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NOVO TESTAMENTO

ATOS DOS APÓSTOLOS- PARTE II

l Pentecostes

O Pentecostes é a segunda festa no calendário judaico, existiam vários nomes para


a festa do Pentecostes, o primeiro deles era: A festa da colheita (Êxodo 23:16), se
colhia os grãos de trigo, cevada, era uma festa agrícola. O segundo nome que você
talvez encontre é: A festa das semanas (Deuteronômio 34:22 – Números 28:25), são
50 dias após a páscoa, a festa começa colhendo os primeiros grãos de cevadas e
só termina quando os primeiros grãos de trigos estiverem sendo colhidos. Temos
também: A festa das primícias dos frutos, que é uma festa marcada por uma oferta
voluntária para celebrar os primeiros frutos.

Para clarear sua mente, a primeira festa que temos no calendário judaico é a
Pascoa, 50 dias depois temos a festa da colheita, ou das semanas e depois temos
a última festa, dos Tabernáculos , a Festa das Primícias está presente em todas
estas festas.

Quando falamos em Pentecostes, estamos falando em grego, desde de 331 a.C. os


gregos dominam tudo e no que eles dominam tudo estes nomes hebraicos já não
fazem mais sentido, porque quase ninguém mais fala a língua hebraica. Então
toda expressão hebraica começa a precisar ser traduzida. Eles resumem todas as
expressões desta festa em uma expressão grega, Pentecostes.

A festa começa quando a foice corta as primeiras espigas (Deuteronômio 16:19),


depois deste primeiro evento existe uma peregrinação ao local do culto, estas
pessoas que estavam trabalhando no campo vão para o templo, então acontece a
santa convocação, um momento de alegria, de ação de graças, as famílias se
reúnem para festejar, eles levam esta colheita e oferecem no templo como oferta
de gratidão a Deus.

Entretanto Pentecostes também tem um lado memorativo, com o propósito de


lembrar o que Deus fez, fazendo menção da libertação, do deserto etc. Portanto,
é uma festa de agradecimento.

No Antigo Testamento existe um paralelo com a Torre de Babel. Onde vemos um


grupo de homens querendo subir aos céus e a estratégia de Deus para separá-los
é confundi-los através das línguas. Já em Atos ocorre o oposto, é através da
confusão das línguas que as pessoas são inseridas no Reino.

Então percebe-se que a mistura de línguas é um evento que ocorre novamente,


mas dessa vez com um novo significado, o propósito é aproximar e não afastar,
pois abre espaço para que todo mundo entenda e faça parte. Por este motivo, a
maldição de Babel é quebrada em Atos capítulo 2.

O primeiro milagre que podemos ver em pentecostes é do Espírito Santo, de


interpretar, que não ocorre apenas na língua, mas também na audição pois agora
as pessoas são capazes de ouvir o que antes não compreendiam. Fato que é muito
atual, pois hoje no dia a dia, é visível os inúmeros problemas que as pessoas
passam pelo simples fato de não conseguirem interpretar o que os outros querem
dizer. Percebe-se então, em Atos 2 a possibilidade de interpretar a vida de uma
maneira mais autêntica.

Entender Atos 2 é acreditar que o Espírito Santo vai traduzir a nossa vida, de um
jeito que ela precisa ser traduzida para que assim faça sentido a quem assiste.
Primeiramente, o capítulo 2 de Atos inicia dizendo que os apóstolos estavam
reunidos para o dia de Pentecoste. Naquele dia todos estavam reunidos por
ocasião da festa agrícola, mas além de uma celebração havia a atitude de
adoração e contrição.

Então no versículo 2 podemos ver que eles presenciaram duas experiências


sobrenaturais durante suas orações. “De repente veio do céu um som, como de
um vento muito forte, e encheu toda a casa na qual estavam assentados. E viram
o que parecia línguas de fogo, que se separaram e pousaram sobre cada um deles.”
– Atos 2:2,3

l Primeira Experiência Sobrenatural

Trata-se da experiência da audição. Enquanto as pessoas estavam reunidas


esperando os acontecimentos da festa (comida, confraternização etc.), estavam
orando. Durante a oração veio sobre eles um som, portanto, o primeiro milagre
está acontecendo no ouvido, no sentido da audição. Estão escutando algo
sobrenatural: “som como de um vento forte”.

l Segunda Experiência Sobrenatural

Foi a visão, pois eles viram línguas repartidas como de fogo pousando sobre suas
cabeças, conforme os Espírito Santo lhes concedia que falassem. Por isso,
entender a festa de Pentecostes irá nos ajudar a entender o propósito de tudo.

É importante lembrar que em Jerusalém havia habitantes de diversas


localidades (versículo 5: "homens de todas as nações debaixo do céu"). Então o
que atraia aquela multidão era o som: o mesmo som que foi ouvido, primeiro
pelos apóstolos, depois por todos que estavam ali esperando pela festa. Então
todos se juntaram confusos para ver o que estava acontecendo e cada um ouvia
em sua própria língua.

Portanto, o Pentecoste tem que ser entendido como um fenômeno de


interpretação do Espírito Santo. Todos estão perplexos, porque cada um ouve na
sua língua (versículo 6: "ficaram muito admirados porque cada um podia
entender na sua própria língua o que os seguidores de Jesus estavam dizendo")
e se perguntavam quem estaria falando. Observe que se tratava de um grupo de
pessoas simples, muitas sem estudo, sem condições e preparo pra falar todas
aquelas línguas, por este motivo ficam muito surpresos com os sons que
estavam ouvindo.
Existem três posições em nosso meio para interpretar o livro de Atos:

1º GRUPO - Pessoas que defendem que são línguas humanas – (Igrejas


tradicionais)
2º GRUPO – Pessoas que defendem que são línguas de anjos – (Maioria da igreja)
3º GRUPO – Pessoas que defendem 2 dons distintos: Um aparece em Coríntios e
Um dom que aparece em Atos

Qual a semelhança desse dom de Atos com o dom de Coríntios a que Paulo exorta
a Igreja? Qual relação tem esse dom que podemos encontrar em Coríntios?

Façamos uma breve análise:

● Coríntios: O dom de línguas é usado na Igreja, e quem manifesta esse dom


está edificando a si mesmo. Ou seja, o portador do dom edifica-se a si
mesmo. Trata-se de uma linguagem sobrenatural, que precisa ser interpretada.
● Atos: É um acontecimento evangelístico, quem ouve é edificado. O dom de
línguas é repartido e as pessoas estão falando de uma forma que todos entendem.
Trata-se de uma linguagem humana (guiada pelo Espírito), não precisa de
ninguém para interpretar.

Isso nos leva a entender que existem dons de línguas diferentes, sendo que o Livro
de Atos 2 fala de uma realidade e Coríntios fala de outra. Um problema que ocorre
quando falamos de Pentecostes, é que algumas pessoas, mesmo lendo Atos,
pensam em Coríntios.

Portanto precisamos estar atentos, para o fato de que, o que acontece em Atos é
radicalmente diferente do que acontece em Coríntios. “Tanto judeus como
convertidos ao judaísmo; cretenses e árabes. Nós os ouvimos declarar as
maravilhas de Deus em nossa própria língua!" – Atos 2:11
l Boas Novas

Todos esses povos começaram a escutar de forma sobrenatural a proclamação do


Evangelho, as grandezas de Deus, as anunciando. Eles estavam anunciando o
Evangelho de um Cristo que morreu e ressuscitou, portanto, pregando a verdade
do Evangelho. “Atônitos e perplexos, todos perguntavam uns aos outros: Que
significa isto?" – Atos 2:12

Pedro começa a pregar e explicar o Evangelho. O resultado dessa pregação são as


primeiras conversões. “Quando ouviram isso, os seus corações ficaram aflitos, e
eles perguntaram a Pedro e aos outros apóstolos: "Irmãos, que faremos? Os que
aceitaram a mensagem foram batizados, e naquele dia houve um acréscimo de
cerca de três mil pessoas”. - Atos 2:37,41

Não podemos pensar em Pentecostes sem pensar em 3.000 almas que foram
salvas. A festa de Pentecostes celebrava a colheita, da mesma forma, naquele dia,
reunidos para celebrar o Pentecostes, mais uma vez as pessoas têm motivo para
celebrar uma colheita: a primeira grande colheita da Igreja, de 3.000 almas.

Por este motivo, em Atos 2 nota-se uma ênfase evangelística, onde o dom de
línguas tem o objetivo de alcançar almas. Já o dom de línguas em Coríntios tem
como objetivo edificar o Corpo de Cristo. Isso precisa ficar muito claro, para que
entendamos a diferença entre um dom que nos empurra a fazer uma grande
colheita e o dom que ajuda a fortalecer o Corpo de Cristo.

Infelizmente, muitos ainda confundem esses dons, por isso precisamos caminhar
algumas milhas para compreendermos com mais profundidade o episódio de
Atos 2. Entendê-lo é de uma riqueza inestimável ao Evangelho. Estamos falando
de um texto que nos leva a querer ser verdadeiramente pescadores de almas, e
que Atos 2 possa reacender a nossa paixão por ver o Reino de Deus se expandir.

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