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Ignatief 13.

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13.03S AQUECIMENTO GLOBAL PODE PROVOCAR GUERRA POR


RECURSOS

O aquecimento global fará com que os recursos energéticos do Ártico sejam mais
acessíveis, circunstância essa capaz de provocar um enfrentamento perigoso entre
o Ocidente e a Rússia, os quais desejam obter controle sobre as riquezas do Norte.
Esta é uma tese do informe preparado pelo alto representante da União Européia
para a Política Externa e a Segurança, Javier Solana, e a comissária para as
Relações Exteriores dessa comunidade, Benita Ferrero-Waldner, para a cimeira da
União Européia em Bruxelas.
Nos termos desse documento, o desenrolar dos acontecimentos no Ártico trará
uns efeitos potenciais para a estabilidade internacional e os interesses europeus na
área da segurança. O rápido derretimento dos gelos polares abrirá novas rotas
aquáticas e novos itinerários comerciais internacionais. E o acesso mais fácil aos
gigantescos recursos de hidrocarbonetos dessa região fará aumentar sua
importância geostratégica. Nessas condições, umas colisões de interesses e
jurisdições nas latitudes árticas são praticamente inevitáveis. Segundo o jornal
inglês “The Guardian”, as perspetivas econômicas inauguradas pelo
desaparecimento dos gelos são tão colossais como as sequelas ambientais do
aquecimento. O analista russo Vladimir Gratchiov indica que a própria vida
confirma toda a seriedade do problema das mudanças climáticas.
Para o Norte da Europa e da Ásia, o aquecimento global é um fenômeno
particularmente importante. A única área em que este já se manifesta de forma
prática, sob forma de regressão da camada de “permafrost”, derretimento das
calotas polares e redução do volume de gelo contido nos glaciares, é o Ártico.
Alguns analistas supõem que a luta potencial pelos recursos minerais do Ártico,
onde, além de petróleo e gás, foram prospetados ouro, diamantes, platina,
manganês, níquel e estanho, poderia acarretar uma nova “Guerra Fria”, a qual, por
sinal, seria diferente da confrontação ocorrida no século XX. Porque o esquema
de enfrentamento seria outro, devendo se rivalizar então vários países, ou seja, a
Rússia, os Estados Unidos, a Noruega, a Dinamarca e até a China.
Aliãs, o informe da União Européia não se limita à região do Ártico. Seus autores
advertem sobre um possível agravamento das tensões entre os países do rico
Norte, os principais responsáveis pelo aquecimento global, e os países do pobre
Sul, sobre os quais recairia o peso principal dos efeitos prejudiciais desse
processo. As mudanças climáticas poderiam acarretar uma redução das áreas de
lavoura e da quantidade e qualidade de água potável disponível, assim como uma
deterioração dasa condições de vida sanitárias e aumento da ocorrência de
Ignatief 13.03

enchentes em umas regiões e da duração de secas em outras. Tudo isso junto


comportaria um aprofundamento da pobreza, radicalização das relações sociais,
novas correntes migratórias e aumento do número de “pseudo-Estados”. Por
outras palavras, uma instabilidade global com todos os riscos inerentes, inclusive
os militares. A humanidade só pode contrapor a esses riscos potenciais uns
esforços conjugados tanto na batalha contra o aquecimento como no campo de
solidariedade e responsabilidade política e econômica.

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