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TPM

 Capítulo 5

 Introdução

Vimos, a partir do método da árvore de objetivos, que os problemas a


desenvolver podem ter níveis muito diferentes de generalidade ou de detalhe.
É sempre possível alterar os níveis de generalidade de um problema.
(Um caso típico é o projeto de uma nova maçaneta de porta:
 O projetista pode subir para outros níveis de generalidade, por forma a
projetar uma – nova – porta, ou mesmo um outro meio de “entrada e saída”,
ou ainda conceber outras soluções que não necessitem de qualquer maçaneta
– situação que não interessa a um cliente que produza maçanetas de portas,
ou
 Alternativamente, o projetista pode descer a outros níveis, investigando o
caráter ergonómico das maçanetas, ou a cinemática do mecanismo da
maçaneta, produzindo outras soluções e introduzindo melhoramentos
funcionais, os quais não correspondem, igualmente, àquilo que o cliente
pretende ver desenvolvido.)

Existem muitas ocasiões em que se torna apropriado questionar o nível


de generalidade sobre o qual o problema é colocado:
 Um cliente poderá ter objetivos mais restritos num certo nível de definição
do problema, quando a resolução num outro nível poderia ser melhor, e que
 Reconsiderar o nível de definição do problema é, muitas vezes, um estímulo
para a proposta de soluções mais radicais e inovadoras.

Assim, torna-se bastante útil:


 Dispor de meios para análise do nível do problema em que o projetista, ou
equipa de projeto devem trabalhar,
 Considerando, ao mesmo tempo, não o potencial tipo de solução, mas as
funções essenciais que um tipo de solução deverá, necessariamente,
satisfazer.

(Este procedimento deixará o projetista com liberdade suficiente para


desenvolver propostas de soluções alternativas que satisfaçam os requisitos
funcionais.)
O método da análise de funções considera as funções essenciais e o nível
para o qual o problema deverá ser dirigido:
 As funções essenciais são aquelas que o dispositivo, produto ou sistema a ser
concebido deverá satisfazer, independentemente dos componentes físicos
poderão ser usados, sendo que
 O nível do problema é decidido (definido) estabelecendo um “limite” em
torno de um subconjunto coerente de funções.

 O método da análise de funções

Procedimento

- Expressar a função global em termos de conversão de


entradas em saídas

• O ponto de partida deste método baseia-se no que


deverá ser alcançado pelo que vai ser concebido e não em
como deverá ser alcançado.
A forma mais simples de expressar isto mesmo é
representar o produto a ser concebido como uma simples
“caixa negra”, a qual converte certas entradas em saídas.

• Esta função global deverá ser, de início, tão ampla


quanto possível, podendo ser “estreitada”, se necessário,
mais tarde:
- É errado começar com uma função global
(desnecessariamente) limitada, a qual restringe a gama de possíveis soluções.
- O projetista pode ter uma contribuição decisiva nesta fase, questionando
clientes e utilizadores finais sobre a finalidade do produto ou dispositivo,
questionando-os mesmo acerca das entradas e saídas necessárias:
− “De onde vêm as entradas?”;
− “Para que é que servem as saídas?”, ou
− “Qual é a próxima etapa de conversão?”, por exemplo…

• Este tipo de questões permite alargar o limite do sistema, que representa o limite
concetual que é usado para definir a função do produto ou dispositivo.
(Frequentemente, este limite é definido de uma forma bastante “estreita”, donde
resulta que:
- Somente pequenas alterações possam ser efetuadas,
- Não sendo possível repensar, radicalmente, o projeto.)

Torna-se importante tentar garantir que todas as entradas e saídas relevantes


estão listadas, sendo classificadas vulgarmente (ver figura anterior) como fluxos
de:
- Materiais (os quais podem ser convertidos de diversas formas:
− Misturados;
− Separados;
− Pintados;
− Revestidos;
− Embalados;
− Transportados, ou
− Moldados, ...);
- Energia (compreendendo, por exemplo:
− A conversão de energia elétrica em energia mecânica e térmica, como é o
caso dos motores elétricos;
− A conversão de energia química em energia mecânica e térmica, como
acontece nos motores de combustão, ou ainda,
− A conversão de energia química (nuclear) em energia térmica, como nas
centrais nucleares, ...), e
- Informação (cujo conceito é, mais concretamente, apresentado pelo termo
sinal), que representa a forma física na qual a informação é transmitida,
podendo ser:
− Recebidos;
− Preparados;
− Comparados;
− Combinados com outros sinais;
− Transmitidos;
− Visualizados;
− Gravados, ...).

- Divisão da função global num conjunto de sub-funções


essenciais

• A conversão das entradas nas saídas, dentro da “caixa negra”, é, geralmente,


uma tarefa complexa, que deverá ser dividida em sub-tarefas, ou sub-funções.
Não existe um procedimento objetivo e sistemático para tal divisão; a análise das
sub-funções pode depender de vários fatores, como:
- Os tipos de componentes disponíveis para tarefas específicas;
- A necessária, ou preferível, alocação de funções a máquinas ou a operadores
humanos;
- A experiência prática do projetista;
- Etc.

• Na especificação das sub-funções torna-se conveniente, e útil, que sejam todas


expressas da mesma forma. Deverão ser apresentadas conjugando um verbo com um
substantivo, por exemplo:
- Amplificar sinal, ou
- Contar artigos, ou
- Separar desperdício, ou ainda
- Reduzir volume…

•Cada sub-função tem as suas próprias entradas e saídas, e a compatibilidade


entre elas deverá ser verificada e conferida.
• Poderão ser adicionadas “sub-funções auxiliares”, mas que não contribuem
diretamente para a função global, como é o caso de um dos exemplos citados:
“remover desperdício”.

- Representação do diagrama de blocos mostrando as


interações entre sub-funções

• O diagrama de blocos consiste na representação de todas as sub-funções que


foram, separadamente, identificadas e encerradas em caixas, as quais são ligadas entre
si por entradas e saídas, por forma a satisfazer a função global do produto ou
dispositivo a ser projetado.
• A “caixa negra” original da função global deverá dar lugar agora a uma “caixa
transparente”, em que se mostram as sub-funções e as suas ligações – ver as
representações das figuras seguintes.
• Na representação deste diagrama, o
projetista deverá decidir como as entradas e as
saídas de cada uma das sub-funções são ligadas
entre si para produzir um sistema
exequível.
Pode acontecer que seja necessário efetuar
alguns “malabarismos” para ligar as entradas e as
saídas, e, eventualmente, o refinamento de
algumas sub-funções, por forma a efetuar todas as
ligações.

- Representação do limite do
sistema

• Na representação do diagrama de blocos, o projetista deverá também decidir


sobre a extensão e localização exata do limite do sistema:
- Poderá dar-se, agora, o “estreitamento” do limite do sistema, depois do seu
alargamento inicial aquando da consideração das entradas, saídas e da função
global, sendo que
- O limite deverá ser desenhado em torno de um conjunto de sub-funções que
foram identificadas, de forma a definir, ou a concretizar, um produto
exequível.

- Pesquisa dos componentes apropriados para a representação


das subfunções e das suas interações
• Se as sub-funções tiverem sido definidas adequadamente e a um nível
apropriado de detalhe, será possível identificar então um componente adequado para
cada sub-função:
- A identificação dos componentes dependerá da natureza do produto,
dispositivo ou sistema que estiver a ser projetado, sendo que,
- Um “componente” poderá ser definido como:
− A pessoa que desempenha uma determinada tarefa,
− Um componente mecânico, ou
− Um dispositivo eletrónico.
• O método da análise de funções é um método bastante útil nestas circunstâncias,
já que tem como objetivo o estabelecimento das funções, deixando os meios físicos
para alcançar tais funções para um estágio mais avançado do projeto.

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