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Índice

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................. 2
2. DEFINIÇÃO DO MELHOR MÉTODO DE TRABALHO ................................................ 3
2.1 Identificação das necessidades ......................................................................... 3
2.2 Análise do processo atual ou a ser implantado .................................................... 4
2.3 Melhorias no processo atual............................................................................ 10
3. PADRONIZAÇÃO DO MÉTODO DE TRABALHO .................................................... 13
3.1 Métodos e instrumentos ................................................................................. 13
3.2 Definição da quantidade de cronometragens ..................................................... 14
3.3 Validade de uma cronometragem .................................................................... 16
3.4 Elementos da operação (etapas do processo) ................................................... 17
3.5 Ritmo do operador ........................................................................................ 19
3.6 Tolerância da atividade .................................................................................. 23
3.7 Determinação do tempo padrão ...................................................................... 25
4. DETERMINAÇÃO DA CAPACIDADE ................................................................... 27
Bibliografia: ........................................................................................................ 28

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1. INTRODUÇÃO

Em 1911 foi lançada a primeira edição


do livro Princípios da administração
cientifica, de Frederick
Winslow Taylor, a qual
representou um marco
fundamental no
processo da gestão das
operações e introduziu
o estudo de tempos
na indústria. Na
mesma época, o casal
Lillian Moller Gilbreth e
Frank Bunker Gilbreth iniciou os estudos O método selecionado deve ser o
de movimentos. Entretanto, ambos os melhor possível para a execução da
estudos eram aplicados separadamente. operação em análise. Como
equipamentos, materiais e mão de obra
Só a partir de 1930 é que esses dois evoluem continuamente, é importante
estudos foram combinados, surgindo o que essa primeira etapa seja encarada
conceito de estudo de tempos e como um ciclo em permanente evolução,
movimentos. O objetivo era desenvolver
a exemplo dos métodos PDCA ou
melhores métodos de trabalho,
fornecendo subsídios necessários à DEMAIC, do sistema seis sigma.
definição de custos de produtos e de
processos, ao desenvolvimento do Ambos os métodos PDCA (plan, do,
planejamento empresarial e ao check e act) e DMAIC (definir, medir,
dimensionamento de recursos analisar, interagir e controlar) - são
operacionais. modelos de melhoria contínua aplicados
durante a implantação de sistemas de
A aplicação dos conceitos de tempos e gestão da qualidade total - ou
movimentos ocorre em quatro etapas: metodologia seis sigma. Eles
estabelecem as etapas de trabalho de
✓ pesquisa e definição do melhor
implantação de melhorias no processo.
método de trabalho;
✓ padronização do melhor método
Ao definirmos o método adequado,
encontrado;
✓ determinação do tempo padrão de este deve ser padronizado e
trabalho; e documentado, com todos os detalhes
✓ treinamento dos colaboradores necessários à sua implantação, que
corresponde à segunda etapa. Após a
Os trabalhos, nessas quatro etapas, pesquisa e a padronização, devemos
desenvolvem-se empiricamente, com a elaborar o estudo de tempos, para
observação prática subsidiando a análise definir o tempo padrão da operação,
cientifica. A primeira etapa da análise
conforme estabelece a terceira etapa.
(pesquisa e definição do melhor método
de trabalho) ocorre conforme
Com o processo e o tempo padrão
esquematizado a seguir.
definidos, aplicamos o treinamento dos
operadores, como define a quarta etapa.

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2. DEFINIÇÃO DO MELHOR volume e qualidade do produto, tipo e
preço da matéria prima e disponibilidade
MÉTODO DE TRABALHO de máquinas e equipamentos, podem
diferir daqueles que vigoravam quando
2.1 Identificação das se iniciou a produção.
necessidades
Ao se pesquisar por melhorias, o
método atual não deve influenciar o
A pesquisa e a definição do melhor
analista. Este deve reconsiderar o
método de trabalho são aplicadas em
problema de diversas maneiras para
sua totalidade quando novos produtos,
conseguir seu objetivo, antes de
novos processos produtivos ou novas
simplesmente tentar introduzir melhorias
estruturas comerciais são implantados.
no método em estudo (Barnes, 1997).
A introdução de novos produtos exige
O procedimento de pesquisa em
planejamento de linhas de produção,
busca de melhorias de processo pode ser
células de manufaturas e novos
aplicado com o auxílio das ferramentas
processos produtivos ou administrativos.
integrantes do conceito design for X's
(DFX), ou seja, projeto voltado a X (ou
vários) critérios, relacionados à
sustentabilidade, à manufatura, à
montagem, à qualidade e ao custo de
um produto.

Nesse conjunto de ferramentas, há


uma ferramenta denominada design for
assembly (DFA), ou projeto voltado à
montagem, cujos princípios são
fundamentais à engenharia de métodos.
Essa ferramenta foi desenvolvida
Devemos sempre lembrar que, ao
exatamente para a análise de processos
planejarmos novos métodos, estes não
produtivos, estabelecendo critérios
serão absolutos ou definitivos; sempre
abrangentes de modo a podermos
caberá reavaliação, novos estudos e
avaliar qualquer processo em todos os
novas melhorias nos processos.
seus aspectos. Ela não envolve técnicas
Quando um novo produto ou serviço especiais, mas fixa um conjunto de
está sendo projetado ou desenvolvido, critérios básicos, que estabelecem um
quase sempre se considera o sistema ou modelo de análise de qualquer processo.
processo que deverá ser usado para
Esses critérios básicos da ferramenta
fabricar o produto ou proporcionar o
DFA, que devem ser aplicados na
serviço. É neste ponto que existe a
melhoria de métodos e processos, são:
grande oportunidade de se usar o
projeto do processo e se proporem os ✓ reduzir
melhores sistemas e métodos de ✓ simplificar;
produção. ✓ prover:
✓ evitar.
Contudo, a experiência mostra que "o
método perfeito" não existe. De fato, Os critérios são detalhados a seguir:
sempre existem oportunidades para
melhorar como também as condições ✓ Reduzir: O termo deve ser
podem mudar. Fatores, tais como observado de modo abrangente,

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ou seja, devemos reduzir o componentes. Devemos prover
número de itens de um produto e acesso fácil às peças e aos
de suas variantes, bem como de componentes que o operador irá
manuseios, transportes, manusear durante o processo;
sequências de montagens e de dar preferência às peças
qualquer outro aspecto que possa simétricas e de manuseio
tornar o produto e seu processo simples, para evitar que o
produtivo mais simples. Sempre operador tenha de utilizar
devemos lembrar que o produto processos decisórios na hora da
ideal é (teoricamente) composto montagem, evitando erros;
por uma única peça e que, ao prover raios de concordância que
reduzirmos o número de itens de facilitem o encaixe de
um produto, reduzimos seu ciclo ferramentas e de dispositivos de
de montagem, sua quantidade de controle, bem como a
inspeções, suas possibilidades de movimentação e o transporte
falhas e, em última análise, seu simples de materiais; dar
custo. preferência a arranjos produtivos
com alinhamento facilitado; e,
✓ Simplificar: Devemos aplicar acima de tudo, prover
esse critério sobre processos alternativas ao processo
administrativos e de montagem, produtivo, para que a empresa
além de aplicá-lo ao próprio tenha flexibilidade.
produto. Uma ferramenta auxiliar
a esse critério do DFA é uma ✓ Evitar: Esse critério orienta a
ferramenta integrante do análise para evitarmos tudo o
conjunto DFX, denominada que possa atrasar um processo
design for manufacturability produtivo: evitar movimentos
(DFM), ou projeto voltado à múltiplos e complexos, peças
manufatura, que auxilia os muito flexíveis ou frágeis, que
processos de simplificação do exijam cuidado especial na hora
produto. Nessa etapa, devemos de montagem; evitar obstrução
avaliar a "manufaturabilidade", visual, de modo que os
ou seja, o grau de dificuldade de operadores tenham visão das
manufatura de um produto, etapas anteriores e posteriores
avaliando aspectos relacionados à aos seu processo; inibir trajetos
padronização e/ou à possibilidade complexos e desordenados, tanto
de redução do número de para produtos quanto para
componentes do produto, à operadores; evitar peças ou
orientação de componentes para ferramentas que possam
a montagem, à simetria e à apresentar travamentos entre si.
facilidade de manuseio de
componentes, à possibilidade de 2.2 Análise do processo atual
automação da manufatura e aos ou a ser implantado
métodos de abastecimento do
processo. A análise do processo produtivo deve
ser uma atividade constante,
✓ Prover: Esse critério orienta o incorporada à cultura de uma empresa.
analista do processo a imaginar a Mesmo com a evolução das ferramentas
melhor forma de abastecimento e de tecnologia da informação e com a
manuseio de produtos e

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crescente robotização dos processos de material. Esses dois tipos de
produtivos, é importante que os diagrama não devem ser misturados.
processos sejam revistos em busca de
possíveis melhorias e evoluções. O estudo do diagrama de fluxo de
processo pode indicar a existência de
operações que podem ser parcialmente
ou totalmente eliminadas. Além disso,
pode mostrar operações que podem ser
combinadas, bem como apontar o
melhor trajeto de um material ao longo
de um processo produtivo. O objetivo
será sempre a redução de custos por
meio da racionalização do uso de
materiais e da mão de obra.
O Sistema -ou processo- de execução
de um trabalho deve ser totalmente Com o diagrama de fluxo de processo
estudado, antes de qualquer análise de também é possível avaliar uma possível
alguma etapa específica que o mudança antes de sua implementação.
componha. Este estudo geral incluirá, na
maioria dos casos, uma análise de cada
um dos passos que compõem o processo
de fabricação.

Para uma análise técnica e eficiente,


existe o diagrama de fluxo de
processo, que veremos a seguir.

2.2.1 Diagrama de Fluxo de


Processo

É um quadro de registro de operações


cuja finalidade é facilitar a compreensão
do trabalho, permitindo a análise de
possíveis melhorias. O registro das
operações começa com a entrada da
matéria-prima no processo produtivo,
seguindo seus passos ao longo de todo o
procedimento até a expedição. A
execução do diagrama de fluxo de
processo evidentemente extrapola
departamentos, não se restringindo à
produção.

O diagrama deve ser adequado à


realidade de cada empresa e pode ser
executado tanto para a sequência de
atividades de um operador como para o
fluxo percorrido por um material. Desse
modo, podemos ter o diagrama para
atividades do homem, assim como
podemos ter o diagrama para operações

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Diagrama de Fluxo de Processo embalagem ou a reembalagem,
dependendo do objeto da
análise). Porém, não devemos
mudar o objeto da análise
durante a elaboração do
diagrama do fluxo do processo.

✓ Defina o ponto de corte do


A montagem do diagrama nos indica processo, ou seja, o ponto
as distâncias totais percorridas e o total definido para o início e para o
de operações de cada tipo. Isso facilita a término da atividade. Devemos
análise quanto aos transportes a serem lembrar que todo processo é
eliminados e às operações a serem cíclico e repetitivo. Em tese,
eliminadas ou combinadas. qualquer ponto do processo pode
ser utilizado como ponto de
Confira quais são os passos a serem corte, ou seja, o ponto no qual se
seguidos na execução de um diagrama inicia e termina o processo.
do fluxo do processo e de um mapa
fluxograma: ✓ O diagrama de fluxo de processo
deve conter todos os dados de
✓ Determine a atividade a ser
interesse para a análise, tais
estudada.
como: identificação da peça/
produto; descrição do processo a
✓ Defina o objeto da análise: o
ser analisado; status do
operador do processo (industrial
produto/processo (se foi
ou comercial) ou o produto
aprovado ou não; distâncias
gerado no processo (produto
percorridas ao longo do processo;
tangível ou serviço)
tempos envolvidos. Podemos
incluir no diagrama de processo
✓ Caso a análise seja feita sobre o
qualquer dado de interesse para
produto, defina a unidade de
a análise. Todos os passos do
produto para o estudo. Observe,
processo produtivo devem ser
por exemplo, a fabricação de
identificados.
caixas de fósforos: temos o palito
de fósforo, a caixa unitária com
✓ Uma das finalidades do diagrama
um conjunto de palitos, a
de processo é a identificação das
embalagem comercial com um
atividades desnecessárias,
conjunto de caixas unitárias e a
causadoras de ineficiências, e que
reembalagem industrial com um
devem ser eliminadas. Devemos
conjunto de embalagens
sempre lembrar que transportes
comerciais. Para análise do
e esperas são atividades
processo, devemos decidir qual é
potencialmente elimináveis.
o "produto" a ser analisado. Em
função da análise e da etapa do
✓ No final do diagrama de fluxo de
processo, o "produto em análise"
processos em análise, é
pode ser qualquer uma das
necessário contabilizar o número
possíveis configurações ao longo
de cada operação, os
do processo (no exemplo
movimentos executados e as
anterior, poderia ser o palito, a
distâncias percorridas pelas peças
caixa unitária, a caixa de
e pelos operadores. Em seguida,

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devemos elaborar alternativas ao EXEMPLO:
processo em análise, sempre
objetivando a melhoria da Numa área fabril são executadas as
eficiência. Assim que o novo seguintes operações:
processo for definido, elaboramos
1. No posto de trabalho, o operador
seu diagrama de fluxo de
estampa uma peça e a
processo, contabilizamos o
acondiciona em caixas com
número de cada operação, os
capacidade para 120 peças. A
movimentos executados e as
taxa de produção é de 600
distâncias percorridas pelas peças
peças/hora.
e pelos operadores e
comparamos essas informações
2. Quando a caixa é preenchida, o
com o processo atual, avaliando
operador coleta aleatoriamente
quantitativamente as melhorias
uma amostra de 3 peças e as
obtidas.
inspeciona com um paquímetro.
Demora em média 2,7 minutos
✓ Utilize plantas do departamento
nesse processo.
ou da fábrica, indicando a
localização dos recursos usados
na produção, bem como a
trajetória do produto ao longo do
processamento. Recursos em 3D
auxiliados por CAD-CAM
melhoram substancialmente a
análise. Para efeito ilustrativo,
lembramos que CAD (Computer
3. Após inspeção da amostra por
Aided Desigm) e CAM (Computer
meio do paquímetro, o operador
Aided Manufacture) são softwares
registra o resultado obtido na
utilizados no projeto de produtos
carta de CEP (controle estatístico
e de processos de manufatura.
de processo) por variáveis.
Demora, em média, 3 minutos
✓ Identifique o fluxo da peça ao
nesse processo.
longo do processo. Caso não haja
disponibilidade do processo
4. Se a caixa for aprovada, o
digitalizado, devemos medir as
operador preenche uma etiqueta
distâncias reais percorridas pelo
de identificação e a coloca na
produto/operador ao longo do
caixa, levando, em média, meio
processo. Esse aprendizado está
minuto nessa operação.
intrinsecamente associado à
prática de produção. Para
5. Ele empilha a caixa em um pallet,
exemplificarmos melhor esse
até formar um lote de 10 caixas,
conceito, apresentaremos uma
demorando, em média, 0,7
aplicação prática em detalhes,
minuto para empilhar 1 caixa.
mostrando passo a passo como
elaborar uma análise de um
6. Ao completar 10 caixas
processo já existente e como
empilhadas no carrinho, o
avaliar melhorias nesse processo.
operador as leva ao
almoxarifado, a uma distância
aproximada de 30 metros.

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7. Caso haja rejeição, o operador de trabalho), para pegar caixas
levará a caixa rejeitada à área de vazias.
segregação, distante 5 metros de
seu posto de trabalho. Nesse 15. Preenche uma requisição e retira
caso, adotaremos - as caixas vazias. Demora ao
arbitrariamente e como dado redor de 2 minutos para isso.
histórico - um refugo de 5%.
16. Percorre os 16,5 metros para
8. Na área de segregação, o retornar ao posto de trabalho.
operador preenche um relatório
de rejeição. Leva, em média, 4 17. Por determinação da empresa,
minutos nesse preenchimento. seguindo o procedimento de
manutenção preditiva, o processo
9. Após a segregação e o é parado a cada 5 horas para
preenchimento do relatório, o revisão/manutenção da prensa e
operador retorna a seu posto. da ferramenta de estampagem.
Esse processo demora,
10. A caixa rejeitada é selecionada aproximadamente, 1 hora.
100% na área de segregação por
outro funcionário e retorna ao 18. Após o processamento, a caixa
processo com indicação da com as peças permanece
quantidade rejeitada a ser estocada por 2 dias e, em
reposta. A inspeção 100% dura, seguida, é retirada pelo cliente.
em média, 7 segundos por peça
(considerando um refugo
histórico médio de 5 %).

11. Após seleção 100%, a caixa que


havia sido reprovada retorna ao
processo para reposição das
peças refugadas na seleção
100%.
Considerando as etapas descritas,
12. Após a reposição das peças elabore o diagrama de processo na
rejeitadas, a caixa é seguinte condição:
reinspecionada, sendo
reincorporada ao processo a ✓ Diagrama de processo para o
partir da inspeção feita pelo produto aprovado.
operador.
Solução:
13. O operador entrega as caixas no
O primeiro passo para iniciarmos a
estoque, mediante o
análise é identificar a unidade de
preenchimento de um documento
produto. Nesse caso, temos a peça
de transferência de material.
estampada, 1 caixa de peças e o lote
Demora, em média, 5 minutos
padrão de 10 caixas para estocagem.
nessa 0peração.
Adotaremos como unidade de produto
uma caixa completa com 120 peças
14. Vai até um local distante cerca de
estampadas.
25 metros do almoxarifado (16,5
metros de distância de seu posto

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Em seguida, devemos estabelecer e retirada das caixas vazias é de 2
(escolher) um ponto de corte, ou seja, minutos. Esse tempo será rateado entre
um instante que defina o início e o final as 10 caixas.
do ciclo do processo.
ETAPA 1.3: Após pegar as caixas
Arbitrariamente, será escolhido o vazias, o operador percorre 16,5 metros
momento em que o lote de 10 caixas para voltar ao posto de trabalho.
completas é entregue ao estoque de Adotaremos a mesma velocidade de
produtos. A partir da armazenagem, 1,16 metro por segundo para uma
iniciaremos o diagrama de processo, pessoa caminhando normalmente, o que
tanto para o produto quanto para o resulta em 14,14 segundos, ou 0,24
operador, para o produto aprovado ou minutos. Nesse caso, porém, como o
reprovado. Essas escolhas valerão para operador carrega as caixas vazias,
todos os diagramas a serem construídos. aplicaremos uma taxa adicional de 10%
no tempo de retorno, resultando em
Diagrama de processo para o 15,57 segundos, ou aproximadamente
produto aprovado: 0,26 minutos. O acréscimo de 10% foi
aplicado em função da carga que o
operador transporta; apesar de ser um
dado empírico, pode ser reavaliado em
situações reais, podemos definir esse
tempo de retorno do operador pela
cronometragem de alguns percursos
executados, utilizando como tempo de
percurso a média aritmética dos valores
observados nas cronometragens. Ao
ratearmos o tempo gasto para percorrer
a distância entre o ponto de retirada das
caixas e o posto de trabalho para 1
caixa, o resultado é 0,026 minutos por
caixa.

ETAPA 1.4: Como a taxa de produção é


ETAPA 1.1: Ao percorrer os 25 metros
de 600 peças por hora, o tempo gasto
para retirar as caixas vazias, o operador
para 1 caixa é de 12 minutos.
consumirá 21,43 segundos, ou 0,36
minutos. Como o produto foi definido ETAPA 1.5: Segundo o enunciado, o
como 1 caixa e a retirada de caixas tempo de inspeção da amostra com
vazias ocorre a cada lote de 10 caixas, o paquímetro é de 2,7 minutos. Como
tempo gasto pelo operador para ir esse tempo ocorre por caixa produzida,
buscar caixas vazias será rateado para não há rateio.
10 caixas; portanto, a espera será de
0,036 minutos por caixa. Devemos ETAPA 1.6: Temos a informação de que
notar, nesse caso, que, apesar de o o tempo gasto para registrar o resultado
operador caminhar, o diagrama está da inspeção na carta de CEP por
sendo elaborado para o produto, que variáveis é de 18 segundos, ou 0,3
permanece parado enquanto aguarda o minuto por caixa.
reinício da produção.
ETAPA 1.7: Sabemos que o tempo
ETAPA 1.2: De acordo com o gasto para preencher a etiqueta de
anunciado, o tempo gasto na requisição identificação do produto é de 0,5

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minuto. Como esse tempo ocorre por caixas produzidas no período de 5 horas.
Caixa produzida, não há rateio. O tempo de processamento de 1 caixa é
obtido no próprio diagrama de processo
ETAPA 1.8: Conforme o enunciado, o que estamos executando, como
tempo gasto para empilhar o produto no demostramos a seguir:
pallet é de 0,7 minuto. Como esse
tempo ocorre por caixa produzida, não
há rateio.

ETAPA 1.9: Admitindo uma velocidade


de 1,16 metro por segundo para uma
pessoa caminhando normalmente.
Porém, como o operador está levando o
carrinho com 10 caixas preenchidas, é
conveniente adotarmos uma taxa
adicional de tempo. Usaremos um
adicional de 20%, também
empiricamente, tal como na Etapa 1.3,
porém, com um valor percentual maior
em função do carregamento de 10
caixas preenchidas. Essa taxa adotada
empiricamente deve ser reavaliada na Etapa 1.12: As caixas, finalmente,
prática. Em situações reais similares, permanecem em estoque até serem
podemos efetuar algumas transportadas ao cliente. Esse tempo de
cronometragens desse tempo de armazenagem será rateado entre todos
transporte, adotando o valor médio. os produtos, ou seja, 288 minutos para
Com esses dados, obtemos um tempo cada caixa. O tempo total de
de 25,86 segundos, ou 0,431 minutos; permanência do produto na empresa,
com o fator de carga de 20%, obtemos incluído o período da estocagem, será de
um tempo de 31,034 segundos, ou 308,416 minutos.
0,517 minutos. Como a operação se
refere ao lote, o tempo de transporte de 2.3 Melhorias no processo
1 caixa será igual ao rateio do tempo
entre as 10 caixas, resultando em 0,052
atual
minuto.
Uma das principais razões para a
ETAPA 1.10: Sabemos que o tempo elaboração do diagrama de processo é a
gasto no preenchimento do documento necessidade de avaliar exatamente a
de entrada do lote no estoque é de 5 situação atual, verificando onde ocorrem
minutos, o qual será rateado para cada operações desnecessárias e onde há
caixa do lote com 10 caixas. oportunidades de melhoria da
produtividade. Devemos dar atenção
ETAPA 1.11: Nesta etapa devemos especial às esperas e aos transportes,
determinar o tempo espera do produto que geralmente oneram o processo e
(caixa) pela manutenção preditiva. não agregam valor ao produto.
Como o processo funciona ciclicamente,
com 5 horas de produção intercaladas Portanto, a análise e a proposição de
por 1 hora de espera pela manutenção, alternativas para o processo devem ser
devemos determinar o tempo necessário feitas sempre após a conclusão dos
no processamento de 1 caixa para, em diagramas, elaborados levando-se em
seguida, determinarmos a quantidade de conta a situação vigente. É exatamente

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nessa parte que os analistas do processo
devem demonstrar criatividade e
conhecimento, para que possam propor
alternativas mais eficientes. Nessa etapa
devemos solicitar a participação de
profissionais de diversas áreas; os
trabalhos devem ser conduzidos sob a
forma da tempestade de ideias
(brainstorming), de modo a serem
ouvidas as mais diversas opiniões sobre
o processo, sem a colocação de qualquer
barreira ou censura.

Essa análise, evidentemente, não


estabelece critérios de "certo" ou
"errado", pois muitas possibilidades ou
opções de processo podem ser propostas
e implantadas. O que devemos buscar é
a proposta de processo mais eficiente,
que beneficie a empresa.

EXEMPLO DE MELHORIAS

Para exemplificarmos um estudo de


melhorias, vamos analisar o exemplo
anterior, propondo mudanças; mas
lembrando que essa proposta não é
exatamente a certa, é apenas uma das
possibilidades de implantação. Podem
ocorrer outras propostas, tão boas ✓ As caixas vazias serão retiradas
quanto esta ou até melhores. no próprio estoque em que o lote
de produtos é entregue, pelo
Considerando o mesmo processo regime de troca de embalagem,
fabril analisado, avaliaremos alterações sem necessidade de
no arranjo físico e no próprio processo, preenchimento de requisição,
como esquematizado na a seguir. demorando, em média, 2,5
minutos.
Um grupo formado por profissionais
das áreas de PPCP (planejamento,
✓ O operador irá produzir as peças
programação e controle da produção) e
continuamente, durante as 5
manutenção se reuniu para estudar
horas de produção, sem paradas
mudanças no processo fabril e propôs as
para inspeção.
seguintes alterações:

✓ O arranjo físico da área será ✓ A etiqueta de identificação será


alterado, colocando a prensa eliminada, pois o produto é
distante 10 metros do estoque e identificado de modo suficiente
5 metros da área de segregação, na entrada do estoque; a
conforme indicado na Figura a etiqueta era resquício de um
seguir. processo ainda mais antigo.

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✓ O lote passará de 10 para 25 ✓ Após a inspeção da amostra,
caixas, em função da produção devemos preencher a carta de
contínua. CEP por atributos, em lugar do
CEP por variáveis, reduzindo o
✓ Foi planejado um carrinho maior tempo de preenchimento para,
e mais adequado ao processo em média, 12 segundos, ou 0,2
para transporte das caixas ao minutos, por caixa.
estoque. Com o novo carrinho, o
tempo de empilhamento das 25 Todas as demais condições
caixas será, em média, de 7,5 permanecem inalteradas, ou seja:
minutos, ou 18 segundos, por
✓ Caso haja rejeição, o operador
caixa.
levará a(s) caixa(s) rejeitada(s) à
✓ No novo processo, é o funcionário
área de segregação, distante 5
do estoque quem confere e
metros de seu posto de trabalho,
preenche o documento de
adotando arbitrariamente, como
entrada do produto, liberando o
dado histórico, um refugo de 5%.
operador mais rapidamente. A
duração dessa atividade é muito
✓ Na área de segregação, o
pequena e será considerada como
operador preenche um relatório
item do transporte dos produtos
de rejeição para cada caixa
ao estoque.
rejeitada. Leva, em média, 4
minutos nesse preenchimento.
✓ Durante a parada para
manutenção preditiva, o operador
✓ Após a segregação e o
irá inspecionar todas as caixas
preenchimento do relatório, o
em sequência, porém mantendo
operador retorna a seu posto.
o critério de amostragem, a qual
é feita aleatoriamente em cada
✓ A caixa rejeitada é selecionada
caixa. É recolhida uma amostra
100% na área de segregação por
de 3 peças.
outro funcionário e retorna ao
processo com indicação da
✓ Em lugar de utilizar um
quantidade rejeitada a ser
paquímetro, o operador utilizará
reposta. A inspeção 100% dura,
um calibrador P/NP, segundo o
em média, 7 segundos por peça
modelo mostrado a seguir,
(considere refugo histórico médio
reduzindo significativamente o
de 5%).
tempo de inspeção para, em
média, 1 minuto por caixa. Ao
✓ Após a seleção 100%, a caixa
longo da inspeção, as caixas
que havia sido reprovada retorna
eventualmente reprovadas serão
ao processo para reposição das
agrupadas e levadas de uma só
peças refugadas nа seleção
vez para a área de segregação.
100%. As caixas reprovadas e
revisadas voltam ao processo
uma a uma, assim que a seleção
100% é encerrada.

✓ Após a reposição das peças


rejeitadas, a caixa é
reinspecionada, sendo

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reincorporada ao processo a 3.1 Métodos e instrumentos
partir da inspeção feita pelo
operador. Existem vários métodos utilizados
para a determinação do tempo padrão
Considerando as etapas, bem como
de uma atividade. Um dos mais
as alterações propostas, elabore
utilizados é a cronometragem.
seguintes condições:
Sua aplicação começou na produção
✓ Diagrama de processo para o
em massa, no início do século XX, e
produto aprovado.
tornou-se uma importante ferramenta
Solução: de gestão na década de 1940. Ao longo
de sua aplicação, a maior dificuldade
De acordo com a análise anterior, a percebida para seu uso eram o valor e a
unidade de produto será uma caixa operacionalidade dos instrumentos
completa com 120 peças estampadas. O utilizados, como os cronômetros e as
ponto de corte, ou seja, o instante filmadoras de alta resolução.
arbitrariamente escolhido, que define o
início e o fim do ciclo do processo, será o Com a massificação da telefonia
momento em que o lote de 25 caixas celular e das câmeras fotográficas
completas é entregue ao estoque de digitais, os recursos de cronometragem
produtos. e filmagem se tornaram facilmente
acessíveis, possibilitando essas análises
A partir da armazenagem, iniciaremos para empresas de qualquer porte. Com
o diagrama de processo para o produto um aparelho celular ou um tablet,
aprovado. podemos fotografar e filmar uma
operação, assistir ao filme na velocidade
Diagrama com alterações sugeridas: normal ou em câmera lenta,
cronometrar uma operação, anotar as
ocorrências e executar os cálculos
necessários. Os instrumentos
necessários aos estudos de
cronometragem são, hoje, acessíveis e
de baixo custo.

Atualmente, os estudos de tempos e


movimentos não se restringem mais à
indústria, pois comércio e prestação de
serviços utilizam largamente esses
procedimentos.

As etapas a serem seguidas para um


correto estudo de tempos e movimentos
são:
3. PADRONIZAÇÃO DO MÉTODO
✓ Expor aos envolvidos o trabalho a
DE TRABALHO ser executado, buscando-se a
colaboração de todos;
Uma vez definido o melhor
procedimento de trabalho, é chegada a
✓ Definir o método de trabalho e
hora de padronizar esse método.
planejar os elementos da
operação a ser cronometrada;

PETRA Consultoria e Treinamentos – Cronoanálise - Página 13


Rev.0
✓ Treinar o operador para que a aleatória por parte do executor da
atividade seja executada no ritmo tarefa.
e no método esperados;
NOTA: Converter tempo em decimais
✓ Anotar todos os dados adicionais
observados, fotografar o posto de
trabalho e a peça a ser produzida
e analisada; Logo, temos: 2,61 minutos

✓ Executar uma cronometragem 3.2 Definição da quantidade


preliminar para obter os dados de cronometragens
necessários à determinação do
número necessário de Para que o estudo dos tempos e
cronometragens (n); movimentos (cronoanálise) tenha um
grau de incerteza cada vez menor é
✓ Realizar “n” cronometragens imprescindível definir o tamanho ideal da
previstas e determinar o tempo quantidade de amostras de coletagens.
médio (TM) das operações; Esse tamanho não deve ser definido
aleatoriamente, mas através de cálculos.
✓ Avaliar o fator de ritmo do
operador e determinar o tempo Para uma melhor otimização e
normal (TN); precisão, vamos mostrar como definir a
✓ Determinar as tolerâncias de quantidade de cronometragens
fadiga e de necessidades (amostras) através do Microsoft Excel.
pessoais;
EXEMPLO:
✓ Avaliar graficamente a validade
Suponha que o processo de
dos dados obtidos;
atendimento de uma empresa é dividido
em 04 etapas. A coleta prévia obteve os
✓ determinar o tempo padrão (TP),
dados de cronometragens conforme
nosso objeto de estudo.
tabela a seguir (os tempos estão em
De acordo com os dados mostrados, minutos decimais).
há um conjunto de informações a serem
Determinar quantos ciclos deveriam
obtidas e/ou definidas antes de
ser avaliados, usando tolerância de 10%
estabelecer o tempo padrão. Esse
(K=0,1) e 95% de grau de confiança
conjunto de informações depende de
(α=0,05).
muitos conceitos e técnicas. Iniciaremos
nossa análise com a definição do número ELEMENTOS DO ATENDIMENTO
necessário de cronometragens. CICLO ETAPA 1 ETAPA 2 ETAPA 3 ETAPA 4
1 0,58 2,07 0,69 1,15
Quando iniciamos um trabalho de 2 0,51 1,77 0,62 1,09
cronometragem, a primeira questão é 3 0,48 2,04 0,60 1,05
definir a quantidade de cronometragens 4 0,51 2,25 0,65 1,13
a serem executadas. O ideal é que esse 5 0,58 1,44 0,72 1,04
número seja definido de modo 6 0,46 1,82 0,70 0,74
matemático e determinístico, sem 7 0,51 1,96 0,67 1,09
qualquer definição executada de modo 8 0,42 1,84 0,66 1,28
empírico ou que resulte de escolha 9 0,47 1,85 0,63 1,10
10 0,50 1,81 0,65 1,41

PETRA Consultoria e Treinamentos – Cronoanálise - Página 14


Rev.0
Para calcular o intervalo de confiança,
vamos aplicar a seguinte fórmula no IC-Superior
=”média” + (“Valor T(alpha/2;GL” *
Excel: “DesvPad”) / RAIZ (“n” coletado)no Excel

K-Observado
= (“IC-Superior” - “IC-Inferior) / “média”

Em seguida, vamos calcular alguns


"n" necessário
parâmetros que serão fundamentais na =((2*“Valor T(alpha/2;GL” *“DesvPad”) /
determinação da quantidade de (“Tolerância-k” * “média”))^2
cronometragens. "n" arredondado
=ARREDONDAR.PARA.CIMA(“n”
necessário;0)

Esses valores de parâmetros serão Resultado Final


aplicados para todos os elementos. Valor "n"
=MÁXIMO(“n” arredondado)
necessário
Fórmula no Excel

Grau de 95% - Conforme determinado no


confiança exemplo Veja como ficaria solução do problema:

Valor alpha =1-95 (um menos o grau de confiança) ELEMENTOS DO ATENDIMENTO


CICLO ETAPA 1 ETAPA 2 ETAPA 3 ETAPA 4
1 0,58 2,07 0,69 1,15
10% - Conforme determinado no
Tolerância (k) 2 0,51 1,77 0,62 1,09
exemplo
3 0,48 2,04 0,60 1,05
4 0,51 2,25 0,65 1,13
10 – quantidade de ciclos coletados 5 0,58 1,44 0,72 1,04
“n” coletado
preliminarmente 6 0,46 1,82 0,70 0,74
7 0,51 1,96 0,67 1,09
Graus de 8 0,42 1,84 0,66 1,28
=10 (“n” coletado) - 1
Liberdade 9 0,47 1,85 0,63 1,10
10 0,50 1,81 0,65 1,41
Valor T =INV.T.BC (probabilidade – será “valor
(alpha/2;GL) alpha;“graus_liberdade”) Parâmetros
Grau de Confiança 95%
Valor Alpha 5%
Parâmetros
Tolerância (k) 10%
Grau de Confiança 95%
"n" coletado 10
Valor Alpha 5%
Graus de liberdade 9
Tolerância (k) 10%
Valor T(alpha/2;GL) 2,2622
"n" coletado 10
Graus de liberdade 9
Valor T(alpha/2;GL) 2,2622 Observe na tabela a seguir que a
quantidade necessária de cada
etapa/elemento se encontra na última
linha “n” arredondado.
Em seguida, calculamos os demais
Média 0,5020 1,8850 0,6590 1,1080
parâmetros: DesvPad 0,0498 0,2164 0,0373 0,1723
IC-Inferior 0,4663 1,7302 0,6324 0,9847
Fórmula no Excel IC-Superior 0,5377 2,0398 0,6856 1,2313
K-Observado 14,21% 16,42% 8,09% 22,25%
Média =media (de cada etapa/elemento) "n" necessário 20,18 26,98 6,54 49,49
"n" arredondado 21 27 7 50
DesvPad =DESVPAD.A (amostral de cada etapa)

Para não fazer quantidades diferentes


IC-Inferior
=”média” – (“Valor T(alpha/2;GL” *
de cronometragens em cada etapa,
“DesvPad”) / RAIZ (“n” coletado) adota-se a maior encontrada na linha de
“n” arredondado, mas o cronoanalista

PETRA Consultoria e Treinamentos – Cronoanálise - Página 15


Rev.0
poderá optar por outra quantidade se validade dos tempos cronometrados por
achar necessário. meio de um gráfico de controle (cartas X
e R).
Resultado Final
Valor "n" necessário 50 O procedimento e o conceito
utilizados, inclusive os parâmetros
estatísticos, são idênticos aos usados na
construção das cartas de controle
IMPORTANTE! estatístico de processo (CEP) por
variáveis.
É muito importante salientar que
neste exemplo foi exigido 10% de Podemos determinar os limites de
tolerância, esse é um nível muito alto. controle das médias dos tempos
Quanto maior for a tolerância aceitável, cronometrados (LSC – Limite Superior
menor será a quantidade exigida de de Controle e LIC – Limite Inferior de
cronometragens. A tolerância está Controle).
relacionada ao erro aceitável
(estudaremos mais sobre tolerância EXEMPLO:
posteriormente).
Uma operação foi cronometrada em 4
horários distintos, coletando-se 3
3.3 Validade de uma leituras de tempo de cada amostra e
cronometragem cada horário (tempos em segundos):

No estudo de tempos de qualquer


operação, devemos considerar apenas as
cronometragens válidas, ou seja,
aquelas que representem, de modo
global, a duração de cada elemento da
operação. Entretanto, nem sempre os
Ao aplicar as cartas de controle X e R
desvios de tempo são detectáveis
(pode ser via Excel, Minitab ou manual)
facilmente.
temos os seguintes resultados:
Se um operador vai retirar uma peça
Carta X (médias)
da ferramenta de uma prensa após a
estampagem e a peça enrosca,
apresentando dificuldade para ser
retirada, certamente o tempo dessa
operação, se for cronometrado, será
maior que o real.

Do mesmo modo, se estivermos


cronometrando uma operação de Carta R (amplitude)
estampagem e, por um motivo qualquer,
a peça não tiver sido totalmente
prensada, é possível que o tempo de
cronometragem obtido seja menor que o
real.

Com o objetivo de eliminar esses


A validade de uma cronometragem
tipos de falhas, faremos a verificação da
deve ser verificada em ambos os

PETRA Consultoria e Treinamentos – Cronoanálise - Página 16


Rev.0
gráficos, o das médias e o da amplitude. 5. jogar o retalho na caixa de sucata;
Se algum ponto correspondente à média
ou à amplitude de uma cronometragem 6. retirar a peça;
se situar além dos limites de tolerância –
7. acondicionar a peça na caixa de
ou seja, acima dos limites superiores de
transporte
controle, abaixo dos limites inferiores de
controle, então, a leitura não será Assim, o elemento de uma operação é
considerada válida. Uma leitura só é uma porção elementar do trabalho, na
considerada válida se seus valores qual são executados movimentos e
(média e amplitude) estiverem dentro atividades exclusivos dessa etapa do
dos limites de controle em ambos os processo.
gráficos. Notamos que a segunda leitura
não é válida, e ela deve ser descartada. É a subdivisão do ciclo completo de
É importante observar que a exclusão da trabalho em suas partes fundamentais e
amostra de tempo efetuada às 11 horas distintas
se deve a algum dado irregular no
Para a execução de um estudo de
estudo, tal como a ocorrência de algum
tempos, é importante que os elementos
elemento anormal ou estranho.
integrantes da operação sejam bem
Outro dado a ser observado é que definidos, pois a cronometragem da
estamos analisando amostras de tempo operação como um todo não fornece o
e cada uma delas foi composta de 3 detalhamento necessário ao trabalho,
elementos amostrais (nada a ver com além de, eventualmente, incorporar
elemento da operação). erros ou ineficiências que fazem parte da
atividade no tempo da atividade. Um
3.4 Elementos da operação exemplo disso pode ser: cronometrar a
queda de uma ferramenta e o tempo
(etapas do processo) gasto pelo operador para pegá-la, o que
compreende atividades não repetitivas
É importante a análise prévia da
nem integrantes do processo, mas que
operação a ser cronometrada para que
seriam incorporadas a ele. O objetivo da
ela seja dividida em seus diversos
divisão da operação em elementos é
elementos, ou seja, as pequenas etapas
identificar atividades, inspeções,
e os movimentos que formam a
transportes esperas, armazenagens e
operação. Os elementos são as partes
eventuais ociosidades, redundâncias ou
que formam uma operação completa,
erros no trabalho.
por exemplo: um operador pega um
blank, posiciona-o dentro da prensa,
estampa a peça, retira o retalho, joga o
retalho em uma caixa de sucata e
acondiciona a peça dentro de uma caixa.
Os elementos dessa operação poderiam
ser:

1. pegar o blank;

2. colocar o blank na prensa;

3. acionar a prensa;

4. retirar o retalho;

PETRA Consultoria e Treinamentos – Cronoanálise - Página 17


Rev.0
É importante dividir a operação - seja ou seja, a análise de processos mais
a atividade como um todo, seja uma complexos admite elementos de maior
parte da atividade em elementos duração; a análise de processos de
compostos de movimentos homogêneos, menor duração - ou mais detalhados -
periódicos, de curta duração, com um exige o estabelecimento de elementos
mínimo ao redor de 2,5 segundos, de de curta duração, permitindo o
modo a possibilitar a cronometragem. É detalhamento desejado;
fundamental que os elementos sejam
estabelecidos com uma divisão muito 4. analisar se o elemento é
clara, não deixando dúvidas sobre onde reprodutível por qualquer pessoa
começa e onde termina cada um deles, envolvida no processo produtivo ou no
de modo a armazenar dados suficientes estudo de tempos e movimentos;
para reconstituir o ciclo de trabalho
5. confirmar se os elementos manuais
completo.
são separados dos elementos de
A definição dos elementos de uma máquina, bem como os constantes das
operação é fundamental para: variáveis, o que deve ocorrer sempre
que possível.
✓ Avaliar e comparar o ritmo de
diferentes operadores na mesma Uma vez estabelecidos os
atividade; procedimentos mais comuns para
✓ Verificar o balanceamento de identificação dos elementos de uma
linhas de montagem e células de operação, veremos, a seguir, os tipos de
manufatura; elementos que podemos encontrar em
✓ Identificar atividades executadas um processo fabril.
irregularmente;
3.4.1 Classificação dos elementos
✓ Obter a descrição detalhada e
sistemática do método Os elementos da operação
cronometrado; apresentam características peculiares e
✓ Padronizar o tempo de uma podem se enquadrar em diversas
sequência de movimentos classificações. Cada elemento da
possibilitar uma reconstituição operação pode ser:
precisa da sequência de trabalho;
✓ Verificar a regularidade da Cíclico: É o elemento que se repete
duração de cada elemento da sempre que o ciclo da operação é
operação. realizado. É o caso do operador que
insere manualmente um componente
Os procedimentos mais comuns para eletrônico em uma placa de circuito
a identificação do elemento de uma impresso. Toda vez que a placa é
operação são: montada, a operação de inserção desse
componente se repete.
1. identificar a atividade com princípio
e fim definidos e que apresente o menor Acíclico: É o elemento da operação
tempo mensurável; que está fora do ciclo repetitivo, mas é
parte integrante da operação. O
2. observar se o elemento definido
elemento acíclico pode ser de natureza
tem duração mínima, porém passível de
regular ou irregular. Ele é regular
cronometragem;
quando o operador o executa em
3. verificar se o elemento da operação intervalos regulares e predefinidos por
é compatível com o processo em análise, exemplo, ao executar um teste elétrico a
cada quantidade predefinida de unidades

PETRA Consultoria e Treinamentos – Cronoanálise - Página 18


Rev.0
produzidas. O elemento acíclico é de sua retirada. Nesse caso, a duração da
natureza irregular quando a execução atividade apresentará duração superior
ocorre apenas em eventos não ao definido no estudo de tempos,
repetitivos e não previstos. É o caso, por mesmo com o operador executando as
exemplo, da segregação de um produto etapas de trabalho conforme o
- esse elemento da operação é planejado. De modo análogo ao exemplo
executado pelo operador apenas nos citado, pode eventualmente ocorrer a
casos da rejeição do produto. situação em que a prensa, por falha
mecânica, não executa a estampagem
Constante: Sua execução tem de forma completa, o que reduzirá de
duração constante, o que torna o tempo modo anormal o tempo de execução
padrão também constante. E o caso do desse elemento, bem como da própria
tempo de acionamento de uma prensa operação. Também podemos mencionar
semiautomática ou da execução de um situações em que a cronometragem não
ensaio em equipamento automático, foi executada corretamente.
com monitoramento do operador. Caso
ocorram variações de tempo, serão Variável: Apresenta duração
desprezíveis. variável, apesar de sua execução
mostrar a mesma sequência de
Estranho: É o elemento geralmente atividades. Como exemplo, podemos
associado ao erro ou a situações não citar as atividades do atendente de um
previstas. E o caso, por exemplo, da telecentro ou do caixa de um banco ao
quebra de um parafuso por falha de executarem os mesmos procedimentos
ajuste pneumático de uma de atendimento a diferentes clientes. Em
parafusadeira. Mesmo não havendo casos como esses, parte da duração da
segregação da contrapeça do parafuso atividade estará vinculada ao próprio
ou aumento anormal do tempo de cliente, não dependendo unicamente do
operação, o operador deverá sair de seu operador.
ritmo repetitivo de trabalho.

Normal: Sua duração está aderente


3.5 Ritmo do operador
ao tempo cronometrado, e suas
Após a determinação da quantidade
variações estão dentro dos padrões
de cronometragens necessárias, da
normais de execução. É o caso de uma
identificação dos elementos da operação
operação manual que foi cronometrada
e da execução
para vários operadores diferentes. A
das
cadência de cada operador é
cronometragens
considerada na análise, o que amplia a
propriamente
margem de variação permitida.
ditas, determi-
Anormal: Sua duração apresenta namos a média
valores muito acima ou muito abaixo do dos valores das
tempo cronometrado, mesmo que as cronometragens
etapas de trabalho tenham sido obtidas, estabelecendo o que chamamos
executadas corretamente. É o caso do de tempo médio da operação.
operador que executa um processo de
estampagem e que deve retirar a peça
da ferramenta de estampagem e
acondicioná-la na caixa de embalagem.
Pode ocorrer, eventualmente de a peça
"enroscar" na ferramenta, dificultando

PETRA Consultoria e Treinamentos – Cronoanálise - Página 19


Rev.0
A etapa seguinte, após a 3.5.2 Exprimindo o fator de ritmo
cronometragem e a determinação de
suas médias, será identificar o fator de O fator de ritmo é expresso em
ritmo (FR) de cada profissional envolvido porcentagem, e sua indicação pode
no estudo, para estabelecer o ajuste contrariar o senso comum. Quando
necessário no tempo médio, dizemos que um operador tem um fator
determinando-se o tempo normal. Essa de ritmo de 80% é possível que se
etapa é fundamental pois, ao imagine que ele é lento; porém, o que
estabelecermos o fator de ritmo, queremos expressar é que esse
aplicamos ao tempo médio um fator de operador consome 80% do tempo
correção que o tornará adequado aos padronizado (20% a menos) para
vários e diferentes colaboradores executar
envolvidos no processo em análise. uma
atividade,
3.5.1 Avaliação de ritmo ou seja, ele
é mais
A avaliação de ritmo é a atividade que rápido que
estabelece a relação entre o ritmo de o padrão.
trabalho de cada uma das diversas
pessoas que participam de uma Do
atividade e um dado considerado mesmo modo, dizer que um operador
padrão. De fato, quando temos uma tem um fator de ritmo de 120% pode
mesma atividade executada por diversas dar a entender que ele é mais rápido
pessoas diferentes, como a montagem que o normal; porém, na verdade,
de um subconjunto, o atendimento de estamos informando que esse operador
um caixa bancário ou o atendimento de consome 120% do tempo padronizado
telecentro, temos pessoas que (20% a mais) para executar uma
apresentam diferenças inevitáveis em atividade, ou seja, é mais lento. Assim,
termos de porte, aptidão, força e se uma atividade cujo tempo padrão de
resistência física, resultando em execução é de dez minutos, o operador
diferentes velocidades ou cadências de com fator de ritmo de 80% consumirá 8
trabalho. minutos para executá-la, enquanto o
operador com fator de ritmo de 120%
Cronometrar a atividade executada consumirá 12 minutos.
por um operador exímio e muito rápido e
padronizar essa duração para os demais Assim, a primeira etapa para
operadores pode não ser adequado, pois definição do fator de ritmo de cada
o estabelecimento de um tempo de operador de um processo é o
atividade reduzido para a maioria das estabelecimento da velocidade
pessoas pode ocasionar fadigas considerada padrão (ou 100 %) para a
excessivas, lesões e perda de qualidade, atividade, e nosso problema inicial será
o que acabaria se revelando determinar essa velocidade padrão.
improdutivo. De modo oposto,
cronometrar o tempo de atividade de um O aumento exagerado do ritmo de
operador lento e estabelecer esse tempo trabalho, como instrumento de
como o padrão pode ocasionar aceleração do ritmo de trabalho, por
monotonia, desmotivação, cansaço, meio mesmo voluntariamente e por
perda de produtividade e até prejuízos à estímulo financeiro, aumenta a
qualidade. probabilidade de erros e a ocultação de
falhas de forma significativa.

PETRA Consultoria e Treinamentos – Cronoanálise - Página 20


Rev.0
Esse sistema não é mais
recomendado e é muito pouco utilizado
atualmente por estabelecer uma forma
de armadilha para a empresa: ao
premiar financeiramente o funcionário
pela produção, ela, de fato, estimula o
aumento da produção, mas compromete Com esse método determinamos o
seriamente a qualidade do produto, que tempo médio cronometrado de cada
passa a ser relegada a um plano inferior. operador envolvido na análise para um
mesmo elemento da operação. Em
A duração de uma atividade
seguida, determinamos a média das
executada por diferentes pessoas tende
cronometragens de cada operador,
à distribuição normal, com grande parte
definindo a média global, ou seja, o
dos trabalhadores executando o trabalho
ritmo da operação. Em seguida,
com duração ao redor da média e uma
determinamos o fator de ritmo individual
pequena parte de operadores altamente
de cada operador por meio do tempo
exímios contrapondo-se aos operadores
médio cronometrado de cada profissional
com maior dificuldade de trabalho,
em relação à média global, ou seja, o
estabelecendo-se as caudas residuais da
ritmo da operação. Finalmente,
curva normal.
determinamos o do fator de ritmo da
3.5.3 Sistemas para avaliação de operação pelas médias dos fatores de
ritmo ritmo individuais.

Existem pelo menos três formas para 3.5.3.2 Avaliação sintética de


avaliação de ritmo: ritmo

3.5.3.1 Avaliação de acordo com a É o método no qual se estabelece a


distribuição normal relação entre a velocidade média do
(Gauss) operador obtida pela cronometragem de
um mesmo elemento em diversas
O estabelecimento de um padrão operações - e o tempo obtido nas
básico para determinarmos o ritmo é tabelas de tempos sintéticos (expressos
feito pelo cálculo da média das durações em minutos), conforme veremos com
das atividades, obtidas pela mais detalhes ao tratarmos do método
cronometragem do trabalho dos da medida de tempo (MMT).
colaboradores envolvidos em uma
mesma tarefa, avaliando-se um mesmo O cálculo do fator de ritmo (FR) é
elemento da operação. O padrão básico feito de acordo com a equação a seguir:
é a própria média das cronometragens
𝑇𝑒𝑚𝑝𝑜 𝑚é𝑑𝑖𝑜 𝑐𝑟𝑜𝑛𝑜𝑚𝑒𝑡𝑟𝑎𝑑𝑜
e, como nesse caso não há razão para o 𝐹𝑅 =
𝑇𝑒𝑚𝑝𝑜 𝑠𝑖𝑛𝑡é𝑡𝑖𝑐𝑜
estabelecimento de uma probabilidade
de acerto ou uma área predefinida sob a 3.5.3.3 Desempenho de ritmo
curva, adotamos todos os valores
coletados. De fato, não há sentido em É o sistema de avaliação mais
estabelecermos uma área predefinida utilizado internacionalmente e nas
sob a curva normal, visto que desejamos empresas brasileiras, no qual definimos
estabelecer o fator de ritmo para todos a velocidade (ou o ritmo) do operador
os operadores envolvidos na análise, por meio de um fator único. Esse fator
sem que haja áreas residuais. de ritmo é expresso em porcentagem,
atribuindo-se o valor de 100% à

PETRA Consultoria e Treinamentos – Cronoanálise - Página 21


Rev.0
execução normal, e é determinado pela definir uma tarefa para essa atividade,
relação entre a duração da atividade conforme seus critérios e a natureza da
individual e a execução normal. operação. E conveniente a empresa
filmar e arquivar essa execução, de
Desse modo, o primeiro passo é a modo a poder avaliar os métodos de
determinação do tempo médio, ou seja, trabalho utilizados pelos integrantes,
o tempo correspondente a um operador sempre buscando melhorias nos
bem treinado trabalhando em ritmo movimentos executados e nos métodos
normal ao executar a tarefa em análise. aplicados na operação.
Para isso, devemos identificar um
colaborador que trabalhe dentro de uma Independentemente da atividade
cadência normal (nem muito rápido, executada, determinamos o tempo gasto
nem muito lento) e, preferencialmente, pelo profissional pré-selecionado,
que não apresente histórico de falhas estabelecendo o correspondente a
que possam redundar em refugos de 100%. Os demais integrantes da equipe
material ou perda de tempo. Essa de trabalho devem executar a mesma
identificação pode ser feita por atividade, anotando-se o tempo de cada
observação direta ou pela filmagem do um. Com todos os tempos definidos,
processo, o que possibilita a análise das estabelecemos o fator de ritmo de cada
imagens com mais detalhes. integrante e calculamos suas médias,
estipulando o fator de ritmo (FR) para a
Após a identificação do colaborador empresa nessa atividade específica e
mais adequado à análise - aquele que nesse elemento da operação, conforme a
pode ser considerado o padrão-, expressão a seguir:
devemos avaliar seu ritmo elaborando
tarefas padronizadas. Entre as tarefas 𝐹𝑅 =
𝑇𝑒𝑚𝑝𝑜 𝑑𝑒 𝑒𝑥𝑒𝑐𝑢çã𝑜 𝑑𝑜 𝑜𝑝𝑒𝑟𝑎𝑑𝑜𝑟 𝑒𝑚 𝑎𝑛á𝑙𝑖𝑠𝑒
mais comuns, destacamos: 𝑇𝑒𝑚𝑝𝑜 𝑑𝑒 𝑒𝑥𝑒𝑐. 𝑑𝑜 𝑜𝑝𝑒𝑟𝑎𝑑𝑜𝑟 𝑒𝑚 𝑟𝑒𝑓𝑒𝑟ê𝑛𝑐𝑖𝑎

✓ Caminhar uma distância padrão


(por exemplo, 1 quilômetro);
✓ Distribuir as 52 cartas de um
baralho em quatro montes;
✓ Separar as peças de um jogo de
dominó;
✓ Executar a própria operação em
análise.

Algumas empresas preparam


equipamentos de treinamento
apropriados a essa análise, como um
circuito elétrico formado por vários fios
de cores diferentes, conectado a uma
lâmpada, por exemplo. Esses fios
apresentam, em suas extremidades, um
conector fêmea que deve ser acoplado a
um conector macho, da mesma cor do
fio elétrico. Assim, o operador conecta
esses fios até completar o circuito,
fazendo a lâmpada acender. Mas é
importante frisar que não há uma tarefa
única e obrigatória: convém à empresa

PETRA Consultoria e Treinamentos – Cronoanálise - Página 22


Rev.0
EXEMPLO: toda atividade apresenta folgas
intrínsecas, não podemos imaginar que
Seis operadores executando a uma pessoa possa trabalhar
montagem de um mesmo conjunto ininterruptamente, por horas seguidas,
foram cronometrados em três horários sem algum momento de intervalo.
diferentes, sendo coletadas três
amostras de tempo em cada horário, As folgas ou tolerâncias no trabalho
como indicado a seguir. Determine o apresentam características particulares
fator de ritmo (FR) associado a essa que as diferenciam. Vamos abordá-las
atividade: da seguinte maneira:

1) Tolerância pessoal;

É toda folga/tolerância associada a


necessidades pessoais do trabalhador.
São as paradas para necessidades
fisiológicas (tomar água, tomar café, ir
ao banheiro etc.). Pode parecer estranho
imaginar que, em uma linha de
montagem, na qual se trabalha
continuamente, seja necessário calcular
o tempo desse tipo de folga para os
operadores. Porém, devemos lembrar
que ocorrem rodízios em postos de
trabalho, justamente para permitir ao
trabalhador a ausência momentânea
para a satisfação dessas necessidades, e
tais ausências, mesmo que pequenas
devem ser contabilizadas. O próprio
Sistema Toyota de Produção (STP) prevê
operadores não alocados diretamente
Observe que no 2° passo o Ritmo foi nos postos de trabalho, para que eles
calculado a média porque a empresa não possam se dedicar às atividades de
determinou um valor padrão de melhoria e de ajuda aos colegas que não
referência. estão conseguindo cumprir suas
operações dentro do padrão
3.6 Tolerância da atividade estabelecido, bem como substitui-los em
curtos espaços de tempo para que eles
Como vimos anteriormente, devemos possam realizar tarefas não previstas ou
estabelecer o ritmo de um trabalho com para atendimento às suas necessidades
o objetivo de chegar ao tempo normal pessoais.
de um produto ou serviço. Entretanto,
ainda nos resta definir o conceito de Também não podemos esquecer que,
no passado, se esse aspecto era
folgas ou tolerâncias de uma operação
fundamental no planejamento dos
para definição do tempo padrão, o
processos, atualmente a automação e a
tempo efetivamente válido para efeito
robótica relativizaram-no bastante.
de planejamento empresarial. Assim,
discutiremos aqui o conceito de folgas Contudo, em processos manuais e
ou tolerâncias de operação e suas semiautomáticos, esse conceito
modalidades. Isso é importante porque permanece vivo. Do mesmo modo, no
passado, se a duração das

PETRA Consultoria e Treinamentos – Cronoanálise - Página 23


Rev.0
folgas/tolerâncias deveria ser Elas estão associadas a situações
cronometrada para avaliação de sua propositais de atraso e redução de ritmo
duração, atualmente esse dado passou a por parte dos colaboradores e não serão
ser regido pela legislação trabalhista e objeto de nossa análise. Já as
por acordos sindicais, mas sem deixar de folgas/tolerâncias inevitáveis passaram
ser influenciado pela herança histórica. por ampliação de foco. Elas continuam
sendo causadas por agentes externos ao
Normalmente, esse tipo de processo de trabalho, foco da análise.
folga/tolerância se situa na faixa de 2%
a 5% da jornada diária completa de Um fornecedor que atrasa a entrega
trabalho, conforme adotado há mais de de materiais, a interrupção do
50 anos. Entretanto, sempre é fornecimento de energia ou água por
conveniente levantarmos dados parte de uma concessionária, a quebra
trabalhistas relativos a sindicatos e à de uma máquina, entre outros aspectos,
legislação para verificar valores em uso. continuam sendo agentes de
Atualmente, aspectos relacionados a tipo folgas/tolerâncias inevitáveis, mas
físico do trabalhador pouco influem outros aspectos foram agregados a essa
nesse processo, mas ainda permanece a análise, ampliando o leque de causas
influência das condições ambientais do externas. Por exemplo, voltando-se ao
trabalho (carga, temperatura, umidade, exemplo das centrais de teleatendimento
ruídos, vibrações etc.). e telemarketing, existem
folgas/tolerâncias previstas após
2) tolerância para fadiga; atendimentos nos quais tenham ocorrido
ameaças, abuso verbal, agressões ou
Esse tipo de tolerância/fadiga
desgaste emocional, de modo que o
apresentou uma evolução interessante.
operador possa se recuperar
A tolerância para fadiga tem pouca ou
emocionalmente.
até nenhuma importância, embasando
seu argumento na redução da Mesmo quando se trata de uma
quantidade dias trabalhados na semana legislação especifica, é importante
e na redução da jornada de trabalho. observar como a evolução nos meios de
trabalho incorporam aspectos geradores
Atualmente a tolerância/fadiga se
de dados imprevistos. Nesses casos.
ampliou para o trabalho
amostragens de trabalho de longa
psicologicamente ou moralmente árduo.
duração são ideais para fornecer dados
3) tolerância para espera. confiáveis.

Essa modalidade de folga/tolerância é 3.6.1.1 Cálculo da Tolerância


descrita como a interrupção não prevista
Quaisquer que sejam as
do trabalho, causando parada do
folgas/tolerâncias a serem aplicadas,
operador, e passou por revisões. Ela
isoladamente
continua a ser classificada como
ou somadas,
folga/tolerância evitável ou inevitável,
devemos usar
mas não mais se restringe a problemas
o mesmo tipo
de máquinas ou processos produtivos.
de cálculo.
Hoje em dia, outros aspectos são
Como estão
considerados.
associadas a parcelas da jornada de
As folgas/tolerâncias evitáveis ainda trabalho, as folgas/tolerâncias podem
se relacionam ao comportamento do ser expressas tanto como uma
colaborador em face de suas atividades. porcentagem da jornada de trabalho

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quanto pelo próprio tempo de duração b) Determinação do fator de
da folga/tolerância. Desse ponto em tolerância por meio da jornada
diante, denominaremos a total e útil:
folga/tolerância como fator de tolerância
𝐽𝑜𝑟𝑛𝑎𝑑𝑎 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 360 𝑚𝑖𝑛
(FT). Em cada uma das situações 𝐹𝑇 = 𝐽𝑜𝑟𝑛𝑎𝑑𝑎 ú𝑙𝑡𝑖𝑙−𝑓𝑜𝑙𝑔𝑎 => = 1,143
(360−45) 𝑚𝑖𝑛
devemos adotar expressões diferentes;
porém, na realidade, uma deriva da 3.7 Determinação do tempo
outra:
padrão
✓ Caso a tolerância seja
apresentada como porcentagem Tempo padrão (TP) é o mais
da jornada de trabalho, o fator de importante indicador a ser determinado.
tolerância (FT) é calculado por: É por meio do tempo padrão que a
1 empresa efetua balanceamento de linhas
𝐹𝑇 =
1−𝑃 de montagem, dimensiona sua mão de
obra e estabelece seus custos fabris,
✓ Caso a tolerância seja expressa entre outros aspectos. Sua aplicação se
com um tempo da jornada de ampliou para todas as áreas
trabalho, o fator de tolerância econômicas, tornando-se um dado
(FT) é calculado por: fundamental para o planejamento
empresarial. Sua determinação é feita
𝐽𝑜𝑟𝑛𝑎𝑑𝑎 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙
𝐹𝑇 = em três etapas, abrangendo todos os
𝐽𝑜𝑟𝑛𝑎𝑑𝑎 ú𝑙𝑡𝑖𝑙 − 𝑓𝑜𝑙𝑔𝑎
conceitos vistos anteriormente.
EXEMPLO:
A primeira etapa do cálculo do
Um atendente de serviço telefônico tempo padrão (TP) é a determinação do
bancário trabalha 6 horas por dia em tempo médio (TM) da operação, que é o
ritmo contínuo e próprio tempo obtido no processo de
conta com 20 cronometragem, conforme vimos
minutos de folga anteriormente: determinamos o número
para necessidades de cronometragens necessárias e
pessoais, 20 dividimos a operação em análise pelos
minutos de folga elementos dela própria. Após a obtenção
por fadiga e mais dos tempos cronometrados para cada
uma média de 5 elemento, somamos os tempos de cada
minutos ao dia por conta de tolerância elemento cronometrado, calculamos as
para espera por eventuais problemas médias das cronometragens executadas
psíquicos decorrentes de atendimentos e a média global do estudo,
críticos. Assim, suas folgas totalizam 45 estabelecendo o tempo médio da
minutos e correspondem a 12,5% de operação.
sua jornada total.
A segunda etapa da análise é o
Determine o fator de tolerância (FT): cálculo do tempo normal (TN). É o
tempo necessário para um trabalhador
a) Determinação do fator de qualificado executar uma operação
tolerância por meio da trabalhando em ritmo normal, com sua
porcentagem da jornada atribuída cadência estabelecida em relação a um
a folgas: padrão de trabalho, como vimos
1 1 anteriormente. Sua determinação é feita
𝐹𝑇 = => = 𝟏, 𝟏𝟒𝟑
1−𝑃 1 − 0,125 a partir do tempo médio cronometrado,
sobre o qual é aplicado o fator de ritmo

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(FR) do operador, calculado por meio do para tolerância pessoal, 20 minutos de
Desempenho de Ritmo. folga para tolerância de fadiga e 8
minutos de folga para esperas não
A terceira e última etapa da análise previstas (queda de energia, quebra de
é o cálculo do tempo padrão. Tendo sido máquinas etc.).
determinado o tempo normal, aplicamos
a ele o fator de tolerância (FT), também Como determinar o tempo padrão
já descrito anteriormente. Como não (TP) da operação?
podemos esperar que uma pessoa
trabalhe continuamente sem algumas Solução:
interrupções, são estabelecidos os
O primeiro passo será a determinação
fatores de tolerância.
do número de cronometragens
Desse modo, o tempo padrão deve necessárias. Por meio do número de
conter a duração de todos os elementos cronometragens executadas
da operação, incluir o fator de ritmo do preliminarmente n=6, (ver item 3.2
operador e incluir o tempo para todas as deste material Definição da quantidade
tolerâncias necessárias. de cronometragens).

O tempo padrão (TP) é determinado A quantidade de cronometragens


da seguinte maneira: aplicada a este exemplo são 10. Como já
temos 06 cronometragens preliminares
𝑇𝑃 = 𝑇𝑁 𝑥 𝐹𝑇 devemos apenas complementar com
mais 04.
Ou

𝑇𝑃 = 𝑇𝑀 𝑥 𝐹𝑅 𝑥 𝐹𝑇

EXEMPLO:

A montagem de um produto foi


previamente analisada e dividida em 5
elementos de operação. Foi executada Com os dados adicionais, calculamos
uma cronometragem preliminar, com 6 o tempo médio, no valor de 62,40
amostras de tempo conforme segundos. Como o operador de
mostramos na tabela a seguir, com referência executa essa atividade em
valores expressos em segundos. 54,5 segundos, calculamos o fator de
ritmo por meio do método de
desempenho de ritmo:

62,4
𝐹𝑅 = = 1,145 𝑜𝑢 114,5%
54,5

Com esse dado, calculamos o tempo


normal:
O cronoanalista estabeleceu como
parâmetros do estudo uma porcentagem 𝑇𝑁 = 62,4 𝑥 1,145 = 71,45 𝑠𝑒𝑔𝑢𝑛𝑑𝑜𝑠
de acerto (p) de 90% e um erro relativo
(ER) de 7%. O operador considerado Ao longo da jornada total de trabalho
como referência para essa operação a (480 minutos) e das tolerâncias
executou em 54,5 segundos. A empresa indicadas, no total de 48 minutos,
tem uma jornada de trabalho diária de 8 chegamos ao valor do fator de
horas e concede 20 minutos de folga tolerância. Observe que o cálculo pode

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ser feito tanto com a soma dos termos equivale a 480 minutos de trabalho.
de tolerância quanto com o percentual Considere que ao aplicar a Cronoánalise
que esses tempos representam em identificamos um Tempo Padrão (TP) de
2,8842.
relação à jornada total, de 10%. Assim,
o fator de tolerância será:

480 𝑚𝑖𝑛
𝐹𝑇 = = 1,111
(40 − 20 − 20 − 8)𝑚𝑖𝑛

ou Isso significa que um funcionário


trabalhando em ritmo normal será capaz
1 de processar 166 pedidos.
𝐹𝑇 = = 1,111
1 − 0,1 Essa estimativa já considera os 10%
do tempo gasto com tolerâncias.
E por fim, determinamos o Tempo Podemos considerar que 166 pedidos
Padrão: processados por dia é uma estimativa
justa e realista para um trabalhador
𝑻𝑷 = 𝟕𝟏, 𝟒𝟓 𝒙 𝟏, 𝟏𝟏𝟏 = 𝟕𝟗, 𝟑𝟖 𝒔𝒆𝒈𝒖𝒏𝒅𝒐𝒔 treinado trabalhando em ritmo normal.

ou A empresa precisa processar 1.800


pedidos por dia. Isso significa que a
𝑻𝑷 = 𝟔𝟐, 𝟒 𝒙 𝟏, 𝟏𝟒𝟓 𝒙 𝟏, 𝟏𝟏𝟏 = 𝟕𝟗, 𝟑𝟖 𝒔𝒆𝒈𝒖𝒏𝒅𝒐𝒔 empresa precisará ter 11 funcionários
trabalhando na área de processamento
de pedidos.

4. DETERMINAÇÃO DA
CAPACIDADE
Agora que já sabemos fazer o estudo
de Cronoanálise, podemos aproveitar os
dados para determinar a capacidade da
organização.

EXEMPLO:

Um operador é responsável pela


separação de pedidos a serem atendidos em
um armazém. O sistema de informação
possui a relação de todos os pedidos
pendentes. Para cada pedido o operador
separa os itens solicitados, coloca-os numa
caixa, imprime uma etiqueta com o
destinatário e coloca a caixa em uma
esteira.

Neste exemplo, vamos considerar que


1.800 pedidos devem ser processados
diariamente e vamos calcular quantos
funcionários a empresa precisa alocar
nesta operação.

Suponha que os funcionários


trabalhem 8 horas por dia, o que

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Bibliografia:
• BARNES, R. M. Estudo de
movimentos e de tempos:
projeto e medida do trabalho.
Tradução de Sérgio Luiz Oliveira
Assis, José S. Guedes Azevedo e
Arnaldo Pallotta. São Paulo: E.
Blucher, 1977.
• COSTA NETO, P. L. de O.
Estatística. São Paulo: E.
Blucher, 2002.
• SHINGO, S. O sistema Toyota
de produção: do ponto de
vista da engenharia de
produção. Tradução de Eduardo
Schaan. Porto Alegre: Bookman,
1996.
• TAYLOR, F.W. The Principles of
Scientific Management. 1911.
Disponível em:
<http://www.gutenberg.
org/cache/epub/6435/pg6435-
images. html>. Acesso em: 10
out. 2019.
• TOLEDO, I. F. B. Tempos e
métodos. 8. ed. Mogi das
Cruzes: Assessoria Editora, 2004.

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