Você está na página 1de 26

UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA / Departamento de Engenharia Agrícola 1

______________________________________________________________________________________

EVAPORAÇÃO E EVAPOTRANSPIRAÇÃO

1. INTRODUÇÃO

As plantas dependem da interação entre seu genoma e as condições ambientais, especialmente


água, clima e solo.
As plantas requerem grandes quantidades de água, principalmente quando as condições climáticas
são favoráveis a seu crescimento e desenvolvimento.
Diariamente, uma folha de uma planta, em crescimento ativo, pode consumir de cinco a dez vezes a
quantidade de água que ela pode reter.
A cultura do trigo, por exemplo, em condições médias de produtividade, consome em torno de 1000
kg de água para produzir apenas 1 kg de trigo.
Portanto, somente uma pequena fração dessa água é retida pelo vegetal, sendo que sua quase
totalidade perde-se para a atmosfera, durante o fenômeno da evapotranspiração (ET).
Na maioria das plantas cultivadas, 80% ou mais de seu peso verde corresponde ao peso de água
envolvida, ou impregnada na célula vegetal.
O processo de perda de água das plantas para a atmosfera circundante é conhecido como
transpiração (T).
A transpiração é um processo consumidor de energia, que modera a temperatura da folha sujeita a
radiação solar e de outras fontes de energia, devido a utilização de energia térmica no processo de
mudança de fase da água, o que previne danos fisiológicos gerados pelas altas temperaturas.
Uma planta, em crescimento ativo, absorve a água armazenada no solo e a transporta, na fase
líquida, até as folhas. Se os estômatos estiverem abertos, o movimento d’água ocorre na fase de
vapor dependendo, principalmente, do estado físico da atmosfera local, isto é, do ar circundante ao
redor das folhas.
Se a superfície do solo estiver totalmente coberta por vegetação apenas uma pequena parte da
água alcança a atmosfera pela evaporação direta da água do solo (E), ou da água depositada
diretamente nas folhas pela chuva, pela irrigação por aspersão ou pelo orvalho.
No aspecto puramente físico, a planta funciona de forma semelhante a um sistema hidráulico, pois
utiliza as diferenças de energia da água entre o solo e a planta, lançando-a na atmosfera circundante.
Neste processo, o estado físico da atmosfera é dominante, isto é, fonte de energia para o processo
de movimentação d’água do solo até a atmosfera passando pelo interior da planta.
A energia, proveniente do ar aquecido, ou da radiação solar, sobre a superfície das plantas,
gera uma diferença na pressão de vapor entre o ar e as plantas.
Quando a pressão de vapor d´água no ar é maior do que a pressão de vapor d´água na planta, o
fluxo de água quase cessa, os nutrientes na solução do solo são pouco absorvidos pelo sistema
radicular, carbohidratos não são, então, translocados e armazenados nos diversos órgãos e,
consequentemente, a planta não desenvolve.
Esses transportes se dão por fluxo de massa.
A produção de uma cultura é diretamente proporcional à sua transpiração.

______________________________________________________________________________________
Evaporação e Evapotranspiração: Conceitos e Estimativas
UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA / Departamento de Engenharia Agrícola 2
______________________________________________________________________________________

A água exerce ainda atividades físicas, como a ação mecânica no alongamento celular, e químicas,
como reagente em inúmeras reações metabólicas dentre as quais a própria fotossíntese.

As plantas reduzem a taxa de ET automaticamente, quando a taxa de absorção da água do


solo, pelo sistema radicular, torna-se menor que a taxa de transpiração.

Fecham seus estômatos à medida que o teor de água no tecido da folha diminui.

Esse fechamento dos estômatos inibe a entrada de CO2 no interior das folhas restringindo o
processo de fotossíntese e, consequentemente, o crescimento celular.

Portanto, uma redução na transpiração significa, também, uma redução na produção. Existe
uma estreita relação das trocas de CO2 e de O2 com o fluxo de vapor d’água liberado para a
atmosfera.

Donde pode-se inferir que plantas com altas taxas de consumo de água, devido
principalmente ao componente transpiração da ET, apresentam também altas taxas de
absorção de CO2 durante a fotossíntese.

Assim, conclui-se que um elevado consumo de água significa, implicitamente, alta


produtividade fotossintética.

Fisicamente, a EVAPORAÇÃO (e a transpiração) é um processo difusivo, parte turbulento e parte


molecular. (a) molecular – na camada limite e (b) turbulento – além dessa camada.
Na transpiração a difusão de vapores através das folhas depende da espécie de planta, da
morfologia foliar e da intensidade do brilho solar.
A temperatura foliar depende do nível da radiação solar, da convecção de calor e da transpiração.
Evidentemente quanto mais aquecida for a folha - dentro de certos limites - maior será a taxa de
transpiração.
Algumas propriedades específicas da comunidade de plantas, que influenciam a evapotranspiração,
são: espécies de plantas, influência da reflexão da luz solar pelas plantas, influência da arquitetura
foliar na captura e reflexão da radiação, taxa de crescimento e cobertura do solo, densidade de
plantio, espaçamento entre fileiras, orientação, altura da espécie cultivada, profundidade e densidade
do sistema radicular, estádio de crescimento, dentre outros.
Basicamente, existem três razões para que a ET < E da água-livre: 1) o elevado valor do albedo da
vegetação; 2) o fechamento dos estômatos da planta e 3) a impedância difusiva dos estômatos.
É comum admitir que a ET corresponde, aproximadamente, 75% da evaporação da superfície de
água livre.

O tipo de solo, o teor de água disponível e as práticas culturais são também responsáveis
pelo comportamento da taxa de ET em razão, principalmente, da interação com as condições
microclimáticas das plantas cutivadas.

2. TERMINOLOGIA

E T ET ETP ETpc ETo Kc ECA Kp

______________________________________________________________________________________
Evaporação e Evapotranspiração: Conceitos e Estimativas
UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA / Departamento de Engenharia Agrícola 3
______________________________________________________________________________________

3. EVAPORAÇÃO DIRETA DA ÁGUA DO SOLO

Fases de evaporação de um solo sem Taxas de evaporação de um solo sem


cobertura vegetal e se reposição de água. P.ex. cobertura vegetal e sem qualquer reposição de
Quando o lençol freático é profundo. água, ao longo do tempo

4. EVAPORAÇÃO ASSOCIADA À TRANSPIRAÇÃO

Esquema da relação
entre E, T e ET ao
longo do ciclo de uma
cultura padrão.

Perfil de umidade no solo sob alta demanda evaporativa.

______________________________________________________________________________________
Evaporação e Evapotranspiração: Conceitos e Estimativas
UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA / Departamento de Engenharia Agrícola 4
______________________________________________________________________________________

A cor do solo, a exposição da encosta, a rugosidade da superfície e os resíduos agrícolas na


superfície promovem diferentes graus de absorção de energia radiante, interferindo nas taxas de
evapotranspiração.

Taxas de evaporação à partir do solo úmido, sem fornecimento adicional de água, com cobertura
morta (a quantidade de cobertura morta aumenta de 1 a 4).

As encostas voltadas para o Norte (no Hemisfério Sul) recebem, em média, mais radiação solar
global (direta + difusa) do que uma encosta de exposição Sul.
O saldo de radiação absorvida pelo solo é utilizado de três formas distintas: a) elevar a temperatura
da massa do solo; b) evaporar a água do solo; e c) aquecer o ar circundante da atmosfera. O calor
sensível do solo pode ser utilizado, parcialmente, na evaporação da água do solo.
Dessa forma, a densidade global do solo, a composição mineral e a umidade do solo são fatores a
considerar, pois eles controlam as difusividades hidráulica e térmica do solo e, conseqüentemente, a
ET.
Conforme discutido anteriormente, a evaporação é, de alguma forma, determinada pela umidade
disponível no perfil do solo. A irrigação que reabastece a água perdida afeta a taxa de
evapotranspiração.
Quando o intervalo entre irrigações é longo, a superfície do solo torna-se seca criando, então, uma
barreira que restringe a evaporação (Figura anterior).
A alta freqüência de irrigação mantém um alto teor de água aumentando, a ET.

O conhecimento das características de retenção d'água pelo solo e da intensidade do consumo de


água pela cultura, é fundamental aos projetos do sistema de captação, armazenamento de água e
planejamento da irrigação.

Dados confiáveis de ET são também necessários ao planejamento, construção e operação de


reservatórios de água.

Na maioria dos projetos de irrigação, a captação e a elevação do nível da água são fatores
relevantes, visto que o alto custo da energia encarece o manejo da irrigação; com isso, torna-se
necessário a utilização, economicamente otimizada, da água.

Quanto melhor for o conhecimento do valor da ET, melhor será o manejo da irrigação e a
quantificação da água a ser aplicada.

______________________________________________________________________________________
Evaporação e Evapotranspiração: Conceitos e Estimativas
UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA / Departamento de Engenharia Agrícola 5
______________________________________________________________________________________

5. EVAPOTRANSPIRAÇÃO DE REFERÊNCIA (ETo)


EVAPOTRANSPIRAÇÃO POTENCIAL (ETp):
Penman (1948): “a quantidade de água evapotranspirada, por unidade de área de superfície (de solo e
não a somatória da superfície foliar), na unidade de tempo, por uma vegetação rasteira, de altura
uniforme, em crescimento ativo, que cobre completamente a superfície sem restrição de água no solo”.

Boletim FAO-24 (1977): evapotranspiração de uma área com vegetação rasteira, como a grama, em
crescimento ativo e mantido com cortes periódicos de forma que a altura esteja entre 0,08 a 0,15 m na
qual as medições meteorológicas são realizadas para obtenção de um conjunto consistente de dados de
coeficientes de cultura, a serem utilizados na determinação da evapotranspiração de outras culturas
agrícolas.

A alfafa também pode ser considerada como cultura de referência, quando atinge a cobertura
completa, pois esta planta representa melhor as principais culturas agrícolas do que a grama aparada
periodicamente.

ETc = Kc . ETo

A FAO promoveu em 1990, em Roma, um encontro de pesquisadores da área de


evapotranspiração.
Neste encontro foram analisados os conceitos e procedimentos de metodologias de cálculos da
ETo, buscando o estabelecimento de um critério que atendesse à nova definição da cultura de
referência e do método que melhor atendesse a estimativa da ET para essa referência.

A nova ET de referência (ETo), é a taxa de evapotranspiração de uma CULTURA HIPOTÉTICA,


com uma altura de 0,12 m, resistência da superfície de 70 s.m-1 e albedo igual a 0,23.

Essa ET de referência assemelha-se, à ET de uma superfície extensa, coberta com grama de altura
uniforme, em crescimento ativo e cobrindo, completamente, a superfície do solo e sem restrição de
água.

Esta definição de ETo, com base na equação de Penman-Monteith parametrizada pela FAO, mostra
a relação entre os elementos climáticos e o fluxo de ET no sistema clima-planta, dentre outros
aspectos.
Mostra, ainda, a necessidade de conhecimento de vários elementos climáticos e de vários
parâmetros caracterizadores da superfície evaporante que permitam estimar as resistências
aerodinâmicas da superfície ao fluxo de vapor d’água.
O termo evapotranspiração de referência padroniza o conceito de evapotranspiração que torna-se
resultante apenas da influência do clima local sobre a cultura hipotética de referência

______________________________________________________________________________________
Evaporação e Evapotranspiração: Conceitos e Estimativas
UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA / Departamento de Engenharia Agrícola 6
______________________________________________________________________________________

5.1. MÉTODOS DE MEDIDA E ESTIMATIVA DA ETo

5.1.1. MÉTODOS DE MEDIDA

5.1.2. ESTIMATIVAS

5.1.1. MÉTODOS DE MEDIDA

I - ATMÔMETROS

(a)
ATMÔMETRO DE PICHE

(b)
(a)

ATMÔMETRO DE BELLANI

______________________________________________________________________________________
Evaporação e Evapotranspiração: Conceitos e Estimativas
UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA / Departamento de Engenharia Agrícola 7
______________________________________________________________________________________

ATMÔMETRO DE MITSCHERLICH ATMÔMETRO MODIFICADO

I.1 - Vantagens e Desvantagens dos Atmômetros

• A grande vantagem dos atmômetros: o pequeno tamanho, baixo custo para aquisição, e
pequena necessidade quantidade de água.
• Um dos maiores problemas na operação dos atmômetros é manter as superfícies
evaporantes limpas. As sujeiras nas superfícies afetam significativamente a taxa de
evaporação. Os atmômetros são instrumentos frágeis que quebram facilmente, por isso,
são geralmente instalados dentro de abrigos meteorológicos, e portanto é questionável
até que ponto tais medições são confiáveis, uma vez que a radiação solar é o principal
fator no processo de evaporação.

II - EVAPORÍMETROS

a) Tanque de 20m2
b) Tanque Classe A
c) Tanque GGI-3000
d) Tanque BPI
e) Evaporímetro de Balança tipo Wild

TANQUE DE 20 m2

O tanque de 20 m2 por 2,0 m de profundidade, construído com chapa de ferro galvanizado


de 4,5 cm de espessura de diâmetro (20 m2 de superfície evaporante).

Devido a grande superfície evaporante desse tipo de tanque, pode-se admitir que a
evaporação que nele se processa, se aproxima da evaporação de grandes superfícies livres de água
(lagos).

Assim, o tanque de 20 m2 pode ser considerado como padrão, para corrigir os dados de
evaporação medidos por outros tanques menores.

______________________________________________________________________________________
Evaporação e Evapotranspiração: Conceitos e Estimativas
UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA / Departamento de Engenharia Agrícola 8
______________________________________________________________________________________

TANQUE CLASSE A

É o mais utilizado.

Consiste em um tanque de aço galvanizado. O tanque deve ser instalado sobre um estrado
de madeira, pintado de branco, à 10 cm de altura.

TANQUE GGI-3000

Construído com chapa de ferro galvanizado. A área da superfície evaporante é de 3000cm2.

TANQUE BPI

O nível d'água dentro do tanque é mantido aproximadamente no mesmo nível do solo


externo ao tanque. A oscilação máxima do nível d'água dentro do tanque deve ser de 2,0 cm, e a
evaporação é medida como no tanque Classe A.

______________________________________________________________________________________
Evaporação e Evapotranspiração: Conceitos e Estimativas
UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA / Departamento de Engenharia Agrícola 9
______________________________________________________________________________________

A desvantagem, em relação ao Classe A, consiste na dificuldade de perceber vazamentos,


bem como, ser mais difícil a limpeza.

Os tanques pequenos, enterrados, nem sempre apresentam bons resultados por existirem:
(a) rápidas trocas energéticas entre o solo e pequena massa de água, (b) efeitos da modificação da
dinâmica do vento próximo à superfície da água, em função da borda elevada e (c) respingos de
chuva podem influenciar as leituras.

Como vantagem, mantém mais ou menos a mesma temperatura do solo, permitindo no


entanto, o que é um problema, rápidas trocas energéticas entre o solo e a pequena massa de água.

EVAPORÍMETRO DE BALANÇA TIPO WILD

III.1. CUIDADOS OPERACIONAIS

Cuidados a serem tomados com os evaporímetros:


• escolher um local adequado para sua instalação
• manter o tanque sempre limpo
• tomar cuidado para que animais não consumam a água do tanque

IV - LISÍMETROS

São tanques com solo, cravados no terreno para medir a evapotranspiração e a percolação
da água através do solo.

Devem ser suficientemente grandes (1 m3 no mínimo) para minimizar o efeito do bordo do


tanque e, também, proporcionar um bom desenvolvimento radicular, sem restrições, para culturas de
baixo porte. Para culturas maiores, p. ex., cana-de-açúcar, 4 m3 são suficientes (Chang, 1974).

______________________________________________________________________________________
Evaporação e Evapotranspiração: Conceitos e Estimativas
UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA / Departamento de Engenharia Agrícola 10
______________________________________________________________________________________

As condições físicas do solo dentro do tanque devem ser comparáveis às que o circundam;
devendo-se evitar formação de lençol d'água dentro do lisímetro.

O lisímetro deve ser circundado por uma área mínima dotada de condições
semelhantes, denominada bordadura, que poderá ser 4 ha, segundo Thornthwaite (1954).

Desenvolveram-se diversos tipos de lisímetros:


• drenagem
• pesagem mecânica
• flutuação

A.1. LISÍMETRO DE DRENAGEM SEM NÍVEL


FREÁTICO A.2. LISÍMETRO DE COMPENSAÇÃO COM
NÍVEL FREÁTICO CONSTANTE

B. LISÍMETROS DE PESAGEM MECÂNICA


C. LISÍMETRO COM CÉLULAS HIDRÁULICAS DE
RESISTÊNCIA MECÂNICA

C. LISÍMETROS DE FLUTUAÇÃO

______________________________________________________________________________________
Evaporação e Evapotranspiração: Conceitos e Estimativas
UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA / Departamento de Engenharia Agrícola 11
______________________________________________________________________________________

5.1.2. ESTIMATIVAS

a) os métodos do balanço de água, que incluem as entradas e saídas de água de uma


bacia hidrográfica; dos potômetros e lisímetros; e da depleção do teor de água no perfil
do solo;

b) o método das correlações de turbilhões. A complexidade dos equipamentos e dos


sensores, utilizados neste método, tem limitado sua ampla utilização;

c) o método do balanço de energia, que se baseia no fato de que uma enorme quantidade
de energia é requerida para mudar a água da fase liquida para vapor, sem alterção da
sua temperatura. Esse balanço relaciona a transferência de energia para a superfície
evaporante que é convertida em fluxo de calor latente;

d) o método aerodinâmico ou do perfil do vento, que estabelece o fluxo de massa de


vapor por meio do coeficiente de difusividade, ou do coeficiente de transporte e
gradientes de vapor d’água no escoamento turbulento;

e) o método combinado, que associa os conceitos do balanço de energia e transporte de


massa (ou aerodinâmico).

Serão apresentados alguns métodos de estimativa da ETo, mais freqüentemente utilizados em


manejo de irrigação, sem a preocupação de enquadrá-los nos grupos citados.

5.1.2.1. MÉTODOS BASEADOS NA TEMPERATURA


5.1.2.2. MÉTODOS BASEADOS NA TEMPERATURA E RADIAÇÃO
5.1.2.3. MÉTODOS COMBINADOS
5.1.2.4. OUTROS MÉTODOS

5.1.2.1. MÉTODOS BASEADOS NA TEMPERATURA

Blaney-Criddle modificado pela FAO (BC-FAO)


Este método é sugerido para áreas onde os dados climáticos disponíveis consistem,
apenas, de dados de temperatura do ar, utilizando, tal como o método de Thornthwaite, a temperatura
média mensal e um fator ligado à duração do dia. O método de BC-FAO pode ser adaptado para uso
de unidades do sistema métrico decimal, escala Celsius e para fins computacionais, na seguinte
forma:

ETo = a + b.p.(0,46T + 8,0)


a = 0,0043.URmin - n/N - 1,41

b = ao + a1.URmin + a2 .n/N + a3 .Ud +a4 .URmin.n/N + a5 .URmin. Ud

______________________________________________________________________________________
Evaporação e Evapotranspiração: Conceitos e Estimativas
UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA / Departamento de Engenharia Agrícola 12
______________________________________________________________________________________

ETo evapotranspiração da cultura de referência, mm.dia-1;


T temperatura média diária mensal, °C;
p percentagem das horas de luz solar real em relação ao total anual, para
um dado mês e latitude;
Ud velocidade média do vento no período diurno, a 2m de altura, ms-1;
a0 = 0,81917 a3 = 0,065649
a1 = -0,0040922 a4 = -0,0059684
a2 = 1,0705 a5 = -0,0005967

A velocidade média do vento no período diurno pode ser estimado à partir da velocidade
média do vento do período de 24 horas (um dia), pela seguinte fórmula:

U2m (diurno) ≅ 1,33 . U2m (24 horas)


Lembrando, também, que a velocidade média do vento a 2 metros de altura pode ser
estimada à partir da velocidade média do vento numa altura qualquer, z, como sendo:

U2 / Uz ≅ (2 / z)1/7

______________________________________________________________________________________
Evaporação e Evapotranspiração: Conceitos e Estimativas
UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA / Departamento de Engenharia Agrícola 13
______________________________________________________________________________________

As informações sobre os dados mensais, ou sazonais das condições de tempo e intervalos


aproximados de URmin, n/N e Ud para um dado local, podem ser obtidas de registros de dados
climáticos de boletins locais diários ou da extrapolação de dados de áreas próximas.

O método de Blaney-Criddle deve ser aplicado apenas quando os dados de temperatura são
os únicos dados disponíveis.

A evapotranspiração da cultura de referência (média diária) deve ser calculada para


períodos iguais, ou superiores, a um mês. Desde que, para um dado local, as condições de clima e
consequentemente a ETo podem variar muito, de ano para ano, a ETo deve ser, preferencialmente,
calculada para cada mês de cada ano de registro, ao invés de utilizar os dados de temperaturas
medidas com base em registros de vários anos.

2.2. MÉTODOS BASEADOS NA TEMPERATURA E RADIAÇÃO


Atualmente, o método de estimativa da ETo, que se baseia na temperatura e radiação solar,
mais usado é o da Radiação-FAO e a equação de Hargreaves & Samani. A ETo estimada, pelos
métodos que serão apresentados a seguir, pode ter como cultura de referência a alfafa com 30 a 50
cm de altura, ou a grama, sendo ambos casos em que a água não é fator limitante.

______________________________________________________________________________________
Evaporação e Evapotranspiração: Conceitos e Estimativas
UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA / Departamento de Engenharia Agrícola 14
______________________________________________________________________________________

a) Makkink modificado pela FAO (Radiação-FAO)

Doorenbos e Pruitt (1977) apresentam o método de radiação para estimação da ETo,


usando a radiação solar.

O método é recomendado como substituto ao método de Penman, quando dados medidos


de vento e umidade não são disponíveis, ou não podem ser estimados com razoável precisão.

δ
ETo = a + b [ Rs ]
δ +γ
δ
sendo = W (Quadro 1)
δ +γ

em que ETo é a ET de referência (grama), mm.d-1; Rs é a radiação solar à superfície (neste curso
denominamos Rg, Irradiância solar global), expressa em mm.d-1 (basta estimar ou medir Rg e dividi-la
pelo valor do calor latente de evaporação – como o calor latente de evaporação é uma função fraca
da temperatura, pode-se, genericamente utilizar-se o valor 2,47 MJ/kg de água evaporada; a = -0,3
mm.d-1; e b é um fator de ajuste que varia com a umidade relativa e a velocidade do vento do período
diurno.

A radiação solar medida deve ser utilizada, quando disponível ou, em caso contrário, dados
de Rs estimados por um método calibrado localmente. Quando nenhum desses conjuntos de dados,
ou mapas de radiação solar, são disponíveis:

b = 1,066 - 0,13 . 10-2 . URmédia + 0,045 . Ud - 0,20 . 10-3 . URmédia. Ud - - 0,315 . 10-4 . URmédia2 - 0,11 . 10-2 . Ud2

em que URmédia é a umidade relativa média, em percentagem, e Ud é a média da velocidade do


vento do período diurno, em m.s-1.
Quadro 1 - Valores de W em função da altitude local e temperatura média

Temperatura Altitude (m)


(°C) 0 500 1000 1500 2000 2500 3000
0 0,401 0,414 0,428 0,443 0,458 0,475 0,494
5 0,477 0,491 0,505 0,520 0,536 0,552 0,570
10 0,551 0,564 0,578 0,593 0,608 0,624 0,641
15 0,620 0,632 0,645 0,659 0,673 0,688 0,703
20 0,681 0,693 0,705 0,717 0,730 0,743 0,757
25 0,735 0,745 0,756 0,767 0,778 0,790 0,801
30 0,781 0,790 0,799 0,809 0,818 0,828 0,838
35 0,820 0,828 0,835 0,844 0,852 0,860 0,869
40 0,852 0,858 0,865 0,872 0,879 0,886 0,893
45 0,878 0,884 0,889 0,895 0,901 0,907 0,913
50 0,900 0,904 0,909 0,914 0,919 0,924 0,929

______________________________________________________________________________________
Evaporação e Evapotranspiração: Conceitos e Estimativas
UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA / Departamento de Engenharia Agrícola 15
______________________________________________________________________________________

b) Hargreaves & Samani (HS)


A equação de Hargreaves e Samani é:

ETo = 0,0023 Qo (Tmax – Tmin)1/2 (T*+17,8)

ET Taxa de evapotranspiração de referência, mm.dia-1;


Qo radiação no topo da atmosfera, mm.dia-1;
T* temperatura média do ar, oC.
Tmax Média mensal das temperaturas máximas, ºC
Tmin Média mensal das temperaturas mínimas, ºC
Na notação adotada neste curso Qo é denominada Irradiância solar no topo da atmosfera e
simbolizada por Ro, estimada com a unidade MJ/m2.dia. Para transformar em mm/dia, basta, dividi-la
pelo valor do calor latente de evaporação, que assume, genericamente, o valor 2,47 mJ/kg de água
evaporada.

2.3. MÉTODOS COMBINADOS


O termo combinado reflete o fato das equações propostas associarem os efeitos do balanço
de energia e o termo advectivo (vento) para estimar as perdas de água de superfícies cultivadas.
Dentre os métodos combinados, destaca-se o de Penman, que é a equação combinada mais
conhecida entre os pesquisadores.

a) Penman modificado pela FAO (Penman - FAO 24)

A equação de Penman, modificada pela FAO, pode ser expressa da seguinte forma:

ETP ET Potencial (padrão grama), mm.dia-1


δ declividade da curva de pressão de saturação de vapores versus
temperatura (des/dt), determinada à temperatura média do ar, hPa.C-1;
γ coeficiente psicrométrico, hPa.°C-1;
Rn saldo de radiação solar à superfície, MJ.m-2.d-1;
G fluxo de calor no solo, MJ.m-2.d-1;
w1 e w 2 parâmetros do termo advecção. Os valores para ETP (Padrão grama) são 1,00
e 0,54, respectivamente;
U2 velocidade do vento tomada a 2 m de altura, m.s-1;
es pressão de saturação de vapores para temperatura média diária, hPa;
e pressão média diária de vapor, hPa.
λ Calor latente de evaporação [MJ.mm-1]

b) Penman-Monteith (Padrão - FAO 1991)


______________________________________________________________________________________
Evaporação e Evapotranspiração: Conceitos e Estimativas
UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA / Departamento de Engenharia Agrícola 16
______________________________________________________________________________________

Quando incorporada a resistência da superfície de 70 s.m-1 e os cálculos da resistência


aerodinâmica fixada para uma hipotética cultura de referência com altura uniforme de 0,12m, a
estimativa da ET para períodos de 24 horas pelo método combinado de Penman-Monteith pode ser
expressa para fins de padronização pela seguinte notação:

em que
ETo evapotranspiração de referência [mm dia-1]
Rn saldo de radiação à superfície [MJ m-2 dia-1]
G fluxo de calor no solo [MJ m-2 dia-1]
t temperatura [°C]
U2 velocidade do vento a 2 m de altura, período de 24 horas, [m s-1]
(ea - e) déficit de pressão de vapor [kPa]
δ declividade da curva de pressão de vapor de saturação [kPa °C-1]
λ calor latente de evaporação [MJ kg-1]
γ* constante psicrométrica modificada [kPa °C-1]
900 [kJ-1 kg K]

Cálculo de algumas variáveis:

Rn = BOC + BOL [ MJ.m-2.dia-1] BOC = [ Ro ( 0,25 + 0,50 n/N ) ] ( 1 – r )

BOL = 4,903.10-9.Tar4 . (0,14. √e – 0,34).(0,1+0,9.n/N) δ = 4098 . es(t) / (t + 237,3)2 [kPa °C-1]

[7,5.t/(237,3+t)]
es(t) = 6,1078 . { 10 } / 10 [kPa] γ = 0,0016286 . Patm / λ [kPa °C-1]

Patm ≅ {1013,25 – 0,106.[Altitude do local(m)]}/10 [kPa] γ* = γ . (1 + 0,33.U2) [kPa °C-1]

λ = 2,501 – (2,361 . 10-3) . t [MJ kg-1 de água evaporada] ou [MJ.m-2.mm-1]

______________________________________________________________________________________
Evaporação e Evapotranspiração: Conceitos e Estimativas
UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA / Departamento de Engenharia Agrícola 17
______________________________________________________________________________________

2.4. MÉTODO DO TANQUE CLASSE A

ECA = (hi – hi+1) + Pi

______________________________________________________________________________________
Evaporação e Evapotranspiração: Conceitos e Estimativas
UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA / Departamento de Engenharia Agrícola 18
______________________________________________________________________________________

3. EVAPOTRANSPIRAÇÃO DA CULTURA (ETc) E COEFICIENTE DE CULTURA


(Kc)

ETc
Kc =
ETo

Esquema do modelo FAO (Boletim-24) de


variação do Kc ao longo do ciclo da cultura
(Curva de Cultura). Estádios de
desenvolvimento (I) Fase inicial – do plantio a
10% de cobertura do solo; (II) Fase
Vegetativa -período de crescimento rápido;
(III) Fase Intermediária - reprodutiva; (IV)
Fase Final.

O coeficiente de cultura Kc subdividido em seus componentes de evaporação direta do solo (Ks) e


de transpiração da planta (Kcb). (Kcm é o coeficiente Kc médio entre os efeitos de Ks e Kcb.

______________________________________________________________________________________
Evaporação e Evapotranspiração: Conceitos e Estimativas
UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA / Departamento de Engenharia Agrícola 19
______________________________________________________________________________________

A tabela a seguir mostra alguns valores dos coeficientes de cultura:

Coeficientes culturais médios (Kc) para climas sub-úmidos1 e alturas médias máximas das plantas
cultivadas, para ser utilizado com a ETo da fórmula de Penman - Monteith da FAO.

Alt. máx.
Cultura Kc ini2 Kc int14 Kc fim14 das
plantas
h (m)
a. Hortícolas de pequeno porte 0,70 1,05 0,95 0,4
b. Hortícolas tuberosas 0,50 1,10 0,95 0,5
c. Leguminosas 0,40 1,15 0,55 0,5
d. Solanáceas 0,40 1,15 0,80 0,8
e. Cucurbitáceas 0,40 1,00 0,80 0,4
i. Oleaginosas 0,35 1,15 0,30 1,5
j. Cereais 0,30 1,15 0,4 1,5
Cevada 1,15 0,25 1,0
Aveia 1,15 0,25 1,0
Trigo 1,15 0,25 1,0
Trigo de Inverno 1,15 0,25 1,0
Milho (grão) 1,15 0,6-0,357 2.2
Milho doce 1,15 1,058 1,5
Painço 1,10 0,30 1,5
Sorgo (grão) 1,00 0,55 1,0
Sorgo doce 1,20 1,05 2-4
Arroz9 1,10 1,20 0,90 1,0
k. Forragens
Luzerna (feno)10 0,40 1,20 1,15 0,7
Trevo 0,40 1,20 1,10 0,6
Pastagem 0,40 0,85 0,85 0,15
Pastagem (pobre) 0,30 0,75 0,75 0,10
Forragem para corte (clima temperado)11 0,90 0,95 0,95 0,07
Forragem para corte (climas quentes)12 0,80 0,85 0,85 0,07
Erva do Sudão 0,60 1,15 1,10 0,1-0,6
l. Cana-de-açúcar 0,40 1,25 0,75 3-4

______________________________________________________________________________________
Evaporação e Evapotranspiração: Conceitos e Estimativas
UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA / Departamento de Engenharia Agrícola 20
______________________________________________________________________________________

EXERCÍCIOS RESOLVIDOS
1. De um lisímetro de percolação com 1,5 m2 de área coletou-se os seguintes dados mensais
(30 dias): Precipitação=29,4 mm, Irrigação=180 litros e percolação=21,6 litros. Calcule a ET
média diária (mm/dia).

P + I – Perc – ET = 0 (Supondo que no início e no final do processo o solo esteja na Capacidade de


Campo, pois ΔArm = 0)

29,4 + 180/1,5 – 21,6/1,5 – ET = 0, logo ET = 135 mm/mês = 4,5 mm/dia

2. Determinar a ETP pelos métodos de (a) Penman-1948, (b) Blaney-Criddle, (c) Heargreaves-
Samani, (d) Radiação-FAO e (e) Penman-Monteith-FAO 1991, para o mês de Fevereiro em
Linhares – ES (Lat. 19º24´S e 30 metros de altitude), com base nos seguintes dados:
Temp. média das máximas do mês: 31,8ºC (Média de 30 anos – Normais climatológicas)
Temp. média das mínimas do mês: 22,4ºC (Média de 30 anos – Normais climatológicas)
Temperatura média do ar: 26,2oC (média do mês de fevereiro de 1995)
Umidade relativa média: 80,4% (média do mês de fevereiro de 1995)
Vento a 10 m de altura (período de 24 horas): 2,38 m/s (média do mês de fevereiro de 1995)
Número de horas de brilho solar (média diária de fev/1955): 7,6 h
Albedo da grama (cultura de referência): 23%
Considere o fluxo de calor no solo (G) = 0. (Toda a energia que o solo absorve durante 24 horas,
também o perde nesse mesmo período.)

3. Determinar pelo método do tanque Classe A qual a ETP média (em mm/dia) sabendo os
seguintes dados: ECA = 5,6 mm/dia, UR%(média) = 80,4%, Velocidade do vento medido a
10 m de altura = 2,38 m/s, tanque instalado com 10 m de gramado em volta. (Mês de
Fevereiro para Linhares-ES)

ETo = ECA . Kp

Para um Tanque Classe A circundado por grama, UR média, alta, Velocidade do vento a 2 m de altura
= 1,99 m/s (2,5 m/s a 10 metros de altura) e 10 metros de bordadura: Kp = 0,85.

Logo, ETo = 5,6 * 0,85 = 4,76 mm/dia

______________________________________________________________________________________
Evaporação e Evapotranspiração: Conceitos e Estimativas
UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA / Departamento de Engenharia Agrícola 21
______________________________________________________________________________________

4. Utilizando os valores de ETP e ETo, estimados pelos vários métodos determinar, a ETC de
uma cultura de milho que esteja na fase III (Kc=1,15).

Método p/ ETo ETo (mm/dia) Kc ETC = ETpc

Penman -1948 5,60 1,15 6,44

Heagreaves-Samani 5,11 1,15 5,88

Blaney-Criddle 4,62 1,15 5,31

Radiação -FAO 5,65 1,15 6,50

Classe A 4,76 1,15 5,47

Penman-Monteith 4,48 1,15 5,15

Obs: Para o método de Penman-1948, bem como no método de Penman-FAO-1991, utilizou-se, para
o cálculo do Balanço de Ondas Longas (BOL) a expressão:

BOL = 4,903.10-9.Tar4 . (0,14.√e – 0,34).(0,1+0,9.n/N)

______________________________________________________________________________________
Evaporação e Evapotranspiração: Conceitos e Estimativas
UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA / Departamento de Engenharia Agrícola 22
______________________________________________________________________________________

4.a)

______________________________________________________________________________________
Evaporação e Evapotranspiração: Conceitos e Estimativas
UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA / Departamento de Engenharia Agrícola 23
______________________________________________________________________________________

4.b)

______________________________________________________________________________________
Evaporação e Evapotranspiração: Conceitos e Estimativas
UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA / Departamento de Engenharia Agrícola 24
______________________________________________________________________________________

4.c)

______________________________________________________________________________________
Evaporação e Evapotranspiração: Conceitos e Estimativas
UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA / Departamento de Engenharia Agrícola 25
______________________________________________________________________________________

4.d)

______________________________________________________________________________________
Evaporação e Evapotranspiração: Conceitos e Estimativas
UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA / Departamento de Engenharia Agrícola 26
______________________________________________________________________________________

4.e)

______________________________________________________________________________________
Evaporação e Evapotranspiração: Conceitos e Estimativas

Você também pode gostar