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CAPÍTULO UM:

CENÁRIO

Para Ankh-es-em-Amun, a irmã de meu coração.

Quão longos foram os séculos, o milênio que eu gastei na escuridão sem a luz de seu sorriso. Quão amargas
foram as lágrimas que eu derramei, suficientes para encher um lago cem vezes maior que aquele que Amenhotep
construiu pelo amor de tive. Quão esfarrapada têm sido a minha existência, que me força a viver vezes a fio nesse
mundo decadente, para sempre negando a presença de minha irmã, minha vida, meu amor, minha alma.
Foi apenas na minha última morte que eu aprendi certas coisas que me levaram a escrever esta carta -
por elas então, enquanto meu ba caminhava entre incontáveis almas de bárbaros, eu aprendi sobre alguém que
buscou o caminho para Amenti, cujo nome era Ankh-es-em-Amun. Embora pese em meu coração rezar para
pedir tal coisa, contudo eu ainda ouso esperar que você more lá, e que não passará para as abençoadas de Aaru
até que esta minha pobre missiva puder te localizar. Aquele que a leva foi bem pago, contudo eu peço a você,
como você uma vez olhou por mim com favor, que o recompense novamente, e se lhe agradar a idéia de me
escrever algumas linhas depois destes muitos séculos, ele saberá onde traze-las para mim.
Eu escrevo isto para que você saiba o que restou de mim, e porque tantas épocas se passaram, e em cada
uma delas eu tenho falhado em cumprir minha promessa de me juntar a você aos pés de Osíris. E eu espero que,
uma vez conhecendo, você possa entender, e entendendo, você possa perdoar.
Aquilo que estiver escrito nesta carta é o conhecimento que eu pude adquirir considerando a mim mesmo
e aqueles parecidos comigo. Este é um trabalho pobre para mostrar todas aquelas vidas, mas nós somos uma raça
enigmática e reservada, e mantemos nosso conhecimento para nós mesmos. E mais para frente, como você deverá
perceber, meus esforços foram impedidos por meu status de paria - sim, meu amor, mesmo agora a face de Hórus
está virada para mim, e eu estou marcado com o nome de Ishmael, que foi o primeiro a nos abandonar.
Pelo crime de nosso amor, depois que você seguiu em frente, me foi negado para sempre a visão abençoada
de Aaru. Minha punição tem sido viver vezes a fio através da eternidade, através de incontáveis vidas e estar
sempre separado da irmã de minha vida.
Naquele momento, isto foi colocado a mim de forma diferente, embora eu não esteja enganado. De fato,
CAPÍTULO UM: CENÁRIO
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eles disseram para mim que isto era uma honra, e que eu não estava sendo merecedor dela desde que eu corrompi
a sacerdotisa. Porém, eles disseram, o próprio Hórus havia me escolhido, e a luta dos Shemsu-Heru, os Filhos
de Hórus, estavam precisando de minha força e de meu Hekau contra as vis tropas de Set e Apep.
Mas eu não poderia ter nada disto. Ainda que possa ter sido um pecado repudiar minha submissão a
Hórus, eu não poderia seguir alguém que fosse tão severo na punição de me aprisionar eternamente entre os
vivos, e negar para sempre a visão e a companhia de meus amados. Certamente sua abençoada mãe, sua sacer-
dotisa, que prejudicamos por seu amor, não teria sido tão cruel, por tudo aquilo que ela trouxe dos ensinamentos
dos rituais de Thoth pelos quais eu fui condenado a este interminável desespero.
Seja como for, eu não poderia mais seguir Hórus, e estava brandindo o nome de Ishmael depois da
primeira múmia que deixou a sua ocupação. Por isso eu sou o que sou - uma múmia, vivendo por um tempo,
então morrendo, então Renascendo, como o maior de minha espécie poderia fazer.
Os filhos de Hórus não são a totalidade do Renascimento, ainda que eles acreditem que nós acreditamos
que eles são. Todos nós recebemos - de boa vontade ou não - o Rito do Renascimento, como foi feita pela mão
poderosa de Ísis vindo dos ensinamentos de Thoth: e é dito que, nenhum de nós, pode passar por esse mundo
exceto por um curto período de tempo, enquanto o ba vaga no exterior e recupera o seu poder.
Em minhas várias mortes eu tenho procurado sem fim por alguma notícia tua. Eu tenho vagado através
das pavorosas terras de Neter-khertet, e vendo ela infestada de bárbaros através dos séculos. Eu contemplei os
palácios de Amenti, e caminhei nas salas que já foram caminhadas pelo próprio Osíris - agora um pouco
melhores que as esmigalhadas ruínas de Mênfis, cuja noite nós uma vez compartilhamos. Eu naveguei com
Anúbis - porque ele parece me tolerar da mesma forma que os seguidores de Hórus, se não melhor - na terrível
Tempestade que cerca cada um de nós.
Eu escutei Anúbis falar de Aaru, onde o espírito pode encontrar a paz, e eu vi até mesmo seus muros à
distância, através da grande tempestade. Mas eu não vou deixar ele me levar até lá, porque é dito que qualquer
um que entre nos jardins de Aaru nunca poderá deixa-los e retornar ao mundo das sombras mortas - e eu não
quero entrar, por medo de não te encontrar lá.
Mas agora, eu tenho esperanças - e se esta desprezível súplica puder ao menos achar seu caminho até você,
e se o seu coração não estiver furioso comigo porque eu não fui até você em todos esses séculos, como eu jurei pela
minha vida fazer - então me deixe ir até você, onde quer que você esteja, e vamos fazer a jornada para Aaru
juntos.
Esses escritos que eu te enviei com este argumento do meu coração, eu coletei a princípio para que eu pudesse
entender a minha condição, e a entendendo, tanto aprender uma forma de superar isto ou, pelo menos, aprender
a usar suas vantagens ímpares para me ajudar em minha busca por você. Eu tenho mantido esses escritos sempre
comigo, junto com meu diário que felizmente eu tenho mantido na velha língua desde os tempos de minha
primeira morte.
Estas coisas me ajudam a lembrar - por causa das numerosas vidas, mortes e renascimentos a memória
pode se tornar confusa, e as mais valiosas lembranças de séculos passados podem desfalecer como a substância dos
sonhos quando eles são dispersos pelo sorriso matinal de Ra. Eu tenho visto aqueles de minha espécie que não
mais se lembram de seus próprios nomes, e isto é algo terrível.
Ainda que o esquecimento seja uma maldição, a lembrança raramente é uma benção. Ser, e fazer, e ver,
e saber, e amar tantas coisas, pessoas, lugares derrubados através de muitas vidas, e ver cada um se desintegrar,
envelhecer, definhar e morrer, perdido para sempre - isto desgasta o espírito de uma forma que é dificilmente é
compreensível para alguém que tenha vivido apenas uma única vida. O desespero leva alguns até o desejo pela
morte, e novamente isto lhes é negado. Apenas a loucura oferece alguma escapatória.

MUNDO DAS TREVAS: MÚMIAS EGÍPCIAS


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E foi você, Ankh-es-en-Amun, Vida do Sol, alegria do meu coração, que me livrou da loucura duran-
te estes muitos séculos. O pensamento de que eu deveria te encontrar novamente, de alguma forma, e de que nós
deveríamos por fim estar reunidos em Aaru. Eu tenho carregado isto comigo de vida em vida. Sabendo que eu
te amo e buscando por você, eu sei que eu sou Kharis, e não se esqueça: torça para que eu ainda possa encontrar
você. Eu me agarro no prospecto da alegria, não se desespere.
Leia. Eu lhe suplico, os escritos que te envio, e deixe seu coração me julgar pelo que eu me tornei. Ó
coração de meu coração, eu não tenho sido infiel, nem mesmo em uma batida do meu coração desde que nós fomos
separados. Mande-me uma carta, e diga-me onde você está, e seu Kharis irá até você.
Então, eu juro pela minha vida, coração e nome de que nós nunca seremos separados - mesmo que a gente
tenha que desafiar todos os deuses imediatamente. Os templos não foram barreira para o nosso amor, naqueles
séculos passados, e se Hórus me desprezar por estar amando a irmã de meu coração mais do que eu amo sua
guerra contra seu tio, então eu não me importarei com a sua desaprovação. Se ele pudesse ver a sua face uma
única vez - mesmo através de seu único olho - ele não falharia em entender. E você, a mais bondosa, honesta e
pura apesar das calúnias de sacerdotes mentirosos - em Aaru você poderá encontrar isto em seu coração para
implorar a sua senhora, a grande e amada Isis, para que desmanche o ritual ensinado a ela por Toth o-que-
sempre-sabe, e restaure o seu Kharis para você, enquanto ele busca ser restaurado.
Lembre-se, eu imploro por você, seu amor a Osíris, e que isto nunca a deixe através de todos os seus
julgamentos, e garanta dessa forma que um pouco daquele amor que você sentia por mim ainda possa estar em
seu coração.

LÉXICO HEKAU: O paradigma mágico egípcio, Kharis


agora
praticado pelas múmias.
HÓRUS: Filho de Osíris.
AB: O coração, reservatório da consciência, vida, ISHMAELITAS: Múmias egípcias renegadas
bem e mal. Na outra vida o AB é pesado na balança da que negaram o CODIGO de HÓRUS.
verdade (Maat). KA: A arte da alma que permanece na tumba
AMENTI: O lar secreto dos mortos egípcios, no para guardar corpo (KHAT).
mundo inferior. KHAIBT: A sombra, próxima ao KA. Uma mú-
APÓPHIS: A grande serpente que deseja devo- mia que perdeu sua humanidade e agora é regida pela
rar o Sol (Amon-rá); similar a Wyrm da cosmologia sombra.
garou. KHAT: O corpo físico.
BA: À parte da alma que viaja ao mundo inferi- KHEM: Egito antigo.
or e deve retornar ao corpo para que o renascimento KHU: O “brilho” um reflexo intangível do cor-
ocorra. po da múmia.
CABIRI (singular Cabirus): Múmias da Europa MAAT: O equilíbrio cósmico que se acredita ter
e Ásia Menor que criaram uma variação do Rito do sido maculado.
Renascimento. MORTE VERDADEIRA: A aniquilação final,
CODIGO de HÓRUS: As leis que guiam as mú- de onde as múmias não retornam.
mias egípcias, estabelecidas por HÓRUS em sua cruza- MÚMIAS: Humanos cuja morte é temporária;
da para restaurar o MAAT. após um período no mundo inferior, as múmias retornam
DUAT: O mundo inferior, onde os mortos in- aos seus corpos curados.
quietos residem e as múmias vão após a morte. Nome Conhecido: O nome que o personagem
FILHOS de APÓPHIS: Múmias (uma vez a ser- foi conhecido na PRIMEIRA VIDA, e pelo qual ele ain-
viço de SET) criadas pela versão pervertida do Rito do da é conhecido pela outras múmias.
Renascimento. Eles são servos da força demoníaca co- PRIMEIRA MORTE: O fim da primeira vida
nhecida como APÓPHIS. do personagem.
GRANDE RITO: A formula mágika que cria PRIMEIRA VIDA: A vida mortal do persona-
as múmias. Também chamado de Rito do Renascimento gem no antigo Egito, antes do personagem tornar-se uma
e Feitiço da Vida.

CAPÍTULO UM: CENÁRIO


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múmia. forma de aprendizagem literária que revela a origem e
RESNACIDO: Outro nome para as múmias. os objetivos dos SHEMSU-HERU.
REN: O verdadeiro nome uma parte vital da per- SEKEM: Poder da força vital, similar ao Chi (ver
sonalidade que os antigos egípcios acreditavam ser uma Kindred of the East).
parte inseparável da alma. SHEMSU-HERU: Os seguidores de HÓRUS.
RITO MALDITO: Uma variação do rito do Múmias egípcias que seguem a liderança de HÓRUS.
renascimento usado para criar múmias malditas. VIZIR: Administrador dos SHEMSU-HERU,
SAHU: O corpo espiritual. agindo como 1ª ministro. Cada Vizir tem autoridade
SEBAYET: Literalmente “ensinamentos”, na sobre uma diferente jurisdição geográfica.

HISTORIA
Minha cara sarcedotisa de Akhenaton, hoje lhe confiarei um segredo
que eu nunca compartilhei com nenhum mortal. Provavelmente você seja a
nossa última esperança de registro de nossa história. Estarei partindo dentre
em pouco, e acredito que será para lutar minha última batalha contra Apóphis.
O nosso “exército” se enfraqueceu muito no decorrer dos milênios, restando
poucos ainda leais a Hórus. Portanto cabe a você preservar este conhecimento,
de forma que ele venha a ser útil à quem for enfrentar Apóphis em nosso lugar,
caso não vençamos. Não me olhe dessa forma, eu confio na vitória, mas não
posso negar que o nosso exercito enfraqueceu demasiadamente.
Para começar, passarei uma versão traduzida de fragmentos escritos pela
própria Ísis. Ele foi traduzido e é bom ressaltar que há muitos dentre nós que
contestam tais conhecimentos e a veracidade destes fragmentos, mas eu pesso-
almente não vejo menor razão para tais dúvidas.

Os Fragmentos de Ísis
Eu falo do começo do tempo, quando os deuses caminhavam na Terra. Eu sou Eset,
também conhecida como Isis: também chamada Weret-Hekau, a Grande na Mágika, e Mut-
netjer, a Mãe dos Deuses. Eu sou testemunha do começo daqueles antigos dias, do sacrifício de
um líder por seu povo, da traição de um irmão por seu irmão, e da lealdade de um filho para
com o seu pai. Eu tenho visto o mal crescente que firma raízes em nosso mundo, e eu tenho
combatido esse mal: deixe outros lerem minhas palavras e preste atenção.
Eu vim de uma família de deuses: É dito que o nosso antepassado foi Ra, o Sol Eterno.
E eu tenho falado com ele em meus sonhos, e através desses sonhos eu ganhei poder. Ra lutou
contra a Grande Serpente Apóphis, que buscava derrubar o sol e levar nossas terras para as
trevas eternas, e a cada dia os dois combatiam nos céus.
Meu irmão-marido foi Osíris, também chamado Wen-nefer, o Mais Belo. Osíris era ele
mesmo parecido com um deus. Forte e belo e sábio, não havia ninguém na terra que pudesse
se comparar. Nós vivemos com os nossos povos numa terra chamada Khem, onde a face de
Ra queimava brilhantemente nos céus. Khem foi a primeira terra criada pelos deuses, e nossa
cultura foi a primeira e a melhor a abençoar a Terra. Foi para proteger essas terras e seu
povo que nós nos juntamos, Osíris e eu.
Osíris foi um grande líder cuja voz compeliu povos a tarefas grandiosas, e sob os seus
auspícios estavam as disparatadas regiões do Egito unidas, e as sementes de uma grande
civilização plantadas. Assim tornou-se Osíris, o Senhor das Duas Terras, o primeiro rei.
Algumas regiões permaneceram independentes deste novo estado egípcio, mas muitos outros
juntaram-se a nós. Todos os povos juntavam-se felizes diante de Osíris, e juntos nós todos
olhávamos para um futuro brilhante.

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Maat
Era central no nosso bem estar à aderência com a harmonia e a ordem do cosmos. Este
princípio era conhecido entre nós como Maat, e nos dias antigos Maat apareceu para nós na
forma de uma mulher, que nos instruiu em seus caminhos. Nós sabíamos então o que mesmo
agora foi esquecido: Manter a Maat era viver em paz e harmonia celestial, e abandonar a
Maat era cair nas trevas e na desordem. Osíris era um campeão da Maat, e sob a sua
liderança e direcionamento estavam os povos de Khem vivendo de acordo com a Maat, dessa
forma assegurando a paz e a prosperidade para o futuro.

Set
No entanto, havia uma víbora aninhada na corte de Osíris: seu irmão mais novo Set, que
era astucioso e um mestre na fraude. Set cobiçava o poder de seu irmão, e se concentrou na
tarefa de tomar tudo que era de Osíris. Mas os desejos de Set iam contra a Maat, pois ele
visava não governar para que pudesse beneficiar o seu povo, mas para que eles pudessem
servi-lo. Os desejos de Set pelo trono tornaram-se claros, e outros descobriram seus planos
traiçoeiros a tempo. A represália de nosso irmão foi severa, porém justa: ele baniu Set para
além das fronteiras da nação. Nunca mais, disse o meu marido, sua face verá o sol de nossa
terra natal. E novamente o povo do Egito olhou para o futuro com esperança, pois a Maat
havia sido restaurada.
Este foi o tempo de deuses e reis, e nada na Terra poderia nos roubar isso.
Mas então veio o estranho.

Typhon
Eu nunca soube seu nome verdadeiro; caso alguém o tenha aprendido, eu rogo para que
o estranho sofra pelo mal que ele trouxe até nós. No entanto, naqueles dias, ele chamava a si
mesmo de Typhon.
Ele veio numa noite de lua cheia, apresentando-se em nossa corte e procurando o meu
irmão-marido para uma audiência. Typhon era um homem frio - não meramente nas manei-
ras, mas no corpo: ao tocar a sua pele, se dizia, era como tocar uma pedra fria ou em água
fria. Sua beleza era de tirar o fôlego, ainda que a única emoção que cruzou suas feições finas
e pálidas tenha sido um humor cruel. Alguns acreditavam que Typhon era um deus, vindo
para ajudar; outros, no entanto, questionavam que tipo de divindade esse estranho de olhar
frio poderia ser.
Mas nós não conhecíamos a sua natureza, e Osíris concedeu uma audiência a Typhon.
Com uma fala aduladora ele saudou o nosso senhor, e falou de um crescente pedaço de trevas
e guerra que certamente poderia engolir o Egito caso Osíris estivesse despreparado. Contra o
meu conselho e os desejos de seus conselheiros, Osíris pediu uma audiência privada com
Typhon, e por toda à noite conversaram. Pouco antes do amanhecer o visitante saiu, e Osíris
foi deixado sozinho para pensar.
Por quatro luas esse padrão continuou - com o nascer da lua cheia Typhon reaparecia
para falar com Osíris, e sempre eles falavam em particular. A cada vez que Typhon partia,
Osíris ficava repleto de um silencioso medo; ainda que ele pouco falasse para mim de suas
conversas, eu sabia que aquilo que Osíris estava aprendendo pesava muito em seu espírito.
Mas na manhã depois da quarta - e última - partida de Typhon, meu amado foi encontrado
doente e próximo da morte, pálido e sem sangue no chão de seu dormitório.

O Deus Rei
Ele poderia ter morrido a Morte Verdadeira - pois depois de sua aparente recuperação,
ele estava tão frio e pálido quanto Typhon. Osíris mostrava muitos dons divinos depois disso:
sendo forte entre os homens, ele era agora tão forte quanto muitos touros; sendo um orador
eloqüente, agora sua fala era irresistível. Ele declarou que seus poderes estenderam-se por
sobre o próprio Nilo, e por muitas estações nós tivemos campos férteis. Isso fez com que
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nosso líder se tornasse nosso deus da agricultura e dos campos. Uma forte chuva caiu por
sobre a nossa terra, e muitos viram isso como uma evidência da divindade de Osíris.
Mas a primeira chuva desse dia não foi um sinal de prosperidade; não os céus chora-
ram, pois com a transformação de Osíris, a Maat havia partido. Nunca mais ela poderia ser
restaurada da forma como era sob o seu antigo reinado.
A partir desse dia ninguém soube se Osíris escolheu a não vida, ou se isto lhe foi
empurrado. Mesmo eu não sei a verdade, pois nesta noite o meu marido morreu. O que
governava em seu lugar era frio e estava distante de mim, e ainda que ele se importasse
comigo e com o seu povo, ele assim o fazia de uma maneira diferente do Osíris que eu amei.
Estava claro que ele vivia em um mundo diferente do nosso.
Por três anos Osíris assim governou. Ele começou a construir ao seu redor um grupo de
soldados que lhe supria de sangue e dessa forma ganhava sua força; ele até mesmo transfor-
mou alguns em criaturas parecidas com ele, ainda que de uma estatura menor. Ele sempre
falava das trevas que se aproximavam, e com o tempo ele se tornou um rei sombrio e infeliz.
Nunca mais ele pôde ver a luz de Ra, nosso avô sol, e em um raro momento de intimidade
comigo ele falou da horrível Besta que rosnava em seu espírito, desejando nada além de
sangue. Osíris voltou-se para dentro de si mesmo, buscando formas de sobrepujar a Besta,
mas não teve resposta alguma. Apenas pela sua força de vontade ele era capaz de evitar
sucumbir a ela, e assim ele se tornou frio e severo, até mesmo rígido e inflexível - pois se ele
perdesse o controle, a Besta poderia vencer.

Thoth
Nesses tempos apareceu Thoth - O Belo da Noite, o Ser Silencioso. Como Typhon, ele
apareceu misteriosamente: ele também demonstrou muitas habilidades estranhas, e nos visi-
tava somente à noite, quando sua beleza era mais radiante. Mas onde a beleza de Typhon
escondia um mal sem vida, Thoth era gentil e sábio. Ele nunca buscou uma audiência com
Osíris, dizendo que o que ele tinha a oferecer não poderia ser aceito por alguém como o nosso
senhor.
No entanto Thoth veio até mim e Nephthys, aquela que era minha irmã e a irmã-esposa
de Set. Tanto Nephthys como eu aprendemos as trilhas do Hekau - trabalhos mágicos que nós
sempre usamos para ajudar o nosso povo. Mas Thoth nos guiou nos caminhos de um Hekau
maior, e nos aconselhou nos caminhos da sabedoria; ele era uma pessoa justa e rigorosa que
odiava abominações. Thoth esteve conosco durante muitas luas, e então ele partiu abrupta-
mente.
Porém, Thoth nos ensinou muitas coisas antes dele partir: nós aprendemos os caminhos
do sangue, e dos espíritos, e das forças elementares. Nephthys aprendeu os caminhos da
morte, e eu, os caminhos da vida, e por nossa própria vontade nós realizamos muitos mila-
gres para o nosso povo. Em uma visão, eu aprendi o nome verdadeiro de Ra, que reina
supremo no firmamento celestial, e assim eu poderia controlar o mundo ao meu redor. Mas
eu continuava sendo humana, e eu não escolhi o manto da divindade para mim mesma como
o meu marido havia feito.

O Retorno de Set
Então Set retornou.
Eu não sei o que aconteceu em seu exílio, mas estava claro que Set havia se transforma-
do. Ele havia mudado, assim como Osíris - mas ele não temia a Besta dentro de si, ao contrário
ele se divertia com ela, e isto deu a ele força para os seus mais negros desejos e vãs aspira-
ções. O comando de Osíris havia se tornado uma profecia, pois nunca mais Set poderia ficar
sob o sol, e ele também era uma criatura das trevas. Ele agora era um servo involuntário de
Apóphis, acreditando em sua vaidade que ele era seu próprio mestre.
Uma noite, enquanto Osíris retornava só de uma de suas muitas jornadas nas vastidões
do deserto, seus servos o presentearam com um novo sarcófago, feito de ouro e de madeira

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nobre. Meu marido então se deitou para descansar, e aqueles entre seus servos que haviam
sido iludidos por Set fecharam a tampa e a trancaram. A própria caixa havia sido trabalhada
com uma magia poderosa, e antes que Osíris pudesse libertar-se, o próprio Set surgiu das
sombras e selou magicamente a caixa. Depois Set derrubou a caixa e a jogou no Nilo. Assim
Set havia alcançado o que sempre desejara: a destruição de Osíris, e o trono de nossa nação.
Com meu filho Hórus e minha irmã eu fugi de Set, e me escondi entre os juncos do Nilo,
na ilha de Chemmis. Nós estávamos acompanhados por Wadiet, que havia sido uma leal serva
de Osíris até ser seduzida por Set. Ela também compartilhou da natureza amaldiçoada de Set,
mas em um momento de iluminação o comando de Set fora quebrado, e ela fugiu conosco. E
nós também estávamos sendo protegidos por Sebek, o chefe do povo-crocodilo que vivia no
Nilo, e pelos filhos de Bubastis, os flexíveis e de pele negra, o povo-gato, todos com ódio de Set.
Nesse momento, usando minha mágika, eu encontrei o caixão de meu irmão-marido e
quebrei suas amarras mágicas. Osíris estava lá dentro, com o rosto contorcido e seco, mas
ainda vivo - ou tão vivo quanto poderia estar. Mas Set nos descobriu, e antes que eu pudesse
devolver a força de Osíris, Set rasgou o corpo imóvel de nosso irmão em 13 pedaços, os quais
ele espalhou por toda a terra. Um pouco do sangue negro do próprio Osíris continua mistura-
do com as areias do Egito, e é por esta razão que o Egito possui uma conexão tão forte com
o Mundo Subterrâneo.
Set tornou-me cativa, com minha irmã e meu filho, e nos aprisionou por termos tido a
audácia de nos opormos a ele. Ele nos torturou todas as noites, pois nosso sofrimento poderia
dar-lhe algum prazer. Set arrancou o olho de Hórus, e com isso tomou seu ba, ou força vital.
Dessa forma meu filho enfraqueceu, sobrevivendo apenas graças às minhas mágikas - e
mesmo essas não puderam recuperá-lo por completo. Por fim nós fomos resgatados pelas
forças leais a Osíris, em um ataque matutino enquanto Set dormia e seus seguidores estavam
enfraquecidos; um dos oficiais levou-nos à fazenda de seu pai, Mestha, e voltou para combater
as forças de Set, onde ele morreu a morte de um herói.
Por muitos dias a família de Mestha nos escondeu e cuidou de nós, até que minha irmã
e eu nos recuperamos; mas Hórus continuava doente, sua órbita vazia sangrava sem parar
mesmo com as mágikas de sua mãe. A ferida causada por Set era grave, e Hórus poderia
nunca se recuperar; mas se ele morresse, com o seu ba ainda aprisionado, meu filho nunca
poderia alcançar os campos de A’aru, onde os mortos vão descansar.

A Ressurreição de Osíris
Por muitos dias Nephthys e eu conspiramos para que pudéssemos derrotar Set. Nossas
mágikas eram poderosas, mas Set era esperto, e ele tinha muitos seguidores que nós sabía-
mos que não poderíamos derrotar. Nós suplicamos aos deuses por uma resposta, e por fim
Thoth apareceu para nós em um sonho, e em sonho ele nos instruiu.
E assim nós começamos o nosso plano. Minhas mágikas convocaram muitas criaturas
voadoras, que eu comandei para procurarem e recuperarem a cartilagem e a medula do corpo
de meu marido. Enquanto a noite caía, os pássaros retornavam, alguns trazendo com sucesso
os restos do desmembrado Osíris, os quais eles jogavam em uma pilha. Com a chegada dos
pássaros vieram os Filhos de Osíris, que estavam escondidos por temerem a fúria de Set;
esses seguidores foram tudo que sobrou do carde de elite de Osíris, dos quais a maioria ou foi
destruída ou foi recrutada por Set.
Nephthys e eu juntamos o corpo de Osíris com couro cru, e juntas, ficamos sobre ele;
enquanto Nephthys e eu encantávamos o rito que Thoth havia nos ensinado, os seguidores de
Osíris jogaram seu próprio sangue sobre os restos do Deus Morto. O velho fazendeiro Mestha
sacrificou um boi e seu sangue também foi despejado sobre os restos de Osíris. Desta pilha
disforme se ergueu uma coisa doentia e negra, lamentando e caminhando por ter sido rouba-
do da terra da Duat, o Mundo Subterrâneo. Através das minhas mágikas de cura, e do
sacrifício do sangue, a criatura negra cresceu, rapidamente tomando a magnífica estatura do
Mais Belo. Seu pranto diminuiu, e o deus-homem olhou-nos e sorriu.

CAPÍTULO UM: CENÁRIO


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Osíris havia retornado da ceifa da morte, e ele veio trazendo sabedoria. Em sua morte
ele havia encontrado um barqueiro chamado Anúbis, também chamado Senhor dos Ritos
Fúnebres, que o levou até os Campos Sagrados. Enquanto fazia sua jornada, Anúbis falou com
Osíris e lhe ensinou muitos segredos dos mundos dos vivos e dos mortos - segredos que agora
Osíris carrega. Retornando da Duat ele sabia ao menos como conter a Besta que dentro dele
o provocava desde a época de sua mudança, e a paz que ele havia buscado e que sempre o
havia iludido agora era dele. Ele compartilhou este conhecimento com os seus seguidores
para que eles também pudessem encontrar tranqüilidade, e concedeu isso a outros que dese-
javam compartilhar esse estado. Não mais eles seriam guerreiros da carne, mas guerreiros
do espírito, combatendo a corrupção que criaturas negras como Set poderiam espalhar como
se fosse uma praga.
Enquanto ele começava a instruir as suas crianças, foi feito o chamado; e aqueles que
poderiam se opor a Set começaram a se encontrar na fazenda de Mestha, incluindo os troca-
dores de pele, o povo-gato e o povo-crocodilo.

O Grande Rito
Anúbis havia dividido muitas coisas secretas com Osíris, e o Rei Renascido também
sabia como salvar seu filho. Mas para salvar Hórus, primeiro o pequeno príncipe deveria
morrer, pois dessa forma seu ka poderia sair de seu corpo enquanto seu ba continuaria lá:
com os Grandes Rituais que Anúbis havia ensinado a Osíris, tanto o ba como o ka de Hórus
poderiam mais tarde se reunir em seu corpo morto, e daria a ele vida eterna. E assim Osíris
compartilhou seu conhecimento com suas irmãs; com seu conhecimento e nossa própria
sabedoria arcana, nós criamos o Ritual do Renascimento.
Mas nós não estávamos seguras desse conhecimento, e nós buscamos provas. Por fim
Mestha, nosso velho hospedeiro, se ofereceu para morrer para que nós pudéssemos ter a
evidência que buscávamos. Então com a sua benção, nós entorpecemos os seus sentidos e o
envenenamos; sobre o seu corpo morto nós fizemos os Grandes Rituais, e Nephthys o chamou
no Mundo Subterrâneo e trouxe o seu espírito de volta ao seu corpo. Enquanto ele se movia,
Nephthys e eu nos alegramos, pois nós havíamos encontrado um meio para salvar o meu
filho.
Convencida de nosso sucesso, eu removi as mágikas de cura de meu filho, e Hórus
respirou sua última respirada dolorosa. Nós o limpamos e o untamos, e agasalhamos o seu
corpo em linho, e o deitamos para descansar em um simples sarcófago que deveria ser seguro
até que seu ba e ka se reunissem - pois nós não sabíamos quão longe no futuro seu ba poderia
se libertar. Nós fizemos os ritos sobre ele logo que nós o terminamos em Hestha, mas o
processo foi árduo e lento; finalmente, quando o sol se pôs, nós havíamos terminado, e saímos
para descansar.

Quando os Deuses Colidem


Então Set chegou, com suas forças, alertado de nossas atividades. Nós estávamos exaustas,
e nossas mágikas enfraquecidas. Nós percebemos que não poderíamos superar essas forças,
e sabíamos que agora estávamos amaldiçoadas. A primeira a morrer foi minha irmã, enquan-
to um Set ciumento arrancou o seu coração e, com uma risada vigorosa, esmagou-o. Eu
permaneci, procurando re agrupar quanto poder eu pudesse, preparada para o pior.
Mas o Rei Renascido se arremessou à batalha, e os dois irmãos se confrontaram com
todos os poderes sob os seus comandos. Logo que eles se chocaram, os seus seguidores
também o fizeram. Alguns dos Seguidores de Set, vendo a magnificência de Osíris, fugiram
aterrorizados. Nossos colegas metamorfos lutaram brava e ferozmente, derrotando os filhos
de Set aqui e acolá. A terra tremia sob o local do conflito, e por milhas ao nosso redor as
crianças choraram e os cães uivaram.
E novamente Set prevaleceu. Osíris morreu mais uma vez, sua forma consumida por
um fogo mágiko. Seus poucos seguidores sobreviventes foram extirpados graças ao número

MUNDO DAS TREVAS: MÚMIAS EGÍPCIAS


8
superior de Setitas, e nossos colegas trocadores de pele morreram quase que até o último. Eu
permaneci com os últimos sobreviventes dos Filhos de Osíris, desafiadora diante da vingativa
Serpente que me tentava com o olho roubado de meu filho. Chamando o nome de Ra, eu
ataquei Set com toda a mágika conhecida por mim. Forças Elementais convergiram sobre ele,
e espíritos rasgavam-no, e seu sangue derramava-se no chão em torrentes. Ainda assim ele
riu do meu poder, e me arremessou ao chão.

Hórus, o Vingador
Antes do golpe final, a salvação chegou.
Parado de forma desafiadora diante de Set estava meu filho, Her-nedj-tef-ef: Hórus, o
Vingador de seu Pai. O corpo de Hórus continuava enrolado em linho, mas seu ka, liberado de
seu corpo graças aos trabalhos do Grande Rito, se punha diante de Set com a mais fina veste
de batalha, contorcia-se no chão - e novamente mais de seus seguidores covardemente fugi-
ram - Hórus golpeou seu próprio olho, ainda na mão de set. Com um corte ele rasgou o órgão
e libertou o seu ba; com isto seu ka começou a se enfraquecer. E Set ficou ali, se contorcendo.
Mas nós já podíamos vê-lo se curando, então nós, os poucos sobreviventes aproveitamos essa
oportunidade para fugir: os Filhos de Osíris usaram suas velocidades sobrenaturais, eu ar-
ranquei minhas poucas mágikas restantes, e Mestha carregou o corpo de Hórus. Set curou-se
rapidamente, e matou todas as suas crianças, para que assim ninguém pudesse contar as
histórias de sua derrota - mas um dos Bubasti sobreviveu e se escondeu nos juncos, para
contar as lendas da covardia de Set mais tarde.
Eu me escondi com o corpo de meu filho por dias, no deserto que agora chamam de
Sinai. Nós fomos protegidos pelo Povo Chacal, também chamados de Peregrinos Silenciosos,
pois eu tinha ajudado-os uma vez e eles foram advertidos de minha chegada por Thoth.
Mestha retornou à sua fazenda, ainda que ele mesmo seja um Renascido, seu segredo era
conhecido por poucos, e era improvável que mesmo Set tivesse sequer percebido o fazendeiro
imortal.
Enquanto os dias passavam, eu percebi a forma fraca de meu filho se curando, amea-
çando romper seu envoltório de linho à medida que o seu corpo se restaurava. Hórus parecia
muito com o seu pai, e logo a magnificência de sua estatura havia retornado. Então, uma
noite, enquanto eu me dirigia ao conselho dos Peregrinos Silenciosos, meu filho Renascido
entrou em nossa tenda, seu linho mortuário continuava envolvido sobre o seu corpo agora
totalmente recuperado. Nesta noite, nós novamente falamos sobre vingança, e retribuição, e
nós juramos que o que nós não pudemos realizar antes - a destruição de Set - ainda poderia
ser feito; se não agora, então um dia no futuro. No entanto, isto não era apenas uma vingança
política: nós lutávamos contra um poder das trevas, um general do exército de Apóphis.
Hórus já não era mais um pequeno príncipe, seguindo as palavras de sua mãe e tia. Ele
era um verdadeiro líder, alto e forte como o seu pai, e agora possuidor da vida eterna. Ele
havia morrido garoto, e foi Renascido homem.

Estas páginas datilografadas que lhe entrego, apesar de parecerem anti-


gas, são a nossa mais recente fonte escrita de nossa história milenar. Ela guarda
as lembranças de Shensu-Heru, que possui uma invejável memória. Mas é bom
que você esteja ciente de que as nossas memórias costumam falhar, e que nor-
malmente nos aparece de formas confusas, quase oníricas. Tente se lembrar
de algo de sua infância, as memórias não lhe parecem meio confusa? Agora
transfira esta abstração para seres com milênios de idade... Apesar destas li-
mitações, a memória dele é invejável. Isto torna seus escritos uma ótima fonte
de nossa história.

CAPÍTULO UM: CENÁRIO


9
Eu também fiz a minha parte. Eu reuni ao meu redor mulheres e homens que tinham
talento no Hekau, e eu os tutorei assim como Thoth havia me tutorado. Alguns, eu via,
poderiam penas aprender os rudimentos do poder: eles aprenderam Ren-Hekau, a magia dos
nomes, junto com a arte dos talismãs, e dos amuletos, e dos poderes alquímicos. Havia poucos
outros verdadeiramente Despertos, como era Nephthys e eu mesma: nesses, eu despertei o
amor e o conhecimento de Ra, que queima brilhantemente sobre eles. Para esses poucos eu
ensinei o Encanto da Vida, que não pode ser esquecido, e com isto Hórus deve ter aliados e
companheiros no caso dele, na próxima vez que morrer, ter problemas na próxima vez que
ressurgir.
Eu, Ísis, sou uma velha mulher agora: eu escolhi muitos anos atrás não me tornar um
recipiente dos Grandes Ritos, para que quando eu morrer eu possa me juntar ao meu marido
e irmã em Duat, e devo advertir e aconselhar lá meu amado como eu fiz uma vez há muitos
anos atrás. Eu rogo para que Ra garanta ao meu filho sucesso, para que ele limpe nossa terra
da sujeira ácida de Set.
Durante este tempo, Set solidificou seu reinado em Khem, obrigando Hórus a estabele-
cer as bases do que ficaria conhecida como a Liga Osiriana: uma combinação de homens e
mulheres, mortais e imortais para se oporem a Set.

A Resistência Osiriana
Após a grande batalha contra Set, Hórus (com a paciência de um imortal) trabalhou
lentamente para erigir uma resistência que acabasse com a influencia de Set. ele fez isso, não
para se vingar de seu pai, mas para proteger o povo da maldade de Set.
Por anos ele permaneceu em Sinai, estabelecendo uma rede de informações chamada
Liga Osiriana, ele viveu entre os Peregrinos Silenciosos e os convenceu de que ambos tinham
um inimigo em comum. Outros metamorfos vieram a ajudar o rei renascido: os Bubasti, (os
gatos de pelo negro), versados no caminho da magia e do mundo espiritual. Infelizmente,
alguns foram seduzidos por Set e lutaram sob seu comando.
Os Mokolé de Khem, liderados por Sebek, foram ótimos aliados ocasionais; eles vivem
muito e possuem antigas memórias, entretanto, após a morte de Sebek, Hórus foi forcado a
negociar com novos chefes não muito dispostos a se aliar. A lembrança do tempo em que os
humanos eram “gado” ainda estava muito vivas, apesar de tudo, os Mokolé são excelentes
guerreiros no combate aos servos de Set.
Os Filhos de Osíris, crianças do antigo rei morto, são muito valiosos como guerreiros de
Hórus. Hórus busca vingança na destruição de Set; os Filhos de Osíris, apesar de suas habili-
dades, são menos propensos ao combate.
O povo belo também respondeu ao chamado de Hórus na figura dos Andarilhos do
Deserto, conhecidos como Eshu; graças a eles Hórus aprendeu muito sobre a Jyhad.
O Culto de Isis, servos e feiticeiros, mortais que possuíam o segredo do feitiço da vida.
Auxiliaram os Shemsu-Heru no combate a Apóphis.

A Jyhad
Quando e como Hórus cuidou dos outros vampiros?
Ele tomou conhecimento deles cedo, não teve dúvidas; Typhon era um estranho no
nosso meio, e Set havia se transformado durante a época do exílio. Somente ele sabia que do
exterior viria o fim da nossa frágil nação. Outros se satisfizeram com a existência de Set.
Hórus sabiamente aproximou-se mais daqueles vampiros como um Silencioso Som Es-
tridente, que perambulou por estas terras e conheceu muito dos segredos deles; e pelo vaido-
so eshu, que contou histórias de lugares distantes e de perigosas criaturas. A princípio ele
pensou unicamente no projeto Egípcio que ele tinha para o Corruptor e principalmente para
o ocasional visitante chamado de Typhon; instantaneamente ele soube das atrocidades da
Jyhad - essa grande guerra que envolvia todos os vampiros ao redor do mundo. O Egito,
possuía toda a criação para Hórus, mas obviamente não passava de uma extremidade do

MUNDO DAS TREVAS: MÚMIAS EGÍPCIAS


10
globo, e Osíris possuía um pouco mais do que um pedaço do jogo. Hórus desesperou-se.
Se Hórus era imortal, ele não poderia permitir um eterno mundo de trevas e desespero..
Sua solução, ele resolveu prolongar seu espírito de vingança pelos seus familiares para
sempre. Set seu parente infernal. Outros como os Filhos de Osíris - que eram imortais, nos
olhos de Hórus, demonstraram desejar penitência - lá eles não foram exceções. Hórus decla-
rou sua entrada na Jyhad, e jurou exterminar todas as gerações de vampiros. E ele manteve
sua promessa, ele duplicou seus esforços para criar e manter sua rede de aliados.

Fantoches e o Trono das Trevas


Nós não conseguimos reivindicar para nosso conhecimento o que Set pensou após o seu
encontro com Hórus: somente Set tinha tal conhecimento, e qualquer coisa dita a respeito não
passou de uma mentira. Se nós soubéssemos o que aconteceu no Khem em tão pouco tempo
após a ressurreição de Osíris.
Agora mesmo a unidade na qual Osíris tinha estabelecido começara a enfraquecer-se e
dividir-se. Se sujeita a Set, estas divisões ampliaram-se, e garantiram a ascendência de Set,
uma vez reunido o Egito lançou-se por terra de lado a lado adquirindo várias províncias. A
história da morte e ressurreição de Osíris chegou de surpresa, à medida que se levantaram
histórias sobre a covardia do vilão Set. Hórus, Eixo e aliados colocaram seu árduo trabalho
em ação, contaram a história de um dia digno de lenda: Osíris, o Rei Ressurecto, tornou-se um
herói para todo o Egito. Lá puderam existir tais dúvidas. Por isso Set resolveu esperar e
assim retrocederam pela liderança do Khem, e desapareceram aos olhos de todo o povo.
Somente Set, o grande manipulador, prudentemente ficou no Egito, contando com seus segui-
dores e aliados para começar moderadamente a corromper os líderes menos experientes.
Fantoches-líderes seguidos de líderes-fantoches, Set os conquistou um a um. A grande serpen-
te moderadamente enrolou a sua terra natal , pois era a mais astuta criatura da escuridão.
Set, finalmente ficara livre da recém-nascida Liga Osiriana, para isto freqüentemente
viajara escondido. Set manipulou e freqüentemente opôs-se aos líderes fantoches, nenhum
sábio seguiu seu verdadeiro mestre. Quando Hórus soube do envolvimento de seu parente Set,
batalhas sucederam-se, e estas se tornaram objetos de lenda. Somente Set lucrou moderada-
mente, para isto seguiu em direção as trevas.
Por séculos isto se espalhou: Hórus lentamente embutiu sua rede de comunicações
entre seus aliados, em pouco tempo lentamente ergueu seu exército de seguidores. Corrupção
em série, Set era o mestre da corrupção; este veneno fluiu através do sangue Egípcio. Hórus
trabalhou muito, isto é verdade, para inculcar fidelidade de lado a lado em grupos tão diferen-
tes nos quais a bravura e o heroísmo corresponderam, usando a inimizade de Set como uma
casual ligação. De qualquer modo, isto facilmente foi descrito como uma verdade e um longo
e árduo processo, que Hórus levara séculos para construir. Finalmente, depois de muito
trabalho e esforço, Hórus havia se desgastado, e ele deixou esta terra para mais uma vez
restaurar o seu ba.

Shensu-heru
Quando Hórus reabriu seus olhos, muito havia mudado.
O Egito estava unido novamente, uma terra de um líder, Menes era o seu nome. Embora
Hórus soubesse que era um peão - um fervoroso devoto - de Set, ele não conseguiu nenhuma
evidência neste. Apenas Menes teve sucesso em reunir os dois impérios em um Egito e iniciou
uma nova era chamada de I Dinastia; esta façanha ultrajou Hórus, pois considerava seu pai,
Osíris, o verdadeiro fundador da primeira Dinastia. Somente Hórus lamentou profundamente
por entender relativamente esta história, e alguns imortais aceitaram sua lamentação.
Conforme esperado, a Liga Osiriana desmoronou em grande quantidade durante a au-
sência de Hórus; os metamorfos locais viajaram e rosnaram a cada nova ordem dada e
pequenas disputas surgiram ao invés de unirem suas forças contra seu inimigo comum. A
linhagem de Osíris dirigiu-se para o Egito contra Set, somente alguns ficaram escondidos na

CAPÍTULO UM: CENÁRIO


11
imensidão do Egito. O culto de Isis sobreviveu, somente um punhado de fracos feiticeiros,
guiados por uma velha sacerdotisa que se lembrava do Feitiço da Vida.
Hórus reuniu aqueles poucos que se lembravam da Liga Osiriana, e recomeçaram o
processo de resistência a Set. Somente ele possuía a instrução suficiente para realizar tal
façanha: Ele teve que muitas vezes nesta vida se despedir deste mundo para tornar a recarregar
suas energias, e durante esta época sua liga desmoronou-se. Assim outros imortais seriam
necessários, para continuar seu trabalho, para golpear Set na sua ausência, e para representá-
lo onde ele não pudesse estar. Algo que terminou no Grande Ritual.
Hórus colocou-se determinado a encontrar a nata da sociedade egípcia: aqueles que
seriam os melhores guerreiros, líderes e filósofos daquela época, aqueles que fossem dignos
de receber seu presente. Ele lentamente trouxe-os para dentro da Liga Osiriana como seus
agentes mortais; finalmente, ele ofereceu para três o seu presente, a imortalidade, e cada um
aceitou. Assim nasceram os Shemsu-Heru, os seguidores de Hórus.
Com eles foi adicionado força e liderança, a Liga Osiriana prosperou uma vez mais, e
eles agiram como seus Generais no Egito, mesmo que movendo-se para outras terras estes
heróis descobriram outros caminhos para combater Set. Várias idéias eles tiveram, e eles se
reportaram a Hórus. Cada general, um após outro, tinha que morrer brevemente, pelo poder
do Renascido. Nunca mais existiu uma época em que a Liga Osiriana ficou totalmente despro-
vida de líderes.
Algum sucesso foi conquistado, ainda que a Liga Osiriana conseguiu estabilizar de certa
forma - de maneira tal que nenhuma outra liga conseguiu, considerando a natureza contrária
das criaturas envolvidas. Logo as múmias tornaram-se impacientes, somente Hórus aconse-
lhou-os no caminho da prudência. Prevendo um breve conflito, ele antecipou-se, conseguindo
arruinar todos os planos do inimigo; um conflito musicalmente orquestrado pelos seus gene-
rais provou a Set e seus servos que nada seria fácil de agora em diante.
Durou um milênio, até a época das Pirâmides. O Egito, estava unificado, estava desenvol-
vendo-se; acontecera uma mudança profunda, de qualquer forma, Set devorava tudo como um
câncer, e alguns conseguiram ver isto como Hórus. Set e seus servos espalharam-se por todas
as partes, e sobre o Estado escondiam-se outros vampiros, que desejaram sua terra natal.
Conflitos internos entre os metamorfos causou uma discórdia na Liga Osiriana, os Mokolé e
Bubasti tornaram-se poucos, alguns viraram adversários; alguns parentes desconfiaram dos
Bubasti que no geral foram seduzidos por Set. A corrupção de Apóphis havia seduzido-os.
Ultimamente, comandando seus generais, Hórus decidiu entrar completamente com seus
imortais na sangrenta Jyhad. E assim ele instruiu o Culto de Isis para procurar por outros
candidatos dignos. Um processo lento e prudente; novamente os próximos mil anos, sujeitos
a duas dúzias de homens e mulheres que penetraram ao posto da imortalidade. Se cada um
der sua valiosa adição para a nossa causa, este será a maior dentre todas as ligas. Assim
fomos escolhidos.

As Transformações
Nós vigiamos a transformação da nossa sociedade, a bravura de nossos parentes desen-
volveu-se. Nós serramos a mudança da nossa capital para Thebes, e então para Itjawy, e então
paramos em Thebes. A função do faraó mudou e desenvolveu-se, e nós temos esperanças que
um novo faraó busque restaurar o Maat. Nós lamentamos a série de frágeis reis que lenta-
mente conduziram nosso povo para a ruína, uns insignificantes pertencentes à nobreza e
sacerdotes disputaram por vaidade, e o nosso sangue fervido que os Hyksos, manipulados
por Set, comandaram uma onda de ataques contra nossa terra natal e controlaram-na por
anos, nós cuidamos de mortais que eventualmente dirigiram os Hyksos para fora, e nós
regozijamos pelo nosso povo que clamara há tempos por sua terra natal.
Agora havia umas três dúzias, e isto fez difícil o crescimento do Culto de Isis para
importa-se com nossa corporação na mortalidade; conseqüentemente, nós projetamos a cons-
trução das nossas tumbas, o que protegeria nossos corpos da ninhada de Apóphis na época

MUNDO DAS TREVAS: MÚMIAS EGÍPCIAS


12
em nós visitássemos o Duat. Assim criamos o Place of Truth ou Valley of Kings: lá construí-
mos simultaneamente as tumbas dos mortais faraós. Por muitos séculos serviu como um
local de refúgio para nossa espécie, o antigo retirou-se para lá e estabeleceu seu refúgio, e
eles perseguiram o seu misterioso intento livres dos olhos curiosos dos mortais.
Nós observamos a elevação da nação e quase ruímos neste ciclo regular, regular hemor-
ragia do Nilo. Desafortunadamente, nenhum faraó seguiu o ideal Escolhido de Ra, e eles
provaram ser fracos líderes. Somente nós sabemos o percurso da história humana nesta
época, intervimos somente quando as Serpentes agiam. Nós existimos dentro da Jyhad.
E assim nós preservamos, ocasionalmente somando ao nosso posto. Muitas vezes Set
tentou infiltrar-se no nosso posto do Culto de Isis - primeiramente uma tentativa para des-
truir isto, mais e mais Ressurrectos foram criados, ele desejou aprender o processo do Ritual
de Ressurreição, ele queria possuir imortais assim como Hórus para usá-los com armas. Ele
teve algum ínfimo sucesso; seus seguidores roubaram um número enorme de Rituais, e nós
perdemos muitos aliados importantes, espíritos e corpos separados para extraírem de uma
vez o segredo do Grande Rito.
Set continua sua rivalidade com Hórus durante o novo milênio, nesta época ambos
fortaleceram-se - Set e seus Seguidores, Hórus Com a Liga Osiriana e suas Múmias - nenhum
dos dois conseguiu uma vantagem significante. Igualmente, cada um interessou-se pela políti-
ca egípcia: Set constantemente tentou conquistar a nação, apesar de faltarem forças, e Hórus
constantemente procurou libertar sua terra do despotismo de Set além disso engajou-se na
sua guerra privada e na sua vingança. Se eles houvessem parado os seus conflitos privado,
nenhum dos dois estaria preparado para a chegada de Alexandre o Grande, e em pouco tempo
outro poder se apossara completamente do Egito.
Ambos se moveram. Set, fluiu, voltou a corromper o governo de Ptolomeu. Hórus,
enfraqueceu-se com décadas de rixa, retornou mais uma vez para o Submundo.

Os Ishmaelitas
Da mesma forma que uma vida infinita é a promessa de uma memória imperfeita,
nenhuma garante o total comprometimento. Nós todos começamos um sincero comprometi-
mento para com a causa de Hórus, a não ser que algum de nós escondesse sua natureza -
merecedor de século ou dois, então adiante para tal criatura. Mesmo que fosse um de nossos
adversários. Sem levar em consideração, apesar de que, ninguém verdadeiramente abando-
nou nossa cruzada.
Exceto para Ishmael. Ele cedo recebeu de Hórus sua transformação, somente após cinco
séculos de batalha, ele cansou-se - e ele duvidou da veracidade da palavra de Hórus. Em uma
de nossas assembléias, ele recebeu a palavra de nosso pai, e foi dito muitas coisas para ele.
Devido a sua traição, ele foi banido, e foi ordenado para nossa companhia que nunca mais o
vi-se de novo, de qualquer forma, relatórios de sua viajem sempre chegavam a nossas vistas.
Ele existiu sozinho; realmente, outros começaram a questionar a validade da nossa
causa, todos foram inspirados pela desconfiança de Ishmael. Uns poucos duvidaram de Hórus,
e eles seguiram Ishmael em sua viajem, e eles começaram a se chamar de Ishmaelitas devido
ao primeiro entre eles.

A Ordem da Mudança
Os seguidores agarraram-se durante uma década na Liga Osiriana. Muitos Shensu-heru
começaram a se beneficiar com a guerra, mesmo de longe, Hórus os liderou na antiga Jyhad.
A Liga Osiriana começara a desmoronar. Os Bastet diminuíram, os Mokolé afastaram-se, e os
Peregrinos Silenciosos tornaram-se pouco inclinados a manter seus membros na frágil alian-
ça. Todos que sangravam pela Liga foram chamados por Hórus de seguidores dedicados,
assim como o Culto de Isis.
A cidade de Alexandria tornou-se a nova capital do Egito, e muitos forasteiros vieram
para a cidade. Nós observamos as mudanças, capital após capital; ergueu-se em Alexandria,

CAPÍTULO UM: CENÁRIO


13
algo novo pairou no ar, algo indiferente a todos nós.
Uma nova cultura surgiu no Egito. O Grego tem recuperado nossa areia, e manteve um
interesse contínuo e crescente na cultura nativa Egípcia, isso foi inevitável pois o Grego
também desejava o caminho tranqüilo. Muitos de nossos oponentes mudaram, uns favorá-
veis; quase o último de nós; de qualquer forma, nós incitamos tal mudança, e o mais velho
entre nós devolveu de certa forma a visão aos nossos olhos. O percurso, o Grego consentiu
com a vinda dos vampiros Toreador, artistas degenerados e esteticistas que naqueles dias
acrescentaram uma dose de perigo, e eles tornaram-se nossos novos inimigos: os Setitas
diminuíram, os Toreador cresceram.
O Egito tornou-se um oásis para viajantes que procurassem o exótico ou o misterioso.
De certa forma creram no enigmático. Thoth reapareceu, na Hermes Trismegistus. Sua dou-
trina lentamente espalhou-se, por muitas gerações - esta forma de humilhar-se se populari-
zou - isto foi reconhecido. Miseravelmente, ele jamais apareceu para alguns de nós.
O Egito tornou-se conhecido para os de fora devido a todos os seus mistérios; nós os
Shensu-heru, os seguidores de Hórus, temos um vasto conhecimento sobre este fato, sobre o
curso, se nós tivéssemos distraído os profetas e filósofos que influenciaram com louvor em
nossas ruas, expressaram tolices a respeito de cultos secretos, inconscientes do guerreiro
imortal pincelaram em seus mercados e templos.
Primeiramente o Culto de Isis beneficiou-se com esta atividade, muitos magos poderosos
aglomeraram-se para Alexandria em busca do exótico. Alexandria tornou-se o maior centro
relativo ao oculto, escondidos os templos de ocultismo da Alexandria ocupavam-se com a
Passagem. Junto com vários magos genuínos vieram 10 charlatões, em pouco tempo o poder
dos membros do culto e o seu potencial foram postos em dúvida. Hórus dormia, e seus
generais eram os olhos que o vigiavam, e em pouco tempo o Culto de Isis começou a decair.
Somente alguns Shensu-heru foram criados neste tempo, mais e mais membros do grupo
preocuparam-se somente com a proeza de sua mágica particular e uma quantidade reduzida
deles com suas responsabilidades.
O último sacerdote de Nikos, na Macedônia, desesperou-se devido à vanglória dos magos
de plantão pertencentes ao culto. Quando finalmente Nikos encontrou outros magos capazes
de deduzir o Grande Rito, sua bravura socorreu Nikos e um dia trocou o serviço de Hórus. Se
o Egito - que pertence ao nome esquecido - existiu um traidor, um mago empregado de Set. Ele
descobriu os segredos do Grande Rito, ele próprio assassinou Nikos e investiu assaltando o
Culto de Isis. Este frágil lote foi incapaz de opor-se ao rápido assalto de Set, seus principais
seguidores mortais sobrepujaram o escondido templo de Isis. Os últimos a serem abatidos
foram o sacerdote e a sacerdotisa.

Infelizmente perdi as ultimas folhas de seus escritos, mais lhe contarei o


que aconteceu a partir de onde ele parou, aproximadamente. Por favor, anote
e anexe nos documentos que te entreguei.

A Diáspora Egípcia
Quando Hórus abriu os seus olhos uma vez mais, após passar muito tempo em Amenti, o equivalente a
passagem de dez faraós, viu um mundo diferente. Cleópatra já havia conspirado, se matado e o Egito não era
mais soberano. Uma nova nação dominava o mundo Roma e uma nova religião, a do homem Deus que morreu
e reencarnou três dias depois, se espalhava pelo mundo. Hórus percebeu o quanto ela cresceria. Set estava em
torpor, o culto de Isis praticamente acabado e a Liga Osiriana apenas se tornaram vagas lembranças em sua
mente. Os seus seguidores tinham se disseminado pelo mundo, levando a sua Jyhad ou esquecendo as suas
palavras.
Hórus percebeu que era um tempo de recomeçar. Ele descobriu que os Vampiros, principalmente o clã
MUNDO DAS TREVAS: MÚMIAS EGÍPCIAS
14
Ventrue, dominavam o mundo através de Roma e que, enquanto os vampiros estivessem no comando, haveria
desarmonia e o Maat não poderia ser restabelecido. Hórus convocou os seus 43 seguidores a encontrá-lo em
Alexandria. Tanto os vivos quanto os mortos reafirmaram a sua lealdade e ouviram as suas palavras
A nossa Terra natal não é mais nossa. Ela está nas garras de uma força mais poderosa do que nós
podíamos esperar, mais perigosa que podíamos temer. Os amaldiçoados são muito mais que as lâminas de Set.
Eles são todos agentes de Apóphis, e espalham as suas mentiras por todo o mundo.
O Egito poderoso caiu, mas não pela chegada de Roma. Eu sinto que foi quando Osíris recebeu a
maldição de Caim. Nós não alcançaremos o Maat enquanto um único filho de Apóphis sobreviver. Eu sou o
Vingador de meu Pai, e devo vingar o Mundo
Eu lhe falei que as nossas memórias apresentam falhas, mas estas não saem da minha cabeça até hoje
Saiam de nossa terra natal, desta que nos deu a vida e nos nutriu. Que nela descanse apenas os
guerreiros que obtiveram sucesso em suas obrigações, e nós ainda temos muitas obrigações a cumprir. Saiam
destas terras, procurem os seus destinos e não se esqueçam de sua missão. Nós devemos nos encontrar novamente,
um dia no futuro. Quando as trevas nos engolfar e todas as esperanças estiverem perdidas, neste dia, nós
triunfaremos sobre os Exércitos de Apóphis. Nos preparemos para o encontro, quando os exércitos de Apóphis
e de Ra estiverem agrupados com toda a sua força. Por enquanto nós devemos estar demasiadamente
preocupados com o destino de uma nação, com o povo, e com toda a mentira que é estacada no mundo. Nos
fomos cegos ao tentar estabelecer o Maat apenas no Egito, devemos conhecer todo o mundo além de nossas
fronteiras.
Saiam de nossas terras e se preparem para a guerra que virá.
Muitos ouviram as suas palavras como ouvimos um Pai, outros ignoraram e viram a sua Jyhad e o Maat
como algo muito distante Se ajuntaram aos renegados Ismaelitas. Outros ainda os acusaram de buscar um
ganho pessoal e clamar que, ao contrário do que Hórus afirmou, nem todos os vampiros seguem Apóphis. Estes
adquiriram a eterna ira de Hórus.
Cada um de nós seguiu o seu próprio caminho e as aventuras que se seguiram foram secundarias ao nosso
destino e missão. Outros deram continuidade às ordens se Hórus em outras terras, onde encontraram outros
renascidos, que apesar de semelhantes nada sabiam nem apontavam qualquer relação com Hórus, Osíris ou
Thot. Possuíam os seus próprios Deuses e costumes. O desejo por novos conhecimentos normalmente é o maior
incentivo para os Imortais continuarem suas tediosas existências.
A restauração do Maat ainda era um sonho, mas parecia cada vez mais distante e sendo substituída
pelas virtudes cristãs, que apesar de serem semelhantes com as do Maat, elas foram ignoradas e abandonada.
Hórus se estabeleceu em Genevra, na Suíça, e de lá passou a liderar os Shensu heru. Nós observamos
os crescimentos das nações e a terrível grande guerra que surgiria, sendo seguida por outras ainda piores. Neste
período Hórus morreu novamente e passamos a esperar a sua próxima liderança.
Há poucas décadas atrás ele ressuscitou e passou a agir em um ritmo acelerado. Tem reunido suas
forças e acentuado sua batalha. Acreditamos que ele tenha tido uma visão em Amenti, durante a sua última
morte. Alguns acreditam que o seu Pai tem falado com ele, apesar de seu estado catatônico milenar em
Amenti. Ele nunca revelou o seu plano, mas para todos parece evidente que ele percebeu os últimos signos para
a batalha final contra Apóphis. Eu confio em Hórus mais pondero se nós ainda possuímos um exercito. Muitos
se dispersaram pelo mundo e outros o traíram.
Mais a nossa curiosidade será sanada, nesta virada de milênio ele nos chama de volta a terra que nos
nutriu e acredito que finalmente ele vá revelar o destino que nos aguarda. Se for a última batalha à lutar,
eu estou preparado...

CAPÍTULO UM: CENÁRIO


15
RELAÇÃO COM OUTRAS CRIATURAS mesmo desprezo pelos vampiros.
A cruzada para restabelecer o Maat vai além de
SOBRENATURAIS uma simples vendeta contra Apóphis. Algumas múmias
As múmias vivem eternamente e já encontraram se perguntam se não deveriam procurar os Garou em
em suas vidas dezenas de diferentes criaturas sobrenatu- sua luta contra Apóphis/Wyrm.
rais e apesar de que as memórias podem ser perdidas, Ÿ Peregrino Silenciosos – Eles surgiram em nos-
certamente ainda restara valiosas informações sobre tais sas terras. Foram nossos aliados através da historia na
criaturas. Apresentaremos a capacidade de interação com cruzada contra os Setitas. Eles foram expulsos de Khem
os outros criaturas sobrenaturais e uma visão de uma por uma maldição de Set, e desde então vagam o mundo
Múmia, no caso Hetch-Abehu, sobre os grupos dos se- sem um lar. Ajude-os se tiver oportunidade, porque eles
res que normalmente mais interagem com eles. não negarão ajuda caso você necessite.
Ÿ Uktena – Nos últimos séculos estes Lobisomens
VAMPIROS indígenas têm nos ajudado com segredos que desconhe-
Hórus ordena que os evitem e os destruam, pois cíamos, mas em outras oportunidades eles procuraram
estas criaturas se opõem ao Maat. A maioria das múmi- roubar o nosso conhecimento. Sinceramente, não sei que
as faz vista grossa a este mandamento. Ela desprezam postura tomar quanto à eles. Preciso avaliar isso melhor.
tais criaturas como meros amaldiçoados (obviamente,os
Setitas não se enquadram neste caso). Alguns acabaram
se tornando aliados, amigos e confidentes destas criatu-
BASTET
ras, que compartilham com eles o dom da imortalidade. Sua curiosidade e sua proximidade territorial com
As opiniões ainda se divergem, há quem queira entendê- o Egito, os tornam muito próximos. Em seus encontros
los e há quem queira destruí-los. eles se dão muito bem, geralmente até em excesso, por
sua sensualidade. Os Shensu-heru se aproveitam disso
Ÿ Tremere – Este misterioso clã apareceu há pou- também. Tanta energia, tanta vida...
co tempo, e desde o século passado vem demonstrando
um estranho interesse pelos nossos tesouros e conheci-
Ÿ Bubast – Esta raça de gatos de pelos escuros
mentos. Se eles se aproximarem demais, lembre-se do foram aliados de Isis e Osíris, mais receberam uma mal-
mandamento de Hórus. dição de Set, além de perder a sua raça de gatos. Acredi-
to que estes fatores vem obscurecendo suas almas, e al-
Ÿ Capadócios – Meu único deslize no Código de guns parecem que estão trabalhando para Apóphis. Al-
Hórus. Durante uma viajem à Europa, na época da guns ainda nos ajudam em nossa terra, mais devido aos
Diáspora, conheci um deles num monastério. Discuti- fatos mais recentes sugiro que tomem cuidado ao con-
mos a filosofia dos vivos, dos não-vivos e dos imortais
versarem com eles.
por meses. Infelizmente não tenho tido notícias dele há
séculos... Ÿ Simba – Restam poucos destes honrados ho-
Ÿ Giovanni – Tão recente quanto os Tremere e mens gatos, eles são a nobreza de sua espécie e sempre
com poder sobre as almas. Ouvi rumores de que eles se mostraram nossos amigos. Mais a política deles com
dizimaram um dos antigos clãs vampíricos. Eu aconse- os humanos acaba manchando a nossa relação. Uma
lho você a observá-los atentamente. grande vantagem em nossos relacionamentos com eles
é que eles sempre se provaram confiáveis.
Ÿ Ventrue – Estes vampiros vêm de uma linha-
gem de reis desde da antiguidade européia e até hoje
mantém uma forte influencia no mundo mortal. Não me
MOKOLÉ
adimira que o mundo atual e seu capitalismo sejam tão Os Shensu-heru os conhecem e respeitam suas
desumanos. memórias. Às vezes até os procuram por tal conheci-
mento. Os Mokolé, por sua vez, lembram-se deles como
Ÿ Setitas – Destrua-os quando encontrar. Eles não antigos aliados e por isso cooperam quando podem.
são inocentes, o clã só Abraça quem adora Set em vida.
Nunca escute as suas palavras.
MAGOS
Os manipuladores da realidade podem ter pouco
LOBISOMENS ou muito em comum com as Múmias, dependendo dos
Os Lobisomens são instáveis e violentos, o que di- caminho que ele seguir. Os seus raros encontros se dão
ficulta uma aproximação com as Múmias. Mas eles pos- quando eles buscam algum conhecimento em comum.
suem um inimigo em comum na Wyrm. Apóphis é a Alguns Nefandi e Magos Barabi podem servir Apóphis.
Wyrm, ou um aspecto dela. Também compartilham o

MUNDO DAS TREVAS: MÚMIAS EGÍPCIAS


16
As poucas Múmias que mantém relações com os magos, CHANGELING
recebem uma cordialidade do Conselho dos Nove. Os Changeling tem muito pouco em comum com
Ÿ Eutanatos – Eles estudam a morte e se sente as múmias. Com exceção dos Eshu, que compartilha-
fascinados com a nossa existência. Eles acreditam que ram as mesmas terras no passado e que ainda mantém
nos escapamos da roda da Vida e que somos uma mara- algumas memórias da sua existência.
vilhas exceção neste ciclo. Não se preocupem com a sua Ÿ Eshu – A ultima vez que eu vi um estas criatu-
curiosidade desde que eles não se aproximem do segre- ras foi há nove séculos atrás nas costas africanas, ele me
do do Feitiço da Vida. contou uma historias e imagens surgiam ao seu redor.
Ÿ Coro Celestial – Estes magos se voltam ao Deus Foi realmente fascinante, mas eu acredito que eles não
Cristão e acreditam que ele lhe da os poderes. Apesar de resistiram a passagem dos séculos.
suas crenças ele se mostraram um grande aliado na luta
contra Apóphis. MORTAIS
Ÿ Ali-i-Batin – Estes magos servem Alah e com- São singularmente frágeis e numericamente su-
preendem e respeitam o Maat apesar de trata-lo de uma periores. (se isto não ocorre e seus jogos deve estar acon-
outra forma. Eles nos ajudaram a manter o Maat , mas tecendo algo de errado). As múmias possuem uma gran-
eu não tenho vistos mais estes magos árabes nos últimos de integridade e “obrigação” de protegê-los. Existem al-
séculos, não sei se eles ainda existam. guns grupos de mortais que interagem normalmente com
Ÿ Magos de Apóphis – Eles podem se proclamar as múmias.
através de diversos nomes Malfeas, Nefandi, Infernalista. Ÿ Arcano – Hórus ordenou que ignoremos esta
Mais o nome aqui pouco importa a não ser que eles ser- sociedade secreta. O conhecimento arcano que eles ad-
vem Apóphis e buscam esparramar a corrupção do Maat. quiriram é gigantesco. Eles sabem sobre a nossa exis-
Ÿ Casa Shaea – Estes magos dizem pertencer a tência e um membros inglês, através dos escritos de
uma ordem maior, mais normalmente são eles que nos Cabirus, se tornou um Imortal. Ainda nos restam dúvi-
encontramos pelo fato deles buscarem o seu conhecimen- das se eles possuem outras copias deste ritual amaldiço-
to mágico nas antigas praticas do Hekau. ado.
Ÿ Sociedade de Leopoldo – Estes fanáticos já
WRAITH (APARIÇÕES) nos ajudaram muito a acabar com a tirania dos vampiros
As múmias passam parte de suas vidas no mundo e de outros monstros. Mas o mesmo fanatismo que já
dos Mortos, os Shensu heru normalmente se direcionam nos tornaram “anjos”, também nos torna demônios aos
a Amenti, mais os Ismaelita tem que vagar pelos reinos seus olhos. É uma arma tão delicada quanto o fogo...
dos mortos. E esta passagem pode levar as múmias a Ÿ O Circulo de Orfeu – Este grupo de mortais
interagir com os mais variados espíritos do mundo dos conta com diversas criaturas sobrenaturais infiltradas e
mortos. Além do Ka permanecer guardando o seu corpo estudam o reino dos mortos. Acreditamos que eles de-
nas Terras Sombrias (Shadowlands). vem saber mais sobre nós do que o próprio Arcano. Mas
Ÿ Hierarquia – Eles são uma sombra do poder nós não conseguimos descobrir o que eles sabem, este é
humano, mais retém um império que nenhum César ou- outro grupo que precisamos saber exatamente o que eles
sou sonhar. Os mais antigos membros possuem um gran- querem e se Apóphis não se encontra por trás deles.
de respeito por nos, mais os mais jovens legionários nor-
malmente não nos conhece e se assustam ao presenciar PECULIARIDADES DAS MÚMIAS
a nossa aparência em seu reino e pode nos atacar. EGÍPCIAS
Ÿ Barqueiros – Eles aprenderam segredos com
Anúbis e retem uma divida com eles. Eles possuem um IMORTALIDADE OU RENASCIMENTO
grande conhecimento do reinos dos mortos e podem aju-
As Múmias não são literalmente imortais como
da-los se vocês comentarem que são amigos de Anúbis.
os vampiros, eles morrem e renascem. Existem mais ti-
Ÿ Espectros – O Khabit dominam estas almas pos destes imortais, mas os de origem egípcia se torna-
corrompidas por Apóphis, as destrua se possível. ram os mais conhecidos. Eles foram mortais que por
Ÿ Emergidos (Risen) – Eles também voltaram merecimento aos olhos de Hórus, foram escolhidos para
do mundo dos mortos, mais não passam de uma apari- receber o Feitiço da Vida que lhes conceberia a imortali-
ção animando um corpo para tentar resolver os seus ne- dade, o dever de restaurar o Maat e a lutar contra os
gócios pendentes neste mundo. inimigos de Osíris: Set e Apóphis.

CAPÍTULO UM: CENÁRIO


17
Eles são imortais porque renascem após a morte. da contra Set e Apóphis. Infelizmente, conforme as eras
Eles voltam como um mortal comum, porém não mor- se passaram, os valores mudaram e interesses pessoais
rem, não envelhecem, não podem se reproduzir e irradi- corromperam os escolhidos de Hórus, muitos dos
am uma aura pálida como a dos vampiros. Shemsu-heru mantém fidelidade a Maat apenas verbal-
Contudo quando vivos podem morrer da mesma mente, traindo suas convicções quando assim for conve-
forma que um mortal. Eles também terão um tempo de niente.
vida igual a força do “BA” que renasceram, esta energia
se esvai, e quando termina eles morrem novamente, ten- APÓPHIS
do que recupera-la para votar a viver. Se eles morrerem A entidade conhecida como Apóphis conhece so-
por causas violentas ou doenças (esta ultima causa é bem mente uma coisa: corrupção. Ela foi e não é mais antes
rara devido aos seus poderes “mágicos”) eles também deste tempo começar. Ela existe somente para poluir e
retornam, mas deverão antes recuperar o seu corpo usan- destruir. Ela é a última trapaceira, a devastadora das tre-
do o Ba que adquiriram no mundo dos mortos. vas e a encarnação da perversão. Dentre os preferidos de
É quase impossível matar para sempre uma Mú- Isis e Osíris, Apóphis é considerado a origem de todo o
mia, por mais que se tente, apenas Hórus sabe como fa- mal. Muitos são atraídos para o interior da Grande Ser-
zer isso apagando o nome Verdadeiro da Múmia da exis- pente inconscientemente, conforme desejam sucesso e
tência e rumores circulam de um Elixir que existe no riquezas crescentes marcham para a influência traiçoei-
oriente com este mesmo poder. E por incrível que pareça ra de Apóphis.
existem múmias que buscam esta morte final a séculos A Grande Serpente não teme entrar completamen-
sem no entanto ter obtido sucesso. te em um conflito, pois ela é hábil em usar a astúcia para
Ao morrer o espírito da Múmia se divide em dois: alcançar seus objetivos. Semelhantemente, este indiví-
O Ka que protege o seu corpo nas Terras das Sombras duo é a encarnação da corrupção, pervertendo e poluin-
(Reflexo terreno no mundo dos mortos) e o BA que é do os inocentes. Set é o campeão da corrupção, assassi-
arremessado para a tempestade ( O coração do reinos nou Osíris e combateu Hórus durante incontáveis anos.
dos mortos) onde devera encontrar e recuperar a sua ener- A grande ameaça de Apóphis predomina
gia vital também chamada de BA. Quando armazenar sutilmente como a corrupção, usando esta influência para
energia e reestruturar o seu corpo, as duas partes se ajun- vencer a alma de seus oponentes. As corruptas múmias
tarão novamente ao corpo e ela vivera novamente. malditas são um exemplo da habilidade da Grande Ser-
pente em usar seus adversários para o seu próprio pro-
O MAAT veito.
Um conceito que, como a deusa de mesmo nome,
simboliza justiça, verdade e ordem, Maat é a meta origi-
nal dos Shemsu-heru. O termo “amado de Maat” ou “se- O GRANDE RITUAL
guidor de Maat” era utilizado com freqüência pelos reis O Grande Ritual – também chamado de Rito do
egípcios para demonstrarem seu compromisso como Renascimento ou Feitiço da Vida deveria ser realizado
mantenedores da ordem universal. apenas nos escolhidos de Hórus, mais o seu plano não
O Maat representa um rígido código de conduta ocorreu como ele gostaria.
e autocontrole. Mais do que apenas compromisso com o Decorreram-se os dias dos Shemsu-heru, Hórus e
bem, aquele que segue o Maat deve respeitar e manter a os sacerdotes do Culto de Isis escolheram aqueles dig-
ordem. Seguidores do Maat são rígidos, inflexíveis, sem- nos da imortalidade baseando-se na moral, virtude e con-
pre buscando ordenar as coisas de forma que favoreçam vicção. Eles procuravam os escolhidos dentro das clas-
a todos os que seguem Maat igualmente. ses nobres, mais existiram alguns entre os mal nascidos
Da mesma forma, um seguidor de Maat se pren- que demonstraram a nobreza e leveza em seus corações
de a seus códigos de conduta. É o tipo de pessoa que não para se tornarem os defensores do Maat. Desta forma
hesita em apontar os erros alheios, mas que também se seriam escolhidos 42 humanos pra se tornarem imor-
submete às penas impostas por seus próprios erros. Er- tais, um para cada Juiz do Maat.
rar não é o pior pecado para eles, mas sim insistir no Os séculos passaram-se, Hórus envolveu-se com-
erro ou não corrigi-lo. pletamente no processo para criação de novas múmias;
Respeito, vida, justiça, verdade, honestidade e res- de vez em quando outros Shemsu-heru agiram em seu
ponsabilidade são virtudes comuns de Maat. Aqueles lugar, em outra época o culto da sua mãe agira indepen-
entre os Shemsu-heru que demonstram sinceridade di- dentemente. E nesta época, a seleção de novas múmias
ante de Maat são os mais valorosos guerreiros da cruza- tornou-se um processo árduo para os sacerdotes.

MUNDO DAS TREVAS: MÚMIAS EGÍPCIAS


18
Se os escolhidos aceitaram a imortalidade, isto já As múmias são criadas com muitos propósitos.
é um fato consumado – permitiram que fossem eles mes- Os Shemsu-heru são, por suas próprias palavras, os cam-
mos assassinados na flor da juventude, demonstraram peões do Maat.
coragem em uma transição muito rápida para a imorta- É certo que praticamente todos os Shemsu-heru
lidade. Outros, apesar, participaram especialmente da vêem esta lei como a Verdade plena, mesmo as outras
história do culto, o rito foi simplesmente um empurrão múmias respeitam.
para a imortalidade deles: O Grande Rito agiu sobre os
corpos mortos de guerreiros e sacerdotes que conheciam III. NÃO NEGOCIE COM OS AMALDIÇO-
os Shemsu-heru. Eles foram transformados com o intui- ADOS, POIS ELES SÃO CRIAS DE APÓPHIS.
to de participarem da cruzada sem antes terem tido es- Esta é uma lei especial de Hórus, e quem a igno-
colha. rar corre o risco de enfrentar sua cólera. Foi um vampiro
O Grande Rito ainda consegue transformar aque- que alterou a vida de seu pai para sempre, e foi um vam-
les que foram mortos, desde que o corpo continuasse exis- piro que destruiu a família real. Hórus vê todos os vam-
tindo. Ritos mágicos protegiam os mortos, que devida- piros como inimigos com exceção dos Filhos de Osíris
mente preservados ainda serviam ao poderoso feitiço. que buscaram redenção para seu estado amaldiçoado.
Não se sucederam muitas tentativas de se cria- Todos os vampiros, principalmente os Seguidores de Set,
rem novas múmias após a cota de Hórus ser estabelecida. devem ser destruídos.
Lentamente os escolhidos continuaram os mesmos; al- Claro que esta lei é quebrada, quase que diaria-
guns crêem que os tentáculos do Grande Rito já não po- mente pelas Múmias, mesmo os seguidores de Hórus tem
dem mais se esticar. Mas corrupções do rito foram reali- desenvolvido amizades com alguns vampiros. Eles cos-
zadas dando origens a outros tipos de imortais. tumam os vê-los mais como vitimas do que simplesmen-
te como “culpados”. Infelizmente Hórus acredita que os
O CÓDIGO DE HÓRUS campeões do Maat devem vingar o seu pai, e que prova-
velmente Osíris não é o Mártir que seu pai nos fez pen-
Estas leis foram ordenadas por Hórus há milênios sar que foi.
e deveriam ser cumpridas por todos os Renascidos. A
sua aderência tornou um dos fatores que diferenciam os IV. RECONHEÇA SEU PARENTESCO COM
Shemsu-heru dos Ismaelitas. Na realidade os seguido- OUTRO NO MAAT. NUNCA ABANDONE SEU
res de Hórus, às vezes, cumprem alguns dos itens do IGUAL EM NECESSIDADE.
código apenas da boca pra fora. E normalmente não vi- Embora possuam suas diferenças, os seguidores
vem de acordo com todas essas rígidas palavras, apesar de Hórus devem oferecer ajuda mútua. Algumas vezes,
de respeitar a maioria delas. Acompanharemos as leis, o principalmente quando uma múmia passa muito tempo
que Hórus pede e o que normalmente ocorre. no Duat e não fez os preparativos necessários para sua
volta, o renascido enfrenta obstáculos que sozinho não
I. EU SOU HÓRUS, TEU PAI, PRIMEIRO pode vencer. A ajuda vai muito além da parte financeira
ENTRE OS RENASCIDOS. SEMPRE SIGA MI- ou habitacional. É um compromisso na vida e na morte,
NHAS PALAVRAS. particularmente, na batalha contra Apóphis.
Os Shemsu-heru agradecem a Hórus, pois sem Eles não costumam ignorar os seus irmãos e ir-
seus esforços eles não seriam imortais. Ele veio de uma mãs (ou “filhos” no caso de Hórus). Todos procuram aju-
linhagem dos deuses e sua sabedoria os direcionam. Os dar quem precisa de um favor, e eles criaram um laço de
Shemsu-heru não devem questionar sua palavra. obrigação para tirá-los de problemas. Até mesmo os
Na realidade, Hórus é a segunda Múmia, a pri- Ismaelitas costumam ajudar os que ainda consideram
meira provavelmente foi um fazendeiro, mas ele esque- “irmãos”.
ceu disso. Existe um pedaço de inconsistência histórica
neste ponto. As palavras de Hórus freqüentemente são V. NÃO PERMITA QUE OS MORTAIS O
ouvidas por seus seguidores devido ao seu respeito e tam- ADOREM, COMO FAZIAM AOS DEUSES NO PAS-
bém ao medo. SADO, E JAMAIS REVELE O QUE VOCÊ SE TOR-
NOU.
II. COMBATA AS CRIATURAS DE Hórus sabia que, mesmo o mais nobre homem,
APÓPHIS, EM TODAS AS SUAS FORMAS, EM quando recebe o Dom da imortalidade, pode se achar
TODOS OS TEMPOS, POIS ELES SÃO OPONEN- um Deus. Contudo, as múmias existem para restaurar o
TES DO MAAT. equilíbrio e não para serem adoradas. Alguns grupos de

CAPÍTULO UM: CENÁRIO


19
mortais como o Arcanum e o Círculo de Orfeu descobri- atividades de outras múmias.
ram sobre as Múmias. Isso os tornam perigosos, pois Egito – O Vizir do Egito monitora as atividades
eles não compreendem inteiramente a cruzada de Hórus. em todo o norte da África
Os mortais devem ignorar completamente qualquer coi- África – Monitora todo o Sul do Saara
sa relacionada às múmias, para sua própria proteção. Europa Ocidental – Apesar do Próprio Hórus
Poucos Shemsu-heru se mantém na posição de morar na Suíça ele escolher um Vizir para cuidar dos
autoridade e endeusamento – com a exceção de Hórus! Problemas dos Shemsu-Heru da Região.
Os Ismaelitas e as outras Múmias estão livres disso, mais Europa Oriental – O Vizir da região foi um dos
o seu poder político é insignificante após centenas de grandes responsáveis pelas mudanças políticas da região
anos. A única exceção, portanto, é realmente Hórus. Eles na década passada, ele vem pressionado Hórus para cri-
se escondem dos mortais e sabem dos riscos que correri- ar um Vizir para monitorar a Ex-União Soviética.
am se fossem descobertos. Ásia – O Vizir se localiza em Hong Kong e é
mais uma posição nominal, há poucos Shemsu-Heru na
VI. PROCURE NÃO CRIAR OUTROS região e as criaturas sobrenaturais da região são muito
COMO VOCÊ. enigmáticas para as Múmias egípcias.
É uma lei surpreendente para muitos porque Austrália – O Vizir monitora as atividades da
Hórus jamais ofereceu qualquer explicação. Os Shemsu- Austrália e da Indonésia.
heru obedecem este édito apenas por confiar na sabedo-
ria de seu criador.
Os Cabiri conseguiram realmente irritar Hórus, e
ele acabou com o que eles vinham fazendo. Renascidos
perceptivos costumam questionar o porque de Hórus de-
cretar isso. Alguns dos Ismaelitas, e até mesmo alguns
dos seguidores de Hórus, afirmam que ele é simplesmente
um tirano que possui controle total sobre a criação de
novos renascidos.
Mas alguns temem uma razão maior. As Múmias
vivem fora da ordem natural das coisas. Realmente não
é natural morrer e voltar para o mesmo corpo, portanto é
possível que os campeões do Maat sejam obstáculos para
a sua restauração, por virtude da sua existência sobrena-
tural !

ORGANIZAÇÃO
Os renascidos migraram para as mais variadas
regiões da terra. Hórus ditou que necessitava de melho-
res meios para monitorar os feitos de seus seguidores e
para isso apontou alguns Vizires e Primeiros Ministros
que representavam essa autoridade. As obrigações dos
Vizires incluem reforçar o comprimento do código de
Hórus, ajudar os Shemsu-Heru quando necessário e
monitorar as atividades das demais criaturas sobrenatu-
rais. A posição de Vizir não é eterna, meramente, Hórus
avalia que é necessário mudar. Alguns Vizires tem man-
tido a sua posição por séculos, outros por décadas. Hórus
nos últimos anos vem apontando Vizires para as seguin-
tes regiões.
América do Norte – Monitora EUA e Canadá
México – Monitora o México a América Central
e a América do Norte, apesar das atividades dos Shemsu-
Heru serem mínimas neste lugar, ele é importante para
relatar o que esta ocorrendo nestes lugares e possíveis

MUNDO DAS TREVAS: MÚMIAS EGÍPCIAS


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OBSERVAÇÕES FINAIS
Este PDF visa apenas divulgar a antiga versão do jogo Mummy que não se encontra mais a venda, este projeto
não tem nenhum fim lucrativo e não procura ser nenhum desafio os detentores dos direitos autorais. Quem quiser
divulgar este pdf em sua pagina de rpg sinta-se livre para faze-lo.

CRÉDITOS
Desenvolvimento: Grimm
Escritores: Grimm e Deicide (matéria do Maat).
Revisores: Linus e Pooka
Material traduzido: Elimelech, Marcelo X e Madrox.
Designer gráfico: Data

Agradecimento as páginas e sugerimos que consultem elas para enriquecer os seus jogos :
www.playerstools.kit.net
http://www.underhaven.hpg.com.br
http://www.strauss.hpg.ig.com.br

Bibliografia Consultada: Mummy, White Wolf 1992. Mummy second ediction, White Wolf 1996. Mummy
the Resurection, White Wolf 2001. E praticamente todos os outros livros da White Wolf que se referem a estes seres
citados aqui.
Não é possível jogar apenas com este projeto mesmo quando terminados, ele não apresentara as regras básicas
do sistema, sendo necessário que o jogador adquira algum modulo básico dos Sistema Storyeller. Já existem em
português alguns títulos, para maiores informações consulte o Site da Devir Livraria (www.Devir.com.br).

PROJETO MÚMIAS EGÍPCIAS


Estamos revisando o antigo jogo Mummy da White Wolf; Este projeto se baseia nas três edições do jogo, e
estamos reescrevendo as regras e poderes se apoiando em elementos da mitologia egípcia que ficaram de fora da
versão original. E procurando dar uma nova roupagem ao jogo e preenchendo lacunas deixadas na versão original.
Estamos tomando o cuidado de de deixar o jogo mais compatível com os demais títulos da White Wolf.
Este capitulo será o mais fiel aos livros originais (sem maiores mudanças) por tratar da historias dos Shensu-
heru, tomamos o cuidado de não revelar o destino das múmias novas, com o intuito de aumentar a curiosidade dos
jogadores brasileiros neste novo titulo (que altera radicalmente as múmias, sendo um novo jogo) que esta para ser
lançado pela Devir Livraria (www.Devir.com.br). Alguns trechos foram traduzidos do Mummy Segunda Edição (Es-
tas serão as únicas traduções literais do projeto, e é bom lembrarmos que este livro esta “Out of Print” sendo pratica-
mente impossível comprar ele em lojas).

PRÓXIMOS CAPÍTULOS
Ÿ Criação de Personagens: A s regras, habilidades, antecedentes, Virtudes e tudo mais para você construir a
sua Múmia.
Ÿ Hekau: A magia das Múmias, os poderes revistos, divisão entre feitiços e rituais e novos rituais e feitiços
baseados em crenças egípcias reais.
Ÿ A Alma e o Mundo dos Mortos: Baseado no verdadeiro livro dos mortos egípcios. Estamos adaptando a
divisão da alma ao cenário do Mundo das Trevas. Detalharemos o Reino dos Mortos Egípcios e apresentaremos as
regras completas para usar o BA e o KA.
Ÿ Guia dos Narradores: Informações e dicas para se mestra uma crônica de Múmia.
Ÿ Filhos da Areia: A lista completas das Múmias que apareceram ou foram citadas nos livros do Mundos das
Trevas. E outras criaturas que podem interagir com elas de diversos jogos (incluindo personagens famosos do WOD)
Ÿ O Livro de Apophís: As Múmias Malditas e outras criaturas que servem Aphofís.
Ÿ Dark Ages: Mummy: Uma adaptação para se jogar com Múmias na Idade das Trevas.
Ÿ Victorian Ages: Mummy: Uma adaptação para se jogar com Múmias na Era doVapor.

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