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ENTENDENDO O JARDIM

material de apoio didático

Marcos Malamut
Abril/2014
ECOLOGIA URBANA

Reconhecer que cada planta tem origem em um ambiente específico permite


compreender suas características e necessidades, o que é imprescindível para
o sucesso de qualquer jardim.

"Os vegetais, animais e microorganismos que vivem numa região e constituem uma
comunidade biológica estão ligados entre si por uma intrincada rede de relações que
inclui o ambiente físico em que existem estes organismos. Estes componentes físicos e
biológicos interdependentes formam o que os biólogos designam com o nome de
ecossistema"(Ehrlich & Ehrlich, 1974).Apesar de sua aparência geral e função básica
continuarem constantes por longos períodos de tempo, diversos elementos estão
ingressando ou saindo do sistema continuamente, característica que os define
como sistemas abertos. Estes sistemas baseiam-se na interação de 3 componentes
básicos em um dado ambiente físico: comunidade, fluxo de energia e ciclagem dos
materiais. (Odum & Barret, 2007)

O AMBIENTE

A complexidade das relações entre todos os seres vivos de um ecossistema é


resultado de um longo e permanente processo evolutivo. Como consequência,
cada uma das espécies pertencentes a um determinado ecossistema é
rigorosamente adaptada a sobreviver e se reproduzir em condições específicas.

São características do ambiente físico de cada ecossistema terrestre:

 Temperaturas mínimas e máximas diárias e seus ciclos anuais


 Umidade relativa do ar e seus ciclos de variação anual
 Pluviosidade média e seus ciclos anuais
 Regime de ventos
 Salinidade do ar
 Pressão atmosférica
 Luminosidade / incidência da luz solar direta e indireta
 Fotoperíodo
 Textura e permeabilidade do solo
 Profundidade do solo
 Composição mineral e acidez do solo
 Profundidade do lençol freático
 Regime de inundações
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ECOLOGIA URBANA

Além de deverem estar adaptados às condições físicas do ambiente, a longa


convivência faz com que as diversas espécies de um ecossistema criem relações
(muitas vezes de dependência exclusiva) entre si. Assim, plantas fornecem alimento
e abrigo a animais, muitas vezes como forma de tê-los como agentes polinizadores
ou disseminadores de suas sementes.

As cores e formas das plantas e suas partes, são resultado desse processo. Desta
maneira, plantas de folhas grandes são características do interior de florestas
úmidas e pouco iluminadas. Plantas com espinhos se desenvolvem geralmente em
regiões áridas, onde precisam economizar água e se defender, pois muitas vezes
são a única fonte de alimento para outras espécies. Plantas de folhas cerosas são
comuns em regiões quentes e secas, o que as obriga a economizar água. Plantas
anuais, ou bulbos que brotam na primavera são adaptadas a regiões com períodos
de frio ou seca rigorosos. Plantas com flores brancas e perfumadas geralmente são
polinizadas por insetos noturnos ou morcegos. Plantas com flores vermelhas e
grande quantidade de néctar são polinizadas por beija-flores.

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ECOLOGIA URBANA

O AMBIENTE URBANO

Apesar da influência do homem, as cidades podem ser consideradas como


ecossistemas e estão sujeitas aos mesmos processos dos sistemas naturais. As
grandes cidades e outras áreas povoadas estão repletas de organismos vivos que
aproveitam e se adaptam a esses novos ambientes artificialmente criados. Todos os
organismos do meio urbano, incluindo o homem, também interagem entre si de
maneira semelhante às relações ecológicas que ocorrem em ecossistemas naturais.

Entretanto, as atividades humanas promovem constantes desequilíbrios nos


ecossistemas urbanos. Muitas perturbações são diretas como: a transformação
violenta da paisagem em função da supressão e substituição da vegetação original,
a construção de edificações e pavimentação de vias, e o tráfego de veículos. Como
consequências destas, ainda ocorrem a compactação e contaminação do solo,
inundações provocadas pela impermeabilização das superfícies, o aumento das
temperaturas, além das diversas formas de poluição.Outras alterações significativas
são a liberação de vapor, gases e partículas em grandes quantidades, provocando
mudanças na qualidade do ar.

O Microclima Urbano

As estruturas construídas e a densidade populacional nas cidades, somadas às


atividades de seus ocupantes,criam microclimas especiais. O concreto, o asfalto e
os pisos, entre outras superfícies impermeáveis utilizadas em substituição à
vegetação original, possuem uma alta capacidade de absorver e irradiar
calor.Colaboram ainda para aquecer a massa de aro calor produzido pelo
metabolismo dos habitantes e o gerado pelas indústrias e veículos.Esses eventos
provocam a formação de ilhas de calor, de modo que as temperaturas urbanas
tendem a ser mais altas que as do ambiente natural circundante em cerca de 6oC.

A maneira com que as edificações são dispostas no meio urbano pode ainda
alterar a dinâmica dos ventos. A formação de barreiras reduz ou mesmo impede a
circulação natural do ar, interferindo na sensação térmica. Também pode ocorrer o
inverso: uma aceleração acentuada e desconfortável da velocidade do ar
provocada por estreitamentos, horizontais ou verticais.
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ECOLOGIA URBANA

JARDINS URBANOS

Viver em áreas urbanas é submeter-se a todas essas situações. É nesse novo


ambiente artificial, brutalmente transformado e submetido a alterações
contínuas,que os jardins são implantados. Ainda que irreconhecível, o ecossistema
original da área transformada e ocupada deve ser considerado como fonte
permanente de informações sobre as características da flora que se adapta à
região.

Os jardins são sempre ambientes artificiais onde os ciclos naturais de consumo e


reposição de nutrientes, por exemplo, não ocorrem. As plantas não podem crescer
livremente nem competir entre si, como ocorre nos ambientes naturais. E ainda,na
ausência de seus predadores, diversos animais se transformam em pragas.

Para permitir a adaptação de vegetação de outras regiões, algumas das condições


naturais, ou existentes, podem ser alteradas artificialmente. O solo pode ser
substituído ou tratado, os ventos podem ser controlados, os períodos de estiagem
podem ser eliminados com o uso de irrigação. Ao lançar mão desses recursos,cria-
se uma nova situação artificial que somente permanece enquanto houver a
manutenção desses componentes que alteraram a condição original.

Outras condições não podem ser facilmente alteradas em ambientes domésticos, e


tampouco podem ser ignoradas. O ciclo de temperaturas ao longo do ano, a
umidade relativa do ar, o fotoperíodo e o nível do lençol freático são bons
exemplos. Esses fatores são inerentes a cada localidade e são decisivos no sucesso
de um jardim.

Quanto mais harmônico for o jardim em relação ao ecossistema original, mais


simples sua manutenção e maiores as suas chances de sucesso. A presença de
aves, pequenos animais e insetos é desejável e é sinal de equilíbrio. A
superpopulação de insetos ou alterações na saúde e no desenvolvimento das
plantas são sinais de inadequação do conjunto ao ambiente natural circundante,
ou das plantas ao próprio ambiente artificial criado.

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ECOLOGIA URBANA

Criar jardins com características conflitantes às dos ambientes onde estão


inseridos,ou que não respeitem a forma e os comportamentos naturais das
espécies eleitas para sua formação, resulta em um incremento dos custos de
implantação.Por exemplo, o uso de plantas de regiões com climas diferentes ou
pertencentes a outros ecossistemas, quando possível, impõe uma série de
transformações e adaptações para sua realização. Esses custos, consequência da
necessidade de adaptação das características do ambiente às necessidades das
plantas, se prolongarão ao longo de toda vida útil do jardim, uma vez que essas
transformações devem ser mantidas.

São também custosas as decisões que estabelecem alterações em relação às


formas e dimensões naturais de cada espécie utilizada. O respeito a essas
características facilita a manutenção e preserva a saúde e beleza das
plantas.Imprimir regras não naturais de convivência entre as plantas também pode
provocar dificuldades. Plantas com necessidades divergentes e comportamentos
antagônicos não convivem de maneira harmônica e exigem um nível de
intervenção muito alto.

Todo jardim é uma construção humana e, portanto, artificial. Essa artificialidade


poderá se apresentar em diversos níveis a partir das relações criadas. Quanto mais
nos afastamos das condições naturais, maior o investimento, e o resultado final
será inferior ao de um jardim planejado conscientemente por afetar a saúde e
desenvolvimento das plantas.E mais que isso,numa visão mais abrangente,essa
abordagem despreza, portanto desvaloriza o potencial paisagístico local.

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BOTÂNICA PARA PAISAGISTAS

As plantas são organismos vivos e complexos. É a partir da compreensão de


suas estruturas e de seu funcionamento que se definem as formas com que
devemos lidar com elas.

PTERIDÓFITAS

São as plantas vasculares mais primitivas. Por ter um sistema vascular pouco
desenvolvido, em geral preferem sombra e ambientes úmidos, protegidos de
ventos. Não produzem sementes, apenas esporos que geralmente se encontram no
verso das folhas adultas.

As samambaias e as avencas são as representantes das pteridófitas mais


conhecidas.

GIMNOSPERMAS

São as plantas mais primitivas em que ocorre reprodução sexuada e produção de


sementes. No entanto, não produzem flores vistosas ou frutos. As sementes ficam
desprotegidas e sua polinização ocorre com o auxílio do vento.

As gimnospermas mais conhecidas são as cicas e os pinheiros.

ANGIOSPERMAS

São as plantas mais modernas evolutivamente e abrigam grande número de


famílias. Tem reprodução sexuada, produzindo flores ou inflorescências que dão
origem a frutos.

A maior parte das plantas ornamentais está inserida nesse grupo.

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BOTÂNICA PARA PAISAGISTAS

AS FLORES E FRUTOS

As flores são os órgãos encarregados da reprodução nas angiospermas. Suas cores


e formas estão diretamente ligadas aos seus polinizadores naturais. É da atração
desses agentes polinizadores, recompensados com néctar, que depende a
perpetuação da espécie.

As flores normalmente apresentam partes protetoras (sépalas e pétalas) e partes


especializadas na função reprodutiva propriamente dita (estames e pistilo). O
conjunto de sépalas é chamado de cálice e o conjunto de pétalas de corola. A
corola é a parte da flor normalmente responsável pela atração dos polinizadores.
Às vezes, folhas modificadas chamadas brácteas substituem a corola nessa função.

A parte reprodutiva das flores tem estruturas masculinas (estame) e femininas


(pistilo). Quando ambas ocorrem na mesma planta, diz-se que ela é dióica. As
dióicas podem apresentar flores bissexuadas ou monossexuadas. Quando uma
planta possui somente flores masculinas ou somente flores femininas, ela é
chamada de monóica.

O estame é dividido em duas partes: filete e antera, onde são produzidos os grãos
de pólen. O pistilo é composto pelo ovário (onde são produzidos os óvulos),
estilete e estigma (que recebe os grãos de pólen). Quando um grão de pólen
atinge o estigma, ele forma uma estrutura chamada tubo polínico, que atinge e
fecunda o óvulo. Após a fecundação, o óvulo forma a semente e as paredes do
ovário intumescidas formam o fruto. Em alguns casos a parte que conhecemos
como fruto não tem origem no ovário, recebendo o nome de pseudofruto, como
ocorre no caju, no morango e na maçã.

O fruto, além de proteger as sementes, é muitas vezes parte importante da


estratégia de dispersão da planta. Por isso, quando maduros, tem cores e aromas
atrativos além de oferecer alimento na forma de açúcares e minerais aos agentes
de dispersão. A maturidade do fruto indica a maturidade da semente. Algumas
plantas, no entanto, têm estratégias diferentes protegendo seus frutos com
espinhos, substâncias irritantes ou mesmo formando frutos tóxicos. Nesses casos a
dispersão não é feita pela fauna
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BOTÂNICA PARA PAISAGISTAS

AS SEMENTES

As sementes contêm o embrião de uma nova planta, gerado através da fecundação


de um óvulo por um gameta masculino. São constituídas de tegumento e
amêndoa. O tegumento é o revestimento protetor da semente. Na amêndoa se
encontram o embrião e o albúmen (ou endosperma), tecido que acumula as
reservas nutritivas responsáveis por alimentar o embrião no início de seu
desenvolvimento. Nas angiospermas, o embrião pode ter um cotilédone
(monocotiledôneas), dois (dicotiledôneas).

As sementes para germinar precisam estar vivas, completas e maduras. Nas


circunstâncias apropriadas (umidade, oxigênio, temperatura e luminosidade)
havendo absorção de água pela semente, esta começa a ter seu volume
aumentado até que o tegumento se rompa e o embrião possa desenvolver-se. A
primeira parte do embrião a sair é a radícula, que ao desenvolver-se e ramificar-se
forma o sistema radicular. A gêmula forma o caule e as folhas. Entre a radícula e a
gêmula está o caulículo que prende os cotilédones e que ao sair, transforma-se no
colo, ou nó vital.

As sementes, dependendo da espécie, podem disseminar-se pelo vento (ipê,


algodão, paina), pela água (côco), por animais (picão, carrapicho) ou pelo próprio
fruto (impatiens, mamona, barléria).

A reprodução sexuada permite a troca de informações genéticas entre os


exemplares selecionados colaborando para a diversidade adaptativa da espécie. A
orientação dos cruzamentos a partir da manipulação destas trocas genéticas
resulta no melhoramento genético das plantas. Este é tradicionalmente feito
através de intercruzamentos sucessivos de maneira a isolar características
desejadas. Assim, de uma só espécie como a Brassica oleraceapodem ser obtidas
plantas como a couve, a couve flor, a couve de Bruxelas, o repolho, o repolho-roxo
e o brócolis e todas as suas cultivares.

As variedades híbridas comerciais são desenvolvidas e produzidas por empresas


especializadas no melhoramento genético dos vegetais. Essas empresas detêm os
direitos comerciais sobre o “pai” e a “mãe” genéticos que são capazes de gerar
uma determinada variedade. As sementes produzidas por frutos de plantas
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BOTÂNICA PARA PAISAGISTAS

híbridas, ao germinar, não necessariamente reproduzem as características das


plantas que lhes deu origem.

O CAULE

O caule da maior parte das plantas está envolvido na produção e suporte das
folhas, e no transporte de água, minerais e açúcares entre folhas, gemas e raízes.
Podem ainda estar envolvidos no armazenamento, reprodução, disseminação e
sobrevivência da planta em períodos adversos.

No interior dos caules estão localizados os vasos condutores das plantas, que são
divididos em xilema e floema. O xilema conduz a seiva bruta (água e sais minerais
extraídos do solo) para as folhas e o floema distribui a seiva elaborada por toda a
planta, ou seja, as substâncias orgânicas resultantes de processos como a
fotossíntese.

Nas monocotiledôneas, xilema e floema encontram-se dispersos no interior do


caule. Nas dicotiledôneas, porém, apresentam-se organizados ao redor de um anel
de células meristemáticas chamado câmbio. O xilema forma um anel internamente
ao câmbio e o floema externamente. Na seção mais central do caule, está o lenho,
formado por células mortas, celulósicas, responsáveis pela rigidez do caule em
diversas plantas.

O meristema é um tecido encontrado em todas as plantas, constituído de células


indiferenciadas (células meristemáticas) e encontradas em zonas da planta onde o
crescimento pode ocorrer. É capaz de gerar todas as variedades básicas de células
necessárias para construir folhas, raízes, caules e todos os demais órgãos das
plantas.

Nos caules, as células meristemáticas estão presentes também nas gemas apicais e
axilares. As gemas apicais estão nas extremidades dos ramos e são responsáveis
pelo crescimento da planta, produção de novos tecidos e secreção de hormônios.O
principal deles, a auxina,dentre outras funções importantes, exerce uma ação
inibidora do desenvolvimento das gemas axilares. Estas estão localizadas no
encontro do caule com as folhas, definindo nos caules os nós, que são as próprias
gemas axilares, e os internódios. Na supressão da gema apical, as gemas axilares se
desenvolvem e passam a construir os ramos da planta como novas gemas apicais.
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BOTÂNICA PARA PAISAGISTAS

O reconhecimento do papel das células meristemáticas das plantas, suas funções e


atividades, particularmente as gemas, é importante pois guiará o sucesso das
podas e da multiplicação vegetativa (estaquia, enxertia, mergulhia,...).

Caules aéreos possuem fototropismo (controlado por hormônios), ou seja, se


desenvolvem sempre em direção à luminosidade maior. Isso é resultado da
oxidação da auxina responsável pelo crescimento que, quando em contato direto
com a luz, é inativada. Em situações extremas causa um estiolamento, que é o
alongamento exagerado do caule, que muitas vezes acaba por não suportar seu
próprio peso. Assim, plantas de mesma espécie expostas a condições de
luminosidade diferentes apresentam desenvolvimento diferente, por exemplo, uma
árvore que se desenvolve em meio à mata é diferente de outra de mesma espécie
que se desenvolve isoladamente em área aberta.

O processo de adaptação evolutiva fez com que o caule se transformasse, em


alguns casos, drasticamente, gerando diversas variações:

Tronco: caule aéreo, ereto, bem desenvolvido, lenhoso, que ocorre em plantas
dicotiledôneas de grande porte.

Estipe: caule aéreo, ereto, alongado, geralmente cilíndrico, que não possui gemas
laterais, apenas uma gema apical que emite as novas folhas. Característico das
palmeiras.

Colmo: caule aéreo, ereto, com nós e internódios muito nítidos, que não se
ramifica e possui folhas nos nós, ao longo de toda a sua extensão. Característico
dos bambus e da cana de açúcar.

Estolho: caule aéreo, rastejante, podendo desenvolver raízes em todos os nós.


Comum em diversas gramíneas.

Rizoma: caule subterrâneo, que cresce paralelamente e próximo à superfície do


solo. É protegido por folhas modificadas (catafilos) e emite folhas aéreas. Comum
nas musáceas e gengiberáceas, ocorrendo também em plantas de outras famílias,
como as liliáceas a exemplo da espada de são Jorge.

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BOTÂNICA PARA PAISAGISTAS

Bulbo: caule subterrâneo, pouco desenvolvido, com a finalidade de


armazenamento, protegido por inúmeras camadas de folhas (catafilos). É o caso da
cebola e da amarílis.

Tubérculo: caule subterrâneo, bastante espessado por armazenar substâncias


nutritivas,como na batata inglesa.

Sarmento: caule aéreo, rastejante, que não possui a capacidade de emitir novas
raízes. Tem um só ponto de fixação ao substrato. É o caso da abóbora.

Caule Volúvel: caule aéreo, rastejante, que ao encontrar apoio enrola-se,


ascendendo. Característico de algumas trepadeiras.

Haste: caule aéreo, ereto e herbáceo, como no caso da couve.

Gavinha: caule modificado, ocorre em certas trepadeiras como o chuchu e a uva, e


tem função de fixação. Existem também gavinhas de origem foliar.

Espinho: caule modificado, com função de proteção em plantas como o limoeiro.


Existem também espinhos de origem foliar chamados acúleos.

Cladódio: caule modificado, achatado, com função de fotossíntese em plantas


cujas folhas de transformaram em espinhos (acúleos).

AS RAÍZES

As raízes das plantas têm três funções principais: fixar a planta ao solo, absorver
nutrientes e produzir hormônios. Em alguns casos podem também estocar
nutrientes ou ser utilizadas para multiplicação vegetativa. As raízes absorvem água
e nutrientes através dos pelos radiculares.

A maior parte das raízes é subterrânea. Mas elas podem assumir diversas formas, a
depender da planta e da função que assumem:

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BOTÂNICA PARA PAISAGISTAS

Raízes fasciculadas: comuns nas plantas monocotiledôneas, tem a forma de uma


cabeleira densa onde todas as raízes da planta apresentam aproximadamente o
mesmo desenvolvimento.A exemplo do milho e das palmeiras.

Raiz Pivotante: é a raiz principal, mais desenvolvida em uma planta que


aprofundando-se, fixa a planta ao solo e absorve água das camadas mais
profundas. Nesse sistema há formação de raízes secundárias que são geralmente
menos espessas, e crescem lateralmente, muitas vezes próximo à superfície, onde
encontram abundância de alimento. Ocorre em plantas dicotiledôneas, como o
feijão, e na maior parte das árvores.

Raiz Tuberosa: é uma raiz subterrânea, muito espessada por acumular substâncias
de reserva. É o caso da cenoura.

Raiz Tabular: ocorre em árvores de grande porte, parte de sua estrutura está
acima do solo, aumentando a superfície de fixação e respiração do vegetal.

Raiz Grampiforme: ocorre em plantas trepadeiras que se fixam a superfícies


verticais, como a hera.

Raiz Sugadora: é característica de plantas parasitas, que sugam a seiva de suas


hospedeiras, é o caso da erva-de-passarinho.

Raiz Respiratória: ocorre em plantas de áreas alagadiças, como as plantas do


mangue, onde há pouca disponibilidade de oxigênio no solo, aumentando a
superfície respiratória do sistema radicular. As estruturas formadas com esta função
são chamadas pneumatóforos.

Raiz Adventícia: diferentemente das outras raízes, não se forma a partir de outra
raiz ou do embrião, se desenvolvendo diretamente do caule, como ocorre no
antúrio, fícus e clúsia. São importantes nas plantas estoloníferas e nas rizomatosas.

Embora as formas das raízes sejam características em cada espécie, é importante


observar que o seu desenvolvimento natural se dá de maneira diferente a
depender das condições do solo, dos cuidados do plantio ou das formas de
obtenção das mudas. Por exemplo,podem não formar sistemas de raízes pivotantes
simples as plantas que tiveram origem em estacas ou que sofreram uma lesão na
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BOTÂNICA PARA PAISAGISTAS

gema apical de seu sistema radicular, ou ainda que encontrem solos muito
compactos.

AS FOLHAS

As plantas, como outros organismos vivos, se alimentam de substâncias orgânicas.


A folha é um órgão importante da planta, pois é onde os alimentos orgânicos são
elaborados em presença da luz, através do processo de fotossíntese. A clorofila,
pigmento que dá cor verde às folhas, fixa a energia luminosa que é utilizada no
preparo de material orgânico a partir de substâncias inorgânicas simples, como a
água e o gás carbônico. A água do solo, absorvida pelas raízes e conduzida pelo
caule, é distribuída por toda a folha através de suas nervuras. O gás carbônico é
absorvido pelas folhas diretamente da atmosfera através de pequenas estruturas,
os estômatos.

Os estômatos, localizados na face inferior, são responsáveis por todas as trocas


gasosas foliares e pela transpiração. Estas trocas são principalmente resultados dos
processos de respiração (entrada de oxigênio e saída de gás carbônico) e
fotossíntese (entrada de gás carbônico e saída de oxigênio). A abertura e o
fechamento dos estômatos são influenciados pela percepção da umidade e
temperatura do ambiente pela planta. Nos momentos mais quentes do dia, para
evitar a perda excessiva de água os estômatos se fecham.

A maior parte das folhas possui uma camada superior com estruturas chamadas
cloroplastos, formada por células ricas em clorofila, responsáveis pela fotossíntese.

As folhas são formadas nos meristemas apicais dos ramos. Tipicamente possuem
limbo, pecíolo, bainha e estípulas. As que não possuem pecíolo são chamadas
sésseis. As monocotiledôneas normalmente possuem somente a bainha e o limbo.
Entre a bainha e o caule existe uma região chamada de zona de abscisão, que é
uma camada de separação onde as paredes celulares se rompem e uma camada
protetora forma uma cicatrização.

O formato do limbo é extremamente variável, sendo uma das mais valiosas


ferramentas no processo de identificação das plantas. Entretanto, uma mesma
espécie pode apresentar folhas diferentes, quando submetida a diferentes
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BOTÂNICA PARA PAISAGISTAS

condições ambientais. E numa mesma planta as folhas podem variar, apresentando


folhas adultas diferentes das juvenis.

Além da fotossíntese, várias plantas têm as folhas adaptadas para executar outras
funções. Há folhas com finalidade de proteção, de suporte, de armazenamento de
água e nutrientes e absorção de nitrogênio. Os espinhos (acúleos) dos cactos e da
roseira, as gavinhas do maracujá e da ervilha e as escamas da cebola (catáfilos), por
exemplo, são folhas modificadas e especializadas. Nas plantas carnívoras, folhas
transformadas capturam pequenos animais que são utilizados como fonte
suplementar de nitrogênio. E, em diversas outras plantas, as folhas substituem a
corola da flor na função de atrair insetos e aves, exibindo formas variadas e
coloridos intensos, recebendo o nome de brácteas. É o caso das Poinsetias e das
Bougainvilleas.

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