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Projeto do Produto - Análise do Valor Prof. Dr.

Francisco José de Almeida 1

ANÁLISE DO VALOR

Uma das funções do projetista é garantir um projeto econômico do produto, ou seja:


O Custo de Material, Mão de obra e Equipamentos deve ser menor que o Preço que
o consumidor está disposto a pagar, gerando uma Margem de lucro necessária para
a empresa (impostos, reinvestimentos, lucro líquido).

Paralelamente, o produto deve técnica, estética, ergonômica e economicamente


satisfatório.

O projetista deve pensar simultaneamente em:


- custo e
- desempenho

A Análise de Valor objetiva reduzir custos.


Definição: “Método de análise de bens, serviços ou formas de gerenciamento, a partir
da função desempenhada, com objetivo de reduzir custos.”

Utilizada pela primeira vez nos EUA durante a II Guerra Mundial, devido à escassez de
recursos, o que incentivou os esforços na busca de soluções criativas para possibilitar o
suprimento de produtos, apesar da falta de determinadas matérias primas. Este
procedimento se mostrou uma excelente técnica para reduzir custos de produtos.
Em 1959 foi criada a Sociedade Americana de Engenharia do Valor.
Em 1977, o Senado americano aprovou Resolução tornando seu uso obrigatório nos
Ministérios do Governo.
No final dos anos 70, começou a ser utilizada na Europa.
No Brasil, seu uso se intensificou na década de 80.

Engenharia do Valor:
Definição: “Aplicação sistemática de técnicas para identificar a função de um produto
ou serviço, estabelecer um valor para aquela função e prover tal função ao menor curso
total, em degradação.”
Definição: “Aplicação sistemática, consciente de um conjunto de técnicas que
identificam funções necessárias, estabelecem valores para as mesmas e desenvolvem
alternativas para desempenhá-las ao mínimo custo.”

O produto é analisado através da função desempenhada por ele ou por cada um de seus
componentes ou subsistemas.
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Função é “a finalidade ou motivo da existência de um item ou parte de um item”

Identifica-se quatro tipos de valores econômicos:


1. Valor de custo: o total de recursos medido em dinheiro necessário para produzir
ou obter um item.
2. Valor de uso: medida monetária das propriedades ou qualidades que
possibilitam o desempenho de uso, trabalho ou serviço.
3. Valor de estima: medida monetária das propriedades, características ou
atratividades que tornam desejável a posse de um produto.
4. Valor de troca: medida monetária das propriedades ou qualidades de um item
que possibilitam sua troca por outra coisa.

A Engenharia do Valor objetiva a determinação de onde termina o desempenho


satisfatório e onde se inicia o excesso de desempenho.
Assim, o valor real de um produto, processo ou sistema é sempre uma entidade relativa,
aumentando com maiores valores de uso e de estima e diminuindo com maiores valores
de custo. Define-se “valor” , um valor-padrão, como “o custo mínimo de uma peça ou
produto acabado que irá desempenhar de forma confiável as funções, sem prejuízo das
especificações requeridas, e que foi produzida usando-se os mais modernos materiais e
métodos de manufatura.” O “valor” de um produto indica quanto seu desempenho deve
custar e serve de base de comparação com os custos reais. O “valor” corresponde ao
menor sacrifício ou dispêndio de recursos para desempenhar certa função, ou o custo
mais baixo possível de uma função requerida.

Reduzem o valor de um produto:


(a) materiais não apropriados
(b) métodos não econômicos de produção
(c) características ou especificações de desempenho desnecessárias

Um aumento de “valor” não se obtém apenas devido a uma redução no custo, mas pode
ser obtido por um aumento na função, desde que pertinente.

Componentes básicos do método:


1. Abordagem funcional - determinação da natureza essencial de uma finalidade.
2. Esforço multidisciplinar - a atividade deve ser desenvolvida por pessoas com
várias formações, para que a identificação seja efetiva e completa.
3. Uso da Criatividade - para “ver de outra forma”.
4. Combate aos bloqueios mentais - para buscar e aceitar mudanças.
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A abordagem funcional reduz o projeto a requisitos chamados funções. Uma função é


o objetivo de uma ação, não é a própria ação. Visa a um resultado e deve ser expressa
sempre em duas palavras: um verbo (atuando sobre algo) e um substantivo (objeto sobre
o qual o verbo atua). Ex.: amplificar corrente, isolar calor. Deve-se cuidar para não
especificar e limitar a ação, como, p.e., fixar plaqueta (correto) ou invés de parafusar
plaqueta (errado).

As funções são classificadas em básicas - sem a qual o produto ou serviço perderá seu
valor - e secundárias - que ajudam o produto a ser vendido mas não são essenciais para
seu uso.
As funções também podem ser necessárias ou desnecessárias, do ponto de vista do
usuário, mas não do fabricante.
As funções ainda podem ser de uso (indicar hora, p.e.) ou de estima (promover estática,
p.e.).

A avaliação funcional pode ser realizada respondendo-se às seguintes perguntas:


• Quais as funções básicas e secundárias?
• Qual o custo de cada uma delas?
• Qual o valor da função básica?
• De quantas formas alternativas pode se realizar a função básica?
• Quanto custará cada forma alternativa?

A análise pode (e deve) ser realizada sobre o seu produto e também sobre o produto do
concorrente, como forma de melhorar o seu.
Várias alternativas devem ser geradas, buscando-se a de menor custo, ou maior valor.

Fases do Plano de Trabalho para implementação da Análise do Valor:


(a) Fase de orientação: definição do que deve ser desempenhado pelo produto -
necessidades do comprador/usuário. Identificam-se problemas. Um problema é
uma diferença mensurável entre o que se deseja e o estado atual.
(b) Fase de informação: estabelecimento e avaliação das funções. coleta de dados
relativos a custos, quantidade, fornecedores, investimentos, processos de
manufatura, controle da qualidade, embalagem, etc. O objetivo é chegar-se à
definição do problema.
(c) Fase criativa: geração de alternativas para as funções básicas, definindo-se
maneiras simples e/ou eliminando-se funções desnecessárias. Pode-se identificar
alguma possível solução pronta.
(d) Fase de análise: análise cuidadosa e quantificação de cada idéia. Determinação
das idéias que seguirão.
(e) Fase de planejamento do programa: estabelecimento de um programa de
investigações para prover informações técnicas inerentes à concretização d cada
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função, ou seja, manufatura, materiais, mecânica, elétrica, etc.


(f) Fase de execução do programa: confirmação das especificações e análise do
seu impacto quanto à manufatura, ferramental, serviços dos operadores, clientes,
etc., podendo haver alterações. Deve-se definir o que será feito, quem, quando e
onde e como será pago o projeto.
(g) Fase de resumo e conclusões: o projeto deverá ser submetido a quem deve
decidir, incluindo-se ações preventivas e contingentes.
(h) Fase de implementação: desenvolvimento de um plano com indicação de
responsabilidades específicas em termos de quem faz o que, onde, como,
quando, etc. Definição de planos de execução e verificação da resolução do
problema.

O uso de um Plano de Trabalho não garante o sucesso da análise.


O processo é flexível e retro-alimentado, com idas e vinda entre as fases, normalmente
usadas na seqüência.

As técnicas a serem utilizada a cada momento e para cada caso particular podem ser
classificadas em:
(a) Técnicas de suporte: regras heurísticas que facilitam a solução de problemas,
regras de bom senso. Exemplos:
- evitar generalidades, concentrando-se no específico.
- usar apenas informação da melhor fonte
- inspirar a equipe de trabalho
- empregar boas relações humanas
- identificar e contornar bloqueios mentais
- recorrer a especialistas quando necessário
- usar o critério “eu despenderia meu dinheiro desta maneira?”
- aplicar critérios profissionais de julgamento
(b) Técnicas de análise global: abordagem de situação na sua totalidade,
hierarquizando os problemas e decidindo por onde começar (com uso do Gráfico
de Pareto, p.e.). Úteis na fase de preparação.
(c) Técnicas reestruturantes: ajudam a representar um problema de forma a
facilitar a sua solução, através de um melhor entendimento com uma nova
abordagem (alteração da “função” verbo-substantivo).
(d) Técnicas de geração de idéias: uso individual ou em grupo, p.e. brainstorming,
livre associação, etc.
(e) Técnicas de seleção e avaliação: p.e. técnicas vantagem-desvantagem, método
delphi (para desenvolver consenso entre especialistas por meio de questionários
anônimos).
(f) Técnicas de implementação: para romper bloqueios que impedem a
implementação, como PERT (planejamento), brainstorming invertido, etc.

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