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Programa de Prevenção de Riscos Ambientais - PPRA

De acordo com a Norma Regulamentadora n° 9 (NR 09) o Programa de Prevenção de


Riscos Ambientais - PPRA é obrigatório para todas as instituições que admitam
trabalhadores como empregados.

As ações do PPRA devem ser desenvolvidas no âmbito de cada empresa, sob a


responsabilidade do empregador, com a participação dos trabalhadores, sendo sua
abrangência e profundidade dependentes das características dos riscos e das
necessidades de controle.

O PPRA, através do reconhecimento, avaliação e controle dos riscos ambientais, tem


como objetivo principal a preservação da saúde e integridade dos colaboradores,
fazendo parte de um conjunto de medidas que buscam a qualidade de vida das pessoas.

Classificação dos Riscos Ambientais

Os riscos estão presentes nos locais (ambientes) de trabalho e em todas as demais


atividades humanas, comprometendo a segurança e a saúde das pessoas e a
produtividade das empresas.

Esses riscos podem afetar o trabalhador a curto, médio e longo prazos, provocando
acidentes com lesões imediatas e/ou doenças chamadas profissionais ou do trabalho,
que se equiparam a acidentes do trabalho.

Os agentes que causam riscos à saúde dos trabalhadores, e que costumam estar
presentes nos ambientes de trabalho, são agrupados em cinco tipos:

• Agentes químicos;
• Agentes físicos;
• Agentes biológicos;
• Agentes ergonômicos;
• Agentes de acidentes (mecânicos).

Cada um desses agentes é responsável por diferentes riscos ambientais que podem
provocar danos à saúde ocupacional dos funcionários da empresa.

Consideram-se riscos ambientais:

GRUPO I – Agentes químicos

Os principais tipos de agentes químicos que atuam sobre o organismo humano,


causando riscos à saúde, são: gases, vapores e névoas; aerodispersóides (poeiras e
fumos metálicos), químicos em geral, neblina etc.
Riscos:

Os gases, vapores e névoas podem provocar efeitos irritantes, asfixiantes ou


anestésicos:

✓ efeitos irritantes: são causados, por exemplo, por ácido clorídrico, ácido
sulfúrico, amônia, soda cáustica, cloro, que provocam irritação das vias aéreas
superiores.
✓ efeitos asfixiantes: gases como hidrogênio, nitrogênio, hélio, metano, acetileno,
dióxido de carbono, monóxido de carbono e outros causam dor de cabeça,
náuseas, sonolência, convulsões, coma e até morte.
✓ efeitos anestésicos: a maioria dos solventes orgânicos assim como o butano,
propano, aldeídos, acetona, cloreto de carbono, benzeno, xileno, álcoois, tolueno,
tem ação depressiva sobre o sistema nervoso central, provocando danos aos
diversos órgãos. O benzeno especialmente é responsável por danos ao sistema
formador do sangue.
✓ Os aerodispersóides: que ficam em suspensão no ar em ambientes de trabalho,
podem ser poeiras: minerais, vegetais, alcalinas, incômodas ou fumos metálicos:
✓ poeiras minerais: provêm de diversos minerais, como sílica, asbesto, carvão
mineral, e provocam silicose quartzo, asbestose (asbesto), pneumoconioses (ex.:
carvão mineral, minerais em geral);
✓ poeiras vegetais: são produzidas pelo tratamento industrial, por exemplo, de
bagaço de cana de açúcar e de algodão, que causam bagaçose e bissinose,
respectivamente;
✓ poeiras alcalinas: provêm em especial do calcário, causando doenças
pulmonares obstrutivas crônicas, como enfisema pulmonar;
✓ poeiras incômodas: podem interagir com outros agentes agressivos presentes
no ambiente de trabalho, tornando os mais nocivos à saúde;
✓ fumos metálicos: provenientes do uso industrial de metais, como chumbo,
manganês, ferro etc., causam doença pulmonar obstrutiva crônica, febre de fumos
metálicos, intoxicações específicas, de acordo com o metal.

GRUPO II – Agentes físicos

Os principais tipos de agentes físicos que atuam sobre o organismo humano, causando
riscos à saúde, são: ruídos, vibrações, radiações ionizantes e não ionizantes, pressões
anormais, temperaturas extremas, iluminação deficiente, umidade etc.

Riscos:

✓ ruídos provocam cansaço, irritação, dores de cabeça, diminuição da audição


(surdez temporária, surdez definitiva e trauma acústico), aumento da pressão
arterial, problemas no aparelho digestivo, taquicardia, perigo de infarto;
✓ vibrações cansaço, irritação, dores nos membros, dores na coluna, doença do
movimento, artrite, problemas digestivos, lesões ósseas, lesões dos tecidos
moles, lesões circulatórias;
✓ calor ou frio extremos: taquicardia aumento da pulsação, cansaço, irritação,
fadiga térmica, prostração térmica, choque térmico, perturbação das funções
digestivas, hipertensão;
✓ radiações ionizantes: alterações celulares, câncer, fadiga, problemas visuais,
acidentes do trabalho;
✓ radiações não ionizantes: queimaduras, lesões na pele, nos olhos e em outros
órgãos. É muito importante saber que a presença de produtos ou agentes no local
de trabalho como, por exemplo, radiações infravermelho, presentes em operações
de fornos, de solda oxiacetilênica; ultravioleta, produzida pela solda elétrica; de
raios laser podem causar ou agravar problemas visuais (ex. catarata,
queimaduras, lesões na pele etc.), mas isto não quer dizer que, obrigatoriamente,
existe perigo para a saúde, isso depende da combinação de muitas condições
como a natureza do produto, a sua concentração, o tempo e a intensidade que a
pessoa fica exposta a eles, por exemplo;
✓ umidade: doenças do aparelho respiratório, da pele e circulatórias, e
traumatismos por quedas;
✓ pressões anormais: embolia traumática pelo ar, embriaguez das profundidades,
intoxicação por oxigênio e gás carbônico, doença descompressiva.

GRUPO III – Agentes biológicos

Microrganismos e animais são os agentes biológicos que podem afetar a saúde do


trabalhador. São considerados agentes biológicos os bacilos, bactérias, fungos,
protozoários, parasitas, vírus. Entram nesta classificação também os escorpiões bem
como as aranhas, insetos e ofídios peçonhentos.

Riscos:

✓ podem causar as seguintes doenças: tuberculose, intoxicação alimentar,


fungos (microrganismos causadores de infecções), brucelose, malária, febre
amarela.
✓ as formas de prevenção para esses grupos de agentes biológicos são:
vacinação, esterilização, higiene pessoal, uso de EPI; ventilação, controle médico
e controle de pragas.

GRUPO IV – Agentes ergonômicos


São os agentes caracterizados pela falta de adaptação das condições de trabalho às
características psicofisiológicas do trabalhador. Entre os agentes ergonômicos mais
comuns estão: trabalho físico pesado; posturas incorretas; posições incômodas;
repetitividade; monotonia; ritmo excessivo; trabalho em turnos e trabalho noturno;
jornada prolongada.
Riscos:

✓ trabalho físico pesado, posturas incorretas e posições incômodas provocam


cansaço, dores musculares e fraqueza, além de doenças como hipertensão
arterial, diabetes, úlceras, moléstias nervosas, alterações no sono, acidentes,
problemas de coluna etc.;
✓ repetibilidade, monotonia, ritmo excessivo, trabalho em turnos, jornada
prolongada, conflitos, excesso de responsabilidade provocam desconforto,
cansaço, ansiedade, doenças no aparelho digestivo (gastrite, úlcera), dores
musculares, fraqueza, alterações no sono e na vida social (com reflexos na saúde
e no comportamento), hipertensão arterial, taquicardia, cardiopatias (angina,
infarto), tenossinovite, diabetes, asma, doenças nervosas, tensão, medo,
ansiedade.

GRUPO V – Agentes de acidentes (mecânicos)

São arranjos físicos inadequados ou deficientes, máquinas e equipamentos, ferramentas


defeituosas, inadequadas ou inexistentes, eletricidade, sinalização, perigo de incêndio
ou explosão, transporte de materiais, EPI inadequado, edificações, armazenamento
inadequado, iluminação deficiente, fadiga, problemas visuais, acidentes do trabalho etc.

Riscos:

✓ arranjo físico inadequado ou deficiente: podem causar acidentes e provocar


desgaste físico excessivo nos trabalhadores;
✓ máquinas e equipamentos sem proteção: podem provocar acidentes graves;
✓ instalações elétricas deficientes: trazem riscos de curto-circuito, choque
elétrico, sobrecargas da rede elétrica, incêndio, queimaduras, acidentes fatais;
✓ matéria prima sem especificação e inadequada: acidentes, doenças
profissionais, queda da qualidade de produção;
✓ ferramentas defeituosas ou inadequadas: acidentes, com repercussão
principalmente nos membros superiores;
✓ falta de EPC ou EPI inadequados: acidentes, doenças profissionais;
✓ transporte de materiais, peças, equipamentos sem as devidas precauções:
acidentes;
✓ edificações com defeitos de construção (a exemplo de piso com desníveis,
escadas fora de ausência de saídas de emergência, mezaninos sem proteção,
passagens sem a altura necessária): quedas, acidentes;
✓ falta de sinalização e/ou sinalização deficiente:
(das saídas de emergência, da localização de escadas e caminhos de fuga,
alarmes de incêndios): ações desorganizadas nas emergências, acidentes;
(dos equipamentos que oferecem risco, das delimitações de áreas de risco, das
demais informações de segurança): comprometem a saúde ocupacional dos
funcionários, acidentes;
✓ armazenamento e manipulação inadequada de inflamáveis e gases:
incêndios, explosões;
✓ transporte e armazenamento inadequado de materiais: quedas, obstrução de
áreas de risco, acidentes;
✓ equipamento de proteção contra incêndios: quando deficiente ou insuficiente,
traz efetivos riscos de incêndios.

Elaboração do PPRA

A elaboração, implementação, acompanhamento e avaliação do PPRA poderão ser


feitas pelo Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do
Trabalho (SESMT) ou por pessoa ou equipe de pessoas, a critério do empregador, que
sejam capazes de desenvolver o programa.

É desejável que o PPRA contenha, no mínimo, a seguinte estrutura:


a) planejamento anual com estabelecimento de metas, prioridades e cronograma;
b) estratégia e metodologia de ação;
c) forma do registro, manutenção e divulgação dos dados;
d) periodicidade e forma de avaliação do desenvolvimento do PPRA.

Efetuar, sempre que necessário ou pelo menos uma vez ao ano, uma análise global do
PPRA para avaliação do seu desenvolvimento e realização dos ajustes necessários e
estabelecimento de novas metas e prioridades.

O PPRA deverá estar descrito num documento-base contendo todos seus aspectos
estruturais, em conformidade com a NR 09.

O documento-base e suas alterações e complementações deverão ser apresentados e


discutidos na CIPA, quando existente na empresa, de acordo com a NR- 5, sendo uma
cópia anexada ao livro de atas desta Comissão.

O documento-base e suas alterações deverão estar disponíveis de modo a proporcionar


o imediato acesso às autoridades competentes.

Etapas do PPRA
• reconhecimento dos riscos;
• estabelecimento de prioridades e metas de avaliação e controle;
• avaliação dos riscos e da exposição dos trabalhadores;
• implantação de medidas de controle e avaliação de sua eficácia;
• monitoramento da exposição aos riscos;
• registro e divulgação dos dados.

Fase de reconhecimento dos riscos


• a identificação do risco;
• a determinação e localização das possíveis fontes geradoras;
• a identificação das possíveis trajetórias e dos meios de propagação dos agentes no
ambiente de trabalho;
• a identificação das funções e determinação do número de trabalhadores expostos;
• a caracterização das atividades e do tipo da exposição;
• a obtenção de dados existentes na empresa, indicativos de possível
comprometimento da saúde decorrente do trabalho;
• os possíveis danos à saúde relacionados aos riscos identificados, disponíveis na
literatura técnica;
• a descrição das medidas de controle já existentes.

Medidas de controle
Adotar sempre que:
• identificar, na fase de reconhecimento, risco evidente à saúde;
• quando os resultados das avaliações quantitativas da exposição dos trabalhadores
excederem os LT (Limite de Tolerância) ou, na ausência destes valores, os limites de
exposição ocupacional adotados pela American Conference of Governmental
Industrial Higyenists (ACGIH), ou aqueles que venham a ser estabelecidos em
negociação coletiva de trabalho, desde que mais rigorosos do que os critérios técnico-
legais estabelecidos;
• quando, através do controle médico da saúde, ficar caracterizado o nexo causal entre
danos observados na saúde dos trabalhadores e a situação de trabalho a que eles
ficam expostos.

Medidas de controle coletivas


Hierarquia para adoção:
1) medidas que eliminam ou reduzam a utilização ou a formação de agentes prejudiciais
à saúde;
2) medidas que previnam a liberação ou disseminação desses agentes no ambiente de
trabalho;
3) medidas que reduzam os níveis ou a concentração desses agentes no ambiente de
trabalho.

Critério de adoção:
• a implantação de medidas de caráter coletivo deverá ser acompanhada de
treinamento dos trabalhadores quanto aos procedimentos que assegurem a sua
eficiência e de informação sobre as eventuais limitações de proteção que ofereçam;

Inviabilidade ou limitação técnica:


• quando comprovado a inviabilidade técnica da adoção de medidas de proteção
coletiva ou quando estas não forem suficientes ou encontrarem-se em fase de estudo,
planejamento ou implantação ou, ainda, em caráter complementar ou emergencial,
deverão ser adotadas outras medidas obedecendo-se à seguinte hierarquia:
a) medidas de caráter administrativo ou de organização do trabalho;
b) utilização de Equipamento de Proteção Individual (EPI).
Critério para a opção de utilização de EPI:
o selecionar EPI tecnicamente adequado ao risco a que o trabalhador está exposto
e à atividade exercida;
o considerar a eficiência necessária para o controle da exposição ao risco e o
conforto oferecido segundo avaliação do trabalhador usuário;
o treinar os trabalhadores quanto à sua correta utilização e orientação sobre as
limitações de proteção que o EPI oferece;
o estabelecer normas para promover o fornecimento, o uso, a guarda, a
higienização, a conservação, a manutenção e a reposição do EPI, visando a
garantir as condições de proteção originalmente estabelecidas;
o caracterizar as funções ou atividades dos trabalhadores, com a respectiva
identificação do EPI utilizado para os riscos ambientais.

Monitoramento da exposição
• para o monitoramento da exposição dos trabalhadores e das medidas de controle
deve ser realizada uma avaliação sistemática e repetitiva da exposição a um dado
risco, visando à introdução ou modificação das medidas de controle, sempre que
necessário.

Registro de dados
• deverá ser mantido pelo empregador ou instituição, um registro de dados estruturado
de forma a constituir um histórico técnico e administrativo do desenvolvimento do
PPRA;
• os dados deverão ser mantidos por um período mínimo de 20 (vinte) anos;
• o registro de dados deverá estar sempre disponível aos trabalhadores interessados
ou aos seus representantes e às autoridades competentes.

Responsabilidades
• Do empregador:
I. estabelecer, implementar e assegurar o cumprimento do PPRA como atividade
permanente da empresa ou instituição.
• Dos trabalhadores:
I. colaborar e participar na implantação e execução do PPRA;
II. seguir as orientações recebidas nos treinamentos oferecidos dentro do PPRA;
III. informar ao seu superior hierárquico direto situações que, a seu julgamento,
possam implicar risco à saúde dos trabalhadores.

Informação
• os empregadores deverão informar os trabalhadores de maneira apropriada e
suficiente sobre os riscos ambientais que possam originar-se nos locais de trabalho e
sobre os meios disponíveis para prevenir ou limitar tais riscos e para proteger-se dos
mesmos;
• os trabalhadores interessados terão o direito de apresentar propostas e receber
informações e orientações a fim de assegurar a proteção aos riscos ambientais
identificados na execução do PPRA.
Disposições finais
• quando vários empregadores realizem, simultaneamente, atividades no mesmo local
de trabalho terão o dever de executar ações integradas visando à aplicação das
medidas previstas no PPRA;
• o conhecimento e a percepção que os trabalhadores têm do processo de trabalho e
dos riscos ambientais presentes, inclusive os incluídos no Mapa de Riscos, deverão
ser considerados para fins de planejamento e execução do PPRA em todas as suas
fases;
• o empregador deverá garantir a seus trabalhadores o direito de interromper suas
atividades, em situações de risco grave e iminente à sua integridade física nos locais
de trabalho, cabendo-lhes, neste caso, comunicarem o fato ao superior hierárquico
para as devidas providências.

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