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Edda em Prosa

Snorri Sturluson

Título Original:
Snorra-Edda (~ 1220)
Tradução: Artur Avelar
Traduzido da obra original e do inglês The Younger Edda de Rasmus Anderson
(1879) e The Prose Edda de Arthur Gilchrist Brodeur (1916)
Ed. Barbudânia
Índice
Nota do Editor
Edda em Prosa: Prólogo
Gylfaginning: A Ilusão de Gylfi
Capítulo 1 – Sobre o Rei Gylfi e Gefjun
Capítulo 2 – Gylfi Chega a Asgard
Capítulo 3 – Sobre o Pai de Todos, o Mais Alto Deus
Capítulo 4 – Sobre Niflheim e Múspelheim
Capítulo 5 – A Origem de Ymir e dos Gigantes de Gelo
Capítulo 6 – Sobre Audumla e a Origem de Odin
Capítulo 7 – A Morte de Ymir e sobre Bergelmir
Capítulo 8 – Os Filhos de Borr criam a Terra e o céu
Capítulo 9 – Os Filhos de Borr criam Askr e Embla
Capítulo 10 – A Chegada de Dia e de Noite
Capítulo 11 – A Origem de Sol e de Lua
Capítulo 12 – Sobre a Perseguição de Sol
Capítulo 13 – Sobre a Bifröst
Capítulo 14 – A Morada dos Deuses e a Criação dos Anões
Capítulo 15 – Sobre a Yggdrasil, a Fonte de Urdr e as Nornas
Capítulo 16 – Ainda Sobre a Árvore
Capítulo 17 – Os Locais Sagrados dos Deuses
Capítulo 18 – A Origem do Vento
Capítulo 19 – Sobre a Diferença do Verão e do Inverno
Capítulo 20 – Sobre Odin e Seus Nomes
Capítulo 21 – Sobre Áss-Thor
Capítulo 22 – Sobre Baldr
Capítulo 23 – Sobre Njördr e Skadi
Capítulo 24 – Sobre Freyr e Freyja
Capítulo 25 – Sobre Týr
Capítulo 26 – Sobre Bragi e Idunn
Capítulo 27 – Sobre Heimdallr
Capítulo 28 – Sobre Hödr
Capítulo 29 – Sobre Vídarr
Capítulo 30 – Sobre Váli
Capítulo 31 – Sobre Ullr
Capítulo 32 – Sobre Forseti
Capítulo 33 – Sobre Loki, Filho de Laufey
Capítulo 34 – Sobre os Filhos de Loki e a Captura de Fenrir
Capítulo 35 – Sobre as Ásynjur
Capítulo 36 – Sobre as Valquírias
Capítulo 37 – Freyr Conquista Gerdr, Filha de Gýmir
Capítulo 38 – Sobre a Comida dos Einherjar e de Odin
Capítulo 39 – Sobre a Bebida dos Einherjar
Capítulo 40 – Sobre o Tamanho de Valhalla
Capítulo 41 – Sobre o Entretenimento dos Einherjar
Capítulo 42 – Os Æsir Quebram o Juramento Feito ao Construtor da Cidadela
Capítulo 43 – Sobre Skídbladnir
Capítulo 44 – Thor Começa Sua Jornada a Útgarda-Loki
Capítulo 45 – Sobre o Encontro de Thor e Skrýmir
Capítulo 46 – Sobre as Proezas de Thor e de seus Companheiros
Capítulo 47 – A Despedida de Thor e de Útgarda-Loki
Capítulo 48 – Thor Vai ao Mar com Hymir
Capítulo 49 – A Morte de Baldr, o Bom
Capítulo 50 – Loki é Acorrentado
Capítulo 51 – Sobre o Ragnarök
Capítulo 52 – As Moradas Após o Ragnarök
Capítulo 53 – Quem Sobrevive ao Ragnarök
Capítulo 54 – Sobre Gangleri
Skáldskaparmál: A Poesia dos Escaldos
Capítulo 1 – A Jornada de Ægir à Asgard
Capítulo 2 – O Gigante Thjazi Seqüestra Idunn
Capítulo 3 – Loki Resgata Idunn e a Morte de Thjazi
Capítulo 4 – Sobre a Família de Thjazi
Capítulo 5 – A Origem do Hidromel de Suttungr
Capítulo 6 – Como Odin Obteve o Hidromel
Capítulo 7 – As Características da Poesia
Capítulo 9 – Os Nomes de Odin e Suas Metáforas
Capítulo 10 – As Metáforas da Poesia
Capítulo 11 – As Metáforas de Thor
Capítulo 12 – As Metáforas de Baldr
Capítulo 13 – As Metáforas de Njördr
Capítulo 14 – As Metáforas de Freyr
Capítulo 15 – As Metáforas de Heimdallr
Capítulo 16 – As Metáforas de Týr
Capítulo 17 – As Metáforas de Bragi
Capítulo 18 – As Metáforas de Vídarr
Capítulo 19 – As Metáforas de Váli
Capítulo 20 – As Metáforas de Hödr
Capítulo 21 – As Metáforas de Ullr
Capítulo 22 – As Metáforas de Hœnir
Capítulo 23 – As Metáforas de Loki
Capítulo 24 – Sobre o Gigante Hrungnir
Capítulo 25 – Sobre a Sábia Gróa
Capítulo 26 – A Viagem de Thor à Morada de Geirrödr
Capítulo 27 – As Metáforas de Frigg
Capítulo 28 – As Metáforas de Freyja
Capítulo 29 – As Metáforas de Sif
Capítulo 30 – As Metáforas de Idunn
Capítulo 31 – As Metáforas do Céu
Capítulo 32 – As Metáforas da Terra
Capítulo 33 – As Metáforas do Mar
Capítulo 34 – As Metáforas de Sól
Capítulo 35 – As Metáforas do Vento
Capítulo 36 – As Metáforas do Fogo
Capítulo 37 – As Metáforas do Inverno
Capítulo 38 – As Metáforas do Verão
Capítulo 39 – As Metáforas dos Homens e das Mulheres
Capítulo 40 – As Metáforas do Ouro
Capítulo 41 – Ægir Dá uma Festa para os Æsir
Capítulo 42 – Sobre a Árvore Glasir
Capítulo 43 – Dos Ferreiros Filhos de Ívaldi e o Anão Sindri
Capítulo 44 – As Metáforas do Ouro e Freyja
Capítulo 45 – O Ouro Chamado de Palavra dos Gigantes
Capítulo 46 – O Resgate da Lontra
Capítulo 47 – Sobre Fáfnir, Reginn e Sigurdr
Capítulo 48 – Sobre Sigurdr e os Filhos de Gjúki
Capítulo 49 – A Morte de Sigurdr
Capítulo 50 – A Morte dos Filhos de Gjúki e a Vingança de Gudrún
Capítulo 51 – Sobre os Filhos de Völsungr
Capítulo 52 – Sobre o Rei Fródi e o Moinho Grótti
Capítulo 53 – Sobre Hrólfi Kraki e Vöggr
Capítulo 54 – Sobre como Hrólfi Derrotou o Rei Adils
Capítulo 55 – Sobre o Rei Hölgi
Capítulo 56 – Ainda Sobre as Metáforas do Ouro
Capítulo 57 – As Metáforas do Homem com o Ouro
Capítulo 58 – As Metáforas da Mulher com o Ouro
Capítulo 59 – As Metáforas dos Homens com as Árvores
Capítulo 60 – As Metáforas da Batalha
Capítulo 61 – As Metáforas das Armas e Armaduras
Capítulo 62 – Sobre a Batalha dos Hjadnings
Capítulo 63 – A Batalha como Metáfora de Odin
Capítulo 64 – As Metáforas de Navios
Capítulo 65 – As Metáforas de Cristo
Capítulo 66 – As Metáforas dos Reis e Suas Distinções
Capítulo 67 – As Metáforas dos Nomes
Capítulo 68 – Os Nomes dos Deuses
Capítulo 69 – Os Nomes dos Céus, Sol e Lua
Capítulo 70 – Os Nomes da Terra
Capítulo 71 – Os Nomes dos Lobos, Ursos e Cervos
Capítulo 72 – Os Nomes dos Cavalos
Capítulo 73 – Bois, Serpentes, Ovelhas e Porcos
Capítulo 74 – Os Nomes do Ar e dos Ventos
Capítulo 75 – Os Nomes dos Corvos e das Águias
Capítulo 76 – Os Nomes do Mar
Capítulo 77 – Os Nomes do Fogo
Capítulo 78 – Os Nomes do Tempo
Capítulo 79 – Os Nomes dos Reis
Capítulo 80 – Sobre Hálfdan o Velho e os Descendentes do Rei
Capítulo 81 – Os Nomes dos Homens
Capítulo 82 – Os Nomes da Multidão
Capítulo 83 – Circunlóquios e Descrições Verdadeiras
Capítulo 84 – Os Nomes das Mulheres
Capítulo 85 – As Partes da Cabeça
Capítulo 86 – Coração, Peito e Sentimentos
Capítulo 87 – Mãos e Pés
Capítulo 88 – Fala e Compreensão
Capítulo 89 – Expressões Ambíguas e Trocadilhos
Nafnaþulur – Conhecimento dos Nomes
Sumário de Figuras
Nota do Editor
O historiador, poeta e político Snorri Sturluson nasceu em 1179 na cidade de
Hvamm na Islândia. Ele pertencia a uma rica família aristocrata, os Sturlungar, e
teve grande carreira literária e política, chegando a ser eleito duas vezes para o
parlamento islandês. Snorri teve grande contato com o Rei Norueguês Hakon
Hakornason e seu sogro Earl Skuli em uma época que a Islândia era governada
pela Noruega. Skuli, por sua vez, se rebelou contra o rei e foi morto em 1240.
Pouco tempo depois, Snorri teve desavenças com o rei e acredita-se que isso o
levou a ser assassinado em sua própria casa em Skalholt em 1241.
Como historiador, Snorri foi famoso por defender a teoria de que os deuses
mitológicos surgiram a partir de figuras históricas que lutaram em combate e reis
que, após mortos, eram invocados em guerras constantemente, sendo venerados
até serem lembrados somente como deuses. Ele defendia que, após uma tribo
vencer uma guerra, era comum dizer que seus deuses lutaram ao seu lado,
trazendo assim a vitória.
Snorri Sturluson, por Christian Krohg (~1890)[1]
Ele é mais conhecido por ter escrito o Edda em Prosa, uma compilação de
lendas da mitologia nórdica dividida em quatro partes: Prólogo, Gylfaginning (A
Ilusão de Gylfi), Skáldskaparmál (Poesia dos Escaldos) e Háttatal (Lista de
Formas Poéticas). Há muitas controvérsias em relação ao Edda em Prosa, pois
não se sabe exatamente se Snorri somente compilou as informações de poemas
antigos ou se ele é autor de várias partes da obra, chegando a ser acusado de até
inventar histórias em momentos em que ele não cita excertos de poemas de onde
retirou as lendas.
A primeira parte do texto é um claro momento em que Snorri demonstra sua
teoria dos deuses, relacionando-os com figuras históricas do tempo de Tróia e
ainda mostra a relação que ele faz com o Cristianismo, tentando harmonizar a
mitologia nórdica com a tradição greco-romana.
A segunda parte, Gylfaginning, consiste em um diálogo entre o lendário rei
sueco Gylfi e uma fictícia trindade de deuses chamados Hárr, Janhárr e Thriddi,
em que é contada desde a criação do mundo até seu fim, passando por várias
passagens e aventuras dos deuses Æsir. Essa seção é uma das mais ricas fontes
para o conhecimento da mitologia nórdica, com grandes detalhes dados aos
vários nomes dos deuses, seus filhos e seus feitos.
A terceira parte do Edda em Prosa, Skáldskaparmál, também começa em
forma de diálogo, sendo que os personagens agora são os deuses Ægir, deus do
mar, e Bragi, deus da poesia, porém isso vai se desfazendo e virando um grande
relato de metáforas e nomes empregados na poesia dos escaldos; acredita-se que
essa perda de ritmo se deve à suposição de que Snorri escreveu o Edda em Prosa
durante anos, talvez com intervalos longos entre várias seções. Ainda no
Skáldskaparmál, algumas histórias de reis lendários são contadas, além de uma
versão da Saga dos Völsungs, história que foi a principal inspiração para a ópera
O Anel dos Nibelungos, de Richard Wagner. A última parte dessa seção é uma
extensa lista de nomes separados entre assuntos, desde deuses a termos náuticos
específicos de embarcações; presume-se que foram incluídos para auxiliar poetas
com sinônimos na construção de metáforas para os termos nórdicos.
A última parte do texto, Háttatal, é o que mais se aproxima a um tratado
formal sobre poesia e métrica; ele se inicia como um diálogo entre mestre e
pupilo e discursa sobre dispositivos e estruturas poéticas comuns aos escaldos,
passando ainda por métodos utilizados na retórica. No final da seção, ainda há
um poema de autoria de Snorri em claro elogio ao Rei Hakon e Earl Skuli,
possivelmente feito após conhecer a ambos.
Capa da uma edição do séc XVIII da Edda em Prosa, por Ólafur Brynjúlfsson
(1760)[2]

Em relação ao Edda em Prosa, existem sete manuscritos dele sobreviventes,


todos incompletos, porém, com exceção de alguns versos no Skáldskaparmál, é
possível criar um texto completo ao se juntar os fragmentos. A maioria das
traduções é feita em relação ao manuscrito conhecido como Codex Regius
datado de cerca de 1600, sendo ele o mais completo e o que possui menos
alterações feitas por terceiros. Uma diferença marcante é a separação por
capítulos, coisa utilizada nessa edição, uma vez que o texto original foi feito sem
divisões e sem parágrafos, sendo implementados em versões posteriores e
copiados aqui para melhor fluidez.
Sobre esta tradução para o português, foram utilizadas como base duas
traduções para o inglês que estão em domínio público de autoria de Rasmus
Anderson (1879) e Arthur Gilchrist Brodeur (1916), além da consulta do texto
original em islandês antigo para uma melhor compreensão de nomes e locais.
Essa edição contém as três primeiras partes do Edda em Prosa: Prólogo,
Gylfaginning e Skáldskaparmál. A seção Háttatal, por se tratar mais de um
tratado sobre formas poéticas e não se adentrar muito na mitologia nórdica não
foi inclusa. Mesmo o Skáldskaparmál também se focando em boa parte nas
metáforas utilizadas na poesia, foi escolhido traduzi-lo inteiramente para uma
melhor compreensão.
Esta tradução tem como principal objetivo divulgar um livro para o público
falante de português que, infelizmente, não tem acesso a uma versão nessa
língua. Uma edição do Edda em Prosa em português foi lançada em 1993, com
tradução de Marcelo Magalhães Lima, porém ela permanece sem uma nova
tiragem há vinte anos, sendo raramente encontrada somente em sebos. Esta
edição atual, embora feita com uma gigantesca dedicação, paciência e revisão,
ainda é possível que haja erros de traduções e partes confusas. O tradutor e
editor desse livro se encontra a inteira disposição para ouvir críticas e consertar
quaisquer erros que possam existir.
Ainda sobre esta edição, foram acrescentadas mais de cem ilustrações e
pinturas que destacam os vários momentos da mitologia nórdica, mostrando
como há séculos essas histórias são contadas e estão presentes no imaginário
popular. Foram incluídas não só pinturas a óleo já famosas, mas também
ilustrações de diferentes versões do Edda em Prosa de séculos anteriores e
figuras mais desconhecidas retiradas de livros dos séculos 18, 19 e 20 para
mostrar a diversidade de autores que já trataram dessa tão fantástica mitologia.
No fim do livro há um sumário com mais informações sobre cada obra
apresentada. Acrescenta-se que todas as ilustrações estão em domínio público e
não infringem quaisquer leis de direitos autorais.
Vale ressaltar que essa edição foi feita especialmente para e-books e, no
processo de conversão, pode haver perda de resolução de algumas imagens. Ao
se ler no Kindle, é possível vê-las em maior tamanho clicando-se sobre elas.
Outra limitação do aparelho físico do Kindle é que ele é preto e branco, o que
reduz a experiência de se ver várias das imagens apresentadas no livro. A leitura
em um computador, tablet ou smartphone mostra as figuras com suas cores reais.
Todas as figuras também podem ser baixadas gratuitamente no link abaixo:
Figuras do livro Edda em Prosa
Edda em Prosa: Prólogo

1.
No início, Deus Todo-Poderoso criou os Céus e a terra e todas as coisas que
há neles e, por último, dois seres humanos, Adão e Eva, de quem vieram muitas
famílias. Seus descendentes se multiplicaram e se espalharam por todo o mundo.
Conforme o tempo passou, no entanto, surgiram as desigualdades entre os povos,
alguns eram bons e justos, mas, de longe, o maior número, desprezando os
mandamentos de Deus, viraram-se para os prazeres terrenos. Por esta razão,
Deus afogou o mundo e todas as criaturas que viviam nele, com exceção
daqueles que estavam com Noé na arca.
Oito pessoas sobreviveram ao dilúvio de Noé e estes povoaram o mundo e
fundaram famílias. Como a população aumentava, no entanto, e uma área maior
tornou-se habitada, a mesma coisa aconteceu de novo, a grande maioria da
humanidade, amando a busca por dinheiro e poder, parou de prestar homenagens
a Deus. Isto cresceu a tal ponto que eles boicotaram qualquer referência a Deus,
e então quem poderia dizer a seus filhos dos poderosos milagres Dele? Enfim,
eles perderam o próprio nome de Deus e não havia em todo o mundo um homem
que conhecia o seu Criador.
Apesar disso, Deus concedeu-lhes dádivas terrenas, riqueza e prosperidade
mundana, e Ele também lhes conferiu sabedoria para que eles compreendessem
todas as coisas terrenas e todas as formas em que o céu e a terra eram diferentes
uns dos outros. Eles observavam que, em muitos aspectos, a terra, os pássaros e
os animais têm a mesma natureza, porém apresentam um comportamento
diferente, e eles se perguntavam o que isso significava.
Por exemplo, podia-se cavar a terra em um pico de montanha não mais
profundo do que seria em um vale e ainda encontrar água; da mesma forma, em
ambos os pássaros e os animais, o sangue fica tão perto da superfície da pele da
cabeça como do pé. Outra característica da terra é que a cada ano a grama e as
flores crescem e nesse mesmo ano murcham e morrem, do mesmo modo, pêlos e
penas crescem e morrem todos os anos em animais e pássaros. Há uma terceira
coisa sobre a terra: quando sua superfície é revirada e desenterrada, a grama
cresce no solo. Montanhas e rochedos foram associados aos dentes e ossos de
criaturas vivas, e assim eles viam a terra de alguma forma como um ser com vida
própria. Eles sabiam que era inconcebivelmente antiga em idade, e por natureza,
poderosa; ela deu origem a todas as coisas e possuía tudo o que morria, e por
isso deram-lhe um nome e reconheceram sua descendência dela.
Eles também aprenderam com seus antepassados que a mesma terra e o sol e
as estrelas já existiam há muitos séculos, mas que a procissão das estrelas era
desigual, algumas tinham uma longa jornada, outras uma curta. Por coisas como
essas eles imaginaram que devia haver alguém que governava as estrelas, que, se
ele desejasse, poderia colocar um fim à sua procissão, e que ele devia ser muito
poderoso e forte. Eles reconheceram também, que, se ele controlava os
elementos primordiais, ele devia ter existido antes dos corpos celestes; e eles
perceberam que, se guiava estes, ele devia governar o brilho do sol e o orvalho e
o crescimento das plantas, e os ventos do céu e as tempestades do mar também.
Eles não sabiam onde era o seu reino, mas eles acreditavam que ele
governava tudo na terra e nas nuvens, o céu e as estrelas, o mar e o clima. A fim
de que isso pudesse estar relacionado e ser lembrado, eles deram seus próprios
nomes a tudo, mas com as migrações de povos e multiplicação de línguas, essa
crença mudou de muitas maneiras.
Em sua velhice, Noé repartiu o mundo com seus filhos: para Cam ele deu a
região oeste, para Jafé a região norte e para Sem a região sul, estas são as partes
que serão daqui em diante marcadas na divisão da terra em três partes. No tempo
em que os filhos desses homens estavam no mundo, aumentou-se imediatamente
o desejo por riqueza e poder, a partir do fato de que eles sabiam muitos ofícios
que não tinham sido descobertos antes, e cada um se exaltou com as suas
próprias habilidades. E tão longe eles carregaram seu orgulho que os africanos,
descendentes de Cam, saquearam esta parte do mundo que os descendentes de
Sem, seu parente, habitavam. E quando eles os tinham conquistado, o mundo
pareceu-lhes muito pequeno, e eles construíram uma torre com tijolos e pedras,
pois ela deveria alcançar os Céus, na planície chamada de Sinar.
E quando essa edificação era tão avançada que se estendia acima do ar, e eles
não estavam menos ansiosos para continuar o trabalho, e quando Deus viu como
seu orgulho crescia, então ele viu que teria que derrubá-la de alguma forma. E o
mesmo Deus todo poderoso que poderia ter derrubado todo o seu trabalho em
um piscar de olhos, transformando-o em pó, ainda preferiu frustrar o seu
propósito, fazendo-os perceber a sua própria insignificância, em que nenhum
deles deveria compreender o que o outro falava; e, portanto, ninguém sabia o
que o outro mandava, e um quebrava o que o outro construía, até que chegou a
discórdia entre eles, e com isso foi frustrado, no início, o seu propósito de
construir uma torre. E aquele que foi o mais importante, chamado Zoroastro, ele
riu antes de chorar quando isto ocorreu; mas eram setenta e duas línguas, e tantas
línguas se espalharam pelo mundo inteiro desde que os gigantes foram dispersos
sobre a terra, e a nações tornaram-se numerosas.
Neste mesmo lugar foi construída a mais famosa das cidades, que levou o
nome da torre, e foi chamada Babilônia. E quando a confusão de línguas
ocorreu, em seguida aumentaram os nomes de homens e de outras coisas, e este
mesmo Zoroastro teve muitos nomes; e embora ele tenha compreendido que seu
orgulho foi abalado pela referida torre, ele ainda trilhou seu caminho para o
poder mundano, e escolheu-se rei de muitos povos assírios. Dele surgiu o erro da
idolatria, e quando ele era adorado, era chamado de Baal, nós o chamamos de
Bel, ele também teve muitos outros nomes. Mas, como os nomes aumentaram
em número, então a verdade se perdeu, e a partir deste primeiro erro cada
homem a seguir adorava seu mestre, animais ou pássaros, o ar e os corpos
celestes, e várias coisas sem vida, até que o erro se espalhou por todo o mundo, e
eles perderam a verdade a ponto que ninguém conhecia o seu criador, exceto
aqueles homens que falavam a língua hebraica, que floresceu antes da
construção da torre, e ainda não perderam os dotes materiais que lhes foram
dados e, portanto, eles entenderam tudo em um sentido material, no entanto, uma
vez que não tinha sido dado entendimento espiritual, eles pensaram que todas as
coisas eram formadas por alguma essência.
2.
O mundo foi dividido em três partes. Do sul ao oeste até o Mediterrâneo era a
parte conhecida como África, e a parte sul desta é tão quente que tudo lá é
queimado pelo sol. A segunda parte, percorrendo de oeste para o norte até o mar,
é chamado de Europa ou Énéa, e a metade norte é tão fria que não cresce grama
lá e é desabitada. De norte a leste e para o sul é a Ásia, e estas regiões do mundo
têm grande beleza e magnificência; a terra produz produtos especiais, como ouro
e pedras preciosas. O centro do mundo está lá também, e assim como a terra lá é
mais fértil e em todos os sentidos superior à encontrada em outros lugares,
também os seres humanos que ali vivem foram dotados para além dos seus
companheiros com todos os tipos de presentes: sabedoria, força, beleza e todo o
tipo de habilidade.
3.
Perto do centro do mundo, onde o que chamamos de Turquia se encontra, foi
construído o mais famoso de todos os palácios e salões, Tróia por nome. Essa
cidade foi construída em uma escala muito maior do que as outras então
existentes e em muitos aspectos com maior habilidade, por isso ela foi
luxuosamente equipada. Havia doze reinos com um rei soberano, e cada reino
continha muitos povos. Na cidadela havia doze chefes e estes estavam muito
acima de outros homens que já estiveram no mundo.
Nenhum estudioso jamais contestou essa verdade, e por esta razão, todos os
governantes da região norte rastreavam seus antepassados de lá, e colocavam no
mesmo patamar dos deuses todos os que foram governantes da cidade.
Sobretudo eles colocaram Príamo no lugar de Odin, pois Príamo surgiu de
Saturno, este que os povos da região norte, por um longo tempo acreditavam ser
o próprio Deus.
Saturno cresceu na ilha da Grécia chamada Creta. Ele era maior e mais forte e
mais belo que os outros homens. Como em outros dons naturais, ele se destacou
sobre todos os homens em sabedoria. Ele inventou muitos ofícios que ainda não
tinham sido descobertos. Ele também era tão incrível na arte da magia que ele
tinha certeza sobre coisas que ainda não tinham acontecido. Ele também
descobriu aquela coisa vermelha na terra da qual fundia o ouro, e de tais coisas
ele logo se tornou muito poderoso. Ele também previu colheitas e muitas outras
coisas secretas, e por tais e muitas outras obras, ele foi escolhido chefe da ilha.
E em pouco tempo de seu governo, rapidamente já havia grande abundância
de todas as coisas. Nenhum dinheiro circulava, exceto moedas de ouro de tão
abundante que era este metal; e embora houvesse fome em outras terras, as
colheitas nunca foram escassas em Creta, de forma que as pessoas podiam obter
de lá todas as coisas que elas precisavam. E a partir deste e muitos outros dons
secretos e poderosos que ele possuía, os homens acreditavam que ele era um
Deus, e disso surgiu outro erro entre os cretenses e macedônios, como o anterior
mencionado entre os assírios e caldeus de Zoroastro. E quando Saturno
descobriu quão grande força as pessoas pensavam que ele tinha, ele se chamou
de Deus, e afirmou que ele governava os Céus e a Terra e todas as coisas.
Uma vez ele foi para a Grécia em um navio, pois havia a filha de um rei a
quem ele tinha preparado o seu coração. Ele ganhou o seu amor da seguinte
forma: um dia, quando ela estava com suas servas, ele tomou a forma de um
touro e ficou diante dela na floresta, e ele era tão belo que cada fio dos pêlos
tinha uma tonalidade que se assemelhava a ouro, e quando a filha do rei o viu,
ela apalpou seus lábios. Ele levantou-se e se livrou da aparência de touro e
tomou-a em seus braços e levou-a para o navio e a levou para Creta. Porém sua
esposa, Juno, descobriu isso, então ele transformou a filha do rei em um novilho
e a enviou ao leste para os braços do grande rio Nilo, e deixou que seu escravo,
que se chamava Argulos, cuidasse dela. Ela ficou lá por 12 meses antes de ele
mudar sua forma novamente. Muitas coisas ele fez assim, ou de formas ainda
mais maravilhosas.
Ele teve três filhos: um chamado Júpiter, outro Netuno, o terceiro Plutão.
Foram todos homens de grandes realizações, e Júpiter foi de longe o maior, ele
era um guerreiro e conquistou muitos reinos; também era habilidoso como seu
pai, e tomou a aparência de muitos animais, e assim ele realizou muitas ações
que eram impossíveis para os homens; e por conta disso e outros, ele era visto
com temor por todas as nações. Portanto Júpiter é colocado no lugar de Thor, já
que todas as criaturas do mal o temiam.
Saturno havia construído em Creta setenta e duas cidades, e quando ele se
julgou firmemente estabelecido em seu reino, ele as compartilhou com seus
filhos, a quem ele também chamou de deuses, e a Júpiter ele deu o reino dos
Céus, a Netuno, o reino da terra, e a Plutão, o inferno; e este último parecia o
pior para administrar e, portanto, ele deu-lhe o seu cão, a quem ele chamou de
Cérberos, para guardar o inferno. Cérberos, os gregos dizem, Hércules arrastou
para fora do inferno e sobre a terra. E, embora Saturno tenha dado o reino dos
Céus a Júpiter, ele, no entanto, desejava possuir o reino da terra, e por isso ele
saqueou o reino de seu pai, e dizem que ele mandou desaparecer com ele e o
castrou, e por essas grandes conquistas, ele se declarou Deus, e os macedônios
dizem que ele mandou lançar os órgãos genitais ao mar, e, portanto, eles
acreditavam há muito tempo que daí tinha vindo uma mulher; eles a chamaram
de Vênus, e enumerada entre os deuses, ela tem, em todas as épocas, sido
chamada de deusa do amor, pois acreditavam que ela era capaz de transformar os
corações de todos os homens e mulheres para o amor.
Quando Saturno foi castrado por Júpiter, seu filho, ele fugiu para o leste da
ilha de Creta e oeste para a Itália. Lá moravam naquele tempo pessoas que não
trabalhavam, e viviam de nozes e grama, e viviam em cavernas ou buracos na
terra. E quando Saturno chegou lá, ele mudou seu nome e se chamou de Njörd,
porque ele acreditava que Júpiter, seu filho, poderia procurá-lo. Ele foi o
primeiro dali a ensinar os homens a arar e plantar vinhas. Lá, o solo era bom e
fresco, e logo se produziu grandes colheitas. Ele foi nomeado chefe e, portanto,
tomou a posse de todos os reinos de lá e construiu muitas cidades.
Júpiter, seu filho, teve muitos filhos, das quais várias raças foram
descendentes, seu filho foi Dardanos, seu filho Erictônio, seu filho Tros, seu
filho Hon, seu filho Laomedonte, o pai do rei soberano Príamo. Príamo teve
muitos filhos, um deles foi Heitor, que foi o mais famoso de todos os homens do
mundo pela sua força e estatura e realizações, e por todos os atos viris de um
cavaleiro, e encontra-se escrito que, quando os gregos e toda a força das regiões
norte e leste lutaram contra os troianos, eles nunca teriam vencido caso os gregos
não tivessem invocado os deuses, e é também relatado que nenhuma força
humana os teria conquistado, caso eles não tivessem sido traídos por seus
próprios homens.
E de sua fama, os homens que vieram depois deram-se títulos e,
especialmente, isso foi feito pelos romanos, que eram os mais famosos em
muitas ações após os seus dias, e dizem que, quando Roma foi construída, os
romanos adaptaram os seus costumes e as leis tanto quanto possível aos dos
troianos, seus antepassados. E tanto poder acompanhou estes homens por muitos
séculos depois que, quando Pompeu, um chefe romano, saqueou a região leste,
Odin fugiu da Ásia e foi para a terra do norte, e, em seguida, ele deu a si mesmo
e a seus homens os seus nomes, e disse que Príamo tinha se chamado Odin e
Frigg sua rainha, e a partir desta, o reino mais tarde teve o seu nome e foi
chamado Frígia, onde era a cidade. E tenha Odin dito isso de si mesmo por
orgulho, ou tenha sido trazido pela mudança de línguas, ainda assim, muitos
sábios têm considerado um ditado verdadeiro, e após muito tempo cada homem
que foi um grande chefe seguiu o seu exemplo.
Um dos reis se chamava Múnón ou Mennón. Ele se casou com a filha do rei
soberano Príamo, que foi chamado Tróáin, e eles tiveram um filho chamado
Trór, nós o chamamos de Thor. Ele foi criado na Trácia por um duque chamado
Lóricus e, quando ele tinha dez anos de idade, ele recebeu as armas de seu pai.
Quando ele tomou o seu lugar entre os outros homens, ele era tão bonito de se
olhar como o marfim incrustado em madeira de carvalho, seu cabelo era mais
belo que ouro. Aos doze anos de idade ele tinha chegado a sua força total e,
posteriormente ele levantou dez peles de urso da terra de uma vez e matou seus
pais adotivos Lóricus com sua esposa Lóri ou Glóri, e tomou posse do reino da
Trácia, que chamamos de Thrúdheim.
Depois disso, ele viajou para muito longe explorando todas as regiões do
mundo e por si mesmo superando todos os berserkers e gigantes e um enorme
dragão e muitos animais selvagens. Na parte norte do mundo ele conheceu e se
casou com uma profetisa chamada Sibila a quem chamamos de Sif. Eu não sei a
genealogia de Sif, mas ela era uma mulher muito bonita com os cabelos como o
ouro. Lóridi, que se parecia com seu pai, era seu filho. O filho de Lóridi foi
Einridi, seu filho Vingethór, seu filho Vingener, seu filho Módi, seu filho Magi,
seu filho Seskef, seu filho Bedvig, seu filho Athra, a quem chamamos de Annar,
seu filho Ítrmann, seu filho Heremód, seu filho Skjaldun, a quem chamamos de
Skjöld, seu filho Biaf, a quem chamamos de Bjár, seu filho Ját, seu filho Gudólf,
seu filho Finn, seu filho Fríallaf, a quem chamamos de Fridleif, ele teve um filho
chamado Vóden, a quem chamamos de Odin, ele era um homem famoso por sua
sabedoria e todo tipo de realização. Sua esposa se chamava Frígída, a quem
chamamos de Frigg.
4.
Odin, e também sua esposa, possuíam o dom da profecia e por meio dessa
arte mágica, ele descobriu que seu nome seria famoso na parte norte do mundo e
mais honrado do que de todos os reis. Por esta razão, ele decidiu sair da Turquia
em uma viagem. Ele foi acompanhado por uma grande multidão de jovens e
velhos, homens e mulheres, e eles tinham com eles muitos objetos de valor.
Através de quaisquer terras que eles viajaram, façanhas tão gloriosas foram
contadas que eles foram vistos como deuses em vez de homens. Eles não
pararam sua jornada até que chegaram ao norte do país hoje chamado Alemanha.
Lá Odin viveu por um longo tempo, tomando a posse de grande parte das
terras e nomeou três de seus filhos para defendê-la. Um deles era chamado
Vegdeg, ele era um poderoso rei e governou a Alemanha Oriental, o seu filho era
Vitrgils, seus filhos eram Vitta, pai de Heingest e Sigar, pai de Svebdag, a quem
chamamos Svipdag. O segundo filho de Odin era chamado Beldeg, a quem
chamamos de Baldr; ele possuía o país agora chamado Vestfália, seu filho era
Brand, seu filho, Frjódigar, a quem chamamos Fródi; seu filho, Freóvin; seu
filho, Wigg, seu filho, Gevis, a quem chamamos Gave. O terceiro filho de Odin
se chamava Sigi, o seu filho, Rerir; eles governaram o que hoje é chamado de
França, e a família conhecida como Völsungar veio de lá. Grandes e numerosas
famílias vieram de todos eles. Então Odin partiu em sua viagem para o norte e,
chegando na terra chamada Reidgotaland tomou posse de tudo o que ele queria
naquele país. Ele nomeou o seu filho Skjöld para governar lá, seu filho era
Fridleif, de onde veio a família conhecida como Skjöldungar, eles são os reis da
Dinamarca e o que era então chamado Reidgotaland agora é chamado Judand.
Oferenda, por Johan Ludwig Lund (1831)[3]
5.
Posteriormente, Odin foi para o norte para onde hoje é chamado Suécia.
Havia um rei lá chamado Gylfi e, quando soube da expedição dos homens da
Ásia, como os Æsir foram chamados, ele foi ao seu encontro e ofereceu a Odin
quanta autoridade sobre o seu reino quanto ele mesmo desejasse. Suas viagens
receberam tamanha prosperidade que, onde quer que eles ficassem em um país, a
região tinha boas colheitas e paz, e todos acreditavam que eles causavam isso,
uma vez que os habitantes nativos nunca tinham visto quaisquer outras pessoas
como eles com tão boa aparência e inteligência.
As planícies e os recursos naturais da vida na Suécia atingiram Odin como
sendo favoráveis e ele escolheu para si uma cidade hoje chamada Sigtuna. Lá ele
nomeou chefes pelo padrão de Tróia, estabelecendo doze governantes para
administrar as leis da terra, e ele elaborou um código de leis como a que tinha
realizado em Tróia e que os troianos estavam acostumados.
Depois disso, ele viajou para o norte até chegar ao mar, que eles achavam que
envolvia o mundo todo, e colocou seu filho sobre o reino hoje chamado
Noruega. Seu filho se chamava Saeming e, como se diz no Háleygjatal,
juntamente com os Earls e outros governantes, os reis da Noruega traçam suas
genealogias de volta a ele.
Odin mantinha por perto o filho chamado Yngvi, que era o rei da Suécia após
ele, e com ele vieram as famílias conhecidas como Ynglingar. Os Æsir e alguns
de seus filhos se casaram com as mulheres das terras que se estabeleceram, e
suas famílias se tornaram tão numerosas na Alemanha e daí sobre o norte que a
sua língua, a dos homens da Ásia, tornou-se a linguagem adequada a todos esses
países. A partir do fato de que suas genealogias estão escritas, os homens
supõem que estes nomes vieram junto com essa linguagem, e que foi trazido
aqui para o norte do mundo, à Noruega, Suécia, Dinamarca e Alemanha, pelos
Æsir. Na Inglaterra, no entanto, os nomes de distritos e cidades devem ser
compreendidos como decorrentes de um idioma diferente.
Gylfaginning: A Ilusão de Gylfi

Capítulo 1 – Sobre o Rei Gylfi e Gefjun


O Rei Gylfi governou a terra que os homens hoje chamam de Suécia. É dito
que ele deu a uma pedinte, em recompensa pelo modo que ela o entreteu, uma
terra fértil em seu reino do tamanho em que quatro bois podiam arar em um dia e
uma noite. Mas essa mulher era da família dos Æsir, cujo nome era Gefjun. Ela
trouxe do norte, de Jötunheim, quatro bois que eram das terras de um certo
gigante e, ela mesma colocou-os para arar. E o arado cortou tão largo e
profundamente que soltou a terra, e os bois empurraram-na para o mar e para o
oeste, e ela parou em um determinado estreito. Lá Gefjun ancorou esta terra, e
deu-lhe um nome, chamando-a de Selund. E desde então, o local onde a terra
tinha sido revirada é água: é agora chamada de Lögr na Suécia, e baías se
estendem nesse lago, assim como as penínsulas em Selund. E assim diz Bragi, o
antigo escaldo:
Gefjun alegremente
Tirou de Gylfi,
A excelente terra,
Extensão da Dinamarca.
E assim o suor evaporava
Dos animais corredores.
Quatro cabeças e oito olhos
Tinham os bois,
Enquanto aravam perante o amplo campo,
Roubando terra da gramada ilha.
Gefjun e o Rei Gylfi, por Lorenz Frølich (1906)[4]
Capítulo 2 – Gylfi Chega a Asgard

O Rei Gylfi era um homem sábio e habilidoso na magia, ele estava muito
preocupado que os Æsir eram tão astutos que tudo corria de acordo com a sua
vontade. Ele ponderou se isso podia proceder de sua própria natureza, ou se os
poderes divinos que eles cultuavam podiam ordenar essas coisas. Ele partiu para
Asgard, indo secretamente, e se vestiu na semelhança de um velho, com o qual
ele se disfarçou. Mas o Æsir eram mais sábios neste assunto, tendo o poder de
ver o futuro, e eles previram a sua jornada antes mesmo de ele vir, e prepararam
contra ele ilusões dos olhos. Quando ele entrou na cidade, viu ali um salão tão
grande que ele não conseguia facilmente ver seu topo: seu teto era recoberto com
escudos de ouro como se fossem telhas. Assim também diz Thjódólfr de Hvin,
que Valhalla era coberta com escudos:
Em suas costas deixam brilhar,
Os escudos com pedras golpeados,
As telhas do salão de Odin,
Recobertas de ouro.
Na entrada do salão, Gylfi viu um homem fazendo malabarismo com espadas,
tendo sete no ar ao mesmo tempo. Este homem pediu-lhe o seu nome. Ele
chamou a si mesmo de Gangleri, e disse que tinha vindo pelos caminhos da
serpente, e pediu por hospedagem para a noite, perguntando: “Quem é o dono
deste salão?”
O outro respondeu que era seu rei, “e eu vou te acompanhar para vê-lo, então
você poderá perguntá-lo sobre o seu nome”, e o homem caminhou diante dele
para dentro do salão, e ele o seguiu, e logo a porta se fechou atrás dele.
Lá, ele viu uma grande sala e muita gente, alguns entretidos com jogos,
alguns bebendo, e alguns tinham armas e estavam lutando. Então ele olhou em
volta e achou inacreditável muitas coisas que ele viu, e disse:
Em todos os portões,
Antes de entrar,
Você deve examinar bem,
Porque é incerto,
Onde o inimigo se senta,
À espera no interior.
Ele viu três altos assentos, um acima do outro, e três homens sentavam-se
neles, um em cada. E perguntou qual poderia ser o nome desses senhores.
Aquele que o conduziu até lá respondeu que aquele que se sentava no alto
assento de baixo era um rei “e seu nome é Hárr, ou Alto, e o próximo é chamado
Janhárr, ou Mais Alto, e aquele que está sentado mais alto é chamado Thridi, ou
Terceiro.”
Então Hárr perguntou ao recém-chegado se sua missão tinha algo mais do que
para a comida e bebida que estavam sempre ao seu dispor, como para qualquer
um lá no Alto Salão. Ele respondeu que desejava primeiro saber se havia algum
homem sábio lá dentro.
Hárr disse que ele não escaparia de lá, a menos que ele fosse ainda mais
sábio.
“Dê um passo adiante,
Enquanto você perguntar,
Aquele que responder, se sentará.”

Gangleri e os Três Reis, por Ólafur Brynjúlfsson (1760)[5]


Capítulo 3 – Sobre o Pai de Todos, o Mais Alto Deus

Gangleri começou seu interrogatório então: “Quem é o mais importante, ou


mais antigo, de todos os deuses?”
Hárr respondeu: “Ele é chamado Pai de Todos em nossa língua, mas na antiga
Asgard ele tinha doze nomes: o primeiro é Odin, o segundo é Senhor ou Senhor
dos Exércitos, o terceiro é Nikarr, ou Senhor das Lanças, o quarto é Nikudr, ou
Batedor, o quinto é Conhecedor de Muitas Coisas, o sexto, Cumpridor de
Desejos, o sétimo, Aquele que Fala Longe, o oitavo, O Agitador, ou Aquele que
Põe os Exércitos para Fugir, o nono, o Queimador, o décimo, o Destruidor, o
décimo primeiro, O Protetor, o décimo segundo, Gelding”.
Em seguida, perguntou Gangleri: “Onde está esse deus, ou qual o seu poder,
ou o que ele já fez, que é um ato glorioso?”
Hárr deu a resposta: “Ele vive em todas as épocas e governa todo o seu reino,
e dirige todas as coisas, grandes e pequenas.”
Então disse Jafnhárr: “Ele criou os Céus e a terra e o ar, e todas as coisas que
há neles.”
Então falou Thridi: “O maior de tudo é este: que ele fez o homem e deu-lhe o
espírito, que viverá e nunca perecerá, embora a carne apodreça até mofar, ou
queime até as cinzas, e todos os homens viverão, assim como eram em ação, e
estarão com ele no lugar chamado Gimlé. Mas os homens maus irão para Hel e
daí para Niflhel, e isso está lá embaixo no nono mundo.”
Então disse Gangleri: “O que ele fez antes que o céu e a terra fossem
criados?”
E Hárr respondeu: “Ele estava então com os Gigantes de Gelo”.
Odin, o Andarilho, por Georg von Rosen (1886)[6]
Capítulo 4 – Sobre Niflheim e Múspelheim

Gangleri disse: “O que foi o início, ou como começou, ou o que havia antes?”
Hárr respondeu: “Como é dito no Völuspá:
Era a manhã do Tempo,
Quando não havia nada,
Nem areia, nem mar,
Nem ondas refrescantes.
Não havia Terra,
Nem o céu acima.
Apenas um fosso,
Mas não havia grama.”
Então disse Jafnhárr: “Muitas eras antes de a Terra ser moldada, Niflheim já
existia, e no meio de seu território está a fonte que é chamada Hvergelmir, da
qual brotam os rios chamados Svöl, Gunnthrá, Fjörm, Fimbulthul, Slídr e Hrid,
Sylgr e Ylgr, Víd, Leiptr, Gjöll, este último está perto dos portões de Hel.”
E Thridi disse: “No entanto, primeiro havia o mundo na região sul, que foi
nomeado Múspelheim, ele é iluminado e quente, aquela região é brilhante e
ardente, e intransponível para com os forasteiros que não são nativos de lá.
Aquele que se senta lá no fim da terra, para defendê-la, é chamado Surtr, ele
brande uma espada flamejante, e no fim do mundo, ele sairá e saqueará, e
superará todos os deuses, e queimará todo o mundo com fogo, assim é dito no
Völuspá:
Surtr viaja do sul
Brandindo fogo ardente,
Da sua espada brilha
O sol dos Deuses da Guerra,
As rochas se chocam,
Os demônios sofrem,
Heróis seguem a estrada de Hel,
E os Céus se abrem em fendas.”
O Gigante com a Espada Flamejante, por John Charles Dollman (1909)[7]
Capítulo 5 – A Origem de Ymir e dos Gigantes de Gelo

Gangleri perguntou: “Como foram as coisas forjadas, antes de as raças


existirem e as tribos dos homens aumentarem?”
Então disse Hárr: “Os rios chamados de Elivogs, ou Ondas de Gelo, aqueles
que eram tão compridos, vêm dos mananciais em que o veneno que fermentou
sobre eles tinha endurecido, assim como a escória que corre do fogo endurece,
estes então se tornaram gelo, e quando o gelo parou e deixou de correr, então ele
congelou em cima. Mas a chuva fina que surgiu a partir do veneno congelou a
geada, e a camada de gelo aumentou, geada sobre geada, uma sobre a outra, até
mesmo em Ginnungagap, o Vazio que Boceja.”
Então falou Jafnhárr: “Ginnungagap, que ficava de frente para a região do
norte, encheu-se de peso, e de massas de gelo e geada, e em seu interior, chuva
fina e rajadas de vento, mas a parte sul do Ginnungagap foi iluminada por
aquelas faíscas e brilhantes massas, que voaram para fora de Múspellheim”.
E Thridi disse: “Assim que o frio surgiu de Niflheim, como todas as coisas
terríveis, assim também tudo que ficava de frente para Múspellheim tornou-se
quente e brilhante, mas Ginnungagap estava leve como o ar sem vento, e quando
o sopro de calor encontrou a geada, tal que derreteu e pingou em gotas, a vida foi
acelerada a partir das gotas das leveduras, pelo poder que enviou o calor, e
tomou a forma de um homem. E este homem é chamado Ymir, mas os Gigantes
de Gelo o chamam de Aurgelimir; e daí vieram as raças dos Gigantes de Gelo,
como é dito no Völuspá Menor:
Todas as bruxas
Descendem de Witolf;
Todos os bruxos
Vêm de Willharm;
E todos os encantadores de feitiços
São filhos de Wvarthofde;
Todos os gigantes
Vieram de Ymir.
Mas sobre isso, diz Vafthrúdnir, o gigante:
Das Ondas de Gelo
Vieram gotas de veneno,
Crescendo até
Que um gigante surgiu;
Assim nossa raça
Surgiu toda junta,
Então assim
Somos por isso tão ferozes.”
Então disse Gangleri: “Como é que as raças cresceram dali, ou depois como
foi feito para que mais homens surgissem? Ou vocês vêem-no como Deus, de
quem vocês agora a pouco falaram?”
E Hárr respondeu: “De modo algum nós o reconhecemos como Deus, ele era
mau assim como toda a sua família: chamamos-lhes Gigantes de Gelo. Agora é
dito que quando ele dormia, um suor veio sobre ele, e de lá cresceu sob sua mão
esquerda um homem e uma mulher, e um de seus pés gerou um filho com o
outro; e, assim, as raças surgiram, estes são os Gigantes de Gelo. O antigo
Gigante de Gelo, nós o chamamos de Ymir.”
Capítulo 6 – Sobre Audumla e a Origem de Odin

Então disse Gangleri: “Onde morava Ymir, ou onde ele encontrava sustento?”
Hárr respondeu: “Imediatamente após o gelo derreter, surgiu dele a vaca
chamada Audumla; quatro rios de leite corriam de suas tetas, e ela nutria Ymir.”
Em seguida, perguntou Gangleri: “De que maneira era a vaca alimentada?”
E Hárr respondeu: “Ela lambia os blocos gelo, que eram salgados; e no
primeiro dia que ela lambeu os blocos, então saiu deles durante a noite o cabelo
de um homem, no segundo dia, a cabeça de um homem, no terceiro dia o homem
inteiro estava lá. E ele era chamado Búri: ele era belo de aspecto, grande e
poderoso. Ele gerou um filho chamado Borr, que se casou com a mulher
chamada Bestla, filha de Bölthorn o gigante, e eles tiveram três filhos: um era
Odin, o segundo Vili, o terceiro Vé. E esta é a minha crença, que ele, Odin, junto
com seus irmãos, devem ser governantes dos Céus e da Terra, acreditamos que
ele deve ter esse nome, pois ele é o homem que sabemos ser o mais poderoso e o
mais digno de honra, e fará bem em chamá-lo assim dessa maneira.”

Audumla, por Nicolai Abraham Abildgaard (1790)[8]


Capítulo 7 – A Morte de Ymir e sobre Bergelmir

Então disse Gangleri: “Como estes mantinham a paz com Ymir, ou qual era o
mais forte?”
E Hárr respondeu: “Os filhos de Borr mataram Ymir o gigante; onde ele caiu,
jorrou tanto sangue de suas feridas que com isso se afogou toda a raça dos
Gigantes de Gelo, exceto aquele a quem os gigantes chamam de Bergelmir, que
escapou com a sua família; ele subiu em seu navio, e sua esposa com ele, e eles
estavam seguros ali. E deles surgiu a raça dos Gigantes de Gelo, como é dito
aqui:
Incontáveis eras
Antes de a Terra ter forma,
Nasceu Bergelmir;
Isso eu recordo primeiro,
Como o famoso sábio gigante
No convés do navio se deitou.”
Nascimento e Morte de Ymir, por Lorenz Frølich (1885)[9]
Capítulo 8 – Os Filhos de Borr criam a Terra e o céu

Então disse Gangleri: “O que foi feito então pelos filhos de Borr, se você
acredita que eles são deuses?”
Hárr respondeu: “Neste assunto, não há pouco a ser contado. Levaram Ymir e
o carregaram para o meio do Ginnungagap, e fizeram dele a Terra: de seu sangue
o mar e as águas; a terra foi feita de sua carne, e os rochedos de seus ossos,
cascalho e pedras eles fizeram a partir de seus dentes e as suas mandíbulas e
daqueles ossos que estavam quebrados”.
E Jafnhárr disse: “Do sangue, que correu e jorrou livremente de seus
ferimentos, eles fizeram o mar, quando haviam formado e feito a terra firme, e
puseram o mar em um anel circundando-a, e parece ser um ato árduo para a
maioria dos homens cruzar o oceano.”
Então disse Thridi: “Eles pegaram seu crânio também, e fizeram dele o céu, e
os puseram sobre a terra com quatro cantos, e sob cada canto eles colocaram um
anão: os nomes destes são Leste, Oeste, Norte e Sul. Então tomaram as brasas e
faíscas que irrompiam de Múspellheim, e as colocaram no meio do
Ginnungagap, nos Céus, acima e abaixo, para iluminar o céu e a terra. Eles
atribuíram lugares para todos os fogos: alguns no céu, alguns vagavam livre
debaixo do céu, no entanto, a estes também deram um lugar e criaram-lhes
trajetórias. É dito em canções antigas que, a partir desta data, os dias e os anos
foram contados, como é dito no Völuspá:
O sol não sabia
Onde era seu lugar;
A lua não sabia
O poder que possuía;
As estrelas não sabiam
Onde ficavam seus lugares.
Assim era antes de a terra ser feita.”
Então disse Gangleri: “Estas são grandes histórias que agora ouço, isto é uma
grande obra maravilhosa de habilidade, e astuciosamente feita. Como foi a terra
criada?”
E Hárr respondeu: “Ela é em forma de anel por fora, e ao redor dela, sem fim,
o fundo do mar, e ao longo da costa do mar eles deram terras para as raças de
gigantes, ou jötna, para viverem. Mas no interior da terra fizeram uma cidadela
em volta do mundo contra a hostilidade dos gigantes, e para a sua cidadela eles
usaram as sobrancelhas de Ymir o gigante, e chamaram a este lugar Midgard.
Eles pegaram também seu cérebro e lançaram-no no ar, e fizeram com ele as
nuvens, como é dito aqui:
Da carne de Ymir
A terra foi criada,
Do seu sangue o mar;
Rochedos de seus ossos,
Árvores de seus cabelos,
E de seu crânio o céu.
De suas sobrancelhas
Os joviais deuses fizeram
Midgard para os filhos dos homens.
De seu cérebro,
Todas as melancólicas
Nuvens foram criadas.”

Odin e Seus Dois Irmãos Criam o Mundo do Corpo de Ymir, por Lorenz
Frølich (1895)[10]
Capítulo 9 – Os Filhos de Borr criam Askr e Embla

Então disse Gangleri: “Muito mesmo tinham feito então, me parece, quando o
céu e a Terra foram feitos, e o sol e as constelações do céu foram fixados, e
divisão foi feita de dias. Agora, de onde vêm os homens que povoam o mundo?”
E Hárr respondeu: “Quando os filhos de Borr estavam caminhando ao longo
da costa do mar, eles encontraram duas árvores, e tomaram-nas e moldaram
homens delas: o primeiro filho deu-lhes espírito e vida, o segundo, inteligência e
sentimento, o terceiro, forma, fala, audição e visão. Deram-lhes roupas e nomes:
o macho foi chamado Askr e a fêmea Embla, e deles era nascida a raça dos
homens, que receberam uma morada em Midgard. Em seguida, eles criaram para
si mesmos, no meio do mundo, uma cidade chamada Asgard, os homens a
chamam de Tróia. Lá habitaram os deuses e seus parentes, e muitos eventos e
histórias de lá ocorreram, tanto na terra como no ar. Há um lugar chamado
Hlidskjálf, e quando Odin sentava-se no trono de lá, ele olhava para o mundo
inteiro e via os atos de cada homem, e sabia de todas as coisas que ele via. Sua
esposa se chamava Frigg, filha de Fjörgvinn, e de seu sangue é vindo a linhagem
que chamamos de a raça dos Æsir, que povoaram a Antiga Asgard, e os reinos
que pertencem a ela, e eles são uma raça divina. Por esta razão, ele deve ser
chamado o Pai de Todos: porque ele é o pai de todos os deuses e dos homens, e
tudo isso foi cumprido por ele e por seu poder. A Terra era sua filha e sua
esposa, nela ele gerou o primeiro filho, que é Áss-Thor: força e coragem lhe
atendem, com as quais ele é capaz de vencer todos os seres vivos.
Odin, Lódurr e Hœnir Criam Askr e Embla, por Lorenz Frølich (1895)[11]
Capítulo 10 – A Chegada de Dia e de Noite

“Nörfi ou Narfi é o nome de um gigante que morava em Jötunheim: ele teve


uma filha chamada Noite, ou Nótt, ela era morena e escura, como era o comum
de sua raça. Ela foi dada a um homem chamado Naglfari; o filho deles Audr.
Depois ela foi casada àquele que era chamado Annarr; Jörd foi filha deles. Por
último Dellingr, ou Alvorada, a teve, e ele era da raça dos Æsir; o filho deles foi
Dia, ou Dagr, ele era radiante e justo como seu pai. Então o Pai de Todos levou
Noite e seu filho Dia, e deu-lhes dois cavalos e duas carruagens, e enviou-os
para o céu, para cavalgar ao redor da Terra a cada dois meios-dias. Noite cavalga
com o cavalo chamado Hrímfaxi, e em cada manhã, ele orvalha a terra com a
espuma de sua boca. O cavalo que Dia possui é chamado Skinfaxi, e ele ilumina
todo o ar e a terra com sua crina.”

Nótt, por Peter Nicolai Arbo (1887)[12]


Dagr, por Peter Nicolai Arbo (1887)[13]
Capítulo 11 – A Origem de Sol e de Lua

Então disse Gangleri: “Como é que ele orienta o curso do sol ou da lua?”
Hárr respondeu: “Um certo homem recebeu o nome Mundilfari, ele teve dois
filhos, eles eram tão belos e graciosos que ele chamou seu filho Máni, ou Lua, e
sua filha Sol, ou Sól, e a casou com um homem chamado Glenr. Mas os deuses
se indignaram com essa insolência e tomaram o irmão e irmã, e colocaram-nos
no céu; eles fizeram Sol conduzir os cavalos que puxavam a carruagem do sol,
que os deuses tinham criado para a iluminação do mundo, feito do material
brilhante que voou para fora de Múspellheim. Esses cavalos são chamados
assim: Árvakr e Alsvidr, e sob os ombros deles os deuses colocaram dois foles
para resfriá-los, mas em alguns registros isso é chamado de Ísarnkol. Lua dirige
o curso da lua e determina as suas fases crescente e minguante. Ele tomou da
terra dois filhos, chamado Bil e Hjúki enquanto voltavam do poço chamado
Byrgir, tendo sobre os seus ombros um barril chamado Sægr, e uma vara
chamada Simul. O pai deles é chamado Vidfinnr. Estas crianças seguem Lua,
como pode ser visto da terra.”
Máni e Sól, por Lorenz Frølich (1895)[14]
Capítulo 12 – Sobre a Perseguição de Sol

Então disse Gangleri: “Sol se move rapidamente e é quase como se ela


estivesse com medo, ela não poderia apressar o seu curso mais se temesse a
destruição.”
Então Hárr respondeu: “Não é nenhuma surpresa que ela se apresse
furiosamente, perto vem aquele que a procura, e ela não tem escapatória senão
fugir.”
Então disse Gangleri: “Quem é ele que lhe causa esta inquietação?”
Hárr respondeu: “Eles são dois lobos, e aquele que corre atrás dela é chamado
de Skoll, ela o teme, e ele irá alcançá-la. Mas o que salta à sua frente é chamado
de Hati, filho de Hródvitni. Ele é ansioso em pegar a lua, e assim será.”
Então disse Gangleri: “De qual família são os lobos?”
Hárr respondeu: “Uma bruxa habita ao leste de Midgard, na floresta chamada
Jarnved, ou Floresta de Ferro: nesse bosque habitam as mulheres trolls, que são
conhecidas como as Mulheres da Floresta de Ferro. A velha bruxa tem muitos
gigantes como filhos, e todos na forma de lobos e, a partir desta fonte esses
lobos surgiram. O ditado diz assim: desta raça virá aquele que deverá ser o mais
poderoso de todos, aquele que é chamado Mánagarmr, ele deverá estar cheio em
seu ventre com a carne de todos os homens que morrem, e ele engolirá a lua, e
manchará com sangue o céu e todo o ar; e então o sol perderá seu brilho, e os
ventos nesse dia serão inquietos e rugirão de todos os lados. Assim é dito em
Völuspá:
Ao Leste habita a velha bruxa
Na Floresta de Ferro,
E lá ela deu a luz
A Prole de Fenrir;
De lá virá um,
O pior de todos,
O devorador de Lua
Na forma de um troll.
Ele se alimenta com a carne
De homens mortos.
O assento dos deuses
Ele mancha com sangue vermelho;
A luz do Sol torna-se negra
Nos verões seguintes,
O clima ficará instável.
Já sabe disso ou não?”

Os Lobos Perseguindo Sól e Máni, por John Charles Dollman (1909)[15]


Capítulo 13 – Sobre a Bifröst

Então disse Gangleri: “Qual é o caminho para os Céus a partir da Terra?”


Então Hárr respondeu rindo em voz alta: “Agora, isso não foi uma sábia
pergunta; já não foi dito a você que os deuses fizeram uma ponte da Terra aos
Céus, chamada Bifröst? Você já deve tê-la visto, mas pode ser que vocês a
chamem de arco-íris. Ela possui três cores, e muito fortes, e foi feita com astúcia
e com mais arte mágica que outras obras de arte. Mas forte como é, ainda há de
ser quebrada, quando os filhos de Múspellheim saírem para cavalgar nela para
saquear, e nadarão em seus cavalos sobre grandes rios; assim deverão proceder.”
Então disse Gangleri: “Me parece que os deuses não construíram essa ponte
de forma segura, sendo que ela pode ser quebrada, eles poderiam criá-la como
desejassem.”
Então Hárr respondeu: “Os deuses não merecem repreensão por causa deste
trabalho de habilidade: uma boa ponte é a Bifröst, mas nada neste mundo é de tal
natureza que se possa confiar quando os filhos de Múspellheim saírem para
guerrear.”
Yggdrasil e Bifröst, por Finnur Magnússon (1825)[16]
Capítulo 14 – A Morada dos Deuses e a Criação dos Anões

Então disse Gangleri: “O que o Pai de Todos então fez quando Asgard foi
criada?”
Hárr respondeu: “No início, ele estabeleceu governantes, e mandou-lhes
ordenar destinos de assuntos dos homens com ele, e dar conselhos sobre o
planejamento da cidade, isso era no lugar que se chama Idavold, no meio da
cidade. Foi o primeiro trabalho deles fazer aquele tribunal em que seus doze
assentos ficariam, e outro, o alto-assento em que o Pai de Todos dispõe. Aquela
casa é a melhor construída de qualquer uma na Terra, e a mais incrível, fora e
dentro, é tudo como uma peça de ouro, os homens a chamam de Gladsheim. Eles
fizeram também um segundo salão: ele era um santuário que as deusas
possuíam, e era uma casa muito bela, os homens a chamam de Vingólf. Em
seguida, eles criaram uma casa, onde eles colocaram uma forja, e fizeram além
de um martelo, pinças, e uma bigorna, e por meio destes, todas as outras
ferramentas. Após isso, eles forjaram metal e pedra e madeira, e fizeram tão
abundantemente que o metal, que é chamado de ouro, eles tinham em todos os
seus utensílios de casa e todos os pratos de ouro, e esse tempo é chamado de
Idade do Ouro, antes que fosse estragado pela vinda das mulheres, mesmo
aquelas que vieram de Jötunheim. Em seguida, os próprios deuses se
empossaram em seus assentos e realizaram um julgamento, e chamaram a
atenção para se os anões tinham surgido no molde e debaixo da terra, como
fazem as larvas na carne. Os anões haviam recebido primeiro forma e vida na
carne de Ymir, e eram então larvas, mas por decreto dos deuses tornaram-se
conscientes e com a inteligência dos homens, e tinham forma humana. E, no
entanto, eles habitam na terra e nas pedras. Módsognir foi o primeiro, e Durinn o
segundo, assim é dito no Völuspá.
Então caminharam todos os deuses
Aos assentos do julgamento,
Os deuses mais sagrados,
E juntos debateram,
Quem deveria dos anões
Governar os povos
Do Mar de sangue,
E dos ossos de Blain.
Na semelhança dos homens
Muitos foram feitos
Anões na terra
Como Durinn disse.
E estes, diz a sibila, são os seus nomes:
Nýi e Nidi,
Nordri e Sudri,
Austri, Vestri,
Althjófr, Dvalinn;
Nár, Náinn,
Nípingr, Dáinn,
Bifurr, Báfurr,
Bömburr, Nóri,
Óri, Ónarr,
Óinn, Mjödvitnir,
Viggr e Gandálfr,
Vindálfr, Thorinn,
Fíli, Kíli,
Fundinn, Váli;
Thrór, Thróinn,
Thekkr, Litr e Vitr,
Nýr, Nýrádr,
Rekkr, Rádsvidr.
E estes também são anões e habitam em pedras, mas foram os primeiros em
moldes:
Draupnir, Dólgthvari,
Hörr, Hugstari,
Hledjólfr, Glóinn;
Dóri, Óri,
Dúfr, Andvari,
Heptifíli,
Hárr, Svíarr.
E estes procedem de Svarinshaugr para Aurvangar em Jöruplain, e daí Lovarr
surgiu; estes são os seus nomes:
Skirfir, Virfir
Skáfidr, Ái,
Álfr, Yngvi,
Eikinskjaldi,
Falr, Frosti,
Fidr, Ginnarr.”

Módsognir e Durinn, por Lorenz Frølich (1895)[17]


Capítulo 15 – Sobre a Yggdrasil, a Fonte de Urdr e as Nornas

Então disse Gangleri: “Onde fica a morada central ou santuário dos deuses?”
Hárr respondeu: “Essa fica ao lado da árvore de freixo Yggdrasil, lá os deuses
se reúnem todos os dias”.
Então Gangleri perguntou: “O que há para ser dito sobre esse lugar?”
Então disse Jafnhárr: “O Freixo é a maior de todas as árvores e a melhor: os
seus ramos se espalham por todo o mundo e estão acima dos Céus. Três raízes da
árvore a sustentam e se espalham amplamente: um está entre os Æsir, outra entre
os Gigantes de Gelo, no lugar onde outrora foi o Ginnungagap, o terceiro está
sobre Niflheim, e sob essa raiz está Hvergelmir, e Nídhöggr rói a raiz por baixo.
Mas sob essa raiz, que se vira em direção aos Gigantes de Gelo está a fonte de
Mímir, onde sabedoria e compreensão são armazenados, e ele é chamado Mímir,
que guarda a fonte. Ele possui muita sabedoria antiga, uma vez que ele bebe da
fonte com o Chifre Gjallar. Para lá foi Odin e ele ansiava por um gole da fonte,
mas ele não conseguiu até que ele deu um de seus olhos como garantia. Assim é
dito no Völuspá:
Tudo sei eu, Odin,
Onde escondeu seu olho,
Na cristalina e renomada
Fonte de Mímir.
Mímir bebe hidromel
Todas as manhãs
Da garantia do Pai de Todos.
Já sabe agora ou não?
Odin Bebe da Fonte da Sabedoria, por Robert Engels (1903)[18]
A terceira raiz do Freixo está nos Céus, e sob essa raiz está a fonte que é
muito sagrada, que é chamada de A Fonte de Urdr, lá os deuses controlam seu
tribunal. Todos os dias os Æsir cavalgam pela Bifröst, que também é chamada
de A Ponte dos Æsir. Estes são os nomes dos cavalos dos Æsir: Sleipnir é o
melhor, Odin o possui, ele tem oito patas. O segundo é Gladr, o terceiro Gyllir, o
quarto Glenr, o quinto Skeidbrimir, o sexto Silfrintoppr , o sétimo Sinir, o oitavo
Gisl, o nono Falhófnir, o décimo Gulltoppr, o décimo primeiro Léttfeti. O cavalo
de Baldr foi queimado com ele, e Thor caminha para o tribunal, e nada pelos rios
que são chamados assim:
Körmt e Örmt
E os dois Kerlaugs,
Esses Thor deve atravessar
Todos os dias
Quando ele vai a julgar
Na árvore de Yggdrasil;
Pois a Ponte dos Æsir
Queima com as chamas,
E as águas sagradas uivam.”

Thor Atravessa Rios Enquanto os Æsir Cavalgam pela Ponte Bifröst, por
Lorenz Frølich (1895)[19]
Então disse Gangleri: “Fogo queima sobre a Bifröst?”
Hárr respondeu: “O que você vê como vermelho no arco é fogo ardente; os
Gigantes de Gelo e os Gigantes das Montanhas poderiam ir aos Céus se a
passagem em Bifröst estivesse aberta a todos aqueles que a cruzariam. Há
muitos lugares belos nos Céus, e sobre tudo lá uma vigília divina é mantida. Um
salão fica ali, belo, sob a árvore perto da fonte, e fora do salão há três donzelas,
que são chamadas assim: Urdr ou Passado, Verdandi ou Presente, Skuld ou
Futuro; essas donzelas determinam o período de vida dos homens: nós as
chamamos de Nornas, mas há muitas nornas: aquelas que vêm para cada criança
que nasce, para designar a sua vida, essas são da raça dos deuses, mas outras são
do povo Elfo, e um terceiro grupo são da família dos anões, como é dito aqui:
De vários lugares
As Nornas são;
Elas não são da mesma raça:
Algumas são dos Æsir,
Algumas são dos Elfos,
Algumas são filhas dos Anões.”
Então disse Gangleri: “Se as Nornas determinam os destinos dos homens,
então elas os repartem de forma desigual, visto que alguns têm uma vida
agradável e luxuosa, mas outros têm poucos bens mundanos ou fama; alguns têm
vida longa, outros curta.”
Hárr disse: “Boas nornas e de raça nobre designam vidas boas, mas os
homens que sofrem desventuras são regidos por nornas do mal.”
As Nornas, por Arthur Rackham (1911)[20]
Capítulo 16 – Ainda Sobre a Árvore

Então disse Gangleri: “Que maravilhas mais podem ser contadas da


Yggdrasil?”
Hárr respondeu: “Muito há de ser contado dela. Uma águia senta-se nos
galhos da árvore, e ela tem a compreensão de muitas coisas, e entre seus olhos
está o falcão que é chamado de Vedrfölnir. O esquilo chamado Ratatöskr corre
para cima e ao longo da extensão do Freixo, levando palavras invejosas entre a
águia e Nídhöggr, e quatro cervos correm nos galhos da árvore e mordem suas
folhas. Eles são chamados assim: Dáinn, Dvalinn, Duneyrr, Durathrór. Além
disso, tantas serpentes estão em Hvergelmir com Nídhöggr, que nenhuma língua
pode contá-las, como é dito aqui:
O Freixo Yggdrasil
Sofre com angústia,
Mais que os homens sabem:
Os cervos mordem acima,
Aos lados ela apodrece,
E Nídhöggr rói por baixo.
E ainda é dito:
Mais serpentes se estendem
Sobre o Freixo Yggdrasil
Que qualquer tolo primata pode imaginar.
Góinn e Móinn
Filhos de Grafvitnir,
Grábakr and Grafvölludr;
Ófnir and Sváfnir
Creio eu que continuarão
A roer as raízes da árvore.
É dito ainda que essas Nornas que habitam a Fonte de Urdr pegam água da
fonte todos os dias, e junto com a argila que se encontra ao redor dela, regam a
árvore, com a finalidade de que seus galhos não caiam nem apodreçam, pois esta
água é tão sagrada que todas as coisas que chegam até a fonte tornam-se brancas
como o filme que está dentro da casca de ovo, como é dito aqui:
Eu conheço um Freixo
Chamado Yggdrasil,
Uma alta e sagrada árvore
Que respinga argila branca.
De lá vem os orvalhos
Que caem no vales.
Verde sempre está,
Ao redor da Fonte de Urdr.
Esse orvalho que cai sobre a terra é chamado pelos homens de orvalho de
mel, e dele as abelhas se nutrem. Duas aves são alimentadas na Fonte de Urdr:
elas são chamadas de cisnes e dessas aves veio a raça de aves que assim são
chamadas.”

Yggdrasil, autor desconhecido (1680)[21]


Capítulo 17 – Os Locais Sagrados dos Deuses

Então disse Gangleri: “Você sabe muitas histórias para contar dos Céus. Que
principais moradas há mais além da Fonte de Urdr?
Hárr disse: “Muitos lugares estão lá, e gloriosos são. Aquele que é chamado
Álfheimr é um deles, onde habitam os povos chamados de Elfos Claros, ou
Ljósálfar, mas os Elfos Negros, ou Dökkálfar, habitam abaixo da terra, e eles são
diferentes na aparência, mas, de longe, ainda mais diferentes na natureza. Os
Elfos Claros são mais belos de se olhar do que o sol, mas os Elfos Negros são
mais negros do que o piche. Depois, há também nesse lugar a morada chamada
Breidablik, e não há nos Céus uma habitação mais bela. Lá, também, há o lugar
chamado Glitnir, cujas paredes e todos os seus postes e pilares são de ouro
vermelho, mas o seu telhado é de prata. Há também a morada chamada
Himinbjörg, que fica no final dos Céus na cabeça da ponte, no lugar onde a
Bifröst se junta aos Céus. Outra grande morada é lá, que é chamada Valaskjálf;
Odin é dono dessa habitação, os deuses a construíram e seu telhado é feito com
pura prata, e neste salão fica o Hlidskjálf, o chamado alto-assento. Sempre que o
Pai de Todos senta naquela cadeira, ele inspeciona todas as terras. No extremo
sul do céu fica aquele salão que é o mais belo de todos, e mais brilhante do que o
sol, que é chamado Gimlé. Ele resistirá quando os Céus e a Terra já não
existirem, e os homens bons e de conversas justas nele habitarão: assim é dito no
Völuspá:
Eu conheço um salão
Mais belo que o Sol,
Com telhados de ouro,
Chamado de Gimlé.
Nele habitarão
Aqueles que praticam a justiça
E para todo o sempre
Desfrutarão de prazeres.”
Então disse Gangleri: “O que guardará este lugar, quando a chama de Surtr
consumir os Céus e a Terra?”
Hárr respondeu: “É dito que um outro céu está ao sul e acima do presente, e
ele é chamado de Andlangr, mas o terceiro céu está ainda acima disso, e ele é
chamado Vídbláinn, e é neste céu que nós acreditamos que esta morada esteja.
Porém acreditamos que ninguém, exceto os Elfos Claros habitam estas mansões
agora.”
Brincadeira de Elfos, por August Malmström (1866)[22]
Capítulo 18 – A Origem do Vento

Então disse Gangleri: “De onde vem o vento? Ele é forte, de modo que agita
grandes mares, e estimula o fogo, mas, mesmo forte como é, ninguém pode vê-
lo, pois é maravilhosamente moldado.”
Então disse Hárr: “Isto eu sou bem capaz de dizer. À extremidade norte dos
Céus está o gigante chamado Hræsvelgr: ele tem as penas de uma águia, e
quando ele estende suas asas para o voo, então o vento surge de debaixo delas,
como é dito aqui:
Hræsvelgr ele se chama,
Aquele que se senta na extremidade dos Céus,
Um gigante em forma de águia.
De suas asas, dizem,
O vento surge
Sobre todos os homens.”
Capítulo 19 – Sobre a Diferença do Verão e do Inverno

Então disse Gangleri: “Por que há tanta diferença, que o verão deve ser
quente, mas o inverno frio?”
Hárr respondeu: “Um homem sábio não perguntaria isso, visto que todos são
capazes de responder, mas se você é tão incapaz de compreender a ponto de não
ter ouvido falar disso, então eu ainda vou permitir que você pergunte tolamente
uma vez, em vez de você ser mantido na ignorância sobre uma coisa que é
adequada de se saber. Ele é chamado Svásudr, o pai do Verão, ou Sumarr; e ele é
de natureza agradável, de modo que a partir de seu nome tudo o que é agradável
é chamado de doce. Mas o pai do Inverno, ou Vetr, é variadamente chamado de
Vindljóni ou Vindsvalr, ele é o filho de Vásadr, e estes eram parentes sombrios e
de corações frios, e o Inverno tem seu temperamento.”
Capítulo 20 – Sobre Odin e Seus Nomes

Então disse Gangleri: “Quem são os Æsir, em quem cabe aos homens
acreditar?”
Hárr respondeu: “Os Æsir divinos são doze.”
Então disse Jafnhárr: “Não menos sagradas são as Ásynjur, as deusas, e elas
não possuem menos autoridade.”
Então disse Thridi: “Odin é o mais elevado e mais velho dos Æsir: ele
governa todas as coisas e é poderoso como os outros deuses, todos eles servem a
ele como filhos obedecem a um pai. Frigg é sua esposa, e ela conhece todos os
destinos dos homens, embora ela não revele as profecias, como é dito aqui,
quando o próprio Odin falou com aquele dos Æsir a quem os homens chamam
de Loki:
Louco está você, Loki,
E fora de seus sentidos,
Por que não para?
Acredito eu que Frigg sabe,
De todas as sortes,
Embora ela não diga nada.
Odin é chamado de Pai de Todos porque ele é o pai de todos os deuses. Ele
também é chamado de Pai do Massacre, pois todos aqueles que caem no campo
de batalha são os seus filhos adotivos; ele os envia para Valhalla e Vingólf, e são
então chamados de Einherjar, ou Campeões. Ele também é chamado de Deus dos
Enforcados, Deus dos Deuses, Deus das Cargas, e ele também foi nomeado em
muitos mais aspectos, depois que ele veio ao rei Geirrödr:
Eu sou chamado Grímr
E Ganglari,
Herjann, Hjálmberi;
Thekkr, Thridi,
Thudr, Udr,
Helblindi, Hárr.
Sadr, Svipall,
Sann-getall,
Herteitr, Hnikarr;
Bileygr, Báleygr,
Bölverkr, Fjölnir,
Grímnir, Glapsvidr, Fjölsvidr.
Sídhöttr, Sidskeggr,
Sigfödr, Hnikudr,
Alfödr, Atrídr, Farmatýr;
Óski, Ómi,
Jafnhárr, Biflindi,
Göndlir, Hárbardr.
Svidurr, Svidrir,
Jálkr, Kjalarr, Vidurr,
Thrór, Yggr, Thundr;
Vakr, Skilfingr,
Váfudr, Hroptatýr,
Gautr, Veratýr.”
Então disse Gangleri: “Muitos nomes você lhe deu, e, por minha fé, deve-se
realmente precisar ter uma inteligência considerável para conhecer todo o saber e
os eventos que trouxeram cada um desses nomes.”
Então Hárr respondeu: “É realmente uma grande soma de conhecimento para
se reunir e fixar oportunamente. Mas é mais breve te dizer que a maioria de seus
nomes foram dados a ele por causa desta razão: havendo assim muitas
ramificações de línguas no mundo, todos os povos acreditavam que era
necessário para eles transformar seu nome em sua própria língua, para que eles
pudessem melhor invocá-lo e suplicar-lhe em seus próprios nomes. Mas em
algumas ocasiões esses nomes surgiram em suas andanças; e estes casos estão
registrados em sagas. E você não poderá ser chamado de um homem sábio se
não for capaz de narrar esses grandes eventos.”
Odin, por Johannes Gehrts (1901)[23]
Capítulo 21 – Sobre Áss-Thor

Então disse Gangleri: “Quais são os nomes dos outros Æsir, ou quais são os
seus ofícios, ou que obras de renome eles fizeram?”
Hárr respondeu: “Thor é o principal deles, ele que é chamado Thor dos Æsir,
ou Öku-Thor, ele é o mais forte de todos os deuses e homens. Ele tem o seu
reino no lugar chamado Thrúdvangar, e seu salão é chamado Bilskirnir, este
salão possui quinhentos e quarenta quartos. Essa é a maior casa que os homens
conhecem, portanto é dito no Grímnismál:
Quinhentos quartos
E mais quarenta,
Assim acredito que sejam
As curvas de Bilskirnir.
De todas as casas
Que sei que possuem tetos,
Eu sei que a do meu filho é a maior.
Thor tem dois bodes, que são chamados de Tanngnjóstr e Tanngrisnir, e uma
carruagem na qual ele dirige, e os bodes puxam-na, por isso ele é chamado de
Öku-Thor. Ele também possui três coisas de grande valor: um é o martelo
Mjölnir, que os Gigantes de Gelo e os Gigantes das Montanhas conhecem
quando é levantado ao alto, e isto é de se admirar, pois feriu muitos crânios
entre seus pais ou seus parentes. Ele tem um segundo tesouro valioso, o melhor
de todos, o Megingjarder, ou o Cinturão de Força, e quando ele aperta-o em sua
cintura, então a força divina dentro dele é duplicada. No entanto, uma terceira
coisa ele possui, na qual há muita virtude: suas Luvas de Ferro, ou Járnglófar,
ele não pode ficar sem elas quando usa seu martelo. Mas ninguém é tão sábio a
ponto de poder dizer a todos as suas grandes obras, mas posso te dizer tantas
histórias dele que as horas seriam gastas antes de tudo o que eu sei fosse dito.”
Thor, por Arthur Rackham (1911)[24]
Capítulo 22 – Sobre Baldr

Então disse Gangleri: “Eu gostaria de saber mais dos Æsir.”


Hárr respondeu: “O segundo filho de Odin é Baldr, e coisas boas devem ser
ditas sobre ele. Ele é o melhor, e todos o louvam, ele é tão belo de aspecto e tão
brilhante, que luz brilha dele. Uma certa erva é tão branca que ela é semelhante a
sobrancelha de Baldr e de todas as gramíneas é a mais branca, e por isso você
pode julgar a sua beleza, tanto no cabelo como no corpo. Ele é o mais sábio dos
Æsir, e o de mais bela voz e mais gracioso, e essa qualidade o acompanha, a
ponto que ninguém pode contradizer seus julgamentos. Ele habita no lugar
chamado Breidablik, que fica nos Céus, nesse lugar nada é imundo, como é dito
aqui:
Breidablik é chamado
Onde Baldr fez
Um salão para ele mesmo;
Nesta terra
Onde eu sei se encontra
O menor dos males.
Baldr, o Bom, por Jacques Reich (1900)[25]
Capítulo 23 – Sobre Njördr e Skadi

O terceiro entre os Æsir é aquele que é chamado Njördr: ele mora nos Céus, na
morada chamada Nóatún. Ele governa o curso do vento, e dirige o mar e o fogo,
a ele devem os homens chamar para viagens e para caçar. Ele é tão próspero e
abundante em riqueza que ele pode dar-lhes uma grande quantidade de terras ou
de mantimentos, e a ele devem os homens chamar para essas coisas. Njördr não
é da raça dos Æsir: ele foi criado na terra dos Vanir, mas os Vanir o entregaram
como refém aos deuses, e tomaram como refém em troca aquele que os homens
chamam de Hœnir, ele tornou-se parte do pacto entre os deuses e os Vanir.
Njördr tomou como esposa a mulher chamada Skadi, filha de Thjazi o gigante.
Skadi queria de bom grado morar na residência que seu pai tinha morado, que
fica em certas montanhas, no lugar chamado Thrymheimr, mas Njördr queria
ficar perto do mar. Eles fizeram um pacto nestes termos: eles ficariam nove
noites em Thrymheimr, mas as próximas nove em Nóatún. Mas quando Njördr
desceu da montanha de volta para Nóatún, ele cantou esta canção:
Cansado estou eu das montanhas,
Há não muito tempo eu estava lá,
Apenas nove noites.
O uivo dos lobos
Pareciam-me doentes,
Comparado a canção dos cisnes.
Então Skadi cantou:
Dormir eu não conseguia
Na costa do mar,
Pois os gritos das aves marinhas;
Sempre me acordam,
Elas que vem de longe
As gaivotas todas as manhãs.
Então Skadi subiu à montanha e habitou em Thrymheimr. E ela andava a
maior parte do tempo em esquis e com um arco e flecha, e ela atira em animais,
ela é chamada de Deusa da Neve ou Senhora dos Sapatos de Neve. Assim, é
dito:
Thrymheimr é chamado,
Onde Thjazi morou,
Ele o hediondo gigante.
Mas agora Skadi mora,
Pura noiva dos deuses,
Na antiga casa de seu pai.

O Desejo de Njördr pelo Mar, por William Gersham Collingwood (1908)[26]

Skadi Sente Falta das Montanhas, por William Gersham Collingwood (1908)
[27]
Capítulo 24 – Sobre Freyr e Freyja

Njördr em Nóatún gerou mais tarde dois filhos: o filho foi chamado de Freyr,
e a filha Freyja, eles eram belos e poderosos. Freyr é o mais famoso dos Æsir,
ele governa a chuva e o brilho do sol, e com isso o nascer dos frutos da terra; e é
bom invocá-lo nas estações frutíferas e de paz. Ele governa também a
prosperidade dos homens. Mas Freyja é a mais famosa das deusas; ela tem nos
Céus a morada chamada Fólkvangr, e onde quer que ela cavalgue para a luta, ela
fica com metade dos mortos, e Odin a outra metade, como é dito aqui:
Fólkvangr é chamado
Onde Freyja reina;
Para os assentos de seu salão
Metade dos mortos
Ela escolhe todos os dias,
A outra metade é de Odin.
Seu salão Sessrúmnir é grande e belo. Quando ela sai, ela leva seus gatos que
a conduzem em uma carruagem; ela é a mais facilmente invocada pelas orações
dos homens, e de seu nome vem o nome da honra, Frú, pelos quais são
chamados os nobres. Canções de amor são agradáveis a ela, é bom invocá-la em
casos de amor.”
Freyr, por Johan Thomas Lundbye (1845)[28]
Freyja em Sua Carruagem, por Carl Emil Doepler (1905)[29]
Capítulo 25 – Sobre Týr

Então disse Gangleri: “Grandes em poder estes Æsir me parecem, e nem é um


espanto que tanta autoridade vocês tenham ao possuir tanto entendimento dos
deuses, e sabem ainda quais deles os homens devem chamar para o seu
benefício. Há ainda mais deuses?”
Hárr disse: “Ainda falta um dos Æsir que é chamado Týr: ele é o mais ousado
e maior em coragem, e ele tem muita autoridade sobre a vitória nas batalhas, é
bom para os homens de valor invocá-lo. É um provérbio dizer que alguém é
valente como Týr, aquele que supera os outros homens e não vacila. Týr é sábio,
também é dito que aquele que é mais sábio é prudente como Týr. Esta é uma
prova de sua ousadia: quando os Æsir tentaram persuadir o lobo Fenrir para
colocar nele o grilhão Gleipnir, o lobo não acreditou neles que eles iriam soltá-
lo, até que colocaram a mão de Týr em sua boca como uma promessa. Mas
quando os Æsir não o soltaram, então ele mordeu e arrancou a mão no local
agora chamado de ‘junta do lobo’, e Týr é maneta, e ele agora é chamado de um
pacificador entre os homens.
Týr, por Lorenz Frølich (1895)[30]
Capítulo 26 – Sobre Bragi e Idunn

Um deles é chamado de Bragi: ele é conhecido pela sabedoria, e acima de


tudo pela fluência da fala e habilidade com as palavras. Ele é um mestre escaldo,
e devido ao seu nome, poesia é chamada de bragr, e de seu nome alguém pode
ser chamado de bragr-karl, ou poeta, ou bragr-kvinna, ou poetisa, aqueles que
possuem eloqüência superando outros, de mulheres ou de homens. Sua esposa é
Idunn: ela guarda em seu baú de madeira de freixo as maçãs que os deuses
devem degustar quando eles envelhecem, e, em seguida, todos eles se tornam
jovens, e assim será até o Ragnarök.”
Então disse Gangleri: “Uma tarefa muito grande, me parece, os deuses
confiam à vigilância e boa fé de Idunn.”
Então disse Hárr, rindo em voz alta: “Eles estiveram perto de ficar
desesperados uma vez, eu posso te contar disso, mas agora você deve primeiro
ouvir mais dos nomes dos Æsir.
Bragi e Idunn, por Nils Blommér (1846)[31]
Capítulo 27 – Sobre Heimdallr

“Heimdallr é o nome de um deles: ele é chamado de Deus Branco. Ele é


grande e santo; nove damas, todas irmãs, deram-lhe a luz. Ele também é
chamado de Hallinskídi e Gullintanni, seus dentes são de ouro, e seu cavalo é
chamado de Gulltop. Ele mora no lugar chamado Himinbjörg, na Bifröst: ele é o
guardião dos deuses e se senta no final dos Céus para proteger a ponte dos
Gigantes das Montanhas. Ele precisa de menos horas de sono do que um
pássaro, ele vê igualmente bem a noite e ao dia cem léguas a sua frente, e ouve a
grama crescer sobre a terra ou a lã em ovelhas, e tudo o que tem um som mais
alto. Ele tem uma trombeta que é chamada de Gjallarhorn, e seu sopro é ouvido
em todos os mundos. A espada de Heimdallr é chamada de Cabeça. É dito ainda
mais:
Himinbjörg é chamado
Onde Heimdallr, eles dizem
Tem sua morada.
Lá a sentinela dos deuses
Bebe em seu confortável salão
Alegremente o bom hidromel.
E, além disso, ele mesmo diz na canção de Heimdallr:
Filho eu sou de nove damas,
Nascido fui de nove irmãs.
Heimdallr com a Gjallarhorn, por Lorenz Frølich (1895)[32]
Capítulo 28 – Sobre Hödr

Um dos Æsir é nomeado Hödr: ele é cego. Ele é suficientemente forte, mas os
deuses desejariam que em nenhuma ocasião invocassem esse deus, pois o
trabalho de suas mãos será ainda muito lembrado na memória entre os deuses e
os homens.
Capítulo 29 – Sobre Vídarr

Vídarr é o nome de um deles, o deus silencioso. Ele tem um sapato espesso.


Ele é quase tão forte quanto Thor, nele os deuses tem grande confiança em todas
as lutas.

Vídarr, por Hans Christian Henneberg (1854)[33]


Capítulo 30 – Sobre Váli

Um é chamado de Áli ou Váli, filho de Odin e Rindr: ele é ousado em


batalhas, e um arqueiro muito afortunado.
Capítulo 31 – Sobre Ullr

Um é chamado Ullr, filho de Sif, enteado de Thor, ele é tão excelente


arqueiro, e tão rápido em sapatos de neve, que ninguém pode competir com ele.
Ele também é belo de aspecto e tem as realizações de um guerreiro, é bom
invocá-lo em combates individuais.

Ullr, por Ólafur Brynjúlfsson (1760)[34]


Capítulo 32 – Sobre Forseti

Forseti é o nome do filho de Baldr e Nanna, filha de Nep: ele tem o salão nos
Céus que é chamado de Glitnir. Todos os que vêm a ele com tais brigas que
surgem de disputas judiciais, todos estes retornam dali reconciliados. Essa é a
melhor sede de julgamento entre deuses e homens, assim é dito aqui:
Um salão chamado Glitnir,
Sustenta-se com pilastras de ouro,
E com telhados de prata.
Lá mora Forseti,
Durante o todo o dia,
Coloca fim a todas as disputas

Forseti Senta em Julgamento, por Carl Emil Doepler (1882)[35]


Capítulo 33 – Sobre Loki, Filho de Laufey

Também incluído entre os Æsir está ele quem alguns o chamam de semeador
das trapaças dos Æsir, e o primeiro pai das falsidades, e mácula de todos os
deuses e homens: ele é chamado Loki ou Loptr, filho do gigante Fárbauti, sua
mãe era Laufey ou Nál, seus irmãos são Býleistr e Helblindi. Loki é bonito e
formoso à vista, mal em espírito e muito inconstante no hábito. Ele ultrapassou
outros homens nessa sabedoria que é chamada de artimanha, e criou trapaças em
todas as ocasiões; ele sempre levou os Æsir para grandes dificuldades e, em
seguida, os livrava com astutos conselhos. Sua esposa era chamada Sigyn, seu
filho Nari ou Narfi.

Loki e as Damas do Reno, por Arthur Rackham (1911)[36]


Capítulo 34 – Sobre os Filhos de Loki e a Captura de Fenrir

Ainda mais filhos teve Loki. Angrboda era o nome de uma certa gigante em
Jötunheim com quem Loki teve três filhos: um era o Lobo Fenrir, o segundo
Jörmungandr, que é a Serpente de Midgard, a terceira é Hel. Mas quando os
deuses souberam que estes foram criados em Jötunheim, e quando os deuses
perceberam pelas profecias que destes irmãos grande infortúnio cairia sobre eles,
e uma vez que parecia a todos que havia grande possibilidade de males, primeiro
do sangue da mãe, e ainda pior do pai, então o Pai de Todos enviou deuses para
lá para pegar as crianças e levá-las a ele. Quando elas se aproximaram dele,
imediatamente ele lançou a serpente ao fundo do mar que circunda toda a Terra,
e esta serpente cresceu tanto que ela está no meio do oceano e ela rodeia toda a
Terra, e morde sua própria cauda.
Hel ele lançou em Niflheim, e deu a ela o poder sobre o nono mundo para
repartir todas as moradas entre aqueles que foram enviados a ela, ou seja, mortos
de doença ou de idade avançada. Ela tem grandes posses lá, suas paredes são
muito altas e seus portões enormes. Seu salão é chamado Eljudner; seu prato,
Fome, Faminto é sua faca; Ganglate, seu escravo; Ganglot, sua serva; Poço do
Tropeço, seu limite, pelo qual se entra, Doença, sua cama, Angústia, suas roupas
de cama. Ela é meio negra e meio cor de carne, pelo qual ela é facilmente
reconhecida, e muito abatida e feroz.
Filhos de Loki, por Carl Emil Doepler (1905)[37]

Týr Alimentando Fenrir, por Louis Huard (1871)[38]


O Lobo, os Æsir trouxeram para casa, e Týr foi o único que ousou ir até ele
para lhe dar carne. Mas quando os deuses viram o quanto ele crescia a cada dia,
e quando todas as profecias declaravam que ele estava destinado a ser destruição
de todos, então os Æsir pensaram nesta forma de escapar: eles fizeram um
grilhão muito forte, que eles chamaram de Lædingr, e trouxeram perante o lobo,
ordenando-lhe que testasse a sua força contra o grilhão. O lobo pensou que não
teria muita dificuldade, e deixou-os fazer com ele o que quisessem. A primeira
vez que o Lobo forçou contra ele, o grilhão quebrou, então ele foi solto do
Lædingr. Depois disso, os Æsir fizeram um segundo grilhão, duas vezes mais
forte, que eles chamaram de Drómi, e convidaram o Lobo a testar esse grilhão,
dizendo que ele iria se tornar muito famoso por sua força se essa grandiosa obra
não fosse suficiente para segurá-lo. Mas o Lobo pensou que este grilhão era
muito forte, ele também considerou que sua força tinha aumentado desde o
momento em que quebrou o Lædingr: ele pensou que ele devia expor-se ao
perigo, caso isso o tornasse famoso. Assim, ele deixou o grilhão ser colocado
sobre ele. Agora, quando os Æsir declararam-se prontos, o Lobo sacudiu-se,
bateu o grilhão contra a terra e lutou ferozmente com ele, arrastou com as patas
contra ele, e quebrou o grilhão, de modo que os fragmentos voaram longe.
Assim, ele se livrou do Drómi. Desde então, é um provérbio, ‘se soltar do
Lædingr’, ou ‘se livrar do Drómi’, quando algo é incrivelmente difícil.
Depois disso, os Æsir temeram que eles nunca seriam capazes de prender o
lobo. Então o Pai de Todos mandou aquele que se chama Skirnir, o mensageiro
de Freyr, descer para a região dos Elfos Negros, a certos anões, e mandou ser
feito o grilhão chamado Gleipnir. Ele era feito de seis coisas: o ruído de um gato
ao andar, a barba de uma mulher, as raízes de uma montanha, os tendões de um
urso, a respiração de um peixe e o cuspe de um pássaro.
E mesmo que você não entenda estas questões, mas agora você pode
encontrar rapidamente certas provas de que nenhuma mentira é dita aqui: você
deve ter visto que uma mulher não tem barba, e nenhum som vem do salto de um
gato e não há raízes sob uma montanha, e por minha fé, tudo o que eu te disse é
igualmente verdade, embora haja algumas coisas que você não pode colocar à
prova.”
Então disse Gangleri: “Isso certamente posso perceber ser verdade: essas
coisas que você usou como prova, eu posso ver, mas como foi o grilhão feito?”
Hárr respondeu: “Isto sou bem capaz de te dizer. O grilhão era macio e suave
como uma fita de seda, mas tão seguro e forte como você vai agora ouvir. Então,
quando o grilhão foi trazido aos Æsir, eles agradeceram o mensageiro pela sua
missão. Então os Æsir foram ao lago chamado Ámsvartnir, para a ilha chamada
Lyngvi, e convocando o lobo a eles, mostraram-lhe a fita de seda e pediram-lhe
que a arrebentasse, dizendo que era um pouco mais robusta do que parecia de
sua espessura. E cada um passou para os outros e testaram com a força de suas
mãos e ela não se partiu, mas eles disseram que o lobo conseguiria quebrá-la.
Então o lobo respondeu: ‘Tocando neste assunto da fita, parece-me que vou
obter nenhuma glória dele, embora eu tenha conseguido arrebentar as correntes,
mas se isso foi feito com astúcia e artimanhas, então, apesar de parecer pouco,
essa fita nunca deve ser amarrada em minhas pernas.’
Em seguida, os Æsir responderam que ele poderia facilmente arrebentar uma
pequena fita de seda, ele que tinha antes quebrado enormes grilhões de ferro,
‘mas se você não for capaz de arrebentar a faixa, então você não será capaz de
assustar os deuses e, então, vamos soltá-lo.’
O lobo disse: ‘Se vocês me prenderem de modo que eu não consiga ficar livre
de novo, então vocês vão agir de tal forma que será tarde demais para eu receber
ajuda de vocês. Eu estou relutante de que essa fita deve ser colocada em mim.
No entanto, ao invés de vocês duvidarem de minha coragem, que alguém de
vocês coloque a mão na minha boca, para uma promessa de que isso é feito de
boa fé.’
Cada um dos Æsir olhou para o seu vizinho e ninguém estava disposto a
perder sua mão, até que Týr estendeu a mão direita e colocou-a na boca do lobo.
Mas quando o lobo forçou, o grilhão se endureceu, e quanto mais ele lutava
contra ele, mais apertada a fita ficava. Em seguida, todos riram, exceto Týr: ele
perdera sua mão.
Quando os Æsir viram que o lobo estava totalmente amarrado, eles pegaram a
corrente que estava presa ao grilhão, e que se chama Gelgja, e a passaram por
uma grande rocha chamada Gjöll e fixaram a rocha bem fundo na terra. Em
seguida, eles tomaram uma grande pedra e enterraram-na ainda mais fundo na
terra, ela era chamada Thviti, e usaram a pedra como um pino de fixação. O lobo
ficou boquiaberto terrivelmente, e se debateu e esforçou-se para mordê-los; eles
enfiaram em sua boca uma espada: o cabo ficou preso em sua mandíbula
inferior, e a ponta na mandíbula superior, esta é sua mordaça. Ele uiva
horrivelmente, e baba corre para fora de sua boca: este é o rio chamado Ván, lá
ele se encontra até o Ragnarök.”
Então disse Gangleri: “Incríveis crianças doentias Loki gerou, mas todos estes
irmãos são de grande poder. No entanto, por que os Æsir não mataram o lobo,
vendo que tinham expectativas de males vindo dele?”
Hárr respondeu: “De muita estima tinham os deuses com seu lugar sagrado de
modo que eles não o manchariam com o sangue do lobo, embora, assim dizem as
profecias, ele deverá ser o assassino de Odin.”
O Aprisionamento de Fenrir, por Carl Emil Doepler (1905)[39]
Capítulo 35 – Sobre as Ásynjur

Então disse Gangleri: “Quais são as Ásynjur?”


Hárr disse: “Frigg é a mais importante: ela tem essa propriedade que é
chamada Fensalir, e é a mais gloriosa.
A segunda é Sága: ela mora em Søkkvabekkr, e essa é uma grande morada.
A terceira é Fir: ela é a melhor médica.
A quarta é Gefjun: ela é uma virgem, e as que morrem solteiras servem-na.
A quinta é Fulla: ela também é uma donzela, e usa os cabelos soltos e uma
faixa dourada sobre sua cabeça; ela carrega a caixa branca de Frigg, e cuida de
seus sapatos, e sabe de seus segredos.
Freyja é muito bem nascida, juntamente com Frigg: ela é casada com o
homem chamado Ódr. Sua filha é Hnoss: ela é tão bela que as coisas que são
bonitas e preciosas são chamadas de hnossir. Ódr partiu em longas viagens e
Freyja chora por ele, e suas lágrimas são de ouro vermelho. Freyja tem muitos
nomes e esta é a causa: ela se deu nomes diversos quando ela saiu entre povos
desconhecidos procurando Ódr: ela é chamada Mardöll e Hörn, Gefn, Sýr.
Freyja teve o colar Brísing. Ela também é chamada de Senhora dos Vanir.
A sétima é Sjöfn: ela é a mais assídua em transformar os pensamentos dos
homens para o amor, tanto de mulheres quanto de homens, e de seu nome os
anseios de amor são chamados de sjafni.
A oitava é Lofn: ela é tão graciosa e amável com aqueles que a invocam, que
ela ganha do Pai de Todos ou de Frigg a permissão para a união da humanidade
em casamento, das mulheres e dos homens, embora fosse proibido antes, ou
quando parecia negado categoricamente, a partir de seu nome tal permissão é
chamado de ‘louvor’, e, portanto, também ela é muito louvada pelos homens.
A nona é Vár: ela escuta aos juramentos e pactos feitos entre homens e
mulheres; portanto tais pactos são chamados de ‘votos’. Ela também se vinga
daqueles que quebram suas promessas.
A décima é Vör: ela é a sábia e de espírito inquieto, de modo que ninguém
pode esconder nada dela, há um ditado que diz que uma mulher se torna ‘vor’,
ou ciente, de que quando ela é informada de uma notícia.
A décima primeira é Syn: ela guarda a porta no corredor, e tranca-a perante
aqueles que não devem entrar; ela também é designada em julgamentos como
uma defesa contra os casos que ela pretende refutar: dali vem a expressão, que
‘syn’, ou negação, é chamada quando um homem refuta.
A décima segunda é Hlín: ela é designada como guardiã sobre aqueles
homens que Frigg deseja preservar de qualquer perigo, daí vem o ditado que
aquele que escapa ‘hlins’, ou repousa.
Snotra é a décima terceira: ela é prudente e de comportamento gentil, de seu
nome uma mulher ou um homem que é moderado é chamado de snotr.
A décima quarta é Gná: Frigg envia-a a diversas terras em suas tarefas, ela
tem aquele cavalo que corre sobre o céu e o mar, e é chamado de Hofvarpner.
Uma vez, quando ela estava cavalgando, alguns dos Vanir viram seu trajeto no
ar e, então, um falou:
O que voa lá?
O que viaja lá?
O que desliza pelo ar?
Ela respondeu:
Eu não voo,
Embora eu viaje,
E no ar deslizo
Sobre o Hofvarpner,
Aquele que Hamskerpir
Teve com Gardrofa.
Do nome da Gná aquele que voa alto é chamado de gnæfa.
Sól e Bil são reconhecidas também como Ásynjur, mas as suas naturezas já
foram contadas antes.
Frigg e suas Servas, por Carl Emil Doepler (1882)[40]
Capítulo 36 – Sobre as Valquírias

Há também aquelas outras cujo ofício é servir em Valhalla, para levar bebida
e se encarregar de servir as mesas com os garrafões de cerveja, assim elas são
nomeadas no Grímnismál:
Hrist e Mist
Desejo que meu chifre seja trazido a mim,
Skeggjöld e Skögull;
Hildr e Thrúdr,
Hlökk e Herfjötur,
Göll e Geirahöd,
Randgrídr e Rádgrídr
E Reginleif
Estas trazem cerveja aos Einherjar.
Estas são chamadas de Valquírias: elas Odin envia a cada batalha, elas
determinam quais homens devem morrer e quem deve vencer. Gudr e Róta e a
mais jovem Norna, ela que é chamada de Skuld, andam sempre a levar os mortos
e a decidirem lutas. Jörd, a mãe de Thor, e Rindr, a mãe de Váli, são
reconhecidas também como Ásynjur.
Valquíria, por Peter Nicolai Arbo (1869)[41]
Capítulo 37 – Freyr Conquista Gerdr, Filha de Gýmir

Um certo homem era chamado Gýmir, e sua esposa Aurboda: ela era da
família dos Gigantes das Montanhas; sua filha foi Gerdr, que era a mais bela de
todas as mulheres. Aconteceu um dia que Freyr tinha ido para Hlidskjálf, e olhou
sobre todo o mundo, mas quando ele olhou para a região norte, ele viu em uma
propriedade uma casa grande e bela. E a esta casa ia uma mulher; quando ela
levantou suas mãos e abriu a porta diante dela, uma luz brilhou de suas mãos,
sobre o céu e o mar, e todos os mundos foram iluminados por ela. Assim, o seu
orgulho arrogante, por ter tido a presunção de se sentar naquele santo assento,
foi vingado sobre ele, então ele foi embora cheio de tristeza. Quando ele chegou
em casa, ele não falou, ele não dormiu, ele não bebeu; ninguém se atreveu a falar
com ele.
Então Njördr convocou a ele Skírnir, servo de Freyr, e ordenou-lhe que fosse
até Freyr e implorasse que ele falasse e perguntasse por quem ele estava tão
amargo que ele não falava com os homens. Skírnir disse que iria, ainda que a
contragosto, e disse que respostas ruins eram de se esperar de Freyr.
Mas quando ele foi até Freyr, logo ele perguntou por que ele estava tão
abatido e não falava com os homens. Então Freyr respondeu, e disse que tinha
visto uma mulher formosa, e por causa dela ele estava tão cheio de pesar que não
viveria muito tempo se ele não a obtivesse. ‘E agora você irá e irá cortejá-la em
meu nome e irá trazê-la aqui, mesmo que seu pai deixe ou não. Eu vou
recompensar-te bem por isso.’
Então Skírnir respondeu assim: ele iria em sua missão, mas Freyr deveria lhe
dar a sua própria espada, que é tão boa que ela luta por si só, e Freyr não
recusou, e deu-lhe a espada. Então Skírnir saiu e cortejou a mulher por ele, e
recebeu sua promessa; e nove noites depois, ela deveria ir para o lugar chamado
Barrey, e depois comparecer ao noivado com Freyr. Mas quando Skírnir disse a
Freyr sua resposta, então ele cantou esta canção:
Longa é uma noite
Longa é a segunda;
Como posso esperar por três?
Muitas vezes um mês
Pareceu menos para mim
Do que esta noite de espera.
Esta foi a razão por Freyr estar desarmado quando ele lutou com Beli, e o
matou com o chifre de um cervo.”
Então disse Gangleri: “É muito de se admirar que um grande chefe como
Freyr é, ele daria sua espada, não tendo outra igualmente boa. Foi uma grande
privação para ele, quando ele lutou com este chamado Beli, acredito eu, ele deve
ter se lamentado de dar esse presente.”
Então respondeu Hárr: “Houve pouco problema nisso, quando ele e Beli se
encontraram; Freyr poderia tê-lo matado com suas mãos. Ainda se sucederá
quando Freyr vai pensar que uma situação pior veio a ele, quando ele sentir falta
de sua espada no dia em que os Filhos de Múspell vierem para guerrear.”

A Paixão de Freyr, por William Gersham Collingwood (1908)[42]


Capítulo 38 – Sobre a Comida dos Einherjar e de Odin

Então disse Gangleri: “Você diz que todos os homens que caíram em batalha
desde o começo do mundo estão agora com Odin, em Valhalla. O que ele tem
para dar-lhes de comida? Eu devo imaginar que uma grande multidão deve estar
lá.”
Então Hárr respondeu: “O que você diz é verdade: uma poderosa multidão
está lá, mas muitos mais estarão, não obstante ainda parecerá muito pequena no
momento em que o Lobo vier. Mas nunca é tão grande a multidão em Valhalla
que a carne do javali faltará, este que é chamado Sæhrímnir, ele é cozido todos
os dias e fica inteiro ao entardecer. Mas essa pergunta que você inquiriu agora:
Eu acho provável que poucos possam ser tão sábios de serem capaz de relatar a
verdade sobre isso. O nome de quem cozinha as carnes é Andhrímnir, e o
caldeirão se chama Eldhrímnir, logo é dito aqui:
Andhrímnir faz
Em Eldhrímnir
Sæhrímnir cozido,
A melhor das carnes.
Embora poucos saibam
Com que comida os Einherjar se alimentam.”
Então disse Gangleri: “Tem Odin a mesma comida que os Einherjar?”
Hárr respondeu: “Aquela comida que está em seu prato ele dá para dois lobos
que ele possui, chamados Geri e Freki, mas de nenhum alimento ele precisa, o
vinho é alimento e bebida para ele, logo é dito aqui:
Geri e Freki
Saciam os guerreiros,
O famoso Pai dos Exércitos;
Mas com vinho apenas
O Glorioso em armas
Odin vive para sempre.
Dois corvos sentam sobre seus ombros e dizem em seu ouvido todas as
novidades que eles vêem ou ouvem, eles são chamados assim: Huginn, ou
Pensamento, e Muninn, ou Memória. Ele os envia ao amanhecer para voar sobre
todo o mundo, e eles voltam no desjejum; assim ele fica familiarizado com
muitas novidades. Por isso os homens chamam-lhe de Deus Corvo, como é dito:
Huginn e Muninn
Voam todos os dias
Sobre a imensa Terra.
Eu temo por Huginn
Que ele possa não voltar,
No entanto eu temo mais por Muninn.”

Odin, por Ludwig Pietsch (1865)[43]


Capítulo 39 – Sobre a Bebida dos Einherjar

Então disse Gangleri: “O que os Einherjar têm para beber, para ser suficiente
para eles que é abundante como a comida? Ou é água que é bebida lá?”
Então disse Hárr: “Agora você pergunta estranhamente, como se o Pai de
Todos fosse convidar reis ou Earls ou outros homens de poder e dar a eles água
para beber! Eu sei, por minha fé, que muitos homens que vem a Valhalla
pensariam que eles teriam comprado seu copo de água muito caro, se não
houvesse melhor alegria para se ter lá; eles que antes sofreram feridas e dores
ardentes até a morte. Posso te dizer um conto diferente deste. A cabra, ela que é
chamada de Heidrún, fica no alto de Valhalla e morde as folhas dos ramos
daquela árvore que é muito famosa, e é chamado Lærádr; e de suas tetas
hidromel corre tão copiosamente, que ela preenche um tonel a cada dia. Esse
tonel é tão grande que todos os Einherjar ficam bastante bêbados com ele.”
Então disse Gangleri: “Essa é uma cabra adequadamente maravilhosa para
eles; deve ser uma incrível árvore da qual ela come.”
Então falou Hárr: “Ainda mais digno de nota é o cervo Eikthyrni, este que
está em Valhalla e morde os ramos da árvore; e de seus chifres destila tal
transpiração abundante que desce até Hvergelmir, e dali caem os rios chamados
assim: Síd, Víd, Søkin, Eikin, Svöl, Gunnthrá, Fjörm, Fimbulthul, Gípul, Göpul,
Gömul, Geirvimul. Esses correm sobre as moradas dos Æsir, estes também são
registrados: Thyn, Vín, Thöll, Höll, Grád, Gunnthráin, Nyt, Nöt, Nönn, Hrönn,
Vína, Vegsvinn, Thjódnuma.”
Heidrun em Valhalla, por Ólafur Brynjúlfsson (1760)[44]
Capítulo 40 – Sobre o Tamanho de Valhalla

Então disse Gangleri: “Estas são histórias incríveis que você conta. Uma
maravilhosa grande casa Valhalla deve ser; deve estar frequentemente muito
lotado perante suas portas.”
Então respondeu Hárr: “Por que você não pergunta quantas portas existem em
Valhalla, e quão grande elas são? Se você descobrir isso, você vai confessar que
preferia ser maravilhoso se todo mundo não pudesse facilmente entrar e sair.
Também é dito que não é mais difícil encontrar espaço dentro do que entrar.
Disso você pode ler no Grímnismál:
Quinhentas portas
E quarenta mais
Eu julgo existir em Valhalla.
Oitocentos Einherjar
Saem de cada porta
Quando eles forem lutar com o lobo.”

Valhalla, por Max Brückner (1896)[45]


Capítulo 41 – Sobre o Entretenimento dos Einherjar

Então disse Gangleri: “Uma bastante poderosa multidão de homens está em


Valhalla, de modo que, por minha fé, Odin é um grande chefe, uma vez que ele
comanda um exército tão grande. Agora, qual é o passatempo dos Einherjar,
quando eles não estão bebendo?”
Hárr respondeu: “Todos os dias, assim que eles se vestem, eles imediatamente
colocam suas armaduras e saem para o pátio e lutam, e matam uns aos outros.
Este é o seu esporte, e quando o tempo se aproxima do desjejum, eles cavalgam
para Valhalla e sentam-se para beber, como é dito aqui:
Todos os Einherjar
No pátio de Odin
Degladiam-se diariamente.
Eles escolhem os mortos
E cavalgam dos campos de batalha,
Então se sentam juntos em paz.
Mas o que você disse é verdade: Odin possui grande poder. Muitos exemplos
são encontrados como prova disto, como é dito aqui, nas palavras dos próprios
Æsir:
O freixo Yggdrasil
Das árvores é a mais importante,
É a Skídbladnir dos navios,
Odin dos Æsir,
Sleipnir dos cavalos,
Bifröst das pontes,
E Bragi dos escaldos,
Hábrók dos falcões,
E Garmr dos cães.”
Valhalla, por Carl Emil Doepler (1905)[46]
Capítulo 42 – Os Æsir Quebram o Juramento Feito ao Construtor da Cidadela

Então disse Gangleri: “Quem é o dono do cavalo Sleipnir, ou o que há para


ser dito sobre ele?”
Hárr respondeu: “Você não tem nenhum conhecimento sobre Sleipnir, e você
não sabe as circunstâncias de seu nascimento, mas parece que vai valer a pena te
contar. Era cedo nos primeiros dias de vivência dos deuses aqui, quando eles
estabeleceram Midgard e criaram Valhalla; então veio na época um certo gigante
que era construtor e se ofereceu para construir-lhes uma cidadela em três
estações, tão boa que deveria ser firme e a prova dos Gigantes das Montanhas e
os Gigantes de Gelo, embora eles conseguiriam chegar a Midgard. Porém ele
exigiu como pagamento que ele deveria ter a posse de Freyja, e de bom grado
teria também o sol e a lua. Em seguida, os Æsir fizeram uma conferência e se
consultaram, e um negócio foi feito com o construtor, que ele teria o que ele
exigia, se ele conseguisse completar a cidadela em um inverno. No primeiro dia
do verão, se alguma parte da cidadela estivesse inacabada, ele perderia sua
recompensa, e ele não receberia ajuda de ninguém no trabalho. Quando lhe
disseram essas condições, ele pediu que lhe deixassem ter a ajuda de seu cavalo,
que se chamava Svadilfari e, devido ao conselho de Loki, o pedido do construtor
foi concedido. Ele começou a trabalhar no primeiro dia do inverno para fazer a
cidadela, e à noite ele arrastava pedras com a ajuda do cavalo; e parecia muito
incrível para os Æsir que grandes rochas o cavalo arrastava, pois o cavalo fazia
um trabalho mais áspero em dobro do que fazia o construtor. Mas havia fortes
testemunhas para seu negócio, e muitos juramentos feitos, pois parecia inseguro
para o gigante estar entre os Æsir sem uma trégua estabelecida, para o caso de
Thor voltar para casa. Porém Thor tinha ido à região oriental para combater
trolls.
Quando o inverno se aproximava do seu fim, a construção da cidadela estava
bem avançada, e era tão alta e forte que não podia ser tomada. Quando faltavam
três dias de verão, o trabalho tinha quase atingido o portão da fortaleza. Então os
deuses sentaram-se em seus assentos de julgamento, e procuraram meios de
evasão, e perguntavam uns aos outros quem tinha aconselhado dar Freyja à
Jötunheim, e destruir o ar e o céu ao se levar dali o sol e a lua e dar-lhes aos
gigantes. Os deuses concordaram que aquele que deve ter aconselhado isto é
quem está acostumado a dar maus conselhos, Loki filho de Laufey, e
declararam-no merecedor de uma morte cruel, caso ele não conseguisse
encontrar uma forma de tirar do construtor o seu pagamento, e eles ameaçaram
Loki com violência. Mas quando ele ficou com medo, então ele fez juramentos
de que iria maquinar algo em que o construtor perderia seu pagamento, custe o
que custasse.
Naquela mesma noite, quando o construtor arrastava pedras com o cavalo
Svadilfari, uma égua saltou diante de uma floresta e relinchou para ele. O
garanhão, percebendo que espécie de égua era essa, imediatamente tornou-se
frenético e arrebentou as rédeas em pedaços, e pulou atrás dela, e ela fugiu para
a floresta, e o construtor atrás dele, esforçando-se para pegar o cavalo. Estes
cavalos correram toda a noite e o construtor parou lá naquela noite, e depois,
durante o dia, o trabalho não foi feito como tinha sido antes. Quando o
construtor viu que o trabalho não poderia ser levado ao fim, ele caiu em fúria
como um gigante. No momento em que os Æsir viram certamente que um
Gigante das Montanhas estava lá, eles não consideraram seus juramentos
válidos, mas chamaram Thor, que veio rapidamente. E logo que o martelo
Mjölnir foi levantado no ar, ele deu o pagamento ao construtor, mas não com o
sol e a lua. Não, ele ainda negou-lhe viver em Jötunheim, e bateu, mas deu um
primeiro golpe de modo que seu crânio foi estourado em pequenas migalhas, e
mandou-o para abaixo de Niflhel. Mas Loki teve certas relações com Svadilfari
que, um pouco mais tarde, ele deu à luz a um potro, que era cinza e tinha oito
patas, e este cavalo é o melhor entre os deuses e os homens. Assim é dito no
Völuspá:
Então todos os deuses
Sentaram-se em suas cadeiras de julgamento,
Os mais santos deuses
Consultaram-se;
Quem tinha feito ao ar
Envenenado com maldade
E à raça de gigantes
Dado a donzela de Ódr.
Juramentos foram quebrados,
E palavras e promessas,
Acordos tão sagrados
Que haviam passado por eles;
Thor sozinho fez então,
Inchado de raiva;
Ele raramente fica parado
Quando ele ouve tais coisas.”
Odin Cavalga Sleipnir, por Arthur Rackham (1911)[47]
Capítulo 43 – Sobre Skídbladnir

Então disse Gangleri: “O que há para ser dito de Skídbladnir, que é o melhor
dos navios? Não há outro navio tão igualmente grandioso?”
Hárr respondeu: “Skídbladnir é o melhor dos navios e feito com a maior das
habilidades, mas Naglfar é o maior navio; Múspell o possui. Alguns anões,
filhos de Ívaldi, criaram Skídbladnir e deram o navio para Freyr. Ele é tão
grande que todos os Æsir podem embarcá-lo, com suas armas e equipamentos, e
ele tem um vento favorável assim que a vela é içada, para onde quer que ele
esteja indo, mas quando não há nenhum motivo para ir com ele ao mar, ele é
feito de tantas coisas e com tanta perícia que então ele pode ser dobrado como
um guardanapo e mantido em um bolso.”
Capítulo 44 – Thor Começa Sua Jornada a Útgarda-Loki

Então falou Gangleri: “Um bom navio é Skídbladnir, mas uma magia muita
poderosa deve ter sido usada nele antes que ele pudesse ser criado. Thor nunca
experimentou tal coisa, em que ele encontrou em seu caminho algo tão poderoso
ou tão forte que o superava na força da magia?”
Então disse Hárr: “Poucos homens, creio eu, são capazes de dizer isto; ainda
assim muitas tarefas já lhe foram difíceis de superar. Embora possa ter havido
algo tão poderoso ou forte que Thor pode não ter conseguido alcançar a vitória,
porém não é necessário falar sobre isso, porque há muitos exemplos para provar,
e todos são obrigados a acreditar, que Thor é o mais forte.”
Então disse Gangleri: “Parece-me que eu devo ter perguntado sobre algo em
que não há alguém capaz de contar.”
Então falou Jafnhárr: “Ouvimos dizer sobre algumas questões que nos
parecem incríveis, mas aqui se senta um ao alcance da mão, que saberá dizer
verdadeiras histórias sobre isto. Portanto, você deve acreditar que ele não vai
mentir pela primeira vez agora, aquele que nunca mentiu antes.”
Gangleri disse: “Aqui eu vou ficar e ouvir, para ver se alguma resposta há
sobre esta questão, mas caso contrário, eu os declararei derrotados, se vocês não
puderem dizer sobre o que eu perguntei.”
Então falou Thridi: “Agora, é evidente que ele está decidido a conhecer deste
assunto, embora não nos pareça uma coisa agradável de contar.
Este é o início deste conto: Öku-Thor ia adiante com seus bodes e carruagem,
e com ele aquele Áss chamado Loki, eles chegaram à noite a casa de um
lavrador, e lá receberam uma noite de hospedagem. À noite, Thor levou seus
bodes e abateu ambos. Após isso eles foram esfolados e levados ao caldeirão.
Quando a comida estava pronta, então Thor e seu companheiro sentaram-se para
jantar. Thor convidou a comer a carne com ele, o lavrador e sua esposa e seus
filhos: o filho do lavrador era chamado Thjálfi e a filha Röskva. Então Thor
colocou as peles dos bodes afastadas do fogo, e disse que o lavrador e os seus
servos deveriam lançar os ossos sobre as peles dos bodes. Thjálfi, o filho do
lavrador, estava segurando uma coxa do bode, e dividiu o osso com sua faca e o
quebrou para chegar à medula. Thor permaneceu lá durante a noite, e no
intervalo antes do dia ele se levantou e se vestiu, pegou o martelo Mjölnir,
balançou-o, e benzeu as peles dos bodes, logo eles levantaram-se e então um
deles estava coxo de uma perna. Thor descobriu isso e supôs que o lavrador ou a
sua família não tiveram cuidados suficientes com os ossos dos bodes: saiba que
o fêmur estava quebrado. Não há necessidade de fazer uma longa história disso,
todos podem saber quão assustado o agricultor deve ter ficado quando ele viu
como Thor deixou as sobrancelhas afundar diante de seus olhos, mas quando ele
olhou para os olhos de Thor, então lhe pareceu que ele devia cair perante estes
olhares. Thor apertou as mãos sobre o cabo do martelo de modo que as juntas
ficassem pálidas, e o lavrador e toda a sua família fizeram o que era de se
esperar: eles clamaram vigorosamente, rezaram por paz, ofereceram em
recompensa tudo o que tinham. Mas quando ele viu seu terror, então sua fúria
passou, e ele se acalmou, e levou deles em reparação seus filhos, Thjálfi e
Röskva, que depois se tornaram seus servos, e eles o seguem desde então.

Thor Descobre que um de seus Bodes Está Coxo, por Lorenz Frølich (1895)
[48]
Capítulo 45 – Sobre o Encontro de Thor e Skrýmir

Então ele deixou seus bodes para trás, e começou sua jornada para o leste em
direção a Jötunheim e para o mar, e, em seguida, ele entrou no oceano, para seu
fundoe, mas quando ele chegou em terra, ele emergiu, e Loki e Thjálfi e Röskva
estavam com ele. Então, quando eles tinham andado um pouco, diante deles
havia uma grande floresta, eles andaram todo o dia até a noite. Thjálfi era o mais
rápido de pés de todos os homens, ele levava a bolsa de Thor, mas não havia
nada de bom para comer.
Assim que se tornou escuro, eles procuraram abrigo para a noite, e
encontraram diante de si um salão muito grandioso: havia uma porta no final, da
mesma largura que o próprio salão, onde então eles encontraram quartos para a
noite. Mas à cerca de meia-noite ouviu-se um grande terremoto: a terra balançou
sob eles extremamente e a casa toda tremeu. Então Thor se levantou e chamou
seus companheiros, e eles exploraram mais longe, e encontraram no meio do
salão uma câmara lateral no lado direito, e eles entraram lá. Thor sentou-se na
soleira da porta, mas os outros foram mais para o interior, e eles estavam com
medo, mas Thor agarrou o cabo de seu martelo e estava pronto para se defender.
Em seguida, eles ouviram uma grande zumbido e um baque.
Mas quando se aproximava do amanhecer, então Thor saiu e viu um homem
deitado perto dele na floresta, aquele homem não era pequeno, ele dormia e
roncava poderosamente. Então Thor achou que ele entendeu que tipo de barulho
era o que tinham ouvido durante a noite. Ele apertou o cinturão de força, e seu
poder divino aumentou, e no instante em que o homem acordou e levantou-se
rapidamente, então é dito que pela primeira vez Thor se assustou de golpear
alguém com o martelo. Ele perguntou o nome dele, e o homem se chamava
Skrýmir, ‘mas eu não tenho nenhuma necessidade’, disse ele, ‘de perguntar-lhe o
seu nome, eu sei que você é Áss-Thor. Mas o que você fez com a minha luva?’
Então Skrymir estendeu sua mão e pegou a luva, e imediatamente Thor viu
que era o que ele tinha pensado ser um salão durante a noite, e que a câmara
lateral era o polegar da luva.
Skrýmir perguntou se Thor aceitava sua companhia e Thor disse que
concordava. Então Skrýmir pegou e desamarrou sua bolsa de provisões e se
preparou para comer sua refeição da manhã, e Thor e seus companheiros fizeram
o mesmo em outro lugar. Skrýmir em seguida, propôs-lhes para juntar suas
provisões e Thor concordou. Então Skrýmir colocou toda a comida em um saco
e o pôs em suas costas; ele andou na frente de todos durante o dia, e dava passos
muitos largos, mas no final da noite Skrýmir encontrou para eles aposentos sob
um grande carvalho.
Então Skrýmir disse a Thor que ele iria se deitar para dormir, ‘e você pegue o
saco de provisões e prepare o seu jantar.’
Logo após, Skrýmir dormia e roncava forte, e Thor pegou a bolsa de
provisões e se preparou para desamarrá-la, mas essas coisas devem ser contadas
já que vão parecer inacreditáveis: ele não soltou nenhum nó e nenhuma tira se
afrouxou, de modo a ficar menos apertado do que antes. Quando ele viu que este
trabalho não ia dar em nada, então ele ficou irritado, segurou o martelo Mjölnir
com ambas as mãos, e caminhou a passos largos para o lugar onde Skrýmir
dormia, e bateu-lhe na cabeça. Skrýmir acordou, e perguntou se uma folha tinha
caído em sua cabeça, e se haviam comido e estavam prontos para dormir.
Thor respondeu que eles estavam prestes a ir dormir, então eles foram para
baixo de outro carvalho. Deve ser dito para você que não havia então ninguém
dormindo sem medo.
No meio da noite, Thor ouviu como Skrýmir roncava e caía no sono
rapidamente, de modo que trovejava na floresta, então ele se levantou e foi até
ele, então sacudiu a martelo ansiosa e duramente, e desferiu um golpe no centro
de sua coroa: ele viu que a face do martelo afundou em sua cabeça.
E naquele momento Skrýmir acordou e disse: ‘O que é agora? Será que
alguma noz caiu em minha cabeça? Ou o que está fazendo Thor?’
Mas Thor voltou rapidamente e respondeu que estava recém-despertado, disse
que era ainda o meio da noite e que havia ainda tempo para dormir. Thor
meditou que se ele pudesse desferi-lo um terceiro golpe nunca mais veria o
gigante; ele se deitou e observou se Skrýmir já estava dormindo profundamente.
Um pouco antes de o dia amanhecer, quando ele percebeu que Skrýmir tinha
adormecido, ele se levantou de uma vez e correu até ele, brandindo seu martelo
com toda a sua força, e bateu em uma de suas têmporas que estava para cima.
Mas Skrýmir sentou-se e acariciou sua bochecha, e disse: ‘Algumas aves
devem estar empoleiradas na árvore em cima de mim; eu imaginei, quando
acordei, que alguma sujeira dos galhos caiu sobre minha cabeça. Você está
acordado, Thor? Já vai ser a hora de levantar e vestir-nos, mas agora você não
tem mais uma longa jornada para o castelo chamado Útgardr. Eu ouvi como
você sussurrou entre vocês que não sou nenhum pequeno homem em estatura,
mas você verá homens ainda mais altos se você entrar em Útgardr. Agora vou
dar-lhes um bom conselho: não se comportem com arrogância, pois os capangas
de Útgarda-Loki não vão suportar tais comportamentos de pessoas tão pequenas.
Mas se não for para ser assim, então volte para onde veio, e eu acho que seria
melhor para você fazer isso, mas se você for em frente, então vá para o leste.
Quanto a mim, tenho o meu caminho para o norte para estas colinas, como pode
ver.’
Skrýmir pegou a bolsa de provisões e a jogou em suas costas e se separou
deles do outro lado da floresta, e não está escrito que os Æsir deram-lhe votos de
boa viagem.

Thor na Luva de Skrýmir, por Carl Emil Doepler (1905)[49]


Capítulo 46 – Sobre as Proezas de Thor e de seus Companheiros

Thor voltou-se para seu caminho, junto com seus companheiros, e continuou
em frente até o meio-dia. Então eles viram um castelo em uma determinada
planície, e dobraram seus pescoços até suas costas antes que eles pudessem ver
seu topo. Eles foram até o castelo, onde havia uma grade na frente do portão e
ele estava fechado. Thor foi até a grade e não conseguiu abri-la, mas quando eles
se esforçaram para abrir caminho, eles se espremeram por entre as barras e
entraram dessa forma. Eles viram um grande salão e entraram nele, a porta
estava aberta; então eles viram ali muitos homens e a maioria deles era grande o
suficiente para ocupar dois bancos de uma vez.
Logo após, eles chegaram diante do rei Útgarda-Loki e o saudaram, mas ele
olhou para eles em seu próprio tempo e sorriu com desdém com seus dentes, e
disse: ‘É tarde para perguntar novas de uma longa jornada, mas se não me
engano este moleque é Öku-Thor? No entanto, você pode ser mais poderoso do
que parece para mim. Que tipo de realizações são essas que você e seus
companheiros pensam estarem prontos para competir? Ninguém pode ficar aqui
conosco que não saiba algum tipo de habilidade ou astúcia que supera a maioria
dos homens.’
Em seguida, falou aquele que chegou por último, que se chamava Loki: ‘Eu
sei de um truque que eu estou pronto para experimentar: que não há ninguém
aqui dentro que conseguirá comer sua comida mais rapidamente do que eu.’
Então Útgarda-Loki respondeu: ‘Isso é uma façanha, se você realizá-la, e este
feito deve, portanto, ser posto à prova.’ Ele chamou na extremidade mais
afastada do banco, que aquele que se chamava Logi devia vir adiante e tentar sua
proeza contra Loki.
Em seguida, uma calha foi trazida e colocada em cima do piso do salão e
enchida com carne, Loki sentou-se em uma extremidade e Logi na outra, e cada
um comeu tão rápido quanto podia e eles se encontraram no meio da calha.
Nessa altura Loki tinha comido toda a carne dos ossos, mas Logi também tinha
comido toda a carne e os ossos com ele, e a calha também, e agora parecia a
todos que Loki tinha perdido o jogo.
Então Útgarda-Loki perguntou o que o jovem podia jogar, e Thjálfi respondeu
que se comprometia a competir uma corrida com quem Útgarda-Loki escolhesse.
Então Útgarda-Loki disse que essa era uma boa realização, e que havia uma
grande chance de ele ser bem dotado em corrida se fosse para realizar essa
façanha, mas ele seria rápido em fazer com que a questão fosse testada. Então
Útgarda-Loki levantou-se e saiu, e havia um bom percurso para correr sobre uma
região plana. Então Útgarda-Loki chamou um certo rapaz, que se chamava Hugi,
e ordenou-lhe competir uma corrida contra Thjálfi. Em seguida, eles realizaram a
primeira corrida e Hugi estava tão à frente que se voltou para encontrar Thjálfi
no final do curso.
Então disse Útgarda-Loki: ‘Você precisa se esforçar mais, Thjálfi, se você
quiser ganhar o jogo, mas não é menos verdade que nunca nenhum homem que
já veio aqui me pareceu tão rápido com os pés quanto você.’
Então eles começaram outra corrida, e quando Hugi tinha chegado ao fim do
curso e estava voltando, ainda havia um longo percurso para Thjálfi.
Então falou Útgarda-Loki: ‘Thjálfi parece-me correr bem este percurso, mas
eu não acredito que ele agora vai ganhar a competição. Mas isto será provado
agora, quando eles correrem a terceira corrida.’
Então eles começaram a corrida, mas quando Hugi tinha chegado ao final do
percurso e voltou, Thjálfi ainda não havia atingido a metade do caminho. Então
todos disseram que esse jogo tinha sido provado.
Em seguida, Útgarda-Loki perguntou a Thor quais feitos havia que ele podia
desejar mostrar a eles: tão grandes histórias os homens contaram dos seus
milagres. Então Thor respondeu que ele voluntariamente se comprometia a
enfrentar qualquer um em beber. Útgarda-Loki disse que isso poderia muito bem
ser, ele entrou na sala e chamou o seu copeiro e ordenou-lhe que trouxesse o
chifre que seus companheiros estavam acostumados a beber. Imediatamente o
copeiro veio com o chifre e colocou-o na mão de Thor.
Então disse Útgarda-Loki: ‘Afirma-se que este chifre é bem drenado se for
bebido em um gole, mas alguns bebem em dois, mas ninguém é tão fraco em
beber que não o esvazie em três.’
Thor olhou para o chifre e não parecia grande para ele, mas parecia um pouco
longo. Ainda assim, ele estava com muita sede, ele tomou e bebeu e engoliu
enormemente, e pensou que ele não precisaria se submeter novamente ao chifre.
Mas quando seu fôlego falhou, e ele levantou a cabeça e olhou para ver como ele
tinha se saído com a bebida, porém parecia-lhe difícil determinar se havia menos
bebida nele do que antes.
Então disse Útgarda-Loki: ‘O chifre está bem bebido, mas não muito, eu não
acreditaria se tivessem me dito que Áss-Thor não podia beber um maior gole.
Mas eu sei que você vai querer beber o resto em outro gole.’
Thor nada respondeu, ele colocou o chifre em sua boca, pensando que ele
devia beber um maior gole, e lutou com o gole até a sua respiração ceder, e ele
ainda viu que a ponta do chifre não subiu tanto quanto ele gostaria. Quando ele
tomou o chifre de sua boca e olhou para ele, parecia-lhe como se tivesse
diminuído menos do que a vez anterior, mas agora havia uma redução
claramente aparente no interior do chifre.
Então disse Útgarda-Loki: ‘E agora, Thor? Você não está deixando mais para
o terceiro gole do que convém a sua habilidade? Parece-me que se você esvaziar
o chifre com o terceiro gole, então este deverá ser o maior. Mas você não será
considerado um homem tão grande aqui entre nós como os Æsir o chamam, se
você não se distinguir mais em outros feitos do que você conseguiu fazer nesse
até agora.’
Então Thor ficou com raiva, colocou o chifre em sua boca e bebeu com toda
sua força, e lutou com a bebida o tanto quanto pôde, e quando ele olhou para o
chifre, pelo menos algum espaço tinha sido feito. Então ele desistiu do chifre e
não beberia mais.
Então disse Útgarda-Loki: ‘Agora é evidente que o seu talento não é tão
grande como pensávamos que fosse, mas você vai tentar sua chance em mais
jogos? Está claro que você nada ganhou com o primeiro.’
Thor respondeu: ‘Eu vou tentar ainda outros jogos, mas teria sido
maravilhoso para mim, quando eu estava em casa com os Æsir, se essas bebidas
fossem chamadas de pequenas. Mas que jogo vai agora você me oferecer?’
Então disse Útgarda-Loki: ‘Jovens rapazes aqui estão acostumados a fazer
isso, o que não passa de uma brincadeira: levantar o meu gato acima da terra,
mas eu não deveria ser capaz de falar de tal coisa a Áss-Thor se eu não tivesse
visto que você é muito menos de um homem do que eu pensava.’
Nisso saltou para frente no chão do salão um gato cinza, e era um gato muito
grande. E Thor foi até ele e o pegou com a mão no meio de sua barriga e ergueu
seus braços. Mas o gato dobrou em um arco assim que Thor estendeu as mãos e,
quando Thor levantou tão alto quanto pôde , então o gato levantou uma pata e
Thor não levou o jogo mais adiante que isso.
Então disse Útgarda-Loki: ‘Este jogo foi como eu havia previsto, o gato é
muito grande, enquanto Thor é baixo e pequeno comparado aos grandes homens
que estão aqui conosco.’
Então disse Thor: ‘Pequeno como você me chama, deixe qualquer um vir
agora e lute comigo, pois agora eu estou com raiva.’
Então Útgarda-Loki respondeu, olhando sobre os bancos, e falou: ‘Eu não
vejo nenhum homem aqui dentro que não cairia em desgraça se lutasse contigo.’
Mas ainda assim ele disse: ‘Vamos ver primeiro, deixe a minha velha ama
ser chamada aqui, Elli, e deixe Thor lutar com ela se ele quiser. Ela já jogou ao
chão tais homens que parecem-me não menos fortes do que Thor.’
Imediatamente, veio para o salão uma mulher velha, avançada em idade.
Então Útgarda-Loki disse que ela devia enfrentar Áss-Thor. Não há necessidade
de se prolongar essa história: essa luta foi de tal modo que quanto mais forte
Thor se esforçava em agarrá-la, mais rápido ela se soltava e, depois, a velha
senhora tentou um golpe e Thor perdeu o equilíbrio em seus pés, e sua luta era
muito difícil. No entanto, não demorou muito para que Thor caísse de joelhos.
Então Útgarda-Loki foi para cima deles e ordenou-lhes que cessassem a luta,
dizendo que Thor não precisaria desafiar mais seus homens em combate. Já
havia chegado a noite; Útgarda-Loki levou Thor e seus companheiros a um
assento e ficaram ali a noite inteira usufruindo da melhor das hospitalidades.

Thor Luta Contra Elli, por Lorenz Frølich (1872)[50]


Capítulo 47 – A Despedida de Thor e de Útgarda-Loki

Mas de manhã, assim que amanheceu, Thor e seus companheiros se


levantaram, vestiram-se e estavam prontos para ir embora. Então veio Útgarda-
Loki e pediu que uma mesa fosse arrumada para eles; não havia falta de bom
ânimo, carne e bebida. Depois de terem se fartado, eles imediatamente partiram
do castelo.
Na despedida, Útgarda-Loki falou com Thor e perguntou sobre como ele
pensava que sua viagem havia terminado, ou se ele tinha encontrado alguém
mais poderoso do que ele.
Thor respondeu que ele não poderia dizer que ele não tinha muita vergonha
do que eles passaram juntos. ‘Mas ainda assim eu sei que você vai me chamar de
um homem de pequeno poder, e eu não estou contente com isso.’
Então disse Útgardi-Loki: ‘Agora vou dizer-te a verdade, agora que você está
indo embora do castelo, e se eu viver e for capaz de seguir meu caminho, então
você nunca voltará aqui. E isso eu sei, por minha fé, que você nunca deveria ter
vindo a ele. Queria eu saber antes que você tinha tanta força e que, por pouco,
quase nos colocou em grande perigo. Mas eu preparei contra você ilusões; e
deparei-me com você pela primeira vez na floresta, e quando você tentou soltar a
bolsa de provisões, eu a tinha amarrado com ferro, e você não entendeu como
desfazer o nó. Mas em seguida você me desferiu três golpes com o martelo, e o
primeiro era mínimo, mas era ainda tão forte que seria suficiente para matar-me
se tivesse me acertado. Onde você viu perto do meu castelo uma montanha
cortada no topo em três vales quadrados, e um mais profundo, essas foram as
marcas de seu martelo. Eu trouxe a montanha antes do golpe, mas você não viu
isso. Assim foi também com os jogos, nos quais vocês enfrentaram meus
companheiros. No primeiro, em que Loki participou, ele estava com muita fome
e comeu velozmente, mas aquele que se chamava Logi era um fogo selvagem, e
ele queimou a calha não menos rapidamente do que a carne. Mas quando Thjálfi
correu a prova com aquele que se chamava Hugi, aquele era o meu pensamento e
não era de se esperar de Thjálfi que ele conseguiria estar à altura da velocidade
dele. Além disso, quando você bebeu o chifre, e pareceu-lhe esvaziar devagar,
então, por minha fé, aquela foi uma maravilha que eu não acreditaria possível: a
outra extremidade do chifre estava no mar, mas você não percebeu. Mas agora,
quando você for para ao mar, você deverá descobrir o quanto o mar encolheu
pelo seu consumo: isto é a partir de agora chamado de maré baixa.’
E mais uma vez ele disse: ‘Pareceu-me não menos notável quando você
levantou o gato; e para dizer-lhe a verdade, então todos estavam com medo
quando viram como você levantou uma de suas patas do chão. Esse gato não era
como ele apareceu para você: era a Serpente de Midgard, que circunda toda a
terra. Tão alto você esticou os braços que suas mãos quase alcançaram os Céus.
Foi também uma grande maravilha a luta, quando você resistiu tanto tempo e
não caiu mais do que em um dos joelhos, lutando com Elli, ou a Velhice, uma
vez que nunca houve e nunca haverá alguém que se torne tão velho que a velhice
não o fará cair. E agora é verdade dizer que devemos nos separar, e será melhor
para ambos os lados que você nunca volte a me procurar. Em uma outra vez eu
vou defender o meu castelo com artifícios semelhantes ou com outros, de modo
que você não deve ter nenhum poder sobre mim.’
Quando Thor ouviu essas palavras, ele agarrou seu martelo e o brandiu no ar,
mas quando ele estava prestes a lançá-lo para frente, então ele não viu Útgarda-
Loki em lugar algum. Então ele virou-se para o castelo, com o propósito de
destruí-lo em pedaços, e viu ali uma planície ampla e bela, mas nenhum castelo.
Então ele se virou e seguiu o seu caminho até que ele estava de volta a
Thrúdvangar. Mas é uma história verdadeira que ele então resolveu tentar se
reunir com a Serpente de Midgard, o que depois veio a acontecer. Agora eu acho
que ninguém sabe como dizer-te mais verdadeiramente sobre esta jornada de
Thor.”
Capítulo 48 – Thor Vai ao Mar com Hymir

Então disse Gangleri: “Muito poderoso é Útgarda-Loki, e ele é muito hábil


em artimanhas e na magia e seu poder pode ser visto no fato de que ele tinha tais
capangas assim como grande destreza. Agora, Thor chegou a se vingar disso?”
Hárr respondeu: “Não é nenhum segredo, embora também não seja preciso
ser um estudioso para saber que Thor teve uma compensação para esta viagem
da qual contamos agora. E ele não tardou muito em casa antes que ele se
preparasse para sua viagem tão apressadamente que ele não tinha com ele
nenhuma carruagem e nenhum bode e nenhuma comitiva. Ele foi para Midgard
sob o disfarce de um jovem rapaz, e chegou ao entardecer em um certo gigante,
que se chamava Hymir. Thor se hospedou como convidado lá durante a noite,
mas ao amanhecer Hymir levantou-se e vestiu-se e preparou-se para remar ao
mar para pescar. Então Thor acordou e ficou rapidamente pronto, e pediu a
Hymir para deixá-lo remar ao mar com ele, mas Hymir disse que Thor seria de
pouca ajuda para ele, sendo assim tão pequeno e jovem: ‘E você vai congelar, se
eu ficar tanto tempo e tão longe como eu estou acostumado.’
Mas Thor disse que ele seria capaz de remar muito para longe da terra, pois
não era certo se ele seria o primeiro a pedir para remar de volta. Thor estava tão
furioso com o gigante que ele estava pronto para afundar seu martelo contra ele,
mas ele se forçou a deixar para lá, uma vez que ele se propunha a testar a sua
força em outra ocasião. Ele perguntou a Hymir o que eles deveriam usar para
isca, mas Hymir ordenou-lhe que arrumasse sua própria isca.
Então Thor se virou para o lado, onde ele viu um rebanho de bois que
pertencia a Hymir; ele pegou o maior boi, chamado Himinbrjotr, e cortou sua
cabeça e foi com ela para o mar. A essa altura, Hymir já tinha empurrado para o
mar o barco. Thor subiu a bordo do barco e sentou-se no banco da popa, pegou
dois remos e remou, e parecia a Hymir que o rápido progresso vinha de suas
remadas. Hymir remava para frente na proa e as remadas passaram rapidamente.
Em seguida, Hymir disse que eles tinham chegado aos locais de pesca onde ele
estava acostumado a ancorar e procurar peixes. Mas Thor disse que desejava
remar para mais longe, e eles deram mais um forte avanço, então Hymir disse
que tinham ido tão longe que era perigoso ir adiante por causa da Serpente de
Midgard. Thor respondeu que remariam um pouco mais ainda, e assim ele fez,
mas Hymir estava então com muito medo.
Agora, assim que Thor tinha abaixado os remos, ele preparou uma forte linha
de pesca, e o anzol não era menor e menos forte. Então Thor colocou a cabeça
do touro no anzol e lançou-o ao mar, e o anzol foi ao fundo e estou dizendo a
verdade quando digo que então Thor zombou a Serpente de Midgard nada menos
do que Útgarda-Loki havia zombado Thor, no momento em que ele levantou a
serpente em sua mão.
A Serpente de Midgard deu o bote na cabeça de touro, e o anzol se prendeu
em sua mandíbula, mas quando a Serpente ficou ciente disso, ela saiu correndo
tão ferozmente que os punhos de Thor bateram contra a borda do barco. Então
Thor ficou irritado, e tomou sobre si sua força divina, apoiou os pés com tanta
força que ele atravessou a proa do navio com os dois pés, e bateu com eles
contra o fundo do mar, então ele puxou a Serpente até a borda do barco. E pode-
se dizer que ninguém jamais viu uma visão mais terrível do que quando Thor
encarou a serpente, e esta olhou para ele e jorrou veneno. Então é dito que o
gigante Hymir empalideceu, ficou amarelo, e teve muito medo, quando viu a
Serpente e como o mar esbravejava para fora e através do barco. No momento
em que Thor apertou o martelo e levantou-o ao alto, então o gigante tateou em
busca de sua faca para peixe e cortou a linha de Thor na beirada do barco, e a
Serpente afundou no mar. Thor arremessou seu martelo em sua direção, e dizem
que ele atingiu-lhe a cabeça contra o fundo do mar, mas eu acho que é verdade
dizer-te que a Serpente de Midgard ainda vive e reside no abrangente mar.
Mas Thor balançou seu punho e levou-o contra a orelha de Hymir, de forma que
ele caiu no mar, e Thor viu as solas dos seus pés. E Thor remou para terra.”
Thor Pescando pela Serpente de Midgard, por Lorenz Frølich (1895)[51]
Capítulo 49 – A Morte de Baldr, o Bom

Então falou Gangleri: “Já aconteceram outras coisas notáveis entre os Æsir?
Um grande ato de coragem Thor alcançou nessa viagem.”
Hárr respondeu: “Agora será contada uma das histórias que parecem de maior
importância para os Æsir. O início da história é esta, que Baldr, o Bom sonhou
grandes e perigosos sonhos sobre sua vida. Quando ele contou esses sonhos aos
Æsir, então eles se reuniram em conselho, e esta foi a sua decisão: pedir
segurança para Baldr de todos os tipos de perigos. E Frigg fez juramentos com
este teor, que o fogo e a água deviam poupar Baldr, também o ferro e o metal de
todos os tipos, pedras, terra, árvores, doenças, animais, pássaros, venenos,
serpentes.
E quando isso foi feito e divulgado, então era um passatempo de Baldr e dos
Æsir, em que ele devia ficar em pé no meio das reuniões, e todos os outros
deviam atirar nele, alguns tentar cortá-lo, alguns atacá-lo com pedras; mas tudo o
que era feito não o machucava, e isso parecia a todos eles uma coisa de muita
glória.
Mas quando Loki viu isso, lhe agradou que Baldr não levava nenhum dano.
Ele foi para Fensalir até Frigg, e se disfarçou à semelhança de uma mulher.
Então Frigg perguntou se aquela mulher sabia o que os Æsir faziam nas
reuniões. Ela disse que todos atiravam coisas em Baldr, e, além disso, que ele
não recebia nenhuma ferida.
Então Frigg disse: ‘Nem armas nem as árvores podem ferir Baldr: Eu tomei
juramentos de todos eles.’
Em seguida, a mulher perguntou: ‘De todas as coisas foram tomados
juramentos para poupar Baldr?’
E Frigg respondeu: ‘Cresce um broto de árvore sozinho a oeste de Valhalla:
chama-se Visco, eu pensei que ele é muito jovem para pedir seu juramento.’
Então, logo que a mulher se virou, Loki pegou um visco e puxou-o e foi para
a reunião. Hödr estava do lado de fora do círculo dos homens, porque ele era
cego.
Então Loki falou a ele: ‘Por que você não atira em Baldr?’
Ele respondeu: ‘Porque eu não vejo onde Baldr está, e porque também eu
estou desarmado.’
Então disse Loki: ‘Faça você também, segundo o costume de outros homens,
e mostre honra a Baldr como os outros. Vou te indicar onde ele está; atire nele
com essa vara.’
Hödr pegou o visco e atirou em Baldr, sendo guiado por Loki: a vara voou
através de Baldr, e ele caiu morto na terra, e essa foi a maior desgraça que já
acontecera entre deuses e homens.
Então, quando Baldr estava caído, as palavras falharam em todos os Æsir e
suas mãos também para levantá-lo. Cada um olhou para o outro, e todos eram
unânimes quanto a quem havia feito aquilo, mas nenhum deles podia se vingar,
pois era muito sagrado aquele santuário. Mas quando os Æsir tentaram falar,
então aconteceu primeiro que o choro irrompeu de modo que ninguém conseguia
falar com os outros com palavras a respeito de sua dor. E Odin tomou o
infortúnio de forma muito pior, pois tinha a maior percepção de quão grandes
danos e perdas para os Æsir era a morte de Baldr.

Baldr Morto, por Christoffer Wilhelm Eckersberg (1817)[52]


Agora, quando os deuses voltaram a si, Frigg falou e pediu quem podia haver
entre os Æsir que desejava ganhar para si todo o seu amor e boa vontade ao
viajar na estrada para Hel e buscar e tentar encontrar Baldr, e oferecer a Hel um
resgate se ela deixasse Baldr voltar para casa para Asgard. E ele é chamado
Hermódr o Corajoso, filho de Odin, que se comprometeu nessa jornada. Em
seguida, Sleipnir foi trazido, o cavalo de Odin, e conduzido e Hermódr montou
no cavalo e galopou.
Os Æsir pegaram o corpo de Baldr e levaram-no para o mar. Hringhorni é o
nome do navio de Baldr: ele era o maior de todos os navios, os deuses o teriam
lançado ao mar e ateado fogo em Baldr, mas o navio não se mexia. Então uma
mensagem foi enviada a Jötunheim para a gigante que é chamada Hyrrokkin.
Quando ela veio, montada em um lobo e tendo uma víbora como rédea, então ela
saltou de sua montaria, e Odin chamou quatro berserkers para cuidar do lobo,
mas eles não foram capazes de segurá-lo até que foram derrubados. Então
Hyrrokkin foi à proa do barco e empurrou-o para o mar no primeiro impulso, de
modo que fogo irrompeu dos rolos, e todas as terras tremeram. Thor ficou com
raiva e agarrou seu martelo, e teria logo quebrado a cabeça dela caso os deuses
não tivessem rezado por paz para ela. Então estava o corpo de Baldr a bordo do
barco, e quando sua esposa, Nanna, filha de Nep, viu isso, logo seu coração
explodiu de dor e ela morreu. Ela foi levada para a pira e o fogo foi aceso. Então
Thor estava ao lado e santificou a pira com o Mjölnir, e diante de seus pés correu
um anão que se chamava Litr; Thor o chutou com o pé e empurrou-o para o fogo
e ele queimou. Pessoas de muitas raças visitaram esta fogueira: Primeiro deve
ser contado de Odin, como Frigg e as Valquírias foram com ele, e os seus
corvos, e Freyr foi em sua carruagem com o javali chamado Gullinbursti, ou
Presas Temerosas, e Heimdallr montou o cavalo chamado Gulltoppr e Freyja foi
em seus gatos. Veio também muita gente dos Gigantes de Gelo e dos Gigantes
das Montanhas. Odin colocou na pira o anel de ouro que se chama Draupnir, que
tinha a propriedade de produzir, a cada nona noite, oito anéis de ouro de igual
peso. O cavalo de Baldr foi levado à fogueira com todos os seus adornos.
Agora deve ser contado sobre Hermódr, em que ele cavalgou nove noites
através de vales escuros e profundos, de modo que ele não viu luz antes de ele
chegar até o rio Gjöll e passar por Gjallarbrúna; cuja ponte é coberta de ouro
cintilante.
Módgudr é o nome da donzela que guarda a ponte; ela lhe perguntou seu
nome e raça, dizendo que no dia anterior havia passado sobre a ponte cinco
companhias de homens mortos, ‘mas a ponte treme não menos com você
sozinho, e você não tem a cor dos mortos. Por que você cavalga a caminho de
Hel?’
Ele respondeu: ‘Eu fui nomeado para cavalgar para Hel para buscar Baldr.
Porventura você viu Baldr a caminho de Hel?’
Ela disse que Baldr tinha passado sobre a ponte de Gjöll, ‘mas para baixo e ao
norte encontra-se o caminho para Hel.’
Hermódr Cavalga para Hel, por William Gersham Collingwood (1908)[53]
Então Hermódr cavalgou até que chegou aos portões de Hel; ele desceu do
seu cavalo e apertou sua cilha, montou novamente e picou-o com as esporas, e o
cavalo saltou tão alto por cima dos portões que ele não chegou próximo de
encostar-se a eles. Então Hermódr cavalgou para o salão principal e desceu do
seu cavalo, entrou e viu sentado lá em um alto assento Baldr, seu irmão, e
Hermódr permaneceu lá durante a noite. Pela manhã, Hermódr implorou a Hel
para que Baldr pudesse ir para casa com ele e disse-lhe como era grande o pranto
que havia entre os Æsir.
Mas Hel respondeu que agora devia ser julgado se Baldr era tão amado como
tinha sido dito: ‘Se todas as coisas do mundo, vivos e mortos, choram por ele,
então ele deve voltar para os Æsir, mas ele deve permanecer com Hel se alguém
contradisser isso ou não chorar por ele.’
Então Hermódr se levantou, e Baldr o levou para fora do salão, e tomou o
anel Draupnir e enviou-o para Odin como uma lembrança. E Nanna enviou a
Frigg uma bata de linho e ainda mais presentes, e a Fulla um anel de ouro.
Então Hermódr cavalgou seu caminho de volta, e chegou em Asgard, e disse
todas aquelas novidades que ele havia visto e ouvido. Então, os Æsir enviaram a
todo o mundo mensageiros para rezar para que Baldr fosse chorado para fora de
Hel, e todos os homens fizeram isso, e todos os seres vivos, e a terra, e as pedras
e árvores, e todos os metais, assim como você deve ter visto que essas coisas
choram quando saem do frio para o calor.
Então, quando os mensageiros voltaram para casa, tendo feito bem a sua
incumbência, eles encontraram, em uma determinada caverna, uma gigante que
estava sentada, ela se chamava Thökk. Eles pediram a ela para chorar por Baldr
para sair de Hel; ela respondeu:
Thökk vai chorar
Lágrimas secas
Pelo enterro de Baldr;
Nem na vida nem na morte,
Ele me deu alegrias.
Deixe Hel ficar com o que ela já tem!
E os homens acreditam que quem estava lá era Loki, aquele que têm feito os
maiores males entre os Æsir.”

Hermódr e Hel, por John Charles Dollman (1909)[54]


Capítulo 50 – Loki é Acorrentado

Então disse Gangleri: “Um grande mal Loki perpetrou; primeiramente


causando a morte de Baldr e em seguida, ficando no caminho de ele ser libertado
de Hel. Alguma vingança foi feita a ele por isso?”
Hárr respondeu: “Esse ato foi pago a ele de tal modo que ele deve se lembrar
por muito tempo. Quando os deuses tinham ficado tão irados com ele que ele
estava a ser procurado, ele fugiu e escondeu-se em uma certa montanha; lá ele
fez uma casa com quatro portas, para que pudesse ver fora da casa em todas as
direções. Muitas vezes ao longo do dia, ele se transformava em algo semelhante
a um salmão e escondia-se no lugar chamado Cataratas de Fránangr; então, ele
refletia sobre que tipo de artimanhas os deuses conceberiam para capturá-lo na
cachoeira. Mas quando ele sentava-se na casa, ele pegava linho e fio e
trabalhava-os em malhas, da maneira que as redes têm sido feitas desde
então; mas uma fogueira queimava diante dele. Então ele viu que os Æsir
estavam próximos e Odin tinha o visto de Hlidskjálf. Ele pulou de uma vez para
o rio, mas lançou a rede no fogo.
Quando os Æsir chegaram na casa, entrou primeiro aquele que era o mais
sábio de todos, que é chamado Kvasir, e quando ele viu no fogo a cinza branca
onde a rede tinha queimado, então ele percebeu que aquela coisa devia ser um
instrumento para capturar peixes e contou isso aos Æsir. Imediatamente eles se
apoderaram daquilo, e fizeram eles próprios uma rede pelo padrão da qual eles
descobriram pelas cinzas queimadas. Quando a rede estava pronta, então os Æsir
foram para o rio e lançaram-na na cachoeira. Thor segurou uma extremidade da
rede e todos os Æsir seguraram a outra, e jogaram-na. Mas Loki arremessou-se à
frente e deitou-se entre duas pedras; eles jogaram a rede sobre ele e perceberam
que algo vivo tocou os fios. Uma segunda vez eles foram até a queda d’água e
jogaram a rede, tendo amarrado nela algo tão pesado que nada deveria ser capaz
de passar por baixo. Então Loki nadou à frente da rede, mas quando ele viu que
estava a uma curta distância do mar, então ele pulou por cima da corda da rede e
correu para a cachoeira. Agora os Æsir viram para onde ele tinha ido e subiram
novamente para a queda d’água e dividiram o grupo em dois, mas Thor nadou no
meio da correnteza e assim eles saíram em direção ao mar. Então Loki viu uma
escolha de dois caminhos; era um perigo mortal correr para o mar, mas esta era a
segunda: pular sobre a rede novamente. E assim ele fez, saltou tão rapidamente
quanto podia sobre ela. Thor se agarrou a ele e o segurou, e ele escorregou das
mãos de Thor, de modo que a mão parou na cauda; e por esta razão o salmão tem
a cauda fina.
Então Loki foi pego sem trégua e foi trazido com eles a uma determinada
caverna. Logo após, eles pegaram três pedras planas e colocaram-nas na borda e
fizeram um furo em cada uma delas. Então foram levados os filhos de Loki, Váli
e Nari ou Narfi. Os Æsir transformaram Váli na forma de um lobo e ele rasgou
em pedaços Narfi seu irmão. E os Æsir pegaram suas entranhas e acorrentaram
Loki com elas ao longo das três pedras: uma está sob seus ombros, a segunda
sob seu quadril, a terceira sob suas pernas; e esses laços foram transformados em
ferro. Então Skadi pegou uma serpente venenosa e a prendeu sobre ele, de modo
que o veneno deveria escorrer da serpente em seu rosto. Mas Sigyn, sua esposa,
fica ao seu lado e segura uma bacia sob as gotas de veneno e, quando a bacia
está cheia, ela vai e derrama-o, mas enquanto isso o veneno escorre em seu
rosto. Então ele se contorce contra isso com tal força que toda a terra treme:
vocês chamam isso de terremotos. Lá ele se encontra acorrentado até o
Ragnarök.”

A Punição de Loki, por James Doyle Pennrose (1894)[55]


Capítulo 51 – Sobre o Ragnarök

Então disse Gangleri: “Que histórias há para serem contadas do Ragnarök?


Disso eu nunca tinha ouvido antes.”
Hárr respondeu: “Grandes histórias há para serem contadas sobre isso e muito
mais. O primeiro é isto, que virá o inverno, que é chamado de Fimbulvetr, ou
Terrível Inverno: nessa época neve deve surgir de todos os cantos. Geadas serão
grandiosas e os ventos cortantes; não haverá virtude no sol. Estes invernos
deverão acontecer em três em sucessão e nenhum verão entre eles, mas antes
deverão vir outros três invernos, de modo que por todo o mundo haverá
poderosas batalhas. Nestes tempos irmãos matarão uns aos outros por causa da
ganância, e ninguém poupará pai ou filho na matança e no incesto, logo é dito no
Völuspá:
Irmãos lutarão
E matarão uns aos outros;
Filhos das próprias irmãs
Pecarão juntos.
Dias doentes entre os homens,
Em que pecados do sexo aumentarão.
Uma era do machado, uma era da espada,
Escudos serão partidos.
Uma era do vento, uma era do lobo,
Antes de o mundo cair morto.
Em seguida, acontecerá o que são grandes novidades: o lobo engolirá o sol e
isso será aos homens um grande infortúnio. Em seguida, o outro lobo alcançará a
lua, e ele também trará muita ruína; as estrelas desaparecerão do céu. Então,
ocorrerão essas desgraças também: toda a terra tremerá e os rochedos e as
árvores serão arrancadas da terra, e os penhascos cairão para a ruína, e todos os
grilhões e correntes serão quebrados e cortados. Em seguida, o Lobo Fenrir se
soltará e depois o mar jorrará sobre a terra porque a Serpente de Midgard se
moverá em ira gigantesca e avançará para a terra. Então, isso também
acontecerá, em que Naglfar será solto, o navio que é assim chamado. Ele é feito
de unhas não cortadas de homens mortos, portanto um aviso é desejável, que se
um homem morrer com unhas não cortadas, esse homem acrescenta muito
material para o Navio Naglfar, que ambos os deuses e os homens desejam que
seja terminado o mais tarde possível. No entanto, nesta inundação do mar o
Naglfar deve flutuar. Hrymr é o nome do gigante que conduz Naglfar. O Lobo
Fenrir avançará com a boca escancarada e seu maxilar inferior estará contra a
terra, e o superior contra o céu, ele a abriria ainda mais se houvesse espaço para
isso; fogo sairá de seus olhos e narinas. A Serpente de Midgard jorrará veneno
de modo que ele respingará em todo o ar e água, e ela é muito terrível, e estará
ao lado do Lobo. Neste estrondo os Céus abrirão em fenda, e os Filhos de
Múspell cavalgarão dali: Surtr cavalgará liderando, e antes e depois dele virá um
fogo ardente, sua espada é superior a muitas: dela radia um brilho mais forte do
que o sol. Quando eles andarem sobre a Bifröst, então a ponte se quebrará, como
já foi dito antes. Os Filhos de Múspell sairão ao campo que é chamado Vígrídr,
lá virá o Lobo Fenrir e também a Serpente de Midgard e então Loki e Hrymr
virão para lá também, e com ele todos os Gigantes de Gelo. Todos os
companheiros de Hel seguirão Loki, e os filhos de Múspell terão um exército
próprio, e serão muito brilhantes. O campo de Vígrídr tem cem léguas de largura
em cada sentido.
Quando essas notícias acontecerem, então Heimdallr levantar-se-á e soprará
poderosamente sua trombeta Gjallarhorn, e despertará todos os deuses, e eles se
reunirão em conselho juntos. Então Odin cavalgará ao Poço de Mimir e pedirá
seu conselho para si e seu povo. Em seguida, a Árvore de Yggdrasill tremerá, e
nada ficará sem medo nos Céus ou na Terra. Então os Æsir se armarão, junto
com todos os Einherjar, e avançarão para o campo: Odin liderará cavalgando
com seu elmo dourado e uma bela cota de malha, e sua lança que é chamada
Gungnir. Ele avançará contra o Lobo Fenrir, e Thor lutará em frente ao seu lado,
mas não poderá ser de nenhuma ajuda a ele, pois ele terá as mãos cheias ao lutar
contra a Serpente de Midgard. Freyr enfrentará Surtr e uma batalha dura haverá
entre eles antes de Freyr cair, a causa de sua morte é que ele não possui aquela
boa espada que ele deu a Skirnir. Então o cão Garmr será solto, que está preso na
caverna de Gnipa; ele é o maior monstro, ele batalhará com Týr, e cada um
tornar-se-á o assassino do outro. Thor matará a Serpente de Midgard, e após dar
nove passos desse local, então ele cairá morto na terra, devido ao veneno que a
cobra jorrou nele. O Lobo engolirá Odin, esse será o seu fim. Mas logo em
seguida Vídarr seguirá em frente e colocará um pé sobre o maxilar inferior do
Lobo; nesse pé ele tem o sapato com os materiais com os quais foram recolhidos
ao longo de todo o tempo. Eles são os restos de couro que os homens cortam de
seus sapatos nos dedos do pé ou calcanhares, por isso aquele que deseja em seu
coração ajudar os Æsir deve jogar os restos fora. Com uma mão ele agarrará a
mandíbula superior do Lobo e rasgará sua garganta em pedaços, e esta é a morte
do Lobo. Loki batalhará contra Heimdallr, e cada um será o assassino do outro.
Em seguida, Surtr lançará fogo sobre a terra e queimará todo o mundo, isso é
dito no Völuspá:
Batalha dos Deuses Condenados, por Friedrich Wilhelm Heine (1882)[56]
Heimdallr sopra alto
Sua trombeta ao ar.
Odin conversa
Com a cabeça de Mimir;
Yggdrasil treme,
O imponente freixo;
A velha árvore geme
Quando o gigante é solto.
E quanto aos Æsir?
E quanto aos elfos?
Toda Jötunheim ecoa.
Os Æsir se reúnem em conselho;
Os anões gemem
Atrás de seus portões de pedra,
Os sábios das rochas,
Sabe mais agora ou não?
Hrymr navega ao leste,
O mar inunda adiante.
Jörmungandr agita-se,
Revira-se em poderosa ira;
A cobra fere as ondas,
A águia grita,
Com bico pálido rasga os cadáveres,
Naglfar está solto.
Um navio vem do leste,
Vem agora o povo de Múspell
Pela ondas do mar,
E Loki é o condutor;
Há também os bruxos,
Todos com o Lobo,
Com eles está o irmão
De Býleistr viajando.
Surtr viaja do sul
Brandindo fogo ardente;
Da sua espada brilha,
O sol dos Deuses da Guerra,
As rochas se chocam,
Os demônios sofrem,
Heróis seguem a estrada de Hel,
E os Céus se abrem em fendas.
E então à deusa
Uma segunda desgraça chega,
Quando Odin se vai
Para batalhar contra o Lobo,
E o assassino de Beli, o deus brilhante
Para batalhar contra Surtr;
Lá irá cair
O amado de Frigg.
O filho de Odin segue
Para lutar contra o Lobo,
Vídarr segue em frente
Em direção a fera,
O filho do gigante;
Com suas mãos ele enfia
Sua espada em seu coração,
Vingado está seu pai.
Agora vai o famoso
Thor, filho de Hlödyn
Para lutar contra a Serpente,
Embora prestes a morrer;
Todos os filhos da terra
Abandonam seus lares
Quando o defensor de Midgard
Em ira golpeará a Serpente.
O sol escurecerá,
A terra afundará no mar,
As brilhantes estrelas
Do céu desaparecerão,
O fogo se enfurece,
E o calor arde,
E altas chamas se jogam
Contra o próprio céu.
E aqui ainda é dito assim:
Vígrídr é o nome do campo
Onde em guerra se encontrarão
Surtr e os amados deuses.
Uma centena de milhas
Possui em todos os sentidos.
Este campo está destinado a eles.”

Thor Enfrenta a Serpente de Midgard, por Carl Emil Doepler (1905)[57]


Capítulo 52 – As Moradas Após o Ragnarök

Então disse Gangleri: “O que acontecerá depois, quando todo o mundo estiver
queimado e mortos estarão todos os deuses e todos os Einherjar e toda a
humanidade? Você não disse antes, que todos os homens devem viver em algum
mundo em todas as eras?”
Então Thridi respondeu: “Nesse tempo as boas moradas serão muitas, e
muitas as ruins, então será melhor estar em Gimlé nos Céus. Além disso, há
grande abundância de boa bebida para aqueles que estimam por este prazer no
salão que é chamado Brimir, ele está em Ókólnir. Esse também é um bom salão
que fica nas Montanhas de Nida, feito de ouro vermelho, o seu nome é Sindri.
Nestes salões habitarão os homens bons e puros de coração. Em Nástrand está
um grande salão do mal e as suas portas se voltam ao norte: tudo é entrelaçado
de serpentes como uma casa de vimes e todas as cabeças das cobras estão
viradas para o interior da casa e cospem veneno, de modo que ao longo do salão
corre rios de veneno, e os que quebraram juramentos e os assassinos percorrem
esses rios, como é dito aqui:
Eu conheço um salão de pé
Longe do sol,
Em Nástrand, as portas
Ao norte estão voltadas;
Gotas de veneno
Caem dos furos do teto;
O salão é bordado
De infinitas serpentes.
Lá devem percorrer
Pelos rios encharcados
Homens da mentira
E aqueles que assassinam.
Mas é pior em Hvergelmir:
Lá a serpente Nídhöggr
Dilacera os corpos dos mortos.”
Nástrand, por Lorenz Frølich (1895)[58]
Capítulo 53 – Quem Sobrevive ao Ragnarök

Então falou Gangleri: “Algum dos deuses viverá ou haverá então qualquer
terra ou Céus?”
Hárr respondeu: “Nessa época a terra emergirá do mar, verde e bela, então
seus frutos surgirão da terra não semeada. Vídarr e Váli estarão vivos, uma vez
que nem o mar nem o fogo de Surtr os terá ferido; e eles habitarão nas Planícies
de Ida, onde Ásgard estava antes. E então os filhos de Thor, Módi e Magni, irão
para lá e eles terão o Mjölnir com eles. Depois Baldr irá para lá, e Hödr, vindos
de Hel, então todos sentar-se-ão juntos e conversarão uns com os outros, e se
lembrarão de sua sabedoria secreta, e falarão desses acontecimentos que
ocorreram antes: da Serpente Midgard e do Lobo Fenrir. Em seguida, eles
encontrarão na grama as peças de xadrez de ouro que os Æsir possuíam, assim é
dito:
Vídarr e Váli
Morarão no santuário dos deuses,
Quando o fogo de Surtr tiver enfraquecido;
Módi e Magni
Possuirão o Mjölnir
Ao fim da luta de Thor.

Após o Ragnarök, por Carl Emil Doepler (1905)[59]


No lugar chamado Bosque de Hoddmímir se esconderam durante o Fogo de
Surtr dois da raça humana, que são chamados assim: Líf e Lífthrasir, e de
comida eles terão o orvalho da manhã. Deles virá uma descendência tão
numerosa que todo o mundo será povoado, como é dito aqui:
Líf e Lífthrasir,
Espreitarão escondidos
No Bosque de Hoddmímir;
O orvalho das manhãs
A sua refeição será;
Deles as raças descenderão.
E o que vai parecer maravilhoso para você é que Sol terá uma filha não
menos bela do que ela, e, em seguida, a filha trilhará os passos de sua mãe, como
é dito aqui:
Uma filha
Nascerá de Sol
Antes que Fenrir a alcance.
O caminho de sua mãe
Quando os deuses estiverem mortos,
Essa dama seguirá.
E agora, se você é capaz de fazer ainda mais perguntas, então não sei de onde
essas respostas virão até você, pois eu nunca ouvi alguém dizer mais do percurso
do mundo. E agora faça o melhor uso possível do que lhe foi dito.”
Líf e Lífthrasir, por Lorenz Frølich (1895)[60]
Capítulo 54 – Sobre Gangleri

Logo após, Gangleri ouviu grandes barulhos em cada lado dele, e então,
quando ele olhou em volta, eis que ele estava do lado de fora em uma planície e
não viu nenhum salão lá e nenhum castelo. Em seguida, ele seguiu o seu
caminho adiante e voltou para casa para o seu reino, e contou aquelas histórias
que ele havia visto e ouvido, e depois dele cada homem contou estas lendas para
o outro.
Então os Æsir sentaram-se para conversar e se reuniram e lembraram de todas
essas histórias que tinham sido ditas a Gylfi. E deram estes mesmos nomes que
foram nomeados antes para aqueles homens e lugares que estavam lá, com o
objetivo de que, quando longas eras tivessem passado, os homens não deveriam
duvidar disso, que os Æsir que foram mencionados agora, e estes para os quais
os mesmos nomes foram então dados, todos fossem um só. Thor era assim
chamado e ele é o antigo Áss-Thor. Ele é Öku-Thor, e a ele estão atribuídas as
poderosas obras que Heitor fez em Tróia. Mas esta é a crença dos homens, que
os turcos contaram de Ulisses, e chamaram-no de Loki, pois para os turcos ele
era o seu maior inimigo.
Bragi e Idunn, por Frederik Barfod (1839)[61]
Skáldskaparmál: A Poesia dos Escaldos

Capítulo 1 – A Jornada de Ægir à Asgard


Um certo homem era chamado Ægir ou Hlér. Ele morava na ilha que agora é
chamada de Ilha de Hlér, e era profundamente versado em magia negra. Ele
tomou o caminho para Asgard, mas os Æsir tinham conhecimento prévio de sua
jornada; ele foi recebido com alegria, mas ainda assim muitas coisas foram feitas
para enganá-lo, com ilusões dos olhos. E à noite, quando era hora de beber, Odin
tinha trazido espadas para o local, tão brilhantes que luz irradiava delas e outras
iluminações não foram utilizadas enquanto eles se sentaram para beber.
Em seguida, os Æsir entraram para o seu banquete, e nos altos-assentos
sentaram-se aqueles doze Æsir que foram designados para serem juízes; estes
eram os seus nomes: Thor, Njördr, Freyr, Tyr, Heimdallr, Bragi, Vídarr, Váli,
Ullr, Hœnir, Forseti, Loki, e na mesma maneira as Ásynjur: Frigg, Freyja,
Gefjun, Idunn, Gerdr, Sigyn, Fulla, Nanna. Parecia glorioso a Ægir olhar ao seu
redor no salão: as paredes de lá eram recobertas de belos escudos pendurados;
também havia um ardente hidromel, copiosamente bebido em grandes goles. O
homem sentado ao lado de Ægir era Bragi, e eles participaram juntos em beber e
em conversar: Bragi contou a Ægir sobre muitas coisas que haviam ocorrido
entre os Æsir.
Bragi, por Carl Wahlbom (~1830)[62]
Capítulo 2 – O Gigante Thjazi Seqüestra Idunn

Ele começou a história no ponto em que três dos Æsir, Odin e Loki e Hœnir,
partiram de casa e estavam vagando sobre montanhas e florestas, e a comida era
difícil de se encontrar. Mas quando eles desceram em um determinado vale,
viram uma manada de bois, pegaram um deles, e o cozinharam. Agora, quando
eles pensaram que ele devia estar cozido, eles apagaram o fogo, e ele não estava
pronto. Depois de um tempo, após eles terem feito uma fogueira pela segunda
vez, e não tendo cozinhado, eles se consultaram, perguntando um ao outro o que
isso podia significar.
Em seguida, eles ouviram uma voz vinda do carvalho acima deles, declarando
que aquele que estava sentado lá confessava que havia causado a falta de virtude
no fogo. Eles olharam para cima e lá estava uma águia, e ela não era pequena.
Então, a águia disse: “Se vocês estiverem dispostos a me dar a minha parte do
boi, então ele cozinhará no fogo.”
Eles concordaram com isso. Em seguida, ele se deixou planar de cima da
árvore e pousou perto do fogo, e logo de primeira tomou para si as duas pernas
do boi e ambos os ombros.
Então Loki ficou irritado, pegou uma grande vara, brandiu-a com toda a
força, e bateu-a no corpo da águia. A águia balançou violentamente com o golpe
e voou, de modo que a vara ficou presa em suas costas, e as mãos de Loki no
outro lado da vara. A águia voou uma altura tal que os pés de Loki batiam
contra pedras e montes de rochas e árvores, e ele pensou que seus braços seriam
arrancados de seus ombros. Ele clamou em alta voz, pedindo a águia com
urgência por paz, mas a águia declarou que Loki nunca devia ser solto, a menos
que ele lhe desse seu juramento de induzir Idunn para sair de Asgard com suas
maçãs. Loki concordou, e sendo logo solto, foi para junto de seus companheiros,
e nada mais é relatado desta jornada, exceto que eles voltaram para casa.
Mas na hora marcada Loki atraiu Idunn fora de Asgard em uma determinada
floresta, dizendo que ele tinha encontrado tais maçãs que pareceriam a ela de
grande virtude, e pediu para que ela trouxesse suas maçãs com ela para compará-
las com essas. Então Thjazi o gigante veio disfarçado em sua plumagem de águia
e pegou Idunn e voou para longe com ela, para Thrymheimr em sua morada.
Odin, Loki e Hœnir Encontram Thjazi, por Ólafur Brynjúlfsson (1760)[63]
Capítulo 3 – Loki Resgata Idunn e a Morte de Thjazi
Entretanto os Æsir se tornaram angustiados com o desaparecimento de Idunn,
e rapidamente tornaram-se grisalhos e velhos. Em seguida, os Æsir se
consultaram, e cada um perguntou ao outro o que por último se tinha
conhecimento de Idunn, e a última vez que ela tinha sido vista foi quando ela
tinha saído de Asgard com Loki. Então Loki foi pego e levado para a reunião, e
foi ameaçado de morte, ou torturas, e quando ele estava bem assustado, ele
declarou que iria buscar Idunn em Jötunheim, se Freyja emprestasse-lhe a
plumagem de falcão que ela possuía.
E quando ele pegou a plumagem de falcão, ele voou para o norte para
Jötunheim, e chegou em um determinado dia na casa de Thjazi o gigante. Thjazi
havia remado para o mar, mas Idunn estava em casa sozinha: Loki transformou-a
na forma de uma noz e agarrou-a em suas garras e voou com todas as suas
forças.
Agora, quando Thjazi chegou em casa e sentiu falta de Idunn, ele pegou sua
plumagem de águia e voou atrás de Loki, criando uma poderosa onda de som
com suas asas. Mas quando os Æsir viram como o falcão voava com a noz, e
onde a águia estava voando, eles foram para as muralhas de Asgard e levaram
pilhas de lascas de madeira para lá. Assim que o falcão voou para a cidadela, ele
desceu perto das muralhas do castelo, então os Æsir acenderem o fogo nas lascas
de madeira. Mas a águia não conseguiu parar quando errou o falcão: as penas da
águia pegaram fogo, e logo seu voo cessou. Em seguida, os Æsir que estavam
perto mataram Thjazi o gigante dentro dos Portões de Asgard, e essa morte é
incrivelmente famosa.
Agora Skadi, a filha do gigante Thjazi, pegou seu elmo e sua armadura e
todas as armas de guerra e foi à Asgard, para vingar seu pai. Os Æsir, no entanto,
ofereceram-lhe reconciliação e reparação: primeiro ela devia escolher para si um
marido dentre os Æsir e escolhê-lo apenas pelos pés, não vendo nada mais dele.
Então ela viu os pés de um homem, absolutamente belos, e disse: “Eu escolho
este: em Baldr pouco é repugnante.”
Mas esse era Njördr de Nóatún.
Em segundo lugar, foi estipulado que os Æsir deviam fazer uma coisa que ela
pensou que não seriam capazes de realizar: fazê-la rir. Então Loki fez isso: ele
amarrou uma corda na barba de uma cabra, com a outra extremidade sendo ao
redor de seus próprios genitais, e um puxava de um lado e o outro puxava de
outro lado, e cada um dos dois gritava em voz alta e, depois, Loki deixou-se cair
sobre os joelhos de Skadi, e ela riu. Então a reconciliação foi feita com ela por
parte dos Aesir.

Skadi Escolhendo seu Marido, por Louis Huard (1871)[64]


Capítulo 4 – Sobre a Família de Thjazi
É dito que Odin fez isso por reparação a Skadi: ele pegou os olhos de Thjazi e
os lançou ao céu, e fez deles duas estrelas.
Então disse Ægir: “Parece-me que Thjazi era um homem poderoso; agora, de
que família era ele?”
Bragi respondeu: “Seu pai era chamado Ölvaldi, e se eu lhe disser dele, você
o consideraria muito notável. Ele era muito rico em ouro, mas quando ele
morreu e seus filhos vieram para dividir a herança, eles determinaram sobre esta
medida para o ouro que eles dividiriam: cada um devia pegar tanto quanto sua
boca conseguisse segurar, e todos levariam o mesmo número de bocas cheias.
Um deles era Thjazi, o segundo Idi, o terceiro Gangr. E temos isso como uma
metáfora entre nós agora, chamar o ouro de Conto da Boca Cheia desses
gigantes, mas nós o escondemos em runas ou em poesias desta forma, e o
chamamos de fala, ou palavra, ou conversa desses gigantes.”
Então disse Ægir: “Parece-me que isso vai ficar bem escondido nas runas.”
Capítulo 5 – A Origem do Hidromel de Suttungr
E novamente disse Ægir: “De onde esta arte que vocês chamam de poesia se
origina?”
Bragi respondeu: “O início disto foi que os deuses tiveram uma guerra com o
povo que é chamado Vanir. Eles concordaram em realizar uma reunião com a
finalidade de selar a paz e resolveram a disputa desta maneira, que ambos
fossem até uma jarra e cuspissem nela. Mas ao partirem, os deuses, não estando
dispostos a deixar esse marco da paz perecer, deram-no a forma de um homem
cujo nome era Kvasir, e que era tão sábio que ninguém podia perguntar-lhe
qualquer pergunta que ele não sabia responder.
Ele viajou muito sobre o mundo para ensinar aos homens a sabedoria. Uma
vez ele foi para a casa dos anões Fjalar e Galarr. Eles o chamaram de lado,
dizendo que queriam falar com ele sozinho, então o mataram e deixaram seu
sangue correr em dois jarros chamados Són e Bodn, e em uma chaleira chamada
Ódrerir. Eles misturaram mel com o sangue e, assim, foi produzido tal hidromel
que quem bebe torna-se um escaldo e um sábio. Os anões disseram aos Æsir que
Kvasir, tinha engasgado em sua sabedoria, já que não havia ninguém tão sábio a
ponto de ser capaz de questionar sua sabedoria.
Em seguida, esses anões convidaram o gigante que é chamado Gillingr para
visitá-los, junto de sua esposa. Então os anões convidaram Gillingr a remar no
mar com eles. Depois de terem chegado a uma curta distância da costa, os anões
remaram para uma rocha cega e viraram o barco. Gillingr foi incapaz de nadar, e
ele morreu, mas os anões endireitaram o barco e remaram para terra. Eles
relataram o acidente para sua esposa, mas ela ouviu dolorosamente e chorou em
voz alta. Então Fjalar perguntou-lhe se aliviaria seu coração se ela fosse olhar
para o mar, no local onde ele havia morrido, e ela desejou isso. Então ele falou
baixo para Galarr seu irmão, dizendo-lhe para subir acima do vão da porta e,
quando ela saísse, deixasse cair uma pedra de moinho sobre sua cabeça, dizendo
que seu choro crescia cansativo para ele, e então ele o fez.
Agora, quando o gigante Suttungr, filho de Gillingr, soube disso, ele foi até
eles e pegou os anões e os levou para o mar, e colocou-os em um recife que
ficava coberto na maré alta. Eles imploraram a Suttungr para poupar suas vidas,
e como preço de reconciliação ofereceu-lhe o precioso hidromel em satisfação
da morte de seu pai. E isso tornou-se um meio de reconciliação entre eles.
Suttungr levou o hidromel para casa e escondeu-o no lugar chamado Hnitbjörg,
colocando sua filha Gunnlöd para vigiá-lo. Devido a isso que chamamos a
poesia de Sangue de Kvasir, ou Bebida dos Anões, ou qualquer tipo de líquido
de Ódrerir, ou de Bodn, ou de Són, ou Balsa de Anões, uma vez que este
hidromel trouxe-lhes vida a partir do resgate do recife, ou Hidromel de Suttungr,
ou Licor de Hnitbjörg.”
Então Ægir disse: “Parece-me obscuro chamar poesia por esses nomes. Mas
como vocês Æsir obtiveram o Hidromel de Suttungr?”

Suttungr e os Anões, por Louis Huard (1871)[65]


Capítulo 6 – Como Odin Obteve o Hidromel
Bragi respondeu: “Essa história é contada assim: Odin partiu de casa e foi
para um determinado lugar onde nove servos estavam cortando feno. Ele
perguntou se eles desejavam que ele afiasse suas foices, e eles consentiram.
Então ele pegou uma pedra de afiar de seu cinto e afiou as foices; pareceu-lhes
que as foices cortavam bem melhor, e pediram que a pedra de afiar fosse
vendida a eles. Mas ele tinha tanto valor por ela que aquele que desejasse
comprar devia dar um preço considerável: ainda assim todos disseram que
concordavam e pediram-lhe para vender a eles. Odin lançou a pedra de afiar no
ar, mas como todos desejavam colocar suas mãos sobre ela, eles se misturaram
uns com os outros tanto que um golpeou com sua foice contra o pescoço do
outro.
Odin procurou alojamento de uma noite com o gigante que é chamado Baugi,
irmão de Suttungr. Baugi queixou-se do que havia acontecido com sua casa,
dizendo que seus nove servos haviam matados uns aos outros, e que ele não
sabia onde ele poderia obter outros trabalhadores. Odin chamou a si mesmo
Bölverkr na presença de Baugi; ele ofereceu-se para realizar o trabalho de nove
homens como Baugi, e exigiu como seu salário poder beber do Hidromel de
Suttungr. Baugi declarou que ele não tinha controle algum sobre o hidromel, e
disse que Suttungr estava determinado a tê-lo para si mesmo, mas prometeu ir
com Bölverkr e tentar se eles poderiam obter o hidromel.
Durante o verão, Bölverkr realizou o trabalho de nove homens por Baugi, mas
quando o inverno chegou, ele pediu Baugi por seu salário. Então os dois
partiram para a casa de Suttungr. Baugi contou a Suttungr seu irmão de sua
barganha com Bölverkr, mas Suttungr recusou-lhes uma única gota do hidromel.
Então Bölverkr sugeriu a Baugi que eles tentassem certas artimanhas, se por
ventura eles podiam encontrar meios para chegar ao hidromel, e Baugi
concordou prontamente. Então Bölverkr tirou a broca chamada Rati, dizendo que
Baugi devia furar a pedra da casa de Suttungr, se a broca fosse afiada o bastante.
Ele assim o fez. Finalmente Baugi disse que a rocha foi atravessada, mas
Bölverkr soprou o buraco da broca, e o pó voou sobre ele. Então ele descobriu
que Baugi o enganou, e ele mandou que ele furasse através da pedra. Baugi
tentou de novo, e quando Bölverkr soprou uma segunda vez, então o pó voou
para dentro do buraco. Então Bölverkr se transformou em uma serpente e
rastejou até o buraco, mas Baugi enfiou por trás a broca e o errou.
Bölverkr procedeu ao lugar onde Gunnlöd estava, e se deitou com ela por três
noites, e então ela deu-lhe licença para beber três goles do hidromel. No
primeiro gole ele bebeu cada gota do Ódrerir, e, no segundo, ele esvaziou Bodn,
e no terceiro, Són, e então ele tinha tomado todo o hidromel. Então ele se
transformou na forma de uma águia e voou tão furiosamente quanto podia.
Mas quando Suttungr viu o voo da águia, ele também assumiu a forma de
uma águia e voou atrás dele. Quando os Æsir viram Odin voando, logo eles
colocaram os seus tonéis no pátio, e quando Odin entrou em Asgard, ele cuspiu o
hidromel nos tonéis. No entanto, ele chegou tão perto de ser pego por Suttungr
que ele deixou algum hidromel para trás, e como nenhuma atenção foi dada a
isto, qualquer um que quisesse poderia tê-lo. E chamamos isso a Parte do
Poetastro, ou Parte do Mau Poeta. Mas Odin deu o hidromel de Suttungr aos
Æsir e aos homens que possuem a capacidade de compor. Por isso chamamos a
poesia de Presa de Odin, o Achado de Odin, Bebida de Odin, o Dom de Odin, e
a Bebida dos Æsir.”

Odin e Gunnlöd, por Carl Emil Doepler (1905)[66]


Capítulo 7 – As Características da Poesia
Então disse Ægir: “De quantas maneiras são os termos da poesia
diversamente formulados, e quantos são os elementos essenciais da arte
poética?”
Então Bragi respondeu: “Os elementos em que toda a poesia é dividida são
dois.”
Ægir perguntou: “Quais dois?”
Bragi disse: “Metáfora e métrica.”
“Que tipo de metáfora é usada para a escrita poética?”
“Três são as categorias de metáfora poética”.
“Quais são elas?”
“Uma é chamar tudo pelo seu nome, a segunda categoria é o que é chamado
de ‘substituição’; o terceiro tipo de metáfora é o que é chamado de ‘perífrase’, e
este tipo é empregado de tal maneira: Suponha que eu pegue Odin, ou Thor, ou
Týr, ou qualquer um dos Æsir ou Elfos, e de qualquer um deles que eu falar, eu
adiciono o nome de uma propriedade de algum outro dos Æsir, ou eu registro
certas obras dele. Então ele se torna proprietário do nome, e não aquele cujo
nome foi aplicado a ele: assim como quando falamos de Týr da Vitória, ou Týr
dos Enforcados, ou Týr das Cargas: isso então torna-se o nome de Odin, e
chamamos estes de nomes perifrásticos. Assim também com o título Týr do
Wain.”
Capítulo 8 – Palavras aos Jovens Escaldos
Mas, agora, uma coisa deve-se dizer aos jovens escaldos que anseiam
alcançar ao ofício da poesia e aumentar a sua gama de figuras com metáforas
tradicionais, ou os que querem adquirir a faculdade de discernir o que é dito na
frase oculta; que então interpretem este livro para sua instrução e prazer. No
entanto, não se deve esquecer ou desacreditar estas tradições como para remover
da poesia essas metáforas antigas com as quais os Principais Escaldos se
contentaram, nem, por outro lado devem os cristãos acreditar em deuses pagãos,
nem na verdade destas sagas, exceto no que é explicado no início deste livro,
onde os eventos são explicados em que levaram os homens para longe da
verdadeira fé, e onde, no momento seguinte, é dito dos turcos como os homens
da Ásia, que são chamados de Æsir, falsificaram as histórias das coisas que
aconteceram em Tróia, a fim de que as pessoas deviam acreditar que eles fossem
deuses.
O Rei Príamo de Tróia era um grande chefe sobre todo o exército turco, e
seus filhos foram os homens mais ilustres de todo o seu exército. Esse excelente
salão, que os Æsir chamam de Salão de Brimir, ou salão da cerveja, era o palácio
do Rei Príamo.
Quanto ao longo conto que eles dizem do Ragnarök, estas são as guerras dos
troianos. Quando se diz que Öku-Thor usou como isca uma cabeça de boi e
fisgou a Serpente de Midgard, mas que a serpente manteve sua vida e afundou
no mar, então esta é uma outra versão da história em que Heitor matou
Volukrontes, um famoso herói, na presença de Aquiles, e isso chamou o último
para ele com a cabeça da presa, na qual foi comparada a cabeça de um boi, que
Öku-Thor tinha arrancado. Quando Aquiles foi tragado para este perigo, por
conta de sua ousadia, foi a salvação de sua vida que ele fugiu dos golpes fatais
de Heitor, embora ele fosse ferido. Também é dito que Heitor travou a guerra tão
poderosamente, e que sua raiva era tão grande quando ele avistou Aquiles, que
nada era tão forte que podia ficar diante dele. Quando ele errou Aquiles, que
havia fugido, ele acalmou sua ira matando o campeão chamado Roddros. Mas os
Æsir dizem que quando Öku-Thor errou a serpente, ele matou o gigante Hymir.
No Ragnarök, a Serpente de Midgard veio de repente para cima de Thor e jorrou
veneno sobre ele, e, portanto, o matou. Mas os Æsir não poderiam se decidir
para dizer que este tinha sido o destino de Öku-Thor, que alguém ficou em cima
dele morto, embora isso tivesse acontecido assim. Eles se precipitaram sobre
sagas antigas mais do que era verdade quando disseram que a Serpente de
Midgard teve sua morte, e eles adicionaram isto na história, Aquiles colheu a
fama da morte de Heitor, embora ele jazesse morto no mesmo campo de batalha.
Este foi o trabalho de Heleno e Alexandre, e Heleno e os Æsir chamam de Ale.
Dizem que ele vingou seu irmão, e que ele viveu quando todos os deuses
estavam mortos, e depois de o fogo que incendiou Asgard e todas as posses dos
deuses se apagou. Pirro eles compararam com o Lobo Fenrir. Ele matou Odin, e
Pirro poderia ser chamado de um lobo de acordo com sua crença, pois ele não
poupou os locais sagrados de paz quando ele matou o rei no templo diante do
altar de Thor. A queima de Tróia eles chamam de o Fogo de Surtr. Módi e
Magni, os filhos de Öku-Thor, vieram a desejar a terra de Ale ou Vídarr. Ele é
Æneas. Ele veio de Tróia e criou por isso grandes obras. É dito que os filhos de
Heitor vieram às terras de Frígia e se estabeleceram naquele reino, mas baniram
Heleno.
Capítulo 9 – Os Nomes de Odin e Suas Metáforas
Agora você pode ouvir exemplos da forma como os grandes escaldos faziam
para compor, fazendo uso desses termos e perífrases simples: como quando
Arnórr Jarlaskáldd diz que Odin é chamado Pai de Todos:
Agora direi aos homens a virtude
Do terrível Jarl;
A bebida do Pai de Todos flui;
Para tardiamente aliviar minhas dores.
Aqui, além disso, ele chama a poesia de Bebida do Pai de Todos. Hávardr o
Halt cantou assim:
Agora é o voo das águias
Ao longo do campo; os marinheiros
Dos cavalos marinhos os apressam
Para o festim e presentes do Deus dos Enforcados
Assim cantou Viga-Glúmr:
Com o capacete do Deus dos Enforcados
Os exércitos deixaram de ir
Pela encosta, não agradável
O mais valente segurou o risco.
Assim cantou Refr:
Sempre o Gracioso veio a mim
No santo cálice do Deus dos Corvos;
O rei do ouro arado dos mares
Está separado do escaldo na morte.
Assim cantou Eyvindr skáldaspillir:
E Sigurdr
Aquele que saciava os corvos
Do Deus das Cargas
Com o sangue dos exércitos
Dos Haddings mortos
Da vida foi privado
Pelos governantes da terra
Em Ögló.
Assim cantou Glúmr Geirason:
Lá, o Týr do Triunfo
O Próprio inspirava o terror
Dos navios; os deuses dos ventos
Que favorecem os homens bons os guiavam.
Assim cantou Eyvindr:
Göndull e Skögull
Gauta-Týr enviou
Para escolher dos reis
Quem dos parentes de Yngvi
Deve ir com Odin
E estar em Valhalla.
Assim cantou Úlfr Uggason:
Rapidamente o Muito Famoso cavalga,
O Deus dos Presságios, à velocidade do fogo,
Para a grande pira de sua prole;
Pela minha boca fluem canções de louvor.
Assim cantou Thjódólfr de Hvin:
Os mortos caídos ali na areia,
Recompensa para Aquele de Um Olho
Morador nos seios de Frigg;
Em tais atos nos alegramos.
Hallfredr assim cantou:
O audaz dono do navio
Com palavras afiadas e alívio rápido
Atrai nossa terra, a paciente
Esposa de cabelos cacheados de Thridi.
Odin ou Wotan, por Amalia Schoppe (1832)[67]
Aqui está um exemplo dessa metáfora, que na poesia a Terra é chamada de
esposa de Odin. Aqui é dito o que Eyvindr cantou:
Hermódr e Bragi,
Falou Hroptatýr;
Ide saudar o príncipe;
Pois um rei que é
Um campeão vem
Para o salão de cá.
Assim cantou Kormákr:
O Doador de Terras, que ata
A vela no topo, com laços de ouro
Homenageia aquele que serve o hidromel de Deus;
Odin forja encantos em Rindr.
Assim cantou Steinthórr:
Muito tenho a louvar,
O antigo feito, embora pouco,
Licor dos valentes
Carga do gancho de Gunnlöd.
Assim cantou Úlfr Uggason:
Lá acredito que as Valquírias seguem,
E os corvos, Vitorioso Odin
Ao Sangue do santo Baldr
Com velhos contos o salão foi pintado.
Assim cantou Egill Skallagrímsson:
Sem vítimas para este
Para o Irmão de Víli,
Ao Alto-Deus, eu ofereço
Feliz estou por contemplá-lo;
No entanto o Amigo de Mímir,
Em mim concedeu
Reparações do mal
Os quais eu conto bem.
Ele me deu a arte
Ele, o Opositor do Lobo,
Acostumado à batalha,
De defeitos sem culpa.
Aqui, ele é chamado de Alto Deus, e Amigo de Mímir, e Opositor do Lobo.
Assim cantou Refr:
Rápido o Deus do Massacre, que empunha
As águias das ondas de neve,
Os navios que viajam na estrada do mar,
A ti devemos a bebida dos anões.
Assim cantou Einarr skálaglamm:
É meu dever servir o licor,
O hidromel do Deus dos Exércitos
Antes que os navios se vão rapidamente;
Com isso zombaria alguma virá a mim.
Assim cantou Úlfr Uggason:
Seu corcel o nobre Heimdallr
Leva à pira que os deuses construíram
Para o filho caído de Odin,
O Sábio Deus dos Corvos.

As Últimas Palavras de Odin a Baldr, por William Gersham Collingwood


(1908)[68]
Isto é dito no Eiríksmál:
Que sonho é esse? disse Odin,
Imaginei levantar ao amanhecer
Para deixar Valhalla pronta
Para as tropas dos mortos;
Eu despertei os Einherjar,
Ordenei-lhes levantar imediatamente
Bancos para espalhar,
Copos de cerveja para lavar;
As Valquírias para servir o vinho,
Como se um príncipe estivesse vindo.
Kórmakr cantou assim:
Eu rezo ao precioso Governante
Do povo de Yngvi, sobre mim
A apertar sua mão que segura o arco.
Hroptr traz com ele o Gungnir.
Thórálfr cantou assim:
O Poderoso de Hlidskjálf
Falou o que pensa para eles
Onde os exércitos dos destemidos
Hárekr foram massacrados.
Assim cantou Eyvindr:
O hidromel que flui
Dos vales profundos de Surtr
O Poderoso por Feitiços
Veloz no voo trouxe.
Assim cantou Bragi:
Foi visto, na superfície de meu escudo
Como o Filho do Pai dos Povos
Ansiava por testar imediatamente toda sua força
Contra a encharcada Serpente que circunda a Terra.
Assim cantou Eínarr:
Como menos com o Filho de Bestla
Prevalecem muitos príncipes
Do que com tu, minha tarefa é cantar
Teu louvor em cânticos de batalha.
Assim cantou Thorvaldr Blönduskáld:
Agora muito tomei
Em seu hidromel apreendido
Do Filho de Borr
Do Herdeiro de Búri.
Capítulo 10 – As Metáforas da Poesia
Agora você vai ouvir como os escaldos têm denominado a arte da poesia
nestas frases metafóricas que foram registradas antes: por exemplo, chamando
Sangue de Kvasir e Navio dos Anões, Hidromel dos Anões, Hidromel dos Æsir,
Resgate do Pai do Gigante, Licor de Ódrerir e de Bodn e de Són, e Abundância
deste, Licor de Hnitbjörg, Saque e Achado e Presente de Odin, assim como foi
cantado nestes versos que Einarr Skálaglamm criou:
Peço ao grandioso Sentinela
Da Terra para ouvir o oceano
Do penhasco dos anões, meus versos:
Ouça, Earl, o Sangue de Kvasir.
E como Einarr Skálaglamm cantou ainda mais:
O Navio dos Anões corre
Acima de todo o destemido exército,
Dele que acelera furiosamente
Da perdição de espadas na muralha de escudos.
Assim como Ormr Steinthórsson cantou:
O cadáver da dama
E meu corpo sejam carregados
Para um salão; A Bebida
De Dvalinn, seja servida.
E como Refr cantou:
Eu revelo a Bebida do Pensamento
Do Povo das Pedras para Thorsteinn;
A onda do Navio dos Anões
Ressoa, eu peço aos homens que ouçam.
Assim como Egill cantou:
O príncipe requer meu saber
E um dever para servir
O Hidromel de Odin eu trago
Para a costa dos Ingleses.
E como Glúmr Geirason cantou:
Deixe o principesco ouvir:
Eu tenho o Licor do Deus-rei.
Deixe o silêncio, então, ser concedido,
Enquanto cantamos a perda de guerreiros.
E como Eyvindr cantou:
Uma audiência eu suplico
Pelo Licor do Mais Alto
Enquanto eu profiro
A reparação de Gillingr;
Enquanto sua família
Na criação da bebida
No Senhor das Forcas
Para os deuses dou rastro.
Assim como Einarr Skálaglamm cantou:
A Onda de Odin percorre;
Do Mar de Ódrerir ressoa
Contra as canções que fluem ela colide;
Sim, as obras de nosso Rei são formosas.
E, como ele cantou mais:
Agora a Onda de Bodn
Agoura adiante sendo diretamente proferida;
Deixe que o exército do Rei da Guerra se silencie
No salão, e ouça o Navio dos Anões.
E como Eilífr Gudrúnarson cantou:
Conceda vocês os presentes da amizade
Desde que cresce a Muda de Són
No campo de nossa língua fértil;
Verdadeiro louvor ao nosso Senhor.
Assim como Völu-Steinn cantou:
Egill, ouça a correnteza do coração
De Odin bater em cadência
Contra a pedra de meu paladar;
O Saque do Deus a mim é dado.
Assim cantou Ormr Steinthórsson:
Nenhum verso meu deve os homens temer,
Nenhuma zombaria eu crio
No Saque de Odin; minha habilidade é certa
Em forjar o cântico de louvor.
Assim cantou Úlfr Uggason:
Eu mostro a alegria de Áleifr
O Fiorde do Coração de Odin
Minha canção a ele eu invoco
Para ouvir o Presente de Grímnir.
A poesia é chamada de Mar, ou Líquido dos Anões, porque o sangue de
Kvasir era líquido no Ódrerir antes de o Hidromel ser feito, e, em seguida, ele foi
colocado em uma chaleira, onde então é chamado de Licor da Chaleira, como
Eyvindr cantou e como mostramos antes:
Enquanto sua descendência
Na Cerveja da Chaleira
Do Senhor dos Enforcados
Aos deuses eu rastreio.
Além disso, a poesia é chamada de Navio ou Cerveja dos Anões: cerveja é
líd, e líd é uma palavra para navios, por isso afirma-se que é por esta razão que a
poesia é agora chamado de Navio dos Anões, assim como este verso diz:
A sagacidade do Licor de Gunnlöd
No inchaço do vento em sua plenitude,
E o eterno Navio dos Anões
Eu possuo, para enviar pelo mesmo caminho.
Gunnlöd, por Anders Zorn (1893)[69]
Capítulo 11 – As Metáforas de Thor
Que figuras devem ser empregadas para referenciar o nome de Thor? Deve-se
chamá-lo de Filho de Odin e de Jörd, Pai de Magni e Módi e Thrúdr, Marido de
Sif, Padrasto de Ullr, Empunhador e Possuidor do Mjölnir e do Cinturão de
Força, e de Bilskirnir; Defensor de Asgard e de Midgard, Adversário e Matador
de Gigantes e Trolls, Abatedor de Hrungnir, de Geirrödr e de Thrívaldi, Mestre
de Thjálfi e Röskva, Oponente da Serpente de Midgard. Pai Adotivo de Vingnir
e Hlóra.
Assim cantou Bragi o escaldo:
A linhagem dos Filhos de Odin
Não folgaram na amurada,
Quando a grande serpente do oceano
Desenrolou-se no fundo do mar.
Assim cantou Ölvir Hnúfa:
Aquela que circunda todas as regiões
E o Filho de Jörd procuraram um ao outro.
Assim cantou Eilífr:
Enfurecido ficou o Irmão de Röskva,
E o Pai de Magni golpeou bravamente;
Com terror o coração de pedra de Thor
Não tremeu, nem o de Thjálfi.
E assim cantou Eysteinn Valdason:
Com os olhos brilhantes o Pai de Thrúdr
Olhou para o circundante do mar,
Antes a morada dos peixes
Fluiu para o interior de seu barco.
Eysteinn cantou mais:
Rapidamente o Marido de Sif trouxe
Para apressar adiante com os gigantes
Para sua dura pesca;
Bem cantamos o que flui do chifre de Hrímnir.
E novamente ele cantou:
A Serpente da Terra puxou tão ferozmente
Que os punhos do Parente de Ullr
Bateram contra as paredes do barco;
As pranchas então se partiram.
Assim cantou Bragi:
O Aterrador do demônio
Em sua mão direita balançou seu martelo,
Quando ele viu o repugnante Peixe do Mar
Que todas as terras confina.
Assim cantou Gamli:
Enquanto o Senhor do Bilskirnir,
Cujo coração nenhuma falsidade criou,
Rapidamente se esforçou para destruir
O Peixe do Mar com seu martelo.
Assim cantou Thorbjörn Dísarskáld:
Bravamente Thor lutou por Ásgard
E os seguidores de Odin.
Assim cantou Bragi:
E o vasto demônio que tudo circunda
Em frente ao barco, feroz em espírito,
Olhou para cima raivosamente
Ao Destruidor do crânio de Hrungnir.
Thor e Hymir Pescando, por Ólafur Brynjúlfsson (1760)[70]
Novamente cantou Bragi:
Bem fizeste, ao quebrar
As noves cabeças de Thrívaldi,
Ficou com seus bodes
O Gigante Bebedor e Devorador.
Assim cantou Eilífr:
O Destruidor Impiedoso
Dos povos dos gigantes
Segurou com os braços prontos
No pesado ferro em brasa.
Assim cantou Úlfr Uggason:
Fracamente o grosseiro robusto
Um terrível perigo chamou,
Ao maravilhoso plano
Pensado pelo Senhor dos Bodes.
Assim Úlfr cantou ainda mais:
O Grande Poderoso Matador
Dos Homens das Montanhas quedou
Seu punho na têmpora de Hymir;
Mortal foi esse ferimento.
E mais uma vez cantou Úlfr:
O Lutador de Ford Vimur
Contra as ondas arrancou ferozmente
A brilhante cabeça da Serpente;
Com velhas histórias o salão brilhava.
Aqui, ele é chamado de Gigante de Ford Vimur. Há um rio chamado Vimur,
que Thor entrou quando ele viajou para as terras de Geirrödr. Assim cantou
Vetrlidi o escaldo:
Tu quebraste a perna de Leikn,
Esmagaste Starkadr,
Feriste Thrívaldi,
Pisaste sobre a já morta Gjálp.
Assim cantou Thorbjörn Dísarskáld:
Tu feriste a cabeça de Keila.
Esmagaste Kjallandi por completo,
Antes mataste Lútr e Leidi,
Derramaste o sangue de Búseyra;
Trouxeste a um fim Hengjankjapta,
E ainda antes por gosto
Da vida Svívör foi tomado.
Thor Luta Contra os Gigantes, por Mårten Eskil Winge (1872)[71]
Capítulo 12 – As Metáforas de Baldr
Como se deve nomear Baldr? Chamando-o de Filho de Odin e Frigg, Marido
de Nanna, Pai de Forseti, Possuidor de Hringhorni e Draupnir, Adversário de
Hödr, Companheiro de Hel, Deus das Lágrimas. Úlfr Uggason, seguindo a
história de Baldr, compôs uma longa passagem no Húsdrápá e outros exemplos
estão registrados anteriormente no sentido de que Baldr é assim denominado.

A Morte de Baldr, por Carl Emil Doepler (1905)[72]


Capítulo 13 – As Metáforas de Njördr
Como se deve nomear Njördr? Chamando-o de Deus dos Vanir, ou Parente
dos Vanir, ou Van, Pai de Freyr e Freyja, o Deus da Doação de Riquezas.
Assim disse Thórdr Sjáreksson:
Gudrun doente de si
Seus filhos matou;
A sábia Deusa Noiva
Ao lado de Van
Chorava; os homens contam
Que Odin domava os cavalos;
Não era o ditado
Hamdir poupava a luta de espadas.
Aqui está registrado que Skadi deixou Njördr, como já foi dito.
Njödr, por Amalia Schoppe (1832)[73]
Capítulo 14 – As Metáforas de Freyr
Como se deve nomear Freyr? Assim, chamando-o Filho de Njördr, Irmão de
Freyja, e também Deus dos Vanir, e Parente dos Vanir, e Van, e Deus da Estação
Fértil, e Deus dos Presentes das Riquezas.
Assim cantou Egill Skallagrímsson:
Para Grjótbjörn
Em bens e armas
Freyr and Njördr
Bastante o abençoaram.
Freyr é chamado de Adversário de Beli, como Eyvindr Skáldaspillir cantou:
Quando o inimigo do Earl
Desejou habitar
Nos limites externos
Do Adversário de Beli.
Ele é o possuidor do Skídbladnir e daquele javali que é chamado Gullinbursti,
conforme é dito aqui:
Os descendentes de Ívaldi
Em tempos antigos
Moldaram Skídbladnir,
O melhor dos navios,
Belo para Freyr,
Escolhido para o Filho de Njördr.
Assim falou Úlfr Uggason:
O Valente em Batalhas Freyr cavalga
Em primeiro nas cerdas douradas
De seu javali para a pira
De Baldr, e ele lidera as pessoas.
O javali é também chamado Slídrugtanni.
Freyr, por Johannes Gehrts (1901)[74]
Capítulo 15 – As Metáforas de Heimdallr
Como se deve nomear Heimdallr? Chamando-o de Filho de Nove Mães, ou
Sentinela dos Deuses, como já foi escrito, ou Deus Branco, Oponente de Loki,
Rastreador do Colar de Freyja. Uma espada é chamada Cabeça de Heimdallr,
pois é dito que ele foi ferido pela cabeça de um homem. A história disso é
contada em Heimdalar-galdr, e desde então uma cabeça é chamada de Medida de
Heimdallr; uma espada é chamada de Medida do Homem. Heimdallr é o
Possuidor de Gulltoppr, ele também é o Frequentador de Vágasker e
Singasteinn, onde disputou com Loki pelo Colar Brísingamen, ele também é
chamado de Víndler. Úlfr Uggason compôs uma longa passagem no Húsdrápa
sobre essa lenda, e lá está escrito que eles estavam em forma de selos. Heimdallr
também é filho de Odin.

Heimdallr e Suas Nove Mães, por Karl Ehrenberg (1882)[75]


Capítulo 16 – As Metáforas de Týr
Como se deve nomear Týr? Chamando-o de Deus de Uma Mão, e Criador do
Lobo, Deus das Batalhas, Filho de Odin.

Týr, por Carl Frederick von Saltza (1893)[76]


Capítulo 17 – As Metáforas de Bragi
Como se deve nomear Bragi? Chamando-o de Marido de Idunn, Primeiro
Criador de Poesia, e o Deus de Longa Barba; depois de seu nome, um homem
que tem uma grande barba é chamado de Barba-Bragi; e Filho de Odin.

Bragi, por Carl Emil Doepler (1882)[77]


Capítulo 18 – As Metáforas de Vídarr
Como se deve nomear Vídarr? Ele pode ser chamado de Deus Silencioso,
Possuidor do Sapato de Ferro, Oponente e Assassino do Lobo Fenrir, Vingador
dos Deuses, Habitante Divino das Moradas dos Pais, Filho de Odin e Irmão dos
Æsir.

Vídarr Mata Fenrir, por William Gersham Collingwood (1908)[78]


Capítulo 19 – As Metáforas de Váli
Como deve Vali ser nomeado? Assim, chamando-o de Filho de Odin e Rindr,
Enteado de Frigg, Irmão dos Æsir, Vingador de Baldr, Oponente e Assassino de
Hödr, Habitante das Moradas dos Pais.
Capítulo 20 – As Metáforas de Hödr
Como se deve nomear Hödr? Assim, chamando-o de o Deus Cego, Assassino
de Baldr, Atirador do Visco, Filho de Odin, Companheiro de Hel, Oponente de
Váli.

As Flechas Não Atingem Baldr, por Elmer Boyd Smith (1902)[79]


Capítulo 21 – As Metáforas de Ullr
Como deve Ullr ser nomeado? Chamando-o de Filho de Sif, Enteado de Thor,
Deus dos Sapatos de Neve, Deus do Arco, Deus da Caça, Deus dos Escudos.

Ullr, por Friedrich Wilhelm Heine (1882)[80]


Capítulo 22 – As Metáforas de Hœnir
Como deve Hœnir ser nomeado? Chamando-o de Companheiro de Banco ou
Companheiro ou Amigo de Odin, o Deus Veloz, o de Longas Pernas, e Rei da
Argila.
Capítulo 23 – As Metáforas de Loki
Como se deve nomear Loki? Assim, chamando-o de Filho de Fárbauti e
Laufey, ou de Nil, Irmão de Býleistr e de Helblindi, Pai do Vasto Monstro de
Ván, isto é, o Lobo Fenrir, e do Vasto Monstro, ou seja, a Serpente de Midgard,
e de Hel, e Nari, e Áli; Parente e Tio, Companheiro Maléfico e Companheiro de
Banco de Odin e dos Æsir, Visitante e Interceptador do Baú de Geirrödr, Ladrão
dos Gigantes, da Cabra, de Brísingamen e das Maçãs de Idunn, Parente de
Sleipnir, Marido de Sigyn, Inimigo dos Deuses, Destruidor do cabelo de Sif,
Forjador do Mal, o Deus Astuto, Caluniador e Trapaceiro dos Deuses,
Manipulador da Morte de Baldr, o Deus Acorrentado, Oponente em Combate de
Heimdallr e de Skadi. Assim como Úlfr Uggason cantou aqui:
O famoso Defensor do Arco-Íris,
Pronto em sabedoria, combate
Em Singasteinn com Loki,
Filho astuto do pecado de Fárbauti;
O filho de oito mais uma mães,
Poderoso em ira, possui
A pedra de onde Loki veio;
Eu faço conhecidas canções de louvor.
Aqui está escrito que Heimdallr é o filho de nove mães.
Loki se Liberta das Correntes, por Ernst Hermann Walther (1897)[81]
Capítulo 24 – Sobre o Gigante Hrungnir
Agora será dado um relato da fonte dessas metáforas que foram até agora
registradas, e as quais não foram contadas antes; assim como Bragi disse a Ægir,
contando como Thor tinha ido para o leste para matar trolls, e Odin montou em
Sleipnir e cavalgou até Jötunheim e visitou aquele gigante que era chamado de
Hrungnir. Hrungnir perguntou que tipo de homem ele com o elmo de ouro
poderia ser, que andava pelo ar e água, e disse que o estranho tinha um cavalo
maravilhoso. Odin disse que ele seria capaz de apostar sua cabeça de que não
havia cavalo em Jötunheim que provaria ser igualmente bom. Hrungnir
respondeu que era um bom cavalo, mas declarou que ele tinha um cavalo que
podia dar passos mais longos que era chamado Gullfaxi. Hrungnir tinha ficado
irritado, e saltou para cima de seu cavalo e galopou atrás de Odin, pensando em
pagar-lhe por sua vanglória. Odin galopou tão furiosamente que ele estava no
topo da próxima colina primeiro, mas Hrungnir estava tão cheio de frenesi que
ele não teve cuidado até que ele tinha entrado para além dos portões de Asgard.
Quando ele chegou à porta do salão, os Æsir convidaram-no para beber. Ele
entrou e ordenou que uma bebida fosse trazida a ele, e em seguida, os jarros
foram trazidos daqueles que Thor estava acostumado a beber, e Hrungnir
esvaziou todos eles. Mas quando ele ficou bêbado, então grandes palavras
saíram sem querer: ele se gabou de que ele iria levantar Valhalla e levá-la para
Jötunheim e afundaria Asgard e mataria todos os deuses, salvo que ele tomaria
Freyja e Sif para casa com ele. Sozinha, Freyja ousou servir para ele, e ele
prometeu que ele iria beber toda a cerveja dos Æsir.
Mas quando sua insolência arrogante tornou-se cansativa para os Æsir, eles
invocaram o nome de Thor. Imediatamente Thor entrou no salão, brandindo seu
martelo, e ele estava muito irado, e perguntou quem tinha deixado que este cão
de gigante fosse permitido beber lá, ou quem havia concedido Hrungnir salvo-
conduto para estar em Valhalla, ou por que deveria Freyja servir a ele como em
uma festa dos Æsir.
Então Hrungnir respondeu, olhando para Thor sem olhos amigáveis, e disse
que Odin o havia convidado para beber, e ele estava sob o seu salvo-conduto.
Thor declarou que Hrungnir devia arrepender-se desse convite antes que ele
fosse embora.
Hrungnir respondeu que Áss-Thor teria pouco renome em matá-lo, sem armas
como ele estava; seria uma maior prova de sua coragem se ele ousasse lutar com
Hrungnir na fronteira de Grjótúnagard. “E foi uma grande loucura”, disse ele,
“quando deixei o meu escudo e pedra de amolar em casa; se eu tivesse minhas
armas aqui, então deveríamos tentar um combate um a um. Mas, como estão as
coisas, eu o declaro um covarde se me matar, um homem desarmado.”
Thor de nenhuma maneira recusaria a lutar um duelo quando fosse desafiado,
uma honra que nunca tinha sido dada antes. Então Hrungnir seguiu o seu
caminho, e galopou furiosamente até que ele chegou a Jötunheim. A notícia de
sua viagem tinha se espalhado entre os gigantes, e se tornou propalada de que
um encontro foi marcado entre ele e Thor. Eles consideravam muito importante
quem deveria obter a vitória, e temiam o pior de Thor se Hrungnir fosse
derrotado, pois ele era o mais forte entre eles.
Em seguida, os gigantes fizeram um homem de barro em Grjótúnagard; ele
tinha nove milhas de altura e três de largura sob os braços, mas sendo incapazes
de encontrar um coração grande o suficiente para ser adequado para ele, eles
pegaram o coração de uma égua, mas até ele se agitou e tremeu quando Thor
veio.
Hrungnir tinha, como é conhecido, um coração de pedra, afiado e de três
lados, exatamente como a runa desde então tem sido formada que se chama
Coração de Hrungnir. Sua cabeça também era de pedra; seu escudo também era
de pedra, grande e grosso, e ele tinha o escudo diante dele quando ele estava em
Grjótúnagard e esperava por Thor. Além disso, ele tinha uma pedra de afiar
como arma, e brandiu-a sobre seus ombros, e isso não era uma visão bonita. De
um lado dele estava o gigante de barro, que foi chamado Mökkurkálfi; ele estava
com muito medo, e dizem que ele se molhou quando viu Thor.
Thor foi para o ponto de encontro, e Thjálfi estava com ele. Então Thjálfi
correu para o local onde Hrungnir estava e disse-lhe: “Você está mal protegido,
gigante, você segura o escudo antes de você, mas Thor te viu, ele foi para
embaixo da terra e irá atacá-lo por baixo.”
Então Hrungnir enfiou o escudo debaixo de seus pés e ficou de pé sobre ele,
mas a pedra de afiar ele agarrou com as duas mãos. A próxima coisa que ele viu
foram relâmpagos, e ele ouviu altos estrondos de trovão, e então ele viu Thor em
sua ira divina avançando com velocidade impetuosa, balançando o martelo e
arremessando-o de longe em Hrungnir. O gigante agarrou a pedra de afiar com
as duas mãos e atirou-a contra o martelo. Eles se chocaram no ar, e a pedra de
afiar se quebrou.
Uma parte caiu por terra, e dela vieram as montanhas de pedra, a outra parte
acertou a cabeça de Thor com tanta força que ele caiu para frente no chão. Mas o
martelo Mjölnir acertou Hrungnir direto na cabeça, e esmagou-lhe o crânio em
pedaços pequenos. Ele próprio caiu para frente sobre Thor, de forma que seu pé
ficou em cima do pescoço de Thor. Enquanto isso Thjálfi atacou Mökkurkálfi e
ele caiu com pouca honra.
Então Thjálfi foi até Thor e teria levantado o pé de Hrungnir dele, mas não
conseguiu encontrar força suficiente. Logo todos os Æsir vieram quando
souberam que Thor estava caído, todos vieram para tirar o pé do gigante, mas
nenhum deles foi capaz de movê-lo.
Então Magni veio, filho de Thor e Járnsaxa: ele tinha então três noites de
idade, ele levantou o pé de Hrungnir de cima de Thor e falou: “Foi um grande
infortúnio, pai, que eu tenha vindo tão tarde; eu teria matado este gigante com
meu punho, se eu o tivesse encontrado.”
Thor se levantou e saudou seu filho, dizendo que ele certamente tornar-se-ia
grande, “E eu te darei”, disse ele, “o cavalo Gullfaxi, que Hrungnir possuía.”
Então Odin falou e disse que Thor fez errado ao dar o bom cavalo para o filho
de uma gigante, e não a seu pai.

Thor Duela Hrungnir, por Ludwig Pietsch (1865)[82]


Capítulo 25 – Sobre a Sábia Gróa
Thor foi para casa em Thrúdvangar, e a pedra de afiar permaneceu presa em
sua cabeça. Então veio a sábia que se chamava Gróa, esposa de Aurvandill o
Valente: ela cantou seus feitiços sobre Thor até a pedra de afiar se afrouxar. Mas
quando Thor percebeu isso, e pensou que havia esperança de que a pedra poderia
ser removida, ele desejou recompensar Gróa por sua cura e fazê-la feliz, e disse-
lhe como ele tinha nadado do norte sobre o rio Élivága e tinha carregado
Aurvandill em uma cesta em suas costas do norte de Jötunheim. E como prova
disso, ele disse a ela como um dos dedos do pé de Aurvandill tinha ficado preso
para fora do cesto e se congelou; portanto Thor quebrou-o e lançou-o ao céu, e
fez dele a estrela chamada Dedão de Aurvandill. Thor disse que não demoraria
muito até Aurvandill voltar para casa, mas Gróa estava tão alegre que ela
esqueceu seus encantamentos, e assim a pedra de afiar não ficou mais solta do
que estava, e ela ainda está na cabeça de Thor. Por isso é proibido lançar uma
pedra de afiar pelo chão, pois assim a pedra se agita na cabeça de Thor.
Thjódólfr de Hvin fez uma canção sobre esta história em Haustlöng:
Na alta e pintada superfície
Do escudo oco, ainda longe
Pode-se ver como o Terror dos Gigantes
Procurava a casa de Grjótún;
O raivoso filho de Jörd se dirigiu
Ao jogo de ferros; abaixo dele
Trovejava o caminho de Lua, fúria crescia
No coração do Irmão de Meili.
Os Céus estavam em chamas
Perante o Padrasto de Ullr,
Com granizo a Terra sacudiu;
A Esposa de Odin se despedaçou
Quando os bodes
Levaram a sublime carruagem
E seu divino mestre
Ao encontro com Hrungnir.
O Irmão de Baldr não tremeu
Perante o ganancioso inimigo dos homens;
Montanhas tremeram e rochas se partiram;
Os Céus estavam envoltos em chamas;
Muito o gigante
Assustou-se, eu soube,
Quando o causador de sua perdição ele viu
Pronto para matá-lo.
Rapidamente o acinzentado escudo voou
Sob os pés do gigante;
Então os deuses desejaram
E também desejaram as Valquírias;
Hrugnir o gigante,
Ansioso por um massacre,
Não precisou esperar muito por um ataque
Do bravo Amigo do Martelo.
Ele que desproveu de fôlego
Os maléficos mercenários de Beli,
Foi abatido pelo circular escudo,
O inimigo da montanha que ruge;
O monstro do campo do vale,
Perante o poderoso martelo,
Afundou, quando o destruidor de montanhas
Derrubou o hediondo covarde.
Então a resistente pedra de afiar
Arremessada pelo Amante da Ogra
Adentrou-se no crânio
Do Filho da Terra, tanto que o amolador
De aços, presa sem se afrouxar
No crânio do filho de Odin
Ficou lá borrifado
Com o sangue de Einridi.
Até que a Esposa de Aurvandill
Com maravilhosas canções encantou
E da cabeça de Thor
Afrouxou a pedra de afiar
Do amargo gigante;
Tudo o que sei
Sobre essa jornada
É um escudo adornado
Com tons dos mais esplêndidos
Que recebi de Thórlelfr.
Capítulo 26 – A Viagem de Thor à Morada de Geirrödr
Então disse Ægir: “Parece-me que Hrungnir tinha grande poder. Thor realizou
outros grandes feitos durante sua relação com trolls?”
E Bragi respondeu: “Vale a pena dar um relato completo de como Thor fez
uma viagem a morada de Geirrödr. Nesse momento, ele não estava com o
martelo Mjölnir com ele, nem o seu Cinturão de Força, nem as Luvas de Ferro; e
isso era culpa de Loki, que foi com ele. Pois aconteceu que Loki, quando voou
uma certa vez para se divertir com o disfarce de falcão de Frigg, ele, por
curiosidade, voou para a corte de Geirrödr, onde viu um grande salão. Ele se
sentou e olhou pela janela, mas Geirrödr descobriu-o, e ordenou que o pássaro
fosse capturado e levado a ele. O servo teve duro trabalho para subir a parede do
salão, tão alta era. Loki se divertia ao ver que o servo tinha tanta dificuldade para
chegar a ele, e ele achava que ainda não era hora de voar até que o homem
tivesse realizado a perigosa escalada. Quando este último chegou até ele, então
Loki estendeu suas asas para voar, e lançou-se com veemência, mas agora seus
pés já estavam presos.
Então Loki foi levado e trazido perante Geirrödr o gigante, mas quando
Geirrödr viu seus olhos, suspeitou de que este poderia ser um homem, e
ordenou-lhe responder, mas Loki ficou em silêncio. Então Geirrödr trancou Loki
em um baú e deixou-o passar fome por três meses. E então, quando Geirrödr o
tirou e mandou-o falar, Loki disse quem ele era, e para salvar sua vida, jurou a
Geirrödr que ele faria Thor vir a sua morada, de tal forma que ele deveria ter
nem o martelo nem o Cinturão de Força com ele.

Loki Voa para Jötunheim, por William Gersham Collingwood (1908)[83]


Thor veio para passar a noite com uma gigante, que se chamava Grídr, mãe de
Vídarr o Silencioso. Ela disse a Thor a verdade sobre Geirrödr, que ele era um
gigante astuto e doentio de se lidar, e ela emprestou-lhe o Cinturão de Força e
luvas de ferro que possuía, e também seu cajado, que era chamado Grídarvölr.
Em seguida, Thor foi ao rio chamado Vimur, o maior de todos os rios. Lá ele
cingiu-se com o Cinturão de Força e apoiou-se firmemente a jusante com o
Grídarvölr, e Loki se segurava atrás pelo cinturão. Quando Thor chegou ao meio
do rio, o rio subiu tanto que a água quebrava em seus ombros. Então Thor
cantou:
Cresça não agora, Vimur,
Pois eu pretendo atravessá-lo
Para chegar ao reino do gigante.
Saiba você, se crescer,
Então crescerá a minha força de deus
Tão alta quanto os Céus.
Então Thor viu Gjálp, filha de Geirrödr, de pé em ambos os lados do rio,
causando sua subida.
Então Thor pegou uma grande pedra para fora do rio e lançou-a nela, dizendo
estas palavras:
‘Na sua fonte deve o rio ser contido.’
E ele não errou aquela em quem ele jogou a pedra. Naquele momento ele
chegou à margem e segurou em um arbusto, e assim saiu do rio, e daí vem o
ditado de que um arbusto salvou Thor.
Agora, quando Thor chegou perante Geirrödr, ele e seu companheiro foram
apresentados ao quarto de hóspedes, onde alojamentos foram dados a eles, e
havia somente uma cadeira lá para se sentar, e Thor sentou-se nela. Então ele
tornou-se ciente de que a cadeira se moveu debaixo dele em direção ao teto; ele
enfiou Grídarvölr contra as vigas e empurrou para trás com força contra a
cadeira. Então houve um grande estrondo e gritos se seguiram. Sob a cadeira
estavam as filhas de Geirrödr, Gjálp e Greip, e ele havia quebrado as costas de
ambas. Então disse Thor:
“Uma vez eu empreguei
Meu poder de deus
No reino dos gigantes.
Quando Gjálp e Greip,
Filhas de Geirrödr,
Tentaram me levantar aos Céus.”
Então Geirrödr chamou Thor ao salão para umas partidas de jogos. Havia
grandes fogueiras em toda a extensão do salão. Quando Thor surgiu defronte
Geirrödr, então este pegou uma barra brilhante de ferro com as pinças e lançou-a
para Thor. Thor a pegou com suas luvas de ferro e levantou a barra no ar, mas
Geirrödr pulou para trás de uma coluna de ferro para se salvar. Thor levantou a
barra e jogou-a, e ela atravessou a coluna e atravessou Geirrödr e atravessou a
parede, e assim em diante, até o interior da terra.
Eilífr Gudrúnarson criou versos sobre esta história, em Thórsdrápa:
O Pai da Serpente que Circunda exortou
Thor, o vencedor de gigantes,
A sair de sua casa;
Um grande mentiroso era Loki;
Não tão confiante,
O companheiro do Deus da Guerra
Declarou que caminhos verdes se seguiam
Até o reino de Geirrödr.
Thor não deixou por muito tempo Loki
Convidá-lo para a árdua jornada.
Os gigantes estavam ansiosos por esmagar
Os descendentes de Thor;
Quando ele, que sempre balança o Cinturão de Força,
Saiu então da casa de Odin
Ele foi visitar os filhos de Ymir em Gandvik.
A gigante Gjálp,
Filha guerreira de Geirrödr,
Prontificou-se a conjurar magias antes
Do Deus da Guerra e Loki.
Uma canção eu recito;
Esses deuses nocivos aos gigantes
Plantaram seus pés
Na terra de Endil.
E os homens acostumados com as batalhas
Foram em frente;
A mensagem da morte
Chegou às mulheres do devorador da lua
Quando o astuto e colérico
Conquistador de Loki
Desafiou para uma competição
A gigante.
E aquele que traz desgraça aos gigantes
Atravessou a correnteza que rugia,
Até suas margens encharcadas de neve;
Aquele que coloca gigantes em fuga
Rapidamente avançou
Ao longo do largo caminho aguado,
Onde o barulhento fluxo
Espumava com veneno.
Thor e seus companheiros
Colocaram diante de si o cajado;
Ali ele descansou
Enquanto sobre eles passava;
Nenhum sono tiveram as pedras,
O sonoro cajado atingiu a rápida onda
E fez um anel no leito do rio,
A cachoeira da montanha se encheu de pedras.
O usuário do cinturão
Contemplou a lavagem da inundação
Cair sobre seus rígidos ombros;
Nenhuma ajuda havia para salvá-lo;
O destruidor de crianças gigantes
Fez forças crescerem em seu interior
Até os tetos dos Céus,
Até que o dilúvio diminuísse.
Mas os guerreiros dos Æsir,
Os protetores juramentados de Asgard,
Os experientes vikings,
Seguiram rápido e a correnteza se acelerou;
Jorrados pela poderosa tempestade,
Arrastados pela fúria monstruosa
Do terrível opressor
Da tribo das cavernas nascida na Terra.
Thjálfi e seu companheiro,
Com suas cabeças acima da água,
Ultrapassaram o rio,
Agarrando-se ao cinturão e Thor;
Suas forças foram testadas,
As filhas de Geirrödr dificultaram a correnteza
Para o cajado de ferro;
A raiva alimentava Thor com o Grídarvölr.
Suas coragens não falharam
Estes inimigos dos gigantes
No fervente vórtice;
Um espírito feroz e ousado
Ardeu no peito do destemido deus,
Nem o coração de Thor ou Thjálfi
De medo tremeram.
E os companheiros de guerra,
Sem suas armas,
Entre os gigantes começaram a devastação,
Até que, ó mulher!
Os destruidores de gigantes
E os conflitos dos elmos
Com a raça guerreira
Teve início.
O hostis gigantes do cabo marítimo
Fugiram perante o Opressor
Os adversários da gélida Suécia
Partiram em disparada;
Os gigantes de Geirrödr
Tiveram que sucumbir
Quando os parentes do Portador de Raios
De perto os perseguiu.
A Viagem de Thor à Morada de Geirrödr, por Lorenz Frølich (1906)[84]
Quando os chefes, com objetivos valorosos
Marcharam na morada do gigante,
Um poderoso estrondo ressoou
Na parede circular da caverna, o assassino
Do povo das montanhas
Ficou em apuros com a cadeira da esposa do gigante;
Havia uma sombria perturbação da paz.
Com violenta força
Foram pressionados os vastos olhos
De Gjálp e Greip
Conto o alto teto.
O condutor da carruagem de fogo
As velhas costas quebrou
De ambas as damas
Das cavernas.
O filho da Terra se tornou familiar
De um conhecimento estranho; os homens
Da terra de pedra não foram capazes
De se desfrutar da alegria da cerveja;
O terrível guerreiro do arco
Amigo de Sudri,
Uma barra de ferro, da forja aquecida,
Jogou nas mãos do Ladrão de Tristezas de Odin.
Mas o Apressador de Batalhas,
O velho Amigo de Freyja,
Com rápidas mãos capturou
Em pleno ar a barra
Assim que saiu das mãos
Do pai de Greip;
Seu peito com ódio inchou
Contra o pai de Thrúdr.
O salão de Geirrödr tremeu
Quando ele atingiu,
Com sua larga cabeça,
Contra a velha viga da caverna;
O esplêndido padrasto de Ullr
Balançou a barra de ferro
Diretamente contra a cabeça
Do tratante gigante.
O Deus do Martelo Sangrento
Com toda sua força matou
Os habitantes de Alfheim;
Com esse pequeno galho,
E sem escudo
Foi capaz de resistir
Ao diminuidor de tempos de vida,
O rei da montanha.
Aquele que é adorado por multidões
Uma esplêndida vitória conseguiu
Sobre os descendentes de Glaumr,
Nas profundezas das cavernas;
O cajado Grídarvölr
Que causou tanto desastre
Entre os companheiros de Geirrödr,
Não foi usado contra o próprio gigante.”
Capítulo 27 – As Metáforas de Frigg
Como se deve nomear Frigg? Chame-a de Filha de Fjörgynn, Esposa de Odin,
Mãe de Baldr, Co-Esposa de Jörd e Rindr e Gunnlöd e Grídr, Sogra de Nanna,
Senhora dos Æsir e Ásynjur, Senhora de Fulla e da Plumagem de Falcão e de
Fensalir.

Frigg Tecendo as Nuvens, por John Charles Dollman (1909)[85]


Capítulo 28 – As Metáforas de Freyja
Como se deve nomear Freyja? Assim, chamando-a de Filha de Njördr, Irmã
de Freyr, Esposa de Ódr, Mãe de Hnoss, Possuidora dos Feridos, de Sessrúmnir,
dos gatos e do Brísingamen; Deusa dos Vanir, Senhora dos Vanir, a Bela Deusa
em Lágrimas, Deusa do Amor. Todas as deusas podem ser referenciadas assim:
chamando-as pelo nome de outra, e nomeando-as em termos de suas posses ou
suas obras ou seus parentes.

Freyja e seu Colar, por James Doyle Pennrose (1890)[86]


Capítulo 29 – As Metáforas de Sif
Como deve Sif ser nomeada? Chamando-a Esposa de Thor, Mãe de Ullr,
Deusa dos Belos Cabelos, Co-Esposa de Járnsaxa, Mãe de Thrúdr.

Sif, por John Charles Dollman (1909)[87]


Capítulo 30 – As Metáforas de Idunn
Como deve Idunn ser nomeada? Assim, chamando-a de Esposa de Bragi e
Guardiã das Maçãs, e as maçãs devem ser chamadas Elixir da Idade dos Æsir.
Idunn também é chamada de Saque do Gigante Thjazi de acordo com a história
que foi contada antes de como ele a levou para longe dos Æsir.
Thjódólfr de Hvin compôs versos inspirado na história no Haustlöng:
Como deve a língua
Pagar uma ampla recompensa
Pelo sonoro escudo
Que eu recebi de Thórleifr,
Maior entre os soldados?
No esplendorosamente feito escudo
Eu vejo a insegura jornada
De três deuses e Thjazi.
O Ladrão da Senhora voou há tempos atrás
Aos Æsir para conhecer,
Na velha plumagem de águia do gigante;
A águia se empoleirou
Onde os deuses deixam
Sua comida para ser cozinhada,
A gigante da montanha
Não estava acostumada a ser tímida.
Suspeito de malícias
Estava o gigante perante os deuses;
Quem causa isso?
Disse o Chefe dos Æsir;
A sábia e eloquente águia
Da velha árvore começou a falar;
O Amigo de Hœnir
Não foi amigável com ela.
O lobo da montanha
Ordenou por sua refeição
Da mesa sagrada;
Hœnir foi o escolhido para soprar o fogo;
O gigante, ansioso para matar,
Afundou-se
Onde os deuses desavisados,
Odin, Loki e Hœnir estavam sentados.
O justo Senhor da Terra
Ordenou ao Filho de Farbauti
A rapidamente partilhar
O boi com o gigante;
Mas o astuto inimigo dos Æsir
Em seguida apanhou
As quatro partes do boi
Sobre a ampla mesa.
E o faminto Senhor dos Gigantes
Selvagemente comeu a besta
Dos galhos que abrigam o carvalho;
Isso foi em tempos antigos;
Até que o astuto Loki,
Acertou o mais terrível inimigo da terra
Entre seus ombros com uma vara.
Então o Fardo dos Braços de Sigyn,
A quem os deuses viram,
Ficou imediatamente preso
Ao Pai de Skadi;
A vara rapidamente se prendeu
No forte morador de Jötunheim,
Mas as mãos do Amigo de Hœnir
Prenderam-se na outra ponta.
A voraz ave de sangue
Voou então com o sábio deus
Para tão longe que o Pai do Lobo
Estava para ser partido em dois;
O Amigo de Thor ficou exausto,
Tão pesado estava Loki,
Que ele foi forçado a pedir
Ao gigante por misericórdia.
Loki e Thjazi, por Lorenz Frølich (1906)[88]
O parente de Hymir exigiu
Que o astuto deus, enlouquecido de dor,
Levasse a ele
A dama que melhora tristezas,
Aquela que cuidava da cura da velhice dos Æsir;
O Ladrão do Brísingamen
Mais tarde trouxe Idunn
Às terras do gigante.
Os gigantes não ficaram tristes
Após isso ocorrer,
Desde que do sul
Idunn foi até eles;
Todos os parentes de Ingvi-Freyr,
Em sua assembleia
Ficaram velhos e grisalhos,
E feios todos os deuses estavam.
Até que os deuses encontraram o cão,
O engodo de Idunn,
E amarraram o enganador da dama,
“Você irá, astuto Loki,”
Disse Thor, “morrer;
A menos que traga de volta,
Com seus truques, a
Boa dama alegradora de ânimos.”
Isso ouvi eu que, então,
O amigo de Hœnir voou
No disfarce de um falcão,
Um truque que ele sempre enganava os Æsir;
E o vil senhor dos gigantes,
O pai de Morn,
Com as asas de uma água
Perseguiu rapidamente o falcão.
Logo lascas começaram a queimar,
Pois os deuses criaram uma fogueira,
E o gigante foi queimado;
Há um breve desvio em sua jornada.
Isso é dito em memória
No pedestal do anão;
Um escudo adornado com linhas esplêndidas
De Thórleifr eu recebi.
Esta é a maneira correta de se nomear os Æsir: chamando cada um deles com
o nome de outro, e designá-lo em termos de suas obras ou de seus pertences ou
de seus parentes.
Idunn e Suas Maçãs, por James Doyle Pennrose (1900)[89]
Capítulo 31 – As Metáforas do Céu
Como deve ser o céu nomeado? Assim: chamando-o de Crânio de Ymir, e,
portanto, Crânio do Gigante; Tarefa ou Fardo dos Anões, ou Elmo de Vestri e
Austri, Sudri ou Nordri; Terra do Sol, da Lua e das Estrelas do Céu, dos Wains e
dos ventos; Elmo, ou Lar do Ar e da Terra e do Sol. Assim cantou o escaldo de
Earl Arnórr:
Nunca um jovem governante tão generoso
Irá pisar novamente em um navio;
O esplendor do príncipe era amplo;
Sob o velho Crânio de Ymir.
E ele cantou novamente:
O brilhante sol ficará negro,
A terra afundará no escuro mar,
O Fardo de Austri se partirá,
Todo o mar despencará nos penhascos.
Assim cantou Bödvarr Balti:
Pois nunca sob a Planície do Sol
Virá um nobre governante,
Mais aguçado nas investidas das batalhas,
Nem será melhor que o Irmão de Ingi.
E como Thjódólfr de Hvin cantou:
O Filho de Jörd se dirigiu à batalha,
E o Caminho da Lua
Trovejou sobre ele;
O ódio do Irmão de Meili cresceu.
Assim como cantou Ormr Barreyjarskáld:
Por mais poderoso, deusa do laço da Draupnir,
Eu saiba que o rei é,
Por direito ele governa,
O governante do Caminho das Constelações me dará as boas vindas.
Assim como o escaldo Bragi cantou:
Aquele quem jogou os olhos mortos
De Thjazi, Pai de Skadi,
Na larga Bacia dos Ventos,
Acima da morada das multidões de homens.
E como Markús cantou:
Está além das expectativas que um mais nobre
Defensor dos navegantes nasça sobre
A terra cercada por mares e recipiente das tempestades;
Todo homem louva a elevada vida do generoso governante.
Até mesmo como Steinn Herdísarson cantou:
Eu saúdo ao santo governante
Da Alta Tenda do Mundo
Com esta poesia; Louvor é trazido;
Pois diferente dos homens, ele é mais digno.
E como Arnórr Jarlaskáld cantou:
Salve, ó, Deus da Base dos Dias,
O caro Hermundr.
E como Arnórr também cantou:
Verdadeiro rei das Tendas do Sol,
Salve o bravo Rögnvaldr.
E como Hallvardr cantou:
Knútr protege a terra, assim como o Senhor
De Todos defende o esplêndido Salão das Montanhas
Como Arnórr cantou:
Míkáll, sábio de compreensão,
Pesa os maus feitios e as coisas boas;
Então o Monarca do Elmo do Sol
Em seu trono de julgamento divide os mortais.
Capítulo 32 – As Metáforas da Terra
Como se deve nomear a Terra? Assim: chamando-a de Carne de Ymir, e Mãe
de Thor, Filha de Ónarr, Noiva de Odin, Co-esposa de Frigg e Rindr e
Gunnlöd, Sogra de Sif, Chão e Fundo do Salão das Tempestades, Mar das
Bestas, Filha da Noite, Irmã de Audr e do Dia. Assim como Eyvindr
Skáldaspillir cantou:
Agora o ouro radiante está escondido
No corpo da Mãe
Do Inimigo do Gigante;
Valentes são as empreitadas de um povo poderoso.
Como cantou Hallfredr, o problemático escaldo:
No concílio foi determinado
Que o Confidente do Rei, sábio em conselhos,
Deveria casar com a Terra, filha única
De Ónarr, verdemente arborizada.
E ele disse mais:
O guia dos navios
Conseguiu trazer para si
A Noiva de Amplo Rosto de Odin
Pela política das armas.
Até mesmo como Thjódólfr cantou:
O governante de senhores,
Amarra os navios dos homens
Na Beira do Mar dos Alces,
Pelo casco remado na baía do puro oceano.
Como Hallfredr cantou:
Então acredito que o famoso distribuidor;
A terra estando sob o generoso governante;
Muito relutante em deixar
A esplêndida Irmã de Audr sozinha.
Assim cantou Thjódólfr:
Ao longe, o preguiçoso lanceiro
Ficou, quando o Incitador de Espadas
Em tempos primórdios tomou para si
A imatura Co-Esposa de Rindr.
Capítulo 33 – As Metáforas do Mar
Como se deve nomear o mar? Assim: chamando-o de Sangue de Ymir;
Visitante dos Deuses; Marido de Rán; Pai das Filhas de Ægir, elas são chamadas
Himinglæva, Dúfa, Blódughadda, Hefring, Udr, Hrönn, Bylgja, Bára, Kolga;
Terra de Rán e das Filhas de Ægir, de Navios e de nomes dos navios, de Quilha,
de Roda de Proa, de Pranchas e Costuras, de Peixes, de Gelo; Caminho e Estrada
dos Reis do Mar; também Rodeadora de Ilhas; Casa das Areias e de Algas e de
Recifes; Terra das Artes da Pesca, de Aves Marítimas, e de Ventos de Velejar.
Assim como Ormr Barreyjarskáld cantou:
Na praia de cascalho de bons navios,
Ruge o Sangue de Ymir.
Como Refr cantou:
O ligeiro navio suporta,
Sobre a água turva do oeste,
Seus cascos pressionados por ondas;
A terra que espero além da proa; além das águas rasas.
Assim como Steinn cantou:
Quando fortes rajadas das brancas cordilheiras
Teceram ferozmente sobre as ondas,
As felizes por tempestades Filhas de Ægir,
Foram criadas na geada.
E como Refr cantou:
A gélida mulher de Gymir
Frequentemente traz o navio de cabos trançados
Direto para as mandíbulas de Ægir,
Onde as ondas se quebram.
Fica implícito aqui que Ægir e Hlér e Gymir são todos o mesmo. E ele cantou
mais:
E o Sleipnir dos navios de crista,
Arrasta o peito levado pela tempestade,
Coberto por tinta vermelha,
Pela crista da boca de Rán.

O Espírito das Águas e as Filhas de Aegir, por Nils Blommér (1850)[90]


Como Einarr Skúlason cantou:
Uma forte tempestade de vento levou
Com força, o navio para longe da terra;
O Corcel da Terra de Cisnes vê a Islândia
Afundar além do horizonte.

E como ele cantou mais:


Muito uma firme forqueta carrega,
E a ruidosa Costa de Peixes,
Supera a terra;
As mãos dos homens se agarram à estadia.
E ele cantou ainda mais:
O cinzento Grilhão da Ilha empurra
O navio de Heiti para frente;
Ornamentos dourados a haste carrega,
Gloriosa é a expedição para o príncipe.
E ele cantou novamente:
O frio de outono da Borda da Ilha
Impele o navio congelado.
E isto também:
O Bravio Cinturão das terras frias
Abre-se perante as proas.
Como Snæbjorn cantou:
Dizem que as nove noivas dos recifes
Movem rapidamente o mar revolto
Da ilha de Grótti
Além dos últimos arredores da terra,
Aqueles que há muito anseiam as terras
De Amlódí, o Doador,
O generoso governante corta com a proa
A Morada das Ondas.
Aqui o mar é chamado de Moinho de Amlódi. Como Einarr Skúlason cantou:
Os resistentes pregos se enfraquecem
Perante a rápida correnteza, onde
A Planície que se Move de Rakni embranquece;
O inimigo das velas empurra os recifes contra as calmarias.
Nórdicos Chegando à Islândia, por Oscar Wergeland (1909)[91]
Capítulo 34 – As Metáforas de Sól
Como se deve nomear Sól? Chamando-a de Filha de Mundilfari, Irmã de Lua,
Esposa de Glenr, Fogo do Céu e do Ar. Assim como Skúli Thorsteinsson cantou:
O alegre deus e companheiro de cama de Glenr
Adentrou no santuário da Deusa
Com brilhos; em seguida a Boa Luz veio
Abaixo do vestido cinzento de Máni.
Assim cantou Einarr Skúlason:
Onde quer que a Chama que nada
No salão do mundo,
Paira sobre nosso precioso amigo,
Que odeia e doa o ouro do mar.

A Carruagem de Sól, por William Gersham Collingwood (1908)[92]


Capítulo 35 – As Metáforas do Vento
Como deve ser o vento nomeado? Assim: chamando-o de Filho de Fornjótr,
Irmão de Ægir e do Fogo, Destruidor ou Ruína ou Cão ou Lobo das Florestas ou
das Velas ou dos Equipamentos. Assim falou Sveinn no Nordrsetudrápu:
Primeiro começou a voar,
Os feios filhos de Fornjótr.
Capítulo 36 – As Metáforas do Fogo
Como se deve nomear o fogo? Assim: chamando-o de Irmão do Vento e do
Mar, Ruína e Destruição de Florestas e de Casas, Assassino de Hálfr, Sol das
Casas.
Capítulo 37 – As Metáforas do Inverno
Como o inverno deve ser nomeado? Assim: chamando-o de Filho de
Vindsvalr, Destruição das Serpentes, Estação das Tempestades. Assim cantou
Ormr Steinthórsson:
Para o cego eu concebo
Esta bênção, Filho de Vindsvalr.
Assim cantou Ásgrímr:
O guerreiro e generoso em ouro,
Pródigo da riqueza, aquele inverno;
Inimigo da Serpente; em Thrándheim permaneceu;
Todos sabem de suas realizações.
Capítulo 38 – As Metáforas do Verão
Como se deve nomear o verão? Assim: chamando-o de Filho de Svásudr e
Conforto das Serpentes, e Crescimento dos Homens. Assim como Egill
Skallagrímsson cantou:
Agitemos nossas espadas,
De dentes de lobos, fazendo-as brilhar;
Um feito que alcançamos
No Conforto das Serpentes.
Capítulo 39 – As Metáforas dos Homens e das Mulheres
Como o homem deve ser nomeado? Por suas obras, por aquilo que ele dá ou
recebe ou faz; ele também pode ser nomeado em termos de sua propriedade, as
coisas que ele possui, e, se ele as doa, também em termos de famílias a partir das
quais ele é descendente, assim como daqueles que descenderam dele. Como se
deve nomeá-lo em termos destas coisas? Assim, chamando-o realizador ou
executor de seus passos ou sua conduta, de suas batalhas ou viagens marítimas
ou caças ou armas ou navios. E porque ele é um testador de armas e um
vencedor de batalhas; as palavras para vencedor e árvore são as mesmas, assim
como também aquelas para testador e tramazeira; portanto, a partir dessas frases,
os escaldos têm chamado o homem de Freixo ou Bordo, Bosque, ou outras
árvores de nomes masculinos, e nomeiam-no em tais expressões em termos de
batalhas ou navios ou posses. Também é correto nomear o homem com todos os
nomes dos Æsir; também com termos de gigantes, e este último é, na maior
parte, para zombar ou para fins difamatórios. Metáforas com os nomes de elfos
são consideradas favoráveis.
A mulher deve ser nomeada com referência a todas as roupas femininas, ouro
e joias, cerveja ou vinho ou qualquer outra bebida que ela serve ou dá;
igualmente com referência aos barris de cerveja, e todas essas coisas que são
adequadas a ela para fazer ou fornecer. É correto nomeá-la assim: chamando-a
de doadora ou consumidora do que ela distribui. Mas as palavras para doadora e
consumidora também são nomes de árvores; portanto a mulher é chamada no
discurso metafórico por todos os nomes de árvores femininas. A mulher é
nomeada com referência a jóias ou ágatas por esta razão: em tempos antigos
havia um adorno feminino chamado de colar de pedra, que elas usavam no
pescoço, era uma parte do vestuário de uma mulher; agora é usado
figurativamente de tal forma que se nomeia a mulher com pedras e todos os
nomes de pedras. A mulher também é metaforicamente chamada pelos nomes
das Ásynjur ou das Valquírias ou Nornas ou mulheres do tipo sobrenatural.
Também é correto nomear a mulher em termos de toda a sua conduta ou
propriedade ou família.
O Freixo Yggdrasil, por Friedrich Wilhelm Heine (1886)[93]
Capítulo 40 – As Metáforas do Ouro
Como o ouro deve ser nomeado? Assim: chamando-o Fogo de Ægir, e
Agulhas de Glasir, Cabelo de Sif, Laço de Fulla, Lágrimas de Freyja, Conversa e
Voz e Palavra de Gigantes, Gota de Draupnir e Chuva ou Ducha de Draupnir, ou
de Olhos de Freyja, Resgate da Lontra, Pagamento Forçado dos Æsir, Semente
da Planície de Fýris, Telhado Montanhoso de Hölgi, Fogo de todas as Águas e
de Mão, Pedra e Recife ou Brilho das Mãos.

O Cabelo de Ouro que Loki Fez, artista desconhecido (1910)[94]


Capítulo 41 – Ægir Dá uma Festa para os Æsir
Por que o ouro é chamado de Fogo dos Ægir? A história referente a isso é,
como já foi contada antes, que Ægir fez uma visita à Asgard, mas quando ele
estava pronto para voltar para casa, ele convidou Odin e todos os Æsir a virem e
fazerem-lhe uma visita após o tempo de três meses. Nesta viagem foram Odin e
Njördr, Freyr, Týr, Bragi, Vídarr, Loki; e também as Ásynjur: Frigg, Freyja,
Gefjun, Skadi, Idunn, Sif. Thor não estava lá, tendo ido para as terras do leste
para matar trolls. Quando os deuses tinham tomado seus lugares, Ægir mandou
seus servos trazerem ouro brilhante ao piso do salão, que brilhou e iluminou todo
o salão como o fogo, assim como as espadas em Valhalla são usadas no lugar de
fogo. Então Loki discutiu com todos os deuses, e matou um escravo de Ægir que
se chamava Fimafeng. O nome de seu outro escravo é Elder. O nome da mulher
de Ægir é Rán, e eles têm nove filhas, como já foi descrito antes. Nesta festa
tudo se servia sozinho, tanto a comida e a cerveja e todos os utensílios
necessários para o banquete. Em seguida, os Æsir tomaram conhecimento de que
Rán tinha uma rede em que ela pegava todos os homens que morrem no mar. Em
seguida, a saga continua dizendo como ocorre que o ouro é chamado de Fogo, ou
Luz ou Brilho de Ægir, de Rán, ou das Filhas de Ægir; e destas metáforas é
permitido chamar o ouro de Fogo do Mar, ou de qualquer uma das metáforas do
mar, uma vez que Ægir e Rán são encontrados nessas metáforas; e, assim, o ouro
é agora chamado de Fogo das Águas, dos Rios, ou de todas as metáforas de rios.
Mas esses nomes têm se saído como outras metáforas. Os mais jovens
escaldos compuseram poesias seguindo o padrão dos antigos escaldos, imitando
suas canções; mas depois eles expandiram as metáforas sempre que pensaram
que poderiam melhorar o que foi cantado antes; assim como a água está para o
mar, o rio está para os lagos, o riacho está para o rio. Portanto, todos estes são
chamados de alegorias, quando os termos são expandidos para um maior
comprimento do que o que foi registrado antes; e tudo isso parece muito bom,
desde que concorde com a verossimilhança e com a natureza. Como Bragi o
escaldo cantou:
Do rei recebi
O Fogo do Riacho,
Isto o rei me deu, com misericórdia,
Pela bebida do gigante da montanha.
A Festa de Ægir, por Constantin Hansen (1861)[95]
Capítulo 42 – Sobre a Árvore Glasir
Por que ouro é chamado de Agulhas, ou Folhas de Glasir? Em Asgard, em
frente às portas de Valhalla, há uma árvore que se chama Glasir, e sua folhagem
é toda de ouro vermelho, como é cantado aqui:
Glasir fica
Com folhas douradas
Perante os salões de Odin.
Esta é a árvore mais bela entre deuses e homens.
Capítulo 43 – Dos Ferreiros Filhos de Ívaldi e o Anão Sindri
Por que ouro é chamado de Cabelo de Sif? Loki Laufeyarson, por amor à
malícia, cortou todo o cabelo de Sif. Mas quando Thor soube disso, ele agarrou
Loki, e teria quebrado todos seus ossos, se ele não tivesse jurado obter dos Elfos
Negros com que fizessem para Sif um cabelo de ouro, de tal forma que ele iria
crescer como qualquer outro cabelo. Então, Loki foi aos anões que são chamados
Filhos de Ívaldi, e eles fizeram o cabelo, e Skídbladnir também, e a lança que se
tornou posse de Odin e foi chamada de Gungnir. Então Loki apostou sua cabeça
com o anão chamado Brokkr que seu irmão Sindri não poderia fazer três outras
coisas preciosas de iguais virtudes como estas. Quando eles foram para a oficina,
Sindri colocou uma pele de porco no forno e mandou Brokkr soprar os foles, e
não cessasse o trabalho até que ele tirasse do forno o que ele tinha ali colocado.
Mas quando ele saiu da oficina, enquanto o outro anão soprava, logo pousou
uma mosca em sua mão e o picou: mas ele soprou como antes, até que o ferreiro
tirou sua obra do forno; e ela virara um javali, com crina e cerdas de ouro. Em
seguida, ele colocou ouro no forno e mandou Brokkr soprar e não cessar sua
rajada até que ele retornasse. Ele saiu; mas mais uma vez a mosca veio e pousou
no pescoço de Brokkr e picou agora duas vezes mais forte que antes; mas ele
continuou a soprar até o ferreiro tirar do forno aquele anel de ouro que se chama
Draupnir. Então Sindri colocou ferro no forno e pediu-lhe que soprasse, dizendo
que o trabalho seria em vão se o sopro de ar falhasse. Imediatamente a mosca
pousou entre os olhos de Brokkr e o picou em sua pálpebra, mas quando o
sangue caiu em seus olhos a ponto de ele não poder ver, ele soltou os foles só
por um momento e espantou a mosca longe com as mãos. Em seguida, o ferreiro
voltou e disse que tinha chegado perto de estragar tudo o que estava no forno.
Então ele pegou da forja um martelo, colocou todas as preciosas obras nas mãos
de Brokkr seu irmão, e ordenou-lhe ir com elas para Asgard e reivindicar a
aposta.
Agora, quando ele e Loki apresentaram as dádivas preciosas, os Æsir se
sentaram nos assentos de julgamento; e foi decidido acatar a decisão que seria
pronunciada por Odin, Thor e Freyr. Então Loki deu a Odin a lança Gungnir, e
para Thor o cabelo de Sif, e Skídbladnir para Freyr, e disse as virtudes de todas
estas coisas: que a lança nunca iria parar ao enfiar em seu alvo; o cabelo iria
crescer assim que fosse colocado sobre a cabeça de Sif; e Skídbladnir teria uma
brisa a seu favor assim que a vela fosse içada, não importasse onde seu dono
desejasse ir, mas poderia ser dobrado como um guardanapo e mantidos na bolsa
de Freyr, se ele assim o desejasse. Então Brokkr apresentou suas oferendas: ele
deu a Odin o anel, dizendo que oito anéis com o mesmo peso cairiam dele a cada
nona noite; para Freyr ele deu o javali, dizendo que ele poderia correr através do
ar e da água melhor do que qualquer cavalo, e que nunca poderia tornar-se tão
escuro como a noite ou nos mundos da escuridão que não haveria luz suficiente
onde ele passasse, tal era o brilho de sua crina e cerdas. Então ele deu o martelo
para Thor, e disse que Thor poderia golpear quão forte ele desejasse, não
importa o que estivesse diante dele, e o martelo não falharia; e se ele jogasse em
qualquer coisa, ele nunca iria errar, e nunca voaria tão longe a ponto de não
retornar à sua mão; e se ele desejasse, ele se tornaria tão pequeno que ele poderia
escondê-lo em sua camisa; mas ele tinha uma falha em que o cabo era um pouco
curto.
Esta foi decisão de todos: a de que o martelo era o melhor de todos os
preciosos trabalhos, e nele havia a maior defesa contra os Gigantes de Gelo; e
declararam que o anão tinha ganhado a aposta. Então Loki fez uma oferta para
recuperar a sua cabeça, mas o anão disse que não havia nenhuma chance disso.
“Pegue-me então”, disse Loki.
Mas quando Brokkr ia prendê-lo, ele já estava muito longe. Loki tinha com
ele aqueles sapatos com os quais ele corria através do ar e pela água. Em
seguida, o anão pediu a Thor para pegá-lo, e Thor o fez. Em seguida, o anão teria
talhado-lhe a cabeça; mas Loki disse que ele podia ter a cabeça, mas não o
pescoço. Então, o anão pegou uma linha e uma faca, e teria feito um buraco na
boca de Loki e costurado seus lábios juntos, mas a faca não cortou. Então Brokkr
disse que seria melhor se o furador de seu irmão estivesse lá, e assim que ele
falou seu nome, o furador estava lá, e então perfurou os lábios. Ele costurou a
boca de Loki junta e partiu a linha no final da costura. Essa linha, com a qual a
boca de Loki foi costurada, é chamada Vartari.
O Terceiro Presente, Um Enorme Martelo, por Elmer Boyd Smith (1902)[96]
Capítulo 44 – As Metáforas do Ouro e Freyja
Pode-se ouvir como o ouro é metaforicamente chamado de Laço de Fulla,
neste verso que Eyvindr Skáldaspillir criou:
A brilhante Fita de Fulla,
A testa do sol ao seu nascer,
Brilhou no grande braço do escudo
Por toda a vida de Hákon.
Ouro é chamado de Lágrimas de Freyja, como foi dito antes. Então cantou
Skúli Thorsteinsson:
Muito um destemido guerreiro
Recebeu as Lágrimas de Freyja,
Na manhã em que inimigos
Matamos; nós estávamos presentes.
E como Einarr Skúlason cantou:
Lá, montado sobre os entalhes,
O Choro de Mardöll se encontra,
Nós carregamos o machado que parte escudos,
Inchado com o ouro da toca da Serpente.
E aqui Einarr nomeou Freyja ainda mais, de modo a chamá-la de Mãe de
Hnoss, ou esposa de Ódr, assim é dito aqui:
O forte machado do escudo de Rodi,
Não é o pior
Para as Lágrimas da Companheira de Ódr,
Com tais ações, que o rei chegue à avançada idade.
E novamente:
O Filho de Hörn, o glorioso ornamento,
Eu possuo a mais bela joia,
Recebemos um valioso tesouro;
O Fogo do oceano descansa no machado;
A Sobrinha de Freyr, os Cílios de Chuva de sua mãe
Ela carrega; o guerreiro que alimenta os corvos
Deu-me a semente dos servos de Fródi.
Também é registrado aqui que se pode nomear Freyja de Irmã de Freyr. E,
portanto, também:
A atenciosa proteção do rei
Foi tudo que ele me ofereceu; isso foi
Próximo aos salões do mar; Eu louvo com prazer
A preciosa Filha de Njördr.
Aqui ela é chamada Filha de Njördr. E novamente:
O incrível e imponente guerreiro
De Odin, aquele que atinge
A coragem, me deu
A valente filha
Da Noiva dos Vanir;
O poderoso governante das batalhas
Levou a dama de Gefn à cama do escaldo,
Coberta com tesouros da chama do mar.
Aqui ela é chamada de Gefn e noiva dos Vanir. É apropriado se juntar a
palavra lágrimas com todos os nomes de Freyja, e chamar o ouro por esses
termos; e de muitas maneiras essas metáforas têm variado, de modo que o ouro é
chamado de Salve, ou Chuva, ou Nevasca, ou Gotas, ou Chuviscos, ou Quedas
D'água, de Olhos de Freyja, ou Bochechas, ou Sobrancelhas, ou Pálpebras.

Freyja, por John Bauer (1905)[97]


Capítulo 45 – O Ouro Chamado de Palavra dos Gigantes
Pode-se ouvir que o ouro é chamado de Palavra, ou Voz, dos Gigantes, como
já foi dito antes; assim cantou Bragi o escaldo:
Então eu tinha um terceiro amigo,
Inocente, o mais pobre,
Na Voz da Esfera do Fundo do Mar Áli,
Mas o melhor para mim.
Ele chamou uma pedra de Esfera do Fundo do Mar, um gigante de Pedra-Áli
e ouro como Voz do Gigante.
Capítulo 46 – O Resgate da Lontra
Por que razão o ouro é chamado Resgate da Lontra? Conta-se que quando os
Æsir Odin e Loki e Hœnir, saíram para explorar a terra, eles chegaram a um
certo rio, e prosseguiram ao longo deste até uma cachoeira. E ao lado da queda
havia uma lontra que tinha capturado um salmão da queda d'água e estava
comendo, piscando os olhos o tempo todo. Então Loki pegou uma pedra e
atirou-a na lontra, e atingiu sua cabeça. E Loki se vangloriou em sua captura,
pois ele havia garantido uma lontra e um salmão com um único golpe. Em
seguida, eles pegaram o salmão e a lontra e levaram-nos junto com eles, e
chegaram a uma fazenda, onde eles entraram. O lavrador que morava lá se
chamava Hreidmarr, ele era um homem poderoso e muito habilidoso em magia
negra. Os Æsir pediram-lhe alojamento por uma noite, dizendo que eles tinham
comida suficiente com eles, e mostraram-lhe as suas presas.
Mas quando Hreidmarr viu a lontra, imediatamente ele chamou seus filhos,
Fáfnir e Reginn, e disse-lhes que a lontra, seu irmão, foi morta, e também disse
quem tinha feito esse ato. Em seguida, o pai e os filhos atacaram os Æsir,
agarraram-nos, amarraram-nos e disseram-lhes sobre a lontra, como ela era o
filho de Hreidmarr. Os Æsir ofereceram um resgate por suas vidas, quanta
riqueza quanto o próprio Hreidmarr desejasse exigir; e uma aliança foi feita entre
eles nesses termos, e confirmada com juramentos. Em seguida, a lontra foi
esfolada e Hreidmarr, tomando sua pele, ordenou-lhes enchê-la com ouro
vermelho e também cobri-la totalmente; e essa seria a condição da aliança entre
eles.
Então Odin enviou Loki a Svartálfaheim, a Terra dos Elfos Negros, e ele foi
até o anão que se chama Andvari, e ele estava transformado em um peixe na
água. Loki o pegou em suas mãos e exigiu dele em resgate por sua vida todo o
ouro que ele tinha em sua caverna; e quando eles entraram na caverna, o anão
tirou todo o ouro que ele tinha, e era muita riqueza. Em seguida, o anão
escondeu em sua mão um pequeno anel de ouro, mas Loki viu e ordenou-lhe que
entregasse o anel. O anão lhe implorou para não tomar o anel dele, dizendo que
deste anel ele poderia multiplicar riquezas para si mesmo se pudesse mantê-lo.
Loki disse que o anão não ficaria com um centavo sequer, e pegou o anel e saiu;
mas o anão declarou que esse anel seria a ruína de todos que tivessem sua posse.
Loki respondeu que estava contente com isso, e disse que tudo deveria ser
cumprido de acordo com a profecia: ele se encarregaria de trazer a maldição para
os ouvidos de quem ia recebê-lo.
Ele seguiu seu caminho e chegou à morada de Hreidmarr, e mostrou o ouro
para Odin; mas quando ele viu o anel, ele achou-o bonito e tirou do tesouro, e
pagou o ouro para Hreidmarr. Então Hreidmarr encheu a pele de lontra tanto
quanto pôde, e ergueu-a quando ela estava cheia. Depois veio Odin, tendo a pele
para cobrir com o ouro, e quando isso foi feito, ele pediu Hreidmar para vir e ver
se a pele estava suficientemente coberta. Mas Hreidmarr olhou para ela,
examinou-a de perto, e viu um dos pêlos do focinho, e ordenou que ele deveria
ser coberto, senão o acordo seria quebrado. Então Odin tirou o anel e cobriu o
pêlo, dizendo que agora tinham pagado o resgate da lontra.
Mas quando Odin tinha pegado a sua lança, e Loki seus sapatos, e eles já não
tinham mais necessidade de ter medo, então Loki declarou que a maldição que
Andvari havia proferido havia de ser cumprida: a de que este anel e este ouro
seriam a destruição daquele que o recebesse; e ela foi cumprida posteriormente.
Isso explica por que o ouro é chamado de Resgate da Lontra, ou Pagamento
Forçado dos Æsir, ou Metal de Conflito.
Capítulo 47 – Sobre Fáfnir, Reginn e Sigurdr
O que mais há para ser dito do ouro? Hreidmarr levou o ouro pelo resgate de
seu filho, mas Fáfnir e Reginn reivindicaram uma parte do dinheiro do sangue de
seu irmão para si mesmos. Hreidmar, no entanto, não estava disposto a dar-lhes
nem um centavo. Então os irmãos fizeram um acordo para matar o pai por causa
do ouro.
Então Reginn exigiu que Fáfnir compartilhasse o ouro com ele, metade por
metade. Fáfnir respondeu que havia pouca chance de compartilhá-lo com o seu
irmão, uma vez que ele próprio tinha matado seu pai para obtê-lo; e ele mandou
Reginn sair dali, senão ele teria o mesmo destino que Hreidmarr. Fáfnir pegou a
espada chamada Hrotti e o capacete que Hreidmarr possuía e colocou-o sobre
sua cabeça; este capacete era chamado de Elmo do Terror, e todas as criaturas
têm medo dele quando o vêem. Reginn tinha uma espada que era nomeada
Refill. Assim, ele fugiu, e Fáfnir subiu para a Charneca Gnita, fez para si um
covil, se transformou em uma serpente e deitou-se sobre o ouro. Enquanto isso,
Reginn foi até o Rei Hjálprekr em Thjód, e lá ele se tornou seu ferreiro.
Lá, ele se comprometeu a cuidar de Sigurdr, filho de Sigmundr, filho de
Völsungr e de Hjördís, filha de Eylimi. Sigurdr foi o mais ilustre de todos os reis
da guerra em linhagem, na coragem e na mente. Reginn declarou-lhe onde Fáfnir
jazia no ouro, e incitou-o a procurá-lo.
Então Reginn moldou a espada Gramr, que era tão afiada que Sigurdr,
levando-a em água corrente, cortou em dois um tufo de lã que a corrente levava
contra a borda da espada. Em seguida, Sigurdr cortou a bigorna de Reginn até a
base.
Em seguida eles foram, Sigurdr e Reginn, para a Charneca de Gnita, e lá
Sigurdr cavou um buraco no caminho de Fáfnr e deitou-se para uma emboscada.
E quando Fáfnir deslizou em direção à água e chegou acima do poço, Sigurdr
imediatamente enfiou a espada através dele, e esse foi seu fim. Então Reginn
avançou, dizendo que Sigurdr tinha matado seu irmão, e exigiu-lhe que ele
cortasse o coração de Fáfnir e assasse-o no fogo; e Reginn o deitou e bebeu o
sangue de Fáfnir, e acomodou-se para dormir.
Mas quando Sigurdr assava o coração, e pensou que ele devia estar pronto,
ele o tocou com o dedo para ver quão duro estava; e, em seguida, o suco correu
para fora do coração para seu dedo, de modo que ele se queimou e colocou o
dedo à boca. Assim que o sangue do coração encontrou sua língua,
imediatamente ele compreendeu a fala dos pássaros, e ele entendeu o que
aqueles que estavam empoleirados nas árvores diziam. Então, um falou:
Lá está Sigurdr,
Manchado de sangue,
O coração de Fáfnir
No fogo ele assa;
Sábio pareceria
O destruidor de anéis,
Se o brilhante
Bife de vida ele comesse.
Ali está Reginn; cantou outro;
Contemplando
Como enganar o homem
Que nele confia;
Em sua ira ele planeja
Falsas acusações,
O terrível ferreiro
Quer vingar seu irmão.
Então Sigurdr foi até Reginn e o matou, e após isso ele montou em seu
cavalo, que se chamava Grani, e cavalgou até que chegou ao covil de Fáfnir. Ele
pegou o ouro, embalou-o em dois sacos, colocou-o nas costas de Grani, montou,
e, em seguida, seguiu seu caminho. Agora, a história está contada de porque o
ouro é chamado de Covil ou Morada de Fáfnir, ou Metal da Charneca Gnita, ou
Fardo de Grani.
Fáfnir Guarda o Ouro, por Arthur Rackham (1911)[98]
Capítulo 48 – Sobre Sigurdr e os Filhos de Gjúki
Então Sigurdr cavalgou até que ele encontrou uma casa na montanha, em que
uma mulher de elmo e cota de malha dormia. Ele sacou a espada e cortou sua
cota de malha. Ela acordou então, e disse que seu nome era Hildr. Seu nome era
Brynhildr, e ela era uma Valquíria.
Sigurdr partiu e foi ao rei que se chamava Gjúki, cuja esposa era Grímhildr;
seus filhos eram Gunnarr, Högni, Gudrún, Gudny; Gotthormr era enteado de
Gjúki. Sigurdr permaneceu ali por um longo tempo, e então ele obteve a mão de
Gudrún, filha de Gjúki e Gunnarr, e Högni fez juramentos de fraternidade de
sangue com Sigurdr.
Posteriormente Sigurdr e os filhos de Gjúki foram até Atli, filho de Budli,
para pedir a mão de Brynhildr, sua irmã, em casamento a Gunnarr. Brynhildr
morava em Hindafjalli, e seu salão era cercado por uma fogueira deslumbrante; e
ela fez um voto solene de não se casar com nenhum outro homem senão aquele
que se atrevesse a andar através do fogo. Então Sigurdr e os filhos de Gjúki, que
também eram chamados de Niflungs, cavalgaram para cima da montanha, e
Gunnarr deveria ter atravessado a chama, mas ele estava com o cavalo chamado
Goti, e esse cavalo não se atreveu a saltar para o fogo.
Então eles trocaram formas, Sigurdr e Gunnarr, e nomes da mesma forma;
pois Grani não daria um passo sequer sob qualquer outro homem senão Sigurdr.
Então Sigurdr montou em Grani, e andou pelo deslumbrante fogo. Na mesma
noite ele estava casado com Brynhildr. Mas quando eles foram para a cama, ele
tirou a espada Gramr da bainha e colocou-a entre eles. De manhã, quando ele
levantou-se e vestiu-se, ele deu a Brynhildr, como um presente nupcial, o mesmo
anel de ouro que Loki havia tomado de Andvari, e pegou outro anel de sua mão
como lembrança. Então Sigurdr montou em seu cavalo e cavalgou para seus
companheiros, e ele e Gunnarr mudaram de formas novamente e foram para a
morada de Gjúki com Brynhildr. Sigurdr e Gudrún tiveram dois filhos,
Sigmundr e Svanhildr.
Brynhildr, por Gaston Bussière (1897)[99]
Capítulo 49 – A Morte de Sigurdr
Uma vez ocorreu que Brynhildr e Gudrún foram lavar os cabelos. Quando
chegaram ao rio, Brynhildr nadou para além da margem do rio para a correnteza,
dizendo que não iria tocar em sua cabeça a água que escorreu do cabelo de
Gudrún, já que ela tinha o marido mais valoroso.
Então Gudrún seguiu até a correnteza e disse que era o seu direito de lavar o
cabelo no rio mais acima, pela razão de que ela tinha como marido um homem
como nem Gunnarr nem qualquer outro no mundo correspondia em valor, uma
vez que ele tinha matado Fáfnir e Reginn e herdou a riqueza de ambos.
E Brynhildr respondeu: “Foi uma questão de maior valor que Gunnarr
cavalgou pelo fogo e Sigurdr não.”
Então Gudrún riu, e disse: “Você acha que Gunnarr cavalgou pelo fogo
deslumbrante? Agora eu acho que quem entrou na cama com você era o mesmo
que me deu esse anel de ouro; e o anel de ouro que você carrega em sua mão e
recebeu como um presente nupcial é chamado Presente de Andvari, e eu acredito
que não foi Gunnarr que conseguiu esse anel na Charnoca Gnita.”
Então Brynhildr ficou em silêncio, e foi para casa. Depois disso, ela instigou
Gunnarr e Högni a matar Sigurdr; mas porque eram irmãos de sangue jurados de
Sigurdr, eles incitaram Gotthormr, seu irmão, para matá-lo. Ele enfiou sua
espada através de Sigurdr enquanto dormia; mas quando Sigurdr sentiu o
ferimento, ele arremessou sua espada Gramr em Gotthormr, para que ela
cortasse o homem ao meio. Lá caiu Sigurdr e Sigmundr, seu filho de três
invernos de idade, a quem eles mataram. Então Brynhildr perfurou-se com uma
espada, e ela foi queimada com Sigurdr; mas Gunnarr e Högni assumiram a
herança de Fáfnir e o Presente de Andvari, e governaram suas terras.
Sigurdr e Brynhildr, por Charles Butler (1909)[100]
Capítulo 50 – A Morte dos Filhos de Gjúki e a Vingança de Gudrún
Rei Atli, filho de Budli, e irmão de Brynhildr, então casou-se com Gudrún,
que tinha sido esposa de Sigurdr; e tiveram filhos. Rei Atli chamou Gunnarr e
Högni para visitá-lo, e eles vieram a seu convite. No entanto, antes de eles
partirem de suas terras, eles esconderam o ouro, a herança de Fáfnir, no rio
Reno, e esse ouro nunca foi encontrado desde então. O Rei Atli reuniu um
exército e lutou uma batalha contra Gunnarr e Högni, e eles foram capturados.
O Rei Atli mandou arrancar o coração de Högni vivo, e esse foi o seu fim.
Gunnarr ele jogou em um covil de serpentes. Mas uma harpa foi levada
secretamente para Gunnarr, e ele tocou-a com os dedos dos pés, suas mãos
estando amarradas; ele tocou a harpa de modo que todas as serpentes
adormeceram, poupando apenas uma víbora, que deslizou sobre ele, e mordeu o
peito tão fundo que sua cabeça afundou dentro da ferida, e ela se cravou em seu
fígado até ele morrer. Gunnarr e Högni eram chamados de Niflungs e Gjúkungs,
razão pela qual o ouro é chamado Tesouro, ou Herança, dos Niflungs.
Um pouco depois, Gudrún matou seus dois filhos, e fez a partir de seus
crânios taças cravadas de prata e ouro, e, logo após, as cerimônias fúnebres
ocorreram. Nesta festa Gudrún serviu hidromel nas taças para o Rei Atli, e a
bebida foi misturada com o sangue dos garotos. Seus corações ela assou e deu ao
rei para comer. E quando ele tinha terminado de comer, então ela mesma disse a
ele o que tinha feito, com muitas palavras repugnantes. Não houve falta de
bebidas fortes lá, de modo que a maior parte das pessoas adormeceu onde se
sentaram. Naquela noite, ela foi ao rei, enquanto ele dormia, e o filho de Högni
com ela, e eles o mataram, e esse foi o seu fim. Em seguida, eles atearam fogo
ao salão, e queimaram as pessoas que estavam dentro.
Após isso, ela foi para a costa e saltou para o mar, desejando dar um fim em
si mesma; mas ela foi carregada pelas ondas ao longo do fiorde, e foi levada para
a terra do Rei Jónakr. E quando ele a viu, ele a levou para casa e casou-se com
ela, e tiveram três filhos, chamados Sörli, Hamdir e Erpr; todos eles tinham
cabelos negros como corvos, como Gunnarr e Högni e os outros Niflungs.
Lá Svanhildr, filha de Sigurdr, foi criada, e de todas as mulheres ela era a
mais bela. O Rei Jörmunrekkr o Poderoso soube de sua beleza, e enviou seu
filho Randvér para cortejá-la e trazê-la para ser sua esposa. Quando Randvér
tinha chegado à corte de Jónakr, Svanhildr foi dada em suas mãos para que ele
pudesse levá-la ao Rei Jörmunrekkr. Mas Earl Bikki disse que seria mais
apropriado que Randvér se casasse com Svandhildr, já que ele e ela eram jovens,
enquanto Jörmunrekkr era velho. Esse conselho agradou aos jovens. Então Bikki
relatou o caso ao rei. Imediatamente, o Rei Jörmunrekkr ordenou que seu filho
fosse apreendido e levado à forca. Então Randvér tomou seu falcão e arrancou
suas penas, e ordenou que elas fossem enviadas para seu pai; em seguida ele foi
enforcado. Mas quando o Rei Jörmunrekkr viu o falcão, de repente veio-lhe à
mente que, assim como o falcão estava sem penas e impotente para voar, assim
estava seu reino despojado de seu poder, já que ele era velho e sem filhos. Então
o Rei Jörmunrekkr, saindo da floresta onde estava caçando com seus homens,
viu Svanhildr enquanto ela estava sentada lavando seu cabelo: eles cavalgaram
em sua direção e pisaram-na até a morte sob os pés de seus cavalos.
Mas quando Gudrún soube disso, ela pediu a seus filhos para se vingarem por
Svanhildr. Quando eles estavam se preparando para a viagem, ela deu-lhes cotas
de malhas e capacetes tão fortes que o ferro não poderia penetrá-los. Ela revelou
o plano para eles, que quando eles fossem ao Rei Jörmunrekkr, deviam atacá-lo
durante a noite enquanto ele estivesse dormindo.
Sörli e Hamdir deveriam decepar suas mãos e pés, e Erpr sua cabeça. Mas
quando eles estavam a caminho, eles perguntaram a Erpr que ajuda eles
poderiam esperar dele, quando encontrassem com o Rei Jörmunrekkr. Ele
respondeu que iria dá-los tal ajuda como a mão dá ao pé. Eles disseram que essa
ajuda que o pé recebia da mão era completamente nada. Eles estavam tão irados
com sua mãe porque ela os tinha forçado a realizar esta jornada com palavras
ásperas, e eles desejavam tão ansiosamente fazer o que parecesse pior para ela,
que mataram Erpr, porque ela o amava mais do que tudo.
Um pouco mais tarde, enquanto Sörli estava andando, um de seus pés
escorregou, e ele apoiou-se em sua mão; e ele disse: “Agora a mão ajudou o pé
de fato; seria melhor agora que Erpr estivesse vivo.”
Quando chegaram ao Rei Jörmunrekkr à noite, onde ele dormia, e cortaram-
lhe as mãos e os pés, ele acordou e chamou seus homens, e ordenou-lhes que
acordassem.
E então Hamdir falou: “A cabeça estaria decepada agora, se Erpr estivesse
vivo.”
Em seguida, os capangas se levantaram e atacaram, mas não conseguiram
superá-los com armas; e Jörmunrekkr gritou para eles que deviam apedrejá-los
até a morte, e assim foi feito. Lá Sörli e Hamdir caíram, e agora toda a casa e
descendentes de Gjúki estavam mortos.
Devido a isso cotas de malha são chamadas de Roupas ou Vestes de Hamdir e
Sörli.
Svanhildr, por Jenny Nyström (1893)[101]
Capítulo 51 – Sobre os Filhos de Völsungr
Uma filha chamada Áslaug sucedeu Sigurdr; ela foi criada com Heimir em
Hlymdalir, e grandes casas surgiram a partir dela. É dito que Sigmundr, filho de
Völsungr, era tão forte que ele podia beber veneno e não ser lesado; e Sinfjötli
seu filho e Sigurdr tinham a pele tão dura que nenhum veneno de fora poderia
prejudicá-los. Portanto, o escaldo Bragi cantou assim:
Quando a Tortuosa Serpente
Cheia da Bebida dos Volsungs
Está pendurada no anzol
Do Matador de Gigantes.
A maioria dos escaldos fizeram versos e usaram muitos elementos destas
sagas. Bragi o Velho escreveu sobre a queda do Sörli e Hamdir nessa canção de
louvor que ele compôs sobre Ragnar Lodbrok:
Uma vez Jörmunrekkr acordou
De um desagradável sonho
Durante um confronto de espadas
Entre tropas ensanguentadas;
Um tumulto ocorria
Na morada do Pai de Randvér,
Quando os negros corvos irmãos de Erpr
Vingavam as amargas tristezas.
O orvalho dos corpos
Fluiu da cama do rei ao chão,
Onde os pés e mãos
Podiam ser vistos;
De cabeça caiu o rei
Na poça espumante de sangue;
No decorado escudo das Terras de Leifi,
Isso está pintado.
O rei presenciou
Seus soldados armados,
Cercando a cama; e os irmãos,
Hamdir e Sörli, rapidamente
À terra foram abatidos,
Quando por todos,
Com escorregadias pedras,
Foram agredidos.
Rei Jörmunrekkr ordenou
Que os descendentes de Gjúki
Fossem violentamente apedrejados
Por tentarem privar da vida
O marido de Svanhildr;
E todos pagaram
Os Filhos de Jónakr
Com golpes e feridas.
O massacre dos heróis,
E várias outras sagas,
Eu vejo no belo escudo
Que Ragnar me deu.
Rei Heimer e Áslaug, por August Malmström (1856)[102]
Capítulo 52 – Sobre o Rei Fródi e o Moinho Grótti
Por que o ouro é chamado de Refeição de Fródi? A história é a seguinte: Um
dos filhos de Odin, chamado Skjöldr, de quem os Skjöldungs são descendentes,
tinha sua morada e governava no reino que agora é chamado Dinamarca, mas até
então era conhecido como Gotland. O filho de Skjöldr, que governou a terra
depois dele, se chamava Fridleifr. O filho de Fridleifr era Fródi: ele sucedeu ao
reino depois de seu pai, no momento em que César Augusto impôs a paz em
todo o mundo; na época do nascimento de Cristo. Mas porque Fródi era o mais
poderoso de todos os reis das terras do norte, a paz era chamada pelo seu nome
onde quer que a língua dinamarquesa era falada; e os homens a chamam de Paz
de Fródi. Nenhum homem feria qualquer outro, mesmo quando ele se encontrava
cara a cara com o assassino de seu pai ou seu irmão, solto ou preso. Também não
havia qualquer ladrão nem assaltante na época, de modo que um anel de ouro
estava há muito tempo na Charneca de Jalangr.
O Rei Fródi foi a uma festa na Suécia na corte do rei que se chamava Fjölnir,
e lá ele comprou duas servas, Fenja e Menja: elas eram enormes e fortes.
Nesse tempo duas pedras moinho foram encontradas na Dinamarca, tão
grandes que ninguém era tão forte que poderia girá-las. Mas ele tinha essa
natureza, que o moinho moía tudo o que o moedor exigia. Este moinho se
chamava Grótti. Aquele que deu ao Rei Fródi o moinho se chamava Hengikjöptr.
O Rei Fródi levou as servas para a usina, e mandou-lhes moer ouro e paz e
felicidade para Fródi. Ele não lhes dava mais tempo para descansar ou dormir do
que quando o cuco estava em silêncio ou uma canção podia ser cantada. É dito
que elas cantaram a canção que é chamada de Canção de Grótti. E esse é seu
início:
Agora aqui estamos
Na morada do rei,
As duas prescientes,
Fenja e Menja,
Elas estão com Fródi,
Filho de Fridleifr,
As Poderosas Servas
Mantidas como escravas.
E antes de elas terminarem seu canto, elas moeram um exército contra Fródi,
de modo que o rei do mar chamado Mýsingr foi lá naquela noite e matou Fródi,
obtendo um grande saque. Em seguida, a Paz de Fródi foi encerrada. Mýsingr
levou Grótti com ele, e Fenja e Menja também, e ordenou-lhes moer sal. E à
meia-noite eles perguntaram se Mýsingr tinha bastante sal. Ele ordenou-lhes
moer por mais tempo. Elas moeram apenas um curto período de tempo antes de
o navio afundar. E a partir desse momento tem havido um redemoinho no mar,
onde a água cai através do buraco do moinho de pedra. Foi então que o mar
tornou-se salgado.
A Canção de Grótti:
Lavadas ao moinho
Logo elas foram,
As cinzentas pedras
Elas tinham que girar,
Nem descanso nem paz
Ele lhes deu,
Até que tivesse ouvido
O canto das servas.
Elas giraram o moinho,
As pedras murmuravam
“Coloquem as caixas!
Levantem as pedras!”
Mas ele mandava as servas
A continuarem a moer.
Elas cantaram e giraram
A rápida pedra do moinho,
Até que os homens de Fródi
Cairam no sono,
Então falou Menja,
Em voz alta:
“Nós moemos para Fródi,
Riquezas e felicidade,
E o ouro abundante,
No moinho da fortuna,
Sente no tesouro,
E durma sobre ele,
Deixe-o acordar alegre,
Então o trabalho estará bem feito.
Aqui ninguém pode
Ferir o outro,
Planejar o mal,
Nem procurar matar,
Nem abater alguém
Com a espada bem afiada,
Mesmo que encontre
O assassino do irmão acorrentado.”
Porém ele não disse uma palavra
Exceto por isso,
“Não dormirás mais
Que o silêncio do cuco,
Nem tanto quanto demora
Uma canção a ser cantada.”
“Tu não foste, Fródi,
Cauteloso o suficiente,
Amigos dos homens,
Quando comprou essas donzelas,
Para suas forças, olhaste,
Além de suas aparências,
Mas não perguntaste nada
Sobre suas descendências.
Duro era Hrungnir,
E seu pai,
Porém Thjazi
Era mais poderoso que eles;
Idi e Aurnir,
Nossos parentes,
Irmãos dos Gigantes das Montanhas,
Deles somos descendentes.
Grótti não viria
Da cinzenta montanha,
Nem esta dura pedra
Teria saído da terra,
Nem as damas dos Gigantes das Montanhas
Estariam trabalhando,
Se nós não
Soubéssemos nada sobre isso.
Por nove invernos
Fomos companheiras,
Nossa força aumentou
Enquanto fomos criadas embaixo da terra,
As damas eram capazes
De realizar grandes obras,
Nós mesmas movemos
Poderosas montanhas de seus lugares.
Nós rolamos a pedra
Sobre a morada dos gigantes,
Até que por isso,
A terra toda tremeu,
Então a arremessamos,
A rápida pedra,
O pesado bloco,
Até que os homens a pegaram.
Pouco após,
No reino da Suécia,
Nós duas mulheres,
Saímos para a batalha;
Ursos caçamos,
Escudos quebramos,
E atravessamos
Os exércitos de uniformes cinzentos.
Derrubamos um rei,
Apoiamos um outro,
Para o bom Gotthormr,
Nós demos assistência,
Não houve tranquilidade
Antes de Knúi cair.
Tais foram nosso atos
Nessas épocas passadas,
Que éramos reconhecidas
Pelo nosso heroísmo;
Com afiadas lanças,
Guerreiros matamos,
E com o sangue das feridas,
Avermelhadas eram as espadas.
Agora aqui estamos,
Na morada do rei,
Desprovidas de misericórdia,
E mantidas acorrentadas;
A lama come nossas solas,
E o frio come o resto;
Nós giramos o moinho da paz;
É sombrio na casa de Fródi.
As mãos devem descansar,
A pedra deve parar;
Agora já moí
O suficiente de minha parte;
Porém às mãos
Nenhum descanso deve ser dado
Até que Fródi ache
Que o suficiente tenha sido moído.
Agora as mãos devem segurar
Rigidamente as lanças,
As armas sangrentas,
Acorde, Fródi!
Acorde, Fródi!
Se queres ouvir
Às nossas canções,
E às histórias antigas.
Fogo vejo queimando
À leste da cidade,
As novas da guerra acordaram,
Um farol de advertência;
Um exército virá
Para cá com rapidez,
Para queimar a sublime
Morada do Rei Fródi.
Não mais sentarás
No trono de Hleidr,
E governarás
Os vermelhos anéis e o moinho;
Agora devemos moer
Com toda nossa força,
Nenhum calor sentiremos
Do sangue dos mortos.
Agora a filha de meu pai,
Bravamente gira o moinho,
Pois a morte de muitos
Ela vê;
Agora quebraram
Os resistentes suportes
Embaixo das caixas;
Vamos ainda moer!
Vamos ainda moer!
O filho de Yrsa,
Parente dos Hálfdanr,
Virá com vingança
Sobre a cabeça de Fródi;
A ele os homens chamarão
De filho e irmão de Yrsa,
Nós dois sabemos disso.”
As donzelas moeram,
Suas forças elas testaram,
Jovens elas eram,
E selvagens gigantes;
Os suportes tremeram,
E caiu o moinho,
Em dois foi quebrada
A pesada pedra.
E a resistente noiva
Dos Gigantes das Montanhas falou:
“Nós moemos, ó, Fródi!
Agora devemos parar;
No moinho tempo suficiente
As donzelas já ficaram.”
Assim cantou Einarr Skúlason:
Ouvi dizer que as servas de Fródi
Moem no moinho de bom grado
A cama de Grafvitinir;
O rei não dá paz ao ouro;
Os lados do meu machado,
Presas na madeira de bordo,
Tem neles essa Refeição de Fródi;
Exaltado fica o escaldo com a gentileza do rei.
Então cantou Egill:
Felizes são muitos homens
Na Refeição de Fródi.
Fenja e Menja, por Carl Larsson e Gunnar Forssell (1893)[103]
Capítulo 53 – Sobre Hrólfi Kraki e Vöggr
Por que o ouro é chamado de Semente de Kraki? Na Dinamarca, havia um rei
chamado de Hrólfr Kraki; ele era o mais famoso de todos os antigos reis de
generosidade, valentia e graciosidade. Uma evidência de sua graciosidade que é
muitas vezes mencionada em histórias antigas é a seguinte: Um garotinho pobre,
Vöggr era seu nome, entrou no salão do rei Hrólfr. Naquela época, o rei era
jovem e de estatura esguia. Vöggr veio a sua presença e olhou para ele; e o rei
disse:
“O que você quer falar, garoto, olhando assim para mim?”
Vöggr respondeu: “Quando eu estava em casa, eu ouvi dizer que Hrólfr o rei
em Hleidr era o maior homem nas terras do norte; mas agora se senta no trono
um pequeno poste, e ele é chamado de rei.”
Então o rei respondeu: “Você, menino, deu-me um nome, de modo que eu
serei chamado de Hrólfr o Poste (Kraki); e é o costume que a escolha de um
nome seja acompanhada de um presente. Vendo que você não tem nenhum
presente que possa me dar juntamente com o nome, ou que seria adequado para
mim, então aquele que tem, deve dar para o outro. E ele pegou de sua mão um
anel de ouro e deu para ele.
Então disse Vöggr: “Você doa como o melhor rei de todos, e, portanto, agora
eu me comprometo a ser o assassino de quem te assassinar.”
Então falou o rei, rindo em voz alta: “Vöggr está satisfeito com uma coisa tão
pequena.”
Capítulo 54 – Sobre como Hrólfi Derrotou o Rei Adils
Outro exemplo é a história contada sobre a bravura de Hrólfr Kraki. O rei que
os homens chamam de Adils governava Uppsala; ele tinha como esposa Yrsa,
mãe de Hrólfr Kraki. Ele estava em conflito com o rei que governava a Noruega,
cujo nome era Ali; os dois travaram uma batalha sobre o gelo do lago chamado
Vaeni. Rei Adils enviou uma embaixada a Hrólfr Kraki, seu enteado, suplicando
para que ele viesse em seu auxílio, e prometeu pagamentos a todo o seu exército,
enquanto eles estivessem na expedição. Além disso, o próprio rei Hrólfr teria
quaisquer três tesouros que ele pudesse escolher na Suécia. Rei Hrólfr não
poderia fazer a viagem em pessoa, devido ao conflito em que ele estava
envolvido com os saxões; mas enviou para Adils seus doze Berserkers: Entre
eles estavam Bödvar-Bjarki, Hjalti o Valente, Hvítserkr o Audaz, Vöttr Véseti, e
os irmãos Svipdagr e Beigudr. Nessa batalha Rei Ali caiu, e grande parte do seu
exército com ele; e Rei Adils tomou do rei morto o elmo Hildesvin e seu cavalo
Hrafn.
Em seguida, os Berserks de Hrólfr Kraki exigiram em pagamento por seu
serviço três libras de ouro para cada um deles; e também pediram pelos tesouros
que haviam escolhido para Hrólfr Kraki, e que agora desejavam levar para ele.
Estes eram o capacete Hildigöltr; a cota da malha Finnsleif, em que nenhum aço
poderia penetrar; e o anel de ouro chamado Svíagríss, que havia pertencido aos
antepassados de Adils. Mas o rei negou-lhes todas estas coisas, ele sequer pagou
o que prometera. Os Berserkers então voltaram para casa, e estavam muito
insatisfeitos, e contaram o estado das coisas a Hrólfr Kraki.
Imediatamente ele começou sua jornada para Uppsala; e quando ele chegou
com seus navios no rio Fýri, ele cavalgou a Uppsala, e seus doze Berserkers com
ele, todos sem salvo-conduto. Yrsa, sua mãe, recebeu-o e levou-o a seus
alojamentos, mas não ao salão do rei. Fogueiras foram feitas a eles e cerveja foi
dada para beber.
Em seguida, os homens do Rei Adils entraram e jogaram e empilharam lenha
no fogo, e o tornaram tão grande que as roupas de Hrólfr e seus homens foram
queimadas. E eles disseram:
“É verdade que Hrólfr Kraki e seus Berserks não fogem nem de fogo nem de
ferro?”
Então Hrólfr Kraki e todos os seus homens saltaram, e ele disse:
“Vamos aumentar as chamas
Na morada de Adils!”
E tomou o seu escudo e lançou-o ao fogo, e saltou sobre as chamas, enquanto
o escudo queimava. Então falou novamente:
“Ele não foge das chamas
Aquele que sobre elas salta!”
O mesmo fizeram seus homens, um após o outro; e pegaram aqueles homens
que tinham alimentado o fogo, e lançaram-nos na fogueira. Então Yrsa veio e
deu a Hrólfr Kraki um chifre de veado cheio de ouro, e com ele o anel Svíagríss;
e ela pediu-lhes para irem embora para seus exércitos. Eles saltaram em seus
cavalos e cavalgaram para dentro da Planície de Fýri; e logo viram o Rei Adils
seguindo-os com seu exército todo em armadura, esperando para matá-los. Então
Hrólfr Kraki mergulhou a mão direita dentro do chifre, agarrou o ouro, e lançou-
o sobre a estrada. Quando os suecos viram isso, eles saltaram para fora de suas
selas, e cada um pegou o tanto quanto ele poderia; mas o Rei Adils ordenou-lhes
a seguir em frente, e ele mesmo cavalgou furiosamente. Seu cavalo era chamado
Slöngvir, o mais veloz de todos os cavalos. Quando Hrólfr Kraki viu que o rei
Adils se aproximava dele, ele pegou o anel Svíagríss e atirou-o em sua direção, e
ordenou-lhe recebê-lo como um presente. Rei Adils cavalgou até o anel, pegou-o
com a ponta de sua lança, e deixou-o deslizar até sua mão. Então Hrólfr Kraki
virou para trás e viu como ele se abaixou, e falou:
“Agora eu fiz aquele que é o mais poderoso dos suecos se inclinar como um
porco faz.” E assim, eles partiram.
Por esta razão, o ouro é chamado Semente de Kraki ou de Planície de Fýri.
Assim cantou Eyvindr Skáldaspillir:
Deus das lâminas da batalha,
Nós carregamos através dos dias de vida de Hákon,
A Semente das Planícies de Fýri,
Em nossos braços, onde se senta o falcão.
E mesmo como Thjódólfr cantou:
O rei semeia seus homens
Com a brilhante semente dos anéis de ouro
Do descendente de Yrsa,
Na companhia de seu belo aperto de mão;
O inocente diretor das terras
Serve a reluzente bebida de Kraki
Sobre os meus braços,
Assento do encapuzado falcão.

Rei Hrólfr Espalha Ouro para Escapar dos Suecos, por Jenny Nyström (1895)
[104]
Capítulo 55 – Sobre o Rei Hölgi
É dito que o rei chamado Hölgi, de quem Hálogaland foi chamada, foi o pai
de Thorgerdr Hölgabrúdr. Sacrifícios eram feitos para os dois, e um marco de
pedras foi levantado para Hölgi: uma camada de ouro ou prata; que era o
dinheiro do sacrifício; e outra camada de terra e pedras. Assim cantou Skúli
Thorsteinsson:
Quando eu avermelhei a espada de Reifnir,
Pelo amor à riqueza,
Em Svöldr, acumulei em anéis de ouro
Como o marco bélico de Hölgi.
Capítulo 56 – Ainda Sobre as Metáforas do Ouro
No antigo Bjarkamál muitos termos para o ouro são ditos. É dito lá:
O mais magnânimo rei,
Seus homens enriqueceu,
Com o Trabalho de Fenja,
Com a Midgard de Fáfnir,
As Folhas de Glasir,
O Fardo de Grani,
A preciosa Gota de Draupnir,
Travesseiro de Grafvitnir.
O generoso senhor deu,
Os heróis aceitaram,
As Tranças de Sif,
Gelo da Força do Arco,
Relutante Resgate da Lontra,
Lágrimas de Mardöll,
Fogo de Órun,
Belos Discursos de Idi.
O guerreiro se alegrou,
Nós andamos com belas vestes,
Com os Conselhos de Thjazi,
O numeroso exército,
O Metal Vermelho do Reno,
Herança dos Niflungs,
O líder que se atreve à guerra,
O silencioso Baldr o defende.
O ouro é metaforicamente denominado Fogo da Mão, ou do Membro ou da
Perna, porque é vermelho; mas a prata é chamada de Neve ou Gelo, ou Geada,
porque é branca. Da mesma forma, o ouro ou a prata podem ser nomeados em
metáforas da bolsa, ou cadinho, ou espuma, e ambos podem ser chamados de
Pedra de Mão, ou Colar, de qualquer pessoa que estava acostumada a usar um
colar. E colares e anéis significam prata e ouro, se nenhum outro detalhe é dado.
Como Thorleikr o Belo cantou:
O justo príncipe lança a carga
Do cadinho nos assentos dos falcões
Dos guerreiros, os pulsos enfeitados,
Dá brasas aos seus braços.
E como Einarr Skálaglamm cantou:
O valoroso Rei de Lurid
Dá as Marcas do Fogo dos Membros,
Acredito que os guerreiros do príncipe
Não carecem de Pedras do Reno.
Assim cantou Einarr Skúlason:
A Bolsa de Neve e o Mar de Fogo
Estão nos dois lados da cabeça do machado,
Devo louvar aqueles
Que batalham contra os destruidores.
E ele cantou ainda mais:
A Chama do Mar descansa a cada dia
Sobre o monte de neve;
Aquele que ornamenta o navio,
Governa com um generoso coração;
Nunca se conseguirá fundir a prateada
Jarra de Neve no Fogo
Do Caminho da Enguia; O lenhador
De exércitos alcança todas as gloriosas façanhas.
Aqui ouro é chamado de Fogo do Caminho da Enguia; e prata, Jarro de Neve.
Assim cantou o escaldo Thórdr Mæri:
O feliz doador da Pedra de Mão,
Daquele que reduz seu ouro, percebe
Que Hermódr do lar da serpente,
Teve um nobre pai.
Capítulo 57 – As Metáforas do Homem com o Ouro
O homem é chamado Quebra-Ouro, assim como Óttarr o Moreno cantou:
Preciso do favor da nobreza
Que segue o Quebra-Ouro das batalhas;
Aqui está uma boa tropa
Com um sábio rei.
Ou Envia-Ouro, como Einarr Skálaglamm cantou:
O Envia-Ouro permite ao rei;
O príncipe seus homens alegra em canções,
Seus tesouros eu recebo;
Aprecie o hidromel de Ygg.
Lança-Ouro, como Thorleikr cantou:
O Lança-Ouro se faz leal a ele,
Sua guarda com armadura real.
Adversário do Ouro, como cantou Thorvaldr Blönduskáld:
O Inimigo do Ouro lança brasas
Dos braços, o rei dá a riqueza vermelha;
O destruidor do povo vil
Distribui o Fardo de Grani.
Príncipe de Ouro, como está escrito aqui:
Um Príncipe de Ouro em amizade
Eu possuo, e do guerreiro,
Filho da brilhante lâmina da guerra,
Eu faço uma canção de louvor.
Capítulo 58 – As Metáforas da Mulher com o Ouro
A mulher é nomeada em metáforas do ouro, sendo chamada de Salgueiro ou
Negociante de Ouro, como Hallarsteinn cantou:
Aquele que lança o âmbar
Da fria bebida salgada do Javali de Vidblindi,
Por muito tempo se lembrará da Negociante
Do Rio Dourado da serpente.
Aqui baleia é chamada do Javali de Vidblindi. Ele era um gigante que tirava
as baleias do mar como peixes. A Bebida das Baleias é o mar; Âmbar do Mar é o
ouro; mulher é o Salgueiro, ou Negociante, do Ouro que ela dá; e o salgueiro é
uma árvore. Portanto, como já foi mostrado, a mulher é nomeada como todos os
tipos de árvores femininas. Ela também é chamada consumidora do que ela dá; e
a palavra para consumidora também significa uma tora, uma árvore que cai na
floresta. Assim cantou Gunnlaugr Ormstunga:
Essa dama nasceu para trazer conflitos
Entre os filhos dos homens;
O guerreiro foi o causador disso; loucamente
Desejo possuir essa Tora de Riquezas.
Mulher é chamada de Floresta; assim cantou Hallarsteinn:
Com a bem treinada arte de cantar,
A língua suavizei, minha senhora,
Damas das primeiras canções das bebidas,
Bela Floresta de Jarros.
Graveto, como Steinn cantou:
Tu irás, ó doce Sif
Do Fogo da Inundação, como outros
Gravetos do cascalho de Hjadnings,
Romper com tua boa sorte.
Suporte, como Ormr Steinthórsson cantou:
O Suporte de Pedra foi vestida
Em roupas limpas e decentes,
Um novo manto o herói
Lançou sobre a brilhante Valquíria.

Valquírias, por Carl Emil Doepler (1905)[105]


Pilar, como Steinarr cantou:
Todos os sonhos da graciosa Syn
Do suave pescoço,
Mentiram para mim; a instável
Pilar do Ouro me enganou.
Vidoeiro, como Ormr cantou:
Por uma marca do Vidoeiro
Do brilhante anel oco,
A chama ressoante, eu coloquei
No jarro de bebidas do anão, a minha canção.
Carvalho, como está aqui:
O belamente decorado Carvalho
Está no caminho de nosso prazer.
Tília, como está escrito aqui:
Ó terrível guerreiro alto como um ulmeiro,
Da chuva de choque de metais,
Nossa coragem não irá se abalar;
Assim ordenou o Linho da Tília.
Capítulo 59 – As Metáforas dos Homens com as Árvores
O homem é nomeado em metáforas de árvores, como já foi escrito antes; ele é
chamado de Tramazeira, ou Testador de Armas ou de Combates, de Expedições
e de Feitos, de Navios e de tudo aquilo que empunha e testa; assim cantou Úlfr
Uggason:
Mas o olhar forte da Corda que Circunda
A Terra olhou além da proa,
Para a Tramazeira do Povo
Da Pedra, e jorrou veneno.
Árvore e Viga, como Kormákr cantou:
A Viga da espada assassina
É melhor que muitos
Na batalha; a espada
Ganha terras para o Senhor Sigurdr.
Bosque, como cantou Hallfredr Vandrædaskáld:
O Poderoso Bosque,
E sua assassina de escudos, com cabelos
Como folhagem, fica ao Leste
Dando segurança junto ao Freixo de Ullr.
Aqui, ele também é chamado de Freixo de Ullr. Caixa, como Arnórr cantou:
A Caixa de Navios ordenou ao Rygir
A trazer os escudos juntos
No início do anoitecer; a chuva de lanças
Durou pela noite de outono.
Freixo, como Refr cantou:
O Freyr da Batalha, gracioso doador,
Foi à cama decorada por ouro da dama;
O Freixo da Batalha de Granizo de Odin
Ganhou o espólio da masculinidade.
Bordo, como aqui:
Olá, falou o Bordo do Braço
De Gelo, a cota de Malha.
Árvore, como Refn cantou:
Desde que determinei
A ofertar o Seio do Mar de Odin,
O poema do Deus da Guerra, a Thorsteinn;
A Árvore de Espadas assim o quer.
Pilastra, como Óttar cantou:
Tu, feroz Pilastra de Guerra, segurou
Dois reis, teus territórios
Com a força de heróis, onde os corvos
Não passaram fome; belo coração tens.
Espinho, como Arnórr cantou:
Ele reuniu, o jovem Espinho de Riquezas,
Grandes pilhas de cadáveres
Para as águias, e seus homens
Guiaram e ajudaram o herói.
Capítulo 60 – As Metáforas da Batalha
Como a batalha deve ser nomeada? Ao chamá-la Tempestade de Armas ou de
Abrigo dos Escudos, ou de Odin ou de Valquírias, ou de Reis da Guerra; e Ruído
e Colisão. Assim cantou Hornklofi:
O rei travou uma Tempestade de Lanças
Contra heróis, onde as águias
Gritaram ao Ruído de Skögul;
Feridas vermelhas cuspiram sangue.
Assim cantou Eyvindr:
E esse herói,
Sob a Tempestade de Odin,
Vestia um manto
De pele de lobo cinzento.
Assim cantou Bersi:
Em tempo antigos eu não parecia útil,
Para as a Guerras de Gunn,
No Granizo de Hlökk, quando jóvens
Éramos, assim é dito.
Assim cantou Einarr:
O audaz príncipe deixa os Escudos de Hildr
Levarem os mais severos goldes da Tempestade
Da Valquíria, onde a Chuva de Flechas
Cai, as lâminas das espadas martelam.
Cavalgada das Valquírias, por John Charles Dollman (1909)[106]
Como Einarr Skálaglamm cantou:
As armaduras dos guerreiros,
Tecidas com firmeza, não protegeram
Os jovens contra a Chuva
De Högni na investida de Hákon.
Assim como aqui:
Eles montaram as lanças e os escudos
Contra os guerreiros que incitavam a batalha.
E novamente:
Sob as garras das águias, os inimigos do rei
Caíram ao Ruído de Göndul.
Capítulo 61 – As Metáforas das Armas e Armaduras
Armas e armaduras devem ser nomeadas em termos de batalha, e com
referência a Odin e as Valquírias e reis da guerra: deve-se chamar um capacete
de Capuz ou Capa; uma cota de malha, Camisa ou Túnica; um escudo, Tenda; e
uma muralha de escudos é denominada Salão e Teto, Parede e Chão. Escudos,
nomeados em termos de navios de guerra, são chamados de Sol, ou Lua, ou
Folha, ou Brilho, ou Pátio do Navio; o escudo é também chamado de Navio de
Ullr, ou nomeado em termos de Pés de Hrungnir, uma vez que ele estava em
cima de seu escudo. Em escudos antigos, era costume pintar um círculo, que era
chamado de anel, e escudos são chamados em metáforas desse anel. Armas
cortantes, machados ou espadas, são chamadas Fogos de Sangue, ou de Feridas;
espadas são chamadas Fogos de Odin; mas os homens chamam machados pelos
nomes de mulheres trolls e nomeiam-nos em termos de sangue ou feridas ou
uma floresta ou bosques. Armas perfurantes são devidamente nomeadas
chamando-as pelo nome de serpentes ou peixes. Armas de projéteis são muitas
vezes metaforicamente denominadas granizo ou chuva de neve ou tempestade.
Variantes de todos estes termos têm sido feitos em muitos aspectos, pois eles são
usados principalmente em poemas de louvor, onde há a necessidade de tais
metáforas. Assim cantou Viga-Glúmr:
Com o Capuz do Deus Enforcado,
Os exércitos deixaram de ir
Pela beira, era desagradável
Continuar a empreitada.
Assim cantou Einarr Skálaglamm:
Vestido com a Capa o valente Búi,
Aquele que do sul foi
À batalha de Gunn, e ardente por guerras,
Sigvaldi ofereceu a batalha.
Camisa de Rodi, como Tindr cantou:
Quando teve que descartar a danificada
E reluzente Camisa de Odin,
Os corcéis do mar de Ródi,
Foram livrados de guerreiros.
Túnica de Hamdir, como Hallfredr cantou:
O Granizo de Guerra, forte e constante,
Das armas de Egill se quebraram
Ferozmente nas Túnicas de Hamdir,
De seus guerreiros em Animais das Ondas.
Vestimentas de Sörli, assim como cantou mais:
Por isso, a brilhante Vestimenta de Sörli,
No sangue dos homens deve ser avermelhada,
E ouvi-lo claramente; Feridas de Sangue
Em cortantes Chuvas de Ferro.
Escudos são chamados Tendas de Hlökk, como Grettír cantou:
Os donos das Tendas de Hlökk mantiveram seus narizes
Juntos, e os heróis
Da Tempestade da Muralha de Escudos de Hildr
Esfregaram suas barbas juntos.
Telhado de Ródi, como Einarr cantou:
O forte Gelo do Telhado de Ródi,
Para as Lágrimas de Freyja,
Não está pior, meu belo machado,
Que este rei chegue à avançada idade.
Muralha da Hildr, como Grettír cantou, e como já foi escrito antes. Navio de
Sol, como Einarr cantou:
No mar, os parentes de Ólafr
Avermelham a chama do Navio de Sol.
Lua da Proa, como Refr cantou:
Belo foi o dia, quando doadores
Dos Fogos dos Braços lançaram à Lua
Da Proa às minhas mãos,
A faixa dos Anéis Vermelhos.
Pátio do navio, como aqui:
O ágil lanceiro
Atirou através do pintado Pátio do Navio
Como se fosse uma casca; certamente
Ele era um amargo guerreiro.
Freixo de Ullr, como Thjódólfr cantou:
As Rajadas de Neve do Navio do Freixo de Ullr
Enfurecem-se sobre o príncipe
Com abundância, acenam
Com terríveis espadas.
Lâmina da Sola de Hrungnir, como Bragi cantou:
Ouvirás, ó Hrafnketill,
Como devo louvar a Lâmina da Sola
Do Ladrão de Thrúdr, manchada
Com habilidade, e louvar meu rei?
Bragi o escaldo cantou isto sobre o anel no escudo:
A menos que seja que o Renomado
Filho de Sigurdr queira um pagamento
De bom grado pelo centro do anel
Da ressoante roda de Hildr.
Ele chamou o escudo de Roda de Hildr, e o anel de Centro da Roda. Terra do
Círculo, como Hallvardr cantou:
O chefe dos postos de combate
Vê o vermelho brilhante Anel da Terra
Voar em duas partes; o branco disco
Quebra-se em pedaços.
Também é cantado:
Um anel convém melhor a um escudo,
Flechas convêm a um arco.
Uma espada é o Fogo de Odin, como Kormákr cantou:
A luta se enfurecia, quando o guerreiro,
Aquele que alimenta o Lobo, em tumulto
Avançou com a Chama de Odin;
Urdr se levantou do poço.
Fogo do Elmo, como Úlfr Uggason cantou:
A poderosa Dama
Da Montanha fez o Cavalo do Mar
Arrastar-se adiante, mas os Campeões
Do Fogo do Elmo de Odin abateram seu corcel.
Fogo da Cota de Malha, como Glúmr Geirason cantou:
O Protetor das Terras,
Que se defendeu contra guerreiros
Poderosos, fez que o cintilante Fogo
Da Cota de Malha sibilasse após isso.
Gelo do Anel, e Destruidor das Armaduras Protetoras, como Einnar cantou:
Recebi o Gelo do Anel,
Com o Orvalho dos Olhos de Freyja,
Do bondoso e correto príncipe;
Carregamos nas mãos o Destruidor de Elmos.
Um machado é chamado de Mulher Troll da Armas Protetoras, como Einarr
cantou:
Os cavaleiros do corcel do mar de Ræfill
Podem ver como, ricamente esculpidos,
Estão os dragões na fronte
Da troll da Protetora de Vidas.
Uma lança é chamada de Serpente, como Refr cantou:
Minha feroz e raivosa Serpente
Das marcações do Escudo,
Selvagemente joga em minhas mãos,
Onde homens se encontram para guerrear.

Flechas são chamadas de Granizo do Arco ou Corda do Arco, ou dos Abrigos,


ou da Batalha, como Einarr Skálaglamm cantou:
O Rei das Espadas, martelando, sacudiu,
Das velas de Hlökk o Granizo do Arco;
Bravamente os Aliados do Lobo
Protegeram sua vida na batalha.
E Hallfredr:
E a armadura da Chuva de Lanças,
Costurada com ferro, não salvou
Os guerreiros dos famintos corvos,
Do Granizo da Corda do Arco.
E Eyvindr Skáldaspillir:
Disseram, ó Defensor das Terras de Hörd,
Que teu espírito pouco vacilou,
Quando o Granizo da Armadura caiu ferido;
Retorcidas foram as Cordas dos Arcos.
Capítulo 62 – Sobre a Batalha dos Hjadnings
Batalha é chamada de Tempestade ou Chuva de Neve do Hjadnings, e as
armas são chamadas de Fogo ou Bastões dos Hjadnings; e esta é sua história.
Um rei que se chamava Högni tinha uma filha chamada Hildr. Ela foi
seqüestrada em uma invasão por um rei chamado Hedinn, filho de Hjarrandi,
enquanto o rei Högni participava de uma assembléia de reis. Mas quando soube
que tinha havido incursões em seu reino e sua filha tinham sido levada, ele partiu
com o seu exército em busca de Hedinn, e soube que ele havia navegado para o
norte ao longo da costa. Quando Högni chegou na Noruega, ele soube que
Hedinn havia navegado para o oeste pelo mar. Então Högni partiu atrás dele, até
mesmo para as Órcades; e quando ele desembarcou no lugar chamado Hoy,
Hedinn estava lá com seu exército.
Então Hildr foi ao encontro de seu pai, e ofereceu-lhe um colar em nome de
Hedinn, de reconciliação e paz; mas se não fosse aceito, ela disse, Hedinn estava
pronto para lutar, e Högni não devia esperar nenhuma misericórdia de sua parte.
Högni respondeu sua filha severamente; e quando ela voltou para Hedinn, ela
disse-lhe que Högni não desejava reconciliação, e ela pediu-lhe para se preparar
para a batalha. Assim fizeram ambas as partes: eles foram para a ilha e
ordenaram suas tropas.
Então Hedinn chamou Högni, seu sogro, oferecendo-lhe reconciliação e
muito ouro em compensação. Mas Högni respondeu:
“Tarde demais você oferece para fazer as pazes comigo, pois agora eu saquei
a espada Dainsleif, que foi forjada pelos anões, e deve ser a morte de um homem
sempre que ela é desembainhada; seus golpes nunca erram o alvo, e as feridas
feitas por ela nunca cicatrizam.”
Então disse Hedinn:
“Você possui a espada, mas não a vitória. Chamo qualquer espada de boa
contanto que seja fiel ao seu mestre.”
Então eles começaram a famosa luta que é chamada de Batalha dos
Hjadnings, e eles lutaram durante todo aquele dia, mas à noite, os reis foram
para os seus navios. Então Hildr foi até os guerreiros caídos, e com magia
despertou todos os que estavam mortos. No dia seguinte, os reis foram para o
campo de batalha e lutaram, e assim fizeram todos aqueles que haviam caído no
dia anterior. Assim, a luta continuou um dia após o outro: todos os que caíram, e
todas aquelas armas que jaziam no campo, e os escudos também, eram
transformados em pedra; mas quando o dia amanhecia, se levantavam todos os
homens mortos e lutavam, e todas as armas eram reformadas. É dito em canções
que os Hjadnings continuarão até o Ragnarök. Bragi o escaldo compôs versos
sobre esta história na Canção de Louvor de Ragnarr Lodbrók:
E a amada donzela
Do derramamento de sangue,
Pretendeu trazer, pelo amor à ira,
A Tempestade de Flechas ao seu pai;
Quando a dama com a espada,
Carregou o colar da guerra
Ao guerreiro dos Corcéis do Vento.
A sangrenta Curadora de Feridas,
Ao glorioso monarca ofereceu
O colar não por medo
Do Encontro de Metais;
Ela sempre aparentou ser
Contra a batalha, embora incitasse
Aos guerreiros a caminhar a estrada da morte
Com a terrível Irmã do Lobo.
O príncipe dos homens,
Não deixou a luta, para felicidade do Lobo,
Cessar, Nem a carnificina nas areias cessar;
De ódio mortal se encheu Högni,
Quando os incansáveis senhores das espadas,
Atacaram Hedinn com duras armas,
Ao invés de aceitar
O colar de Hildr.
E aquela maléfica Bruxa de Mulher,
Desperdiçando os frutos da vitória,
Tomou governança da ilha
Sobre o machado, a Ruína das Armaduras,
Todo o exército do rei
Avançou furioso sobre os escudos
De Odin, em marcha
Da Frota de Cavalos de Reifnir.
No belo escudo de Svölnir
Pode-se perceber o massacre;
Ragnarr me deu este Navio da Lua,
Com muitas histórias inscritas nele.
Capítulo 63 – A Batalha como Metáfora de Odin
Batalha é chamada de Tempestade de Odin, como está registrado acima;
assim cantou Viga-Glúmr:
Eu costumava ganhar terras para mim,
Como senhores de outrora, com as Vigas
Do Bastão da Tempestade de Vidrir;
Eu tinha uma reputação por isso.
Aqui batalha é chamada de Tempestade de Vidrir, e a espada é o Bastão de
Batalha; homens são Vigas da Espada. Aqui, então, ambas as batalha e armas
são usadas como metáforas para o homem. Ele é chamado de embutir, quando se
escreve assim. O escudo é a Terra das Armas, e as armas são Granizo ou Chuva
daquela terra, se alguém emprega figuras alegóricas.

A Caçada Selvagem, por Peter Nicolai Arbo (1872)[107]


Capítulo 64 – As Metáforas de Navios
Como deve ser o navio nomeado? Chame-o de Cavalo ou Cervo ou Sapato de
Neve do Rei do Mar, ou de Mastro, ou de Tempestade. Corcel das Ondas, como
Hornklofi cantou:
O feroz guerreiro
Do pálido Corcel das Ondas,
Quando ainda jovem, mandou as proas dos navios
Prensarem contra o mar na maré alta.
Corcel de Geitir, como Erringar-Steinn cantou:
Embora ao escaldo todas as pessoas
Contem sobre essa guerra ao sul;
Carreguemos o Corcel de Geitir
Com Pedras; com prazer navegamos.
Rena de Sveidi:
Ó valente na batalha Filho de Sveinn,
Vieres com a Rena de Sveidi,
Na trilha do Assento de Sölsi;
Os Cervos do Som deslizaram pelas costas.
Assim cantou Hallvardr. Aqui, o navio também é chamado de Cervos do
Som; e o mar é chamado de Assento de Sölsi. Assim cantou Thórdr Sjáreksson:
A veloz Borda do Corcel,
Ao redor de Sigg desviou ao norte,
Uma rajada empurrou
O Cavalo da Terra de Gylfi para o sul
De Aumar, a Trilha da Gaivota
Levou à costa Körmt e Agdir
Ao longo da popa; por Listi
O Corcel do Alho Poró passou.
Aqui, o navio é chamado de Borda do Corcel, e o mar é Terra de Gylfi; o mar
é também chamado de Trilha da Gaivota e o navio é seu Cavalo, e, ainda, Cavalo
do Alho Poró; Alho Poró é uma palavra para a árvore do mastro. E novamente,
como Markús cantou:
O sobrevivente do inverno da correnteza avançou
Bravamente as derivas das serpentes dos fiordes;
O Dente Ganancioso da Cabeça do Mastro
Saltou sobre o teto das baleias;
O Urso do Dilúvio seguiu
Sobre os antigos caminhos dos navios;
O Urso do Estoque, valente da chuva,
Quebrou os grilhões dos recifes.
Aqui, o navio é chamado de Sobrevivente da Correnteza. Um filhote de urso é
chamado de Sobrevivente; e um urso é chamado de Dente Ganancioso; o Urso
do Estoque é um navio. Um navio é também chamado de Rena, e assim
Hallvardr cantou, como já foi escrito antes; e Cervo, como o Rei Haraldr
Sigurdarson cantou:
Pela Sicília então amplamente
O casco cortou; éramos esplêndidos;
O Cervo do Mar deslizou rapidamente
Como esperávamos sob os homens.
E Alce, como Einarr cantou:
Um homem não pode ficar muito tempo com você,
Caro doador de anéis, ao menos
Que algo seja dado por ele;
Preparemos o Alce do Dilúvio.
E Lontra, como Máni cantou:
O que você, lento e velho de bochechas cinzas,
Pode fazer entre os guerreiros
Sobre a Lontra das Ondas do Mar?
Pois suas forças estão a desvanecer.
Lobo, como Refr cantou:
E o Distribuidor de Tesouros dava ouvidos
A Thorsteinn; verdadeiro meu coração é
Ao Senhor do Lobo das Ondas
No funesto conflito de Bastões da Ira.
E Boi também. O navio é chamado de Sapato de Neve, ou Vagão, ou
Carruagem. Assim cantou Eyjólfr o Dádaskáld:
No fim do dia, o jovem Earl,
No Sapato de Neve das Águas sem Terras,
Avançou com iguais forças
Para se encontrar com o destemido chefe.
Assim cantou Styrkárr Oddason:
O exército de Högni levou os Vagões
De Rolos sobre os montes de neve de Heiti,
Furiosamente perseguindo
O grande Doador de Brasas.
E como Thorbjörn cantou:
O Cargueiro da Carruagem das Cristas das Ondas
Estava na pia batismal,
O Distribuidor de Tesouros, a quem foi dado
A maior graça de Cristo.

Navio Viking da Antiguidade, por Anker Lund (1860)[108]


Capítulo 65 – As Metáforas de Cristo
Como se deve nomear Cristo? Assim, chamando-o Criador dos Céus e da
Terra, dos Anjos, e do Sol; Governador do Mundo e do Reino Celestial e de
Jerusalém e Jordânia e da Terra dos Gregos; Conselheiro dos Apóstolos e dos
Santos. Escaldos antigos escreveram sobre Ele em metáforas da Fonte de Urdr e
Roma; como Eilífr Gudrúnarson cantou:
Então o Poderoso Governante de Roma
Em suas terras rochosas confirmou
Seu poder; dizem que Ele se assenta
Ao Sul, na Fonte de Urdr.
Assim cantou Skapti Thóroddssen:
O Rei dos Monges é o maior
Em poder, por Deus a tudo governa;
O poder de Cristo criou todo o mundo,
E levantou o Salão de Roma.
Rei dos Céus, como Markús cantou:
O Rei da Casa dos Ventos criou
A Terra, o Céu e os povos fiéis;
Cristo, único Príncipe dos Mortais,
Tem poder sobre tudo o que vive.
Assim cantou Eilífr Kúlnasveinn:
A Tropa do radiante Telhado do Mundo
E a multidão dos homens se curva
Perante a Santa Cruz; o Rei do Sol
Somente é mais brilhante que toda outra verdadeira glória.
Filho de Maria, como Eilífr ainda cantou:
A pura Corte dos Céus se curva
Ao Filho de Maria, o Governante dos Homens
Realiza verdadeiros trabalhos gloriosos;
Ele é homem e Deus.
Rei dos Anjos, como Eilífr cantou novamente:
O nobre poder do Amigo de Deus
É melhor do que os homens podem imaginar;
Ainda assim o Clemente Rei dos Anjos
É mais santo e mais digno que tudo.
Rei da Jordânia, como Sigvatr cantou:
Quatro anjos o Rei da Jordânia
Mandou há muito tempo dos Céus
Para a Terra; e a chuva lavou
A santa cabeça do Senhor do Mundo.
Rei dos Gregos, como Arnórr cantou:
Eu faço orações pelas cinzas dos heróis
Para o Nobre Rei
Dos Gregos e homes de Gardar;
Assim eu pago o Príncipe por seus presentes.
Assim cantou Eilífr Kúlnasveinn:
A Glória dos Céus louva o Príncipe
Dos homens; Ele é o Rei de todas as coisas.
Aqui, ele chama Cristo, em primeiro lugar, o Rei dos Homens, e mais uma
vez, o Rei de Tudo. Einarr Skúlason cantou:
Aquele que abraça, Brilhante na Misericórdia,
Todo o mundo, e cuida gentilmente
De todos, fez que o Reino dos Céus
Se abrisse para o Valoroso Governante.
Capítulo 66 – As Metáforas dos Reis e Suas Distinções
Aqui as metáforas coincidem; e aquele que interpreta a linguagem da poesia
tem de distinguir a que rei se destina; pois é correto chamar o Imperador de
Constantinopla de Rei dos Gregos, e da mesma forma chamar o rei que reina
sobre a terra de Jerusalém de Rei de Jerusalém, e também chamar o Imperador
de Roma de Rei de Roma, e chamá-lo de Rei dos Anglos quem governa a
Inglaterra. Mas essa nomeação que foi citada agora pouco, que chama Cristo de
Rei dos Homens, esta metáfora pode ser aplicada a qualquer rei. É apropriado
nomear todos os reis, chamando-lhes de Governantes da Terra ou Defensores da
Terra, ou Conquistadores da Terra, ou Líder dos Subordinados, ou Defensores
do Povo. Assim cantou Eyvindr Skáldaspillir:
Týr das Cargas
Da vida foi privado
Pelos Governantes das Terras
Em Ögló.
E como Glúmr Geirason cantou:
O Príncipe sob o capacete
Avermelhou a espada
Sobre os Götas; lá o Defensor da Terra
Foi encontrado no Ruído das Lanças.
Como Thjódólfr cantou:
É meu desejo que o glorioso Líder
Dos Subordinados, de bom coração,
Deixe a seus filhos a herança
E sua terra natal.
Como Einarr cantou:
O valente em alma Defensor da Terra
Em sua dura cabeça carrega o elmo;
O bardo perante os heróis conta
A fala do Rei de Hordaland.
É certo também chamar um rei que tem reis tributários sob ele como Rei dos
Reis. Um imperador é o maior dos reis, e em seguida dele é o rei que reina sobre
uma nação; e cada um destes é igual ao outro nas metáforas feitas deles na
poesia. Em seguida a eles estão os homens que são chamados de Earls ou reis
tributários, e são iguais em metáforas com um rei, exceto que não se pode
denominá-los reis das nações. E assim cantou Arnórr Jarlaskáld a respeito de
Earl Thorfinnr:
Deixe que os homens ouçam como o Rei dos Earls,
De espírito aguçado, procurou o mar;
O avassalador governante
Falhou em contrariar o oceano.
A seguir a estes nas figuras da poesia estão esses homens que são chamados
senhores: pode-se nomeá-los como se poderia um rei ou um earl, chamando-os
de Dispensadores de Ouro, Munificente das Riquezas, Homens das Normas, e
Capitães do Exército, ou Líderes da Batalha. Uma vez que cada rei de uma
nação, que governa sobre muitas terras, nomeia reis tributários e earls na
autoridade conjunta com ele, para administrar as leis da terra e defendê-la de
ataques nas partes que jazem distantes do rei. E nessas regiões eles devem ser
iguais ao rei em dar julgamento e impor punição. E há muitos distritos em uma
terra; e é a prática de reis nomearem chefes de justiça sobre quantos distritos
quanto ele escolher para dar em suas mãos. Estes chefes de justiça são chamados
de Lordes ou Desembarcados na língua dinamarquesa, Greifar na Saxônia, e
Barões na Inglaterra. Eles também devem ser juízes justos e guerreiros fiéis
sobre a terra que lhes foi confiada para a governança. Se o rei não está perto,
então um estandarte deve ser carregado perante eles na batalha; e então eles são
comandantes do exército tão legítimos quanto reis ou earls.
Em seguida sob eles estão os homens que são chamados de heróis; são
aqueles que são proprietários livres de terras de honrada família, e possuidores
de plenos direitos. Pode-se nomeá-los, chamando-os de Mantenedores de
Riquezas, e Protetores, e Reconciliadores dos Homens; chefes também podem
ter esses títulos.
Reis e earls têm como seguidores os homens chamados Membros do Hird e
Huscarls; Desembarcados também têm em seu serviço aqueles que são
chamados Membros do Hird na Dinamarca e na Suécia, e Huscarls na Noruega,
e estes homens prestam juramentos de serviço para eles, assim como os
Membros do Hird fazem para os reis. Os Huscarls de reis eram freqüentemente
chamados Membros do Hird em tempos antigos. Assim cantou Thorvaldr
Blönduskáld:
Salve, Rei, ágil no ataque!
E seus bravos Huscarls contigo!
Em suas bocas, homens têm meus versos,
Feitos para uma canção de louvor.
Rei Haraldr Sigurdarson compôs esta:
O homem com completo poder
Espera preencher o assento do Rei;
Frequentemente encontro, aos calcanhares do Earl,
Multidões de huscarls crescendo.

Luta entre um Normando e um Huscarl, Tapeçaria de Bayeux (~1070)[109]


Membros do hird e huscarls podem ser nomeados chamando-os Tropa
Doméstica, ou Mercenários, ou Homens de Honra. Assim cantou Sigvatr:
Soube que os Mercenários do príncipe
Na água lutaram aquela batalha
Recentemente; não foi uma pequena
Chuva de Neve e de Escudos, eu te conto.
E, portanto, também:
Quando no Corcel de Cabos,
O Encontro de Aços estava acontecendo,
Não foi o mesmo quando uma dama levava
Hidromel do seu senhor para os Homens de Honra.
A taxa de serviço que os chefes dão é chamada de salários e presentes. Assim
cantou Óttarr o Moreno:
Eu preciso usar o Destruidor
Da Brasa da Batalha dos nobres;
Aqui está uma Tropa Doméstica
Do sábio rei reunida.
Earls e chefes e membros do hird são nomeados chamando-os Conselheiros
ou Bisbilhoteiros ou Companheiros de Assentos do Rei, como Hallfredr cantou:
O poderoso em batalha Conselheiro
Do Rei, cuja ousadia agrada,
Deixa a armadura em fúria de Högni,
Forjada por martelos, se chocar contra ele.
Como Snaebjörn cantou:
O Bisbilhoteiro do Rei deixa
O Corcel de Corrida de longas cordas e cascos,
Firme com o bico como uma espada de aço
Do navio contra uma forte onda.
Assim cantou Arnórr:
Meus jovens filhos suportam por minha causa
A grave tristeza pela morte
Do Earl, destruído pelo assassinato,
O Companheiro de Assento de nosso monarca.
Confidente do Rei, como Hallfredr cantou:
No concílio foi determinado
Que o Confidente do Rei, sábio em conselhos,
Deveria casar com a Terra, filha única
De Ónarr, verdemente arborizada.
Devem-se nomear os homens por seus parentes; como Kormákr cantou:
Deixe que o filho do verdadeiro amigo de Haraldr
Dê ouvidos e ouça-me;
Eu trago minha música, a bebida dos poemas
Dos Gigantes de Gelo de Sýr.
Ele chamou o Earl de amigo verdadeiro do Rei, e Hákon, Filho de Earl
Sigurdr. E Thjódólfr cantou assim a respeito de Haraldr:
O Pai de Ólafr
Aumenta a Tempestade de Járnsaxa,
De forma que cada dificuldade e ação
É digna de fama.
E ainda:
Jarizleifr podia ver
Por onde o rei passou;
O bravo e santo Irmão do Rei
Robustamente venceu em louvor.
E mais uma vez ele cantou:
Desprovido de fôlego
Aquele que ofuscou a todos;
Descendentes de chefes,
O Filho do Irmão de Haraldr.
Arnórr também cantou assim na Canção de Louvor de Rögnvaldr:
Os guerreiros parentes de Heiti
Criaram comigo parentesco por matrimônio;
O forte vínculo do Earl sobre o casamento
Trouxe honra para todos nós.
E mais uma vez, a respeito de Earl Thorfinnr, ele cantou:
Finas espadas morderam profundamente
Os parentes de Rögnvaldr, ao sul
Do Homem, onde correram poderosos exércitos
Para baixo do abrigo dos escudos.
E ele cantou ainda mais:
Ó Deus, proteja a gloriosa
Família do grande Turf-Einarr
Do mal; Eu oro, mostre misericórdia
A ele cujos fiéis chefes amam.
E Einarr Skálaglamm cantou:
A Casa dos Membros
De Hilditönn nunca faltará
Com audácia mais generosa;
É minha obrigação louvá-los.
Capítulo 67 – As Metáforas dos Nomes
Qual é a regra para a poesia sem metáforas? Chamando cada coisa pelo seu
próprio nome. Quais são os termos simples para a poesia? Ela é chamada de
Rima, Louvor, Canção, Enaltecimento, e Elogio. Bragi o Velho cantou isso,
quando ele estava viajando por uma floresta tarde da noite. Uma mulher troll o
saudou em verso, pedindo a quem passava:
“Trolls me chamam de
Lua da Morada de Rungnir,
Amiga em miséria,
Sol da tempestade do fardo,
Guardiã da terra circundada,
Devoradora da roda dos céus;
O que é um troll senão isso?”
Ele respondeu assim:
“Escaldos me chamam de
Ferreiro do pensamento de Vidurr,
Descobridor do tesouro de Gautr,
Bardo sem falhas,
Servente da cerveja de Yggr,
Autor de canções de Modi,
Habilidoso ferreiro da rima;
O que é um escaldo senão isso?”
E como Kormákr cantou:
Eu farei mais Louvores
Ao grande filho de Sigrodr;
Eu darei a ele a canção de expiação
Dos Deuses; Em sua carruagem Thor se senta.
E como Thórdr Kolbeinsson cantou:
O Escudo de Bordo deixou muitos ágeis navios
E cargueiros e rápidos
Navios de guerra deslizarem pelo mar;
A Canção de Enaltecimento do escaldo segue adiante.
Enaltecimento, como Úlfr Uggason cantou:
Lá o rio encontra o mar;
Mas antes o Enaltecimento eu canto
Do Mensageiro da Chuva de Espadas;
Assim, elevo o Elogio dos guerreiros.
Aqui a poesia é chamada de louvor também.
Capítulo 68 – Os Nomes dos Deuses
Como os deuses são chamados? Eles são chamados de Grilhões, como Eyjólfr
Dádaskáld cantou:
Eiríkr demarca as terras sob seus pés
Ao prazer dos Grilhões,
E organiza suas batalhas.
E Vínculos, como Thjódólfr de Hvin cantou:
O hábil Enganador dos Deuses
Provou aos Vínculos ser um partilhador
De ossos; o Encapuzado em Elmo
Viu que havia algo por trás.
Poderes, como Einarr Skálaglamm cantou:
Digo que os Grandes Poderes
Ampliaram o império de Hákon.
Jólnar, como Eyvindr cantou:
Nós preparamos
O Banquete de Jólnar,
A Canção de Louvor do Rei,
Forte como uma ponte de pedra.
Divindades, como Kormákr cantou:
O Doador de Terras, que ata
A vela ao topo com o laço de ouro
Honra aquele que serve o hidromel das Divindades;
Odin forja encantos em Rindr.
Capítulo 69 – Os Nomes dos Céus, Sol e Lua
Estes nomes dos Céus estão registrados, mas não encontramos todos esses
termos em poemas; e estes termos escáldicos, como os demais, não devem ser
usados na escrita escáldica, me parece, a menos que alguém encontre tais nomes
nas obras de Grandes Escaldos.
Céus: Hlýrnir, Heidthornir, Tempestade de Mimir, Andlang, Portador da Luz,
Borrifador, Mais Elevado Céu, Amplo Abraço, Inverno de Mimir, Relâmpago,
Destruidor, Largo Azul.
Sol: Disco, Fulgor Eterno, Todo Brilho, Visão, Bela de rodas, Raio
Medicinal, Brinquedo de Dvalinn, Feixe de Elfo, Disco Duvidoso, Luminária.
Lua: Cera, Diminuição, Contador de Anos, Mulinn, Fengari, Glamour,
Apressado, Crescente, Clarão.
Capítulo 70 – Os Nomes da Terra
Quais são os termos simples para a Terra? Ela é chamada de Terra, como
Thjódólfr cantou:
O duro Incitador de Chuvas de Pontas
Sempre causou Tempestades de Espadas,
Sob ele a ampla Terra
Com batalhas foi submetida.
Campo, como Óttarr cantou:
O Exército de Baldr guarda o Campo,
Poucos reis são tão poderosos;
Óleifr engorda a águia,
O mais imponente é o Rei dos Suecos.
Chão, como Hallvardr cantou:
O amplo Chão, circundado pela fria e venenosa Víbora
Encontra-se sujeita ao Guerreiro
Do empilhado ouro da Corrente da Ilha;
O Senhor da Espada dispensa o tesouro.
Superfície, como Einarr cantou:
Bravos heróis estão defendendo
A dura Superfície dos famosos príncipes
Com a espada; com frequência capacetes se partem
Ante a furiosa Tempestade de Gumes.
Terreno, como Thórdr Kolbeinsson cantou:
O Terreno, após a batalha,
Foi sujeita de Veiga ao norte
A Agdir ao sul, ou mais além;
Cuidadosa é a canção no conflito.
Território, como Óttarr cantou:
Tu, feroz Pilastra de Guerra, segurou
Dois reis, teus Territórios
Com a força de heróis, onde os corvos
Não passaram fome; belo coração tens.
Hlödyn, como Völu-Steinn cantou:
Eu me lembro como a obscura terra bocejou
Com a boca esculpida para o Triturador
Das Palavras de Ouro do gigante
Dos duros ossos do Verde Hlödyn.
País, como Úlfr Uggason cantou:
Mas o olhar forte da Corda que Circunda
A Terra olhou além da proa,
Para a Tramazeira do Povo
Do País, e jorrou veneno.
Fjörgyn, como se diz aqui:
Eu fui fiel ao Pagador livre
Do leito da correnteza da Serpente de Fjörgyn;
Que a honra seja bem guardada
Pelo Doador do fluxo de ouro do gigante.
Capítulo 71 – Os Nomes dos Lobos, Ursos e Cervos
É correto nomear sangue ou carniça em termos da besta que se chama Warg,
chamando-os de sua comida e bebida; não é correto expressá-las em termos de
outros animais. O Warg é também chamado de Lobo. Como Thjódólfr cantou:
Suficiente comida a Geri
Foi dada, quando o Filho de Sigurdr
Veio do Norte, dando-lhe feridas
Para atrair o Lobo.
Aqui ele é chamado de Geri também. Freki, como Egill cantou:
Freki feriu
Profundamente, quando esguichou
O vermelho sangue
Da cabeça do corvo.
Fera Bruxa, como Einarr cantou:
A Götha, gélida de veneno,
Com uma ferida cuspindo sangue foi avermelhada;
A quente bebida da Fera Bruxa, misturada
Com água, no mar derramava.
Loba, como Arnórr cantou:
A perversa família da Loba
Engoliu o cadáver, inchado de maldade,
Quando o mar verde foi transformado
Em vermelho, com sangue misturado.
Warg, como Illugi cantou:
Havia felicidade para o Warg
Quando meu senhor perseguiu os exércitos;
O Distribuidor de Riquezas com a espada
Perfurou a negra Serpente da Floresta.
Assim cantou Hallr:
Ele saciou a fome da Besta da Charneca,
O uivador grisalho se alimentou das feridas;
O rei avermelhou a boca de Fenrir,
O Lobo foi então beber da ferida.
E novamente, como Thórdr cantou:
Em sangue o cavalo de Gjálp caminhou,
A sombria tropa se satisfez
Com a carniça de Freki; o uivador
Desfrutou do sangue de Geri.
O urso é chamado de Caminhante da Floresta, Filhote, Sobrevivente do
Inverno, Pardo, Gato, Presa Voraz, Jovem, Rugidor, Jölfudr, Vísceras Afiadas,
Ursa, Caçador de Cavalos, Coçador, Ganancioso, Blómr, Atropelador.
O cervo é chamado de Caminhante da Charneca, Esgalhado, Chifrudo, Dáinn,
Dvalinn, Duneyrr, Durathrór.
Odin e Fenrir, por Dorothy Hardy (1909)[110]
Capítulo 72 – Os Nomes dos Cavalos
Estes são os nomes dos cavalos enumerados nas Rimas de Thorgrímr:
Hrafn e Sleipnir,
Os famosos cavalos;
Valr and Léttfeti;
Tjaldari também estava lá;
Gulltopr e Goti;
Eu ouvi menção de Sóti;
Mór e Lungr com Marr.
Vigg e Stúfr
Estavam com Skævadr;
Blakkr poderia muito bem carregar Thegn;
Silfrtoppr e Sinir;
Ouvi falarem de Fákr;
Gullfaxi e Jór com os Deuses estavam.
Havia um cavalo chamado Blódughófi
Que diziam que erguia
O poderoso Atridi;
Gísl e Falhófnir;
Glær e Skeidbrimir;
Menção, também, foi feita a Gyllir.
Estes também estão registrados no Kálfsvísa:
Dagr montava Drösull,
E Dvalinn montava Módnir;
Hjálmthér, Háfeti;
Haki montava Fákr;
O assassino de Beli
Montava Blódughófi,
E Skævadr era montado
Pelo governante dos Haddings.
Vésteinn montava Valr,
E Vifill montava Stúfr;
Meinthjófr montava Mór,
E Morginn em Vakr;
Áli montava Hrafn,
Eles cavalgaram para o gelo;
Porém outro, para o sul,
Sobre Adils,
Um cinza, vagou,
Ferido por uma lança.
Björn montava Blakkr,
E Bjárr montava Kertr;
Atli montava Glaumr,
E Adils em Slöngvir;
Högni em Hölvir,
E Haraldr em Fölkvír;
Gunnarr montava Goti,
E Sigurdr, Grani.
Arvakr e Alsvidr puxam o Sol, como foi descrito antes; Hrímfaxi ou
Fjörsvartnir puxam a noite; Skinfaxi e Gladr são os cavalos do dia.

Loki e Svadilfari, por Dorothy Hardy (1909)[111]


Capítulo 73 – Bois, Serpentes, Ovelhas e Porcos
Estes nomes de bois estão nas Rimas de Thorgrímr:
De todos os nomes de bois
Aprendi com precisão
Estes: Raudr e Hœfir,
Rekinn e Hýrr,
Himinhrjódr e Apli,
Arfr e Arfuni.
Estes são nomes de serpentes: Dragão, Fafnir, Jörmungandr, Víbora,
Nídhöggr, Cobra, Góinn, Móinn, Grafvitnir, Grábakr, Ófnir, Sváfnir, Mascarada.
Gado: vaca, bezerro, boi, novilho, filhote, bovino, touro.
Ovinos: Carneiro, anho, ovelha, cordeiro, borrego.
Suínos: vara, porca, javali, porco, grice.
Capítulo 74 – Os Nomes do Ar e dos Ventos
Quais são os nomes do ar e dos ventos? Ar é chamado de Ginnungagap e
Mundo Médio, Morada dos Pássaros, Morada dos Ventos. Os ventos são
chamados de Tempestade, Brisa, Vendaval, Tormenta, Rajada, Sopro. Assim é
dito em Alsvinnsmál:
Vento é chamado entre os homens,
E Viajante entre os deuses,
Relinchador os grandes poderes o nomeiam;
Uivador pelos gigantes,
E Berrador como os elfos o chamam;
Em Hel é chamado de Espírito do Mal.
Os Ventos também são chamados de Assopro.
Capítulo 75 – Os Nomes dos Corvos e das Águias
Duas são as aves que não há necessidade de nomear, exceto ao chamar de
sangue e cadáveres a sua bebida e carne: elas são o corvo e a águia. Todas as
outras aves machos podem ser nomeadas em metáforas de sangue ou de
cadáveres; e, em seguida, seus nomes são termos da águia ou do corvo. Como
Thjódólfr cantou:
O Príncipe com a Cevada da Águia
Alimenta a sangrenta galinha;
O Rei de Hörd traz a foice
De Odin para a colheita do sangue do Cisne;
O Cuidador do Abutre
Do mar dos cadáveres da Águia
Manda seus homens segurar cada força
Para defender ao sul com pontas de lanças.
Estes são nomes dos corvos: Corvo, Huginn, Muninn, Ousado de Humor,
Voador Antecipado, Contador de Anos, Marcador de Carnes. Assim cantou
Einarr Skálaglamm:
Com carne o Convocador de Exércitos
Satisfez os corvos das montanhas;
O corvo, quando lanças gritavam,
Com a presa da loba estava saciado.
Assim cantou Einarr Skúlason:
Aquele que farta a Gaivota do Ódio,
Nosso precioso senhor, poderia governar
A espada; o ofensivo corvo
Da comida de Hugiin se alimenta.
E, assim ele cantou mais:
Mas o coração do Rei se incha,
Seu espírito pulsando com a batalha,
Onde heróis se encolhem; o negro Muninn
Bebe sangue das feridas.
Como Viga-Glúmr cantou:
Quando estávamos na ilha
Da Dama com sua Joia Sangrenta,
Ansioso pela batalha, o Ousado de Humor
Recebeu a carne da ferida.
Como Skúli Thorsteinsson cantou:
Nunca na retaguarda de cem homens
A Poderosa Hlökk me veria,
Onde para o Voador Antecipado
Eu alimentei graves feridas.
A Águia Marinha é chamada de Águia, Velha, Cortadora de Tempestade,
Incitador, Planador, Abridora de Feridas, Esganiçante. Como Einarr cantou:
Com sangue os lábios ele avermelhou
Do corcel negro de Járnsaxa;
Com aço a carne da Águia Marinha foi servida,
A Águia cortou a isca do Lobo.
Como Óttarr cantou:
A Águia Marinha bebe dos cadáveres,
A Loba está saciada,
A Águia se alimenta,
Frequentemente o lobo avermelha seus dentes.
Como Thjódólfr cantou:
O Ladrão da Senhora
Voou rapidamente com tumulto
Aos Æsir para conhecê-los,
Na velha plumagem de Águia do Gigante.
E como está aqui:
Com habilidade vou ensaiar
Para a Cortadora de Tempestades meus versos.
E novamente como Skúli cantou:
Cedo e tarde com tristezas
Eu acordo, onde está saciado
O falcão com o oceano de sangue do Esganiçante;
Em seguida o bardo ouve boas notícias.

Odin e seus Corvos, por Ólafur Brynjúlfsson (1760)[112]


Capítulo 76 – Os Nomes do Mar
Quais são os nomes do Mar? Ele é chamado de Oceano, Ægir, Invernal,
Rugidor, Profundo, Caminho, Represa, Sal, Lago, Imensidão. Como Arnórr
cantou, e como temos escrito acima:
Que os homens ouçam como o Rei dos Earls,
De espírito forte, perseguiu o Mar;
O avassalador governante
Não cessou de se opor ao Oceano.
Aqui ele é chamado Mar e Oceano também. Lago, como Hornklofi cantou:
Quando o agressivo participante
Da estrada dos dentes das águas
Jogou a víbora
E o barco no meio do Lago.
No verso seguinte ele é chamado de Água também. Assim cantou Einarr:
A Água banha o navio,
Onde o mar em cada lado bate,
E o brilhante vento agita a vela;
As ondas lavam os Corcéis dos Dilúvios.
Aqui também é chamado de Dilúvio. Assim cantou Refr, como foi dito antes:
A esposa do Invernal Gymir
Traz o Urso de Cabos Trançados
Muitas vezes para as largas mandíbulas de Ægir,
Onde as raivosas ondas se quebram.
Profundo, como Hallvadr cantou:
Você tinha o mastro do duro navio,
Para a faixa circundante das terras,
Apontada para o oeste do Profundo,
Guerreiro que agita a espada.
Caminho, como aqui:
Em nosso curso da terra viajamos,
No Caminho para o litoral da Finlândia;
Vejo do rastro do navio, ao leste,
As colinas com brilhos reluzentes.
Represa, como Egill cantou:
Naveguei sobre a Represa
Para o oeste; Eu carrego
O Coração do Mar de Odin;
Assim está comigo.
Oceano, como Einarr cantou:
Por muitos dias o frio Oceano
Lava as escuras tábuas do convés
Sob o gracioso Príncipe; tempestades de neve
Sulca o Cinturão dos Homens.
Sal, como Arnórr cantou:
O valoroso Rei arou o Sal
Do leste com cascos encrustados de gelo;
Tempestades lançaram o Doador
De Ouros em direção a Sigtún.
Imensidão, como Bölverkr cantou:
Você traz da bela Noruega
Uma frota na próxima temporada,
Com o barulho das Ondas no navio a Imensidão
Cortou, sobre o convés o mar entornou.
Aqui o mar é também chamado de Ondas. Vastidão, como Refr cantou:
Em seu peito o Corcel toma
O Lar das Tábuas, cortado pela proa,
E joga a Vastidão para
O duro lado; a madeira sofre.
O Obscuro, como Brennu-Njáll cantou:
Nós dezesseis forçamos, minha senhora,
Em quatro salas de remos, mas as ondas batiam;
O Obscuro se jogava sobre
O casco do navio sendo conduzido.
Estes são outros nomes para o mar, tais como são apropriados para usar ao
nomear navios ou ouro. Rán, é dito, era a esposa de Ægir, como está escrito
aqui:
Para o céu foram lançadas as Brasas do Profundo,
Com medo o mar se ergueu;
Parece-me que nossas proas cortaram as nuvens;
A Estrada de Rán chegou até a lua.
As filhas de Ægir e Rán são nove, e seus nomes já foram escritos:
Himinglæva, Dúfa, Blódughadda, Hefring, Udr, Hrönn, ou Onda, Bylgja, ou
Oscilação, Dröfn, ou Sinuosidade, Kolga. Einarr Skúlason registrou os nomes de
seis delas nesta estrofe, que foi dita acima:
Himinglæva severamente agita,
E ferozmente o rugido do mar...
Onda, como Valgardr cantou:
Espuma descansava no leito do Mar;
Inchado com o vento, o Profundo tocava,
E as ondas ficaram lavando
As terríveis cabeças dos navios de guerra.
Oscilação, como Óttarr o Moreno cantou:
Você cortou com o aplainado leme
As Oscilações úmidas e profundas; o largo lenço
Que garotas fiaram, no topo no mastro
Na Rena Deslizante se ostentava.
Sinuosidade, como Ormr cantou:
O falcão, atento à dama
Possui todas as virtudes; Lofn
Da chama de ouro das Sinuosidades, fiel
Como amigo, a todas as falhas renuncia.
Ondas que Carregam, como Thorleikr o Belo cantou:
O mar ruge, e as Ondas que Carregam
Trazem uma brilhante espuma sobre a madeira vermelha,
Onde boceja o Boi Deslizante,
Com a boca ornamentada de ouro.
Cardume, como Einarr cantou:
Os homens confiantes não notaram
Quando o feroz mar caiu sobre nossos amigos;
Acredito que o Cardume não se acalmou sobre
O navio, Madeira das Águas.
Transbordante, como Refr cantou:
Montanhas do Transbordante
Caem por sobre o Urso;
Então o sobrevivente do inverno,
Para o caminho no mar de Glammi.
Ameaçador, como aqui:
O Ameaçador se quebrou sobre mim;
O Vazio me convidou para sua casa;
Eu não aceitei a oferta do Mar.
Demolidor, como Óttarr cantou:
Em estouro as finas tábuas quebraram;
Trovejou o Demolidor abaixo; Com força
Manteve-se o vento, perdição da madeira;
Os homens suportaram violentas tempestades.
Baía, como Bragi cantou:
Aquele que envia ventos gélidos,
Que cortou no combate,
A Linha das Gaivotas do Mar,
Não queria levantar a Ameaça da Baía.
Som, como Einarr cantou:
Eu cortei através do Som
Ao sul de Hrund;
Minha mão ficou adornada em ouro
Quando o Príncipe encontrei.
Fiorde, como Einarr cantou:
Em seguida vejo uma serpente
Esculpida no esplêndido chifre de cerveja;
Deixe o Doador do Fogo do Fiorde
Notar como eu o pago.
Umidade, como Markus cantou:
De modo algum difamarei o Tagarela,
Senhor da terrível lâmina da espada,
Que desperdiça o Sol da Umidade;
Ele que faz mau uso da poesia.
Rán e as Garotas das Ondas, artista desconhecido (1831)[113]
Capítulo 77 – Os Nomes do Fogo
Quais são os nomes do fogo? Assim como está escrito aqui:
Não raramente o fogo queima
Os quais Magnús acendeu; o fiel
Governante queima habitações;
Casas jorram fumaça perante ele.
Chamas, como Valgardr cantou:
Chamas ferozes, com brasas incandescentes,
Atiraram-se rapidamente da fuligem,
Diretamente sobre as habitações vacilantes
Levantando-se em densas colunas de fumaça.
Pira, como aqui:
Haki foi queimado em uma Pira,
Onde o largo mar acordou agitado.
Carvão, como Grani cantou:
Acredito que o carvão diminuiu
Do Caminho de Glammi; então o rei se entusiasmou.
Brasa, como Atli cantou:
Com sangue o machado é avermelhado,
A Brasa cresce, queima muitas casas,
Salões se incandescem; a Joia
Se enfurece; bons homens caem.
Aqui o fogo também é chamado de Joia. Fumaça, como aqui:
Ainda em construção por Nid,
As habitações do poderoso governante queimaram;
Acredito que o fogo arrasou o salão;
Fumaça jogou fuligem nas pessoas.
Cinzas Ardentes, como Arnórr cantou:
O furioso agressor das Ilhas Dinamarquesas
Não suavizou seu tratamento ao povo de Romerike;
Cinzas ardentes os deixaram calmos;
As palavras ameaçadoras de Heinir se abafaram.
Sinal Luminoso, como Einarr cantou:
O Sinal foi logo aceso
E rapidamente fugiu
Todo o exército de Hísing;
A luta eles perderam.
Labareda, como Valgardr cantou:
A Labareda do robusto rei voou
Sobre o baluarte do castelo;
Os vikings destruíram sombriamente;
Mágoa afligia as damas.
Incêndio, como Haldórr cantou:
Lá você foi capaz de partilhar seus tesouros,
Enquanto os exércitos do Incêndio dos Escudos,
Gritaram ferozmente; nunca
Você foi destituído da vitória.
Capítulo 78 – Os Nomes do Tempo
Estes são nomes do tempo: Ciclo, Dias de Outrora, Geração, Há Muito
Tempo, Ano, Estação, Inverno, Verão, Primavera, Outono, Mês, Semana, Dia,
Noite, Manhã, Véspera, Crepúsculo, Cedo, Logo, Tarde, A Tempo, Anteontem,
Seguinte, Ontem, Amanhã, Hora, Momento. Estes são mais nomes da Noite em
Alsvinnsmál:
Noite é chamada entre os homens,
E em Hel, Tempo de Névoa;
Encapuzado é como os deuses a conhecem;
Livre de Sofrimentos entre os gigantes,
E os elfos chamam de Sono da Alegria;
Os anos chamam de Narrador dos Sonhos.
É outono do equinócio até o momento em que o sol se põe três horas e meia
depois do meio-dia; em seguida, o inverno dura até o equinócio; e então é
primavera até os dias móveis; em seguida é verão até o equinócio. No mês
seguinte, antes do inverno é chamado de Mês da Colheita; o primeiro no inverno
é o Mês do Abate do Gado; depois Mês Congelante, então Mês das Chuvas, em
seguida o Mês da Atenuação do Inverno, depois Gói; depois Mês Único, então
Mês dos Cucos e Tempo de Plantio, então o Tempo dos Ovos e Tempo de
Desmama dos Cordeiros; em seguida, vêm Mês do Sol e Mês do Pasto, depois
Temporada da Ceifa do Feno; e então Mês da Colheita.
Capítulo 79 – Os Nomes dos Reis
Quais são os termos simples para os homens? Cada um, em si mesmo, é
simplesmente homem. O primeiro e maior nome pelo qual o homem é chamado
é de Imperador; próximo a isso, Rei; o próximo do mesmo, Earl: estes três
homens possuem em comum todas as seguintes descrições: Todo-Poderoso,
como esta canção mostra:
Eu conheço todos os Todo-Poderosos,
Leste e Sul, sobre os assentos dos navios,
O filho de Sveinn é sem dúvida melhor
Do que qualquer outro Príncipe de Guerra.
Aqui, ele é chamado de Príncipe da Guerra também; por essa razão ele é
chamado de Todo-Poderoso, pois ele é o único governante de todo o seu reino.
Marechal, como Gizurr cantou:
O Marechal alimenta
O lobo e o corvo em batalha;
Óláfr alegra, nas chuvas de espadas de Skögul
Das batalhas, os gansos de Odin.
Um rei é chamado Marechal porque ele divide seu exército de guerra em
companhias. Líder, como Óttarr o Moreno cantou:
O Líder toma
A Esposa sem amor de Odin,
A terra sem dono;
Sua vida é a de um guerreiro.
Senhor ou Senhorio, como Arnórr cantou:
O Senhor de Hjaltland, o maior
Dos Heróis, conquistou a vitória
Em cada estrondoso choque de espadas;
O bardo irá exaltar sua glória.
Um conde é chamado de Duque, e um rei também pode ser referido assim,
uma vez que ele lidera seu exército para a batalha. Assim cantou Thjódólfr:
E aquele que abateu Duques,
Arrancou os olhos de prisioneiros,
Ele que acelera os sacrifícios;
Na canção eu recito seus louvores.
Sinjór ou Senjór, como Sigvatr cantou:
Ó gracioso Sinjór da Noruega,
Conceda aos miseráveis, como aos felizes,
Poder desfrutar de suas sábias leis;
Dê muito, mantenha sua palavra!
Generoso, como Markús cantou:
O Generoso Príncipe trouxe a destruição do fogo
Às pessoas cruéis; aos piratas
Morte estava predestinada; Supressor de ladrões,
Ao sul de Jóm a maior chama foi acesa!
Ilustre, como Hallvardr cantou:
Não há alguém tão Ilustre como você
Sob o Galho da Terra
Que chega perto do Senhor dos Monges;
O Doador Generoso protege os Dinamarqueses.
Diretor da terra, como Thjódólfr cantou:
O sincero Diretor de Terras espalha
A reluzente cevada de Kraki,
Como foi escrito antes; ele é chamado assim porque ele dirige o seu exército
sobre as terras de outros reis, ou dirige um exército fora de sua própria terra.
Capítulo 80 – Sobre Hálfdan o Velho e os Descendentes do Rei
Havia um rei chamado Hálfdan o Velho, que era o mais famoso de todos os
reis. Ele fez um grande banquete sacrificial no meio do inverno, e sacrificou para
esse fim que pudesse viver trezentos anos em seu reino; mas ele recebeu essas
respostas: ele não viveria mais do que a vida de um homem, mas por trezentos
anos não haveria nenhuma mulher e nenhum homem em sua linhagem que não
fosse de grande renome. Ele foi um grande guerreiro, e fez incursões por todas
as regiões orientais.
Lá, ele matou em um único combate o rei que era chamado Sigtryggr. Então
tomou em casamento a mulher chamada Alvig, a Sábia, filha do rei Eymundr de
Hólmgardr. Eles tiveram dezoito filhos, nove nasceram em um parto. Estes são
os seus nomes: o primeiro, Thengill, que foi chamado de Manna-Thengill; o
segundo, Ræsir; o terceiro, Gramr; o quarto, Gylfi; o quinto, Hilmir; o sexto,
Jöfurr; o sétimo, Tyggi; o oitavo, Skyli ou Skúli; o nono, Harri ou Herra. Estes
nove irmãos tornaram-se tão famosos na guerra que, em todos os registros desde
então, os seus nomes são usados como títulos de hierarquia, assim como o nome
do rei ou de um Earl. Eles não tiveram filhos, e todos caíram em batalha. Assim
cantou Óttarr o Moreno:
Em sua juventude, Thengill
Era rápido e vigoroso em batalha;
Eu oro para que sua linhagem dure;
Sobre todos os homens, eu o estimo.
Assim cantou Markús:
O Ræsir fez o Sol do Reno brilhar
Da caveira avermelhada nas Montanhas do Mar.
Assim cantou Egill:
O Gramr o capuz levantou
Das sobrancelhas cerradas de meu rosto.
Assim cantou Eyvindr:
Ele brincou com os filhos do povo
Quem ele tinha que defender;
Gylfi o alegre
Ficou sob seu capacete de ouro.
Assim cantou Glúmr Geirason:
Hilmir sob o capacete
Avermelhou a espada em Godos.
Assim cantou Óttarr o Moreno:
Que o Jöfurr ouça o começo
De sua rima; todos os elogios ao rei
Devem ser mantidos, e que devidamente
Ele note as formas de meu louvor.
Como Stúfr cantou:
O ardente em glória Tyggi
Com as duas mãos derrubou
O grupo de guerreiros ao sul de Niz;
A tropa se alegrou sob seus escudos.
Assim cantou Hallfredr:
De Skyli estou separado;
Esta era de espadas causou isso;
Eu espero que o senhor dos homens retorne;
Para muitos essa é uma das maiores desilusões.
Assim cantou Markús:
Eu ofereço ao falcão Dinamarquês Harri,
Ouça ao meu trabalhado e astuto louvor.
Halfdán e sua esposa tiveram nove outros filhos também; estes foram Hildir,
de quem os Hildings são oriundos; Nefir, de quem os Niflungs nasceram; Audi,
de quem os Ödlungs vieram; Yngvi, de quem os Ynglings são descendentes;
Dagr, de quem vêm os Döglings; Bragi, de quem os Bragnings surgiram, que é a
raça de Halfdán o Generoso; Budli, de quem os Budlungs vieram, da casa dos
Budlungs Atli e Brynhildr descenderam; o oitavo era Lofdi, que foi um grande
rei da guerra, a tropa que foi chamada Lofdar o seguiu; seus parentes são
chamados Lofdungs, de onde nasceram Eylimi, pai da mãe de Sigurðr
Fáfnisbani; o nono, Sigarr, onde vem a Siklings, que é a casa de Siggeirr, que era
genro de Völsungr, e a casa de Sigarr, que enforcou Hagbardr. Da raça dos
Hildings nasceu Haraldr o de barba ruiva, pai da mãe de Halfdán o Moreno. Da
casa do Niflung nasceu Gjúki; da casa de Ödlings, Kjárr; da casa do Ylfings foi
Eiríkr o Sábio no Discurso. Estas também são casas reais ilustres: de Yngvi, os
Ynglings são descendentes; de Skjöldr na Dinamarca, os Skjöldungs são
oriundos; de Völsungr na terra dos Francos, aqueles que são chamados de
Volsungos. Um rei da guerra se chamava Skelfir; e sua casa é chamada casa dos
Skilfings, seus parentes estão na Região Leste. Estas casas que acabaram de
serem nomeadas têm sido usadas em poesia para títulos de hierarquias. Assim
como Einarr cantou:
Ouvi que os Hildings avançaram
Para se reunir na Assembleia de Lanças
Na Ilha Cinza; os largos escudos,
De tílias verdes, se partiram em dois.
Como Grant cantou:
O Dögling deu à cria da águia
Sangue dinamarquês para beber.
Como Gamli Gnævadarskáld cantou:
Não faz muito tempo, o jovem Ödling,
Com o convés do navio e lâmina da espada
Juntou-se a batalha, travando ferozmente
Entre pontos de fortes tempestades.
Como Jórunn cantou:
O Bragning mandou as armas
Serem tingidas do sangue dos povos vis;
As pessoas suportaram sua raiva;
Casas se curvaram diante das vermelhas brasas.
Assim cantou Einarr:
A lâmina do Budlung cortou,
Em dardos sangue foi manchado;
A Nuvem de Tempestade de Hildr
Foi partida em Whitby.
Assim cantou Arnorr:
O Descendente de Siklings acostumam
Os navios a ficarem longe;
Com sangue ele tinge os navios de guerra
Por dentro; esse é o proveito dos corvos.
Como Thjódólfr cantou:
Assim o corajoso Sikling terminou
Sua vida; em apuros estávamos;
O glorioso Lofdung esperou
Bravamente o fim da vida.
Os seguidores do rei Lofdi eram uma tropa conhecida como Lofdar. Como
Arnórr cantou:
Chefe, outro Skjöldung maior
Que você nunca nascerá sob a luz do sol.
Volsungo, como Thorkell Hamarskáld cantou:
Os descendentes dos Volsungos
Decidiram me enviar
Armas decoradas em ouro
Através das frias águas.
Yngling, como Óttarr o Moreno cantou:
Ao leste nenhum poderoso Yngling
Na terra caiu, até te capturarem;
Ele que sujeitou a si
As ilhas ao oeste.
Yngvi, esse também é o título de um rei, como Markús cantou:
Esta geração irá ouvir o louvor a Eiríkr;
Ninguém no mundo jamais conheceu um rei tão
Ilustre; você mantém, Yngvi,
O Trono dos Reis com longa reconhecida glória.
Skilfing, como Valgardr cantou:
O Skilfing manteve um grande exército
Ao sul nas terras amplas,
Onde os velozes navios estremeceram;
Sicília logo foi devastada.
Sínjór, como Sigvatr cantou:
Ó gracioso Sínjór da Noruega,
Deixe que os pobres desfrutem, doe muito.
Capítulo 81 – Os Nomes dos Homens
Escaldos são chamados de bardos; e na poesia, é correto chamar qualquer
homem assim, se desejado. Aqueles homens que serviram o rei Hálfr eram
chamados Rekkar, e de seus nomes os guerreiros são chamados de Rekkar; e é
correto chamar todos os homens assim. Na poesia homens são também
chamados Lofdar, como está escrito acima. Aqueles homens que serviam o rei
chamado Skati o Generoso eram chamados Skatnar; de seu nome todo aquele
que é generoso é chamado Skati. Aqueles que seguiram Bragi o Velho eram
chamados Bragnar. Aqueles que avaliam as transações dos homens são
chamados Virdar. De Fyrdar e Firar são chamados aqueles que defendem a terra.
Vikings e marinheiros formam um exército naval. Aqueles que seguiram o Rei
Beimuni eram chamados Beimar. Capitães de companhias são chamados de
Gumar, assim como o nome do noivo em uma festa nupcial. Os Godos são
nomeados em homenagem ao rei que se chamava Goti, de quem Gotland é
nomeado; ele foi chamado em homenagem ao nome de Odin, derivado do nome
Gautr para Gautland ou Gotland que foi nomeado em homenagem ao nome de
Odin, e a Suécia vem do nome de Svidurr, que é igualmente um título de Odin.
Naquela época todo o continente que ele possuía era chamado Reidgotaland, e
todas as ilhas, Eygotaland; que agora é chamada de Reino dos Dinamarqueses ou
dos Suecos.
Os jovens que não são chefes de família são chamados de Drengs, enquanto
eles estão adquirindo riqueza e glória. Fardrengs são os que viajam de terra em
terra; Drengs do Rei são os que servem os governantes; também são Drengs
aqueles que servem os homens ou ricos proprietários de terras. Homens valentes
e ambiciosos são chamados de Drengs. Guerreiros também são chamados de
Campeões e tropas; estes são soldados. Proprietários de terras livres são
chamados de Condes e Holdar; aqueles homens que trazem resolução sobre
disputas são chamados de Lionar. Há homens que são conhecidos como
Campeões, Paladinos, Homens de Guerra, Bravos, Valentes, Durões,
Dominadores, Heróis. Contra estes estão os seguintes termos: Mole, Fraco, Sem
Fermento, Insípido, Derretido, Medroso, Covarde, Espreitador, Fracote, Odioso,
Degenerado, Patife, Vil, Cão, Vadio, Vagabundo, Reles, Imbecil, Inútil, Filho da
Miséria.
Um homem generoso é chamado de Munificente, Ilustre, Skati, Poderoso
Skati, Skati de Ouro, Príncipe dos Homens, Abastado, Próspero, Bolsa de
Dinheiro, Rico, Nobre. Em contraste a estes são os que são chamados de
Mesquinho, Avarento, Sovina, Miserável, Escondedor de Riquezas, Atrasa
Presentes. Um homem sábio em conselhos é chamado de Portador de Conselhos.
Um homem estúpido é chamado de Palhaço, Pateta, Ganso, Enganador, Rude,
Idiota, Palerma, Tolo, Louco, Maníaco, Enfeitiçado. Uma pessoa que se
preocupa muito com vestimentas é chamada de Exibido, Dreng, Peralta,
Cuidadoso com o Traje, Galante. Depois, há o que é chamado de Pele de
Tubarão, Fanfarrão, Magrelo, Lenhador, Brigão, Bom para Nada, Inútil.
O povo de um país é chamado de as pessoas ou a comunidade. Um escravo é
chamado de Cativo, Servo, Trabalhador, Servente.
Capítulo 82 – Os Nomes da Multidão
Cada um individualmente é chamado de Homem;
É uma Dupla se forem dois;
Três é um Bando;
Quatro é um Grupo;
Uma Banda são cinco homens;
Se houver seis, é um Esquadrão;
Sete completam uma Equipe;
Oito homens fazem um Painel;
Nove são Companheiros;
Dez é uma Gangue;
Onze formam uma Embaixada;
É uma Dúzia se doze andarem juntos;
Treze é uma Multidão;
Quatorze é uma Expedição;
É uma Reunião quando quinze se encontram;
Dezesseis fazem uma Guarnição;
Dezessete é uma Congregação;
Aquele que encontra dezoito tem inimigos o bastante;
Aquele que tem dezenove homens tem uma Companhia;
Vinte homens é uma Legião;
Trinta é um Esquadrão;
Quarenta, uma Comunidade;
Cinquenta é um Condado;
Sessenta é uma Assembleia;
Setenta é uma Tropa;
Oitenta é uma População;
Cem é um exército.
Capítulo 83 – Circunlóquios e Descrições Verdadeiras
Além destes, existem esses termos, que são postos no lugar dos nomes dos
homens; chamamos esses termos circunlóquios ou descrições verdadeiras ou
substituições. É um circunlóquio quando alguém nomeia uma coisa pelo seu
verdadeiro nome, e chama a pessoa que quer referir-se a seu possuidor; ou pai ou
avô daquele foi referenciado; Bisavô é um terceiro circunlóquio. Além disso, um
filho também é chamado de Herdeiro, Beneficiário, Pequeno, Criança, Garoto,
Sucessor. Um parente de sangue é chamado de Irmão, Gêmeo, Germano,
Consangüíneo. Um parente também é chamado de Sobrinho, Parentela,
Aparentado, Amigo, Relação, Familiar, Descendente, Estoque, Caule da Família,
Ramo da Família, Galho da Família, Ramificação, Prole, Posteridade, Linhagem.
Parentes por casamento são ainda chamados Afinidades, Misturadores de
Sangue. Um amigo é chamado de Companheiro de Conselho, Conselheiro,
Consultor, Confidente, Compadrio, Companheiro de Banco, Companheiro de
Navio, Companheiro de Assento. Companheiro de Banco também significa
Companheiro de Cais. Um inimigo é chamado de Adversário, Oponente,
Demônio, Atacante, Agressor, Matador, Opressor, Destruidor, Antagonista.
Estes termos chamamos circunlóquios; e assim também se um homem é
conhecido por sua morada ou por seu navio, que tem um nome próprio, ou por
sua propriedade, quando um nome próprio é dado a ele. A isso chamamos
descrições verdadeiras; chamar um homem de um Homem Sábio, Homem de
Pensamento, Sábio no Discurso, Sábio em conselho, Generoso na Riqueza,
Infatigável, Prudente, Ilustre; estas são as substituições.
Capítulo 84 – Os Nomes das Mulheres
Estes são termos simples para as mulheres na poesia: Esposa e Noiva e
Matrona são aquelas mulheres que são dadas a um marido. Aquelas que andam
em pompa e elegância são chamadas de Dama e Senhorita. Elas que são
espirituosas do discurso são chamadas de Mulheres de Sabedoria. Aquelas que
são gentis são chamadas de Meninas; elas que são arrogantes são chamadas de
Orgulhosas e Altivas. Aquela que é de espírito nobre é chamada de Fidalga;
aquela que é a mais rica, Senhora. Aquela que é tímida, como jovens são, ou
aquelas mulheres que são modestas, são chamadas de Moças. A mulher cujo
marido partiu da terra são chamadas de Donas de Casa.
Aquela mulher cujo marido foi morto é chamada de Viúva de Guerra; Viúva é
o termo para aquela cujo marido morreu de doença. Dama é usado, inicialmente,
para todas as mulheres, e depois Senhoras de Idade quando estiverem velhas.
Então há aqueles termos para as mulheres que são caluniosas: pode-se encontrá-
los em canções, embora exemplos não estejam copiados aqui. As mulheres que
têm um marido em comum são chamadas de concubinas. A esposa de um filho é
chamada Nora; a mãe do marido é chamada de Sogra. Uma mulher também pode
ser chamada de Mãe, Avó, Bisavó; uma mãe é também chamada de Parideira.
Mulher é ainda chamada de Filha, Cria e Criança. Ela também é chamada de
Irmã, Senhora e Dama. Mulher também é chamada de Companheira de Cama,
Fofoqueira e Confidente de seu Marido; e isso é uma circunlocução.

Funeral Viking, por Frank Dicksee (1893)[114]


Capítulo 85 – As Partes da Cabeça
Em um homem há o que é chamado de cabeça; isso deve ser nomeado
chamando-a de Labuta ou Fardo do Pescoço; Terra do capacete, do Capuz e do
Cérebro, dos Cabelos e Sobrancelhas, do Couro Cabeludo, das Orelhas, Olhos e
Boca; Espada de Heimdallr, e é correto denominar qualquer termo para espada
que se deseja; e nomeá-lo em termos de cada um dos nomes de Heimdallr. A
Cabeça, em termos simples, é chamada de Caveira, Cérebro, Templo, Coroa. Os
olhos são chamados de Visão ou Relance, e Olhar, Mira; eles podem ser
nomeados ao chamá-los de Sol ou Lua, Escudos e Vidro ou Jóias ou Pedras das
Pálpebras, das Sobrancelhas, dos Cílios ou da Testa. As orelhas são chamadas de
Ouvintes ou Audição; deve-se nomeá-las chamando-as de Terra, ou quaisquer
termos de terra, ou de Boca, ou Canal, ou Visão, ou Olhos da Audição, se a
alegoria está sendo usada. A boca, deve-se nomeá-la chamando-a de Terreno ou
Casa da Língua ou dos Dentes, de Palavras ou do Paladar, dos Lábios, ou
semelhantes; e se as metáforas usadas não forem tradicionais, então os homens
podem chamar a boca de Navio, e os lábios as Pranchas, e a língua de Remo ou
Leme do Navio. Os dentes são às vezes chamados de Cascalho ou Rochas das
Palavras, da Boca, ou da Língua. A língua é muitas vezes chamada de Espada da
Fala ou da Boca. O cabelo que fica nos lábios é chamado de Barba, Bigode, ou
Cavanhaque. Cabelo é chamado de Cacho; o cabelo das mulheres é chamado de
Tranças. O cabelo é denominado Mechas. Pode-se nomear o cabelo chamando-o
de Floresta, ou por algum nome de árvore; pode-se nomeá-lo em termos do
crânio ou cérebro ou da cabeça; e a barba em termos do queixo ou bochechas ou
da garganta.
Capítulo 86 – Coração, Peito e Sentimentos
O coração é chamado de Feixe de Grãos; deve-se nomeá-lo denominando-o
como Grãos, Pedra ou Maçã ou Noz ou Bola, ou similar, em termos de peito ou
de sentimentos. Mais ainda, ele pode ser chamado de Casa ou Terra ou Monte de
Sentimentos. Deve-se nomear o peito chamando-o de Casa ou Invólucro ou
Navio do Coração, da Respiração, ou do Fígado; Terra de Energia, de
sentimento e de memória. O Sentimento é chamado de Afeto e Emoção, Amor,
Paixão, Desejo, Prazer. Paixão deve ser nomeada chamando-a de Vento das
Mulheres Troll; também é normal para esse propósito usar o nome de qualquer
uma que se desejar, e também citar o nome de gigantes, nomeando gigantas
como Mulher ou Mãe ou Filha dos Gigantes. Sentimento é também chamado de
Estado de Espírito, Gosto, Vontade, Coragem, Atividade, Memória,
Compreensão, Paciência, Humor, Boa-Fé. É também Ira, Inimizade, Malícia,
Ferocidade, Maldade, Sofrimento, Tristeza, Má Vontade, Despeito, Falsidade,
Incredulidade, Inconstância, Leviandade, Baixeza, Hostilidade, Violência.
Capítulo 87 – Mãos e Pés
A mão e o antebraço podem ser chamados de Mão, Braço, Pata, Palma. Partes
do braço são chamados de Cotovelo, Braço, Junta do Lobo, Dedo, Punho, Pulso,
Unha, Ponta do Dedo, Lado da Mão. Pode-se chamar a mão de Terra das Armas
ou de Armadura Defensiva; e em conjunto com o ombro e o braço, a cavidade da
mão e do pulso, pode ser chamado de Terra de Anéis de Ouro, de Falcão e de
Gavião, e de todos os seus equivalentes; e em metáforas recentes, Perna da
Articulação do Ombro, e a Força do Arco. As pernas podem ser chamadas de
Árvore das Solas, do Peito do Pé, dos Tornozelos, ou semelhantes; Eixo
Corrente da Estrada ou do Caminho ou do Ritmo; se pode chamar a perna de
Árvore ou Poste de todos estes. As pernas são nomeadas em metáforas de
sapatos de neve, sapatos e calças. As partes das pernas são chamadas de Coxa,
Joelho, Panturrilha, Canela, Tarso, Peito do Pé, Arco, Sola, Dedão. Pode-se
nomear a perna em termos de tudo isso, chamando-a de Árvore, Mastro, e
Quintal do mesmo; e em metáforas de todos eles.
Capítulo 88 – Fala e Compreensão
Fala é chamada de Palavras, Linguagem, Eloquência, Conversa, Conto,
Discussão, Polêmica, Música, Soletrar, Recitar, Conversa Fiada, Tagarelice,
Barulho, Papo, Berro, Ruído Alegre, Disputas, Zombaria, Brigas, Balbuciar,
Ostentar, Mexericos, Tolice, Idioma, Vaidade, Disparates. É também
denominado de Voz, Som, Ressonância, Articulação, Lamento, Chiado, Clamor,
Uivo, Alarme, Rugido, Rangido, Baque, Abate, Desabafo. Compreensão é
chamada de Sabedoria, Conselho, Discernimento, Memória, Especulação,
Inteligência, Aritmética, Profecia, Ofício, Sagacidade nas Palavras,
Preeminência. Ela é chamada de Sutileza, Astúcia, Falsidade, Inconstância.
Capítulo 89 – Expressões Ambíguas e Trocadilhos
Læti significa duas coisas: ruído é chamado de Læti, disposição é chamado
Læti e ædi também significa fúria. Reidi também tem duplo significado: reidi é o
mau humor de um homem, e reidi é também o mastro de um navio ou a rédea de
um cavalo. Fár também tem duplo sentido: fár significa ira, e fár significa um
navio. Os homens têm feito uso frequente de expressões ambíguas como estas; e
esta prática é chamada de trocadilhos. Lid é a parte de um homem onde os ossos
se encontram; lid também é uma palavra para navio; lid também pode significar
pessoas; ou quando um homem presta a outro algum tipo de assistência, sua
ajuda é lid; lid também significa cerveja. Hlid significa o portão em um pátio;
homens chamam de hlid um boi, e hlid significa uma encosta. Pode-se fazer o
uso desses significados distintos na poesia para fazer um trocadilho que é difícil
de interpretar, desde que se empreguem outras distinções do que aquelas que são
indicadas pelos versos que a precedem. Da mesma forma, há também muitas
outras palavras, onde o mesmo se aplica a várias coisas.
Nafnaþulur – Conhecimento dos Nomes
Atli, Fródi,
Áli, Glammi,
Beiti, Áti,
E Beimuni,
Audmundr, Gudmundr,
Atall e Gestill,
Geitir, Gauti,
Gylfi, Sveidi.
Gæir, Eynefir,
Gaupi e Endill,
Skekkill, Ekkill,
Skefill e Sölvi,
Hálfr e Hemlir,
Hárekr e Gorr,
Hagbardr, Haki,
Hraudnir, Meiti.
Hjörólfr e Hraudungr,
Högni, Mýsingr,
Hundingr, Hvítingr,
Heiti, Mævill,
Hjálmarr, Míir,
Hæmir, Mævi,
Ródi, Rakni,
Rerr e Leifi.
Randver, Rökkvi,
Reifnir, Leifnir,
Næfill, Ræfill,
Nóri, Lyngvi,
Byrvill, Kilmundr,
Beimi, Jórekr,
Ásmundr, Thvinnill,
Yngvi, Teiti.
Virfill, Vinnill,
Vandill, Sölsi,
Gautrekr e Húnn,
Gjúki, Budli,
Hómarr, Hnefi,
Hörvi, Sörvi.
Não consigo ver mais
Reis dos mares.
Vou contar os nomes
Dos gigantes;
Ymir, Gangr e Mímir,
Idi e Thjazi,
Hrungnir, Hrímnir,
Hraudnir, Grímnir,
Hvedrungr, Hafli,
Hripstodr, Gymir.
Hradverkr, Hrökkvir,
E Hástigi,
Hræsvelgr, Herkir
E Hrímgrímnir,
Hymir e Hrímthurs,
Hvalr, Thrígeitir,
Thrymr, Thrúdgelmir,
Thistilbardi.
Geirrödr, Fyrnir,
Galarr, Thrívaldi,
Fjölverkr, Geitir,
Fleggr, Blapthvari,
Fornjótr, Sprettingr,
Fjalarr, Stígandi,
Somr e Svásudr,
Svárangr, Skrati.
Surtr e Stórverkr,
Sækarlsmúli,
Skærir, Skrýmir,
Skerkir, Salfangr,
Öskrudr e Svartr,
Öndudr, Stúmi,
Alsvartr, Aurnir,
Ámr e Skalli.
Köttr, Ösgrúi
E Alfarinn,
Vindsvalr, Víparr
E Vafthrúdnir,
Eldr e Aurgelmir,
Ægir, Rangbeinn,
Vindr, Vídblindi,
Vingnir, Leifi.
Beinvidr, Björgólfr
E Brandingi,
Dumbr, Bergelmir,
Dofri e Midjungr,
Nati, Sökmímir.
Agora foram todos recontados
Os repugnantes
Nomes dos gigantes.
Das Mulheres Troll eu
Direi os nomes.
Grídr e Gnissa,
Grýla, Brýja,
Glumra, Geitla,
Gríma e Bakrauf,
Guma, Gestilja,
Grottintanna.
Gjálp, Hyrrokkin,
Hengikefta,
Gneip e Gnepja,
Geysa, Hála,
Hörn e Hrúga,
Hardgreip, Forad,
Hryggda, Hvedra
E Hölgabrúdr.
Hrímgerdr, Hæra,
Herkja, Fála,
Imd, Járnsaxa,
Íma, Fjölvör,
Mörn, Ívidja,
Ámgerdr, Simul,
Sívör, Skríkja,
Sveipinfalda.
Öflugbarda
E Járnglumra,
Ímgerdr, Áma
E Járnvidja,
Margerdr, Atla,
Eisurfála,
Leikn, Munnharpa
E Myrkrida.
Leirvör, Ljóta
E Lodinfingra,
Kráka, Vardrún
E Kjallandi,
Vígglöd, Thurbörd;
Vamos citar
Finalmente Rýgi
E Rifingöflu.
Thor é chamado de Atli
E Ásabragr,
Ele é Ennilangr
E Eindridi,
Björn, Hlórridi
E Hardvéorr,
Vingthórr, Sönnungr,
Véodr e Rymr.
Thor, por Lorenz Frølich (1907)[115]
Os Filhos de Odin são:
Baldr e Meili,
Vídarr e Nepr,
Váli, Áli,
Thor e Hildólfr,
Hermódr, Sigi,
Skjöldr, Yngvi-Freyr
E Ítreksjód,
Heimdallr, Sæmingr,
Hödr e Bragi.
E aqui estão mais
Nomes de gigantes:
Eimgeitir, Verr,
Ímr, Hringvölnir,
Viddi, Vídgrípr,
Vandill, Gyllir,
Grímnir, Glaumarr,
Glámr, Sámendill.
Vörnir, Hardgreipr
E Vagnhöfdi,
Kyrmir, Suttungr
E Kaldgrani,
Jötunn, Ógladnir
E Aurgrímnir,
Gillingr, Gripnir,
Gusir, Ófóti.
Hlói, Ganglati
E Helreginn,
Hrossthjófr, Durnir,
Hundálfr, Baugi,
Hraudungr, Fenrir,
Hróarr e Midi.
Agora vou listar
Os nomes dos Æsir:
Há Yggr e Thor
E Yngvi-Freyr,
Vídarr e Baldr,
Váli e Heimdallr,
Existem Týr e Njördr,
E em seguida listo Bragi,
Hödr, Forseti,
O último aqui é Loki.
Agora todas as Ásynjur
Serão nomeadas:
Frigg e Freyja,
Fulla e Snotra,
Gerdr e Gefjon,
Gná, Lofn, Skasi,
Jörd e Idunn,
Ilmr, Bil, Njörun.
Hlín e Nanna,
Hnoss, Rindr e Sjöfn,
Sól e Sága,
Sigyn e Vör.
Há ainda Vár, e Syn
Precisa ser nomeada,
E Thrúdr e Rán
São enumeradas em seguida.

Loki e Sigyn, por Mårten Eskil Winge (1863)[116]


Freyja chorou
Ouro para Ódr;
Os nomes dela são
Hörn e Thrungva,
Sýr, Skjalf e Gefn,
E do mesmo modo Mardöll;
Suas filhas são
Hnoss e Gersimi.
E essas outras
São as Donzelas de Odin:
Hildr e Göndul,
Hlökk, Mist, Skögul,
Em seguida, são Hrund e Eir,
Hrist e Skuld listadas.
Aquelas que moldam a necessidade
São conhecidas como Nornas;
Irmã e Dama
Agora vou citar;
Fidalga, Noiva, Dama,
Dama orgulhosa, Faísca,
Mulher, Dama, Fêmea,
Feima, Viúva,
Dona de Casa, Esposa e Querida,
Esbelta Dama, Matrona,
Serva, Arrogante e Viúva de Guerra,
Solteira e Velha.
É hora de dizer
Os termos para os homens:
Poetas e Maridos,
Homens e Solteiros,
Garanhões, Fazendeiros,
Bravos, Machos,
Uma Companhia, Mestres
E Proprietários de Terras.
Heróis, Guerreiros,
Baluartes, Nobres,
Povo e Marinheiros,
Soldados, Titulares,
Companheiros de Viagem, Família,
Uma Banda, Durões,
Campeões e Valentes,
Lutadores, Companheiros.
População e Povo
E Patrões,
Tropas e Exércitos,
As Pessoas Comuns e as Hordas,
As Pessoas, Peraltas,
Leões e Viajantes,
Um Gentil, um Nobre,
Um Grande Homem, um Sábio.
Há o Homem Ilustre
E o Senhor que doa ouro,
Dono de Riquezas
E Exibidos,
Um Exército e uma Divisão
E Chefes,
A Nação e o Condado,
A Assembléia, a População.
Agora há a Multidão e o Público,
A Aldeia, as Pessoas Boas,
A Família e Servos,
A Corporação, Homens de Coragem,
Uma Tripulação e um Encontro,
Uma Guarnição, Peraltas,
Seres e Brionar.
E há ainda mais
Termos para pessoas,
O Guarda-Costas e Mercenários
E Huscarls,
Um exército pessoal e um casal,
Se eu listar todos eles,
Confidente e Amigo
E conselheiro.
Companheiros de Casa,
Funcionários,
Companheiro de Banco e Conhecido,
Colegas e Seguidores,
Existem Parceiros
E Parentes juntos,
Amigo, Amigo de Abraço,
Guarda do Rei, Heróis.
Bisavô e Parente,
Avô, Filho, Pai,
Irmão, Gêmeo,
Cosanguíneo e Cognato,
Bebê, Criança, Sobrinho
E Herdeiro,
Há Irmãos de Sangue
E ramos da árvore.
Descendência, Confrade,
Relação e Criança,
Cavalheiro e uma Linhagem,
Parente, uma Linha,
Jovem, Colega,
Sogro e Amigo Íntimo
Clã, Linhagem Familiar,
Dependente e Pretendente.
Amigos de Bebida
E Cunhados,
Progenitura é o próximo
E pilar da família,
Há Membro do Conselho
E Doador de Conselhos,
Serviçais, Servos,
Serventes, Operários,
Trabalhadores, Escravos
E Criados.
Estes são os termos para a batalha:
Barulho e Tumulto,
Repique, Abate de Lanças
E Lanças em Punho,
Discórdia e um Choque,
Violência de Escudos e Tumulto de Escudos,
A Corrida e o Ataque,
Vitória, a Campanha, uma Luta.
A Briga, Assassinato e Massacre,
Um Ataque, Hostilidade e Terror
Clamor, Choque, Guerra,
Ação e um Combate;
Há batalha
E a Decisão do Destino,
Tempestade e Belicosidade,
Movimento de Exércitos, um Trovão.
Vou contar
Os nomes para Espadas:
Lâmina e Hrotti,
Cortador, Dragvandil,
Gría, Gram, Gritador,
Estrondoso e Fim das Contas,
Foice e Polidor,
Honra, Raio de Luz.

Trapaceira, Cortador, Metal,


Skrýmir, Laufi,
Glória da Cerveja, Longa Barba
E Broca de Minhoca,
Mordedor de Pernas e Touro
E a Ruína de Leifnir,
Expositor da Guerra, Hneitir
E Hafrakan.
Lotti, Criador de Jorros,
Apunhalador, Punhal,
Arma de Mão, Cabo de Mão
E Visco,
Aço, Criador de Agonias e Atacante
E Meia Decoração,
Fetbreid, Portão de Chamas
E Extintor de Vidas.
Ondulado, Rosqueado,
Dor de Cadáver e Marca,
Homem, Lobo, Matador,
Brilho ao Vento e Tortura,
Freixo, Passeio da Tristeza,
Afiadas Bordas,
Farrapo e Dardo Hediondo,
Muro de Salões, Aperto.
Instigador, Afiado,
Quebrador de Crânios,
Cadáver de Gautr, Brilho do Exército
E Carne de Mímir,
Abridor de Ferida, Impostor,
Espancador, Polido,
Brilho, Lacerador,
Entalhador, Portão de Chamas.
Mimungr e Morte
E Testemunha da Fala,
Tesouro, Encerrado em Corpos,
Grua, Vara de Torcer,
Soldado, Mordedor da Pedra de Moinho,
Feixe de Luz, Dureza,
Testemunha, Subjugador,
Quebrador de Barreiras.
Escarnecedor, Criador de Pálidos,
Destituidor, Talhadeira,
Portador da Sorte, Skilfingr,
Polido, Rasgador,
Rupturador, Embranquecido,
Bæsingr, Tyrfingr,
Glutão e Decepador,
E Portador da Noite vai ser encontrado aqui.
Fogo e Mão Retumbante,
Longa Afiada e Chama,
Águia e Aterrorizante
E Naglfari,
Recuperadora, Mörnir,
Brisa e Diminuidor,
Incêndio e Longo Pescoço,
Tempestuoso, Profanador.
Lenhador, Pálido,
Fáfnir, Perfurador,
Batalhador, Fumegante,
Prole, Encurvador,
Vencedor, Polidor,
Engolidor, Cortador e Morto,
Goin, Convidado da Charneca,
Zombador, Trovejador, Nídhöggr.
Ponto, Faixa de Sangue
E Juntas de Feridas,
Entrelace de Sangue, Distorção de Sangue
E Sangrento Redemoinho,
Abertura de Sangue, Enganador
E Garra de Sangue,
Moldador Inquieto e Marca,
Tiras de Borda, Batalha.
Uivador, Lâmina
E Presente de Ölröd,
Marca, Borda de Batalha
E Alvo Perdido,
Margem e Cortador,
Sob Arrastador,
Fora da Lei, Presente de Kaldhamar,
Punho e Ombro Duro.
Espada e Clamor
E Unha Fiel,
Apertador, Maçaneta da Vitória,
Chefe e Espiga,
Cabo, Desbaste
E Perfurador do Corpo.
Machado, Chifre da Terra
E Lâmina de Ferro,
Abridor e Empurrador Lateral,
Cortador e Machadinha,
Extensão de Poder, Gnepja,
Ogra e Fála,
Cravado e Saliente,
Machado Farpado e Vígglöd,
Cutelo e Estendido,
Há o Chifre do Miserável,
Este é considerado o mais elevado
Dos nomes dos Machados.
Dardo, Lança e Ferrão,
Dof, Lança e Dardo,
Rápido, Croque e Fatigado,
Alabarda, Lâmina de Carniça,
Tiro de Lança, Eixo, Broca,
Míssil, Alabarda Irlandesa,
Gaflak, Solha,
Gungnir, Eixo de Poitier.
Flecha é também Akka,
Ponta, Tiro Branco,
Iminente e Queda de Granizo,
Vela, Tiro Que Assobia,
Penas, Fardo, Ferrolho,
Prego e Hremsa,
Vela de Utilidades e Perfurador,
Equipamento e Arma de Seta.
Fogo que Voa, Veloz Voador,
Haste de Grama e Lanceta,
Menção será feita para Localizador
E Forja de Gusi,
Forjas de Jólf existem,
Mas o maior é Thura.
Elmo, Arco,
Teixo e Madeira Dupla,
Curva, Brilho e Barulhento,
Honrado, Ruído Estridente;
Mas eu declaro que todas as
Armas juntas são chamadas de
Ferros, Flecha e Atacantes,
Aço e Lança.
Escudo, Salão Estreito,
Protetor, Capa de Salão,
Encurvador, Pantera
E Broquel,
Bastão de Mão, Targe,
Cavalo de Vento e Abrigo,
Largo Pálido, Esculpido,
Brilho da Batalha e Tília.
Retumbante, Raspador de Orvalho
E Abrigo de Joia,
Luz da Batalha, Pedregoso
E Abrigo da Batalha,
Resfriado e Tábua,
Profanado, Fronteira,
Pequeno Traseiro, Adunco,
Puro, Tábua Dupla,
Batalhador e Rugidor,
Eterno, Brilhando,
Anel, Belo Escuro,
Carregado, Protetor do Meio.
Direi os nomes
Para Capuz de Hroptr:
Capacete, Ouro Pálido,
Cobertura, Massacre de Geada,
Pedra de Geada, Oco
E Abrigo,
Protetor de Vida, Bem Visto
E Marrom Ansioso
Hildigöltr, Elmo,
Crista de Batalha e Quente,
Capuz, Assustador,
Brilhando, Cúpula.
Cota de Malha, Aquele que Chega, Tocador de Capacete,
Casaco e Perto,
Frio, Finnsleif,
Passagem para a Batalha, Maleável, Obstáculo
E Brinquedo de Sangue.
Mar, Sempre Deitado,
Sal, Ægir, Águas,
Umidade, Salgado, Águas Calmas,
Calmaria e Ondas,
Retumbante, Alto Mar, Principal,
Murmurador, Balanço e Lago,
Sucção, Arrebentação, Mesmo,
Turbilhão, Córrego e Fiorde.
Som, Entrada, Passagem Bela,
Longe de Sonoridade e Vasta Extensão,
Tormenta, Casa dos Peixes, Quebrador,
Obscuro, Inundação e Ressaca,
Inchado, Impressionante,
Gymir e Flor,
Estrondo e Inquieto,
Ondulação, Pântano, Sequestrador.
Rebentação, Esteira, Liga,
Pesqueiro, Baía de Maré e Banco de Pesca,
Água, Profundidade e Imersão,
Baía, Andorinha e Vala,
Tumulto, Canal, Buraco de Truta,
Córrego, Riacho e Córrego,
Canal, Fosso, Manancial,
Turbilhão, Torrente e Estuário.
Hefring, Rolo,
Branco e Cardumes
Hrönn, Rán, Kölga
E Himinglæva,
Dröfn, Udr e Inchador,
Dúfa, Bylgja,
Obstáculo de Cardumes e Ondas de Vento,
Blódughadda.
Gjöll, Glit, Gera,
Glód e Valskjálf,
Ván, a Víd, Vimur,
Ving e Ouse,
Síd, Sul, Freka,
Sækin, Einstika,
Elba, Rye, Oykill,
Ekin, Rennandi.
Tyne, Reno e Nith,
Thuil, Rimr, Ysja,
Don, Ógn, Dýna,
Dyn, Höllfara,
Órun e Brora,
Audskjálg, Ludd,
Mun, Merkrida,
Mein, Elba Saxônica.
Tiber, Durn, Dvina,
Thames, Vond e Costa,
Marne, Móda, Thrym,
Marne e Göta Älv,
Alne, Udr, Óllga
E Eufrates,
Ógn, Eidrennir
E Aberdeen.
Rögn, Hrönn e Raun,
Raumelfe, Hnipul,
Hnöpul, Hjálmunlá,
Humber, Dvina,
Vil, Vín, Vella,
Valin, Semd, Salin,
Dneipr, Drammen, Strauma,
Nissan, Mynt, Gnapa.
Gilling e Nilo,
Ganges, Tweed,
Luma, Vervada,
Loire e Gunnthró,
Idsvöl, Vegsvinn,
Yn, Thjódmuna,
Fjörm, Costa e Spey,
E Fimbulthul.
Nyt, Hrönn e Naud,
Nöt, Slídr e Hríd,
Körmt, Leiftr e Armet,
Os dois Kerlaugs,
Gömul, Sylgr e Inn
E Geirvimul,
Ylgr, Vöd e Flód,
O Jordão vem por último.
Salmão e Maruca
Pescada, Congro,
Truta do Mar, Salmão Milter,
Perca e Kelt,
Lagosta, Peixe-Lapa,
Milter, Linguado,
Cavala, Salmão Truta
E Lúcio.
Arenque, Escamudo, Raia,
Galeota, Truta Marrom e Cantarilho,
Bacalhau e Coregono,
Carpa, Linguado,
Fluke, Esturjão
E Escorpião do Mar,
Tubarão Cavala, Peixe-Gato
E Tubarão da Groenlândia.
Dragão do Mar, Alcaboz
E Camarão,
Lagosta, Linguado de Areia
E Peixe Agulha,
Escorpião do Mar, Pregado
E Caranguejo da Rocha,
Peixe Gato, Marisco,
Espadarte e Escamudo.
Abrótea, Escamudo Negro,
Bacalhau, Vartari,
Góbio, Lúcio,
Guela, Bacalhau Longo,
Enguia e Carpa,
Caranguejo, Peixe-Agulha,
Cação e Peixe-Lua,
Peixinho, Ouriço do Mar.
Baleia Macho, Baleote
E Dugongos,
Golfinho, Monstro do Mar
E Botos,
Baleia Corada, Filhote de Baleia Corada,
Cachalote, Morsa
E Baleia-Franca.
Baleia da Groenlândia, Baleia-Vaca,
Narval e Baleia-Piloto,
Jubarte, Baleia-Fin
E Baleia que Pula,
Baleia Ártica, Orca
E Baleia Boreal,
Baleia-Cavalo, Baleia-Bicuda,
Baleia-Minke e Grampus.
Agora vou expor
Os nomes para navios:
Arca, Remo de Garra,
Freixo, Sessrúmnir,
Navio de Guerra, Cúter, Barco
E Skídbladnir,
Embarcação, Naglfari,
Barco a Remo, Veleiro.
Cargueiro, Navio Mercante,
Arco-Frio e Rena,
Bac, Alça de Tolete Fixo
Proa Grisalha,
Cruzador, Barco e Lancha,
Brigue, Hringhorni,
Bote, Quilha, Canoa,
Leifnir, Baleeiro.
Anel, Gnód, Freki,
Ágil, Módrói,
Tolete-Amarrado, Bicudo
E Batedor do Fundo,
Coruja, Leve
E Askvitul,
Esquife, Barco Longo,
Velame, Transporte e Skálpr.
Navio mercante, Escarva, Navio-Junta,
Pesqueiro, Balsa,
Marreco, Ellidi,
Navio de Guerra e Barcaça,
Abeto, Corcel, Galeão,
Balsa, Barco Chato,
Casco, Barco e Prazer,
Viajante Freqüente e Frota.
Vela, Pranchas, Mastro,
Grampo, Leme,
Aperto, Emenda,
Rebitamento e Escota,
Estai, Roda, Cordas de Condução,
Eixo e Briol,
Galhardete e Para-Choque,
Banco, Popa e Cabo.
Anteparo de Proa, Mortalhas,
Rize e Escotas,
Espinhos, Árvore Mastro,
Costura, Suporte de Convés,
Mastro, Cesto da Gávea,
Cabo, Vergas,
Cata-Vento, Cauda de Cata-Vento
E Tampão.
Contraestai, Adriça
E Cana do Leme,
Casco, Proa, Quinta Prancha
E Arinque,
Briol, Boça, Polias
E Estais,
Forqueta, Inclinação, Martelo,
Corda de Ajuda e Valuma.
Verga, Troça, Recife,
Cavername e Cinta de Forqueta,
Molinete, Popa,
Varinha, Rolamentos,
Guincho, Davante,
Baluarte, Proa e Marcas de Popa,
Tragante, Lais de Guia,
Anteparas.
Proa, Joelho, Embarque,
Correia e Arcos,
Bordo de Quilha, Cunha do Mastro
E Resbordo,
Cabeços, Carlinga,
Punho da Escota e Bancadas,
Aparelho, Borda,
Cunho e Pranchas de Convés.
Gente, Adriças,
Sifão, Remos,
Cintas de Vela, Placas Rebitadas,
Ponte e Pinos,
Cinta de Areia, Patilhão
E Âncora,
Boia de Arinque, Balde
E Cesto da Gávea.
Terra, Paisagem, Gleba,
Marga e Hlödyn,
Húmus, Sif, Fjörgyn,
Chão, Fundamento e Orbe,
Campo, Jardim e Pífano,
Casa, País e Litoral,
Terra, Solo, Fronteira,
Território e Pântano.
Bosque, Cume e Montanha,
Encosta e Colina,
Monte, Charneca e Vale,
Outeiro e Ladeira,
Crosta, Pequeno Vale e Planície,
Vale e Península,
Molde, Grama, Abaulamento,
Pântano, Ravina e Areia.
Agora vou contar
Os termos para bois:
Árvak, Berrador
E Jörmunrekr,
Limpo, Freyr, Reginn,
Ferreiro, Perfurador da Ilha,
Vermelho e Conduzido
E Face Escura,
Lutador, Matador,
Vingnir, Condutor.
Himinhrjódr, gado
E Duro de Passagem,
Hæfir, Robusto,
Rugidor, Capado,
Hlidr, Stuf, Lit,
Hrídr, Projeto de Boi,
Arfr, Jörmuni
E poderoso Ferreiro.
Centelha, Apli,
Chifre Dourado,
Riquezas, Novilho, Touro Velho
E Arfuni,
Touro, Tempestuoso, Gritador,
Ruído e Membros,
Touro Garanhão, Boi,
Touros, Sujo de Lama.
Uma vaca é chamada de Novilha,
Vitelo e Faceira
E Audumla,
Ela é a primeira das vacas.
Cordeiro, Poderoso Chifre,
Chifre Delator,
Gumarr, Chifre Incandescente
E Chifre Brilhante,
Carneiro, Chifre Branco,
Hallinskídi,
Simples, Chifre Miserável
E Heimdali,
Ovelha, Mediano,
Carneiro, Marta e Kal.
Uma cabra é chamada de Grímnir
E Geirölnir,
Tanngnjóstr, Picador
E Tanngrisnir,
Vesgo e Bode,
Macho, Grímr é mencionado.
É também chamada de Heidrún,
Cabra e Anho,
Focinho de Carvão
E Filhote são os mesmos.
Urso, Pardo, Poderoso,
Ursa, Adversário de Alces
Dente Escuro, Lobo do Gelo
E de Amplo Trajeto,
Cabrestado, Ursinho,
Rugidor, Leopardo,
Áspero, Ganancioso, Ladrão,
Jórekr, Mösni,
Viajante da Floresta, Filhote de Urso,
Rosnador, Vetrlidi,
Dente Ganancioso, Traseiro Barulhento,
Encapuzado, Intestino Murcho.
Cervo, Dyrathrór,
Hlidr, Eikthyrnir,
Duneyrr, Dáinn,
Dvalarr, Caminhante da Charneca.
Porco, Brilho do Abate,
Mamada e Hrímnir,
Suíno, Javali,
Sæhrímnir, Porco Castrado,
Porco, Urso de Abate,
Cume, Caminhante da Sujeira,
Próspero, Guerreiro, Leitão,
Castrado, Vaningi.
Warg, Lobo, Geri,
Sentinela, Besta Cinza,
Hati, Hródvitnir
E Habitante da Charneca,
Freki e Morador da Floresta,
Fenrir, Leopardo,
Goti, Digno, Barulhento,
Uivador, Lutador,
Sombrio e Terrível
E de Faces Escuras.
E ainda mais os nomes
De Lobas são Wargin,
Ladradora e Cinzenta,
Vertigem.
Nove são os Céus
Nomeados ao alto.
Eu sei que o mais baixo,
É Vindbláinn,
É Heidthyrnir
E Hregg-Mímir,
O segundo é chamado
Céu de Andlangr,
Isso você pode entender,
O terceiro Vídbláinn,
Vídfedmi eu digo
Ser o quarto,
Hrjódr e Hlýrni
Eu acredito ser o sexto,
Gimir, Vetmímir;
Acho que agora há
Oito Céus
Enumerados,
Skattyrnir fica
Acima das nuvens,
Está além de
Todos os mundos.
Sol e Estrela do Dia,
Brilho, Belo Disco,
Relâmpago, Cobertura, Brinquedo,
Luz Medicinal, Disco,
Relâmpago, Disco Dúbio
E Portador da Luz,
Borrifador, Disco dos Elfos
E Brinquedo de Dvalin.
Sumário de Figuras

Todas as imagens podem ser baixadas gratuitamente aqui

· A Caçada Selvagem (1872), por Peter Nicolai Arbo (1831-1892), título


original Åsgårdsreien
· A Carruagem de Sól, por William Gersham Collingwood (1854-1932),
retirado do livro The Poetic or Elder Edda
· A Festa de Ægir (1861), por Constantin Hansen (1804-1880), título original
Ægirs Gæstebud
· A Morte de Baldr (1905), por Carl Emil Doepler (1824-1905), retirado do
livro Walhall: Die Götterwelt der Germanen
· A Paixão de Freyr (1908), por William Gersham Collingwood (1854-1932),
retirado do livro The Poetic or Elder Edda
· A Punição de Loki (1894), por James Doyle Pennrose (1862-1932), título
original The Punishment of Loki
· A Viagem de Thor à Morada de Geirrödr (1906), por Lorenz Frølich (1820-
1908), retirado do livro Teutonic Mythology Vol. III
· Após o Ragnarök (1905), por Carl Emil Doepler (1824-1905), retirado do
livro Walhall: Die Götterwelt der Germanen
· As Flechas Não Atingem Baldr (1902), por Elmer Boyd Smith (1860-1943),
retirado do livro In the Days of Giants: A Book of Norse Tale
· As Nornas (1911), por Arthur Rackham (1867-1939), retirado do livro The
Nibelung’s Ring
· As Últimas Palavras de Odin a Baldr (1908), por William Gersham
Collingwood (1854-1932), retirado do livro The Poetic or Elder Edda
· Audumla (1790), por Nicolai Abraham Abildgaard (1743-1809), título
original Audhumla
· Baldr, o Bom (1900), por Jacques Reich (1852-1923), retirado do livro Old
Norse Stories
· Baldr Morto (1817), por Christoffer Wilhelm Eckersberg (1783-1853), título
original Balders død
· Batalha dos Deuses Condenados (1882), por Friedrich Wilhelm Heine (1845-
1921), título original Kampf der untergehenden Götter
· Bragi (~1830), por Carl Wahlbom (1810-1858), título original Bragi
· Bragi (1882), por Carl Emil Doepler (1824-1905), retirado do livro Nordisch-
germanische Götter und Helden
· Bragi e Idunn (1839), por Frederik Barfod (1811-1896), retirado do livro
Brage og Idun et Nordisk Fjærdingårsskrift
· Bragi e Idunn (1846), por Nils Blommér (1816-1853), título original Brage
och Iduna
· Brincadeira de Elfos (1866), por August Malmström (1829-1901), título
original Älvalek
· Brynhildr (1897), por Gaston Bussière (1862-1928), título original Brunnhild
· Capa da uma edição do séc XVIII da Edda em Prosa (1760), por Ólafur
Brynjúlfsson, retirado do livro Sæmundar og Snorra Edda
· Cavalgada das Valquírias (1909), por John Charles Dollman (1851-1934),
retirado do livro Myths of the Norsemen from the Eddas and Sagas
· Dagr (1887), por Peter Nicolai Arbo (1831-1892), título original Dagr
· Fáfnir Guarda o Ouro (1911), por Arthur Rackham (1867-1939), retirado do
livro The Nibelung's Ring
· Fenja e Menja (1893), por Carl Larsson (1853-1919) e Gunnar Forssell
(1859-1903), retirado do livro Edda Sämund den vises
· Filhos de Loki (1905), por Carl Emil Doepler (1824-1905), retirado do livro
Walhall: Die Götterwelt der Germanen
· Forseti Senta em Julgamento (1882), por Carl Emil Doepler, retirado do livro
Nordisch-germanische Götter und Helden
· Freyja (1905), por John Bauer (1882-1918), título original Freja
· Freyja e seu Colar (1890), por James Doyle Pennrose (1862-1932), título
original Freyja and the Necklace
· Freyja em Sua Carruagem (1905), por Carl Emil Doepler (1824-1905),
retirado do livro Walhall: Die Götterwelt der Germanen
· Freyr (1845), por Johan Thomas Lundbye (1818-1848), retirado do livro Den
Nye Studenterforenings Nordiske Højtid
· Freyr (1901), por Johannes Gehrts (1855-1921), retirado do livro Walhall:
Germanische Götter - und Heldensagen
· Frigg e suas Servas (1882), por Carl Emil Doepler (1824-1905), retirado do
livro Nordisch-germanische Götter und Helden
· Frigg Tecendo as Nuvens (1909), por John Charles Dollman (1851-1934),
retirado do livro Myths of the Norsemen from the Eddas and Sagas
· Funeral Viking (1893), por Frank Dicksee (1853-1928), título original Viking
Funeral
· Gangleri e os Três Reis (1760), por Ólafur Brynjúlfsson, retirado do livro
Sæmundar og Snorra Edda
· Gefjun e o Rei Gylfi (1906), por Lorenz Frølich (1820-1908), retirado do
livro Teutonic Mythology Vol. II
· Gunnlöd (1893), por Anders Zorn (1860-1920), título original Gunnlöd
· Heidrun em Valhalla (1760), por Ólafur Brynjúlfsson, retirado do livro
Sæmundar og Snorra Edda
· Heimdallr com a Gjallarhorn (1895), por Lorenz Frølich (1820-1908),
retirado do livro Den Ældre Eddas Gudesange
· Heimdallr e Suas Nove Mães (1882), por Karl Ehrenberg (1840-1914),
retirado do livro Nordisch-germanische Götter und Helden
· Hermódr Cavalga para Hel (1908), por William Gersham Collingwood (1854-
1932), retirado do livro The Poetic or Elder Edda
· Hermódr e Hel (1909), por John Charles Dollman (1851-1934), retirado do
livro Myths of the Norsemen from the Eddas and Sagas
· Idunn e Suas Maçãs (1900), por James Doyle Pennrose (1862-1932), título
original Idunn and her Apples
· Líf e Lífthrasir (1895), por Lorenz Frølich (1820-1908), retirado do livro Den
ældre Eddas Gudesange
· Loki e as Damas do Reno (1911), por Arthur Rackham (1867-1939), retirado
do livro The Nibelung's Ring
· Loki e Sigyn (1863), por Mårten Eskil Winge (1825-1896), título original
Loke och Sigyn
· Loki e Svadilfari (1909), por Dorothy Hardy (1891-1925), retirado do livro
Myths of the Norsemen from the Eddas and Sagas
· Loki e Thjazi (1906), por Lorenz Frølich (1820-1908), retirado do livro
Teutonic Mythology Vol. I
· Loki se Liberta das Correntes (1897), por Ernst Hermann Walther (1858-
1945), retirado do livro Deutsche Götter- und Heldensagen
· Loki Voa para Jötunheim (1908), por William Gersham Collingwood (1854-
1932), retirado do livro The Poetic or Elder Edda
· Luta entre um Normando e um Huscarl (~1070), autor desconhecido, pequena
seção da Tapeçaria de Bayeux
· Máni e Sól (1895), por Lorenz Frølich (1820-1908), retirado do livro Den
Ældre Eddas Gudesange
· Módsognir e Durinn (1895), por Lorenz Frølich (1820-1908), retirado do
livro Den Ældre Eddas Gudesange
· Nascimento e Morte de Ymir (1885), por Lorenz Frølich (1820-1908),
retirado do livro Nordens Guder
· Nástrand (1895), por Lorenz Frølich (1820-1908), retirado livro Den Ældre
Eddas Gudesange
· Navio Viking da Antiguidade (1860), por Anker Lund (1840-1922), título
original En vikingsnekke i Oldtiden
· Njödr (1832), por Amalia Schoppe (1791-1852), retirado do livro Die Helden
und Götter des Nordens, oder Das Buch der sagen
· Nórdicos Chegando à Islândia (1909), por Oscar Wergeland (1844-1910),
retirado do livro Myths of the Norsemen from the Eddas and Sagas
· Nótt (1887), por Peter Nicolai Arbo (1831-1892), título original Nótt
· O Aprisionamento de Fenrir (1905), por Carl Emil Doepler (1824-1905),
retirado do livro Walhall: Die Götterwelt der Germanen
· O Cabelo de Ouro que Loki Fez (1910), artista desconhecido, retirado do
livro The Gordon Readers
· O Desejo de Njördr pelo Mar (1908), por William Gersham Collingwood
(1854-1932), retirado do livro The Poetic or Elder Edda
· O Espírito das Águas e as Filhas de Aegir (1850), por Nils Blommér (1816-
1853), título original Näcken och Ägirs döttrar
· O Freixo Yggdrasil (1886), por Friedrich Wilhelm Heine (1845-1921),
retirado do livro Asgard and the Gods
· O Gigante com a Espada Flamejante (1909), por John Charles Dollman
(1851-1934), retirado do livro Myths of the Norsemen from the Eddas and
Sagas
· O Terceiro Presente, Um Enorme Martelo (1902), por Elmer Boyd Smith
(1860-1943), retirado do livro In the Days of Giants: A Book of Norse Tale
· Odin (1865), por Ludwig Pietsch (1824-1911), retirado do livro Manual of
Mythology: Greek and Roman, Norse, and Old German, Hindoo and Egyptian
Mythology
· Odin (1901), por Johannes Gehrts (1855-1921), título original Odhin
· Odin Bebe da Fonte da Sabedoria (1903), por Robert Engels (1866-1920),
título original Odin am Brunnen der Weisheit
· Odin Cavalga Sleipnir (1911), por Arthur Rackham (1867-1939), retirado do
livro The Nibelung's Ring
· Odin e Fenrir (1909), por Dorothy Hardy (1891-1925), retirado do livro
Myths of the Norsemen from the Eddas and Sagas
· Odin e Gunnlöd (1905), por Carl Emil Doepler (1824-1905), retirado do livro
Walhall: Die Götterwelt der Germanen
· Odin e seus Corvos (1760), por Ólafur Brynjúlfsson, retirado do livro
Sæmundar og Snorra Edda
· Odin e Seus Dois Irmãos Criam o Mundo do Corpo de Ymir (1895), por
Lorenz Frølich (1820-1908), retirado do livro Den Ældre Eddas Gudesange
· Odin, Lódurr e Hœnir Criam Askr e Embla (1895), por Lorenz Frølich (1820-
1908), retirado do livro Den Ældre Eddas Gudesange
· Odin, Loki e Hœnir Encontram Thjazi (1760), por Ólafur Brynjúlfsson,
retirado do livro Sæmundar og Snorra Edda
· Odin, o Andarilho (1886), por Georg von Rosen (1843-1923), título original
Oden som vandringsman
· Odin ou Wotan (1832), por Amalia Schoppe (1791-1852), retirado do livro
Die Helden und Götter des Nordens, oder Das Buch der sagen
· Oferenda (1831), por Johan Ludwig Lund (1777-1867), título original
Offering
· Os Lobos Perseguindo Sól e Máni (1909), por John Charles Dollman (1851-
1934), retirado do livro Myths of the Norsemen from the Eddas and Sagas
· Rán e as Garotas das Ondas (1831), artista desconhecido, retirado do livro
Alkuna: Nordische und nordslawische Mythologie
· Rei Heimer e Áslaug (1856), por August Malmström (1829-1901), título
original Kung Heimer och Aslög
· Rei Hrólfr Espalha Ouro para Escapar dos Suecos (1895), por Jenny Nyström
(1854-1946), retirado do livro Från Nordens forntid: Fornnordiska sagor
bearb
· Sif (1909), por John Charles Dollman (1851-1934), retirado do livro Myths of
the Norsemen from the Eddas and Sagas
· Sigurdr e Brynhildr (1909), por Charles Butler (1864-1918), título original
Sigurd and Brynhild
· Skadi Escolhendo seu Marido (1871), por Louis Huard (1813-1874), retirado
do livro The Heroes of Asgard
· Skadi Sente Falta das Montanhas (1908), por William Gersham Collingwood
(1854-1932), retirado do livro The Poetic or Elder Edda
· Snorri Sturluson (~1890), por Christian Krohg (1852-1925), título original
Snorre Sturluson
· Suttungr e os Anões (1871), por Louis Huard (1813-1874), retirado do livro
The Heroes of Asgard
· Svanhildr (1893), por Jenny Nyström (1854-1946), retirado do livro Eddan -
De nordiska guda
· Thor (1907), por Lorenz Frølich (1820-1908), retirado do livro Nordisk Oltid
og Dansk Kunst
· Thor (1911), por Arthur Rackham (1867-1939), retirado do livro The
Nibelung's Ring
· Thor Atravessa Rios Enquanto os Æsir Cavalgam pela Ponte Bifröst (1895),
por Lorenz Frølich (1820-1908), retirado do livro Den Ældre Eddas
Gudesange
· Thor Descobre que um de seus Bodes Está Coxo (1895), por Lorenz Frølich
(1820-1908), retirado do livro Den Ældre Eddas Gudesange
· Thor Duela Hrungnir (1865), por Ludwig Pietsch (1824-1911), retirado do
livro Die nordischen Göttersagen
· Thor e Hymir Pescando (1760), por Ólafur Brynjúlfsson, retirado do livro
Sæmundar og Snorra Edda
· Thor Enfrenta a Serpente de Midgard (1905), por Carl Emil Doepler (1824-
1905), retirado do livro Walhall: Die Götterwelt der Germanen
· Thor Luta Contra Elli (1872), por Lorenz Frølich (1820-1908), retirado do
livro Gjøgleriet i Utgard
· Thor Luta Contra os Gigantes (1872), por Mårten Eskil Winge (1825-1896),
título original Tors strid med jättarna
· Thor na Luva de Skyrmir (1905), por Carl Emil Doepler (1824-1905),
retirado do livro Walhall: Die Götterwelt der Germanen
· Thor Pescando pela Serpente de Midgard (1895), por Lorenz Frølich (1820-
1908), retirado do livro Nordens Guder
· Týr (1893), por Carl Frederick von Saltza (1858-1905), título original Týr
· Týr (1895), por Lorenz Frølich (1820-1908), retirado do livro Den Ældre
Eddas Gudesange
· Týr Alimentando Fenrir (1871), por Louis Huard (1813-1874), retirado do
livro The Heroes of Asgard
· Ullr (1760), por Ólafur Brynjúlfsson, retirado do livro Sæmundar og Snorra
Edda
· Ullr (1882), por Friedrich Wilhelm Heine (1845-1921), retirado do livro
Nordisch-germanische Götter und Helden
· Valhalla (1896), por Max Brückner (1836-1919), título original Valhalla
· Valhalla (1905), por Carl Emil Doepler (1824-1905), retirado do livro
Walhall: Die Götterwelt der Germanen
· Valquíria (1869), por Peter Nicolai Arbo (1831-1892), título original
Valkyrien
· Valquírias (1905), por Carl Emil Doepler (1824-1905), retirado do livro
Walhall: Die Götterwelt der Germanen
· Vídarr (1854), por Hans Christian Henneberg (1826-1893), retirado do livro
Illustreret Danmarkshistorie for Folket
· Vídarr Mata Fenrir (1908), por William Gersham Collingwood (1854 - 1932),
retirado do livro The Elder or Poetic Edda
· Yggdrasil (1680), autor desconhecido, retirado do livro Edda Oblongata
· Yggdrasil e Bifröst (1825), por Finnur Magnússon (1781-1847), retirado do
livro Eddalæren og dens Oprindelse, Vol. 3
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Table of Contents
Nota do Editor
Edda em Prosa: Prólogo
Gylfaginning: A Ilusão de Gylfi
Capítulo 1 – Sobre o Rei Gylfi e Gefjun
Capítulo 2 – Gylfi Chega a Asgard
Capítulo 3 – Sobre o Pai de Todos, o Mais Alto Deus
Capítulo 4 – Sobre Niflheim e Múspelheim
Capítulo 5 – A Origem de Ymir e dos Gigantes de Gelo
Capítulo 6 – Sobre Audumla e a Origem de Odin
Capítulo 7 – A Morte de Ymir e sobre Bergelmir
Capítulo 8 – Os Filhos de Borr criam a Terra e o céu
Capítulo 9 – Os Filhos de Borr criam Askr e Embla
Capítulo 10 – A Chegada de Dia e de Noite
Capítulo 11 – A Origem de Sol e de Lua
Capítulo 12 – Sobre a Perseguição de Sol
Capítulo 13 – Sobre a Bifröst
Capítulo 14 – A Morada dos Deuses e a Criação dos Anões
Capítulo 15 – Sobre a Yggdrasil, a Fonte de Urdr e as Nornas
Capítulo 16 – Ainda Sobre a Árvore
Capítulo 17 – Os Locais Sagrados dos Deuses
Capítulo 18 – A Origem do Vento
Capítulo 19 – Sobre a Diferença do Verão e do Inverno
Capítulo 20 – Sobre Odin e Seus Nomes
Capítulo 21 – Sobre Áss-Thor
Capítulo 22 – Sobre Baldr
Capítulo 23 – Sobre Njördr e Skadi
Capítulo 24 – Sobre Freyr e Freyja
Capítulo 25 – Sobre Týr
Capítulo 26 – Sobre Bragi e Idunn
Capítulo 27 – Sobre Heimdallr
Capítulo 28 – Sobre Hödr
Capítulo 29 – Sobre Vídarr
Capítulo 30 – Sobre Váli
Capítulo 31 – Sobre Ullr
Capítulo 32 – Sobre Forseti
Capítulo 33 – Sobre Loki, Filho de Laufey
Capítulo 34 – Sobre os Filhos de Loki e a Captura de Fenrir
Capítulo 35 – Sobre as Ásynjur
Capítulo 36 – Sobre as Valquírias
Capítulo 37 – Freyr Conquista Gerdr, Filha de Gýmir
Capítulo 38 – Sobre a Comida dos Einherjar e de Odin
Capítulo 39 – Sobre a Bebida dos Einherjar
Capítulo 40 – Sobre o Tamanho de Valhalla
Capítulo 41 – Sobre o Entretenimento dos Einherjar
Capítulo 42 – Os Æsir Quebram o Juramento Feito ao Construtor da
Cidadela
Capítulo 43 – Sobre Skídbladnir
Capítulo 44 – Thor Começa Sua Jornada a Útgarda-Loki
Capítulo 45 – Sobre o Encontro de Thor e Skrýmir
Capítulo 46 – Sobre as Proezas de Thor e de seus Companheiros
Capítulo 47 – A Despedida de Thor e de Útgarda-Loki
Capítulo 48 – Thor Vai ao Mar com Hymir
Capítulo 49 – A Morte de Baldr, o Bom
Capítulo 50 – Loki é Acorrentado
Capítulo 51 – Sobre o Ragnarök
Capítulo 52 – As Moradas Após o Ragnarök
Capítulo 53 – Quem Sobrevive ao Ragnarök
Capítulo 54 – Sobre Gangleri
Skáldskaparmál: A Poesia dos Escaldos
Capítulo 1 – A Jornada de Ægir à Asgard
Capítulo 2 – O Gigante Thjazi Seqüestra Idunn
Capítulo 3 – Loki Resgata Idunn e a Morte de Thjazi
Capítulo 4 – Sobre a Família de Thjazi
Capítulo 5 – A Origem do Hidromel de Suttungr
Capítulo 6 – Como Odin Obteve o Hidromel
Capítulo 7 – As Características da Poesia
Capítulo 9 – Os Nomes de Odin e Suas Metáforas
Capítulo 10 – As Metáforas da Poesia
Capítulo 11 – As Metáforas de Thor
Capítulo 12 – As Metáforas de Baldr
Capítulo 13 – As Metáforas de Njördr
Capítulo 14 – As Metáforas de Freyr
Capítulo 15 – As Metáforas de Heimdallr
Capítulo 16 – As Metáforas de Týr
Capítulo 17 – As Metáforas de Bragi
Capítulo 18 – As Metáforas de Vídarr
Capítulo 19 – As Metáforas de Váli
Capítulo 20 – As Metáforas de Hödr
Capítulo 21 – As Metáforas de Ullr
Capítulo 22 – As Metáforas de Hœnir
Capítulo 23 – As Metáforas de Loki
Capítulo 24 – Sobre o Gigante Hrungnir
Capítulo 25 – Sobre a Sábia Gróa
Capítulo 26 – A Viagem de Thor à Morada de Geirrödr
Capítulo 27 – As Metáforas de Frigg
Capítulo 28 – As Metáforas de Freyja
Capítulo 29 – As Metáforas de Sif
Capítulo 30 – As Metáforas de Idunn
Capítulo 31 – As Metáforas do Céu
Capítulo 32 – As Metáforas da Terra
Capítulo 33 – As Metáforas do Mar
Capítulo 34 – As Metáforas de Sól
Capítulo 35 – As Metáforas do Vento
Capítulo 36 – As Metáforas do Fogo
Capítulo 37 – As Metáforas do Inverno
Capítulo 38 – As Metáforas do Verão
Capítulo 39 – As Metáforas dos Homens e das Mulheres
Capítulo 40 – As Metáforas do Ouro
Capítulo 41 – Ægir Dá uma Festa para os Æsir
Capítulo 42 – Sobre a Árvore Glasir
Capítulo 43 – Dos Ferreiros Filhos de Ívaldi e o Anão Sindri
Capítulo 44 – As Metáforas do Ouro e Freyja
Capítulo 45 – O Ouro Chamado de Palavra dos Gigantes
Capítulo 46 – O Resgate da Lontra
Capítulo 47 – Sobre Fáfnir, Reginn e Sigurdr
Capítulo 48 – Sobre Sigurdr e os Filhos de Gjúki
Capítulo 49 – A Morte de Sigurdr
Capítulo 50 – A Morte dos Filhos de Gjúki e a Vingança de Gudrún
Capítulo 51 – Sobre os Filhos de Völsungr
Capítulo 52 – Sobre o Rei Fródi e o Moinho Grótti
Capítulo 53 – Sobre Hrólfi Kraki e Vöggr
Capítulo 54 – Sobre como Hrólfi Derrotou o Rei Adils
Capítulo 55 – Sobre o Rei Hölgi
Capítulo 56 – Ainda Sobre as Metáforas do Ouro
Capítulo 57 – As Metáforas do Homem com o Ouro
Capítulo 58 – As Metáforas da Mulher com o Ouro
Capítulo 59 – As Metáforas dos Homens com as Árvores
Capítulo 60 – As Metáforas da Batalha
Capítulo 61 – As Metáforas das Armas e Armaduras
Capítulo 62 – Sobre a Batalha dos Hjadnings
Capítulo 63 – A Batalha como Metáfora de Odin
Capítulo 64 – As Metáforas de Navios
Capítulo 65 – As Metáforas de Cristo
Capítulo 66 – As Metáforas dos Reis e Suas Distinções
Capítulo 67 – As Metáforas dos Nomes
Capítulo 68 – Os Nomes dos Deuses
Capítulo 69 – Os Nomes dos Céus, Sol e Lua
Capítulo 70 – Os Nomes da Terra
Capítulo 71 – Os Nomes dos Lobos, Ursos e Cervos
Capítulo 72 – Os Nomes dos Cavalos
Capítulo 73 – Bois, Serpentes, Ovelhas e Porcos
Capítulo 74 – Os Nomes do Ar e dos Ventos
Capítulo 75 – Os Nomes dos Corvos e das Águias
Capítulo 76 – Os Nomes do Mar
Capítulo 77 – Os Nomes do Fogo
Capítulo 78 – Os Nomes do Tempo
Capítulo 79 – Os Nomes dos Reis
Capítulo 80 – Sobre Hálfdan o Velho e os Descendentes do Rei
Capítulo 81 – Os Nomes dos Homens
Capítulo 82 – Os Nomes da Multidão
Capítulo 83 – Circunlóquios e Descrições Verdadeiras
Capítulo 84 – Os Nomes das Mulheres
Capítulo 85 – As Partes da Cabeça
Capítulo 86 – Coração, Peito e Sentimentos
Capítulo 87 – Mãos e Pés
Capítulo 88 – Fala e Compreensão
Capítulo 89 – Expressões Ambíguas e Trocadilhos
Nafnaþulur – Conhecimento dos Nomes
Sumário de Figuras

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