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UNIDADE CURRICULAR: PATRIMÓNIO INDUSTRIAL EM PORTUGAL

CÓDIGO: 31101

DOCENTE: Profª Doutora Marina Évora

A preencher pelo estudante

NOME: Leonel Dinis Dias Barbosa

N.º DE ESTUDANTE: 2100133

CURSO: Licenciatura em História

DATA DE ENTREGA: 12-05-2023

4v

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TRABALHO / RESOLUÇÃO: Perante as leituras dos textos Arqueologia Industrial e
(Um)a História da Expressão “Arqueologia Industrial“, de Paulo Oliveira Ramos, irei
demonstrar reflexões sobre estes. E identificar a posição de Sousa Viterbo na criação e
utilização da expressão Arqueologia Industrial.

Portugal teve quatro momentos pioneiros ligados à construção da Arqueologia


Industrial. Os dois primeiros devem-se a Sousa Viterbo, médico de formação e
historiador e arqueólogo de vocação, (Ramos, 1990, p.26) estudioso das artes
industriais e autor da importante obra Artes e Indústrias Portuguesas. O Vidro e o
Papel. O terceiro foi o decreto de 28 de Maio de 1925 que classificou as ruínas da
Fábrica de Ferro da Nova Oeiras, como a primeira ação legislativa na defesa do
património industrial, e o último ao olisipógrafo A. Vieira da Silva, que propõe o estudo
paralelo dos monumentos históricos (castelos, igrejas) e o património industrial
(fábricas, elevadores). Sousa Viterbo no seu artigo Archeologia Industrial Portuguesa -
Os Moinhos, de 1896, faz referência aos vestígios da indústria portuguesa que devem
ser aproveitados e não esquecidos, para depois serem estudados e concederem-lhes o
devido valor. Sousa Viterbo (1845-1910) questionava: Existe a arqueologia da arte,
porque não há-de existir a arqueologia da indústria? (Viterbo apud Ramos, 1990, p.26)
É nesta altura que Sousa Viterbo surge como o verdadeiro criador da expressão
arqueologia industrial (Ramos, 1990, p.26), Contudo, Keneth Hudson afirma que o
termo foi quase certamente inventado na década de cinquenta por Donald Dudley.
(Hudson apud Ramos, 2015, p.76) Em 1982, o arqueólogo industrial Maurice Daumas,
afirma que a expressão Arqueologia Industrial surgiu pela primeira vez num artigo
francês de 1876 e mais tarde usado na Inglaterra pelos pioneiros Jules Verneilh e Isaac
Fletcher nas suas obras. Sousa Viterbo surgiu como autor das expressões arqueologia
da indústria nos anos 90 do século XX, e arqueologia industrial no século XIX. Sophia
Labadi menciona, numa sua obra, que esta última expressão surgiu igualmente em 1896
no artigo de Sousa Viterbo Archeologia Industrial Portuguesa. Os Moinhos. Tal como o
Professor Patrick Martin afirma esta mesma ideia. Desta forma, há arqueólogos
industriais que concordam que este artigo é que fez de Sousa Viterbo o pioneiro no uso
do termo, e os demais dizem que esse pertence a outros autores oitocentistas. É por esta
ausência de clareza que se vai demonstrar quem, quando e onde se utilizou o termo
Arqueologia Industrial. Após 1896 surge de novo a expressão Arqueologia Industrial
em artigos de Sousa Viterbo de 1897 e 1898. Mas, segundo o estudo de Paulo Oliveira

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Ramos, existem alguns arqueólogos industriais que usaram esta expressão antes de
Sousa Viterbo. Assim, por exemplo, em 1942 na obra Le Pelletier de Saint-Remy existe
o uso desse termo, Essa é, pelo menos, no ponto da arqueologia industrial, a opinião de
muitos escritores, incluindo o Sr. [D.L.] Rodet. (Saint-Remy apud Ramos, 2015, p.79)
Tal como nos anos precedentes a 1942 e até 1896, esta expressão é usada por diversos
arqueólogos industriais. Em 1870, no periódico O Auxiliador da Indústria Nacional de
Luiz Garcez, e em 1879, no texto Notice sur les anciennes forges du Périgord et du
Limousin de Jules de Verneilh, que como citei antes, ter sido o criador da expressão
Arqueologia Industrial. Segundo Paulo Ramos, é por volta de 1950 que a Arqueologia
Industrial surge na Inglaterra, nação da Revolução Industrial. O interesse por esta
arqueologia aparece quando há tentativa de desfazer os vestígios dos primeiros
caminhos-de-ferro britânicos, e a partir daqui começam a salvaguardar vestígios
materiais da Revolução, obras industriais de valor histórico e cultural que estavam
esquecidas. Michael Rix (professor universitário inglês) em 1955 vai usar a expressão
Arqueologia Industrial e Kenneth Hudson, em 1963, vai defini-la como A descoberta, o
registo e o estudo da indústria e das comunicações do passado. (Hudson apud Ramos,
1990, p.24) Nos anos 70 ampliam o estudo dos vestígios ao tempo da Revolução
Neolítica, surgem associações que vão estudar estes vestígios, fazem inventário dos
monumentos industriais e começam a expansão internacional da Arqueologia Industrial.
Nos anos 80, esta torna-se reconhecida institucionalmente, devido às técnicas, métodos
usados e trabalhos efetuados nesta área, e no início de 1980 fundam a Associação de
Arqueologia Industrial da região de Lisboa. Os diversos vestígios materiais são o fator
mais importante da investigação arqueológica, oferecem uma panóplia de informações
insubstituíveis e dispõem-se por imobiliário industrial, mobiliário industrial pesado e
ligeiro. Existindo diversas fontes necessárias, iconográficas, cartográficas e escritas, na
investigação. A Arqueologia Industrial é interdisciplinar e multifacetada, direciona-nos
para outros ramos da história, áreas da engenharia, geografia, sociologia e demografia,
existindo em Portugal excelentes recursos para se fazerem estudos nesta área. Como
referiu, em 1883, J.M. Amado Mendes, o país já tinha grande dimensão fabril na
cerâmica e metalúrgica, desenvolvimento industrial e preservação dos vestígios
passados. Apesar de Sousa Viterbo ter usado a expressão Arqueologia Industrial em
1896 verifica-se que mais de meio século antes esta expressão foi usada em publicações
em França, Itália, Brasil, Bélgica, E.U.A. e Reino Unido. Além dos arqueólogos

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industriais é necessário que a sociedade proteja o legado cultural passado, para que no
futuro o património industrial esteja preservado e valorizado.

Bibliografia:

RAMOS, Paulo Oliveira – Arqueologia Industrial. In Dirigir. [em linha]. Nº14, 1990,
pp. 24-27. atual. s/d. [Consult. 08-05-2023]. Disponível na Internet: <URL:
(PDF) Arqueologia Industrial (researchgate.net).

RAMOS, Paulo Oliveira - (Um)a História da Expressão “Arqueologia Industrial”. In


Al-madam. [em linha]. II Série (19), 2015, pp. 76-79. atual. s/d. [Consult. 08-
05-2023]. Disponível na Internet: <URL:
https://www.academia.edu/33687915.

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