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TPM

 Capítulo 2

 Modelos descritivos

Existiram muitas tentativas para estabelecer mapas ou modelos relativos ao


desenvolvimento do ‘processo’ de projeto:
• Alguns desses modelos descrevem, simplesmente, a sequência de atividades
que ocorrem, tipicamente, no decurso do projeto,
• Enquanto que outros tentam prescrever o melhor, ou o mais apropriado
modelo de atividades.
Os modelos descritivos realçam, geralmente, a importância da geração de uma
solução concetual no início do processo.
A figura seguinte mostra um diagrama esquemático de um modelo sequencial
de quatro fases.

• O ponto final representa a fase de comunicação da solução


obtida à fase de fabricação;
• A fase anterior avalia a solução (ou soluções) proposta(s)(em
termos de objetivos, constrangimentos e critérios/especificações
apresentados aquando da formulação do problema, para a obtenção de
uma solução aceitável);
• Sendo que a solução proposta deriva da fase de geração da
solução concetual, depois da fase inicial exploratória de análise e
definição do problema.
Assumindo que a fase de avaliação poderá não conduzir
diretamente à fase de comunicação da solução final, mas que, algumas
vezes, é necessária a escolha de uma nova solução, um “retorno”
iterativo entre as fases de avaliação e de geração da solução está
contemplado neste diagrama.
M. J. French, por outro lado, desenvolveu um outro modelo ainda mais
detalhado, em que:

 Modelos prescritivos

Outras tentativas têm sido feitas para a criação de modelos que permitam
persuadir e encorajar os projetistas a adotar formas de trabalho ainda mais
aperfeiçoadas. Oferecem um procedimento sistemático (e algorítmico) e são, muitas
vezes, considerados como ferramentas que proporcionam uma metodologia de
projeto.
Muitos destes modelos acentuam a necessidade de um trabalho mais analítico,
a preceder a geração da solução concetual, garantindo que o problema que se pretende
solucionar está completamente percebido, e que nenhum elemento importante é
descurado nesta análise.
Segundo J. C. Jones, estes modelos tendem a sugerir uma estrutura básica do
tipo:

Análise – Síntese – Avaliação.

• Análise – listagem de todos os requisitos de conceção e redução destes a uma


série de especificações de desempenho;
• Síntese – determinação de possíveis
soluções para cada uma das especificações
individuais e construção, a partir destas, de soluções
completas;
• Avaliação – verificar, com exatidão, se as
soluções alternativas cumprem os requisitos de
desempenho para operação, manufatura e vendas,
antes mesmo da solução final ser selecionada.
Um modelo prescritivo mais detalhado foi
desenvolvido por L. B. Archer e
encontra-se representado seguidamente.
Existem outros modelos ainda mais complexos, como o apresentado por
G. Pahl e W. Beitz.
Trabalhos consideráveis sobre este tipo de modelos têm sido desenvolvidos na
Alemanha. O organismo “Verein Deutscher Ingenieure” (ou VDI) produziu uma série
de documentos, no qual se inclui a VDI 2221 – “Systematic Approach to the Design
of Technical Systems and Products”, a qual sugere uma abordagem sistemática, em
que todo o processo se encontra subdividido em diversas etapas (genéricas) de
trabalho, tornando-o numa abordagem racional e independente de um qualquer ramo
industrial.

Esta VDI segue um procedimento sistemático, em que se analisa e compreende


o problema de uma forma pormenorizada, o qual se divide em subproblemas e para os
quais se encontram subsoluções adequadas que são combinadas numa solução final
global – ver figura ao lado
March sugeriu que as duas formas convencionalmente aceites de raciocínio
(indutivo e dedutivo) só podiam ser aplicadas às atividades de
avaliação e análise. Todavia, o tipo de atividade vulgarmente
associada à conceção é a de síntese, para a qual não se reconhece
uma forma de raciocínio. March, com base no trabalho de Peirce,
identificou o conceito em falta como raciocínio “abdutivo”, ou
seja, “todo e qualquer raciocínio cuja conclusão é apenas
provável”.
É esta hipótese do “ser provável” que é importante no
processo de conceção. Exatamente porque é o tipo de pensamento
que gera as (novas) soluções de conceção, March prefere designá-
las por raciocínio “produtivo” – ver o modelo da figura ao lado.
Neste modelo, o raciocínio “produtivo” expõe os
requisitos preliminares e alguns pressupostos acerca dos tipos de
soluções por forma a produzir, ou descrever, uma proposta de solução. A partir desta
proposta, e da teoria estabelecida das ciências da engenharia, é possível analisar ou
predizer, dedutivamente, o seu desempenho. Destas caraterísticas de desempenho é
possível avaliar, indutivamente, outras possibilidades que conduzam a alterações ou
refinamentos da solução proposta.
Todavia, em diversas situações não é possível tentar analisar o problema
isoladamente das soluções concetuais; o projetista
necessita de explorar e desenvolver o problema
juntamente com a solução. Apesar de haver uma
progressão lógica do problema para os subproblemas
e das subsoluções para a solução, existe uma relação
simétrica e comutativa entre o problema e a solução,
e entre os subproblemas e as subsoluções

 Procedimentos sistemáticos

Existem várias razões que apontam para o desenvolvimento de novos


procedimentos sistemáticos:

1. A complexidade atual exigida ao trabalho de projeto

(A utilização de novos materiais e de novos dispositivos eletrónicos – como sensores


e atuadores, … – por exemplo, colocam um novo nível de exigências aos projetistas;
muitos dos produtos e das máquinas que são projetadas hoje em dia nunca existiram
anteriormente, o que significa que a experiência anterior do projetista poderá ser
irrelevante, ou mesmo inadequada, para estas tarefas.)

2. A necessidade de desenvolvimento de trabalho em equipa

(A complexidade das exigências atuais necessita da colaboração e contribuição de


muitos especialistas em diferentes áreas de conhecimento. Para ajudar a coordenar a
equipa torna-se necessária uma abordagem sistemática para que a
intervenção/contribuição dos diversos especialistas seja feita nos momentos exatos do
processo. A divisão do problema em subproblemas, num procedimento sistemático,
significa que também o trabalho pode ser subdividido e alocado aos membros mais
adequados da equipa de projeto.)

3. A associação do trabalho de projeto a riscos e custos elevados

(Muitos são os produtos projetados para serem produzidos em série: os custos


relativos à implementação de unidades produtivas e à compra de matérias-primas, por
exemplo, são tão elevados que o projetista não pode correr o risco de cometer algum
erro; o projeto deverá estar ‘correto’ antes mesmo de entrar em produção.)

4. O aumento da eficiência do projeto

(Nalgumas indústrias existe a necessidade de diminuição do tempo de projeto de um


novo produto, o que significa que é desejável que se evitem erros e atrasos que,
muitas das vezes, comprometem a viabilidade de um novo desenvolvimento.)

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