Meu corpo é uma África na cor de minha pele e o mundo, um navio negreiro. nos lanhos de minha alma Enquanto cantos que não entendo em mim oscilam dentro de mim, em minha gente escura eu vejo as atrocidades que ainda não em meus heróis altivos tiveram fim. encontrei “Vivemos tempos de Lei Áurea” − assim encontrei-as enfim nos dizem me encontrei. enquanto socialmente nos constrangem pelo cabelo crespo que adoramos Não Sou De Cor, Sou Negra pela coroa simbólica que levantamos e se ofendem quando nos amamos. Morgado Mbalate Meu corpo é uma África que ainda grita Não sou de cor, sou negra cor de luto. todos os crimes contra sua terra Não sou de cor, sou negra e contra o e contra sua gente. preconceito luto. Não sou de cor, sou O racismo de nossa era negra com coração sem rancor. Não vem junto com uma boca sorridente sou de cor, sou negra com coração que que dissimula brota amor. Os negros também e tudo que é negro anula merecem louvor. Todas raças merecem como contribuição social. valor. Não sou de cor, sou negra Por que sou oprimida com o desnível social Meu corpo é uma África e racial? Não sou de cor, sou negra meu Ori vive comigo a resistir com direitos humanos como no geral. Já que não podemos mais permitir A cor negra é uma das diferenças e o silêncio a nos chicotear, riquezas. Pele negra, também, é a cor nem os discursos com outros termos a da beleza. inferiorizar o que somos.
Juliana Costa , Cadernos negros (p.
194)
ENCONTREI MINHAS ORIGENS
[Oliveira Silveira]
Encontrei minhas origens
em velhos arquivos livros encontrei em malditos objetos troncos e grilhetas encontrei minhas origens no leste no mar em imundos tumbeiros encontrei em doces palavras cantos em furiosos tambores