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A humanidade do preto

Por um momento, a cor da minha pele me criou medo.


Foi o chicote que me tornou submissa, por um longo período.
Carapinha dura, pele escura, preta indígena,
Gostavam de, assim, me chamar...
Hai! O meu coração ja não aguentava mais.
Ser olhada com desdém,
Inferior, insignificnte, tratavam-me assim também.

Viva! Alegre! Assim me senti qaundo anunciada a paz,


A que eles denominaram Declaração dos Direitos Humanos,
Todos teríamos direitos iguais,
O branco e o negro poderiam desfrutar dos mesmos locais
Comer da mesma comida, trabalhar sem opressão,
E ainda mais, admiradamente, formarem casais.
Uhum! Me senti leve.

Era um tratado universal, supostamente,


Aliás, Carta de Euforia, para mim era, consideravelmente,
Achei-me por fim alocada, a minha cor seria aceite, supostamente,
Que sairia pela rua e ninguém olharia torto, achava eu, euforicamente,
Mal sabia eu que o racismo ganhou uma nova estrutura, lamentavelmente,
Que ele nunca acabou, pelo contrário, aumentou, desprezávelmente,
Acabou-se, foi o trabalho exploratório, que nunca me matou, irrôneamente,
Decepção, é o unico sentimento que tenho, amargamente.

Sim, o racismo foi re-estruturado,


Se sou rica e poderosa, sou tachada de criminosa.
Se estou na área VIP, com repugnância, sou olhada,
Se, a polícia, chamo por ter sofrido uma agrassão, sou eu a detida,
- Desculpa, foi um engano, - dizem eles – depois de abusada psicologicamente,
Engano foi, coisa alguma, sabemos que é pela cor preta que caregamos.
Ah! Sim... Sabemos nós.
Tanto que já fomos chamados de maldição,
Só porque a resistência da nossa raça negra amedrontava-lhes.
Chamaram-nos de boçais e indígenas,
Tudo porque optamos pelo natural e eles pelo artificial,
Ainda chamaram-nos de sem cultura,
E através da opressão, tentaram tornar brancos os nossos modos,
Tentaram, através dos cosméticos, acabar com a melanina da nossa pele,
Tentaram, e muito tentaram esbranquiçar o preto, mamaweee...
Esqueceram eles que preto é preto, e por isso lhe chamam de preto, por ser confuso.

Chamaram-nos de macacos,
Pela sonoridade e particularidade da nossa língua materna,
Chmaram-nos de sem civilização,
Pela roupa que cobria os segredos dos homens e das mulheres africanas.
Ainda que soubessem que com os macacos eles mais se pareciam,
Ainda que notassem a nossa elegância, civilização e multiculturalismo
Engrandeciam-se e de selvagens nos chamavam,

Mas, ainda que tentem desvalorizar-me,


Eu amo a minha negritude,
Aprendi a nao temer o olhar de estranheza sobre a minha beleza.
E a não deixar que o negro não floresça.
Pois eu sou negro, mas tambem sou humano.

Autor: Nafucinha & Ibn Hashim


In O despertar de um poeta.

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