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INDICADORES
Econom ico
18,52
18,34
18,25
18,13
17,85
www.brasileconomico.com.br
10/09 11/09 12/09 13/09 16/09
PUBLISHER RAMIRO ALVES . CHEFE DE REDAÇÃO OCTÁVIO COSTA . EDITORA CHEFE SONIA SOARES . EDITORA CHEFE (SP) ADRIANA TEIXEIRA . TERÇA-FEIRA 17 DE SETEMBRO DE 2013 . ANO 5 . Nº 1.018 . R$ 3,00
Paulo Alvadia
Eletrobras PRÉ-SAL
Ex-aliados do
desperdiça governo tentam
impedir leilão
intelectual
é fazer com que o campo
fique com a Petrobras. P10
INOVAÇÃO
O Plano de Demissão
Incentivada da
estatal vai retirar da Onze países
folha de pagamento
4,3 mil funcionários de olho em
até dezembro.
Muitos passaram por
um telhado
diversas funções, Cobertura para Porto de
como o engenheiro Santos, desenvolvida pela
Luciano Carneir brasileira Sepa, será o tes-
(foto), que chegou te da tecnologia que per-
a assessorar a mite embarque debaixo
presidência. de chuva. P12e13
Demitido há um
mês, ele vai criar um
instituto e trabalhar MOBILIDADE
até para concorrentes
da empresa.
A Eletrobras Paulistano usa
garante que não
haverá perdas nas mais automóvel
suas operações.
Na subsidiária
particular
Eletronuclear, Pesquisa mostra que
o PDI foi adiado para mais paulistanos usariam
evitar a dispersão transporte público, embo-
de expertise. P6 ra o uso de carro próprio
tenha aumentado. P9
2 Brasil Econômico Terça-feira, 17 de setembro, 2013
MOSAICO POLÍTICO
GILBERTO NASCIMENTO
gilberto.nascimento@brasileconomico.com.br
Antonio Cruz/ABr
o número supera só o de Fernan- Celso de Mello
do Collor (1990-1992), que desa- Ministro do STF,
propriou 28 imóveis em 30 meses, que decidirá sobre
segundo o MST. Em 2008, ocorre- os embargos infringentes
ram 243 desapropriações no País.
No primeiro ano do governo Dil-
ma foram 58 e, no ano passado,
apenas 28. Em 2013, não foi regis-
trada nenhuma, de acordo com o
Conselhos tutelares têm problemas
movimento. Em 2008, havia 70 A Câmara Municipal de São Paulo organizou um encontro para
mil famílias assentadas. O núme- discutir as condições e a infraestrutura dos Conselhos Tutelares
ro foi caindo. Em 2009 eram 55 a fim de melhorar o atendimento às crianças e adolescentes.
mil; em 2010, 39 mil; em 2011, 22 Conselheiros atuam em condições precárias em São Paulo e em
mil; e no ano passado, 23,1 mil. grande parte do País. Foi proposto um plano de construção de
Outro integrante da coordenação, sedes. A promotora da Infância Luciana Bergamo disse saber da
Alexandre Conceição, diz que o “situação crítica” dos conselhos tutelares.
governo abandonou a reforma
agrária e deixou de cumprir sua Jose Cruz/ABr
obrigação constitucional. Confor-
me o movimento, há no País mais
PTB cria grupo
de 180 milhões de hectares classi- para ajudar em
ficados como grande propriedade
improdutiva.
“horas difíceis”
O PTB de São Paulo criou um
Serra não Skaf em Deputados conselho político, com 33
integrantes, para dar opiniões ao
levará aliados inserções na TV debatem em Miami partido em "momentos difíceis".
Entre outros, integram o
Tucanos dão como certo que Na sexta-feira, começam a ser Os deputados federais Arnaldo conselho Lair Krahenbuhl,
“serristas” como Aloysio Nunes e veiculadas as novas inserções do Jardim (PPS-SP), Carlos Alberto ex-secretário de Habitação do
Alberto Godman não sairão do PMDB paulista no rádio e na TV. Léreia (PSDB-GO) e Walter Feldman município de São Paulo; José
PSDB, caso Serra migre para o PPS. A “estrela” é o presidente da Fiesp, (PSDB-SP) participarão do 18º. Maria Marin, presidente da CBF;
O primeiro, é senador (pode perder Paulo Skaf, pré-candidato ao Meeting Internacional, evento do Marco Polo Del Nero, presidente
o mandato). O segundo, por ser governo. Um encontro em Bauru, LIDE, em Miami, entre os dias 26 e da Federação Paulista de
vice-presidente nacional do PSDB. dia 27, “reafirmará” a candidatura. 29. Debaterão temas como etanol. Futebol, e Luiza Eluf, promotora.
CARTAS Cartas para a redação: Rua dos Inválidos, 198, 1º andar, CEP 20231-048, Lapa, Rio de Janeiro (RJ).
E-mail: redacao@brasileconomico.com.br As mensagens devem conter nome completo, endereço, telefone e assinatura. Em razão de
espaço ou clareza, Brasil Econômico reserva-se o direito de editar as cartas recebidas. Mais cartas em www.brasileconomico.com.br
João Laet
BR-050 — CONCORRENTES
■ VERDEMAR
Empresas:
EcorodoviasInfraestruturaeLogísticaS.A.
ConstrutoraCowanS.A.
CoimexEmpreendimentose
ParticipaçõesLTDA.
RioNovoLocaçõesLTDA.
TervapPitangaMineraçãoe
PavimentaçãoLTDA.
ContekEngenhariaS.A.
A.MadeiraIndústriaeComércioLTDA.
UrbesaAdministraçãoe
ParticipaçõesLTDA.
Sociedadecorretora:BradescoS/A–
CorretoradeTítuloseValores
Mobiliários
■ RODOVIA DO SERTÃO
Empresas:
FidensEngenhariaS.A.
ConstrutoraAterpaM.MartinsS.A.
ViaEngenhariaS.A.
ConstrutoraBarbosaMelloS.A.
CariocaChristiani-NielsenEngenhariaS.A.
Sociedadecorretora:MundivestS/A
CorretoradeCãmbioeValores
Mobiliários
■ INVEPAR–ODEBRECHTTRANSPORT
Empresas:
InvestimentoseParticipaçõesEm
InfraestruturaS.A.–Invepar
OdebrechtTransportS.A.
Sociedadecorretora:CGD
InvestimentosCorretoradeValorese
A BR-116 tem um de seus trechos (MG) com licitação prevista para o último grupo, que agora será desmembrado e ainda não tem data
CâmbioS.A.
■ CONSTRUTORA QUEIROZ
■ PLANALTO
Empresas:
SenparLTDA.
ConstrutoraEstruturalLTDA.
Após ausência de propostas para concessão da estrada entre Espírito Santo e Minas ConstrutoraKamilosLTDA.
EllencoConstruçõesLTDA.
Gerais, governo anuncia que fará as próximas licitações com um lote de cada vez EngenhariaeComércio
BandeirantesLTDA.
GrecaDistribuidoradeAsfaltosLTDA.
Ivone Portes teve interessados. Os envelopes sentantes da Empresa de Planeja- Estado, que inclui mineração, pe- MaqterraTransporteseTerraplenagem
iportes@brasileconomico.com.br com as ofertas para a BR-050 se- mento e Logística (EPL). Outra tróleo e gás, papel e celulose . Se- LTDA.
Sônia Filgueiras rão abertos amanhã. Vencerá reunião foi marcada para hoje. gundo ele, a discussão sobre os TCLTecnologiaeConstruçõesLTDA.
ValedoRioNovoEngenhariae
sonia.filgueiras@brasileconomico.com.br quem oferecer o menor valor de O presidente da Federação das preços elevados dos pedágios e a
ConstruçõesLTDA.
São Paulo e Brasília pedágio. A tarifa máxima é de R$ Indústrias do Estado do Espírito cobrança de tarifas antes da con-
SociedadeCorretora:
7,87 a cada 100 km, enquanto pa- Santo (Findes), Marcos Guerra, la- clusão das obras afugentaram os
SLWCorretoradeValoreseCâmbio
Começa amanhã, já com algumas ra a BR-262 era de R$ 11,26. mentou o fato de não haver inte- investidores. Deputados e senado-
importantes interrogações, a tem- Em razão da falta de interesse ressados para a BR-262, pois a me- res capixabas ameaçaram entrar ■ TPI – TRIUNFO PARTICIPAÇÕES
porada de leilões de infraestrutu- pela BR-262, o governo anunciou lhoria na rodovia é muito impor- com recurso na Justiça caso o lei- E INVESTIMENTOS
ra do governo federal para impul- ontem que irá rever a forma de lici- tante para escoar a produção do lão fosse realizado no modelo Empresas:TPI–TriunfoParticipaçõese
sionar a economia brasileira. O tar as rodovias. Segundo o minis- anunciado pelo governo. Ele citou Investimentos
Programa de Investimentos em Lo- tro dos Transportes, César Borges, também o fato de a rodovia estar Sociedade Corretora:
gística (PIL), lançado no ano pas- as próximas licitações serão feitas em uma região montanhosa e de- PlannerCorretoradeValoresS.A.
sado, prevê aportes de mais de R$ com a oferta de apenas um tre- mandar mais investimentos.
200 bilhões em rodovias, ferro- cho, e não com dois, como previs- Além desses, mais sete trechos ■ ARTERIS S.A.
vias, portos e aeroportos. Parte to anteriormente. “Serão datas di- Além da BR-050 e da de rodovias serão leiloados(veja Empresas:
das expectativas, entretanto, fo- ferenciadas para todos, até para o mapa nas páginas 4 e 5). São 7,5
ram frustradas já no início do pro- setor analisar cada uma”, expli-
BR-262, mais sete mil quilômetros de estradas que
ArterisS.A.
SociedadeCorretora:
cesso. Nesta primeira etapa, dos cou ele, acrescentando que a mu- trechos de rodovias deverão ser duplicadas, melhora- BESSecuritiesdoBrasilS.A.–CCVM
dois trechos de rodovia ofertados dança na metodologia não deverá serão licitados.O das ou construídas. Os investi-
à iniciativa privada, apenas um te- atrasar as licitações. Com essa me- mentos previstos são de R$ 50 bi- ■ COMPANHIA DE PARTICIPAÇÕES
ve demanda: a BR-050, entre dida, o governo terá mais tempo
objetivo do governo é lhões. O objetivo do governo é lici- EM CONCESSÕES
Goiás e Minas Gerais, que recebeu também para identificar possíveis encerrar o processo até tar os nove trechos até o fim do Empresas:
oito propostas (quadro ao lado). A problemas. o final do ano, mas ano. Mas a BR-116, cujos estudos CompanhiadeParticipaçõesem
BR-262, entre Viana, município Borges anunciou a mudança estão sendo complementados, po- Concessões
da região metropolitana de Vitória após reunião com a ministra da Ca-
ainda há dúvidas de ficar para 2014, segundo o mi- SociedadeCorretora:
(ES), e João Monlevade (MG), não sa Civil, Gleisi Hoffmann, e repre- quanto à BR-116 nistro dos Transportes. Com ABr CodepeCorretoradeValoresS.A.
4 Brasil Econômico Terça-feira, 17 de setembro, 2013
▲ BRASIL
A-B
Abertura de ■ BR-262 (ES/MG) — 375,6 km
Corresponde ao trecho entre Viana, município da região
metropolitana de Vitória (ES), e entroncamento com a BR 381 em
JoãoMonlevade (MG). Seria leiloada amanhã, mas nenhuma
proposta foi apresentada. Integrantes do governo avaliam que a
caminhos para
licitação deserta foi resultado de problemas locais e específicos
dotrecho, que não estão relacionados à modelagem, já que o
trecho para a BR-050 atraiu oito propostas. Especialistas
apontam que, dentre outros fatores, a duplicação do trecho de
Vitória à divisa de Minas Gerais, dependendo de obras do DNIT,
trouxe insegurança ao setor privado. Do total a ser
concedido, 191,4 quilômetros seriam duplicados.
segundo o presidente da Federa- de vista do concessionário, o mo- O trecho a ser concedido inicia-se em Sinop
ção das Indústrias de Goiás (Fieg), delo financeiro está concluído. No (MT) e termina na divisa entre Mato Grosso e
Pedro Alves de Oliveira. momento, as negociações estão fo- Mato Grosso do Sul (em direção a Campo
“Nós entendemos que é a bus- cadas nas condições do repasse Grande), passando por Cuiabá e
ca de uma solução para o proble- dos recursos entre o BNDES e o Rondonópolis. A rodovia transporta grãos da
ma de logística do país, principal- pool de bancos. Um dos pontos maior região produtora do país em direção
mente aqui no Centro-Oeste, on- em discussão envolve o spread a aos portos de Santos e Paranaguá, a partir
de temos dificuldade de escoa- ser cobrado pelo BNDES ao trans- dos quais escoa a maior parte dos produtos
mento. E essa dificuldade tem pro- ferir os recursos às instituições fi- agrícolas brasileiros exportados.
vocado prejuízo ao setor produti- nanceiras. Uma das alternativas Estimativas do governo apontam que até
vo. Por isso, concordamos com a em negociação prevê a cobrança 2022 a produção de soja e milho da região
cobrança de pedágios, desde que de spreads mais baixos para ban- terá crescido 65%. Hoje, de acordo com as
não ocorram abusos”, acrescenta cos que aceitarem conceder o cré- associações de produtores, por gargalos no
Oliveira. Mas o maior benefício dito a prazos mais longos aos con- escoamento, há perda de produção.
mesmo, segundo ele, virá das con- cessionários.
cessões de ferrovias. “Precisamos Uma terceira fonte de recursos
agilizar e viabilizar o término da
ferrovia Norte-Sul, da Leste-Oes-
te e da Fico, a Ferrovia de Integra-
para os investimentos é a partici-
pação de fundos de pensão esta-
tais e suas empresas como acionis-
P-Q
■ BR-163 (MS) — 847,2 km
ção do Centro-Oeste.” tas nos consórcios participantes. Prosseguimento da BR-163 da divisa com o Mato Grosso,
Sobre o forte interesse de inves- Em carta divulgada recentemen- corta o Mato Grosso do Sul até a divisa com o Paraná, em
tidores pela BR-050, o presidente te, Caixa Econômica Federal, BB Guaíra (PR). Integra a rota para os portos de Santos e
do Conselho de Política Econômi- Banco de Investimentos, BNDES- Paranaguá, principais portas de saída de produtos
ca da Federação das Indústrias do Par, Petros (fundo dos funcioná- agrícolas do Brasil. O transporte da produção de grãos
Estado de Minas Gerais (Fiemg), rios da Petrobras) e Funcef (fundo no Mato Grosso do Sul enfrenta o mesmo
Lincoln Gonçalves Fernandes, diz dos funcionários da Caixa) se com- estrangulamento observado em Mato Grosso.
que essa é a “joia da coroa”, por- prometem a aportar , para este
que já está duplicada e tem volu- fim,até R$ 12 bilhões, limitados a
me de tráfico bastante intenso. 49% do capital social das socieda-
O governo estima investimen- des de propósito específico ou hol-
tos totais de R$ 50 bilhões nas con-
cessões das rodovias, dos quais
dings vencedoras dos contratos
de concessão. I.P e S.F.
T-U I-N
até 70% poderão ser financiados ■ BR-116 ( MG) — 816,7 km ■ BR-060(DF), BR-153(GO), BR-262(MG);
em até 25 anos, cinco dos quais de O trecho vai da divisa de Minas Gerais 1.176,5 km
carência, com juros de 2% ao ano com a Bahia (Divisa Alegre) até a divisa A Rodovia vai da divisa do Distrito Federal com Goiás,
além da Taxa de Juros de Longo com o Rio de Janeiro (Além Paraíba), a até Anápolis (trecho referente à BR-060), segue por
Prazo (TJLP). Os financiamentos partir de onde segue concedida à Goiânia até a divisa entre os estados de Minas e São
serão realizados por meio de ban- Governo estima ConcessionáriaRio-Teresópolis (CRT). Paulo (trecho referente à BR 153). A concessão inclui,
cos privados e públicos, mas com Éa principal viade integração entre as ainda, o segmento que vai de um entroncamento da
funding do Banco Nacional de De-
investimentos totais regiões Nordeste e Sudeste. BR-153 com a BR-262 em Minas Gerais, até Betim,
senvolvimento Econômico e So- de R$ 50 bilhões nas Especialistas costumam dizer que se a passando por cidades como Uberaba, Ponte Alta e
cial (BNDES). concessões das BR 116 ficar fechada poralguns dias, Nova Serrana, também em Minas. O trecho é
Os bancos atuarão como repas- podehaver desabastecimento nos considerado uma importante comunicação entre a
sadores e assumirão o risco de cré-
rodovias, dos quais supermercados nordestinos. Sem ela, a região Centro-Oeste, o triângulo mineiro, São Paulo e o
dito das operações. Do ponto de até 70% poderão ser alternativa economicamente possível Sul do país. Pelos trechos trafegam soja, milho, tomate,
vista do concessionário, a vanta- financiados em até 25 de transporte de gêneros e produtos derivados da cana de açúcar, derivados de leite, gado e
gem consiste em ter a possibilida- industrializados entre as duas regiões é carnes, alimentos e outros produtos industrializados.
de de operar com bancos dos
anos,com juros de 2% pornavegação de cabotagem. O trecho complementa a rota originária de Belém.
quais já é cliente. Além do finan- ao ano além da TJLP Aproximadamente metade dele exigirá duplicação.
Terça-feira, 17 de setembro, 2013 Brasil Econômico 5
Victor J. Blue/Bloomberg
FINANCIAMENTO DAS CONCESSÕES
▲ BRASIL
Divulgação
CRÉDITO
US$ 56 bi
Foi o montante captado pelo poder
público brasileiro, nos últimos dez
anos, em 277 operações
de crédito fechadas com credores
internacionais, comoo Banco
Mundial e o BID
US$ 30 bi
Soma do total empréstimos
obtidos por 49 municípios,
24 estados, além do Distrito
Federal no mesmo período
Obra do metrô de São Paulo: estado é o segundo na lista dos que mais captaram no mercado internacional, com dívida de US$ 5,8 bilhões
Amanda Raiter
amanda.raiter@odia.com.br
à licitação do pré-sal
Personalidades de peso no governo Lula se unem para recorrer à Justiça contra o leilão
Divulgação
Nicola Pamplona
nicola.pamplona@brasileconomico.com.br
ARTIGO
C
influentes na administração
Clinton (de quem foi secretário
do Tesouro), Lawrence Sum-
mers foi um dos principais de-
fensores do processo de desregu-
lamentação financeira. Esse processo
por sua vez permitiu os três pilares da
crise de 2008: a consolidação acelerada
do setor financeiro norte-americano
(gerando o problema sistêmico conheci-
do como too big to fail); o desenvolvi-
mento de uma série de instrumentos fi-
nanceiros (como alguns tipos de deriva-
tivos) utilizados basicamente para ma-
nobras especulativas; e o crescimento
sem precedente da alavancagem e do
risco sistêmico.
Já fora do governo, continuou a defen-
der o avanço daquelas inovações e da ala-
vancagem financeira, mesmo quando
os sinais de perigo eram evidentes. Por
exemplo, em 2005 na reunião anual dos
presidentes dos principais bancos cen-
trais do mundo, em Jackson Hole, Ra-
ghuram Rajan (hoje liderando o Banco
Central da Índia) demonstrou em um ar-
tigo que a existência de produtos finan-
ceiros complexos, somada a uma estru-
tura de remuneração dos principais exe-
cutivos financeiros, gerava incentivos
perversos, que terminavam por engen-
drar bolhas especulativas e elevados ní-
veis de risco (sistêmico) para toda a eco-
nomia. Com isto, Rajan apresentou uma
das mais contundentes evidências de
que a liberalização financeira então em
curso estaria levando a economia a uma
crise de grande escala, com possíveis
efeitos catastróficos. Summers pediu a
palavra e, de pé, basicamente desqualifi-
cou os argumentos de Rajan, chaman-
do-o por fim de “ludita” — ou seja, um
radical que se opõe ao progresso.
Summers é um economista contro-
verso, para dizer o mínimo. Além de seu A saída de Summers da te ela não é um indicador de como o Fed xos de capital excessivos — com todas
decisivo apoio a políticas econômicas irá se comportar no futuro próximo, as suas sequelas desestabilizadoras.
que se mostraram desastrosas, ele não
disputa pelo Fed é uma nem muito menos uma garantia de que Mas, para o debate interno nos EUA, o
mede suas palavras, mesmo quando pa- boa notícia. Parte dos EUA a História não se repetirá. No que tange que mais tem preocupado é a possibili-
ra falar de infundados preconceitos. Por não esqueceu como a visão à futura atuação do banco central norte- dade que, de novo, se esteja criando
exemplo, ainda como presidente da Uni- americano, o debate principal aqui é se uma bolha no mercado acionário, e, es-
versidade de Harvard, fez declarações ti-
dele sobre economia e se deve ou não dar continuidade à políti- pecialmente, no mercado imobiliário.
das como sexistas, dentre as quais a de política econômica ca extremamente expansionista dos úl- Nós todos já vimos esse filme antes, e o
que “a baixa representação de mulheres foram desastrosas timos cinco anos — o chamado quantiti- final não foi feliz.
em ciências exatas e engenharia se de- ve easing (QE). Essa política se iniciou Tudo isso indicaria que o Fed deveria
via a uma diferença da habilidade das em 2009 com a compra sistemática de começar a repensar sua forma de atua-
mulheres nestes campos, e não por ra- ativos financeiros privados de longo pra- ção já na sua próxima reunião. Porém
zões de discriminação e socialização”. zo (incluindo hipotecas). Que gerou pe- há um “detalhe”: apesar da melhora do
Apesar disto tudo, sua nomeação ao lo menos dois enormes inconvenientes. mercado de trabalho norte-americano,
Fed, o banco central norte-americano, Por um lado, desde 2008 o balanço das os sinais de recuperação ainda não são
era dada como certa. De fato, Obama tem gigantes instituições financeiras priva- tão fortes assim.
razões de ser-lhe grato. No começo do das engordou quase simetricamente ao Ou seja, o Fed atualmente enfrenta
seu governo, Summers atuou como um crescimento acumulado do passivo do um dilema de difícil solução: se não pa-
dos seus principais assessores nos progra- Fed (cerca de US$ 3,7 trilhões). E como ra o QE, continua a colocar querosene
mas de salvamento do setor financeiro e houve um processo de consolidação do num processo de crescente risco sistê-
nos de estímulo econômico que se segui- setor financeiro após a crise, agora es- mico que cada vez mais se assemelha à
ram — cujos resultados, frente à profundi- sas instituições são ainda maiores e fogueira especulativa que nos levou ao
dade da crise de 2008, são tidos como mais concentradas do que antes. Ou se- colapso financeiro de 2008. Mas se ele
bons. Mas Obama teria alguma dificulda- ja, nunca o argumento de too big to fail para, ameaça uma ainda frágil retoma-
de de defender o nome de Summers pe- foi mais válido: a bancarrota de uma da da economia nore-americana. Hoje
rante o comitê do senado responsável pe- única grande instituição norte-ameri- (terça-feira) e amanhã o comitê do Fed
la nomeação — já que quatro membros, riam por si só uma boa razão para não cana poderia mais que nunca gerar pro- se reúne para discutir essa questão. Mas
democratas, entre os doze senadores do nomeá-lo. Mas porque ela sinaliza que cessos encadeados de quebra nos Esta- sabemos que qualquer que seja o resulta-
comitê já haviam se declarado contrários uma parte da sociedade norte-america- dos Unidos e no mundo. do dessa reunião, as incertezas e as dúvi-
a essa possível nomeação, mesmo antes na não esqueceu a História recente e co- Por outro lado, o crescimento e a das sobre a atuação do Fed infelizmente
das audiências protocolares. mo a visão de Summers sobre econo- consolidação das instituições financei- continuaram muito depois que o capítu-
Nesse último domingo, Larry Sum- mia e política econômica foram desas- ras privadas têm possibilitado crescen- lo da sucessão de Bernanke se resolva.
mers retirou sua candidatura. Sua saída trosas para essa sociedade — e para o res- tes “voos especulativos” dentro do sis-
da disputa é, de certa forma, uma boa to do mundo. tema. Já falamos, na nossa coluna, co- Rogerio Studart, professor da UFRJ e diretor executivo
notícia. Não somente por suas declara- A saída da competição de Summers mo alguns desses “pousaram” em eco- adjunto pelo Brasil no Banco Mundial.
ções machistas — que, a meu ver, já se- é, portanto, um alívio. Mas, infelizmen- nomias emergentes, na forma de flu- As opiniões aqui expressas são pessoais.
12 Brasil Econômico Terça-feira, 17 de setembro, 2013
▲ EMPRESAS
Editora: Flavia Galembeck
flaviag@brasileconomico.com.br
Toldos
nacionais tipo
exportação
Criado por uma empresa local, a Sepa Engenharia, a cobertura do
ancoradouro do Porto de Santos já atraiu interesse de 11 países
“
Daniel Carmona Os operadores logísticos que
dcarmona@brasileconomico.com.br atuam com commodities como
São Paulo soja, açúcar, café e algodão são
obrigados a suspender os traba- A modernidade dos
Uma estrutura de 3,2 mil tonela- lhos de 90 a 120 dias por ano por
das de aço entrelaçado em mem- causa da umidade que compro-
componentes permite
branas de DVDF (liga de PVC e te- mete o produto. Depois de 53 es- que a criação de algo
flon), com altura equivalente a boços que mobilizaram outros 13 inédito, com precisões
de um edifício de 26 andares e ex- engenheiros, Fiedler enfim tinha
tensão de três campos de fute- um confiável projeto em mãos pa-
milimétricas, e de
bol, é a menina dos olhos do en- ra “devolver” a Rumo, braço lo- rápida instalação. É um
genheiro Nelson Fiedler para gístico do grupo Cosan que paga- projeto que gera uma
transformar o mau tempo que rá R$ 65 milhões pela solução.
tanto prejudica o embarque e de- As lonas são confeccionadas
economia impensável
sembarque de mercadorias em desde o início do ano em Araçari- de recursos”
uma solução de escala global. Tra- guama, no interior de São Paulo, Nelson Fiedler
ta-se de um gigantesco e inédito na fábrica da Sepa (Soluções de Engenheiro e sócio da Sepa
telhado que, sob os olhares aten- Engenharia e Projetos das Améri-
tos de 12 países já interessados no cas), empresa que Fiedler man-
projeto,começará a ser erguido tém com outros três sócios. Já as
em duas semanas no ancoradou- estruturas de aço serão monta-
ro da Rumo/Cosan em Santos. das em uma unidade da empresa
O telefonema despretensioso em Caraguatatuba, no litoral pau-
recebido há cinco anos despertou lista, e serão conduzidas até San-
a ambição de Fiedler para buscar tos através de balsas. “Será mais minal da empresa atualmente
uma solução. “Eles me diziam fácil fazer a logística dessas pe- por ano, a capacidade operacio-
que era preciso carregar o navio, ças pelo mar do que através da ro- nal vai subir a 16 milhões de tone-
mas era preciso esperar a chuva dovia”, explica André Barone, di- ladas. A durabilidade prevista pa-
passar”, explica o engenheiro. retor-executivo e sócio da Sepa. ra os 35 mil metros quadrados de
O ineditismo da obra, que se- membranas é de 25 anos.
gundo Nelson Fiedler vai repre- “A modernidade dos compo-
sentar uma economia sem prece- nentes permite que a gente desen-
dentes de recursos ao garantir a volva algo inédito, com precisões
operação dos portos e reduzir as milimétricas, e de rápida instala-
perdas, levou a empresa a inves- ção. É um projeto com vida pró-
tir US$ 300 mil em patentes pelos pria que gera uma economia im-
quatro cantos do mundo. Além pensável de recursos”, acrescenta
NÚMEROS do Brasil, a cobertura naval foi Fiedler. Em cenários mais pessi-
formalizada nos Estados Unidos, mistas (épocas de chuvas), um ca-
90a120dias México, Argentina, Vietnã, Áfri-
ca do Sul, União Europeia e ou-
minhão chega a aguardar até duas
semanas para conseguir fazer o es-
É o tempo perdido a cada ano em tros seis países do leste europeu. coamento de uma commodity co-
virtude da chuva , que suspende “A partir do momento que es- mo a soja. Além disso, quanto
os trabalhos de embarque ou sa cobertura for entregue, tenho mais tempo um navio permanece
desembarque das embarcações certeza que teremos um novo pa- atracado, maior é o gasto de com-
graneleiros nos portos. radigma. Onze países já formali- bustível para mantê-lo no local.
zaram a intenção de contar com Por fim, Fiedler ainda reflete so-
André Barone
(à esquerda)
e Nelson Fiedler:
responsáveis
pela cobertura
do Maracanã
(foto do topo,
à direita),
a estrutura do
porto de Santos
(à dir., foto
ao centro),
e estações
do teleférico do
Morro do
Alemão, no Rio
(à dir., abaixo)
▲ EMPRESAS
“
Erica Ribeiro
eribeiro@brasileconomico.com.br
“
“Percebi que o selo foi o diferen- rante o ano. Estou investindo para rantes de alto nível em Nova York. (Inpi) para apoiar grupos de mi-
cial para fechar negócio com ou- ampliar a minha produção, de 40 A meta para 2013 é produzir 50 cro e pequenos negócios a alcança-
tros países. E não tenho dúvidas mil litros”, afirma Freire. O empre- mil litros, com a expectativa de que rem certificações como a IGP, é
de que terá o mesmo efeito no mer- O setor da cachaça sário, que trocou o trabalho de en- 40% vá para Ásia e EUA. “Nosso fo- um passo importante para a quali-
cado interno”, opina o produtor. genheiro pela produção da bebi- co é a qualidade”, afirma Kátia. dade das empresas do segmento.
A produção da bebida é de cerca
é promissor em Paraty. da, contou com o apoio do Sebrae Localizada em Nova Friburgo, “As cachaças de Paraty (RJ) e de
de nove mil litros, mas a capacidade A cidade é turística, por na implementação do negócio. a Cachaça Fazenda Soledade pro- Salinas(MG)jáconseguiramessese-
dadestilaria éde 16millitros.Ofatu- isso, abro o alambique Algumas marcas já alcançam duz 400 mil litros por ano e 60% lo após um longo processo, que ga-
ramento mensal é R$ 70 mil. “A in- premiações importantes pelo mun- desse volume é exportado para a rante não só a qualidade, mas tam-
serção de boas práticas de gestão foi
para visitação. do. A Cachaça da Quinta, produzi- Alemanha. A empresa também ex- bém a identidade da região onde são
fundamental para o sucesso do meu A capacidade do meu da na cidade de Carmo, no interior porta para os EUA e outros países produzidas. No Rio, realizamosdes-
empreendimento porque, além de alambique é de 40 mil do Rio, também já conseguiu o selo da União Europeia.“Com a certifi- de novembro de 2011 o Projeto de
cursos e capacitação, tenho do Se- do Inmetro e a Gran Gold Medal no cação, devemos crescer 10% no Certificação, que visa à obtenção de
brae o suporte técnico”, avalia.
litros. Estou investindo Concours Mondial de Bruxelles — exterior e de 10% a 15% no Brasil. um selo de conformidade do Inme-
Com uma produção prevista pa- na ampliação” Spirits Selection 2013, realizado O selo é um sinal de confiança pa- tro para 15 empresas”. O Sebrae, diz
ra 20 mil litros em 2013, o empre- Lúcio Gama Freire em Taiwan, em junho deste ano. O ra o consumidor e oferece mais Barreto, atua ainda na abertura de
sário Lúcio Gama Freire é um dos Empresário rótulo concorreu com outros 514 oportunidades de abertura de mercado com o Comércio Brasil.
Terça-feira, 17 de setembro, 2013 Brasil Econômico 15
Divulgação
MINERAÇÃO
“
são as franquias. Já temos uma com o Santana Parque Shopping, Kids e Army Inc. no Shopping Segundo ela, desde o início da
atuação forte no estado de São Pau- de São Paulo, para a abertura de West Plaza é mais um passo da gestão da Aliansce, no início do
lo e nas regiões Norte e Nordeste uma loja feminina ainda este ano. administradora Aliansce em ano passado, já foram
do país. Este ano chegaremos ao E ainda está nos planos uma outra A ideia é ter quatro mudar o conceito do centro inauguradas 35 novas lojas e mais
Sul com Blumenau e Florianópolis unidade em Belém (PA), em comercial. A ideia é trazer lojas 15 entram em funcionamento
(SC). Mas o Brasil inteiro nos inte- 2014”, adiantou ele.
lojas dentro de diferenciadas ao shopping, ainda este ano. Entre as novidades
ressa”, disse Torres. “Além do Como é uma marca já é conheci- um único espaço, voltado para as classes A e B. do shopping vão estar o Villa
Rio, estamos em negociação com da pelo público masculino, a divul- pois cada uma terá “A abertura da family store Bowling, considerado o maior
três shoppings de Belo Horizonte gação das linhas mais novas tem si- da Mr. Kitsch tem muito a ver boliche de São Paulo, um
(MG), além de cinco projetos em do feita dentro das próprias lojas.
uma temática própria. com o nosso conceito de trazer simulador de golfe, além da
estudo com a Aliansce”, comple- “Também estamos divulgando o Saímos do gueto lojas especiais. Estamos primeira loja da rede Johnny
tou ele. O investimento necessá- conceito na internet, em redes so- masculino para vestir investindo R$ 22 milhões na Rockets no Brasil, famosa
rio para abertura de uma Mr. Kits- ciais como o Facebook, além de revitalização. Uma pesquisa hamburgueria americana.
ch é de cerca R$ 500 mil e o retor- TV e mídia impressa com alguns
toda a família em nos mostrou que 76% do fluxo “Temos no nosso shopping a
no se dá, em média, em 36 meses. anúncios, mas acreditamos mes- diferentes momentos” de um milhão de pessoas que primeira Riachuelo Mulher do país
Em todas as unidades da rede mo na indicação de quem já é nos- Tiago Torres passa no shopping é da classe e ainda lojas como a quem disse,
são vendidos os produtos das qua- so cliente”, finalizou Torres. CEO da FB4Brands AB. Com o crescimento da berenice?”, ressaltou Bettina.
16 Brasil Econômico Terça-feira, 17 de setembro, 2013
Divulgação
“
gia da informação (TI).
“Hoje, a Atos ocupa a 17ª posi-
ção no mercado brasileiro, segun-
América Latina
do as principais consultorias de A segurança é um colhe frutos de
tecnologia. Nossa meta é estar en-
tre os dez maiores prestadores de
dos fatores críticos reestruturação
serviços de TI no país em 2015”, nos Jogos Olímpicos.
diz Alexandre Gouvêa, presidente Em Londres, nós O interesse recente da Atos
da Atos para a América Latina. pelo Brasil simboliza uma
Como parte desse objetivo, a
identificamos mudança no papel da América
Atos quer ampliar sua presença um total 4,5 milhões Latina para a companhia nos
em clientes de telecomunicações de tentativas de últimos anos. A transformação
e manufatura, segmentos nos começou a ganhar corpo no
quais possui uma base significati-
invasão aos sistemas fim de 2008, quando Thierry
va de clientes. Finanças, serviços durante a competição” Breton assumiu como
e governo também estão no radar. Alexandre Gouvêa executivo-chefe global. Uma de
Para ganhar mercado nesse últi- Presidente da Atos na AL suas primeiras medidas foi
mo setor, a empresa está trazendo brecar a venda das operações
para o Brasil seu portfólio de servi- na América Latina, mercado
ços de cidades inteligentes. Batiza- considerado muito complicado
da de MyCity e baseada inicial- O maior foco no Brasil também pela gestão anterior. “Um
mente em serviços de consulto- está por trás do investimento de exemplo de como eles lidavam
ria, a oferta foi construída a partir ¤25 milhões em um novo centro com a América Latina era o
de projetos desenvolvidos pela de prestação de serviços, instala- fato de que a região se
companhia em cidades como Lon- do em Londrina (PR). Até então, a reportava a Espanha, pois
dres, Barcelona e Buenos Aires. Atos contava com uma única uni- acreditava-se que esse era o
Com a integração de softwares dade desse porte, em São Paulo. mercado de maior similaridade
e processos, a ideia é oferecer “Esse investimento partiu da ne- na operação global. Hoje, eu
meios para aprimorar a gestão de cessidade de melhorarmos nosso me reporto diretamente ao
questões como segurança, mobili- modelo operacional no país. A de- CEO”, diz Alexandre Gouvêa,
dade urbana e situações de crise, cisão por Londrina para abrigar o que assumiu como presidente
como por exemplo, os impactos centro teve como ponto de parti- da Atos na região no início de
de fenômenos meteorológicos no da fugir da disputa acirrada por 2010. Sob a orientação de
dia a dia de uma cidade. Uma das mão de obra qualificada no eixo reforçar os investimentos nas
aplicações possíveis é o uso de geo- Rio-São Paulo”, diz Gouvêa. regiões de potencial de
localização para verificar a dispo- Em operação desde abril, o no- crescimento, a América Latina
nibilidade e tempos de espera no vo centro presta serviços para o entrou no radar da Atos. Esse
transporte público. A participa- Brasil e a América Latina. A unida- cenário foi fortalecido quando
ção em licitações relacionadas à de conta hoje com uma equipe de a companhia adquiriu, no fim
gestão de bilhete único e de frotas 300 profissionais. “A projeção é de 2010, a Siemens IT, braço de
da SPTrans é a primeira investida chegar a 600 pessoas entre o fim serviços de tecnologia da
da Atos para desenvolver essa ofer- de 2013 e o início de 2014”, obser- Siemens. Com o acordo, a Atos
ta no mercado brasileiro. va o executivo. Atualmente, a — que na época mantinha
Atos mantém uma equipe de 1,9 operações na América Latina
mil colaboradores no Brasil. apenas no Brasil e na
NÚMEROS O time local será reforçado Argentina — reativou suas
com a proximidade da Olimpíada operações no México, Chile e
TECNOLOGIA
NELSON VASCONCELOS
nelson.vasconcelos@brasileconomico.com.br
H
á dez anos, este vosso humilde escriba visitou algumas
empresas de tecnologia em Israel — país que está muito
à frente que nós nesse quesito. Por lá se falava, então,
que a guerra do futuro estaria cada vez mais ligada não exatamente
a aviões, mísseis e afins, mas a computadores, hackers e exércitos
cibernéticos. Esse tipo de guerra já está em prática há algum tempo.
Não por acaso, as nações mais ricas estão torrando rios de dinheiro
em espionagem digital. Assim como na guerra tradicional, cada país
tem que se preparar com antecedência, para não haver surpresas.
Mas o nosso Brasilzão não tem jeito mesmo. Se já não investe nas
suas forças armadas como deveria, agora descobriu que inventaram
uma tal de internet, e que ela pode funcionar como uma ameaça aos
segredos do Estado brasileiro. Sejam eles quais forem — os gastos
com segurança no cartão de crédito presidencial, por exemplo...
CURTAS
Fotos Divulgação
7,1 milhões de brasileiros estão tempos? Tomara que sim. testando uma versão do seu
nessa aba. Mas ok, essa “internet Primeiro, pelo seu passado Lumia rodando o Android.
compartilhada” também pode ser glorioso. Segundo, porque Talvez fosse mais negócio
uma ação entre amigos, quando concorrência é sempre uma boa pra ela. Mas, por via das
um dos internautas contrata o alternativa para os mercados. Por dúvidas, preferiu desistir da
pacote e o divide com seus mais que muita gente tente nos ideia para abrir seu caminho no
vizinhos. Essa prática não é convencer do contrário. coração da Microsoft. E, como a
criminosa, afinal, como andou coisa não está fácil para
sendo discutido recentemente. ■ POR FALAR NISSO ninguém, a finlandesa também
O jornal “New York Times” anuncia o lançamento de um
■ NA ABA DO SEU WI-FI ■ NOKIA NOVO NA ÁREA revela que a Nokia andou celular, com câmera, por US$ 29. ■ FOME DE LEÃO
Sabe quando sua banda larga está O Nokia Lumia 625 começou a ser A HelloFoods, que está no país há
ainda mais lerda do que de vendido ontem nas lojas Nokia de ■ SAMSUNG NOVO NA ÁREA apenas seis meses, acaba de
costume? O problema talvez não todo o país. A tela é de 4,7 A propósito, a Samsung comprar a Peixe Urbano Delivery,
seja apenas da operadora, como polegadas, e o aparelho é anuncia que está disponível o sua concorrente. A empresa
sói acontecer. A culpa talvez seja compatível com a rede 4G Galaxy S5 Zoom, que também chegou por aqui com apetite. Já
do seu vizinho, que está pegando brasileira. Aliás, o modelo 64GB só está querendo fazer bonito comprou outras duas empresas
carona na sua conexão via wi-fi. é vendido, com exclusividade, nas no mundo das camerafones. nesse meio tempo.
Pelo que divulgou ontem o lojas da Vivo. A questão é: será que São 16MP com zoom óptico
Instituto Data Popular, pelo menos a Nokia voltará a viver seus bons de 10X. Coluna publicada às terças-feiras
18 Brasil Econômico Terça-feira, 17 de setembro, 2013
▲ EMPRESAS
“
Douglas Nunes
douglas.nunes@brasileconomico.com.br
“
de produtos já foram firmados.
Até o momento, nove empresas já
fecharam o uso da marca para di-
versos produtos, como pins (bro- O licenciamento para
ches) e moedas. “Temos a expecta-
tiva de fechar com mais de 20 em-
a Olimpíada do Rio
presas até o fim do ano. Aí divulga- é uma ação importante
remos os nomes das empresas par- para a Malwee. Temos
ceiras”, disse Sylmara.
A organização da Rio 2016 pla-
orgulho de ser 100%
neja fechar contratos de licencia- brasileira e por isso
mento com 60 empresas até a rea- mesmo não poderíamos
lização do evento esportivo. “Iden-
tificamos categorias que pode-
ficar de fora desse
riam ser interessantes para as evento tão importante”
Olimpíadas e abrimos concorrên- Guilherme Weege
cia. Os lançamentos serão planeja- Presidente da Malwee
dos para que o valor das marcas
dos Jogos atinja o auge em 2016”,
completou a diretora da área do co-
mitê olímpico. As empresas pode-
rão explorar as marcas dos Jogos
Olímpicos e Paraolímpicos, Rio
2016, do Time Brasil, dos pictogra-
mas e dos mascotes.
No lançamento do projeto de li-
cenciamento, em fevereiro de
2012, mais de 150 empresas de se-
tores variados demonstraram inte-
resse, mas o comitê trabalha com Sylmara,da Rio2016:6 milpontosdevendae150lojas oficiais paravenderosprodutoslicenciados
a hipótese de fechar contratos me-
ses antes da realização dos jogos,
como ocorre na maioria dos paí- NÚMEROS que o mercado consumidor brasi- Para aproveitar esse potencial, “O licenciamento para a Olimpía-
ses que sediam o evento. leiro tem o maior percentual de in- o comitê Rio 2016 pretende abrir 6 da do Rio está sendo interpretado
Para a diretora do comitê, o li-
cenciamento é uma grande opor-
tunidade de envolver mais o públi-
60 teresse em produtos com marcas
ligadas aos grandes eventos espor-
tivos, em comparação a outros no-
mil pontos de vendas, além de 150
lojas oficiais espalhadas por aero-
portos, shoppings, na própria vila
como uma ação extremamente im-
portante para a Malwee. Temos or-
gulho de ser 100% brasileira e por
co brasileiro com os jogos. Ter as empresasdevemlicenciar ves países, entre eles Reino Unido olímpica, além de uma megaloja isso mesmo não poderíamos ficar
logos olímpicas de 2016 em uma produtosdaRio2016. e China, onde ocorreram as duas na praia de Copacabana, no Rio, e de fora desse evento tão importan-
extensa linha de produtos cria últimas edições dos jogos olímpi- em outras instalações dos jogos. te para o Brasil”, disse Guilherme
uma empatia maior com o evento,
e deve gerar retorno financeiro.
Segundo uma pesquisa da con-
9 cos. O Brasil apresentou 87% de
tendência de utilização das mar-
cas, seguido por Índia (79%), Chi-
Uma das empresas já seleciona-
das, a Malwee, empresa que atua
desde 1968 no ramo de confecção
Weege, presidente da Malwee.
A companhia planeja distri-
buir seus produtos com a marca
sultoria de marketing Nielsen são os contratos já na (68%) e Rússia (56%). Os me- e vestuário, terá o licenciamento dos jogos em seus 30 mil pontos
Sports, o Brasil apresenta um gran- assinados. A expectativa é nores índices foram registrado na desse setor. A catarinense encara de venda pelo país, onde comer-
de potencial para o mercado de li- que eles somem 20 em 2013. Alemanha e no Reino Unido, com com otimismo o futuro da marca cializa, por ano, cerca de 55 mi-
cenciamento. O estudo mostra 26% e 32%, respectivamente. após essa parceria com a Rio 2016. lhões de peças.
Terça-feira, 17 de setembro, 2013 Brasil Econômico 19
E$PORTE CLUBE
CHICO SILVA
chico.silva@brasileconomico.com.br
A sexta-feira 13
do Paraná Clube
O Paraná Clube escolheu uma data
um tanto temerária para estrear seu
novo e um tanto curioso patrocínio.
Pois a sexta-feira 13 foi o dia em que
o time estampou pela primeira vez
na camisa a marca do Memorial
Parque das Araucárias, cemitério
localizado em Colombo, cidade da
grande Curitiba. E o debut do novo
parceiro foi, literalmente, assustador.
O time perdeu um invencibilidade
de 11 meses em seu estádio, o Durival
de Britto, e foi derrotado por 2 x 1
pelo Oeste, em partida da Série B.
Márcio Mercante
A
potencial ameaça de o Brasil ficar sem um piloto na executivos da emissora. Consultada pela coluna, O Vasco da Gama está com uma
próxima temporada de F-1, algo que não ocorre a assessoria da Globo informa que ainda está em fase bomba relógio prestes a explodir.
desde a estreia de Emerson Fittipaldi na categoria, de negociação com os atuais proprietários das cotas, O clube corre contra o tempo para
em 18 de julho de 1970, no circuito de Brands Hatch, no GP que são Nova Schin, TIM, Petrobras, Mastercard, Santander derrubar a decisão da Justiça Federal
da Grã-Bretanha, pode trazer prejuízos que vão além dos e Renault. Procurada por E$porte Clube, a Brasil Kirin, do Rio de Janeiro que não
esportivos. Sem um piloto na principal modalidade do dona da marca Nova Schin, informa que está avaliando homologou o acordo com
automobilismo mundial, empresas tradicionalmente liga as possibilidades e confirma que ainda não fechou com a Procuradoria Geral da Fazenda
das ao esporte podem perder o interesse de patrociná-lo. a Globo. A cervejaria, no entanto, não quis confirmar se Nacional para o parcelamento de
No mercado, comenta-se que a Globo está encontrando a possível ausência de um brasileiro no cockpit poderia suas dívidas fiscais e tributárias. Com
dificuldades para negociar as milionárias cotas de ser decisiva para deixar de investir no esporte. A marca isso, o Vasco não recebe a Certidão
patrocínio de suas transmissões. Além da notória queda é também uma das principais apoiadoras do GP Brasil. É bom Negativa de Débito. Sem esse
de audiência registrada nos últimos anos, a indefinição lembrar que a F-1 está entre as propriedades mais lucrativas documento não pode assinar seu
quanto à permanência ou não de Felipe Massa nas pistas no da Globo. Em 2013, o canal faturou quase R$ 400 milhões contrato de patrocínio com a Caixa.
ano que vem está dificultando o trabalho dos com a comercialização das seis cotas do evento. O banco pode até rescindir o acordo.
Ernesto Carriço
INVESTCRAQUE
conquistou. Com isso se tornou o primeiro ginasta
Número da semana
brasileiro a ouvir o hino nacional no alto de um pódio
Arthur Zanetti,
ginasta medalha de ouro em Londres 2012
olímpico. A conquista nas argolas mudou sua vida e,
de certa forma, sua conta bancária. Claro que
R$ 51 mi
Zanetti ainda está um pouco longe de faturar o É o valor do novo salário anual de
Não é exagero dizer que apenas o seu seu primeiro milhão de reais. Mas para Cristiano Ronaldo no Real Madrid.
treinador e mais uma meia dúzia de chegar lá, “devagarinho” e sempre, Assinado no último domingo, o novo
especialistas apostavam em uma ele investe 70% do que recebe de contrato terá duração de cinco anos.
medalha para o ginasta Arthur Zanetti bolsas e patrocínios na caderneta Com isso o gajo passou a ser o jogador
em Londres 2012. Quanto mais uma de de poupança. Os outros 30% mais bem pago do planeta.
ouro! Pois foi essa façanha que esse vão para aplicações bancárias
garoto nascido em São Caetano do Sul tradicionais, como CDB e IGTB. Coluna publicada às terças-feiras
20 Brasil Econômico Terça-feira, 17 de setembro, 2013
▲ FINANÇAS
Editora: Eliane Velloso
eliane.velloso@brasileconomico.com.br
‘PRIVATE EQUITY É
MAIS TRANSPARENTE
(QUE BANCOS) E BOM
PARA INOVAÇÃO’
Um dos criadores do Pactual, o economista Paulo Guedes é também pioneiro do
Private Equity no Brasil. Com a recente integração de sua BR Investimentos - um
dos projetos que tocou após a saída do banco de investimentos — à Bozano Investi-
mentos, de Júlio Bozano, Guedes se prepara para lançar seu terceiro fundo, uma
aposta na demanda por novas opções de investimento nas fases iniciais e na Bol-
sa. Espera receber R$ 1 bilhão de investidores institucionais e estrangeiros para
manter a aposta em educação, saúde e bens de consumo, sempre com inovação.
Renata Batista Antes, falava-se que o problema tema financeiro e está indo pa-
renata.batista@brasileconomico.com.br estava nas elevadas taxas de ju- ra o empresarial.
ros. Hoje, qual o problema?
Como está o mercado de private Quem são os investidores de seu
equity atualmente? O Brasil levou tempo demais novo fundo?
combatendo a inflação. Nós nun-
É uma fase muito importante ca fomos efetivos porque nunca Acho que teremos apoio dos nos-
para o private equity no mundo tivemos um regime fiscal ade- sos institucionais, que fizeram
inteiro porque o capital está quado. O combate sempre foi o parte do Fundo 1 e Fundo 2 e al-
muito barato. Banco Central sozinho, aumen- guns investidores de fora que es-
tando juros. Então, com impos- tão vindo.
Mas essa ameaça de redução de tos muito altos, juros muito al-
liquidez não atrapalha? tos, a taxa de mortalidade (de E o senhor avalia que a competi-
empresas) sempre foi muito ção com projetos de infraestrutu-
Pelo contrário. Nessa crise inter- grande. Não obstante isso, a eco- ra vai diminuir recursos dos ins-
nacional, enquanto os bancos ti- nomia é tão dinâmica, tem tan- titucionais para private equity?
veram problemas por excesso to empreendimento, que exis-
de alavancagem, base de capital tem entre 14 mil e 20 mil empre- Acho que não. São projetos dife-
relativamente baixa, falta de sas de diversos setores com exce- rentes. Acho até ao contrário. Os
transparência, a indústria de pri- lente desempenho, crescendo, e private equity vão participar e
vate equity, ao contrário: tem os que precisam exatamente des- ajudar bastante na condução dos
passivos flexíveis, são muito ses padrões de melhor governan- investimentos de infraestrutura.
transparentes e são super impor- ça para levá-las para a Bolsa
tantes para inovação. Elas são eventualmente.
hoje até mais representativas do
capitalismo, do conceito clássi- Que setores são mais atrativos?
co de ganhos e perdas, enquan-
to o sistema bancário toda hora São setores críticos para o futu-
está criando problemas e tem ro da economia brasileira, ino-
que ser salvo por Bancos Cen- vação, educação, saúde, aplica-
trais, pelo Tesouro etc., por ina- ção de novas tecnologias, logís-
dequação de design. O design es- tica... Mas não essa logística, a
tá feio. Está mal regulamentado. logística de serviços. Tem o
“
porto, tem a ferrovia de US$ 4
No Brasil, a situação é a mesma? bilhões, mas falta o investimen-
to que conecta os dois, falta lo-
Particularmente no Brasil, é um gística no sentido de serviço, O Private Equity
caso ainda mais atraente do pon- de inteligência.
to de vista de investimentos. O está mais próximo do
Brasil já teve 1500 empresas lis- E qual a vantagem do private capitalismo, da ideia
tadas em Bolsa há 25 anos. Hoje, equity para essas empresas? de que pode ganhar
você tem uma população muito A gente investe em empresas
maior, um PIB de US$ 2 tri- para as quais a gente quer levar e perder, que o sistema
lhões. Perdeu-se muito tempo. a estrutura moderna de partici- bancário, que toda hora
Tem recursos do mundo inteiro pação societária, onde gestão e tem que ser salvo pelos
vindo para o Brasil e falta em- propriedade estão muito próxi-
preendedores, faltam empresas mas. Esse modelo, conhecido BCs, pelo Tesouro. Está
listadas em Bolsa. como partnership, veio do sis- mal regulamentado”
Terça-feira, 17 de setembro, 2013 Brasil Econômico 21
Daniel Acker
SUCESSÃO NO FED
Alessandro Costa
Indústria de capital de
“
Não há competição
(por recursos).
Pelo contrário.
risco busca crescimento
BNDES e Finep ampliam apostas no modelo e devem encerrar o ano com mais
Os fundos de private de uma dezena de novos fundos, mas há incerteza nas captações privadas
equity vão participar
e ajudar bastante
na condução dos Apesar da recente incursão de liários (CVM) de julho de 2003, as D. Meyn, ainda existe a possibili-
agentes públicos de fomento co- estatísticas do setor ainda in- dade de maior concentração do
investimentos em mo BNDES e Finep no setor, a in- cluem muita coisa que não é - na mercado nos próximos anos. Se-
infraestrutura” dústria de private equity vive um essência - private equity. Mesmo gundo ele, é possível ter bons re-
momento de incertezas. Há recur- assim, o setor representa apenas tornos na gestão apostando-se
sos disponíveis, mas o crescimen- 0,25% do PIB, contra 1% nas eco- em setores onde o estado não
to tende a ser menor do que o espe- nomias mais desenvolvidas. consegue ser eficiente, como ser-
rado e inferior ao de países e mer- “A Abvcap tem 200 membros, viços públicos de saúde, educa-
cados concorrentes, como aponta- dos quais 50 gestores. Na Índia, on- çã, logística de transporte etc. A
ram alguns participantes do en- de foram criados 26 fundos com capacidade de captação de recur-
contro internacional sobre o tema US$ 20 bilhões, em três anos, são sos, porém, depende das rela-
realizado ontem pela Associação 289 gestores”, compara, infor- ções locais das gestoras.
Brasileira de Private Equity e Ven- mando que o Brasil criou, no mes- Para o ex-presidente da
ture Capital (Abvcap). mo período, 9 fundo com patrimô- CVM, Luiz Leonardo Cantidia-
Pelo lado positivo, os adminis- nio de US$ 11 bilhões. no,a saída dos investimentos
tradores que superarem a fase Na avaliação do sócio da Gá- continua a ser um dos maiores
mais difícil devem ganhar mais au- vea Investimentos, Christopher desafios, já que a bolsa de valo-
tonomia, com investidores de pe- res tem apenas 400 empresas lis-
so, como os fundos de pensão, de- tadas e os mercados de acesso,
legando mais ao abrir mão da pre- como o Bovespa Mais, ainda es-
Apetite de sença em conselhos de adminis-
tração ou comitês deliberativos,
tão muito incipientes.
“Existe a possibilidade de
estrangeiros em favor de uma atuação mais acordo de saída entre os sócios,
consultiva. “A indústria está ama- mas os auditores costumam con-
ainda é limitado durecendo. Já podemos fazer a se- siderar como dívida, o que preju-
leção dos gestores que estão fun- dica o resultado da empresa”, ex-
Sócio da Clayton, Bubilier & cionando e dos que não estão e Para o ex-presidente plica Cantidiano.
Rice, líder do mercado analisar investimentos sem comi- De acordo com a representante
americano de private equity, tê. Estamos estudando algumas
da CVM, Luiz Leonardo da BM&FBovespa Cristiana Perei-
Thomas Franco está menos propostas nessa linha”, afirma o Cantidiano,a saída dos ra, há indicadores de que empre-
otimista com o mercado do que gerente de private equity da Fun- investimentos sas e gestores estão buscando o
o brasileiro Paulo Guedes. A cef, Jorge Nobre. mercado de capitais. “A maior par-
gestora acaba de fazer uma Na avaliação do diretor executi-
continua a ser um dos te das empresas que fizeram IPO
joint-venture com o executivo vo da Stratus, Álvaro Gonçalves, maiores desafios, já que recentemente receberam investi-
Vindi Banga, ex-Unilever, para a 10 anos depois da regulamentação há poucas empresas mento antes”, conta.
Ìndia, mas não tem planos de da participação de fundos de pen- O BNDES deve encerrar o ano
entrar no Brasil nos próximos são no setor, com a resolução nº
listadas e os mercados com quatro novos fundos, totali-
cinco anos. 391 da Comissão de Valores Mobi- de acesso, incipientes zando 36 veículos de investimento.
Segundo ele, de forma
geral, há restrições de
investimentos e, no caso do
Brasil, o que se diz nos EUA é
que o país têm gestores demais
e pouca experiência.“No longo
prazo, o Brasil está em uma
situação muito boa, com
muitas empresas familiares,
que têm características
importantes para a transição
que esse tipo de investimento
ajuda a fazer. O problema é o
curto prazo”, resume.
Na avaliação de Franco,
essa fase mais restritiva deve
durar cerca de dois anos e será
provocada pela reação
excessiva do setor financeiro a
incertezas políticas e
econômicas. O período, porém,
será importante para avaliar o
“talento” dos gestores. “Não
está claro se os ganhos
alcançados nos últimos anos
foram resultados da boa
gestão ou da arbitragem entre
comprar barato e vender
caro”, afirma.
22 Brasil Econômico Terça-feira, 17 de setembro, 2013
O
s mercados globais não tentaram disfarçar ontem o seu alívio
com a desistência da candidatura de Lawrence Summers
à sucessão de Ben Bernanke na presidência do Federal
Reserve (Fed). Summers, bombardeado pelos democratas, não teria
mesmo nem a sutileza, nem a habilidade, muito menos a humildade
necessárias à condução do delicado retorno à normalidade
monetária dos EUA. Afinada com os democratas, Janet Yellen
aglutina um consenso capaz de afastar oponentes de última hora,
apesar de ter crescido ontem, em substituição ao de Summers,
o nome alternativo de Donald Kohn, ex-vice-presidente do Fed,
considerado menos condescendente que Yellen.
▲ FINANÇAS RESSEGUROS
“
Léa De Luca
lluca@brasileconomico.com.br
São Paulo
Os bancos brasileiros
Desde a eclosão da crise financei-
ra internacional, em setembro de
estão hoje mais
2008, 16 bancos brasileiros desa- capitalizados do que
pareceram do mapa devido a fu- há cinco anos. Ou seja,
sões, aquisições e liquidações.
Mas os que ficaram, ficaram mais
tem mais capital para
fortes. garantir as suas
“A concentração aumentou”, operações de crédito.
diz Erivelto Rodrigues, presidente
da Austin Rating. O total de ativos
Isso significa que estão
de 156 bancos que entregaram ba- mais sólidos que antes”
lanços ao Banco Central em setem- Erivelto Rodrigues
bro de 2008 estava em R$ 3,006 Presidente da Austin Rating
trilhões; em junho último, havia
140 bancos e os ativos passaram
para R$ 5,705 trilhões — um au-
mento nominal de 89%. Com is-
so, passaram de 100% do PIB há
cinco anos para 126% agora. O cré-
dito cresceu ainda mais, de R$
1,148 trilhão para R$ 2,401 tri-
lhões no período, ou seja, 109%.
“O crescimento dos ativos foi
puxado pelos bancos federais. So-
mente o Banco do Brasil quase do-
brou sua participação no total de
crédito do sistema, passando de al-
go entre 12% e 13% para 21%”,
lembra Rodrigues. “Os bancos pri-
vados estavam colocando o pé no de um banco. Quanto maior esse
freio das concessões, para obser- índice, melhor — indica que o ban-
var melhor quais seriam os efeitos co tem patrimônio para bancar as
da crise sobre o Brasil e, principal- operações de empréstimo e, por-
mente, sobre a qualidade das car- tanto, estão mais protegidos con-
teiras de crédito”, diz o executivo. tra uma crise. Ou seja, os bancos
A cautela deu o tom nos primei- estão hoje mais capitalizados do
ros dois anos após a crise de 2008, que antes. “Não vejo hoje ne-
quando Unibanco foi comprado nhum risco sistêmico no país. O
pelo Itaú, o Votorantim pelo BB e o BC tem uma das melhores práticas
Panamericano pela Caixa e BTG. de fiscalização e regulamentação
O governo agiu simultaneamente do setor no mundo. Pode haver
em várias frentes, possibilitando problemas com um banco aqui ou
fusões, provendo liquidez para ali, mas nada preocupante”, acre-
bancos menores em dificuldades dita Rodrigues.
— reduziu compulsórios e desone- Mas, se de um lado os ativos Rodrigues, da Austin: “A rentabilidade caiu, mas o custo de oportunidade (a taxa Selic) também”
rou operações de compra de cartei- cresceram, a rentabilidade dimi-
ras de crédito por bancos maiores nuiu, passando de 18,1% para
— e intervindo em bancos com 15,4% nesses cinco anos. Contu-
problemas insolúveis — casos do do, Rodrigues lembra que rentabi-
Rural, BVA, Cruzeiro do Sul, Pros- lidade tem que ser medida pelo
per Oboé e Morada. custo de oportunidade: “Como a
Quando o país voltou a crescer taxa livre de risco, a Selic, tam-
os bancos se animaram. Alguns bém diminuiu nesse período, era
passaram da conta e, amargaram esperado que rentabilidade dos
calotes a partir de meados de bancos diminuísse também”.
2011. Com isso, engataram uma Taxas de juros mais baixas tam-
marcha-á-ré nas concessões de bém trazem a tona preocupações
crédito. Em 2012, o governo pas- com ineficiência na administra-
sou a reduzir a taxa básica de juros ção de custos, e esta é a fronteira
da economia, a Selic, e a promo- que os bancos atacam atualmente
ver mais concorrência pela atua- para manter seu lucro e rentabili-
ção mais forte dos bancos públi- dade. Rodrigues, entretanto, avi-
cos, para derrubar os juros cobra- sa que em alguns bancos, o corte
dos nos empréstimos. de custos está próximo do esgota-
Outro fenômeno verificado mento. Por isso, também, a briga
nos últimos cinco anos é o aumen- com os bancários pelo índice de
to do índice de Basileia — que re- reajuste tende a ser acirrada neste
presenta o grau de alavancagem mês, data-base da categoria.
24 Brasil Econômico Terça-feira, 17 de setembro, 2013
Terça-feira, 17 de setembro, 2013 Brasil Econômico 25
▲ FINANÇAS
Divulgação
▲ MUNDO
Editor: Gabriel de Sales
gsales@brasileconomico.com.br
Tiroteio deixa
13 pessoas mortas
em base naval
de Washington
Atentado ocorreu perto do Congresso e do aeroporto Ronald
Reagan; autor é um ex-prestador de serviços das Forças Armadas
Um tiroteio em uma base admi- Em certo momento foi possí- rios não passam por um detector
nistrativa da Marinha americana vel ver um homem ser levado em de metais ao entrar no edifício.
em Washington deixou, ontem, uma rede suspensa por um heli- Não ficou claro como o agres-
13 pessoas mortas e oito feridas, cóptero militar até uma área no sor, ou os agressores, consegui-
incluindo um dos agressores, em- interior do complexo naval. ram entrar com armas pesadas
bora não se saiba quais as motiva- Patricia Ward, funcionária do em um complexo fortemente pro-
ções do ataque. Este é o pior epi- complexo, disse que tinha acaba- tegido como o Washington Navy
sódio deste tipo em uma instala- do de tomar café da manhã na ca- Yard. O conjunto de edifícios
ção militar americana desde o as- feteria do edifício central quan- abriga, entre outras instalações,
sassinato de 13 militares na base do o tiroteio começou. “Estava a residência do chefe do Estado-
de Fort Hood, no Texas, en 2009. esperando um amigo pagar sua Maior da Marinha americana, al-
A Agência Federal de Investi- conta quando ouvi os tiros. Fo- mirante Jonathan Breenert.
gação americana identificou o ram três disparos seguidos. Al- O mais antigo estabelecimen-
agressosr morto como Aaron Ale- guns segundos depois, foram ou- to da Marinha dos Estados Uni-
xis, de 34 anos, um morador de tros três tiros”, disse. dos serve atualmente como base
Fort Worth, Texas, acrescentan- De acordo com Ward, “um administrativa da instituição e é
do que ele era um ex-prestador guarda pediu gritando que a gente a sede do Comando de Opera-
de serviços das Forças Armadas. corresse o mais rápido possível”. ções Navais dos Estados Unidos.
O tiroteio começou por volta A mulher disse que os funcioná- Devido ao incidente, os pou-
das 08h20 locais (09h20 de Brasí- sos e decolagens programados
lia) em um complexo de edifícios no aeroporto internacional Ro-
chamado Washington Navy nald Reagan, situado a poucos
Yard, uma sede histórica da Mari- quilômetros, chegaram a ser can-
nha americana e que atualmente celados por quase duas horas.
abriga o Comando dos Sistemas O Senado dos Estados Unidos e
Navais do país. escritórios próximos foram fecha-
De acordo com informações dos depois do tiroteio, informou a
preliminares, um homem entrou polícia interna do Senado. Funcio-
no chamado Edifício 197 do com- nários que trabalham nos prédios
plexo militar, onde trabalham não podiam deixar os locais e nin-
cerca de 3.000 pessoas, e atirou guém teve autorização para en-
várias vezes. trar, segundo um comunicado.
Na Casa Branca, o presidente “Não temos nenhuma infor-
Barack Obama condenou o que mação para sugerir que o Sena-
chamou de “ato covarde” e lamen- do, seus membros ou funcioná-
tou “mais um tiroteio” no país. rios correm algum perigo, mas
“Estamos outra vez diante de um por excesso de precaução, senti-
tiroteio generalizado”, lamentou. mos que este é o melhor curso de
À medida que a investigação so- ação para manter todos segu-
bre o ocorrido avançar “faremos ros”, disse o chefe da polícia in-
o possível para que quem quer terna do Senado Terrance Gai-
que tenha cometido este ato co- ner. A sessão de ontem do Sena-
varde, seja responsabilizado”. O Washington Navy do foi cancelada.
A equipe do Washington Navy Yard é o mais antigo A Câmara dos Deputados, que
Yard, disse Obama, “conhece o não tinha sessão marcada para es-
perigo quando vão ao exterior,
estabelecimento ta segunda, não recebeu nenhu-
mas hoje enfrentaram uma vio- da Marinha dos EUA ma notificação de fechamento,
lência inimaginável, que não es- e serve como base segundo autoridades.
peravam encontrar aqui”. Gainer disse que a decisão de
Pouco depois do início do tiro-
administrativa da fechar o Senado se deve à “possi-
teio, todos os pontos de acesso ao instituição. É a sede bilidade de suspeitos continua-
complexo foram isolados pela po- do Comando de rem foragidos”. A base naval fica
lícia e era possível ver soldados a menos de 3,2 quilômetros do
com armas pesadas montando
Operações Navais prédio do Parlamento norte-ame-
guarda em pontos estratégicos. dos Estados Unidos ricano. Agências
Terça-feira, 17 de setembro, 2013 Brasil Econômico 27
Andrew Harrer/Bloomberg
REVISÃO ESTRATÉGICA
ATENTADO É UM DOS
Não se sabe MAIS MORTÍFEROS
como o ■ O tiroteio em uma base naval
agressor em Washington, que deixou
entrou no ao menos 13 pessoas mortas,
complexo, é um dos mais mortíferos
que abriga a registrados nos EUA nos
residência do últimos 20 anos. A seguir,
chefe do os tiroteios mortais dos últimos
Estado-Maior 20 anos nos Estados Unidos:
da Marinha
americana ■ 16/10/1991: Um homem mata
22 pessoas em um restaurante
de Killeen, Texas, e se suicida.
■ 20/4/1999: Em Littleton,
Colorado, dois estudantes atiram
contra colegas na escola de
Columbine. Doze estudantes e um
professor morrem. Os dois
assassinos cometem suicídio. O presidente com Biden e Kerry: tiroteio ofusca comemorações
■ 29/7/1999: Após assassinar a
esposa e os dois filhos, um
especulador financeiro mata nove
pessoas em Atlanta (Geórgia) e se
mata.
Obama comemora
■ 21/3/2005: Em Red Lake,
Minnesota, um adolescente de
16 anos mata nove pessoas em seu
sucesso no combate
colégio, antes de se matar.
■ 16/4/2007: Um estudante
mata 32 pessoas antes de cometer
à crise e pede novo
suicídio na Universidade de
Virginia Tech, na Virgínia.
Foi o pior massacre nos
teto para a dívida
EUA em tempos de paz.
■ 24/12/2008: Um homem Governo inicia batalha para as ambições do presidente. Contu-
vestido de Papai Noel atira contra convencer republicanos do, o texto é rejeitado pelos repu-
os convidados de uma festa blicanos, majoritários na Câmara
em Covina, Califórnia, matando a ampliar endividamento de Deputados, que é chave em
nove pessoas e se suicida. do governo central questões de orçamento.
■ 10/3/2009: Um homem O ano fiscal termina no final do
desequilibrado mata dez O presidente dos Estados Unidos, mês e se a Câmara e o Senado não
pessoas em três cidades de Barack Obama, lembrou ontem os aprovarem uma lei de Orçamen-
Alabama e se mata depois. cinco anos do começo da crise fi- to, o governo seria obrigado a in-
■ 3/4/2009: Um vietnamita nanceira e fez um alerta à oposi- terromper algumas atividades
abre fogo em um centro para ção republicana, com a aproxima- consideradas não-essenciais e mi-
imigrantes em Binghamton, ção de uma batalha pela elevação lhares de funcionários públicos fi-
Nova York , matando 13 pessoas. do teto da dívida. “Há cinco anos, cariam desempregados.
■ 5/11/2009: Um psiquiatra a crise financeira atingiu Wall Os republicanos buscam cor-
militar inicia o maior tiroteio Street e derrubou uma economia tes em gastos sociais para reduzir
registrado em uma base militar, que já estava em recessão”, disse o déficit fiscal. Os enfrentamen-
matando ele em discurso na Casa Branca. tos com a Casa Branca são comuns
13 pessoas em Fort Hood, Texas. Esta crise abalou o país nas últi- desde que voltaram a controlar a
■ 20/1/2010: Um homem mas semanas da campanha presi- Câmara em 2011. Em cada oca-
mata oito pessoas durante dencial de 2008. “Quando assumi sião, acordos de última hora salva-
um tiroteio em Virgínia. o comando” em janeiro de 2009 ram a situação. No entanto, este
■ 3/8/2010: Um homem mata “a economia se contraía a um rit- ano há várias etapas difíceis.
oito colegas de trabalho em uma mo de 8% ao ano”, sustentou. O Congresso deverá votar um
empresa de distribuição de Obama lembrou os planos de aumento do limite de endivida-
cerveja de Connecticut, resgate do setor automobilístico e mento e o Tesouro alertou que, em
e se suicida. um maciço resgate destinado a re- meados de outubro, se não houver
■ 12 /10/2011: Em Seal Beach, cuperar a economia mediante inje- acordo, os Estados Unidos podem
Califórnia, um homem, que ção de dinheiro em empresas gi- entrar em default pela primeira
disputava com sua ex-esposa gantes do país e retomou o slogan vez na história.
a guarda do filho, abre fogo de sua campanha pela reeleição “A missão mais importante do
no salão de beleza em que ela do ano passado, pedindo mais Congresso é votar um orçamento
trabalhava deixando oito mortos. oportunidades de acesso à classe e o Congresso deve fazê-lo sem de-
■ 2/4/2012: Um coreano média para quem busca se incor- sencadear outra crise, sem inter-
de 43 anos mata sete pessoas porar a essa faixa da população. romper as operações do Estado
na Universidade de Oikos, Obama conseguiu, no começo ou, pior, ameaçar com o não-pa-
Califórnia, e se entrega. do ano, aplicar mais impostos pa- gamento das contas do paí”, aler-
■ 20/7/2012: Doze pessoas são ra os mais ricos, que se beneficia- tou o presidente.
assassinadas em um tiroteio ram de isenções fiscais no gover- Antes do pronunciamento pre-
em um cinema, na estreia no de seu antecessor, George W. sidencial, a Casa Branca lembrou
do último filme do Batman, Bush. Contudo, o presidente tam- o quinto aniversário da crise finan-
em Aurora, Colorado. bém quer suprimir algumas nor- ceira, no domingo, com um relató-
■ 14/12/2012: Um jovem mas que beneficiam grandes em- rio no qual comemora a adoção de
mata 20 crianças e seis adultos na presas e os mais ricos. medidas de resgate da economia
escola de Sandy Hook O projeto de orçamento da Ca- que “funcionaram melhor do que
em Newtown, Connecticut. sa Branca para 2013-2014 reflete qualquer um esperava”. AFP
28 Brasil Econômico Terça-feira, 17 de setembro, 2013
▲ MUNDO
Molhem Barakat/Reuters
Empresários e
trabalhadores
retomam atividades
em Kaesong
Complexo industrial sa que atua no complexo e que pe-
ficou fechado cinco diu para não ter o nome divulga-
do. “Francamente, ainda estou
meses devido a tensão um pouco nervoso porque nunca
entre as duas Coreias sabemos se o Norte vai mudar de
opinião”, completou.
Empresários sul-coreanos cru- Fundada em 2004, a zona indus-
zaram a fronteira e seguiram trial de Kaesong foi fechada unilate-
até o complexo industrial de ralmente por Pyongyang em abril,
Kaesong, na Coreia do Norte, após semanas de grande tensão na
que reabriu as portas, ontem, península, provocada pelo terceiro
depois de cinco meses. O fecha- teste nuclear da Coreia do Norte e
mento do centro industrial foi por novas sanções internacionais
provocado pela grande tensão contra o regime comunista.
na península no início do ano. Kaesong é uma valiosa fonte de
Coreia do Norte e Coreia do divisas para a isolada Coreia do
Sul concordaram na semana Norte, cuja economia sofre muito
Rebeldes sírios: mais de 100 mil pessoas já morreram no conflito e dois milhões fugiram do país passada com a reabertura do com a falta de planejamento e pe-
complexo, que fica a 10 quilô- las duras sanções internacionais
metros da fronteira e que abri- relacionadas com suas ambições
Investigadores da
ga 123 empresas sul-coreanas. nucleares. Antes do fechamento,
Dezenas de automóveis, ca- 53.000 norte-coreanos trabalha-
minhões e funcionários corea- vam no local.
nos cruzaram a fronteira milita- O complexo industrial foi resul-
rizada às 8H30 locais. tado da “diplomacia do raio de
OPINIÃO
Editoria de Arte
A lei é inovar
sempre
José Maria Gudiño*
redacao@brasileconomico.com.br
S
focada em inovação e perguntar-
mos quais são as empresas mais
inovadoras da atualidade é espe-
rado que a maioria dos partici-
pantes cite Apple, Google e Face-
book. No entendimento geral, compa-
nhias que quebram paradigmas e se de-
param ou correm atrás de uma tendên-
cia primeiro que a concorrência são as
que o senso comum e o próprio merca-
do colam o selo de inovação. Porém, a
inovação é muito mais que sair primei-
ro ou na frente dos concorrentes, é ge-
rar produtos e/ou serviços que mudam
a forma de vida de um grupo ou socieda-
de. Empresas como a Sony com o Walk-
man, a Apple com o iPad, a DuPont com
o Teflon, a Tesco com os supermercados
virtuais, a Raytheon com o forno mi-
croondas e muitas outras são exemplos
que possuem inovação em seu DNA.
É possível que uma empresa de pe-
queno porte seja inovadora? O que uma
companhia precisa fazer ou ter para ser
caracterizada como tal? Considerando
a indústria de Tecnologia da Informa-
ção, que é o setor em que atuo há mais
de vinte anos, vejo que a inovação está
atrelada às empresas que investem e
criam áreas de inovação, não só para Somos um dos países E se realizarmos melhorias em cima pesquisa e desenvolvimento tecnológi-
fins produtivos ou core da organização, que mais utilizam as do que já existe? Para mim, não deixa co ao longo de 2013 e 2014.
e sim dentro dos setores de TI, para de ser uma forma de inovar, que muitas Não vejo fórmulas para que as empre-
criar novos serviços e produtos que su- redes sociais e estamos vezes é desprezada. Também creio que sas se tornem inovadoras e sejam devi-
portam as estratégias da companhia e aprendendo como a responsabilidade das empresas que es- damente reconhecidas por isso. Aqui
trazer mais receita, ampliar participa- aproveitar o grande número tão na base da cadeia seja ainda maior, até gosto de fazer uma analogia com o
ção no mercado, automatizando proces- pois elas acabam sendo responsáveis pe- empreendedorismo: todo mundo é em-
sos produtivos, logísticos, comerciais e de informações que nos las inovações dos seus clientes, que de- preendedor? Não, mas todos nós pode-
inclusive financeiros. Outro entendi- são fornecidas e usufruir pendem de ofertas e serviços diferencia- mos ser. O mesmo acontece com a ino-
mento fundamental é saber que inves- de todos esses ingredientes dos (entenda-se diferenciados como vação. Todos podem inovar, mas exis-
tir em inovação pode não trazer um re- serviços que estejam à frente da concor- tem empresas que não sentem essa ne-
torno imediato e sim um ganho futuro. para a inovação rência) para inovar em seus processos. cessidade, pois estão evoluindo, ou se-
Se analisarmos a questão sob um Voltando o olhar para as empresas ja, sobrevivendo de uma inovação reali-
ponto de vista generalista, ‘ser inova- brasileiras ou que atuam no país, temos zada no passado e que deu certo, por
dor’ seria quase como encontrar um tre- tudo para sermos uma localidade extre- exemplo. Elas serão engolidas pela con-
vo de quatro folhas em meio a quatro ou- mamente inovadora. Se tomarmos co- corrência em algum momento? Deixo
tros de três folhas, ou seja, a probabilida- mo exemplo as redes sociais, somos um para as próximas tendências nos dize-
de é remota, mas existe. Temos criado dos países que mais as utilizam e esta- rem. A dica é acompanhar o seu merca-
muitas tecnologias, mas ainda existem mos aprendendo como aproveitar o do de atuação e estar atento aos gaps
gaps que podem ser canais para um no- grande número de informações que nos das indústrias, que também podem ser
vo empreendimento. Agora se pensar- são fornecidas e usufruir de todos esses canais para impulsionar iniciativas ino-
mos sob um viés diferente, consideran- ingredientes para a inovação. Atrasa- vadoras. A criação de grupos para dis-
do todas as etapas da cadeia de uma em- dos ou não, os brasileiros e as compa- cussão do tema, inclusive com profissio-
presa e as inovações pensadas nas ‘en- nhias locais têm um grande potencial nais de outros países, no caso de empre-
trelinhas’ para melhorias dos processos de se tornarem vitrine para outros paí- sas globais, também é fundamental. Se
teremos uma grande e boa surpresa rela- ses nesse quesito. Outro ponto que tem sua empresa não for uma multinacio-
cionada à quantidade e qualidade de ini- contribuído com iniciativas locais é o in- nal, busque o apoio de parceiros. Discu-
ciativas inovadoras que podem ter sido vestimento do governo federal, que lan- ta, arrisque e movimente-se, pois o
criadas. A verdade é que todos nós pode- çou no primeiro trimestre deste ano um mercado não espera.
mos inovar, seja qual for o mercado de programa para acelerar os investimen-
atuação ou a parte da cadeia em que es- tos em inovação no país com a aplica- *José Maria Gudiño é diretor de Inteligência
tejamos envolvidos. ção de R$ 32,9 bilhões em projetos de de Mercado e Inovação da Softtek
Terça-feira, 17 de setembro, 2013 Brasil Econômico 31
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PONTO FINAL
OCTÁVIO COSTA Chefe de Redação
ocosta@brasileconomico.com.br
O
ministro Guido Mantega prevê que a economia brasileira O cartão de visita condições ainda mais atraentes. rão bem-sucedidas, como a da
terá pela frente pelo menos uma década de prosperidade. Ao todo, serão leiloados nove BR-050. De qualquer forma, o
da nova rodada trechos de rodovias até o início de mais importante é fixar responsa-
Ele fez essa aposta no fim de semana, ao garantir que haverá de concessões não 2014. Dentro de poucas semanas, bilidades claras e objetivas nos no-
um grande aporte de investimentos em infraestrutura no país graças
foi o ideal. Mas, portanto, será possível conferir se vos contratos de concessão. Cau-
às concessões de rodovias, ferrovias, aeroportos e de exploração o caso da BR-262 foi de fato uma sou estranheza a notícia de que a
do pré-sal. Seu otimismo, porém, esbarrou no resultado inesperado
a crer no governo, exceção, com origem em intrigas União vai bancar obras nas rodo-
na inscrição de candidatos aos leilões das estradas BR-262, entre o malogro da BR-262 de bastidor. Essa é, por exemplo, vias Rio-Juiz de Fora e NovaDutra
Viana, na região metropolitana de Vitória, e João Monlevade, em não se repetirá a conclusão da ministra-chefe da e na Ponte Rio-Niterói, todas ope-
Casa Civil, Gleisi Hoffmann, que radas por grupos privados que co-
Minas Gerais, e BR-050, entre Cristalina (GO) e Uberlândia (MG).
pretende reapresentar o edital. bram pedágios com a devida atua-
No caso da BR-050, rota obrigatória entre Brasília e São Paulo, Mas alguns empresários da cons- lização. O investimento total será
houve oito propostas. Mas não apareceu qualquer candidato a BR-262. trução pesada não mostram gran- de R$ 2,2 bilhões, sob o argumen-
de entusiasmo pela obra. Conside- to de que se trata de grandes obras
O governo acusou o golpe e a presi- dor Renato Casagrande ameaça- ram que a estrada é muito sinuosa cujo custo redundaria em reajuste
dente Dilma Rousseff ficou bastan- vam contestar o leilão na Justiça, e vai exigir investimentos mais al- de 50% no valor dos pedágios.
te irritada. Mas assessores do Pla- atendendo a apelos de comunida- tos do que o previsto no projeto de Técnicos que participaram da
nalto procuraram exibir tranquili- des contrárias à privatização e à co- concessão. Além disso, a duplica- decisão, explicam que sem o apor-
dade. Encontraram rapidamente brança de pedágios. Pequenos pro- ção do trecho pelo DNIT já está te da União as concessões teriam
uma explicação para a falta de inte- dutores da região também estão pe- contratada, mas, quando se trata de ser prorrogadas e o aumento da
resse. O fracasso teria sido provoca- dindo que a duplicação seja feita do polêmico DNIT, ninguém sabe cobrança seria inevitável. Eles ga-
do por pressões políticas no Espíri- pelo setor público. Diante da inse- o que pode acontecer. rantem também que os futuros con-
to Santo para que os empreiteiros gurança jurídica, os empresários Não importa o motivo. O fato é tratos vão ter cláusulas específicas
não apresentassem ofertas. A ban- foram aconselhados a aguardar que o cartão de visita da nova roda- para as futuras obras de melhoria.
cada do Estado e o próprio governa- momento mais oportuno. Os políti- da de concessões não foi o ideal. A É o que esperam os contribuintes.