Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Palavras-chave: inteligência artificial; Alemanha; política tecnológica; variedades de capitalismo; Indústria 4.0.
RESUMO Introdução: No início do século XXI, tecnologias digitais - e.g., internet móvel de alta velocidade (5G), inteligência artificial
(IA), big data e analytics, e computação em nuvem - vêm causando profundos impactos na economia política internacional. Entre
elas, a IA tem gerado efeitos políticos, sociais e econômicos significativos, incluindo reestruturações industriais, modelos de negócios
em plataformas, leis de privacidade de dados, transformações no mundo do trabalho, e novos métodos educacionais. Esses efeitos são
particularmente sentidos nas democracias ricas, como é o caso da Alemanha, onde a IA é incentivada através de instrumentos como a
National Industrial Strategy 2030 e a Artificial Intelligence Strategy. Entretanto, vários desafios caracterizam essa difusão tecnológica.
Neste artigo, analiso e interpreto esse fenômeno, investigando as dinâmicas políticas e econômicas que delineiam a difusão da IA na
Alemanha. Materiais e Métodos: Foram realizadas vinte e uma entrevistas com especialistas representantes do mercado e da acade-
mia na Alemanha, entre outubro de 2019 e julho de 2020, e analisados dezesseis 16 relatórios governamentais, além de revisão da
literatura sobre o tema. Resultados: Os resultados apontam que (1) a IA possui uma variedade de aplicações no país, tanto em
pesquisa acadêmica quanto em bens e serviços de mercado, e (2) o governo está se aproximando de universidades e empresas para
impulsionar essa tecnologia. Entretanto, (3) vários desafios à difusão da IA e seus impactos foram identificados: riscos à mão-de-obra
associados à automação de postos de trabalho, aversão tecnológica por parcelas da sociedade e do empresariado, lacuna
empreendedora e número restrito de empresas de tecnologia, oferta insuficiente de recursos humanos qualificados em IA, política de
privacidade de dados ainda em adequação, e déficits em infraestruturas digitais. Discussão: O estudo contribui com a literatura sobre
a economia política da IA em três aspectos. Primeiro, é um dos trabalhos inaugurais no Brasil a investigar a IA através de pesquisa de
campo sistemática. Em segundo lugar, a despeito da excelência industrial e tecnológica, a Alemanha enfrenta desafios para se inserir
na economia digital, fenômeno que até então tem sido pouco retratado na literatura. Terceiro, apesar de não focarmos o Brasil, o
estudo traz luz para potenciais desafios à política industrial e tecnológica brasileiras em cenário global de crescente digitalização.
Recebido em 21 de Novembro de 2020. Aprovado em 25 de Junho de 2021. Aceito em 27 de Julho de 2021.
I. Introdução1
A
1
Agradeço ao DAAD
(Serviço Alemão de micas ao longo do século XX e início do XXI, por exemplo, em áreas
Intercâmbio Acadêmico) pelo
financiamento que possibilitou
como medicina, transportes, biotecnologia, engenharias, e tecnologias
a realização desta pesquisa e à da informação e comunicação (TICs). Ademais, desenvolvimentos em governo
CAPES pela bolsa de eletrônico têm influenciado a participação política, e a internet tem reestru-
doutorado, código de turado as cadeias de valor produtivas e financeiras globalmente (Wu & Gereffi,
financiamento 001. Sou grato
também aos comentários e
2018). Em que pesem esses desenvolvimentos, já vinculados ao paradigma
sugestões dos pareceristas produtivo, a partir da segunda década deste século XXI, o debate tecnológico
anônimos e editores da adquiriu novos contornos.
Revista de Sociologia e
Política. Esforços de re-industrialização têm se instaurado no cerne do sistema
político econômico, via complexas redes científicas-empresariais-gover-
namentais, moldando o futuro da economia global, partindo, até o momento, da
ótica e preferências dos países desenvolvidos. Originada em planos como o En-
suring American Leadership in Advanced Manufacturing (USA, 2011) e o
Industrie 4.0 (Germany, 2014), a quarta revolução industrial (Indústria 4.0)
seria um esforço para reverter a estagnação industrial que, desde os fins do
século XX, vem assolando as economias avançadas. Esses esforços de retoma-
da industrial mobilizam tecnologias como a Internet das Coisas (IoT), big data,
cloud computing, redes 5G, Inteligência Artificial (IA), realidade virtual e
aumentada, impressão 3D, blockchain, biologia sintética e nanotecnologia
(WEF, 2018; Chen & Shen, 2019). Ou seja, rearticula-se a atividade produtiva,
lhistas não salariais como central para aumento da competitividade das empre-
sas” de tal forma que os “sindicatos foram sucessivamente marginalizados na
formulação de políticas trabalhistas” (Fleckenstein & Lee, 2017, pp. 20-2).
Além do aspecto trabalhista, a “transformação digital” no país traz desafios
adicionais à coordenação de mercado, conforme retratado na Estratégia Indus-
trial Nacional 2030:
Novas empresas e grandes conglomerados de sucesso global estão surgindo em
quase todas as áreas de alta inovação, particularmente aquelas que envolvem
digitalização e IA, com enorme capital e força de mercado (....). A falta de
sucesso (da Alemanha) até agora nas tecnologias do futuro se tornará um risco
direto para o sucesso de longo prazo nas áreas em que o país é tradicionalmente
forte. Nossa força nas principais áreas industriais só poderá ser mantida se
também formos fortes nas novas áreas tecnológicas do futuro (Germany, 2019,
p. 6).
esclarecer por que é (ou não) aceita pelos distintos grupos sociais que avaliam
sua viabilidade. Nesse sentido, Compagni et al. (2015) analisaram a difusão de
robôs cirúrgicos na Itália entre 1999 e 2010, focando em como os discursos de
“usuários piloto” ajudaram a superar a incerteza sobre essa inovação. Nesse
caso, o ceticismo foi parcialmente superado pela realização de treinamentos que
explicitavam os benefícios, modos de uso, e baixos riscos dos robôs cirúrgicos.
ção, podendo até mesmo diminuir os salários dos menos instruídos; e (ii) a IA
acarretaria aumentos da participação de capital financeiro na economia, en-
quanto a participação do trabalho no PIB continuará caindo - conforme já se
verifica atualmente (Agrawal et al., 2019, p. 20). Para contornar esse risco,
políticas que visem à tributação progressiva de rendimentos, ou mesmo à
adoção da renda básica universal, têm sido propostas.
Ressalta-se, ainda, o efeito geopolítico da IA. Configura-se atualmente uma
corrida tecnológica internacional, na qual EUA, China, Rússia, Japão, Coreia
do Sul, Reino Unido, França, Alemanha e Israel estão emergindo como prota-
gonistas em IA (Miailhe & Hodes, 2017, p. 6). China e EUA, em particular,
fornecem a maior parte dos produtos e serviços em IA atualmente disponíveis
(Dafoe, 2018, p. 124-5; Zhu & Long, 2019). Esse diagnóstico é lastreado pelos
investimentos recentes desses governos. Nos EUA, relatórios recentes sobre o
tema incluem o Preparing for the Future of Artificial Intelligence (USA, 2016a)
e o National Research & Development Artificial Intelligence Strategic Plan
(USA, 2016b). Na China, tanto o Made in China 2025 (China, 2015), estratégia
de digitalização no âmbito industrial, quanto o Development Plan of New Gen-
eration AI (China, 2017) enfatizam os usos civis e militares da IA. Alguns
argumentam que presenciamos uma “guerra fria tecnológica” em torno das
tecnologias digitais (The Wall Street Journal, 2020).
Um dos setores analisados com maior atenção nesta pesquisa foi o automo-
tivo, que gradativamente incorpora a IA em seus processos produtivos. Foram
realizadas entrevistas com funcionários da Volkswagen, Daimler (holding da
Mercedes-Benz), e startups no setor. Identificaram-se aplicações desde chat-
bots até sistemas autônomos operando nas linhas de montagem, conforme relata
um engenheiro automotivo:
“Já temos algumas iniciativas em andamento na fábrica em relação à manutenção
preditiva. Isso nos permitirá agir sobre a falha antes que ela realmente aconteça.
(...) Temos também a separação automatizada. A ideia é que um robô identifique
as peças e locais do maquinário e os coloque em kits de montagem. O objetivo é
tirar os trabalhadores de chão de fábrica dessas atividades de separação.”
“Os institutos Fraunhofer ainda são estritos e conservadores; até mesmo suas
soluções e as práticas de P&D são um pouco antiquadas; eles pesquisam do
mesmo modo há 20 anos (...). As pessoas ficam sozinhas em salas isoladas, sem
falar com ninguém, tentando resolver problemas técnicos (...). Se você se
acostuma a ficar trancado em uma sala totalmente desligado do mundo, não dá
para resolver problemas práticos na economia digital.”
Eles não querem em muitos casos a digitalização. (...) Você não pode digitalizar
as coisas com pressão na Alemanha.”
V. Considerações finais
Referências
Agrawal, A., Gans, J. & Goldfarb, A. (2019) Economic policy for artificial intelligence. Innovation Policy and the Economy,
19(1), pp. 139-159. DOI: 10.1086/699935
Albuquerque, P.H., Saavedra, A., Morais, R., Alves, R. & Yaohao, P. (2019) Na era das máquinas, o emprego é de quem?
Estimação da probabilidade de automação de ocupações no Brasil. Texto para discussão IPEA 2457. Disponível em:
http://repositorio.ipea.gov.br/bitstream/11058/9116/1/td_2457.pdf Acesso em: 12 de ago. 2019.
Antunes, R. (2018) O privilégio da servidão: o novo proletariado de serviço na era digital. São Paulo: Boitempo Editorial.
Autor, D. (2015) Why are there still so many jobs? The history and future of workplace automation. Journal of Economic Per-
spectives, 29(3), pp. 3-30. DOI: 10.1257/jep.29.3.3
Balbachevsky, E. (2021). Varieties of learning regimes and their impact on social inclusion. In: H. Eggins, A. Smolentseva &
H. Wit. (eds) Higher education in the next decade. Londres: Brill, pp. 115-129.
Bathelt, H. & Gertler, M. (2005) The German variety of capitalism: forces and dynamics of evolutionary change. Economic Ge-
ography, 81(1), pp. 1-9.
Boyd, R. & Holton, R.J. (2018) Technology, innovation, employment and power: does robotics and artificial intelligence really
mean social transformation? Journal of Sociology, 54(3), pp. 331-345. DOI: 10.1177/1440783317726591
A economia política da inteligência artificial 19/21
Brun, L., Gereffi, G. & Zhan, J. (2019) The “lightness” of industry 4.0 lead firms: implications for global value chains. In: P.
Bianchi, C.R. Durán, & S. Labory (eds) Transforming industrial policy for the digital age. London: Edward Elgar Pub-
lishing, pp. 1-23.
Chen, S. & Shen, M. (2019) The fourth industrial revolution and the development of artificial intelligence. In: D. Kwan & T. Yu
(eds) Contemporary issues in international political economy. Singapore: Palgrave Macmillan, pp. 333-346.
Compagni, A., Mele, V. & Ravasi, D. (2015) How early implementations influence later adoptions of innovation: Social posi-
tioning and skill reproduction in the diffusion of robotic surgery. Academy of Management Journal, 58(1), pp. 242-278.
Cox, R. & Wartenbe, M. (2018) The politics of global value chains. In: R. Kiggins (ed) The political economy of robots.
Cingapura: Palgrave Macmillan, pp. 17-40.
Dafoe, A. (2019) The fourth industrial revolution. Journal of International Affairs, 72(1), pp. 121-126
Dean, M. & Spoehr, J. (2018) The fourth industrial revolution and the future of manufacturing work in Australia: challenges
and opportunities. Labour & Industry, 28(3), pp. 166-181.
Evans, P. (1995) Embedded autonomy: states and industrial transformation. Princeton: Princeton University Press.
Fleckenstein, T. & Lee, S. (2017) The politics of labor market reform in coordinated welfare capitalism: comparing Sweden,
Germany, and South Korea. World Politics, 69(1), pp. 144-183.
Funk, J. (2017) What does innovation today tell us about the US economy tomorrow? Disponível em:
https://issues.org/what-does-innovation-today-tell-us-about-the-us-economy-tomorrow/ Acesso em: 30 de mar. 2020.
Garbuio, M. & Lin, N. (2019) Artificial intelligence as a growth engine for health care startups: emerging business models. Cal-
ifornia Management Review, 61(2), 59-83.
Guimarães, A., Barbosa, F., Costa, G., Natalino, E. & Oliveira Neto, P. (2014) Alemanha: o modelo de capitalismo social e os
desafios no limiar do século XXI. Revista de Sociologia e Política, 22(51), pp. 55-75.
Hall, P. (2015) Varieties of capitalism. In: R. Scott & S. Kosslyn (eds) Emerging trends in the social and behavioral sciences.
Londres: John Wiley & Sons, pp. 1-15. DOI: 10.1002/9781118900772
Hall, P. & Soskice, D. (2001) An introduction to varieties of capitalism. In: B. Hancké (ed) Debating varieties of capitalism: a
reader. Oxford: Oxford University Press, pp. 21-27.
Hall, P. & Thelen, K. (2009) Institutional change in varieties of capitalism. Socio-economic Review, 7(1), pp. 7-34.
DOI: 10.1093/ser/mwn020
Hamori, S. & Kume, T. (2018) Artificial intelligence and economic growth. In: M. McAleer (ed) Advances in decision sciences.
Taiwan: Asia University, pp. 256-278.
Hirsch-Kreinsen, H. (2016) Digitization of industrial work: development paths and prospects. J Labour Market Res, 49(1),
pp. 1-14. DOI: 10.1007/s12651-016-0200-6
Harhoff, D., Heumann, S., Jentzsch, N. & Lorenz, P. (2018) Outline for a German strategy for artificial intelligence. SSRN
s/v(s/n). Disponível em: https://papers.ssrn.com/sol3/papers.cfm?ABSTRACT _id=3222566 Acesso em: 20 de ago.
2020. DOI: 10.2139/ssrn.3222566
Kakani, V., Nguyen, V., Kumar, B., Kim, H. & Pasupuleti, V. (2020) A critical review on computer vision and artificial intelli-
gence in food industry. Journal of Agriculture and Food Research, 2(1), pp. 1-22. DOI: 10.1016/j.jafr.2020.100033
Kiggins, R.D. (2018) Political economy of robots. Londres: Palgrave Macmillan.
Lewchuk, W. (2018). The political economy of precariousness in an Era of Artificial Intelligence. HeinOnline. Disponível em:
https://heinonline.org/HOL/LandingPage?handle=hein.journals/canlemj21&div=12&id=&page= . Acesso em: 30 de
mar. 2020.
Levy, F. (2018) Computers and populism: artificial intelligence, jobs, and politics in the near term. Oxford Review of Economic
Policy, 34(3), pp. 393-417. DOI: 10.1093/oxrep/gry004
Mendes, V. (2021) The limitations of International Relations regarding MNCs and the digital economy: evidence from Brazil.
Review of Political Economy, 33(1), pp. 67-87.
Miailhe, N. & Hodes, C. (2017) The third age of artificial intelligence. Field Actions Science, 17(1), pp. 6-11.
Pfeiffer, S. (2018) The ‘future of employment’ on the shop floor: why production jobs are less susceptible to computerization
than assumed. International Journal for Research in Vocational Education and Training, 5(3), pp. 208-225.
DOI: 10.13152/IJRVET.5.3.4
Thelen, K. (2019) Transitions to the knowledge economy in Germany, Sweden, and the Netherlands. Comparative Politics,
51(2), pp. 295-315.
Trajtenberg, M. (2018) AI as the next GPT: a political-economy perspective. National Bureau of Economic Research: Working
Paper 24245. Disponível em: https://www.nber.org/papers/w24245 Acesso em: 30 de jan. 2020.
Weber, E. (2017) Digitalizing the economy: the future of employment and qualification in Germany. IAB-FORUM, pp. 1-12.
Disponível em: https://www.iab-forum.de/en/digitalising-the-economy-the-future-of-employment-and-qualification-in-germany/
Acesso em: 22 de mar. 2020.
Webster, C. & Ivanov, S. (2020) Robotics, artificial intelligence, and the evolving nature of work. In: G. Babu & J. Paul (eds)
Digital transformation in business and society: theory and cases. Londres: Palgrave McMillan, pp. 127-143.
Wei, Z. & Peters, M. (2019) ‘Intelligent capitalism’ and the disappearance of labor: Whitherto education? Educational Philoso-
phy and Theory, 51(8), pp. 757-766.
Wu, X. & Gereffi, G. (2018) Amazon and Alibaba: internet governance, business models, and internationalization strategies.
In: R.A. Tulder, A. Verbeke & L. Piscitello (eds) International business in the Information and Digital Age. Bingley, UK:
Emerald Publishing.
20/21 Revista de Sociologia e Política v. 30
Zanatta, R.A. & Abramovay, R. (2019) Dados, vícios e concorrência: repensando o jogo das economias digitais. Estudos
Avançados, 33, pp. 421-446.
Zhu, Q. & Long, K. (2019) How will artificial intelligence impact Sino-US relations? China International Strategy Review,
1(1), pp. 139-151. DOI: 10.1007/s42533-019-00008-9
Outras fontes
BOSCH. (2021) BCAI - Bosch Center for Artificial Intelligence. Disponível em: https://www.bosch-ai.com/. Acesso em: 20 de
set. 2020.
CHINA. (2015) Made in China 2025. Disponível em
http://www.cittadellascienza.it/cina/wp-content/uploads/2017/02/IoT-one-Made-in-China-2025.pdf. Acesso em: 22 de
out. 2019.
CHINA. (2017) Development plan of new generation AI. Disponível em:
http://www.gov.cn/zhengce/content/2017-07/20/conte nt_5211996.htm Acesso em: 22 de out. 2019.
GERMANY. (2014) Industrie 4.0: smart manufacturing for the future. GTAI German Trade and Investment. Disponível em:
http://www.inovasyon.org/pdf/GTAI.industrie4.0_smart.manufact.for.future.July.2014.pdf Acesso em: 22 de out. 2019.
GERMANY. (2018) Artificial intelligence strategy. The German Federal Government. Disponível em:
https://www.ki-strategie-deutschland.de/home.html?file=files/downloads/Nationale_KI-Strategie_engl.pdf Acesso em:
22 out. 2019.
GERMANY. (2019) National industrial strategy 2030: strategic guidelines for a German and European industrial policy.
Disponível em: https://www.bmwi.de/Redaktion/EN/Publikationen/Industry/national-industry-strategy-2030.html.
Acesso em: 22 de out. 2019.
GERMANY. (2021) Digital Hub initiative. Disponível em: https://www.de-hub.de/en/.
Acesso em: 20 de set. 2020.
USA. (2011) Report to the president on ensuring American leadership in advanced manufacturing. Disponível em:
https://obamawhitehouse.archives.gov/sites/default/files/microsites/ostp/pcast-advanced-manufacturing-june2011.pdf.
Acesso em: 20 de jan. 2019.
USA. (2016a) Preparing for the future of artificial intelligence. Disponível em:
https://obamawhitehouse.archives.gov/sites/default/files/whitehouse_files/microsites/ostp/NSTC/preparing_for_the_future_of_ai.pdf.
Acesso em: 20 de jan. 2019.
USA. (2016b) National research & development artificial intelligence strategic plan. Disponível em:
https://www.nitrd.gov/PUBS/national_ai_rd_strategic_plan.pdf. Acesso em: 20 de jan. 2019.
WEF. (2018) The future of jobs report 2018. Disponível em: http://www3.weforum.org/docs/WEF_Future_of_Jobs_2018.pdf.
Acesso em: 22 de out. 2020.
Artigos de jornais
The U.S. vs. China: the high cost of the technology cold war. (2020) The Wall Street Journal. New York, 22 out. Disponível em:
https://www.wsj.com/articles/the-u-s-vs-china-the-high-cost-of-the-technology-cold-war-11603397438. Acesso em: 22
de out. 2020.
A economia política da inteligência artificial 21/21
Keywords: artificial intelligence; Germany; technology policy; varieties of capitalism; Industry 4.0.
ABSTRACT Introduction: At the dawn of the 21st century, digital technologies - e.g., high-speed mobile internet (5G), artificial intelli-
gence (AI), big data and analytics, and cloud computing - have had profound impacts on the international political economy. Among
them, AI has sparked political, social, and economic effects, including industrial restructuring, new business models, data privacy
laws, labor transformations, and new educational methods. These effects are particularly evident in rich democracies such as Ger-
many, where AI is incentivized through government plans like the National Industrial Strategy 2030 and the Artificial Intelligence
Strategy. However, several challenges characterize this technology diffusion. In this article, I analyze and interpret this phenomenon,
investigating which political and economic dynamics outline the spread of AI in Germany. Materials and Methods: This research is
based on 21 interviews conducted in Germany, with experts from the market and academia, between October 2019 and July 2020, in
addition to the analysis of 16 government reports and literature review. Results: The results indicate that (1) AI has a variety of applica-
tions in the country, both in academic research and market goods and services, and (2) the government is approaching universities and
companies to boost AI. However, (3) several challenges to the dissemination of AI and its effects have been identified: risks to the
workforce associated with job automation, technological aversion by some social groups and business managers, entrepreneurial gap
and limited number of start-ups, few qualified human resources in AI, data privacy policy still in adequacy, and deficits in digital infra-
structure. Discussion: The study contributes to the literature on the political economy of AI in three aspects. First, it is one of the inau-
gurals works in Brazil to investigate AI through systematic field research. Second, despite its industrial and technological excellence,
Germany faces challenges to enter digital economy, a phenomenon has not been too explored in the literature. Third, although it does
not focus on Brazil, the study highlights potential challenges to Brazilian industrial and technological policy in a global scene of in-
creasing digitalization.
This is an Open Access article distributed under the terms of the Creative Commons Attribution License, which permits unrestricted use,
distribution, and reproduction in any medium, provided the original work is properly cited.