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RESENHA CRÍTICA DO FILME “O ESTRANHO CASO DE WILHELM REICH”

Identificação da obra

O ESTRANHO caso de Wilhelm Reich. Direção: Antonin Svoboda. Disponível em:


<http://youtu.be/Zbz4f_d51ts>. Acesso em: 02 set. 2019.

Resumo

O filme retrata a trajetória de Wilhelm Reich a partir de sua vida nos Estados
Unidos, abordando os aspectos relacionados ao processo movido contra ele, pelo
governo dos Estados Unidos, sob acusação de fraude, que resultou em sua
condenação; ao trabalho realizado no Instituto Orgonon; às práticas não
convencionais de terapia; ao reencontro com sua filha Eva; à criação do Cloudbuster,
ao acidente ocorrido com a caixa acumuladora de orgone e radio; à tentativa de
validação de Einstein do acumulador de energia; e por fim, a sua morte pouco antes
de sua libertação.
O início do filme evoca memórias de um passado que é a vida do Dr. Reich,
enquanto este está sob julgamento do governo norte-americano, em decorrência da
distribuição realizada das caixas de orgone, contra a medida judicial que impedia tal
ato. Dr. Reich ainda enfrenta um julgamento sem advogado, defendendo a si mesmo.
Reich é alvo de especulações de uma incapacidade psicológica, que
justificaria seus atos e, ao mesmo tempo, não o tornaria responsável por suas ações.
Nesse momento, o filme retrata a uma das aulas de Reich, em que ele, de forma muito
articulada e tranquila, explica seus conceitos iniciais para alguns alunos, na tentativa
de curar o câncer.
Em relação às práticas não convencionais, o filme exibe o caso do paciente
Thomas, em que o Dr. Wilhelm inicia a terapia por meio de exercício de respiração,
promovendo o contato do paciente com suas emoções. À medida que o paciente
respirava, começava a liberar sua raiva, no entanto, a sessão foi interrompida pelos
pais do paciente, sob justificativa que o médico estava matando seu filho e que Dr.
Reich deveria ser preso.
A tentativa da validação por parte de Einstein, das descobertas de Reich e os
efeitos de sua caixa de acumulação de orgone, é retratada. No entanto, mostra que o
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estudo, na verdade, foi conduzido por um dos assistentes de Einstein, que conclui que
não há validade nas descobertas apontadas por Reich.
Ocorre também o reencontro de Reich com sua filha, em seu instituto
Orgonon, já estabelecido e com uma grande equipe de apoio. Em contrapartida, no
mesmo momento histórico, o filme exibe outros avanços no campo da saúde mental
ocorriam, como o eletrochoque e a tentativa de com essa prática o indivíduo
assujeitado ao tratamento seja uma tábula rasa, possibilitando uma reprogramação
da personalidade.
Reich levanta o questionamento quando está sendo submetido a uma
avaliação psicológica que muitos o consideravam um louco, mas ele estava estudando
o sangue vivo e suas possíveis mudanças com base em estímulos externos, enquanto
outros cientistas partiam de necrotérios para fazer seus estudos.
O filme mostra um Reich sendo pouco a pouco abandonado por seus
discípulos, e um sentimento de que os outros não conseguiam entender aquilo que
ele realmente queria mostrar e alcançar. Os problemas se intensificam, após o
acidente com envolvendo a caixa de orgone e a manipulação de partículas de rádio,
em que Eva entrou em contato com tal energia acumulada.
Por conta dos acontecimentos de sua vida, perde sua esposa e seu filho mais
novo, o que não o impede de perseguir as derivações de seus estudos, mesmo
quando sofre um acidente, considerado pelos médicos como um ataque do coração,
mas que este o considerava uma descarga dos tubos de orgone, fazendo com que ele
perseguisse mais uma nova invenção, o Cloudbuster. Os resultados de seus
experimentos lhe incentivaram cada vez mais em perseguir seus ideais.
Como clara intenção de desmoralizar e punir Reich, o governo americano
determina que toda sua obra seja destruída, obrigando que tal tarefa fosse realizada
pelo próprio. Curiosamente, começa a chover sobre sua obra recém incendiada. A
chuva é retratada como consequência dos seus experimentos, em uma região que
sofria com a seca.
Em conclusão, toda a trama do filme se desenrola na entrevista com o
psiquiatra que verifica sua sanidade mental, a partir disso, mesmo sendo ajudado por
esse psiquiatra, sofre uma pena de dois anos de prisão. Pouco tempo antes de ser
liberado, é encontrado morto em sua cela, e o filme deixa a entender que foi um
assassinato.
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Análise crítica

O filme é marcado por um tom nostálgico, sentimental e saudosista, evocando


as memórias do Dr. Reich, onde, de forma recorrente é mostrado a preocupação
daqueles que o cercam, e também a dele mesmo, acerca da aceitação pública de
seus estudos. Ao não ser aceito pelo discurso cientifico que monopoliza seu tempo
histórico, se oferece ao diálogo, porém com muita resistência por parte de instituições
governamentais com interesse comercial e ideológico como a FDA e a APA.
O filme revela um Reich impessoal, vestindo a pele de um mártir, pouco
atencioso no que seus atos causavam aos que lhe rodeavam, como o acontecido com
sua filha Eva Reich. Sua obsessão por seu trabalho não o fez desistir diante das
dificuldades revelando uma genialidade interessante que não cessa de perseguir o
que acredita ser verdade. Para a sociedade a qual Reich estava inserido, talvez fosse
mais fácil tratar como louco aquele que profere aquilo que temos dificuldade de
entender.

Identificação

Danielle Lamoço; Felipe Casagrande; Morgana Paulino

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