Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Resumo: Entre as modelagens matemáticas utilizadas para estimativa da perda de solo, a Equação
Universal de Perda de Solos (EUPS) é amplamente utilizada para determinar, em níveis médios
anuais, o volume de solo perdido por erosão hídrica. Objetivou-se com o presente estudo estimar
a perda de solo por erosão hídrica da microbacia hidrográfica do córrego da Brisa, localizada no
município de Alegre ES. Os resultados encontrados demonstraram que a perda média de solo
variou de 0 a 3,92 t ha-1 ano-1, o que significa que a área de estudo apresenta uma produção
agrícola que contempla práticas conservacionistas do solo. Por fim, concluiu-se que a utilização
da EUPS em uma pequena bacia hidrográfica mostrou-se de aplicação simples, rápida e de baixo
custo quando considerado que a maior parte dos dados necessários está disponível em bancos de
dados públicos, além de apresentar-se de forma viável para avaliação da erosão, podendo dessa
forma, auxiliar políticas públicas para o uso sustentável dos recursos naturais.
Abstract: Among the mathematical modeling used to estimate soil loss, the Universal Soil Loss
Equation (USLE) is widely used to determine, at average annual levels, the volume of soil lost by
water erosion. The objective of the present study was to estimate the soil loss due to water erosion
of the Brisa stream watershed, located in the city of Alegre - ES. The results showed that the
average soil loss ranged from 0 to 3.92 t ha-1 year-1, this means that the study area has an
agricultural production that includes soil conservation practices. Finally, it was concluded that the
use of USLE in a small river basin proved to be simple, quick and inexpensive to apply when it
considers that most of the necessary data is available in public databases, besides being presented
feasible for erosion assessment, thus helping public policies for the sustainable use of natural
resources.
1. INTRODUÇÃO
O desenvolvimento rural sustentável implica no planejamento adequado do processo de
produção agrícola e florestal, identificando e protegendo adequadamente as áreas de proteção para
que se preserve os recursos hídricos e a biodiversidade, de forma a possibilitar o uso racional das
áreas produtivas da paisagem. Os setores florestal e agrícola evoluíram bastante neste sentido,
com a adoção de práticas sustentáveis de manejo.
Devido à forte dependência humana, econômica, ambiental e social, o solo é considerado
um dos recursos naturais mais importantes (ABDO; SALLOUM, 2017). Historicamente, a erosão
do solo tem sido tratada como uma das ameaças ambientais mais comuns e relevantes (XU; XU;
MENG, 2012). Vários fatores estão relacionados com a perda de solo por erosão hídrica, dentre
esses podem-se destacar a cobertura vegetal, a declividade da área, práticas de manejo do solo e
a pluviosidade.
Monitorar a perda de solo dentro de uma bacia hidrográfica é uma atividade muito
dispendiosa e impraticável, no entanto, com a popularização das geotecnologias nas últimas
décadas, o planejamento do meio natural ganhou um forte aliado, os chamados Sistemas de
Informações Geográficas (SIG). Essa é uma tecnologia capaz de automatizar tarefas antes
desempenhadas manualmente, facilitando análises complexas e consequentemente as tomadas de
decisão (PRADO; NÓBREGA, 2005; TOMAZONI; GUIMARÃES, 2005).
Entre as modelagens matemáticas utilizadas, a Equação Universal de Perda de Solos
(EUPS) é amplamente adotada para determinar, em níveis médios anuais, o volume de solo
perdido por erosão hídrica. É um modelo empírico que estima a perda de solo com base em valores
de quatro grandes fatores atuantes no processo erosivo: I) erosividade da chuva, II) erodibilidade
dos solos, III) topografia, e IV) preparo, manejo do solo e práticas conservacionistas (VIEIRA,
2008). Esses modelos de simulação, quando aplicados às situações de campo auxiliam na
determinação de práticas conservacionistas indicando o manejo mais adequado para cada cenário.
Objetivou-se com este estudo estimar a perda de solo por erosão hídrica na microbacia
hidrográfica do córrego da Brisa, localizada no município de Alegre, Espírito Santo, pois trata-se
de uma microbacia hidrográfica com características representativas das demais microbacias da
região.
2. MATERIAL E MÉTODOS
A área de estudo corresponde à sub-bacia hidrográfica do córrego da Brisa, afluente do rio
A=R×K×LS×C×P (1)
Em que: A: Perda média anual de solo (t ha-1 ano-1); R: Fator de erosividade da chuva (MJ
mm ha-1 h-1 ano-1); K: Fator erodibilidade do solo (t h-1 MJ.mm-1); LS: Fator topográfico
(adimensional); C: Fator preparo e cobertura do solo (adimensional); P: Fator práticas
conservacionistas (adimensional).
(2)
(3)
Por fim, foi realizada a integração das imagens matriciais geradas para cada fator da EUPS
substituindo-as na Equação 1, obtendo-se dessa maneira a estimativa de perda de solo para a
microbacia hidrográfica do córrego da Brisa.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
O fator LS da EUPS, apresentou valores variando de 0 a 16,6968 (adimensional), conforme
a Figura 1, sendo que os valores mais baixos correspondem as áreas mais planas, enquanto valores
mais altos correspondem as encostas mais íngremes da área de estudo. Os fatores R, K, C e P
foram obtidos na literatura especializada, conforme mencionados na metodologia.
A perda de solo por erosão hídrica foi composta pela combinação dos fatores da EUPS
(Equação 1), quantificados em um ambiente SIG, resultando na distribuição da perda de solo
anual na área de estudo (Figura 2). Os valores de perda de solo na área variaram de 0 a 3,92 t ha -
1
ano-1.
Observou-se que o fator da EUPS que mais contribuiu para a perda de solo foi o fator LS,
relacionado com a topografia do terreno, sendo que as encostas mais íngremes fornecem mais
energia para produzir maiores velocidades de escoamento superficial acentuando o poder erosivo
da água.
De acordo com Bertoni e Lombardi Neto (2012), valores maiores do que 15 t ha -1 ano-1
podem não apresentar tolerância à perda máxima de solo com um grau de conservação tal que
mantenha uma produção econômica sustentável, portanto a microbacia hidrográfica do córrego
da Brisa apresenta sistemas de produção que contemplam práticas conservacionistas do solo,
garantindo assim, uma produção agrícola e florestal sustentável.
Figura 1. Fator topográfico (LS) espacializado para a microbacia hidrográfica do córrego da Brisa
4. CONCLUSÃO
A utilização da EUPS em uma pequena bacia hidrográfica mostrou-se de aplicação simples,
rápida e de baixo custo quando considerado que a maior parte dos dados necessários está
disponível em bancos de dados públicos.
Ressalta-se, que os resultados obtidos pela sua utilização devem ser analisados com caráter
qualitativo, considerando que muitos de seus parâmetros são estimados de forma alternativa.
Por fim, a utilização da EUPS combinada com um SIG, apresenta-se de forma viável para
avaliação da erosão, podendo dessa forma, auxiliar políticas públicas para o uso sustentável dos
recursos naturais.
REFERÊNCIAS
ABDO, H.; SALLOUM, J. Spatial assessment of soil erosion in Alqerdaha basin (Syria).
Modeling Earth Systems and Environment, v. 3, p. 26-33, 2017.
ALVARES, C. A.; STAPE, J. L.; SENTELHAS, P. C.; GONÇALVES, J. L. DE M.;
SPAROVEK, G. Köpp Meteorologische Zeitschrift,
v. 22, n. 6, p. 711 728, 2013.
BERTONI, J.; LOMBARDI NETO, F. Conservação do solo. 8. Ed. São Paulo: Ícone. 2012.
CHAGAS, C. S. Zoneamento agroecológico do município de Dois Irmãos do Buriti MS.
Rio de Janeiro: Embrapa Solos, 2011. 61 p.
CUNHA, A. M.; FEITOZA, H. N.; FEITOZA, L. R.; OLIVEIRA, F.S.; LANI, J. L.;
CARDOSO, J. K. F.; TRINDADE, F. S. Atualização da legenda do mapa de reconhecimento de
solos do estado do Espírito Santo e implementação de interface no GEOBASES para uso dos
dados em SIG. Geografares, v.2, n.22, p. 32-65, 2016.
INSTITUTO NACIONAL DE METEOROLOGIA. Climatologia. Disponível em:
<http://www.inmet.gov.br/portal/index.php?r=clima/normaisClimatologicas>. Acesso em 09
out. 2018.
MOREIRA, M. C.; CECILIO, R. A.; PEZZOPANE, J. E. M.; PRUSKI, F. F.; FUKUNAGA, D.
C. Programa computacional para estimativa da erosividade da chuva no Espírito Santo. Revista
de Engenharia na Agricultura, v. 20, n. 4, p. 350-356, 2012.
MORO, I. P. Aplicação de modelo para determinação da largura de faixas de vegetação no
ES.
2018. 40p. Monografia (Graduação em Engenharia Florestal) Universidade Federal do
Espírito Santo, Jerônimo Monteiro, 2018.
NUNES, A. R.
solo na bacia hidrográfica do rio Alegre. 2013. 80p. Dissertação (Mestrado em Ciências
Florestais) Universidade Federal do Espírito Santo, Jerônimo Monteiro, 2013.
PRADO, J. P. B.; NÓBREGA, M. T. Determinação de perdas de solo na bacia hidrográfica do
córrego Ipiranga em Cidade Gaúcha, Estado do Paraná, com aplicação da Equação Universal de
Perdas de Solo (EUPS). Acta Scientiarum Technology, v. 27, p. 33-42, 2005.
TOMAZONI, J. C.; GUIMARÃES, E. A sistematização dos fatores da EUPS em SIG para
quantificação da erosão laminar na bacia do rio Jirau. Revista Brasileira de Cartografia. v. 57,
p. 235-244, 2005.
VIEIRA, V. F. Estimativa de perdas de solo por erosão hídrica em uma sub-bacia hidrográfica.
Revista de Geografia da Universidade estadual de Londrina, v. 17, n. 1, p.73-80, 2008.
XU, L.; XU, X.; MENG, X. Risk assessment of soil erosion in different rainfall scenarios by
RUSLE model coupled with Information Diffusion Model: a case study of Bohai Rim, China.
Catena, v. 100, p. 74-82, 2012.