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Eco vem da palavra grega “oikus” que significa lugar. Assim, cada lugar
possui seu sistema todoparticular. Portanto a transferência de tecnologia de um
ecossistema (o temperado) para o outro (o tropical) não funciona. Não se pode
admitir que o tropical seja completamente errado e o bom é somente o temperado.
Ao contrário. Em estado nativo, o tropical produz 5,5 vezes mais biomassa do que o
temperado. Ele é muitíssimo mais produtivo se puder trabalhar dentro de suas
condições. Mas quando é obrigado a funcionar dentro das condições do clima
temperado, trabalha muito precariamente.
Muitos acreditam que compactações e lajes podem ser eliminadas pelo arado
ou subsolador. Mecanicamente se pode romper camadas duras, mas nunca
agregá-las novamente. A agregação é um processo químico-biológico.
O maior erro ocorre com o composto. Primeiro quase todos acreditam que usar
composto é agricultura orgânica, embora seja somente uma das possibilidades
orgânicas. Consideram o composto como “NPK em forma orgânica” e até dizem:
não se consegue um produto de padrão melhor porque com 40 t/ha de composto se
adicionam somente metade de NPK que os convencionais usam.
Composto não é adubo, composto é especialmente um condicionador do
solo. Sua maior e melhor função é de contribuir com a agregação do solo e seu
sistema poroso, onde entram ar e água. Somente quando é totalmente decomposto
libera seus nutrientes. Portanto tem de ser usado superficialmente para nutrir as
bactérias e contribuir para a produção de agregados e poros.
Outro erro grave é acreditar que qualquer material orgânico serve para
produzir composto. Assim, lixo orgânico urbano (que provém de verduras
convencionais com elevada quantidade de agrotóxicos), cama-de-frango de granjas
convencionais rica em promotores de crescimento, esterco e restos animais de
abatedouros ricos em organofosforados e semelhantes, bagaços (de cana, laranja,
banana, etc.) de cultivos convencionais criados com adubos químicos e agrotóxicos
podiam ser utilizados para a produção de composto. De certo, não resulta em um
sal químico, mas “orgânico” não é, porque é tão desequilibrado em nutrientes e tão
rico em agrotóxicos, que não pode ser considerado produto orgânico. E frutas
criadas com este tipo de composto possuem um nível mais elevado em tóxicos que
frutas convencionalmente criadas. Portanto, quando exportados, não raramente
estão sendo devolvidos por excesso de agrotóxicos e não orgânicos. Se for
orgânico deveria promover a vida.
Por outro lado, não é correto que todo nitrogênio provém do composto.
Quando este for superficialmente aplicado pode haver uma fixação muito elevada de
nitrogênio do ar durante sua decomposição. Assim, não importa muito o material de
que o composto foi feito se sua decomposição no solo será aeróbia.
Com tanto trabalho, produzir produtos de baixo valor não vale a pena. Lembre: se
pragas e doenças estão presentes, o solo tem de ser recuperado e sanado. Todos
os defensivos devem ser usados somente de forma excepcional e nunca
rotineiramente.
O solo tropical é considerado “pobre e lixiviado”, precisando ser fertilizado para dar
rendimentos lucrativos. Na realidade, o solo é um ecossistema adaptado
exatamente ao clima tropical e às necessidades fisiológicas das plantas. Portanto,
ele tem de ser pobre por unidade (dm3) mas com um perfil profundo e bem
agregado para permitir a exploração de um grande volume de solo pela raiz vegetal.
Sabe-se que com os nutrientes distribuídos a um volume 4 vezes maior, a planta
produz o dobro. Importante para um solo sadio é uma VIDA, ou BIOCENOSE ativa.
A vida do solo é benéfica ao solo e às culturas. Um solo sadio é bem agregado, com
grumos estáveis ao impacto da chuva para garantir a porosidade superficial onde
entra ar e água. Tem uma camada porosa na superfície que não pode ser revolvida
pela aração mas mantida na superfície, como na lavração mínima e plantio direto
(PD).
Como os “bio agregados” conservam sua estabilidade por aproximadamente 3
meses à força cinética da chuva, eles têm de ser renovados periodicamente. Isto é,
a matéria orgânica que sobre da colheita, como restolhos e palha, têm de voltar ao
solo e não podem ser queimadas.