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Negra
Negra
Carne negra (pode acreditar)
A carne negra
COTA NÃO É ESMOLA E culturas assassinadas
(Bia Ferreira) É a voz que ecoa do tambor
Chega junto, venha cá
Existe muita coisa que não te disseram na escola Você também pode lutar, ei!
Cota não é esmola E aprender a respeitar
Experimenta nascer preto na favela pra você ver Porque o povo preto veio para revolucionar
O que rola com preto e pobre não aparece na TV
Não deixe calar a nossa voz, não!
Opressão, humilhação, preconceito Não deixe calar a nossa voz, não!
A gente sabe como termina, quando começa desse jeito Não deixe calar a nossa voz, não!
Desde pequena fazendo o corre pra ajudar os pais Revolução
Cuida de criança, limpa casa, outras coisas mais
Não deixe calar a nossa voz, não!
Deu meio dia, toma banho vai pra escola a pé Não deixe calar a nossa voz, não!
Não tem dinheiro pro busão Não deixe calar a nossa voz, não!
Sua mãe usou mais cedo pra poder comprar o pão Revolução
E já que tá cansada quer carona no busão
Mas como é preta, pobre, o motorista grita: Não! Nascem milhares dos nossos cada vez que um nosso cai
Nascem milhares dos nossos cada vez que um nosso cai, é
E essa é só a primeira porta que se fecha Nascem milhares dos nossos cada vez que um nosso cai
Não tem busão, já tá cansada, mas se apressa Nascem milhares dos nossos cada vez que um nosso cai
Chega na escola, outro portão se fecha E é peito aberto, espadachim do gueto, nigga samurai!
Você demorou! Não vai entrar na aula de história
Espera, senta aí, já já dá uma hora É peito aberto, espadachim do gueto, nigga
Espera mais um pouco e entra na segunda aula É peito aberto, espadachim do gueto, nigga
E vê se não atrasa de novo, a diretora fala É peito aberto, espadachim do gueto, nigga
Peito aberto, espadachim do gueto, nigga samurai!
Chega na sala, agora o sono vai batendo
E ela não vai dormir, devagarinho vai aprendendo que É peito aberto, espadachim do gueto, nigga
Se a passagem é 3,80 e você tem 3 na mão Aberto, espadachim do gueto, nigga
Ela interrompe a professora e diz, 'então não vai ter pão' É peito aberto, espadachim do gueto, nigga
É peito aberto, espadachim do gueto, nigga samurai!
E os amigos que riem dela todo dia
Riem mais e a humilham mais Vamo pro canto onde o relógio para
O que você faria? E no silêncio o coração dispara
Vamo reinar igual Zumbi, Dandara
Ela cansou da humilhação e não quer mais escola Odara, Odara
E no natal ela chorou, porque não ganhou uma bola
O tempo foi passando e ela foi crescendo Vamo pro canto onde o relógio para
Agora la na rua ela é a preta do sovaco fedorento No silêncio o coração dispara
Que alisa o cabelo pra se sen.r aceita Odara, Odara, ei!
Mas não adianta nada, todo mundo a rejeita
Experimenta nascer preto, pobre na comunidade
Agora ela cresceu, quer muito estudar Você vai ver como são diferentes as oportunidades
Termina a escola, a apos.la, ainda tem ves.bular E nem venha me dizer que isso é vi.mismo
E a boca seca, seca, nem um cuspe Não bota a culpa em mim pra encobrir o seu racismo
Vai pagar a faculdade, porque preto e pobre não vai pra USP
Foi o que disse a professora que ensinava lá na escola Existe muita coisa que não te disseram na escola
Que todos são iguais e que cota é esmola Cota não é esmola!
Cota não é esmola!
Cansada de esmolas e sem o dim da faculdade Cota não é esmola!
Ela ainda acorda cedo e limpa três apê no centro da cidade
Experimenta nascer preto, pobre na comunidade Eu disse: Cota não é esmola!
Cê vai ver como são diferentes as oportunidades Cota não é esmola!
Cota não é esmola!
E nem venha me dizer que isso é vi.mismo Cota não é esmola!
Não bota a culpa em mim pra encobrir o seu racismo!
E nem venha me dizer que isso é vi.mismo São nações escravizadas
Que isso é vi.mi, que isso é vi.mi, que isso é vi.mismo E culturas assassinadas
É a voz que ecoa do tambor
E nem venha me dizer que isso é vi.mismo Chega junto, venha cá
Não bote a culpa em mim pra encobrir o seu racismo! Você também pode lutar, é
E nem venha me dizer que isso é vi.mismo E aprender a respeitar
Que isso é vi.mi, que isso é vi.mi, que isso é vi.mismo Porque o povo preto veio revolucionar