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EVAPORAÇÃO E EVAPOTRANSPIRAÇÃO
1. INTRODUÇÃO
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A água exerce ainda atividades físicas, como a ação mecânica no alongamento celular, e químicas,
como reagente em inúmeras reações metabólicas dentre as quais a própria fotossíntese.
Fecham seus estômatos à medida que o teor de água no tecido da folha diminui.
Esse fechamento dos estômatos inibe a entrada de CO2 no interior das folhas restringindo o
processo de fotossíntese e, consequentemente, o crescimento celular.
Portanto, uma redução na transpiração significa, também, uma redução na produção. Existe
uma estreita relação das trocas de CO2 e de O2 com o fluxo de vapor d’água liberado para a
atmosfera.
Donde pode-se inferir que plantas com altas taxas de consumo de água, devido
principalmente ao componente transpiração da ET, apresentam também altas taxas de
absorção de CO2 durante a fotossíntese.
O tipo de solo, o teor de água disponível e as práticas culturais são também responsáveis
pelo comportamento da taxa de ET em razão, principalmente, da interação com as condições
microclimáticas das plantas cutivadas.
2. TERMINOLOGIA
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Esquema da relação
entre E, T e ET ao
longo do ciclo de uma
cultura padrão.
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Taxas de evaporação à partir do solo úmido, sem fornecimento adicional de água, com cobertura
morta (a quantidade de cobertura morta aumenta de 1 a 4).
As encostas voltadas para o Norte (no Hemisfério Sul) recebem, em média, mais radiação solar
global (direta + difusa) do que uma encosta de exposição Sul.
O saldo de radiação absorvida pelo solo é utilizado de três formas distintas: a) elevar a temperatura
da massa do solo; b) evaporar a água do solo; e c) aquecer o ar circundante da atmosfera. O calor
sensível do solo pode ser utilizado, parcialmente, na evaporação da água do solo.
Dessa forma, a densidade global do solo, a composição mineral e a umidade do solo são fatores a
considerar, pois eles controlam as difusividades hidráulica e térmica do solo e, conseqüentemente, a
ET.
Conforme discutido anteriormente, a evaporação é, de alguma forma, determinada pela umidade
disponível no perfil do solo. A irrigação que reabastece a água perdida afeta a taxa de
evapotranspiração.
Quando o intervalo entre irrigações é longo, a superfície do solo torna-se seca criando, então, uma
barreira que restringe a evaporação (Figura anterior).
A alta freqüência de irrigação mantém um alto teor de água aumentando, a ET.
Na maioria dos projetos de irrigação, a captação e a elevação do nível da água são fatores
relevantes, visto que o alto custo da energia encarece o manejo da irrigação; com isso, torna-se
necessário a utilização, economicamente otimizada, da água.
Quanto melhor for o conhecimento do valor da ET, melhor será o manejo da irrigação e a
quantificação da água a ser aplicada.
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Boletim FAO-24 (1977): evapotranspiração de uma área com vegetação rasteira, como a grama, em
crescimento ativo e mantido com cortes periódicos de forma que a altura esteja entre 0,08 a 0,15 m na
qual as medições meteorológicas são realizadas para obtenção de um conjunto consistente de dados de
coeficientes de cultura, a serem utilizados na determinação da evapotranspiração de outras culturas
agrícolas.
A alfafa também pode ser considerada como cultura de referência, quando atinge a cobertura
completa, pois esta planta representa melhor as principais culturas agrícolas do que a grama aparada
periodicamente.
ETc = Kc . ETo
Essa ET de referência assemelha-se, à ET de uma superfície extensa, coberta com grama de altura
uniforme, em crescimento ativo e cobrindo, completamente, a superfície do solo e sem restrição de
água.
Esta definição de ETo, com base na equação de Penman-Monteith parametrizada pela FAO, mostra
a relação entre os elementos climáticos e o fluxo de ET no sistema clima-planta, dentre outros
aspectos.
Mostra, ainda, a necessidade de conhecimento de vários elementos climáticos e de vários
parâmetros caracterizadores da superfície evaporante que permitam estimar as resistências
aerodinâmicas da superfície ao fluxo de vapor d’água.
O termo evapotranspiração de referência padroniza o conceito de evapotranspiração que torna-se
resultante apenas da influência do clima local sobre a cultura hipotética de referência
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5.1.2. ESTIMATIVAS
I - ATMÔMETROS
(a)
ATMÔMETRO DE PICHE
(b)
(a)
ATMÔMETRO DE BELLANI
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• A grande vantagem dos atmômetros: o pequeno tamanho, baixo custo para aquisição, e
pequena necessidade quantidade de água.
• Um dos maiores problemas na operação dos atmômetros é manter as superfícies
evaporantes limpas. As sujeiras nas superfícies afetam significativamente a taxa de
evaporação. Os atmômetros são instrumentos frágeis que quebram facilmente, por isso,
são geralmente instalados dentro de abrigos meteorológicos, e portanto é questionável
até que ponto tais medições são confiáveis, uma vez que a radiação solar é o principal
fator no processo de evaporação.
II - EVAPORÍMETROS
a) Tanque de 20m2
b) Tanque Classe A
c) Tanque GGI-3000
d) Tanque BPI
e) Evaporímetro de Balança tipo Wild
TANQUE DE 20 m2
Devido a grande superfície evaporante desse tipo de tanque, pode-se admitir que a
evaporação que nele se processa, se aproxima da evaporação de grandes superfícies livres de água
(lagos).
Assim, o tanque de 20 m2 pode ser considerado como padrão, para corrigir os dados de
evaporação medidos por outros tanques menores.
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TANQUE CLASSE A
É o mais utilizado.
Consiste em um tanque de aço galvanizado. O tanque deve ser instalado sobre um estrado
de madeira, pintado de branco, à 10 cm de altura.
TANQUE GGI-3000
TANQUE BPI
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Os tanques pequenos, enterrados, nem sempre apresentam bons resultados por existirem:
(a) rápidas trocas energéticas entre o solo e pequena massa de água, (b) efeitos da modificação da
dinâmica do vento próximo à superfície da água, em função da borda elevada e (c) respingos de
chuva podem influenciar as leituras.
IV - LISÍMETROS
São tanques com solo, cravados no terreno para medir a evapotranspiração e a percolação
da água através do solo.
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As condições físicas do solo dentro do tanque devem ser comparáveis às que o circundam;
devendo-se evitar formação de lençol d'água dentro do lisímetro.
O lisímetro deve ser circundado por uma área mínima dotada de condições
semelhantes, denominada bordadura, que poderá ser 4 ha, segundo Thornthwaite (1954).
C. LISÍMETROS DE FLUTUAÇÃO
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5.1.2. ESTIMATIVAS
c) o método do balanço de energia, que se baseia no fato de que uma enorme quantidade
de energia é requerida para mudar a água da fase liquida para vapor, sem alterção da
sua temperatura. Esse balanço relaciona a transferência de energia para a superfície
evaporante que é convertida em fluxo de calor latente;
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A velocidade média do vento no período diurno pode ser estimado à partir da velocidade
média do vento do período de 24 horas (um dia), pela seguinte fórmula:
U2 / Uz ≅ (2 / z)1/7
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O método de Blaney-Criddle deve ser aplicado apenas quando os dados de temperatura são
os únicos dados disponíveis.
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δ
ETo = a + b [ Rs ]
δ +γ
δ
sendo = W (Quadro 1)
δ +γ
em que ETo é a ET de referência (grama), mm.d-1; Rs é a radiação solar à superfície (neste curso
denominamos Rg, Irradiância solar global), expressa em mm.d-1 (basta estimar ou medir Rg e dividi-la
pelo valor do calor latente de evaporação – como o calor latente de evaporação é uma função fraca
da temperatura, pode-se, genericamente utilizar-se o valor 2,47 MJ/kg de água evaporada; a = -0,3
mm.d-1; e b é um fator de ajuste que varia com a umidade relativa e a velocidade do vento do período
diurno.
A radiação solar medida deve ser utilizada, quando disponível ou, em caso contrário, dados
de Rs estimados por um método calibrado localmente. Quando nenhum desses conjuntos de dados,
ou mapas de radiação solar, são disponíveis:
b = 1,066 - 0,13 . 10-2 . URmédia + 0,045 . Ud - 0,20 . 10-3 . URmédia. Ud - - 0,315 . 10-4 . URmédia2 - 0,11 . 10-2 . Ud2
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A equação de Penman, modificada pela FAO, pode ser expressa da seguinte forma:
em que
ETo evapotranspiração de referência [mm dia-1]
Rn saldo de radiação à superfície [MJ m-2 dia-1]
G fluxo de calor no solo [MJ m-2 dia-1]
t temperatura [°C]
U2 velocidade do vento a 2 m de altura, período de 24 horas, [m s-1]
(ea - e) déficit de pressão de vapor [kPa]
δ declividade da curva de pressão de vapor de saturação [kPa °C-1]
λ calor latente de evaporação [MJ kg-1]
γ* constante psicrométrica modificada [kPa °C-1]
900 [kJ-1 kg K]
[7,5.t/(237,3+t)]
es(t) = 6,1078 . { 10 } / 10 [kPa] γ = 0,0016286 . Patm / λ [kPa °C-1]
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ETc
Kc =
ETo
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Coeficientes culturais médios (Kc) para climas sub-úmidos1 e alturas médias máximas das plantas
cultivadas, para ser utilizado com a ETo da fórmula de Penman - Monteith da FAO.
Alt. máx.
Cultura Kc ini2 Kc int14 Kc fim14 das
plantas
h (m)
a. Hortícolas de pequeno porte 0,70 1,05 0,95 0,4
b. Hortícolas tuberosas 0,50 1,10 0,95 0,5
c. Leguminosas 0,40 1,15 0,55 0,5
d. Solanáceas 0,40 1,15 0,80 0,8
e. Cucurbitáceas 0,40 1,00 0,80 0,4
i. Oleaginosas 0,35 1,15 0,30 1,5
j. Cereais 0,30 1,15 0,4 1,5
Cevada 1,15 0,25 1,0
Aveia 1,15 0,25 1,0
Trigo 1,15 0,25 1,0
Trigo de Inverno 1,15 0,25 1,0
Milho (grão) 1,15 0,6-0,357 2.2
Milho doce 1,15 1,058 1,5
Painço 1,10 0,30 1,5
Sorgo (grão) 1,00 0,55 1,0
Sorgo doce 1,20 1,05 2-4
Arroz9 1,10 1,20 0,90 1,0
k. Forragens
Luzerna (feno)10 0,40 1,20 1,15 0,7
Trevo 0,40 1,20 1,10 0,6
Pastagem 0,40 0,85 0,85 0,15
Pastagem (pobre) 0,30 0,75 0,75 0,10
Forragem para corte (clima temperado)11 0,90 0,95 0,95 0,07
Forragem para corte (climas quentes)12 0,80 0,85 0,85 0,07
Erva do Sudão 0,60 1,15 1,10 0,1-0,6
l. Cana-de-açúcar 0,40 1,25 0,75 3-4
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EXERCÍCIOS RESOLVIDOS
1. De um lisímetro de percolação com 1,5 m2 de área coletou-se os seguintes dados mensais
(30 dias): Precipitação=29,4 mm, Irrigação=180 litros e percolação=21,6 litros. Calcule a ET
média diária (mm/dia).
2. Determinar a ETP pelos métodos de (a) Penman-1948, (b) Blaney-Criddle, (c) Heargreaves-
Samani, (d) Radiação-FAO e (e) Penman-Monteith-FAO 1991, para o mês de Fevereiro em
Linhares – ES (Lat. 19º24´S e 30 metros de altitude), com base nos seguintes dados:
Temp. média das máximas do mês: 31,8ºC (Média de 30 anos – Normais climatológicas)
Temp. média das mínimas do mês: 22,4ºC (Média de 30 anos – Normais climatológicas)
Temperatura média do ar: 26,2oC (média do mês de fevereiro de 1995)
Umidade relativa média: 80,4% (média do mês de fevereiro de 1995)
Vento a 10 m de altura (período de 24 horas): 2,38 m/s (média do mês de fevereiro de 1995)
Número de horas de brilho solar (média diária de fev/1955): 7,6 h
Albedo da grama (cultura de referência): 23%
Considere o fluxo de calor no solo (G) = 0. (Toda a energia que o solo absorve durante 24 horas,
também o perde nesse mesmo período.)
3. Determinar pelo método do tanque Classe A qual a ETP média (em mm/dia) sabendo os
seguintes dados: ECA = 5,6 mm/dia, UR%(média) = 80,4%, Velocidade do vento medido a
10 m de altura = 2,38 m/s, tanque instalado com 10 m de gramado em volta. (Mês de
Fevereiro para Linhares-ES)
ETo = ECA . Kp
Para um Tanque Classe A circundado por grama, UR média, alta, Velocidade do vento a 2 m de altura
= 1,99 m/s (2,5 m/s a 10 metros de altura) e 10 metros de bordadura: Kp = 0,85.
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4. Utilizando os valores de ETP e ETo, estimados pelos vários métodos determinar, a ETC de
uma cultura de milho que esteja na fase III (Kc=1,15).
Obs: Para o método de Penman-1948, bem como no método de Penman-FAO-1991, utilizou-se, para
o cálculo do Balanço de Ondas Longas (BOL) a expressão:
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4.a)
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4.b)
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4.c)
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4.d)
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4.e)
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