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O que sou, o que fui e o que quero ser

Queria ser uma garota apática,

Misteriosa, quieta e enigmática,

Muito forte, selvagem e resistente,

Uma fera nadando contra a corrente,

Uma loba guiando a alcateia,

Um ser digno de prosopopeia...

Queria apenas ser tudo que o que não sou,

Queria ser outra pessoa que não fosse eu,

Queria ser aquilo que, o mundo, impressionou,

Queria ser aquilo que o meu sonho prometeu...

Mas sou o que sou, o que fui e o que serei,

Sou o resultado de processos que eu mesma gerei,

Porém dentro daquilo que é e foi factível,

Tendo acesso somente ao que é cognoscível,

Pois nem sempre nosso sonho é possível...

Mas será um dia possível que eu me torne o que quero ser?

Para me transformar no “eu” desejado o que posso fazer?

E sobre os motivos que me fazem querer ser assim,

Seriam eles dignos de consideração e do meu sim?

Vou seguindo o meu caminho e busco respostas,

Entretanto me perco entre múltiplas apostas,

Minha mente é simbiose do sim e do não,

Ela é una e múltipla e me leva à confusão,

Então se quero meu “ser” ideal buscar,

E pelos mares da satisfação navegar,


Faz-se primeiramente crucial e indispensável,

Certificar-me, ontológica e eticamente,

De que esse ser almejado seja confiável,

E de que sua força vibre ardentemente,

Para ser tudo o que eu sempre tive em mente...

Não obstante a distância entre o que sou e o quero ser,

Posso decerto e indubitavelmente conjecturar,

Que luto como posso e vivo o que há para viver,

Que busco tudo aquilo que meu eu pode almejar,

E esse é o cerne da existência que o cosmos nos dá.

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