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CONCESSÃO FINANÇAS

“‘Private equity’ é mais


transparente (que bancos)

Ajustes de rota e bom para inovação”, diz


Paulo Guedes. P20e21

A falta de interessados para a rodovia 262 irritou o Palácio do Pla-


nalto e o governo resolveu vender apenas um lote por leilão dos TECNOLOGIA
Espionagem abre mais
outros oito trechos de rodovia, fundamentais para escoamento da espaço para tentativas de
produção de diversos setores em cinco estados. A BR050 será lei- controle da internet em
loada amanhã com disputa entre oito grupos de empresas. P3a5 todo o mundo. P17

INDICADORES

Brasil Ações da Petrobras


(em R$)

Econom ico
18,52
18,34
18,25
18,13

17,85

www.brasileconomico.com.br
10/09 11/09 12/09 13/09 16/09

PUBLISHER RAMIRO ALVES . CHEFE DE REDAÇÃO OCTÁVIO COSTA . EDITORA CHEFE SONIA SOARES . EDITORA CHEFE (SP) ADRIANA TEIXEIRA . TERÇA-FEIRA 17 DE SETEMBRO DE 2013 . ANO 5 . Nº 1.018 . R$ 3,00
Paulo Alvadia

Eletrobras PRÉ-SAL

Ex-aliados do
desperdiça governo tentam
impedir leilão

energia Grupo vai à Justiça con-


testar critérios de venda da
reserva de Libra. O objetivo

intelectual
é fazer com que o campo
fique com a Petrobras. P10

INOVAÇÃO
O Plano de Demissão
Incentivada da
estatal vai retirar da Onze países
folha de pagamento
4,3 mil funcionários de olho em
até dezembro.
Muitos passaram por
um telhado
diversas funções, Cobertura para Porto de
como o engenheiro Santos, desenvolvida pela
Luciano Carneir brasileira Sepa, será o tes-
(foto), que chegou te da tecnologia que per-
a assessorar a mite embarque debaixo
presidência. de chuva. P12e13
Demitido há um
mês, ele vai criar um
instituto e trabalhar MOBILIDADE
até para concorrentes
da empresa.
A Eletrobras Paulistano usa
garante que não
haverá perdas nas mais automóvel
suas operações.
Na subsidiária
particular
Eletronuclear, Pesquisa mostra que
o PDI foi adiado para mais paulistanos usariam
evitar a dispersão transporte público, embo-
de expertise. P6 ra o uso de carro próprio
tenha aumentado. P9
2 Brasil Econômico Terça-feira, 17 de setembro, 2013

MOSAICO POLÍTICO
GILBERTO NASCIMENTO
gilberto.nascimento@brasileconomico.com.br

MST ANUNCIA OCUPAÇÕES


O
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) fará em outubro uma jornada pela reforma
agrária com ocupações, marchas e fechamento de ruas e estradas em todo o País. Visto como
um aliado do governo petista, o movimento agora pretende radicalizar. O lema da campanha

Da maneira
que está sendo
veiculado dá a
é “Dilma, cadê a reforma agrária?”. O coordenador nacional do movimento, João Paulo Rodrigues, diz impressão que
que, para a reforma agrária, o governo Dilma “é o pior no Brasil desde o governo Geisel”. Segundo ele,
o acolhimento
é o que menos desapropriou imóveis rurais para fazer a reforma agrária nos últimos 20 anos. Na primeira
metade do mandato de Dilma, 86 áreas foram destinadas para assentamentos, segundo o MST.
vai representar
O movimento apresenta números para dizer que Dilma desapropriou bem menos que os antecessores. absolvição ou
redução de pena
Comparado ao mesmo período automaticamente”
das administrações anteriores des-
de o governo Sarney (1985-1990),

Antonio Cruz/ABr
o número supera só o de Fernan- Celso de Mello
do Collor (1990-1992), que desa- Ministro do STF,
propriou 28 imóveis em 30 meses, que decidirá sobre
segundo o MST. Em 2008, ocorre- os embargos infringentes
ram 243 desapropriações no País.
No primeiro ano do governo Dil-
ma foram 58 e, no ano passado,
apenas 28. Em 2013, não foi regis-
trada nenhuma, de acordo com o
Conselhos tutelares têm problemas
movimento. Em 2008, havia 70 A Câmara Municipal de São Paulo organizou um encontro para
mil famílias assentadas. O núme- discutir as condições e a infraestrutura dos Conselhos Tutelares
ro foi caindo. Em 2009 eram 55 a fim de melhorar o atendimento às crianças e adolescentes.
mil; em 2010, 39 mil; em 2011, 22 Conselheiros atuam em condições precárias em São Paulo e em
mil; e no ano passado, 23,1 mil. grande parte do País. Foi proposto um plano de construção de
Outro integrante da coordenação, sedes. A promotora da Infância Luciana Bergamo disse saber da
Alexandre Conceição, diz que o “situação crítica” dos conselhos tutelares.
governo abandonou a reforma
agrária e deixou de cumprir sua Jose Cruz/ABr
obrigação constitucional. Confor-
me o movimento, há no País mais
PTB cria grupo
de 180 milhões de hectares classi- para ajudar em
ficados como grande propriedade
improdutiva.
“horas difíceis”
O PTB de São Paulo criou um
Serra não Skaf em Deputados conselho político, com 33
integrantes, para dar opiniões ao
levará aliados inserções na TV debatem em Miami partido em "momentos difíceis".
Entre outros, integram o
Tucanos dão como certo que Na sexta-feira, começam a ser Os deputados federais Arnaldo conselho Lair Krahenbuhl,
“serristas” como Aloysio Nunes e veiculadas as novas inserções do Jardim (PPS-SP), Carlos Alberto ex-secretário de Habitação do
Alberto Godman não sairão do PMDB paulista no rádio e na TV. Léreia (PSDB-GO) e Walter Feldman município de São Paulo; José
PSDB, caso Serra migre para o PPS. A “estrela” é o presidente da Fiesp, (PSDB-SP) participarão do 18º. Maria Marin, presidente da CBF;
O primeiro, é senador (pode perder Paulo Skaf, pré-candidato ao Meeting Internacional, evento do Marco Polo Del Nero, presidente
o mandato). O segundo, por ser governo. Um encontro em Bauru, LIDE, em Miami, entre os dias 26 e da Federação Paulista de
vice-presidente nacional do PSDB. dia 27, “reafirmará” a candidatura. 29. Debaterão temas como etanol. Futebol, e Luiza Eluf, promotora.

CARTAS Cartas para a redação: Rua dos Inválidos, 198, 1º andar, CEP 20231-048, Lapa, Rio de Janeiro (RJ).
E-mail: redacao@brasileconomico.com.br As mensagens devem conter nome completo, endereço, telefone e assinatura. Em razão de
espaço ou clareza, Brasil Econômico reserva-se o direito de editar as cartas recebidas. Mais cartas em www.brasileconomico.com.br

Empresas do setor Governo de Minas questiona matéria INDICADORES


privado com mais A propósito da matéria reestruturação administrativa A cautela deve prevalecer no mercado até amanhã, quando o Federal
“Eleição em Minas é termômetro anunciada pelo governador tem Reserve pode optar por diminuir em US$ 15 bilhões o programa de
liberdade para a disputa como objetivo adaptar o Estado à compra de títulos, que hoje está no ritmo mensal de US$ 85 bilhões.
O Brasil precisa diminuir o presidencial”(16/09), o Governo crise econômica internacional.
espaço do Estado na sociedade. de Minas Gerais esclarece que o Trata-se de um contínuo TAXAS DE CÂMBIO COMPRA VENDA
Estado não passa por crise política aperfeiçoamento do modelo
Ele precisa deixar que o setor ▲ Dólar comercial (R$ / US$) 2,2820 2,2826
privado se autorregulamente ou financeira. Pesquisa Ibope, implantado a partir de 2003,
assumindo os seus próprios realizada entre 9 e 12 de julho, denominado Choque de Gestão, ▲ Euro (R$ / E) 3,0426 3,0440
riscos, cabendo a ele apenas coloca o governador Antonio uma referência em administração
JUROS META EFETIVA
facilitar este progresso e não Anastasia entre os menos pública. Diferentemente do que
afetados pelas manifestações, diz a reportagem, a ■ Selic (ao ano) 9% 8,45%
atrapalhá-lo.
Chega de privatizar os lucros e com avaliação boa ou ótima de reestruturação resultará em BOLSAS VAR. % ÍNDICES
estatizar os prejuízos das 36%, o melhor índice no Sudeste e economia de R$ 1 bilhão, e não de
o quarto melhor do país. A R$ 33 milhões. ▲ Bovespa - São Paulo 0,04 53.821
atividades privadas.
▲ Dow Jones - Nova York 0,77 15.494
Hilton Superintendência Central de Imprensa
Cachoeiro de Itapemirim, ES do Governo do Estado de Minas Gerais ▲ FTSE 100 - Londres 0,59 6.622
Terça-feira, 17 de setembro, 2013 Brasil Econômico 3
Wilson Dias/ABr

▲ BRASIL PROCURADORIA DA REPÚBLICA

Rodrigo Janot toma posse na PGR


O novo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, toma posse
hoje, às 17h, em cerimônia com a presença da presidenta Dilma
Rousseff, no auditório da Procuradoria-Geral da República (PGR).
Janot ocupará o cargo vago com a saída do ex-procurador Roberto
Editor: Paulo Henrique de Noronha Gurgel, que deixou as funções no dia 15 de agosto, após quatro anos
paulo.noronha@brasileconomico.com.br de mandato. ABr

João Laet

BR-050 — CONCORRENTES
■ VERDEMAR
Empresas:
EcorodoviasInfraestruturaeLogísticaS.A.
ConstrutoraCowanS.A.
CoimexEmpreendimentose
ParticipaçõesLTDA.
RioNovoLocaçõesLTDA.
TervapPitangaMineraçãoe
PavimentaçãoLTDA.
ContekEngenhariaS.A.
A.MadeiraIndústriaeComércioLTDA.
UrbesaAdministraçãoe
ParticipaçõesLTDA.
Sociedadecorretora:BradescoS/A–
CorretoradeTítuloseValores
Mobiliários

■ RODOVIA DO SERTÃO
Empresas:
FidensEngenhariaS.A.
ConstrutoraAterpaM.MartinsS.A.
ViaEngenhariaS.A.
ConstrutoraBarbosaMelloS.A.
CariocaChristiani-NielsenEngenhariaS.A.
Sociedadecorretora:MundivestS/A
CorretoradeCãmbioeValores
Mobiliários

■ INVEPAR–ODEBRECHTTRANSPORT
Empresas:
InvestimentoseParticipaçõesEm
InfraestruturaS.A.–Invepar
OdebrechtTransportS.A.
Sociedadecorretora:CGD
InvestimentosCorretoradeValorese
A BR-116 tem um de seus trechos (MG) com licitação prevista para o último grupo, que agora será desmembrado e ainda não tem data
CâmbioS.A.

■ CONSTRUTORA QUEIROZ

Rodovias: regra para os GALVÃO S/A


Empresas:
ConstrutoraQueirozGalvãoS/A
SociedadeCorretora:
CoinvaloresCorretoradeCâmbioe

leilões muda após BR-262


ValoresMobiliáriosLTDA.

■ PLANALTO
Empresas:
SenparLTDA.
ConstrutoraEstruturalLTDA.
Após ausência de propostas para concessão da estrada entre Espírito Santo e Minas ConstrutoraKamilosLTDA.
EllencoConstruçõesLTDA.
Gerais, governo anuncia que fará as próximas licitações com um lote de cada vez EngenhariaeComércio
BandeirantesLTDA.
GrecaDistribuidoradeAsfaltosLTDA.
Ivone Portes teve interessados. Os envelopes sentantes da Empresa de Planeja- Estado, que inclui mineração, pe- MaqterraTransporteseTerraplenagem
iportes@brasileconomico.com.br com as ofertas para a BR-050 se- mento e Logística (EPL). Outra tróleo e gás, papel e celulose . Se- LTDA.
Sônia Filgueiras rão abertos amanhã. Vencerá reunião foi marcada para hoje. gundo ele, a discussão sobre os TCLTecnologiaeConstruçõesLTDA.
ValedoRioNovoEngenhariae
sonia.filgueiras@brasileconomico.com.br quem oferecer o menor valor de O presidente da Federação das preços elevados dos pedágios e a
ConstruçõesLTDA.
São Paulo e Brasília pedágio. A tarifa máxima é de R$ Indústrias do Estado do Espírito cobrança de tarifas antes da con-
SociedadeCorretora:
7,87 a cada 100 km, enquanto pa- Santo (Findes), Marcos Guerra, la- clusão das obras afugentaram os
SLWCorretoradeValoreseCâmbio
Começa amanhã, já com algumas ra a BR-262 era de R$ 11,26. mentou o fato de não haver inte- investidores. Deputados e senado-
importantes interrogações, a tem- Em razão da falta de interesse ressados para a BR-262, pois a me- res capixabas ameaçaram entrar ■ TPI – TRIUNFO PARTICIPAÇÕES
porada de leilões de infraestrutu- pela BR-262, o governo anunciou lhoria na rodovia é muito impor- com recurso na Justiça caso o lei- E INVESTIMENTOS
ra do governo federal para impul- ontem que irá rever a forma de lici- tante para escoar a produção do lão fosse realizado no modelo Empresas:TPI–TriunfoParticipaçõese
sionar a economia brasileira. O tar as rodovias. Segundo o minis- anunciado pelo governo. Ele citou Investimentos
Programa de Investimentos em Lo- tro dos Transportes, César Borges, também o fato de a rodovia estar Sociedade Corretora:
gística (PIL), lançado no ano pas- as próximas licitações serão feitas em uma região montanhosa e de- PlannerCorretoradeValoresS.A.
sado, prevê aportes de mais de R$ com a oferta de apenas um tre- mandar mais investimentos.
200 bilhões em rodovias, ferro- cho, e não com dois, como previs- Além desses, mais sete trechos ■ ARTERIS S.A.
vias, portos e aeroportos. Parte to anteriormente. “Serão datas di- Além da BR-050 e da de rodovias serão leiloados(veja Empresas:
das expectativas, entretanto, fo- ferenciadas para todos, até para o mapa nas páginas 4 e 5). São 7,5
ram frustradas já no início do pro- setor analisar cada uma”, expli-
BR-262, mais sete mil quilômetros de estradas que
ArterisS.A.
SociedadeCorretora:
cesso. Nesta primeira etapa, dos cou ele, acrescentando que a mu- trechos de rodovias deverão ser duplicadas, melhora- BESSecuritiesdoBrasilS.A.–CCVM
dois trechos de rodovia ofertados dança na metodologia não deverá serão licitados.O das ou construídas. Os investi-
à iniciativa privada, apenas um te- atrasar as licitações. Com essa me- mentos previstos são de R$ 50 bi- ■ COMPANHIA DE PARTICIPAÇÕES
ve demanda: a BR-050, entre dida, o governo terá mais tempo
objetivo do governo é lhões. O objetivo do governo é lici- EM CONCESSÕES
Goiás e Minas Gerais, que recebeu também para identificar possíveis encerrar o processo até tar os nove trechos até o fim do Empresas:
oito propostas (quadro ao lado). A problemas. o final do ano, mas ano. Mas a BR-116, cujos estudos CompanhiadeParticipaçõesem
BR-262, entre Viana, município Borges anunciou a mudança estão sendo complementados, po- Concessões
da região metropolitana de Vitória após reunião com a ministra da Ca-
ainda há dúvidas de ficar para 2014, segundo o mi- SociedadeCorretora:
(ES), e João Monlevade (MG), não sa Civil, Gleisi Hoffmann, e repre- quanto à BR-116 nistro dos Transportes. Com ABr CodepeCorretoradeValoresS.A.
4 Brasil Econômico Terça-feira, 17 de setembro, 2013

▲ BRASIL

A-B
Abertura de ■ BR-262 (ES/MG) — 375,6 km
Corresponde ao trecho entre Viana, município da região
metropolitana de Vitória (ES), e entroncamento com a BR 381 em
JoãoMonlevade (MG). Seria leiloada amanhã, mas nenhuma
proposta foi apresentada. Integrantes do governo avaliam que a

caminhos para
licitação deserta foi resultado de problemas locais e específicos
dotrecho, que não estão relacionados à modelagem, já que o
trecho para a BR-050 atraiu oito propostas. Especialistas
apontam que, dentre outros fatores, a duplicação do trecho de
Vitória à divisa de Minas Gerais, dependendo de obras do DNIT,
trouxe insegurança ao setor privado. Do total a ser
concedido, 191,4 quilômetros seriam duplicados.

a produção Pela rodovia transitam muitos turistas e carros


importados desembarcados no Porto de
Vitória em direção ao restante do país.
Também leva e traz produtos do
Vale do Aço, na região de
Ipatinga (MG).Os
investimentos exigidos
Indústria mostra otimismo com concessões de rodovias, mas eram calculados em R$
3,81 bilhões, dos quais R$
alerta para necessidade de apressar licitações das ferrovias 1,74 bilhão era referente
a custos operacionais.
Soja, milho, carne e minerais es- ciamento bancário, espera-se que
tão entre os produtos que saem do os concessionários emitam tam-
Centro-Oeste do país para consu- bém debêntures incentivadas co-
mo doméstico e exportação. Rodo-
vias melhores, portanto, irão aju-
mo instrumento adicional de cap-
tação de recursos.
O-P
dar no escoamento da produção, Segundo o governo, do ponto ■ BR-163(MT); 850,9 km

segundo o presidente da Federa- de vista do concessionário, o mo- O trecho a ser concedido inicia-se em Sinop
ção das Indústrias de Goiás (Fieg), delo financeiro está concluído. No (MT) e termina na divisa entre Mato Grosso e
Pedro Alves de Oliveira. momento, as negociações estão fo- Mato Grosso do Sul (em direção a Campo
“Nós entendemos que é a bus- cadas nas condições do repasse Grande), passando por Cuiabá e
ca de uma solução para o proble- dos recursos entre o BNDES e o Rondonópolis. A rodovia transporta grãos da
ma de logística do país, principal- pool de bancos. Um dos pontos maior região produtora do país em direção
mente aqui no Centro-Oeste, on- em discussão envolve o spread a aos portos de Santos e Paranaguá, a partir
de temos dificuldade de escoa- ser cobrado pelo BNDES ao trans- dos quais escoa a maior parte dos produtos
mento. E essa dificuldade tem pro- ferir os recursos às instituições fi- agrícolas brasileiros exportados.
vocado prejuízo ao setor produti- nanceiras. Uma das alternativas Estimativas do governo apontam que até
vo. Por isso, concordamos com a em negociação prevê a cobrança 2022 a produção de soja e milho da região
cobrança de pedágios, desde que de spreads mais baixos para ban- terá crescido 65%. Hoje, de acordo com as
não ocorram abusos”, acrescenta cos que aceitarem conceder o cré- associações de produtores, por gargalos no
Oliveira. Mas o maior benefício dito a prazos mais longos aos con- escoamento, há perda de produção.
mesmo, segundo ele, virá das con- cessionários.
cessões de ferrovias. “Precisamos Uma terceira fonte de recursos
agilizar e viabilizar o término da
ferrovia Norte-Sul, da Leste-Oes-
te e da Fico, a Ferrovia de Integra-
para os investimentos é a partici-
pação de fundos de pensão esta-
tais e suas empresas como acionis-
P-Q
■ BR-163 (MS) — 847,2 km
ção do Centro-Oeste.” tas nos consórcios participantes. Prosseguimento da BR-163 da divisa com o Mato Grosso,
Sobre o forte interesse de inves- Em carta divulgada recentemen- corta o Mato Grosso do Sul até a divisa com o Paraná, em
tidores pela BR-050, o presidente te, Caixa Econômica Federal, BB Guaíra (PR). Integra a rota para os portos de Santos e
do Conselho de Política Econômi- Banco de Investimentos, BNDES- Paranaguá, principais portas de saída de produtos
ca da Federação das Indústrias do Par, Petros (fundo dos funcioná- agrícolas do Brasil. O transporte da produção de grãos
Estado de Minas Gerais (Fiemg), rios da Petrobras) e Funcef (fundo no Mato Grosso do Sul enfrenta o mesmo
Lincoln Gonçalves Fernandes, diz dos funcionários da Caixa) se com- estrangulamento observado em Mato Grosso.
que essa é a “joia da coroa”, por- prometem a aportar , para este
que já está duplicada e tem volu- fim,até R$ 12 bilhões, limitados a
me de tráfico bastante intenso. 49% do capital social das socieda-
O governo estima investimen- des de propósito específico ou hol-
tos totais de R$ 50 bilhões nas con-
cessões das rodovias, dos quais
dings vencedoras dos contratos
de concessão. I.P e S.F.
T-U I-N
até 70% poderão ser financiados ■ BR-116 ( MG) — 816,7 km ■ BR-060(DF), BR-153(GO), BR-262(MG);
em até 25 anos, cinco dos quais de O trecho vai da divisa de Minas Gerais 1.176,5 km
carência, com juros de 2% ao ano com a Bahia (Divisa Alegre) até a divisa A Rodovia vai da divisa do Distrito Federal com Goiás,
além da Taxa de Juros de Longo com o Rio de Janeiro (Além Paraíba), a até Anápolis (trecho referente à BR-060), segue por
Prazo (TJLP). Os financiamentos partir de onde segue concedida à Goiânia até a divisa entre os estados de Minas e São
serão realizados por meio de ban- Governo estima ConcessionáriaRio-Teresópolis (CRT). Paulo (trecho referente à BR 153). A concessão inclui,
cos privados e públicos, mas com Éa principal viade integração entre as ainda, o segmento que vai de um entroncamento da
funding do Banco Nacional de De-
investimentos totais regiões Nordeste e Sudeste. BR-153 com a BR-262 em Minas Gerais, até Betim,
senvolvimento Econômico e So- de R$ 50 bilhões nas Especialistas costumam dizer que se a passando por cidades como Uberaba, Ponte Alta e
cial (BNDES). concessões das BR 116 ficar fechada poralguns dias, Nova Serrana, também em Minas. O trecho é
Os bancos atuarão como repas- podehaver desabastecimento nos considerado uma importante comunicação entre a
sadores e assumirão o risco de cré-
rodovias, dos quais supermercados nordestinos. Sem ela, a região Centro-Oeste, o triângulo mineiro, São Paulo e o
dito das operações. Do ponto de até 70% poderão ser alternativa economicamente possível Sul do país. Pelos trechos trafegam soja, milho, tomate,
vista do concessionário, a vanta- financiados em até 25 de transporte de gêneros e produtos derivados da cana de açúcar, derivados de leite, gado e
gem consiste em ter a possibilida- industrializados entre as duas regiões é carnes, alimentos e outros produtos industrializados.
de de operar com bancos dos
anos,com juros de 2% pornavegação de cabotagem. O trecho complementa a rota originária de Belém.
quais já é cliente. Além do finan- ao ano além da TJLP Aproximadamente metade dele exigirá duplicação.
Terça-feira, 17 de setembro, 2013 Brasil Econômico 5
Victor J. Blue/Bloomberg
FINANCIAMENTO DAS CONCESSÕES

Maior participação de bancos privados


O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e
Social (BNDES), Luciano Coutinho, disse ontem que a participação
dos bancos privados no financiamento para os leilões de concessões
das rodovias pode chegar a um terço do total. Segundo ele, esse é o
interesse do BNDES e do governo, mas ainda será necessário
analisar o potencial de cada um dos projetos. ABr

C-D Processo começou


■ BR-050 (GO/MG); 436,6 km
O trecho a ser disputado amanhã se inicia no entroncamento com a BR-040,
em Cristalina (GO), e vai até a divisa de Minas Gerais com São Paulo, no
em 1995, no governo
município de Delta. O sistema rodoviário abrange nove municípios: Cristalina,
Ipameri, Campo Alegre de Goiás, Catalão e Cumari, em Goiás, e Araguari,
Uberlândia e Uberaba em Minas. Transporta automóveis, peças automotivas e
produtos industrializados no eixo São Paulo-Brasília, além de soja e milho
de FHC, e continuou
produzidos na região Centro-oeste. A concessão inclui a duplicação de 218,5
quilômetros. São estimadas necessidades de R$ 5 bilhões, sendo R$ 3,03
bilhões de investimentos e R$ 1,97 bi de custos operacionais.
na gestão de Lula
Início foi complexo: primeira abrangendo 2,6 mil qui-
não havia regulamentação lômetros de rodovias e, a segun-

E-F e o Plano Real estava


sendo implantando
da, outros 680 quilômetros. Nesse
caso, foram concedidos trechos
importantes como, por exemplo,
■ BR-101 (ES/BA) — a Fernão Dias, a Régis Bittencourt
772,3 km Edla Lula e a BR-101 entre Niterói e a divisa
Localizado na Bahia, o elula@brasileconomico.com.br com o Espírito Santo.
trecho a ser licitado vai do Brasília A terceira etapa teve início em
entroncamento da BR–101 2010 e está em sua terceira fase,
com a BR–324, próximo a O sistema de concessões das rodo- lançada em 2012, dentro do Pro-
Feira de Santana, até o vias nasceu do reconhecimento, grama de Infraestrutura e Logísti-
entroncamento com a por parte do governo, da sua inca- ca (PIL).
BA-698, no acesso a Mucuri, pacidade para recuperar, manter Especialistas consideram a pri-
a 40 km da divisa com o e expandir a malha rodoviária fe- meira etapa a mais complexa,
Espírito Santo, abrangendo deral. A Agência Nacional de uma vez que a experiência era to-
52 municípios baianos. O Transporte Terrestre (ANTT) divi- talmente nova, não havia regula-
leilão está marcado para 23 de o Programa de Concessões de mentação e a economia brasileira
de outubro. Os orçamentos Rodovias Federais em três etapas. passava por importantes mudan-
de investimentos e custos de A primeira delas teve início em ças, com a implementação do Pla-
operação foram estimados 1993, quando a Portaria Ministe- no Real. Para os especialistas, no
em R$ 4,61 bilhões e R$ 2,98 rial número 10/93 deu início ao entanto, a segunda etapa trouxe
bilhões respectivamente programa. A partir de 1995, duran- mais problemas.
(preços de maio/2012). te o governo Fernando Henrique “O modelo implantado na pri-
Pretende-se ampliar o Cardoso, foram licitados seis tre- meira etapa é mais antipático, por-
conforto e a segurança do chos de rodovias, com uma exten- que é mais caro. Mas é o que fun-
forte fluxo turístico da são de 1,5 mil quilômetros. Naque- ciona bem”, diz o professor Re-
região. Pela rodovia le período foram concedidos os naud Barbosa, coordenador do
transitam ainda produtos trechos da Via Dutra, da Ponte Rio- curso de pós-graduação em Logís-
como madeira reflorestada. Niterói, da rodovia Rio-Teresópo- tica da Escola Brasileira de Admi-
Pretende-se reforçar a lis, da Rio-Juiz de Fora, da Osório- nistração Pública e de Empresas
rodovia como rota Porto Alegre e do Polo de Pelotas. (Ebape/FGV). “A experiência do
alternativa de transporte de A segunda etapa compreende governo Lula deu com os burros
produtos industrializados o período do segundo mandato do n’agua porque foi feita com licita-
entre as regiões Nordeste e presidente Luiz Inácio Lula da Sil- ção pelo menor pedágio. Não fun-
Sudeste, hoje concentrado va, já sob a coordenação da ANTT, ciona, porque os investidores não
na BR-116. criada em 2001. Esta etapa do pro- têm condições de manter os con-
grama se deu em duas fases — a tratos”, avalia o professor.

R-S RODOVIAS JÁ LICITADAS DESDE OS ANOS 90


ASSINATURA
RODOVIAS TRECHO EXTENSÃO (KM)
■ BR-040 (DF/GO/MG); 936,8 km DO CONTRATO
O trecho começa em Brasília (no BR-116/RJ/SP (NOVADUTRA) Rio de Janeiro – São Paulo 402,0 1995
entroncamento da BR-040 com a BR-101/RJ (PONTE) Ponte Rio-Niterói 13,2 1995
BR-251) e termina em Juiz de Fora, no BR-040/MG/RJ (CONCER) Rio de Janeiro – Juiz de Fora 179,9 1995
início do trecho hoje concedido à Rio de Janeiro – Teresópolis –
BR-116/RJ (CRT) 142,5 1995
operadora Companhia de Concessão Além Paraíba

G-H Rodoviária Juiz de Fora-Rio (Concer).


Inclui as cidades de Luziânia, Cristalina,
Paracatu, Três Marias, Sete Lagoas, Belo
BR-290/RS (CONCEPA)
BR-116/293/392/RS (ECOSUL)
BR-116/PR/SC (AUTOPISTA
Osório – Porto Alegre
Polo de Pelotas
121,0
623,8
1997
1998
Curitiba – Div. SC/RS 412,7 2008
■ BR-153 (GO/TO) — 814 km Horizonte e Barbacena, dentre outras. A PLANALTO SUL)
Vai de Palmas (TO) até Anápolis (GO), passando Fiat, por exemplo, exporta a maior parte BR-116/PR - BR-376/PR - BR 101/
Curitiba – Florianópolis 382,3 2008
por cidades como Paraíso do Tocantins e de sua produção de veículos via a BR 040 SC (AUTOPISTA LITORAL SUL)
Gurupi, no Tocantins e Porangatu e Uruaçu, em a partir de Belo Horizonte até o porto do BR-116/SP/PR (AUTOPISTA São Paulo – Curitiba (Régis
401,6 2008
Goiás. Apresenta intenso tráfego de Rio de Janeiro. Também escoa grandes RÉGIS BITTENCOURT) Bittencourt)
caminhões, grande parte deles vindos de Belém quantidades de minério de ferro a partir BR-381/MG/SP Belo Horizonte – São Paulo
562,1 2008
e Manaus com destino a São Paulo. É a mais de Minas Gerais e é via de distribuição de (AUTOPISTA FERNÃO DIAS) (Fernão Dias)
importante via de comunicação entre a produtos e insumos industrializados BR-101/RJ (AUTOPISTA
Ponte Rio-Niterói – Div.RJ/ES 320,1 2008
Amazônia Legal e o resto do país e uma das que importados. Apresenta tráfego saturado FLUMINENSE)
possui o tráfego mais carregado do país. Pelo na área próxima a Belo Horizonte com BR-153/SP (TRANSBRASILIANA) Div.MG/SP – Div. SP/PR 321,6 2008
trecho passam os equipamentos fabricados na elevado índice de acidentes. É apontada BR-393/RJ (RODOVIA DO AÇO) Div. MG/RJ - Entr.BR-116 (Dutra) 200,4 2008
Zona Franca de Manaus e os insumos para por empresários mineiros como um dos BR–116/324/BA e BA-526/528 Divisa BA/MG - Salvador - Acesso
680,6 2009
produzi-los. Também é via de transporte de principais entraves logísticos da indústria (VIABAHIA) à Base Naval de Aratu
grandes quantidades de soja, milho e gado na Zona da Mata Mineira, composta por Entr. com a BA-698 (acesso a
BR-101/ES/BA (ECO-101) 475,9 2013
produzido na região. cerca de 140 municípios na região Mucuri) - Divisa ES/RJ
sudeste do estado. TOTAL 15 TRECHOS 5.239,7
6 Brasil Econômico Terça-feira, 17 de setembro, 2013

▲ BRASIL

Evasão de talentos na Eletrobras


PDI joga no mercado pessoal especializado, formado em décadas, e gera vácuo de conhecimento na empresa
Paulo Alvadia
Fernanda Nunes visões do meu departamento”,
fernanda.nunes@brasileconomico.com.br ressalta. Já Carneiro é explícito na
crítica ao processo de transição da
Por quatro décadas o engenheiro experiência dos funcionários. “A
Luciano Carneiro atuou e acumu- Eletrobras não se preocupa com o
lou conhecimento em atividades know how que está perdendo.
no Grupo Eletrobras. No auge da Não há treinamento de transição.
carreira, assessorou a presidên- Só existe a preocupação de redu-
cia, trabalhando diretamente no ção do efetivo”,contesta.
planejamento do setor elétrico O que considera um vácuo de
brasileiro. Mas, há cerca de um conhecimento especializado no se-
mês, deixou a empresa na mesma tor de eletricidade como conse-
leva em que sairão, até 13 de de- quência do PDI, Carneiro irá utili-
zembro, 4,3 mil empregados, que zar como matéria-prima no insti-
aderiram ao Plano de Demissão In- tuto que está criando junto com
centivada (PDI), uma solução or- quatro ex-funcionários da Eletro-
çamentária para a companhia, bras. Aos 70 anos, ele admite que
após a imposição de queda de re- não tem chance de se recolocar no
ceita pelo governo. Carneiro irá mercado. Em compensação, os
abrir um instituto para repassar o profissionais que ingressam nem
conhecimento adquirido a nova- de longe têm a sua experiência, diz
tos do setor, inclusive de concor- ele. “O mais fácil foi partir para o
rentes da estatal, e projeta atuar, meu próprio negócio, prestando
até mesmo, em países da África, consultoria em conservação de
onde a Eletrobras ajudou a estrutu- energia ou em treinando novatos
rar o sistema elétrico para, em se- no setor, que possui uma carência
guida, retirar-se. Em trajetória se- muito grande de recursos huma-
melhante, Alcimar Tomas, após nos”, relata. A ideia é prestar servi-
37 anos de dedicação, deixará a ço para qualquer empresa, inclusi-
Eletrobras até o fim do ano para ve para a Eletrobras e, possivelmen-
ser “taxista ou corretor de imó- te, a companhias do segmento de
veis”. E Adilson de Souza, com 38 energia que não lidam somente
anos de experiência, “vai para ca- com o negócio de eletricidade, co-
sa para ficar um tempo sem plane- Carneiro: engenheiro vai abrir instituto para transferir o conhecimento acumulado em quatro décadas mo a Petrobras. “Tem muita gente
jar nada”. operando o sistema sem saber o
“O problema do PDI é que não que está fazendo”, argumenta.
é a empresa que escolhe quem sai. e condução da infraestrutura elé- mento, o que teria que ter feito até A Eletrobras, por meio de sua
É voluntário. E a tendência é que trica no país será transmitido aos o dia 18, mas não consegui. Nos pró- assessoria de imprensa, afirma
saiam os melhores, com mais pos- que permanecerão em seus cargos ximos meses, aproveito para conti- que as “empresas do grupo estru-
sibilidade de recolocação no mer- no curto período de cinco meses nuar transmitindo minha experiên- turaram planos para o repasse do
cado. O impacto para a compa- — de julho, quando o primeiro gru- Após o PDI, cia a quem fica, no meu dia a dia”, conhecimento e eles estão em an-
nhia depende da sua ambição. Se po de demitidos deixou a compa- afirma Tomas, responsável pela damento”. A estatal informa que,
a intenção é alterar o papel estraté- nhia, a dezembro deste ano, data
a Eletrobras mantém marcação de viagens de funcioná- após o PDI, mantém a proporção
gico que possui hoje, os danos são da última saída em massa. Nesse a proporção de rios da controladora do grupo. de profissionais envolvidos à sua
menores. Mas é claro que tem im- intervalo de tempo, os que aderi- profissionais Souza diz que, a três meses de atividade principal, de 55%, em
pacto”, ressalta o professor do ram ao PDI são obrigados a preen- se desligar, ainda debate com a comparação aos empregados de
Grupos de Estudos do Setor Elétri- cher um formulário, no qual des-
envolvidos à sua chefia do departamento financei- apoio, de 45%. A ideia é que a rela-
co do Instituto de Economia da crevem o cotidiano dos seus traba- atividade principal, ro um plano de transição, para ten- ção de trabalhadores focados na
UFRJ Edmar de Almeida. lhos, uma tentativa da empresa de de 55%, em tar deslocar a experiência adquiri- operação do sistema elétrico al-
Todo o conhecimento adquiri- reter o conhecimento, conta To- da ao longo de décadas. “Entrei co- cance 80% com o passar do tem-
do em décadas de trabalho na em- mas. “Preenchi rapidamente o for-
comparação pessoal mo contínuo e estou saindo como po, com a redução gradativa do
presa responsável pela montagem mulário de repasse de conheci- de apoio, de 45% economista. Conheço todas as di- pessoal de apoio.

Em obras para a construção de Angra 3, Eletronuclear posterga demissões


Companhia teme que Plano de Demissão Incentivada programa”, diz uma fonte da em- Com investimento de R$ 13 bi- mais antigos e a nova geração, que
perda de conhecimento (PDI). A companhia, que toca ho- presa. “Não podemos ter uma per- lhões e previsão de início das opera- ficará após a implantação do PDI.
je a construção da terceira usina da dessa magnitude nesse mo- ções em 2018, a usina de Angra 3 é o Depois da conclusão de Angra 3, a
de engenheiros antigos do complexo nuclear de Angra mento”, completa. A companhia projeto mais importante da Eletro- atuação da Eletronuclear ficará li-
prejudique o projeto dos Reis, está avaliando o melhor está concluindo as obras civis de nuclear desde a conclusão das obras mitada à operação das usinas de
momento para o início do progra- Angra 3 e trabalha para conse- da segunda usina do complexo, no Angra dos Reis, até que o governo
Nicola Pamplona ma. Ainda não há detalhes sobre guir destravar o processo de con- início dos anos 2000. A nova usina decida pela ampliação do parque
nicola.pamplona@brasileconomico.com.br cronograma e metas para a redu- tratação das obras de montagem tem potência de 1,4 mil megawatts nuclear brasileiro. Já existem estu-
ção do quadro de pessoal da em- eletromecânica, atrasado devido (MW) e capacidade de geração sufi- dos apontando locais para novas
O risco de perda de conhecimento presa, a única geradora do grupo a questionamentos do Tribunal ciente para atender, juntas, as cida- usinas às margens do rio São Fran-
levou a Eletronuclear, subsidiária que ainda não teve demissões. de Contas da União (TCU) e a pe- des de Brasília e Belo Horizonte. cisco, mas o processo foi desacele-
da Eletrobras responsável pela “Dos 220 engenheiros da área didos de impugnação por parte A empresa teme que não haja rado após o acidente nuclear de Fu-
operação das usinas nucleares bra- técnica da companhia, 180 cum- de consórcios que disputam a en- tempo para transferência de co- kushima, no Japão, que provocou
sileiras, a adiar a implantação do prem os requisitos para aderir ao comenda. nhecimento entre os engenheiros vazamento radioativo.
Terça-feira, 17 de setembro, 2013 Brasil Econômico 7
Reprodução
AGENDA

Submarino nuclear é tema de palestra


O Almirante -de-Esquadra Gilberto Max Hirschfeld, coordenador do
Programa de desenvolvimento de Submarino Nuclear da Marinha do
Brasil, fala hoje, às 19h, sobre o cenário Mundial e o programa de
desenvolvimento de submarino (Prosub). O encontro faz parte do
projeto Brasil uma Nação em Movimento e acontece na sede da
Seaerj (Sociedade dos Arquitetos e Engenheiros do Rio). Redação

Divulgação

CRÉDITO

US$ 56 bi
Foi o montante captado pelo poder
público brasileiro, nos últimos dez
anos, em 277 operações
de crédito fechadas com credores
internacionais, comoo Banco
Mundial e o BID

US$ 30 bi
Soma do total empréstimos
obtidos por 49 municípios,
24 estados, além do Distrito
Federal no mesmo período

Obra do metrô de São Paulo: estado é o segundo na lista dos que mais captaram no mercado internacional, com dívida de US$ 5,8 bilhões

Dólar pressiona dívida


Banking Corporation e Japan
Bank for Internacional Coopera-
tion, contraídos em 2004 e 2008.
Contudo, há estados brasilei-
ros que estão buscando refinan-
ciar suas dívidas com a União, uti-

de estados e municípios lizando os recursos de credores


internacionais como a Bahia. No
ano passado, o governo Jaques
Wagner, contratou US$ 600 mi-
lhões do BID para financiar seu “
Segundo dados da CAE, poder público captou no exterior, em 10 anos, US$ 56,6 bilhões Programa de Consolidação do
Equilíbrio Fiscal para o Desenvol-
vimento”.
Patrycia Monteiro Rizzotto pios, 24 estados e o Distrito Fede- De acordo com ele, a flexibiliza- 2011. Segundo levantamento rea- Os estados que mais contraí-
pmonteiro@brasileconomico.com.br ral que, juntos, realizaram 205 em- ção dos critérios do Ministério da lizado pela CAE, o montante to- ram empréstimos com credores
São Paulo préstimos. Outros US$ 15,8 bi- Fazenda visava a incrementar os tal de empréstimos externos cres- internacionais nos últimos dez
lhões foram contraídos pela investimentos nacionais em in- ceu de US$ 1,6 bilhão em 2003, anos foram Minas Gerais, captan-
A tendência de alta do dólar este União, enquanto as estatais brasi- fraestrutura e o crescimento eco- com dez operações contratadas. do US$ 7,5 bilhões, em 12 opera-
ano vai contribuir para elevar o leiras obtiveram US$ 10 bilhões nômico do país. O crescimento foi lento e gradual ções; seguido por São Paulo, com
nível do endividamento de esta- em recursos estrangeiros. De fato, as operações de crédi- até 2007, quando em 2008 foram empréstimos que somam US$
dos e municípios que contraíram “O boom dessas operações de to com instituições financeiras registrados 34 operações de cré- 5,8 bilhões, em 27 operações;
empréstimos com credores inter- crédito se deu a partir de 2008, gra- internacionais cresceram dito entre os entes federativos e além do Rio de Janeiro, que con-
nacionais, como o Banco Mun- ças a uma conjugação de forças 77,35% no período entre 2006 e os credores internacionais, além tratou US$ 3,6 bilhões, em 16 ope-
dial e o Banco Interamericano de econômicas. Uma delas foi a estabi- de novas 45 operações em 2009, rações. A Bahia tomou outros
Desenvolvimento (BID), dimi- lidade cambial e valorização do mais 50 em 2010. No ano passa- US$ 2,1 bilhões emprestados de
nuindo também a empolgação real frente ao dólar — que tornou do, foram registradas 46 opera- credores estrangeiros e o Ceará
de governadores e prefeitos que essas linhas de crédito internacio- ções de empréstimos que soma- mais US$ 1,2 bilhão.
pretendiam contrair mais crédi- nais mais atrativas que as nacio- Levantamento da ram US$ 14 bilhões. “A alta recente do dólar não vai
to no exterior. nais, que tradicionalmente têm ju- Boa parte dos recursos capta- causar um colapso nas finanças
Segundo dados da Comissão de ros bem mais elevados. Outro fator
Comissão de Assuntos dos no exterior pelos estados e mu- dos estados e municípios brasilei-
Assuntos Econômicos do Senado indutor foi uma mudança no com- Econômicos do Senado nicípios foram aplicados em proje- ros porque as dívidas externas re-
(CAE), nos últimos dez anos, o po- portamento do governo federal (CAE) informa que tos de infraestrutura, como rodo- centes não têm grande peso na dí-
der público brasileiro captou US$ que flexibilizou as regras, permitin- vias e transporte público. Foi o ca- vida pública em geral. Mas perce-
56,6 bilhões, em 277 operações de do que mesmo os estados que ti-
as operações de crédito so de São Paulo. Dados da CAE bemos que os números de opera-
crédito negociadas com institui- nham um nível de endividamento com instituições mostram que as obras linha 4 do ções diminuíram este ano e ten-
ções financeiras internacionais. alto pudessem contrair emprésti- internacionais metrô, por exemplo, contaram dem a ser reduzidos ainda mais da-
A maior parte desses recursos, mos com esses credores internacio- com recursos do Banco Mundial e qui para frente por causa do risco
pouco mais de US$ 30 bilhões, fo- nais”, afirma Josué Pelegrini, con-
cresceram 77,35% no também de um consórcio japonês cambial que ficou mais iminen-
ram contratados por 49 municí- sultor jurídico do Senado. país, entre 2006 e 2001 formado pelo Suminoto Mitsui te”, diz Pellegrini.
8 Brasil Econômico Terça-feira, 17 de setembro, 2013
Pedro França/Ag. Senado

▲ BRASIL CONGRESSO NACIONAL

José Sarney reassume no Senado


O senador José Sarney (PMDB-AP) retomou ontem suas atividades
parlamentares, depois de 54 dias de afastamento por complicações
de saúde, decorrentes de uma dengue e um princípio de pneumonia.
Sarney esteve internado no Hospital UDI do Maranhão e no Hospital
Sírio-Libanês em São Paulo, de onde recebeu alta no último dia 21.
Antes de deixar a internação, ele passou por um cateterismo. ABr

Regulamentação dos EUA deve


abrir mercado à carne nacional
Expectativa é que ainda este ano entrem em consulta pública as regras para importação do produto in natura
Alessandro Costa
Gustavo Machado Enquanto o acordo
gmachado@brasileconomico.com.br
São Paulo
não sai, a agência
classificadora de risco
O indústria de carnes bovinas de- Moody’s acredita que
ve alcançar seu auge no país em
2014. Além das boas margens que
indústria alimentícias
as processadoras estão tendo com brasileiras ganharão
o preço baixo na produção, os in- competitividade em
dustriais se beneficiarão com a re-
dução do rebanho norte-america-
2014 com o baixo
no, o maior concorrente nacional, preço da arroba
de acordo com relatório da agên-
cia classificadora de risco Moo-
dy’s. Além disso, produtores e in-
dustriais poderão ganhar escala
com a regulamentação que está Segundo ele, que acompanha o
para ser aprovada nos Estados Uni- tema de perto, há um temor de
dos, que permitirá a exportação que os EUA estejam utilizando es-
de carne in natura pelo Brasil. ta negociação para acessar o mer-
O entendimento é fruto da dis- cado brasileiro. Pelas regras do
puta do algodão, ganha pelo país Mercosul, o mercado do bloco fica
na Organização Mundial do Co- fechado por sete anos para países
mércio (OMC) em 2010. É uma que tenham registrado qualquer
das contrapartidas oferecidas por caso de EEB, mais conhecida co-
Washington ao Brasil pela concor- mo doença da vaca louca.
rência desleal no produto. Três O secretário de agricultura dos
anos depois, no entanto, a regula- EUA, Tom Vilsack, em visita recen-
mentação ainda não saiu, pois os te ao país, atrelou a assinatura da
norte-americanos alegam que o consulta pública à visita de Dilma
acordo, feito à parte da negocia- Rousseff a Washington, em 23 de
ção na OMC, não tem valor legal. outubro. Mas com a crise diplomá-
De qualquer forma, está previs- tica detonada pelo o vazamento
ta ainda para este ano a consulta de informações da Agência Nacio-
pública feita pelo Departamento nal de Segurança (NSA), o encon-
de Agricultura dos Estados Unidos tro está em xeque.
(USDA, na sigla em inglês) e para Agora o Itamaraty não sabe
2014 a regulamentação final para quando será assinado o termo. “A
que brasileiros possam exportar. rigor, essa regulamentação deve-
Hoje, existem acordos pontuais ria sair até mesmo neste ano. Mas
com companhias nacionais para a o último prazo escrito fornecido
exportação de carne processada. por eles foi abril, que não foi cum-
Em 2013, as vendas brasileiras já Brasileiros querem vender o dianteiro magro bovino, corte utilizado na produção de hamburgueres prido”, afirma. No próximo dia 7,
chegam a US$ 148 milhões, sendo acontece a reunião do Comitê Con-
o mercado norte-americano o sultivo Agrícola (CCA) Brasil - Es-
maior comprador do produto. tados Unidos, no qual Tom Vilsa-
“Na prática, os norte-america- ck e Antônio Andrade, ministro
nos negam a existência desse com- da Agricultura, se encontrarão.
promisso, feito durante o painel “Somente aí saberemos quão vin-
da OMC. Mas temos uma carta culada está a assinatura da consul-
que comprova isto”, diz Orlando ta pública à visita da Dilma”, com-
Leite Ribeiro, Chefe da divisão de plementa Leite Ribeiro.
Agricultura do Itamaraty. Enquanto o acordo não sai, a
Moody’s acredita que empresas
brasileiras ganharão competitivi-
O entendimento dade em 2014. De acordo com Ma-
rianna Waltz, diretora da agência,
é fruto da disputa do criadores de gado brasileiros des-
algodão, ganha pelo frutam de vantagens estruturais
país na Organização em relação aos produtores dos
EUA, como a criação no pasto.
Mundial do Comércio Mesmo que os custos cresçam em
(OMC) em 2010. É uma 2014, os Estados Unidos depen-
das contrapartidas dem das cotações de soja e milho,
que compõem a ração dos ani-
oferecidas pelos mais, e que podem afetar os reba-
EUA ao Brasil nhos em 2014.
Terça-feira, 17 de setembro, 2013 Brasil Econômico 9

Paulistanos não largam o carro


Pesquisa mostra que, apesar do discurso pelo transporte público, mais gente usa o veículo próprio todos os dias
Murillo Constantino

Amanda Raiter
amanda.raiter@odia.com.br

Mais paulistanos dizem que deixa-


riam o carro em casa se houvesse
boas opções de transporte públi-
co, mas o número dos que efetiva-
mente se deslocam diariamente
com automóveis particulares tam-
bém cresceu de 2012 para este
ano. Isso é o que constatou pesqui-
sa realizada pela Rede Nossa São
Paulo, em parceria com o Ibope,
que contou com 805 entrevistas
nas cinco regiões da cidade (Nor-
te, Sul, Centro, Leste e Oeste), en-
tre os dias 20 e 27 de agosto.
Segundo a pesquisa, o percen-
tual de pessoas que dizem que dei- O paulistano gasta, em média, duas horas e 15 minutos por dia no trânsito e 69% avaliam o tráfego da cidade como ruim ou péssimo
xariam de usar carro, caso houves-
se opções boas de transporte públi-
co na cidade de São Paulo, cresceu município, foram aprovadas por ou “muito grave”, 28% disseram redução da tarifa do transporte pú-
de 65%, no ano passado, para 93% dos entrevistados. Porém, só não estar dispostos a trocar o veí- blico recebeu rejeição de 53%, con-
79%, em 2013. O levantamento 5% deles apontam a iniciativa co- culo por modelo menos potente tra 45% a favor.
mostrou também que o percen- mo principal item para atrair usuá- para reduzir a emissão de poluen- Quanto ao custo do transporte,
tual de quem usa, diariamente, au- rios ao transporte. tes (na pesquisa do ano passado o 56% defenderam “tarifa interme-
tomóveis na capital paulistana Para 25% dos entrevistados, a percentual era de 20%). Já a troca diária”(metade paga pelo usuário
cresceu de 23% para 27% em 79% dizem que diminuição na espera por ônibus por veículo a álcool não é aceita e o restante, pelo governo); 34%
igual período. Além disso, o pau- lidera como diferencial para atrair por 24% — em 2012, eram 18%. são a favor da “tarifa zero”(total-
listano gasta, em média, duas ho-
deixariam de usar o o público. Em 2012, a questão que Quando se trata de estímulo ta- mente custeada pelo governo) e
ras e 15 minutos por dia no trânsi- carro, caso houvesse mais influenciava para a adesão rifário para melhorar o trânsito na 7% optaram pela “tarifa cheia” (to-
to e 69% avaliam o tráfego da cida- opções boas de de entrevistados ao meio de trans- cidade, a aprovação do público te- talmente paga pelo usuário). E
de como “ruim” ou “péssimo”. porte era a melhoria nas condi- ve alta. Dentre as medidas que rece- 21% acham a tarifa zero inviável.
Os que não estariam dispostos a
transporte público. ções físicas de conforto, com beram apoio estão o pedágio urba- Sobre as recentes manifestações,
deixar de usar carro diariamente Porém, 27% 31%. Agora, o item foi lembrado no (de 17%, em 2012, para 27%, 58% declararam ser favoráveis,
aumentaram de 50%, em 2012, pa- utilizam o automóvel por apenas 23%. em 2013) e o rodízio de dois dias desde que não compliquem o trân-
ra 52%, neste ano. Mesmo que a poluição seja (de 37% para 49%). sito, enquanto 34% são a favor
Em relação às faixas exclusivas
na capital paulista apontada por 91% dos entrevista- Já a estratégia do aumento do mesmo, com interrupções e con-
para ônibus, recém-criadas no todos os dias dos como um problema “grave” preço da gasolina para subsidiar a gestionamentos na cidade.
10 Brasil Econômico Terça-feira, 17 de setembro, 2013
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▲ BRASIL BALANÇA COMERCIAL

Exportações superam importações


A balança comercial brasileira registrou novo superávit (exportações
maiores do que importações) na segunda semana de setembro, de
US$ 617 milhões. Com isso, o déficit acumulado no ano voltou a cair,
de US$ 3,47 bilhões para US$ 2,85 bilhões. O superávit da segunda
semana foi resultado de exportações de US$ 5,22 bilhões e
importações de US$ 4,61 bilhões. ABr

Exército de resitência CURTAS


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à licitação do pré-sal
Personalidades de peso no governo Lula se unem para recorrer à Justiça contra o leilão
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Nicola Pamplona
nicola.pamplona@brasileconomico.com.br

Um grupo de ex-aliados do gover-


no PT decidiu engrossar as fileiras
contra o primeiro leilão do pré-
sal, previsto para o dia 21 de outu-
bro. O ex-presidente do Banco Na-
cional de Desenvolvimento Econô-
mico e Social (BNDES), Carlos Les-
sa, o ex-diretor da Petrobras, Ildo
‘Bida’ não consegue
Sauer, e o jurista Fábio Konder habeas corpus
Comparato, além do senador para-
naense Roberto Requião (PMDB), A Segunda Câmara Criminal do
vão se unir a entidades que repre- Tribunal de Justiça do Pará
sentam os petroleiros em uma negou, por unanimidade, o pedido
ação judicial para tentar impedir a de habeas corpus impetrado pela
concorrência, com o argumento defesa do fazendeiro Vitalmiro
de que o modelo proposto vai con- Bastos de Moura, o “Bida”,
tra os interesses nacionais. condenado a 30 anos de prisão
O grupo defende que a venda como um dos mandantes do
de 70% do projeto a empresas pri- assassinato da missionária
vadas — a lei garante à Petrobras norte-americana Dorothy Stang
um mínimo de 30% de participa- (foto), em 2005. Bida, que já foi
ção — fere os princípios da efi- condenado em dois julgamentos e
ciência e da moralidade da admi- absolvido em outro, cumpre pena
nistração pública, previstos na em regime semiaberto e vai a
Constituição. “A lei permite a novo júri na quinta-feira. ABr
contratação direta da Petrobras
para produzir Libra, se for esta a
melhor decisão no atual contex-
IGP-10 acumula
to, com arranjo que reduz os ris- 3,33% em 2013
cos e, por isso, garante mais bene-
fícios econômicos ao Tesouro Na- O Índice Geral de Preços ao
cional”, diz Sauer. Consumidor-10 (IGP-10/Ibre-FGV)
No primeiro leilão, a Agência teve variação de 1,05% em
Nacional do Petróleo, Gás Natural setembro. Em 2013, o índice
e Biocombustíveis (ANP) vai ofere- acumula alta de 3,33%, e a soma
cer a área de Libra, com reservas Ildo Sauer, professor da USP: Constituição permite que a Petrobras opere sozinha o campo de Libra chega a 4,13% nos últimos 12
estimadas de 8 bilhões a 12 bi- meses. Entre os três índices que
lhões de barris. Vencerá a disputa compõem o IGP-10, o Índice de
o grupo que oferecer, além do bô- Preços ao Produtor Amplo (IPA)
nus de R$ 15 bilhões, a maior parti- 5 MINUTOS foi o que teve a maior variação, de
cipação em petróleo para a União. ILDO SAUER 1,46%, mais de um ponto
Para Sauer, que ocupou a diretoria Diretor do Instituto de Energia e Ambiente da USP percentual acima do 0,19% de
de Gás e Energia da estatal nos me- agosto. Apenas o grupo Bens
ses iniciais do primeiro governo Finais apresentou recuo, de
Lula, o modelo proposto privile-
gia a arrecadação do governo nes-
“O governo Petrobras. Não precisa fazer lici-
tação e dá para negociar direta-
de usar uma arma atômica na
indústria do petróleo. E o gover-
0,02%. ABr

te ano, em detrimento de ganhos


de longo prazo. age como uma mente os benefícios e a produ-
ção. Só que o governo decidiu
no está agindo como uma crian-
ça, que não sabe o que está fa-
IPC-S registra
Questionado sobre a capacida- entregar tudo em troca de miga- zendo. Em troca de migalhas. alta de 0,27%
de financeira da Petrobras para to- criança” lhas microeconômicas, de R$
car sozinha o projeto, diante das
dificuldades de caixa enfrentadas
15 bilhões para tapar as contas,
que estão problemáticas. Ou 3 Quais os argumentos para a
ação jurídica?
O Índice de Preços ao Consumidor
Semanal (IPC-S/FGV) subiu 0,27%
pela empresa, Sauer defende que
a exploração seja feita no longo
prazo. Entidades sindicais ligadas
1 Porque a proposta de ação ju-
dicial contra o leilão?
O governo não sabe o que está
são ingênuos, ou incompeten-
tes ou estão agindo de má-fé.
São cinco os critérios básicos
da administração pública:
transparência, impessoalida-
na segunda quadrissemana de
setembro, depois de avançar
0,25% no período anterior. A FGV
aos petroleiros, como a Associa-
ção dos Engenheiros da Petrobras
(Aepet), têm feito manifestações
fazendo em termos geopolíti-
cos. Está se alinhado à iniciati-
va americana para reduzir os
2 Mas a Petrobras teria condi-
ções de tocar tudo sozinha?
A primeira pergunta é, porque
de, publicidade, eficiência e
moralidade. Eles claramente
não estão sendo transparentes
destacou o grupo Transportes,
cujos preços caíram 0,09%, queda
menor que o 0,17% da apuração
em todos os eventos da ANP rela- preços do petróleo quando de- tem que fazer isso agora? O que porque não explicaram as ra- anterior. Nesta classe de
cionados à concorrência. Hoje, a veria ficar ao lado da Opep e da nós vamos ganhar com isso? zões da decisão. E não estão res- despesas, destacou-se o
agência promove um seminário Rússia para manter os preços al- Tem que refazer as bases disso. peitando a moralidade. Se há comportamento do item Seguro
para esclarecer dúvidas técnicas e tos. Em segundo lugar, o mode- Não sabem com o que estão li- outras saídas melhores, porque Facultativo para Veículo, cuja taxa
jurídicas das empresas interessa- lo está muito errado. A lei per- dando. Botaram na mão de fazer essa? E certamente essa passou de recuo de 0,8% para alta
das no leilão. mite contratar diretamente a meia dúzia de crianças o direito solução não é a mais eficiente. de 1%. Reuters
Terça-feira, 17 de setembro, 2013 Brasil Econômico 11

ARTIGO

Sai Summers, ficam as incertezas Editoria de Arte


Rogerio Studart
redacao@brasileconomico.com.br

omo um dos economistas mais

C
influentes na administração
Clinton (de quem foi secretário
do Tesouro), Lawrence Sum-
mers foi um dos principais de-
fensores do processo de desregu-
lamentação financeira. Esse processo
por sua vez permitiu os três pilares da
crise de 2008: a consolidação acelerada
do setor financeiro norte-americano
(gerando o problema sistêmico conheci-
do como too big to fail); o desenvolvi-
mento de uma série de instrumentos fi-
nanceiros (como alguns tipos de deriva-
tivos) utilizados basicamente para ma-
nobras especulativas; e o crescimento
sem precedente da alavancagem e do
risco sistêmico.
Já fora do governo, continuou a defen-
der o avanço daquelas inovações e da ala-
vancagem financeira, mesmo quando
os sinais de perigo eram evidentes. Por
exemplo, em 2005 na reunião anual dos
presidentes dos principais bancos cen-
trais do mundo, em Jackson Hole, Ra-
ghuram Rajan (hoje liderando o Banco
Central da Índia) demonstrou em um ar-
tigo que a existência de produtos finan-
ceiros complexos, somada a uma estru-
tura de remuneração dos principais exe-
cutivos financeiros, gerava incentivos
perversos, que terminavam por engen-
drar bolhas especulativas e elevados ní-
veis de risco (sistêmico) para toda a eco-
nomia. Com isto, Rajan apresentou uma
das mais contundentes evidências de
que a liberalização financeira então em
curso estaria levando a economia a uma
crise de grande escala, com possíveis
efeitos catastróficos. Summers pediu a
palavra e, de pé, basicamente desqualifi-
cou os argumentos de Rajan, chaman-
do-o por fim de “ludita” — ou seja, um
radical que se opõe ao progresso.
Summers é um economista contro-
verso, para dizer o mínimo. Além de seu A saída de Summers da te ela não é um indicador de como o Fed xos de capital excessivos — com todas
decisivo apoio a políticas econômicas irá se comportar no futuro próximo, as suas sequelas desestabilizadoras.
que se mostraram desastrosas, ele não
disputa pelo Fed é uma nem muito menos uma garantia de que Mas, para o debate interno nos EUA, o
mede suas palavras, mesmo quando pa- boa notícia. Parte dos EUA a História não se repetirá. No que tange que mais tem preocupado é a possibili-
ra falar de infundados preconceitos. Por não esqueceu como a visão à futura atuação do banco central norte- dade que, de novo, se esteja criando
exemplo, ainda como presidente da Uni- americano, o debate principal aqui é se uma bolha no mercado acionário, e, es-
versidade de Harvard, fez declarações ti-
dele sobre economia e se deve ou não dar continuidade à políti- pecialmente, no mercado imobiliário.
das como sexistas, dentre as quais a de política econômica ca extremamente expansionista dos úl- Nós todos já vimos esse filme antes, e o
que “a baixa representação de mulheres foram desastrosas timos cinco anos — o chamado quantiti- final não foi feliz.
em ciências exatas e engenharia se de- ve easing (QE). Essa política se iniciou Tudo isso indicaria que o Fed deveria
via a uma diferença da habilidade das em 2009 com a compra sistemática de começar a repensar sua forma de atua-
mulheres nestes campos, e não por ra- ativos financeiros privados de longo pra- ção já na sua próxima reunião. Porém
zões de discriminação e socialização”. zo (incluindo hipotecas). Que gerou pe- há um “detalhe”: apesar da melhora do
Apesar disto tudo, sua nomeação ao lo menos dois enormes inconvenientes. mercado de trabalho norte-americano,
Fed, o banco central norte-americano, Por um lado, desde 2008 o balanço das os sinais de recuperação ainda não são
era dada como certa. De fato, Obama tem gigantes instituições financeiras priva- tão fortes assim.
razões de ser-lhe grato. No começo do das engordou quase simetricamente ao Ou seja, o Fed atualmente enfrenta
seu governo, Summers atuou como um crescimento acumulado do passivo do um dilema de difícil solução: se não pa-
dos seus principais assessores nos progra- Fed (cerca de US$ 3,7 trilhões). E como ra o QE, continua a colocar querosene
mas de salvamento do setor financeiro e houve um processo de consolidação do num processo de crescente risco sistê-
nos de estímulo econômico que se segui- setor financeiro após a crise, agora es- mico que cada vez mais se assemelha à
ram — cujos resultados, frente à profundi- sas instituições são ainda maiores e fogueira especulativa que nos levou ao
dade da crise de 2008, são tidos como mais concentradas do que antes. Ou se- colapso financeiro de 2008. Mas se ele
bons. Mas Obama teria alguma dificulda- ja, nunca o argumento de too big to fail para, ameaça uma ainda frágil retoma-
de de defender o nome de Summers pe- foi mais válido: a bancarrota de uma da da economia nore-americana. Hoje
rante o comitê do senado responsável pe- única grande instituição norte-ameri- (terça-feira) e amanhã o comitê do Fed
la nomeação — já que quatro membros, riam por si só uma boa razão para não cana poderia mais que nunca gerar pro- se reúne para discutir essa questão. Mas
democratas, entre os doze senadores do nomeá-lo. Mas porque ela sinaliza que cessos encadeados de quebra nos Esta- sabemos que qualquer que seja o resulta-
comitê já haviam se declarado contrários uma parte da sociedade norte-america- dos Unidos e no mundo. do dessa reunião, as incertezas e as dúvi-
a essa possível nomeação, mesmo antes na não esqueceu a História recente e co- Por outro lado, o crescimento e a das sobre a atuação do Fed infelizmente
das audiências protocolares. mo a visão de Summers sobre econo- consolidação das instituições financei- continuaram muito depois que o capítu-
Nesse último domingo, Larry Sum- mia e política econômica foram desas- ras privadas têm possibilitado crescen- lo da sucessão de Bernanke se resolva.
mers retirou sua candidatura. Sua saída trosas para essa sociedade — e para o res- tes “voos especulativos” dentro do sis-
da disputa é, de certa forma, uma boa to do mundo. tema. Já falamos, na nossa coluna, co- Rogerio Studart, professor da UFRJ e diretor executivo
notícia. Não somente por suas declara- A saída da competição de Summers mo alguns desses “pousaram” em eco- adjunto pelo Brasil no Banco Mundial.
ções machistas — que, a meu ver, já se- é, portanto, um alívio. Mas, infelizmen- nomias emergentes, na forma de flu- As opiniões aqui expressas são pessoais.
12 Brasil Econômico Terça-feira, 17 de setembro, 2013

▲ EMPRESAS
Editora: Flavia Galembeck
flaviag@brasileconomico.com.br

Toldos
nacionais tipo
exportação
Criado por uma empresa local, a Sepa Engenharia, a cobertura do
ancoradouro do Porto de Santos já atraiu interesse de 11 países


Daniel Carmona Os operadores logísticos que
dcarmona@brasileconomico.com.br atuam com commodities como
São Paulo soja, açúcar, café e algodão são
obrigados a suspender os traba- A modernidade dos
Uma estrutura de 3,2 mil tonela- lhos de 90 a 120 dias por ano por
das de aço entrelaçado em mem- causa da umidade que compro-
componentes permite
branas de DVDF (liga de PVC e te- mete o produto. Depois de 53 es- que a criação de algo
flon), com altura equivalente a boços que mobilizaram outros 13 inédito, com precisões
de um edifício de 26 andares e ex- engenheiros, Fiedler enfim tinha
tensão de três campos de fute- um confiável projeto em mãos pa-
milimétricas, e de
bol, é a menina dos olhos do en- ra “devolver” a Rumo, braço lo- rápida instalação. É um
genheiro Nelson Fiedler para gístico do grupo Cosan que paga- projeto que gera uma
transformar o mau tempo que rá R$ 65 milhões pela solução.
tanto prejudica o embarque e de- As lonas são confeccionadas
economia impensável
sembarque de mercadorias em desde o início do ano em Araçari- de recursos”
uma solução de escala global. Tra- guama, no interior de São Paulo, Nelson Fiedler
ta-se de um gigantesco e inédito na fábrica da Sepa (Soluções de Engenheiro e sócio da Sepa
telhado que, sob os olhares aten- Engenharia e Projetos das Améri-
tos de 12 países já interessados no cas), empresa que Fiedler man-
projeto,começará a ser erguido tém com outros três sócios. Já as
em duas semanas no ancoradou- estruturas de aço serão monta-
ro da Rumo/Cosan em Santos. das em uma unidade da empresa
O telefonema despretensioso em Caraguatatuba, no litoral pau-
recebido há cinco anos despertou lista, e serão conduzidas até San-
a ambição de Fiedler para buscar tos através de balsas. “Será mais minal da empresa atualmente
uma solução. “Eles me diziam fácil fazer a logística dessas pe- por ano, a capacidade operacio-
que era preciso carregar o navio, ças pelo mar do que através da ro- nal vai subir a 16 milhões de tone-
mas era preciso esperar a chuva dovia”, explica André Barone, di- ladas. A durabilidade prevista pa-
passar”, explica o engenheiro. retor-executivo e sócio da Sepa. ra os 35 mil metros quadrados de
O ineditismo da obra, que se- membranas é de 25 anos.
gundo Nelson Fiedler vai repre- “A modernidade dos compo-
sentar uma economia sem prece- nentes permite que a gente desen-
dentes de recursos ao garantir a volva algo inédito, com precisões
operação dos portos e reduzir as milimétricas, e de rápida instala-
perdas, levou a empresa a inves- ção. É um projeto com vida pró-
tir US$ 300 mil em patentes pelos pria que gera uma economia im-
quatro cantos do mundo. Além pensável de recursos”, acrescenta
NÚMEROS do Brasil, a cobertura naval foi Fiedler. Em cenários mais pessi-
formalizada nos Estados Unidos, mistas (épocas de chuvas), um ca-
90a120dias México, Argentina, Vietnã, Áfri-
ca do Sul, União Europeia e ou-
minhão chega a aguardar até duas
semanas para conseguir fazer o es-
É o tempo perdido a cada ano em tros seis países do leste europeu. coamento de uma commodity co-
virtude da chuva , que suspende “A partir do momento que es- mo a soja. Além disso, quanto
os trabalhos de embarque ou sa cobertura for entregue, tenho mais tempo um navio permanece
desembarque das embarcações certeza que teremos um novo pa- atracado, maior é o gasto de com-
graneleiros nos portos. radigma. Onze países já formali- bustível para mantê-lo no local.
zaram a intenção de contar com Por fim, Fiedler ainda reflete so-

120 metros essa cobertura e a Argentina deve


ser o 12º, mas todos querem espe-
rar para ver a obra que será feita
bre sua criação: “O impacto na ba-
lança comercial para uma solução
como essa é imediato. É uma ideia
de extensão terá a cobertura, em Santos”, acrescenta Barone. simples, mas que hoje é executá-
capaz de comportar dois navios Segundo Fiedler, em dois vel. Se lá na outra ponta, na mesa
cargueiros padronizados, de 20 anos o investimento da Rumo se- do brasileiro, a comida chegar mi-
pés (60 metros de comprimento) rá pago. Dos cerca de 11 milhões nimamente mais barata, terei
ou 40 pés (120 metros). de toneladas que passam pelo ter- cumprido meu papel”
Terça-feira, 17 de setembro, 2013 Brasil Econômico 13
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AVIAÇÃO

Nova falha técnica no 787 Dreamliner


A Norwegian Air Shuttle sofreu outra falha técnica em um de seus
787 Dreamliner, da Boeing. O problema fez com que a companhia
aérea tivesse que limitar o peso e, com isso, 70 passageiros não
puderam embarcar em Nova York, no último domingo.No começo
do mês, as duas aeronaves desse tipo da companhia foram impedidas
de voar por falhas técnicas, de eletricidade e de freio. Reuters

Patricia Stavis Fotos Divulgação

André Barone
(à esquerda)
e Nelson Fiedler:
responsáveis
pela cobertura
do Maracanã
(foto do topo,
à direita),
a estrutura do
porto de Santos
(à dir., foto
ao centro),
e estações
do teleférico do
Morro do
Alemão, no Rio
(à dir., abaixo)

Quase quebrada, Sepa apostou na gestão e


mudou o foco de eventos para grandes obras
Dos estúdios e produções da estruturas de aço começa nesta mo é o caso do Rock In Rio, cuja
Globo para o alto mar. Com um semana a finalização do Beira- Cidade do Rock, onde acontece o
amplo feedback de soluções ino- Rio, em Porto Alegre. Resta ain- festival, também assinada por Fie-
vadoras desenvolvidas ao longo da a Arena das Dunas, em Natal, dler. “A gente diminui a ênfase
das últimas duas décadas para projeto que deve começar, para nos eventos por dois motivos: é
as gravações da emissora, o en- a Sepa, no fim do ano. um segmento que não paga tão
genheiro Nelson Fiedler come- “O Nelson me chamou para bem e você fica dependendo de
çou a estruturar os voos mais al- conversar em 2010. O foco dele uma certa sazonalidade”.
tos há quatro anos, a partir da eram os eventos. Diria que 80% Agora, a empresa, que espera
aproximação com André Baro- do negócio dele estava estrutu- consolidar um faturamento de
ne. De um lado, um engenheiro rado em eventos, com outros R$ 80 milhões no próximo ano,
gaúcho que nas horas vagas bus- 20% para as obras”, relembra parte para o ataque em sua
ca a inspiração no surf, na músi- Barone. “E a empresa dele tam- agressiva estratégica de interna-
ca e na vela, e do outro, um pau- bém estava quebrada do ponto cionalização com a criação de
listano engravatado com baga- de vista administrativo. Nem uma base na Rússia e outra no
gem de mercado e a ambição pa- fluxo de caixa tinha. A gente re- Catar. “São os próximos desti-
ra concretizar um grande negó- paginou tudo isso e, depois de nos da Copa. Na Rússia estamos
cio. Assim nasceu a Sepa, que um reestruturação, surgiu a Se- concorrendo com 11 projetos de
com a ajuda de outros dois só- pa em fevereiro de 2011”. cobertura para os 12 estádios
cios, abocanhou recentemente As tendas que abrigavam os ce- que vão sediar o evento em
três grandes projetos ligados à nários da Globo ficaram no passa- 2018”, acrescenta Barone, que
Copa do Mundo. do. E a conta foi invertida: hoje, conta com o apoio dos também
Depois da cobertura do Mara- 80% do negócio está ligado a sócios Jorge Yazigi e Daniel Car-
canã, a empresa de tecnologia obras, com apenas 20% para even- doso, este focado nas operações
de membranas tensionadas em tos. De preferência os grandes, co- internacionais.
14 Brasil Econômico Terça-feira, 17 de setembro, 2013

▲ EMPRESAS

Com selo de qualidade, cachaça


carioca ganha novos mercados
Projeto de certificação da bebida, do Sebrae/RJ, faz com que pequenos produtores exportem para UE, EUA e Ásia
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Erica Ribeiro
eribeiro@brasileconomico.com.br

Sete das quinze marcas fluminen- Esse segmento é


ses, que fazem parte do Projeto de
Certificação da Cachaça no Esta-
composto por 39,2 mil
do do Rio de Janeiro, promovido pequenos negócios,
pelo Sebrae/RJ, foram premiadas que representam 99%
com medalhas de ouro, prata e
bronze, durante a 23ª Edição da
dos produtores no país.
Expocachaça Dose Dupla, realiza- O apoio do Sebrae foca
da em São Paulo, de 3 a 8 de setem- na qualificação e gestão,
bro. O objetivo do projeto é qualifi-
car os produtores de cachaça do es-
visando o aumento
tado, segundo padrões estabeleci- da competitividade”
dos pelo Instituto Nacional de Me- Luiz Barreto
trologia, Qualidade e Tecnologia Presidente do Sebrae Nacional
(Inmetro), por meio da adoção de
melhores práticas de gestão.
O projeto já traz bons resulta-
dos para os pequenos e médios
produtores. Caso da cachaça Co-
queiro, de Paraty. “Depois que fo-
mos certificados com a Indicação
Geográfica de Procedência (IGP), mercado. Mas buscamos também
tivemos uma maior visibilidade e o aval dos brasileiros”, afirma o
vários convites para dar palestras produtor Vicente Bastos, que é cer-
a outros produtores. A cada ano, a tificado pelo selo do Inmetro.
certificação agrega mais valor ao A empresa foi aberta em 1977 e
produto”, afirma o produtor começou exportar em pequena es-
Eduardo Mello. cala em 1981. Em 2009, começou a
Com o documento que estabele- produzir os três tipos de cachaça
ce a denominação de origem, ele que oferece atualmente. Uma delas
acredita que os pequenos produto- é envelhecida no barril de jequitibá.
res têm mais condições de alcan- A segunda passa por tonéis de ipê, o
çar novos mercados. Ele próprio já que garante à bebida mais tanino e
prospecta clientes nos Estados Uni- um sabor mais marcante. A terceira
dos, na União Europeia e na Chi- cachaça não é envelhecida.
na, para comprarem parte de sua Quinze produtores fluminenses já conquistaram a Indicação Geográfica de Procedência (IGP) Para o presidente do Sebrae Na-
produção de 50 mil litros ao ano. cional, Luiz Barreto, a certifica-
Do outro lado do estado do Rio, ção melhora a imagem do produto
em Rio das Flores, outro caso de beneficiados com a IGP de Paraty. produtos, incluindo conhaques e no exterior. “Esse segmento é
sucesso é o da Cachaça Werneck. Ele é proprietário da Cachaça Pe- uísques, e foi a primeira bebida a composto por 39,2 mil pequenos
Lá, a certificação abriu o mercado dra Branca que, entre uma dose e conquistar essa premiação máxi- negócios, que representam 99%
externo para o produtor Eli Werne- outra, vem conquistando o pala- ma da competição. Há cerca de dos produtores do país. O apoio
ck, que já exporta sua cachaça pa- dar de fluminenses e paulistas. A dois anos, a proprietária Katia Espí- do Sebrae foca na qualificação e
ra a China e busca clientes nos empresa fatura R$ 30 mil ao mês. rito Santo começou a vender parte gestão, visando o aumento da
EUA. A branquinha também pode “A cachaça é promissora em Pa- de sua produção para hotéis luxuo- competitividade”, diz. Segundo
ser encontrada em pontos de ven- raty. A cidade é turística, por isso, sos da Ásia. Em fevereiro de 2013, ele, a parceria com o Instituto Na-
da do Rio, São Paulo e Paraná. abro o alambique para visitação du- sua cachaça chegou a bares e restau- cional da Propriedade Industrial


“Percebi que o selo foi o diferen- rante o ano. Estou investindo para rantes de alto nível em Nova York. (Inpi) para apoiar grupos de mi-
cial para fechar negócio com ou- ampliar a minha produção, de 40 A meta para 2013 é produzir 50 cro e pequenos negócios a alcança-
tros países. E não tenho dúvidas mil litros”, afirma Freire. O empre- mil litros, com a expectativa de que rem certificações como a IGP, é
de que terá o mesmo efeito no mer- O setor da cachaça sário, que trocou o trabalho de en- 40% vá para Ásia e EUA. “Nosso fo- um passo importante para a quali-
cado interno”, opina o produtor. genheiro pela produção da bebi- co é a qualidade”, afirma Kátia. dade das empresas do segmento.
A produção da bebida é de cerca
é promissor em Paraty. da, contou com o apoio do Sebrae Localizada em Nova Friburgo, “As cachaças de Paraty (RJ) e de
de nove mil litros, mas a capacidade A cidade é turística, por na implementação do negócio. a Cachaça Fazenda Soledade pro- Salinas(MG)jáconseguiramessese-
dadestilaria éde 16millitros.Ofatu- isso, abro o alambique Algumas marcas já alcançam duz 400 mil litros por ano e 60% lo após um longo processo, que ga-
ramento mensal é R$ 70 mil. “A in- premiações importantes pelo mun- desse volume é exportado para a rante não só a qualidade, mas tam-
serção de boas práticas de gestão foi
para visitação. do. A Cachaça da Quinta, produzi- Alemanha. A empresa também ex- bém a identidade da região onde são
fundamental para o sucesso do meu A capacidade do meu da na cidade de Carmo, no interior porta para os EUA e outros países produzidas. No Rio, realizamosdes-
empreendimento porque, além de alambique é de 40 mil do Rio, também já conseguiu o selo da União Europeia.“Com a certifi- de novembro de 2011 o Projeto de
cursos e capacitação, tenho do Se- do Inmetro e a Gran Gold Medal no cação, devemos crescer 10% no Certificação, que visa à obtenção de
brae o suporte técnico”, avalia.
litros. Estou investindo Concours Mondial de Bruxelles — exterior e de 10% a 15% no Brasil. um selo de conformidade do Inme-
Com uma produção prevista pa- na ampliação” Spirits Selection 2013, realizado O selo é um sinal de confiança pa- tro para 15 empresas”. O Sebrae, diz
ra 20 mil litros em 2013, o empre- Lúcio Gama Freire em Taiwan, em junho deste ano. O ra o consumidor e oferece mais Barreto, atua ainda na abertura de
sário Lúcio Gama Freire é um dos Empresário rótulo concorreu com outros 514 oportunidades de abertura de mercado com o Comércio Brasil.
Terça-feira, 17 de setembro, 2013 Brasil Econômico 15
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MINERAÇÃO

CCX firma acordo para venda de ativos


A CCX, empresa de mineração do Grupo X, firmou acordo com a
Transwell Enterprises para a venda dos projetos de mineração a céu
aberto Canaverales e Papayal, na Colômbia, por US$ 75 milhões, em
negociação a ser concluída. A capacidade estimada de produção de
ambos é de 2,5 milhões de toneladas/ano. O projeto San Juan, que
reúne mina, porto e ferrovia, permanece sob controle da CCX. Reuters

Quatro marcas, um endereço


Na contramão de boa parte do varejo de roupas, Mr. Kitsch investe no conceito de family store. Com a iniciativa,
que estreia em São Paulo mas chega em breve ao Rio, rede quer aproveitar o boca a boca de quem já é seu cliente
Patricia Stavis
Gabriela Murno
gmurno@brasileconomico.com.br

Com o objetivo de reunir em uma


mesma loja todos os produtos da
marca Mr. Kitsch, mas sem perder
a personalidade de cada linha, a
empresa vai inaugurar em outubro
no Shopping West Plaza, zona Oes-
te de São Paulo, sua primeira fami-
ly store. A loja ocupará um espaço
de cerca de 300 m² e terá quatro
ambientes distintos, reservados
para cada um dos quatro segmen-
tos: Mr. Kitsch, Ms. Kitsch, Kitsch
Kids e Army Inc. Foram investidos
R$ 4 milhões e a previsão de lucro
no primeiro ano é de R$ 5 milhões.
“A ideia é ter quatro lojas den-
tro de um único espaço, pois cada
uma terá sua temática própria. Saí-
mos do gueto masculino para ves-
tir toda a família em diferentes mo-
mentos. Além da Mr. Kitsch, te-
mos a Ms. Kitsch, para mulheres,
Kitsch Kids, para crianças e Army
Inc., mais esportiva e jovem”, ex-
plica Tiago Torres, CEO da FB4
Brands, detentora das marcas.
Segundo ele, a Mr. Kitsch já pla-
neja sua chegada ao Rio de Janeiro
também com uma family store. “O
ponta pé inicial será o West Plaza,
mas a ideia é ter family store em ou-
tras capitais. Já estamos conversan-
do com alguns shoppings. O local
tem que comportar uma loja deste
porte”, disse o executivo. A Mr.
Kitsch faturou R$ 100 milhões no
ano passado e espera chegar aos
R$ 130 milhões no ano que vem.
Apesar de a estratégia de cres- Tiago Torres, CEO da FB4Brands, e Bettina Quinteiro, superintendente do West Plaza, nas obras da primeira family store da Mr. Kitsch
cer com lojas para toda a família, a
rede, que atualmente conta com
75 unidades, não vai deixar de la- tro linhas, apesar da Mr. Kitsch
do a abertura de pontos menores
em todo o país. Mais 15 unidades
ser a “marca mãe”. Entretanto, o
executivo não descarta a abertura Shopping West Plaza terá
já estão em obras e a expectativa é de lojas das demais linhas. “No
manter a expansão abrindo de 25 médio prazo, elas (as novas li- mais 15 lojas até o final do ano
a 30 pontos de venda por ano. nhas) terão vida própria. Estamos
“Para a family store temos lo- sentindo nas nossas lojas uma A inauguração da “family região, esse número tende a
jas próprias, mas para os modelos grande procura pelas quatro li- store” que reunirá as marcas crescer”, disse a superintendente
menores, nosso formato principal nhas. Já estamos conversando Mr. Kitsch, Ms. Kitsch,Kitsch do West Plaza, Bettina Quinteiro.


são as franquias. Já temos uma com o Santana Parque Shopping, Kids e Army Inc. no Shopping Segundo ela, desde o início da
atuação forte no estado de São Pau- de São Paulo, para a abertura de West Plaza é mais um passo da gestão da Aliansce, no início do
lo e nas regiões Norte e Nordeste uma loja feminina ainda este ano. administradora Aliansce em ano passado, já foram
do país. Este ano chegaremos ao E ainda está nos planos uma outra A ideia é ter quatro mudar o conceito do centro inauguradas 35 novas lojas e mais
Sul com Blumenau e Florianópolis unidade em Belém (PA), em comercial. A ideia é trazer lojas 15 entram em funcionamento
(SC). Mas o Brasil inteiro nos inte- 2014”, adiantou ele.
lojas dentro de diferenciadas ao shopping, ainda este ano. Entre as novidades
ressa”, disse Torres. “Além do Como é uma marca já é conheci- um único espaço, voltado para as classes A e B. do shopping vão estar o Villa
Rio, estamos em negociação com da pelo público masculino, a divul- pois cada uma terá “A abertura da family store Bowling, considerado o maior
três shoppings de Belo Horizonte gação das linhas mais novas tem si- da Mr. Kitsch tem muito a ver boliche de São Paulo, um
(MG), além de cinco projetos em do feita dentro das próprias lojas.
uma temática própria. com o nosso conceito de trazer simulador de golfe, além da
estudo com a Aliansce”, comple- “Também estamos divulgando o Saímos do gueto lojas especiais. Estamos primeira loja da rede Johnny
tou ele. O investimento necessá- conceito na internet, em redes so- masculino para vestir investindo R$ 22 milhões na Rockets no Brasil, famosa
rio para abertura de uma Mr. Kits- ciais como o Facebook, além de revitalização. Uma pesquisa hamburgueria americana.
ch é de cerca R$ 500 mil e o retor- TV e mídia impressa com alguns
toda a família em nos mostrou que 76% do fluxo “Temos no nosso shopping a
no se dá, em média, em 36 meses. anúncios, mas acreditamos mes- diferentes momentos” de um milhão de pessoas que primeira Riachuelo Mulher do país
Em todas as unidades da rede mo na indicação de quem já é nos- Tiago Torres passa no shopping é da classe e ainda lojas como a quem disse,
são vendidos os produtos das qua- so cliente”, finalizou Torres. CEO da FB4Brands AB. Com o crescimento da berenice?”, ressaltou Bettina.
16 Brasil Econômico Terça-feira, 17 de setembro, 2013
Divulgação

▲ EMPRESAS COMPUTADORES PESSOAIS

Lenovo quer ser líder em PCs no Brasil


A chinesa Lenovo quer, em 2014, tomar da Positivo Informática a
liderança do mercado brasileiro de computadores pessoais, mas
analistas mostram cautela, diante da agressividade da brasileira no
varejo. Segundo dados da empresa de pesquisa IDC citados pela
Lenovo, a chinesa é a segunda maior fabricante de PCs, com 9,7% no
segundo trimestre, ficando apenas atrás da Positivo. Reuters

Atos investe em cidades


Moacir Drska
mdrska@brasileconomico.com.br
São Paulo

Fornecedora oficial de tecnologia


para os Jogos Olímpicos desde
1992, a francesa Atos enxerga na-
turalmente o Brasil como um dos
seus mercados estratégicos para
os próximos anos. Os planos da
companhia, no entanto, não es-
inteligentes no Brasil
tão restritos ao evento. Com inves-
timentos em diversas modalida-
Fornecedora de tecnologia para a Olimpíada, a companhia francesa também enxerga boas
des, a empresa promete acirrar a oportunidades locais no evento e em segmentos como telecomunicações e manufatura
competição no já concorrido mer-
cado local de serviços de tecnolo- Maíra Coelho


gia da informação (TI).
“Hoje, a Atos ocupa a 17ª posi-
ção no mercado brasileiro, segun-
América Latina
do as principais consultorias de A segurança é um colhe frutos de
tecnologia. Nossa meta é estar en-
tre os dez maiores prestadores de
dos fatores críticos reestruturação
serviços de TI no país em 2015”, nos Jogos Olímpicos.
diz Alexandre Gouvêa, presidente Em Londres, nós O interesse recente da Atos
da Atos para a América Latina. pelo Brasil simboliza uma
Como parte desse objetivo, a
identificamos mudança no papel da América
Atos quer ampliar sua presença um total 4,5 milhões Latina para a companhia nos
em clientes de telecomunicações de tentativas de últimos anos. A transformação
e manufatura, segmentos nos começou a ganhar corpo no
quais possui uma base significati-
invasão aos sistemas fim de 2008, quando Thierry
va de clientes. Finanças, serviços durante a competição” Breton assumiu como
e governo também estão no radar. Alexandre Gouvêa executivo-chefe global. Uma de
Para ganhar mercado nesse últi- Presidente da Atos na AL suas primeiras medidas foi
mo setor, a empresa está trazendo brecar a venda das operações
para o Brasil seu portfólio de servi- na América Latina, mercado
ços de cidades inteligentes. Batiza- considerado muito complicado
da de MyCity e baseada inicial- O maior foco no Brasil também pela gestão anterior. “Um
mente em serviços de consulto- está por trás do investimento de exemplo de como eles lidavam
ria, a oferta foi construída a partir ¤25 milhões em um novo centro com a América Latina era o
de projetos desenvolvidos pela de prestação de serviços, instala- fato de que a região se
companhia em cidades como Lon- do em Londrina (PR). Até então, a reportava a Espanha, pois
dres, Barcelona e Buenos Aires. Atos contava com uma única uni- acreditava-se que esse era o
Com a integração de softwares dade desse porte, em São Paulo. mercado de maior similaridade
e processos, a ideia é oferecer “Esse investimento partiu da ne- na operação global. Hoje, eu
meios para aprimorar a gestão de cessidade de melhorarmos nosso me reporto diretamente ao
questões como segurança, mobili- modelo operacional no país. A de- CEO”, diz Alexandre Gouvêa,
dade urbana e situações de crise, cisão por Londrina para abrigar o que assumiu como presidente
como por exemplo, os impactos centro teve como ponto de parti- da Atos na região no início de
de fenômenos meteorológicos no da fugir da disputa acirrada por 2010. Sob a orientação de
dia a dia de uma cidade. Uma das mão de obra qualificada no eixo reforçar os investimentos nas
aplicações possíveis é o uso de geo- Rio-São Paulo”, diz Gouvêa. regiões de potencial de
localização para verificar a dispo- Em operação desde abril, o no- crescimento, a América Latina
nibilidade e tempos de espera no vo centro presta serviços para o entrou no radar da Atos. Esse
transporte público. A participa- Brasil e a América Latina. A unida- cenário foi fortalecido quando
ção em licitações relacionadas à de conta hoje com uma equipe de a companhia adquiriu, no fim
gestão de bilhete único e de frotas 300 profissionais. “A projeção é de 2010, a Siemens IT, braço de
da SPTrans é a primeira investida chegar a 600 pessoas entre o fim serviços de tecnologia da
da Atos para desenvolver essa ofer- de 2013 e o início de 2014”, obser- Siemens. Com o acordo, a Atos
ta no mercado brasileiro. va o executivo. Atualmente, a — que na época mantinha
Atos mantém uma equipe de 1,9 operações na América Latina
mil colaboradores no Brasil. apenas no Brasil e na
NÚMEROS O time local será reforçado Argentina — reativou suas
com a proximidade da Olimpíada operações no México, Chile e

¤ 8,8 bi no Rio de Janeiro. Da equipe de 17


pessoas dedicada atualmente a es-
se projeto, a expectativa é fechar
Colômbia. “Com a aquisição,
ampliamos nossa receita em
110% na região. No Brasil, esse
foi a receita global da 2014 com 150 profissionais e, du- salto foi de 80%. Não havia
Atos em 2012. A América rante a realização dos Jogos, che- sobreposição de clientes e os
Latina representa cerca gar ao número de 4 mil colabora- portfólios eram
de 5% do faturamento dores, incluindo profissionais de complementares”, diz Gouvêa.
da companhia. outras operações globais da Atos. Depois de dedicar os dois
A atuação da Atos no evento en- últimos anos à integração da

110% volve a criação e a operação de sof-


twares de coleta, aferição e divul-
gação dos resultados de cada mo-
Siemens IT, o executivo afirma
que o foco na região é buscar
melhorias no resultado
foi o crescimento da dalidade, além de sistemas de ges- operacional, com geração de
receita da Atos na tão de todos os aspectos relaciona- caixa. Em dois anos, a projeção
América Latina, a partir dos ao evento, como controle de é atingir um crescimento entre
da aquisição da Siemens IT, acesso às competições, segurança 10% e 11%. Hoje, a América
no fim de 2010. digital, e logística de hotelaria e Latina representa cerca de 5%
alimentação das delegações. Gouvêa: meta de estar entre os 10 fornecedores de TI no Brasil da receita global da Atos.
Terça-feira, 17 de setembro, 2013 Brasil Econômico 17

TECNOLOGIA
NELSON VASCONCELOS
nelson.vasconcelos@brasileconomico.com.br

PRÉ-INQUISIÇÃO 2.0 Gustavo Moore

H
á dez anos, este vosso humilde escriba visitou algumas
empresas de tecnologia em Israel — país que está muito
à frente que nós nesse quesito. Por lá se falava, então,
que a guerra do futuro estaria cada vez mais ligada não exatamente
a aviões, mísseis e afins, mas a computadores, hackers e exércitos
cibernéticos. Esse tipo de guerra já está em prática há algum tempo.
Não por acaso, as nações mais ricas estão torrando rios de dinheiro
em espionagem digital. Assim como na guerra tradicional, cada país
tem que se preparar com antecedência, para não haver surpresas.
Mas o nosso Brasilzão não tem jeito mesmo. Se já não investe nas
suas forças armadas como deveria, agora descobriu que inventaram
uma tal de internet, e que ela pode funcionar como uma ameaça aos
segredos do Estado brasileiro. Sejam eles quais forem — os gastos
com segurança no cartão de crédito presidencial, por exemplo...

No início deste mês, o ministro (No fundo, mais parece um ca-


das Comunicações, Paulo Bernar- bide de emprego, versão digital.
do, disse que tem uma solução pa- Mas talvez seja apenas maldade).
ra evitar a xeretagem americana Maldade, também, é um ban-
sobre os e-mails de Dilma & Cia. do de cabeça de prego usar sua in-
O nobre executivo solicitou aos teligência privilegiada para ha-
Correios que criem um tal de Men- ckear o site da Polícia Militar do
sageria Digital, o correio eletrôni- Rio e vazar informações pessoais
co tupiniquim. A intenção é que de cerca de 50 mil policiais. É o ti-
ele esteja disponível já no ano que po da ação subversiva que não
vem. Fala-se também que o servi- serve para nada, porque não pu-
ço seria pago com venda de publi- ne os maus, e atrasa tremenda-
cidade. Hein? Um e-mail indevas- mente a vida dos bons PMs. Que
sável — de uso prioriário das esfe- ainda são muitos, claro.
ras federais — sustentado por pu- Enfim, tudo isso só mostra
blicidade? Como assim? Pois é... que, mais cedo ou mais tarde, tere-
(No fundo, mais parece um ca- mos maior controle governamen-
bide de emprego, versão digital. tal sobre o passo de cada cidadão.
Mas talvez seja apenas maldade). Isso já aconteceu antes na história
E vem mais por aí. Acaba de ser do planeta. Foi nos tempos pré-In-
divulgado que os governos argen- quisição, de triste memória.
tino e brasileiro vão se unir na cria-
ção de um sistema de defesa ciber- Governos brasileiro
nética. Mas não há pressa. Como
informou o ministro da Defesa, Ce-
e argentino devem
so Amorim (via Agência Brasil), investir em sistema
daqui a dois meses desembarcará conjunto de defesa
por aqui um grupo de argentinos,
que vai avaliar essa possibilidade
cibernética. Mas nada
de parceria. Ou seja: vamos dei- de pressa. A primeira
xar para encomendar os tanques e reunião só deverá
porta-aviões quando os inimigas
já estiverem se banhando no Le-
acontecer daqui a
blon. Pressa, pra quê? dois meses. Ou mais.

CURTAS
Fotos Divulgação

7,1 milhões de brasileiros estão tempos? Tomara que sim. testando uma versão do seu
nessa aba. Mas ok, essa “internet Primeiro, pelo seu passado Lumia rodando o Android.
compartilhada” também pode ser glorioso. Segundo, porque Talvez fosse mais negócio
uma ação entre amigos, quando concorrência é sempre uma boa pra ela. Mas, por via das
um dos internautas contrata o alternativa para os mercados. Por dúvidas, preferiu desistir da
pacote e o divide com seus mais que muita gente tente nos ideia para abrir seu caminho no
vizinhos. Essa prática não é convencer do contrário. coração da Microsoft. E, como a
criminosa, afinal, como andou coisa não está fácil para
sendo discutido recentemente. ■ POR FALAR NISSO ninguém, a finlandesa também
O jornal “New York Times” anuncia o lançamento de um
■ NA ABA DO SEU WI-FI ■ NOKIA NOVO NA ÁREA revela que a Nokia andou celular, com câmera, por US$ 29. ■ FOME DE LEÃO
Sabe quando sua banda larga está O Nokia Lumia 625 começou a ser A HelloFoods, que está no país há
ainda mais lerda do que de vendido ontem nas lojas Nokia de ■ SAMSUNG NOVO NA ÁREA apenas seis meses, acaba de
costume? O problema talvez não todo o país. A tela é de 4,7 A propósito, a Samsung comprar a Peixe Urbano Delivery,
seja apenas da operadora, como polegadas, e o aparelho é anuncia que está disponível o sua concorrente. A empresa
sói acontecer. A culpa talvez seja compatível com a rede 4G Galaxy S5 Zoom, que também chegou por aqui com apetite. Já
do seu vizinho, que está pegando brasileira. Aliás, o modelo 64GB só está querendo fazer bonito comprou outras duas empresas
carona na sua conexão via wi-fi. é vendido, com exclusividade, nas no mundo das camerafones. nesse meio tempo.
Pelo que divulgou ontem o lojas da Vivo. A questão é: será que São 16MP com zoom óptico
Instituto Data Popular, pelo menos a Nokia voltará a viver seus bons de 10X. Coluna publicada às terças-feiras
18 Brasil Econômico Terça-feira, 17 de setembro, 2013

▲ EMPRESAS

Comitê da Rio 2016 projeta


fechar R$ 1 bi em licenciamento
Segundo pesquisa, brasileiro tem um dos maiores percentuais de interesse em produtos ligados aos grande eventos
Divulgação


Douglas Nunes
douglas.nunes@brasileconomico.com.br

O licenciamento das marcas dos Identificamos categorias


Jogos Olímpicos de 2016 no Rio de
Janeiro deve gerar pelo menos R$
interessantes para as
1 bilhão em receita, segundo o Co- Olimpíadas e abrimos
mitê Rio 2016, organizador do concorrência.
evento esportivo.
“Trabalhamos com um núme-
Os lançamentos serão
ro mínimo de R$ 1 bilhão em ven- planejados para que
das. Dessa receita, uma parte do o valor das marcas
lucro fica com as empresas e outra
parte vai para o comitê organiza-
dos Jogos atinja
dor, com o objetivo de gerar recur- o auge em 2016”
sos para a organização”, afirmou Sylmara Multini
a diretora de licenciamento da Rio Diretora de licenciamento
2016, Sylmara Multini. da Rio 2016
Faltando três anos para jogos,
alguns acordos de licenciamentos


de produtos já foram firmados.
Até o momento, nove empresas já
fecharam o uso da marca para di-
versos produtos, como pins (bro- O licenciamento para
ches) e moedas. “Temos a expecta-
tiva de fechar com mais de 20 em-
a Olimpíada do Rio
presas até o fim do ano. Aí divulga- é uma ação importante
remos os nomes das empresas par- para a Malwee. Temos
ceiras”, disse Sylmara.
A organização da Rio 2016 pla-
orgulho de ser 100%
neja fechar contratos de licencia- brasileira e por isso
mento com 60 empresas até a rea- mesmo não poderíamos
lização do evento esportivo. “Iden-
tificamos categorias que pode-
ficar de fora desse
riam ser interessantes para as evento tão importante”
Olimpíadas e abrimos concorrên- Guilherme Weege
cia. Os lançamentos serão planeja- Presidente da Malwee
dos para que o valor das marcas
dos Jogos atinja o auge em 2016”,
completou a diretora da área do co-
mitê olímpico. As empresas pode-
rão explorar as marcas dos Jogos
Olímpicos e Paraolímpicos, Rio
2016, do Time Brasil, dos pictogra-
mas e dos mascotes.
No lançamento do projeto de li-
cenciamento, em fevereiro de
2012, mais de 150 empresas de se-
tores variados demonstraram inte-
resse, mas o comitê trabalha com Sylmara,da Rio2016:6 milpontosdevendae150lojas oficiais paravenderosprodutoslicenciados
a hipótese de fechar contratos me-
ses antes da realização dos jogos,
como ocorre na maioria dos paí- NÚMEROS que o mercado consumidor brasi- Para aproveitar esse potencial, “O licenciamento para a Olimpía-
ses que sediam o evento. leiro tem o maior percentual de in- o comitê Rio 2016 pretende abrir 6 da do Rio está sendo interpretado
Para a diretora do comitê, o li-
cenciamento é uma grande opor-
tunidade de envolver mais o públi-
60 teresse em produtos com marcas
ligadas aos grandes eventos espor-
tivos, em comparação a outros no-
mil pontos de vendas, além de 150
lojas oficiais espalhadas por aero-
portos, shoppings, na própria vila
como uma ação extremamente im-
portante para a Malwee. Temos or-
gulho de ser 100% brasileira e por
co brasileiro com os jogos. Ter as empresasdevemlicenciar ves países, entre eles Reino Unido olímpica, além de uma megaloja isso mesmo não poderíamos ficar
logos olímpicas de 2016 em uma produtosdaRio2016. e China, onde ocorreram as duas na praia de Copacabana, no Rio, e de fora desse evento tão importan-
extensa linha de produtos cria últimas edições dos jogos olímpi- em outras instalações dos jogos. te para o Brasil”, disse Guilherme
uma empatia maior com o evento,
e deve gerar retorno financeiro.
Segundo uma pesquisa da con-
9 cos. O Brasil apresentou 87% de
tendência de utilização das mar-
cas, seguido por Índia (79%), Chi-
Uma das empresas já seleciona-
das, a Malwee, empresa que atua
desde 1968 no ramo de confecção
Weege, presidente da Malwee.
A companhia planeja distri-
buir seus produtos com a marca
sultoria de marketing Nielsen são os contratos já na (68%) e Rússia (56%). Os me- e vestuário, terá o licenciamento dos jogos em seus 30 mil pontos
Sports, o Brasil apresenta um gran- assinados. A expectativa é nores índices foram registrado na desse setor. A catarinense encara de venda pelo país, onde comer-
de potencial para o mercado de li- que eles somem 20 em 2013. Alemanha e no Reino Unido, com com otimismo o futuro da marca cializa, por ano, cerca de 55 mi-
cenciamento. O estudo mostra 26% e 32%, respectivamente. após essa parceria com a Rio 2016. lhões de peças.
Terça-feira, 17 de setembro, 2013 Brasil Econômico 19

E$PORTE CLUBE
CHICO SILVA
chico.silva@brasileconomico.com.br

Reuters/Francois Lenoir Geraldo Bubniak / Fotoarena/Folhapress

A sexta-feira 13
do Paraná Clube
O Paraná Clube escolheu uma data
um tanto temerária para estrear seu
novo e um tanto curioso patrocínio.
Pois a sexta-feira 13 foi o dia em que
o time estampou pela primeira vez
na camisa a marca do Memorial
Parque das Araucárias, cemitério
localizado em Colombo, cidade da
grande Curitiba. E o debut do novo
parceiro foi, literalmente, assustador.
O time perdeu um invencibilidade
de 11 meses em seu estádio, o Durival
de Britto, e foi derrotado por 2 x 1
pelo Oeste, em partida da Série B.

Márcio Mercante

GUARD-RAIL À VISTA Vasco luta contra


tempo e Justiça

A
potencial ameaça de o Brasil ficar sem um piloto na executivos da emissora. Consultada pela coluna, O Vasco da Gama está com uma
próxima temporada de F-1, algo que não ocorre a assessoria da Globo informa que ainda está em fase bomba relógio prestes a explodir.
desde a estreia de Emerson Fittipaldi na categoria, de negociação com os atuais proprietários das cotas, O clube corre contra o tempo para
em 18 de julho de 1970, no circuito de Brands Hatch, no GP que são Nova Schin, TIM, Petrobras, Mastercard, Santander derrubar a decisão da Justiça Federal
da Grã-Bretanha, pode trazer prejuízos que vão além dos e Renault. Procurada por E$porte Clube, a Brasil Kirin, do Rio de Janeiro que não
esportivos. Sem um piloto na principal modalidade do dona da marca Nova Schin, informa que está avaliando homologou o acordo com
automobilismo mundial, empresas tradicionalmente liga as possibilidades e confirma que ainda não fechou com a Procuradoria Geral da Fazenda
das ao esporte podem perder o interesse de patrociná-lo. a Globo. A cervejaria, no entanto, não quis confirmar se Nacional para o parcelamento de
No mercado, comenta-se que a Globo está encontrando a possível ausência de um brasileiro no cockpit poderia suas dívidas fiscais e tributárias. Com
dificuldades para negociar as milionárias cotas de ser decisiva para deixar de investir no esporte. A marca isso, o Vasco não recebe a Certidão
patrocínio de suas transmissões. Além da notória queda é também uma das principais apoiadoras do GP Brasil. É bom Negativa de Débito. Sem esse
de audiência registrada nos últimos anos, a indefinição lembrar que a F-1 está entre as propriedades mais lucrativas documento não pode assinar seu
quanto à permanência ou não de Felipe Massa nas pistas no da Globo. Em 2013, o canal faturou quase R$ 400 milhões contrato de patrocínio com a Caixa.
ano que vem está dificultando o trabalho dos com a comercialização das seis cotas do evento. O banco pode até rescindir o acordo.

Ernesto Carriço

INVESTCRAQUE
conquistou. Com isso se tornou o primeiro ginasta
Número da semana
brasileiro a ouvir o hino nacional no alto de um pódio
Arthur Zanetti,
ginasta medalha de ouro em Londres 2012
olímpico. A conquista nas argolas mudou sua vida e,
de certa forma, sua conta bancária. Claro que
R$ 51 mi
Zanetti ainda está um pouco longe de faturar o É o valor do novo salário anual de
Não é exagero dizer que apenas o seu seu primeiro milhão de reais. Mas para Cristiano Ronaldo no Real Madrid.
treinador e mais uma meia dúzia de chegar lá, “devagarinho” e sempre, Assinado no último domingo, o novo
especialistas apostavam em uma ele investe 70% do que recebe de contrato terá duração de cinco anos.
medalha para o ginasta Arthur Zanetti bolsas e patrocínios na caderneta Com isso o gajo passou a ser o jogador
em Londres 2012. Quanto mais uma de de poupança. Os outros 30% mais bem pago do planeta.
ouro! Pois foi essa façanha que esse vão para aplicações bancárias
garoto nascido em São Caetano do Sul tradicionais, como CDB e IGTB. Coluna publicada às terças-feiras
20 Brasil Econômico Terça-feira, 17 de setembro, 2013

▲ FINANÇAS
Editora: Eliane Velloso
eliane.velloso@brasileconomico.com.br

ENTREVISTA PAULO GUEDES Estrategista e presidente do Conselho de Administração da Bozano Investimentos

‘PRIVATE EQUITY É
MAIS TRANSPARENTE
(QUE BANCOS) E BOM
PARA INOVAÇÃO’
Um dos criadores do Pactual, o economista Paulo Guedes é também pioneiro do
Private Equity no Brasil. Com a recente integração de sua BR Investimentos - um
dos projetos que tocou após a saída do banco de investimentos — à Bozano Investi-
mentos, de Júlio Bozano, Guedes se prepara para lançar seu terceiro fundo, uma
aposta na demanda por novas opções de investimento nas fases iniciais e na Bol-
sa. Espera receber R$ 1 bilhão de investidores institucionais e estrangeiros para
manter a aposta em educação, saúde e bens de consumo, sempre com inovação.

Renata Batista Antes, falava-se que o problema tema financeiro e está indo pa-
renata.batista@brasileconomico.com.br estava nas elevadas taxas de ju- ra o empresarial.
ros. Hoje, qual o problema?
Como está o mercado de private Quem são os investidores de seu
equity atualmente? O Brasil levou tempo demais novo fundo?
combatendo a inflação. Nós nun-
É uma fase muito importante ca fomos efetivos porque nunca Acho que teremos apoio dos nos-
para o private equity no mundo tivemos um regime fiscal ade- sos institucionais, que fizeram
inteiro porque o capital está quado. O combate sempre foi o parte do Fundo 1 e Fundo 2 e al-
muito barato. Banco Central sozinho, aumen- guns investidores de fora que es-
tando juros. Então, com impos- tão vindo.
Mas essa ameaça de redução de tos muito altos, juros muito al-
liquidez não atrapalha? tos, a taxa de mortalidade (de E o senhor avalia que a competi-
empresas) sempre foi muito ção com projetos de infraestrutu-
Pelo contrário. Nessa crise inter- grande. Não obstante isso, a eco- ra vai diminuir recursos dos ins-
nacional, enquanto os bancos ti- nomia é tão dinâmica, tem tan- titucionais para private equity?
veram problemas por excesso to empreendimento, que exis-
de alavancagem, base de capital tem entre 14 mil e 20 mil empre- Acho que não. São projetos dife-
relativamente baixa, falta de sas de diversos setores com exce- rentes. Acho até ao contrário. Os
transparência, a indústria de pri- lente desempenho, crescendo, e private equity vão participar e
vate equity, ao contrário: tem os que precisam exatamente des- ajudar bastante na condução dos
passivos flexíveis, são muito ses padrões de melhor governan- investimentos de infraestrutura.
transparentes e são super impor- ça para levá-las para a Bolsa
tantes para inovação. Elas são eventualmente.
hoje até mais representativas do
capitalismo, do conceito clássi- Que setores são mais atrativos?
co de ganhos e perdas, enquan-
to o sistema bancário toda hora São setores críticos para o futu-
está criando problemas e tem ro da economia brasileira, ino-
que ser salvo por Bancos Cen- vação, educação, saúde, aplica-
trais, pelo Tesouro etc., por ina- ção de novas tecnologias, logís-
dequação de design. O design es- tica... Mas não essa logística, a
tá feio. Está mal regulamentado. logística de serviços. Tem o


porto, tem a ferrovia de US$ 4
No Brasil, a situação é a mesma? bilhões, mas falta o investimen-
to que conecta os dois, falta lo-
Particularmente no Brasil, é um gística no sentido de serviço, O Private Equity
caso ainda mais atraente do pon- de inteligência.
to de vista de investimentos. O está mais próximo do
Brasil já teve 1500 empresas lis- E qual a vantagem do private capitalismo, da ideia
tadas em Bolsa há 25 anos. Hoje, equity para essas empresas? de que pode ganhar
você tem uma população muito A gente investe em empresas
maior, um PIB de US$ 2 tri- para as quais a gente quer levar e perder, que o sistema
lhões. Perdeu-se muito tempo. a estrutura moderna de partici- bancário, que toda hora
Tem recursos do mundo inteiro pação societária, onde gestão e tem que ser salvo pelos
vindo para o Brasil e falta em- propriedade estão muito próxi-
preendedores, faltam empresas mas. Esse modelo, conhecido BCs, pelo Tesouro. Está
listadas em Bolsa. como partnership, veio do sis- mal regulamentado”
Terça-feira, 17 de setembro, 2013 Brasil Econômico 21
Daniel Acker
SUCESSÃO NO FED

Sem Summers, Janet Yellen é favorita


A vice-presidente do Federal Reserve (Fed), Janet Yellen, aparece
agora como favorita - e a primeira mulher candidata - para dirigir o
banco central dos EUA, depois da surpreendente desistência do
ex-secretário do Tesouro Larry Summers. Yellen, vista como
preocupada com o desemprego e a inflação, recebeu apoio de
economistas e senadores democratas nos últimos dias. AFP

Alessandro Costa
Indústria de capital de

Não há competição
(por recursos).
Pelo contrário.
risco busca crescimento
BNDES e Finep ampliam apostas no modelo e devem encerrar o ano com mais
Os fundos de private de uma dezena de novos fundos, mas há incerteza nas captações privadas
equity vão participar
e ajudar bastante
na condução dos Apesar da recente incursão de liários (CVM) de julho de 2003, as D. Meyn, ainda existe a possibili-
agentes públicos de fomento co- estatísticas do setor ainda in- dade de maior concentração do
investimentos em mo BNDES e Finep no setor, a in- cluem muita coisa que não é - na mercado nos próximos anos. Se-
infraestrutura” dústria de private equity vive um essência - private equity. Mesmo gundo ele, é possível ter bons re-
momento de incertezas. Há recur- assim, o setor representa apenas tornos na gestão apostando-se
sos disponíveis, mas o crescimen- 0,25% do PIB, contra 1% nas eco- em setores onde o estado não
to tende a ser menor do que o espe- nomias mais desenvolvidas. consegue ser eficiente, como ser-
rado e inferior ao de países e mer- “A Abvcap tem 200 membros, viços públicos de saúde, educa-
cados concorrentes, como aponta- dos quais 50 gestores. Na Índia, on- çã, logística de transporte etc. A
ram alguns participantes do en- de foram criados 26 fundos com capacidade de captação de recur-
contro internacional sobre o tema US$ 20 bilhões, em três anos, são sos, porém, depende das rela-
realizado ontem pela Associação 289 gestores”, compara, infor- ções locais das gestoras.
Brasileira de Private Equity e Ven- mando que o Brasil criou, no mes- Para o ex-presidente da
ture Capital (Abvcap). mo período, 9 fundo com patrimô- CVM, Luiz Leonardo Cantidia-
Pelo lado positivo, os adminis- nio de US$ 11 bilhões. no,a saída dos investimentos
tradores que superarem a fase Na avaliação do sócio da Gá- continua a ser um dos maiores
mais difícil devem ganhar mais au- vea Investimentos, Christopher desafios, já que a bolsa de valo-
tonomia, com investidores de pe- res tem apenas 400 empresas lis-
so, como os fundos de pensão, de- tadas e os mercados de acesso,
legando mais ao abrir mão da pre- como o Bovespa Mais, ainda es-
Apetite de sença em conselhos de adminis-
tração ou comitês deliberativos,
tão muito incipientes.
“Existe a possibilidade de
estrangeiros em favor de uma atuação mais acordo de saída entre os sócios,
consultiva. “A indústria está ama- mas os auditores costumam con-
ainda é limitado durecendo. Já podemos fazer a se- siderar como dívida, o que preju-
leção dos gestores que estão fun- dica o resultado da empresa”, ex-
Sócio da Clayton, Bubilier & cionando e dos que não estão e Para o ex-presidente plica Cantidiano.
Rice, líder do mercado analisar investimentos sem comi- De acordo com a representante
americano de private equity, tê. Estamos estudando algumas
da CVM, Luiz Leonardo da BM&FBovespa Cristiana Perei-
Thomas Franco está menos propostas nessa linha”, afirma o Cantidiano,a saída dos ra, há indicadores de que empre-
otimista com o mercado do que gerente de private equity da Fun- investimentos sas e gestores estão buscando o
o brasileiro Paulo Guedes. A cef, Jorge Nobre. mercado de capitais. “A maior par-
gestora acaba de fazer uma Na avaliação do diretor executi-
continua a ser um dos te das empresas que fizeram IPO
joint-venture com o executivo vo da Stratus, Álvaro Gonçalves, maiores desafios, já que recentemente receberam investi-
Vindi Banga, ex-Unilever, para a 10 anos depois da regulamentação há poucas empresas mento antes”, conta.
Ìndia, mas não tem planos de da participação de fundos de pen- O BNDES deve encerrar o ano
entrar no Brasil nos próximos são no setor, com a resolução nº
listadas e os mercados com quatro novos fundos, totali-
cinco anos. 391 da Comissão de Valores Mobi- de acesso, incipientes zando 36 veículos de investimento.
Segundo ele, de forma
geral, há restrições de
investimentos e, no caso do
Brasil, o que se diz nos EUA é
que o país têm gestores demais
e pouca experiência.“No longo
prazo, o Brasil está em uma
situação muito boa, com
muitas empresas familiares,
que têm características
importantes para a transição
que esse tipo de investimento
ajuda a fazer. O problema é o
curto prazo”, resume.
Na avaliação de Franco,
essa fase mais restritiva deve
durar cerca de dois anos e será
provocada pela reação
excessiva do setor financeiro a
incertezas políticas e
econômicas. O período, porém,
será importante para avaliar o
“talento” dos gestores. “Não
está claro se os ganhos
alcançados nos últimos anos
foram resultados da boa
gestão ou da arbitragem entre
comprar barato e vender
caro”, afirma.
22 Brasil Econômico Terça-feira, 17 de setembro, 2013

O MERCADO COMO ELE É...


LUIZ SÉRGIO GUIMARÃES
luiz.sergio@brasileconomico.com.br

ALÍVIO PÓS-SUMMERS DURA POUCO Gustavo Moore

O
s mercados globais não tentaram disfarçar ontem o seu alívio
com a desistência da candidatura de Lawrence Summers
à sucessão de Ben Bernanke na presidência do Federal
Reserve (Fed). Summers, bombardeado pelos democratas, não teria
mesmo nem a sutileza, nem a habilidade, muito menos a humildade
necessárias à condução do delicado retorno à normalidade
monetária dos EUA. Afinada com os democratas, Janet Yellen
aglutina um consenso capaz de afastar oponentes de última hora,
apesar de ter crescido ontem, em substituição ao de Summers,
o nome alternativo de Donald Kohn, ex-vice-presidente do Fed,
considerado menos condescendente que Yellen.

Embora formalmente contrariado Mas isso ficou menos prová-


com a renúncia do seu candidato, vel deste ontem. Embora Janet
Barack Obama deve estar no fun- Yellen, atual vice-presidente e
do agradecido: indicado Sum- um dos sete membros do board
mers, a factível rejeição do seu no- do Fed, seja talhada para condu-
me pelo Congresso aprofundaria o zir o processo de redução do
inferno-astral vivido hoje pelo afrouxamento quantitativo, pois
presidente, nocauteado pelas ten- foi com Bernanke a principal
tativas fracassadas de castigar a Sí- idealizadora dos estímulos, os
ria, pelas frequentes confronta- mercados globais sabem que se-
ções com Wladimir Putin e pelo rá inevitável, mais cedo ou mais
escândalo das espionagens. Só fal- tarde, dar início a um novo pro-
tava mesmo um tiroteio no quar- grama. E as instituições não de-
tel-general do Comando de Siste- sistiram, mesmo com Summers
mas Navais em Washington. fora do páreo, de prever que já
Foi este último fato o que mais amanhã, ao término da reunião
moderou as comemorações do de setembro do comitê de políti-
mercado pela capitulação de Sum- ca monetária, será anunciado
mers. Durante a manhã, antes da um corte. Mas, agora, tende a ser
divulgação das primeiras e confu- menos profundo, pois a opinião
sas informações sobre o ataque, da vice passou desde ontem a ter
os juros dos títulos de dez anos do mais peso entre os 12 votantes —
Tesouro americano chegaram a a menos que cresça, até às 15 ho-
cair para até 2,78%, ante 2,89% ras de quarta-feira, a candidatu- As instituições não 5,90%. As casas que alimentam
no fechamento de sexta-feira, en- ra de Donald Kohn. Kohn vem se o Focus com projeções não ten-
quanto o dólar no Brasil descia a notabilizando pela opinião de
desistiram, mesmo tam fazer o raciocínio inverso, o
R$ 2,25, vindo de R$ 2,2820 no en- que, se muito prolongados, os com Summers fora de que expectativas inflacioná-
cerramento da semana passada. afrouxamentos quantitativos pro- do páreo, de prever rias em crescente deterioração
Mas a intensidade dos festejos duzem severas distorções no sis- vão forçar o Copom a desistir do
foi diminuindo com o crescimen- tema monetário.
que já amanhã, gesso de 9,75% à Selic. O impera-
to da tensão em torno do tiroteio, Os contratos de juros futuros ao término da reunião tivo eleitoral falará mais alto en-
com a ampliação do número de ví- acompanharam obedientemente do comitê (FOMC) quanto não for ameaçado o cum-
timas fatais e o desconhecimento o sobe-e-desce das treasuries e primento da “meta de inflação”.
das causas. O mercado temia, do dólar. A taxa para a virada do
do Fed, será Esta, para o discurso político, é o
diante da notícia de que o ataque ano fechou estável a 9,28%, en- anunciado um corte teto de 6,5% da banda do siste-
foi feito por três atiradores, tratar- quanto o contrato com vencimen- ma de metas. Mas o pregão de ju-
se de mais um atentado terroris- to em janeiro de 2015 cedeu de ros futuros da BM&F não é obriga-
ta. E o dólar fechou com pequena 10,46% para 10,44% (de manhã, do a seguir essa lógica.
alta de 0,03%, a R$ 2,2830. E o havia descido até 10,33%). A pio- Nem mesmo a dimensão de um
T-Note de 10 anos recuperou-se ra nas expectativas de inflação aju- evento tão preponderante como
para 2,87%. daram na reação vespertina. foi a desistência de Summers con-
A reviravolta no mercado de As novas projeções do bole- seguiu tirar completamente o DI
câmbio ocorreu apesar de o Banco tim Focus para as taxas de infla- futuro do seu foco inflacionário.
Central ter injetado US$ 2,46 bi- ção para os próximos doze me- As taxas caíram de manhã por cau-
lhões no mercado futuro de dólar. ses e para 2014 respeitaram a ló- sa dele, mas muito menos do que
Além de sua operação regular de gica intrínseca à certeza das ins- seria possível se a política monetá-
venda de 10 mil contratos de tituições de que o BC não irá pu- ria fosse vista como crível por te-
swap, no valor de US$ 496,9 mi- xar a Selic até a faixa politica- soureiros e gestores. Se o pregão
lhões, iniciou a rolagem de 135,3 mente desgastante dos dois dígi- não desconfiasse do empenho an-
mil que vencem no dia 1˚. Reno- tos. Elas mantiveram em 9,75% ti-inflacionário do BC, que, na
vou 40 mil, no montante de US$ a expectativa de taxa básica no sua visão, retarda a pôr em prática
1,964 bilhão. Idêntica dose de 50 fim deste ano e também ao lon- hoje o choque de juros tido como
mil contratos (dez mil novos e 40 go de 2014. A previsão é de que o a Selic em 9,75% pelo menos até necessário para sufocar as pres-
mil em rolagem) será oferecida ho- Copom fará nova elevação de as eleições. sões sobre o IPCA, não considera-
je. E, para amanhã, dia da divulga- 0,50 ponto na taxa, para 9,50%, Qual o resultado dessa políti- ria inevitável a suplementação de
ção do resultado da reunião do em sua reunião marcada para o ca monetária na visão do merca- uma dose extravagante no futuro.
Fed, irá aumentá-la para um total começo de outubro, e depois irá do? Inflação em alta. Foi por isso É por isso que os investidores relu-
de 65,3 mil (dez mil novos e 55,3 encerrar o ciclo de alta com um que a expectativa para o IPCA do- tam em assumir a ponta prefixada
mil em revalidação). Trata-se de ajuste de 0,25 ponto no encon- ze meses à frente avançou de dos contratos, a que perde se o
artilharia pesada no caso de o Fed tro agendado para o final de no- 6,13% para 6,21%, e para o do CDI sofrer uma elevação maior do
surpreender negativamente. vembro, após o que vai congelar ano que vem de 5,85% para que a neles precificada hoje.
Terça-feira, 17 de setembro, 2013 Brasil Econômico 23
Divulgação

▲ FINANÇAS RESSEGUROS

Susep aprova controle misto do IRB


A Superintendência de Seguros Privados (SUSEP) concluiu a
privatização do IRB Brasil Resseguros S/A, transferindo o controle da
União para o bloco de controle formado pela União (por meio do
Ministério da Fazenda), BB Seguros Participações, Bradesco Auto RE
Companhia de Seguros, Itaú Seguros, Itaú Vida e Previdência e Fundo
de Investimento em Participações Caixa - Barcelona.

Banco cresce mais após a crise


Ativos passam de 100% do PIB em 2008 para 126%; com menos instituições no sistema, concentração aumentou
Alexandre Rezende


Léa De Luca
lluca@brasileconomico.com.br
São Paulo
Os bancos brasileiros
Desde a eclosão da crise financei-
ra internacional, em setembro de
estão hoje mais
2008, 16 bancos brasileiros desa- capitalizados do que
pareceram do mapa devido a fu- há cinco anos. Ou seja,
sões, aquisições e liquidações.
Mas os que ficaram, ficaram mais
tem mais capital para
fortes. garantir as suas
“A concentração aumentou”, operações de crédito.
diz Erivelto Rodrigues, presidente
da Austin Rating. O total de ativos
Isso significa que estão
de 156 bancos que entregaram ba- mais sólidos que antes”
lanços ao Banco Central em setem- Erivelto Rodrigues
bro de 2008 estava em R$ 3,006 Presidente da Austin Rating
trilhões; em junho último, havia
140 bancos e os ativos passaram
para R$ 5,705 trilhões — um au-
mento nominal de 89%. Com is-
so, passaram de 100% do PIB há
cinco anos para 126% agora. O cré-
dito cresceu ainda mais, de R$
1,148 trilhão para R$ 2,401 tri-
lhões no período, ou seja, 109%.
“O crescimento dos ativos foi
puxado pelos bancos federais. So-
mente o Banco do Brasil quase do-
brou sua participação no total de
crédito do sistema, passando de al-
go entre 12% e 13% para 21%”,
lembra Rodrigues. “Os bancos pri-
vados estavam colocando o pé no de um banco. Quanto maior esse
freio das concessões, para obser- índice, melhor — indica que o ban-
var melhor quais seriam os efeitos co tem patrimônio para bancar as
da crise sobre o Brasil e, principal- operações de empréstimo e, por-
mente, sobre a qualidade das car- tanto, estão mais protegidos con-
teiras de crédito”, diz o executivo. tra uma crise. Ou seja, os bancos
A cautela deu o tom nos primei- estão hoje mais capitalizados do
ros dois anos após a crise de 2008, que antes. “Não vejo hoje ne-
quando Unibanco foi comprado nhum risco sistêmico no país. O
pelo Itaú, o Votorantim pelo BB e o BC tem uma das melhores práticas
Panamericano pela Caixa e BTG. de fiscalização e regulamentação
O governo agiu simultaneamente do setor no mundo. Pode haver
em várias frentes, possibilitando problemas com um banco aqui ou
fusões, provendo liquidez para ali, mas nada preocupante”, acre-
bancos menores em dificuldades dita Rodrigues.
— reduziu compulsórios e desone- Mas, se de um lado os ativos Rodrigues, da Austin: “A rentabilidade caiu, mas o custo de oportunidade (a taxa Selic) também”
rou operações de compra de cartei- cresceram, a rentabilidade dimi-
ras de crédito por bancos maiores nuiu, passando de 18,1% para
— e intervindo em bancos com 15,4% nesses cinco anos. Contu-
problemas insolúveis — casos do do, Rodrigues lembra que rentabi-
Rural, BVA, Cruzeiro do Sul, Pros- lidade tem que ser medida pelo
per Oboé e Morada. custo de oportunidade: “Como a
Quando o país voltou a crescer taxa livre de risco, a Selic, tam-
os bancos se animaram. Alguns bém diminuiu nesse período, era
passaram da conta e, amargaram esperado que rentabilidade dos
calotes a partir de meados de bancos diminuísse também”.
2011. Com isso, engataram uma Taxas de juros mais baixas tam-
marcha-á-ré nas concessões de bém trazem a tona preocupações
crédito. Em 2012, o governo pas- com ineficiência na administra-
sou a reduzir a taxa básica de juros ção de custos, e esta é a fronteira
da economia, a Selic, e a promo- que os bancos atacam atualmente
ver mais concorrência pela atua- para manter seu lucro e rentabili-
ção mais forte dos bancos públi- dade. Rodrigues, entretanto, avi-
cos, para derrubar os juros cobra- sa que em alguns bancos, o corte
dos nos empréstimos. de custos está próximo do esgota-
Outro fenômeno verificado mento. Por isso, também, a briga
nos últimos cinco anos é o aumen- com os bancários pelo índice de
to do índice de Basileia — que re- reajuste tende a ser acirrada neste
presenta o grau de alavancagem mês, data-base da categoria.
24 Brasil Econômico Terça-feira, 17 de setembro, 2013
Terça-feira, 17 de setembro, 2013 Brasil Econômico 25

▲ FINANÇAS

Divulgação

Camargo Corrêa S.A. - CNPJ/MF 01.098.905/0001-09 - NIRE 35 3 0014508 9 - Extrato da Ata da


Reunião de Conselho de Administração. Realizada em 01 de Agosto de 2013. Arquivada na JUCESP
sob nº 342.598/13-2 em 04.09.2013. Deliberado: 1ª) Autorizar a Diretoria da Sociedade a contratar
fiança bancária junto ao Banco BTG Pactual para afiançar a CCI Oil & Contractors Inc. em garantia de dow
payment por conta do Aditivo nº 4 da P-62 celebrado com a Petrobras Netherlands B.V., no valor total de
US$ 50.000.000,00, com vencimento para 03/04/2014, ao custo de 0,90% a.a.; e 2ª) Fica a Diretoria desde
já autorizada a praticar todos os atos necessários ao cumprimento da deliberação acima.

Camargo Corrêa S.A. - CNPJ/MF 01.098.905/0001-09 - NIRE 35 3 0014508 9 - Extrato da Ata


da Reunião de Conselho de Administração. Realizada em 30 de Agosto de 2013. Arquivada na
JUCESP sob nº 348.498/13-5 em 09.09.2013. Deliberado: Tendo em vista a ausência temporária do
Presidente do Conselho de Administração, Vitor Sarquis Hallack, deliberaram, por unanimidade,
designar: (i) o Vice-Presidente do Conselho de Administração, Luiz Roberto Ortiz Nascimento,
brasileiro, casado, economista, CPF/MF 424.594.868-04, RG nº 4.116.275-4-SSP/SP, para substituí-lo
nos dias 09 e 10 de setembro de 2013, por motivo de férias; e (ii) o Vice-Presidente do Conselho
de Administração, Albrecht Curt Reuter-Domenech, americano, casado, engenheiro, CPF/MF
nº 213.551.208-70, RNE nº V178219-4, para substituí-lo no período de 12 a 15 de setembro de 2013,
por motivo de férias.

Rumor sobre um aumento de 8% no preço da gasolina em outubro animou os acionistas da estatal

Petrobras sobe quase


2% e garante leve
avanço do Ibovespa
Investidores devem operar com cautela até amanhã, quando o Federal
Reserve (Fed) poderá anunciar a diminuição do programa de estímulos

Priscilla Arroyo Índice da bolsa mento de R$ 3,5 bilhões em op-


priscilla.arroyo@brasileconomico.com.br ções sobre ações. “Investidores
paulista acumula aproveitaram para realizar lu-
A semana começou bem para a ganhos de 7,62% cros. Agora, a tendência é que a
Petrobras. As ações preferen- em setembro, cautela prevaleça até quarta-
ciais da estatal (PETR4) subi- feira, dia da reunião do Fomc
ram 1,77% ontem e contribuí-
impulsionado pela [Comitê de Política Monetária GOVERNO DO DISTRITO FEDERAL
ram para o leve avanço de entrada de capital do banco central americano]”, SECRETARIA DE HABITAÇÃO, REGULARIZAÇÃO E
DESENVOLVIMENTO URBANO – SEDHAB
0,04% do Ibovespa, que termi- estrangeiro, que afirmou.
nou o pregão aos 53.821 pontos. Os analistas do mercado es- AVISO
O bom humor dos investido-
soma US$ 3,2 bilhões peram que o Fed decida pela re- PREGÃO ELETRÔNICO Nº 017/2013
res refletiu o recuo no preço do no mês dução de US$ 15 bilhões do pro- A Companhia de Desenvolvimento Habitacional do Distrito Federal – CODHAB/DF,
petróleo no mercado internacio- grama de compra de títulos, de torna público que no dia 27 de setembro de 2013, às 09h00, fará realizar PREGÃO para
REGISTRO DE PREÇOS na forma ELETRÔNICO – menor preço global, através do sítio www.
nal, diante da menor probabili- US$ 85 bilhões. “O desempe-
comprasnet.gov.br, para Contratação de empresa especializada na prestação de serviços de
dade de uma invasão dos Esta- nho das bolsas vai depender des- Recepcionista para a CODHAB. Valor estimado de R$ 6.201.204,48 (Seis Milhões, Duzentos e
dos Unidos na Síria. lhões, anunciada na última sex- te anúncio. Se houver corte Um Mil, Duzentos e Quatro Reais e Quarenta e Oito Centavos). Processo: 392.039.532/2013.
A queda alivia o caixa da ta-feira, foi bem avaliada pelo maior que o precificado, a ten- Para retirada do Edital e seus anexos, o licitante deverá comparecer portando PEN DRIVE
companhia, que importa gasoli- Bank of America. Relatório do dência é de aversão ao risco, o para gravação, na sala 506, do Edifício Sofia – Setor Comercial Sul, Quadra 06, Bloco A,
na e vende por um preço 14% banco afirma que o negócio foi que pode afetar o desempenho Lote 50, 5º Andar, Brasília, no horário de 8h às 11h30 e de 14h às 17h30. Caso a retirada do
menor no mercado brasileiro. “um passo positivo no esforço do Ibovespa”, afirmou Torto. Edital seja impressa deverá apresentar a comprovação do recolhimento de R$ 20,00 (vinte
Essa defasagem, no entanto, po- da companhia em levantar re- O principal índice da bolsa reais), que deverá ser pago por meio de depósito em qualquer Agência do Banco Regional
de Brasília – BRB, banco 070, agência 208, conta nº 014.930-4 ou através do site: www.
derá ser diminuída, na avalia- cursos para financiar seu progra- brasileira acumulava alta de
codhab.df.gov.br.
ção do mercado. “Informações ma de investimento”. Para ar- 7,62% em setembro. "Temos no- Brasília, 13 de setembro de 2013
não oficiais apontam que o go- car com os novos investimen- tado desde agosto a volta do flu- Antonio Pereira Gonçalves Filho
verno deve aumentar o preço tos, a Petrobras pretende neste xo estrangeiro, o que contribui Pregoeiro
da gasolina em 8% até 21 de ou- ano injetar no caixa US$ 9,9 bi- para o avanço", disse Mauricio
tubro”, disse Marcelo Torto, da lhões, dos quais US$ 4,8 bilhões Kojo, analista da Um Investi-
Ativa Corretora. já foram levantados. mentos. Até quita-feira passa-
Além disso, a venda dos ati- Em uma sessão volátil, o Ibo- da, o fluxo de capital estrangei-
vos colombianos da estatal para vespa chegou a subir quase 1% ro na Bovespa estava positivo
a Perenco, por US$ 380 mi- ao longo do dia diante do venci- em US$ 9,6 bilhões no ano.
26 Brasil Econômico Terça-feira, 17 de setembro, 2013

▲ MUNDO
Editor: Gabriel de Sales
gsales@brasileconomico.com.br

Tiroteio deixa
13 pessoas mortas
em base naval
de Washington
Atentado ocorreu perto do Congresso e do aeroporto Ronald
Reagan; autor é um ex-prestador de serviços das Forças Armadas

Um tiroteio em uma base admi- Em certo momento foi possí- rios não passam por um detector
nistrativa da Marinha americana vel ver um homem ser levado em de metais ao entrar no edifício.
em Washington deixou, ontem, uma rede suspensa por um heli- Não ficou claro como o agres-
13 pessoas mortas e oito feridas, cóptero militar até uma área no sor, ou os agressores, consegui-
incluindo um dos agressores, em- interior do complexo naval. ram entrar com armas pesadas
bora não se saiba quais as motiva- Patricia Ward, funcionária do em um complexo fortemente pro-
ções do ataque. Este é o pior epi- complexo, disse que tinha acaba- tegido como o Washington Navy
sódio deste tipo em uma instala- do de tomar café da manhã na ca- Yard. O conjunto de edifícios
ção militar americana desde o as- feteria do edifício central quan- abriga, entre outras instalações,
sassinato de 13 militares na base do o tiroteio começou. “Estava a residência do chefe do Estado-
de Fort Hood, no Texas, en 2009. esperando um amigo pagar sua Maior da Marinha americana, al-
A Agência Federal de Investi- conta quando ouvi os tiros. Fo- mirante Jonathan Breenert.
gação americana identificou o ram três disparos seguidos. Al- O mais antigo estabelecimen-
agressosr morto como Aaron Ale- guns segundos depois, foram ou- to da Marinha dos Estados Uni-
xis, de 34 anos, um morador de tros três tiros”, disse. dos serve atualmente como base
Fort Worth, Texas, acrescentan- De acordo com Ward, “um administrativa da instituição e é
do que ele era um ex-prestador guarda pediu gritando que a gente a sede do Comando de Opera-
de serviços das Forças Armadas. corresse o mais rápido possível”. ções Navais dos Estados Unidos.
O tiroteio começou por volta A mulher disse que os funcioná- Devido ao incidente, os pou-
das 08h20 locais (09h20 de Brasí- sos e decolagens programados
lia) em um complexo de edifícios no aeroporto internacional Ro-
chamado Washington Navy nald Reagan, situado a poucos
Yard, uma sede histórica da Mari- quilômetros, chegaram a ser can-
nha americana e que atualmente celados por quase duas horas.
abriga o Comando dos Sistemas O Senado dos Estados Unidos e
Navais do país. escritórios próximos foram fecha-
De acordo com informações dos depois do tiroteio, informou a
preliminares, um homem entrou polícia interna do Senado. Funcio-
no chamado Edifício 197 do com- nários que trabalham nos prédios
plexo militar, onde trabalham não podiam deixar os locais e nin-
cerca de 3.000 pessoas, e atirou guém teve autorização para en-
várias vezes. trar, segundo um comunicado.
Na Casa Branca, o presidente “Não temos nenhuma infor-
Barack Obama condenou o que mação para sugerir que o Sena-
chamou de “ato covarde” e lamen- do, seus membros ou funcioná-
tou “mais um tiroteio” no país. rios correm algum perigo, mas
“Estamos outra vez diante de um por excesso de precaução, senti-
tiroteio generalizado”, lamentou. mos que este é o melhor curso de
À medida que a investigação so- ação para manter todos segu-
bre o ocorrido avançar “faremos ros”, disse o chefe da polícia in-
o possível para que quem quer terna do Senado Terrance Gai-
que tenha cometido este ato co- ner. A sessão de ontem do Sena-
varde, seja responsabilizado”. O Washington Navy do foi cancelada.
A equipe do Washington Navy Yard é o mais antigo A Câmara dos Deputados, que
Yard, disse Obama, “conhece o não tinha sessão marcada para es-
perigo quando vão ao exterior,
estabelecimento ta segunda, não recebeu nenhu-
mas hoje enfrentaram uma vio- da Marinha dos EUA ma notificação de fechamento,
lência inimaginável, que não es- e serve como base segundo autoridades.
peravam encontrar aqui”. Gainer disse que a decisão de
Pouco depois do início do tiro-
administrativa da fechar o Senado se deve à “possi-
teio, todos os pontos de acesso ao instituição. É a sede bilidade de suspeitos continua-
complexo foram isolados pela po- do Comando de rem foragidos”. A base naval fica
lícia e era possível ver soldados a menos de 3,2 quilômetros do
com armas pesadas montando
Operações Navais prédio do Parlamento norte-ame-
guarda em pontos estratégicos. dos Estados Unidos ricano. Agências
Terça-feira, 17 de setembro, 2013 Brasil Econômico 27
Andrew Harrer/Bloomberg
REVISÃO ESTRATÉGICA

BM elege os mais pobres como priodade


O Banco Mundial, diante de um orçamento apertado e maior
competição por fundos de desenvolvimento, quer tornar-se
mais seletivo em seus empréstimos, focando em países frágeis,
na África Subsaariana, Sul da Ásia e em outras regiões onde
pode ter maior impacto. Trata-se da primeira grande revisão
estratégica do banco sob o presidente Jim Yong Kim. Reuters

Mladen Antonov/AFP Pete Souza/Reuters

ATENTADO É UM DOS
Não se sabe MAIS MORTÍFEROS
como o ■ O tiroteio em uma base naval
agressor em Washington, que deixou
entrou no ao menos 13 pessoas mortas,
complexo, é um dos mais mortíferos
que abriga a registrados nos EUA nos
residência do últimos 20 anos. A seguir,
chefe do os tiroteios mortais dos últimos
Estado-Maior 20 anos nos Estados Unidos:
da Marinha
americana ■ 16/10/1991: Um homem mata
22 pessoas em um restaurante
de Killeen, Texas, e se suicida.
■ 20/4/1999: Em Littleton,
Colorado, dois estudantes atiram
contra colegas na escola de
Columbine. Doze estudantes e um
professor morrem. Os dois
assassinos cometem suicídio. O presidente com Biden e Kerry: tiroteio ofusca comemorações
■ 29/7/1999: Após assassinar a
esposa e os dois filhos, um
especulador financeiro mata nove
pessoas em Atlanta (Geórgia) e se
mata.
Obama comemora
■ 21/3/2005: Em Red Lake,
Minnesota, um adolescente de
16 anos mata nove pessoas em seu
sucesso no combate
colégio, antes de se matar.
■ 16/4/2007: Um estudante
mata 32 pessoas antes de cometer
à crise e pede novo
suicídio na Universidade de
Virginia Tech, na Virgínia.
Foi o pior massacre nos
teto para a dívida
EUA em tempos de paz.
■ 24/12/2008: Um homem Governo inicia batalha para as ambições do presidente. Contu-
vestido de Papai Noel atira contra convencer republicanos do, o texto é rejeitado pelos repu-
os convidados de uma festa blicanos, majoritários na Câmara
em Covina, Califórnia, matando a ampliar endividamento de Deputados, que é chave em
nove pessoas e se suicida. do governo central questões de orçamento.
■ 10/3/2009: Um homem O ano fiscal termina no final do
desequilibrado mata dez O presidente dos Estados Unidos, mês e se a Câmara e o Senado não
pessoas em três cidades de Barack Obama, lembrou ontem os aprovarem uma lei de Orçamen-
Alabama e se mata depois. cinco anos do começo da crise fi- to, o governo seria obrigado a in-
■ 3/4/2009: Um vietnamita nanceira e fez um alerta à oposi- terromper algumas atividades
abre fogo em um centro para ção republicana, com a aproxima- consideradas não-essenciais e mi-
imigrantes em Binghamton, ção de uma batalha pela elevação lhares de funcionários públicos fi-
Nova York , matando 13 pessoas. do teto da dívida. “Há cinco anos, cariam desempregados.
■ 5/11/2009: Um psiquiatra a crise financeira atingiu Wall Os republicanos buscam cor-
militar inicia o maior tiroteio Street e derrubou uma economia tes em gastos sociais para reduzir
registrado em uma base militar, que já estava em recessão”, disse o déficit fiscal. Os enfrentamen-
matando ele em discurso na Casa Branca. tos com a Casa Branca são comuns
13 pessoas em Fort Hood, Texas. Esta crise abalou o país nas últi- desde que voltaram a controlar a
■ 20/1/2010: Um homem mas semanas da campanha presi- Câmara em 2011. Em cada oca-
mata oito pessoas durante dencial de 2008. “Quando assumi sião, acordos de última hora salva-
um tiroteio em Virgínia. o comando” em janeiro de 2009 ram a situação. No entanto, este
■ 3/8/2010: Um homem mata “a economia se contraía a um rit- ano há várias etapas difíceis.
oito colegas de trabalho em uma mo de 8% ao ano”, sustentou. O Congresso deverá votar um
empresa de distribuição de Obama lembrou os planos de aumento do limite de endivida-
cerveja de Connecticut, resgate do setor automobilístico e mento e o Tesouro alertou que, em
e se suicida. um maciço resgate destinado a re- meados de outubro, se não houver
■ 12 /10/2011: Em Seal Beach, cuperar a economia mediante inje- acordo, os Estados Unidos podem
Califórnia, um homem, que ção de dinheiro em empresas gi- entrar em default pela primeira
disputava com sua ex-esposa gantes do país e retomou o slogan vez na história.
a guarda do filho, abre fogo de sua campanha pela reeleição “A missão mais importante do
no salão de beleza em que ela do ano passado, pedindo mais Congresso é votar um orçamento
trabalhava deixando oito mortos. oportunidades de acesso à classe e o Congresso deve fazê-lo sem de-
■ 2/4/2012: Um coreano média para quem busca se incor- sencadear outra crise, sem inter-
de 43 anos mata sete pessoas porar a essa faixa da população. romper as operações do Estado
na Universidade de Oikos, Obama conseguiu, no começo ou, pior, ameaçar com o não-pa-
Califórnia, e se entrega. do ano, aplicar mais impostos pa- gamento das contas do paí”, aler-
■ 20/7/2012: Doze pessoas são ra os mais ricos, que se beneficia- tou o presidente.
assassinadas em um tiroteio ram de isenções fiscais no gover- Antes do pronunciamento pre-
em um cinema, na estreia no de seu antecessor, George W. sidencial, a Casa Branca lembrou
do último filme do Batman, Bush. Contudo, o presidente tam- o quinto aniversário da crise finan-
em Aurora, Colorado. bém quer suprimir algumas nor- ceira, no domingo, com um relató-
■ 14/12/2012: Um jovem mas que beneficiam grandes em- rio no qual comemora a adoção de
mata 20 crianças e seis adultos na presas e os mais ricos. medidas de resgate da economia
escola de Sandy Hook O projeto de orçamento da Ca- que “funcionaram melhor do que
em Newtown, Connecticut. sa Branca para 2013-2014 reflete qualquer um esperava”. AFP
28 Brasil Econômico Terça-feira, 17 de setembro, 2013

▲ MUNDO

Recuperação está apenas no


início, alerta Draghi, do BCE
Presidente do Banco Central Europeu lamenta que desemprego continue alto demais em países da zona do euro
Ints Kalnins/Reuters
Parao presidente do Banco Central Os preços ao
Europeu (BCE), Mario Draghi, a
economia da zona do euro conti-
consumidor na zona do
nua “frágil”, o desemprego ainda euro avançaram 0,1%
está "alto demais", ao mesmo tem- no mês em agosto,
po em que reiterou que o BCE vai
manter as taxas baixas. Durante
após queda de 0,5%
um evento da indústria alemã em em julho e a inflação
Berlim, Draghi disse que embora o anual ao consumidor
crescimento de 0,3% da economia
da Eurozona no segundo trimestre
desacelerou para 1,3%,
fosse bem-vindo, “a recuperação ante 1,6% em julho
estava apenas no início”.
Em julho, o BCE abandonou sua
tradição de nunca se comprometer
com antecedência sobre futuros
movimentos utilizando a chamada
“orientação futura”, afirmando meiro trimestre, informou a agên-
que poderia manter as taxas de ju- cia de estatísticas da UE, Eurostat.
ros iguais ou em níveis menores por A Eurostat também informou
um período prolongado, uma men- que os preços ao consumidor na
sagem que Draghi reiterou ontem. zona do euro avançaram 0,1% no
“Dada a perspectiva de infla- mês em agosto, após queda de
ção moderada se estendendo ao 0,5% em julho. A inflação anual
médio prazo, a expectativa do con- ao consumidor desacelerou para
selho diretor do BCE é de que as 1,3%, ante 1,6% em julho.
principais taxas de juros do banco A inflação permanece abaixo
continuem iguais ou em níveis me- da meta do Banco Central Euro-
nores por um período prolonga- peu, perto mas inferior a 2%, sus-
do”, disse o presidente do BCE. tentando a promessa do banco de
Draghi também afirmou que a manter as taxas de juros nos ní-
consolidação dos esforços dos go- veis atuais ou mais baixos por um
vernos e o programa de compra de período prolongado de tempo pa-
títulos de Transações Monetárias ra ajudar na recuperação.
Diretas do BCE ajudaram a trazer
uma melhora aos mercados. “Em Apelo de Letta pela
geral, o risco de um evento extre- estabilidade na Itália
mo na zona do euro acabou — e, Diante da possibilidade de rompi-
com isso, o risco de um impacto mentode sua base de sustentação,
negativo na estabilidade dos pre- o primeiro-ministro da Itália, Enri-
ços.” Acrescentou também disse co Letta, alertou os italianos neste
que recomeçar a emprestar para o fim de semana que uma crise políti-
setor privado era prioridade. ca iria aumentar os custos de em-
Os custos trabalhistas na zona préstimos e lançar o país no caos.
do euro subiram no ritmo mais len- “Quero mandar uma mensagem
to em quatro anos no segundo tri- muito forte aqui, nós não podemos
mestre, enquanto a inflação em mais permitir essa instabilidade ba-
agosto permaneceu baixa. Os cus- seada em jogos políticos”, disse ele
tos trabalhistas nominais por hora em convenção do partido centrista
nos17paísesqueusamoeurocresce- UDC (União dos Democratas-Cris-
ram0,9%noperíodoentreabrileju- tãos e Democratas de Centro) na ci-
nho, após aumento de 1,7% no pri- Mario Draghi, presidente do BCE: plano para retomada dos empréstimos ao setor privado na UE dade de Chianciano, na região da
Toscana.
“Tudo depende da estabilidade,
sem estabilidade não temos chance
de avançar”, disse ele, destacando
Gregos voltam às ruas contra demissões exigidas pelos credores que as esperanças de recuperação
econômica e de consolidação fiscal
A polícia grega usou gás planejadas para atender a semana por autoridades da cartazes em que seriam esmagadas se o governo de
lacrimogênio para dispersar demandas de credores. chamada “troika” de credores. se lia “Sem demissões!”. apenas quatro meses e meio cair.
dezenas de guardas escolares Após um verão calmo, guardas, Mais tarde, após o protesto dos A demissão de funcionários Amanhã, um comitê do Sena-
que tentaram forçar a entrada que patrulham as instalações guardas, milhares de funcionários é uma questão sensível no país do votará se Silvio Berlusconi deve
no ministério da Reforma escolares e cuidam de cruzamentos públicos marcharam pelas ruas de abalado pela crise econômica, ser expulso do Parlamento, após
Administrativa, enquanto de trânsito, professores e médicos Atenas até o parlamento onde o desemprego atingiu condenação por fraude fiscal, e os
trabalhadores do setor público de hospitais públicos começam a entoando palavras de ordem quase 28% e os níveis de pobreza aliados do magnata da mídia amea-
começam uma semana de greves pressionar o governo antes de uma como “Vamos expulsar o governo, se elevaram durante a recessão çaram derrubar o governo se o vo-
em protesto contra demissões inspeção marcada para a próxima a UE e o FMI!” e carregando que dura seis anos. Reuters to for contra ele. Agências
Terça-feira, 17 de setembro, 2013 Brasil Econômico 29
Barbara Sax/AFP
”ALTERNATIVA PARA A ALEMANHA”

Novo partido quer a volta do marco alemão


Membros de um novo partido alemão contra o euro queimaram notas falsas
diante do Portão de Brandeburgo para denunciar a política da chanceler
Angela Merkel. Os membros do partido “Alternativa para a Alemanha” (AFD)
queimaram as falsas notas que uma militante fantasiada de Merkel jogou
numa lata de lixo. O AFD defende a ”dissolução” da moeda europeia e afirma
que uma volta ao marco alemão não deve ser encarada como um tabu. AFP

Molhem Barakat/Reuters

Empresários e
trabalhadores
retomam atividades
em Kaesong
Complexo industrial sa que atua no complexo e que pe-
ficou fechado cinco diu para não ter o nome divulga-
do. “Francamente, ainda estou
meses devido a tensão um pouco nervoso porque nunca
entre as duas Coreias sabemos se o Norte vai mudar de
opinião”, completou.
Empresários sul-coreanos cru- Fundada em 2004, a zona indus-
zaram a fronteira e seguiram trial de Kaesong foi fechada unilate-
até o complexo industrial de ralmente por Pyongyang em abril,
Kaesong, na Coreia do Norte, após semanas de grande tensão na
que reabriu as portas, ontem, península, provocada pelo terceiro
depois de cinco meses. O fecha- teste nuclear da Coreia do Norte e
mento do centro industrial foi por novas sanções internacionais
provocado pela grande tensão contra o regime comunista.
na península no início do ano. Kaesong é uma valiosa fonte de
Coreia do Norte e Coreia do divisas para a isolada Coreia do
Sul concordaram na semana Norte, cuja economia sofre muito
Rebeldes sírios: mais de 100 mil pessoas já morreram no conflito e dois milhões fugiram do país passada com a reabertura do com a falta de planejamento e pe-
complexo, que fica a 10 quilô- las duras sanções internacionais
metros da fronteira e que abri- relacionadas com suas ambições

Investigadores da
ga 123 empresas sul-coreanas. nucleares. Antes do fechamento,
Dezenas de automóveis, ca- 53.000 norte-coreanos trabalha-
minhões e funcionários corea- vam no local.
nos cruzaram a fronteira milita- O complexo industrial foi resul-
rizada às 8H30 locais. tado da “diplomacia do raio de

ONU confirmam o uso “Gostaria que pudéssemos


trabalhar juntos, como antes”,
declarou o dono de uma empre-
sol”, conduzida por Seul de 1998 a
2008 para estimular os contatos
entre os países. AFP

de gás sarin na Síria Kim Doo-Ho/AFP

Relatório apresentado, ontem, pelo secretário-geral da organização, Ban


Ki-moon, não indica, contudo, quem é culpado, se o governo ou os rebeldes

Investigadores da Organização A confirmação do uso ao chão. “O uso de armas quími-


das Nações Unidas especializa- cas em tais condições meteoroló-
dos em armas químicas confirma-
de gás sarin na Síria gicas maximiza seu impacto po-
ram o uso de gás sarin em um ata- acontece no momento tencial, já que o gás pesado pode
que com gás venenoso, no dia 21 em que Grã-Bretanha, ficar perto do chão e penetrar em
de agosto, nos subúrbios de Da- níveis mais baixos de edifícios e
masco. “Esta é a confirmação
França e EUA realizam construções, onde muitas pes-
mais significativa do uso de ar- conversações para soas estavam procurando abri-
mas químicas contra civis desde estabelecer prazos go”, informa o relatório.
que Saddam Hussein as usou em Os resultados da investigação
Halabja (Iraque) em 1988”, disse
precisos para remoção de Sellstrom não são surpreenden-
o secretário-geral da ONU, Ban das armas químicas tes. Há várias semanas o secretá-
Ki-moon. Como esperado, o rela- rio de Estado dos Estados Unidos,
tório não diz quem lançou o ata- John Kerry, anunciou que gás sa-
que no subúrbio de Ghouta, con- rin foi usado no ataque na região
trolado pelos rebeldes. coletamos fornecem evidências de Ghouta, perto de Damasco. Os
“Com base em evidências obti- claras e convincentes de que mís- Estados Unidos afirmam que
das durante a investigação sobre o seis terra-terra contendo o agente 1.400 pessoas morreram no ata-
incidente de Ghouta, a conclusão nervoso sarin foram usados”, que, entre elas mais de 400 crian-
é de que armas químicas foram acrescenta o documento. ças. “A missão das Nações Unidas
usadas no conflito em andamento O relatório informa que as con- confirmou agora, de forma inequí-
entre as partes na República Ára- dições meteorológicas em 21 de voca e objetiva, que armas quími-
be Síria... contra civis, incluindo agosto causaram o número máxi- cas foram usadas na Síria”, disse
crianças, numa escala relativa- mo possível de feridos ou mortos. Ban ao Conselho de Segurança.
mente grande”, afirma o relatório As temperaturas estavam caindo Não está claro se algum detalhe
do investigador-chefe da ONU, o entre 2h e 5h da manhã, segundo do relatório sugeriu culpabilida-
sueco Ake Sellstrom. o documento, o que significa que de. O mandato de Sellstrom se li-
“Em particular as amostras am- o ar não estava se movendo para mita a investigar os fatos, não
bientais, químicas e médicas que cima, mas para baixo em direção apontar culpados. Reuters Veículos cruzam a fronteira rumo às indústrias no Norte
30 Brasil Econômico Terça-feira, 17 de setembro, 2013

OPINIÃO
Editoria de Arte

A lei é inovar
sempre
José Maria Gudiño*
redacao@brasileconomico.com.br

e iniciarmos hoje uma pesquisa

S
focada em inovação e perguntar-
mos quais são as empresas mais
inovadoras da atualidade é espe-
rado que a maioria dos partici-
pantes cite Apple, Google e Face-
book. No entendimento geral, compa-
nhias que quebram paradigmas e se de-
param ou correm atrás de uma tendên-
cia primeiro que a concorrência são as
que o senso comum e o próprio merca-
do colam o selo de inovação. Porém, a
inovação é muito mais que sair primei-
ro ou na frente dos concorrentes, é ge-
rar produtos e/ou serviços que mudam
a forma de vida de um grupo ou socieda-
de. Empresas como a Sony com o Walk-
man, a Apple com o iPad, a DuPont com
o Teflon, a Tesco com os supermercados
virtuais, a Raytheon com o forno mi-
croondas e muitas outras são exemplos
que possuem inovação em seu DNA.
É possível que uma empresa de pe-
queno porte seja inovadora? O que uma
companhia precisa fazer ou ter para ser
caracterizada como tal? Considerando
a indústria de Tecnologia da Informa-
ção, que é o setor em que atuo há mais
de vinte anos, vejo que a inovação está
atrelada às empresas que investem e
criam áreas de inovação, não só para Somos um dos países E se realizarmos melhorias em cima pesquisa e desenvolvimento tecnológi-
fins produtivos ou core da organização, que mais utilizam as do que já existe? Para mim, não deixa co ao longo de 2013 e 2014.
e sim dentro dos setores de TI, para de ser uma forma de inovar, que muitas Não vejo fórmulas para que as empre-
criar novos serviços e produtos que su- redes sociais e estamos vezes é desprezada. Também creio que sas se tornem inovadoras e sejam devi-
portam as estratégias da companhia e aprendendo como a responsabilidade das empresas que es- damente reconhecidas por isso. Aqui
trazer mais receita, ampliar participa- aproveitar o grande número tão na base da cadeia seja ainda maior, até gosto de fazer uma analogia com o
ção no mercado, automatizando proces- pois elas acabam sendo responsáveis pe- empreendedorismo: todo mundo é em-
sos produtivos, logísticos, comerciais e de informações que nos las inovações dos seus clientes, que de- preendedor? Não, mas todos nós pode-
inclusive financeiros. Outro entendi- são fornecidas e usufruir pendem de ofertas e serviços diferencia- mos ser. O mesmo acontece com a ino-
mento fundamental é saber que inves- de todos esses ingredientes dos (entenda-se diferenciados como vação. Todos podem inovar, mas exis-
tir em inovação pode não trazer um re- serviços que estejam à frente da concor- tem empresas que não sentem essa ne-
torno imediato e sim um ganho futuro. para a inovação rência) para inovar em seus processos. cessidade, pois estão evoluindo, ou se-
Se analisarmos a questão sob um Voltando o olhar para as empresas ja, sobrevivendo de uma inovação reali-
ponto de vista generalista, ‘ser inova- brasileiras ou que atuam no país, temos zada no passado e que deu certo, por
dor’ seria quase como encontrar um tre- tudo para sermos uma localidade extre- exemplo. Elas serão engolidas pela con-
vo de quatro folhas em meio a quatro ou- mamente inovadora. Se tomarmos co- corrência em algum momento? Deixo
tros de três folhas, ou seja, a probabilida- mo exemplo as redes sociais, somos um para as próximas tendências nos dize-
de é remota, mas existe. Temos criado dos países que mais as utilizam e esta- rem. A dica é acompanhar o seu merca-
muitas tecnologias, mas ainda existem mos aprendendo como aproveitar o do de atuação e estar atento aos gaps
gaps que podem ser canais para um no- grande número de informações que nos das indústrias, que também podem ser
vo empreendimento. Agora se pensar- são fornecidas e usufruir de todos esses canais para impulsionar iniciativas ino-
mos sob um viés diferente, consideran- ingredientes para a inovação. Atrasa- vadoras. A criação de grupos para dis-
do todas as etapas da cadeia de uma em- dos ou não, os brasileiros e as compa- cussão do tema, inclusive com profissio-
presa e as inovações pensadas nas ‘en- nhias locais têm um grande potencial nais de outros países, no caso de empre-
trelinhas’ para melhorias dos processos de se tornarem vitrine para outros paí- sas globais, também é fundamental. Se
teremos uma grande e boa surpresa rela- ses nesse quesito. Outro ponto que tem sua empresa não for uma multinacio-
cionada à quantidade e qualidade de ini- contribuído com iniciativas locais é o in- nal, busque o apoio de parceiros. Discu-
ciativas inovadoras que podem ter sido vestimento do governo federal, que lan- ta, arrisque e movimente-se, pois o
criadas. A verdade é que todos nós pode- çou no primeiro trimestre deste ano um mercado não espera.
mos inovar, seja qual for o mercado de programa para acelerar os investimen-
atuação ou a parte da cadeia em que es- tos em inovação no país com a aplica- *José Maria Gudiño é diretor de Inteligência
tejamos envolvidos. ção de R$ 32,9 bilhões em projetos de de Mercado e Inovação da Softtek
Terça-feira, 17 de setembro, 2013 Brasil Econômico 31

ANTONINHO MARMO TREVISAN ALEXANDRE ESPÍRITO SANTO


Presidente da Trevisan Escola de Negócios Economista da Simplific Pavarini
e membro do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Professor do Ibmec-RJ
e Social da presidência da Repúblicas (CDES)

Mais Médicos e os Candy Crush


royalties do petróleo versão Brasil
As duas principais medidas adotadas pelo governo para res- Aqueles que usam o Facebook — quase todos, não é verdade?
ponder ao clamor das manifestações públicas — o programa — entenderão: É muito chato ficar recebendo convite para jo-
Mais Médicos e a destinação dos royalties do pré-sal à educa- gar Candy Crush. Mais incômodo, ainda, quando você não é
ção e à saúde — atacam a causa e os efeitos de uma antiga ca- adepto desse tipo de passatempo. Eu nunca joguei. Todavia,
rência: a insuficiência do ensino, cujas consequências torna- mesmo não jogando, sei pelos aficionados que é algo vician-
ram-se mais aparentes com a maior procura de profissionais te, sobretudo porque o jogador fica “preso” em fases; um de-
determinada pelo crescimento econômico. Independente- safio até ultrapassá-las. O objetivo do jogo, pelo que pesqui-
mente da polêmica sobre a questão dos médicos, que alegam sei, é eliminar as guloseimas que vão surgindo. Fazendo uma
não faltar profissionais, mas sim condições de trabalho a ver- possível associação, penso que mercado e governo estão
dade é que milhares de vagas estão em aberto. num jogo de fazer inveja ao Candy Crush. Por quê?
Assim, a boa, velha e inexorável À medida que novas jazidas sejam Desde que assumiu o governo, a 4,5%. Empiricamente, contudo, tal
lei da oferta e da procura escancara a extraídas e passem a gerar recursos, presidente Dilma apontou para uma número sugere piso, conforme am-
carência. aumentarão substancialmente as decisão controversa, porém não ex- bos cálculos acima. Portanto, se real-
O problema, contudo, não se limi- verbas para o ensino. Será fundamen- plícita: Testar uma modificação no mente quiséssemos que o centro fos-
ta à falta de médicos. Criou-se até a tal a sua aplicação com muito crité- tripé macroeconômico. Desde 1999, se o objetivo súpero, uma redução de
expressão “apagão profissional” pa- rio e foco nos gargalos da educação. coexistem, com certa harmonia, me- taxa de juros audaz, que trouxesse a
ra nomear a dificuldade de se contra- A começar pelo resgate da qualidade tas de inflação, superávit primário e Selic para 7,25%, somente deveria
tar em várias áreas, como na enge- do Ensino Fundamental e do Médio, câmbio flutuante. Todavia, o gover- ter ocorrido se acompanhada de
nharia, na qual haveria déficit de 30 considerando que a sua precarieda- no atual iniciou um processo de mu- uma contundente política fiscal res-
mil profissionais/ano. É importante de é responsável pelo ingresso nas dança no jogo, com redução de taxa tritiva. Isso, lógico, desconsideran-
lembrar que, até pouco tempo atrás, universidades de um contingente de juros agressiva, em 2011, contas do o uso da contabilidade criativa.
se falava que a formação técnica e grande de alunos com deficiências públicas com uso de pancake, além É notório que não foi assim que se
acadêmica abaixo das necessidades na formação básica. de resgatar, mês passado, as inter- deu e o mercado passou a incorporar
do mercado de trabalho poderia Também é necessário zelar pela venções diárias no mercado de câm- mais inflação à frente. Resultado: Em
constituir-se em obstáculo à expan- qualidade do Ensino Superior, garan- bio, via swaps — sem uso de venda fí- pouco tempo, as taxas de juros volta-
são econômica. tindo a alunos de baixa renda com po- sica das reservas cambiais. ram a subir, já caminhando, nova-
tencial acadêmico o ingresso em ins- mente, para prováveis dois dígitos.
Não precisamos apenas tituições particulares de bom nível. É preciso cuidado para No tocante à questão fiscal, o pró-
Programas como o ProUni, de bolsas prio ministro Mantega concorda que
de mais médicos, de estudo, e o FIES, de financiamen-
não ficarmos preso as contas públicas trouxeram um for-
mas sim de qualidade e to das anuidades, devem ser estimu- à lá Candy Crush: o te ruído. Ao “emagrecer”, contudo,
quantidade em todas as lados, pois representam alternativa câmbio depreciado não é o superávit na proposta orçamentá-
de democratização das oportunida- ria de 2014, piorou as expectativas,
profissões. Tal meta é que des, tanto ou mais do que o regime
a solução definitiva para daí poucos terem compreendido a úl-
qualificará o Brasil como de cotas nas universidades públicas. a ineficiência do setor tima ata do BC, que considera a polí-
nação desenvolvida Enfatizo, ainda, a formação propi- exportador brasileiro tica fiscal, doravante, neutra. Mais
ciada pelo Promatec (Programa Na- guloseimas...
Mesmo com a queda do nível de cional de Acesso ao Ensino Técnico e Ao reduzir as guloseimas — taxa de Por fim, a taxa de câmbio. A possi-
atividade, ainda se vê a contratação Emprego) e o Aprendiz Legal. Faço juros — do mercado, o BC desancorou bilidade de mudança na política mo-
de engenheiros e outros profissio- essa observação lembrando que a ex- as expectativas inflacionárias. Um fa- netária nos EUA está por trás da des-
nais estrangeiros, como da Espanha periência alemã de propiciar ensino to importante, que gostaria de assina- valorização do real, porém não é a
e Portugal, onde é boa a formação es- técnico em parceria com empresas é lar, diz respeito ao sistema de metas única motivação. Penso, aliás, que
colar, mas cuja conjuntura de crise uma das razões do baixo desempre- em nosso país. De 1999 até 2012 o IP- os reais motivos estão relacionados
reduz muito o mercado de trabalho. go entre os jovens. CA médio observado é 6,7%, com des- ao déficit em transações correntes,
Aqui, embora o PIB venha crescendo Como dirigente de instituição for- vio padrão de 2,3%. Em termos esta- agora já não mais financiados pelos
menos, continuamos convivendo madora de bons profissionais de ad- tísticos (Shapiro-Wilk), apesar da pe- investimentos diretos de estrangei-
com desemprego baixo e, portanto, ministração e contabilidade, áreas quena série histórica, teremos um in- ros. Assim, uma taxa de câmbio
demandando contratações. também essenciais, sinto a responsa- tervalo — considerando a média mais mais desvalorizada, ajudará no ree-
Não podemos, contudo, analisar bilidade imensa que têm todos os en- ou menos um desvio padrão — entre quilíbrio do balanço de pagamen-
essa questão apenas pelo lado da volvidos na escolaridade das novas 4,4% e 9,0%. Considerando somente tos, no longo prazo. Mas — de novo
quantidade. É crucial a formação de gerações. Não precisamos apenas de de 2003 para cá, a média reduz-se pa- — é preciso cuidado para não ficar-
profissionais qualitativamente prepa- mais médicos, mas sim de qualidade ra 5,8% e o desvio para 1,6%, criando mos preso à lá Candy Crush: O câm-
rados. É nesse aspecto que se torna e quantidade em todas as profissões. um intervalo entre 4,2% e 7,4%. bio depreciado não é a solução defi-
importante a lei que destina 75% dos Tal meta é que qualificará o Brasil co- Como sabemos, o sistema no Bra- nitiva para a ineficiência do setor ex-
royalties do petróleo à educação. mo nação desenvolvida. sil indica, desde 2005, um centro em portador brasileiro.

Presidente do Conselho de Administração Maria Alexandra Mascarenhas Vasconcelos


Diretor Presidente José Mascarenhas
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32 Brasil Econômico Terça-feira, 17 de setembro, 2013

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PONTO FINAL
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cos capixabas negam essa versão e margem de sucesso ficou em ape-


OBSTÁCULOS NA PISTA afirmam que os investidores se re-
traíram por causa do modelo de
nas 50%. Contudo, a crer no go-
verno, o malogro da BR-262 não
concessão. Ou seja, gostariam de se repetirá e as demais ofertas se-

O
ministro Guido Mantega prevê que a economia brasileira O cartão de visita condições ainda mais atraentes. rão bem-sucedidas, como a da
terá pela frente pelo menos uma década de prosperidade. Ao todo, serão leiloados nove BR-050. De qualquer forma, o
da nova rodada trechos de rodovias até o início de mais importante é fixar responsa-
Ele fez essa aposta no fim de semana, ao garantir que haverá de concessões não 2014. Dentro de poucas semanas, bilidades claras e objetivas nos no-
um grande aporte de investimentos em infraestrutura no país graças
foi o ideal. Mas, portanto, será possível conferir se vos contratos de concessão. Cau-
às concessões de rodovias, ferrovias, aeroportos e de exploração o caso da BR-262 foi de fato uma sou estranheza a notícia de que a
do pré-sal. Seu otimismo, porém, esbarrou no resultado inesperado
a crer no governo, exceção, com origem em intrigas União vai bancar obras nas rodo-
na inscrição de candidatos aos leilões das estradas BR-262, entre o malogro da BR-262 de bastidor. Essa é, por exemplo, vias Rio-Juiz de Fora e NovaDutra
Viana, na região metropolitana de Vitória, e João Monlevade, em não se repetirá a conclusão da ministra-chefe da e na Ponte Rio-Niterói, todas ope-
Casa Civil, Gleisi Hoffmann, que radas por grupos privados que co-
Minas Gerais, e BR-050, entre Cristalina (GO) e Uberlândia (MG).
pretende reapresentar o edital. bram pedágios com a devida atua-
No caso da BR-050, rota obrigatória entre Brasília e São Paulo, Mas alguns empresários da cons- lização. O investimento total será
houve oito propostas. Mas não apareceu qualquer candidato a BR-262. trução pesada não mostram gran- de R$ 2,2 bilhões, sob o argumen-
de entusiasmo pela obra. Conside- to de que se trata de grandes obras
O governo acusou o golpe e a presi- dor Renato Casagrande ameaça- ram que a estrada é muito sinuosa cujo custo redundaria em reajuste
dente Dilma Rousseff ficou bastan- vam contestar o leilão na Justiça, e vai exigir investimentos mais al- de 50% no valor dos pedágios.
te irritada. Mas assessores do Pla- atendendo a apelos de comunida- tos do que o previsto no projeto de Técnicos que participaram da
nalto procuraram exibir tranquili- des contrárias à privatização e à co- concessão. Além disso, a duplica- decisão, explicam que sem o apor-
dade. Encontraram rapidamente brança de pedágios. Pequenos pro- ção do trecho pelo DNIT já está te da União as concessões teriam
uma explicação para a falta de inte- dutores da região também estão pe- contratada, mas, quando se trata de ser prorrogadas e o aumento da
resse. O fracasso teria sido provoca- dindo que a duplicação seja feita do polêmico DNIT, ninguém sabe cobrança seria inevitável. Eles ga-
do por pressões políticas no Espíri- pelo setor público. Diante da inse- o que pode acontecer. rantem também que os futuros con-
to Santo para que os empreiteiros gurança jurídica, os empresários Não importa o motivo. O fato é tratos vão ter cláusulas específicas
não apresentassem ofertas. A ban- foram aconselhados a aguardar que o cartão de visita da nova roda- para as futuras obras de melhoria.
cada do Estado e o próprio governa- momento mais oportuno. Os políti- da de concessões não foi o ideal. A É o que esperam os contribuintes.

AROEIRA SOBE E DESCE

■ O ministro das Relações Antonio Cruz/ABr


Exteriores, Luiz Alberto
Figueiredo, defendeu o fim
da transferência de armas para
a Síria e que este deve ser o
principal ponto da resolução do
Conselho de Segurança das ONU.
Reprodução

■ A Justiça do Pará negou o pedido


de habeas corpus Vitalmiro
Bastos de Moura, condenado
a 30 anos de prisão como um dos
mandantes do assassinato da
missionária americana Dorothy
Stang, ocorrido em 2005.

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