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PRODUÇÃO I
O ciclo PDCA
Christiano Braga de Castro Lopes
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Introdução
Conhecido por alguns como ciclo de Shewhart, o ciclo Plan, Do, Check, Act (PDCA) é
um método de trabalho adotado nas mais variadas organizações em todo o mundo.
O PDCA é bastante utilizado para potencializar resultados, por meio de mitigação
de riscos e soluções de problemas, mas acima de tudo é um método utilizado para
implementar a melhoria contínua como filosofia de trabalho nas organizações.
Neste capítulo, você vai estudar o conceito do ciclo PDCA e sua evolução
histórica. Vai conhecer as contribuições de Shewhart e Deming e compreender
como o método pode ser empregado para a manutenção e para a melhoria dos
processos de busca da qualidade. Por fim, vai compreender a relação da melhoria
contínua com os procedimentos de auditoria, bem como as ferramentas e métodos
que derivaram do ciclo PDCA e são utilizados até hoje nos processos de melhoria
das mais variadas organizações.
Vale ressaltar que o ciclo PDCA também é preconizado pela ISO 9001 (ASSO-
CIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2015). Segundo essa norma, o ciclo
permite que uma organização se certifique de que seus processos internos
tenham recursos suficientes e necessários e que sejam gerenciados de forma
adequada, e ainda que as oportunidades de melhoria sejam identificadas e
as medidas de melhoramento sejam tomadas em tempo hábil.
O ciclo PDCA é representado por um gráfico dividido em quatro etapas
sequenciais, que, de certa forma, precisam “girar” para completar o ciclo de
melhoramento contínuo. Por isso, fala-se muito nas organizações que, para
aprimorar determinado processo, é necessário “rodar o PDCA” (Figura 1).
O PDCA pode ser adotado inclusive em conjunto com o método Define, Me-
asure, Analyse, Improve, Control (DMAIC) ou o Masp. Campos (2004) recomenda
que se comece a utilizar o Masp com problemas pequenos e simples. Nesse
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Para cada processo, há riscos que precisam ser mitigados para evitar
resultados indesejáveis e buscar oportunidades de melhoria, ou seja, para
cada processo o ciclo PDCA pode ser adotado. A mentalidade de riscos per-
mite que a organização desenvolva ações coordenadas e preventivas para
mitigar, inibir e eliminar as não conformidades que venham a contribuir com
algum evento adverso (risco), tomando imediatamente a ação necessária para
prevenir ocorrências que contribuam ou estimulem estas não conformidades
(ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2015).
Porém, é possível que determinado processo já esteja sendo executado
em nível de excelência e não necessariamente precise de um processo de
melhoramento. Nesse caso, o ciclo PDCA pode ser utilizado para assegurar
o nível de controle existente, ou seja, que garanta a manutenção do controle
existente.
De acordo com Campos (2004), quando o processo é repetido e o plane-
jamento (Plan) conta com uma meta ou objetivo que já esteja em uma faixa
aceitável de valores e resultados, podemos dizer que esse processo está
padronizado e compreende um Procedimento-Padrão de Operação, também
conhecido como Processo de Operação Padronizado (POP). Assim, as atividades
executadas por meio do ciclo PDCA na manutenção dos níveis de controle
contam essencialmente para o cumprimento dos procedimentos-padrão de
operação (CAMPOS, 2004). Estamos falando de padronização, seja em processo
ou na cadeia produtiva.
Na cadeia produtiva, qual seria um exemplo de procedimento-padrão
de operação? “Fabricar uma peça de aço cuja resistência atenda a faixa de
especificação desejada” ou “fabricar polpa de fruta e entregar ao cliente no
prazo máximo de três dias” são exemplos de processos padronizados com
metas previamente estabelecidas. Perceba que os procedimentos padroni-
zados de operação se aplicam de grandes indústrias a fábricas de polpa de
frutas, por exemplo.
Com relação aos processos de melhoria nos níveis de controle, o ciclo
PDCA exerce um papel fundamental. Para esses casos, entende-se que o
processo ainda não garantiu um fluxo repetitivo, tendo em vista alguma não
conformidade ou resultado insatisfatório. Dessa forma, o ciclo PDCA pode
atuar no melhoramento de alguma etapa do processo, como propor um
aumento de 10% na resistência do aço fabricado ou a redução de até um dia
para a fabricação e entrega das polpas de frutas aos clientes.
Para Campos (2004), melhorar continuamente um processo significa me-
lhorar continuamente seus padrões de qualidade (padrão de equipamento,
materiais, padrões técnicos, produto, serviço, procedimento, etc.), e a cada
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Frequência/
Departamento Problemas ocorrência
9.1. Recomendar ao Ministério da Economia, com fulcro no art. 43, inciso I, da Lei
8.443/1992, combinado com o art. 250, inciso III, do Regimento Interno do Tribunal
de Contas da União, que, em conjunto com os demais ministérios que gerenciam
recursos destinados a obras públicas, adote providências com vistas a: [...]
9.1.4. Registrar de forma sistemática, nos sistemas de informações em uso e a
serem desenvolvidos, as causas das paralisações e outras informações úteis para
classificação e gestão de risco dos empreendimentos, levando em consideração,
os seguintes aspectos:
9.1.4.1. Escolha de categorias de causas que possam subsidiar a gestão de riscos
e a adoção de procedimentos de controle preventivo e corretivo, bem como o
controle estatístico das ocorrências;
9.1.4.2. Possibilidade de identificação da causa primária;
9.1.4.3. Possibilidade de registro de mais de um fator causal associado à paralisação
(causas secundárias);
9.1.4.4. Possibilidade de detalhamento, em sistema de árvore, das especificidades
da causa registrada. (BRASIL, 2019, documento on-line).
Referências
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Leituras recomendadas
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