CURSO BÍBLICO INTERNACIONAL

do programa
ENCONTRO COM A PALAVRA

APOSTILA
No. 17

OS VALORES DE CRISTO
(SEGUNDA PARTE)
Email: ecap@icmmbc.org
www.icmmbc.org
 Capítulo 1
Amor Pelos Inimigos

O dia 11 de Setembro de 2001 estará marcado para sempre na

memória dos americanos e do mundo. Os episódios daquele dia chocaram,
não apenas por causa da perda trágica de tantas vidas, mas também porque
abalou os valores de milhares de pessoas. Temos muito que aprender com
Jesus, a respeito de valores. Ele disse que nossos valores indicam onde
está o nosso coração. Jesus ensinou que nosso coração não deve estar nos
“tesouros terrenos”, mas nos “tesouros do céu” e apresentou duas boas
razões para isso: os tesouros terrenos se deterioram e podem ser roubados
de nós, mas os tesouros do céu não deterioram e ninguém pode roubá-los
(cf. Mateus 6:19-34).
De acordo com o dicionário Aurélio, valor é “a qualidade pela
qual determinada pessoa ou coisa é estimável em maior ou menor grau;
mérito ou merecimento intrínseco; valia”. Conforme aprendemos na
primeira parte do estudo “Os Valores de Cristo”, Jesus tem um sistema
de valores e nós devemos confessar os valores de Jesus Cristo.
No grego, a língua em que foi escrito o Novo Testamento,
a palavra “confessar” é formada de duas outras palavras: “homo”,
que quer dizer “a mesma coisa” e “legeo”, que se traduz por “falar”.
Portanto, “confessar” significa literalmente, “falar a mesma coisa” ou
“concordar”. Confessar Jesus Cristo significa concordar com o que
Jesus ensinou, inclusive com os Seus valores.
Vamos identificar os grupos de pessoas para os quais Jesus
manifestou o Seu amor. Neste capítulo vamos enfocar o amor pelos
inimigos. Jesus é um personagem único na história da humanidade,
porque Ele amou os Seus inimigos. Quando Jesus estava na cruz
orou: “Pai, perdoa-lhes, pois não sabem o que estão fazendo”. Aquele
momento era tão difícil! Jesus estava morrendo pelos pecadores de todo

1
o mundo, por aqueles que o estavam matando, mesmo assim orou: “Pai,
perdoa-lhes, pois não sabem o que estão fazendo” (Lucas 23:34).
O apóstolo Paulo ensinou que quando Jesus amou Seus inimigos,
amou todos nós: “De fato, no devido tempo, quando ainda éramos fracos,
Cristo morreu pelos ímpios... Mas Deus demonstra seu amor para nós:
Cristo morreu em nosso favor quando ainda éramos pecadores... Se
quando éramos inimigos de Deus fomos reconciliados com ele mediante a
morte de seu Filho, quanto mais agora, tendo sido reconciliados, seremos
salvos por sua vida!” (Romanos 5: 6, 8, 10).
Nesta passagem Paulo fala que o amor de Cristo é único porque
é incondicional. Jesus nos ama quando somos “bonzinhos” e também
quando pecamos e O entristecemos. Ele mostrou este amor ao morrer por
nós quando éramos ímpios e Seus inimigos. Não haveria salvação para
nenhum de nós se Jesus não tivesse amado Seus inimigos.
O amor que Jesus demonstrou é o tipo de amor descrito por
Paulo, no “Capítulo do Amor”, em I Coríntios 13; um amor indestrutível
e incondicional, que não depende das nossas atitudes (cf. I Corintios 13:
4-7).
Jesus ensinou que devemos amar nossos inimigos, dando Ele
mesmo o exemplo prático. No Sermão do Monte Jesus ensinou a maior
ética que o mundo já ouviu:
“Vocês ouviram o que foi dito: ‘Ame o seu próximo e odeie o seu
inimigo’. Mas eu lhes digo: Amem os seus inimigos e orem por aqueles
que os perseguem, para que vocês venham a ser filhos de seu Pai que está
nos céus. Porque ele faz raiar o seu sol sobre maus e bons e derrama
chuva sobre justos e injustos. Se vocês amarem aqueles que os amam,
que recompensa vocês receberão? Até os publicanos fazem isso! E se
saudarem apenas os seus irmãos, o que estarão fazendo de mais? Até
os pagãos fazem isso! Portanto, sejam perfeitos como perfeito é o Pai
celestial de vocês” (Mateus 5:43-48).

2
 Basicamente, o que Jesus ensinou com estas palavras foi que nos amou e enviou seu Filho como propiciação pelos nossos pecados.
devemos confessar o valor que Ele deu ao amor, amando uns aos Amados, visto que Deus assim nos amou, nós também devemos amar
outros inclusive os nossos inimigos. Ele finalizou este ensino com uma uns aos outros. Ninguém jamais viu a Deus; se amarmos uns aos
pergunta: “Se vocês amarem aqueles que os amam, que recompensa outros, Deus permanece em nós, e o seu amor está aperfeiçoado em
vocês receberão?”. No original grego, esta pergunta aparece assim: “Se nós. Sabemos que permanecemos nele, e ele em nós, porque ele nos deu
vocês amarem apenas aqueles que amam vocês, onde está a graça? Não do seu Espírito. E vimos e testemunhamos que o Pai enviou seu Filho
é necessário ter a graça para amar aqueles que amam vocês”. Uma das para ser o Salvador do mundo. Se alguém confessa publicamente que
estratégias de Jesus para impactar o mundo foi mostrar algo que não Jesus é o Filho de Deus, Deus permanece nele, e ele em Deus. Assim
vemos todos os dias: pessoas amando seus inimigos. conhecemos o amor que Deus tem por nós e confiamos nesse amor.
Durante as batalhas das Cruzadas, enquanto Francisco de Assis Deus é amor. Todo aquele que permanece no amor permanece em Deus,
tratava de um soldado inimigo ferido, um oficial gritou do seu cavalo: “Se e Deus nele... Ele nos deu este mandamento: Quem ama a Deus, ame
este infiel sarar, vai acabar matando-o”. Francisco de Assis respondeu: também seu irmão” (I João 4:7-16, 21).
“Então, antes de fazer isso, ele vai saber o que é amor divino!”.
Jesus lançou o seguinte desafio aos apóstolos: “Vocês causarão
impacto no mundo se confessarem o valor que dei ao amor pelos
inimigos!”. Se você amar somente aqueles que o amam, não se diferencia
em nada do resto do mundo. É fácil amar aqueles que nos amam. Esse
amor todo mundo tem; é o amor condicional.
O desafio que Jesus lançou é que também amemos com amor
incondicional, aquelas pessoas difíceis de serem amadas. Ele fez isso; Ele
deu o exemplo! Jesus ensinou que não precisamos da graça para amar os
que nos amam, mas precisamos da graça para amar incondicionalmente,
como Ele mesmo amou os Seus inimigos. O ensino mais forte do Novo
Testamento é que o Cristo vivo e ressurreto vive em você e em mim. Isto
quer dizer que Ele pode amar nossos inimigos através de você e de mim!
(Cf. I João 4:7-21; Colossenses 1:27).
O versículo 48 de Mateus 5 é: “Portanto, sejam perfeitos como
perfeito é o Pai celestial de vocês”. A palavra “perfeito” quer dizer
“completo” ou “maduro”. Se esta palavra o incomoda, leia Mateus 5:48
sem ela: “Portanto, sejam ______ como ________ é o Pai celestial de

3 52
que Deus assim nos amou, nós também devemos amar uns aos outros”. vocês”. O apóstolo Paulo ordenou aos maridos que amem suas mulheres
Ele ressaltou que devemos confessar o valor de Jesus em relação ao amor, como Cristo amou a igreja e se entreguem por elas, como Cristo se
devido ao grande exemplo que o Senhor nos deu ao morrer na cruz pelos entregou pela igreja (cf. Efésios 5:25). Os maridos devem amar e se
nossos pecados. entregar como Cristo amou e se entregou. Isso é possível? Claro que é!
Se continuarmos a estudar esses versículos de Primeira João Se Cristo vive em nós, além de ser possível é natural!
capítulo 4, encontraremos outras razões por que devemos amar uns aos Devemos ser o amor de Cristo neste mundo. Devemos amar, e
outros. amar incondicionalmente, porque Cristo vive em nós e através de nós.
No versículo 16 João afirma: “Assim conhecemos o amor que Todo discípulo de Jesus Cristo deve agir como Francisco de Assis agiu,
Deus tem por nós e confiamos nesse amor. Deus é amor. Todo aquele que mesmo com aqueles que são inimigos de Jesus Cristo e de Deus, o Pai.
permanece no amor permanece em Deus, e Deus nele”. Que desafio e tanto! Você confessa o valor que Jesus Cristo deus ao amor
Se confessarmos o valor que Jesus deu ao amor, chegaremos na pelos inimigos?
essência e natureza de Deus. Quando nos tornamos canais do amor de
Deus, habitamos no Seu amor e o Seu amor habita em nós. Quando
habitamos no amor de Deus habitamos em Deus. A evidência de
que vivemos um relacionamento com Deus está no Seu amor sendo
aperfeiçoado em nós; Assim as pessoas vêem em nós o amor de Deus.
Ao concluir nosso estudo deixamos o desafio para que você leia
este capítulo do amor, do Apóstolo do Amor. Medite nas palavras de João
e confesse o valor que Jesus deu ao amor de uns pelos outros. Procure
identificar as dez razões por que devemos amar uns aos outros. Faça uma
lista dessas razões e cole-a em um lugar onde você possa ver todos os dias
e confesse o valor que Jesus colocou no amor de uns pelos outros.

Trecho do Capítulo do Amor da Primeira Carta de João

“Amados, amemos uns aos outros, pois o amor procede de
Deus. Aquele que ama é nascido de Deus e conhece a Deus. Quem
não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor. Foi assim que
Deus manifestou o seu amor entre nós: enviou o seu Filho Unigênito
ao mundo, para que pudéssemos viver por meio dele. Nisto consiste
o amor: não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele

51 4
 Capítulo 2
O Perdido
Estamos estudando os valores de Jesus identificados através
de tudo o que Ele fez e disse durante o tempo em que viveu entre nós.
Jesus estabeleceu um sistema de valores que retrata os valores absolutos
de Deus. Veremos, no estudo a seguir, o valor que Jesus deu aos piores
pecadores da cidade.
Vejamos o texto de Lucas 19: 1-10, onde encontramos um belo
exemplo do valor que Jesus deu aos que Ele chamou de “perdidos”:
“Jesus entrou em Jericó, e atravessava a cidade. Havia ali um homem
rico chamado Zaqueu, chefe dos publicanos. Ele queria ver quem era
Jesus, mas, sendo de pequena estatura, não o conseguia, por causa da
multidão. Assim, correu adiante e subiu numa figueira brava para vê-lo,
pois Jesus ia passar por ali. Quando Jesus chegou àquele lugar, olhou
para cima e lhe disse: ‘Zaqueu, desça depressa. Quero ficar em sua casa
hoje’. Então ele desceu rapidamente e o recebeu com alegria. Todo o
povo viu isso e começou a se queixar: ‘Ele se hospedou na casa de um
‘pecador’’. Mas Zaqueu levantou-se e disse ao Senhor: ‘Olha, Senhor!
Estou dando a metade dos meus bens aos pobres; e se de alguém extorqui
alguma coisa, devolverei quatro vezes mais’. Jesus lhe disse: ‘Hoje houve
salvação nesta casa! Porque este homem também é filho de Abraão. Pois
o Filho do homem veio buscar e salvar o que estava perdido’”.
Como outras histórias de Jesus, esta passagem também poderia
ser apresentada como se fosse o roteiro de uma peça dividida em três
atos. O primeiro ato seria o encontro de Jesus com Zaqueu, o chefe dos
publicanos, conhecido também como coletor de impostos. Só o fato de
um publicano coletar impostos dos seus irmãos judeus para Roma, já era
motivo para ele ser considerado um pecador. Os coletores de impostos
eram odiados pelos judeus. Geralmente eles também retinham parte do
5 50
dar o Novo Mandamento. Ele confessou o valor que Jesus deu ao amor
de uns pelos outros. João ficou conhecido como “o apóstolo do amor”,
porque usou em seus escritos a palavra “amor” mais do que todos os outros
apóstolos juntos. Parece que João ficou maravilhado com o amor que
Jesus lhe demonstrou; ele se referiu a si próprio em seu Evangelho, como
“aquele a quem Jesus amava”. Na introdução do Livro do Apocalipse, ele
se referiu a Jesus como “Aquele que nos ama”.
Dez Razões Porque Devemos Amar Uns Aos Outros
Sempre pensamos no apóstolo Paulo como o Apóstolo do Amor
porque foi ele quem escreveu o chamado “capítulo do amor” da Bíblia, o
capítulo 13 de I Coríntios. Na verdade o assunto principal deste capítulo
são os dons espirituais. O verdadeiro capítulo do amor é o capítulo 4 da
Primeira Epístola de João (cf. I João 4:7-21). Nele João apresenta pelo
menos dez razões por que devemos amar uns aos outros. Vamos ver
algumas dessas razões.
No versículo 7 ele afirma: “Amados, amemos uns aos outros, pois
o amor procede de Deus”. Com isso João quer dizer que devemos amar
uns aos outros porque somente aqueles que permanecem em Deus são
capazes de ter este amor.
No versículo 8 ele apresenta uma segunda razão: o amor, a
credencial do discípulo de Jesus Cristo: “Quem não ama não conhece a
Deus, porque Deus é amor”.
Nos versículos 9 e 10, vemos outras razões por que devemos
confessar o valor que Jesus coloca no amor que devemos ter uns pelos
outros: “Foi assim que Deus manifestou o seu amor entre nós: enviou o
seu Filho Unigênito ao mundo, para que pudéssemos viver por meio dele.
Nisto consiste o amor: não em que nós tenhamos amado a Deus, mas
em que ele nos amou e enviou seu Filho como propiciação pelos nossos
pecados”. João continuou com o seguinte comentário: “Amados, visto
 Capítulo 18
Amor de Uns Pelos Outros
Através deste estudo temos visto como Jesus valorizou o amor.
Ele exortou Seus discípulos, principalmente os apóstolos a confessarem
o valor que Ele deu ao amor. As últimas horas que antecederam a morte
de Jesus, Ele passou a sós com os apóstolos, por ocasião da Última Ceia,
quando deu a eles um novo mandamento. Este novo mandamento deu
origem a uma nova comunidade e esta nova comunidade tornou-se a Sua
igreja. Olhada por este prisma, toda igreja deveria ser uma colônia de
amor.
Cada um dos apóstolos que estava com Jesus na Última Ceia
estava pronto para responder ao amor que Jesus lhes demonstrou. O
primeiro versículo do capítulo 13 de João, que descreve as últimas horas
de Jesus com Seus apóstolos diz o seguinte: “Um pouco antes da festa
da Páscoa, sabendo Jesus que havia chegado o tempo que deixaria este
mundo e iria para o Pai, tendo amado os seus que estavam no mundo,
amou-os até o fim”.
O momento do anúncio deste novo mandamento deve ter sido
revolucionário: “Um novo mandamento lhes dou: Amem-se uns aos
outros. Como eu os amei, vocês devem amar-se uns aos outros. Com isso
todos saberão que vocês são meus discípulos, se vocês se amarem uns aos
outros” (João 3:34,35). Veremos neste capítulo o valor que Jesus deu ao
amor de uns pelos outros.
“Amados, Amemos Uns aos Outros”
“Amados, amemos uns aos outros, pois o amor procede de Deus.
Aquele que ama é nascido de Deus e conhece a Deus. Quem não ama não
conhece a Deus, porque Deus é amor.” (I João 4:7,8). Estes versículos
foram escritos por João, o apóstolo do amor, um dos que ouviram Jesus
49
que coletavam para si próprios e a população judaica nada podia fazer
contra isso.
No primeiro ato aparece Zaqueu tão ansioso para ver o Senhor,
que sobe numa árvore. Jesus o chama pelo nome e diz: “Zaqueu,
desça depressa. Quero ficar em sua casa hoje”. O povo fica espantado,
principalmente os líderes religiosos. Talvez todos esperassem que Jesus
fosse se hospedar na casa da autoridade religiosa da cidade, mas Jesus
decide passar o dia com um publicano, considerado o pior pecador da
cidade!
O segundo ato acontece dentro da casa de Zaqueu onde Jesus passa
todo o dia. Não sabemos muito bem o que aconteceu lá, mas podemos ter
uma idéia pela maneira como o terceiro ato se inicia.
O terceiro ato se inicia com o grupo saindo da casa de Zaqueu e
este dizendo: “Senhor, resolvo dar aos pobres a metade dos meus bens; e,
se nalguma coisa tenho defraudado alguém, restituo quatro vezes mais”.
E Jesus responde: “Hoje, houve salvação nesta casa, pois que também
este é filho de Abraão. Porque o Filho do Homem veio buscar e salvar o
perdido”.
Em outras palavras, Jesus está dizendo: “Eu vim para pessoas
como Zaqueu, o chefe dos publicanos. Vocês que estão surpresos porque
resolvi passar o dia com ele, entendam o seguinte: pessoas como ele tem
um grande valor para Mim. Na verdade vim só para buscar e salvar
pessoas como ele”.
Aplicação Pessoal
Você é um desses pecadores perdidos? Então preste atenção!
Jesus Cristo veio para pessoas como você. Ele valorizou muito pessoas
como você. Você é número um na lista de Jesus e se Ele fosse dar uma
festa, você seria convidado!
Agora, se você faz parte da liderança da igreja, qual é o valor que
6
você dá para pessoas como Zaqueu? Será que temos amor no coração necessitado.
pelos Zaqueus que existem hoje? O amor que Jesus tinha pelos pecadores Através desta parábola que chamamos de Parábola do Bom
deve estar em nossos corações e não em nossas mentes. Este amor deve Samaritano Jesus nos desafia a confessar o valor que Ele deu aos feridos
confessar o valor que Jesus deu a pessoas como Zaqueu. e a tratá-los como nosso próximo.

7 48
também vai ser meu tão logo eu consiga tirar de você”. Tem muita gente
que adota esta filosofia de vida.
A segunda filosofia de vida está retratada nas pessoas do sacerdote
e do levita, representantes da liderança religiosa, que passaram pelo
homem ferido sem o ajudar. A filosofia deles é a seguinte: “O que é meu é
meu e o que é seu é seu. Eu tenho os meus problemas e você tem os seus.
Você está atolado em problemas, se esvaindo em sangue nessa valeta, mas
eu estou atrasado para ir à igreja e não quero me envolver”.
A terceira filosofia de vida que Jesus ensinou com esta estória, foi
ilustrada pelo Samaritano: “O que é seu é seu e o que é meu também é seu
a qualquer hora que você precisar”.
Esse valor de Jesus não deixa ninguém rico, nem fará de ninguém
o ganhador do prêmio de melhor vendedor do ano. Não acho que você
chegue ao topo do sucesso nos negócios com esta filosofia de vida, mas
foi isso o que Jesus ensinou e Ele quer para Si, discípulos que confessem
o mesmo valor que ele deu aos feridos, como ao homem desta parábola, e
que sejam parte da Sua resposta para os feridos deste mundo.
Nesta estória o mestre da lei quis justificar-se e por isso fez a
Jesus a intrigante pergunta: “E quem é o meu próximo?”. Para o judeu,
o seu próximo só podia ser outro judeu; os demais eram seus inimigos.
O princípio que guiava o judeu era: “ame seu próximo e odeie o seu
inimigo”. Este princípio não fazia parte da Lei de Moisés. Era um entre
centenas de princípios que foram acrescentados à Lei. Mas a estória de
Jesus desafiou este princípio e declarou que o seu próximo é qualquer
pessoa ferida com quem você se deparar no curso da sua vida. Jesus deu
este ensino para responder à pergunta do mestre da lei e para mostrar o
valor que Ele deu ao próximo.
Com esta parábola Jesus mostrou o valor que devemos dar aos
feridos. Seguindo os passos de Jesus nos Evangelhos, podemos observar
que Ele nunca deixou de ajudar alguém que O procurasse, estando
47
Capítulo 3
Como Abordar o Ensino de Jesus
Estamos estudando o sistema de valores de Jesus e à medida que
o fazemos, lançamos o desafio de confessar esses valores, ou seja, dizer
a mesma coisa que Jesus disse a respeito deles. Será que já fizemos dos
valores de Jesus os nossos valores? Neste capítulo veremos como Jesus
valorizou o Seu próprio ensino.
Jesus deixou bem claro que o Seu ensino é para ser obedecido.
Quando Jesus declarou que Seu ensino era o ensino de Deus, Ele também
ensinou como o podemos provar: “Se alguém decidir fazer a vontade
de Deus, descobrirá se o meu ensino vem de Deus ou se falo por mim
mesmo” (João 7:17). A abordagem intelectual é sempre o oposto:
“quando eu souber que é verdadeiro, então o pratico”. Jesus falou que
não é assim que devemos abordar o Seu ensino. Costumamos dizer que
o conhecimento leva à prática, à ação; mas Jesus ensinou que quando
praticamos o Seu ensino, somos conduzidos ao conhecimento dele.
Jesus usou outra ilustração para falar a mesma coisa. Ele disse
que o Seu ensino é como vinho não fermentado, ou vinho novo. Naquele
tempo nunca se colocava o vinho ainda não fermentado em uma vasilha
de couro velha. Se assim o fizessem, o vinho em fermentação se
expandiria e racharia o couro da bolsa. Jesus estava dizendo que o Seu
ensino poderia, “rachar suas cabeças, ou melhor, suas mentes” (cf. Lucas
5:36-39).
Se o ensino de Jesus for colocado em prática, tornar-se-á um
sistema de fé que servirá como base e fundamento para nossas vidas, e
nas dificuldades não vamos desmoronar. Se nosso sistema de fé estiver
baseado no ensino de Jesus, não seremos vencidos pelas tempestades da
vida.
“Portanto, quem ouve estas minhas palavras e as pratica é como
8
um homem prudente que construiu a sua casa sobre a rocha. Caiu a
chuva, transbordaram os rios, sopraram os ventos e deram contra aquela
casa, e ela não caiu, porque tinha seus alicerces na rocha. Mas quem
ouve estas minhas palavras e não as pratica é como um insensato que
construiu a sua casa sobre a areia. Caiu a chuva, transbordaram os rios,
sopraram os ventos e deram contra aquela casa, e ela caiu. E foi grande
a sua queda” (Mateus 7:24-27).
Jesus também ensinou que o propósito do Seu ensino é
revolucionar a cultura. Os líderes religiosos disseram a Jesus que se
Ele fosse mesmo o Messias, seria mais disciplinado e legalista. Jesus
lhes respondeu com uma metáfora até um pouco irônica: “Vocês estão
sugerindo que Eu mude o meu estilo de vida? Isso faz vocês parecerem
criancinhas. No mercado, as crianças brincam de “faz-de-conta” com
coisas que vêem acontecer na praça, no velório e no casamento e dizem
para os homens do mercado: ‘Parem e brinquem de funeral com a gente
– Agora fiquem tristes... Agora vamos brincar de casamento – fiquem
felizes’ (cf. Lucas 7:31-35). Mas aqueles mercadores não tinham tempo
para brincar”. Jesus estava dizendo aos líderes religiosos: “Eu não vim
para brincar de ‘faz-de-conta’ com vocês”.
Em outra passagem Jesus confirma mais uma vez o valor que
dava ao Seu ensino: “Ele lhes disse: Por isso, todo mestre da lei instruído
quanto ao Reino dos céus é como o dono de uma casa que tira do seu
tesouro’ coisas novas e coisas velhas’” (Mateus 13:52). Parafraseando
esta metáfora: “Se vocês entenderem o Meu ensino, se vocês realmente
entenderem o Velho Testamento e puderem ensiná-lo, vocês farão isso
de uma maneira nova. Vocês poderão entender o espírito da Lei – vocês
compreenderão a essência da verdade que é ensinada em todos os livros
do Velho Testamento”. Jesus também podia estar falando que, como
mestre do reino do céu, podemos dar uma visão nova à verdade velha
adotada há muito tempo.
9 46
Capítulo 17
O Seu Próximo
Agora veremos o valor que Jesus deu ao próximo. Vamos
começar lendo a resposta que Jesus deu a um mestre da Lei:
“Certa ocasião, um perito na lei levantou-se para pôr Jesus à
prova e lhe perguntou: ‘Mestre, o que preciso fazer para herdar a vida
eterna?’. ‘O que está escrito na Lei?”, respondeu Jesus. “Como você a
lê?’. Ele respondeu: ‘Ame o Senhor, o seu Deus, de todo o seu coração,
de toda a sua alma, de todas as suas forças e de todo o seu entendimento
e ‘Ame o seu próximo como a si mesmo’. Disse Jesus: ‘Você respondeu
corretamente. Faça isso, e viverá’. Mas ele, querendo justificar-se,
perguntou a Jesus: ‘E quem é o meu próximo?’. Em resposta, disse
Jesus: “Um homem descia de Jerusalém para Jericó, quando caiu nas
mãos de assaltantes. Estes lhe tiraram as roupas, espancaram-no e se
foram, deixando-o quase morto. Aconteceu estar descendo pela mesma
estrada um sacerdote. Quando viu o homem, passou pelo outro lado. E
assim também um levita; quando chegou ao lugar e o viu, passou pelo
outro lado. Mas um samaritano, estando de viagem, chegou onde se
encontrava o homem e, quando o viu, teve piedade dele. Aproximou-se,
enfaixou-lhe as feridas, derramando nelas vinho e óleo. Depois colocou-o
sobre o seu próprio animal, levou-o para uma hospedaria e cuidou dele.
No dia seguinte, deu dois denários ao hospedeiro e lhe disse: ‘Cuide dele.
Quando eu voltar lhe pagarei todas as despesas que você tiver’. ‘Qual
destes três você acha que foi o próximo do homem que caiu nas mãos dos
assaltantes?’. ‘Aquele que teve misericórdia dele’, respondeu o perito na
lei.Jesus lhe disse: ‘Vá e faça o mesmo’ (Lucas 10:25-37).
Existem três filosofias de vida com relação ao próximo
representadas nesta estória. A primeira filosofia está representada pelos
ladrões e pode ser assim resumida: “O que é meu é meu e o que é seu
tempestades da vida deixam as pessoas quebrantadas e feridas. Algumas
tropeçam diante das pressões da vida e outras sucumbem. Jesus mostrou
o valor que Ele dava aos feridos e quebrantados de coração. Ele veio para
dar visão aos cegos e cura aos feridos e quebrantados.
Se você consegue fazer aquilo que precisa fazer; se não é
controlado por compulsões nem obsessões; se não se sente oprimido,
então você é uma pessoa liberta. Este ensino mostra o valor que Jesus
deu aos pobres e cativos a quem Ele veio pregar as Boas Novas.
Se você está espiritualmente cego ou cativo, ferido, quebrantado
por causa das dificuldades da vida, saiba que Jesus deu um valor enorme
a você. Você é a razão por que Ele veio ao mundo. Você é a razão por
que Jesus está no mundo hoje. Você está disposto a confessar o valor que
Jesus deu a pessoas como você? Está disposto a aproximar-se d’Ele e
receber a visão para sua cegueira, a libertação das suas cadeias e a cura
das suas feridas?
45
Não existe bênção maior do que ouvir alguém ensinar um texto
conhecido da Bíblia, com uma nova perspectiva. Lembro-me de uma vez
que achei entediante uma pregação sobre o Salmo 23. Afinal, pensei, o
que aquele homem poderia trazer de novidade sobre um tão conhecido?
Mas depois de um tempo percebi que o que ele estava falando sobre o
Salmo 23 era totalmente novo para mim.
Acredito que foi isso que Jesus quis dizer quando mostrou o valor
que dava ao Seu ensino. Ele disse que quando realmente o entendemos,
passamos a ensinar coisas velhas e novas e podemos ensinar velhas
verdades de uma forma totalmente renovada.
10
 Capítulo 4
A Palavra Escrita de Deus
Estamos estudando os valores de Cristo. Durante os três anos do
Seu ministério Jesus valorizou a Palavra escrita de Deus. No Sermão do
Monte Ele mostrou o valor que dava às Escrituras do Velho Testamento,
embora os líderes religiosos O estivessem sempre desafiando e acusando-
O de ensinar coisas novas e diferentes:
“Não pensem que vim abolir a Lei ou os Profetas; não vim abolir,
mas cumprir. Digo-lhes a verdade: Enquanto existirem céus e terra,
de forma alguma desaparecerá da Lei a menor letra ou o menor traço,
até que tudo se cumpra. Todo aquele que desobedecer a um desses
mandamentos, ainda que dos menores, e ensinar os outros a fazerem o
mesmo, será chamado menor no Reino dos céus; mas todo aquele que
praticar e ensinar estes mandamentos será chamado grande no Reino dos
céus. Pois eu lhes digo que se a justiça de vocês não for muito superior
à dos fariseus e mestres da lei, de modo nenhum entrarão no Reino dos
céus” (Mateus 5:17-20).
Vejam o que Jesus ensinou: “... todo aquele que praticar e
ensinar estes mandamentos será chamado grande no Reino dos céus”.
Não somente aquele que entender, mas o que praticar e depois ensinar
os mandamentos, este será grande no reino. Jesus terminou este ensino
dizendo: “... todo aquele que praticar e ensinar estes mandamentos será
chamado grande no Reino dos céus. Pois eu lhes digo que se a justiça
de vocês não for muito superior à dos fariseus e mestres da lei, de modo
nenhum entrarão no Reino dos céus”.
De acordo com o Livro de Deuteronômio, o propósito do Velho
Testamento é mostrar ao homem como viver (cf. Deuteronômio 8:1-
3). Depois de mais de cinco décadas estudando e ensinando a Bíblia,
eu descobri que quanto mais a conhecemos, mais entendemos a vida; e
11
Capítulo 16
O Pobre
Neste capítulo veremos o valor que Jesus deu aos pobres, às
pessoas como você e eu: “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque
ele me ungiu para pregar boas novas aos pobres. Ele me enviou para
proclamar liberdade aos presos e recuperação da vista aos cegos, para
libertar os oprimidos e proclamar o ano da graça do Senhor” (Lucas 4:
18-19).
Este texto é uma citação que Jesus fez do profeta Isaías e foi o
Manifesto do Seu ministério. Jesus estava numa sinagoga da cidade de
Nazaré e pediu o rolo de Isaías. Ele o desenrolou até o capítulo 61 e leu
os primeiros versículos desse capítulo. Com essa leitura Jesus anunciou
quem Ele era, e por que veio ao mundo.
Jesus deu valor a Si mesmo; mas valorizou mais aqueles por
quem Ele veio ao mundo; pessoas como você e eu, a quem Ele chamou
de “pobres. Foi por causa dessas pessoas que Ele veio ao mundo. Mas,
quem são esses pobres?
O Cego, o Cativo e o Oprimido
Quando Jesus lê essa passagem, Ele explica o sentido da
expressão “pobre” no livro de Isaías Ele também se referiu aos cegos,
que são como ovelhas sem pastor. Você já se sentiu confuso como se não
soubesse diferenciar a mão direita da esquerda? Sem saber direito em
que realmente você crê? Se você já se sentiu assim, console-se, porque
Jesus deu grande valor a pessoas como você. Jesus afirmou que veio a
este mundo justamente para pessoas como você. Todas as vezes que Jesus
ministrou um ensino Ele estava dando visão aos cegos.
Jesus anunciou que veio pregar as Boas Novas ao pobre, ao
quebrantado e ao ferido. Viver é difícil e Jesus sabia muito bem disso. As
44
pensamentos de Deus. E quando isto acontece, milagres maravilhosos se
manifestam em nossas vidas.
O profeta Isaías compartilha sua filosofia de pregação conosco
dizendo que pregava a Palavra de Deus porque os caminhos e os
pensamentos de Deus não são os caminhos e os pensamentos do homem.
Como o céu está distante da terra, assim existe uma grande diferença na
forma de agir entre Deus e o homem. Por isso Isaías pregava a Palavra
de Deus; para que houvesse alinhamento entre os pensamentos e as
atitudes de Deus e do homem. Quando ocorre esse alinhamento, milagres
maravilhosos acontecem. É por isso que Isaías pregava a Palavra de
Deus. Essa era a sua filosofia de pregação (cf. Isaias 55:8-11).
Jesus ensinou a mesma coisa: “Se minhas palavras estiverem
em seus corações, então haverá alinhamento entre a vontade de Deus e
a de vocês; os pensamentos de Deus se tornam os seus pensamentos e os
caminhos de Deus os seus caminhos. Aí então, quando você orar, pedirá
o que quiser e lhe será feito, porque você estará pedindo de acordo com a
vontade de Deus”.
Você confessa o valor que Jesus deu ao Seu ensino e às Suas
palavras, deixando que elas entrem em você e que sintonizem os seus
pensamentos com os pensamentos de Deus e a sua vontade com a vontade
de Deus? Se você confessar este valor de Cristo, descobrirá que as
palavras d´Ele são Espírito e Vida.
43
quanto mais vivemos, mais compreendemos e damos valor à Palavra de
Deus.
Considere esta oração de Jesus e veja a importância da Palavra
de Deus na vida dos apóstolos: “Dei-lhes a tua palavra, e o mundo os
odiou, pois eles não são do mundo, como eu também não sou” (João 17:
14). Parece que a prova de que os apóstolos realmente tinham entendido
e viviam a Palavra, era eles serem odiados pelo mundo. Isso faz com que
cada discípulo de Jesus faça a si mesmo a seguinte pergunta: “Sou odiado
por viver a Palavra do Pai que me foi dada pelo Senhor Jesus Cristo?”.
Jesus pediu em favor dos apóstolos: “Santifica-os na verdade;
a tua palavra é a verdade”. A palavra “santificar” significa “separar”.
Jesus estava pedindo que o Pai os separasse para Ele e lhes desse um
relacionamento com Deus que os guardasse do mundo. Jesus afirmou que
os enviou como cordeiros no meio de lobos (cf. Lucas 10:3; Mateus 10:
16). Por isso Ele pediu que Deus não os tirasse do mundo para que eles
fizessem o que tinham de fazer; eles tinham de permanecer no mundo, mas,
enquanto isso, que Deus os livrasse do mundo e os separasse para Si. E
que, para isso usassem a Palavra de Deus, a Verdade, como o próprio Jesus
declarou ao Pai: “... a tua palavra é a verdade” (João 17:17). A Escritura
é a verdade. Por isso venha para as Escrituras e descubra esta verdade.
A verdade pode santificá-lo, separá-lo para Deus. A verdade pode dar a
você um relacionamento com Deus enquanto você estiver vivendo neste
mundo que odeia Deus, Sua Palavra e o Seu sistema de valores revelado
na Sua Palavra. Busque sempre as Escrituras procurando por esta
verdade, lembrando-se de que quando você a praticar, a conhecerá (João
7:17). Você conhecerá a verdade que o libertará e conhecerá a verdade
que o separará para Deus e para Jesus Cristo à medida que praticar os Seus
valores neste mundo hostil (cf. João 8:30-35; 17:14).
Você confessa o mesmo valor que Jesus deu à Palavra escrita de
Deus?
12
 Capítulo 5
Sua Obra
Estamos acompanhando o ensino de Jesus nos Evangelhos e
observando como Ele identificou Seus valores. Nesta parte do nosso
estudo quero enfocar o valor que Jesus deu à obra que Deus O incumbiu
de realizar. Você já parou para pensar como Jesus era obstinado em
concluir a obra do Pai?
Numa ocasião muito especial, quando era bem jovem, Jesus
disse a seus pais terrenos: “Por que vocês estavam me procurando? Não
sabiam que eu deveria estar na casa de meu Pai?” (Lucas 2:49). Com
essas palavras Jesus mostrou que estava decidido a realizar a Sua obra:
“Enquanto é dia, precisamos realizar a obra daquele que me enviou. A
noite se aproxima, quando ninguém pode trabalhar” (João 9:4). Jesus
tinha uma missão e sabia qual era essa missão.
Noutra ocasião em que os apóstolos chegaram com alimento e
ofereceram a Jesus, Ele o recusou dizendo: “A minha comida é fazer a
vontade daquele que me enviou e concluir a sua obra” (João 4:34). Jesus
deu-nos um exemplo fazendo da obra que o Pai lhe confiara, Sua comida,
Seu alimento.
Jesus viveu obstinado em fazer a vontade do Pai enquanto ainda
era dia, sabendo que a noite já estava se aproximando, quando ninguém
mais poderia trabalhar (cf. João 9:4). Diante da proximidade da cruz,
sabendo Jesus que Sua vida e missão na terra estavam se encerrando, fez
esta bela oração: “Eu te glorifiquei na terra, completando a obra que me
deste para fazer” (João 17:4).
O credo da Igreja afirma que o propósito da vida do homem
é glorificar a Deus. Mas, como glorificamos a Deus? Esta é uma
boa pergunta e Jesus mostrou com Sua vida qual é a resposta: “Eu te
glorifiquei na terra”. De que forma? “... completando a obra que me
13
Capítulo 15
Palavras de Vida
Temos sido desafiados em cada capítulo deste estudo - Os Valores
de Jesus Cristo - com a seguinte pergunta: “Você tem os valores de Cristo
e os aplica a sua vida?”. Neste capítulo veremos alguns versículos nos
quais Jesus ressalta o valor do Seu ensino. Um deles é este: “O Espírito
dá vida; a carne não produz nada que se aproveite. As palavras que eu
lhes disse são espírito e vida” (João 6:63). Quando a Bíblia se refere à
“carne” está falando da “natureza humana sem o cuidado de Deus” ou ao
que chamamos de nosso “lado humano”. Qual é o ensino que Jesus quis
dá quando disse “a carne não produz nada que se aproveite”? Ele fez
uma afirmação semelhante para os apóstolos quando disse: “... sem mim
vocês não podem fazer coisa alguma” (João 15:5). Sem a atuação do
Espírito, o nosso lado humano para nada vale. As palavras de Jesus são
Espírito e Vida que superam a nossa carne.
No capítulo 14 Jesus fez mais uma declaração: “As palavras que
eu lhes digo não são apenas minhas. Ao contrário, o Pai, que vive em
mim, está realizando sua obra (enquanto falo)” (João 14:10). Jesus afirma
que quando ouvimos Sua Palavra e respondemos a ela apropriadamente,
algo espiritual acontece. Esse acontecimento produz em nós vida
espiritual crescente. Era dele que o apóstolo Paulo estava falando quando
afirmou que “a fé vem por se ouvir a mensagem” (Romanos 10: l7). Esta
declaração de Jesus dá ao Seu ensino um valor muito alto.
Jesus fez outras declarações: “Se vocês permanecerem em mim,
e as minhas palavras permanecerem em vocês, pedirão o que quiserem,
e lhes será concedido” (João 15:7). Essa declaração pode parecer uma
porta aberta para tudo o que quisermos, mas na verdade Jesus está
valorizando o Seu ensino. Jesus está dizendo que o Seu ensino estabelece
um alinhamento da vontade e pensamentos nossos com a vontade e
42
um crente ser um “agente secreto”. Jesus sabia que alguém cheio de fé O
havia tocado.
Resumo e Aplicação
Uma aplicação que tiramos deste ensino para nossas vidas é que
Jesus dá valor para aqueles que tentam tocá-lO com fé. Se você está
ferido ou excluído da sociedade, saiba que para Jesus você tem mais valor
do que as pessoas que contam com o apoio da sociedade. Talvez você
esteja preso, ou talvez esteja com aids; mas esta história ensina que Jesus
valoriza você. Ele veio para os feridos e para aqueles que crêem que Ele
pode curar. Você tem fé para confessar este valor? Você tem fé para tocar
em Jesus e receber a cura? Confesse o valor que Jesus deu àquela mulher,
e o dá a pessoas como ela, que hoje estão tentando tocá-lO.
Você, que já crê em Jesus, confessa o valor que Jesus deu aos
excluídos e feridos? Se Ele já o curou, você quer ser um canal através do
qual Ele ministre para os feridos e excluídos deste mundo? Você quer ser
um canal de expressão do valor que Jesus dá aos doentes e isolados?
41
deste para fazer”. É assim que glorificamos a Deus.
Lemos nos Evangelhos, que as últimas palavras de Jesus na cruz
foram: “Está consumado! Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito”
(João 19:30; Lucas 23:46).
No diário de um missionário que foi brutalmente assassinado por
causa de sua fé foram encontradas as seguintes palavras: “Quando chegar
a hora em que Deus planejou para você morrer certifique-se de que a
única coisa que lhe falta fazer seja apenas morrer”. Como Jesus viveu
uma plenamente, quando chegou a hora da Sua morte Ele pode dizer:
“Está consumado! Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito”. Não
faltava mais nada para Jesus fazer.
Jesus sabia muito bem qual era a Sua missão. Você sabe qual é a
sua missão? Você conhece o sentimento de realização que vem de fazer
uma obra que o Pai lhe mandou fazer? Será que no final da sua vida você
poderá dizer como que Jesus disse: “Está consumado! Eu te glorifiquei
na terra, completando a obra que me deste para fazer.”?
14
 Capítulo 6
Como Ouvir a Palavra de Deus
Um dos grandes ensinos de Jesus é a Parábola do Semeador.
Poderíamos chamá-la de Parábola das Sementes, porque ela ensina como
ouvir a Palavra de Deus. Nesta parábola, quatro tipos de solo recebem a
semente, o que corresponde a quatro tipos de respostas que podemos dar
quando ouvimos a Palavra de Deus. Também poderíamos dizer que esta é
a Parábola dos Tipos de Solo. Mas depois de refletir um pouco mais sobre
o texto, chegamos à conclusão que esta parábola poderia ser intitulada:
“Quatro Homens Num Banco de Igreja, Qual Deles Você É?”.
Esta parábola fala de um fazendeiro que estava semeando o solo.
Algumas das sementes caíram sobre um solo duro; vieram os pássaros e
comeram as sementes. Estas sementes não penetraram no solo, portanto
não produziram frutos. Jesus explicou que estes são os que ouvem a
Palavra de Deus, mas não deixam que ela penetre no seu entendimento.
Antes que a Palavra de Deus possa se aprofundar o diabo vem e tira as
sementes.
O segundo tipo de solo a receber a semente é o solo rochoso. As
rochas impedem que as sementes criem raízes profundas e quando o sol
aquece o solo, as sementes são destruídas sem produzir qualquer fruto. Ao
interpretar esta parábola, Jesus explicou que este tipo de solo rochoso são
as pessoas em quem a Palavra de Deus penetra apenas na mente e não no
centro de suas vontades. São aquelas pessoas com coração endurecido. Ao
ensinar esta parábola, Jesus se referiu à nossa vontade, onde reside nossa
capacidade de escolha e onde as decisões são tomadas. Esse segundo tipo
de solo as pessoas de coração endurecido.
No terceiro tipo, a planta cresceu, mas foi sufocada por ervas
daninhas e acabou não produzindo fruto algum. Essas ervas daninhas
são os cuidados deste mundo, como o dinheiro, os bens e a falta deles, as
15
disse: ‘Menina, levante-se!’. O espírito dela voltou, e ela se levantou
imediatamente. Então Jesus lhes ordenou que lhe dessem de comer. Os
pais dela ficaram maravilhados, mas ele lhes ordenou que não contassem
a ninguém o que tinha acontecido” (Lucas 8:41-56).
Essa história mostra mais uma vez o valor que Jesus deu aos
feridos. Mas existe um fato interessante nessa história. Jesus se deparou
com dois feridos: um pai cuja filha estava morrendo e uma mulher com
um sangramento que já durava doze anos. Jesus, enquanto num corpo,
não poderia estar em dois lugares ao mesmo tempo. Pastores e médicos
sabem muito bem o quanto é difícil estabelecer prioridades quando se
trata de pessoas feridas e necessitando de ajuda.
Mas Jesus sabia qual era Sua prioridade. Primeiro Ele ministrou
para a mulher e depois para o pai. Se fosse qualquer um de nós, talvez
tivesse atendido em primeiro lugar o pai, e depois a mulher. Afinal aquele
homem era presidente da sinagoga e a mulher “era ninguém”. Ela estava
isolada da comunidade e assim deveria permanecer. Conforme a Lei de
Moisés, ela estava proibida de tocar em qualquer pessoa (cf. Levítico 15:
19-30). Mas foi justamente ela quem Jesus decidiu ajudar em primeiro
lugar.
Por que Jesus agiu dessa forma sabendo que depois de atender
à mulher, a filha daquele líder religioso já estaria morta? Poderíamos
justificar dizendo que foi porque o pai já tinha vivido doze anos de alegria
com sua filhinha, enquanto que aquela mulher vivia um sofrimento
havia doze anos, isolada e expulsa do convívio social por causa daquela
enfermidade.
Ela era uma mulher de fé porque, mesmo sendo proibida de estar
no meio de uma multidão, decidiu, ao menos tocar na borda das vestes
de Jesus porque sabia que seria curada. Mas Jesus exigiu muito mais do
que fé da parte dela. Ele a expôs publicamente quando perguntou “Quem
tocou em mim?”. A Bíblia mostra em várias passagens, que não dá para
40
 Capítulo 14
Pessoas Prioritárias
Estamos seguindo os passos de Jesus Cristo pelos Evangelhos e
identificando Seus valores. Uma das maneiras de fazer isso é observar
as prioridades que Jesus estabeleceu. O Evangelho de Lucas relata uma
história que mostra quem são as pessoas prioritárias para Jesus. Vamos
ao texto:
“Então um homem chamado Jairo, dirigente da sinagoga, veio e
prostrou-se aos pés de Jesus, implorando-lhe que fosse à sua casa porque
sua única filha, de cerca de doze anos, estava à morte. Estando Jesus a
caminho, a multidão o comprimia. E estava ali certa mulher que havia
doze anos vinha sofrendo de hemorragia e gastara tudo o que tinha com
os médicos; mas ninguém pudera curá-la. Ela chegou por trás dele,
tocou na borda de seu manto, e imediatamente cessou sua hemorragia.
‘Quem tocou em mim?’, perguntou Jesus. Como todos negassem, Pedro
disse: ‘Mestre, a multidão se aglomera e te comprime’. Mas Jesus
disse: ‘Alguém tocou em mim; eu sei que de mim saiu poder’. Então a
mulher, vendo que não conseguiria passar despercebida, veio tremendo
e prostrou-se aos seus pés. Na presença de todo o povo contou por que
tinha tocado nele e como fora instantaneamente curada. Então ele lhe
disse: ‘Filha, a sua fé a curou! Vá em paz’. Enquanto Jesus ainda estava
falando, chegou alguém da casa de Jairo, o dirigente da sinagoga, e
disse: ‘Sua filha morreu. Não incomode mais o Mestre’. Ouvindo isso,
Jesus disse a Jairo: ‘Não tenha medo; tão-somente creia, e ela será
curada’. Quando chegou à casa de Jairo, não deixou ninguém entrar
com ele, exceto Pedro, João, Tiago e o pai e a mãe da criança. Enquanto
isso, todo o povo estava se lamentando e chorando por ela. ‘Não chorem’,
disse Jesus. ‘Ela não está morta, mas dorme’. Todos começaram a rir
dele, pois sabiam que ela estava morta. Mas ele a tomou pela mão e
39
preocupações e as pressões. Por estas coisas as pessoas são distraídas e
quando ouvem a Palavra não produzem frutos.
Mas Jesus disse que algumas sementes caíram em um solo bom.
Não havia nada que impedisse a produção de frutos. E a colheita foi
de trinta, sessenta e cem por semente plantada. Jesus explicou que este
quarto tipo de solo representa as pessoas que ouvem e guardam a Palavra
de Deus e frutificam, alguns a trinta por um, outros a sessenta e outros a
cem. Nessas, a Palavra penetra-lhes o entendimento, a vontade e nada as
distrai nem impede de fazerem o que a Palavra de Deus os instrui a fazer.
Essas pessoas se tornam discípulos frutíferos de Jesus.
Com esta parábola Jesus mostrou o valor que Ele dava à Palavra
de Deus. Ela nos faz frutíferos, quando lhe respondemos de maneira
apropriada. Mostramos o valor que damos à Palavra de Deus, não apenas
recitando o credo da igreja, mas deixando que a Palavra de Deus penetre
em nosso entendimento e vontade. Quando ouvimos essa Palavra não
podemos deixar que outras coisas nos impeçam de aplicá-la e vivê-la
como autoridade máxima da nossa fé e prática.
Nessa parábola Jesus enfatizou mais uma vez a importância que
existe em aplicar a Palavra de Deus quando a ouvimos. Parecia que Jesus
estava sempre dizendo: “você deve praticar aquilo em que acredita. O
resto não passa de conversa religiosa!”.
16
 Capítulo 7 submetemos nossa vontade e depois teremos certeza e saberemos no
Amor Pelos Pecadores intelecto, que o ensino de d´Ele vem de Deus. Quando você praticar,
saberá.
Estamos estudando o sistema de valores de Jesus e neste capítulo Como exemplo vejamos um dos ensinos de Jesus: “Há maior
enfocaremos o valor que Jesus deu ao amor pelos pecadores. Acompanhe felicidade em dar do que em receber” (Atos 20:35). Aplique esta verdade
comigo a leitura desta linda passagem do Novo Testamento: ao seu casamento, cônjuge e filhos, e passe a enfocar não o que você
“Depois disso, Jesus saiu e viu um publicano chamado Levi, consegue tirar dele, mas como pode contribuir para ele. Depois de aplicar
sentado na coletoria, e disse-lhe: “Siga-me”. Levi levantou-se, deixou a “nona bem-aventurança” verá a revolução que este ensino fará na sua
tudo e o seguiu. Então Levi ofereceu um grande banquete a Jesus em sua família. Ele pode causar uma revolução em todos os seus relacionamentos!
casa. Havia muita gente comendo com eles: publicanos e outras pessoas. O que Jesus está dizendo é que se você quer provar que o ensino d’Ele vem
Mas os fariseus e aqueles mestres da lei que eram da mesma facção de Deus, pratique-o e verá o impacto que isso vai causar na sua vida; você
queixaram-se aos discípulos de Jesus: ‘Por que vocês comem e bebem se convencerá de que o ensino de Jesus não é apenas o ensino de mais um
com publicanos e ‘pecadores’?’. Jesus lhes respondeu: ‘Não são os que rabino, mas o ensino de Deus.
têm saúde que precisam de médico, mas sim os doentes. Eu não vim Você está disposto a confessar o valor que Jesus deu ao Seu ensino
chamar justos, mas pecadores ao arrependimento’” (Lucas 5:27-32). aplicando-o na sua vida e nos seus relacionamentos? Se você fizer isso
Como temos visto neste estudo, Jesus sempre demonstrava um verá que o ensino de Jesus é o ensino de Deus.
amor dinâmico pelas pessoas que passavam pelo Seu caminho. Aqueles
que tinham um encontro com Jesus podiam ver em Seus olhos e atitudes
o amor do Senhor por eles e isso marcava a vida de todos.
Na época em que eu cursava o seminário prestava serviço como
zelador na escola. Um dia fui limpar uma sala onde tinha terminado
uma palestra com um pregador muito conhecido. Eu estava com todo o
material de limpeza: rodo, panos de chão, vassoura, balde, ansioso para
começar a limpeza e acabar logo o meu serviço. Aquele pregador pegou
na minha mão e perguntou: “Jovem, qual é o seu nome?”. A maneira
como ele falou comigo e me olhou nos olhos, apesar de eu ser um simples
aluno que limpava as salas, fez-me sentir como a pessoa mais importante
do mundo.
Imaginem como seria encontrar-se com Jesus e Ele olhar para
você com toda atenção, com o Seu olhar cheio de amor! Imaginem

17 38
 Capítulo 13
O Ensino de Deus
Em nossos dias a sociedade tem dado muito valor às pessoas
que não confessam ter a Palavra de Deus como autoridade máxima de
fé e prática. Jesus afirmou que o ser humano pode escolher entre duas
autoridades máximas para fé e prática: Deus ou o homem. Ele enfatizou
que essa autoridade deve ser preferencialmente Deus.
Continuando o estudo dos valores de Cristo, vamos ver como Jesus
afirmou que o Seu ensino é o ensino de Deus.
“Os judeus ficaram admirados e perguntaram: ‘Como foi que este
homem adquiriu tanta instrução, sem ter estudado?”. Jesus respondeu:
“O meu ensino não é de mim mesmo. Vem daquele que me enviou. Se
alguém decidir fazer a vontade de Deus, descobrirá se o meu ensino vem
de Deus ou se falo por mim mesmo” (João 7:15-17).
Jesus deixou claro que Ele não era apenas mais um rabino; o que
Ele ensinava vinha de Deus. Como podemos saber que o ensino de Jesus
Cristo é a Palavra de Deus? Hoje o conceito de que as Escrituras são a
Palavra de Deus e não apenas palavras daqueles que as escreveram está
sob severo ataque. Existem pessoas que até se dizem seguidores de Cristo
e não crêem que a Bíblia seja a Palavra de Deus. No capítulo 7 de João
Jesus lança um importante desafio e afirma que o Seu ensino é a Palavra de
Deus e o ensino de Deus.
Como podemos confessar este valor de Cristo? Como podemos
provar que o ensino de Jesus é o ensino de Deus? Jesus nos desafiou
a fazer esta prova praticando tudo o que o Seu ensino manda; fazendo
aplicação prática do Seu ensino em nossa própria vida. Quando fazemos
isso descobrimos que o Seu ensino é o ensino de Deus. Essa abordagem
é exatamente contrária à abordagem intelectual. O intelectual afirma que
“quando tiver certeza, vai praticar”. Jesus ensinou diferente. Primeiro
37
como Jesus marcava as pessoas com quem Se encontrava! Por que os
publicanos e pecadores se sentiam tão atraídos para Ele? Creio que era
por causa desse amor incondicional que irradiava das palavras, expressões
e atitudes de Jesus.
Lucas contou que Jesus comia e bebia com publicanos e
pecadores. Já fui a jantares sociais nos quais os participantes contavam
piadas tão inconvenientes que causavam constrangimento em todos os
presentes, porque eles sabiam que havia um pastor ali. No meio daquele
constrangimento eu ficava me indagando: “Como Jesus faria ao freqüentar
reuniões como esta e não ser indesejado?”. Jesus amava os publicanos
e pecadores e isso era patente aos olhos de todos. Se Jesus amava os
publicanos e pecadores quando estava com eles, será que hoje Ele quer
expressar este mesmo amor através de mim nesta reunião?”. Jesus era
amigo de pecadores. Você tem algum amigo pecador? Você tem alguma
interação com pecadores descarados? Reflita um pouco, pense se Jesus
tem liberdade de ser, através de você, quem Ele quer ser para os pecadores
que cruzam o seu caminho.
Você confessa o valor que Jesus deu ao amor pelos pecadores,
interessando-se e sendo um canal do amor de Jesus Cristo por eles?
18
 Capítulo 8 não podem experimentar a Água Viva e continuar com o mesmo estilo
O Conhecimento de Deus de vida. A mulher samaritana mostrou arrependimento. Isso foi muito
lindo! Mas o que queremos destacar nessa história é o valor que Jesus
Estamos estudando os valores de Cristo e neste capítulo quero deu àquela mulher sedenta, uma simples pecadora samaritana. Com este
que você reflita comigo sobre o valor que Jesus deu ao conhecimento a exemplo Jesus mostrou o valor que Ele dá a pessoas como ela. Já falamos
respeito de Deus. Jesus ensinou que quando respondemos ao Seu ensino, antes do valor que Jesus deu aos perdidos e feridos e essa história é um
uma experiência espiritual ocorre dentro de nós. excelente exemplo disso. Quando Jesus passou por Samaria mostrou que
Jesus passou os três anos do Seu ministério nesta terra com doze se importava com aquela mulher. Deu-lhe valor, gastou tempo com ela e
homens que estavam sempre com Ele, e a quem Ele ensinou, treinou e provou que veio a este mundo para expressar o amor do Pai.
enviou. Quando Jesus viu que as suas últimas horas haviam chegado e Quando você se depara com alguém como aquela mulher
que Ele seria preso e morto na cruz pelos pecados do mundo, escolheu samaritana, você tem a mesma atitude que Jesus teve? Você confessa o
passar essas últimas horas com esses doze homens (cf.João 13-16). valor que Jesus deu aos perdidos?
Durante este tempo Jesus fez o maior de todos os Seus sermões.
Ele surpreendeu a todos dizendo: “Agora eu vou deixar vocês! Mas
depois que Eu partir vai acontecer um milagre. E como resultado deste
milagre, vocês poderão ter um relacionamento mais próximo Comigo do
que vocês tiveram durantes estes três últimos anos”. Jesus explicou que
estava falando a respeito do Espírito Santo. A palavra grega traduzida
para Espírito Santo é “paracleto”, que significa “Conselheiro”, “aquele
que está ao nosso lado com o propósito de nos ajudar”.
Naquele momento íntimo que Jesus teve com Seus apóstolos,
ministrou-lhes este ensino: “Se vocês me amam, obedecerão aos meus
mandamentos. E eu pedirei ao Pai, e ele lhes dará outro Conselheiro
para estar com vocês para sempre, o Espírito da verdade” (João 14:15-
17).
O apóstolo Judas perguntou a Jesus: “Senhor, mas por que te
revelarás a nós e não ao mundo?”. E Jesus respondeu: “Se alguém me
ama, obedecerá a minha palavra. Meu Pai o amará, nós viremos a ele e
faremos morada nele. Aquele que não me amam não obedece às minhas
palavras” (João 14:22,23).

19 36
 Aquela mulher estava com sede e foi ao poço tirar água. Jesus tirou
proveito da sua necessidade e lhe falou: “Quem beber desta água terá sede
outra vez, mas quem beber da água que eu lhe der nunca mais terá sede.
Ao contrário, a água que eu lhe der se tornará nele uma fonte de água a
jorrar para a vida eterna” (João 4: 13 e 14). Jesus mostrou que n´Ele, o
sedento encontra solução para sua sede.
A mulher admirou-se que Ele não tivesse uma vasilha para tirar
água do poço porque era fundo. A vasilha representava a sua sede. O fato
de ela já ter tido cinco maridos e aquele com quem ela vivia não ser seu
marido, mostrava que sua necessidade ia além de simples sede de água.
Preste atenção nos versículos 28 e 29: “Então, deixando o seu
cântaro, a mulher voltou à cidade e disse ao povo: ‘Venham ver um homem
que me disse tudo o que tenho feito. Será que ele não é o Cristo?’”. Aquela
mulher conheceu Jesus e bebeu da Água Viva e sua sede foi saciada. Que
história maravilhosa!
Rios e Fontes
Jesus falou para a mulher que depois que ela tomasse a Água Viva,
aquela água se tornaria nela uma fonte de água da qual outras pessoas
poderiam beber. Isto aconteceu literalmente, quando ela, deixando sua
vasilha, foi contar aos homens de Samaria a respeito de Jesus e conduzi-los
à Água Viva.
No capítulo 7 de João vemos que Jesus mais uma vez enfocou este
conceito de sede: “Se alguém tem sede, venha a mim e beba. Quem crer em
mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva” (João
7: 37, 38). Isso significa que quando uma pessoa vem até Jesus, além de ter
sua sede saciada para sempre, do seu interior fluem rios de água viva que
vão saciar a sede daqueles que interceptam sua vida.
Em todos esses diálogos Jesus desafiava as pessoas com o conceito de
arrependimento, que significa “repensar” o sistema de valores. As pessoas
35
Jesus ensinou que a obediência ao Seu ensino nos leva a ter um
relacionamento com Ele, com o Pai e com o Espírito Santo, o Conselheiro.
Este relacionamento que se torna possível por causa do Espírito Santo e
da nossa obediência ao Seu ensino é mais intimo do que o relacionamento
que os apóstolos tiveram com Jesus durante o Seu ministério de três anos
sobre a terra. Com este ensino Jesus mostrou o valor que Ele dava ao
nosso relacionamento vertical com Deus através do Espírito Santo e da
obediência ao Seu ensino.
Jesus deu um passo além e afirmou: “Aquele que crê em mim fará
também as obras que tenho realizado. Fará coisas ainda maiores do que
estas” (João 14:12). Que grande desafio! Eu sempre achei que quando
Jesus falou que faríamos “coisas ainda maiores do que estas” estava
falando de quantidade e não de qualidade, por causa do grande número de
pessoas espalhadas por todo o mundo. Mas, com Jesus, o Espírito Santo
e o Pai habitando em cada crente cheio do Espírito e controlado por Ele,
Deus pode operar obras sobrenaturais maravilhosas.
Resumo
A obediência ao ensino de Cristo é a chave para que tenhamos um
relacionamento com o Espírito Santo, o Cristo ressurreto e o Deus Pai.
Nossa obediência também libera o Espírito Santo para operar em nossas
vidas. Pedro confirmou esse valor quando disse que Jesus “dá o Seu
Espírito aos que O obedecem”. Ele explicou que Jesus foi responsável
por todos os milagres e maravilhas do dia do Pentecostes (cf. Atos 5:32;
2:33). Tudo isso mostra o valor que Jesus deu à obediência ao Seu ensino
e ao conhecimento que adquirimos de Deus.
Aplicação
Se desejamos sinceramente um relacionamento real com Jesus
Cristo, devemos confessar o valor que Ele deu à obediência ao Seu ensino
20
e ao conhecimento de Deus. Você quer viver esta realidade? Então
busque o ensino de Jesus e peça que o Espírito Santo lhe mostre o que
isso pode significar para sua vida quando você começar a praticá-lo.
Confesse o valor que Jesus deu à obediência ao Seu ensino. Não
estou me referindo a entender nem memorizar o ensino de Jesus, nem
mesmo a ensiná-lo. Estou falando de aplicar, praticar e obedecer, fazer
dos valores de Jesus os seus valores. De acordo com Jesus, isto fará
com que você tenha um relacionamento com o Espírito Santo, com o
Cristo vivo e com o Deus Pai. Então o Pai, o Filho e o Espírito Santo
viverão em você e com você, e farão uma obra divina através de você.
21
Observe como Jesus foi atencioso com aquela mulher e como
valorizou o tempo que passou com ela. Ele ignorou o preconceito dos
judeus em relação aos samaritanos, principalmente tratando-se de uma
mulher com uma reputação questionável. Ele ignorou todo cansaço e
sede e certificou-se de que não haveria ninguém ouvindo a conversa que
teria com aquela mulher. Jesus mostrou com esse episódio, como uma
conversa pode valorizar alguém que está necessitando de ser ouvida.
Fico imaginando como seria conversar com Jesus “cara-a-cara”.
Imagine a emoção de ter Jesus olhando bem em nossos olhos, como foi
com aquele jovem rico que O procurou: “Jesus olhou para ele e o amou”
(Marcos 10:21). Que emoção é se sentir amado por Jesus! Todos os
que tiveram um encontro com Ele souberam o que isso significa. Jesus
transmitia o Seu amor incondicional a todos com quem conversava e
tenho certeza de que foi isso o que aconteceu na conversa com aquela
mulher samaritana.
As Técnicas de Jesus para um Diálogo
Jesus iniciou a conversa pedindo água para a mulher. Jesus
mostrou humildade. Esta é uma boa forma de abordagem. O que Jesus
fez era muito incomum naquela cultura. Dirigir a palavra para uma pessoa
samaritana e principalmente para uma mulher era algo absolutamente
incomum; mas Jesus sabia de tudo isto quando iniciou a conversa.
Depois que Jesus pediu água, passou a falar da sede da mulher.
Nesse diálogo Jesus deu valor a Si mesmo e fez afirmações importantes
a respeito do Messias que Ele era. Já comentamos este diálogo de Jesus
quando estudamos sobre o valor que Jesus deu a Ele mesmo. Mas agora o
enfoque é outro: queremos enfocar o valor que Jesus deu à mulher.
Para iniciar a conversa Jesus abordou o assunto “sede”. Todos nós
sabemos o que é ter “sede”. Vemos no Evangelho de João, que algumas
vezes Jesus enfocou esta necessidade básica do ser humano.
34
 Capítulo 12
Feridos e Perdidos
Já vimos alguns valores de Cristo: o valor que Ele deu a Si próprio,
à Palavra de Deus e às pessoas como você e eu. Continuando o nosso
estudo veremos agora o valor que Jesus deu aos feridos e perdidos. Leia
o texto do Evangelho de João, capítulo 4, versículos 1 a 42, para depois
acompanhar o comentário da conversa que Jesus teve com uma mulher
samaritana, junto ao poço de Jacó, em Sicar.
Jesus estava subindo para a Galiléia e passou por Samaria. A
Judéia, região onde Jesus estava, localiza-se ao sul de Israel e a Galiléia,
ao norte. No meio do caminho entre esses dois pontos, está localizada a
região de Samaria.
Os judeus tinham preconceito contra os samaritanos e por
este motivo, quando faziam esse caminho desviavam-se da cidade de
Samaria. Mas Jesus, quando fez essa viagem quis passar exatamente
pelo meio de Samaria. E quando estava bem no centro dessa região,
parou junto a um poço. Segundo o texto, Ele estava cansado da viagem
e sentou-Se junto ao poço.
Quando estudamos a vida de Jesus, observamos que Ele tinha
todas as características humanas que nós temos e também ficava cansado,
com sede e exausto, principalmente naquela região do globo ao meio-
dia! Seus discípulos tinham ido à cidade em busca de alimento. Quando
retornaram trazendo-o, Jesus o recusou. É possível que Jesus tenha
preferido ficar só durante esse tempo antes de conversar com aquela
mulher samaritana.
Você tem alguma experiência em aconselhamento? Há momentos
em que é importante que uma conversa dessa seja em particular; às vezes,
não conversamos muito à vontade quando existe uma terceira pessoa nos
ouvindo, e creio que Jesus sabia muito bem disso.
33
Capítulo 9
Um Homem Chamado Pedro
Em mais um capítulo do estudo dos valores de Jesus Cristo vamos
ver como Ele valorizou um homem chamado “Pedro”.
Até Pedro encontrar-se com Jesus pela primeira vez, seu nome
era “Simão”. E se existe uma palavra que defina este homem naquele
momento, esta palavra é “instabilidade”. Veja como a Bíblia relata este
primeiro encontro: “André, irmão de Simão Pedro, era um dos dois
que tinham ouvido o que João dissera e que haviam seguido Jesus. O
primeiro que ele encontrou foi Simão, seu irmão, e lhe disse: ‘Achamos
o Messias’ (isto é, o Cristo). E o levou a Jesus. Jesus olhou para ele e
disse: ‘Você é Simão, filho de João. Será chamado Cefas’ (que traduzido
é ‘Pedro’)” (João 1: 40-42).
Quando Jesus olhou para Pedro com firmeza e lhe chamou de
“pedra” estabeleceu um exemplo muito importante para nós. Será que
Pedro era estável como uma “pedra”? Não naquele dia! Mas Jesus não
viu apenas o que Pedro era naquele momento. Ele viu o que ele viria a ser.
Tente agir da mesma forma com os seus filhos e com o seu cônjuge. Tente
com seus colegas de trabalho – com qualquer pessoa com quem você se
relaciona. Experimente deixá-los saber que você acredita no potencial
deles para serem o que Deus quer que Eles sejam. Quando você reforça
os pontos positivos de uma pessoa, está demonstrando amor por ela. Este
tipo de amor é inspirador e irresistível e se encaixa na descrição que Paulo
fez do amor que: “Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O
amor nunca perece” (I Corintios 13:7,8).
Em outro episódio com Pedro, houve o seguinte diálogo iniciado
por Jesus: “‘Quem dizem vocês que eu sou?’. Simão Pedro respondeu: ‘Tu
és o Cristo, o Filho do Deus vivo’” (Mateus 16: 15-16). Parafraseando,
Jesus teria respondido isso: “Pedro, você não é tão esperto assim. Meu
22
Pai que está no céu foi quem revelou isso para você” (cf. Mateus 16: 17).
Naquele momento Jesus estava afirmando para Pedro que Sua
Igreja seria edificada sobre esta revelação. Ou seja, Jesus construiria Sua
igreja sobre a declaração de um milagre revelado a um homem como Pedro
e Deus iria operar maravilhas através de pessoas absolutamente comuns
que se dispusessem nas Suas mãos. Nos quatro Evangelhos vemos Jesus
sempre reafirmando para Pedro: “Vamos lá, Pedro, você consegue! Com
a minha ajuda, você consegue!”.
Quando já o tempo da permanência de Jesus com seus discípulos
estava próximo do fim, Jesus sabia que todos O abandonariam e fugiriam.
Ele sabia também que Pedro estava a um passo de negá-lO. Nesse
momento Jesus dirige a Pedro essas palavras: “Simão, Simão, Satanás
pediu vocês para peneirá-los como trigo”. Mas eu orei por você, para
que sua fé não desfaleça. E quando você se converter, fortaleça os seus
irmãos” (Lucas 22:31). Tenho certeza que nessa hora Pedro viu amor nos
olhos do Senhor.
Acompanhando a narrativa do Evangelho podemos ver que em
seguida Pedro disse para Jesus: “‘Estou pronto para ir contigo para a
prisão e para a morte’. Respondeu Jesus (creio que Jesus disse isso com
muito amor nos olhos): ‘Eu lhe digo, Pedro, que antes que o galo cante
hoje, três vezes você negará que me conhece’” (Lucas 22:33-34). Estas
palavras proféticas de Jesus cumpriram-se literalmente. Quando Pedro
negou a Jesus pela terceira vez, imediatamente o galo cantou. Lucas
conta que nesse momento os olhos de Jesus e os de Pedro se encontraram.
Não causa estranheza que nesse momento Pedro tenha saído correndo no
meio da escuridão, chorando amargamente (cf. Lucas 22:61-62).
Não foi isso o que aconteceu com o fariseu. Este não demonstrou nenhuma
contrição e não pediu nada a Deus. Quando Davi confessou o seu pecado
declarou o que Deus quer de nós quando pecamos: “um coração contrito e
quebrantado” (Salmo 51:17).
Esta parábola mostra com clareza o valor que Jesus deu à
oração de um pecador arrependido. Ele valoriza aqueles que estão
dispostos a confessar seus pecados e a pedir misericórdia em Seu nome.
Depois de fazermos esta oração de contrição e arrependimento, além
de descobrirmos o valor que os pecadores e perdidos têm para Jesus,
também encontramos a salvação que Ele trouxe para todos nós.
Você sabe que é pecador? Qualquer pessoa disposta a confessar
o seu pecado pode ser perdoada. Você, que confessou o seu pecado há
muito tempo, valoriza os pecadores que ainda necessitam de fazê-lo?
Qual é a sua atitude diante de um pecador? Se Cristo vive em você, não
se surpreenda com o amor d’Ele transbordando no seu coração pelos
pecadores que arrependidos, querem confessar os seus pecados.

A Transformação de Ninguém em Alguém

João, no capítulo 21 narra outro episódio ocorrido entre Jesus
e Pedro. Jesus já tinha sido crucificado enterrado e ressuscitado. A

23 32
preservava o judaísmo. Os fariseus eram muito zelosos quanto à Lei:
jejuavam duas vezes por semana e davam o dízimo. Jesus, inclusive, os
elogiou por isso. Mas a justiça deles era uma autojustiça. Era como se
eles acreditassem que por si mesmos podiam ser o que Deus queria que
eles fossem.
O outro homem é um publicano, um coletor de impostos dos judeus
para os romanos. Os publicanos eram odiados pelo seu povo. Por isso
os escritores dos Evangelhos quando faziam referência aos publicanos
era sempre associada com pecadores: “publicanos e pecadores”. Eles
consideravam os publicanos pecadores tão destacados, que mereciam
uma classificação especial.
A oração do fariseu era voltada para ele mesmo. Em apenas duas
frases, o pronome “eu” está presente cinco vezes. Uma oração tem várias
partes, mas essencialmente significa “pedir”. Este fariseu não pediu nada
a Deus. Ele limitou-se a mostrar para Deus ou para os que o estavam
ouvindo, as características de um homem bom. Ele começou a oração
falando dele mesmo e não foi além disso.
O publicano por sua vez, nem levantou os olhos para o céu, tão
contrito e arrependido dos seus pecados ele estava. Deus tem prazer
na oração que sai de um coração contrito. Jesus falou que o publicano
foi para casa “justificado”, quer dizer “como se nunca tivesse pecado”.
Quando ele foi para casa não estava apenas perdoado, mas, como se nunca
tivesse pecado.
Resumo e Aplicação
Se você ainda não fez a oração do publicano, então precisa fazê-la.
Ela foi valorizada por Jesus. Se você já fez essa oração há muitos anos,
saiba que Deus gostaria de ouvi-la cada vez que você pecar. A postura
do publicano mostrou como ele estava contrito, ou seja, “profundamente
arrependido” pelo que tinha feito. Ele pediu pela misericórdia de Deus.
31
impressão que temos é que Pedro tinha voltado à sua antiga atividade
pesqueira. Dá para imaginar o desânimo e a desilusão dos apóstolos
naquele momento. Também dá para imaginar o terrível sentimento de
culpa que Pedro estava sentindo por ter negado a Jesus três vezes.
Foi nesse contexto que Jesus apareceu para Pedro e para aqueles
que estavam pescando com ele. Entre eles estavam sete dos doze que
estiveram presentes na Última Ceia, quando Pedro se gabou de que
jamais deixaria Jesus. Nesse momento o Senhor Jesus fez três perguntas
muito difíceis para Pedro. Vamos parafrasear este interessante diálogo
entre Jesus e Pedro:
Depois de tomarem o café da manhã Jesus disse a Pedro: “Pedro,
você realmente me ama mais do que estes?”. Jesus fez esta pergunta
usando a palavra “ágape” que significa o tipo de amor perfeito, descrito
por Paulo em I Coríntios 13. Pedro respondeu usando a palavra “phileo”,
que é o amor de amigo. Pedro estava respondendo a Jesus: “O Senhor
sabe a resposta. O Senhor sabe que eu sou apenas Seu amigo. O Senhor
conhece o meu coração e sabe que eu ‘phileo’ o Senhor”. “Phileo” não
é o tipo de amor que faz parte da natureza de Deus e que significa total
comprometimento.
Pedro foi honesto. Ele não estava mais se gabando; estava
confessando. Ele não estava dizendo que amava o Senhor mais do que os
outros. Foi como se Jesus tivesse perguntado a Pedro: “Pedro, você me
ama com todo o seu coração, alma e mente e com todas as suas forças?”.
E Pedro respondeu: “O Senhor conhece a resposta melhor do que eu. O
Senhor sabe que meu amor não passa de um amor de amigo”.
Desta vez Pedro não estava mais se vangloriando nem sendo
orgulhoso. Ele tinha sido quebrado. Pedro agora era “humilde de
espírito”. Mas aí aconteceu algo impressionante. Quando Pedro disse
que amava ao Senhor com o amor de amigo, o Senhor lhe respondeu:
“Pedro, alimente minhas ovelhas”. Jesus estava dizendo a Pedro: “Eu
24
quero alguém como você, que sabe o que é errar. Eu não quero alguém
perfeccionista, exigindo o impossível das Minhas ovelhas. Eu quero
alguém quebrantado; alguém que seja humilde, que tenha compaixão e
que saiba como lidar com pessoas que erraram. Pedro, Eu quero alguém
como você alimentando Minhas ovelhas.”
Jesus perguntou pela segunda vez: “Pedro, você me “ágape”? E
Pedro respondeu: “Senhor, eu te “phileo”. E desta vez o Senhor disse:
“Então, Pedro, pastoreia as minhas ovelhas. Tome conta delas. Eu quero
alguém como você cuidando das minhas ovelhas”.
Pela terceira vez o Senhor perguntou a Pedro, mas dessa vez
usou a palavra “phileo”: “Pedro, você me ‘phileo’? Você me ama pelo
menos como amigo?”. Pedro se entristeceu com a maneira como Jesus
lhe perguntou pela terceira vez. Provavelmente a voz de Pedro falhou e
ele deveria estar muito emocionado quando respondeu: “Senhor, o Senhor
conhece o meu coração. O Senhor sabe todas as coisas. O Senhor sabe
que pelo menos este amor eu tenho pelo Senhor”. Pela terceira vez,
quando Pedro confessou o tipo de amor frágil que tinha por Jesus, o
Senhor respondeu àquele homem quebrantado: “Alimente meus cordeiro,
Pedro”. O Pedro desse diálogo era um homem quebrantado e humilde.
Resumo e Aplicação
Esta é uma das passagens mais bonitas do Novo Testamento. O
Senhor estava dizendo àquele líder humilde e quebrantado da nova igreja do
Novo Testamento: “Pedro, quero alguém como você alimentando Minhas
ovelhas”. Alguma vez você já se perguntou por que o Espírito Santo agiu
de maneira tão tremenda através de Pedro no dia do Pentecostes? Por
que não foi através de João, o apóstolo do amor? Por que não Natanael,
a quem o Senhor havia se referido como um homem sem dolo? Por que
não Tiago, chamado por Jesus de “o filho do trovão”?
Creio que Deus tenha usado Pedro para pregar e trazer milhares
25
Capítulo 11
A Oração de um Pecador
Vamos ver neste capítulo do estudo Os Valores de Jesus Cristo,
o valor que Jesus deu à oração de um pecador. Jesus mostrou o valor
que Ele dava oração de um pecador através de uma parábola. A palavra
“parábola” é formada de dois outros vocábulos: “para”, que significa “ao
lado de”, e “ballo”, que significa “jogar”. Uma parábola, portanto, é uma
estória que um professor joga ao lado de uma verdade que ele quer ensinar.
Jesus foi o Mestre absoluto das parábolas. Com a estória que veremos a
seguir, Jesus ensinou que a oração de um pecador tem muito valor para Ele.
Jesus contou esta parábola para ensinar pessoas que desprezavam outras, e
confiavam na sua própria justiça:
“A alguns que confiavam em sua própria justiça e desprezavam
os outros, Jesus contou esta parábola: ‘Dois homens subiram ao templo
para orar; um era fariseu e o outro publicano. O fariseu, em pé, orava
no íntimo: ‘Deus, eu te agradeço porque não sou como os outros homens:
ladrões, corruptos, adúlteros; nem mesmo como este publicano. Jejuo duas
vezes por semana e dou o dízimo de tudo quanto ganho’. ‘Mas o publicano
ficou à distância. Ele nem ousava olhar para o céu, mas batendo no peito,
dizia: ‘Deus, tem misericórdia de mim, que sou pecador’. ‘Eu lhes digo
que este homem, e não o outro, foi para casa justificado diante de Deus.
Pois quem se exalta será humilhado, e quem se humilha será exaltado’”
(Lucas 18:9-14).
Esta parábola ilustra claramente os valores de Jesus. Nela Ele
descreveu dois homens, cada um deles com uma postura diferente. A
postura de um desses homens foi muito valorizada por Jesus, enquanto
que a do outro não teve nenhum valor. Jesus contou a estória desses dois
homens para mostrar o valor que Ele dá à oração de um pecador.
Um desses homens era fariseu, membro da ordem religiosa que
30
 É hora de repetir a pergunta que temos feito durante todo este
estudo: Você confessa o valor que Jesus deu ao espírito da Lei? Como
você aplica a Lei de Deus na vida das pessoas? Com amor ou com
legalismo? Será que você não está sendo como um fariseu e usando a Lei
para manter as pessoas com fome quando ela deveria servir para matar a
fome? Ou você aplica a Lei passando-a pelo “prisma” do amor de Deus?
É dessa forma que confessamos o valor que Jesus Cristo deu ao espírito
da Lei.
29
à salvação no início da igreja, porque naquele momento Pedro era um
homem quebrantado. Durante três anos Jesus se referiu a Pedro como
“pedra” e depois, no Pentecostes, Pedro foi um líder “pedra” da igreja.
Acho interessante que o Grande Pastor da igreja tenha usado um
fracasso e um erro para fazer cumprir a profecia de Pedro, a respeito da
pedra sobre a qual Jesus ergueria Sua igreja”. Pedro afirmou que Cristo é
a Rocha sobre a qual Sua igreja está construída (cf. I Pedro 2:4-6). Como
já dissemos antes, a pedra a que Jesus se referiu quando fez a declaração a
respeito de Pedro era o milagre de poder transformar pessoas comuns em
canal para realização de milagres sobrenaturais e extraordinários.
O Senhor não quer perfeccionistas, pessoas que não sabem o que
é errar, para conduzir Suas ovelhas. Ele quer pessoas humildes e cheias
de compaixão, que não façam exigências impossíveis para Suas ovelhas.
É por isso que tudo que nos acontece quando seguimos a Jesus, mesmo
nossos erros e quedas, podem ser parte de um “seminário” de preparação
para que possamos amar e alimentar as ovelhas de Jesus, e cuidar delas.
Você já errou alguma vez? Como você foi tratado durante sua
possível queda? Você sabe o que é ser amado e valorizado por alguém
que acredita em você e espera o melhor de você, ainda que você mesmo
não se dê esse crédito? Por último, você confessa o valor do amor
encorajador que Jesus tem pelos que erram, ou pelos jovens que por causa
da sua imaturidade ainda não deram certo? Você tem se referido a alguém
conhecido pela sua instabilidade como a uma “pedra”?
26
 Capítulo 10
O Espírito da Lei
Os Evangelhos relatam o seguinte diálogo que se iniciou com
uma pergunta feita a Jesus:
“Um deles, perito na lei, o pôs à prova com esta pergunta:
‘Mestre, qual é o maior mandamento da Lei?’. Respondeu Jesus: ‘Ame o
Senhor, o seu Deus de todo o seu coração, de toda a sua alma e de todo o
seu entendimento’. Este é o primeiro e maior mandamento. E o segundo
é semelhante a ele: ‘Ame o seu próximo como a si mesmo’. Destes dois
mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas’” (Mateus 22:35-40).
Jesus sintetizou todo o Velho Testamento com estes dois
mandamentos: amar a Deus e o amar ao próximo como a si mesmo. Os
dois têm como base o amor, porque todo mandamento está centrado no
amor. Foi o amor no coração de Deus que deu origem a toda Lei.
A Diferença Fundamental entre Jesus e a Religião
Havia uma diferença fundamental entre o ensino de Jesus e o
ensino dos escribas e fariseus e essa diferença ficou notória num incidente
relatado no Evangelho de Marcos:
“Certo sábado Jesus estava passando pelas lavouras de cereal.
Enquanto caminhavam, seus discípulos começaram a colher espigas.
Os fariseus lhe perguntaram: ‘Olha, por que eles estão fazendo o que
não é permitido no sábado?’. Ele respondeu: ‘Vocês nunca leram o que
fez Davi quando ele e seus companheiros estavam necessitados e com
fome? Nos dias do sumo sacerdote Abiatar, Davi entrou na casa de Deus
e comeu os pães da Presença, que apenas aos sacerdotes era permitido
comer, e os deu também aos seus companheiros’. E então lhes disse:
‘O sábado foi feito por causa do homem, e não o homem por causa do
sábado. Assim, pois, o Filho do homem é Senhor até mesmo do sábado’”
27
(Marcos 2:23-28).
Jesus sempre destacou que a Lei refletia a intenção do coração
amoroso de Deus. Deus criou a Lei por causa do amor que Ele tem pelo
homem. Deus sabia que seria melhor para o homem se ele tivesse o
compromisso de obedecer à Lei. A perfeita satisfação do homem está
no propósito e no espírito de todas as leis do Velho Testamento. Mas os
escribas e fariseus tinham perdido essa visão. Eles eram capazes de ter
deixado Davi morrer de fome com seus homens, porque a lei dizia que
apenas os sacerdotes podiam comer do pão que ficava sobre a mesa do
tabernáculo. Os escribas e fariseus seguiam a lei ao pé da letra, porém
não havia amor. Eles tinham perdido a percepção de que as leis haviam
sido criadas por causa do amor de Deus pelo homem. Mas Jesus estava
dizendo: “o amor é o cumprimento da lei; ame a Deus com todo o seu
ser e ao seu próximo como a você mesmo e assim a lei estará sendo
cumprida”.
O Prisma do Amor
Podemos fazer a seguinte distinção entre Jesus e a liderança
religiosa: antes de Jesus aplicar a Lei de Deus na vida do povo Ele a
passava através do “prisma” do amor de Deus. Os escribas e fariseus
passavam por cima da lei de Deus e a aplicavam de maneira legalista
e impiedosa. Mais à frente no Novo Testamento vamos encontrar o
apóstolo Paulo referindo-se aos feitos de Jesus como “o espírito da Lei” e
aos feitos dos fariseus como “a letra da Lei” (cf. II Coríntios 3:6).
Jesus valorizou o amor mostrando que ele é a essência, o princípio,
a chave e o espírito da Lei. Jesus afirmou que a justiça daqueles que O
seguirem nessa perspectiva da Lei, excederão em muito a justiça dos
escribas e fariseus.
Resumo e Aplicação
28