am 2:4-5; cf. 9:11).
Parte importante de seu ministério profético foi cumprida em Betel, o centro da idolatria e apostasia religiosa do Reino de Israel (1Rs 12:26-33).
A profecia de Amós censurou a condição social (Am 2:6,7), moral (Am 2:7,8) e religiosa (Am 2:8-12) da nação. O profeta Amós viveu numa época em que os ricos
procuravam ficar mais ricos, a imoralidade estava num nível abominável e a perversão religiosa era tão grande que a idolatria era considerada algo normal, enquanto que
os verdadeiros fiéis a Deus eram ridicularizados por sua devoção.

Então é nesse cenário que o profeta Amós profetizou sobre a severidade do julgamento de Deus que castigaria Israel e Judá por causa da infidelidade pactual
característica nesses reinos. Porém, a profecia de Amós também apontou para a esperança de restauração e grande exaltação para o povo do Senhor após o exílio que se
aproximava.
Também é muito significativa a forma com que as profecias de Amós revelam o nosso Senhor Jesus. O profeta falou sobre uma restauração, um governo e juízo que
só encontram seu cumprimento pleno e final em Cristo, não apenas em sua primeira vinda, mas também no seu retorno em glória para estabelecer seu reino universal
no novo céu e nova terra (Mt 1:1; Lc 1:32,33; Ap 22:16; At 2:34-36; 15:13-19; 1Co 15:23-25; Hb 10:26-30; 1Pe 4:17; Ap 22:16; etc.).
Um claro exemplo disto é o modo com que Tiago interpretou as palavras do profeta Amós (Am 9:11,12) no Concílio de Jerusalém, quando ele entendeu que a restauração
do Tabernáculo de Davi da qual o profeta Amós falou, se cumpriu quando judeus e gentios foram chamados à salvação como um só povo em Cristo, para proclamar
o Evangelho pelo mundo inteiro (At 15:14-18).
Novo Céu e Nova Terra

 Daniel Conegero
O novo céu e nova terra é uma promessa amplamente ensinada pelas Escrituras. Tal doutrina está presente desde o Antigo Testamento até o Novo Testamento.
Naturalmente muitas dúvidas surgem entre os cristãos acerca de como será esse estado futuro e eterno.
Apesar de termos muitas referências bíblicas sobre o novo céu e nova terra, claro que muitos detalhes só serão esclarecidos quando, finalmente, estivermos vivendo
neles. Neste estudo bíblico, meditaremos sobre o que a Bíblia nos diz acerca do novo céu e nova terra.

Quando ocorrerá o surgimento do novo céu e nova terra?


Podemos dizer que o estado eterno, com novo céu e nova terra, terá início por ocasião do juízo final. Quando todos forem julgados, os ímpios serão destinados à
condenação eterna no lago de fogo, enquanto os santos viverão e reinarão eternamente com Deus, no novo céu e nova terra.
O Apóstolo João descreve esse momento da seguinte forma: “Vi novo céu e nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe” (Ap 21:1).

Como será criado o novo céu e nova terra?


Esse é um ponto que levanta algumas discussões entre os estudiosos. Primeiro, vale ressaltar que a expressão “novo céu e nova terra” deve ser entendida como
contemplando o universo inteiro, ou seja, é uma expressão bíblica para se referir a todo universo.
Sobre as discussões acerca de como se dará a criação do novo céu e nova terra, alguns acreditam que o universo atual será completamente destruído, no sentido de
aniquilado, deixando de existir, e então Deus criará novo céu e nova terra, sem continuidade alguma com o universo atual.
Já outros estudiosos defendem que o universo atual não será destruído, mas renovado. Será uma transformação tão profunda que refletirá uma nova criação, mas ainda
assim será a continuidade do universo atual.
Particularmente entendo que há base bíblica suficiente para que não haja qualquer dúvida de que, na verdade, acorrerá uma renovação. Por exemplo: se considerarmos o
texto citado acima em Apocalipse 21:1, o termo grego utilizado para descrever o novo céu e nova terra expressa uma ideia de um “novo mundo”, e não de um “outro
mundo”.
O mesmo termo também é utilizado em 2 Pedro 3:13, e trata-se do grego kainos que significa algo novo em qualidade. Se fosse algo novo em origem, ou seja, sem
qualquer base prévia, o termo grego deveria ser neos.
Na Carta aos Romanos, o Apóstolo Paulo nos diz que “a natureza criada aguarda, com grande expectativa, que os filhos de Deus sejam revelados” (Rm 8:19). Paulo continuou
explicando que tal expectativa se dá pelo fato de que a criação será “libertada da escravidão da decadência em que se encontra para a gloriosa liberdade dos filhos de
Deus” (Rm 8:21). Obviamente o apóstolo está dizendo que é a criação atual que será libertada dos efeitos do pecado, e não uma nova criação.
Por fim, também penso que a aniquilação do universo atual poderia representar um tipo de vitória de Satanás, pois ele teria conseguido corromper de maneira irreversível a
criação original de Deus, a ponto de precisar ser completamente descartada para que outra criação seja criada.

Portanto, a renovação do universo, além de ser a doutrina bíblica acerca do assunto, também demonstra mais um meio pela qual a soberania de Deus será revelada,
quando Ele purificar exatamente a criação que Satanás tentou destruir, removendo todos os efeitos do pecado.
Veja também: Manual de Escatologia completo para você entender o que a Bíblia diz sobre o futuro.

Como será o novo céu e nova terra?


Muita gente possui uma ideia completamente equivocada acerca do que será o novo céu e nova terra, imaginando ser um paraíso espiritual. Essa ideia foi difundida
principalmente na idade média, onde o paraíso futuro sempre era retratado como um lugar etéreo, entre nuvens, onde as pessoas vestidas de branco ficariam flutuando
com harpas nas mãos.
Na verdade, mesmo dentro das igrejas, alguns cristãos também entendem desta forma, talvez por conta de expressões que remetem a ideia de que passaremos a
eternidade num tipo de céu em algum lugar no espaço.

Primeiro precisamos dizer que hoje, quando um cristão morre, sua alma vai estar com Deus na morada dEle, um lugar de descanso de sua vida terrena, enquanto aguarda a
ressurreição de seu corpo.

Porém na eternidade, todos nós teremos corpos ressurretos e glorificados, isto é, não seremos apenas almas. Na verdade, nós podemos dizer seguramente
que passaremos a eternidade no céu, desde que entendamos o que será o céu no estado eterno.
A doutrina bíblica é a de que haverá uma nova terra na qual passaremos a eternidade, vivendo em corpos ressurretos e desfrutando das belezas desse mundo
transformado para a glória de Deus.
Entretanto, a Bíblia se refere a esse futuro lar como “novo céu e nova terra”, isso porque Deus habitará conosco, ou seja, esse lugar também será a habitação de Deus. Em
outras palavras, não existirá nenhuma separação entre o céu (a morada de Deus) e a terra, ou seja, ambos se fundirão, formando então um único lugar.
Logo, a nova terra será o céu, e o céu a nova terra, e nós, habitando a nova terra, também estaremos habitando o novo céu (Ap 21:1-3). Claro que existem mistérios
acerca de como tudo isto ocorrerá, mas nossa esperança é de que chegará o dia onde compreenderemos todas estas coisas pessoalmente.

As Referências acerca do novo céu e nova terra


Como já dissemos, existem muitas passagens bíblicas em referência ao novo céu e nova terra, do Antigo ao Novo Testamento. Praticamente em todas elas a descrição
desse futuro glorioso é feito de forma figurada, onde uma realidade indescritível à nossa compressão humana é descrita com símbolos que possamos entender na presente
era.
Em muitas dessas passagens há também a ocorrência de profecias de dupla referência, isto é, uma única profecia se cumpre em eventos distintos, de modo que algo que já
se cumpriu prefigura o cumprimento de algo ainda futuro.

Algumas dessas profecias se referem à restauração do povo de Deus do exílio na antiga dispensação e/ou a vinda do Messias. Logo, muitas profecias já tiveram um
cumprimento primário na História do povo hebreu, ou se cumprem na nova dispensação com a Igreja de Cristo, porém elas também apontam para um momento futuro,
onde serão plenamente cumpridas.

Devido as diferentes correntes escatológicas e a discussão acerca do Milênio, os cristãos discordam entre si a respeito de quando se dará esse cumprimento futuro.
Uns defendem que tais promessas se cumprirão durante o reino milenar futuro e literal de Cristo na terra (ainda velha terra). Outros defendem que estas promessas
encontrarão seu cumprimento no novo céu e nova terra, ou seja, não durarão apenas mil anos, mas perdurarão a eternidade.

Se entendermos que a doutrina bíblica aponta para o novo céu e nova terra como o lugar onde as promessas e os propósitos de Deus serão plenamente cumpridos, então
perceberemos que em toda a Escritura esse maravilhoso lugar é mencionado de alguma forma.

Na promessa feita a Abraão (Gn 17:8), por exemplo, Deus lhe garante que entregaria ao patriarca e a sua descendência a terra de Canaã. Podemos dizer que a terra de
Canaã foi um tipo de símbolo que apontava para o futuro sobre a nova terra que está ainda por vir.
Isso é o que o escritor da Epístola aos Hebreus entendeu quando escreveu que Abraão “pela fé peregrinou na terra prometida como se estivesse em terra estranha; viveu em
tendas, bem como Isaque e Jacó, co-herdeiros da mesma promessa. Pois ele esperava a cidade que tem alicerces, cujo arquiteto e edificador é Deus” (Hb 11:9,10).
Sobre essa “cidade que tem alicerces” a qual eles esperavam, o mesmo capítulo 11 nos mostra que não se tratava de uma cidade terrena da presente era, mas uma cidade
celestial que se encontrará na nova terra. Logo, eles entendiam que a promessa de Deus transcendia a Canaã terrena, e buscavam uma pátria, isto é, a “pátria celestial“, uma
cidade a qual Deus lhes preparou (Hb 11:16; cf. Jo 14:2).
Quando consideramos a promessa feita em Gênesis 17:8, e a interpretamos à luz de passagens neotestamentárias como essa de Hebreus juntamente com Mateus 5:5,
Romanos 4:13 e Gálatas 17:8, entendemos que também somos herdeiros da promessa acerca do novo céu e nova terra, pois em Cristo somos descendência de Abraão.

No Antigo Testamento, as passagens mais conhecidas e explicitas que descrevem o novo céu e nova terra estão no livro do Profeta Isaías (caps. 65:17-65; 66:22,23). Já
no Novo Testamento, existem muitas referências que remetem ao estado eterno, mas certamente as referências de Romanos 8:21-23; 2 Pedro 3:13 e Apocalipse 21-22 são
as principais acerca do novo céu e nova terra.
Considerando todas estas referências, podemos claramente entender que o novo céu e nova terra será um lugar glorioso, com uma paz sem igual, toda a criação estará
restaurada e livre da maldição do pecado, onde haverá abundância de recursos que estarão à disposição de seus habitantes, não existira mais a morte, a tristeza e a dor,
será um lugar marcado pela justiça e, principalmente, será a eterna habitação de Deus com Seu povo.

Como viveremos no novo céu e nova terra?


Bem, como já vimos, não devemos imaginar nossas vidas na nova terra de forma “espiritualizada”, flutuando entre nuvens e cantando durante toda a eternidade num coral.
Geralmente sobre essa questão, as pessoas costumam ter dúvidas bem específicas.

Alunos já me perguntaram coisas bem curiosas, como por exemplo, se haverá esportes, tecnologia (incluindo a internet), e se haverá alimentação. Ora, para dúvidas tão
específicas precisaremos esperar o grande dia em que teremos todas as respostas, pois a Bíblia não nos esclarece nada acerca disso.

Todavia, a Bíblia (com principal ênfase no capítulo 21 do Apocalipse) nos fala sobre o que realmente importa sabermos em relação a nossa vida futura. A Igreja de Cristo
reinará durante toda a eternidade com Deus, ou seja, na nova terra nós desfrutaremos de comunhão eterna com Deus. Certamente esse é o aspecto mais maravilhoso
da nossa vida futura.
Como já dissemos, na nova terra não haverá mais lágrimas e sofrimento e a morte não será mais encontrada. Todas essas coisas já serão passadas. Na nova terra também
estaremos unidos com todo o povo Deus, juntos, numa única família.

Lá poderemos conviver durante toda a eternidade com nossos amigos e entes queridos que partiram no Senhor, como também com grandes homens de Deus a quem
conhecemos apenas de ouvir falar, como Noé, Abraão, Moisés, Isaías, Paulo, Pedro, João e tantos outros.
Na nova terra nós teremos ocupações. Em Apocalipse 22:3 somos informados de que os servos de Deus o servirão. Lá descansaremos, mas não seremos ociosos,
repousaremos de nossas fadigas, mas não do nosso serviço. Porém, será um trabalho glorioso e prazeroso, pois serviremos o nosso Senhor.
Ainda no texto do livro do Apocalipse, lemos que na eternidade contemplaremos a face de Deus (Ap 22:4). Com certeza esse é ponto alto da descrição da nossa vida
futura. Poderemos ver o nosso Senhor exatamente como Ele é (1Jo 3:2).
Aqui vale ressaltar que nossa vida na nova terra será essencialmente diferente e infinitamente superior ao que foi com Adão no Éden. Antes da Queda, sabemos que Deus
descia à terra para conversar com Adão na viração do dia.
Obviamente isso já era maravilhoso, mas perceba que ainda existia uma distância, pois Deus descia em alguns momentos. Os estudiosos entendem que possivelmente essa
manifestação de Deus era sob forma humana. Mas no novo céu e nova terra não haverá qualquer distância, Deus não nos visitará em determinados momentos, mas
habitará conosco para todo o sempre.
Além de servirmos a Deus, no novo céu e nova terra também reinaremos com Ele pelos séculos dos séculos (Ap 22:5). Seremos servos e reis. Devemos nos lembrar que
não merecemos nenhuma destas coisas, tudo isso é graça.
Outro aspecto interessante que a Bíblia nos esclarece é que, em corpos ressurretos vivendo na nova terra, os santos não mais se casaram. Pelo menos nesse ponto
específico seremos como os anjos (Mt 22:30). Logo, também não haverá mais nascimentos, pois como a morte não existirá também não haverá mais a necessidade de
reprodução.

Qual será o papel dos anjos no novo céu e nova terra? Como eles se relacionarão com a
Igreja?
Falando nos anjos, muitas pessoas também se perguntam sobre como será o papel dos anjos no novo céu e nova terra, e como será o nosso relacionamento com eles.
Na verdade a Bíblia não fala nada a respeito deste assunto.
Todavia, ao que parece a relação entre os anjos e os redimidos permanecerá como é atualmente. Os anjos são “espíritos ministradores, enviados para serviço a favor dos que
hão de herdar a salvação” (Hb 1:14).
Considerando algumas passagens bíblicas que podem servir de base para esclarecer um pouco essa questão, creio que não há dúvidas de que os santos permanecerão
sempre mais exaltados do que os anjos (1Co 6:3; Ap 5:11). Seja como for, é certo que o relacionamento entre os anjos e a Igreja será de terna união, e juntos adorarão ao
Deus Todo-Poderoso por toda a eternidade.

Como será o nosso corpo no novo céu e nova terra?


Também não temos todos os detalhes acerca disto, mas com certeza o texto do Apóstolo Paulo aos irmãos de Corinto é bem esclarecedor nesse sentido (1Co 15:50-54). É
preciso notar que o texto não explica a composição física do corpo ressurreto, apenas enfatiza que seremos imortais e incorruptíveis, ou seja, não haverá mais nada que nos
debilite.
Em sua Epístola aos Filipenses, o mesmo apóstolo nos ensina que o corpo ressurreto será semelhante ao corpo glorioso de Cristo ressuscitado (Fp 3:21).

O cristão e a promessa acerca do novo céu e nova terra


A doutrina bíblica acerca do novo céu e nova terra deve ser algo presente na vida de todos os cristãos verdadeiros. As promessas sobre esse futuro glorioso devem
nos confortar na presente era, enquanto ainda vivemos em um mundo decaído e corrompido pelo pecado.
Apesar de hoje não compreendermos todos os detalhes acerca do estado eterno, haverá o dia em que pessoalmente não só entenderemos, mas presenciaremos e
participaremos de todas essas coisas.

Não há dúvida de que o novo céu e nova terra será algo sem igual, como nunca visto antes. Porém, entre tudo isto, nada poderá se comparar ao prazer de contemplar a
face de Deus. Por enquanto só nos resta imaginar o dia em que estaremos profundamente admirados diante do esplendor do Cordeiro.
Apostasia

O Que Significa Indouto na Bíblia?

 Daniel Conegero
Indouto é aquele que é ignorante, inculto ou desprovido de instrução. O significado bíblico de indouto segue esse mesmo princípio, e geralmente indica uma pessoa inábil
ou sem a educação adequada.

Mas é sempre muito importante observar o contexto em que a palavra “indouto” aparece no texto bíblico, para que se possa compreender o sentido exato em que a
inabilidade e a falta de conhecimento de alguém é enfatizada. E nas traduções da Bíblia em português, a palavra “indouto” aparece em vários versículos bíblicos,
especialmente no Novo Testamento.

Os apóstolos como indoutos


No livro de Atos dos Apóstolos, os apóstolos Pedro e João são apresentados como homens indoutos. O texto bíblico registra que Pedro e João foram presos pelos líderes
judeus após anunciarem ao povo a doutrina da ressurreição.

A pregação dos apóstolos teve um grande resultado, e muitas pessoas foram convertidas a Cristo. Mas Pedro e João foram aprisionados e levados perante o Sinédrio. O
Sinédrio de Jerusalém começou a interrogar os apóstolos, mas capacitados pelo Espírito de Deus, os dois apóstolos que diante dos padrões humanos eram indoutos,
impressionaram as autoridades judaicas.
Nesse contexto, os membros do Sinédrios ficaram admirados com a coragem e o conhecimento de Pedro e João, pois eles sabiam que aqueles dois homens eram iletrados
e não passavam de pessoas comuns. Então diante da demonstração de grande conhecimento, o Sinédrio teve de admitir que aqueles pescadores incultos, realmente
tinham convivido com Jesus Cristo (Atos 4:13).
No contexto dessa passagem, fica claro que Pedro e João são identificados como indoutos no sentido de que eles não tinham qualquer erudição segundo os padrões da
liderança judaica. Eles não tinham um treinamento formal e não eram doutores da lei ou algo do tipo. Porém, sobre eles estava a promessa do Senhor Jesus Cristo de que
quando eles fossem perseguidos, aprisionados e interrogados pelas autoridades, o Espírito Santo falaria por eles (Mateus 10:19).

Os indoutos nas reuniões cristãs


Ao escrever à igreja em Corinto, o apóstolo Paulo falou dos indoutos, no sentido de pessoas ignorantes a respeito da verdade divina. Tratando sobre o uso dos dons no
contexto do culto público, especialmente dos dons de profecia e de línguas, Paulo explica a importância de tudo ser comunicado durante a adoração pública de uma forma
que todos possam entender, caso contrário, os indoutos não poderão compreender o que for dito, e não serão edificados (1 Coríntios 14:16,17).
Em seguida, o apóstolo observa que se durante a adoração pública todos começarem a falar em outras línguas, os indoutos ou incrédulos não tirarão qualquer proveito
disso, e pensarão que os crentes estão loucos. No entanto, o apóstolo enfatiza que se os incrédulos ou indoutos ouvirem as palavras compreensíveis da profecia do
Evangelho, então eles poderão ser conduzidos ao arrependimento (1 Coríntios 14:23,24).

Os indoutos que distorcem as Escrituras


Em sua segunda epístola, o apóstolo Pedro falou daqueles indoutos e inconstantes que deturpam as Escrituras para sua própria condenação. Na verdade, Pedro relembrou
que a longanimidade de Deus é uma oportunidade de salvação, e mencionou que o apóstolo Paulo, mediante a sabedoria do Senhor, também já havia escrito sobre esse
assunto em suas epístolas (2 Pedro 3:15).
Na sequência, porém, Pedro destacou que nas epístolas de Paulo havia algumas coisas difíceis de entender, as quais os indoutos e instáveis distorciam, assim como
também faziam com o restante da Palavra de Deus, trazendo destruição para eles mesmos (2 Pedro 3:16).
Nesse texto, parece que o apóstolo Pedro fala dos indoutos como pessoas inaptas no conhecimento da Palavra de Deus que, de forma proposital e deliberada, procuram
trazer um significado estranho ao texto bíblico, a fim de causar prejuízos e dissensões entre o povo do Senhor. Por isso o resultado desse tipo de prática adotada pelos
indoutos, é a própria ruína deles.
A Bíblia é a Palavra de Deus?

 Daniel Conegero
A Bíblia é a Palavra de Deus. Ela registra a revelação especial de Deus aos homens. Essa revelação não consiste apenas da automanifestação pessoal de Deus, mas também
do que Deus diz a respeito de si mesmo. Em outras palavras, ao se revelar de forma especial, Deus também o faz de modo a dizer-nos algo acerca de si. Então a Bíblia é o
registro fiel do que Ele tem a nos dizer.

Mas alguém pode questionar: Como saber se realmente a Bíblia é a Palavra de Deus? Existem provas disso? Como pode um conjunto de livros escrito por seres humanos
ser mesmo a Palavra de Deus?

As respostas para tais questionamentos passam essencialmente pelo que a própria Bíblia diz acerca de si mesma. A Bíblia afirma ser ela mesma a Palavra de Deus, ela
fornece inúmeras provas disso, bem como também explica como pode ser possível que homens finitos puderam registrar as palavras do Deus infinito.

Se a Bíblia é a Palavra de Deus, por que ela foi escrita por homens?
O Deus infinito e transcendente se revela ao homem de forma pessoal e proposicional, de modo a dar-lhe um conhecimento claro e objetivo acerca de Sua natureza, obra e
vontade. Isso significa que Ele decidiu se comunicar de forma especial conosco em termos humanos e inteligíveis. Para tanto, ele escolheu certas pessoas para serem suas
porta-vozes neste mundo.

Então quando falamos que a Bíblia é a Palavra de Deus, também estamos afirmando sua inspiração divina. Em outras palavras, a Bíblia só pode ser a Palavra de Deus se ela
for mesmo inspirada por Deus – visto que seus escritores eram homens como nós.

Mas há inúmeras evidências dentro da própria Bíblia que atesta sua inspiração. O apóstolo Paulo, por exemplo, escreve que “toda a Escritura é inspirada por Deus…” (2
Timóteo 3:16). A palavra “inspirada” traduz o grego theopneustos, que significa literalmente que a Escritura foi “soprada por Deus”.
Então o próprio Espírito de Deus operou de forma sobrenatural na vida das pessoas que foram escolhidas por Ele para registrarem Sua Palavra. No processo de composição
das Escrituras, Deus guardou essas pessoas do erro e as inspirou a registrar com perfeita precisão Sua Palavra expirada.

Toda a Bíblia é a Palavra de Deus?


Há uma grande diferença entre dizer que a Bíblia é a Palavra de Deus e dizer que a Bíblia apenas contém a Palavra de Deus. Quando dizemos que a Bíblia é a Palavra de
Deus, estamos afirmando a inspiração divina de cada uma de suas palavras. Mas quando dizemos que a Bíblia apenas contém a Palavra de Deus, caímos no erro de
considerar que pode haver partes da Bíblia que não são inspiradas e, portanto, não são a Palavra de Deus.

A boa notícia é que há realmente muitas declarações na Bíblia que testificam que todas as suas palavras são mesmo as palavras de Deus. Começando pelo Antigo
Testamento, centenas de vezes lemos expressões como: “Assim diz o Senhor”, “Veio a mim a palavra do Senhor”, “Ouvi a palavra que o Senhor fala”, “São estas as palavras
que disse o Senhor”, entre outras (Isaías 7:7; Jeremias 1:4; 30:4; Amós 3;1; Ageu 1:7; etc.). Isso significa que os profetas falaram o que o próprio Deus falou.
Outras partes do Antigo Testamento ainda confirmam que de fato o Senhor falava por intermédio dos profetas (cf. 1 Reis 14:18; 16:12,34; 2 Reis 9:36; 14:25; Jeremias 37:2;
Zacarias 7:7; etc.). Além disso, todas as demais porções das Escrituras são a Palavra de Deus – e não apenas aquelas que trazem citações diretas atribuídas a Deus (Êxodo
24:7; Deuteronômio 31:24-26; Josué 24:26; 2 Reis 23:1-3; etc.).

No Novo Testamento essa verdade é ainda mais evidente. Já citamos aqui o que o apóstolo Paulo escreve: “Toda a Escritura é inspirada por Deus…” (2 Timóteo 3:16).
O apóstolo Pedro também explica que toda a profecia da Escritura é procedente de Deus, e não da vontade humana (2 Pedro 1:20,21).
Embora o termo “Escritura” no Novo Testamento se refira principalmente aos escritos do Antigo Testamento, os escritores neotestamentários também reconheciam que o
processo de composição da Escritura não havia sido concluído ainda, e que os novos escritos que estavam sendo produzidos pelos apóstolos ou pessoas ligadas a eles,
também tinham valor de Escritura e, portanto, eram a Palavra de Deus (cf. 1 Coríntios 14:37; 1 Tessalonicenses 2:13; Pedro 3:16; 1 João 4:6).

Cada palavra da Bíblia é a Palavra de Deus?


Como foi dito, se toda a Bíblia é a Palavra de Deus, isso significa que cada uma de suas palavras são as palavras de Deus. Isso nos leva a afirmar a inspiração verbal da
Bíblia.

Essa inspiração não significa que o Espírito Santo apenas influenciou os escritores humanos ou sugeriu conceitos gerais que eles deveriam registrar cada qual ao seu modo.
Mas a inspiração da Bíblia é verbal. Isso quer dizer que a obra do Espírito Santo foi tão abrangente que envolveu até mesmo a escolha das palavras. Portanto, a inspiração
divina não cobre simplesmente a ideia geral da informação bíblica, mas cada palavra registrada na Escritura (cf. Mateus 5:18).
Isso, no entanto, não significa que a inspiração foi algo mecânico. Dizer que cada palavra da Bíblia é a Palavra de Deus inspirada, não quer dizer os escritores
bíblicos escreveram as Escrituras como um aluno escreve um ditado dado por seu professor. Isso seria uma Idea muito simplista do conceito de inspiração verbal.
Na verdade a inspiração verbal de cada palavra da Bíblia significa que a providencia divina cuidou de cada detalhe do registro da Escritura. Isso incluiu a plena preparação
das pessoas escolhidas para escreverem-na – desde o local onde nasceram, a época em que viveram, a educação que tiveram, as informações que receberam, as
experiências que vivenciaram etc.
Como diz Wayne Grudem, “a superintendência e a direção divina providenciais de Deus na vida de cada autor foram de tal ordem que a personalidade e a habilidade deles
foram exatamente o que Deus queria que fossem para a tarefa de escrever a Escritura. Então quando eles realmente chegaram a escrever, as palavras eram plenamente as suas
próprias palavras, mas também eram plenamente as palavras que Deus queria que eles escrevessem, palavras que Deus também afirmaria serem suas” (Manual de Teologia
Sistemática – Editora Vida).

É válido dizer que a Bíblia é a Palavra de Deus com base nela mesma?
Muitas pessoas levantam a objeção de que dizer que a Bíblia é a Palavra de Deus, e recorrer a ela mesma como sendo a fonte e a prova final de tal afirmação, consiste num
argumento circular. Isso porque o cristão crê que a Bíblia é a Palavra de Deus porque ela mesma afirma isso; e o cristão crê que essa afirmação é verdadeira porque a Bíblia
é a Palavra de Deus.

Mas a questão é que quando se quer provar algo sobre determinado assunto, deve-se recorrer à autoridade máxima sobre aquele assunto. Então se a Bíblia dependesse de
outra fonte para provar que ela é a Palavra de Deus, então ela não seria a autoridade absoluta sobre si mesma e, consequentemente, não seria a Palavra de Deus.

Por exemplo: se tivéssemos que recorrer à ciência para provar que a Bíblia é a Palavra de Deus, então estaríamos assumindo que a verdade da ciência é superior e mais
confiável que a verdade de Deus.

Neste mundo caído realmente há muitas reivindicações de autoridade absoluta. Aqueles que contestam que a Bíblia é a Palavra de Deus, geralmente o fazem com base em
sua própria lógica, razão, experiência, metodologia etc.

Esse tipo de coisa também não deixa de ser, em certo sentido, um argumento circular, pois em última análise quem discorda que a Bíblia é a Palavra de Deus, o faz com
base em sua própria lógica e razão. Embora possa se valer de outras fontes, no final a pessoa que rejeita a Bíblia como Palavra de Deus toma essa posição porque isso lhe
parece lógico e razoável.

Além disso, afirmar que a Bíblia é a Palavra de Deus, principalmente com base no que ela diz sobre si mesma, não é um típico argumento circular. Isso seria uma visão
muito reduzida do assunto.

Em primeiro lugar, dizer que a Bíblia é a Palavra de Deus porque ela mesma afirma isso, não significa invalidar outros argumentos que testemunham a seu favor. Do ponto
de vista humano, a Bíblia possui precisão histórica, uma coerência literária impecável e contém inúmeras profecias que comprovadamente foram cumpridas centenas de
anos após terem sido registradas.

A Bíblia é também o livro mais bem documentado que existe. Wayne Grudem também lembra que a história da humanidade tem sido influenciada pela Bíblia mais do que
qualquer outra obra; bem como é inegável que ela tem mudado a vida de milhões e milhões de pessoas ao longo dos tempos.

Em segundo lugar, afirmar que a Bíblia é a Palavra de Deus porque ela diz isso, é uma coisa. Mas estar convencido dessa verdade, é outra. A verdadeira persuasão de que a
Bíblia é a Palavra de Deus só pode existir em nós se for operada pelo Espírito Santo. Pela Palavra, e com a Palavra, Ele testifica ao nosso coração que aquilo que a Bíblia
Sagrada diz de si mesma é a mais absoluta verdade, e que, portanto, ela é a Palavra de Deus. Sem a obra do Espírito Santo, a pessoa jamais acreditará que a Bíblia é a
Palavra de Deus.
Por fim, uma vez que o Espírito Santo opera em nós a Sua obra, e ilumina o nosso entendimento para que possamos não somente estar convencidos de que a Bíblia é a
Palavra de Deus, mas também crescer no conhecimento de sua verdade, nossa visão de mundo muda. Então até mesmo a nossa percepção acerca das coisas criadas passa
a contribuir com o aperfeiçoamento da nossa convicção de que a Bíblia é a Palavra de Deus.

Isso significa que passamos a ser habilitados a contemplar a revelação geral de Deus no Universo e perceber como ela se harmoniza com Sua revelação especial registrada
na Escritura; de modo que fica ainda mais nítida para nós a certeza de que a Bíblia é a Palavra de Deus.
Por causa do pecado, o incrédulo olha para o mundo criado e não consegue perceber o conhecimento de Deus revelado nele. Porém, o cristão olha para o mundo criado e
consegue enxergar nele a revelação dos atributos invisíveis de Deus e a proclamação de Sua glória. Isto lhe serve de testemunho de que, de fato, só pode ser mesmo
verdade que a Bíblia é a Palavra de Deus.
O Que é a Revelação Geral?

 Daniel Conegero
A revelação geral é o conhecimento que Deus dá de si mesmo a todas as pessoas, de todos os lugares e de todas as épocas. É a auto-revelação de Deus manifestada a
todo ser humano. Isso significa que todas as pessoas que passam por este mundo têm contato com a revelação geral de Deus.

A revelação geral é assim definida por dois motivos básicos. Em primeiro lugar, como foi dito, essa revelação é geral porque todos têm acesso a ela de igual forma. Como
diz R. C. Sproul, o mundo inteiro é a audiência de Deus.¹

Em segundo lugar, a revelação geral não fornece detalhes sobre a pessoa de Deus, as obras de Deus, os propósitos e a vontade de Deus. Em outras palavras, como o
próprio nome diz, essa revelação é geral porque ela fornece apenas um conhecimento geral de Deus.

Por exemplo: a revelação geral testifica que há um Deus, mas não explica que esse Deus subsiste nas pessoas do Pai, do Filho e do Espírito. Sobre isso, Sproul explica que
uma pessoa não pode estudar o pôr do sol e ver os céus declarando o plano de salvação. Para ter esse conhecimento, se faz necessária a revelação especial. A Escritura tem
a informação específica que ninguém pode obter de um estudo da natureza.¹

Então a revelação geral proporciona ao homem uma verdade objetiva e um conhecimento cognitivo sobre Deus. Mas o homem não pode chegar a um conhecimento
salvífico de Deus através da revelação geral. Para isso é preciso a revelação especial que conduz o homem a um relacionamento íntimo e pessoal com Deus através da
pessoa de Cristo.

Os meios da revelação geral


A revelação geral de Deus ocorre por meio da natureza, da História e da constituição do ser humano.² Aqui os estudiosos também fazem uma distinção entre o que
chamam de “revelação mediata” e “revelação imediata”.

A revelação geral de Deus na natureza e nos acontecimentos da História, é chamada de revelação mediata. Isso porque a natureza e a História são meios da revelação geral
de Deus, ou seja, elas mediam essa revelação.

Já a revelação geral de Deus na constituição do ser humano é uma revelação imediata. Isso significa que o acesso a esse conhecimento se dá diretamente do próprio Deus,
e não por uma mediação. Conforme o apóstolo Paulo explica, as exigências da lei de Deus estão gravadas no coração do homem, e sua consciência e seus pensamentos
dão testemunho disso (Romanos 2:15).
Vejamos cada um desses três aspectos da revelação geral de Deus.

A revelação geral na natureza


A Bíblia confirma claramente como a revelação geral de Deus está disponível na natureza. O salmista escreve: “Os céus proclamam a glória de Deus, e o firmamento anuncia
as obras das suas mãos” (Salmo 19:1).
Paulo e Barnabé em Listra também falaram sobre a revelação geral de Deus na natureza. Eles explicaram que o Deus que criou o céu, a terra, o mar e tudo que neles há,
não se deixou a si mesmo sem testemunho (Atos 14:15-17).
O mesmo apóstolo, em sua Carta aos Romanos, trás um dos textos mais emblemáticos acerca da revelação geral de Deus na natureza. Ele escreve: “Pois desde a criação do
mundo os atributos invisíveis de Deus, seu eterno poder e sua natureza divina, têm sido vistos claramente, sendo compreendidos por meio das coisas criadas, de forma que tais
homens são indesculpáveis” (Romanos 1:20).
Portanto, a natureza é um grande teatro que revela a glória de Deus.¹ Uma pessoa comum que contempla o nascer do sol, um astrônomo que estuda a posição das
estrelas, um biólogo que se ocupa da análise de um organismo vivo, ou mesmo um médico numa sala de cirurgia, todos estes estão expostos a manifestações da grandeza
de Deus através do mundo criado.

A revelação geral no governo do Universo e da História


A Bíblia também diz que Deus não é somente o criador do Universo, mas é também o seu sustentador. Nada do que foi criador poderia continuar existindo se não fosse
pelo cuidado providencial de Deus. Por isso no livro de Jó lemos: “Em sua mão está a vida de cada criatura e o fôlego de toda a humanidade” (Jó 12:10; cf. Salmo 104:27-30).
Isso significa que Deus atua ativamente no mundo e conduz a História de acordo com o seu propósito.
Em seu discurso no Areópago, Paulo falou sobre como a revelação geral de Deus também se dá por meio do governo divino providencial do mundo e da História: “De um
só fez ele todos os povos, para que povoassem toda a terra, tendo determinado os tempos anteriormente estabelecidos e os lugares exatos em que deveriam habitar. Deus fez
isso para que os homens o buscassem e talvez, tateando, pudessem encontrá-lo, embora não esteja longe de cada um de nós. Pois nele vivemos, nos movemos e existimos,
como disseram alguns dos poetas de vocês: Também somos descendência dele” (Atos 17:26-28).
A revelação geral na pessoa do homem
Por fim, Deus também se revela de forma geral na constituição do ser humano. Há um conhecimento geral de Deus plantado na alma dos homens. Deus dá aos homens
uma consciência, por meio da qual Ele se revela interiormente às pessoas.
Isso quer dizer que os homens fazem julgamentos morais, pois Deus concede a todos os seres humanos um senso de certo e errado, e esse senso moral também consiste
numa revelação geral de Deus (Romanos 2:14,15). Além disso, a humanidade, de modo geral, possui uma natureza religiosa. João Calvino chamou isto de “senso do divino”

Entretanto, por causa do pecado, essa natureza religiosa foi corrompida, e o homem passou a nutrir uma ideia desfigurada e distorcida acerca do que lhe é sagrado. Mas
ainda assim, essa consciência religiosa do homem não deixa de ser um testemunho de que há um Deus – embora ele tenha trocado a glória do Deus verdadeiro pela
adoração aos falsos deuses (Romanos 1:23).

Sobre a revelação geral: ¹ Sproul, R.C.. Somos Todos Teólogos: Uma introdução à Teologia Sistemática. Editora Fiel. ² Erickson, Millard. Teologia Sistemática. Editora Vida
Nova.
O Que é Longanimidade?

 Daniel Conegero
Longanimidade é a característica daquele que é tardio em irar-se, ou seja, a pessoa longânime possui uma tolerância que a capacita a suportar situações adversas com
paciência, firmeza e serenidade. Neste texto entenderemos melhor o que é longanimidade e qual o seu significado.

O que significa longanimidade


Longanimidade é um substantivo feminino, e em português deriva do latim longanimitas. O significado de longanimidade está bastante relacionado à paciência e
à temperança. Na Bíblia, essa palavra geralmente traduz dois termos originais, um hebraico e outro grego.
O hebraico ‘erek ‘aph é utilizado no Antigo Testamento e transmite a ideia de “longo”, “comprido”, significando literalmente “respiração longa” ou “nariz longo”. Esse
significado literal se refere ao conceito de que quando a ira se manifesta ela é acompanhada de uma respiração rápida e curta, ao contrário da respiração calma e longa
daquele que é paciente e longânime.
O grego makrothymia é utilizado no Novo Testamento, e significa “paciência”, “tolerância”, “clemência”, “constância”, “perseverança” ou “firmeza”.

A longanimidade no Antigo Testamento


Nem sempre a palavra longanimidade é utilizada para traduzir o hebraico original no Antigo Testamento, pois ao invés dela, muitas versões utilizam a expressão “tardio em
irar-se”. A longanimidade é frequentemente aplicada a Deus (Êx 34:6; Nm 14:18; Sl 88:15; Ne 9:17; Jl 2:13; Na 1:3).
Quando a Bíblia diz que Deus é longânimo, devemos entender que está sendo feita uma referência especial ao seu caráter misericordioso para com os homens pecadores,
que pela rebeldia, mereciam nada mais do que apenas a severa punição. Assim, a longanimidade é uma das características reveladas através dos atributos de Deus.
Algumas pessoas tem tido dificuldade em compreender o uso do conceito de longanimidade feito pelo profeta Jeremias, ao dizer: “Não me deixes perecer por causa da tua
longanimidade”, pois aparentemente parece ser uma aplicação negativa da qualidade de ser longânimo.
Todavia, essa frase está dentro de um contexto de lamentação, onde o profeta apenas está se queixando por Deus permitir que ele fosse maltratado devido à
longanimidade divina para com seus inimigos.

No livro de Provérbios, o rei Salomão ressaltou que a longanimidade é uma qualidade essencial que contribui para a preservação da paz e para o bom convívio
humano (Pv 15:18; 25:15).

A longanimidade no Novo Testamento


Tal como no Antigo Testamento, a longanimidade também aparece no Novo Testamento como uma das qualidades de Deus, onde o apóstolo Paulo enfatizou a paciência
de Deus para com os incrédulos (Rm 9:22).
Ainda na Carta aos Romanos, o apóstolo apontou para o fato de que os homens se recusam a reconhecer a bondade de Deus que inclui sua benignidade, paciência e
longanimidade. Ao fazerem isso, tais pessoas mostram desprezo para com o próprio Deus (Rm 2:4).
O mesmo apóstolo recomendou fortemente a longanimidade como uma virtude essencial que deve estar presente na vida do verdadeiro cristão, e que é indispensável para
a comunhão entre os irmãos (2Co 6:6; Ef 4:2; Cl 3:12; 2Tm 3:10; 4:2; cf. 1Ts 5:14), e também ressaltou que ele próprio foi alvo da “completa longanimidade de Cristo”,
ensinando que a vida cristã depende totalmente dessa qualidade de nosso Senhor Jesus.
Finalmente na Epístola aos Gálatas, Paulo mencionou a longanimidade como um dos frutos do Espírito Santo, expondo assim que a verdadeira virtude do longânimo não
tem origem em sua própria natureza, mas é produzida pelo Espírito que o capacita a ter uma vida que agrada a Deus refletindo o caráter de Cristo (Gl 5:22).
Tiago também utilizou o conceito de longanimidade, transmitindo, sobretudo, o sentido de perseverar pacientemente, onde os cristãos são convidados a seguir o
exemplo do agricultor enquanto permanecem firmes aguardando à vinda do Senhor (Tg 5:7). Em sua exposição, Tiago estabeleceu uma ligação bastante clara entre a
longanimidade e a aflição (Tg 5:10).
O apóstolo Pedro foi outro que falou sobre essa qualidade. Ele também apontou para a longanimidade de Deus revelada aos homens, e ainda lembrou que os homens do
tempo de Noé negligenciaram a longanimidade de Deus e o fim deles foi a destruição nas águas do Dilúvio (2 Pe 3:9,20).
Para nós, cristãos, é primordial entendermos o que é a longanimidade, pois além de ser uma das qualidades de Deus, também é uma das virtudes características daquele
que foi regenerado.
O Dilúvio Foi Universal ou Local?

 Daniel Conegero
A Bíblia diz que o dilúvio foi universal. Isto significa que as águas do dilúvio cobriram toda a terra. Mas nas últimas décadas tem crescido a aceitação de algumas teorias
que defendem que o dilúvio teria sido local. Dessa forma, supostamente o juízo de Deus atingiu apenas a região do Antigo Oriente Próximo e não todas as partes do
planeta Terra.

Quem defende que o dilúvio foi um evento local afirma que toda a população humana estava concentrada no vale da Mesopotâmia. Assim, qualquer inundação local seria
descrita com proporção global. Mas não há nada que comprove a condição de que o homem não teria migrado para fora daquela região, mesmo numa época muito
remota. Existem evidências de fósseis humanos extremamente antigos espalhados por todo o planeta.

A ideia de um dilúvio local também não explica o fato de fósseis de animais marinhos serem encontrados em montanhas ao redor do mundo. Além disso, também não se
pode desconsiderar a enorme variedade de relatos de povos antigos de todas as partes do mundo sobre uma inundação universal.

Mas o mais importante é que a Bíblia não deixa qualquer dúvida de que o dilúvio foi universal. O escritor de Gênesis escreve:
E as águas prevaleceram excessivamente sobre a terra; e todos os altos montes que havia debaixo de todo o céu, foram cobertos.
(Gênesis 7:19)

Por que o Dilúvio foi universal?


Algumas questões importantes que apontam para um dilúvio universal devem ser consideradas. Citaremos algumas aqui:

1. Se o Dilúvio tivesse sido local, Noé não precisaria ter construído uma arca. Ele poderia ter migrado para qualquer outro local longe da inundação. Saiba mais
sobre quem foi Noé.
2. Sem um dilúvio universal não haveria a necessidade de juntar os animais. Num dilúvio local todos os outros animais fora do perímetro da inundação continuariam
preservados. Saiba também quantos animais cabiam na arca de Noé.
3. O relato bíblico em Gênesis 7:19, afirma que “todos os altos montes que havia debaixo de todo o céu foram cobertos”. Essa afirmação é uma questão de física. A água
busca seu próprio nível! Se apenas um alto monte tivesse sido coberto, como o Ararate, por exemplo, as águas teriam atingido todo o planeta.
4. Gênesis 7:11 claramente afirma que todas as fontes do grande abismo se romperam. O grande abismo nesse caso se refere às profundezas oceânicas. Esse cenário sem
dúvida reforça a ideia de um dilúvio universal.

5. As dimensões espetaculares da arca construída por Noé não parecem concordar com a ideia de que ela teria servido apenas como escape de um dilúvio local.
Entenda qual era o tamanho da arca de Noé.
6. As inundações locais mais severas e destrutivas da História da humanidade duraram apenas poucos dias. Mas o dilúvio bíblico durou por um período de um ano. Esse
período aponta para uma inundação sem prescendentes!

7. Além dos capítulos 6 e 7 do livro de Gênesis, a Bíblia Sagrada confirmar um dilúvio universal em diversas outras passagens. No Novo Testamento, por exemplo,
o apóstolo Pedro em suas epístolas se refere a um dilúvio universal (1 Pedro 3:20; 2 Pedro 2:5). Além disso, o próprio Jesus parece ter ensinado sobre as proporções
mundiais do dilúvio (Mateus 24:37-39; Lucas 17:26,27). Por fim, o escritor de Hebreus também indica um dilúvio universal em sua epístola (Hebreus 11:7).

De onde vieram as águas do Dilúvio?


A principal questão levantada por quem contesta a ideia de um dilúvio universal, é a questão da origem das águas desse dilúvio. Segundo quem pensa assim, não existiria
água suficiente disponível no planeta para provocar um dilúvio universal na Terra. Então, de onde teria vindo tanta água no dilúvio?

Sobre isto, o livro de Gênesis informa de maneira clara e direta de onde vieram as águas do dilúvio:
No ano seiscentos da vida de Noé, no mês segundo, aos dezessete dias do mês, naquele mesmo dia se romperam todas as fontes do
grande abismo, e as janelas dos céus se abriram,
E houve chuva sobre a terra quarenta dias e quarenta noites.
(Gênesis 7:11,12)

Em primeiro lugar, precisamos saber que a Terra foi profundamente alterada pelo dilúvio. Isso significa que no período antediluviano as condições de vida na Terra,
principalmente referente ao clima, eram bem diferentes das condições atuais.

Não sabemos muitas coisas sobre o período antediluviano. Os relatos bíblicos parecem indicar que a chuva, assim como a conhecemos hoje (principalmente de forma
torrencial), ainda não havia ocorrido antes do dilúvio. Parece que um tipo de vapor era o responsável por regar a terra.

Se considerarmos o texto de Gênesis 1:6-8, esse vapor de água estaria suspenso na atmosfera. Essa condição poderia proporcionar um clima essencialmente diferente do
que temos na atualidade. Isso talvez explique o fato de existirem fósseis de animais tropicais e depósitos de carvão em regiões polares. Tudo isso evidencia uma repentina
mudança climática.

Esse vapor de água, pelo menos em quantidade, parece ser muito diferente do vapor presente atualmente em nossa atmosfera. Se todo o vapor atual caísse sobre a terra,
não seria capaz de cobri-la por completo como aconteceu no dilúvio. Outra questão que precisa ser considerada é que no dilúvio universal ocorreu uma grande elevação
do nível das águas oceânicas (Gênesis 7:11).

Seja como for, o que realmente importa é que para Deus, o criador de todas as coisas, não seria nada difícil prover água para que um plano arquitetado por Ele mesmo
fosse realizado. Neste ponto, as evidências cientificas inevitavelmente são ofuscadas pela fé. Portanto, biblicamente a melhor interpretação é aquela que diz que o dilúvio
foi universal.
Quem foi Noé na Bíblia? Conheça Sua História

 Daniel Conegero
Noé é um dos personagens mais famosos da Bíblia e sua história é contada no Livro de Gênesis. Noé teve uma vida muito diferente do restante da sociedade de sua época,
e desempenhou um importante papel nas Escrituras. Neste estudo bíblico conheceremos um pouco mais sobre quem foi Noé na Bíblia.

Quem foi Noé e qual o significado de seu nome?


Noé, filho de Lameque da linhagem de Sete, foi o último patriarca antediluviano. Embora não se saiba exatamente a etimologia do nome “Noé”, é amplamente aceito que
seu nome, “Noé”, no hebraico noah, significa “repouso”, “descanso” ou “conforto”. Acredita-se que seu nome venha da raiz nwh, “descansar”, associado ao verbo nhm,
traduzido como “consolará” em Gênesis 5:29.
Certo é que seu pai, Lameque, o chamou de Noé porque ele iria confortar a humanidade em relação à terra que Deus havia amaldiçoado.
A quem chamou Noé, dizendo: Este nos consolará acerca de nossas obras e do trabalho de nossas mãos, por causa da terra que o
Senhor amaldiçoou.
(Gênesis 5:29)

A história de Noé e seu caráter irrepreensível


É conhecido que Noé foi o sobrevivente do dilúvio e tornou-se uma peça chave no recomeço da história humana. Porém isso foi resultado de uma vida integra e justa
diante de Deus.

Noé desfrutava de uma comunhão muito grande com Deus. Ele tinha um caráter justo e integro totalmente diferente do restante da população de sua época que possuía
um nível moral completamente corrompido pelo pecado. Ele também é descrito nas Escrituras como um homem de fé, devoto e obediente a Deus.

Estas são as gerações de Noé. Noé era homem justo e perfeito em suas gerações; Noé andava com Deus.
(Gênesis 6:9)

Embora exista uma discussão sobre a idade de Noé, a interpretação mais aceita é aquela encontrada explicitamente na Bíblia. Com 500 anos de idade Noé teve seu
primeiro filho (Gênesis 5:32). Quando ele tinha 600 anos, veio o dilúvio sobre a terra (Gênesis 7:11). Após o dilúvio, ele viveu mais 350 anos, totalizando 950 anos de idade
(Gênesis 9:28).
Foi por volta de seus 480 anos que Noé recebeu de Deus a ordem para que construísse a arca (Gênesis 6:3; cf. 1 Pedro 3:20). Depois passou-se 120 anos até que Deus
executasse juízo para com o restante dos homens. Foi muito provavelmente nesse período que ele pregou a justiça incansavelmente, porém sem resultado, pois não houve
arrependimento.

Uma civilização corrompida: Noé e o Dilúvio


Noé já tinha quase 500 anos de experiência de vida quando recebeu de Deus o aviso da destruição da raça humana e a ordem para que construísse a arca. Embora com
toda essa experiência ele parecesse ser um homem totalmente qualificado para a missão dada pelo Senhor, foram suas qualificações espirituais que realmente fizeram
diferença. A Bíblia diz que Noé achou graça aos olhos do Senhor.

O capítulo 6 de Gênesis mostra o quanto a civilização da época de Noé estava corrompida. As pessoas praticavam todas as variedades de crimes; elas desobedeciam a Deus
com toda naturalidade. Até mesmo a geração de Sete que guardava os mandamentos do Senhor, já havia sido corrompida. Saiba mais sobre os filhos de Deus e as filhas
dos homens em Gênesis 6.
A civilização da época de Noé já era suficientemente desenvolvida para que a notícia dos feitos de Noé e a pregação de arrependimento fossem divulgadas por toda a terra
(Gênesis 6:11). Mesmo com todos os avisos do juízo de Deus sobre os ímpios, Noé foi ridicularizado pela população de sua época.

Apesar de toda complexidade no processo de construção da arca, pela dificuldade de se imaginar um evento nunca visto antes, e tendo que suportar todo o escárnio de
seus contemporâneos, Noé foi fiel a Deus (cf. Hebreus 11:7). Ele construiu a arca e colocou sua família e os casais de cada espécie de animais dentro dela conforme a ordem
de Deus. Quando todos estavam dentro da arca, Deus trancou a porta pelo lado de fora e a terra foi inundada. Saiba qual era o tamanho da arca.
Após o dilúvio, Noé ofereceu um sacrifício de ação de graças a Deus com animais limpos e aves. Provavelmente a profissão de Noé era agricultor. Isso parece concordar
com Gênesis 9:20 que descreve uma vinha plantada por Noé.

A continuidade do pecado na história de Noé


Embora toda aquela população pecaminosa tenha sido extinta com o dilúvio, o pecado não foi extinto, ou seja, a natureza depravada e perversa do homem não deixou de
existir. Um episódio descrito em Gênesis 9:20 confirma essa condição.
Noé plantou uma vinha, ficou embriagado e, de uma forma vergonhosa, se expôs em sua tenda. Cam, provavelmente levado por seu filho Canaã, zombou de Noé. Como
consequência dessa ação maldosa, Noé amaldiçoou Canaã, e Cam não foi abençoado. Em contraste a isso, Sem e Jafé foram respeitosos com Noé. Eles o cobriram e foram
abençoados.

Os descendentes de Noé
A Bíblia declara que Noé teve três filhos: Sem, Cam e Jafé (Gênesis 5:32; 9:18,19; 10:1). Todos eles nasceram antes do dilúvio. Após o dilúvio, os descendentes de Noé se
espalharam sobre a terra, e multiplicaram-se conforme a ordem dada por Deus (Gênesis 9:1).

É bem provável que ele tenha tido outros filhos após o dilúvio, porém a Bíblia não os menciona. Gênesis 10 apresenta um relato dos descendentes de Noé e os lugares que
foram povoados por eles.

Noé no Novo Testamento


Existem várias referência a Noé no Novo Testamento. Todas elas afirmam seu exemplo de retidão, fé e justiça. O próprio Jesus fez referência a Noé comparando os dias que
antecederam o dilúvio e a civilização perversa daquela época com os dias da vinda do Filho do homem (Mateus 24:37,38; Lucas 17:26,27). O apóstolo Pedro também
escreve sobre Noé chamando-o de “pregoeiro da justiça”.
Mas foi o escritor de Hebreus que fala de forma mais objetiva sobre o caráter de Noé, colocando-o na galeria dos Heróis da Fé. Ele escreve:

Pela fé Noé, divinamente avisado das coisas que ainda não se viam, temeu e, para salvação da sua família, preparou a arca, pela qual
condenou o mundo, e foi feito herdeiro da justiça que é segundo a fé.
(Hebreus 11:7)

Sem dúvida a história de Noé é um exemplo para todo cristão. Ele creu no Senhor acima de tudo e não viveu conforme a perversidade que havia ao seu redor.
O Fruto do Espírito Santo

 Daniel Conegero

O fruto do Espírito é uma seleção de virtudes produzidas pelo Espírito Santo na vida daqueles que foram feitos novas criaturas. Esse fruto resulta em uma conduta
de vida integra e de acordo com a vontade de Deus. O fruto do Espírito Santo é descrito pelo apóstolo Paulo em Gálatas 5:22,23.
Neste estudo bíblico, entenderemos melhor o que é o fruto do Espírito e qual o seu significado e implicação na vida dos seguidores de Cristo.

O que é o fruto do Espírito?


Antes de falarmos sobre o fruto do Espírito, precisamos saber que nos versículos anteriores (Gálatas 5:19-21) o apóstolo Paulo falou sobre os perigos das obras da carne.
Essas obras são uma seleção de práticas pecaminosas decorrentes da natureza decaída do homem.
O fruto do Espírito é mencionado dentro de um capítulo onde Paulo faz uma exposição acerca da liberdade que há em Cristo. Ele fornece uma contraposição com as
restrições impostas pelo legalismo que estava sendo pregado na comunidade cristã da Galácia. Além disso, o apóstolo enfatizou que o julgo da Lei não é capaz de fazer
com que alguém viva de acordo com a vontade de Deus, mas que somente através do Espírito Santo o homem é capacitado a viver uma vida que agrada ao Senhor.

O pano de fundo dos ensinos desse capítulo é a intensa luta entre a carne e o Espírito. O Espírito abomina os desejos da carne, e a carne, por sua vez, rejeita as coisas em
que o Espírito nos conduz. Assim, o fruto do Espírito é o bem que nos faz vencer o mal. É o resultado natural de uma nova vida, uma vida regenerada, uma vida que
reflete o novo nascimento, a vida no Espírito.
Também é importante não confundir o fruto do Espírito com os dons especiais que o Espírito Santo concede a algumas pessoas e que devem ser utilizados a serviço da
Igreja de Cristo. O fruto do Espírito é um conjunto de capacitações que todos os redimidos recebem.

Por que “fruto do Espírito” e não “frutos do Espírito”?


É interessante notar que quando o apóstolo fala dessas capacitações ele utiliza o singular, “fruto do Espírito”, ao invés do plural, “frutos do espírito”. Já quando ele escreve
sobre as práticas pecaminosas, ele utiliza o plural, “as obras da carne”.

Muitas especulações já foram feitas na tentativa de explicar o porquê disto. A melhor de todas elas defende que isso acontece porque, diferentemente das obras da
carne, o fruto do Espírito é uma unidade. Isso significa que todas as capacitações pertencem a um único fruto.
Não somos nós que produzimos esse fruto, mas o Espírito Santo que o produz em nós. Ele assim o faz de um modo em que uma virtude está diretamente ligada a outra.
Por tanto, essas virtudes são indivisíveis e juntas formam “o fruto”. Pense em cada virtude como sendo gomos de um mesmo fruto.

Também facilita o nosso entendimento quando conseguimos entender que o amor é à base de todas as outras virtudes citadas. Se não houver amor, é impossível que se
tenha verdadeira alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio. Podemos dizer que o fruto do Espírito é o amor seguido
necessariamente pelas outras oito preciosas virtudes citadas.
Essa não foi a única vez em que o apóstolo utilizou uma metáfora relacionada à produção agrícola para se referir a conduta esperada dos verdadeiros cristãos (Romanos
6:22; Efésios 5:9; Filipenses 1:11). Encontramos também em outras passagens bíblicas o mesmo princípio. Um exemplo disto é a pregação de João Batista que enfatizava
que o arrependimento verdadeiro produz fruto visível de mudança de comportamento (Mateus 3:8; Lucas 3:8).

A descrição do fruto do Espírito


Como já dissemos, imediatamente após descrever as obras da carne, o apóstolo Paulo descreveu o fruto do Espírito. O apóstolo apresentou a seguinte relação
representativa como sendo o fruto do Espírito:
Amor

O amor é a base para todas as outras virtudes (cf. 1 Coríntios 13; Efésios 5:2; Colossenses 3:14). No mesmo capítulo 5 de Gálatas, Paulo já havia enfatizado a importância
e necessidade do amor na vida dos verdadeiros cristãos (Gálatas 5:6,13).
Paulo não foi o único a enfatizar a prioridade do amor na vida dos santos. O apóstolo João escreveu que “aquele que não ama não conhece a Deus” (1 João 4:8; cf. 3:14;
4:19). O apóstolo Pedro também ressaltou esse princípio em sua primeira epístola (1 Pedro 4:8). Claro que tudo isto reflete o ensino do próprio Jesus, onde Ele
pessoalmente ensinou que seus discípulos seriam conhecidos pelo amor demonstrado (João 13:34,35).
Alegria

A alegria é uma consequência direta do amor. Essa não é uma alegria superficial, nem mesmo significa a ausência de aflições e dificuldades. Essa alegria é aquela que
o apóstolo Pedro escreveu dizendo que é “inefável e gloriosa” (1 Pedro 1:8).
Essa alegria também é a mesma que o apóstolo Paulo sentia ao dizer: “entristecidos, mas sempre alegres” (2 Coríntios 6:10). A alegria produzida pelo Espírito Santo em nós,
faz com que nos alegremos mesmo diante da dor, pois somos capazes de compreender que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus (Romanos
8:28).
Paz

No livro de Salmos aprendemos que aquele que ama a Lei de Deus possui grande paz (Salmos 119:165; cf. 29:11; 37:11; 85:8). Resultante do amor, essa paz é a marca de
um coração sereno. ela é uma tranquilidade experimentada verdadeiramente apenas por aqueles que são justificados mediante a fé (Romanos 5:1).
Quando alcançamos essa paz, inevitavelmente desejamos compartilhá-la, para que outros também a tenham (Mateus 5:9). Pela cruz de Cristo é que hoje temos
a genuína paz.
Longanimidade

A longanimidade é a paciência característica de quem foi regenerado, que nos preserva das típicas explosões de ira tão comuns nas obras da carne (Gálatas 5:20). A
paciência como fruto do Espírito Santo é fundamentada na confiança de que Deus cumprirá suas promessas. Essa certeza não nos deixa cair em desespero (2 Timóteo 4:2,8;
Hebreus 6:12).
Benignidade

Sabemos que nosso Deus manifesta a benignidade (Romanos 2:4; 11:22; cf. Salmos 136:1). No ministério do Senhor Jesus narrado nos Evangelhos, podemos claramente
perceber tamanha benignidade demonstrada por Ele para com os pecadores (Marcos 10:13-16; Lucas 7:11-17,36-50; 8:40-56; 13:10-17; 18:15-17; 23:24; João 8:1-11; 19:25-
27).
Diretamente resultante do amor, somos aconselhados a demonstrar benignidade. Isso significa que não devemos causar dor a ninguém (Mateus 5:43-48; Lucas 6:27-38).

Bondade

A bondade pode ser traduzida como a generosidade presente no coração e expressa nas ações daqueles que são guiados pelo Espírito. É a excelência moral e espiritual
produzida pelo Espírito Santo em nós que nos capacita a zelar pela verdade e pelo que é correto. Essa bondade no leva a rejeitar tudo o que é mal e perverso.
Fidelidade

A fidelidade em algumas traduções aparece traduzida como “fé”. Essa também é uma tradução correta do termo grego utilizado. Porém, devido à clara relação com a
bondade e a benignidade citadas anteriormente, a tradução que mais se encaixa ao contexto é “fidelidade” ou “lealdade”.
Analisando a própria Epístola aos Gálatas, podemos perceber que faltava lealdade a muitos membros daquela comunidade cristã, não só para com Paulo (Gálatas 4:16), mas
para com o próprio Evangelho (Gálatas 1:6-9; 3:1; 5:7). Assim, fidelidade como fruto do Espírito não apenas se resume à lealdade para com os homens, mas principalmente
para com Deus e à sua vontade.
Mansidão

A Mansidão é o oposto da agressividade, da raiva, da violência. Sermos gentis uns para com os outros revela o fruto do Espírito em nós, e nos faz ser imitador do nosso
Senhor (Mateus 11:29; 2 Coríntios 10:1).
Domínio próprio

O fruto do Espírito pode ser visto na relação que alguém tem consigo mesmo. O domínio próprio também pode ser traduzido como “temperança”. No sentido original, o
termo grego descreve a capacidade de uma pessoa conter-se a si mesma. Exercendo o domínio próprio, submetemos todas as nossas vontades à obediência a Cristo.

A importância do fruto do Espírito


É evidente o contraste entre as obras da carne e o fruto do Espírito. Diante da depravação da natureza humana, sabemos que seria impossível ao homem exercer tais
virtudes. É por isso que o Espírito Santo é quem nos capacita a exercê-las. Portanto, demonstrar o fruto do Espírito em nossas vidas não é uma questão de auto-justiça ou
mérito próprio, mas de submissão à direção e domínio do Espírito Santo.
Em sua exposição sobre o fruto do Espírito, Paulo continua dizendo que “contra tais coisas não existe Lei” (Gálatas 5:23). Com isto ele quer dizer que não há qualquer
restrição a esse modo de vida santo caracterizado pelo fruto do Espírito Santo. Além disso, é vivendo assim que desfrutamos da verdadeira liberdade em Cristo.
Paulo também deixou claro que a única maneira de vivermos o fruto do Espírito em nossas vidas é através da nossa união com Cristo. Essa união reflete nossa completa
dependência d’Ele. Nós não somos capazes de exibir por nossa própria força, essas virtudes que fundamentam o caráter cristão.
Assim, o apóstolo nos ensina que “os que são de Cristo Jesus crucificaram a carne, com suas paixões e concupiscências” (Gálatas 5:24). Jesus levou consigo na cruz a nossa
natureza carnal. Portanto, nossa carne e os desejos provenientes dela que nos escravizavam, foram crucificados com Cristo. O golpe fatal já foi dado! Deus já providenciou
tudo o que precisamos para vivermos em novidade de vida de uma forma que o agrada.

O fruto do Espírito na vida cristã


No entanto, cabe a nós agora vivermos na prática o que somos em princípio. Se nossa carne foi crucificada com Cristo, então agora vivemos no Espírito. Se o Espírito é a
fonte de nossas vidas, se é Ele quem nos capacita a vivermos em retidão, então devemos entregar completamente nossos passos a Ele. Por isso o apóstolo escreve: “se
vivemos pelo Espírito, andemos também pelo Espírito” (Gálatas 5:25).
Se somos verdadeiramente seguidores de Cristo, necessariamente devemos viver de uma maneira compatível à nossa fé. A vida cristã deve ser completamente dependente
do poder que o Espírito Santo nos concede de mortificar as paixões e desejos carnais, revelando em nossa conduta os efeitos da cruz de Cristo.

Como servos do Senhor, a primeira coisa que deve ser notado em nosso modo de viver é o fruto do Espírito. Se olharmos para nossa própria vida e não enxergarmos o
fruto do Espírito nela, então pode ser que nossas raízes não estejam no Calvário.
O Que é Benignidade? O Que Significa Ser Benigno?

 Daniel Conegero
Benignidade é a característica daquele que transmite bondade, ternura e serenidade em suas atitudes e comportamento. A benignidade significa “benevolência” ou
“bondade para com as outras pessoas”.

Uma pessoa benigna é aquela que não causa dor e sofrimento a alguém. Essa pessoa se compadece do próximo e possui um caráter exemplar. Ser benigno é exatamente o
oposto de ser maligno. Entender o que é a benignidade de acordo com a Bíblia é algo fundamental a todo cristão. Isso porque cada seguidor de Cristo é chamado a ser
benigno.

O significado de benignidade na Bíblia


A palavra benignidade aparece algumas vezes na Bíblia como tradução nas versões em português de pelo menos dois termos originais. O primeiro é o hebraico hesed, que
é empregado no Antigo Testamento. O segundo termo é o grego chrestos, utilizado na Septuaginta e no Novo Testamento.
Às vezes, outras palavras além de “benignidade” também são utilizadas para traduzir esses termos originais. A seguir, conheceremos o significado e a aplicação da palavra
benignidade no Antigo e no Novo Testamentos.

A benignidade no Antigo Testamento


No Antigo Testamento a palavra benignidade traduz o termo hebraico hesed aproximadamente 30 vezes (dependendo da versão). No entanto, esse termo também é
traduzido como “misericórdia” e “bondade”.
Existe até certa discussão entre os intérpretes sobre qual a melhor tradução para hesed. Originalmente esse termo transmite a ideia de lealdade e fidelidade, sobretudo
numa relação pactual.
Assim, alguns sugerem que o melhor significado para esse termo hebraico é o de “amor constante e leal à uma aliança”; enquanto outros também aplicam o sentido de
“piedade” ou “solidariedade”.

Esse termo hebraico também é utilizado com relação a Deus nos livros do Antigo Testamento. Dessa forma, geralmente hesed é aplicado para comunicar o compromisso de
Deus com Seu povo por meio de Seu amor incontestável.
Porém, ao contrapormos a apostasia de Israel com a fidelidade de Deus, percebemos que nos casos em que a palavra benignidade é aplicada como tradução
para hesed em relação a Deus, ela transmite o significado de “amor imerecido”.
De fato, a utilização de hesed no Antigo Testamento está intimamente ligada ao sentido de fidelidade e pacto, apontando também para o perdão. Logo, esse termo indica
tanto o relacionamento de Deus com Seu povo como o relacionamento do povo para com Ele.
São muitas as referências bíblicas onde esse termo aparece no original. Normalmente o hebraico é traduzido como: benignidade, bondade, misericórdia e beneficência
(Êxodo 20:6; 34:6,7; 2 Samuel 7:15; Salmos 136; Oseias 2:19; cf. Deuteronômio 7:12; Is 55:3; Miqueias 6:8; Oseias 4:1; 12:6; Zacarias 7:9).

O significado de benignidade no Novo Testamento


No Novo Testamento a palavra benignidade traduz o termo grego chrestos. Esse termo significa basicamente “bondade”, “generosidade”, “benevolência” e “amizade”.
O apóstolo Paulo, em sua Carta aos Romanos, aplicou o termo grego chrestos em relação a Deus. Ele ensina que é a benignidade de Deus leva o homem ao
arrependimento (Romanos 2:4). O mesmo princípio também aparece em Efésios 2:7.
O mesmo apóstolo também aplicou essa palavra em referência aos homens. Com isso ele mostra que os verdadeiros cristãos se recomendam por meio da benignidade, e
que o amor genuíno é benigno (1 Coríntios 13:4; 2 Coríntios 6:6).
Na Epístola aos Gálatas, a benignidade é citada como uma virtude do fruto do Espírito Santo. Assim, podemos entender que a verdadeira benignidade na vida do cristão
não possui origem humana, mas é produzida pelo Espírito Santo em nós quando somos guiados por Ele (Gálatas 5:22).

A importância da benignidade
A benignidade é uma qualidade que caracteriza o verdadeiro povo de Deus. O profeta Miqueias escreveu que uma das coisas que o Senhor exige de Seu povo é que ele
ame a benignidade (Miqueias 6:8).

Também conforme a Palavra do Senhor dita através do profeta Zacarias, nós devemos executar juízo verdadeiro e mostrar piedade e benignidade para com o próximo
(Zacarias 7:10). Isso significa que devemos obedecer à vontade do Senhor revelada em Sua Palavra, praticando atos de misericórdia e demonstrando compaixão uns para
com os outros.
Para isto, temos na pessoa de nosso Senhor Jesus Cristo o maior exemplo de benignidade. Durante seu ministério terreno, inúmeras vezes Jesus demonstrou benignidade
para com os pecadores (ex.: Marcos 10:13-16; Lucas 7:11-17,36-50; 8:40-56; etc.). Até mesmo durante sua crucificação, Ele pediu para que o Pai perdoasse seus algozes
(Lucas 23:34). Saiba mais sobre as frases de Jesus na cruz.
A prova de que devemos seguir o exemplo de nosso Senhor, e que somos capacitados pelo Espírito Santo a demonstrar a benignidade como uma qualidade de nosso
caráter cristão, pode ser vista no episódio do martírio de Estêvão. Enquanto era apedrejado, em suas últimas palavras o diácono da igreja em Jerusalém pediu que o Senhor
tivesse misericórdia de seus executores, assim como fez Jesus (Atos 7:60).
Quem Foi Estêvão na Bíblia?

 Daniel Conegero
Estêvão foi o um dos sete homens escolhidos por ordem dos apóstolos para serem diáconos da Igreja Primitiva de Jerusalém. Ele cuidava da distribuição da assistência às
viúvas e aos necessitados. Neste estudo bíblico conheceremos um pouco mais sobre a história de Estêvão.

A história de Estêvão
Estêvão era um membro da Igreja de Jerusalém, e aparece na narrativa bíblica no livro de Atos dos Apóstolos. O nome Estêvão significa “coroa”, do grego stephanos. Não
se sabe exatamente a origem de Estêvão. Alguns acreditam que ele era um judeu helenista, ou seja, um judeu da dispersão que cresceu fora da Palestina e falava grego.
Outros sugerem que Estêvão poderia ser um judeu da própria Palestina. Naquela época muitos judeus palestinos tinham nomes gregos. Há também quem defenda que
Estêvão era um samaritano.

Seja como for, os sete homens escolhidos como diáconos tinham nomes gregos. Inclusive, sobre o último deles, Nicolau da Antioquia, o texto bíblico afirma explicitamente
ser um prosélito.

A escolha de Estêvão como diácono em Jerusalém


O capítulo 6 do livro de Atos dos Apóstolos relata a instituição dos diáconos na Igreja Primitiva. Naqueles dias o número de cristãos estava crescendo, e houve uma crise
entre os helenistas e os hebreus. Aparentemente as viúvas dos judeus gregos estavam sendo prejudicadas na distribuição diária de alimentos.

Então os doze apóstolos (aqui com Matias já incluso) se reuniram, convocaram a comunidade cristã, e ordenaram que fossem escolhidos sete homens para supervisionar
essa distribuição de mantimento. Juntamente com Estêvão foram escolhidos: Filipe, Prócoro, Nocanor, Timão, Parnemas e Nicolau.
Especificamente sobre Estêvão, o texto bíblico o descreve como alguém repleto de fé e do Espírito Santo. Dentre esses homens escolhidos, a Bíblia destaca Estêvão e Filipe.

O ministério de Estêvão
O ministério de Estêvão foi muito além da diaconia das mesas. Além de cumprir suas responsabilidades perante a Igreja Primitiva, Estêvão se empenhou em proclamar
o Evangelho, ficando marcado na História da Igreja.
O texto bíblico nos informa que Estêvão, tomado de graça e poder, fazia prodígios e grandes sinais entre o povo. Estêvão e Filipe são citados no Novo Testamento
realizando milagres semelhantes aos realizados pelos apóstolos. Saiba mais sobre os milagres no período apostólico da Igreja.
A pregação de Estêvão confrontava o antigo sistema religioso judaico. Por isso tão logo Estêvão despertou a ira dos membros da sinagoga dos judeus helenistas. Esses
homens subornaram algumas testemunhas para acusá-lo de blasfêmia (Atos 6:11).

A pregação de Estêvão
Estêvão foi o primeiro mártir da Igreja Cristã. Após ser acusado de blasfêmia, Estêvão foi levado perante o Sinédrio. Ali, falsas testemunhas depuseram contra ele, o
acusando de pregar contra a adoração no Templo e contra a Lei (Atos 6:13).

A Bíblia diz que quando os membros do Sinédrio olharam para Estêvão, “viram seu rosto como se fosse rosto de anjo” (Atos 6:15). Antes, o mesmo capítulo nos informa que
os membros da sinagoga não conseguiam resistir à sabedoria e ao Espírito pelo qual Estêvão falava (Atos 6:10).
Perante o Sinédrio, Estêvão foi convidado a se defender. Sua defesa, sem dúvida, foi um dos mais brilhantes sermões já pregados em toda a História da Igreja. Sua
pregação foi uma autêntica exposição das Escrituras. Estêvão fez uma extraordinária retrospectiva do relacionamento de Deus com Israel, revelando o fracasso do Israel do
Antigo Testamento e apontando para a esperança que só pode ser encontrada em Cristo.

Em sua pregação, Estêvão falou sobre a era Patriarcal; sobre os dias de Moisés e o período de peregrinação no deserto; e sobre o Tabernáculo e o Templo.

Estêvão falou sobre a chamada de Abraão, e explicou como o patriarca demonstrou fé e obediências nas promessas do Senhor. No entanto, ele enfatizou a rejeição ao
escolhido do Senhor quando José foi traído por seus irmãos (Atos 7:2-16).
Falando de Moisés, Estêvão apontou para como o líder hebreu foi rejeitado pelo povo, mesmo tentando protegê-lo. Estêvão entendeu que Moisés foi um predecessor do
próprio Cristo, e a rejeição sofrida por ele foi uma rejeição ao próprio Deus (Atos 7:17-43).

Estêvão também falou sobre o Tabernáculo, desde a época em que era utilizado no deserto, depois quando foi levado na liderança de Josué para a Terra Prometida, até os
dias de Davi. Estêvão enfatizou o desejo de Davi em construir um Templo, que acabou sendo concretizado por seu filho, o rei Salomão. Com isto, Estêvão chamou a
atenção para a verdade de que o Altíssimo não habita em casas feitas por mãos humanas, e que a ideia de um Deus estático e localizado era equivocada (Atos 7:48).
Por fim, Estêvão, usando metáforas com base no Antigo Testamento, denunciou a rebeldia espiritual daquele povo. Ele demonstrou que aquelas pessoas não eram
regeneradas. Isso significa que as pessoas que acusavam Estêvão de blasfêmia, estavam agindo da mesma forma que seus próprios antepassados idólatras que se
rebelaram contra a liderança de origem divina.
Estêvão mostrou àqueles homens que assim como seus antepassados tinham perseguido os profetas que anunciaram a vinda do Messias, agora eles haviam traído e se
tornado assassinos do próprio Cristo.

O martírio de Estêvão
Ao ouvirem essa grave acusação feita por Estêvão, aqueles homens ficaram completamente enfurecidos. Mesmo assim, Estêvão fez uma grandiosa declaração que ficaria
perpetuada nas páginas da Bíblia. Ele disse: “Eis que vejo os céus abertos e o Filho do Homem em pé à destra de Deus” (Atos 7:56). Estêvão sabia que Jesus era o seu
advogado. Isso não significava que ele seria livrado da morte, mas que a justiça de Deus vindicaria não somente seu sangue, mas o sangue de todos os mártires (Apocalipse
6:10,11).
Então aqueles homens agarram Estêvão, o levaram para fora da cidade e o apedrejaram. O texto de Atos nos diz que as vestes dos executantes de Estêvão foram deixadas
aos pés de um jovem chamado Saulo, que consentia na morte de Estêvão (Atos 7:58,60).

O exemplo de Estêvão
Estêvão aparece muito rapidamente na narrativa bíblica. Não sabemos nenhuma informação biográfica sobre ele, ou qualquer outro detalhe que faz com que seja possível
conhecermos um pouco melhor sua origem.

No entanto, o curto relato sobre ele no livro de Atos é suficiente para termos a certeza do tipo de homem que Estêvão foi. Quando olhamos para seu testemunho diante de
uma morte iminente, percebemos que aquela discussão citada sobre sua origem, se ele era da Palestina ou da Dispersão, não faz qualquer sentido. Isso porque Estêvão era
um cidadão do céu. Ele amava mais a sua pátria celestial do que suas tradições e origem terrena. Ele amava mais a vida de seu Mestre, do que sua própria vida.

É impossível não percebermos as semelhanças entre as acusações sofridas por Estêvão, bem como sua própria morte, e as acusações depositadas sobre Jesus e sua morte
no Calvário. Estêvão foi condenado à morte por falsas acusações, tal como Jesus também o foi (cf. Mateus 26:59-61; Marcos 14:58).
Também da mesma forma como Jesus orou no momento da crucificação pedindo para que Deus Pai perdoasse seus algozes, Estêvão também o fez. Ele orou
dizendo: “Senhor, não lhes imputes este pecado!” (Atos 7:60). Saiba mais sobre as frases de Jesus na cruz.
Nos momentos finais na cruz, Jesus entregou o seu espírito ao Pai (Lucas 23:46). Estêvão, por sua vez, entregou seu espírito a Jesus (Atos 7:59). Essa foi uma clara
declaração sobre a divindade de Cristo.

Estêvão morreu, mas a Igreja continuou viva


Também na morte de Estêvão podemos ver o cumprimento da promessa feita por Jesus de que as portas do inferno não prevaleceriam contra sua Igreja. A palavra
“inferno” foi utilizada para traduzir o original grego hades, que nesse caso significa morte. Em outras palavras, Jesus diz que o poder da morte não poderia triunfar sobre a
Igreja, ao contrário, a Igreja triunfaria sobre a morte. A vida de Estêvão foi uma prova real disso. Saiba mais sobre o significado de hades.
Estêvão morreu e uma grande perseguição aos cristãos foi desencadeada. Mas logo no capítulo seguinte já vemos Filipe pregando o Evangelho de uma forma muito
semelhante a Estêvão. A Igreja estava sendo perseguida, mas nada poderia ser capaz de barrar a pregação do Evangelho.
As vestes daqueles que mataram o primeiro mártir da era da Igreja foram depositadas nos pés de Saulo de Tarso, o maior perseguidor da Igreja. Mas uma promessa havia
sido feita; a morte não poderia prevalecer contra os seguidores de Cristo. Então um capítulo depois, no próprio livro de Atos, podemos entender que essas vestes foram
depositadas, na verdade, aos pés do maior líder do cristianismo: o apóstolo Paulo (Atos 9). O maior dos perseguidores, agora havia se tornado o maior pregador do
Evangelho.
É assim que a graça de Deus faz. Ela transforma o perseguidor em perseguido, para que a glória de Deus e a obra de Cristo na cruz sejam manifestadas. Assim como
Estêvão, Paulo também foi martirizado, e igualmente outros milhares de milhares de cristãos. Mas a Igreja continua de pé, porque a morte não pode prevalecer contra os
escolhidos de Deus.
As Frases de Jesus na Cruz

 Daniel Conegero

As frases de Jesus na cruz transmitem ensinos fundamentais à nossa fé cristã. São 7 frases ditas por Jesus na cruz e muita gente, ao ler os relatos sobre a crucificação,
acaba passando por essas frases sem dar a devida atenção necessária.
Lá no Calvário, já pregado no madeiro, nos momentos finais antes da morte de Jesus, cada detalhe apontava para o cumprimento das Escrituras, inclusive as últimas
palavras ditas por Ele, as quais possuem significados importantíssimos para todos nós. Neste estudo bíblico, conheceremos quais são as 7 frases ditas por Jesus, e quais as
implicações que elas fornecem.

Quais as 7 frases de Jesus na cruz?


Não sabemos com exatidão a ordem em que todas essas frases de Jesus na cruz foram pronunciadas. Também para termos acesso a todas elas precisamos combinar o
relato sobre a crucificação presente nos quatro Evangelhos, já que não as encontramos concentradas em um único Evangelho.
Claro que isto não representa problema algum, ao contrário, confirma o conteúdo dos quatro Evangelhos como complementares uns aos outros, ou seja, juntos, eles nos
fornecem todos os detalhes que necessitamos.

1- Uma oração de perdão


“Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem” (Lc 23:34).
Essa frase de Jesus na cruz demonstra o seu amor e compaixão. O Senhor, em pleno sofrimento, orou ali por seus próprios algozes. Jesus orou por aqueles que não o
reconheceram como o Messias, principalmente os judeus, que tinham recebido a promessa de sua vinda mas acabaram crucificando-o.
Essa oração na cruz já mostrou seu cumprimento imediato ali mesmo, quando pessoas que acompanhavam a crucificação reconheceram que verdadeiramente Ele era o
Filho de Deus, como por exemplo, o centurião e os guardas que estavam com ele (Mt 27:54).

Na sequência do relato bíblico, poucos dias após a crucificação, podemos ver diante da pregação do apóstolo Pedro em Atos 2 muitos daqueles que crucificaram Jesus
sendo convertidos ao Evangelho.
Essa oração expressa a maravilhosa e irresistível graça, que faz com que perseguidores do Evangelho, como o próprio apóstolo Paulo um dia também foi, caiam de joelhos
perante a majestade do Cordeiro de Deus.
2- A declaração da eficácia de sua obra
“Em verdade te digo, hoje estarás comigo no Paraíso” (Lucas 23:43).
Jesus foi crucificado como malfeitor ao lado de dois ladrões. Um deles reconheceu que Jesus era o Messias, e de certa forma compreendeu ali na cruz a natureza espiritual
do reino de Deus, ao pedir que Jesus se lembrasse dele quando entrasse em seu reino.

A resposta de Jesus é uma declaração clara e objetiva sobre da eficácia de sua obra na cruz, ao prometer ao ladrão que no mesmo dia ele seria recebido na
presença de Deus. Aqui vale uma observação quanto ao sentido dessa frase.
Sabemos que algumas seitas, como as Testemunhas de Jeová, por exemplo, para evitarem implicações contrárias aos seus ensinos heréticos, fazem uma pontuação
diferente na frase, ficando algo como: “Em verdade eu te digo hoje, estarás comigo no Paraíso“. Com isto, eles tentam negar o ensino de Jesus de que imediatamente após a
morte o ladrão estaria no Paraíso.
A questão é que no grego não há qualquer pontuação na frase, além do mais, da forma com que a sentença se apresenta no original é gramaticalmente impossível fazer
uma pontuação da forma com que tais seitas propõem, pois isto acrescentaria uma redundância inadmissível ao texto.

Não há necessidade de Jesus ter dito “eis que te digo hoje” pois isto já era obvio, ou será que faz sentido alguém dizer “eis que te digo amanhã“? É claro que o “hoje” nesse
sentido é completamente desnecessário.
Também não podemos nos esquecer de que Jesus está respondendo um pedido direto do ladrão, que basicamente foi: “Quero entrar no teu reino“. O próprio ladrão
também expressa em sua frase sua expectativa sobre quando ele esperaria ter seu pedido atendido, ou seja, “quando Jesus entrasse no seu reino“.
Jesus poderia tê-lo respondido apenas com “estarás comigo no Paraíso“, porém, considerando a pergunta implícita no pedido no ladrão, Jesus acrescentou a palavra “hoje”
para lhe falar sobre a realidade presente do reino de Deus e lhe afirmar que qualquer espera não seria necessária, pois logo após a morte ele seria recebido no Paraíso.
3- Uma declaração sobre sua preocupação humana
“Mulher eis aí o teu filho”, e ao discípulo: “Eis aí a tua mãe” (João 19:26,27).
A teologia católica afirma que nessa frase Jesus estava encarregando Maria de cuidar da Igreja, ou seja, exercer uma posição de matriarca da Igreja. Entretanto, a leitura do
texto claramente demonstra que não há nada disso.

Essa frase mostra a preocupação de Jesus por sua mãe na hora de sua morte, refletindo também em uma demonstração de sua humanidade. Mesmo Maria
sabendo que Jesus era o filho de Deus, e que aquele era sua missão, obviamente ela teve muita dificuldade em vê-lo crucificado.
É bem provável que Maria já fosse viúva naquele momento. Alguns estudiosos apontam para a possibilidade de que nenhum dos irmãos de Jesus segundo a carne teria
acompanhado a crucificação. Assim, Jesus comissionou o seu discípulo a cuidar de Maria que, embora o texto não traga explicitamente o nome de João, a descrição
presente no texto aponta para ele.
Também é possível que João tenha sido filho de Salomé, e Salomé, por sua vez, tenha sido irmã de Maria (Jo 19:25; cf. Mt 27:56; Mc 15:40). Logo, João, o discípulo amado
de Jesus, poderia ter sido o sobrinho de Maria.
A própria sequência do texto nos mostra que não há um significado profundamente teológico nessa frase como alguns afirmam. Jesus simplesmente estava dizendo para
Maria que João cuidaria dela. A prova disto, é que o próprio João entendeu desta forma ao levá-la para casa a partir daquele momento (Jo 19:27).

4- Uma declaração de que Ele havia se tornado maldito


“Eloí, Eloí, lamá sabactâni” (Mt 27:46).
Essa sem dúvida é uma das frases mais conhecidas de Jesus na cruz. Essa frase é tão importante para compreendermos a obra redentora de Cristo na cruz que os textos
trazem ela tanto no original quanto sua tradução: “Deus meu, Deus meu, por que me abandonastes?” (Mt 27:46; Mc 15:34).
Essa frase também é uma referência as Escrituras Sagradas, no caso o Salmo 22: “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste? Por que te alongas do meu auxílio e das
palavras do meu bramido?” (Sl 22:1). Em mais um salmo messiânico, o salmista se refere ao sofrimento e vitória do Messias. As palavras de Jesus foram exatamente as
mesmas primeiras palavras desse salmo.
Essa frase expressa todo o abandono que Jesus experimentou na cruz por causa de nossos pecados. Ao carregar sobre si as nossas iniquidades, Ele recebeu o castigo
da ira e da justiça de Deus. Saiba mais sobre o significado de Eloí, Eloí, lamá sabactâni.
5- Uma declaração de sua humanidade
“Tenho sede” (João 19:28).
Além de ser uma declaração explicita de sua humanidade, ou seja, como qualquer homem Jesus também sentia sede, essa frase também mostra um
cumprimento escatológico, apontando para a soberania como Senhor de toda a História, onde cada detalhe das Escrituras é cumprido de acordo com seus propósitos
eternos.
Assim, em uma única frase percebemos a humanidade de Jesus e sua divindade. Naquele momento, numa prova explicita de que Jesus era 100% homem também fica
provado que ele era 100% Deus.
No Salmo 69, um salmo messiânico, lemos: “Deram-me fel por mantimento, e na minha sede me deram a beber vinagre” (Sl 69:21). Já no Evangelho de Mateus encontramos
o seguinte: “Deram-lhe a beber vinagre misturado com fel; mas ele, provando-o, não quis beber” (Mt 27:34).

6- Uma declaração de que todos os méritos são dEle


“Está consumado” (Jo 19:30).
No grego o termo utilizado é tetelestai, um verbo que significa “completo”, “terminado”, “está cumprido”, “está feito”. Aqui há uma referência a toda sua vida terrena, onde
se cumpriu toda a Escritura, consumando todo o plano da redenção.
Essa frase também declara explicitamente que não há mais nada a ser feito. Nós não podemos contribuir de nenhuma forma para a nossa salvação, pois a obra está
completa, está consumada, tudo foi feito por Ele, e se fomos justificados e reconciliados com Deus, isto é exclusivamente pelos méritos dEle.
7- Uma declaração de que Deus aceitou o sacrifício
“Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito” (Lc 23:46).
Nessa frase Jesus também faz referência ao cumprimento das Escrituras, citando o Salmo 31: “Nas tuas mãos encomendo o meu espírito; tu me redimiste, Senhor Deus da
verdade” (Sl 31:5).
Essa frase expressa que Deus havia recebido o sacrifício de Jesus, a expiação por nossos pecados, e após a sua morte Ele estaria no céu juntamente com o Pai.
Da mesma forma com que o Pai O recebeu após sua morte na cruz, por causa do sacrifício de seu Filho, Ele também recebe o espírito de todos aqueles que são seus.
Certamente essa frase nos traz conforto e esperança, pois pela morte d’Ele, hoje temos um lar garantido ao lado do Senhor por toda a eternidade (Jo 14:2). O sacrifício de
Jesus satisfez a justiça de Deus.
O que é Temperança na Bíblia?

 Daniel Conegero
Temperança é a qualidade que capacita alguém a exercer um autocontrole. Ser temperante é o mesmo que ter domínio próprio. A seguir, estudaremos sobre o que é
temperança e qual o seu significado na Bíblia.

O que significa temperança


A palavra temperança significa “moderação”, “contenção” ou “autocontrole”. Temperança e domínio próprio são palavras que geralmente traduzem o termo
grego enkrateia, que transmite o significado de “o poder de controlar-se”.
Esse termo grego aparece em pelo menos três versículos do Novo Testamento. Há também a ocorrência do adjetivo correspondente enkrates, e do verbo enkrateuomai,
tanto positivamente quando negativamente, isto é, no sentindo de intemperança.
O termo grego nephalios, que possui sentido similar, também é aplicado no Novo Testamento e geralmente é traduzido como “temperante” (1Tm 3:2,11; Tt 2:2).

A palavra temperança na Bíblia


Na Septuaginta, versão grega do Antigo Testamento, o verbo enkrateuomai aparece pela primeira vez para se referir ao controle emocional de José no Egito para com seus
irmãos em Gênesis 43:31, bem como para descrever ao falso domínio próprio de Saul e Hamã (1Sm 13:12; Et 5:10).
Apesar da palavra temperança não aparecer originalmente no Antigo Testamento, o sentido geral de seu significado já era ensinado, especialmente nos provérbios escritos
pelo rei Salomão, onde ele aconselha sobre a moderação (Pv 21:17; 23:1,2; 25:16).
É verdade que a palavra temperança aparece também relacionada, especialmente, ao aspecto de sobriedade, no sentido de rejeitar e condenar a embriaguez e a
glutonaria. Todavia, seu significado não pode ser apenas resumido a esse sentido, transmitindo também o sentido de vigilância e submissão ao controle do Espírito Santo,
como os próprios textos bíblicos deixam claro.
Em Atos 24:25, Paulo mencionou a temperança em associação com a justiça e o juízo futuro, quando argumentava com Felix. Quando escreveu a Timóteo e a Tito, o
apóstolo falou sobre a necessidade da temperança como uma das características que os líderes da Igreja devem ter, e também a recomendou aos homens idosos (1Tm
3:2,3; Tt 1:7,8; 2:2).
Obviamente uma das aplicações mais conhecidas da temperança (ou domínio próprio) nos textos bíblicos, encontra-se na passagem sobre o fruto do Espírito em Gálatas
5:22, onde a temperança é citada como a última qualidade na lista das virtudes produzidas pelo Espírito Santo na vida dos verdadeiros cristãos.

No contexto em que é aplicada pelo apóstolo na passagem bíblica, a temperança não se resume apenas a um oposto direto aos vícios das obras carnais, como a
imoralidade, a impureza, a lascívia, a idolatria, as mais diversas formas de rivalidade nas relações pessoais de uns para com os outros, ou até mesmo a própria embriaguez e
glutonaria. A temperança vai além, e revela a qualidade de alguém em ser completamente submisso e obediente a Cristo (cf. 2Co 10:5).
O apóstolo Pedro em sua segunda epístola aponta para a temperança como uma virtude que deve ser buscada ativamente pelos cristãos, de modo que, conforme
Paulo escreveu a igreja em Corinto, ela constitui uma qualidade essencial para a carreira cristã, e pode ser vista no zelo que os redimidos demonstram para com a obra de
Cristo, controlando-se a si próprios, a fim de alcançarem um objetivo mais excelente e elevado (1Co 9:25-27; cf. 1Co 7:9).
Com tudo isso, podemos entender que a verdadeira temperança, de fato, não vem da natureza humana, mas, antes, é produzida pelo Espírito Santo no homem regenerado,
capacitando-o à autocrucificação, isto é, o poder de conter-se a si mesmo.

Para o cristão genuíno, a temperança, ou domínio próprio, é muito mais do que uma autonegação ou um controle superficial, mas é a plena submissão ao controle do
Espírito. Aqueles que andam segundo o Espírito Santo, naturalmente são temperantes.
Negue-se a Si Mesmo e Tome a Sua Cruz – Lucas 9:23

 Daniel Conegero

Negue-se a si mesmo e tome a sua cruz. Sabemos que esse é um ensino claro do nosso Senhor Jesus, porém muitas pessoas possuem dúvidas sobre o que significa
negar-se a si mesmo e tomar cada um a sua cruz, conforme Cristo ensinou.
Neste texto nós iremos entender essa verdade tão importante que compõe a compreensão acerca do que é, de fato, ser um discípulo de Jesus.
Antes, é importante saber que esse ensino é tão fundamental que Jesus transmitiu essa verdade explicitamente por mais de uma vez (Mt 10:38; 16:24; Mc 8:34; Lc 9:23; cf. Lc
14:27; Jo 12:26). Aqui vamos usar como exemplo o texto de Lucas 9:23, mas as outras referências também podem ser utilizadas.

E dizia a todos: Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome cada dia a sua cruz, e siga-me.
(Lucas 9:23)
O que significa a expressão “negue-se a si mesmo”?
Como vimos acima, esse ensino foi transmitido por Jesus em diferentes ocasiões, porém a lição é exatamente a mesma. O que todas as passagens têm em comum, além do
mesmo significado, é o ensino sobre o custo do discipulado.
Esse ensino é tão importante que em Marcos 8:34 e Lucas 9:23 somos informados que Jesus se dirigiu à multidão, ou seja, não apenas seus doze discípulos precisavam
ouvir essas palavras, mas todos. Na passagem correlata em Lucas 14:27 o mesmo acontece. Logo, podemos entender que essa é uma questão de vida ou morte eterna.
Perceba que antes da sentença “negue-se a si mesmo”, Jesus usou a expressão “vir após mim”. Essa expressão significa “unir-se a Ele”. Aqui Jesus utilizou como base o
fato de que frequentemente Ele era seguido por multidões, mas andar literalmente atrás dele não significava ser seu seguidor.
Então Jesus ensinou o que realmente faz com que uma pessoa seja um discípulo verdadeiro, um seguidor genuinamente unido a Ele: essa pessoa precisa negar-se a si
mesma.

A condição de “negar-se a si mesmo” inclui muita coisa, como por exemplo:

 Negar-se a si mesmo é amar ao Senhor acima de todas as coisas, e ser fiel à causa do Evangelho acima de qualquer aspiração pessoal.
 Negar-se a si mesmo é dizer não a natureza humana decaída, ou seja, o velho “eu” que tenta nos desviar para as concupiscências das obras da carne.
 Negar-se a si mesmo é renunciar toda confiança em sua própria natureza, religiosidade, capacidade e obras, e entender que a salvação depende exclusivamente de
Deus, e que os méritos pertencem tão somente a Cristo.
Em ouras palavras, no ensino de Jesus aquele que nega-se a sim mesmo é alguém capaz de dizer: Jesus é o primeiro em todas as áreas da minha vida.
É nisso que consiste o princípio de que o verdadeiro seguidor de Cristo o ama mais do que seus familiares e do que sua própria vida, a ponto de estar disposto a perdê-la
por causa desse amor e pelo compromisso com o Evangelho (Mt 16:25; Mc 8:35; Lc 9:24; 14:26).

A importância do negue-se a si mesmo pode ser notada na segunda parte do capítulo 14 do Evangelho de Lucas, onde Jesus conta a Parábola do Construtor da Torre e
o Rei Guerreiro. Nesse capítulo Jesus utilizou por três vezes a expressão “não pode ser meu discípulo” (Lc 14:26,27,33).
1. No versículo 26, onde a sentença aparece pela primeira vez no capítulo, Jesus se voltou para a multidão e ensinou que seus verdadeiros seguidores o amam acima de
tudo e dão suas vidas por Ele.

2. No versículo 27, onde a sentença se repete pela segunda vez, Jesus ensinou que seus verdadeiros seguidores sempre estão dispostos a sofrer pela causa do Evangelho.

3. Finalmente, no versículo 33, Jesus concluiu esse ensino falando que para segui-lo, seus discípulos precisam renunciar tudo o que possuem, isto é, no sentido de
demonstrar uma lealdade incondicional, uma completa negação de si mesmo.

De fato, quando você ama mais a Cristo e o seu Evangelho do que pai, mãe, esposa, filhos, irmãos, irmãs e sua própria vida; de modo que esse amor o leva a sofrer o que
for preciso para que o reino de Deus e a sua justiça seja proclamado, naturalmente o que existirá é uma total renúncia e negação de o que você é ou possui.
Sobre isso, o apóstolo Paulo explicou de forma perfeita o que significa negar-se a si mesmo ao dizer: “As coisas que para mim eram lucro, agora as considero perda por
amor a Cristo” (Fp 3:7).

O que significa a expressão “tome a sua cruz”?


O significado do “tome a sua cruz” está intimamente ligado ao “negue-se a si mesmo”. Em primeiro lugar, nosso Senhor ensina que é preciso negar-se a si mesmo, e em
segundo lugar ele ensina que é preciso tomar a cruz.
A figura usada nessa expressão por Jesus é a de um condenado carregando seu próprio instrumento de execução para o lugar onde a pena capital será aplicada. Esse era
um costume daquela época, e foi assim também com nosso Senhor a caminho do Calvário (Jo 19:17).
No entanto, a grande diferença entre o condenado e o discípulo de Jesus é que o condenado faz isso forçadamente, e se tivesse uma única oportunidade ele correria o
mais depressa que pudesse para bem longe, enquanto o seguidor de Cristo faz isso voluntariamente.

O discípulo verdadeiro não deseja fugir, não deseja correr para longe, ele deseja apenas combater o bom combate (2Tm 4:7). Tomar a sua cruz significa aceitar
irremediavelmente a aflição, a dor, a vergonha e a perseguição por amor a Cristo e ao seu Evangelho.
Erros sobre o significado de tomar a sua cruz
Às vezes algumas pessoas aplicam essa expressão de um modo muito genérico, atribuindo-a a qualquer tipo de aflição comum que acomete a todas as pessoas ao longo
de suas vidas, porém esse não é o sentido bíblico correto.

Algumas pessoas quando falam em levar a cruz acabam cometendo também outro tipo de erro, ao enaltecerem de maneira tal sua cruz pessoal que acabam diminuindo o
significado da cruz de Cristo.
Nunca podemos comparar a cruz que somos convidados a carregar, com a cruz que Cristo carregou, porque isso resultaria no falso entendimento de que o
sofrimento de Cristo foi simplesmente apenas mais um entre muitos.
A agonia do Senhor Jesus foi singular e representa o valor infinito de seu sacrifício, expressando o inimaginável castigo exigido pela justiça de Deus quando Ele carregou a
nossa desgraça e se tornou maldito pelos nossos pecados.

Por outro lado, o “levar a cruz” para nós não traz o significado de condenação e castigo, ao contrário, representa o grande privilégio de podermos “levar o
seu vitupério” (Hb 13:13), participando das aflições de Jesus com grande alegria, satisfação e inteira submissão.
Assim, tomamos a nossa cruz quando seguimos o nosso Senhor por onde quer que Ele vá, não nos importando com as condições, antes confiando plenamente em seu
sangue remidor, refletindo sua mente e proclamando sua obra (Jo 13:15; 2Co 9:8,9; 1Pe 2:21).
Em Mateus 10:38 e Lucas 14:27 encontramos o paralelo negativo dos texto registrados em Mateus 16:24, Marcos 8:34 e Lucas 9:23. Nos dois primeiros lemos: “quem não
toma a sua cruz” e “qualquer que não levar a sua cruz”, enquanto nos três últimos lemos basicamente: “tome a sua cruz”.
O significado é o mesmo, porém quando a sentença aparece em sua forma negativa fica enfatizado de forma ainda mais clara o que sucede com aqueles que falham em
carregar a sua cruz, a saber, diz Jesus, “não é digno de mim” (Mt 10:38) ou “não pode ser meu discípulo” (Lc 14:27).
Imediatamente após transmitir esse ensino, Jesus também esclareceu o que significa “não ser digno dele” ou não ser contato como um de seus discípulos. Este, achando ter
salvado sua vida, perdê-la-á, mas o que nega-se a si mesmo e toma a sua cruz recebe a promessa de um maravilhoso galardão: “quem perde sua vida por amor de mim, a
achará” (Mt 10:39; 16:25; Mc 8:35; Lc 9:24).
Outra coisa interessante é o detalhe do texto de Lucas 9:23 que traz a expressão “tome cada dia a sua cruz”. Aqui temos claramente a implicação de que a cruz pessoal,
não pode ser repartida ou dividida, ela é sua e não do próximo, e carregá-la deve ser uma tarefa diária.

O que fazer após o “negue-se a si mesmo” e o “tome a sua cruz”?


Após negar-se a si mesmo e tomar a cruz resta o “siga-me” (Mt 16:24; Mc 8:34; Lc 9:23). Seguir a Jesus significa caminhar em seus passos, confiando inteiramente nele
e obedecendo a sua vontade em plena gratidão pela salvação nele recebida (1Pe 2:21; Jo 15:14; Ef 4:32-5:2).
Em outras palavras, o que o texto está dizendo aqui é que naturalmente após negar-se a si mesmo e tomar a sua cruz resta à pessoa segui-lo sujeitando-se aos seus
mandamentos. Na verdade, a frase “negue-se a si mesmo, tome a sua cruz, e siga-me” nitidamente está descrevendo a verdadeira conversão que é sucedida por uma
santificação que perdura por toda a vida.

Como alguém pode negar-se a si mesmo, tomar a sua cruz e seguir a Jesus?
A resposta para essa pergunta é aterrorizante e ao mesmo tempo maravilhosa. É aterrorizante porque ao homem é impossível, por suas próprias forças, negar-se a si
mesmo, tomar a sua cruz e seguir a Jesus.
É maravilhosa porque diante da nossa miséria podemos compreender que a graça de Deus nos alcançou, e através do novo nascimento pela obra regeneradora do Espírito
Santo em nossos corações somos capacitados a fazer o que de nenhum outro modo poderíamos fazer (Jo 3:3,5).
O verdadeiro seguidor de Jesus foi feito nova criatura, e o Espírito Santo não o abandona à sua própria sorte. Se da nossa própria natureza apenas provêm obras da
carne, do Espírito provêm o fruto que é gerado em nós capacitando-nos a viver uma vida de total entrega ao Senhor. Ao verdadeiro cristão é dado o poder de sofrer
pelo nome de Cristo (Ap 6:9; 12:11).
Sempre devemos nos lembrar de que o mesmo que disse: “Vinde a mim todos os que estais cansados e sobrecarregados e eu vos aliviarei”; também disse: “Qualquer que não
tomar a sua cruz, e vier após mim, não pode ser meu discípulo” (Lc 14:27).
Em Cristo, certamente nós podemos descansar, mas isso não é o mesmo que ficarmos ociosos. Somos herdeiros de Deus e co-herdeiros de Cristo, e com Ele
padecemos para que com Ele também sejamos glorificados (Rm 8:17).
Ele carregou sobre si a nossa maldição, e seu amor nos constrange de tal maneira que negar-se a si mesmo, tomar a cruz e segui-lo é a maior satisfação que
poderíamos ter.

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